217O Despertar Da Consciencia Mistica
217O Despertar Da Consciencia Mistica
217O Despertar Da Consciencia Mistica
G O LD SM ITH
O
DESPERTAR
DA
CONSCIÊNCIA
MÍSTICA
Pensamento
O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA MÍSTICA
Joel S. Goldsmith
O DESPERTAR DA
CONSCIÊNCIA MÍSTICA
Tradução de
Luiz C arlos Rocha
EDITORA PENSAMENTO
São Paulo
Título do original:
AWAKENING MYSTICAL CONSCIOUSNESS
Copyright © 1980 by Emma A. Goldsmith
Publicado nos E.E.U.U. por Harper & Row, Publishers
Salmo 127
O Caminho Infinito
índice
Prefácio, 9
I A NATUREZA DO PODER ESPIRITUAL
1. O A teísmo do Poder Material, 11; Ser um Discípulo de
Cristo, 12; Viver Fora do Princípio da Natureza Pessoal, 13;
Viver Pela Palavra, 15; Orando ao Espírito de Deus Para
que Transforme o Universo Material, 17; O Silêncio, 20
2. A Libertação do Poder Espiritual, 24; A Quantidade Desco
nhecida, 25; A Descoberta da Natureza do Poder Espiritual,
26; Elevando-se Acima do Nível do Problema, 28; A Natureza
da Individualidade Espiritual, 29; A Evidência do Poder Espi
ritual, 31; A Compreensão da Presença de Deus Como Oni
presença, 32; A Finalidade Suprema da Revelação do Poder
Espiritual, 34; A Purificação de Nosso Estado de Consciên
cia, 35
3. Poder Espiritual Revelado, 38; Um Mundo Perseguido Pelo
Medo, 39; A Natureza do Poder Espiritual, 40; A Insensatez
da Luta Pelo Poder Temporal, 41; A Prova de que o Poder
Espiritual é o Poder Absoluto, 43; O Abre-te Sésamo, 44; A
Conquista do Mundo, 46; Função de Cristo, 48
7
6. A Palavra e as Palavras, 73; O Conhecimento da Verdade na
Meditação Contemplativa, 74; Crença Versus Experiência, 76;
O Conhecimento da Verdade Sobre o que Existe, 76; Tratan
do Daquilo que Aparece Como Crença, 77; Esperando Pela
Palavra, 78; O Homem Material, um Recebedor; o Homem
Espiritual, um Doador, 79; A Verdade Relacionada com a
Mente, 80; O Período de Escuta no Tratamento, 81; O Es
pírito do Senhor, 83; A Palavra, não Palavras, Gera Fruto
Espiritual, 84
8
PREFÁCIO
9
tural, simples, direta e poderosa, com a autoridade de quem de
monstrou por suas ações a verdade da mensagem que ensinava.
O Despertar da Consciência Mística foi originalmente publicado
na forma de Cartas enviadas todo mês aos alunos de O Caminho
Infinito. O material usado para essas Cartas foi extraído de gra
vações de aulas.
Joel Goldsmith estava admiravelmente qualificado para falar e
escrever sobre a consciência mística. Seu conhecimento intelectual
não foi compilado de leituras de filosofia especulativa sobre o
significado da vida; veio da experiência. Ele foi capaz de revestir
a mensagem de uma simplicidade que só podería vir através da
consciência perceptiva da unidade que não admitiu dualidade.
Para ele, a vida mística significava viver no mundo, mas não
pertencer a ele, participar de muitas atividades da vida normal, re
servando, todavia, sempre uma área da consciência para penetrar,
além dos limites do mundo exterior de efeito, na realidade espi
ritual básica. Ele viu, além do vísivel, a Origem invisível de toda
vida e energia.
Um dos princípios fundamentais de O Caminho Infinito é que
a experiência mística, que é realmente O Caminho Infinito, nunca
pode ser limitada ou confinada dentro das fronteiras de uma orga
nização. Por essa razão, não há nada a que alguém possa pertencer;
não há regras ou regulamentos, exceto “a disciplina da Alma”, que
governa qualquer pessoa que adote seus princípios. Cada um é livre
para vir e ir ou permanecer como parte desse movimento de cons
ciência, destinado ao despertar da consciência mística em toda pes
soa e, finalmente, a revelar o aqui e agora do reino do céu.
L orra in e Sin k l e r
10
I
1
O Ateísmo do Poder Material
1. II Samuel, 22:2.
11
Não c esse, ahsolutnmente, o significado. Ouer dizer literal
mente t|ue é em Deus que “vivemos, nos movemos e existimos”.2
Mas o gênero humano tem-se separado dessa fortaleza, de Deus,
buscando segurança e proteção em coisas materiais.
2. Atos, 17:28.
3. Atos 5:18, 19.
4. João 17:15.
5. João 16:33.
12
Eu posso lhe dizer como avaliar seu progresso espiritual. En
quanto você acreditar que a destruição de uma outra vida para
salvar a sua própria é justificável, você permanece naquele estado
da condição humana de preocupar-se apenas com o seu próprio eu,
em vez de preocupar-se com o Si mesmo. Enquanto você tiver
desejo de destruir outra vida para salvar a sua, não compreenderá
a mensagem de Jesus Cristo quando diz: “Ninguém tem maior amor
do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”.*
6. João 15:13.
7. João 17:20.
13
que não só havia proteção para mim, como também havia proteção
a partir de mim. Desde então, aprendi uma grande lição, que narrei
no capítulo “Ame teu Próximo”, no livro Exercitando a Presença.*
O princípio é que há somente um Eu, e que é o Próprio-Deus.
A vida de Deus é a minha e a sua vida; a alma de Deus é
a minha e a sua alma; o Espírito de Deus é o meu e o seu espírito;
a verdadeira individualidade de Deus é a minha e a sua individua
lidade; e isso significa que nós somos unos em filiação espiritual.
Qualquer coisa que me beneficie, deve beneficiar você; qualquer
coisa que me prejudique, deve prejudicar você, pois nós somos um
só. Tudo o que for uma bênção para mim, deve ser também para
você; e tudo o que é graça divina para você, deve ser também para
mim, pois nós somos um só.
Se eu fizer algo danoso para você, estarei fazendo a mim
mesmo, pois só existe um. Se eu fizer algo de natureza oculta, não
estou ocultando de você; estou ocultando de mim. Se eu fizer algo
destrutivo, não estou prejudicando você; estou prejudicando a mim
mesmo, pois nós somos um só. Freqüentemente queremos saber por
que estamos pagando as penas da enfermidade, do pecado ou da
pobreza, sem compreender o que fizemos à humanidade.
Para o mundo, há um, apenas um único meio de ação: é através
de obras. O mundo realiza seu bem e seu mal pelas obras, mas
essa não é a sua ou a minha verdade. Mesmo se nos abstivéssemos
das más ações, ainda assim não seria suficiente. Mesmo se realizásse
mos boas obras, não seria suficiente. Paulo disse que: “ainda que dis
tribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade,
nada disso me aproveitaria”.8 E o Mestre disse-nos que, se não co
metéssemos nenhum desses pecados, mas permitíssemos que eles
ocupassem o nosso pensamento, ainda assim seríamos pecadores:
“Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para
a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”.9
Assim é que as boas obras não são suficientes para nós. Abster-
se das más obras não é o bastante. Devemos avançar um passo
além e não prestar falso testemunho contra o próximo.
14
Silenciosa e secretamente, devemos compreender que Deus é
a vida de todo indivíduo, quer o saiba ou não, quer viva ou não
para Ele.
No exato momento em que começarmos a conhecer a verdade
de que Deus é a vida de todo mundo, que a graça divina é sufi-
ciente para todas as pessoas em todo lugar, quando começarmos a
orar por aqueles que estão arruinando este mundo — oremos para
que a graça de Deus abra a alma e a consciência deles para a ver
dade do ser, oremos para que todo mundo seja um instrumento
pelo qual Deus possa agir livremente, oremos para que a luz de
Deus toque a consciência obscurecida deles — então e somente
então começaremos a “morrer a cada dia” 101para os meios humanos
de vida e renasceremos como filhos de Deus que já não têm de
dirigir o pensamento para a vida, mas que agora vivem pela Graça.
15
tanto, vivendo de acordo com o Verbo e permitindo que o Verbo
viva em nós, voltamo-nos para nossa consciência interior em busca
de alguma explicação, alguma revelação, alguma mensagem, que
virá do reino de Deus dentro de nosso próprio ser.
Se formos pacientes e compreendermos sinceramente que há
um reino de Deus dentro de nós e que o Verbo pode revelar-Se a
nós da nossa própria interioridade, finalmente ele virá, não tão
facilmente, a princípio, de forma mais imediata, com a prática.
Então podemos sentir ou ouvir dentro de nós mesmos: “O Senhor
aperfeiçoará o que me concerne”.1- Imediatamente, uma sensação
de alívio nos vem, a responsabilidade desaparece, porque agora
temos a certeza de que o fardo não está somente sobre os nossos
ombros. Com isso, provavelmente nos lembraremos também de que
“maior é o que está em vós do que o que está no mundo”.1213 O
que está dentro de mim é maior do que qualquer problema que eu
possa enfrentar neste dia. O que está dentro de mim é maior do que
qualquer exigência que me possa ser feita. Agora temos a verdadeira
palavra de Deus habitando nossa consciência e já não mais enfren
tamos o dia sozinhos, mas com Deus.
Não há problema de trabalho de qualquer tipo que não possa
ser resolvido dessa maneira. As pessoas que tentam dirigir uma ati
vidade sozinhas podem ter sucesso real, podem falhar ou podem ter
apenas um sucesso nominal, mas esse trabalho estará sempre sujeito
às condições do dia. As pessoas que vivem em contato com a Chama
interior, que habitam no Verbo e permitem que o Verbo habite
nelas, não têm, porém, preocupação de qualquer tipo, a não ser rea
lizar o que lhes cabe a cada dia. Acham que, nos bons ou maus tem
pos, a providência sempre se incumbe de garantir a sua sobrevi
vência com sucesso.
Quando um indivíduo começa a entregar-se a Deus, procurando
sempre conhecer a Sua vontade e ser instrumento para o Seu de
sempenho, a palavra de Deus se torna o verdadeiro Cristo nele,
que o habilita a ser uma luz para este mundo e um servo de todos.
Quando mantemos nossa consciência ocupada com a palavra
de Deus, atraímos a harmonia, a paz, a prosperidade, a saúde e a
graça que fluem d’Ele. Na medida em que vivemos nossa vida se
parados da palavra de Deus, causamos a experiência mundana da
carência, da limitação, da guerra, da discórdia ou desarmonia a nós
mesmos.
16
Quando deixarmos o Verbo habitar em nós, o Verbo se tor
nará carne e morará entre nós; e a paz e a prosperidade serão a
lei para nossa família. Se deixarmos de nos firmar na Presença do
Senhor — levantando pela manhã, tomando banho, vestindo-nos,
indo para o trabalho, dirigindo a família — e não preenchermos
nossa consciência com a palavra de Deus, provavelmente estaremos
nos tornando vítimas de tudo o que acontece no mundo. Então,
retornamos às nossas velhas idéias pagãs de culpar a Deus. Deus
nunca nos abandona, nós o abandonamos. Não há melhor modo
de abandoná-lo do que acreditar que a influência divina não é maior
do que a influência de uma bomba, de um germe ou de um tirano.
No momento em que começamos a temer qualquer poder, seja
ele o poder de uma pessoa, de uma coisa, ou de uma ideologia,
abandonamos a Deus. Quando permitimos que o medo de nosso
corpo ou o medo da enfermidade entre em nosso pensamento, aban
donamos a Deus, pois abandonamos a percepção interior e o co
nhecimento que cada um de nós deve ter de que Deus é maior do
que essas coisas. Nós tememos apenas porque acreditamos que o que
tememos tem mais poder do que o Deus que adoramos.
17
remover um tumor e que ficam paralisados em deter a insanidade.
Para que eles compreendam que Deus é Espírito, que o fruto de
Deus é espiritual e que naquilo que foi criado “nada que o conta
mine, abomine ou seja mentira penetrará”.15
Alunos de O Camiiiho Infinito, não dividam o corpo do ponto
de vista orgânico. Este é um universo espiritual e somente Deus
é poder. Seria ateísmo temer qualquer forma de matéria. É sabido
que nem tudo é espiritual. Tentar mudar o universo material ou
tentar interferir humanamente naquilo que vem ao mundo não nos
levará a parte alguma. Não haverá paz permanente ao combater os
males do mundo com as armas do mundo. O meio não é “nem por
força nem por violência, mas pelo meu Espírito”,16 “neste encontro
não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o salva
mento que o Senhor vos dará”.1718 Nem as armas mentais nem as
armas físicas deste mundo constituem poderes. Se fossem ou se não
houvesse ninguém para provar que elas não são, o mundo estaria
perdido.
Mas de quem é a responsabilidade? Ela não é daqueles que
conhecem a verdade e estão despertos para mostrar que os males
do mundo não constituem poder? Mas estes males não podem ser
detidos, exceto pela compreensão da inutilidade ou impotência da
quilo que se declara como a grande força. Nós não podemos espe
rar para fazer isso, a não ser que estejamos dispostos a nos anular
mos no tempo e ficarmos sentados a observar os nossos pecados e
as enfermidades — olhar bem e reconhecer que:
Você não é força: você é o espírito carnal ou o nada; você é
o “braço de carne>>18 ou o nada. Você não podería ter força a me
nos que ela viesse de Deus, pois não há força, mas Deus. Deus é
a vida de todo ser, a imortalidade e a eternidade. Deus é a única
lei, o único legislador. Não há lei da matéria; não há lei da enfer
midade.' Força material não é força: é uma declaração de força.
Deus, Espírito, é força; e o Espírito é infinito, toda a força.*
15. Apocalipse 21:27.
16. Zacarias 4:6.
17. II Crônicas 20:17.
18. II Crônicas 32:8.
* Os trechos escritos em tipos itálicos neste livro são meditações espon
tâneas que se revelaram no autor durante períodos de elevação de consciên
cia. Eles não têm, de forma alguma, a pretensão de terem sido usados como
afirmações, negações ou fórmulas. Foram inseridos para servir como exem
plos de fluição livre do Espírito. Como os leitores praticam a Presença, eles
também, em seus momentos de exaltação, receberão sempre inspiração nova
e recente como a expansão do Espírito.
18
A menos que sejamos específicos em nosso conhecimento da
verdade, específicos em nossa compreensão de que somos seres em
confronto com as sugestões de forças mentais e físicas, que não são
forças, elas continuarão a ser forças até que tenhamos a compre
ensão de suas impotências.
Na maior parte de nosso trabalho, as curas vêm rápidas e ale
gremente. O princípio envolvido é a compreensão de que acreditar
que a força material é força, nada é, senão ateísmo. Deus é Espírito
e força espiritual é a única força verdadeira. Qualquer outra decla
ração de força pode ser invertida ou anulada. Testemunhamos isso
na cura de cada tipo de problema. As formas de matéria, as formas
de corpo físico se transformam onde é necessário e, onde é neces
sário, novas partes do corpo crescem porque o Espírito é a subs
tância fundamental e a realidade de todo efeito.
Na presença da realização espiritual, a materialidade não é
força. Se ela aparece como infecção ou contágio, se aparece como
hipnotismo ou o produto do hipnotismo, é o espírito carnal ou o
“braço de carne”. Portanto, não é nada, pois o Espírito é tudo e
o real e o eterno. O Espírito é a lei.
Por causa da ação do Caminho Infinito pelo mundo todo e
sobretudo por causa do próprio mundo em seu estado presente, é
importante que todo aluno do Caminho Infinito sente-se e comece
a fazer alguma ação saudável para provar que o pecado, a enfer
midade e a morte não são a lei ou a realidade da vida. Provar que
as leis mentais e físicas não são força, tornará possível um trabalho
maior de anulação de todas as formas de hipnotismo, que parecem
emanar dos indivíduos em altas posições e manter as pessoas na
servidão. Devemos anular toda declaração de força mental ou física
onde quer que a encontremos. Devemos aceitá-la como um com
promisso de que, aonde quer que nossa atenção for atraída, por
força física ou mental, nos sentaremos calma e pacificamente e
compreenderemos que “nem por força, nem por violência”, mas
pelo Espírito de Deus tudo isso se tornará nulo e vazio.
Em qualquer lugar que possamos estar, esse será solo sagrado,
o lugar que Deus nos concede para nosso culto. Nosso culto con
siste na concepção do Espírito invisível como a lei e a causa de
tudo o que existe. Através dessa concepção, sem usar poder men
tal ou força física, toda declaração de natureza ateística pode ser
descoberta e destruída. Ela é destruída, não pela luta, não pelo con
flito, não por pedir a Deus para fazer alguma coisa, mas pela con
19
cepção calma, pacífica e suave: “Obrigado, Pai, este é Seu universo
espiritual, completo e total”.
Algo mais que possa ser necessário conhecermos sera dado de
dentro de nós mesmos. Uma vez que alcancemos ou consigamos
estar calmos e quietos, teremos apenas que começar o fluxo com
algumas dessas verdades que conhecemos. Mas a força real e o tra
tamento verdadeiro virão de dentro de nós para nós mesmos. O
que nos é comunicado de dentro é o Verbo vivo, nítido e poderoso.
O Silêncio
20
queno alívio. É quando sabemos que o Espírito está em campo e
a obra está sendo realizada.
É egoísmo acreditar que nossa compreensão sempre realiza o
trabalho de restabelecimento. É uma excitação interna que realiza
o trabalho, uma Presença e uma Força que Se revelam em estado
de imobilidade, tranqüilidade e serenidade.
Deus nos alcança no silêncio. Dizem-nos que não há força na
tempestade, no relâmpago, no trovão, mas somente na “voz mansa
e delicada”.19 Eis onde está o poder de Deus, na “voz mansa e
delicada” que fala dentro de nós quando estamos calmos e atentos,
pacíf;cos, quietos e confiantes. O reino de Deus está dentro de nós
e Ele revela a Si Mesmo. Ele pode revelar-Se na fala; Ele pode
revelar-Se como uma luz; Ele pode revelar-Se meramente como
um arder íntimo. Mas, quando Ele Se revela, alguma coisa acontece.
Quando entramos em meditação, temos apenas uma obrigação,
que é esquecer cada uma e todas as pessoas neste mundo, voltar
mos para dentro de nós mesmos e compreendermos que o reino de
Deus está dentro de nós. Na tranqüilidade e confiança da medita
ção, ninguém, ou o problema de ninguém, entra em nossa mente.
Tudo o que pertence ao Pai será libertado através da “voz mansa
e delicada”.
Em tal meditação, eu não estou pensando em ninguém; não
estou pensando no problema de ninguém; não estou pensando em
mim mesmo. Estou apenas existindo silenciosamente e esperando
algum sinal de dentro que me diga que Deus está em campo. E
eu espero até que ele venha — uma pausa para respirar, um sen
timento de paz, uma sensação de libertação íntima. Então, sei que
algo aconteceu porque a palavra de Deus, a presença de Deus, a
respiração saiu de mim.
Jesus disse: “Eu bem conheci que de mim saiu virtude”20 e
a mulher foi curada. Ele sentiu libertação de alguma coisa estranha
dentro do mundo, que os receptivos e os sensíveis apreenderam.
Dizem que multidões foram curadas, quando estavam sentadas ou
vindo-o. Podemos ter certeza de que Ele não sabia seus nomes ou
pecados, enfermidades ou problemas. Ele não estava pensando ne
las. Todo o seu pensamento estava voltado para um assunto: Deus.
E quando estava sentado em silenciosa comunhão com Deus, ou
21
mesmo quando estava ministrando ensinamentos, ainda mantinha
aquele silêncio interior. Alguns tiveram curas imediatas e outros
sentiram o Espírito tão poderosamente neles, que tiveram regenera
ção espiritual.
Desde o começo da história, o bem e o mal estão em guerra.
Para nós, a batalha entre o bem e o mal só vai terminar quando
compreendermos a natureza do poder espiritual e nos retirarmos
para este silencioso e tranqüilo centro de nosso próprio ser e ficar
mos em paz até que o Espírito de Deus esteja em nós. Nesse si
lêncio, o Espírito Santo desce e podem-se realizar curas de todos
os tipos: reformação, cura do corpo ou do conflito.
O Espírito Santo não pode descer em nós enquanto formos
um espírito dividido contra si mesmo. O Espírito Santo só pode
descer onde o espírito que estava em Cristo Jesus está presente, o
espírito que nunca condena ou julga. Só quando nosso espírito es
tabelecer-se em uma paz interior na qual não há julgamento, não
há condenação, na qual não há nem bem nem mal porque tudo
emana de Deus, pode o Espírito Santo descer e a influência sau
dável fluir para o exterior. Nós não devemos entrar no Eu interior
volúvel, conhecendo o bem e o mal.
Externamente, podemos entender que estamos tratando da
aparência do bem e do mal. Certamente, se não compreendéssemos
isso, seríamos cegos e teríamos, até certo ponto, a atitude daqueles
que apenas dão voltas dizendo: “Não há mal. Tudo é Deus”. Aí,
então, de repente encontram-se lançados ao mar.
Todo conceito finito é do espírito carnal, um sentido de indi
vidualidade ou poder separado de Deus; mas, com o reconheci
mento, participamos do silêncio para compreender que o que apa
rece como o espírito do homem ou o “braço de carne” não é poder,
não é presença, não é lei.
Não devemos ter medo de olhar para palavras como “infecção”
e “contágio”. Podemos olhar para elas e compreender:
Você é o demônio de seu pai ou nada, um produto do espírito
carnal, que não é espírito e que não tem lei. Você é um nada, por
que tudo que Deus realizou é bom e qualquer coisa que Deus não
fez não foi feita.
22
qualquer parte do globo e dizer: “Força material? Isso é ateísmo.
Isso é reivindicar uma força separada de Deus. Só há uma força,
a força do Espírito”, milagres da Graça podem acontecer.
Grupos pertencentes ao Caminho Infinito poderiam unir-se e
decidir que todo dia da semana dispensariam um minuto pela causa
da paz, um minuto para cerrar seus olhos, sorrir e agradecer a
Deus que o poder material é ateísmo, mas que a confiança no Es
pírito de Deus, a presença de Deus, o poder de Deus, a palavra
de Deus, tudo isso é a verdadeira força. A força material é a im
potência, o “braço de carne”. Certamente, então, a paz viria rapi
damente.
Em uma visão, eu vi toda a força de armamentos como ma
téria morta, e vi que ela não podería mover-se porque não havia
ninguém para movê-la. Como alguém pode mover alguma coisa, se
esse alguém está de pé diante dela com a palavra de Deus como
sua consciência?
A maioria de nós conhece por experiência que a matéria não
é força e também sabe que a palavra de Deus, que está na cons
ciência do praticante, é a força. A matéria reage e volta-se da ma
téria doente para a matéria saudável não pela aplicação material,
não pelo poder da força material, mas pelo poder do Verbo aco
lhido na consciência.
Esta prova diária de que a palavra de Deus na consciência
individual é suficiente para deter o curso da matéria e transformar
a matéria doente em matéria saudável, corpos doentes em corpos
sadios, bolsos vazios em bolsos cheios, pessoas desempregadas em
empregadas e reunir harmoniosamente capital e trabalho, está ocor
rendo há anos.
Tudo que representa forma material ou força material — bom
bas, germes ou infecções — é inativo, é um nada. É preciso um
indíviduo para movê-lo. Mas um indivíduo é livre para fazer o bem
ou o mal, exceto quando está diante da força do Verbo. Então,
perde-se toda a força que faz o mal. Isso porque as reformas
ocorrem através do despertar da consciência de um indivíduo. Isso
porque a cura dos falsos desejos, do alcoolismo e do vício em
drogas foi realizada. A matéria morta — o álcool e as drogas —
provou estar extinta em face de um indivíduo que mantém a pala
vra de Deus dentro dele, em sua consciência.
A palavra de Deus afasta o medo porque traz à luz a verdade
de que na presença daquela Palavra não há força. Nada é força e
ninguém é poder na presença da compreendida palavra de Deus.
Se nós, seres humanos, só pensamos em nossos negócios particula
23
res e não pensamos ou só ligamos um pouquinho para a Palavra,
então não se pode dizer que temos o Senhor Deus, porque nós
não temos.
O mundo inteiro estaria salvo e seguro e em paz, se as pessoas
mantivessem viva a palavra de Deus em suas consciências. Não é
lendo-a ou ouvindo-a que seremos salvos. Mantendo a palavra de
Deus, a promessa de Deus em nossa consciência produziría har
monia, paz e saúde em-forma de manifestação em nossa experiên
cia. Então, já não estamos mais no túmulo da humanidade. Nós
nos levantamos para a consciência mística da Unidade.
2
A Libertação do Poder Espiritual
24
ciência todas as qualidades negativas e destrutivas. A consciência
é o templo. As crenças negativas, supersticiosas, más, sensuais ou
luxuriosas são os cambistas. Elas representam o sentido materialista
que devemos banir de nossa consciência.
Afora o encontro de Jesus com os cambistas, o Mestre ensinou:
“Não resistais ao mal”.3 “Mete no seu lugar a tua espada; porque
todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão”.4 A Luz
do mundo não debate com as trevas, não luta ou tenta de qualquer
modo afastar as trevas.
A Luz, sendo a Luz, não pode ser extinta por qualquer tipo
de trevas.
“Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”.5 Não diz:
onde está o Espírito do Senhor, “há uma batalha”, ou onde o Es
pírito do Senhor está, “há uma luta contra o pecado”. Pelo contrá
rio, onde o Espírito do Senhor está, há paz, há liberdade. “Na tua
presença há abundância de alegrias”.6 Certamente, isso não indica
batalhar ou lutar ou qualquer sentido de conquista. Antes, indica
que onde Deus é compreendido, há paz porque não há nada a com
bater. A Luz não combate as trevas e na presença dela não há
trevas, pecado, enfermidade, morte, necessidade, limitação, relacio
namentos humanos infelizes. Se nós aceitamos isso como um prin
cípio, demonstraremos força espiritual, a presença de Deus, e isso
é tudo. Mas a elaboração deste princípio, em nossa experiência
diária, é um assunto individual. Não há fórmulas, não há possibili
dade de formular um meio específico de demonstrar isso.
O Mestre deu-nos o princípio da não-resistência, mas não nos
mostrou como é feito. Depois que tivermos o princípio, cabe-nos
ver como criá-lo na experiência diária e provar que na presença
dessa força espiritual concebida, poder temporal, quer de natureza
material, mental, moral ou financeira, não é uma força. De fato,
nem mesmo existe na presença dessa Luz espiritual que somos.
A Quantidade Desconhecida
25
força espiritual. Disso segue-se que temos domínio porque Deus
nos deu este poder espiritual, que é o domínio. Assim, temos do
mínio, temos poder espiritual que o mundo não conhece. O mundo
não tem, absolutamente, meios de saber mesmo se há tal coisa
como poder espiritual ou o que o poder espiritual pode realizar.
O sujeito do poder espiritual é uma quantidade desconhecida para
a mente humana. É por isso que Charles Steinmetz, o grande cien
tista e perito em eletricidade, disse que a maior descoberta do sé
culo XX seria a descoberta do poder espiritual. O mundo humano
está confiando no poder temporal. Está confiando em bombas e
mísseis, está depositando sua fé em uma forma ou outra de poder
mental ou físico, sendo que todos esses são poderes temporais.
Mas disseram-nos para embainhar a espada e não resistir ao mal.
O Mestre disse mais: “Não temais”.8 O Mestre nos teria dito
para não temer, se ele soubesse a respeito do poder atômico? Eu
tenho certeza de que teria, porque Ele demonstrou que tinha desco
berto o segredo do poder espiritual. Nós sabemos que na presença
do poder espiritual, os poderes temporais não são poderes. Estamos
provando isso, em alguma medida, na cura da enfermidade, na
superação dos apetites e desejos pecaminosos, da necessidade, da
limitação, dos acidentes e dos resultados dos acidentes; mas isso
tem sido efetuado apenas em pequeno grau.
8. Mateus 14:27.
26
var um pouco de harmonia a milhares de outros, mas será apenas
um pouco de harmonia. Ninguém pode levar harmonia completa a
outro. Isso é algo que cada um de nós deve fazer ao expulsar os
cambistas de nossa própria consciência.
Todos nós temos cambistas em nossa consciência, no sentido
em que todos nós temos alguma crença arraigada em duas forças:
na enfermidade física e na saúde física, na enfermidade moral e
saúde moral, ou na enfermidade financeira e saúde financeira.
Essas são os cambistas que expulsamos, não combatendo, “não por
força nem por violência”,9 mas pela compreensão. Essa compreen
são vem ao nos perguntarmos como podemos levar poder espiri
tual à nossa experiência, à experiência do mundo, à nossa família,
à nossa comunidade, aos nossos negócios ou atividade profissional
e ao nosso governo.
A verdadeira pergunta que temos que fazer a nós mesmos é
qual a intensidade de nosso desejo de conhecer Deus, de conhecer
a força e a presença espirituais. Qual a medida de nossa fome e
sede de realização espiritual? Poderiamos formulá-la deste modo:
Que importância tem nosso problema? Para aqueles que ainda têm
um bom comportamento físico e financeiro, a questão de conhecer
a Deus pode provavelmente esperar até o próximo ano, o ano se
guinte, daqui a cinco anos ou até que comecem a envelhecer. Mas,
para aqueles que têm problemas de natureza suficientemente pro
funda ou séria, agora é a vez de buscar uma compreensão da na
tureza da força e da presença espiritual.
Quando compreendemos a natureza do Espírito, nós não te
mos que saber o que fazer com Ele. Não temos, absolutamente
nada a fazer com Ele. Ele realiza Seu próprio trabalho. Uma vez
que alcançamos a presença de Deus, essa Presença estabelece har
monia. Uma vez que atingimos a compreensão da natureza da força
espiritual, somos a Luz e não há trevas a dispersar.
Mas como manifestamos ou expressamos a Luz espiritual e
compreendemos a força espiritual? Qual a natureza da Luz espiri
tual? Qual é a natureza da sabedoria espiritual? Alcançando essa
sabedoria, nada mais temos a fazer. Não temos que empregar a
sabedoria espiritual quando a possuímos. “Na tua presença há
abundância de alegrias”, abundância de Luz e, nessa Luz, não há
trevas. Nunca precisamos nos preocupar com a cura das doenças
9. Zacarias 4:6.
27
ou como vencer o pecado ou a necessidade. Temos apenas uma
preocupação: conhecer a Deus, conhecer a natureza da presença e
da força espirituais, transformar esta Luz do mundo em manifes
tação. Além disso, nada temos a fazer a respeito do pecado, en
fermidade, necessidade ou limitação, porque na consciência da for
ça espiritual esses problemas não existem.
28
mesmos a natureza do poder espiritual, descobrimos o grande se
gredo da vida.
Sempre houve diferentes formas e diferentes graus de força
material no mundo, desde o arco e flecha até a bomba atômica.
No século passado, também se levantou a questão da força mental
e de como fazer uso dela: como praticá-la para ganhar amigos,
influenciar e controlar outras pessoas. Mas em relação à força es
piritual, estamos lidando com uma força desconhecida do espírito
humano, porque este último não pode compreender ou receber a
sabedoria espiritual. “O homem natural”,11 o espírito carnal, “não
está sujeito à lei de Deus, nem, em verdade, pode estar”.1112
A mente humana não pode conhecer a lei de Deus. Como,
então, eu e você havemos de conhecê-la? Primeiro, temos que parar
de pensar em termos de bens imóveis, empregos, febres ou germes,
necessidade ou abundância, enfermidade ou saúde, pureza ou pecado
e todas as coisas que dizem respeito a este mundo e ao ser humano,
à “criatura”.13 Temos que nos voltar para o nosso interior: Qual
é a natureza da minha identidade com Cristo? Qual é a natureza
do meu Eu criado à imagem e à semelhança do Deus?
29
são tuas”?15 Deus não o está dizendo a mim como um ser humano,
porque na condição de homem eu não tenho todas as graças, ofe
rendas, saúde e harmonia de Deus.
Mas há uma parte de mim que recebe as graças divinas de
eternidade a eternidade. O amor de Deus não muda; as dádivas
de Deus são eternas. Assim, sondamos profundamente nosso inte
rior para o mistério da vida, e cada um de nós deveria mergulhar
dentro de si e perguntar: “Quem sou? O que sou? Quem sou à
imagem e semelhança de Deus? O que sou à imagem e semelhança
de Deus? O que sou como o filho de Deus? No que me concerne
o que está recebendo a graça de Deus de eternidade a eternidade,
e que nunca esteve e nunca estará sem ela? Que parte de mim é
a individualidade espiritual, que é herdeira de Deus, que vive “não
por força nem por violência”, mas pelo Espírito de Deus que está
em mim? Essa é a natureza de nossa busca e o que ela deve ser.
Na presença da soberania com que Deus nos dotou, não há
problemas, pecados, necessidade ou doença a superar. “Nem a
morte, nem a vida. .. poderá nos separar do amor de Deus”.16
Do ponto de vista de nossa condição humana, estamos todos sepa
rados do amor de Deus. Então, o que é esta pessoalidade de Cristo
em nós que nunca pode ser separada do amor de Deus, da vida
de Deus, da imortalidade de Deus, do ser infinito de Deus? Vamos
começar a descobrir a natureza da pessoalidade de Cristo e da so
berania que Deus nos deu no princípio, que nunca foi tirada de
nós e que ainda temos em nossa identidade espiritual.
Qualquer que seja a medida da qualidade messiânica que tra
zemos à luz, torna-se uma lei de restabelecimento para as pessoas
que se voltam para nós. Qualquer que seja a medida de autonomia
espiritual que podemos alcançar, resolve e dissolve os problemas
dessas pessoas. Qualquer que seja a medida da sabedoria ou graça
divina que pode ser revelada em nós, torna-se uma lei de harmonia
e paz para elas. Na medida da realização da sua qualidade messiâ
nica, elas, por sua vez, se tornam uma lei de harmonia na família
e na comunidade. Finalmente, sua influência propaga-se mais longe
no mundo na razão da medida de realização da natureza de sua
individualidade espiritual, da natureza de sua autonomia espiritual
e da natureza da Luz espiritual que são.
30
Se pudermos trazer à luz alguma medida de realização de
nossa natureza cristã, de nossa individualidade cristã, e alguma me
dida de realização da autonomia espiritual com a qual fomos dota
dos no princípio, teremos uma enorme influência em nossa comu
nidade e no mundo inteiro.
Somos pioneiros na tarefa de levar a natureza do poder espi
ritual a incidir sobre os eventos humanos. Como alunos do Caminho
Infinito, nossa função principal é apreender a natureza do poder
espiritual e então levá-lo para efetiva experiência na terra. Quando
inicialmente chegamos a um meio de vida espiritual ou metafísico,
nosso principal objetivo foi encontrar soluções para nossos próprios
problemas. Não há nada de errado nisso. Era assim que tinha de
ser, porque ao encontrar um meio de resolver nossos próprios pro
blemas, aprendemos que recebemos suficiente força espiritual para
auxiliar os outros a resolver os seus.
31
Se você me pedisse ajuda, eu estaria pensando em termos de
presença espiritual, força espiritual, sabedoria divina e vida divina.
À minha consciência, chegaria a verdade de que Deus constitui ser
individual: Deus constitui seu espírito, sua vida, sua alma; Deus
é a lei para seu ser. Deus é o legislador. Deus é a atividade para
sua experiência. E, porque Deus é infinito, nenhuma outra força
pode permanecer como força. Todas as outras forças se dissolvem
na luz da Luz.
Pela verdadeira natureza do filho de Deus, deve haver uma
ausência de pecado, morte, necessidade e limitação. O filho de
Deus ressuscitado é a Luz do mundo. Portanto, se o filho de Deus
é concebido aqui e agora, a Luz do mundo é reconhecida aqui e
agora. E neste reconhecimento da Luz, os gritos de socorro seriam
ouvidos e a liberdade se manifestaria. Mesmo que não tivéssemos
dado atenção a nós mesmos em qualquer parte desta oração, me
ditação ou tratamento, se o Cristo é compreendido, nossos próprios
problemas teriam que desaparecer no mesmo instante que os deles,
porque incluiriamos ambos naquela Luz. Não poderiamos manifes
tar a Luz e estamos nós mesmos separados dela.
32
Há uma razão espiritual para isso, que é importante compreen
der. Todo mundo na face na terra, sem exceção, está buscando
a Deus ou um conhecimento de Deus. Não faz diferença como a
pessoa falaria dessa busca, mesmo que ela fosse negativa por afir
mar que não existe Deus. Mas isso seria como algumas pessoas que
assobiam, quando andam pelo cemitério. Elas assobiam porque
estão tentando se convencer de que não há fantasmas. Entretanto,
com o assobio elas estão evidenciando o seu medo ou sua crença
neles. Uma razão pela qual os ateístas negam a existência de Deus
é que eles acreditam que há um Deus que não querem encarar,
sem levar em conta nossos amigos ateístas por enquanto, se uma
pessoa é católica, protestante, judaica, vedantista ou um seguidor
de qualquer outra religião, há uma busca, uma ânsia, um impulso,
interior para conhecer e encontrar a Deus. Se não houver nada
mais, há a esperança de que Deus pode revelar-Se ou fazer-Se
evidente. É esse desejo secreto do coração que torna todo indivíduo
receptivo à oração e meditação, onde quer que vá. No íntimo, ele
está desejando alguma orientação divina no sentido de saber o que
é direito, o que é necessário ou o que há no futuro. Todo mundo
deseja ardentemente conhecimento maior do que o seu próprio,
sabedoria maior do que sua educação ou experiência têm dado.
Enquanto este impulso estiver dentro do indivíduo, ele está orando
e, enquanto ele estiver orando, haverá uma resposta à sua súplica.
Nossa oração pela paz é uma súplica de orientação espiritual.
Enquanto estivermos conseguindo algo maior do que nós mesmos,
receberemos orientação. Mas enquanto estamos recebendo orienta
ção, nossos próprios problemas terão desaparecido porque a natu
reza deles foi, antes de tudo, uma ilusão. E nossa habilidade para
ignorá-los e voltar para a realidade espiritual deu a essa inexistên
cia uma oportunidade para dissolver-se no nada que é. É só en
quanto estamos tratando de problemas que os perpetuamos. É este
o motivo pelo qual em nosso trabalho nos desviamos do problema,
para a realização do estado de consciência espiritual, isto é, a rea
lização interior da identidade, da lei e da vida espirituais. Então,
quando abrimos os olhos, o problema foi embora ou está de saída.
Neste estágio de nosso desenvolvimento espiritual, enquanto
ainda queremos ver nossos pecados individuais, doenças e necessi
dades desaparecerem, sabemos, pelo menos, que eles desaparecerão
apenas na proporção em que pudermos afastar nossa atenção deles
e começarmos a compreender a onipresença da Graça infinita. Não
há uma Graça divina que trabalha para você e para mim. A Graça
33
divina é infinita em sua natureza e age em favor dos filhos de Deus,
universalmente. Quando uma pessoa pergunta por que esta Graça
sonega alguma coisa dela, é porque não está afinada com ela e não
compreende a natureza universal da Graça.
34
outra enfermidade geralmente surge para tomar o seu lugar. Isto
é porque a doença não pode ser eliminada da consciência humana,
visto que a consciência humana crê em duas forças e deve sempre
demonstrar sua crença. Enquanto acreditarmos no bem e no mal,
teremos períodos positivos e períodos negativos. Enquanto a cons
ciência humana for indulgente ao ódio, ao ciúme ou à animosidade,
eles se manifestam em alguma forma de doença. Se o mal for sa
nado de uma forma, ficará arruinado de outra, porque a causa é
a consciência humana e sua crença nas duas forças.
35
Devemos eliminar de nossa consciência o ódio, o medo e a
desconfiança, através do conhecimento de que eles representam
simplesmente nossos falsos conceitos uns dos outros. Quando nos
dispusermos a renunciar a estes e reconhecer que na essência do
ser de cada um de nós reside o mesmo filho de Deus, nos afinare
mos com os princípios espirituais e começarão a resultar as curas.
Não temos que pedir a Deus para curar-nos. Houve milhões de
pessoas que morreram enquanto oravam, pedindo a Deus para
curá-las. Tudo o que precisamos fazer é começar a amar nosso
semelhante como a nós mesmos e, desse modo, colocarmos nós
mesmos em harmonia com as leis de Deus para que elas possam
atuar.
As leis de Deus não podem atuar em uma consciência cheia
de falsos conceitos. Devemos nos harmonizar com o divino. Se
olharmos para as pessoas e virmos todas as suas diferenças huma
nas, em breve gostaremos de algumas e não gostaremos de outras;
vamos confiar em algumas e desconfiar de outras. Teremos tantas
diferenças, que nossa própria cabeça ficará confusa.
Se, contudo, pudermos reconhecer que, apesar das aparências,
a Divindade é a natureza do ser de cada pessoa e que Deus nos
fez à Sua própria imagem e semelhança, estamos conhecendo a
verdade sobre todas as pessoas. Se alguém está representando ou
não aqui na terra, não é da nossa conta; e se estivermos cientes de
qualquer pecado em outra pessoa, ao invés de participar do julga
mento, deveriamos praticar, no íntimo, o princípio do Novo Tes
tamento: “Não julgueis para que não sejais julgados”.18
Portanto, não julgaremos; tomaremos a atitude: “Pai, per
doa-lhes, porque não sabem o que fazem”.19 Estamos percebendo
que toda pessoa é um ramo da mesma árvore, a Árvore da Vida.
Nisso não há julgamento, não há crítica. Há perdão “setenta vezes
sete”,20 perdão e uma oração para que seus olhos estejam abertos.
Isso é nossa própria harmonia com o Divino, tornando-nos recep
tivos à cura, à Graça e à proteção divinas, porque eliminamos
nossos conceitos humanos das pessoas e as estamos vendo como
imagem e semelhança de Deus, vendo-as espiritualmente como o
verdadeiro Cristo de Deus. Nós não estamos usando nosso julga
mento humano; estamos usando nossa intuição espiritual para reco
36
nhecer que Deus fez todos nós à sua própria imagem e semelhança,
considerou-nos e achou-nos bons.
Não há nada em nós de crítica, condenação, julgamento e,
portanto, nossa consciência está aberta para receber a graça de
Deus. Se nós acreditamos que há duas forças, estamos levantando
uma barreira em nossa própria consciência. Se, contudo, estamos
compreendendo a Onipotência, a Onisciência e a Onipresença, es
tamos novamente em harmonia com o exercício do poder espiritual,
com a sabedoria espiritual.
Na proporção em que nos identificamos com princípios reve
lados nos ensinamento do Mestre, nossa consciência está imbuída
de poder espiritual do Alto. Acreditamos em Jesus Cristo como
sendo a alma mais iluminada que já passou pela terra, porque
nunca ouvimos ou lemos sobre qualquer mau sentimento em sua
natureza. Ele foi dotado lá das alturas com poder espiritual, porque
tinha esse grau de consciência preparado para recebê-lo. Ele não
alimentou dentro de si mesmo crítica, julgamento, antagonismo ou
desejo de beneficiar-se com o poder temporal. Ele não tinha den
tro de si qualquer desejo de ver alguém punido, não obstante o
pecado. Em outras palavras, sua consciência era pura. Portanto,
ela poderia ser a transparência para a presença e o poder de Deus.
O Mestre mandou-nos ser e agir à sua semelhança, mas não
podemos ser dotados de poder espiritual, enquanto nos apresen
tarmos a este mundo com uma disposição carnal. Apenas na me
dida em que podemos orar um para o outro, amigo ou inimigo;
apenas na medida em que podemos compreender a Onipotência, a
Onisciência e a Onipresença universalmente, é que nossos proble
mas são desfeitos e nossa consciência se torna uma transparência
para o poder espiritual que nos habilita a curar, regenerar, perdoar
e satisfazer os outros.
Até que possamos nos transportar àquele lugar onde estamos
dispostos não só a curar, mas a alimentar e vestir multidões, até
que estejamos dispostos a ser usados para espalhar este suprimento
de dólares ou coisa que o valha, não estaremos abrindo nossa cons
ciência para o dom espiritual, porque o espiritualmente dotado não
recebe: eles são os meios pelos quais é dada a graça divina. En
quanto estamos orando para receber, estamos obstruindo a força
espiritual.
Quando estamos orando, “Pai, eu estou'desejoso de curar e
alimentar as multidões. Deixe apenas Sua graça fluir”, nós a encon
37
traremos fluindo. Que engano é a crença de que nós podemos orar
para obter algo para nós mesmos, quando realmente podemos re
ceber somente quando estamos orando a fim de dar, compartilhar
e multiplicar. O resultado dessa oração egoísta é que formamos um
ego, um sentimento pessoal e então procuramos Deus para aumen
tá-lo. Deus não amplia a sua ou a minha fortuna pessoal, por mais
que queiramos que Ele faça isso. Só quando começamos a derra
mar até mesmo o pouco que temos, é que a nossa própria fortuna
aumenta além de qualquer medida possível de nossas próprias neces
sidades.
Nessa idade, a força espiritual e a natureza de sua tarefa são
descobertas. À medida que continuamos a aprender cada vez mais
sobre a força espiritual, nos prepararemos para ser instrumentos
dignos de seu fluxo — não tanto para seu bem ou o meu, mas
para que o mundo inteiro possa estar envolvido pelo amor divino.
Então você e eu partilharemos dele porque somos partes desse
mundo.
3
Poder Espiritual Revelado
38
e quando aqueles dos quais tudo parecería indicar que nunca esca
paríamos demonstram sua fraqueza. Quem teria acreditado que os
russos poderíam se livrar de seus czares? Tal façanha deve ter sido
inimaginável com todos os exércitos, poder e riqueza com que os
czares contavam. E, no entanto, em pouco tempo o poder extin-
guiu-se.
39
desde aqueles tempos, o poder espiritual, para todos os intentos e
propósitos, não tem estado em ação em nosso mundo. Seu segredo
se perdeu alguns séculos depois do Mestre. O nosso, contudo, é
o século em que o poder espiritual deve ser revelado.
2. João 14:27.
3. João 18:36.
4. Isaías 2:4.
40
necessidade ou doença — e conceber: “Não tens poder! Nenhum
poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado!”
O Mestre não invocou o poder do Espírito para acalmar uma
tempestade, ele simplesmente disse: “Cala-te, aquieta-te.” 5 Deus
está no furacão; Deus não está na matéria; Deus não está na força
ou nos poderes materiais; Deus não está na temporalidade. Deus é Es
pírito e, além d’Ele, não há poderes.
Provamos isso em muitas fases de nossa vida. Dezenas de mi
lhares têm sido curados neste século, não pelo uso do poder de
Deus de eliminar uma doença, não recorrendo ao Espírito para
poder vencer as condições materiais, mas compreendendo silencio
samente que além de Deus não há poder. Temos testemunhado isso
em nossas relações comerciais — nunca pela disputa, nunca pela
pressão de uma campanha, mas sempre do mesmo modo, isto é,
silenciosamente, pacificamente compreendendo: “Além de Deus não
há nada mais.”
Nós tentamos chegar a Deus para conseguir que Deus faça
algo para alguma coisa que não tenha poder. Tentamos fazer uso
da Verdade. Isso não pode ocorrer. Não fazemos uso da Verdade;
não fazemos uso de Deus. Isso seria fazer de Deus um servo. Deus
não é nosso servo. Deus não é para ser usado. Deus é para ser
compreendido. A Verdade não é para ser usada. A Verdade é
para ser compreendida. j
41
Deus foi o mesmo ontem, é hoje e será para sempre, de eter
nidade em eternidade. Não podemos induzir a Deus a fazer algo
amanhã. Dois vezes dois sempre foi quatro: mesmo Deus não pode
mudar isso amanhã. Isso tem sido de eternidade em eternidade e
assim será para sempre.
Nunca houve tempo em que Cristo não foi entronizado em
nossa consciência: “Antes que Abraão existisse eu sou.” 8 “Eu es
tou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” 9 Nós
buscamos um poder, um poder divino, um poder de Cristo e ei-lo
aqui. O segredo do poder espiritual é simples. Ao dizer: “Não
resistais ao mal”,101 Jesus não quis dizer para sermos devo
rados por ele. Ele estava reconhecendo a verdade de que o mal
não é o poder que parece ser. Quando ele disse: “Mete no seu
lugar a tua espada... porque todos os que lançarem mão da es
pada à espada morrerão”,11 ele não quis dizer: “Mete no seu lugar
a tua espada até 1980 e então saque-a.” Ele falou da espada no
sentido de poder temporal. Não faz diferença se é uma espada
ou uma bomba, se é uma grande quantidade de ouro ou muito
pouco. Ele está falando sobre abandonar o poder temporal, sem
resistir ao mal, parando de combater o gênio do mal e aprendendo
que o mal não é poder. Por que combater o espírito carnal ou
mortal? Eles não constituem poderes. Deus é Espírito e Deus é
onipresença; portanto, o Espírito é onipotência, todo poderoso.
Podemos provar isso. Podemos levar um dia, uma semana ou
um mês, porque estamos acostumados a procurar forças com as
quais fazer algo. Antes deste século, existiu poder material. Em
bora ainda procuremos poder material, neste século estamos procu
rando também poderes mentais e espirituais. Há poder espiritual,
mas ele não age porque: “Como as aves voam, assim o Senhor dos
Exércitos amparará a Jerusalém: ele a amparará e a livrará, e, pas
sando, a salvará.” 12
Este poder espiritual cria, permanece e conforta, mas se pu
dermos ser motivados a aceitar a crença em dois poderes, começa
a dificuldade. Começou assim para Adão. Ele realmente conhecia
a verdade de que só há um único poder e era muito feliz com
esse conhecimento; mas, então, comeu o fruto da árvore do co
8. João 8:58.
9. Mateus 28:20.
10. Mateus 5:39.
11. Mateus 26:52.
12. Isaías 31:5.
42
nhecimento do bem e do mal, isto é, dois poderes. O momento em
que assim procedeu, ele tinha que procurar um Deus para fazer
algo quanto à força do mal. Nós estamos procedendo assim desde
então, vivendo uma vida adâmica, sempre buscando uma força para
fazer algo quanto aos males que nos importunam, mesmo que esses
males não sejam poder, exceto em nossa aceitação deles como po
der.
Nós tememos os mortais e tudo o que eles nos poderíam fa
zer. Depositamos nossa fé em tudo, desde o machadinho de guer
ra até a bomba atômica. Quando a bomba atômica foi inventada
e usada, parecia que tínhamos descoberto a derradeira força e
nunca mais havería dificuldades na terra. Mas quanto mais poder
nos empenhamos para obter, mais poder é necessário para domi
ná-lo; e então mais poder será necessário para dominar aquele.
É semelhante às drogas. Uma pessoa começa a fazer uso de uma
pequena quantidade, mas essa quantidade é continuamente aumen
tada porque, quanto mais se usa, tanto mais se necessita da
próxima vez.
43
sagem de Cristo: “Não resistais ao mal”, a nulidade do erro fica
provada, não obstante a forma que toma. Permanece conosco como
indivíduos.
Nós não podemos passar nossa vida inteira vivendo da ma
nifestação de quem quer que seja. Mais cedo ou mais tarde, nossa
falta de compreensão, se continuar, nos apanhará. Devemos conti
nuamente trazer à memória: “de agora em diante, eu estou acei
tando a Deus dentro de mim, para que “se subir ao céu” ou “se
fizer no inferno a minha cama”,13 este Deus estará comigo. Se eu
passar pelo “vale da sombra da morte”,14 este Deus irá comigo
porque Ele está dentro de mim. Todo reino de Deus está dentro
de mim. Devemos fazer isso conscientemente.
O próximo passo é admitir conscientemente que Deus é todo-
poderoso — o todo-poderoso, o todo-poder, o Espírito. Não po
demos ver o Espírito, ouvi-Lo, prová-Lo, tocá-Lo ou sentir Seu
odor. Temos que compreender que Ele existe, mesmo que não te
nhamos prova material d’Ele. Temos que ter suficiente discerni
mento espiritual para sentir dentro de nós mesmos que isso é ver
dade e, então, temos que aprender a estar alerta às coisas que te
memos e começarmos a compreender conscientemente: “Que ab
surdo. O Todo-Poderoso está dentro de mim. O Espírito é o to
do-poderoso e eu tenho medo do ‘homem cujo fôlego está no seu
nariz.’ 15 Eu tenho medo do álcool, eu tenho medo das enfermi
dades, eu tenho medo do falso apetite, eu tenho medo do ateísmo,
eu tenho medo do comunismo e eu tenho medo do capitalismo.”
Que diferença faz o que nós tememos? Qualquer coisa que
seja, quando tememos, nós estamos reconhecendo uma outra força
que não a divina. Estamos considerando duas forças e, quando
temos duas, somos expulsos do Jardim do Éden e temos que ga
nhar a nossa vida com o suor de nosso rosto, criar os filhos no
sofrimento e aprender como ser agressivos, porque, com duas for
ças, nós estamos sempre procurando uma para socorrer a outra.
Mas, quando reconhecemos Deus como Espírito e Espírito como
o infinito todo-poderoso, já não procuramos uma força.
O Abre-te Sésamo
44
cujas estacas nunca serão arrancadas, e das suas cordas nenhuma
se quebrará... E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque
o povo que habitar nela será absolvido da sua iniqüidade.” 16 Os
males são perdoados para aqueles que habitarem na consciência
da presença de um Espírito todo-poderoso, perdoados no sentido
de serem apagados e esquecidos. Em outras palavras, o restabele
cimento, de fato, significa ser perdoado. Ser curado de nossos ma
les é realmente ser perdoado do pecado de dualidade, perdoado do
pecado de crer que há duas forças e que Deus não é força todo-
poderosa. Estamos sendo realmente perdoados da aceitação da cren
ça de que há uma outra força que não a divina. O modo de sentir
esse restabelecimento é deixar de combater as circunstâncias, parar
de temer o “homem cujo fôlego está no seu nariz”, parar de te
mer o orgulhoso, o fanfarrão, parar de temer o ruído das armas.
Eles se destinam apenas a amedrontar-nos, mas não podemos nos
preocupar, se tivermos um Deus todo-poderoso.
Como é possível a um povo, amante de Deus, constantemente
temer o ateísmo ou qualquer obra dele? O ateísmo não é uma força.
Não adianta simular que há um Deus em quem acreditamos, se
acreditamos também que o ateísmo é uma força.
Ninguém nunca tem chance de derrotar a Deus ou ao religioso.
Nós moraremos em habitações quietas e pacíficas, quando apren
dermos, como disse Ralph Waldo Emerson, que os dados de Deus
estão sempre chumbados. Ninguém tem chance contra Deus, contra
o Espírito, contra o amor, a liberdade e a justiça. Ninguém tem
chance contra o disposto espiritualmente. Mesmo a doença não pode
deitar raízes no espiritualmente disposto. Ela pode aproximar-se
dele e ameaçá-lo, mas tudo que ele precisa fazer é estar atento e
compreender que: “Nós temos o Senhor Deus Todo-Poderoso”, vi-
rar-se e ir dormir, deixar que haja luz, deixar que haja liberdade,
deixar que seja revelado na Terra que Deus existe. Então, mesmo
o irreligioso observará as palavras de Deus e verá que Deus, e só
Deus, é poderoso.
Entre nós, Deus já sabe o que deve ser feito e é Seu grande
prazer dar-nos o reino, dar-nos liberdade, dar-nos alegria, dar-nos
abundância. Dar, dar! A palavra é sempre “dar”, mas temos que
ficar bastante quietos e confiantes para receber.
Uma vez que tenhamos tal vislumbre de Deus, teremos cap
tado o significado do poder espiritual. Deixemo-lo ser nossa con
45
tra-senha, nosso abre-te sésamo. Deixemo-lo ser o que abre todas
as portas para nós — poder espiritual. Não tentemos obtê-lo; não
tentemos fazer uso dele. Tentemos empregá-lo: apenas o compre
endemos e relaxamos a tensão nele. Não estamos resistindo ao mal;
todavia, o mal desaparecerá. Ele se dissolverá. De um modo normal,
natural, a harmonia começará a existir.
A Conquista do Mundo
47
O perigo consiste no retorno às crenças antigas de que Deus
ou Cristo é alguma forma de poder e que uma vez que nos agar
remos a Ele, poderemos até fazer desaparecer Houdini *. Podem
estar certos de que não conseguiremos. Não dominaremos quaisquer
inimigos. Não dominaremos quaisquer competidores. Apenas vive
mos, nos movemos e existimos em uma paz alegre, em abundância
e benevolência. Viveremos pela Graça, em vez de viver pelo po
der ou pela força. Todas as coisas são realizadas pelo Espírito, não
pelo poder ou pela força. É um Espírito nobre. Deus não está no
furacão, no pecado, na doença, nos falsos apetites. Deus não está
na pobreza. Deus está na “voz mansa e delicada”.22 Conduzir-nos a
uma vida sob a proteção de Deus, quer dizer levar-nos a uma vida
por meio da qual possamos ser tão silenciosos intimamente, que,
quando a voz mansa e delicada nos falar, será como se estivesse
trovejando.
Função de Cristo
Cristo não é algo fora de nós que tem que ser procurado.
Cristo é algo que já está dentro de nós, esperando atrair a nossa
atenção.
O que é o Cristo? O que é o Espírito de Deus no homem?
Qual o propósito de Deus em minha vida? Qual é a natureza da
Presença que segue à minha frente para guiar o meu caminho?
Qual é a natureza do Poder que apareceu para Moisés como Uuma
nuvem”, “uma coluna de fogo” 2324 e o “maná” 2h caindo do céu?
Qual é a natureza do Pai dentro de mim, que curou as doenças
para o Mestre? Qual é a natureza deste Cristo que está dentro de
mim e que me habilita a perdoar os pecadores? Qual é a natureza
deste Cristo que é o pão, a carne, o vinho e a água para mim,
a mulher na fonte e alguém que deseje vir até a mim?
48
segunda vez. Este Cristo, este Messias, é o Espírito de Deus que
foi plantado em nós no princípio — não no princípio de nosso
intervalo sobre a terra, mas no princípio, quando éramos unos com
Deus, no princípio, quando éramos formados à Sua imagem e se
melhança. Seu propósito é viver nossa vida, elevar-nos, redimir-nos,
preparar o caminho para nós, preparar mansões para nós. Foi-nos
dado no princípio. Ele agora está trancado debaixo de chave e
devemos abrir caminho para que Ele possa fluir para nossa expe
riência.
Quando o Espírito de Deus estiver em nós, despertaremos para
a consciência mística. Estamos determinados a nos tornar cientes de
que o filho de Deus está entre nós:
Dentro de mim habita Algo, uma Presença, uma Glória. Não
está aqui para glorificar-me. Sua atividade é glorificar a Deus, pro
var o que é a vida quando é dirigida, mantida e sustentada por
Deus.
Então nos tornamos testemunhas da graça de Deus, da pre
sença de Cristo dentro de nós.
Só tenhamos o cuidado de não fazer de Cristo algum tipo
de poder temporal para nos ajudar a adquirir coisas temporais.
Vamos nos satisfazer com o fato de que Cristo é o Espírito em
nós e que podemos fazer tudo através cFEle, com amor, sabedoria,
com bom senso, eqüidade, misericórdia, igualdade e paz. A com
preensão disto, e só disto, realiza “a paz que excede todo o enten
dimento”.25 Não há meios de se obter paz neste mundo. Podemos
conseguir fama e riqueza e ter mais dificuldade do que esperamos.
Mas o Messias mostra a diferença: “Deixo-vos a paz, a minha paz
vos dou: não como o mundo a dá.”
Em termos humanos, não sabemos, e ninguém pode nos dizer,
qual é a natureza da paz. Minha paz é um estado de paz que nos
invade, não porque alguma coisa boa ocorreu no mundo exterior,
mas porque algo maravilhoso realizou-se dentro de nós. É como
se fosse uma garantia: “E m estou com você. Eu nunca o abando
narei. Eu estarei com você até o fim do mundo.” Nós quase pode
riamos cantar esse refrão, pela vida afora, uma vez que nos tor
nemos cientes de que Cristo habita em nós. Agora, não há neces
sidade de se preocupar, nem de temer. Há uma Presença invisível
guiando nosso caminho.
A paz na terra não será alcançada só pelos esforços humanos.
A paz na terra é uma dádiva de Deus que deve ser recebida pelas
pessoas dentro do templo de seu próprio ser.
25. Filipenses 4:7.
49
Não podemos saber por nossa própria índole pacífica, por
nossa própria inabilidade de batalhar um com o outro, até que
ponto Cristo penetrou na nossa Alma, até que ponto recebemos a
dádiva de Deus, seu filho. Cristo ressuscitado entre nós é uma
dádiva de Deus. Se ainda não O recebemos em grau suficiente,
ainda é possível. O caminho está dentro de nós. O caminho é a
introspecção, a meditação, a comunicação interior, o reconhecimento
de que o filho de Deus habita em nós e está sempre pronto a nos
dirigir a palavra. De fato, Ele está se dirigindo a nós mesmo quan
do não O ouvimos. Ele tem estado clamando a nós através dos
tempos.
Vivemos pela palavra de Deus, não pelo pão nem pelo di
nheiro. É pela palavra de Deus, que se transforma em carne, que
somos alimentados, vestidos e abrigados. É pela palavra de Deus
que uma Graça divina nos leva a viver em paz. É esta dádiva de
Deus dentro do templo de nosso próprio ser que estabelece nossa
paz com nosso semelhante: amigos ou inimigos, próximos ou dis
tantes. É a graça de Deus em nosso coração, o Cristo que entra
em nossa Alma, que é a paz entre nós. Nada mais pode dá-lo a
nós; nada mais pode mantê-lo. Nunca podemos encontrar amparo
ou nossa imortalidade por qualquer outro meio que não seja essa
comunhão interior, por meio da qual ouvimos a voz mansa e de
licada proferindo a palavra de Deus.
“Como pássaros voando”, deixaremos o Espírito realizar sua
obra. Deixemo-lO realizar Sua obra. Deixemos Deus. Deixemos que
haja luz e observemos que há luz. Deixemos que haja firmamento
e notemos que há um firmamento. Deixemos Deus agir e resista
mos à tentação de procurar uma força para empregar, procurar a
verdade ou qualquer coisa para empregar. Em vez de nos acomo
darmos com a certeza de que Deus é Espírito e de que este Espí
rito tenha prometido que Ele nunca nos deixará ou nos abando
nará. Ele sempre esteve conosco, mas nós O negligenciamos. Não
só O negligenciamos, mas não sabíamos que Sua natureza era Oni
potência; assim, tentamos fazer uso d’EIe contra alguma coisa. Não
há nada contra o que empregá-Lo. Tudo quanto parece mal para
nós é uma aparência e não temos o direito de julgar pelas apa
rências. Devemos deixar de combater o erro, deixar de tentar do
miná-lo, deixar de buscar a Deus para dominá-Lo e admitir que:
“Deus está comigo e é todo-poderoso.” Então, veremos a natureza
do poder espiritual, à medida que o silêncio revelar o Verbo feito
carne.
50
II
4
Carne e Carne
1. Isaías 40:6.
2. João 6:63.
3. João 1:14.
51
derada como significando forma espiritual, atividade e realidade.
“O Verbo se fez carne e habita entre nós” : Deus se tomou visível
como o homem. Deus-Pai tornou-se visível como o filho, mas ninguém
jamais verá esse homem com seus olhos. Esse homem só pode ser
visto no ápice da consciência espiritual.
4. João 9:25.
52
vel, Deus, o Próprio Infinito Invisível, que sabemos que está aqui
e agora preenchendo todo espaço dentro e fora de nós. Então, se
gue-se a percepção consciente daquele Verbo que se evidencia em
captar um instantâneo do Divino e finalmente aqui fora, naquilo
que chamamos de cura ou uma mudança na aparência. Mas nenhu
ma aparência pode mudar a menos que algo tenha ocorrido na
consciência.
Não cuide das aparências. Não busque as aparências para
qualquer mudança. “Ainda em minha carne verei a Deus.” 5 Bem
aqui e agora na terra, podemos ver a Deus. Eu não quero dizer
que vemos com os olhos físicos, mas podemos discernir Deus ou
ficar consciente d’Ele. Isso é o que significa ver a Deus ou senti-
Lo: ser tocado por Deus ou tocar na orla do manto.
Cada praticante espiritual recebe iluminação direta, se não de
outra forma, pelo menos na cura da qual ele foi o instrumento.
Do contrário, a cura não poderia ter sido realizada. Não há nin
guém na terra hoje que realize quaisquer obras maiores do que
o Mestre, Jesus Cristo. Ele disse: “Eu não posso de mim mesmo
fazer coisa alguma.” 6 Tenho certeza de que não podemos fazer
mais o que ele podia. O Pai dentro de nós faz a obra, mas só
naquele momento de contato, de iluminação. Daí para a frente, de
pois que se conseguiu a iluminação, aquele fluxo continua sem
esforço consciente. Mas deve ser renovado dia a dia. Todo dia é
necessário penetrar no silêncio, em certas ocasiões, doze vezes, para
sentir novamente o Impulso divino.
Depois que se está neste caminho há vários anos, não é ne
cessário voltar e estabelecer aquele contato em cada meditação ou
tratamento dado. Chega o tempo em que “vivemos, e nos move
mos, e existimos” 7 em Deus, e raramente estamos fora daquele
estado de consciência. É só sob tensão de alguma grande emoção ou
de alguma grande tragédia, dura • experiência ou impacto, que a
pessoa que vive deste modo há muitos anos pode estar tempora
riamente fora do reino de Deus. Isso pode acontecer e acontece
mesmo para aqueles bem adiantados no caminho, mas eles têm
pouca dificuldade de refazer seus contatos. Nos primeiros anos de
nosso trabalho, contudo, isto não é assim. Fazemos contato e então
parecemos perdê-lo por alguns dias na oportunidade e encontrá-lo
novamente somente com esforço e luta.
5. Jó 19:26.
6. João 5:30.
7. Atos 17:28.
53
A C arn e q u e E n fraq u ec e
A Revelação da Palavra
54
o Verbo se torna aparente, visível, audível e conscientemente tangí
vel em nossa experiência.
Essa é a razão por que no Caminho Infinito é recomendado
que esses alunos principiantes não tenham menos de três períodos
de meditação por dia. Esses períodos podem durar de um a três
ou quatro minutos. Não é aconselhável ir além, a princípio, por
que depois de alguns minutos é provável que a meditação se torne
um exercício mental; então, naturalmente, ela perde sua força.
À medida que a gente prossegue neste estudo, esses períodos
aumentam para seis, oito, dez ou doze em um dia e de um a cinco
minutos cada vez. Daí para a frente, os próprios períodos podem
crescer e uma pessoa pode meditar em qualquer lugar, de dois . . .
três até vinte ou trinta minutos. Mas, quando a meditação se torna
uma prática mental, já não é meditação. No momento em que
sentir uma libertação interior, . . . deverá parar de meditar. Se
não puder obter a libertação, volta à meditação uma ou duas ho
ras mais tarde. Não se sente até que o espírito comece a traba
lhar, porque isso não é meditação; é apenas prática mental. E a
prática mental não tem poder.
Isso não quer dizer que . .. deve abandonar a prática de pon
derar, de pensar ou de meditar sobre a verdade. Essa é uma coisa
completamente diferente da prática mental. Quando . . . se senta
para meditar, pode achar que a mente é berrante, ruidosa, caótica
e não sossegará, pelo menos até um nível de tranquilidade, de onde
pode ouvir a “voz mansa e delicada”.8 Nesse estágio, é prudente
tomar alguma passagem da Escritura ou alguma afirmação do saber
espiritual e ponderá-la, não repeti-la como se esperasse ganhar pela
repetição, mas considerá-la por seu significado interior.
Essa expressão da verdade que você está lendo é uma semente
dentro de você que se desenvolverá e aparecerá como um estado
de consciência. Depois disso, aparecerá externamente como a saúde
do corpo, a suficiência econômica, um novo livro ou maior su
primento. Esse é o modo como a carne deve ser compreendida. Logo
que a carne está aqui fora, nos apegamos a ela. Ele definha como
a erva. Não confie nela. Agir assim é como confiar “em príncipes”.9
Quando você aprender a voltar-se para dentro e deixar a pa
lavra da verdade adquirir expressão, você encontrará a consciência
invisível ou o estado de consciência da verdade no seu íntimo se
8. I Reis 19:12.
9. Salmos 146:3.
55
exterioriza como forma. Então, você pode fazer qualquer coisa que
queira com a forma.
56
Deus era sua manifestação. Permanecer em plena consciência da
Presença foi sua manifestação e quando ele realizou essa manifes
tação, o cadáver tinha que se levantar, os pães e os peixes tinham
que ser multiplicados e o ouro tinha que estar na boca dos peixes,
porque Deus é a substância de toda forma. Mas se você não tiver
a presença de Deus, você não pode ter a forma.
Não se orgulhe em curar. Nunca afirme uma cura a não ser
para ilustrar o princípio ou a idéia espiritual que a realizou. É re
lativamente sem importância se você tem saúde ou riqueza hoje.
O que é importante é se você obtém a convicção espiritual que lhe
dará saúde e riqueza eternas. Não se orgulhe de qualquer tipo de
manifestação, mas jacte-se e alegre-se de que viu a face de Deus,
de que testemunhou a presença do Espírito, que por sua vez se
tornou evidente como a cura ou o suprimento.
57
gundo o Espírito, as coisas velhas passarão. Velhos hábitos, velhas
formas da carne, velhos apetites carnais, cobiça, luxúria, ambição,
desejo de saúde, riqueza e fama — todas essas coisas passarão e
se renovarão.
é nesse ponto que a mensagem do Caminho Infinito se man
tém firme. Não devemos considerar uma pessoa como carne ou
como um ser humano. Não devemos glorificá-la como homem, bom
ou mau, mas é melhor agora conhecê-lo não segundo a carne, mas
segundo o Espírito. Portanto, se alguém estiver em Cristo, se al
guém estiver consciente de sua qualidade messiânica, todas as coi
sas velhas desaparecerão. Mesmo os velhos conceitos sairão de sua
vida. Ele pode ficar triste ao ver alguns deles desaparecerem porque
gostava deles, mas eles não permanecerão porque deixarão de fazer
parte de sua experiência.
Uma vez que estejamos fundados no Cristo, toda a nossa fa
mília, todas as nossas relações pessoais e toda a nossa esfera de
ação mudam. Podemos até nos mudar para um outro estado ou sair
do país de uma vez, porque todas as coisas se renovaram neste
estado elevado de consciência, no qual “nós vivemos, nos move
mos e existimos”. Achamos que não há limitações; não estamos
confinados a um apartamento ou a uma casa; não estamos ligados
a uma família. Nós as temos, mas chegamos e partimos e nos sen
timos livres.
Quando a consciência muda e quando a substância do Espí
rito é revelada na consciência, não necessariamente revelada na sua
totalidade, mas mesmo quando revelada em parte, o Templo Sa
grado, o corpo verdadeiro, surge em nossa consciência. Outros ainda
podem vê-lo como esta forma, mas saberemos que não é isso. Este
corpo é o templo do Deus vivo. Se nós subirmos numa balança,
ela pode ainda mostrar um certo número de quilos; mas não te
remos sensação alguma de peso, do estado sólido, do corpo.
58
que o mortal seja absorvido pela vida.” 12 Nossa tarefa não é li-
vrarmo-nos negando ou ignorando, do corpo. Nossa tarefa é ser
mos revestidos com outra consciência do corpo, esse corpo que é
“não feito pelas mãos, eterno, nos céus”. Este corpo verdadeiro é
aquele corpo. É eterno nos céus, imortal. Mas não podemos ver
este corpo. Nós todos recebemos conceitos diferentes de todo corpo
que vemos, se estamos apenas julgando pelas aparências, baseados
em nossa experiência.
Este corpo, que é invisível, é eterno e imortal e estará co
nosco para todo o sempre. Este corpo, como eu o vejo, mudará de
dia para dia, porque, quanto mais elevado meu conceito de Deus
ou do Espírito, tanto melhor em aparência e em sentimentos meu
corpo fica. O conceito muda, mas o próprio corpo é imortal; por
tanto, não nos livramos do corpo mesmo na morte. Nós nos li
vramos de nossos conceitos de corpo. Mais cedo ou mais tarde,
portanto, desenvolveremos a consciência de que nosso conceito de
corpo mudará enquanto estivermos na terra.
Um Estado de Consciência
59
apareceu como a palavra carne, e eu sabia que a lição devia estar
na carne. Simultaneamente, com aquela palavra veio seu duplo sig
nificado e, por causa daquele significado, veio tudo aquilo que está
escrito aqui.
Nunca fique preocupado e nunca tente formular um pensa
mento sobre qualquer coisa. Nunca tente conhecer algo sobre Deus
através da mente, porque não há verdade que você possa conhecer
conscientemente que seja verdade; assim, não se preocupe em ter
uma visão ou ouvir palavras. Mas também não fique perturbado,
quando tiver visões ou ouvir palavras, porque muito freqüentemen-
te elas são uma parte necessária de seu desenvolvimento.
Assim, foi na Califórnia, em 1945, que a Voz falou para mim
e disse que o próximo ano seria meu ano de transição. Por um
momento, eu me entreguei a tratamentos muito eficazes, porque eu
não sentia que estava preparado para continuar. Então, a Voz se
manifestou novamente e disse: “Não, não é esse tipo de transição.
Essa é uma transição para um outro estado de consciência.”
Em julho de 1946, começou essa mudança de consciência e a
transição durou dois meses. No fim desse período, tudo estava
preparado para esse trabalho. A instrução final que me foi dada
nessa experiência interior era a seguinte: você ensinará, mas não
buscará alunos. Você ensinará àqueles que estão sendo enviados a
você e ensinará o que lhe for dado para ensinar.
Esse trabalho do Caminho Infinito foi realmente iniciado com
aqueles dois meses de visão real e audição perceptível, e mesmo
aquelas experiências foram raras. Geralmente, a mensagem vem co
mo essa lição veio, com apenas um sentimento, uma palavra, ou
uma passagem da Escritura. Primeiro vem a inspiração, depois o
pensamento específico ou idéia e, então, por causa disso, todo o
resto. Na consciência espiritual, as coisas revelam que mais tarde
se tornam carne na consciência, carne invisível, isto é, elas tomam
forma como um estado de consciência e depois aparecem externa
mente como palavras, escritos e gravações.
Esse tipo de carne — palavras, escritos e gravações — deve
definhar como a erva. Mas a carne, como está agora em minha
consciência, nunca morrerá e o que você absorve deste capítulo em
sua consciência nunca morrerá. O que você registra no papel, po
de-se apagar amanhã, porque se você tentasse viver dele, estaria vi
vendo do maná de ontem. O que eu estou lhe dando agora é a
semente da verdade que me veio do fundo de meu testemunho
60
como revelação e está agora sendo plantada em sua consciência.
Amanhã você pode fechar seus olhos e descobrir que a verdade
fluirá de volta para você. “E o Verbo foi feito carne e habita en
tre nós.”
5
Nossa Identidade Real
1. I Samuel 2:9.
61
A Invisibilidade da Identidade Espiritual
2. Salmos 23:4.
62
ramos morrem, você pode pensar que a vida não é eterna porque
as flores, os frutos, os ramos estão mortos e você os viu secos
e sem vida. Mas você nunca viu uma árvore. De fato, em toda a
sua vida, você realmente nunca viu uma árvore. Você viu o efeito
ou a forma de uma árvore, mas a própria árvore é tão invisível
quanto eu e você somos.
Se eu quiser vê-lo, é apenas na verdadeira elevação de meus
momentos iluminados que posso entrar em contato com a realidade
do você que é você, o que você entende quando diz “Eu”. Se você
fechasse os olhos já e dissesse “Eu, Maria”, “Eu, Jorge”, ou qual
quer outro nome que fosse, você sabería imediatamente que eu não
podería vê-lo, porque essa Maria ou esse Jorge não estão em lugar
nenhum visível. O corpo não é você: a cabeça, o pescoço, os braços
são seus; todo o corpo, da cabeça aos pés, é seu, mas ele nunca
é você.
Quem o conhece? Quem me conhece? Quem já o viu ou já
me viu? Cada um de vocês tem um conceito sobre mim e há tantos
conceitos diferentes sobre minha pessoa, quanto há pessoas que
acolhem esses conceitos. Eu não reconhecería nenhum deles como
sendo Joel, porque eu me conheço por dentro e você não. Você
simplesmente formou uma opinião a meu respeito, uma idéia às
vezes boa, às vezes má, mas nunca correta, porque tudo o que sou,
eu sou. Essa é a minha verdadeira individualidade, que não exibo
a ninguém. Eu não permito que ninguém saiba como eu sou em
meus piores momentos, mas os bons eu oculto também. Meu ser
está oculto no meu interior, completamente isolado, seguro, com
Deus. Assim, eu divulgo apenas certas qualidades, sobre as quais
você forma um conceito ou uma opinião.
Eu também formo conceitos ou opiniões sobre você. Às vezes,
afirmo erroneamente que não penso que esse ou aquele aluno nunca
chegará a qualquer lugar espiritualmente e, então, ele me confunde
como sendo um dos melhores. Além disso, os Judas, os Peter e
os hesitantes Thomas mostram-nos o quanto nossos conceitos po
dem estar errados, quando os vestimos com todas as glórias da pura
espiritualidade e então eles deixam de corresponder a essa convic
ção e confiança.
Muitos de vocês têm sido ensinados, em Metafísica, que toda
pessoa é uma idéia espiritual, o filho de Deus e que aqueles gatos,
cães e flores são idéias espirituais. Isso não é verdade e nunca foi.
Uma idéia espiritual é perfeita e eterna nos céus. Uma idéia espi
ritual nunca muda, nunca falha, nunca tem um sentido de separa
63
ção de Deus, nunca envelhece e nunca morre. Ela nunca pode ser
vista com os olhos. Nunca! Assim como você não pode me ver,
porque esse “eu” é uma idéia espiritual, do mesmo modo você
não pode ver um gato, um cão, uma flor ou uma árvore. Você só
pode ver a forma. A idéia espiritual é a própria entidade, que é
a identidade espiritual, mas o que você viu é seu conceito daquela
identidade espiritual.
Você não pode ver a minha mão. Você nem mesmo1 sabe o
que é u’a mão. Olhe para a sua e então procure compreender que
você não a está vendo. Você está vendo sua idéia dela aparecer
como forma. A própria mão é uma idéia espiritual permanente e
nunca muda, nunca envelhece e nunca morre. É um instrumento
para seu uso, preparado para você no princípio e ficará com você
eternamente.
O propósito dos ensinamentos de O Caminho Infinito é con
duzi-lo àquele estado de consciência em que, quando você vê uma
pessoa, uma coisa ou uma condição contraditória, você não tenta
mudá-la. Não tente manipular nada externamente. Perceba que você
não está examinando algo, mas um conceito que em si e por si
mesmo não tem poder, presença ou realidade. A realidade que
você está testemunhando é eterna nos céus, perfeita. Quando você
olhar para um corpo harmonioso, um corpo jovem ou fisicamente
perfeito, lembre-se de que você não está vendo uma idéia espiri
tual. Você está olhando o seu conceito de uma idéia espiritual.
Quando você compreender isso, começará a livrar-se de qualquer
mal e o restabelecimento virá rapidamente.
64
Muito freqüentemente médiuns e mestres não estão no nível
mais alto, porque pacientes e alunos não permitirão que eles gas
tem os quarenta dias necessários para escalar as montanhas e ha
bitar lá. Eles não lhes darão fins-de-semana ou qualquer tempo
exigido e, gradualmente, eles os fazem baixar ao próprio nível de
les. Então, vem a luta e os médicos espirituais têm que se afastar
por longos períodos de tempo.
É uma coisa impossível conseguir consciência espiritual e pre
servá-la para sempre sem continuidade de esforço. Ninguém pode
saltar para o céu nesta vida e permanecer lá. A atração hipnótica
do mundo humano é tal, que uma pessoa está em contínuo estado
de flutuação: bem hoje e mal amanhã, ou bem por uma semana e
mal por um dia. Aqueles médiuns que sabem como afastar-se do
mundo seis horas por dia para onde nem mesmo possam ouvir
o telefone tocar, com muita freqüência são capazes de preservar
o mais alto estado de consciência. Médiuns ou mestres que man
têm seus espíritos mais intimamente repletos da vontade divina, co
mo a única vontade, e da lei divina, como a única lei, mantêm
suas consciências num nível tão alto, que todo contato com eles
resulta em elevação espiritual em algum grau.
Não há nada misterioso sobre a cura; ela nada tem a ver com
Deus porque, no reino divino, a perfeição existe. É uma questão
de capacidade de cada um de nós manter-nos em elevação espiri-
:ual. Um meio é encontrar a particular literatura inspiracional que
ijuda a manter a consciência naquele nível. Não faz diferença se
3Stá na forma de livros de prosa inspiracional, poesia ou Escritura.
Deve ser algo que nos mantenha, não em um nível emocional, mas
lum nível espiritual de alto grau.
Um nível espiritual de alto grau nada tem a ver com a emo
ção. Nada tem a ver com a sua sensação de que está andando nas
nuvens. A consciência espiritual é um estado de consciência que
não teme nem as pessoas nem as condições. Olha para este mundo
e diz: “Eu o amo, quer você seja bom ou mau, na dor ou sem
dor.” Entende que Deus é o centro do poder, da vida, do amor
e da atividade. Não olha para o “homem cujo fôlego está no seu
nariz”.3 Não deposita sua fé em “príncipes”,4 em notas de dólares,
em frascos de remédios, climas ou temperatura. Sua fé integral está
no reino de Deus estabelecido dentro dele.
3. Isaías 2:22.
4. Salmos 118:9.
65
Unidade, um Relacionamento Eterno
“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero
esse faço.” 6 Parte da natureza humana está expressa naquela afir
5. João 8:58.
6. Romanos ^:\9
66
mação de São Paulo, mas “esquecendo-me das coisas que atrás
ficam”,7 procurando no futuro, avançando, agora, neste momento de
consciência, começamos a nos elevar de novo. Se pudermos ser ge
nerosos o bastante para perdoar nosso semelhante “setenta vezes
sete”,89 certamente podemos ser tão generosos com nós mesmos e
perdoar-nos, sabendo que nas profundezas de nosso ser somos puros,
bem como os nossos motivos. Nas profundezas de nosso ser, somos
limpos e qualquer impureza que houver em nós representa apenas
aquele efeito hipnótico do mundo dos homens que não superamos
completamente e que mesmo o Mestre não superou até próximo do
fim de seu grande ministério, quando disse: “Eu venci o mundo”.0
Quando somos ressuscitados, isto é, quando “morremos dia
riamente” em tal grau, que nos apossamos da compreensão cons
ciente de nosso verdadeiro ser, então nós também seremos capazes
de dizer: “eu venci o mundo”. Vencemos o mundo quando já não
odiamos, tememos, amamos, cremos ou confiamos em alguém ou
alguma coisa no mundo e mesmo no amor, porque vemos o Espí
rito de Deus no centro de todo ser. Então, podemos olhar para toda
pessoa na carne e reconhecer que não a estamos vendo, porque ela
é invisível.
É difícil para alguém ver Jesus em seu verdadeiro ser. Só
Pedro o reconheceu como o Cristo. Assim, você também se mantém
olhando 'para a pessoa e dizendo que “há James, John ou Eliza-
beth”, até que um dia você examinará aquela aparência e dirá “não,
há o Cristo”. Todo médium ou mestre olha para a aparência hu
mana e; a rejeita: “Não, não, não, você não é James, John ou
Elizabeth. Você é o Cristo. Você não vê que com meus olhos eu
o vejo, com meus olhos interiores. Eu reconheço você; eu saúdo o
Cristo de Deus.”
O conceito do mundo sobre você é visível, mas você mesmo
está brilhando para fora, por detrás de seus olhos. Assim você é
o Cristo invisível ou o filbo de Deus. E, agora, assim como você
está dirigindo seu olhar para fora através de olhos adultos, lem
bre-se de que houve um tempo que você esteve olhando para fora
através de olhos juvenis e um outro tempo em que você esteve
olhando para fora através dos olhos de uma criança. Mas sempre
foi você olhando para fora através daqueles olhos, você invisível.
7. Filipenses 3:13.
8. Mateus 18:22.
9. João 16:33.
67
Eu estou oculto com Cristo em Deus. Sou invisível ao mundo.
Ê por isso que as armas do mundo não me podem atingir, pois
eu não estou no mundo. Sou invisível.
68
ciência a uma receptividade à palavra de Deus, ao Impulso di
vino. Quando Ele veio e O senti, eu sabia que Ele estava aqui
fora, fazendo os desertos florirem, os doentes ficarem bons e os
desempregados arranjarem emprego. Estava fazendo isso. Eu es
tava simplesmente em estado de receptividade, recebendo a pala
vra de Deus em minha consciência e então deixando que Ela
fluísse.
Nunca tenha um período de oração, comunhão ou meditação,
no qual você realiza todo o ritual e então acha que efetuou alguma
coisa. Não se coloque na posição de esperar que Deus ouça suas
palavras ou pensamentos a maior parte do tempo. A atitude cor
reta é você ficar esperando que Deus fale com você.
Nós usamos palavras e pensamentos na oração e meditação
apenas para nos elevar, até que alcancemos altura suficiente para
entender a Palavra. Ela não será compreendida pela mente huma
na. Ela não virá a nós através do tumulto de nosso pensamento, a
menos que, em casos raros, haja algum grande impacto e por causa
disso algo se quebre. Mas Deus é ouvido na quietude e placidez do
silêncio, e é só neles que nós nos tornamos sintonizados com Deus.
Deus é onipresença, Deus é aqui e agora. Deus está no meio de
cada e de todo tumulto, mas não ficamos cientes dessa Presença,
exceto na quietude de nossa alma e no silêncio da nossa mente.
Quando a mente humana está silenciosa, há integralidade, reali
zação e percepção da identidade espiritual. É apenas na mente hu
mana que o tumulto da vida continua. Uma vez que você se eleva
acima disso, não há tumulto, não há problemas, não há nada fora
do que os problemas pudessem surgir, porque tudo que envolve o
seu bem-estar é suprido pela Fonte do infinito. No momento em
que você estiver completamente liberado das preocupações huma
nas, as coisas boas começam a fluir e você as encontra sempre ali
bem antes de precisar delas.
Enquanto a mente humana estiver ativa, nós sentiremos ne
cessidade e limitação e desejaremos ter esse vazio preenchido. En
tão, sairemos e lutaremos para preenchê-lo, ao passo que, após ter
mos chegado a um lugar em nossa meditação, onde podemos nos
sentar e nos mover diretamente no ritmo do universo, o desejo
desaparece. Não há desejo: há apenas um ser em harmonia com o
ritmo de perfeita simetria.
Quando eu estou concentrado desse modo, a vida flui sem es
forço consciente. Não estou fazendo as estrelas aparecerem nem a
69
lua surgir ou o sol se pôr. Não estou tentando fazer as flores cres
cerem. Eu estou apenas repousando do trabalho. Estou apenas
descansando do cansaço de pensar e totalmente contente em deixar
Deus governar o universo.
70
A C riaçã o In d iv id u a l d o R e in o de Deus
71
Unidos são verdadeiramente Teu reino, mas nosso conceito de Teu
reino. Mas Teu reino está estabelecido lá. Não faz diferença se o
chamamos Vietnã, Indonésia, Reino Unido ou União Sul-Africana.
A verdade do ser é que estes são Teus reinos. Tua presença está
tanto na terra como no céu. “Teu é o reino, e o poder, e a glória!'
72
O Cristo vive em mim eternamente. O Cristo é minha vida. O
Cristo é meu pão, meu vinho, minha água. O Cristo é a ressurrei
ção de meu corpo, de meus negócios, de meu lar. O Cristo é a
ressurreição de todos os meus afazeres.
O Cristo não é um homem. O Cristo é o Espírito de Deus no
homem, O Espírito que Deus colocou em mim ‘‘antes de Abraão
existir”. No princípio, Deus colocou Seu Espírito, Seu filho, Sua
vida dentro de mim e isso habilitou-me a dizer: “Uma comida eu
tenho para comer, que vós não conheceis” 13
Que comida é essa que eu tenho? O Cristo dentro de mim, o
todo-poderoso, o único poder. Eu não temerei nada ou ninguém no
reino exterior.
6
A Palavra e as Palajvras
73
É simplesmente uma coleção de afirmações sobre a Verdade. Não
é a própria Verdade. A Verdade é sua consciência da Verdade; é
seu estado de consciência da Verdade. Essa é a única Verdade que
existe e isso é o Verbo.
O Verbo nunca é um efeito; é causa. Quando a palavra de
Deus chega a você, não vinda de fora, mas de dentro, então se
você tem um mar Vermelho para atravessar, Ela o abrirá. Se você
estiver no deserto, o deserto florescerá. Se você precisar de chuva,
a chuva cairá. Se você clamar pelo sol, o sol brilhará. Se você
precisar de alimentos, eles aparecerão. Se você necessitar de di
nheiro, o dinheiro virá. Estas coisas acontecerão, porque a palavra
de Deus é a substância da vida e fora desta Palavra vem a carne
ou a forma: seu corpo, seus negócios, seu lar, sua profissão, sua
capacidade, seus fregueses, seus clientes ou seu suprimento.
Mesmo que você leia estas palavras, elas ainda não são po
der, na medida em que lhe diz respeito. Mesmo se elas lhe parece
rem razoáveis e você puder aceitar a mensagem intelectualmente,
ela ainda não é poder com você. Ela se torna poder apenas quando
você a tiver sepultado em sua consciência e meditar nela, até que
das profundezas de seu ser a resposta e a aceitação dela, que po
deríam ser chamadas de convicção ou compreensão, venham. As
afirmações em um livro — as palavras, as orações e os parágrafos
— representam a verdade sobre a Verdade, levando-o de volta às
profundezas de sua própria interioridade, onde você abre espaço
para o Verbo manifestar-se.
IA
Deus é a única lei, porque Ele é o legislador. Pelo jato d’Ele
ser a única lei, não há lei de enfermidade, de necessidade, de limi
tação. Deus é a lei, a lei da abundância. Ele é a força onipotente,
a lei todo-poderosa. Assim, não há lei que se oponha à lei de Deus
e Ele é a lei para meu ser individual.
Deus é amor, assim não há poder que se oponha ao amor de
Deus.
Deus é vida, portanto, não há enfermidade na vida e não há
morte na vida.
Deus é consciência infinita, imortal, Consciência divina; assim,
não há inconsciência.
Deus é inteligência infinita e, portanto, não há coisa como insa
nidade, falta de inteligência ou qualquer crença mortal de retarda
mento. Não há verdade para elas. Não há poder nelas pois Deus
é o poder único. Não há poder na aparência do pecado, da morte,
da necessidade ou da limitação. Assim, se eles quiserem se manter
existindo, deixe-os seguir em frente e existir, mas não há poder nele.
Não há poder à parte de Deus.
Essa é a verdade sobre a Verdade. Mas, quando você declarar
toda a verdade sobre Deus e sobre a criação divina que conhece,
acomode-se em uma atitude atenciosa e cuidadosa e então o Verbo
— o V-E-R-B-O — virá a você. Você pode ouvi-Lo dentro de
você, como se estivesse ouvindo uma voz. Você pode ver um cla
rão de luz ou ter apenas uma sensação, um repouso profundo e
depois uma libertação, como se um peso tivesse saído de seus om
bros. Nós chamamos isto de ouvir o Verbo, mesmo que você não
tenha ouvido palavra audível.
Quando você faz uso da linguagem da religião e da Escritura,
pode ceder um tanto à licença poética. Quando você diz que ouve
a “voz mansa e delicada”,1 não significa necessariamente que você
ouve alguma coisa. Às vezes significa apenas que você respirou pro
fundamente, um sorriso se estampou na sua face e você quer saber
com o que você poderia ter sido perturbado. Todas as aparências
podem ser as mesmas, mas agora você está aliviado e libertado
delas. É como se você olhasse para um vaso de flores, e as visse
como serpentes e por um minuto ficasse muito assustado. Então,
quando olhou novamente e percebeu que eram flores apenas, você
ficou aliviado — sem mais temor. A mesma coisa houve que o
1. I Reis 19:12.
75
fez temer antes, mas agora não causa temor, porque você se li
bertou do falso conceito dela.
76
“Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verda
deiro.”2 Assim, se você fala de Jones, Brown, Smith ou de si mes
mo, você está falando uma mentira. Não conheça a verdade sobre
o homem e não tente conhecer a verdade sobre o pecado, a doença
e a morte. Não há nenhuma; elas são ilusões.
Se você estivesse no deserto e visse a miragem da água diante
de você, tentaria saber a verdade sobre a água? Você não pode
fazer isso, porque não há verdade a saber sobre a água. A água
é uma ilusão. Você teria que saber a verdade sobre o deserto e o
deserto é formado de muitas coisas — sol, areia e ar. Essa é a
verdade. O que acontece à miragem? Você a reconhece bem. Ainda
pode ver a imagem da água lá, mas agora ela não tem poder sobre
você. Você não a teme, você não tenta ir para junto dela, não
apela para o corpo de bombéiros retirá-la para longe. Você a atra
vessa diretamente, porque não está indo através da água; você
está indo através de uma miragem. O que você compreende como
inexistência não tem poder para limitá-lo.
Vamos supor que você declare que a doença não tem poder
nem lei e então você olha para ver se a doença ainda está lá.
Isso não é diferente de declarar que não há água no deserto, por
que é uma miragem, e ainda aceitar a miragem como verdadeira
e como um obstáculo. Enquanto você achasse que a água que
você viu no deserto era água, você seria um verdadeiro servo dela.
Você não pode passar por ela. Você estaria procurando por um
desvio ou por um meio de se livrar dela. Mas no momento em
que soube que a água era uma miragem e que não tinha poder,
você daria partida no seu carro e passaria por ela. Ela não tem
poder para detê-lo, uma vez que você saiba que o que chamava
água era apenas uma miragem.
2. João 5:31.
77
de qualquer natureza. Porque ela perdeu sua força sobre você;
mesmo que a aparência possa ainda continuar por um dia, uma se
mana ou um mês, esteja certo de que ela desaparecerá gradualmente
de sua consciência, uma vez que está liberto do ódio, do temor ou
do desejo de livrar-se dela.
Essa é uma questão muito profunda, porque neste estado de
consciência você não precisa fazer esforço para livrar-se do pecado,
da doença, da morte; você não poderia fazer nada mais do que o
alcoólatra para livrar-se de suas serpentes. Se ele está vendo ser
pentes em seus sonhos etílicos, elas vão ficar com ele, enquanto
for escravo do álcool. O efeito do álcool pode ser tal, que ele
acredita que vê serpentes e, enquanto sofrer os efeitos de um exage
rado vício no álcool, continuará a ver serpentes.
O pecado, a doença e a morte representam a crença em uma
individualidade à parte de Deus, em um poder e em uma presença
separados de Deus. Assim, enquanto você conservar a crença em
uma individualidade, em uma presença e em uma força à parte de
Deus, a substância dessa crença estará presente na forma de doença,
necessidade, limitação ou pecado. Não adianta nada tentar livrar-se
dela. O que você deve fazer é tentar mudar sua idéia sobre ela ou
alcançar a consciência ou o estado de consciência da verdade.
78
divino constituem a verdade sobre a Verdade, a palavra sobre a
Verdade. Então, depois de conhecer a verdade, podemos meditar:
“Pai, eu tenho me elevado em Vossa consciência. Manifestai-Vos
e declarai-Vos.”
Tome uma atitude auditiva. Você pode ter que se preparar por
uma semana, um mês ou um ano, antes que realmente entenda
onde você pode estabelecer-se em uma atmosfera de receptividade
e esperar até que essa magnífica libertação venha de dentro de você.
Se você buscá-la e desejá-la, pode possuí-la. Você tem o reino com
pleto de Deus em sua posse, mas, por causa de séculos de huma
nidade, perdeu a habilidade de comunicar-se com ele. Se você de
seja muito o reino de Deus, aprenderá a sentar-se duas ou três
vezes por dia, lembrar-se você mesmo de toda a verdade que puder
a respeito de Deus, do reino divino, do universo divino e da criação
de Deus e então descansar.
Agora, Pai, fale. Eu estou ouvindo a Sua voz. Sou receptivo
à Sua presença. Tenho somente um desejo — não é daqui de fora.
Não estou interessado em conseguir emprego, posição, riqueza, fa
ma, fortuna ou felicidade — nem mesmo paz, nem mesmo segu
rança. Tenho somente um único desejo na vida: conhecê-Lo. Esse
é meu único desejo. Entrego este mundo inteiro a você, Pai. De
volverei a você todos e todas as coisas que estão nele. Apenas
deixe-me tê-Lo. Já não peço graças para mim mesmo ou qualquer
pessoa. Apenas deixe-me conhecê-Lo.
79
O homem, uma vez que adquira consciência de seu ser ver
dadeiro, não é um recebedor ou comprador. Nas aparências, ele é
um doador, ainda que não o seja verdadeiramente. Ele é como a
vidraça através da qual o sol brilha. Ele é apenas um instrumento,
um meio, porque nunca dá alguma coisa de si próprio. Ele não tem
nada mais a dar do que eu que tenho estas palavras de verdade a
oferecer. Elas não são minhas, mas estão somente vindo através
de mim. Se eu tentasse armazená-las, eu as esquecería. Assim, a
melhor coisa que tenho a fazer é deixá-las fluir enquanto estão fluin
do, perdê-las e deixá-las ir. Eis a verdade de tudo na vida. É a
verdade da cooperação, da benevolência, da participação, quer se
trate de dinheiro ou idéias. Em qualquer plano da vida, o homem
espiritual nunca está buscando.
No momento em que houver em sua mente um pensamento de
obter ou receber, mesmo de Deus, você está de volta, mais uma
vez, ao estado de mortalidade. Apenas quando você estiver com
preendendo o “eu tenho”, e deixando-o perder-se é que você esta
rá em estado de consciência. Você está mergulhado no estado de
consciência espiritual enquanto estiver consciente de que o bem
está fluindo através de você para o mundo. No momento em que
o pensamento de obter ou receber entra, mesmo sendo digno ou
merecedor, então você se afasta da luz espiritual.
3. Jó 23:14.
80
minho que deve ser o seu maná para o dia. Falando sobre Deus,
lendo sobre Deus ou indo a aulas para aprender a respeito de Deus
não será a sua salvação. Mas a prática desses atos o conduzirá à
salvação, se você for constante. Sua salvação só virá quando você
conceber e reconhecer o Espírito de Deus em sua experiência, quan
do tiver uma experiência divina real.
Você pode ter muitas curas. Você pode testemunhar muitas
coisas através da provisão e felicidade, que vêm até você pela cons
ciência iluminada de um médium ou mestre, mas isso não serve
para harmonia permanente. Isso não ocorre até que você habite
na Palavra da verdade e deixe que essa Palavra habite em você,
até que a experiência de Deus se tome sua.
Quando você escutar a “voz mansa e delicada” em seu ser
interior, um dia desses ainda vai ouvi-la dizer: “Tu és meu filho;
tu és meu filho querido; tu és o Cristo de Deus; eu estou muito
agradecido a ti.” Mas é a “boca do Senhor” que dirá isso a você,
não um médium, um mestre, um diploma ou um título. Será a
“boca do Senhor” que proferirá essas palavras em sua consciência
e, então, você saberá que o Espírito do Senhor Deus está junto de
você. “E chamar-lhe-ão: Povo santo, remidos do Senhor; e tu
serás chamada a Procurada, a cidade não desamparada.” 4
Pois é assim que o chamarão naquele momento em que você
conceber o Espírito do Senhor Deus junto de você. É por isso que
eu digo que você não deveria perder o seu tempo realizando tra
balho mental ou gastar todo o seu tempo em leituras. Dê tempo
de sobra à contemplação e meditação. Contemple e medite sobre
Deus e todas as coisas de Deus, até que o verdadeiro Espírito do
próprio Deus proclame Sua presença dentro de sua consciência.
4. Isaías 62:12.
81
pode sentar-se em silêncio e escutar até que o Espírito de Deus
esteja junto de você e saiba que Ele existe. Você O sente, você
tem a resposta dentro de si mesmo.
Cada vez mais tenho salientado o fato de que não há verdade
que você conheça com a mente que seja realmente verdade. Não há
verdade que você declare ou leia num livro que seja realmente
verdade. Essas são apenas afirmações ou pensamentos sobre a Ver
dade: palavras, não o Verbo. Não há nada exterior que possa ser
denominado Verdade.
Talvez seja este o ponto mais importante em toda a prática da
cura: não tenha muita fé no que você ouve ou no que lê. Tenha
fé verdadeira e confiança em sua capacidade de sentar-se calma
mente e escutar. Faça silêncio. Não exige pensamentos nem palavras
o ato de induzir o Espírito de Deus a apossar-se de você. Exige
tranquilidade, quietude e confiança. Sente-se na quietude e deixe
“a minha paz” 5 chegar até você. É uma paz além de todo conheci
mento, uma paz que ninguém sabe descrever e que ninguém pode
lhe oferecer. Essa paz é de Deus. E mesmo que ela possa parecer
vir até você através de alguma pessoa, ela vem de Deus.
Seu relacionamento com Deus é unidade, filiação divina. É o
seu relacionamento, a despeito de algo ou alguém mais no mundo.
Você pode sempre realizar essa unidade ao retirar-se para um lugar
calmo em sua casa, uma biblioteca pública ou uma igreja onde não
esteja se realizando qualquer cerimônia religiosa — qualquer lugar
em que possa estar em silêncio, quieto e em paz — e ser envolvido
por uma atmosfera divina. Em qualquer lugar em que se encontre,
nesse estado de quietude, a graça de Deus é acessível a você por
causa de sua filiação divina, por causa de sua identidade com o Pai
e não porque você a mereça como ser humano. Não há seres hu
manos no mundo que possam sempre ser bons o bastante para
merecer a graça de Deus.
Mesmo mergulhado nos pecados mais profundos, a graça de
Deus pode vir para você. Com essa graça, os pecados desaparecerão,
as enfermidades se afastarão — nem sempre instantaneamente, por
que às vezes a evidência exterior da graça de Deus vem vagarosa
mente. Portanto, eu o estimulo a ser paciente consigo mesmo e,
desse modo, aprender a ser paciente com os outros que se encon
tram em variadas formas de doença, pecado, necessidade ou limi
5. João 14:27.
82
tação. Nunca seja impaciente com o seu desenvolvimento ou com
o dos outros.
A graça de Deus vem vagarosamente para a maior parte de
nós, não por causa de Deus, mas por causa da densidade de nossa
condição humana. Se todos os nossos pecados não desaparecem
em um segundo, nós não julgamos, criticamos ou condenamos. Se
nossas vidas exteriores não atestam imediatamente a plenitude de
sua mensagem, não pensamos que haja algo errado com a mensa
gem. Cada um de nós, neste trabalho, está tentando viver de acordo
com o seu mais elevado estado de consciência de Cristo já demons
trado, e o fato de que nós estamos prosseguindo neste trabalho
mostra a nossa luta para alcançar até os mais elevados reinos da
consciência espiritual, as visões mais profundas do Cristo. Assim,
seja muito gentil e generoso em sua opinião a respeito do grau de
compreensão que você e outros já alcançaram.
O Espírito do Senhor
83
cia do Espírito do Senhor dentro de você, alcançando o coração,
a alma, a consciência e o corpo daqueles para quem você escreve.
Esse Espírito em você é uma expansão da consciência espiritual
que circunda o globo terrestre.
6. Hebreus 4:12.
84
numa atitude de segurança. Então, nós nos reclinamos e dizemos:
“Pai, é a sua vez”, e permanecemos em paz, quietos, até que alguma
coisa venha. A palavra de Deus pode vir como uma afirmação ou
apenas como um sentimento de libertação. Se a cura não aparece,
pode ser preciso realizar este processo duas ou duzentas vezes. É
claro que isso não depende de palavras, não importa quão verda
deiras e autorizadas possam ser. É uma confiança completa na
Palavra.
As afirmações são levadas para a meditação contemplativa,
ponderadas, refletidas, de modo que seu significado interior se revele.
Quando você recebe seu significado interior, está sendo espiritual
mente alimentado. A meditação não é um ritual, dividido e árido.
Umas vezes, pode ser completada quase num piscar de olhos e,
outras vezes, pode ser necessário permanecer sentado a noite inteira
ou continuar com as meditações periódicas durante muitas semanas.
A cura não vem até que você tenha sido removido da crença de que
o problema tem poder. Chegar àquele estado de consciência, que
é a liberdade, pode levar muitas meditações. Afirmações da verdade
não trazem liberdade. A liberdade é um estado de consciência inte
rior e traz a libertação a você ou a alguém voltado para você.
O objetivo de nosso trabalho é a revelação da consciência
mística até o ponto em que possamos aprender espiritualmente a
verdade sobre nós mesmos e em relação uns com os outros. Isso
ocorre somente quando o Espírito do Senhor Deus está conosco e
“a boca do Senhor” nos dá nosso novo nome, que é Filho, Filho da
Honradez, o Cristo. É da boca do Senhor que nós recebemos o novo
nome de Cristo, Amado, o amado de Israel, Meu filho. Isso nós
ouvimos na quietude e no silêncio e é o Espírito do Senhor Deus
que desce sobre nós.
85
III
7
Conceitos ou Verdade?
87
Também ocorre o mesmo com tudo que você vê, ouve, toca,
saboreia ou cheira: você realmente nunca sabe o que é. Um diaman
te pode ser bonito e de muito valor. Qualquer beleza e valor, que
houver, estão no diamante, não em sua opinião sobre ele. Você
pode pensar que, no entanto, seja uma imitação, mas o que você
pensa não altera o valor do diamante. Você não mudou seu valor
nem sua qualidade. Você pode pensar que é perfeito e ele pode
ser imperfeito. Você pode pensar que é imperfeito quando ele é
perfeito. Mas, ele é o que é e o valor está nele, não em seu conceito
sobre ele. Lá fora pode fazer sol ou chuva. Tudo o que você pensa
sobre o sol ou a chuva não surte efeito sobre nenhum deles.
A utilização dessa verdade para a obra da cura é importante.
Você não sabe o que uma enfermidade ou um pecado são. Você
apenas faz um conceito deles e não há poder verdadeiro nesse con
ceito. Além disso, você não conhece a pessoa que está se dirigindo
a você para ajudá-lo. Você apenas tem uma concepção dela. Não
há poder real em seu conceito; o poder está dentro de você mesmo
e é o poder de Deus, porque não há outro.
Recorde a afirmação do Mestre para Pilatos: “Nenhum poder
terias contra mim, se de cima te não fosse dado.” 1 Agora, vamos
encarar os fatos. Pilatos era o governador, dotado de autoridade
total conferida pelo César. Ele era tanto o juiz como os jurados.
Isso era a aparência. Assim, o Mestre negou que Pilatos tivesse
qualquer poder, exceto o que veio do Pai. Isso é exatamente o que
eu‘estou dizendo aqui. O homem não tem poder para ser justo ou
injusto, bom ou mau, pecador ou puro, doente ou são, porque todo
poder está em Deus e se exterioriza, a partir de dentro do Pai.
No momento em que você começa a perceber esse fato, começa
a retirar poder dos conceitos de formas, pessoas e condições. Você
faz isso conscientemente. Não há poder fora de você que possa
substituí-lo. É você, você mesmo, que deve aprender a olhar para
uma pessoa como o Mestre olhou para Pilatos e reconheceu: “Oh,
não, vejo agora que o que eu estou vendo como você é um con
ceito, uma imagem, um efeito, mas o poder está em Deus, que o
criou. Mesmo seus pensamentos não têm poder. Deus que elabora
seus pensamentos, é que tem poder. Você não tem poder. Todo
poder está em Deus.”
1. João 19:11.
88
p-
Você aprende a fazer o mesmo com a enfermidade, com o
pecado ou com a necessidade. Você não fecha apenas seus olhos e
diz: “Não existe tal coisa” ou “Não há realidade nela.” Isso é fazer
como o avestruz que enterra sua cabeça na areia. Ignorando um
fato, você não pode mudar a si mesmo ou uma coisa. Você tem
que estar disposto para olhar de frente qualquer tipo de erro —
qualquer forma, não importa sua aparência horrorosa e torpe.
Olhe bem para ela com a convicção: “Você não tem poder. O
poder está em Deus que o governa, que o move, que é sua mente,
sua Alma, seu Espírito, que lhe deu a vida, que lhe deu a alma.”
Desse modo, você depara com uma situação e pergunta: “De onde
você veio? Você é um efeito; você não é uma causa. Alguma coisa
o gerou. Quem quer que o tenha gerado é o poder. E o que poderia
ter gerado você, se Deus fez tudo que foi feito e nada foi feito,
exceto o que Deus fez?”
Só Deus é Poder
89
mundo estranho: tememos uma picada de cobra, mas o médico
toma a substância considerada venenosa, injeta-a em uma pessoa e
ajuda ou cura certas doenças físicas.
Tudo é uma questão de conceito. O que você vê, saboreia,
toca, ouve e cheira não é criação de Deus, é um conceito sobre a
criação de Deus. Não há poder nele, exceto o poder que a crença
lhe confere. Na realidade, não há poder em nada sobre que você
possa pensar, ver, ouvir, saborear, tocar ou cheirar. Todo poder
está em Deus. À medida que você persiste nisso, como uma ativi
dade da consciência todos os dias, torna-se um assunto de convicção.
Julgamento Correto
2. Mateus 19:17.
90
ou mau. Direi que você deve ser espiritual, porque Deus criou tudo
que existe e Deus é Espírito.” Este último ponto é muito importante,
porque a cura do Caminho Infinito é praticada nessa base.
É possível alguém ser aprovado em um exame médico para
efeito de seguro e morrer do coração na semana seguinte. O médico
tinha julgado pelas aparências. De acordo com todos os testes,
houve funcionamento normal e nenhum dos instrumentos detectou
qualquer problema. Os médicos dizem para muitas pessoas que elas
vão morrer logo, apesar disso, elas continuam vivas e o médico
já está morto. Um diagnóstico do médico pode dizer que uma pes
soa tem apenas mais uma semana ou um mês de vida, mas o médico
não sabe o que se passa na consciência do paciente que está fun
cionando para derrotar o seu diagnóstico. Há forças em ação sobre as
quais os médicos nada sabem a respeito. Há forças em ação que eu e
você nada ou muito pouco sabemos a respeito. Assim, é inútil julgar
pelas aparências.
Uma pessoa pode estar morrendo de determinada doença hoje
e ter uma vida inteira pela frente amanhã. Não se trata da conclusão
a que eu e você chegamos, quando só julgamos pelas aparências.
Se quisermos julgar com justiça, eis a verdade: Deus é a vida e a
vida é eterna. Eis a verdade. Mas se hoje eu fosse dizer a você que
está bem ou mal de saúde, que tem integridade ou não, eu estaria
julgando pelas aparências. Eu não conheço a realidade sobre você;
conheço apenas a aparência que você está apresentando.
Recusando o julgamento, nem condenando nem julgando-o,
percebo que nada conheço sobre você, exceto que você é Deus
que aparece como um ser individual. Eu não sei se você é bom
ou mau, se está doente ou com saúde, mas que você é Deus apa
recendo, e nisso insisto. Tudo que Deus é, você é. Tudo que Deus
possui, você possui. Deus constitui seu ser. Eu não posso ver isso
com meus olhos. Com meus olhos, posso apenas julgar pelas apa
rências. Eu podia até julgar que idade você tem e há quantos anos
você deixou de caminhar sobre a terra, mas eu podia fazer isso
apenas com meu julgamento humano. Depois você podería voltar e
zombar de mim.
Não é possível fazer um julgamento correto, olhando apenas
as aparências, porque você é o que é e o que você é está mani
festo em Deus, expresso em Deus, é o ser divino, messiânico. Você
é Espírito, mas eu não sei o que o Espírito é, de modo que não
91
estou empenhado em qualquer julgamento. Eu estou apenas decla
rando o que é.
Eu não sei o que o Espírito é; assim, ainda não tenho opinião
do que você é. Você também não sabe o que o Espírito é. Você
não sabe o que a Alma é; não sabe o que a Consciência é. Assim,
na hora em que eu digo: “Você é Alma”, estou dizendo que você
é o que é e eu não sei o que é, mesmo que a aparência expresse
que você é bom ou mau, que está doente ou são, que é alto ou
baixo. Eu só sei que você é Alma, Espírito e Vida. Isso não é
condenar, criticar, julgar, elogiar ou adular. É apenas estabelecer
a verdade. No momento em que qualifico isso e digo que você é
bom, mau, rico, pobre, saudável, doente, jovem ou velho, estou no
reino do julgamento, dos conceitos e das aparências e assim não
farei progressos.
Não tente compreender o que Deus é com a mente, porque
não há maneira de se fazer isso. Uma vez que você chegar àquele
lugar silencioso, no centro de seu ser, Deus se revelará; mas você
nunca poderá transformá-Lo em palavras, mesmo depois de O re
ceber. Assim, é inútil tentar pensar n’Ele com a mente. Não
tente pensar no que o homem é, porque você também nunca con
seguirá imaginá-lo. O homem é o filho de Deus e você não sabe
o que o filho de Deus é. O homem em sua verdadeira identidade
é o Cristo e você não sabe o que o Cristo é, porque a filiação espi
ritual do homem nunca se revela para a identidade do homem.
92
ou não estaria em dificuldades. Ao aparecer como homem, Deus
não está em dificuldades, não está morrendo, não é pobre nem
está em um campo de batalha. Você é esse homem espiritual só
quando tiver deixado de pensar em termos de bem e de mal. Ou
seja, quando você for o próprio Deus em expressão. Quando não
estiver rotulando ninguém e nenhuma condição como o bem e o
mal, você é o filho de Deus e tem domínio sobre todas as coisas.
Tudo é conceito. Tudo que existe sobre a terra é um conceito.
Porque você realmente é Deus que aparece como ser individual, não
tenho nenhum controle sobre você. Se eu estiver acolhendo um
conceito humano sobre você, como sendo jovem ou velho, rico ou
pobre, doente ou saudável, posso dominar esse conceito de você e,
no momento em que eu tiver alcançado o controle do meu conceito
sobre você, eu o observo como você é e fico satisfeito com essa
semelhança. Você não mudou porque era o filho de Deus o tempo
todo. Tudo o que mudou foi meu conceito sobre você e é isso o
que constitui a cura.
Espiritualmente, nenhuma pessoa tem domínio sobre qualquer
outra. Deus nunca deu a uma pessoa poder sobre outra, mesmo
para o bem. Fazer um julgamento justo dá a você domínio sobre
seus conceitos. O julgamento justo é a compreensão de que Deus
é a realidade do ser individual. Sabendo disso, você não se tornou
um indivíduo. Você mudou seu conceito do indivíduo; você se abs
teve de julgamento. Agora você sabe quem é o indivíduo: Cristo,
o filho de Deus. Isso é ter domínio sobre seu conceito.
O conceito de doença é que mesmo os males insignificantes
podem se tornar sérios ou fatais. O conceito de vírus é que eles
são os portadores de infecção ou contágio. Agora exercite seu do
mínio e diga: “Espere um momento! Vamos olhar para todos estes
pequenos companheiros. Quem os criou? Se vocês, de qualquer
modo, foram criados, Deus os criou. Se vocês têm, de qualquer
modo, uma vida, é a vida de Deus. Se vocês, de qualquer modo,
têm qualquer forma de inteligência, é a inteligência de Deus. Vocês
não têm poder, vocês são um efeito, vocês são um conceito. Eu
não vou julgar pelas aparências. Eu vou fazer o julgamento justo.
E o que é o julgamento justo? Todo poder está em Deus.”
Você não fez nada para o vírus. Você exercitou seu controle
sobre o conceito de vírus. Esse vírus prossegue alegremente, mas não
causa dano a ninguém. Todos aqueles que fizeram o trabalho de cura
testemunharam a eliminação de infecções e de doenças contagiosas.
93
Alguns ajudaram mesmo a deter o surto de infecção e contágio du
rante as epidemias e provaram que a idéia de infecção ou contágio
é apenas um conceito.
3. João 7:24.
94
existe do ponto de vista do efeito. Tudo mais é Deus, que é invisível.
Qualquer coisa visível — se você puder vê-la, prová-la, ouvi-la, tocá-
la ou cheirá-la — existe como efeito e não há poder no efeito. Todo
poder está na Causa. Não odeie o efeito, não o tema e não o ame
sem razão. Se ele for alguma coisa em seu nível de bondade, deleite-
se com ele. Não o ame, mas lembre-se que a parte que você está des
frutando é de Deus.
Nunca se alegre demais com a cura física ou com o indício do
suprimento. Alegre-se com a percepção do Espírito que Se manifesta
como cura ou suprimento. Conserve sua alegria em Deus e não no
efeito. Do contrário, você será como o milionário excêntrico, que
possuía três milhões de dólares e ainda tinha medo de gastar quinze
centavos no almoço. É isso o que ocorre quando depositamos poder
no efeito. A vida está em Deus; o amor está em Deus; a satisfação
está em Deus; a paz está em Deus; a felicidade está em Deus; o
suprimento está em Deus. É somente quando saímos e tentamos des
cobrir estas coisas nas pessoas, nos dólares ou nas mansões, que elas
perdem seu verdadeiro caminho.
95
pertando do sonho de que pode haver qualquer separação. Se você
está sonhando que está se afogando no oceano, o ato de despertar
não desvia a água de você e não o resgata do oceano. Revela-lhe que
você está na cama. Assim, este trabalho nunca o tira do pecado,
nunca o livra da doença ou da necessidade. Ele o desperta e depois
você olha em redor e compreende que está nos céus. Você esteve lá
o tempo todo, sonhando que estava no inferno.
Quanto mais você estiver vendo uma pessoa ou uma .condição,
como tendo poder, e estiver julgando o bem e o mal, mais mergulhado
estará no sonho. No momento em que puder afastar seu julgamento
e perceber: “você não é bom nem mau; você não está morto nem
vivo; você não é rico nem pobre: você é Espírito”, você estará des
pertando, saindo do sonho, para a consciência mística da identidade.
Quando essa compreensão chega, o sonho já não mais existe. Isso é
algo que deve ser feito individualmente e também coletivamente.
Esta verdade que estou lhe fornecendo tem sido revelada em
todos os tempos, muitas vezes e de modos diversos, e é uma verdade
que tornará os homens livres. Podemos nos libertar dos pecados, das
doenças, das guerras, das necessidades e limitações agora mesmo, se
pudermos ser moldados para aceitar esta verdade.
96
Ninguém sabe o que é o Espírito. O que quer que você pense
que sabe, não é verdade e, quanto mais cedo você começar a com
preender isso, em melhor situação estará. Você não compreende e
nunca compreenderá. É Deus que tem compreensão infinita; volte-se
para dentro de si e deixe a compreensão divina revelar-se a você.
Satisfaça-se com isso e, acima de tudo, aprenda que é simplesmente
errôneo rotular uma coisa como boa como rotulá-la como má.
97
em todo resultado. Uma coisa podemos dizer com certeza: existe. Algo
está lá.”
É exatamente isso o que eu faço com o trabalho de cura. Você
se apresenta e apresenta sua condição a mim e, francamente, eu
nada sei sobre você ou sobre ela. Tenho certeza de que sei menos
sobre anatomia do que quase todos no mundo e certamente sei menos
a respeito de todas aquelas coisas que compõem o que o mundo cha
ma seus males. Mas você se apresenta para mim com seu problema
e me volto para dentro de mim e tudo o que sei é que EXISTE.
“Alguma coisa está aqui. Agora, Pai, Você a define.”
Geralmente ocorre um estado de consciência, que é como se se
dissesse: “ ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo’ 4
Não cuide mal dele.” No momento em que tiver a convicção inte
rior de que você é o filho de Deus, que não há nada presente aqui
senão a presença de Deus, e que não há poder aqui senão o poder
de Deus, a cura se realizará.
A cura espiritual consiste em ser capaz de encarar o mundo sem
uma opinião do bem ou do mal, retraindo-se para dentro de nós
mesmos e indagando: “Pai, o que é isso?” Então, o Pai pode fazer
lembrá-lo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”
Ou o Pai dirá: “Esta é a presença de Deus”; “este é o poder de
Deus”; ou “isto não é nada separado e afastado de Deus”. Nem
sempre vem em palavras assim, mas vem na- convicção ou percepção
da onipresença de Deus e só Deus.
Você encontra as pessoas de quem gosta. Não há troca de pa
lavras; você não diz: “eu gosto de você” ou “você gosta de mim”.
Você apenas tem consciência da reciprocidade. Raramente alguém
exprime tais pensamentos, mas há reciprocidade e compreensão sem
quaisquer palavras. Assim é no estado de cura. Deus pode ocasional
mente falar com você em voz audível, mas é raro. A maior parte do
tempo, ele vem como uma convicção e você permanece na convic
ção de que tudo está bem. Isso acontece com sua capacidade de
não rotular tanto o bem quanto o mal. Você não pode fazer o julga
mento correto porque ele vem de Deus e pode vir apenas na me
dida em que você estiver ouvindo. No seu silêncio interior, você deve
estar ouvindo a Deus e escutará claramente, sentirá, compreenderá
ou ficará ciente de Deus e isso é tudo o que é necessário.
Apenas tome cuidado para não prejulgar alguma coisa como mal
e depois voltar-se para Deus em busca de ajuda. Deus é onipresente;
4. Mateus 3:17.
98
assim, é inútil ir à presença d’Ele para pedir-lhe que esteja presente.
é inútil ir a Deus para pedir-lhe que seja bom para você. É inútil ir
u Deus para obter o Seu poder, porque Deus está bem aqui com
todo o seu poder. Deus está presente onde você estiver. Deus é
o onipresente poder do bem. A graça de Deus é suficiente; não é algo
que você possa obter; é algo que existe. Deus governa este universo
pela graça, não pela lei, pelo desejo ou pela vontade, mas pela graça.
A graça divina está onipresente em sua consciência.
Um princípio básico do Caminho Infinito é encontrado na pala
vra existe. Deus existe, a harmoniá existe, a vida existe, o amor, a
paz, a alegria, o poder existem. O domínio existe porque Deus existe.
Deus é infinito, onipresente, onipotente e onisciente. Não se dirija a
Deus para nada. Fique calmo e deixe Deus revelar-Se dentro de
você, porque Deus já está esperando impacientemente para revelar-
Se. É inútil buscar a Deus. Tudo que você tem a fazer é recebê-Lo.
Você não trabalha para Ele, você não O merece, você não dá o suor
de seu rosto para Ele. Deus já existe. Deus já é realização. Deus já é
perfeição. Por que você desejaria algo mais?
8
Alcançando o Domínio Pelo Eu
99
Agora suba até seus joelhos, olhe para seu corpo desde os
joelhos até as unhas dos artelhos, fazendo a mesma pergunta: “Eu
devo ser encontrado lá embaixo? Este sou eu ou isto é meu?” Suba
até a cintura. Você está lá, ou tudo isso é seu? Você não pode
movê-lo de acordo com sua vontade? A partir daí, suba até o pes
coço, mas seja um pouquinho mais completo e examine aquela área
do corpo entre o pescoço e a cintura, a parte da frente e a de trás,
o interior e o exterior. Olhe para dentro e se pergunte: “Este sou
eu? Este é o que eu vejo no espelho, mas este sou eu ou isto é
meu? Este corpo não foi dado a mim para muitos usos?”
A partir do pescoço, continue direto para cima até a ponta do
cabelo e esteja certo de olhar em torno de sua cabeça e notar seu
cérebro e suas orelhas. Olhe para baixo através de sua garganta e
veja se você pode se encontrar em qualquer lugar de seu corpo.
Olhe atrás de seus olhos, porque, às vezes, nós pensamos que esta
mos atrás deles, olhando para fora, e veja se você pode encontrar-se
lá. Finalmente, se você fizer isso sinceramente, deve concluir que
não está em lugar nenhum dentro de seu corpo.
Se, durante esse exercício, você não ficar completamente con
vencido, se não estiver completamente claro para você que não há
lugar dentro de seu corpo onde você esteja, faça isso novamente e,
se necessário, uma terceira ou quarta vez, até que você já não
precise de minhas palavras para isso, mas possa testemunhar o fato
de que você se buscou completamente e sabe que não está dentro
daquela moldura. Você não fará progresso espiritual até alcançar
essa percepção, porque até que isso fique claro para você, você
nunca saberá quem você é, o que é, onde está, por que está ou
como você age.
100
estar bem atrás de meu corpo e acima dele. Assim, eu posso des
prezar este corpo, eu, atrás e acima dele, desprezando-o. Eu, que
não estou no corpo, me localizei agora e quando olhar para este
corpo, eu me perguntarei: Como este corpo pode agir sem mim?
Como este corpo pode mover-se para frente e para trás? Como
//odem os braços se levantar e abaixar? Este corpo fará isso por si só?
Este corpo pode por si mesmo digerir ou sou eu a ação dos
órgãos da digestão, da mesma forma como eu sou a ação de minhas
mãos e pés, de meus braços e pernas? Eu sei que sou a ação de
minhas mãos e pés. Eu sei que minhas mãos não podem oferecer
ou aceitar uma dádiva. Sou eu quem aceita e sou eu quem dá, fa
zendo uso de minhas mãos como um instrumento. Meus pés podem
andar, minhas pernas ou meu corpo inteiro? Eu sei que, se eu me
levantar de minha cadeira, é porque eu, eu que sou EU, decido le
vantar-me da cadeira, e meu corpo deve obedecer. Ele não tem
escolha e não pode recusar. Quando eu estou pronto para levantar,
o corpo deve se levantar e quando eu estou pronto para andar, o
corpo deve andar, porque me foi dado o domínio sobre este corpo.
Tome diversos períodos para ajustar-se a esta atitude de se
desprezar e testemunhar o abandono de seus braços e pernas, de
suas mãos e pés, exceto quando você os dirige e os move. Se você
colocar seu corpo diante da mais farta refeição, ele não a comerá,
a menos que você decida dotar o corpo com impulsos de obter o
alimento e bebida. Lembre-se de que é você que está fazendo tudo
isso e o está fazendo para você mesmo, porque lhe foi dado por
Deus o domínio sobre sua vida e sobre seu corpo. Você pode esco
lher se semeará para a carne ou para o espírito. A escolha é sua.
A Consciência Desenvolvida
101
sofias do ou sobre as religiões do mundo. Com esta limitação, sua
mente seria um tanto limitada. Seu panorama da vida seria exces
sivamente estreito. Lembre-se de todas as coisas que você não
conhecería, tudo que você não sabería que não soube. Quanto a
você, sua pequena vizinhança seria tudo que há.
Você pode ver árvores e flores, de modo que as conhece. Mas,
porque você compreende que pelo menos reconhece árvores, relva,
flores e alimentos e que reconhece florestas, ruas e cidades, você
agora compreende que o “eu” com o qual você se identificou deve
ser um estado de consciência, pois, pelo menos, esse eu está ciente.
Ele pode não estar ciente de muita coisa, mas esse eu está ciente.
Assim, esse eu que você é realmente é um estado de consciência.
Uma palavra melhor seria consciência. Eu sou consciente, nesse
estado humano, uma partícula muito insignificante de consciência,
mas consciência apesar de tudo.
Prosseguindo com este exemplo, alguém diz a você o que quer
dizer ser capaz de ler. Desse modo, você decide aprender a ler. Você
se torna ciente de palavras como “bonito”, “magnífico”, “inspira
dor” e “grandeza”, à medida que continua aprendendo a ler. Você
lê no jornal o que está acontecendo na cidade ou no estado vizinho.
Finalmente, você aprende o que está ocorrendo no exterior. Eis a
expansão de sua consciência. Não, não é isso absolutamente. Sua
consciência é infinita; assim, mesmo neste estado de ignorância ou
inconsciência, você pode agora começar a ler e se tornar ciente
de um horizonte mais amplo.
Sua consciência é infinita e você está absorvendo cada vez mais
da grande existência, do grande universo. Algum dia esse estado de
consciência se expandirá. Assim, mesmo que você possa ver somen
te o horizonte, você saberá que o horizonte não está lá, apesar das
limitações da visão.
102
Mas você não estará crescendo. Você nunca será mais ou me
nos do que o eu que você é. Você é consciência e é infinito, mas
es á emergindo agora do estado pródigo e se tornando cada vez
mais ciente da natureza infinita de seu próprio ser e domínio, porque
esse eu que você se declara que é, é realmente consciência e a na
tureza de sua consciência é infinita. Algum dia você saberá por quê.
“Eu e o Pai somos um.” 1 Portanto, tudo que Deus é eu sou.
Tudo que o Pai tem é meu, tudo dentro da minha consciência.
Assim, dia a dia, eu estou me tornando mais ciente daquilo que já
está dentro de minha consciência e que sempre esteve lá esperando
pelo meu reconhecimento. No Monte da Transfiguração, o Mestre
mostrou a três de seus discípulos que os antigos profetas hebreus,
que haviam morrido séculos antes, ainda estavam vivos, que eles
estavam bem ali onde ele estava. A verdade é que eles estão aqui
onde nós estamos. E onde estamos? Na consciência. Onde você
está? Em minha consciência. Onde eu estou? Em sua consciência.
O único lugar em que você pode conservar a mensagem do
Caminho Infinito é na sua consciência. Esta mensagem está na sua
consciência há milhares de anos, “antes que Abraão existisse”.12 Mas
você agora está apenas se tornando ciente disso, assim como nosso
não leitor se torna ciente da leitura e, através dela, toma conheci
mento do mundo da arte, da literatura, da música, da filosofia e
da religião. Se ele não fosse consciência infinita, como poderia ter-se
tornado ciente do universo infinito e da infinidade de estrelas e
planetas? Esta consciência, a consciência que ele é, é tão infinita
que, se ele decidisse aprender todas as línguas do mundo, ele pode
ria. Se ele decidisse abraçar a todas as religiões e todas as filosofias,
ele poderia. Não há nada que ele decidisse fazer que não pudesse
realizar, porque não há limitações para a consciência que ele é, para
o EU SOU.
Agora volte para lá, seis polegadas atrás de seu corpo e seis
polegadas acima de sua cabeça e olhe para o seu corpo novamente.
Perceba que você não está neste corpo: este corpo está dentro de
sua consciência. Do mesmo modo que a Bíblia ou os livros do Ca
minho Infinito estão dentro de sua consciência, assim este corpo
também está. Com essa compreensão, tente ver o motivo pelo qual
1. João 10:30.
2. João 8:58.
103
o Mestre podia dizer ao paralítico: “Toma a tua cama”.3 Eu não
sei se ele disse “cama” ou “corpo”. Creio que seja mais provável
que ele disse “corpo”. Talvez ele dissesse: “Toma teu corpo e anda.
Você não está nesse corpo e ele não o está submetendo à servidão.
O corpo está dentro de você, mas você não conhece seu domínio”.
Com todo o seu estudo, prática e meditação, você chegaria ao
ponto de reconhecer: “Eu não estou neste corpo. Ele não tem do
mínio sobre mim. Eu tenho domínio sobre este corpo.” Não pode
haver limitação se você reconhecer que, como eu, como esta Cons
ciência Infinita, você tem domínio.
3. Mateus 9:6.
104
o eu que você é. Deixe-se ser governado por esse “EU SOU O
OUE SOU”.4
Deixe seu corpo ser governado por esse eu e pare de admitir
que você é fraco: o eu nunca é fraco. Se o corpo é, é porque você
(ícsistiu do domínio sobre ele.
“E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.” 5
Quando eu levantar o eu de mim, eu posso levantar todo órgão e
função do corpo para esse eu. A consciência tem formas e ativida
des infinitas e eu devo fazer uso consciente de algumas dessas. Por
exemplo, devo conscientemente decidir andar, correr, levantar, sen
tar, comer ou não comer. Mas há uma outra atividade da consciên
cia para a qual as funções do corpo foram dadas; assim, você não
tem que dizer a seus órgãos digestivos: “Digiram.” Você não pre
cisa dizer aos órgãos excretores: “Eliminem.” Nem precisa dizer ao
coração: “Funcione.” Tudo que você deve fazer é saber que estas ati
vidades do corpo realmente não são atividades do corpo. Elas são
atividades da consciência; portanto, deixe-as realizar seu trabalho.
Nós todos somos escravos porque permitimos que os órgãos e
as funções do corpo aceitem a crença médica de que eles podem
fazer o que querem e controlar-nos, em lugar de compreendermos
que os órgãos e as funções do corpo são realmente animados e mo
tivados pela consciência. Portanto, eu posso restituir ao eu minha
consciência individual, a atividade de meu corpo e daquelas funções
de meu corpo que não são conscientemente controladas.
Em lugar de perguntar: “Como o coração está batendo? Como
estão os órgãos digestivos funcionando? Como está funcionando o
fígado?”, eleve toda a atividade dos órgãos do corpo para a cons
ciência e restaure o domínio paTa a consciência. Então, diga: “Ago
ra, consciência, ação.” Sempre que for necessário e enquanto o
corpo não estiver respondendo completamente, repita isso. Eleve as
atividades dos órgãos para a consciência e diga: “Agora, consciên
cia, assuma.” Não demorará que você descubra que seu corpo desti
na-se a funcionar através de sua consciência. À sua consciência foi
ilado o domínio sobre estes órgão internos, funções e músculos, mas
nós deixamos de exercitar esse domínio, principalmente porque nós
pensamos que estivéssemos no corpo e que não tivéssemos domínio
sobre ele.
4. Êxodo 3:14.
5. João 12:32.
105
A Consciência
6. Isaías 2:22.
106
“Eu”, e se levante além de si mesmo. Olhe para baixo e diga:
“Mãos, vocês não podem se mover, se eu não movê-las. Pés, vocês
não podem se mover, se eu não movê-los. Dentes, vocês não podem
mastigar, se eu não mastigar”. Você tem que se tornar ciente do
eu. Levante o eu de seu próprio ser: “Eu, que eu me levante.”
Levante esse eu em você.
Levante o filho de Deus em você com a palavra eu. Levante-se
c deixe seus ombros baixarem à medida que você olhar para baixo
e compreender.
Eu e o Pai somos um e o Pai deu-me o domínio sobre
este corpo e sobre meus negócios. Eu não preciso hipnotizar nin
guém para que compre o meu produto. Eu não preciso pensar sobre
como arranjar um emprego. Eu preciso saber a verdade! Há uma
atividade de minha consciência que está indo à minha frente agora,
cuidando de meu emprego ou de alguma coisa mais que possa ser
necessário para minhas atividades.
O único meio que você tem para concordar com isso é acredi
tar que há um Princípio Infinito, divino e criativo, que é ao mesmo
tempo Inteligência infinita. Todas as coisas e todo mundo criado
por esse Princípio o foram com um propósito específico. Se você
não acredita nisso, você não pode ser ajudado. Se você acredita
nisso, você não pode ficar desempregado, porque Deus não pode
ter uma ação, idéia, pensamento ou projeção desperdiçadas.
Se houver uma idéia divina, veio de Deus e Deus cuidará para
que se realize. Portanto, você nunca deve tentar dominar ninguém.
Nunca deixe seu pensamento se estender para fora de si mesmo,
como se fosse para governar, controlar ou influenciar, ainda mais
agora que você compreende que não pode influenciar a Deus. Sua
vida é vivida dentro das fronteiras infinitas de sua própria consciên
cia e seu meio de vida é conhecer a verdade.
Quando eu me sento aqui sabendo dessa verdade — e real
mente eu não estou sentado em uma cadeira, estou de pé ali onde
cu disse para você ficar — eu não estou dizendo para meu coração,
meu fígado, meus pulmões ou para meu sangue o que fazer. Estou
sabendo a verdade de que a atividade ou o funcionamento de cada
órgão de meu corpo está na consciência, a consciência que governa
cada parte dele. Porque eu, a Consciência, sou infinito, há uma área
ou atividade de minha consciência responsável pelo sucesso de mi
nha'! «tívidades comerciais, por seus frutos espirituais, por sua recei
ta e despesa.
107
Todo você sabe as limitações e as dificuldades da vida familiar,
ainda mais quando todo mundo não está unido pelo pensamento
espiritual. Mas há uma área de sua consciência que governa sua
vida familiar. Você tem apenas que se lembrar da regra dada pelo
Mestre: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos fa
çam, fazei-lho também vós.” 7 Tudo o que você pode fazer para
realizar relacionamentos harmoniosos é amar seus amigos, seus
parentes e seus inimigos.
Há uma área da consciência, uma atividade e uma função de
sua consciência que vai à sua frente e que facilita seu relaciona
mento com a família. Há uma área, uma atividade e uma função
de sua consciência, uma Presença divina espiritual que vai à sua
frente para endireitar “o que está torcido” 8, para preparar as “mo
radas” 9 para você e para ser o cimento de seu relacionamento
humano.
Se você deve dirigir na estrada, há uma atividade de sua
consciência que vai à sua frente para manter todo mundo em sua
pista certa, para providenciar que todo mundo esteja funcionando
de acordo com a lei e mandamento divino. Você não tem que pensar
nisso. Você apenas deve saber a verdade de que o controle dos
automóveis na rodovia não está a cargo do departamento de polí
cia, que freqüentemente não está lá: está a cargo da Consciência
infinita, que você é.
Em cada aspecto de sua vida, em cada ângulo de sua experiên
cia humana, você tem um segredo e a verdadeira palavra sagrada
dentro de você: “Eu tenho alimento que o mundo não sabe. Eu
ocultei o maná”. Tudo que você faz é descansar novamente e deixar
que isso vá à sua frente. A única coisa necessária para mantê-lo
em atividade é viver uma vida de integridade.
9
O Místico e a Cura
7. Mateus 7:12.
8. Isaías 40:4.
9. João 14:2.
108
gerar uma consciência regeneradora, mas isso não ocorre necessa
riamente. Se a percepção alcançada é bastante profunda, pode ser
uma experiência mística, que significa união consciente ou recon
ciliação consciente com Deus. Mas isso, certamente, nem sempre
habilita uma pessoa a realizar o trabalho de cura.
A consciência regeneradora é a consciência que tem o discer
nimento espiritual de enxergar, através “deste mundo”, a “Meu rei
no” além. Este discernimento ou habilidade de perceber a Reali
dade não está reservado àqueles que tiveram iluminação mística. É
possível para quase todo mundo, que está desejoso de se tornar
aluno da verdade espiritual, atingir uma medida de discernimento
espiritual. Há aqueles que o alcançam em um dia. Há os que o al
cançam em poucas semanas ou alguns meses e há outros que tra
balham durante anos para alcançá-lo. Um fator decisivo na extensão
do tempo leva a desenvolver esse estado de consciência: o desejo
de realizar isso.
O discernimento espiritual não é para ser obtido nas horas
vagas. Ele exige uma devoção maior do que seria necessário ao es
forço de se aprender uma nova linguagem ou tocar um instrumento
musical. Deve haver o desejo do coração. Dado isso e a disposição
de estudar e praticar, levará apenas pouco tempo até que uma pes
soa possa alcançar alguma medida de consciência espiritual e mos
trá-la em trabalho real.
109
atribuído ao pecado, à enfermidade, à morte, à necessidade e à li
mitação. Eles crêem que a doença é permanente e real e aceitam
a premissa de que podem suplicar a Deus para afastá-la.
Se Deus pudesse afastar a doença, ninguém teria que orar para
pedir a cura. A cura não se baseia na premissa de que há uma
doença, um Deus que pode curá-la e um determinado homem ou
mulher ou mesmo grupo de homens ou mulheres que devem obter
a boa vontade divina. No reino de Deus, não há enfermidade. Deus
sustenta e conserva Seu reino intacto, harmonioso, saudável, com
pleto, perfeito, espiritual e integral.
Jesus Cristo e outros como Ele foram instrumentos de Deus
ao revelarem para o mundo que a doença, o pecado e a morte não
fazem parte do reino de Deus, não são reais e não podem perma
necer em virtude dessa compreensão. Quando você tocar nas bordas
do manto espiritual, você compreenderá que em todo o reino de
Deus não há um pecador ou uma pessoa enferma.
A cura tem a ver com seu estado individual de consciência,
um estado de consciência que apreende a idéia de Deus como Es
pírito infinito e, portanto, de um universo, incluindo o homem, in
finita e eternamente espiritual. O que aparece para este mundo co
mo pecado, doença, necessidade e limitação não compartilha da na
tureza do real e não tem lei, causa, efeito, substância ou realidade.
Então, com seus pensamentos concentrados em Deus e na Reali
dade, ouvindo e estando sempre alerta aos Impulsos divinos, que
lhe asseguram’ que Deus está no campo de luta, as curas se reali
zarão.
Houve muitos místicos na história do mundo e, ainda que al
guns deles alcançassem a percepção da verdade de que o que deno
minamos existência material, representa apenas a ilusão dos cinco
sentidos, a crença no bem e no mal foi profundamente enraizada
na maior parte deles. Quando foi revelado a Gautama, o Buda, que
“este mundo” é maya, ou ilusão, sua iluminação espiritual foi tão
grande, que ele imediatamente soube que há uma criação espiritual
divina aqui e agora, mas que o conceito universal dela é ilusório.
Com esta compreensão, ele realizou um grande trabalho de cura.
Finalmente, a revelação de Buda foi corrompida e a palavra
maya passou a significar o oposto de Deus. Seus últimos prosélitos
foram deixados mais uma vez com dois poderes: o poder da Reali
dade para vencer o poder da ilusão. Mas a ilusão não pode ser ven
cida. Quando você compreender que uma coisa é ilusão, você ter
110
mina com ela. Ela não tem mais existência. Ela tinha existência
apenas enquanto você pensava que ela existia, mas, quando você a
viu como ilusão, foi o fim dela.
Hoje o termo “espírito mortal” ou “espírito carnal” é usado
para significar a inutilidade deste mundo de aparências. Mas outra
vez veio a ser estabelecido como um poder oposto a Deus e a luta
continuou. Você não pode realizar o trabalho de cura, se você acre
ditar que há entidades com as quais Deus tem que se bater, lutar
ou dominar. Isso é estabelecido como um poder separado de Deus.
É necessário receber de volta a revelação original dos grandes mís
ticos de que há apenas um poder e que tudo englobado pelo termo
ilusão é uma inutilidade. Quando você perceber isso, você terá uma
consciência regeneradora.
A crença no bem e no mal é o que mantém a humanidade.
Contudo, na medida em que você perde sua crença no bem e no
mal, você já não é humano: você é espiritual. Isso acontece quando
você tem uma consciência saudável. Então, você não está sujeito aos
erros humanos ou às limitações da vida, como você esteve, quando
estava preocupado tanto com o bem quanto com o mal. Em certa
medida, você se tornou imune aos clamores do mundo, mas não
cem por cento. Quando você alcança esses cem por cento, você já
não pode se misturar com os outros e a vida se torna um fardo pe
sado demais para carregar. Ê então que os místicos, que alcançaram
a percepção verdadeira e completa de que não há bem nem mal,
retiram-se do mundo. Eles já não querem ser uma parte dele.
1. Isaías 2:22.
111
rosto”, ela começa a ser assimilada por uma Presença invisível. O
suprimento começa com os meios mais naturais e normais, sem arre
batar o pensamento, sem lutar, sem discutir, sem pedir.
Você pode ter uma experiência mística e pode estar muito
doente e pobre, mas se isso ocorrer é apenas porque você ainda está
aceitando a idéia de Deus como um poder sobre o mal. Ao fazer
isso, você está se mantendo no sonho. Se você se descontrair e dei
xar tudo correr, parar de pensar e apenas desfrutar dessa comunhão
interior com Deus, concordando com o fato de que não há poder
separado de Deus, você será assimilado por esse Ser interior cha
mado Cristo, o Espírito de Deus no homem, ou o Espírito Santo.
E você compreenderá o motivo pelo qual Paulo pôde dizer: “Vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim.” 23...“Posso todas as coisas
naquele que me fortalece.” 8
Ninguém jamais precisou temer prosseguir, enquanto está se
devotando a uma atividade espiritual, porque a única coisa para a
qual se pode prosseguir é glória cada vez maior. Isso que o leva
através desta sensação leva-o para o próximo plano, para o seguinte
e para todos aqueles que virão até que não haja mais renascimentos.
2. Gálatas 2:20.
3. Filipenses 4:13.
112
grande Poder, combatendo com outros poderes ou os vencendo.
Ninguém pode curar espiritualmente até que ele ou ela cheguem à
compreensão não só de que o eu é Deus, mas que, além desse eu,
não há outros poderes. Os poucos místicos que tiveram uma com
preensão total da natureza real e infinita de Deus podiam curar. Po
diam dizer a qualquer Pilatos que encontrassem: “Nenhum poder
terias contra mim, se de cima te não fosse dado”.4 A razão é que,
na consciência do místico com poderes de cura, há não só a com
preensão de que o eu é Deus, mas também que além desse eu não há
outros poderes — físico, mental, moral ou financeiro. Nenhum outro
poder pode agir nele, sobre ele ou através dele.
Isaías deve ter tido a dádiva da cura, porque ele disse: “O Es
pírito do Senhor Jeová está sobre mim; porque o Senhor me ungiu,
para pregar boas novas aos mansos: enviou-me a restaurar os con
tritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos”.5 Ele sabia
que não houve outros deuses antes de Mim. O eu de seu ser foi a
infinidade de ser e não houve outros poderes.
Um místico desse talento não dirá: “Oh, o poder de Deus age
através de mim para curá-lo” ou “Deus o curará”. Ele sabe que
Deus nunca curou ninguém ou coisa alguma. O que você pensaria
de um Deus que curasse algumas pessoas e não todas? Os pecado
res geralmente têm os melhores recordes de cura, enquanto pare
cería que Deus não curou um sem-número de homens bons e mulhe
res na terra.
É uma percepção da pessoa que a doença não é um poder
responsável pela cura. É por isso que Jesus não disse: “Deus o
curará”. Ele disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos liber
tará”.6 Ele não disse: “Deus o perdoará”. Ele disse: “Nem eu tam
bém te condeno: vai-te e não peques mais”.7
Os místicos mais modernos como Whitman e Tennyson não fo
ram doutores na cura, porque eles não tiveram a visão de Deus como
o Ünico e o Infinito. Eles consideravam Deus e o erro também,
eles levavam em conta Deus e alguma coisa, a partir da qual Deus
podia proteger ou salvar as pessoas. Eles tinham em conta Deus e
alguma coisa, da qual Deus podia curá-los, mas isso não é a per
cepção mística completa de Jesus Cristo.
4. João 19:11.
5. Isaías 61:1.
6. João 8:32.
7. João 8:11.
113
A V erdade d o E U SOU
8. João 6:35.
9. Êxodo 3:14.
10. João 10:30.
11. Salmos 23:4.
114
Se você conhecesse as palavras Eu Sou, você podería viajar para
qualquer parte do mundo e sempre viveria em paz, harmonia e
prosperidade. Mantenha o Eu Sou trancado dentro de você. Comece
sua jornada e você o alcançará, quer ela consista no trajeto de
sua casa ao escritório, dentro de cidades vizinhas ou pelo mundo
todo.
Eu sou aquele lugar onde Deus se torna manifesto como um
eu individual. Eu, o filho de Deus, estou bem aqui onde estou,
co-herdeiro de todas as riquezas celestes.
Tudo que eu tenho a fazer é manter esse estado de consciên
cia de minha verdadeira identidade e então deixar de acreditar que
ela me dá poder sobre o erro. Eis o ponto em que somos privados
da cura, acreditando que temos poder divino sobre o erro. O erro
não é um poder. Eu sou é o único poder.
Obrigado, Pai, Eu sou. Não há poder do pecado, da doença,
da carência ou da limitação. Não há leis da doença, do pecado,
da carência. Não há leis da abundância ou da limitação. Todas
essas supostas leis da necessidade e limitação são criações feitas
pelo homem.
Há graus da compreensão divina. Não há medidas de Deus. É
por isso que em nossos primeiros dias no trabalho de cura nós
podemos ser capazes de curar os males menores que vêm até nós,
mas não temos sucesso com os maiores. Nós ainda não tivemos
uma percepção bastante profunda de que esse erro não é algo a
ser combatido, vencido, levantado ou destruído. O erro é algo para
ser reconhecido como inexistência. Ele não é uma coisa nem é
uma pessoa.
115
Para curar espiritualmente, você imediatamente afasta de sua
mente a pessoa que lhe pede auxílio: seu nome, identidade e mal.
A razão é porque a pessoa não é o mal e a determinada doença
não é o mal. 6 mal é uma crença universal da individualidade à
parte de Deus, de uma atividade à parte de Deus e de uma lei
à parte de Deus. É disso que você realmente está tratando.
Quando alguém chamado Sue Jones chega e diz: “eu estou
doente”, você tem que deixar de lado Sue Jones e compreender:
“Não, essa não é uma pessoa. Esse é o espírito carnal. Mas o
espírito carnal não é espírito. Ele não tem lei que o sustente. Não
tem substância, causa e realidade”. Sem pensar na pessoa ou em
seu clamor especial, você realizou a cura, por conhecer a inexistên
cia do próprio mal. O mal é o espírito carnal, a crença em dois po
deres. Você não está tratando com “ele” ou com “ela”, nem com
um problema; você está tratando com o espírito carnal, que está
tentando convencê-lo de uma vida separada e afastada de Deus. O
Mestre disse: “Quem dentre vós me convence do pecado?” 12 Assim,
o que o convence de uma pessoa ou uma condição à parte de Deus?
Com seus olhos finitos, você pode ver o masculino e o femi
nino, o velho e o jovem. Mas, em meus anos neste trabalho,
aprendi a não olhar muito para as pessoas, mas olhar através delas.
Desse modo, com frequência, eu não estou realmente consciente de
quem está diante de mim e por quê. Isso liberta a identidade da
pessoa em meu pensamento, porque eu não estou interessado na
pessoa, no problema particular dele ou dela, a não ser quando me
apresenta uma oportunidade de revelar outra vez que Deus é a
única individualidade e que não há leis, com exceção das leis feitas
por Deus.
Enquanto eu não considerar ninguém que venha até a mim
como um doente a ser curado, um pecador a ser reformado ou
um desempregado a arrumar trabalho, estou no terreno seguro de
um verdadeiro médium espiritual. Se alguma vez eu tomar uma
pessoa em minha consciência como um doente que devia ser cura
do, como um pecador que devia ser reformado, como um pobre
que devia ter abundância ou como um desempregado que devia
estar trabalhando, eu volto ao nível do sonho mortal e já não sou
de qualquer utilidade para a pessoa e não serei de qualquer utilida
de para este mundo. Meu auxílio está apenas na proporção em que
eu possa impersonalizar a situação inteira.
116
Há pedidos que têm a ver com pessoas de oitenta ou noventa
anos de idade. Alguns de vocês estão próximos demais disso para
acreditar que tais números significam idade avançada. Não deixe
ninguém convencê-lo disso também. Essa sugestão é adequada da
mesma forma que a saúde, a força do corpo e da mente são pre
servadas: não aceitando ninguém que necessite de cura, reforma ou
suprimento. Você deve reconhecer que a única identidade é o Eu.
“A minha glória a outrem não darei”.13 Se você disser que
Deus não concede Sua glória à doença, à idade, ao pecado ou à
carência, onde então o pecado e a carência conseguem qualquer gló
ria ou poder se Deus é infinito? Eles não têm nada. Não têm glória,
lei, beleza. Eles não têm continuidade porque, se não receberem
essas coisas de Deus, não as recebem.
117
dormindo ou em férias. Eu sentiría muita pena de Deus, se Ele
dependesse de nós para auxiliá-Lo. Apenas alguns poderíam viver
de acordo com isso. Mas Deus não depende de mim ou de você.
Ele não precisa de nosso auxílio, nem mesmo de um para o outro.
Tudo o que precisamos é da mesma garantia que Davi teve no
vigésimo terceiro Salmo: “O Senhor é o meu pastor: nada me fal
tará”.14 Ele não pediu qualquer poder divino. Ele simplesmente re
conheceu: “Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a
águas tranquilas”.15 Não diz uma palavra sobre minha parte ou
a parte de meu médium. Apenas diz: “Deitar-me faz em verdes
pastos”. O que o Salmista estava fazendo era contemplar a bondade
de Deus dentro de si mesmo. Isso é o que você está fazendo à
medida que vai lendo este livro. Você está contemplando Deus en
quanto Ele está agindo no universo.
Você não pediu qualquer ajuda a Deus e certamente não aceita
qualquer crença de que Ele precisa de sua ajuda. Você acabou de
sentar-se aqui, contemplando a existência de Deus e a Sua criação.
Você não faz afirmações para tornar verdadeira a existência de
Deus. Uma afirmação é uma declaração do que existe, mas em
qualquer oportunidade que você usar uma afirmação na esperança
de. fazê-la realizar-se, você não conseguirá chegar espiritualmente a
parte alguma. Você pode realizar alguma coisa mentalmente, mas
isso é diferente da cura espiritual.
Na cura espiritual, você não se dirige à consciência de um
paciente. Você não formula uma declaração da verdade para fazê-la
realizar-se. Se o fizer, você se impede de fazer o trabalho de cura.
Você devia apenas fazer declarações da verdade daquilo que você
já sabe que é verdade e então permanecer naquela verdade. Muitas
pessoas estão tentando fazer isso com o poder da mente, assim e
então chamando-o de cura divina, cura espiritual ou cura de Cristo.
Não é nada disso absolutamente. A cura espiritual é a compreensão
do que existe. Pela visão de seu olho e pela audição de seu ouvido,
nada disto jamais pode ser verdadeiro, porque com seus olhos e
com seus ouvidos você verá e ouvirá muitas dificuldades no mundo.
Só pelo discernimento espiritual você verá o governo de Deus,
aquilo que o Mestre chamou de ver e ouvir.
118
Para realizar uma cura espiritual, você precisa ter o discerni
mento interior que vê eu como a vida do ser individual e então
sabe que eu não tem idade. Este eu era o mesmo quando eu nasci
e será o mesmo quando eu morrer. Juventude ou velhice, o eu é
sempre o mesmo. Você tem que observar esse eu como ser indivi
dual: eu sou você, você é eu. Nós somos um só em Jesus Cristo,
o que quer dizer que somos únicos na filiação espiritual. Há apenas
um só de nós e eu sou esse um só. “Antes que Abraão existisse
eu sou”.16 Você não pode descobrir isso com sua visão física ou com
sua audição física. Isso é uma questão de discernimento interior e
a consciência da cura mística.
10
O Domínio Através da Compreensão Diária
As limitações de nossa sensação são impostas a nós não por
algo que fazemos ou deixamos de fazer, ou por alguma coisa que
pensamos ou deixamos de pensar, mas pela crença universal. Cren
ças materiais têm baixado até nós, não porque conscientemente as
aceitamos, não porque conscientemente decidimos que seríamos
como somos, mas porque subliminarmente estas coisas foram intro
duzidas em nossa consciência. Em outras palavras, ocorreram coi
sas em nossa casa, das quais como crianças não tivemos conheci
mento de ver ou de ouvir, e que ficaram registradas em nossa
consciência. Na escola, coisas que não tínhamos consciência de
estarem circulando à nossa volta, contribuíram para criar padrões
dentro de nós. Influência pré-natal, ambiente, sensações são as for
ças que limitam nossa experiência de vida. E todas elas estão enrai
zadas na crença universal dos tempos. Tudo isso junto nos faz o
ser humano que somos. Temos o mundo que temos, por causa dessas
crenças universais, que criaram um estado materialista da consci
ência.
Nós não escolhemos ser materialistas. Pelo fato de termos
nascido numa era materialista, assumimos o caráter de consciência
material. Toda doença, pecado, temor e a própria morte são im
postos a nós. Todo erro tem sua base na crença universal que
surge da aceitação de dois poderes. No nível material da existência,
há dois poderes e um é usado para dominar o outro. No nível
mental, o poder do pensamento ou o poder do raciocínio correto
é usado para vencer o erro. Mas isso não é verdade no nível espi
ritual. Nele, há apenas um poder. Portanto, você deve reconhecer
16. João 8:58.
119
que o que se está apresentando a você não é nem presença nem po
der: não tem lei, nem substância, nem atividade, nem realidade.
Portanto, é necessário não resistir a ele. “Estai quietos e vede o
livramento do Senhor, que hoje vos fará”.1 Não há batalhas no
nível espiritual, porque a visão espiritual reconhece que, o que quer
que o poder possa parecer ser, é apenas poder temporal. Qualquer
que seja o problema, não importa o seu tamanho, não tem poder.
Não obstante sua importância, profundidade ou amplitude, ele não
é nada. Permaneça quieto na percepção disso, porque Deus é in
finito, o que está aparecendo não é nada. É sem lei, substância
ou causa. Não haveria erros de qualquer natureza na terra, se não
houvesse a crença universal em dois poderes, que age hipnotica-
mente em sua consciência.
Como um ser humano, você nasceu com a experiência da acei
tação inconsciente do bem e do mal. Assim, torna-se necessário,
se você deve aparecer e ficar separado, aceitar conscientemente e
demonstrar seu bem. Você não pode esperar que Deus faça algo,
porque Deus já o está fazendo. Deus já existe.
1. Êxodo 14:13.
2. Salmo 91:1.
120
Milagres ocorrem quando você já não mantém as pessoas em
servidão a qualquer crença que as esteja obrigando. O ver pessoas
de mau temperamento simplesmente como vítimas da crença uni
versal tende a libertá-las, porque você não a está personalizando e
praticando o mal. Seus conceitos errôneos constituem uma forma
de malversação. Cada mentira a respeito do alheio em que você
acreditar é realmente uma forma de malversação.
Compreenda que tudo o que você ouve no rádio, vê na tele
visão ou lê nos jornais é o “braço da carne”.3 Não tem poder e
você não precisa temer o que o homem mortal pode fazer, porque
ele tem apenas poder temporal, que não é poder diante de Deus.
Você tem o Senhor Deus Onipotente, o Todo-Poderoso, o único
Poder. Portanto, não há poder em todos os rumores de infecção,
contágio, guerras e acidentes. Se você rejeita essas informações do
mal no mundo, quando alguém diz “eu estou com gripe” ou “estou
com pneumonia” ou ainda “estou com câncer”, você saberá mais
do que isso. Você responderá prontamente: “Oh, isso não tem
poder. Isso não é de Deus. Portanto, não pode durar”.
Em vez de esperar que alguém lhe conte algum erro pessoal,
você podia livrá-lo dessa experiência, gastando a primeira meia
hora da manhã na compreensão de que toda desarmonia humana
pertence à atividade do espírito carnal ou mortal, que não é um
espírito. Não tem a lei de Deus. Não tem poder, porque não é
determinado por Deus. Imediatamente, impersonalize e reduza-o a
nada.
3. II Crônicas 32:8.
121
É necessário começar todo dia com uma forma de compre
ensão espiritual que foi chamada trabalho protetor. Este trabalho
é provavelmente a parte mais importante de todo o seu trabalho no
Caminho Infinito. Se você se proteger suficientemente, terá muito
menos necessidade de ajuda espiritual para vencer algo, porque
evitará aquelas coisas que a maioria das pessoas comumente tem
que vencer. O trabalho protetor não é uma proteção de alguma
coisa ou de alguém. E trabalho protetor no sentidõ~"cTe'proteger a
gente da ação da crença universal.
Qualquer que seja o pecado, a doença, a necessidade, a limi
tação, a tempestade, a guerra, a infecção ou o contágio que possa
ocorrer durante todo este dia, é na verdade a ação da crença uni
versal, o espírito carnal, o disfarce da ilusão. Porque esta crença
universal em uma individualidade e em um poder à parte de Deus
não é ordenada por Deus, não tem ninguém em quem, sobre quem
ou através de quem operar. Não tem poder nem lei. Em verdade,
não é um “ele”. Ê uma aparência, uma ilusão. Ê simplesmente uma
crença que deriva seu poder aparente da aceitação e eu, por isso,
a rejeito.
Eu rejeito conscientemente a crença de que haja qualquer po
der, exceto o de Deus, do Espírito. Eu rejeito conscientemente a crença
de que haja uma lei material ou mental, porque Deus é Espírito e
Deus é a única lei e o único legislador. Portanto, toda lei deve ser
espiritual.
Pelo fato de que tudo que opera tem que operar como lei,
você anulou tudo, exceto a lei espiritual de Deus, a bondade, a
harmonia, a justiça, a eqüidade, a igualdade, a paz e o domínio.
Você tem que escolher, quando desperta de manhã, se você
vai se permitir servir à crença universal em dois poderes ou se vai
ser governado por Deus. Você pode ser governado por Deus apenas
por um ato de sua própria consciência porque, sem isso, você, as
sim como qualquer outro ser humano no mundo, está sujeito aos
poderes deste mundo, os assim chamados poderes do espírito carnal.
Você deve escapar ao domínio da crença universal em dois pode
res, instalar-se na graça de Deus e compreender:
Não há poderes para operar em, sobre ou através de mim ou
de qualquer outra pessoa mais, exceto o poder da graça de Deus.
O reconhecimento dessa verdade transforma o inferno em céu,
a doença em saúde, o pecado em pureza e a necessidade em
abundância.
122
Sua consciência é o templo de Deus, porque Deus habita lá.
Seu corpo é o templo de Deus, porque a sua consciência é a ver
dadeira fonte, essência e substância de seu corpo. Seu corpo não
é algo separado e afastado de sua consciência. Ela é formada como
seu corpo; portanto, seu corpo é um templo sagrado. Não deve ser
despreocupadamente discutida ou tratada. Seu corpo é a sagrada
residência de Deus, porque Deus é sua consciência. Ele habita em
você e eu sou é Seu nome.
Nada é mais importante do que a primeira meia hora de seu
dia. Nela, você estabelece o modelo do dia. Negligenciando isso,
você se torna uma parte da crença universal, permitindo qualquer
uma ou toda a infinita variedade das crenças universais tocá-lo.
Pela firme adesão à sua compreensão de um Poder, você se separa
da crença universal, coloca-se sob a orientação do Espírito e so
brevive a partir desse princípio maior da vida.
A consciência não pode ser espiritualizada a ponto de ser uma
consciência regeneradora, até que você tenha suficientemente co
nhecido e praticado o trabalho protetor, a fim de começar seu dia
na firme compreensão de um Poder infinito. Então, para o resto do
dia, apesar das aparências que o tocam, você está na posição de
rejeitá-las como não tendo poder, porque você se fixou nessa cons
ciência.
Você não tem que esperar o telefone tocar para trazer-lhe no
tícias do pecado e da doença. Você não tem que aguardar que o
rádio anuncie isso a você. Você não tem que esperar que o medo
caia sobre você, antes de começar sua meditação contemplativa.
Você pode se impedir de ser dominado por essas aparências, in
dividuais ou coletivas, se tiver se estabelecido na Presença de ma
nhã e tiver se livrado completamente da crença em dois poderes,
em duas leis.
A questão da lei é importante. Toda forma de mal vem sob
a máscara da lei. Há uma lei de economia que diz que há épocas
de explosão dos negócios e épocas de fracasso. Há leis econômicas
de abundância e de carência, boas e más estações, ascensão e queda.
Há leis atrás das tempestades, das marés e de todos esses fenôme
nos naturais. Estas pseudoleis não são leis, a não ser quando você
as aceita como lei. A única lei que pode haver é a de Deus e não
há outra, porque Deus é infinito. Leis materiais — leis da matéria,
tempo, idade, infecção, contágio, pecado e doença — agem apenas
nos níveis físico e mental da vida. Quando você alcança um nível
123
espiritual, no qual reconhece Deus como Ser infinito, você anula
a crença de que há leis da matéria ou leis da mente.
Todas as leis materiais e mentais podem ser usadas tanto para
o bem como para o mal. Portanto, não podem ser de Deus. As que
são de Deus não podem ser boas nem más. Podem ser apenas es
pirituais, eternas, infinitas e perfeitas. Não há coisas como o mal
na vida e na lei de Deus. Onde quer que você encontre os pares
de opostos, o bem e o mal, ou você está tratando com a matéria
ou com a mente. No exato momento em que você se elevar acima
delas, você encontrará um nível de consciência no qual não há bem
e mal. Há apenas ser espiritual puro, infinito, eterno, harmonioso.
Essa é a vida como havia no Jardim do Éden, antes que a crença
em dois poderes fosse aceita.
124
de você traz tudo o que você precisa em seu dia, agindo invisi
velmente, através de você, no exterior deste mundo.
O tema examinado em União Consciente com Deus é: “Minha
identidade com Deus constitui minha identidade com todo ser es
piritual e com todas as coisas.” * Quando você permanece nessa
identidade, você é uno com todas as pessoas do mundo que fazem
parte de sua vida. Toda pessoa que você puder abençoar ou que
puder abençoá-lo é atraída para a sua experiência. Toda circunstân
cia ou coisa fluirá para sua experiência sem você pensar nela. O
único pensamento de que você precisa é a constante lembrança de
seu relacionamento com Deus, do estabelecimento do reino de Deus
dentro de você, da verdade de que tudo que Deus é, você é e tudo
o que Ele tem é seu.
Esse é seu trabalho matutino, antes que seu dia tenha começado.
É po.r isso que você tem que acordar muito antes de sua família. Não
é necessário levantar-se da cama se for mais confortável permanecer lá,
só que você não deve dormir ou cochilar quando estiver fazendo
este exercício. Ele deve ser um conhecimento consciente da verdade.
Quando você começa seu dia livre da crença em dois poderes,
fixado na compreensão de que o poder não age sobre você, mas
flui para fora de você e que é o poder de Deus, o bem, o Espírito
e a vida, você está tão fixado na identidade, que o resto do dia,
quando aparências negativas o tocarem quer seja em sua própria
experiência ou na da família, dos amigos, pacientes ou alunos —,
você estará preparado para elas. Quando você reconhecer que são
apenas aparências sem fundamento ou ordenação, sem qualquer au
torização de Deus, sem qualquer lei divina para suportá-las ou
mantê-las, rapidamente você alcançará as profundezas da contem
plação em sua meditação para a cura. Não se trata então de longa
rotina, porque você preparou sua consciência. Você a espiritualizou,
assim, ela reconhece imediatamente uma aparência negativa como
uma inexistência, uma ilusão, poder temporal que não conta com a
lei de Deus.
A Importância do Silêncio
125
ela a ninguém. Nem mesmo se convença de falar à sua família sobre
ela. Conserve-a trancada dentro de si mesmo. É sua oração e você
quer que essa oração responda não só para si mesmo, mas também
para todos aqueles com quem você entra em contato. O que você
faz, revelando-a, é assegurar que ela não agirá. Você garante sua
própria falha falando sobre ela. Você precisa manter esses princípios
trancados dentro de si mesmo e nunca discuti-los, a não ser quando
os ensina. Se um membro da família se mostra receptivo ao traba
lho espiritual e deseja segui-lo nesse caminho, torna-se sua função
instruí-lo e trabalhar com ele até que ele se torne tão adepto dele
como você. Mas, exprimindo-o em outras oportunidades, você garan
tirá a perda dele. 1
Deus é sua verdadeira consciência e Ele conhece as intenções
e os propósitos de seu coração. Ele conhece sua natureza mais
secreta. Nunca é enganado pela falsidade, assim, toda declaração
de verdade que você faça não engana sua consciência. Sua cons
ciência conhece as profundezas e o grau de sua integridade.
Tentar mostrar quanto você sabe, dizendo isso aos outros, não
enganará sua consciência. Ela sabe que você está sendo um propa
gador. Ela sabe que você está tentando glorificar seu ego ou ten
tando dizer a verdade para alguém que não a deseja. Sua consciên
cia sabe que você não tem um propósito nobre nisso. Você pode
acreditar que está praticando o bem ou que deseja fazer o bem,
mas sua consciência sabe que não é verdade. Ela tem conhecimento
profundo de que você já sabe que ninguém deseja a verdade, exceto
aqueles que estão dispostos a trabalhar, sacrificar, doar, viver e
morrer por ela.
Trabalhe com esse princípio de trabalho protetor toda manhã
solitária de sua vida, mas mantenha-o trancado dentro de si mesmo
e anuncie pelos resultados o que está ocorrendo dentro de você.
Quando alguém disser: “Como você faz isso?” ou “O que você está
fazendo?”, não se apresse a contar a ele. Lembre-se de que você
encontrou a “pérola de grande valor”.4 Deixe aqueles que desejam
isso mostrar, pela sua sinceridade, seu estudo e sua devoção, que
eles querem isso. E então compartilhe isso. Seja tão liberal quanto
quiser ser com isso, mas primeiro esteja certo. Todos que vêm di
zendo “Cristo, Cristo” não desejam Cristo. A grande maioria da
queles que vêm não estão interessados na verdade. Eles estão in-
4. Mateus 13:46.
126
teressados apenas no que podem ganhar da verdade, ao realizar al
guma demonstração que está próxima de seu coração. Ajude-os
através de suas orações e conhecimentos secretos, mas não comece
a dividi-lo até que saiba que aquele com quem você está compar
tilhando é um devotado a ela como você, tão profundamente dese
joso da percepção divina como você, não simplesmente por de
monstração.
Deus, a Consciência divina, que é sua consciência individual,
está onde você se encontra. Porque Ele é onipotente, Ele tem todo
o poder para fazer por você. Porque Ele é amor divino, é Seu
grande prazer dar a você o reino. Você precisa apenas permane
cer na compreensão da presença de Deus, entendê-LO como aqui
e agora. Então você terá a percepção mística de que nunca pode
estar em qualquer lugar onde Deus não está.
Eu, no cerne de meu ser, é Deus. A única coisa mais próxima
de mim do que a respiração é o eu que eu sou. Esse eu, mantido
secreta e sagradamente em minha consciência, é meu alimento. Eu,
esse eu dentro de mim, tenho alimento de que o mundo não sabe.
Esse eu que eu sou, esse eu, dentro de mim, é meu suprimento de
toda a espécie: de companheiros, de lar, de saúde, de dinheiro, de
transporte. Eu, dentro de mim, é o alimento, o vinho e a água.
Eu nunca preciso olhar para o “homem cujo fôlego está no
seu nariz”,56 ou procurar o favor dos “príncipes”,6 porque o eu
dentro de mim é a encarnação de meu bem.
Tudo que Deus é, eu sou. Este exato lugar em que permaneço,
céu ou inferno, ê solo sagrado.
11
Despertando Para as Faculdades da Alma
5. Isaías 2:22.
6. Salmos 146:3.
127
ditárias. Oculto atrás deste eu pessoal, contudo, está nosso eu verda
deiro. Há um outro Ser, Algo além da pessoa física e mental. Paulo
denominou esse Algo de Cristo, que realmente quer dizer o filho
de Deus, a identidade espiritual de nosso ser, a nossa realidade.
O sentimento de separação de Deus que surgiu daquilo que é
chamado o Pecado Original do Homem resultou em nossa condição
humana limitada, em que temos apenas nossos próprios dotes ou a
falta deles para viver, nossa educação ou a falta dela, nossa expe
riência familiar ou a falta dela e um bom ambiente ou a falta dele.
Há as coisas que governam o ser humano e, no entanto, o tempo todo
está aí oculta dentro de cada pessoa essa individualidade espiritual
chamada Cristo, consciência espiritual ou consciência de Cristo.
Em algum ponto da história da humanidade, uma agitação come
çou dentro do homem e um aqui, ou outro ali, se viu desperto inte
riormente através da contemplação do milagre da vida. Ele se achou
de posse de uma outra dimensão da vida e viu algo maior do que
seus arredores, maior do que seu próprio espírito ou cérebro, maior
do que sua própria sabedoria. Assim, ele adquiriu a percepção da
verdade de que havia dentro dele uma Presença ou faculdade espi
ritual que, quando despertada, iluminava-lhe as coisas que ele não
poderia conhecer simplesmente pela educação ou através do conhe
cimento humano.
Esta faculdade espiritual é despertada pela meditação. A con
templação interior conduz a uma experiência na consciência onde
a contemplação cessa, onde já não pensamos — nem mesmo em
coisas espirituais — e o pensamento parece instalar-se em uma quie
tude, em uma atitude de atenção, em uma atitude de escuta.
O Vazio Completo
Alcançar este silêncio e estado de atenção interior não é fácil,
mas pode ser feito através do exercício de contemplação, isto é,
contemplar e meditar em alguma fase da Realidade espiritual ou em
alguma fase da verdade — por exemplo, O que é Deus? Se sou
béssemos o que Ele é, estaríamos vivendo em paz, em harmonia
e em fraternidade espiritual. Já que não sabemos, nós marcamos e
abrimos nosso caminho na vida.
Devemos nos libertar de nossas velhas convicções, crenças e
teorias sobre Deus, antes que cheguemos à percepção do que Deus
é realmente. Devemos estar completamente vazios; é por isso que
128
temos períodos de contemplação dia após dia, mês após mês, sempre
descobrindo alguma coisa que Deus não é.
Antes que cheguemos a essa compreensão, estamos quase tão
completamente vazios, que por pouco não nos convencemos de que
Deus não existe e a única razão pela qual não estamos completa
mente convencidos disso é que estamos vivos. O próprio fato de
estarmos vivos prova que há vida. E o próprio fato de que há vida
prova que deve haver um Criador ou um Princípio criativo. Com
isso, nós chegamos pela primeira vez a perceber de relance que
Deus existe.
Quando começa a manifestar-se em nós o fato de que há uma
grande Fonte original e que tudo o que é criado deve ser a mani
festação ou emanação dela, começamos a olhar ao redor, primeiro,
talvez, para a natureza: árvores, rios, oceanos ou montanhas. Nós
nos cientificamos de que o mundo da natureza é governado pela lei.
Há leis verdadeiras tais como as que fazem as marés subirem até certo
ponto e nada mais além disso; há aquelas que fazem as marés bai
xarem até certo ponto e nada mais além disso. Pela contemplação,
nos tornamos cientes de que as estrelas, o sol e a lua estão sempre
em órbita, sempre sob alguma ordem ou lei divina. À medida que
prosseguimos, compreendemos que tudo que está ocorrendo na natu
reza da criação ou desenvolvimento, governado pela lei, está-se rea
lizando sem que qualquer pessoa suplique a ela, sem que qualquer
pessoa diga a Deus o que fazer a respeito disso ou quando fazê-lo.
Uma estação se segue a outra em uma ordem regular e ninguém está
dizendo a Deus o que fazer a esse respeito.
129
ouvidos a Ele, me trancado dentro de mim mesmo e pensado que eu
podería ser um empreendedor e fazer tudo isso?
Há um Deus; há aquilo que me deu expressão e manifestação,
que foi a causa de eu ter nascido. Deus não me disse que Ele estava
comigo “antes que Abraão existisse”,1 que Ele estaria comigo até o
fim do mundo e que Ele nunca me deixaria ou abandonaria?
Gradualmente, começamos a compreender que os antigos sábios
e os profetas espirituais sabiam que essa Presença está dentro deles
e dentro de todo mundo e que nunca os abandonaria. Eles podiam
repousar n’Ela, descansar n’Ela, deixá-la assimilá-los, deixá-la guiá-
los, dirigi-los. Desse modo, através dessa contemplação, a sabedoria
está sendo revelada a nós a partir de uma Fonte dentro de nós
mesmos, que não conhecemos e.não recebemos através da educação.
Assim, somos conduzidos, através das perguntas, às respostas.
Estamos procedendo ao interrogatório, mas as respostas estão vindo
de uma Fonte interior que não é humana, de Algo maior do que nós
mesmos. Formulamos as perguntas em nossa ignorância e as res
postas se revelam a nós a partir de nosso interior. Só devemos ter
coragem; não devemos ter medo de formular perguntas, pertinentes
ou mesmo impertinentes. Não tenhamos medo de dizer: “Eu quero
saber se existe um Deus”, começar com essa premissa e depois
voltar e ver para onde ela nos conduz. Ou podemos começar com:
“Bem, eu devo aceitar que há um Deus a partir de tudo que eu vi
neste mundo. Desse modo, eu iniciarei com a suposição de que há
um Deus e que não sei o que Ele é, nem ninguém sabe algo mais a
respeito que eu”, e ver se não podemos encontrar uma solução.
Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Elias, Jesus, João, Paulo, Buda
e Lao-Tsé, todos tinham íntimo relacionamento com Deus. Nós tam
bém podemos ter. Na verdade, eles se tomaram mais importantes
para este mundo pela visão e sabedoria que nos transmitiram. Eles
são mais importantes para este mundo do que milhares de nós, mas
não são mais importantes para Deus do que qualquer um de nós.
Aos olhos de Deus, Seu filho é nossa verdadeira identidade. Nós
somos fruto de Deus. “E a ninguém na terra chameis vosso pai, por
que um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.” 21 Isso quer dizer seu
Pai é meu Pai, o Pai de Jesus, de João, de Lao-Tsé e de Buda. Há
só um Pai, uma Fonte da vida, um Fluxo de vida. Ele está Se
1. João 8:58.
2. Mateus 23:9.
130
emanando com nossa identidade individual e nunca perdemos essa
identidade individual. Tudo o que acontece é que nos tornamos mais
sábios, mais espirituais em expressão e mais significativos para o mun
do, em proporção ao nosso reconhecimento de que a Fonte do ser
está dentro de nós mesmos.
Essa contemplação, que começa como uma atividade simples
mente humana ou mental, gradualmente nos faz voltar passo a passo
a um lugar no interior de nossa própria consciência, onde a resposta
se extingue em nós, a resposta certa, a resposta que sempre esteve
disponível, se tivéssemos parado de crer cegamente no que os outros
dizem. Se devemos ter a autoridade de alguém para isso, vamos
tomar apenas a palavra daqueles que têm permanecido através dos
séculos como reconhecidas luzes espirituais. Todos eles concordam
que o reino de Deus está dentro de nós e também concordam com
o fato de que o nome de Deus é eu:
“EU SOU O QUE SO U ” 8 Eu junto a ti sou poderoso. Eu é
que estava contigo no principio. A substância da Vida — a Essência,
o Fluxo de Vida, a Fonte, o Princípio criador — é eu.
Tudo isso começa a se esclarecer em nosso interior, quando nos
interrogamos a nós mesmos, contemplando, estando dispostos a nos
desfazer das crenças preconcebidas e nos abrindo para uma sabe
doria interior, na certeza de que: “A minha graça te basta”.34 A
graça de Deus nos dará a resposta a qualquer problema, se nos lem
brarmos que a graça de Deus está dentro de nós.
Se reconhecermos que o lugar em que estamos é terreno sagrado,
então podemos nos dirigir ao Pai dentro de nós a qualquer hora do
dia ou da noite. Se não recebemos nossa resposta imediatamente,
vamos nos lembrar quantos séculos estivemos inconscientes de nossa
Fonte. Agora, nós estamos despertando essa faculdade interior, le
vando esse Pai interior para a percepção consciente, trazendo à luz
o maná que está oculto em nós.
3. Êxodo 3:14.
4. II Coríntios 12:9.
131
ção totalmente nova começa para nós. Nunca mais estaremos sozi
nhos. Nunca mais viveremos nossa própria vida baseados em nosso
poder exclusivamente. Depois que formos despertados para essa facul
dade adormecida, estaremos abertos à Presença dentro de nós. Às
vezes, estamos de fato conscientes dela como Presença; mas mesmo
quando não estamos, sabemos que ela está lá pelo modo como nossa
vida está sendo vivida, pelos frutos. É uma Presença que caminha à
nossa frente para arranjar as coisas para nós, fazer por nós e prepa
rar para nós, preparar aquelas ‘ muitas moradas”.5 Talvez alguma fase
de nossos negócios que estava bloqueada se abra, rppentinamente.
Alguma idéia escondida de nós de repente se manifesta e adquire
expressão, ou surge alguma orientação interior.
Ocorre um milagre em nossa experiência, quando começamos
a entender que Deus é o espírito do homem. Se Deus é o espírito
do homem, todos nós estamos nesse espírito único e temos esse espí
rito único. Somos um só e nossos interesses são únicos. Se Deus é
nosso espírito, tudo que é conhecido para Deus é conhecido para
cada um de nós igualmente. Porque Deus é no:so espírito, se conhe
cermos nossa própria integridade, todos os outros que sempre podem
fazer parte de nosso círculo também terão esse autoconhecimento.' é
por isso que nos disseram para ficarmos quietos. Não precisamos sair
gritando, porque tudo o que é conhecido em silêncio e segredo Deus
revela abertamente. Essa é a Graça, mas essa Graça não pode nos
tocar até que tenhamos a percepção consciente de que Deus é o
espírito de toda a humanidade.
Se alguma coisa pode representar parte importante de nossas vi
das — um livro, um ensinamento, um professor ou um talento —,
através de nosso conhecimento de que Deus é o espírito do homem,
atraímos essa coisa para nós. Pode estar no outro lado do mundo;
mas imediatamente ela começará a percorrer seu caminho em nossa
direção. Um desses dias, acordaremos e descobriremos que temos a
própria coisa que era tão necessária a nós e que humanamente não
fizemos nada a respeito dela, a não ser conhecer a verdade de Deus
como o espírito de toda a humanidade. Conhecer a verdade nos li
berta da sensação de limitação. Quando residimos na verdade de que
Deus é o espírito, a vida e o amor do homem, permitimos que o
bem e o amor cheguem a nós através de cada um e de todos.
A sabedoria espiritual age nos nossos assuntos mais mundanos,
mesmo em se tratando de investimento para compra e venda. Não
5. João 14:2.
132
porque Deus tenha qualquer conhecimento do fato de o mercado
estar em alta ou em baixa, mas porque uma faculdade interior de
discernimento, que somos capazes de utilizar em conexão com toda
e qualquer forma de atividade, é despertada em nós.
Estamos preocupados não que Deus saiba o que devemos com
prar ou vender, para quem devemos trabalhar ou que ramo de mer
cadoria devíamos representar, mas que despertemos para essa facul
dade da Alma. Ele sabe exatamente o que vamos fazer e encaminha-
nos para isso, mesmo que seja algo que ordinariamente não teria cha
mado nossa atenção. Por conseguinte, não estamos preocupados agora
com o que está aqui fora, mas com a realização dessa sensação des
pertada da faculdade de Cristo.
133
ouvido, saboreado, tocado ou cheirado. Ele remove nossa fé do
efeito.
O que quer que acreditemos, pode, em muitos casos, sucumbir.
Ele nos deixa sem esperanças, sem confiança ou substância em nossa
experiência. Muito frequentemente, somos levados a Deus através de
tais sensações e quando somos guiados para Deus, somos realmente
guiados para a confiança naquela parte invisível de nós que é a
Alma.
Quando aprendemos a deixar de prestar atenção no reino das
coisas externas e nos voltamos para a Alma do homem em nosso
íntimo, começamos a trazer as glórias de Deus para nossa experiên
cia. Nós podemos nos retirar do mundo para o templo de nosso
ser, o que quer dizer que podemos nos retirar para dentro de nossa
Alma, que está em nosso centro.
Há apenas uma Alma e esta ê a minha e a de qualquer pessoa.
Ela está conosco individualmente e coletivamente, como uma fonte
de luz, graça e paz. A Alma é minha confiança. A Alma é meu
esconderijo e minha morada permanente. A Alma é o templo de
Deus. Ela é a fonte das chuvas. A Alma tem dentro de Si a capaci
dade de minha ressurreição, redenção e regeneração.
Esta Alma é imaterial, espiritual, infinita e, portanto, onipre
sente. Ela está bem aqui onde estamos, mas exige a tranqüilidade
do espírito para fazermos contato com Ela. É da Alma que a Voz
procede e diz: “Minha Graça é tua suficiência; Minha vida é tua
vida; Minha paz é tua paz”. É da Alma que fluem a segurança e a
proteção. A Alma é a fonte da vida eterna, harmonia da vida, alegria
da vida. Na Alma estão todas as decisões, todas as oportunidades de
trabalho e os frutos de todos os tipos.
Nenhum dos horrores durante a noite ou durante o dia, nenhu
ma das ciladas, nenhum dos alçapões se aproxima das vivendas da
queles que moram na Alma, que vivem, movem-se, e existem em
sua Alma, cuja esperança, confiança, expectativa estão Nela, que
olham para sua Alma sempre em busca de alimento, Graça, paz,
ressurreição e regeneração.
Quando conhecemos e reconhecemos nossa Alma como a Fonte
de nossa vida, como nossa continuidade e frutos, vivemos nossa vida
exterior normal e alegremente, assistindo à sua chegada e partida sem
temor e sem esmorecimento, por causa da renovação que começa ime
diatamente a ocorrer dentro da Alma. Em nossa Alma, encontramos
nosso descanso e nosso refrigério.
134
Quando abrimos nossa consciência que pode ser preenchida com
o Espírito de Deus, mas não com razão, objetivo, propósito, essa
consciência que somente pode ser preenchida com esse Espírito, Ele
nos ordena. Alguns são mandados para curar doenças; outros são
mandados para atender de outros modos aos doentes; outros ainda
são mandados para realizar obras de arte, literatura ou música. Em
qualquer parte que o Espírito de Deus toque a consciência do indiví
duo, ele é mandado e se mostra útil em alguma atividade ou lhe é
dada alguma nova atividade.
6. João 10:30.
7. T Reis 19:12.
135
estudo e preparação espiritual de um modo tal que nunca imaginaram
que fosse possível. Se alguém se tornasse um médium ou mestre
espiritual, deixaria todas as nossas pontes sem construir e todos os
outros trabalhos necessários por fazer. Ninguém jamais deveria desejar
ser um médium ou um mestre, porque é realmente um desejo errado.
Elias e Eliseu estavam, certo dia, conversando sobre esse assun
to. Elias perguntou a Eliseu o que ele podia fazer por ele antes que
ele fosse levado embora. Disse Eliseu: “Peço-te que haja porção
dobrada de teu espírito sobre mim”.8 Quando Elias “subiu ao céu
num redemoinho”,910Eliseu tomou “a capa de Elias, que lhe caíra”,1'
porque ele tinha testemunhado a ascensão dele. Se uma pessoa tem í
percepção espiritual para testemunhar a ascensão, ela tem discerni
mento espiritual, que será seu manto ou consciência espiritual parí
levá-lo para frente.
8. II Reis 2:9.
9. II Reis 2:11.
10. II Reis 2:14.
136
Deus em nós — náo nosso propósito. Não obstante nosso propósito
possa ser bom ou nobre, se ele for nosso propósito, estamos errados.
Em vez disso, vamos nos pôr de lado e perceber claramente:
Deus me criou e me criou para Seu propósito, não para o meu.
Deus me criou para realizar Sua vontade na terra, não para eu deci
dir o que eu quero ser, o que eu quero jazer ou onde quero jazer.
Isso seria ter um espírito e uma vontade à parte de Deus. Não deixe
meu desejo ser realizado, mas “seja jeita a tua vontade, assim na
terra como no céu”.11
O reino de Deus nunca pode vir à terra para mim, enquanto eu
estiver tentando realizar minha própria vontade, meu próprio desejo,
porque estou impedindo que Deus entre na minha vida.
Permita-me conhecer a Sua vontade e eu a obedecerei. Torne
Sua vontade evidente em mim. Conduza-me para onde quer que eu
vá. Deixe-me ser na terra uma realização de Seu plano. Deixe-me
ser na terra a demonstração de Sua glória para que, onde quer que
eu jor, seja anunciada a presença de Deus. Não deixe que minha
realização pessoal chame a atenção.
Deus sente e compreende nossos motivos. Muito freqüentemên-
te, nossas palavras mentem nossos motivos ou nossos motivos men
tem nossas palavras. Estamos orando para uma coisa com os lábios
e a mente, e o coração está realmente voltado para uma outra dire
ção. Mas não estamos tapeando Deus; estamos tapeando a nós mes
mos. Tem que haver uma pureza de motivo, e parte dessa pureza está
na rendição de qualquer vontade pessoal.
Permita que Sua vontade se realize em mim. Permita-me conhe
cê-la. Inconjundivelmente, permita-me conhecer Sua vontade e eu a
seguirei. Permita-me conhecer Seu caminho, o caminho que eu se
guirei.
12
A Revelação da Consciência Como a Harmonia de Nossa
Experiência
137
por cento dos entrevistados sentiram que a unidade sob um único
Deus faria mais para assegurar a paz do que um maior arsenal de
bombas, mais armamentos ou o desarmamento. Isso indica o come
ço de uma mudança de consciência e é sobre isso que podem ser
feitas válidas profecias. Com um grupo representativo de trinta e oito
por cento da população concordando que valores espirituais farão
mais pela paz do que bombas atômicas, podemos ter certeza de que
uma mudança de consciência, que assegurará a paz definitiva, está
em evolução.
Quase toda guerra que não se originou de rivalidades comer
ciais resultou de diferenças religiosas. Entre grupos religiosos, há
aqueles que afirmam que os hebreus são o povo eleito por Deus, os
católicos têm o único Deus verdadeiro e os protestantes têm o ca
minho certo. Sempre há a crença de que há um Deus para cada
religião e que é o único e verdadeiro Deus. Mas quando trinta e
oito por cento das pessoas entrevistadas concordam que há apenas um
Deus, preconceitos, fanatismo e diferenças religiosas estão sendo
eliminados. A coisa importante é o reconhecimento do fato de que,
quer sejamos ocidentais ou orientais, brancos ou negros, judeus ou
pagãos, estamos cultuando o mesmo Deus. Então, temos universali
dade.
A compreensão de que há apenas um Deus muda a natureza do
indivíduo. Muda a natureza de nosso relacionamento com outras pes
soas, porque a maior diferença foi afastada: a crença de que há um
Deus para você e um outro Deus para mim.
No começo de cada ano, são feitos todos os tipos de profecias:
profecias sobre se os negócios irão bem ou mal, sobre as possibilida
des da paz, sobre como os dirigentes atuarão. Naturalmente, há aque
les que tentam adivinhar ou profetizar, baseados nos mapas astroló
gicos. Como uma regra, algumas dessas acontecem, talvez dez, doze
ou quinze por cento, mesmo que muito poucas dessas profecias es
tejam baseadas em alguma coisa que lhes conferiría validade.
Para que uma profecia seja de confiança, deve se basear em
uma mudança de consciência. Se não houver mudança de consciência,
não pode haver mudança nas condições interiores. Se, na entrada do
ano novo, nossa consciência é a mesma com que entramos no ano
anterior, podemos estar certos de repetir a experiência do ano ante
rior. Mas, se nossa consciência se aprofundou mais e se enriqueceu,
o novo ano ficará enriquecido.
Nada acontece senão como uma projeção da consciência. Nem
o tempo nem o espaço têm qualquer ação sobre ela. A ação é pro
138
jetada pela consciência, individual e coletivamente. Somos afetados
por nossa consciência, que nos devolve a experiência que ocorrer. Por
exemplo, o que acontece se eu aceito a revelação metafísica e mís
tica de Deus como consciência individual, constituindo Deus minha
consciência, que é equivalente à declaração do Mestre: “O reino de
Deus está entre vós” ?*. Imediatamente, eu começo a perder a fé,
a confiança ou a dependência em alguma coisa ou em alguém fora de
mim. Começo a compreender que, qualquer que seja o poder que
deve ser exercido em mim e em benefício de minha vida, deve fluir
de meu íntimo.
Meu olhar está agora afastado do mundo e centrado no reino
de Deus, o poder, o amor e a Graça dentro de mim. Ao mesmo tem
po, meu temor do mundo do exterior — micróbios, pensamento errado
e poderes externos de qualquer gênero — é reduzido. Mesmo no
meio de uma batalha, eu me sentiria seguro porque o reino de Deus,
o reino do verdadeiro poder, está dentro de mim. Ainda que mil
devessem tombar à minha esquerda e dez mil à minha direita, eu
sei que o mal não poderia se aproximar de minha vivenda, porque
tenho confiança na compreensão de Deus — Onipresença, Onipotên
cia, Onisciência — aqui onde estou. Na guerra ou na paz, doente
ou são, indiferente às circunstâncias externas, eu estaria ancorado na
presença e no poder de Deus que constitui meu verdadeiro ser.
Fixado nessa consciência, eu profetizaria que meu ano novo te-
ria menos desacordos com meus vizinhos, menos pecados ou falsos
apetites e menos enfermidades, porque nessa consciência da presença
e do poder de Deus o mal não pode agir. Portanto, meu estado de
consciência determinaria a natureza de meu ano — não cem por
cento, porque eu ainda não alcancei cem por cento da consciência
de Deus, mas até onde alcancei qualquer medida da percepção de
Deus, seria agir pela harmonia e paz em minha vida individual.
1. Lucas 17:21.
139
Eu posso profetizar o bem para mim mesmo apenas na medida
em que minha consciência estiver enriquecida e arraigada na com
preensão de Deus, onipresente, onisciente e onipotente. O que eu
distribuo voltará para mim. O pão que joguei na água retornará a
mim. Portanto, quando eu individualmente compreendo que Deus
constitui a consciência da humanidade, do amigo e inimigo, do judeu
e pagão, do branco e negro, do oriental e ocidental, até o ponto em
que eu possa ver a unidade da consciência, estou amando meu pró
ximo como a mim mesmo. Estou reconhecendo que tudo que Deus
é para mim, Deus é para meu próximo. E estou, portanto, doando
amor, verdade e boa vizinhança. Em certa medida, é isso o que vol
tará para mim.
Por causa dos anos de ignorância sobre essa verdade, é preciso
renovar dia a dia esta consciência de Deus como a natureza da vida
e do ser no gênero humano. Quando começamos a adotar isto como
nosso modo de vida, tornamo-nos uma comunidade de amigos e vi
zinhos, uma comunidade de indivíduos cônscios de Deus, amantes
de Deus. Quando um grupo representativo de trinta e oito por cento
da população concorda que há um Deus, deve ser óbvio que essa
consciência está se difundindo, ê certo profetizar que estamos che
gando mais perto de uma paz permanente na terra, porque estamos
chegando mais perto de uma consciência unânime de um único Deus.
Nos últimos dez anos, houve um interesse sempre crescente pelo
assunto de cura espiritual. Este é um outro exemplo de uma iden
tidade de consciência que está se formando. Faz pouca diferença se
a cura espiritual é concebida a partir do ponto de vista de um ensi
namento meticuloso ou de outro. O ponto importante é que a cons
ciência está se unificando em torno da verdade de Deus como Poder
na existência humana.
Até este século, Deus foi apresentado principalmente como um
poder no mundo futuro. Há um sentimento de que o que o bom Deus
não dá a uma pessoa aqui, será dado indubitavelmente no próximo
mundo. Mas trazer Deus especificamente para os nossos problemas
de saúde do dia-a-dia, alimentação, relacionamentos com vizinhos ou
com outros povos tem acontecido muito recentemente. Essa é uma
outra evidência de unidade de consciência e de acordo de que há
Deus na terra como há Deus no céu.
Quanto mais reconhecemos que não há tal coisa como um Deus
batista, um Deus anglicano, um Deus presbiteriano, um Deus meta
físico ou um Deus ortodoxo, mas que há um único Deus, mais per
140
to, chegaremos de uma unidade de consciência, e maior quantidade de
consciência divina será libertada na terra.
O ministério do Mestre não foi simplesmente o de curar os doen
tes. Foi também destinado a perdoar os pecadores, não depois de
séculos de punição no inferno ou em alguma ante-sala do inferno, não
depois de séculos de sofrimento sob a lei cármica, mas no exato mo
mento de sua procura. O ministério completo de Cristo foi mostrar
que, no momento da volta, no reconhecimento do Cristo, da Graça
espiritual, nós somos salvos. Essa é a parte mais difícil da ação de al
cançar a nova consciência, porque foi arraigada em nós a idéia de
que devemos sofrer por nossos pecados. Essa é a parte do erro que
existe hoje em nosso mundo legal, um erro que pode ser superado
apenas pela espiritualização da consciência. Pessoas são presas como
punição por ofensas e depois soltas para cometerem os mesmos cri
mes outra vez, sem qualquer consideração sobre se houve ou não
uma mudança de consciência. Ê muito evidente que a pessoa liber
tada da prisão no mesmo estado de consciência em que entrou, é a
mesma pessoa e ela provavelmente vai cometer os mesmos crimes
novamente.
Algum dia prisioneiros não serão libertados até que tenham de
monstrado uma mudança no estado de consciência. Então, será se
guro libertá-los. Não se sabe quantos crimes um criminoso vai cometer.
Ele vai cometer crimes e mais crimes novamente, até que sua cons
ciência tenha sido mudada. Quando sua consciência estiver mudada,
ele não cometerá mais crimes.
Nosso estado de consciência determina nossa experiência e aque
les que alcançaram o estado de consciência de um Deus estão agora
estabelecendo as bases para a paz no futuro.
141
i
Um indivíduo — seja um teólogo, um ministro, um rabi ou um
sacerdote — torna-se uma lei para todos aqueles levados para a órbi
ta de sua consciência, a princípio em um grau muito pequeno, mas
aos poucos em um grau maior, até que repentinamente haja uma co
munidade de consciência divina.
Uma vez que podemos admitir um Deus, admitiremos uma ver
dade; então, não pode haver diferenças que nos dividam. Seremos o
que o Mestre revelou que somos: irmãos. Nós todos temos um Pai,
o Pai. Diferenças de grupos desaparecem na consciência desse Deus
único, dessa Verdade única.
O mundo está à procura de paz na terra e eu não tenho dúvi
das de que ele finalmente vai obtê-la. Mas nem eu tenho qualquer
dúvida em profetizar que ela não vai acontecer enquanto os discí
pulos da verdade, os protestantes e os católicos não se unirem em
orações recíprocas. Nós não podemos ter paz na terra, enquanto fac
ções cristãs não conseguirem orar em comunhão ou estar de comum
acordo.
O caminho místico da vida não conhece seitas religiosas. O espí
rito do Senhor Deus ou está sobre nós ou não está.’ Se ele estiver,
Ele está, sejamos católicos, protestantes, judeus ou muçulmanos.
Eu tenho um amigo no Cairo, Egito, que é um muçulmano mui
to devoto. Certa vez, ele me enviou uma linda coleção de contas de
âmbar que tinham sido santificadas em Meca. Um muçulmano não
gosta de nada, tanto quanto de dividir as contas que receberam a
bênção sagrada. Eu tinha seu endereço comercial, mas não tinha o
da sua residência. Cheguei ao Cairo num domingo, às três horas da
manhã. Num daqueles dias lindos e famosos do Cairo, eu estava de
pé, às oito horas. Não sabendo o endereço da casa de meu amigo,
eu não podia encontrá-lo. Sem nada a fazer o dia inteiro, caminhei
sem destino e fui levado a um grande círculo, de onde as ruas par
tiam em todas as direções. Eu caminhei por uma e dobrei uma outra
e lá estava meu amigo de pé diante de um edifício, com um conjun
to de contas nas mãos, orando. Caminhei na sua direção. “Abdul!”
“Goldsmith! Eu estou rezando por você.” “O que você quer dizer
com estar rezando por mim?” “Eu disse à minha mulher esta ma
nhã que eu não posso esperar mais. Você precisa vir. Eu preciso de
você. Assim, eu vou sair por aí e apenas orar para que você chegue
ao Cairo.” Eu tinha chegado bem no lugar em que ele estava rezan
do e tenho uma sensação de que meu desejo de ser levado aonde
quer que Deus me levasse — o desejo do Caminho Infinito — foi
realizado por seu pregador muçulmano.
142
Essa é a natureza da identidade da consciência mística. O mis
ticismo é união consciente com Deus, a habilidade de receber co
municações diretamente de Deus. Ele não faz menção sobre manifes
tações, raça, religião, cor, clima ou credo. Mas não podemos rea
lizar a missão e a mensagem do Mestre de trazer vida e mais abun
dância ou levar cura, suprimento ou iluminação espiritual para qual
quer um, a menos que nós mesmos tenhamos esse Cristo. Ele cura.
Ele redime. Ele salva. Ele faz ressurgir da morte. Ele alimenta.
A missão do Cristo deve ser compreendida primeiro por nós e
depois, por nosso exemplo, revelada a outros, de modo que o mun
do pergunte: “Como isso é realizado? Nem mesmo o mais religioso
dos homens e mulheres é capaz de realizar esse trabalho.” E nossa
resposta será: “Quando o Espírito do Senhor está em nós, nós pode
mos realizar esses trabalhos através do Espírito, porque então esse
Espírito trabalha através de nós”.
2. I Reis 19:12.
3. -Isaias 61:1.
nha força, de meu conhecimento. Agora eu sou um soldado sob or
dens. Eu tenho a armadura do Espírito do Senhor em mim — que é
a palavra de Deus — não as palavras em um livro, mas a palavra
de Deus, que é vida e amor.
Então, você pode se dirigir para o habitat do doente, do mise
rável, do agonizante ou do morto e levar consolo, cura, ressurreição,
suprimento, enfim, todas as coisas.
Nunca cometa o crime de acreditar que a dor ou qualquer cir
cunstância sejam um obstáculo para a busca de Deus. Quando você
tiver alcançado a percepção de Deus, a dor, a discórdia e a doença
desaparecerão. Quanto mais pobre você for e maior a sua carência,
tanto maior é a sua necessidade de Deus. Busque Deus primeiro e
você se encontrará livre. Se você tentar obter sua liberdade primeiro,
você nunca alcançará a Deus.
Há aqueles que não renunciarão a uma ou duas horas de sono.
Há aqueles que não gastarão dez minutos para o estudo e a medi
tação. Mas isso não quer dizer que haja alguém neste mundo seria
mente aplicado na aventura espiritual que não possa tê-la. Na ver
dade, ele não pode ter tudo isso em um dia. Ele não pode ter tudo isso
em cinco ou dez anos. Custa devoção, dedicação e seriedade. 0 obje
tivo não é o nome ou a fama, porque mesmo que você a tivesse, es
taria por demais ocupado para fazer muito uso dela. O objetivo é a
realização desse Espírito do Senhor Deus, a realização dessa percep
ção. Esse é o objetivo total da vida espiritual.
O que ele faz com você, depois que você O alcança, é assunto
d’Ele. Tudo o que você fizer, com o Espírito do Senhor agindo em
você, você fará bem. Tudo o que você fizer, quando o Espírito do
Senhor Deus estiver em você, você fará melhor do que qualquer ou
tro poderia fazer sem esse Espírito. Você não pode saber qual vai
ser o seu campo de atividades. Você não pode ter ambição de ser
algo especial. Se você tiver, você deve estar preparado para mudar a
qualquer momento, porque você não pode ter idéia do que o Espírito
do Senhor Deus vai lhe fazer quando descer sobre você.
Há apenas uma prova para aqueles que querem ser discípulos:
demonstre a Presença; sinta a Presença dentro de você, sobre você,
ou perto de você. Então, quando você A tiver, “não estejais apreen
sivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre
o que vestireis”. 4 Não se preocupe com a sua vida — não se preo
4. Lucas 12:22.
144
cupe com coisa alguma. O Espírito age e se torna o pão nosso de cada
dia. Ele age e se torna sua oportunidade de negócios. Ele se torna
seu talento, habilidade, capacidade e força física. Há apenas Ele e
esse Ele é sua prova. Esse é seu objetivo.
Esse Cristo, que é a Essência ou Substância de toda forma, de
monstra-se a Si mesmo como tudo que é necessário à sua experiência.
Isso é misticismo. É a autoperfeição em Deus. O Cristo de Deus,
o Espírito de Deus está no seu interior e o Espírito Santo está ligado
entre o Pai e o Filho.
A vida mística é uma vida edificada sobre o Espírito de Deus. A
vida do aspirante é devotada ao estudo, à meditação e à comunhão
com aqueles que passaram além dele neste caminho e através de queni
èle pode receber iluminação, até que o Espírito do Senhor entre
nele e ele se encontre ordenado. Daí em diante, cada um é indepen
dente.
Tomando isso como base, nós estamos construindo a consciência
que nos habilitará a viver vinte e quatro horas por dia e sete dias
por semana, na percepção da divindade: Poder divino, Graça divina
dentro de nosso próprio ser. Isso libertará definitivamente o mundo.
Se algum mestre pudesse pôr o mundo em liberdade, Buda ou Jesus
Cristo teriam-no feito há muito tempo. Ninguém pôs o mundo em
liberdade e mestre algum jamais o fará.
Apenas uma coisa libertará o mundo: a consciência da Graça
divina dentro de você, de mim e de toda a humanidade. Quando
começarmos a ver provas disso em nossa experiência e tivermos sen
sações que nos mostram que a Graça está agindo, olharemos com
atenção e cuidado para todo mundo em nossa comunidade, dizendo:
“Isso não é maravilhoso? Eu posso libertar você pela compreensão
de que o reino da Graça está agindo dentro de você. Ele não per
mitirá que o mal se aproxime de sua morada. Ele não deixará o
pecado, o falso apetite, a doença ou a crueldade do ser humano se
aproximar de você”.
Em lugar de nos sentirmos responsáveis pelas pessoas como ben
feitores, olharemos para este mundo com um sorriso, dizendo: “Obri
gado, Pai, por me ter revelado que o reino da Graça está agindo na
consciência de todo indivíduo”. Quando cada um se torna ciente do
reino da Graça agindo dentro dele, um ano de realização está asse
gurado. Nada mais pode garanti-lo.
A paz na terra nunca virá através das armas ou das guerras; a
naz na terra nunca virá através de acordos entre nações, porque tem
145
navido acordos entre as nações desde muito “antes que Abraão exis
tisse”. 5 Nenhum deles jamais foi honrado mais tempo do que serviu
aos propósitos da nação que o firmou. Toda e qualquer nação que
brou os acordos que assinou, quando convinha *a seus propósitos.
Portanto, a paz nunca virá com acordos. Virá quando houver paz
no coração dos homens. Apenas uma coisa trará essa paz: a com
preensão da Graça divina dentro de nós.
A gratidão não a trará. Nenhuma nação vai ser grata pelo au
xílio que uma outra nação tem dado a ela. As nações nunca foram
nem serão gratas, assim como muito raramente há um verdadeiro
sentimento de gratidão naqueles que nós ajudamos humanamente, e
nenhum na certa dura muito tempo. Só uma coisa traz a paz: a com
preensão de uma Graça divina agindo dentro da consciência de cada
um e de todos nós. Compreendendo completamente essa Graça den
tro de nóã, Ela traz a paz para nós. À medida que começamos a per
ceber essa Graça agindo na consciência da humanidade, nessa pro
porção o Espírito de Cristo será despertado na humanidade.
5. João 8:58.
6. Mateus 18:22.
146
coisas que as pessoas parecem achar necessárias. Só conhecendo a
si mesmos como seres físicos, cies podem visitar aqueles que estão
presos ou aqueles que estão doentes apenas realizando essa visita pes
soalmente. Tendo compreendido a natureza da Graça, contudo, pode
mos visitar o pecador, o enfermo ou o prisioneiro e libertá-los sem
nunca sair de nossa casa. A natureza incorpórea ou espiritual de
nosso ser nos torna possível estarmos presentes em espírito com o
enfermo, com o pecador e com o prisioneiro. E é o Espírito que os
liberta, não nosso corpo físico.
Levar nosso corpo físico ao enfermo ou ao prisioneiro não os
liberta. É o que está incorporado em nossa consciência que os li
berta. É por isso que a verdadeira visita física é mínima. A visita
espiritual é uma ocupação de vinte e quatro horas por dia.
A consciência determina a natureza de nossa experiência e de
nossa idade: o que temos na consciência, o que conhecemos na cons
ciência, o que estamos mantendo na consciência, o que estamos li
bertando na consciência. A Verdade que conhecemos torna-se uma
lei para a nossa experiência. A Verdade que conhecemos torna-se
uma lei para nosso próximo. Todo esse conhecimento da verdade é
um aprofundamento e enriquecimento da nossa consciência indivi
dual.
À medida que nossa consciência se enriquece, o mundo tam
bém é enriquecido, porque “eu, quando eu for levantado” 7 levarei
para cima, de certa forma, o mundo inteiro. Eu, como indivíduo,
posso levantá-lo apenas um milímetro, mas quando somos uma cen
tena de indivíduos, nós o erguemos a uma altura incomensurável e
provavelmente até a multiplicamos por causa de nossa unidade e
identidade de consciência.
Na medida em que formos levados a acreditar que alguém nes
te mundo pode nos dar ou tirar de nós, ou somos dependentes dele
ou o tememos. No momento em que compreendermos que só a Gra
ça divina nos alimenta, nos cura, nos supre e nos perdoa, alcançamos
nossa liberdade em Cristo. A Graça divina garante-nos que temos
alimento que o mundo não conhece. A Graça divina garante-nos nos
so pão. Nós não precisamos pensar em nossa vida, quando cami
nhamos nesta terra. Se necessário, podemos caminhar por certo tem
po na pobreza, no pecado ou na doença. Mas sempre ainda quando
estamos no pecado, doença ou pobreza, há o filho de Deus, há a
Graça divina dentro de nós. Um dia Ela romperá livremente.
7. João 12:32.
147
Permaneça neste mundo, permaneça nele, viva nele: “Uma co
mida tenho para comer, que vós não conheceis”. 8 Esta é a mensa
gem de Cristo; nós temos alimento, vinho, água e ressurreição. Te
mos dentro de nós uma Presença lá plantada por Deus, que poderia
frutificar em nós cada vez mais com abundância. Se nós vivermos
nesse estado de consciência dia e noite e noite e dia, a crosta de ma
nifestação humana se quebrará e a manifestação espiritual passará
através dela. Somente assim podemos estar seguros de uma perma
nente e gloriosa sensação.
8. João 4:32.
148
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