A Síndrome de Jonas

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A Síndrome de Jonas

Autor: Pr. Welfany Nolasco Rodrigues


-Tema: MINISTÉRIO

Jonas
-Introdução: Frequentemente ouvimos falar de Jonas como ‘o profeta fujão’.
Contudo Jonas cometeu outros erros além de fugir e mesmo assim manteve o
status de profeta. Além disso, quem somos nós para julgar Jonas? Muitas vezes
fazemos as mesmas coisas.
A Síndrome de Jonas é como vamos chamar uma série de erros cometidos pelo
profeta e que muitas vezes repetimos em nosso ministério. A maneira como
reagimos diante de um desafio mostra sintomas de como entendemos o chamado
de Deus para nossas vidas.

Como você reage ao chamado de Deus?


Vamos refletir alguns erros ministeriais que caracterizam a Síndrome de Jonas:

1- FUGA 
Jonas 1.3 “Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para
Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a
sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da
presença do SENHOR”

O primeiro sintoma da Síndrome de Jonas é a Fuga. Note que o texto inicia


dizendo que “Jonas se dispôs, mas para fugir”, ou seja, ele achou que estava
fazendo algo de bom, mas no fundo sabia que estaria desobedecendo a Deus. Na
primeira oportunidade de fugir, embarcou e ainda pagou sua passagem para
garantir que nada daria errado. A distância para Nínive era de 800 km por terra, já
para Társis seria de 3.000 km de navio. Mesmo assim Jonas preferiu o caminho
mais longo e difícil.
A fuga muitas vezes aparenta agradável, mas sempre é a pior escolha. Às vezes
fugimos fazendo outra coisa e não o que recebemos como mandato de Deus. O
excesso de atividades ocupa o tempo que temos para realizar nosso ministério
principal. Um pastor, por exemplo, acumula tantas funções administrativas que se
torna um office boy da igreja deixando a desejar o seu chamado pastoral de cuidar
das ovelhas com a desculpa de ‘não tenho tempo’.
Se você tem um chamado de Deus, foque naquilo que o Senhor te deu (Atos
6.2-4). Não confunda sua missão com outras tantas coisas ‘urgentes’ que surgem
e tomam seu tempo. Evite fugas que aparentemente são agradáveis e fáceis, mas
que tirarão o seu destino principal.
Não fuja!
                              
2- PREGUIÇA 
Jonas 1.5 “Então, os marinheiros, cheios de medo, clamavam cada um ao seu
deus e lançavam ao mar a carga que estava no navio, para o aliviarem do peso
dela. Jonas, porém, havia descido ao porão e se deitado; e dormia
profundamente”

O segundo sintoma da Síndrome de Jonas é a preguiça. Enquanto todos estavam


apavorados e lutando para salvar suas vidas, orando e trabalhando ao mesmo
tempo, Jonas dormia ‘profundamente’. A sua consciência estava aparentemente
tranquila e não queria nem saber se o barco estava afundando. Nem mesmo o
chacoalho das ondas e os gritos acordaram Jonas.
O desânimo é um grande perigo para o ministério. A falta de metas ou até
mesmo da organização de uma agenda de atividades, faz com que a ociosidade
tome conta do ministério. Enquanto todos estão trabalhando e muitas vidas estão
sofrendo não podemos ficar na inércia esperando as coisas acontecerem.
Muitas tempestades que enfrentamos são culpa nossa mesmo como no caso de
Jonas (Jonas 1.7-15). Gaste tempo em oração e seu ministério fluirá acalmando as
tempestades (Jonas 1.6). Se você ficar esmorecido e sem animo para trabalhar
lembre-se da palavra que diz “ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando
te levantarás do teu sono?” (Provérbios 6.9).
Os grandes pregadores da história que alcançaram milhares de vidas para o
Senhor renunciavam muitos de seus privilégios para se dedicar à obra de Deus.
Entretanto vemos hoje muitos líderes que gastam mais tempo com TV, internet e
lazer do que com a obra de Deus.
Cuidado com a Preguiça!

3- MEDO 
Jonas 2.1 e 7 “Então, Jonas, do ventre do peixe, orou ao SENHOR, seu Deus”
“Quando, dentro de mim, desfalecia a minha alma, eu me lembrei do SENHOR; e
subiu a ti a minha oração, no teu santo templo”

O terceiro sintoma da Síndrome de Jonas é o medo. A única motivação de Jonas


para orar dentro do ventre do peixe foi o medo que sentiu ali na escuridão (Jonas
2.4,5). Na verdade o medo já acompanhava Jonas em toda sua fuga. Tenha medo
do futuro e da reação das pessoas de Nínive ou o que pensariam dele.
O medo persegue quem foge dele como alcançou Jonas. Começa trazendo
tempestades e na pior das hipóteses somos engolidos. Este pavor é capaz de
paralisar nosso pensamento limitando a capacidade de agir e decidir corretamente.
Por isso os nossos medos devem ser questionados e confrontados. Satanás usa o
medo baseado em suas mentiras para atrasar nossas vidas. Então não podemos
aceitar isso, pois confiamos em Deus e “no amor não existe medo; antes, o
perfeito amor lança fora o medo” (I João 4.18). Se Deus está conosco não há o
que temer.
Muitos líderes cristãos são intimidados por causa do medo. As exigências
externas e a dúvida se vai conseguir alcançar os objetivos, muitas vezes
amedrontam pessoas altamente capacitadas por Deus e com isso não conseguem
sair do lugar. Por isso a Palavra de Deus traz tantas declarações do Senhor para
seus servos dizendo “não temas”. Se o medo tentar te impedir de ir adiante não
aceite e enfrente como uma nuvem passageira que impede a visão, mas pode ser
rompida com facilidade.
Enfrente o medo!

4- INCREDULIDADE 
Jonas 3.4 “Começou Jonas a percorrer a cidade caminho de um dia, e pregava, e
dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”

O quarto sintoma da Síndrome de Jonas é a incredulidade. Depois de ser salvo do


grande peixe, Jonas foi a Nínive levar a mensagem de Deus, mas não porque
acreditava realmente e sim porque temia algo pior sobre sua vida.
A cidade de Nínive era tão grande que se gastava “três dias para percorrê-
la” (Jonas 3.3), contudo com apenas um dia de caminhada e pregação, toda a
cidade acreditou desde o menor até o próprio rei (Jonas 3.5-9). Esta é a história de
um grande avivamento espiritual ao ponto de Deus não deixar que nada de mal
lhes acontecesse (Jonas 3.10).
Esta é a pior faze da Síndrome de Jonas, pois quando você não acredita nem
naquilo que prega, se torna cada vez mais frágil e vulnerável. O povo de Nínive
teve mais fé do que o próprio profeta. Isso ensina que às vezes pensamos que as
pessoas não vão acreditar na mensagem, mas na verdade nós é que estamos
duvidando.
Muitas vezes em nosso ministério fazemos o que sabemos ser certo não por
vontade, mas para ‘bater o cartão’ e cumprir uma obrigação. As decepções com as
pessoas nos fazem ficar com o coração endurecido e desacreditado. A falta de fé
traz uma cegueira espiritual onde não conseguimos visualizar o agir de Deus. Não
deixe sua fé se esfriar e nem duvide do que Deus pode fazer através de sua vida.
Nunca perca a fé!

5- IRA 
Jonas 4.1  “Com isso, desgostou-se Jonas extremamente e ficou irado”

O quinto sintoma da Síndrome de Jonas é a ira. Este é o momento em que o


profeta fica com raiva do povo e até de Deus, porque não queria a salvação da
cidade (Jonas 4.3). Preferia morrer a ver a libertação daquelas vidas (Jonas 4.3).
Sua ira era baseada na falta de fé e de amor, por isso Deus lhe perguntou duas
vezes “é razoável essa tua ira?” (Jonas 4.4 e 9).
A raiva de Jonas era tão grande que ainda faltavam dois dias para concluir sua
missão de anunciar a mensagem para todo povo e ele saiu da cidade e subiu num
monte para fiar olhando “até ver o que aconteceria à cidade” (Jonas 4.5). Agora
estava disposto até a acreditar que Deus destruiria Nínive.
Conviver com pessoas não é nada fácil. Frequentemente somos testados pelo
povo e passamos por situações embaraçosas. É preciso muito equilíbrio para
saber lidar com temperamentos diversos no meio da comunidade. Por isso muitas
vezes nos tornamos impacientes e intolerantes com as pessoas. Não podemos
achar que somos mais importantes que os outros como Jonas que subiu num
monte para dizer que estava acima de todos.
Um líder nunca pode ter raiva de seus cooperadores. O relacionamento cristão
deve ser baseado no amor que tolera até mesmo os erros dos irmãos. Não deixe a
ira tomar o lugar do amor que Deus te deu pelas vidas e peça ao Espírito Santo
que te dê os frutos de “mansidão e domínio próprio” (Gálatas 5.23).
Cuidado com a ira!

6- COMODISMO 
Jonas 4.5,6 “Então, Jonas saiu da cidade, e assentou-se ao oriente da mesma, e
ali fez uma enramada, e repousou debaixo dela, à sombra, até ver o que
aconteceria à cidade. Então, fez o SENHOR Deus nascer uma planta, que subiu
por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar
do seu desconforto. Jonas, pois, se alegrou em extremo por causa da planta”

O sexto Sintoma da síndrome de Jonas é o comodismo. Jonas achou que já tinha


feito o bastante e saiu da cidade para se assentar num lugar onde poderia ficar só
olhando. Ainda fez uma cobertura para ter sombra. Tudo estava dando certo e até
nasceu uma planta para refrescar mais ainda. Agora Jonas estava confortável e
satisfeito.
Um grande perigo para o ministério é o conforto. Verdade. O incômodo nos faz
reagir e querer fazer algo para melhorar, mas o conforto nos faz acomodar e
pensar que tudo está bem. Por isso vemos pessoas com grandes limitações
realizar obras grandiosas enquanto outros com muitos recursos não conseguem ir
muito longe.
Quando começamos o ministério, nos esmeramos ao máximo naquilo que
fazemos, mas com o tempo vamos acomodando e relaxando um pouco em
algumas coisas. Se o ministério começa a ter sucesso então achamos que já está
bom e começamos a parar de fazer coisas essenciais como evangelismo,
visitação, oração e estudo da Bíblia. Por isso não podemos nos deixar acomodar,
mas estar despertos e atentos para o que Deus nos chamou.
Não se acomode!

7- DESAMOR 
Jonas 4.10,11 “Tornou o SENHOR: Tens compaixão da planta que te não custou
trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu;
e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de
cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão
esquerda, e também muitos animais?”

O sétimo e pior sintoma da Síndrome de Jonas é a falta de amor. Jonas não


estava nem aí para o povo de Nínive. Teve mais gosto pela planta que lhe dava
sombra do que pelas pessoas que estavam perecendo naquela cidade. Por isso
Deus fez que a planta nascesse e depois morresse, para que Jonas percebesse a
dureza de seu coração.
Vivemos em um tempo que as pessoas são avaliadas pelo que têm e não pelo
que são. Por isso o amor tem se esfriado (Mateus 24.12). Somos treinados a
descartar as coisas e depois inconscientemente pensamos que podemos nos
desfazer das pessoas. O materialismo faz com que as coisas sejam mais
valorizadas do que a vida. Mas para Deus ninguém é descartável e uma vida tem
muito valor (Mateus 6.26).
Certa vez aprendi com um pastor experiente que se eu quiser ser bem sucedido
no meu ministério devo ‘pregar o evangelho e amar as vidas’. Se o líder não sentir
amor pelas pessoas, não será capaz de suportar as dificuldades na obra de Deus.
Somente por amor é que somos capazes de nos doar para outras pessoas.
Infelizmente nos vemos muitos líderes que “se apascentam a si
mesmos” (Ezequiel 34.2) e estão interessados no que as ovelhas podem oferecer
mais do que na salvação de suas vidas. Então não podemos deixar esfriar o nosso
amor e buscar preservar aquele “primeiro amor” (Apocalipse 2.4,5).
Nunca deixe de amar!

Deus tem um chamado para sua


vida!
CONCLUSÃO
Jonas 4.11 “não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há
mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a
mão esquerda, e também muitos animais?”

O livro de Jonas termina com um ponto de interrogação. A pergunta de Deus


continua ecoando e espera uma resposta de nossa parte. Será que muitas vezes
não estamos vivendo esta Síndrome de Jonas? Avalie sua vida e ministério
refletindo nestas fazes e busque o remédio o mais rápido possível. A boa notícia é
que se Jonas viveu um grande avivamento mesmo em tanta crise, nós também
podemos viver pela Graça de Deus que supera os nossos dilemas.
Deixe Deus curar o seu ministério!

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