AULA 1 - Introdução A Toxicologia

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Farmacologia e

Toxicologia

Prof. MSc. Fernando Ponce


[email protected]
Histórico da Farmacologia
“A terapêutica é um torrencial de drogas das quais não se sabe nada,
em um paciente de que se sabe menos ainda.”
Voltaire (1694 - 1778)

Qual a origem da farmacologia?

Primórdios da humanidade
Histórico da Farmacologia
Primórdios da humanidade

Substâncias obtidas na natureza, tanto


dos reinos mineral, vegetal como animal

Finalidades medicinais Visando obter efeitos nocivos


FARMACOLOGIA TOXICOLOGIA
5.000 a.C. China - Imperador Shen-nung :
“Pai da medicina chinesa”, “Divino
Agricultor”

1550 a.C. Egito – Papiro de Ebers


Possui 110 páginas com relatos de 700 a 800
princípios ativos então conhecidos
1.400 a.C. Suméria – Deusa Gula: relacionada a
encantos, feitiços e envenenamentos.

400 a.C. Grécia – Sócrates é condenado


a morrer por meio da ingestão de
cicuta.
Histórico
Theophrastus von Hohenheim - Paracelso (1493-
1541). Questionou as doutrinas oriundas da
antiguidade e procurou conhecer os componentes
ativos dos medicamentos prescritos (rebelando-se,
assim, contra as misturas irracionais da medicina
medieval).

“Se quisermos explicar adequadamente o que é um


veneno, então, o que não é um veneno? Todas as coisas
são venenos, e nada está livre de veneno. Somente a
dosagem estabelece se algo não é um veneno”
Paracelso (1493-1541)
Histórico da Farmacologia

▪ Johann Jakob Wepfer (1620-1695) foi o primeiro a realizar experimentação animal


para confirmar ações farmacológicas ou toxicológicas;

▪ Rudolf Buchheim (1820-1879) Dedicou-se a justificar os efeitos farmacológicos por


meio das características químicas das substâncias.

▪ Após 1920, além dos institutos universitários já existentes, surgiram laboratórios de


pesquisa em Farmacologia na indústria farmacêutica. A partir de 1960, organizaram-
se departamentos de farmacologia clínica em muitas universidades e na indústria.
Conceitos (muito importantes!)
❖ Farmacologia: pode ser definida como a ciência que estuda a ação
de substâncias químicas em um organismo vivo.

DROGA x FÁRMACO x MEDICAMENTO x REMÉDIO

❖Droga é toda substância capaz de modificar o sistema fisiológico, utilizada


com ou sem intenção de oferecer benefício do organismo receptor
❖ Fármaco é toda substância de estrutura química definida, capaz de
modificar o sistema fisiológico, em beneficio do organismo receptor. Muitas
vezes chamada de princípio ativo.
Conceitos (muito importantes!)
DROGA x FÁRMACO x MEDICAMENTO x REMÉDIO

❖Medicamento: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão


vinculado ao Ministério da Saúde, define medicamento como “produto
farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado com finalidade profilática,
curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico”. É uma forma farmacêutica
terminada que contém o fármaco, geralmente em associação a adjuvantes
farmacotécnicos.
❖ Remédio: termo popular que se refere a tudo aquilo que cura, alivia ou
evita uma enfermidade. Esse termo abrange não só os agentes químicos
(medicamentos), mas também os agentes físicos (duchas, massagens etc.).
Conceitos (muito importantes!)
UMA DROGA NÃO CRIA
FUNÇÕES, APENAS MODIFICA AQUELAS JÁ EXISTENTES.

Obs*: Para o leigo, o termo droga é empregado com conotação de


substância ilícita de uso abusivo, como, por exemplo, cocaína,
maconha, etc.

❖ Placebo: é qualquer substância sem propriedades farmacológicas,


administrada ao indivíduo como se tivesse propriedades terapêuticas,
com o intuito mais de agradar do que de beneficiar. Atualmente, esse
conceito foi ampliado, sendo empregado para o controle e a
comparação da atividade/eficácia de medicamentos.
Objetivos do isolamento das
substâncias ativas:
1. Identificação da(s) substancia(s) ativa(s).
2. Estudo dos efeitos biológicos
(farmacodinâmica) dos componentes
individuais e do seu destino no organismo
(farmacocinética).
3. Garantia da dosagem exata e constante
pelo emprego da substância pura no
tratamento;

4. Possibilidade de síntese química, que oferece independência do suprimento natural


limitado e cria condições para a analise das relações estrutura-atividade.
❖ Farmacocinética (do grego
kinetós = móvel) estuda o
caminho percorrido pelo
medicamento no organismo
animal;

❖ Farmacodinâmica (do grego


dýnamis = força) estuda os
mecanismos de ação dos
medicamentos;
Conceitos (muito importantes!)
✓ O uso racional dos medicamentos, só pode ser conseguido com o
diagnóstico preciso da enfermidade que acomete o paciente;

✓ É o conhecimento da ação e do efeito do medicamento que irá


sempre fundamentar a posologia;

✓ Posologia (do grego pósos = quanto, mais lógos = estudo) é o


estudo das dosagens do medicamento com fins terapêuticos.
✓ Dose: se refere à quantidade do medicamento necessária
para promover a resposta terapêutica;
✓ Dosagem: inclui, além da dose, a frequência de
administração e a duração do tratamento.
TOXICOLOGIA
Definição: estudo dos tóxicos ...?
Do grego: τοξικός, em português: Toxikon, produto para se
lambuzar as pontas de flechas e lanças, com finalidade bélica ou de caça.

“... que tem propriedade de causar doença ou morte em seres vivos, ou


seja, propriedade de causar intoxicação”
TOXICOLOGIA

Toxicologia é a ciência que investiga experimentalmente a


ocorrência, a natureza, a incidência, os mecanismos e os
fatores de risco dos efeitos deletérios de agentes químicos.

Mas, qual a finalidade????


A Toxicologia atual é uma verdadeira ciência social, cujo
estudo visa propor maneiras seguras de se expor às
substâncias químicas, permitindo que a humanidade se
beneficie das conquistas da atual era tecnológica.
FÁRMACO TOXICANTE

EFEITO BENÉFICO EFEITO TÓXICO

FARMACOLOGIA TOXICOLOGIA
CONCEITOS
Agente tóxico ou toxicante (veneno*):

❖ A entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico,


alterando seriamente uma função ou levando-o à morte, sob certas
condições de exposição.

Condições da exposição ao agente tóxico também


interferem no aparecimento, ou não, do efeito nocivo,
como a via de introdução, a duração e a frequência da
exposição, entre outras.
EFEITOS TÓXICOS/NOCIVOS
Um efeito é considerado nocivo se:

❖ Ao ser produzido numa exposição prolongada resulte em


transtornos da capacidade funcional e/ou da capacidade do
organismo em compensar nova sobrecarga;
❖ diminui perceptivelmente a capacidade do organismo de manter
sua homeostasia, quer sejam efeitos reversíveis ou irreversíveis;

❖ aumenta a suscetibilidade aos efeitos indesejáveis de outros fatores


ambientais tais como os químicos, os físicos, os biológicos ou os
sociais.
CONCEITOS
❖ A propriedade de agentes tóxicos de promoverem injúrias às
estruturas biológicas, por meio de interações físico-químicas, é
chamada toxicidade.

❖ Antídoto é um agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de


substâncias.
FINALIDADES DA TOXICOLOGIA

Objetivo:
Diagnóstico, tratamento e prevenção das intoxicações.

Analítica

Clínica

Experimental
ÁREAS DE ATUAÇÃO

▪ TOXICOLOGIA AMBIENTAL;
▪ TOXICOLOGIA OCUPACIONAL;
▪ TOXICOLOGIA DE ALIMENTOS;
▪ TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS/COSMÉTICOS;
▪ TOXICOLOGIA SOCIAL;
Fatores que influenciam no efeito de
agentes químicos:

Fatores ligados ao agente químico:

➢ Propriedade físico-química (solubilidade, grau de ionização,


coeficiente de partição óleo/água, pka, tamanho molecular, estado
físico, etc.);

➢ Impurezas e contaminantes;

➢ Fatores envolvidos na formulação (veículo, adjuvantes).


Fatores que influenciam no efeito de
agentes químicos:

Fatores relacionados com o organismo:

➢ Espécie, linhagem, fatores genéticos;

➢ Fatores imunológicos, estado nutricional, dieta;

➢ Sexo, estado hormonal, idade, peso corpóreo;

➢ Estado emocional, estado patológico.


Fatores que influenciam no efeito de
agentes químicos:

Fatores relacionados com a exposição:

➢ Via de introdução;

➢ Dose ou concentração;

➢ Frequência.
Fatores que influenciam no efeito de
agentes químicos:

Fatores relacionados com o ambiente:

➢ Temperatura, pressão;

➢ Radiações;

➢ Outros (luz, umidade, etc.).


RISCO E SEGURANÇA

Como definir risco? Segurança:

O risco associado à uma Define-se como segurança, a


substância química se certeza prática de que não
define como a probabilidade resultará em efeitos adversos
de que uma substância a exposição de um individuo a
produza um efeito adverso, uma determinada substância
um dano, sob condições em quantidade e forma
específicas de uso. recomendada de uso.
RISCO E SEGURANÇA

Nem sempre a substância de maior toxicidade é a de maior


risco, ou seja, de maior “perigo” para o homem.

Dependendo das condições de uso, uma substância


classificada como muito tóxica (elevada toxicidade intrínseca)
pode ser menos “perigosa” do que uma pouco tóxica.
Definições:
Relação risco x benefício

➢ Necessidade do uso da substância;

➢ Disponibilidade e a adequação de outras substâncias alternativas


para o uso correspondente;

➢ Efeitos sobre a qualidade do ambiente e conservação dos recursos


naturais;

➢ Considerações sobre o trabalho (no caso dela ser usada à nível


ocupacional);
Risco e Toxicidade
O grau de toxicidade de uma substância é avaliado quantitativamente
pela medida da DL 50, que é a dose de um agente tóxico, obtida
estatisticamente, capaz de produzir a morte de 50% da população em
estudo.
Assim, um agente será tanto mais tóxico, quanto menor for sua DL 50.
Risco e Toxicidade
• Os fatores que influenciam a toxicidade de uma substância são a
frequência de exposição, a duração da exposição e a via de
administração da substância.
• Para isso, deve-se conhecer o tipo de efeito que ela produz, a dose
para produzir o efeito, as informações sobre as
características/propriedades de uma substância e as informações
sobre a exposição e o indivíduo (LEITE; AMORIM, 2003).
Efeitos tóxicos
• Efeito aditivo – quando o efeito final é igual à soma dos efeitos de
cada um dos agentes envolvidos.

• Efeito sinérgico – quando o efeito final é maior que a soma dos


efeitos de cada agente em separado.

• Antagonismo – quando o efeito de um agente é diminuído, inativado


ou eliminado se combinado com outro agente.
Efeitos tóxicos
• Reação idiossincrática – é uma reação anormal a certos agentes tóxicos.
Nesses casos, o indivíduo pode apresentar uma reação adversa a doses
extremamente baixas (doses consideradas não tóxicas) ou apresentar
tolerância surpreendente a doses consideradas altas ou até mesmo
letais.
• Reação alérgica – é uma reação adversa que ocorre após uma prévia
sensibilização do organismo a um agente tóxico. Na primeira exposição
o organismo, após incorporar a substância, produz anticorpos. Esses,
após atingirem uma determinada concentração no organismo, ficam
disponíveis para provocarem reações alérgicas no indivíduo, sempre que
houver nova exposição àquele agente tóxico.
Intoxicação

É um conjunto de efeitos nocivos representado pelos sinais e


sintomas que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela
interação do agente químico com o sistema biológico.

Corresponde ao estado patológico provocado pelo agente tóxico,


em decorrência de sua interação com o organismo.
Fases da Intoxicação
Fase de Exposição: corresponde ao contato do xenobiótico com o
organismo. Representa a disponibilidade química das substâncias
químicas que são passíveis de serem introduzidas no organismo.

Fase Toxicocinética: consiste no movimento do agente tóxico dentro


do organismo. É formada pelos processos de absorção, distribuição,
metabolização (biotransformação) e eliminação (excreção). Todos
esses processos envolvem reações mútuas entre o agente tóxico e o
organismo, conduzindo à biodisponibilidade.
Fases da Intoxicação

Fase Toxicodinâmica: corresponde à ação do xenobiótico no


organismo. Atingindo o alvo, o agente químico ou seu produto de
biotransformação interage biologicamente causando alterações
morfológicas e funcionais, produzindo danos.

Fase Clínica: corresponde à manifestação clínica dos efeitos


resultantes da ação tóxica. É o aparecimento de sinais e sintomas que
caracterizam o efeito tóxico e evidenciam a presença do fenômeno da
intoxicação.
DÚVIDAS???

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