Ficha Formativa 2
Ficha Formativa 2
Ficha Formativa 2
Grupo I
Documento 1
A vitamina D é ativada pelo organismo e transformada numa hormona, com funções ao nível da regulação da pressão arterial,
sistema imunitário e divisão celular. A população portuguesa apresenta uma prevalência superior à média de alterações genéticas
responsáveis por uma predisposição para o défice de vitamina D. Em resposta ao vírus SARS-CoV-2, indivíduos com níveis muito
reduzidos desta vitamina apresentam formas mais graves da doença COVID-19.
Outros estudos permitiram concluir que cerca de 60% da população portuguesa apresenta níveis muito baixos de vitamina D,
quando comparados com a população finlandesa (cerca de 20%), para a mesma época do ano. Os investigadores alertam para o facto
de em Portugal a incidência solar de outubro a maio ser insuficiente para a produção desta vitamina e ainda para a recente tendência
para o consumo reduzido de alimentos ricos em lípidos, que constituem uma importante fonte de vitamina D.
Documento 2
A pandemia de SARS-CoV-2 enfatizou a vulnerabilidade das populações humanas a novos vírus, apesar das ferramentas
epidemiológicas e biomédicas disponíveis. Os genomas humanos modernos, tal como os anéis de algumas árvores, armazenam
informação que pode remontar há milhares de anos, com utilidade para identificar vírus que afetaram os nossos antepassados, o que
poderá permitir identificar quais os vírus com potencial pandémico. As investigações encetadas reforçam a ideia de que fatores
socioeconómicos e demográficos, assim como fatores individuais de saúde afetam a epidemiologia deste coronavírus. Mas há que
considerar ainda os fatores genéticos: foram identificados, em populações europeias, diversos loci 1 que medeiam a sensibilidade e
severidade do SARS-CoV-2. A análise destes loci permitiu inferir a ocorrência de uma epidemia viral há cerca de 25 000 anos, com
efeitos significativos de seleção no leste da Ásia.
1 locus (loci, no plural) – posição específica de um cromossoma onde se localiza um determinado gene ou forma de um gene.
coronavírus antigo
pico de adaptação em
pandemia passada
observado
esperado
Baseado em www.publico.pt e phys.org (consultados em outubro 2021) e Alexandrov, K. et al. (2021) An ancient viral epidemic involving
host coronavirus interacting genes more than 20,000 years ago in East Asia. Current Biology 31, pp. 3504–3514
Nas questões de escolha múltipla, selecione a opção que completa corretamente as afirmações.
1. A pressão arterial nos mamíferos
(A) pode ser medida ao nível dos vasos que conduzem sangue até ao coração.
(B) é máxima ao nível da aorta, devido à circulação dupla destes animais.
(C) não depende da contração das cavidades inferiores do coração.
(D) é determinada apenas por fatores genéticos.
2. A quantidade de vitamina D num organismo é afetada, entre outras, pelas suas características genéticas.
As alterações que ocorrem no genoma de um organismo
(A) podem ser vantajosas, quando determinam a síntese de uma proteína que favorece o indivíduo.
(B) são sempre desvantajosas, pois originam um indivíduo mutante.
(C) são designadas mutações, e ocorrem apenas ao nível do número de genes.
(D) são sempre transmitidas à descendência.
4. As experiências de Chase e Hershey, em 1953, para identificar a molécula responsável pela transformação de bactérias,
basearam-se na marcação DNA e de proteínas virais com fósforo e enxofre radioativos, respetivamente.
Considerando a infeção de bactérias pelos vírus, será de esperar encontrar no interior das células
(A) enxofre radioativo.
(B) moléculas polinucleotídicas com bases azotadas marcadas radioativamente com fósforo.
(C) péptidos virais com fósforo radioativo.
(D) enxofre e fósforo radioativo, confirmando que a molécula transformante tem natureza proteica.
5. A proporção da população em Portugal com défice de vitamina D comparada com os valores para a população finlandesa
(A) reforça a importância dos fatores genéticos no nível desta vitamina no organismo.
(B) são explicados pelo nível de exposição solar, superior para a segunda.
(C) é cerca de cinco vezes superior.
(D) torna pouco prováveis diferenças significativas no número de casos graves de COVID-19 entre as duas populações.
6. Os anéis que se formam em algumas árvores registam a taxa de crescimento ao longo da vida do organismo.
O potencial de crescimento das plantas e de outros organismos fotossintéticos
(A) é máximo nos meses de inverno, pois a absorção de água ao nível das folhas é máxima.
(B) varia exclusivamente com a quantidade de água e de luz disponíveis.
(C) é proporcional à quantidade de compostos orgânicos transportados em tecidos condutores constituídos por células sem
conteúdo.
(D) aumenta com o aumento da taxa a que o CO2 é integrado no Ciclo de Calvin.
7. A análise de vários loci relacionados com sensibilidade ao SARS-CoV-2 permite concluir que
(A) os fatores genéticos são mais relevantes do que os restantes, na suscetibilidade ao vírus.
(B) as populações do leste-asiático foram expostas a pelo menos um outro coronavírus no passado.
(C) as populações europeias são as mais resistentes ao vírus.
(D) no futuro, ocorrerão provavelmente outras epidemias virais.
8. As afirmações I a III dizem respeito aos dados da figura 1.
I – Os genes que interagem com coronavírus representados na figura localizam-se exclusivamente em autossomas.
II – A adaptação em genes relacionados com coronavírus nas populações asiáticas é cerca de quatro vezes superior ao esperado.
III – De acordo com os dados, no passado, a frequência de pandemias causadas por coronavírus era superior à atualidade.
Selecione a opção que permite classificar corretamente as afirmações.
(A) II é verdadeira; I e III são falsas.
(B) I e III são verdadeiras; II é falsa.
(C) I e II são verdadeiras; III é falsa.
(D) III é verdadeira; I e II são falsas.
9. Calcule a duração aproximada de cada geração, tendo em conta os dados do documento e sabendo que a epidemia viral
detetada por análise dos loci equivale ao período de 900 gerações.
10. A equipa de investigação detetou, nas populações da China, Japão e Coreia, uma maior frequência de variantes genéticas
associadas à produção de 42 proteínas de entre as 420 que se sabe interagirem com coronavírus, comparando com populações
europeias e africanas. Mas mostra-se cautelosa, no entanto, relativamente à descoberta de provas da existência de maior resistência
da população do leste da Ásia ao SARS-CoV-2. Os vírus de RNA, como os coronavírus, apresentam elevadas taxas de mutação e
normalmente não possuem mecanismos de reparação.
Justifique a cautela da equipa em admitir uma maior resistência de determinadas populações ao SARS-CoV-2, tendo em conta as
mutações dos vírus.
Grupo II
A mortalidade em ratinhos de laboratório, antes da idade de desmame, é, por regra, elevada e apresenta grande variabilidade com
diversos fatores. Um valor médio hipotético de 15% na mortalidade para as várias estirpes utilizadas em testes científicos implica a
criação de mais de 1 000 000 de crias, todos os anos e apenas nos países da União Europeia (UE), para compensar as crias que
morrem antes de serem utilizadas para fins científicos. Estes valores acarretam graves problemas na criação de ratinhos em
laboratórios académicos e industriais em todo o mundo, quer de natureza económica (gastos de 5 a 8 milhões de euros anuais), quer
de bem-estar animal. Estudos prévios indicam mortalidades entre 10% e 49% para a estirpe de ratinhos designada C57BL/6, uma das
mais utilizadas na investigação científica a nível mundial. Um grupo de investigadores realizou um estudo para determinar alguns
fatores de risco associados à mortalidade pré-desmame em ratinhos de laboratório. Foram analisados registos históricos de 34 949
ninhadas, num total de 219 975 crias da estirpe C57BL/6, em duas instituições no Reino Unido, designadas C1 e C2.
Num estudo prévio com ratinhos C57BL/6 colocados em instalações com 3 indivíduos em que estavam presentes ratinhos de
ninhadas anteriores, foram observadas 2,3 vezes mais mortes de todos os ratinhos de uma ninhada, comparando com a mortalidade
em instalações em que não estavam presentes ratinhos de ninhadas anteriores. Assim, procurou-se estudar a relação entre o risco de
morte de um ratinho recém-nascido e três fatores: (1) a sobreposição de ninhadas (presença de ratinhos de ninhadas anteriores
aquando do nascimento de uma nova ninhada), (2) o número de crias nascidas na mesma ninhada e (3) a idade da progenitora.
Colocou-se a hipótese da mortalidade das crias aumentar na razão direta com estes fatores.
Nas figuras 1 e 2 estão representados alguns dos resultados obtidos nesta investigação.
Probabilidade de morte (%)
SEM SEM
Probabilidade de morte das crias (%)
COM COM
Figura 1 Probabilidade de morte das crias em instalações Figura 2 Percentagem de morte por intervalos de mortalidade
SEM ou COM sobreposição de ninhadas. Instituição C1 - (0%, 1-99% e 100%), em instalações SEM e COM
gráfico (A); Instituição C2 - gráfico (B). sobreposição de ninhadas. Instituição C1 - gráfico (C);
Instituição C2 - gráfico (D).
7. Uma característica que permite classificar uma célula, de forma inequívoca, como célula eucariótica vegetal é a
(A) existência de um núcleo organizado.
(B) existência de citoplasma, membrana celular e ribossomas.
(C) ausência de mitocôndrias e existência de cloroplastos.
(D) existência de uma parede celular celulósica.
9. Explique em que medida os resultados expressos nas figuras 1A e 1B apoiam, em parte, a hipótese colocada no início do estudo.
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10. As afirmações de I a III dizem respeito a dados do texto e das figuras 1 e 2.
I - Na instituição C2, a probabilidade de toda a ninhada morrer é superior à instituição C1, quer haja ou não sobreposição de
ninhadas.
II - A variável dependente na figura 1 é a probabilidade de morte das crias.
III - A sobreposição de ninhadas parece aumentar a probabilidade de morte de ninhadas completas, independentemente da
instituição.
11. Ordene as afirmações identificadas pelas letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência de etapas envolvidas na
disponibilização de energia em células do ratinho.
A. Os eletrões fluem ao longo de um conjunto de proteínas, com fosforilação de ADP em ATP.
B. Formação de dióxido de carbono por reações de descarboxilação, na matriz mitocondrial.
C. Trocas de oxigénio entre o sangue e a linfa intersticial nos capilares tecidulares.
D. Ligação do oxigénio à hemoglobina, nos capilares pulmonares.
E. Oxidação de NADPH e FADH2 nas cristas mitocondriais. D-C-B-E-A
Grupo III
Efeitos de erros de síntese proteica no desenvolvimento do peixe-zebra
O stresse proteotóxico nas células, resultante da acumulação de proteínas com enovelamento errado, é responsável pela degeneração
celular frequentemente associada ao envelhecimento e a doenças degenerativas, como a doença de Alzheimer.
Para clarificar como é que o stresse proteotóxico contribui para a degeneração celular, foram utilizados embriões de peixes-zebra
transgénicos que expressam genes de RNA de transferência (tRNA) mutantes em todas as suas células e tecidos. Os tRNA, com
mutações no seu anticodão, introduzem erradamente o aminoácido serina quando reconhecem o codão do aminoácido leucina (CUG),
contribuindo para a síntese de proteínas defeituosas e, consequentemente, para a indução de stresse proteotóxico. O peixe-zebra
apresenta alta fecundidade, isto é, produz um elevado número de gâmetas, o que permite a obtenção de muitos descendentes,
reprodução e desenvolvimento rápidos, e o seu genoma possui cerca de 70% dos seus genes com respetivo equivalente no genoma
humano. A transparência dos embriões deste peixe permite o fácil acompanhamento do seu desenvolvimento.
Foram usadas duas linhagens de peixes-zebra, criadas no laboratório em diferentes aquários sujeitos a limpeza frequente, a
temperatura constante de 28° C e a um ciclo de 14 h de luz / 10 h de escuridão: a primeira linhagem contém apenas peixes não sujeitos
a mutações no tRNA; na segunda linhagem, os peixes apresentam uma mutação no anticodão do tRNA para a serina, permitindo a
ligação deste anticodão ao codão de leucina (Ser-tRNALeu). No
anticodão Ser-tRNALeu, o anticodão CGA de serina foi
substituído pelo anticodão CAG de leucina, resultando na
inserção de serina no polipéptido, ao emparelhar o anticodão
mutado num codão de leucina (Fig. 1). Este facto leva à
síntese de proteínas anómalas. Enquanto o aminoácido serina
é polar e hidrofílico, encontrando-se na superfície proteica, o
aminoácido leucina é apolar e hidrofóbico, localizando-se no
centro das proteínas hidrofóbicas, diferença que, aquando da
errada incorporação, interfere no respetivo processo de
enovelamento
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Fig. 2 Células mortas em embriões Fig. 3 Malformações fenotípicas Fig. 4 Proteínas marcadas com
de duas linhagens de peixes-zebra, em duas linhagens de peixes-zebra, 5 ubiquitina em duas linhagens
24 horas após a fertilização. dias após a fertilização. de peixes-zebra, 5 dias após
A morte celular no controlo a fertilização
corresponde a 100%.
Adaptado de ria.ua.pt/handle/10773/14106 (consultado em 12/10/2021)
1. O objetivo do estudo foi
(A) avaliar a importância da temperatura no surgimento de mutações génicas no peixe-zebra.
(B) determinar os efeitos de erros de replicação no desenvolvimento do peixe-zebra.
(C) determinar os efeitos de erros de tradução no desenvolvimento do peixe-zebra.
(D) avaliar a importância da luminosidade na ativação de mecanismos de proteção celular.
3. De entre as afirmações seguintes, relacionadas com os resultados experimentais, selecione as três que são verdadeiras.
I. A sequência de aminoácidos de uma proteína determina a sua função, mas nunca a sua forma.
II. O aumento de células mortas nos embriões que contêm o Ser-tRNACAGLEU foi de cerca de 63% em relação ao controlo.
III. É possível que a taxa de morte celular nos peixes com tRNA mutantes resulte da acumulação de proteínas com enovelamento
errado.
IV. Não existe uma relação entre o stresse proteotóxico e o desenvolvimento ósseo dos peixes.
V. A acumulação de proteínas disfuncionais no retículo endoplasmático ativa mecanismos de proteção celular.
5. Atendendo ao objetivo do estudo, a mutação que permite a ligação do Ser-tRNA ao codão codificante de leucina
(CUG) foi necessária porque
(A) no peixe-zebra, o codão CUG não codifica nenhum aminoácido.
(B) nos peixes não mutantes, o Ser-tRNA apresenta o anticodão complementar do codão CUG.
(C) o codão CUG codifica vários aminoácidos.
(D) ao codão CUG apenas corresponde um anticodão e um aminoácido.
6. Neste estudo foram utilizados peixes-zebra que expressam genes de tRNA mutantes em todas as suas células e
tecidos. Tal justifica-se porque a mutação foi incorporada no ____ de células embrionárias de peixe-zebra que, antes
da divisão celular, promovem a _____, possibilitando a transmissão da mutação a todas as células do organismo.
(A) DNA … replicação semiconservativa
(B) mRNA … transcrição
(C) DNA … transcrição
(D) mRNA … replicação semiconservativa
7. Considere a sequência dos aminoácidos 21 a 24 do peptídeo β-amiloide encontrado em aglomerados proteicos, em
consequência de stresse proteotóxico nas células cerebrais de doentes de Alzheimer, e resultante da clivagem
anormal da proteína β-amiloide:
… – Ala21 – Glu22 – Asp23 – Val24 – …
Fonte: www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16186/16186_2.PDF (consultado em 12/10/2021)
7.1 Selecione a opção que avalia corretamente as afirmações.
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I. O ácido nucleico que contém o gene da proteína β-amiloide apresenta ribose.
II. A síntese da proteína β-amiloide implica a remoção de intrões.
III. A tradução da sequência dos codões que codifica a proteína β-amiloide implica a formação de ligações
peptídicas, com consumo de ATP.
(A) II é verdadeira; I e III são falsas. (C) II e III são verdadeiras; I é falsa.
(B) III é verdadeira; I e II são falsas. (D) I e II são verdadeiras; III é falsa.
8. Explique em que medida os resultados do estudo permitem verificar a importância do papel das ubiquitinas no controlo dos efeitos
do stresse proteotóxico associado a doenças neurodegenerativas e ao envelhecimento.