Diss MTSM
Diss MTSM
Diss MTSM
São Carlos
2016
1
Melina Thaís da Silva Mendes
São Carlos
2016
2
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária UFSCar
Processamento Técnico
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
5
AGRADECIMENTOS
Esta é sem dúvida a parte mais difícil de todo meu trabalho. Não pelo fato de não ser grata,
mas, sim, por ter gratidão demasiada. Antecipo minhas desculpas, caso não cite o nome de
alguém, mas quero dizer que todos os envolvidos direta ou indiretamente para a realização
desse trabalho sempre terão minha gratidão.
Agradeço, primeiramente, a Deus por guiar o meu caminho, proporcionando várias
aprendizagens e por ter colocado as pessoas certas na minha vida.
Aos meus pais, pelo dom da vida, exemplo de perseverança e honestidade. Obrigada pela
educação, cobranças e incentivos. A vocês devo a formação de uma mulher de caráter, forte,
confiante e que jamais desiste de seus sonhos.
As minhas queridas irmãs, Danielle e Aline. Dani, você sempre será meu exemplo de
profissionalismo e dedicação. Aline (Dilili), mais que uma irmã, você sempre foi minha amiga
e companheira. Obrigada por tudo, mas, especialmente, por ter me ensinado encarar a vida
com leveza e alegria.
Ao meu príncipe e amado filho. Você apareceu de repente em minha vida e tudo foi
transformado. Hoje compreendo os propósitos de Deus e sua vinda foi mais do que um
presente, pois sem você jamais teria trilhado meu caminho até aqui. Você é minha inspiração e
garra para que eu acorde todos os dias e vá a luta. Desculpas pela ausência e obrigada pela
compreensão. Eu te amo incondicionalmente.
Um agradecimento em especial ao meu marido, Fernando! Agradeço toda paciência, amor e
ajuda. Seu companheirismo e amor foram fundamentais para essa conquista.
A minha sobrinha e princesa, Alice. Sua doçura, delicadeza e inocência de criança me
acalmaram e me fizeram rir em momentos de tensão e nervosismo.
Ao Grupo de Estudos, Educação Especial – Contextos de Formação e Práticas Pedagógicas
(UNESP/Araraquara), em especial, as professoras: Dra. Maria Julia e Dra. Relma. Vocês
sempre estarão em meu coração e são amigos mais que especiais.
A Minha comadre Suzana, obrigada pelos conselhos e amizade que me fortaleceram a buscar
meus sonhos.
Aos meus colegas e professores do Programa de Pós-Graduação da UFSCar. Em especial, a
minha amiga Keisyane. Um amigo de verdade não se constrói nos melhores momentos, sou
muito grata por estar comigo nessa caminhada e se hoje estou aqui, boa parte foi pelo seu
incentivo, por não me deixar desistir, me ouvir e sempre disposta a me ajudar. Por fim, e não
6
menos importante, Ana Paula Zerbato, pelo incentivo e por compartilharmos conhecimentos
acerca do ensino colaborativo.
Ao Grupo de Estudos e Pesquisa sobre a Escolarização da Pessoa com Deficiência (GEPEPD)
e a Profa. Dra. Juliane Aparecida de Paula Perez Campos, agradeço pela partilha de saberes
que muito contribuíram para essa pesquisa.
A minha orientadora Profa. Dra. Márcia Duarte Galvani, pela orientação, paciência, dedicação
e ensinamentos que foram fundamentais para construção desse trabalho. Obrigada por sonhar,
me incentivar, trilhar meu caminho e vibrar a cada conquista junto comigo.
Às professoras da Banca Examinadora, Dra. Enicéia Gonçalves Mendes e Dra. Anna Augusta
Sampaio de Oliveira, a qual tenho admiração e agradeço as contribuições e ensinamentos para
melhoria do meu trabalho.
Agradeço ao Departamento de Educação e Cultura de Ibaté, em especial a Andréia Adriana
Vieira Cintra e Flaviana Mendonça, pela compreensão e toda ajuda para que eu continuasse
com meus estudos. Minha eterna parceira Andréia Ondina, obrigada pelos seus ensinamentos
e amizade. Aos meus colegas de trabalho que vibraram e torceram por mim e meus alunos
pelos ensinamentos constantes de cada dia.
À Daniela (Branca), Gabi e Thaís (Tata) pelas correções e ajuda no português e inglês.
Às profissionais participantes desta pesquisa, Regina e Estela, todo o meu sincero
agradecimento pelo acolhimento e compromisso para com este estudo. Sem dúvida, vocês
proporcionaram muitos ensinamentos e experiências que serão levadas comigo.
Por último, agradeço à Secretaria Municipal de Educação de São Carlos por autorizar e
permitir que essa pesquisa acontecesse.
Muito Obrigada!
7
Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma
substitui outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos
deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam
muito, mas há os que não levam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, e a
prova de que duas almas não se encontram ao acaso.
Antoine de Saint-Exupéry
8
MENDES, Melina Thaís da Silva. Ensino colaborativo na educação infantil para
favorecer o desenvolvimento da criança com deficiência intelectual. . 2016. 167 f.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação Especial. Universidade
Federal de São Carlos, São Carlos, 2016.
RESUMO
A inclusão escolar não se configura apenas pela matrícula da criança com deficiência
intelectual na rede regular de ensino, mas sim pela permanência e a garantia de uma
escolarização efetiva que deverá acontecer desde a Educação Infantil. Considerando tal
necessidade, a pesquisa teve como objetivo geral descrever e analisar o processo de
intervenção entre o professor de Educação Infantil da classe comum e o professor de
Educação Especial, com vistas a formação baseada no ensino colaborativo e na adaptação de
atividade. Os objetivos específicos foram: a) analisar o conhecimento do professor de
Educação Infantil do ensino comum e o professor de Educação Especial antes e depois da
formação sobre o ensino colaborativo e adaptação de atividades; b) descrever e analisar como
o professor de Educação Infantil do ensino comum e o professor de Educação Especial
desenvolveram a prática pedagógica com a criança com deficiência intelectual; c) descrever o
processo de intervenção com adaptação de atividades para criança com deficiência intelectual
com vistas a favorecer a aprendizagem; d) descrever e analisar os limites e possibilidades da
proposta colaborativa na visão do professor de Educação Infantil do ensino comum e do
professor de Educação Especial. Participaram da pesquisa uma professora da Educação
Especial que atuava na proposta colaborativa e uma professora da sala comum da fase 6 da
Educação Infantil que tinha matriculado em sua sala uma criança com deficiência intelectual.
Sob a abordagem qualitativa, a pesquisa caracterizou-se como uma pesquisa colaborativa que
visa contribuir para formação continuada dos professores, reflexões das práticas pedagógicas
e produção do co-conhecimento. Para isto, foram realizadas 11 reuniões com as professoras e
pesquisadora. Para coleta de dados foram utilizados cinco instrumentos: roteiro de entrevista
semiestruturada inicial, roteiro de observações, roteiro das reuniões, diário de campo e roteiro
de entrevista semiestruturada final. Os dados foram analisados por meio de elaboração de
categorias, contando com apreciação de três juízes, tendo em vista a fidedignidade da análise
realizada. A forma de tratamento dos dados foi feita de qualitativa por meio de categorias
temáticas. Os resultados revelaram a necessidade de maiores informações sobre as temáticas
de coensino e adaptação de atividades, por parte das professoras, para difusão e realização na
prática. O uso de práticas pedagógicas que considerem as características e maneiras de acesso
ao conhecimento da criança com deficiência intelectual e a reflexão constante das mesmas. A
importância e a necessidade do planejamento feito pelo professor da sala comum e
especialista. A necessidade de uma estruturação e regulamentação do coensino no município
estudado. Evidenciaram-se também que o ensino colaborativo e adaptação contribuem para a
melhora da participação e permanência nas atividades, favorecendo o desenvolvimento da
criança com deficiência intelectual na Educação Infantil.
9
MENDES, Melina Thaís da Silva. Collaborative Teaching in early childhood education to
encourage the development of children with intellectual disabilities. 2016. 167 f. Master
Thesis. Graduate Special Education Program. Federal University of São Carlos. São Carlos,
2016.
ABSTRACT
School inclusion is not represented only by the registration of intellectual disabled children,
but their stay and ensuring an effective education that should happen from kindergarten.
Considering this need, the research aimed to describe and analyze the process of intervention
between the professor of Early Childhood Education of the common class and the teacher of
Special Education with a view to training based on collaborative learning and adaptation
activity. The specific objectives were: a) analyze the Child Education teacher knowledge of
common teaching and teacher of Special Education before and after training on collaborative
learning and adaptation activities; b) describe and analyze as teacher of Early Childhood
Education of the common teaching and teacher of Special Education develop teaching
practice with children with intellectual disabilities; c) describe the process of intervention
with children's activities to adapt with intellectual disabilities in order to promote learning; d)
describe and analyze the limits and possibilities of collaborative proposal in kindergarten
teacher's view of the common teaching and teacher of Special Education. The participants
were a teacher of Special Education who served in the collaborative proposal and a common
room teacher of stage 6 of Early Childhood Education who had enrolled in his room a child
with intellectual disabilities. Under the qualitative approach, this research was characterized
as a collaborative research aimed at contributing to ongoing training of teachers, reflections of
teaching practices and production of co-knowledge. For this, there were 11 meetings with
teachers and researcher. For data collection was used five instruments: initial semi-structured
interviews, observations script, script meetings, field diary and semi-structured interview
guide end. Data were analyzed by means of elaboration of categories, with consideration of
three judges, in view of the reliability of the analysis. The treatment of the data was
qualitatively done through thematic categories. The results revealed the need for more
information on the themes of co-teaching and adaptation activities on the part of teachers, for
dissemination and implementation in practice. The use of pedagogical practices that consider
the characteristics and ways of access to the knowledge of the child with intellectual
disabilities and the constant reflection of the same. The importance and necessity of planning
done by the teacher of the common room and expert. The need for structuring and regulation
of co-learning in the city studied. Also show that collaborative learning and adaptation
contribute to the improvement of participation and focus on activities, encouraging the
development of intellectual disabled children in kindergarten.
10
LISTA DE FIGURAS
11
Figura 28 – Exposição Autorretrato - parte I ................................................................ 123
Figura 29 – Exposição Autorretrato - parte II............................................................... 123
12
LISTA DE QUADROS
13
SUMÁRIO
4. MÉTODO ......................................................................................................................... 61
15
APRESENTAÇÃO
16
larguei a instituição especializada para trabalhar integralmente no AEE. Atuei por cinco anos
em uma escola periférica da cidade, realizando atendimentos e aprendendo a cada dia com os
alunos. Posteriormente, passei a atender em uma escola menor e auxiliar os demais
professores na realização dos trabalhos.
Durante esses anos não parei de estudar e buscando mais conhecimentos comecei a
frequentar o Grupo de Estudos: Educação Especial – Contextos de Formação e Práticas
Pedagógicas (UNESP/Araraquara).
Nesse meio tempo, no ano de 2012, por conta de inconstância políticas na cidade onde
trabalhava, dobrei minha jornada de trabalho na cidade de São Carlos, após prestar o processo
seletivo e escolher por atuar no ensino colaborativo na Educação Infantil. Não sabia
absolutamente nada sobre esse novo modelo de serviço e me senti muito perdida sem saber o
que fazer. Encontrei vários desafios e obstáculos no caminho, mas quem não os encontra em
sua jornada? Assim, busquei maiores informações sobre esse modelo e após tentativas, erros e
acertos fui aprendendo, mais uma vez, com a prática qual a melhor forma de atuar. Não posso
deixar de mencionar a ajuda que obtive da professora Ana Paula Zerbato, a quem eu sempre
recorria com minhas dúvidas e que prontamente me ajudava. Após essa experiência, trouxe
para o município que atuava o compartilhamento das novas perspectivas, práticas e
possibilidades de implementação do serviço.
Nesse modelo de serviço de apoio pude perceber melhor como tem ocorrido o
processo de inclusão dos alunos na sala de aula comum e as dificuldades enfrentadas pelos
professores, principalmente em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Nessa
caminhada, aprendi o valor da colaboração entre os professores e como a realização de
adaptações pode oferecer resultados satisfatórios na aprendizagem dos alunos Público Alvo da
Educação Especial- PAEE1. Essa experiência me despertou o desejo e um olhar para pesquisa.
Acredito nas possibilidades de inclusão escolar, acesso curricular, aprendizagem e
permanência desses alunos nas classes comuns de escolas regulares. Resolvi prestar a seleção
de mestrado do programa de Pós-Graduação em Educação Especial com o objetivo de realizar
um estudo entrelaçando as temáticas: ensino colaborativo, adaptação de atividades e práticas
pedagógicas no contexto da Educação Infantil.
1
Será utilizado no texto o termo Público Alvo da Educação Especial (PAEE) em conformidade com a legislação
brasileira que compreende aos alunos com deficiências sensoriais, físicas, intelectual, altas
habilidades/superdotação e transtornos globais do desenvolvimento (BRASIL, 2008).
17
INTRODUÇÃO
19
O Decreto 7.611, de 17 de novembro de 2011 garante um sistema educacional
inclusivo para as crianças PAEE em todos os níveis, sem discriminação e com base na
igualdade de oportunidades (BRASIL, 2011). De acordo com esse decreto, cabe ao Poder
Público e aos seus órgãos assegurar às pessoas com deficiência a produção e a distribuição de
recursos educacionais para a acessibilidade e aprendizagem, incluindo ajudas técnicas que
possibilitam o acesso ao currículo.
As políticas públicas brasileiras contribuíram não somente para a modificação da
Educação Infantil, mas também para a inclusão escolar das crianças com deficiência. A
educação como um direito de todos tem diante de si o desafio de possibilitar o acesso e a
permanência de todos os alunos nas escolas da Educação Infantil. Considerando a importância
da Educação Infantil e o direito de acesso para todas as crianças, alguns estudos têm
demostrado como vem ocorrendo a inclusão escolar nessa etapa escolar.
Diante dos desafios da inclusão Beyer (2006) coloca que:
2
Termo utilizado pela autora em sua pesquisa.
20
informações para efetuar o levantamento dos dados. Em conformidade com os dados, o estudo
identificou 199 crianças com necessidades educacionais especiais em uma população de 9.295
crianças na Educação Infantil, sendo que 47 dessas crianças identificadas pertenciam ao
Público Alvo da Educação Especial e as demais apresentavam problemas de condutas. Os
resultados foram descritos de forma a compreender as concepções sobre as crianças com
necessidades educacionais especiais, educação, infância e práticas pedagógicas. Os resultados
apresentaram ambiguidades dentro da escola acerca do reconhecimento do direito educacional
para necessidades educacionais especiais e descrença na inclusão. Na sala de aula as práticas
foram excludentes e não se enquadravam no que a legislação preconizava. A inclusão ocorria
apenas por meio do acesso físico e se eximiam de rever suas posições e concepções a respeito
da diversidade. Frente a esses resultados, os pesquisadores concluíram que as escolas de
Educação Infantil que promoviam a inserção das crianças com necessidades especiais
demostraram confusões sobre o direito educacional delas e não acreditavam na inclusão. A
inclusão ocorria apenas pelo acesso da matrícula e não eram oferecidas condições necessárias
para as crianças terem acesso à aprendizagem.
Nesta mesma direção, Mendes (2010) investigou a inclusão de alunos com
deficiências e com atraso no desenvolvimento nas creches. O estudo foi realizado em 15
creches pertencentes ao sistema público e mais 5 conveniadas. Os dados indicaram a
importância da inclusão escolar iniciar-se na Educação Infantil e que os apoios de
especialistas deverão ser de forma contínua, sendo que tais profissionais devem receber
formação continuada.
A matrícula da criança PAEE tem sido garantida, porém não são oferecidas práticas
pedagógicas condizentes as necessidades dessas crianças, muitas vezes por falta de formações
dos professores e de maiores apoios dos especialistas.
A inclusão escolar só se torna significativa quando proporciona aprendizagem às
crianças, sendo realizada de modo a atender as particularidades de cada estudante (PLETSCH;
GLAT; FONTES, 2007). O acesso tem sido garantido, mas a permanência dessas crianças é
algo ainda a ser conquistado (MENDES, 2006).
De acordo com Mendes, Almeida e Toyoda (2011), a literatura sobre a educação
inclusiva aponta várias estratégias para que sejam diminuídas as barreiras da aprendizagem,
dentre várias destacadas pelas autoras supracitadas, a principal seria o trabalho em equipes
formadas por grupos de pessoas com os mesmos objetivos. Conforme aponta Capellini
(2004), estudos revelam que a parceria entre o professor da Educação Especial e do ensino
21
regular em trabalho de colaboração apresenta-se como estratégia eficaz para inclusão das
crianças PAEE. Ainda, Mendes (2006b), também, afirma que o trabalho colaborativo é
promissor para inclusão escolar e para o desenvolvimento profissional dos educadores.
O ensino colaborativo é definido como parceria entre o professor da Educação
Especial e professor do ensino regular, atuando juntos em sala de aula com a divisão de
responsabilidades e objetivos para aprendizagem da criança ou grupo heterogêneo
(MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011). Nesse sentido, no trabalho colaborativo, vários
professores com formações diferentes dividem a responsabilidade para aprendizagem da
criança, enriquecendo a atuação pedagógica (RABELO, 2012).
A inclusão não se configura apenas pela matrícula das crianças PAEE, mas sim pela
sua permanência no espaço escolar, acesso e assimilação das atividades escolares. Assim, há
um direcionamento para as modificações de organizações práticas e técnicas escolares que
levem em consideração as características peculiares de cada criança, sendo que para tal
acontecimento é necessário rever práticas e concepções que valorizem e respeitem as
diferenças (BRASIL, 2006a).
Na perspectiva da inclusão, as escolas deverão realizar as modificações necessárias
para receberem todas as crianças. As crianças não deverão ser excluídas de frequentarem as
escolas regulares ou mesmo dentro das salas de aula. As escolas inclusivas deverão oferecer
uma educação de qualidade, currículos, estratégias, recursos e parcerias apropriadas às
particularidades de cada criança (VELTRONE; MENDES, 2007).
Desta forma, a educação inclusiva tem se tornado um desafio, uma vez que deve
oferecer apoio para a aprendizagem das crianças com deficiência, principalmente para o
acesso curricular. Este constitui-se como uma barreira, uma vez que a maioria dos professores
desconhece como realizar esse trabalho.
Os suportes e serviços previstos em lei regulamentam a prática para inclusão da
criança em rede de ensino comum. Contudo, verifica-se que muitas propostas legais ainda são
desafios para inclusão escolar da criança com deficiência intelectual. De acordo com Brasil
(2007a), essas crianças têm um modo peculiar de aprendizagem, não seguindo aos ideais
padronizados.
Assim, o maior desafio para os sistemas escolares está na forma de construção dos
conhecimentos escolares para esses estudantes. De acordo com Oliveira (2008a), as crianças
com deficiência intelectual necessitam de estratégias específicas para o acesso à
aprendizagem.
22
As propostas da inclusão escolar somente serão alcançadas se o currículo e as práticas
pedagógicas considerarem as especificidades de cada criança e não se restringirem ao padrão
homogêneo, predominante na maioria dos espaços escolares (GLAT; PLETSCH, 2011).
Há ainda estudos que têm demonstrado como vem ocorrendo as práticas pedagógicas
com as crianças com deficiência intelectual (PLETSCH, 2009; FERNANDES, 2011).
Pletsch (2009) analisou as práticas curriculares dirigidas ao processo de ensino e
aprendizagem de quatro alunos com deficiência intelectual matriculados em duas escolas
públicas municipais do Rio de Janeiro. O estudo caracterizou-se com pesquisa qualitativa de
cunho etnográfico. Os instrumentos utilizados foram: análise documental, coleta dos dados de
observação participante, microanálise e entrevistas abertas e semiestruturada. Para análise dos
dados foi utilizada análise do conteúdo. Os resultados do estudo apontaram complexidade do
processo de inclusão vivido nas e pelas escolas, particularmente no âmbito das práticas
curriculares dirigidas para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência
intelectual. Durante o estudo, o processo de leitura e escrita dos alunos com deficiência
intelectual foi apontado pelos professores como maior preocupação. Em relação às práticas
observadas, Pletsch (2009) mostra que o maior desafio é a falta de conhecimento dos
professores e a necessidade de modificações das práticas por meio de metodologias e
processos educacionais diferenciados, oportunizando acesso educacional e qualidade dos
programas educacionais públicos destinados aos alunos com deficiência intelectual.
Fernandes (2011) investigou como aconteciam as práticas pedagógicas de uma
professora da Educação Infantil, identificando as suas dificuldades e potencialidades diante da
inclusão escolar. O estudo caracterizou-se como estudo de caso em uma escola da rede
municipal de Fortaleza. Os procedimentos metodológicos foram a entrevista semiestruturada,
observações da sala de aula e a aplicação da Escala de Avaliação de Ambientes de Educação
Infantil (ECERS-R). Como resultado, o estudo apontou que a professora acolhia suas crianças
com deficiência de modo a não segregá-las, entretanto, a professora pouco encorajava
atividades em pequenos grupos, nos quais as próprias crianças poderiam desenvolver
estratégias para a aceitação e acolhimento das diferenças entre eles. Suas aulas repetiam uma
rotina que não permitiam uma contextualização das atividades, visto que as mesmas não
estavam integradas numa sequência didática que estivesse vinculada a um planejamento.
Os estudos sinalizaram a dificuldade dos professores em lidar com crianças com
deficiência intelectual e o uso de práticas pedagógicas que atendam às necessidades delas
(PLETSCH, 2009; FERNANDES, 2011).
23
Desta forma, os resultados dos estudos descritos anteriormente, apontam sobre a
importância da Educação Infantil para o desenvolvimento da criança e a necessidade de
práticas condizentes com as necessidades das crianças com deficiência intelectual.
Desse modo, podem-se levantar alguns questionamentos: Qual o conhecimento do
professor da Educação Infantil e do professor da Educação Especial sobre o ensino
colaborativo e adaptação de atividades? Quais os limites e possibilidades de uma intervenção
com vistas a formação baseada no ensino colaborativo e adaptação de atividade? Quais as
ações colaborativas existentes na sala comum e quais as práticas pedagógicas utilizadas com a
criança com deficiência intelectual? Quais os limites e possibilidades, na visão dos
professores, para trabalharem na proposta de ensino colaborativo?
Assim, torna-se importante investigar se a proposta de trabalho colaborativo entre o
professor do ensino regular da Educação Especial vem sendo eficaz, de forma a permitir o
acesso ao conhecimento escolar de crianças com deficiência intelectual. Desta forma, a
pesquisa teve como objetivo geral: descrever e analisar o processo de uma intervenção entre o
professor de Educação Infantil da classe comum e o professor de Educação Especial com
vistas à formação baseada no ensino colaborativo e adaptação de atividade. Diante disso, os
objetivos específicos foram: a) analisar o conhecimento do professor de Educação Infantil do
ensino comum e o professor de Educação Especial antes e depois da formação sobre o ensino
colaborativo e adaptação de atividades; b) descrever e analisar como o professor de Educação
Infantil do ensino comum e o professor de Educação Especial desenvolvem a prática
pedagógica com a criança com deficiência intelectual; c) descrever o processo de intervenção
com adaptação de atividades para criança com deficiência intelectual com vistas a favorecer a
aprendizagem; d) descrever e analisar os limites e possibilidades da proposta colaborativa na
visão do professor de Educação Infantil do ensino comum e o professor de Educação
Especial.
Para atingir os objetivos propostos, a presente dissertação foi organizada em cinco
capítulos. O primeiro capítulo aborda a questão da legislação da Educação Infantil e suas
orientações pedagógicas no cenário educacional brasileiro, bem como a Educação Infantil no
município que ocorreu o estudo e a inclusão escolar da criança com deficiência na Educação
Infantil. No segundo capítulo discute-se sobre o ensino colaborativo. O terceiro capítulo
centra-se nas práticas pedagógicas frente à inclusão escolar da criança com deficiência
intelectual. O quarto capítulo contempla todos os dados referentes ao percurso metodológico
24
da pesquisa. O quinto capítulo apresenta os resultados e discussões do estudo e, por fim,
apresentam-se as considerações finais.
25
1. EDUCAÇÃO INFANTIL
26
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade” (BRASIL,
1990, p.1).
No entanto, demorou alguns anos para promulgação da LDB(BRASIL, 1996) no qual
reconheceu a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica previsto no artigo
29:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade
(BRASIL, 1996, p. 12).
27
afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das crianças [...]” (BRASIL, 2013,
p. 86). Desta forma, o currículo deve considerar as particularidades da criança e se basear no
desenvolvimento das práticas, demonstrando uma construção curricular flexível e
contextualizada com o desenvolvimento e cotidiano da Educação Infantil.
Em conformidade com as DCNEIs, as práticas pedagógicas da Educação Infantil
devem estar articuladas com os eixos norteadores das interações e com a brincadeira
proporcionando, dessa forma, vivencias que promovam o conhecimento de si e do mundo,
favorecimento com imersão as diferentes linguagens, incentivo à autonomia, atividades
coletivas e individuais, vivencia éticas e estéticas com outras crianças, incentivo a
curiosidade, contato e relacionamento com diversas formas de cultura, conhecimento e
cuidado da natureza. Além disso, o cuidar e educar deverão estar indissociáveis, pois “educar
cuidando inclui acolher, garantir a segurança, mas também alimentar a curiosidade, a
ludicidade e a expressividade infantis” (BRASIL, 2013, p.10).
Com o objetivo de buscar melhorias educacionais e aplicação de recursos financeiros,
em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE) que estabeleceu metas para
todos os níveis de ensino. Os objetivos e prioridades do PNE (2001), sancionado por meio da
Lei nº 10.172/2001, eram: elevação global do nível da escolaridade da população; melhoria da
qualidade do ensino em todos os níveis; redução das desigualdades sociais e regionais no
tocante ao acesso e permanência na escola; e democratização da gestão do ensino público
(BRASIL, 2001b).
Partindo das políticas já existentes no ano de 2006, o MEC definiu a Política Nacional
da Educação Infantil com diretrizes, objetivos, metas, estratégias e recomendações para esse
nível de ensino. Dentre as recomendações propostas no documento destaca-se em relação à
prática pedagógica que considera:
[...] os saberes produzidos no cotidiano por todos os sujeitos envolvidos no
processo: crianças, professores, pais, comunidade e outros profissionais; Estados e
municípios elaborem ou adéquem seus planos de educação em consonância com a
Política Nacional de Educação Infantil; as instituições de educação infantil
ofereçam, no mínimo, quatro horas diárias de atendimento educacional, ampliando
progressivamente para tempo integral, considerando a demanda real e as
características da comunidade atendida nos seus aspectos socioeconômicos e
culturais [...] (BRASIL, 2006c, p. 26).
28
responsabilidades e participassem ativamente das políticas públicas que envolviam essa
temática.
No que concerne ao debate acerca da qualidade na Educação Infantil, o Ministério da
Educação publicou, o documento Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação
Infantil (2006b), em dois volumes, que tinham por objetivo estabelecer referências de
qualidade para esta etapa da educação básica (BRASIL, 2006b). O documento universalizou a
qualidade da Educação Infantil e sinalizaram áreas para serem desenvolvidas pelas crianças
de ordem física, cognitiva, ética, estética, afetiva, de relação interpessoal, de inserção social e
fornecendo assim, os campos de ação para os professores (BRASIL, 2006b).
Ainda nesse mesmo ano, foi aprovada a Lei no 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, que
alterou a redação da Lei no 9.394 em relação à abrangência do Ensino Fundamental que
passou a ser iniciado aos 6 (seis) anos de idade e os municípios teriam até 2010 para se
adequarem (BRASIL, 2006d). Assim, houve uma diminuição do tempo de permanência das
crianças na Educação Infantil que teriam que frequentar o primeiro ano do Ensino
Fundamental com 6 (seis) anos de idade.
Frente às mudanças no ensino, um dos principais questionamentos se referia à questão
pedagógica assim, foi lançado o Parecer CNE/CEB nº 4, aprovado em 20/02/2008, orientando
sobre os três anos iniciais do ensino fundamental de nove anos esclarecendo que esses anos
deverão: reafirmar a criação de um novo ensino fundamental com matrícula obrigatória aos
seis anos a ser adotado por todos os sistemas de ensino até o ano de 2010; estabelecer o “ciclo
da infância” com três anos de duração, sendo o 1º ano parte integrante do mesmo, ratificando
que este é um período dedicado à alfabetização e ao letramento, ao desenvolvimento das
diversas expressões e ao aprendizado das áreas de conhecimento (BRASIL, 2008b).
Conforme Didonet (2003) a aprovação da Lei nº 11.274 reafirmou a falta de
preocupação e importância oferecida para Educação Infantil. Nesta etapa, a criança precisa de
estímulos sociais, cognitivos e afetivos para a construção de valores, da autoimagem, da
socialização e das condições de aprendizagem. A Educação Infantil preconiza o
desenvolvimento primordial e essencial para as etapas subsequentes de escolarização.
Abramowicz (2006) questiona em relação ao respeito à infância, valorização da Educação
Infantil, formação de professores, adoção da medida por interesses econômicos e não
pedagógicos e a necessidade de reorganização escolar.
Nesse sentido, a escola de Educação Infantil deverá promover práticas que
proporcionem a experimentação, contrapondo-se a escolas atuais que utilizam métodos
29
homogêneos, baseados na idade cronológica, com tarefas formais e modelos de avaliações
quantitativos e sem valorização das brincadeiras.
Tendo por base os mesmos princípios da ampliação do Ensino Fundamental, em 2013,
foi sancionada a Lei nº 12.796 que alterou a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
estabelecendo, a educação básica como obrigatória para a criança desde quatro até os
dezessete anos, indicando a importância de que elas usufruíssem dos benefícios dessa etapa de
ensino precocemente (BRASIL, 2013).
Diante das modificações instauradas na obrigatoriedade do ensino para crianças da
Educação Infantil a partir dos quatro anos, conforme Vieira (2010), as mudanças são
benéficas no sentido de oferecer acesso escolar, pois a não obrigatoriedade da Educação
Infantil fazia com que muitas crianças não frequentassem a escola. Ainda conforme a autora, a
política é resposta para os desafios de permanência das crianças na escola.
Para Mendes (2010), os primeiros anos de vida de uma criança são cada vez mais
importantes, sendo os três primeiros anos determinantes para o desenvolvimento da
inteligência, da personalidade, da linguagem e da socialização:
Nos primeiros anos de vida, devem ser abertas janelas de oportunidades para que a
criança aprenda determinados tipos de aprendizagem, que se não forem adquiridas
neste período crítico se tornam difíceis , quando não impossíveis, de serem
adquiridas mais tarde [...] (MENDES, 2010, p. 48).
Desta forma, a criança necessita de uma educação que possibilite seu desenvolvimento
e tal educação deverá ser oferecida no seio familiar e na escola, sendo complementares para o
desenvolvimento da criança. Dada à importância da Educação Infantil, se faz necessário que
todas as crianças tenham acesso a esta etapa escolar. Assim sendo, de acordo com as diretrizes
políticas instituídas pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2008), desde a Educação Infantil
a criança com deficiência tem seu direito de acesso, participação e aprendizagem garantidos
em salas de aulas comuns de ensino.
Portanto, a Educação Infantil pode ser compreendida como alicerce da aprendizagem,
pois prepara a criança para a busca do conhecimento e saber. Esta fase tem se revelado como
fase primordial para uma aprendizagem efetiva, desse modo, deverá oferecer acesso e
participação de todos. Diante disso, pode-se afirmar que as políticas públicas brasileiras
contribuíram não somente para a modificação da Educação Infantil, mas também para a
inclusão das crianças com deficiência. A educação como um direito de todos tem diante de si
o desafio de possibilitar o acesso e a permanência de todas as crianças na Educação Infantil.
30
1.2 A Educação Infantil no município de São Carlos
31
É político porque reflete as opções e escolhas de caminhos e prioridades na
formação do cidadão, como membro ativo e transformador da sociedade em que
vive. É pedagógico porque expressa as atividades pedagógicas e didáticas que
norteia e leva a escola a alcançar seus objetivos (LIBÂNEO, 2001, p. 23).
Além de englobar esses aspectos, o PPP deve fomentar a discussão e a reflexão sobre
qual modelo de escola queremos, sendo importante a compreensão de sua globalidade. O PPP
é um instrumento que auxilia no enfrentamento dos desafios da escola de forma reflexiva e
participativa possibilitando uma ação em colaboração dos participes da ação
(VASCONCELOS, 1995). A escola deve observar suas realizações e buscar condições
necessárias para o desenvolvimento de ações planejadas, visando ações em parceria no
sentido de promover a reflexão para o enfrentamento dos desafios no coletivo.
O município tem seguido as orientações federais, principalmente em relação às
Instituições de Educação Infantil que vêm caminhando de forma processual para construção
de uma identidade.
Conforme a resolução do Conselho Municipal da Educação 02/2012, fixou-se as
diretrizes para a autorização de funcionamento e supervisão de instituições de Educação
Infantil no sistema municipal de ensino, sendo a finalidade da Educação Infantil promover o
desenvolvimento integral das crianças em seus “[...] aspectos físicos, afetivos, cógnitos e,
sociais, e culturais, respeitando a expressão e as competências infantis” (SÃO CARLOS,
2012, p. 01). A Educação Infantil tem por objetivo o cuidar e o educar de forma indissociável,
promovendo condições necessárias para promoção do desenvolvimento e bem-estar da
criança em seus aspectos.
Em conformidade ao Censo escolar de 2014, as matrículas das escolas municipais de
São Carlos contavam com um número de 14.396 alunos matriculados, sendo que 8.262
crianças na Educação Infantil, 5.602 no Ensino Fundamental e 532 na Educação de Jovens e
Adultos (EJA), composta pelas seguintes unidades: Oito Unidades de Ensino Fundamental, 46
Unidades de Educação Infantil e duas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) (INEP, 2014).
As matrículas da Educação Infantil, em específico, estão divididas em fases que
compreendem: Fase 1 - para crianças de quatro meses até um ano; Fase 2 - destinada para
crianças de um e dois anos; Fase 3 - são para as crianças de dois e três anos; Fase 4
contempla as crianças de três e quatro anos; Fase 5 - são para crianças de 4 e 5 anos e, por
último, a Fase 6 - para as crianças de cinco e seis anos (SÃO CARLOS, 2012). Em
conformidade com a Lei 11.274, de 06 de fevereiro de 2006, que determinou o ingresso da
criança no Ensino Fundamental aos seis anos, a Educação Infantil do referido município
32
recebe crianças na Fase 6 que estão com cinco anos completos e os que farão seis anos de
idade após 31 de março do ano da matrícula vigente. Desta forma, essa fase abrange, no
município pesquisado, crianças de cinco, em sua maioria, e seis anos.
O Plano Municipal de Educação (PME) para decênio de 2015-2025, Lei no 17.492, de
22 de junho de 2015, iniciou suas discussões no ano de 2014 em Conferência Nacional da
Educação (CONAE/2014). Em consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE), o
PME instituiu 25 metas para o âmbito educacional, além de 67 estratégias a serem cumpridas
nesses anos com objetivo de melhorar e valorizar a qualidade educacional do munícipio. A
primeira meta do plano refere-se ao respeito à infância e à universalização da Educação
Infantil até 2016 para as crianças de quatro até cinco anos e ampliação da oferta das creches,
tendo como meta o atendimento de 50% das crianças de zero até três anos.
No Plano, o currículo na Educação Infantil deverá contemplar as especificidades de
cada fase do desenvolvimento, de 0 a 5 anos, nos aspecto sócio afetivo, psicomotores e
cognitivos por meio de estratégias e formas de aprendizagem que utilizem atividades lúdicas e
brincadeiras que estimulem as habilidades de competência (SÃO CARLOS, 2015).
Ainda nesse mesmo Plano, dentre suas metas, há o provimento de uma educação
voltada para o exercício da cidadania e de contribuição para universalização do atendimento
de crianças com deficiência, Transtorno Global do Desenvolvimento, altas
habilidades/superdotação e garantir o Atendimento Educacional Especializado (AEE) com
qualidade (SÃO CARLOS, 2015).
O setor de Educação Especial do município oferecia, no ano da pesquisa, para as
crianças Público Alvo da Educação Especial (PAEE3) o Atendimento Educacional
Especializado (AEE), atendimento hospitalar domiciliar, quando necessário, e atendimento
em sala de aula na proposta de Ensino Colaborativo em suas escolas municipais. Além desses
serviços, o setor fornecia para as crianças com deficiência visual (DV) e baixa visão um
espaço denominado “Espaço Braile” que disponibilizava equipamentos, materiais, cursos para
alunos e professores específicos da área. Para as crianças com deficiência auditiva (D.A.) e
surdez havia a execução do projeto de Educação Bilíngue e, por fim, um “Centro
Multidisciplinar” no qual são realizados atendimentos e acompanhamentos, em sua maioria,
para crianças com dificuldades escolares por profissionais como: fonoaudiólogos, psicólogos
e psicopedagogos.
3
Conforme a legislação nacional (Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009) Público Alvo da Educação Especial,
compreende: crianças com deficiência, Transtorno Global do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação.
33
Em relação às matrículas dos alunos PAEE na cidade de São Carlos, havia em 2014,
um total de 590 alunos matriculados divididos pelas etapas e segmentos escolares que a rede
municipal de ensino oferecia.
O Quadro1 ilustra o total de alunos PAEE matriculados no município do presente
estudo no ano de 2014.
Quadro 1- Matrículas de alunos PAEE na rede municipal de São Carlos
Creche Pré-escola Ensino Fundamental EJA (Ensino Fundamental 1
(0-3 anos) (4-6 anos) (anos iniciais e finais) e 2)
13 32 128 317
2,6% 6,5% 26,1% 64,6%
Fonte: INEP (2014).
34
Em 2003, o governo federal anunciou a implantação de sistemas educacionais
inclusivos que consistiam em programas para organização de tais sistemas. Um desses
programas, o que tem permanecido e vigorado atualmente em todo território brasileiro, são as
Salas de Recursos Multifuncionais (S.R.M.) que são um espaço prioritário para ação do
professor especializado em Educação Especial e também para o Atendimento Educacional
Especializado (A.E.E.), permitindo, assim, que a criança PAEE frequente a sala de aula
regular (BAPTISTA, 2011).
De acordo com a Política Nacional Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva (2008a) o atendimento educacional especializado,
35
No ano da pesquisa, conforme dados fornecidos pela Secretaria Municipal de
Educação, havia 12 professores que atuavam na modalidade do serviço colaborativo e a carga
horária, em sua maioria, era de 15 horas/semanais. Alguns professores que atuavam na SRM
aditavam essas horas para atuarem no colaborativo em conformidade com a legislação vigente
do município (SÃO CARLOS, 2006). As aulas que sobravam nesse serviço eram destinadas
para professores contratados em caráter temporário. Apesar do modelo de ensino colaborativo
estar previsto na Proposta de Plano Municipal de Educação (2012), essas vagas não são
consideradas permanentes, ocorrendo contratações esporádicas.
O ensino colaborativo é um serviço de apoio, no qual os professores regulares e
especialistas trabalham juntos, partilhando responsabilidades, como planejar, instruir e avaliar
(MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014).
De acordo com Duarte e Manzoli (2009), de forma a garantir que as crianças PAEE
consigam assimilar e compreender os conteúdos escolares, é fundamental estabelecer relação
entre o professor da sala regular e professor da Educação Especial.
Pesquisas norte-americanas têm apontado que o modelo colaborativo favorece a
inclusão escolar de crianças PAEE (MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014). Para
Rabelo (2012), o ensino colaborativo pode trazer benefícios para o ensino-aprendizagem
dessas crianças.
Assim, a inclusão escolar tem sido garantida pela legislação brasileira em muitos
municípios, mas o acesso à aprendizagem são condições a serem conquistadas. A busca por
essas condições tem feito com que alguns municípios busquem outros serviços, como o
ensino colaborativo, que sejam capazes de proporcionarem uma melhora na qualidade do
ensino-aprendizagem no processo de inclusão escolar.
A inclusão não se configura apenas pela matrícula dos alunos com deficiência, mas sua
permanência no espaço escolar e acesso à aprendizagem. Assim, há um direcionamento para
modificações de práticas e técnicas escolares que levem em consideração as características
peculiares de cada aluno.
A história da Educação Especial começou a ser traçada no século XVI e continua a ser
até os dias de hoje. Dentre os marcos mundiais para a proposta da educação inclusiva, pode-se
citar a Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos realizada em 1990 na cidade de
36
Jomtien/Tailândia. Tal evento, organizado pela UNESCO4, reuniu representantes de 150
países resultando na elaboração de documentos sobre definições e abordagens de
aprendizagens com o compromisso de garantir conhecimentos básicos para as pessoas. No
bojo do movimento inclusivo, outro marco foi a Conferência Mundial sobre Necessidades
Educacionais Especiais: acesso e qualidade, realizada em 1994, pelo governo da Espanha,
resultando na Declaração de Salamanca. A Declaração de Salamanca (1994) marcou o início
da trajetória do movimento inclusivo e explicitou um compromisso internacional com o
direito de todas as crianças à educação. Nela é defendida a ideia de que todas as crianças,
sempre que possível, devem aprender juntas, independentemente de suas dificuldades e
diferenças. Assim, “as escolas devem se ajustar a todas as crianças, independente de suas
condições físicas, sociais, linguísticas e outras” (BRASIL, 1994a, p.6), a fim de promover
acesso à educação. Desse modo, a Declaração de Salamanca assinalou um novo pensar sobre
a aprendizagem da pessoa com deficiência no âmbito internacional e nacional.
No Brasil, a partir da Declaração de Salamanca, outros documentos foram
oficializados, direcionando e modificando a Educação Especial em âmbito nacional. Dentre
esses documentos pode-se citar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº
9.394/96, a Resolução CNE/CEB nº 2/01 que instituiu Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica, o Decreto nº 6.094/07 que dispôs sobre a implementação do
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, a Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva em 2008, a Resolução CNE/CEB nº 4/09 que
institui diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação
Básica modalidade Educação Especial e o Decreto nº 7.611/11 que dispôs sobre a Educação
Especial e o Atendimento Educacional Especializado.
Sob a égide da garantia do direito à igualdade e à equidade de oportunidades, a
inclusão escolar não deveria se restringir a matrícula, mas deveria promover a aprendizagem
de todos nas classes comuns de ensino. Desta forma, os sistemas escolares devem matricular
todas as crianças, cabendo às escolas se organizarem para assegurar às crianças PAEE
educação de qualidade (BRASIL, 2008a).
A inclusão escolar tem se pautado no princípio de uma educação de qualidade para
todos e como solução para a exclusão educacional (AINSCOW; FERREIRA, 2003).
Entretanto, sua concretização envolve propor ações que garantam o acesso, a permanência e a
apropriação de conhecimento para as crianças com deficiência no ensino regular.
4
UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura foi fundada em 16 de
novembro de 1945.
37
Se realmente desejamos uma sociedade justa e igualitária, em que todas as pessoas
tenham valor igual e direitos iguais, precisamos reavaliar a maneira como operamos
em nossas escolas, para proporcionar aos alunos com deficiências as oportunidades e
as habilidades para participar da nova sociedade que está surgindo
(KARAGIANNIS; STAINBACK; STAINBACK, 1999, p.29).
Destarte, a proposta de inclusão escolar vai além do acesso escolar, as escolas devem
responder as necessidades de suas crianças, considerando a heterogeneidade de estilos e
ritmos de aprendizagem. Para tanto, é preciso uma estrutura de organização que vai além do
professor, com serviços de apoio para que o processo de inclusão se concretize de fato
(DUARTE, 2008).
No âmbito educacional, em conformidade com a legislação brasileira, a inclusão
escolar deverá ocorrer desde a primeira etapa da educação básica. A Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDBEN), artigo 58, Seção II, reconhece a Educação Especial como
modalidade de educação escolar oferecida para o PAEE e deve ser oferecida desde a
Educação Infantil (BRASIL, 1996).
Após a promulgação da LDB e dos movimentos internacionais intensificou-se no país
a defesa dos direitos educacionais para todas as pessoas, sem restrições. Diante dessa nova
movimentação, o Ministério da Educação elaborou o Referencial Curricular para a Educação
Infantil – Estratégias e Orientações para a Educação de Crianças com Necessidades
Educacionais Especiais que apresenta como objetivo subsidiar a realização do trabalho
educativo junto às crianças pertencentes ao PAEE, na faixa etária de zero a seis anos. O
Referencial é um guia de ação educativa para os professores que atuam juntamente às crianças
com deficiência e deverão respeitar as especificidades de cada criança, bem como a
diversidade (BRASIL, 2000).
Concebendo a educação e cuidados da criança como fundamental para o
desenvolvimento global e os desafios enfrentados pelos sistemas de ensino frente à
organização de práticas pedagógicas para inclusão escolar, em 2006, o Ministério da
Educação lançou a Coleção Saberes e Práticas da Inclusão– Educação Infantil com temas
específicos sobre o atendimento às crianças PAEE direcionada para Educação Infantil. A
coleção conta com oito volumes organizados para o desenvolvimento de práticas pedagógicas
e é dividida por deficiências (BRASIL, 2006a).
É importante que os documentos não sejam meramente teóricos, mas tenham sua
aplicabilidade na prática e promovam transformações educativas de acesso da pessoa com
deficiência. Para uma educação inclusiva são necessárias modificações e melhorias nas
38
práticas educativas para todos. Assim, as dificuldades apresentadas pelas crianças servem
como incentivos em busca de melhorias das práticas e avanços na qualidade de educacional
para todas as crianças (AINSCOW, 1997).
No contexto da inclusão, de acordo com Stainback e Stainback (1999), as crianças
“aprendem a ser sensíveis, a compreender, a respeitar e a crescer confortavelmente com as
diferenças e as semelhanças individuais entre seus pares” (STAINBACK; STAINBACK,
1999, p.23). Desta forma, a convivência entre todas as crianças traz benefícios para
construção de uma sociedade igualitária.
De acordo com Oliveira (2002), para as crianças com desenvolvimento típico da
Educação Infantil a oportunidade de interagir e partilhar experiências com as crianças PAEE
amplia a amizade, compreensão, aceitação e valorização da diversidade. Assim, a convivência
com a diversidade desde cedo permite o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças,
contribuindo para o respeito e valorização da diversidade.
A inclusão na Educação Infantil proporciona a convivência e aceitação das diferenças,
solidariedade e espaço para estímulos precoce, objetivando desenvolver as potencialidades da
criança (PANIAGUA; PALÁCIOS, 2007). A construção de uma escola inclusiva, iniciada na
Educação Infantil, implica em pensar em seus espaços, tempos, profissionais, recursos
pedagógicos etc., destinados ao acesso, à permanência e ao desenvolvimento das pessoas com
deficiência. O maior desafio estaria na prática pedagógica, vista como principal elemento para
a plenitude da inclusão (CARNEIRO, 2012).
Apesar dos documentos oficiais fazerem referência à garantia da matrícula da criança
com deficiência desde a Educação Infantil não garante que elas tenham acesso educacional,
pois a inclusão da pessoa com deficiência requer disposição das instituições e de seus
profissionais. Para Zych e Ujiie (2009), a desinformação por parte dos integrantes da escola
sobre as contribuições e importância da inclusão tem gerado um descompromisso com a causa
da diversidade, principalmente, na primeira infância, na qual há resquícios de uma inclusão
apenas com intuito social e sem importância educacional. O sucesso no processo escolar das
crianças com PAEE requer empenho por parte dos professores no acolhimento, interação e
escuta para que possam compreender suas necessidades, desejos, interpretações, expressões e
comunicações, manifestadas por vezes, diferentes por crianças da mesma faixa etária
(BRASIL, 2006a).
De acordo com Mendes (2010), o sucesso de programas inclusivos na Educação
Infantil é contemplado e comprovado pela literatura internacional com indicações e
39
recomendações para implementação, mas no Brasil, ainda, a atenção a essa população parece
escassa, principalmente, em relação às práticas da inclusão que deveriam abranger desde a
Educação Infantil. Considerando a importância da inclusão escolar nesta etapa de ensino,
alguns estudos descrevem e analisam como vem ocorrendo esse processo nas escolas de
Educação Infantil.
A análise da prática de inclusão de crianças na Educação Infantil foi objeto da
pesquisa de Lima e Silva (2012) realizada na rede municipal de ensino de Recife-PE e contou
com participação dos 25 crianças da turma de Educação Infantil e sua professora sendo
utilizado o método de observação. Na sala na qual foi realizada a pesquisa havia duas crianças
com deficiência intelectual matriculadas e frequentes. Os resultados da pesquisa revelaram
que, apesar da obrigatoriedade e garantia de acesso escolar as crianças com deficiência, houve
dificuldade de encontrar crianças com deficiência matriculadas nessa etapa escolar. As
observações do processo de inclusão das crianças participantes da pesquisa demonstraram a
falta de modificações no currículo, espaço e práticas pedagógicas que promovesse o acesso e
aprendizagem dessas crianças.
Em outra perspectiva, porém com resultados análogos, Rosa (2003) caracterizou e
identificou a perspectiva de diretores e atendentes para com as crianças com necessidades
educacionais especiais5 inseridas em creches municipais de uma cidade do interior do estado
de São Paulo. O estudo foi realizado em duas etapas. A primeira etapa foi realizada a
avaliação das competências das crianças e atendentes. Participaram dessa etapa cinco crianças
classificadas como risco, queixas nas áreas de socialização e linguagem, suas atendentes e
seus responsáveis. Os dados coletados foram gravados em 20 sessões e para avaliação das
habilidades das crianças foram desenvolvidos dois instrumentos: O Protocolo de Observação
da Integração Social e Linguagem de crianças – ISCL para avaliar as habilidades das crianças
e o Protocolo de Competências Básicas de Atendentes de Creche para a Inclusão – CBACI
para coletar dados sobre o comportamento da atendente. As crianças foram avaliadas por três
agentes diferentes (pesquisadora, atendente e responsável) e usaram o mesmo instrumento. Na
segunda etapa foi desenvolvido um programa de formação continuada seguindo sugestões
encontradas na literatura e participaram da formação, além das cinco agentes mais 90 pessoas,
dentre diretores e atendentes. O programa foi avaliado a partir dos relatos das atendentes. Os
resultados da primeira etapa do estudo mostraram divergências entre os julgamentos dos
agentes que avaliaram as crianças e apresentaram uma complexidade da notificação e
5
Termo utilizado pela autora em seu estudo.
40
natureza subjetiva. Na segunda etapa, o curso de formação e os dados das atendentes
apontaram para validade e importância do conteúdo abordado, aplicabilidade do
conhecimento e das estratégias sugeridas. As participantes relataram modificações em relação
às crianças e à inclusão.
A falta de informações e conhecimento acerca da inclusão escolar tem demonstrado o
despreparo de educadores em trabalhar junto às crianças com deficiência, refletindo em suas
práticas pedagógicas que não condizem com as necessidades da criança e desprovidas de
oferecer melhoras no desenvolvimento escolar.
Outra situação que destacou os aspectos de inclusão social foi o estudo realizado por
Rodrigues (2011) que visou compreender os aspectos das relações sociais estabelecidas entre
a criança com deficiência e as demais crianças em uma escola regular de Educação Infantil,
bem como identificar as implicações dessas relações à infância e aos processos de inclusão
escolar. Participaram da pesquisa duas crianças com deficiência que estudaram em um Centro
Municipal de Educação Infantil (CMEI) do município de Serra – Espírito Santo. Os resultados
apresentaram uma complexa rede de relações sociais construídas no ambiente escolar e suas
implicações para o desenvolvimento escolar, a constituição da infância e inclusão escolar das
crianças com deficiência.
Diante dos resultados dos estudos citados, pode-se destacar que as escolas comuns têm
recebido as crianças com deficiência, porém ainda não sabem como lidar e promover práticas
pedagógicas necessárias para a aprendizagem dessas. Parece que os professores desconhecem
como promover estratégias pedagógicas para aprendizagens e para o sucesso da inclusão
escolar dessas crianças.
O despreparo e falta de formação dos professores têm se configurado como um dos
principais desafios atuais para o processo de inclusão escolar. Considerando a Educação
Infantil como etapa primordial para o desenvolvimento das crianças com deficiência, as
práticas pedagógicas dos professores são fatores essenciais para o acesso e a permanência
desse público nessa etapa educacional.
O acesso escolar para as crianças com deficiência está garantido na legislação, porém
sua permanência é ainda condição a ser conquistada. Mendes (2006) menciona que para a
construção de uma escola inclusiva, no contexto brasileiro, não só o acesso deve ser
garantido, mas a aceitação e valorização das diferenças. Nesse sentido, Capellini (2004)
afirma que os desafios enfrentados pela escola, em busca de uma inclusão escolar, são
decorrentes do insucesso em lidar com a diversidade e políticas sérias e efetivas de inclusão.
41
Durante muito tempo a educação das crianças com deficiência intelectual ocorreu de
forma segregada, pois não se acreditava em suas possibilidades de aprendizagem e
desenvolvimento em ambientes comuns de ensino. A visão clínica esteve presente, por um
longo período, quando se tratava crianças com deficiência intelectual que eram tidas como
doentes que precisavam de atendimento médico e não de educação. Assim, acreditava-se que
essas crianças deveriam permanecer em hospitais ou em instituições psiquiátricas com
cuidados, pois não aprendiam e eram incapacitadas (GARDOU; DEVELAY, 2005;
MAZZOTA, 2005).
Ao longo dos séculos, a educação dessas crianças foi institucionalizada e quando se
obteve o direito à educação de qualidade, aos poucos, esta visão foi sendo erradicada, porém,
em salas especiais, na qual se relacionavam com pessoas que possuíam as mesmas ou até
mesmo diferentes necessidades. Mas, todos eram privados do acesso à escola comum de
ensino (MENDES, 2006).
Na década de 1990, diante das reformas internacionais ocorridas, iniciou-se um
fortalecimento de movimentos frente à inclusão no cenário brasileiro com objetivo de garantir
a educação para todos. Desta forma, a Educação Especial passa a ser identificada como uma
modalidade de educação escolar transversal abrangendo todas as etapas e sendo oferecida
preferencialmente na rede comum de ensino (BRASIL, 2001a).
Diante dessa nova proposta, as escolas devem atender todas as crianças na classe
comum, não determinando distinções de espécie alguma, no que tange as características
diversificadas de aprendizagem de suas crianças (BEYER, 2006). De acordo com o autor,
nota-se ainda uma dificuldade na aceitação e adaptação das crianças com deficiência
intelectual, na qual as mesmas têm que se adaptar ao sistema, sendo que deveria ocorrer o
inverso.
De acordo com Duk (2005) a escola inclusiva caracteriza-se, fundamentalmente, pelo
compromisso de todos pela educação, igualdade de oportunidades e participação nas várias
esferas da vida escolar. Na escola inclusiva, o ensino e a aprendizagem, as atitudes e o bem
estar de todas as crianças são considerados igualmente importantes. No entanto, para que isto
ocorra é preciso desenvolver políticas públicas voltadas para a educação que transforme a
escola em espaço de aprendizagem com práticas pedagógicas inclusivas que busquem o
desenvolvimento de todas as crianças.
A inclusão escolar para a criança com deficiência intelectual é fundamental, pois
contribui para sua inserção social e independência. Para isso, a escola deve estar atenta e não
42
se restringir aos aspectos de sua deficiência e limitações, mas considere suas aptidões,
potencialidades e a aprendizagem peculiar de cada criança (FIGUEIRÓ; MOUSSA, 2011).
A inclusão das crianças com deficiência intelectual em escolas comuns de ensino
regular ampara-se na Constituição Federal (BRASIL, 1988) que prevê “a educação como
direito de todos, dever do Estado e da família, com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988, art. 205).
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU 2006), promulgada
no Brasil com status de Emenda Constitucional por meio do Decreto Legislativo nº. 186/2008
e Decreto Executivo n°6.949/2009, também prevê assegurar às pessoas com deficiência um
sistema educacional inclusivo em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o
desenvolvimento acadêmico e social, compatível com a meta de inclusão plena, com a adoção
de medidas para garantir que as pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema
educacional e possam ter acesso ao ensino de qualidade em igualdade de condições com as
demais pessoas na comunidade em que vivem.
Sendo assim, se faz necessário que as escolas promovam mudanças que viabilizem o
acesso e a permanência de todas as crianças para que seja instituída e aplicada a prática da
inclusão (JESUS, 2008). A inclusão não deve se limitar ao cumprimento da legislação, mas,
também, buscar alternativas de mudanças no ambiente escolar de forma a oportunizar a
participação de todos (MITTLER, 2003), incluindo as crianças com deficiência intelectual.
Porém, o que acontece é a ausência de um processo de acesso ao currículo as
necessidades da criança com deficiência intelectual, deixando-a excluída, embora inserida
numa sala regular. O lugar do currículo escolar precisa ser revisto em relação a essa criança.
De acordo com Pimentel (2012) é necessário valorizar as características individuais, prestar
atenção a singularidades e estabelecer, a partir desse ponto, adaptações das atividades para
favorecer a aprendizagem dessas crianças.
Para redução das barreiras de aprendizagem das crianças com deficiência intelectual
são indicados, pela literatura, os trabalhos em equipe com objetivos comuns para apoiar os
professores do ensino regular na elaboração de estratégias pedagógicas que auxiliem na
inclusão escolar dessas crianças (MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011).
Partindo desse ponto, o próximo capítulo tem por objetivo apresentar as discussões
teóricas sobre a definição de ensino colaborativo.
43
2. ENSINO COLABORATIVO
6
Cook e Friend (1995) abreviam o termo ensino colaborativo para coensino. Entende-se nesse estudo ensino
colaborativo e coensino como sinônimos.
44
Ainda que os documentos façam proposições a essa forma de trabalho, há desafios
para a implementação de serviços que se baseiem no trabalho colaborativo, pois a cultura
escolar considera que a atuação do professor é mais eficaz de forma individualizada,
acabando, desse modo, por desconsiderar o contexto e atuação colaborativa de todos
envolvidos com a criança (CAPELLINI, 2004).
De acordo com Pugach e Johnson (1989) uma das maiores dificuldades do modelo
colaborativo refere-se a sua implementação que deve levar em consideração o contexto, a
prática e alcançar a paridade entre os professores e especialistas, sendo que esta “é um aspecto
essencial para o sucesso da colaboração e merece ser considerada o mais cuidadosamente
possível” (PUGACH; JOHNSON, 1989, p. 236).
O modelo de ensino colaborativo implica, além do estabelecimento de parcerias entre
os professores, a reflexão de suas práticas, dificultando a implementação do modelo de forma
rápida (ASSIS; ALMEIDA; MENDES, 2011).Desse modo, a colaboração é um processo que
deverá ocorrer de forma gradativa, pois, para isto, o professor precisa estar aberto e disposto a
realizar o trabalho em conjunto. Larson e Lafasto (1989) afirmam que uma pareceria
colaborativa não é facilmente alcançada, sendo necessário que ocorram muitas discussões,
trocas de ideias e saberes, opiniões e resoluções de problemas, de modo que os conflitos se
tornem evitáveis. Para que ocorra confiança e respeito, é preciso de tempo e a ocorrência de
práticas para que sejam estreitados os laços entre os professores e o desenvolvimento de
confiança e respeito pelo parceiro.
Para que ocorra uma atuação colaborativa é preciso que os professores partilhem dos
mesmos objetivos e possam planejá-los em conjunto. Friend e Cook (1990) colocam algumas
condições necessárias para colaboração entre os professores, como a existência de um
objetivo comum, equivalência entre participantes, participação de todos, compartilhamento de
responsabilidades, compartilhamento de recursos e voluntarismo. A efetividade do trabalho
colaborativo é realizada por meio da parceria dos professores e partilha de conhecimentos. É
importante que o objetivo entre eles seja o mesmo para que possam elaborar o planejamento,
levando em consideração as necessidades de cada criança.
Quando se pensa em relações colaborativas alguns pontos devem ser levados em
consideração, tais como a colaboração não é igual à inclusão, amizade não é pré-requisito
para inclusão, colaboração não é realizada com facilidade e rapidez, a participação em
atividades deve promover o engajamento dos professores e as decisões devem ser
compartilhadas (WALTHER; KORINEK, 1999).
45
Keefe, Moore e Duff (2004) propõem quatro passos primordiais para os professores
construírem e manterem o ensino colaborativo. O primeiro passo é conhecer a si mesmo,
sendo reflexivo, realizando uma autoanálise e aceitando possíveis mudanças para o trabalho
em equipe. Depois é preciso conhecer o parceiro, para isso não há necessidade que as relações
sejam íntimas, mas precisam ter um bom relacionamento e conhecimento do outro de forma
profissional. O terceiro passo diz respeito ao conhecimento acerca das crianças que vai além
de conhecer suas habilidades e percepções, uma vez que se faz necessário conhecer suas
particularidades e interesses pessoais. Por último, conhecer sua profissão que engloba o
conhecimento sobre o currículo regular e como torná-lo acessível para todas as crianças, saber
intervir com alunos e mediadores.
Arguiles, Hughes e Schumm (2000) destacam sete fatores para realização de um
trabalho colaborativo descrito por profissionais que participaram da implementação do
modelo colaborativo realizada pelo departamento de educação da Florida, sendo: hora de
planejamento comum, flexibilidade, correr riscos, definição de papéis e responsabilidade,
compatibilidade, habilidades de comunicação e suporte administrativo. Neste sentido, pode-se
afirmar que os fatores são importantes para o sucesso do ensino colaborativo e deverão ser
seguidos pelo professor da Educação Especial e pelo professor do ensino regular de forma a
oferecer qualidade e efetividade ao modelo colaborativo.
Vaugh, Schumm e Arguelles (1997) apresentam diferentes modelos de colaboração. A
Figura 1 exemplifica os modelos de coensino e o comportamento dos professores dentro de
sala de aula em cada dos modelos.
46
Figura 1 - Modelos de ensino colaborativo
47
Gately e Gately (2001) descreveram como ocorre o desenvolvimento da parceria definindo-as
em três estágios, variando de acordo com a relação entre os professores. O estágio inicial é
caracterizado por uma comunicação superficial entre os professores. No segundo estágio, a
comunicação entre os professores ocorre com maior frequência possibilitando a construção de
confiança e no estágio final a comunicação é constante, eles interagem, trabalham juntos e se
complementam um ao outro.
Para Capellini (2004), o ensino colaborativo traz vantagens e desvantagens, sendo as
vantagens apontadas como a melhora na aprendizagem das crianças e crescimento
profissional dos professores. As desvantagens são a resistência à implementação do ensino
colaborativo e indefinições de atuações em sala de aula entre os professores.
O modelo colaborativo traz benefícios para a escola e, principalmente, para os
professores, uma vez que podem refletir sobre suas práticas e atualizarem-se quanto a
aprendizagem de suas crianças. Para Mendes, Vilaronga e Zerbato (2014) o trabalho
colaborativo proporciona aos professores divisão das responsabilidades, compartilhamento de
experiências e reflexão das práticas em busca de melhorias para alcançar o sucesso da
aprendizagem das crianças. A qualidade no ensino em uma perspectiva inclusiva engloba,
principalmente, os professores do ensino comum e seus conhecimentos teóricos, práticos, as
diversidades e os professores especialistas que atuam com as crianças alvo da Educação
Especial, apoiando o trabalho dos professores comuns (BUENO, 1999).
Visto a importância do modelo para inclusão escolar e mesmo que alguns documentos
brasileiros refiram-se a esse trabalho, ainda é dada pouca importância para tal. Mesmo não
estando presente nos documentos oficiais e legislações nacionais que tratem da Educação
Especial, o ensino colaborativo ou coensino vem sendo implementado por alguns municípios
brasileiros em caráter experimental, como uma das opções de serviços a favor da inclusão
escolar de crianças com deficiência. A partir de implantações do coensino, os estudos
(CAPELLINI, 2004; RABELO, 2012; MARQUES; DUARTE, 2011; ZERBATO, 2014;
VILARONGA, 2014; LAGO, 2014)sobre esse modelo vêm aumentando no Brasil.
Capellini (2004) realizou uma pesquisa que teve por objetivo verificar as implicações
do ensino colaborativo com alunos com deficiência intelectual. O estudo foi realizado em
duas escolas de ensino fundamental, especificamente, em quatro turmas de 1ª a 4ª série que
possuíam seis alunos com deficiência intelectual. Realizou-se uma intervenção com os alunos
baseada no ensino colaborativo e estabelecendo encontros semanais. A intervenção durou de
48
um semestre até um ano em cada turma. Posteriormente as intervenções foram coletadas
opiniões das professoras e famílias sobre o ensino colaborativo.
Os resultados do estudo de Capellini (2004) demostraram avanços acadêmicos e
sociais dos alunos com deficiência intelectual, além do desenvolvimento profissional e
pessoal por parte dos professores. O estudo apontou para necessidade de uma preparação de
formação inicial e continuada para os professores no desenvolvimento do trabalho
colaborativo e redefinição dos papeis desempenhado pelo professor da Educação Especial. O
estudo revelou que existe uma cultura escolar que não aderiu à implementação do ensino
colaborativo. Com resultados semelhantes no que diz respeito a essa tendência, Zanata (2004)
realizou seu estudo com objetivo de implementar e avaliar um programa de formação
continuada para o professor do ensino comum com bases no ensino colaborativo. O estudo foi
realizado durante vinte semanas com três professores de diferentes turmas do Ensino
Fundamental. Na primeira etapa a pesquisadora atuou como professora especialista tendo
como objetivo analisar as práticas pedagógicas com alunos surdos. Algumas aulas durante as
intervenções com os alunos surdos foram filmadas e posteriormente eram discutidas
coletivamente. Os dados foram anotados no protocolo de planejamento educacional inicial,
protocolo de cada aula, além de contar com as filmagens das aulas. Nas reuniões com os
professores foram discutidos textos sobre práticas pedagógicas inclusivas. Depois das
intervenções foram coletadas as opiniões dos professores sobre o planejamento colaborativo.
Os resultados do estudo demonstraram que o ambiente colaborativo proporcionou
possibilidades de ação e reflexão em busca de um objetivo comum. Além disso, os
professores apontaram os benefícios proporcionados pelas intervenções para todos os alunos e
não somente aos alunos surdos.
O estudo de Rabelo (2012) analisou as potencialidades e limites da experiência de
formação continuada de professores, baseadas no ensino colaborativo com professores que
atuavam no ensino regular e Educação Especial. Participaram da pesquisa, a pesquisadora,
duas professoras do ensino regular, uma estagiária, cinco professoras da Educação Especial e
três alunos com autismo matriculados no 1º e 2º anos do Ensino Fundamental de três escolas
públicas. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados um questionário, ficha de
identificação do aluno, roteiros de grupo focal e as observações participantes, na sala comum
e de recursos multifuncionais registradas em diário de campo. Foram realizados oito
encontros com as professoras, 20 encontros de planejamento, intervenção e avaliação com as
professoras por escola e 28 sessões em colaboração na sala de aula juntamente com os alunos
49
autistas. Os dados foram organizados em categorias de análises. Os resultados do estudo
demonstraram desenvolvimento de experiências de ensino colaborativo, trazendo
contribuições à formação continuada das professoras participantes, de modo a favorecer o
desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas para seus alunos com autismo e
promover avanços no comportamento desses alunos autistas.
Marques e Duarte (2011) realizaram uma pesquisa a fim de analisar o trabalho
colaborativo entre os professores do ensino regular e da Educação Especial na aprendizagem
do aluno com deficiência intelectual, verificando, conforme a opinião dos professores, como o
ensino colaborativo auxilia na elaboração das adaptações curriculares para o aluno com
deficiência intelectual. Os locais do estudo foram duas escolas do Ensino Fundamental da
rede municipal de uma cidade de médio porte do estado de São Paulo e os participantes foram
quatro professores do ensino regular e dois professores da Educação Especial que tinham em
comum o mesmo aluno com deficiência intelectual. A partir dos dados obtidos por meio de
entrevistas realizadas com o professor de Educação Especial e com o professor regular,
verificaram-se dificuldades em realizar a parceria colaborativa e as adaptações curriculares
por não disporem de tempo hábil para planejamentos conjunto, mas a parceria entre os
professores favoreceu o desenvolvimento de adaptações curriculares para os alunos com
deficiência intelectual e demonstrou melhoras no processo de aprendizagem deles.
Zerbato (2014) desenvolveu um estudo, em um município do interior do estado de São
Paulo, que implementou o modelo colaborativo, no ano de 2011, e teve como objetivo definir
o papel do professor de Educação Especial baseado na proposta do coensino, a partir da visão
dos envolvidos no processo de inclusão, sendo eles professores do ensino regular, professor
de Educação Especial, coordenadores, diretores, vice-diretores, pais e alunos. Os resultados
descreveram os desafios da docência do ensino na sala comum para alunos Público Alvo da
Educação Especial, a função desempenhada pelo professor de Educação Especial para o
trabalho colaborativo, percepções sobre coensino, como este é desenvolvido na realidade
pesquisada e como os participantes definem os papeis desempenhado pelo professor de
Educação Especial e professor regular no modelo do coensino.
Sendo assim, cada vez mais surgem estudos e pesquisas visando verificar a
colaboração nas práticas pedagógicas do professor da Educação Especial na sala comum, a
fim de contribuir para o conhecimento e entendimento desse contexto.
Nesta direção, Vilaronga (2014) realizou uma pesquisa a fim de construir uma
proposta de colaboração nas práticas pedagógicas do professor da Educação Especial em uma
50
sala comum da escola regular que já tinha uma iniciativa de implementação do coensino em
curso. Como objetivos específicos o estudo se propôs a: a) identificar indícios de colaboração
entre o professor de Educação Especial e o da sala de aula comum; b) elaborar e realizar um
programa de formação de professores para atuação no coensino; c) avaliar essa formação
realizada com professores de Educação Especial; d) proporcionar espaços formativos sobre a
proposta de coensino visando discutir e fortalecer esse tipo de apoio. O estudo foi de
modalidade pesquisa-ação colaborativa e desenvolveu-se em quatro etapas, sendo elas: I)
etapa preliminar: condução dos procedimentos éticos; II) etapa I: busca de informações
iniciais, na qual utilizou-se fichas de caracterização dos participantes; III) etapa II:
desenvolvimento e implementação do programa de formação, sendo realizadas reuniões
quinzenais com os participantes totalizando 60 horas de atividades teóricas e 30 horas práticas
realizadas na escola e IV) etapa III: avaliação do programa de formação e formação dos
sujeitos mediadores. Foi realizada uma avaliação da formação realizada com os professores na
etapa II e atuação dos sujeitos, professores da Educação Especial, como mediadores do curso
“Ensino Colaborativo para apoio à inclusão escolar” para seus colegas, professores da sala
comum ocorrida durante dois meses com 29 cursistas. Participaram do estudo seis professores
da Educação Especial e foi realizado em um município que tem implementado o coensino a
partir de estudos e relação com a universidade. Os resultados apontaram o ensino colaborativo
como proposta positiva para inclusão escolar, pois oferecem as crianças Público Alvo da
Educação Especial formas diferenciadas de aprendizagem realizadas a partir da construção
feita com a parceria do profissional da Educação Especial e sala comum, considerando as
especificidades de cada profissional.
A pesquisa de Lago (2014) teve por objetivo elaborar, implementar e avaliar um
programa de atendimento educacional especializado com bases no coensino, para alunos com
deficiência intelectual na sala comum. A pesquisa caracterizou-se com abordagem mista e
teve como participantes: a pesquisadora, como professora da Educação Especial, quatro
professoras da sala comum e cinco alunos com deficiência intelectual. Foram utilizados como
intrumentos: questionário de mapeamento escolar realizado na rede e nas unidades escolares,
questionário de identificação e roteiro de entrevista semi-estruturada para os participantes,
ficha de anamnese para os responsávies dos alunos com deficiência intelectual, diário de
campo com registro da pesquisadora e escala de avaliação para observadores externos –
EAOE. A análise dos dados foi realizada individualmente de maneira qualitativa e
quantitativa, considerando a análise do processo e as entrevistas foram submetidas à análise
51
do conteúdo. A pesquisa apresentou como resultado a importância do coensino para os
professores participantes, especificamente, na ampliação do conhecimento sobre atuação com
alunos com deficiência intelectual, conhecimento profissional para professora de Educação
Especial. Para o aluno com deficiência intelectual, foi verificado avanços sociais, como
mudanças comportamental e acadêmicas e maior disposição e interesse na participação das
atividades escolares. Os resultados apontaram o coensino como um modelo que poderá
ampliar a participação dos alunos com deficiência intelectual no contexto da escola comum e
promover formação continuada dos envolvidos.
As pesquisas descritas apontaram o ensino colaborativo como alternativa positiva
para construção de sistemas educacionais inclusivos, buscando ampliar olhares e reflexões a
respeito do ensino colaborativo enquanto proposta de serviço da Educação Especial. É
imprescindível que as escolas avaliem quais são as principais dificuldades para o
desenvolvimento da colaboração e promovam práticas que realmente possibilitem que o
trabalho colaborativo aconteça em sala de aula.
Nesse sentido, evidencia-se a importância do trabalho colaborativo para inclusão da
criança com deficiência intelectual, uma vez que, na maioria das vezes, os professores que
estão nas salas regulares não sabem qual a melhor maneira de lidar com essas crianças,
revelando a importância do professor especializado, diante de uma perspectiva colaborativa.
Além disso, o ensino colaborativo torna-se importante alternativa para as crianças da
Educação Infantil que muitas vezes são impossibilitadas de participar de atendimentos
especializados nas Salas de Recursos multifuncionais, pois esse atendimento é oferecido no
contra turno e muitas dessas crianças permanecem período integral na escola.
Diante disso, o ensino colaborativo pode subsidiar e ofertar apoio aos professores da
classe comum no planejamento em conjunto de ações educativas que corroborem com a
escolarização das crianças com deficiências no contexto escolar.
No contexto da inclusão escolar, é importante que a participação da criança com
deficiência intelectual esteja presente desde o início da sua vida escolar, ou seja, na Educação
Infantil. Com isso, o professor necessita um planejamento de atividades para garantir a
participação da criança com deficiência intelectual em todas as aulas. Para isso, é necessário
contar com a parceria do professor da Educação Especial para que as práticas pedagógicas
sejam realizadas de forma a proporcionarem aprendizagem da criança com deficiência
intelectual nas atividades escolares propostas pelo currículo regular.
52
A fim de elucidar a discussão sobre esse tema, no capítulo a seguir serão descritos e
discutidos conceitos sobre prática pedagógica.
53
3. AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS FRENTE À INCLUSÃO ESCOLAR DA
CRIANÇA COM DEFICIENCIA INTELECTUAL
56
O currículo da escola inclusiva não se restringe em adaptações realizadas para os
estudantes com deficiência intelectual, alude em um novo formato de concepção curricular
contemplando a diversidade e variadas formas de aprendizagem (DUARTE, 2012).
De acordo com Oliveira e Martins (2011) um currículo pautado na valorização e
respeito às diferenças requer uma abertura, flexibilidade de objetivos, preocupação e
organização com conteúdos pautados nas necessidades das crianças, diversificação de
procedimentos, planejamento de atividades, considerando a particularidade de cada criança.
Neste contexto, o currículo torna-se determinante para o processo de ensino aprendizagem,
promovendo a participação efetiva de todos.
Em conformidade com a perspectiva inclusiva, o conteúdo do currículo regular para
criança com deficiência intelectual deverá considerar suas particularidades. De acordo com
Oliveira (2008a), por meio de adequações o currículo para as crianças com deficiência
intelectual deverão atender suas necessidades, considerar seu desenvolvimento e suas formas
peculiares de agir e sentir. As crianças com deficiência intelectual poderão utilizar o mesmo
currículo regular, porém com alguns ajustes envolvendo “[...] as condições físicas propícias,
colocação das crianças em grupo, apoio regular ou especializado, atividades individuais
complementares, adequação dos conteúdos, objetivos, critérios de avaliação e tempo
adequado [...]” (OLIVEIRA, 2008a, p.119). Assim, se faz necessário que crianças com
deficiência intelectual utilizem os mesmos conteúdos da etapa em que estão matriculadas, mas
com as devidas adequações de atividades necessárias. Minetto (2008) ressalta que as
adequações das atividades são únicas para cada pessoa e não podem ser realizada igualmente
a todos os casos.
Assim, é preciso que o currículo deixe de ser considerado como conjunto de conteúdos
com modelos estreitos e práticas pedagógicas homogêneas. A visão sobre o currículo deve ser
alargada, principalmente na perspectiva inclusiva que deverá considerar as diferentes
especificidades das crianças.
Posturas tradicionais são demonstradas na imposição do currículo, desconsiderando os
contextos nos quais ocorre o ensino e aprendizagem das crianças. Como consequência, é
possível observar a alta ocorrência de dificuldades de aprendizagem, repetências e fracasso
escolar (BLANCO, 2004). De acordo com Freitas (2006), os métodos tradicionais de ensino
utilizados no modelo inclusivo têm provocado a exclusão das crianças com deficiência
intelectual. Dessa forma, evidencia-se que considerar as especificidades de cada criança é
fundamental para garantir a qualidade de ensino para todas as crianças e os currículos da
57
escola inclusiva deverão oferecer subsídios necessários para atender a todas as crianças
(POKER, 2008).
Nesse sentido, é preciso construir uma proposta curricular que vá além do currículo
tradicional, proposta que pense no desenvolvimento integral, nas especificidades do seu
educando e em sua inserção na sociedade. A proposta curricular que visa atender às
exigências da educação inclusiva deve proporcionar as pessoas com deficiência intelectual
acesso às novas formas de aprendizagem e conhecimento (OLIVEIRA, 2008a).
A inclusão da criança com deficiência intelectual deverá promover modificações na
educação brasileira, pois abre possiblidades “de criações pedagógicas, na busca de novos
procedimentos de ensino, novas estratégias metodológicas capazes de, sendo inovadoras,
atingirem o potencial de cada um das crianças, respeitando suas diferenças” (OLIVEIRA,
2009, p.73), buscando inserir no mundo e cultura do seu tempo.
As atividades repetitivas utilizadas na aprendizagem são consideradas uma prática que
vai contra os princípios da inclusão da criança com deficiência intelectual que visa a
“constituição desses alunos como sujeitos históricos, capazes de apreensão dos bens
simbólicos e de desenvolvimento de seu pensamento e não apenas de suas habilidades”
(OLIVEIRA, 2009, p.75). Essas práticas não apresentam sentido para a criança e acabam por
ocasionar uma exclusão no ensino.
Nesse âmbito, as adequações curriculares se constituem como uma das formas de
garantir o acesso ao currículo e nortear a prática pedagógica no processo de aprendizagem das
crianças com deficiência intelectual, pois atende suas particularidades e promovem o
desenvolvimento e aprendizagem das crianças (SANTOS, 2012).
No que se refere à aprendizagem da criança com deficiência intelectual, Oliveira
(2009) cita estratégias importantes a serem utilizadas destacando: metodologias de ensino
buscando alternativas pedagógicas para que a pessoa com deficiência intelectual seja
participativa na sala de aula; nível e intensidade de apoios – definindo o nível de apoio de
forma garantir diferentes conhecimentos, tendo por base o currículo da sala de aula; recursos
de ensino – definir os recursos materiais e didáticos necessários para aprendizagem dos
diferentes componentes curriculares, e, por fim, adequações curriculares individuais - definir
e documentar as necessidades da criança com deficiência intelectual, baseado no currículo da
etapa/série/ano em que está matriculada, relacionado: conteúdos, objetivos, procedimentos de
ensino, avaliação e níveis de apoio especializado.
58
Para o ensino das crianças com deficiência intelectual são necessárias que sejam
levadas em consideração suas especificidades para que possam ser oferecidas respostas
escolares adequadas para o desenvolvimento educacional. Para isso, é preciso que considerem
as características especificas da deficiência intelectual dimensionada em na conceituação e a
necessidade de apoios para atingir o desenvolvimento e atender suas particularidades
(OLIVEIRA, 2009). Desta forma, as crianças com deficiência intelectual possuem uma forma
de aprendizagem diferente das demais crianças, exigindo modificações na estrutura escolar e
utilização de práticas curriculares diferenciada de acesso ao currículo. Alguns estudos
abordados a seguir revelam o uso e desenvolvimento dessas práticas para as crianças com
deficiência intelectual.
A análise das expectativas dos professores da sala comum e atendimento educaional
especializado frente a inclusão e aprendizado de seus alunos com deficiência intelectual da
rede pública municipal de Uberlândia/MG foi objeto de pesquisa de Souza (2008). A pesquisa
de carater analítico-crítco utilizou questionários com questões abertas, fechadas e mistas.
Participaram da pesquisa 76 professores de sala comum e 55 do atendimento educacional
especializado. Os resultados apontaram que a maioria dos professores apresentaram como
expectativa para o aluno com deficiência intelectual sua socialização. Os professores
concordam com a inclusão dos alunos com deficiêcnia intelectual desde que haja mudaças
estruturais, econômicas e comportamentais. Em conclusão, foi possível verificar que as
funções da escola de trabalhar igualitariamente vem sendo incompatíveis com as expectativas
dos professores.
As práticas pedagógicas como meio para garantir o acesso e permanência da criança
com paralisia cerebral na Educação Infantil foi objeto do estudo de Gonçalves (2006).O
estudo é de natureza qualitativa com baseado no referencial foi desenvolvido em três etapas.
Na primeira etapa foram conduzidos os procedimentos éticos, logo na segunda etapa foram
realizadas observações das estratégias pedagógicas com 22 sessões de observações da sala de
aula registradas em anotações de diário de campo. Na terceira etapa foi investigada a
percepção dos professores sobre suas estratégias e a viabilidade de estratégias apontadas na
literatura, sendo utilizada a entrevista individual com três professores. Os dados da
observação e entrevista foram interpretados e discutidos na forma de relatos, envolvendo a
relação professor-aluno. Os resultados apontaram que as escolas ofereceram respostas
mínimas para as necessidades das crianças com paralisia cerebral e verificou-se ainda a
existência do descompasso entre o que os professores dizem realizar e o que realmente ocorre
59
nas práticas pedagógicas com essas crianças, apontando para caminhos de melhoria nas
condições de ensino e favorecendo a aprendizagem desta população em ambientes inclusivos.
Com enfoque semelhante, Dantas (2012) realizou uma pesquisa com objetivo de
investigar e analisar as concepções, as práticas pedagógicas e suas implicações para
aprendizagem das crianças com deficiência na Educação Infantil. Participaram do estudo três
professora de um Centro de Educação Infantil no município de Natal/RN que tinham crianças
com deficiência matriculados em sua sala de aula. Os resultados demonstraram que as
professoras não tinham conhecimento acerca do uso de práticas pedagógicas que atendessem
as necessidades das crianças com deficiência, falta de uma formação pedagógica e a não
realização de um trabalho coletivo com a equipe escolar. Além disso, o estudo apresentou que
o uso de práticas pedagógicas adequadas, utilização de rotinas e planejamento e vínculos
afetivos podem favorecer a inclusão.
É possível perceber que mesmo em escolas nas quais há o profissional de Educação
Especial, não há um trabalho em conjunto com o professor da sala comum e,
consequentemente, as práticas pedagógicas oferecidas às crianças se tornam isoladas e
insuficientes para o desenvolvimento escolar da criança com deficiência.
Será que seria um caminho para o sucesso da inclusão escolar das crianças com
deficiência intelectual, a proposta de ensino colaborativo nas escolas? O ensino colaborativo
seria um caminho para pensar atividades adaptadas para as crianças com deficiência
intelectual participarem das aulas?
O presente estudo propõe questões, pois objetivou analisar e descrever as ações
colaborativas entre o professor da Educação Infantil e do professor da Educação Especial na
sala comum e práticas pedagógicas para a criança com deficiência intelectual.
60
4. MÉTODO
61
problemas de sua profissão e as reflexões construídas coletivamente promovem ações que
pretendem transformar a realidade e devem estar presentes na pesquisa.
Baseando-se nas análises de Desgagné (1998), a pesquisa colaborativa contribui para a
mudança, qualitativamente, da realidade docente. Assim, por meio dela, o pesquisador
colaborativo delimita a realidade estudada com seu objetivo de investigação, promovendo a
aproximação da universidade com a escola, da teoria e da prática, e constrói conhecimentos
partindo de fatos reais, explicando e intervindo nesta realidade, o que possibilita transformá-
la. Assim, esta metodologia considera necessária a colaboração entre pesquisador e
professores como objetivo em beneficiar a escola e o profissional docente.
A esse respeito, Ibiapina (2007) afirma que:
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFSCar, processo número
34201414.9.0000.550 (ANEXO A). Os participantes receberam informações acerca dos
objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(APÊNDICE A).
62
4.3 Participantes
O processo de seleção dos participantes deu-se por meio das seguintes etapas:
a) Submissão do projeto de pesquisa em conjunto com o parecer do comitê de ética
(aprovação do projeto) para a apreciação dos membros da Secretaria Municipal de
Educação ao município de médio porte do interior paulista;
b) Reunião com a responsável pela Educação Especial e Educação Infantil da Secretaria
Municipal para a apresentação e autorização do projeto;
c) Obtenção da aprovação da realização da pesquisa pela Secretaria Municipal de
Educação (ANEXO B);
d) Listagem das escolas com base nos dados fornecidos pela Secretaria, na qual constava
os nomes das escolas nas quais havia crianças com deficiência intelectual matriculadas
com atendimento do professor de Educação Especial no modelo de ensino
colaborativo;
e) Levantamento sobre a permanência das crianças com deficiência intelectual nas
instituições indicadas, e o atendimento do professor de Educação Especial no modelo
de ensino colaborativo, por meio de ligações telefônicas;
f) Seleção das escolas de acordo com a matrícula de criança com deficiência intelectual
na Educação Infantil e presentes na sala de aula com atendimento do professor de
Educação Especial;
g) Visitas às escolas para a apresentação do projeto de pesquisa ao diretor e obtenção ou
não da autorização da efetuação do mesmo. Seguindo a lista, a pesquisadora entrou em
contato com a direção das escolas, agendando uma conversa para expor o estudo. Nas
duas primeiras escolas visitadas, os professores não aceitaram participar, justificando
que indispunham de tempo hábil para que a pesquisadora pudesse realizar suas
observações em sala de aula, pois já haviam recebidos estagiários e os horários
reservados para o Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) estavam
programadas outras tarefas para serem realizadas, como planejamentos e elaboração
de atividades. A visita a terceira escola ocorreu da mesma forma que as anteriores e
após a exposição da pesquisa, dado o interesse dos professores, foi agendado um dia
para discussão da proposta do estudo e elaboração de um cronograma de atividades;
h) Reunião com os professores de Educação Especial e do ensino regular para
apresentação do projeto e verificação do possível interesse em participar da pesquisa;
63
i) Obtenção da autorização por meio do preenchimento do TCLE pelos professores de
Educação Especial e do ensino regular.
7
Optou-se por utilizar o artigo feminino, pois todas participantes eram mulheres.
8
A escolha dos nomes fictícios das participantes faz referência as iniciais do tipo de ensino atuante de cada uma
como forma de facilitar a compreensão do leitor.
64
Em relação à formação inicial, ambas graduadas em Pedagogia pela Universidade
Estadual Paulista (UNESP/Araraquara) e optaram por concluir a habilitação em Educação
Especial. Quanto à formação continuada, as professoras tinham curso de Especialização em
Educação Infantil, Especialização em Jovens e Adultos, Especialização em Atendimento
Educacional Especializado e uma das professoras tinha curso de pós-graduação strictu-senso
em Educação. As participantes do estudo trabalhavam em parceria no modelo do Ensino
Colaborativo e tinham em comum uma criança com deficiência intelectual com seis anos de
idade, matriculado na pré-escola.
Os dados anteriormente mencionados encontram-se resumidos no Quadro 2.
O presente estudo teve como participante secundário uma criança com síndrome de Down
com 5 anos de idade do sexo masculino. A criança estava matriculada na fase 6 da Educação
Infantil. O participante secundário será identificado no estudo pelo nome fictício de José.
José era uma criança que apresentava atraso a linguagem, expressava poucas palavras,
tinha dificuldade de aceitar regras, não compreendia os comandos das propostas escolares e
era resistente no momento de realizar as atividades proposta pela professora regente. A
criança tinha preferência em ficar brincando com os brinquedos que tinham acesso na sala de
aula. Quando participava das atividades coletivas, demonstrava boa interação com seus
colegas de classe e conseguia se expressar através de gestos e algumas palavras.
65
4.4 Local da pesquisa
66
4.6 Instrumentos de coleta de dados
67
4.6.5 Roteiro de Observações em Diário de Campo
Roteiro das
reuniões
Roteiro de
Roteiro de
Observações em
entrevista Inicial
diário de campo
Fonte: Elaborada pela pesquisadora com base nos dados do presente estudo
68
4.7 Procedimentos de coleta de dados
69
aula. Desta forma, procurou-se verificar a realidade dos fatos e não interferir para que não
fossem feitas mudanças, além da necessidade de obter informações sobre a prática para a
realização do primeiro encontro coordenado.
A realização da entrevista semiestruturada inicial foi no primeiro encontro, agendado
com as professoras. As entrevistas ocorreram individualmente e foram gravadas em áudio. A
entrevista com a professora do Ensino Regular teve a duração de 35 minutos e a entrevista
inicial com a professora da Educação Especial durou 20 minutos.
O roteiro de entrevista semiestruturado foi submetido à apreciação de juízes,
pesquisadores da temática, entre eles, mestrandos, mestres, doutorandos e doutores do Grupo
de Estudos e Pesquisa sobre a Escolarização da Pessoa com Deficiência (GEPEPD). Os
pesquisadores receberam as questões previamente, via correio eletrônico, e foi marcado um
dia para discussão do roteiro, no qual puderam expor suas opiniões e sugestões acerca das
perguntas contidas no mesmo. Todas as opiniões e sugestões foram anotadas pela
pesquisadora que posteriormente avaliou a pertinência de cada uma delas.
Como forma de verificação e possíveis ajustes para melhor organização das questões
elaboradas no roteiro da entrevista inicial semiestruturada, realizou-se um projeto piloto com
uma professora de Educação Especial, atuante no ensino colaborativo na Educação Infantil.
70
encontro teve duração aproximada de duas horas. No Quadro 3 está descrito o cronograma das
reuniões para professores, divididos com o número das reuniões, conteúdo, objetivo, atividade
realizadas e referências bibliográficas.
71
5 Formação sobre o Apresentação de conteúdos sobre - Exposição dialógica; OLIVEIRA, A. A.
assunto escolhido adaptação curricular e deficiência - Roda de conversa: S. Adequações
pelas intelectual focando nas práticas opiniões, dúvidas e curriculares na
participantes: pedagógicas para criança com reflexões sobre a temática área da deficiência
adaptação deficiência intelectual; abordada. intelectual:
curricular e Discussão e debate sobre o algumas reflexões.
deficiência assunto; In: OLIVEIRA, A.
intelectual Reflexão das participantes sobre a A. S.; OMOTE, S.;
temática. GIROTO, C. R. M.
(Orgs.). Inclusão
escolar: as
contribuições da
educação especial.
São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2008a.
OLIVEIRA, A. A.
S. . Currículos e
programas na área
da deficiência
intelectual:
considerações
históricas e análise
crítica. In:
OLIVEIRA, A. A.
S.; OMOTE, S.;
GIROTO, C. R. M.
(Orgs.). Inclusão
escolar: as
contribuições da
educação especial.
São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2008b.
6 Elaboração de Proposta de dois casos de ensino - Leitura e respostas Adaptado com base
estratégias para (coensino e adaptação de atividade) individual sobre a em: MENDES, E.
uma casos de estimulando a criação e escolha de abordagem prática de G; VILARONGA,
ensino estratégias para diferentes casos, cada caso; C. A. R.;
possibilitando o diálogo e o debate - Leitura e reflexão ZERBATO, A. P.
sobre o tema. coletiva dos casos Ensino
colaborativo como
apoio a inclusão
escolar: unindo
esforços entre
educação comum e
especial. São
Carlos: EdUFSCar,
2014
7 Elaboração de Elaboração de atividade adaptada - Roda de conversa sobre ------------------------
uma proposta de para a criança com deficiência currículo, planejamento e --
adaptação de intelectual; atividades trabalhados em
atividade Discussão de práticas pedagógicas, sala de aula;
estratégias e ações a serem - Discussão sobre
desenvolvidas com a criança com atividades a serem
deficiência intelectual matriculada tabalhadas
na sala de aula comum e atuação
colaborativa do professor da
Educação Regular e Educação
Especial.
8 Definição e Término da elaboração das - Discussão e definição ------------------------
apresentação da atividades de adaptação, iniciadas das atividades que serão --
proposta das no encontro anterior; realizadas;
atividades Apresentação final da atividade que - Apresentação final das
adaptação pelos serão realizada para a criança com atividades.
professores deficiência intelectual.
72
9 Realização da Realização da propostas de - Realização da proposta ------------------------
proposta de adaptação na sala e para a criança elaborada; --
adaptação em sala com deficiência intelectual. - Observação da
de aula pesquisadora em sala de
aula.
10 Avaliação final Realização da entrevista - Roda de conversa: ------------------------
das participnates semiestruturada final para avaliação reflexões sobre a pesquisa --
da proposta de atividade adaptada. realizada;
- Entrevista final com os
professores.
11 Devolutiva dos Apresentar os dados coletados para - Apresentação dos dados ------------------------
dados as participantes e realizar correção coletados nas entrevistas e --
conforme avaliação das mesmas reuniões;
- Leitura e correções dos
dados.
Fonte: Elaborada pela pesquisadora com base nos dados do presente estudo
73
atividades para a criança com deficiência intelectual. As atividades foram realizadas durante o
horário regular das aulas e inseridas no planejamento semanal das professoras.
Todos os dados coletados foram estudados e analisados com leituras e releituras, a fim
de garantir a maior fidelidade aos dados obtidos.
As entrevistas e reuniões foram transcritas pela própria pesquisadora e após as
transcrições realizou-se a “limpeza” das entrevistas, definida por Szymanski, Almeida e
Prandini (2010) como um procedimento que limpa os vícios de linguagem e do texto grafado,
seguindo as normas ortográficas e sintáticas, porém não havendo substituição dos termos.
Durante o processo de transcrição e revisão iniciou-se as análises de dados. Para
Szymanski, Almeida e Prandini (2010) esse é um momento em que o pesquisador revive a
cena da entrevista e os aspectos da interação. Assim, o pesquisador pode incluir suas
impressões, sentimentos e percepções.
Os dados da observação foram anotados em diários de campo, e posteriormente,
digitados para serem lidos juntamente com os dados da entrevista semiestruturada nas
reuniões. Em seguida foram comparados, servindo como parâmetros comparativos para
verificação da teoria e a prática que envolve a adaptação curricular e as práticas pedagógicas
para as crianças com deficiência intelectual que frequentam o Ensino Regular na Educação
Infantil e atuação do Ensino Colaborativo.
Inicialmente, foram realizadas repetidas leituras com a finalidade de definir as
unidades de significado. Depois de identificadas e codificadas, as unidades de análise foram
categorizadas, ou seja, agrupadas em um quadro com base em critérios semânticos, assim, as
74
unidades de significados foram organizadas em categorias temáticas. Em seguida, foram
subdivididas em subcategorias de análise sendo, então, descritas e analisadas.
Os resultados estão organizados em três categorias divididas em subcategorias que
consubstanciam a abrangência do foco do estudo, como o trabalho em parceria do professor
da Educação Especial e Educação Infantil promove a melhora na participação e aprendizagem
da criança com deficiência intelectual na classe comum. No Quadro 4, estão descritos as
categorias e suas subcategorias do estudo.
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS
Ensino colaborativo;
Conhecimento da díade de
professoras antes e depois da Adaptação de atividade.
intervenção
Possibilidades e Limites de
trabalhar na proposta de ensino Possibilidades do Ensino Colaborativo
colaborativo na visão da díade
de professoras Limites do Ensino Colaborativo
75
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Então, sobre o ensino colaborativo não sei, na teoria como ele é descrito, mas
acredito que essa parceria da professora da educação especial comigo, eu acredito
que é um ensino colaborativo. Não sei se esta é a definição da teoria, mas é uma
colaboração mesmo (Professora Regina).
76
Ambas as professoras relataram que desconheciam o conceito teórico da proposta
colaborativa e não tiveram formação sobre a temática, sendo que o conhecimento que elas
detinham foram informações transmitidas por colegas de trabalho.
A professora Estela ressaltou que os responsáveis da Educação Especial do município
oferece poucas formações sobre esse tipo de proposta de trabalho e, quando houve essa
atividade, relatou que “a formação oferecida foi à noite, fora do horário do trabalho e tinha
outros compromissos e não pode participar”, entendida por ela como algo negativo.
A professora Regina fez relação do ensino colaborativo ao termo de colaboração e
supôs que esses conceitos estivessem intimamente interligados. A definição dada pela
professora Regina, assemelhou-se aos conceitos descritos por Friend e Cook (1990, 2006),
“[...] a colaboração é definida como um estilo de interação entre, no mínimo, dois parceiros
equivalentes, engajados num processo conjunto de tomada de decisão, trabalhando em direção
a um objetivo comum” (FRIEND; COOK, 1990, p.30).
Os relatos das professoras demonstraram insegurança em afirmar, com precisão, a
definição desse modelo de ensino. De acordo com Fontes (2009), o ensino colaborativo ou
coensino é considerado, no Brasil, como uma experiência nova para os professores. O modelo
é conhecido ou realizado em poucos municípios brasileiros em casos pontuais e experimentais
(ASSIS; MENDES; ALMEIDA, 2011). Na cidade na qual foi realizado o estudo, as
experiências com o ensino colaborativo iniciaram-se por meio de projetos coordenados por
um grupo de docentes de uma universidade pública da região e, conforme foi se estruturando,
passou a compor a Proposta de Plano Municipal de Educação do município, algo que
aconteceu recentemente (VILARONGA; MENDES, 2014). Assim, a insegurança apresentada
pelas professoras pode estar relacionada ao fato desse modelo de ensino não ser tão conhecido
e sua implementação, ainda, uma proposta recente.
As Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (BRASIL,
2001a) propõe que os serviços de apoio especializado devam ocorrer nas salas de recursos e
classes comuns, sendo que nessa última o trabalho entre o professor regular e especial se
efetivará por meio do trabalho em equipe. A Resolução nº 2 no art. 18º, inciso IV (BRASIL,
2001c), também indica a ação colaborativa entre os professores ao colocar que o professor
regular deverá “atuar em equipe, inclusive com professores especializados em Educação
Especial” (BRASIL, 2001c, p.5). Em conformidade com os documentos legais, é indicada a
atuação em colaboração dos professores regular e especial para ensino das crianças com
deficiências. Para Rabelo (2012), mesmo com um amparo legal, o coensino não é reconhecido
77
pelo sistema educacional brasileiro, não recebendo importância e nem os benefícios que pode
oferecer.
Mesmo com o desconhecimento em relação à proposta do ensino colaborativo, a
professora Estela considerou importante o trabalho em parceria para melhorar a participação e
aprendizagem da criança com deficiência intelectual.
Qual a importância do modelo de serviço colaborativo para a inclusão da criança com
deficiência intelectual?
Ela (professora de educação especial) está aqui, tem esse papel, enquanto eu vou
conduzindo a atividade com a turma toda, ela está do lado dele (José) auxiliando
(Professora Regina).
78
Para Zerbato (2014), no trabalho colaborativo, a definição do papel do professor de
Educação Especial e ensino regular devem ser clarificadas, pois muitas funções que lhes são
atribuídas não condizem com o coensino e podem impedir o trabalho de colaboração. Os
professores do ensino regular devem ver o professor do ensino especial como um apoio para
seu trabalho, objetivando proporcionar o acesso ao currículo para todas as crianças.
Pode-se inferir um distanciamento entre o professor da Educação Especial e da sala
comum. Porém, a colaboração se faz importante na escola, pois permite que experiências e
auxílios para soluções de problemas de aprendizagem e/ou comportamento das crianças sejam
trocados (CAPELLINI, 2004).
A escola necessita de professores da Educação Especial voltados para o ensino
colaborativo e com a finalidade de promover o processo de ensino-aprendizagem em sala de
aula comum para as crianças com deficiências. Assim, é importante esclarecer os papéis do
professor de ensino regular e ensino especial quando se utiliza a estratégia de ensino
colaborativo em sala de aula (ZERBATO et al., 2013).
Desta forma, o professor da Educação Especial deverá ser visto e considerado como
integrante da escola. No entanto, o mesmo deve trabalhar em parceria com os professores e
demais profissionais do contexto educacional. O professor que possui conhecimentos
específicos relacionados às diversas deficiências ajuda o trabalho do professor comum,
evitando que essa criança permaneça excluída dentro da sala de aula. Nesse contexto, os dois
professores deverão trabalhar de forma colaborativa, no qual cada um desempenha papel
diferente, mas juntos contribuem para o ensino e aprendizagem da criança com deficiência.
O saber docente não é formado apenas pela prática, sendo, também, nutrido pelas
teorias da educação, assim, há a necessidade do conhecimento da teoria para a compreensão
dos diversos contextos educacionais. Desse modo, a junção de conhecimentos sobre a teoria e
a prática possibilita a busca por práticas de ensino que facilitem a aprendizagem das crianças
(BOAS, 2013).
Durante as reuniões, iniciou-se a discussão sobre os conceitos de ensino colaborativo,
tendo por base textos de autores indicados pela pesquisadora. Em meio às discussões sobre o
tema, as professoras puderam expor suas principais dúvidas e relacionarem o que estava
sendo tema das conversas com diversas situações vivenciadas, bem como sobre a realidade de
sala de aula com José.
A professora Estela relatou certa angústia em relação à inclusão escolar de José e se
referiu à falta de trabalho em equipe. De acordo com a professora Estela, as crianças com
79
deficiência são vistas pelos seus colegas da classe como as crianças exclusivas da professora
da Educação Especial, não fazendo parte da sala comum. A fim de contribuir, sobre este
aspecto, a professora Regina mencionou:
Eu sempre falo que a criança com não é só da professora da Educação Especial, ela
faz parte da classe toda e da escola. Quando você tem uma criança de inclusão,
você percebe que todo mundo da escola tem que se envolver. A colaboração tem
que ser de todos da escola. Ele (José) ia pro banheiro ele se trancava no banheiro,
tinha 4 aqui na minha porta: ah vai pegar ele. Levar ele pra fazer xixi? Não,
ninguém levava (Professora Regina).
80
O ensino colaborativo ainda é um assunto novo em âmbito nacional e muitos
professores ainda desconhecem a teoria. Após obter conhecimento sobre a teoria colaborativa,
a professora fez referências a sua experiência prática, contribuindo para sua compressão da
teoria.
O estudo realizado por Zerbato (2014) apontou que o professor regular, professor
especial, diretor, vice-diretor e coordenador desconhecem o conceito de colaboração descrito
na teoria, porém fazem relações com as experiências vivenciadas na prática de trabalho em
conjunto.
As professoras afirmaram, no início das reuniões, que não tinham conhecimento sobre
o conceito de ensino colaborativo e nem como realizar o trabalho colaborativamente, como
ressaltado nos trechos a seguir.
Eu não sabia sobre o colaborativo. Eu acho assim, como você (pesquisadora) disse,
no ensino colaborativo precisa ter essa parceria e planejar. A parte do
planejamento, hoje, entendo que é difícil (Professora Estela).
Estou vendo sobre esse conceito. Não sabia mesmo [....]. A gente nunca sentou e
conversou: da turma, do meu jeito de ensinar, dos meus objetivos com a turma.
Agente conversa pouco dos objetivos dela (criança com DI). Precisa planejar, afinar
essa sintonia (Professora Regina).
81
Figura 5 – Atividade de caso sobre ensino colaborativo para a professora da Educação
Especial
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, adaptado de MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p.107-110.
82
Figura 6 – Atividade de caso sobre ensino colaborativo para professora do Ensino Regular
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, adaptado de MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p.107-110.
É preciso planejar e conversar. A gente não tinha um momento específico para nos
reunir, para planejar, para conversar sobre essa criança específica, a gente
encontrou outros meios como nas reuniões fizemos juntos, WhatsApp e e-mail então
a gente começou a achar outros meios de planejar e fomos nos conhecendo melhor.
Antes ela entrava para ver a criança da educação especial e aí depois a gente
precisou conversar sobre o resto da turma, do que eu estou trabalhando do meu
planejamento do conteúdo que eu ia dar pras crianças, então a gente teve que
sentar juntas e pensar no que fazer [...] (Professora Regina).
[...] As reuniões poderiam ter acontecido o ano inteiro, valeu a pena, pois
aprendemos a pensar juntas. (Professora Estela).
Quadro 5 –Conhecimento das professoras sobre ensino colaborativo antes e após as reuniões.
Antes Depois
Necessidade de planejar em parceria,
Colaboração com todas as pessoas conhecer o parceiro e a classe (Professora
(Professora Regina) Regina)
84
É possível verificar que as professoras se referiram ao ensino colaborativo de forma
diferente antes e após as reuniões, pois, inicialmente, desconheciam e diziam ter dificuldades
para compreender o conceito do modelo colaborativo. Após as reuniões, as professoras
elencaram alguns pontos importantes do modelo colaborativo, como planejamento realizado
entre o professor da sala comum e o da Educação Especial, conhecimento sobre o parceiro e a
criança e a parceria entre ambas em busca de um mesmo objetivo.
Para Capellini (2004), a colaboração oportuniza a partilha de diferentes conhecimentos
oferecidos pelos atores envolvidos no processo. O estabelecimento de um ambiente
colaborativo provoca possibilidades de ação e reflexão para se atingir um objetivo comum
(ZANATA, 2004).
Eu acho que primeira coisa é conhecer quem é a criança, que ele precisa, não
adianta eu ter um objetivo pré-concebido se eu não conhecer essa criança e pensar
o que eu quero para ela (Professora Regina).
Eu acho que não é mudança do que a professora está programando para sala, eu
penso muito na prática, na questão da prática focando as atividades (Professora
Estela).
85
criança, seus interesses e necessidades. A partir desse conhecimento, cabe aos professores
estruturarem atividades que favoreçam sua aprendizagem, seguindo o mesmo currículo
proposto para a turma em que a criança está inserida.
Minetto (2008) pontua sobre essa necessidade do conhecimento sobre a criança e suas
particularidades, determinando seu nível de competência e fatores que possibilitem o processo
de ensino-aprendizagem, os quais são primordiais para o direcionamento da atenção do
professor.
De acordo com Coll (1996), as adaptações devem ser feitas com base no projeto
curricular básico, sendo utilizadas quando os recursos pedagógicos habituais não forem
suficientes para atender as especificidades educacionais das crianças.
Minetto (2008) afirma que adaptar não se trata da elaboração de programas paralelos,
mas, sim, da introdução de medidas capazes de adaptar os currículos. Nesse sentido, as
adaptações têm grande importância na prática pedagógica inclusiva, desde que possibilitem a
aquisição de conhecimento para todas as crianças.
As professoras foram questionadas sobre a necessidade de realização de adaptações
nas atividades dos conteúdos para José. Ambas afirmaram sobre a necessidade de realizar
adaptações em todas as atividades, caso contrário, o mesmo não participa das aulas.
Para tudo, desde minha postura, atividade, material, tudo (Professora Regina).
Sim, no caso está sendo as adaptações das atividades, mas não está fugindo do que
está sendo passado para a turma [...]. A gente tenta mais ou menos pensar no
objetivo das atividades para todos daí vê o que vai fazer com ele (José), mas não faz
tudo igual tem que ser diferente alguns conteúdos (Professora Estela).
86
que envolvam jogos e brincadeiras, porém não em todas, havendo uma diferenciação nas
atividades de leitura e escrita.
Ainda sobre as atividades oferecidas para José, a professora Regina comentou que o
objetivo com a criança era diferente dos demais da classe, havendo diferença, também, nos
conteúdos desenvolvidos, como apresentado no recorte.
Meu objetivo com ele (José) é a socialização [...], mas em relação às outras
crianças eu não vejo adaptação, eu vejo diferenciação, não são as mesmas
atividades, não são os mesmos conteúdos (Professora Regina).
Eu acredito que adaptação das atividades é necessária, ainda mais nessa sala que é
uma fase que está indo para o primeiro ano (Professora Estela).
Precisa, mesmo sendo educação infantil. Aquilo que eu falei até mesmo de postura,
não só currículo, não só atividade, de postura, de entender o que essa criança quer,
mas tem que ter adaptação. Não consigo ver uma única atividade, acho que se eu
desse uma única atividade para a turma toda inclui-lo nessas atividades eu ia
excluir [.....]. Hoje eu quero que minhas crianças saiam da Educação Infantil
alfabéticos e é isso que eu trabalho com eles, para ele (José) eu quero que ele
venha bem pra escola, que se adapte a rotina da escola e consiga realizar algumas
atividades com coordenação motora e que ele consiga falar o nome de todos os
amigos, entendeu, que ele saiba se comunicar, que ele saiba pedir pra fazer xixi, pra
ele tomar água e que ele respeite os limites e as regras da escola (Professora
Regina).
88
Assim, o trabalho desenvolvido na Educação Infantil não deverá ser priorizado o
conhecimento instrucional, realizado por meio dos conteúdos, mas a realização de saberes
adquiridos de outras formas, sem que seja exclusivamente a realização de atividades gráficas
pautadas no conhecimento de números e letras. Apesar dos diversos conhecimentos obtidos na
Educação Infantil, a criança com deficiência intelectual deverá fazer parte de todos os
conhecimentos e, quando houver necessidade, haverá adaptação às formas de aprendizagem.
Ao longo das reuniões foram realizadas atividades de leituras e reflexões sobre as
práticas pedagógicas com a díade de professoras. Foi possível verificar que as professoras
conheciam superficialmente a adaptação de atividades, mas demonstraram interesse em
conhecer como e quando se deve elaborar.
As professoras afirmaram que as reuniões proporcionaram conhecimento sobre
adaptação de atividade para José e auxiliou na prática pedagógica em sala de aula, como
exemplificado no trecho abaixo.
Eu já tinha uma noção do que era adaptação, mas depois das reuniões, do texto, das
nossas conversas tudo contribuiu para deixar bem claro, o que eu tenho que fazer,
na hora que eu estou planejando, na hora que eu estou aplicando com a turma toda,
o que eu tenho que fazer com minha criança especial, então eu acho que deu essa
noção pra mim (Professora Regina).
Não tinha conhecimento sobre adaptação, eu não sabia adquiri agora com a
pesquisa (Professora Estela).
Nas escolas a gente vê muito isso se não acompanha a turma, tem que ser uma
criança 100%, senão ela é deficiente intelectual. E aí encaminha para a Educação
Especial. Pensam que inclusão é só socialização, né (Professora Estela).
É não é! Até porque está garantido na legislação o direito dele da aprendizagem
(Professora Regina).
As professoras relataram, nas reuniões, que muitos de seus colegas consideram que
deveria existir um padrão homogeneizado das crianças e os que diferem são rotulados com
deficiência intelectual, não havendo preocupações para aprendizagem dessas crianças. Para
Veltrone e Mendes (2007), a escola regular deve estar preparada para receber todas as
crianças, reconhecendo e respondendo as diversas dificuldades de suas crianças, acomodando
os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para
89
todos, exigindo reestruturações na escola, aperfeiçoamento dos professores e adaptando as
ações pedagógicas à diversidade das crianças. Entretendo, não basta a garantia da inclusão
escolar na legislação, é preciso que sua permanência seja garantida por uma educação de
qualidade. As escolas que trabalham de forma homogeneizada sobressaem as diferenças e não
consideram as diferentes aprendizagens das crianças.
A educação inclusiva vem avançando em um espaço significativo no cenário mundial
e atender as diferentes necessidades das crianças matriculadas têm sido um dos maiores
desafios enfrentados pela escola. A proposta inclusiva tem causado movimentos em busca de
métodos e estratégias, a fim de promover a garantia, permanência e aquisição do
conhecimento.
A seleção de atividades de ensino-aprendizagem com maior valor educativo
significativo permite um papel ativo para a criança, estabelecendo relações com o saber, com
a redescoberta e com o desenvolvimento do pensamento. Essa forma será um processo lúdico
e prazeroso se as diferenças individuais forem reconhecidas e as atividades adequadas
(CARVALHO, 2008).
Na 6ª reunião com as professoras, foi solicitado pela pesquisadora uma atividade de
situações práticas de sala de aula. A atividade abordou uma situação de adaptação e
aprendizagem de uma criança com deficiência intelectual que frequentava a sala de aula
comum do Ensino Fundamental. O caso fictício foi apresentado para ambas as professoras.
Em resumo, a professora regular não sabia como ensinar a criança com deficiência e
queixava-se de seu comportamento, trabalhando atividades fora de conteúdo para a criança.
Apesar de ser oferecida a mesma situação para as professoras, as abordagens eram diferentes,
pois cada uma deveria redigir seu posicionamento diante do fato e dentro de sua atuação.
90
Figura 7 – Atividade de caso sobre adaptação para a criança com deficiência intelectual para a
professora da Educação Especial
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, adaptado de MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p.107-110.
91
Figura 8 – Atividade de caso sobre adaptação para a criança com deficiência intelectual para a
professora do Ensino Regular
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, adaptado de MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p.107-110.
[...] foi um resultado positivo eu senti que trabalhou, que conseguia nomear as
partes e trabalhamos a oralidade , pois tem dificuldade na fala. Eu acho que o
resultado foi bom (Professora Regina).
A escola deve encontrar caminhos que possam superar a incapacidade imposta pela
deficiência e romper com a homogeneização por meio do respeito à individualidade,
aprendendo a lidar com a heterogeneidade e diversidade. Nesse contexto, cabe à escola tomar
conhecimento sobre o potencial de aprendizagem das crianças com deficiência intelectual
para organizar sua prática escolar e pedagógica (OLIVEIRA, 2009).
93
O Quadro6 apresenta os pontos principais das falas das professoras sobre o
conhecimento de adaptação de atividades para a criança com deficiência intelectual antes e
depois das reuniões.
Nessa seção serão apresentadas as descrições das práticas pedagógicas utilizadas pelas
professoras com José por meio das observadas realizadas em sala de aula. Assim, as
subcategorias desse item são: 5.3.1 - Estratégias pedagógicas utilizadas na sala comum; 5.3.2
- Recursos e materiais pedagógicos utilizados na sala comum; 5.3.3 - Planejamento e ações
colaborativas entre as professoras da sala comum e da Educação Especial
94
5.2.1 Estratégias pedagógicas utilizadas na sala comum
Quando retorna para a sala a professora oferece massinha para as crianças. A criança
com deficiência intelectual gosta da atividade e senta na mesinha formada com um
pequeno grupo de colegas. Ele (José) interage bem com os demais da mesa e
permanece por maior tempo na atividade.
A professora Regina relatou que suas crianças não possuíam lugares fixos e estavam
sempre modificando os lugares, para que tivessem diversas interações, porém ressaltou que
muitos possuem afinidades, sendo difícil convencê-los a trocar de lugares.
José demostrava preferência por sentar perto de outra criança, mas a troca de lugar era
feita, sem resistência da criança, quando solicitado pela professora. Para a professora Regina,
José participava das atividades grupais com as demais crianças, conforme pode ser visto no
exposto:
95
Além da atividade grupal, a professora Regina trabalhou com incentivo de outra
criança, auxiliando José na execução das atividades. Os estudos de Sanches (2005)
demonstraram que uma aprendizagem realizada com pares, bem conduzida, é quase
imprescindível para o processo de inclusão escolar.
No processo de inclusão escolar, a utilização de estratégias e suas organizações
deverão ser adaptadas para atender as necessidades de todas as crianças em classes
heterogêneas. Nesse contexto, o uso de tutoria de colegas tem sido utilizado por algumas
instituições escolares como forma de auxílio para alunos com deficiência. A tutoria de colegas
é definida como apoio dos colegas de sala para crianças com deficiências com objetivo de
desenvolvimento escolar (FREDRICKSON; TURNER, 2003). De acordo com Santos e
Mendes (2008), a tutoria de colegas não substitui os métodos de ensino tradicional, mas
constitui como complemento efetivo para esses métodos e conta com a melhor fonte de
ensino, as próprias crianças.
Nas observações verificou-se que José obteve maior participação nas atividades
grupais ou quando um colega auxiliava. Desta forma, acredita-se que essas sejam as formas
de ensino que propiciaram a criança, em específico, que permanecesse mais tempo na
atividade. Conhecer o aluno consiste em saber sobre suas particularidades determinar o nível
de competência e fatores que possibilitam seu processo de ensino-aprendizagem (MINETTO,
2008). Constata-se que as formas bem sucedidas de ensino para José poderiam ser mais
utilizadas em sala de aula.
Diante dessa premissa, a prática das parcerias e trabalhos em grupos deverá ser mais
utilizada no espaço escolar, pois o trabalho coletivo apresenta-se como uma construção
coletiva do conhecimento por meio de trocas de saberes e que, realizado desde a Educação
Infantil, promoverá que a criança aprenda a trabalhar nesse modelo desde cedo.
De acordo com a professora Regina, as atividades oferecidas para criança com
deficiência intelectual devem ser individualizadas, como elucidado no trecho a seguir.
Tem que ser individual não consigo ver como coletiva. É lógico que eu já dei
atividades para ele das mesmas que já dei para as crianças, até de pintar mesmo e a
resposta que eu tenho nessas atividades ele rabisca e me entrega, ele faz um risco
na atividade e vem me trazer. Então, tem que ser individual. Não tem como eu dar
um papel na mão dele e sair. Tem que dar um papel na mão dele e sentar do lado
dele, ficar estimulando, conversando, pegando na mão. O único jeito até hoje que
eu vi ele (José) realizar atividade é essa do lado dele (Professora Regina).
96
Conforme observado em sala de aula nos dias em que a professora da Educação
Especial esteve em sala de aula, o apoio individualizado é ofertado e José consegue executar e
terminar as atividades, mas nos dias em que a professora especialista não estava em sala de
aula, a professora da sala comum/Regina tentou oferecer atenção individualizada para José,
porém suas tentativas não fizeram com que a criança realizasse a atividade oferecida,
conforme demostrado no trecho a seguir:
Trecho ilustrativo do diário de Campo, 24/09/2014:
97
a aprendizagem e pode questionar-se se a modificação da atividade poderia chamar atenção da
criança com deficiência intelectual?
As atividades sugeridas pelo professor devem “[...] considerar a dimensão prática
social, do universo de significação de cada grupo escolar, para que a acriança possa se
identificar com o conhecimento e expandir sua relação com o mundo” (SÃO PAULO, 2008,
p. 31). A escola deverá repensar sobre seu papel e objetivos educacionais, favorecendo o
acesso ao conhecimento da criança com deficiência intelectual e respeitando sua própria
condição de aprendizagem (SÃO PAULO, 2008). O professor deverá promover o
conhecimento sobre a criança com deficiência intelectual, considerando suas características e
valorizando suas possibilidades da realização. Diante disso, cabe ao professor criar
possibilidades de estratégias em benefício da aprendizagem de suas crianças.
Em outra situação, as tentativas da professora da sala comum resultaram positivamente
na participação da criança com deficiência e a realização da atividade. A professora Regina
solicitou que as crianças fizessem um círculo, dentro do espaço da sala de aula, e sentassem
no chão para cantar a música. José sentou ao lado da professora Regina que conduziu a
atividade com todos conforme o relato do trecho de observação.
Trecho ilustrativo do diário de Campo, 23/09/2014:
Nessa atividade, pode-se verificar que José teve mais interesse e rendimento na
atividade, podendo estar relacionado à forma lúdica que atividade foi conduzida, bem como a
disposição das crianças organizada pela professora, círculo, favorecendo a interação entre os
colegas. Para Dantas (2012), o uso do círculo é uma metodologia significativa, pois permite o
acolhimento das crianças, troca de diálogos, interação, além de prover o respeito e aceitação
das diferentes opiniões. Portanto, o uso dos círculos na Educação Infantil promove benefícios,
pois concede que a criança tenha maior interação entre os colegas, trocas de saberes e
conviver coletivamente desde pequeno.
A linguagem musical promove o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da
autoestima e autoconhecimento, além de ser um poderoso meio de integração social. O
trabalho musical deve ser considerado como meio de expressão acessível para todas as
crianças, inclusive as com deficiências (BRASIL, 1998b).
98
Em outro dia de observação, verificou-se o uso de atividades diferenciadas para turma
e para José. Nesse dia, a professora Estela sentou-se próxima de José, enquanto a professora
Regina conduzia a orientação da atividade para a sala toda. Foi proposta como atividade para
a turma a leitura de uma parlenda, enquanto que para José as professoras decidiram dar outra
atividade, envolvendo pintura e colagem e utilizando uma figura impressa no papel sulfite,
cola e areia colorida.
Trecho ilustrativo do diário de Campo, 24/09/2014:
99
Além disso, a prática pedagógica na Educação Infantil deverá estar pautada nas
premissas de uma educação voltada para a diversidade. A Declaração de Salamanca (1994)
defende uma pedagogia voltada para a diversidade e necessidade das crianças, incluindo
estratégias pedagógicas diferenciadas que possam beneficiar os alunos em todos os aspectos.
De acordo com as observações em sala de aula, evidenciou-se o uso de estratégias
diversificadas utilizadas pela professora, porém algumas poderiam ser mais utilizadas,
visando maior desempenho demostrado para José. Nesse sentido, há a necessidade de mais
informações e conhecimento sobre a criança com deficiência intelectual, contribuindo para
realização de práticas condizente as suas necessidades.
É necessário que o professor faça uma reflexão constante sobre suas práticas
pedagógicas para que possa permitir modificações e novas estratégias de forma que
possibilitem aprendizagem significativa dos alunos.
A sala de aula onde foi realizada a pesquisa era composta por carteiras adequadas para
o tamanho e idade das crianças, painéis nas paredes e uma diversidade de materiais, como
jogos de encaixe, jogos de quebra-cabeça, livros, brinquedos, televisão e DVD.
Trecho ilustrativo do diário de Campo, 22/09/2014:
A sala de aula é arejada, possui boa iluminação, a disposição das mesas e cadeiras
estava organizada em quatro grupos. Nas paredes há cartazes com numerais,
quantidades, calendários, nomes, etc. A sala possui diversos materiais como: uma
televisão, livros, jogos e brinquedos. Nos chama atenção a quantidade de jogos e
brinquedos que contém na sala estando disponibilizados em baldes como: bonecas,
bolas carrinhos e ursos, e jogos como: corpo humano vira letras, alfabeto, soletrar e
memória. Os jogos ficam em prateleiras de fácil acesso para as crianças e os
brinquedos são guardados em baldes espelhados pela sala.
100
A disposição das carteiras e o tamanho adequado dos mobiliários facilitava a
organização em grupos feita para o trabalho pedagógico e autonomia para as crianças. Foi
possível constatar o uso de alguns desses materiais, como jogos, livros e brinquedos pela
professora. O uso mais frequente era dos livros que se encontravam acessível e eram
manuseados diariamente pelas crianças nos intervalos vagos em sala de aula.
Trecho ilustrativo do diário de Campo, 22/09/2014:
Depois a professora levou as crianças para grama e contou uma história somente
com gravuras, estimulando as crianças falarem o que estavam vendo. A criança com
deficiência intelectual ficou sentada no colo da professora regular e ela mostrava o
livro para ela e perguntava /estimulava sua fala, mas pouco falava.
Após contar a história, a professora Regina fez relações dos personagens do livro com
elementos da natureza e solicitou que as crianças colocassem suas opiniões e refletissem sobre
a temática. A realização da atividade demonstrou o uso de um planejamento prévio, a
preocupação da professora em que as crianças realizassem uma reflexão e incentivo à
comunicação. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI), os materiais disponíveis e o espaço escolar devem ser vistos como ativos no
processo educacional. Além disso, os espaços escolares devem estar sujeitos a mudanças
realizadas pelas ações das crianças e dos professores (BRASIL, 1998b).
Apesar da diversidade de materiais para o uso em sala de aula, observou-se que nem
todos foram utilizados pela professora em suas ações pedagógicas. Vale ressaltar que alguns
101
deles estavam sem condições de uso, quebrados e/ou faltando peças. Ainda sobre a
disponibilidade dos materiais, a professora da sala comum relatou que isso atrapalha o
desempenho de algumas crianças, mas, principalmente, da criança com deficiência intelectual,
pois a todo o momento quer ficar brincando ou assistindo aos filmes, como elucidado no
trecho:
Ele (José) chega e vai direto nos brinquedos. Tudo o que tem aqui na sala ela tem
acesso, tá tudo na mão. A ideia era para ser essa mesmo, só que atrapalha, porque
ele quer na hora que ele quer [...](Professora Regina).
102
5.3.3 Planejamento e ações colaborativas entre as professoras da sala comum e da Educação
Especial
A gente planeja pelo facebook, e-mail, manda atividades uma para outra: olha isso,
olha o que eu achei, né, vê se funciona., não temos um horário fixo não (Professora
Regina).
Foi possível notar que as professoras não dispunham de horários em comum para
realização do planejamento e, de acordo com as professoras, a falta desse horário fez com que
elas procurassem outras formas de se comunicarem. A professora Estela relatou que, quando
está na escola para atender outra criança, conversa com a professora da sala comum nos
intervalos, na tentativa de trocar algumas informações sobre as atividades para a criança com
deficiência intelectual. Ressalta-se que, conforme o modelo de Ensino Colaborativo do
município estudado, a professora da Educação Especial acompanha a criança com deficiência
intelectual uma vez na semana.
Nas observações realizadas notou-se que os dias em que a professora da Educação
Especial acompanhava a criança com deficiência intelectual era quando ela tomava
conhecimento sobre as atividades que seriam realizadas em sala de aula, isto é, no momento
da aula. Para a criança com deficiência intelectual, havia uma pasta com diversas atividades
que eram escolhidas na hora.
O planejamento em comum permite aos professores a reflexão de suas práticas
pedagógicas, plano de atividades que atendam às necessidades de cada criança, definição de
papéis e responsabilidades do trabalho colaborativo entre os professores (ARGUELES;
HUGHES; SCHUM, 2000). O planejamento constitui-se como importante ferramenta para o
trabalho colaborativo, mas é necessário que ocorra discussão na escola sobre o tempo de
planejamento entre os professores (CONDERMAN; BRESNAHAN; PEDERSEN, 2009).
Em relação ao tempo e horário para o planejamento, as professoras esclareceram que o
ensino colaborativo do município estudado estava organizado de forma diferenciada para o
Ensino Fundamental e Educação Infantil. No Ensino Fundamental cada escola dispunha de
103
um ou mais professores para atuarem no ensino colaborativo, enquanto que na Educação
Infantil havia um único professor de Educação Especial para atender várias escolas, estando
divididos por regiões. Nesse processo, uma dessas escolas era escolhida como principal, na
qual o professor especialista realizava toda parte burocrática, bem como realização dos HTPC
(Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo). A falta de horário e espaço comuns para reunir as
professoras foi relatado como entrave, pois houve a necessidade de reorganização dos
horários e locais para realização das reuniões com a pesquisadora.
Para a professora Regina, a falta de tempo de planejamento interfere no rendimento
escolar, como nota-se no trecho a seguir:
Com um tempo para planejamento teria maior rendimento, até se ela (professora
especial) participasse do HTPC,, mas isso seria importante [...] (Professora
Regina).
104
intelectual. Apesar da falta de tempo para planejarem, as professoras buscaram meios para se
comunicarem, demonstrando as premissa de caminhos para uma parceria colaborativa.
As professoras relataram parceria para elaboração de atividades para a criança com
deficiência intelectual e a necessidade de um conhecimento acerca da criança, como
elucidado?
A gente trabalha junto, ela me ajuda muito com atividades [...]. Primeiro a gente foi
conhecendo a criança juntas, né [...]. Então de terça-feira eu sei que é um dia que
ela (criança com deficiência intelectual) participa muito bem, porque ela
(professora de Educação Especial) está do lado dele. Eu não consigo, não consegui
nenhuma vez, até hoje mesmo nessas atividades coletivas, eu tenho que estar
insistindo e junto com ele (Professora Regina).
A gente descobriu que a parte de atividades que envolvem artes ele se interessa,
partimos pra esse lado, mas foi assim na tentativa, para ver o que ele gosta, porque
a gente não o conhece e também não entende o que ele fala. Ele falta muito,
praticamente neste primeiro semestre ele não frequentou. Fico me perguntando:
Será que ele gosta? Será que ele não gosta? Foi assim, tentativa e acabou dando
certo (Professora Estela).
105
categoria sobre o trabalho colaborativo associa-se às concepções das professoras acerca de
seu papel na sala de aula.
As Figuras 11 e 12 ilustram o conhecimento das professoras sobre o trabalho
colaborativo e parceria entre ambas, executado em sala de aula.
Figura 11 - Desenho sobre o olhar das ações colaborativas: Professora classe comum
Figura 12 – Desenho sobre o olhar das ações colaborativas: Professora da Educação Especial
PROFESSORA
REGULAR
Criança com
Deficiência
Intelectual
107
professor regular assume o papel principal e o outro professor recebe instruções, servindo
como apoio para uma criança. De acordo com os desenhos, pode-se afirmar que as
professoras apresentaram certo distanciamento e falta de interação em sala de aula.
Ainda sobre a relação das professoras, em conformidade aos estágios e componentes
do coensino de Gately e Gately (2001), as mesmas encontravam-se no estágio inicial da
colaboração que apresenta como componentes: quando não há um planejamento entre ambos,
o professor de Educação Especial não conhece o conteúdo e metodologia a ser utilizada pelo
professor regular, a comunicação é reservada, professor de Educação Especial é visto como
auxiliar e cada professor tem seu sistema de avaliar o desenvolvimento da criança.
Sabe-se que o trabalho colaborativo ocorrerá quando os professores partilharem dos
mesmos objetivos, podendo planejá-los em conjunto, para isso, é preciso que aconteça a fusão
entre o professor do ensino comum e o professor da Educação Especial. Nesta fusão, os pares
se juntam desenvolvendo estratégias com reestruturação dos procedimentos de ensino com
vista auxiliar a aprendizagem das crianças com deficiências (BAUWENS; HOURCADE;
FRIEND, 1989).
Apesar de disporem de alguns materiais e as tentativas de práticas pedagógicas
diversificadas em sala de aula, ainda são insuficientes para o ensino aprendizagem da criança
com deficiência intelectual. Além disso, verificou-se que as professoras não dispunham de um
tempo para planejarem suas práticas e constatou-se que estavam em estágio inicial da
colaboração, dificultando o processo de inclusão escolar. As práticas pedagógicas na
Educação Infantil visam o conhecimento realizado por meio das experimentações. Assim, as
práticas infantis deverão propiciar e promover essa vivencia para que a criança possa aprender
brincando. Desta forma, as práticas pedagógicas deverão estar constantemente sendo
modificadas e reformuladas, havendo sempre a reflexão por parte dos professores sobre as
estratégias mais pertinentes para sua sala de aula. Além da reflexão, há necessidade de um
planejamento conciso e que permita práticas que considerem as diversidades. Para isso, os
professores especialistas deverão planejar junto aos professores regulares, contribuindo e
sugestionando as melhores metodologias e formas que irão facilitar a aprendizagem da
criança com deficiência.
108
5.3 Adaptação de atividade para participação e desenvolvimento da criança com
deficiência intelectual
109
execução da atividade e orientava as crianças para realização da mesma e não só José, como
era feito regularmente.
O envolvimento das professoras e algumas mudanças durante a realização podem estar
relacionados ao fato de ambas terem conhecimento prévio sobre a atividade que foi pensada,
planejada e elaborada por ambas.
Numa perspectiva de inclusão escolar, na qual o objetivo consiste na melhora do
desenvolvimento acadêmico das crianças, os professores regulares e especialistas estão
buscando o trabalho em conjunto. Nesse sentido, o ensino colaborativo é uma proposta de
apoio na qual os professores trabalham juntos e dividem responsabilidades de planejamento,
orientações e avalição de um grupo de crianças (VILARONGA, 2014).
Assim, os desafios da inclusão escolar das crianças com deficiências deveram ser
considerados como ensejo que levem a busca de soluções. Nessa busca, deve-se priorizar o
benefício de apoios que visem à melhora escolar da criança com deficiência. Nesse contexto,
de acordo com Vilaronga (2014), os estudos científicos de países como Estados Unidos têm
apresentado o ensino colaborativo como uma proposta benéfica para solução dos problemas
de ensino aprendizagem das crianças com deficiência.
José realizou a atividade como as demais crianças. Apesar de não esperar que a criança
respondesse a atividade oralmente, ela dá indícios de um início de fala e responde ao
perguntado pelas professoras.
Trecho ilustrativo de Observações em Diário de Campo, 18/11/2014:
110
Figura 13– Caixa Surpresa Figura 14– Roda para realização da
atividade
Figura 15– Participação da criança com Figura 16– Participação de outra criança na
José atividade
111
Os professores devem considerar as características individuais da criança com
deficiência intelectual e oferecer formas diversificadas de ensino que valorizem seu potencial
e busquem uma aprendizagem significativa e de qualidade.
112
Observou-se que, durante a atividade, apesar de José não ter cantado a música
demonstrou estar gostando da atividade, por meio de expressão facial (sorriu) e se manteve na
atividade de roda com as demais crianças Além disso, apresentou sinais de interação,
principalmente, com a professora Regina, o que pode ter influenciado em sua maior
permanência na atividade.
Os registros da atividade citada anteriormente são descritas nas Figuras 17 e 18.
Em seguida, as crianças retornaram para sala e foi oferecida outra atividade. A díade
de professoras planejou realizar uma atividade gráfica com desenho de uma boneca e as
crianças deveriam colocar nos espaços em branco as palavras que indicavam a parte do corpo
e, posteriormente, recortar e montar a boneca de papel. Para José, a professora Estela trouxe
uma boneca de madeira com objetivo de que completasse as partes que estavam faltando.
Vale ressaltar que essa atividade não foi planejada nas reuniões, mas as professoras
conversaram durante a semana e decidiram acrescentar. Para as professoras, essa atividade
conseguiria mostrar para as crianças as partes do corpo, montagem da boneca e a escrita das
partes do corpo. Com José, os objetivos eram que montasse a boneca e nomeasse oralmente
ou indicasse as principais partes do corpo (perna, cabeça e braços). A díade de professoras
optou por utilizar o material concreto em razão da criança com deficiência intelectual não
responder as atividades gráficas, como elucidado a seguir.
113
[...] Então o que a gente percebeu que atividades que se dá de papel com lápis, ele
não realiza, a resistência é muito, muito grande [...] (Professora Estela).
Eu já dei atividade de papel para ele (José) de papel e não faz, rabisca tudo e me
entrega [...] (Professora Regina).
As professoras sempre relataram essa aversão de José com as atividades gráficas. Será
que realmente José teria essa aversão e resistência por realizar atividades gráficas? Outros
fatores poderiam influenciar na execução dessas atividades? O caminho ideal seria a
utilização somente do material concreto?
Não se pode afirmar com precisão se a resistência da criança se configura na
realização da atividade gráfica. Ao que tudo indica, existem outros fatores que poderiam
influenciar na não realização da atividade, como compreensão de regras e rotina, acesso aos
brinquedos, atividades adaptadas que considerem o interesse da criança e a utilização de
outros recursos para aprendizagem. As modificações desses fatores podem contribuir para que
a criança possa participar mais ativamente e proporcionar uma aprendizagem mais prazerosa e
significativa. Os materiais concretos contribuem para melhor forma de aprendizagem, mas
não podem ser a única forma de ensino para as crianças com deficiência intelectual, pois “a
criança deve ser considerada como sujeito histórico com direitos e que nas interações,
relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade [...]” (BRASIL, 2010a, p.
12). Assim, a escola deverá propiciar oportunidades de experimentação e interações sociais
desde cedo para que possam ter acesso as experiência e aprendizagem (BORGES;
SALOMÃO, 2003).
As estratégias de ensino a ser utilizada para determinada criança e os recursos
materiais devem ser minuciosos para o sucesso de sua aprendizagem, uma vez que a estratégia
utilizada para uma criança pode não ser o mais indicado para outro (MINETTO, 2008).
Assim, o conhecimento sobre a criança, o método mais adequado e materiais necessários para
sua aprendizagem devem ser pesquisados e considerados pelos professores.
Durante a realização da atividade, a díade de professoras participou ativamente da
atividade com todas as crianças.
Trecho ilustrativo de Observações em Diário de Campo, 18/11/2014:
114
Educação Especial foi até as outras crianças para ajudá-las. A professora regular
ficou junto a criança com deficiência intelectual até ela compreender a atividade e
iniciar sua realização. Posteriormente, a professora de educação Especial dá
continuidade na atividade com a criança com deficiência e a professora regular
auxilia outras crianças.
115
Figura 21 – Cabeça da boneca de madeira Figura 22 – Atividade gráfica da boneca
para a turma
As Figuras 19, 20, 21 e 22 ilustram a atividade realizada para José e com as demais
crianças da sala.
As atividades para a criança com deficiência intelectual devem atender suas
necessidades específicas, sem desviar do ensino básico proposto as demais crianças e devem
ocorrer desde cedo. Nessa perspectiva, a escola deverá valorizar os acertos da criança e
trabalhar suas potencialidades para superar as dificuldades (OLIVEIRA, 2009).
Desta forma, é imprescindível que as atividades trabalhadas com as crianças com
deficiência intelectual sejam significativas e produzam aprendizado de qualidade, valorizando
suas habilidades e vencendo suas dificuldades.
Meu trabalho é assim... Eu atendo em sala de recursos alguns alunos na escola que
é minha sede [...]. Depois, atendo alguns casos do colaborativo em três escolas que
ficam aqui perto [...]. São muitos alunos e acabo fazendo uma vez na semana de
uma hora com cada aluno. Nos casos mais graves tento fazer duas vezes na semana.
Aqui com ele (José) fico só uma vez (Professora Estela).
A professora regular sentou junto com a criança com deficiência intelectual e iniciou
a atividade explicando como deveria montar o quebra-cabeça. Nesse momento, uma
criança interrompe a professora para saber se ela monta o quebra-cabeça em cima da
carteira ou não? Após, responder para a criança a professora retomou a explicação
com a criança com deficiência intelectual e mais uma vez é interrompida com outras
crianças que reclamam sobre o comportamento do colega. E novamente a professora
para a explicação para chamar atenção das crianças.
Atividade 4 – Autorretrato
119
Diante da manifestação da professora, durante as elaborações das atividades foram
pensadas possibilidades que pudessem fazer com que José participasse dessa atividade.
Assim, ficou estabelecido a sequência de atividades inter-relacionadas sobre partes do corpo
humano e ao final a confecção da tela para exposição. Considerando o fato de José resistir às
atividades que envolviam o uso de lápis e pincel, foi minimizado o uso do mesmo. Nesse
sentido, foi proposto que, dando continuidade à atividade anterior, a montagem do quebra-
cabeça, José poderia colar sua imagem e somente pintar o fundo da tela. A minimização foi
sugerida pelas professoras que relataram suas tentativas em fazer com que a criança realizasse
atividades gráficas, mas não obtiveram sucesso.
[...] já dei atividades é de pintar e a resposta que eu tenho nessas atividades rabisca e
me entrega. Ele (José) faz um risco na atividade e vem me trazer ou mesmo coisas
diferentes pintar com guache não quer fazer ou tem que ficar do lado dele[...].
Muitas vezes prefere os brinquedos (Professora Regina).
O que a gente percebeu que atividades gráficas que se dá de papel com lápis, ele não
realiza, a resistência é muito, muito grande... Então é, ele tem a dificuldade motora
pra até cobrir pontilhados e tudo, então nós falamos: todas as atividades de gráfica,
ele não faz? Porque ele quer é pegar os brinquedos (Professora Estela).
Ele (José) faltou muito no primeiro semestre. Agora está vindo mais depois que a
diretora chamou a mãe [...] (Professora Regina).
[...] eu não sabia o que dar para ele (José), de ir lá pedir socorro para a diretora [...]
(Professora Regina).
A diretora daqui (escola) ajuda bastante. Ela tem curso nessa área (Educação
Especial) e dá sugestões (Professora Estela).
121
A diretora da escola tem formação em pedagogia, pós-graduação na área de Educação
Especial e seus estudos estão voltados para o ensino-aprendizagem da criança com deficiência
intelectual. A formação da gestora e o conhecimento acerca da área podem ter contribuído
para suas ações frente à José, bem como no auxílio oferecido aos professores. Vale ressaltar
que as escolas de Educação Infantil do município estudado não possuem coordenadores
pedagógicos, havendo uma sobrecarga de funções designadas à direção.
O estudo de Zerbato (2014) mostrou que os profissionais da educação constatam a
importância da direção escolar no trabalho colaborativo e destacam que, no modelo
colaborativo, o coordenador pedagógico é fundamental para estreitamento da parceria entre o
professor da Educação Especial e Ensino Regular. Nesse contexto, Walther-Tomas,Korinek e
Mclaughlin (1999) abordam, em seus estudos, questões para o desenvolvimento de relações
colaborativas e, dentre elas, está a construção do suporte administrativo. No ambiente escolar,
o diretor desempenha o importante papel de articulador para o desenvolvimento da
comunidade colaborativa, promovendo recursos para formação continuada dos professores,
recursos para ensino colaborativo, horário dos professores, número necessários de professores
especialistas e arranjo do tempo para realização do planejamento.
O apoio à formação continuada da equipe é fundamental, pois promove escolhas de
estratégias pedagógicas adequadas para atender a diversidade e aprendizagem da criança.
Assim, o professor necessita da rede de apoio para dar sustentação e continuidade nas
modificações executadas (MINETTO, 2008).
Em um trabalho de equipe, foi confeccionado o mural para exposição dos quadros
feitos em sala de aula pela turma da fase seis. A exposição estaria aberta para os pais e
familiares no dia da festa de encerramento e formatura das crianças. Como José não havia
terminado sua pintura, a díade de professores teve como ideia colar a imagem e expor a tela.
Antes de executar a ação, as professoras conversaram com a direção escolar que concordou
com a decisão.
A seguir, as Figuras 26, 27, 28 e 29 apresentam os registros da atividade do
Autorretrato e exposição realizada com José e demais crianças da sala.
122
Figura 26 – Pintura de tela autorretrato Figura 27– Pintura de tela criança com
deficiência intelectual
123
para a inclusão, mas não o único responsável, dependendo da ação e comprometimento de
toda equipe (BRASIL, 2000).
A inclusão escolar prevê melhorias nas escolas e em seu processo de ensino-
aprendizagem, identificando e removendo barreiras para o acesso da aprendizagem das
crianças com deficiências. A escola deverá ser um espaço de formação e exercício da
cidadania, apropriação e construção do conhecimento, proporcionando aprendizagem e
participação de todas as crianças. Para tanto, é preciso superar inúmeras barreiras, dentre elas,
a da aprendizagem, pois as crianças deverão ser vistas com capacidades a serem
desenvolvidas (CARVALHO, 2000), desde a primeira etapa escolar, na Educação Infantil.
Diante dos problemas enfrentados pela equipe escolar no processo de inclusão, o
ensino colaborativo tem se mostrado como uma proposta eficaz e pode ser um caminho para o
acesso da criança com deficiência e aprendizagem de sucesso (ZERBATO, 2014). O ensino
colaborativo tem se constituído como uma proposta que visa melhorar a aprendizagem das
crianças com deficiência, envolvendo a parceria do professor do ensino regular e da Educação
Especial (MACHADO; ALMEIDA, 2010). Além disso, o ensino colaborativo proporciona o
desenvolvimento profissional, mais entendimento de práticas pedagógicas adequadas e apoio
de seus parceiros (LEHR, 1999).
Desta forma, o ensino colaborativo apresenta-se como estratégia promissora para
enfrentar os desafios da inclusão, visto que a parceria entre os professores promove benefícios
para inclusão escolar, aprimoramento o profissional dos envolvidos e o sucesso no processo
de ensino aprendizagem das crianças com deficiência.
124
As professoras participantes elencaram diferentes possibilidades de trabalhar na
proposta colaborativa e foram unanimes em afirmar que o coensino promove benefícios para
inclusão. Nas colocações da professora Regina foi possível compreender que a participante
concebeu o professor de Educação Especial como um professor que apoia e dá suporte à
inclusão da criança com deficiência em suas aulas. A fala da professora Estela enalteceu a
importância da presença de um profissional especializado em sala de aula, uma vez que há
professores do ensino regular que não sabem quais atitudes tomar ou como agir diante de
certas situações em que precisam promover a inclusão em suas aulas, como exemplificado nos
trechos a seguir:
A facilidade é uma pessoa ali com você discutindo, pensando sobre aquela criança,
pensando em atividades, sabe essa parceria mesmo. Auxiliar, trazer outras
atividades, mostrar outros caminhos, então eu acho que isso é a maior facilidade de
ter uma professora de educação especial junto (Professora Regina).
Se não tivesse o professor da educação especial junto como ele (José) ia fazer?
Seria mais um encostado? (Professora Estela).
125
informações sobre a criança, dialoguem e construam novos conhecimentos. A criação de
espaços para reuniões semanais, que se constituem como iniciativa de formação no espaço
escolar, pode constituir-se como uma possibilidade para vencer os obstáculos da educação
inclusiva (GÜNTHER; MOLINA NETO, 2000).
O estudo mostrou a falta de horários em comum entre as professoras para planejarem.
Durante a pesquisa foram realizadas algumas reuniões que, dentre os objetivos, estava o
planejamento das atividades para criança com deficiência intelectual. Apesar de terem tido
pouco o tempo para essas reuniões, a realização das atividades planejadas apontou para
benefícios na atuação das professoras em colaboração e aprendizagem da criança com
deficiência intelectual.
Em relação aos limites do ensino colaborativo, as professoras pontuaram que possuem
dificuldades na compreensão do modelo e a falta de um tempo destinado para que ambas as
profissionais (professora de Educação Especial e ensino regular) planejem juntas, como pode
ser observado nos trechos a seguir.
Diante dos relatos das professoras questionou-se: a formação dessas professoras deu
suporte para o entendimento em relação ao trabalho em equipe e colaboração?
De acordo com Capellini (2004), os professores apresentam dificuldades em atuar em
equipes, pois não possuem formações para esse trabalho. Além disso, há falta de informações
e conhecimento sobre as funções desempenhadas pelo professor de Educação Especial e
regular no contexto escolar, bem como suas responsabilidades na prática que se tornam
entraves para o trabalho colaborativo (WOOD, 1998).
Outo questionamento relacionado aos relatos das professoras refere-se: A atual
estrutura da proposta do ensino colaborativo no município estudado tem permitido tempo
hábil para que o professor de educação especial e ensino regular tivessem tempo para
planejarem?
De acordo com os dados coletados, para a professora Regina, a principal dificuldade
do ensino colaborativo é a realização do planejamento, uma vez realização dos HTPCs dela e
126
da professora Estela são em locais diferentes, dificultando uma comunicação e o planejamento
das atividades para José. Assim, foi possível inferir a necessidade de mais tempo no espaço
escolar para troca de informações e planejamento para José. É imprescindível que os
professores tenham um tempo dedicado à troca de informações para que possam discutir e
analisar o trabalho realizado para a criança com deficiência intelectual, objetivando o
processo de ensino e aprendizagem. Desse modo, fica evidente a necessidade de
reorganização do modelo e de uma política consistente no município pesquisado que apoie e
dê auxílios aos professores para que essa parceria ocorra de forma eficaz.
Sobre esse aspecto, Gately e Gately (2001) afirmam que para que ocorra a
colaboração, os profissionais envolvidos deverão estabelecer objetivos comuns, divisão de
responsabilidades pelo planejamento e avaliação de ensino. Nesse sentido, a importância para
atuação colaborativa está no tempo de planejamento, no desenvolvimento e na avaliação
(MENDES, 2010).
Ainda sobre as dificuldades do ensino colaborativo, a professora Estela, em uma das
reuniões, elucidou a dificuldade da parceria com os professores do ensino comum, como
exemplificado a seguir.
Depende muito do professor que você está trabalhando. Tem professor que não
aceita você, é como se você estivesse tirando a autoridade dele e ai fica um clima
ruim [...] (Professora Estela).
Na fala da professora Estela foi possível observar que alguns professores se sentem
desconfortáveis com a presença de outro professor em sala de aula, dificultando a paridade
profissional, sendo este um dos requisitos do trabalho de colaboração.
A professora Regina complementou a fala da professora Estela sobre essa questão:
A gente não tem essa cultura de ter outra pessoa na sala. Qualquer outra pessoa
que esteja na sala a gente percebe que a sala (a criança) muda quando tem outra
pessoa [...]. Ai fica toda essa tensão de estar observando. Eu não tenho isso, vocês
viram a quantidade de estagiários na minha sala. Eu até peço ajuda (Professora
Regina).
127
A colaboração entre os professores tem sido a principal característica para o sucesso
da inclusão, mas sua colocação na prática apresenta-se como uma tarefa difícil, uma vez que,
inicialmente, pode implicar consequências críticas em situações que requerem a negociação
de papéis e responsabilidades (FREDERICO; HERROLD; VENN, 1999).
Com vistas no exposto acima, para Wood (1998), é necessário o conhecimento das
dificuldades que os professores enfrentam na troca de papéis convencionais no trabalho
colaborativo em busca da construção de grupos de inclusão competente e de sucesso que
requer paciência e perseverança.
128
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio dos dados coletados, pode-se concluir que os objetivos traçados foram
atendidos, considerando que foi possível descrever e analisar o processo de uma intervenção
baseada no ensino colaborativo, a adaptação de atividade, bem como o favorecimento para
aprendizagem da criança com deficiência intelectual na classe comum da Educação Infantil.
Os professores da sala de aula comum e da Educação Especial, dentro da escola de Educação
Infantil, consideraram os aspectos pedagógicos imprescindíveis para o acesso à aprendizagem
da criança com deficiência intelectual.
Além disso, verificou-se a necessidade de informações sobre as temáticas de ensino
colaborativo e de adaptação de atividades para difusão e realização na prática. Na prática, as
escolas têm assumido pressupostos diferentes do inclusivo. Uma das maiores dificuldades está
nos professores do ensino regular em receber e trabalhar com crianças com deficiência. Para
isso, torna-se necessária a preparação efetiva dos professores, formação continuada destes e
de toda equipe escolar.
No presente estudo, observou-se que a professora da sala comum da fase 6 da
Educação Infantil apontou o uso de diferentes estratégias e recursos em suas aulas. Apesar da
diversidade de estratégias utilizadas em sala de aula, a criança com deficiência demonstrou
pouco interesse pelas atividades. Desta forma, acredita-se que as práticas pedagógicas para a
criança com deficiência intelectual deverão considerar suas maneiras de acesso ao
conhecimento e suas ações refletidas constantemente.
Diante da realidade investigada, verificou-se um distanciamento na atuação e
comunicação das professoras em sala de aula, sendo que a atenção da professora de Educação
Especial estava voltada para a criança com deficiência. Pode-se inferir que o relacionamento
apresentado pelas professoras estava na fase inicial da colaboração.
O estudo revelou ainda a importância de reflexão sobre o papel do professor de
Educação Especial neste contexto, principalmente, em relação a sua atuação no auxílio dos
professores do ensino regular, na elaboração de adaptações e práticas pedagógicas que
favoreçam o processo de ensino e aprendizagem de todos os alunos no contexto de sala de
aula.
Constatou-se a falta de planejamento conjunto por parte das professoras, uma vez que
as mesmas não tinham horários comuns para o planejamento das aulas. Por outro lado, ao
considerar que o processo de inclusão se encontra totalmente vinculado à aprendizagem e à
participação nas atividades, esperava-se que as professoras da sala de aula comum e da
129
Educação Especial desenvolvessem melhores condições de parcerias durante seus
planejamentos em relação à criança com deficiência intelectual.
Como visto em outros estudos, identificou-se que os professores da sala de aula
comum deixavam a responsabilidade de aprendizagem dos possíveis alunos com deficiência
intelectual aos professores da Educação Especial. Além disso, notou-se que alguns professores
da Educação Especial desempenharam tal função de maneira totalmente individualizada e
muitas vezes retiraram a criança com deficiência intelectual da sala de aula comum.
Durante a realização das atividades planejadas pelas professoras, verificou-se o
envolvimento das mesmas, na maioria das atividades, e a participação da criança com
deficiência intelectual. Os resultados evidenciaram que o ensino colaborativo e adaptações do
conteúdo curricular contribuem para a melhora da participação e permanência nas atividades,
favorecendo a aprendizagem da criança com deficiência intelectual na Educação Infantil.
Diante disso, ressalta-se que para promover uma parceria colaborativa é preciso que
ocorram reformulações na escola que ainda está voltada para o individualismo. É necessário
que a cultura colaborativa se desenvolva e se difunda dentro do contexto escolar. Desse modo,
o trabalho, com base na colaboração e envolvimento de todos da comunidade escolar, poderá
alcançar resultados mais positivos do que se realizado individualmente.
É necessário que a cultura colaborativa se desenvolva e se difunda dentro do
contexto escolar. Desse modo, o trabalho, com base na colaboração e envolvimento de todos
da comunidade escolar, poderá alcançar resultados mais positivos do que se realizado
individualmente. A partir dos dados é possível observar que os professores participantes
percebem o ensino colaborativo como algo positivo que contribui significativamente para a
superação dos desafios inerentes à prática escolar, aprendizagem e participação da criança
com deficiência intelectual.
No município investigado, apesar do serviço compor o Plano Municipal de Educação,
ainda não há uma regulamentação e orientações consistentes para suas práticas. Além disso,
os professores contratados para esse cargo são, em maioria, de caráter temporário, não
havendo uma continuidade e permanência do trabalho já estabelecido. Assim, o ensino
colaborativo necessita de legislação que regulamente seu funcionamento e promova maior
difusão do serviço para outros locais.
Enquanto limites do presente estudo, pontua-se para o número de participantes por
conta da receptividade de participação das escolas, falta de tempo disponível para as
professoras se reunirem e realizarem mais aprofundamentos nas temáticas abordadas na
130
pesquisa, bem como a frequência da criança com deficiência na escola e a época da coleta
realizado próximo as festividades de finais de ano, não permitindo generalizações. Por fim,
sugerem-se estudos sobre o assunto que utilizem outros delineamentos.
Apesar de ser uma amostra que considerou apenas um município do interior do estado
de São Paulo, a mesma trouxe indicativos relevantes sobre a organização dos aspectos
pedagógicos inclusivos, ressaltando a importância de se investir em intervenções que levem
os profissionais que trabalham no contexto escolar a refletirem sobre as formas de
proporcionarem melhores condições na qualidade das práticas pedagógicas da criança com
deficiência intelectual.
Assim, espera-se que o estudo tenha contribuído para reflexão das práticas
pedagógicas utilizadas pelos professores, o uso de adaptações de atividades para a criança
com deficiência intelectual e que a utilização do ensino colaborativo se torne uma
prerrogativa de trabalho que visa à participação e aprendizagem da criança no sistema
educacional inclusivo com início na Educação Infantil.
131
REFERÊNCIAS
AINSCOW, M. Educação para todos: torná-la uma realidade. In: AISCOW, M.; PORTER, G.;
WANG, M. (Orgs.), Caminhos para as escolas inclusivas. Lisboa: Instituto de Inovação
Educacional, 1997.
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and special Education. Remedialand Special Education, v. 10, n. 2, p. 17-22, 1989.
BEZERRA, A. A. C.; SOUZA, M. A. A. de. Somos todos seres muito especiais: uma análise
psico-pedagógica da política de educação inclusiva. Fortaleza, CE: UFC, 2012. 183 p
132
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_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal nº 9.394, de
26/12/1996.
______. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989: Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras
de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos
ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá
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133
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144
ANEXOS
145
Anexo A
146
147
Anexo B
148
149
APÊNDICES
150
Apêndice A
________________________________
Mestranda: Melina Thaís da Silva
O pesquisador me informou que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos da UFSCar que funciona na Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da
Universidade Federal de São Carlos, localizada na Rodovia Washington Luiz, Km. 235 –
Caixa Postal 676 - CEP 13.565-905 - São Carlos-SP – Brasil. Fone (16) 3351-8110. Endereço
eletrônico: [email protected]
152
Eu, ________________________________________________, declaro que entendi os
objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar.
________________________________________________________________
Assinatura do Participante de Pesquisa
153
Apêndice B
Protocolo de Observação
Data:__________/____________/___________
Horário de início________________________ Horário de termino:________________
Duração: ____________________________________
1. ESPAÇO FÍSICO
Lanche:
154
Atividades extras (Parque, Educação Física, Música, Brinquedos, Filmes, etc.)
Almoço/Janta:
Saída:
Conteúdo:
Nome da atividade:
Objetivo:
Descrição da atividade:
Material utilizado:
Tempo de duração:
Descrição da realização da atividade
155
Apêndice C
Caracterização do professor
Iniciais do nome:_________________________ Sexo: F( ) M ( )
Data de nascimento: ________________________
Qual é sua carga horária de trabalho?
Quanto tempo você trabalha neste cargo?
Quanto tempo leciona nesta Unidade escolar?
156
Ano de conclusão:
Mestrado:
Ano de conclusão:
Doutorado:
Ano de conclusão:
Você participou de cursos de longa duração na área da Educação Especial? Quais?
Você participou de palestras/seminários/congressos na área da Educação Especial? Quais?
Você acha que participar de eventos como palestras/seminários/congressos sobre Educação
especial pode auxiliar o trabalho do professor com alunos com síndrome de Down?
Práticas pedagógicas
Você poderia me contar um pouco da sua experiência em dar aula na Educação Infantilpara
crianças com deficiência intelectual?
Há quanto tempo você trabalha com criança com deficiência intelectual?
Ao longo desses _____ meses/anos, você encontrou alguma dificuldade?
Em qual situação?
Quanto ao conteúdo?
Quanto as estratégias de ensino?
Na sua opinião, as experiências que você passou com criança com deficiência intelectual,
fizeram com que você pensasse sobre o modo como você dá aulas?
Com base em sua experiência, qual a sua opinião sobre a inclusão dos alunos público alvo da
Educação Especial no Sistema Regular de Ensino?
Você acha que está preparado para a inclusão?
Caso positivo, você pode me contar um pouco do porque você acha que sim?
Caso negativo, você pode me contar um pouco do porque você acha que não?
Na sua opinião, as suas aulas são inclusivas?
Caso positivo, você pode me contar um pouco do porque você acha que sim?
Caso negativo, você pode me contar um pouco do porque você acha que não?
157
Na sua opinião, o professor de Educação Especial deve trabalhar em parceria com o professor
do ensino regular?
Conte como é seu trabalho com o professor da Educação Especial na tua escola?
De que forma o professor da Educação Especial te auxilia com criança com deficiência
intelectual ?
No trabalho de parceria com o professor da Educação Especial vocês encontram facilidades
ou dificuldades? Comente.
Como você pensa que deveria ser esse trabalho?
Você já ouviu falar sobre ensino colaborativo?
Caso positivo, você pode me contar um pouco sobre o ensino colaborativo.
Caso negativo, você pode me contar um pouco sobre o que você imagina ser o ensino
colaborativo.
Quantos aos conteúdos curriculares trabalhados nas aulas, você pode me dizer como é
feita a escolha deles?
Você acha que existe a necessidade fazer adaptações para criança com deficiência intelectual?
Em qual situação?
É preciso fazer adaptação dos conteúdos?
É preciso fazer adaptação no ambiente?
Na sua opinião, criança com deficiência intelectual pode participar de todas as atividades
como os outros colegas de classe?
Na sua opinião, é possível trabalhar com atividades individuais em uma sala em que há
criança com deficiência intelectual?
Caso positivo, você pode me contar alguma experiência com esse tipo de atividade?
Caso negativo, você acha que as atividades coletivas oferecem melhores possibilidades para
criança com deficiência intelectual?
158
Como você trabalha os conteúdos curriculares coma criança com deficiência intelectual?
Durante as aulas, você acha necessário utilizar alguma adaptação curricular específica para a
criança com deficiência intelectual?
A escola tem algum material sobre adaptação curricular?
Você acha que os livros sobre adaptação podem auxiliar o trabalho do professor?
Na sua opinião, o que é adaptação de atividades?
159
Apêndice D
Bom dia/Boa tarde professor (a), eu quero agradecer a sua disponibilidade e o seu interesse
em participar desta pesquisa. A sua participação é muito importante e todas as informações
cedidas nessa entrevista são essenciais para o desenvolvimento da pesquisa. Antes de
iniciarmos a entrevista, por favor, leia o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que
estou entregando e, se estiver de acordo, assine. Você têm alguma dúvida? Você autoriza que a
entrevista seja gravada? Podemos começar?
Caracterização do professor
Iniciais do nome:_________________________ Sexo: F( ) M ( )
Data de nascimento: ________________________
Qual é sua carga horária de trabalho?
Quanto tempo você trabalha neste cargo?
Quanto tempo leciona nesta Unidade escolar?
Conte como é realizado o seu trabalho?
160
Ano de conclusão:
Mestrado:
Ano de conclusão:
Doutorado:
Ano de conclusão:
Você participou de cursos de longa duração na área da Educação Especial? Quais?
Você participou de palestras/seminários/congressos na área da Educação Especial? Quais?
Você acha que participar de eventos como palestras/seminários/congressos sobre Educação
especial pode auxiliar o trabalho do professor com alunos com síndrome de Down?
Com base em sua experiência, qual a sua opinião sobre a inclusão dos alunos público alvo da
Educação Especial no Sistema Regular de Ensino?
Você acha que o professor do ensino regular está preparado para a inclusão?
Caso positivo, você pode me contar um pouco do porque você acha que sim?
Caso negativo, você pode me contar um pouco do porque você acha que não?
Na sua opinião, as aulas desses professores são inclusivas?
Caso positivo, você pode me contar um pouco do porque você acha que sim?
Caso negativo, você pode me contar um pouco do porque você acha que não?
161
Eixo temático Opinião do professor frente adaptação de atividades
Durante as aulas, você acha necessário utilizar alguma estratégia de ensino específica para a
criança com deficiência intelectual?
Você me parceira com o professor da sala comum, utiliza estratégias diferenciadas para o
trabalho com a criança com deficiência intelectual?
Caso positivo, você pode me contar um pouco sobre a utilização de estratégias? Como são
elaboradas e realizadas?
Durante as aulas ministradas pelo professor da sala comum da Educação Infantil, você acha
necessário utilizar alguma adaptação curricular específica para a criança com deficiência
intelectual?
Comente sobre adaptação de atividades?
162
Apêndice E
163
Apêndice F
Diário de Campo
Data_______/_________/__________
Tempo de duração:
Conteúdo:
Nome da atividade:
Objetivo da atividade:
Comentários da observação
164
Apêndice G
2– Conte como foi para você elaborar e realizar uma proposta de adaptação de atividades?
Você acredita que ajudou na sua prática pedagógica com a criança com deficiência
intelectual?
4 - Relate-nos uma atividade que a criança com deficiência intelectual realizou a partir da
proposta de adaptação curricular em sala de aula?
5 - Você acredita que a adaptação de atividade auxiliou na interação entre você e criança com
deficiência intelectual em sala de aula? E na Educação Infantil?
166
167