Ginástica No Ensino Médio

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GINÁSTICA NO ENSINO MÉDIO

Rita de Cássia Wielewski (professora PDE)


Vilson Aparecido da Mata (orientador-UFPR)

Resumo
Esse trabalho tem como objetivo discutir a metodologia que é usada para
o ensino da ginástica na escola no ensino médio, como também relatar
experiências realizadas que coloca a ginástica como um conteúdo
relevante na sua formação crítica e emancipada. A discussão permeia a
história da ginástica e em seguida apresenta e discute a bibliografia que
fundamenta a metodologia colocada nas Diretrizes Curriculares
Estaduais. Fazendo alusão a forma que a ginástica é apresentada aos
nossos alunos pela mídia, como influencia no agir metodológico. Então a
partir daí, ressaltando novas experiências com a Ginástica Geral na
perspectiva que se avance no sentido de colocar a ginástica como uma
forma importante de movimento expressivo da cultura, onde se acresça
vivência de valores humanos de convívio social.

1. Introdução

Em princípio, nesse texto, se propõe pensar na produção bibliográfica e


as possibilidades práticas que o professor da rede pública dispõe para seu
trabalho. Para tanto, o eixo da discussão é: quais são os objetivos da prática da
ginástica? E a metodologia que se utiliza no ensino desse conhecimento, reflete
um encaminhamento de acordo com esses objetivos? Essa compreensão é
básica, para nós professores colocarmos a nossa prática pedagógica de acordo
com as Diretrizes Estaduais de Educação Física, que nos apontam uma direção
para uma prática que deverá ser construída pelo professor a partir da realidade
escolar. Os equívocos podem dar-se, justamente por falta de apoios teóricos que
possam colaborar numa metodologia condizente com os objetivos pedagógicos
das aulas práticas.
Então esse trabalho, contendo mais perguntas do que respostas, pode
instigar a busca de clareza na razão pela qual estamos ensinando ginástica no
interior da instituição escolar.
Certamente sempre houve uma razão para essa prática corporal. Sendo
que, a sistematização dos conhecimentos para a prática da ginástica escolar foi a
partir de vertentes diferentes de práticas.
Assim primeiramente, podemos citar a ginástica em treinamentos
militares onde se exigia ordem e disciplina, buscando um desempenho rigoroso.
Donde, se entende que os métodos utilizados na construção da prática, também
eram assim rigorosos, justificando-se uma dimensão mais ampla, aquela que vai
além da prática em si que é o fortalecimento do corpo.
Por sua vez, no circo também se realizavam práticas corporais, com
fins de exibicionismo. Ali, assistia-se a ginásticas acrobáticas onde o corpo era
contorcido, invertido, gingado, pendurado e tudo mais em movimentos criativos.
Certamente esse movimentar do corpo tinha objetivos diferentes daquele
identificado na ginástica militar. Arrisca-se a enxergar métodos para essa prática
intencionados numa superação pessoal condicional a uma grande criatividade.
(LIVRO DIDÁTICO PÚBLICO, 2005 p.94).
No século XVIII, quando intelectuais da época resgatam esses saberes
que até então tinham sido construídos pela vivência militar e circense, essas
vertentes se tornaram a base do conhecimento cientifico com relação a
movimentos corporais. A partir dessa apropriação se propunha uma
sistematização de forma supostamente mais efetiva da ginástica, assim sendo,
foram criados os métodos ginásticos. Esses por sua vez, com o objetivo central
do cultivo à saúde, reforçavam os interesses da sociedade da época através dos
valores educativos da ginástica como forma de garantir interesses da sociedade
da época.
Problematizando poderíamos perguntar por que até hoje utilizamos
desse conhecimento da ginástica condicionado pela sociedade européia no século
XVIII? Na questão escolar, quais seriam os interesses para que se ensine a
ginástica nas aulas de educação física? E quais são as possibilidades desse ensino
prático? Será que a ginástica na sua forma esportivizada como é o caso da G.O.
ou GRD que baseiam o conhecimento dessa modalidade na escola tem sido
realizada como experiências marcantes para o aluno?

2. ANÁLISE DA GINÁSTICA

2.1 Problemas que influenciam a prática da ginástica no ensino médio

Ao analisar o conteúdo de ginástica no ensino médio sob o aspecto


metodológico, se propõe alinhar com outros conteúdos da educação física para
que essa especificidade não denote um caso a parte. Lembrando que os esportes
propostos como conteúdo escolar enfocam problemas metodológicos a nível
educacional, semelhantes ao da ginástica. Um desses é a limitação, por conta das
estruturas físicas deficientes na maioria das escolas públicas brasileiras. Ao
comparar o ensino da ginástica com o ensino do esporte se pretende enfatizar que
a modalidade ginástica requer espaços físicos e materiais que nem sempre se
encontram nas escolas.
Partindo desses problemas estruturais, com o propósito de uma
avaliação crítica entre o que apontam as Diretrizes e a realidade escolar, temos
que, através do projeto político pedagógico da escola se pode responder a
pergunta sobre qual a finalidade da ginástica na escola. Nele se registram
inclusive metodologia a ser utilizada. Nesse momento, a compreensão desejada é
atentar para o fato de que se constrói o projeto sob a orientação das Diretrizes e
essas por sua vez são construídas sobre à luz de autores que propõem uma
metodologia crítica, mas que não expõe tão claramente como pode ser a ginástica
na prática.
A presença da ginástica no programa se faz legítima na medida em que permite ao aluno a
interpretação subjetiva das atividades ginásticas, através de um espaço amplo de liberdade para
vivenciar as próprias ações corporais. No sentido da compreensão das relações sociais a ginástica
promove a prática das ações em grupo onde, nas exercitações como “balançar juntos” ou saltar
como os companheiros”, concretiza-se a “co-educação”, entendida como forma de elaborar/praticar
formas de ação comuns(...) (DIRETRIZES CURRICULARES, 2008 , p.23)

Neste parágrafo encontramos a resposta à pergunta feita acima sobre a


finalidade da ginástica na escola, ou o que a torna legítima. Mais adiante o livro
Coletivo de Autores expõe a ginástica no ensino médio dessa forma:

A ginástica no ciclo de Aprofundamento da Sistematização do Conhecimento (Ensino Médio)

a) Formas ginásticas que impliquem conhecimento técnico/artístico aprofundado da ginástica


artística ou olímpica, da ginástica rítmica desportiva ou de outras ginásticas.
b) Formas ginásticas que impliquem conhecimento cientifico/tecnico aprofundado da ginástica em
geral para permitir o planejamento do processo de treinamento numa perspectiva crítica do
significado a ela atribuído socialmente.(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.80)

No planejamento das aulas, seguindo as Diretrizes Curriculares assim


fundamentadas, talvez fique a pergunta: Em que proporção seria o nível da
prática da ginástica como experiência corporal? Como cada professor pode
montar suas aulas colocando esse conhecimento científico, para que os
movimentos sejam aprendidos num bom nível técnico e artístico? Apesar dessa
questão de aprofundamento desses conhecimentos não ser tão facilmente
mensurável, observa-se que se é sugerida como elemento componente do ensino
aprendizagem deverá ser realizada de forma satisfatória.
A questão dificultosa, que se percebe, é que o trabalho com essas
ginásticas sugeridas, GO e GRD num nível mais aprofundado, demanda de
experiências corporais anteriores bem sedimentadas e que os alunos das escolas
públicas não possuem, mesmo estando no ensino médio.
Aí então se sugere voltar à problemática estrutural para realização da
ginástica nas escolas. As possibilidades de se praticar GRD, por exemplo, desde
a 5ª série até o ensino médio colocando esse conteúdo numa evolução e
aperfeiçoamento da técnica parece um discurso vão. Porque a rede pública tem
uma realidade de condições materiais que não dá suporte a realização desse
planejamento.
Porém, se acredita que de forma concreta podem ser passadas
informações, encaminhadas discussões e outros elementos para expor esse
conteúdo. Pecando apenas pela falta da prática ou sua deficiência.
Por isso, há então a possibilidade de se concordar com Kunz (2004)
quando este critica o Coletivo de Autores a respeito da possibilidade da prática
dizendo:
Daí se conclui, sem desmerecer obviamente os méritos de clareza de profundidade teóricas que o
livro apresenta, que em termos de uma metodologia de ação para instrumentalizar o profissional da
prática – temas central do livro – defronta-se mais uma vez com essa “nova
intransparência”(Habermas) metodológica para o ensino da Educação Física numa perspectiva
crítica, sou seja, de uma metodologia abstrata. (KUNZ, 2004, p.21).

Essa crítica feita por ele se referia à metodologia do ensino dos


esportes, que da mesma forma que a ginástica localiza a problemática na prática,
dificuldade essa vista por Kunz, não estaria na colocação teórica dos autores do
coletivo de autores, mas no fato de não proporcionar subsídios para o professor
construir suas aulas práticas.
Pensar sobre o planejamento da aula e a metodologia a ser utilizada
pelo professor na apresentação do conteúdo, subentende-se que este esteja
preparado para trazer da teoria para sua realidade. Mas nem sempre isso
acontece, o despreparo do docente é mais um dos fatores que dificultam a prática
da ginástica na escola. Não menos danoso do que a falta de instalações e
materiais apropriados.
Ainda com o Coletivo de Autores (1992) e Kunz (2004) este colabora
aqui no raciocínio pelo fato de expor formas de trabalhos em aulas práticas,
tendo como base do que defende a busca da emancipação. Segundo Kunz (2004)
o aluno precisa identificar o significado de movimentar de cada modalidade
esportiva, sendo que é pela vivencia corporal na prática que ele identifica e pode
recriar suas formas, seus significados.
Por outro lado, o Coletivo de Autores (1992), apesar de exemplificar
como no livro a tematização de aulas: o exemplo da ginástica (COLETIVO DE
AUTORES, 1992 p.88), descreve atividades possíveis de resgatar os
conhecimentos da ginástica artística. Vale ressaltar, que os autores, se referem a
trabalho com crianças e que não é o caso estudado aqui. Adolescentes no ensino
médio vivem uma realidade que se expressa corporalmente e que não pode ser
desconsiderada.
Outra análise que podemos fazer, quanto a apoios pedagógicos
teóricos e práticos destinados a nós professores, é sobre o livro didático público.
No Estado do Paraná, com pioneirismo se lançou mais um recurso didático para
auxiliar o professor da rede estadual, que é o livro didático público. O qual
certamente não tem objetivo de ser um guia metodológico para o professor, e sim
uma forma a mais para o aluno de ensino médio buscar o conhecimento. No caso
do conteúdo de ginástica, é dado um enfoque histórico. Nesse resgate histórico,
expõe-se a relação homem/corpo, corpo/máquina, corpo/mídia. Embora essa
bibliografia destinada a alunos, favoreça a conscientização, a dificuldade está em
perceber de que forma a prática da ginástica se daria. O Livro Didático colabora
na discussão sobre a influência da mídia sobre as pessoas, enquadrando-as na lei
de mercado, daquilo que é interessante para ser consumido. Se as atividades
físicas esportivizadas são rentáveis é dessa forma que a ginástica vai ser
apresentada pela sociedade capitalista através da mídia.
Esse problema foi debatido no encontro Ginástica na escola: Um
diálogo crítico entre professores da Alemanha e do Brasil, na UFBA
(Salvador/2006), que foi documentado por Celi Z. Taffarel através de artigo
divulgado na Internet http://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/579.htm.
Entre as discussões os professores se dispuseram a questionar a ginástica no
âmbito escolar numa relação abrangente com os problemas atuais da sociedade.
Levantamos com o professor Reiner hipóteses, e uma delas é de que o desinteresse pela ginástica
na escola pode ser explicado, pelo menos em parte, pelo desenvolvimento que a ginástica em geral
e, especialmente, a ginástica na escola tiveram ao longo dos tempos. Esta evolução demonstra um
processo progressivo da “escolarização”, “desportivização” e de “mercadorização” da ginástica.
Fazer da ginástica um objeto da aula, na atual realidade do ensino, exige entender este processo de
submissão da vida e subsunção das atividades humanas, sob as condições da escola, a uma
evolução da ginástica, enquanto conteúdo de ensino para uma mercadoria a ser comprada,
relacionada com “qualidade de vida”, “estilo de vida”, “status social” e, principalmente, a
esportivização da ginástica. Nos cabe tirar lições e conseqüências disto.

Sem dúvida há de se pensar sobre a ginástica escolar e que seus fins


educativos são claramente influenciados pela forma atual de ver a ginástica pela
mídia como forma básica para se conseguir o corpo ideal. Sendo que fora disso
parece não haver mais sentido em exercitar-se.

2.2 Resgate histórico

Quando, no século XIX, desenvolve-se a preocupação científica de


sistematizar os conhecimentos das práticas corporais, o objetivo, além de
sistematizar, era colocar normas a esse conhecimento. Mas podemos perguntar:
que práticas eram aquelas que necessitavam de um ajuste para servir a fins
sociais e que passam a ser denominadas “ginástica”?
Abraçando uma enorme gama de prática corporais, o termo ginástica, pertencente ao gênero
feminino, de designação feminina e que historicamente se constrói a partir de atributos
culturalmente definidos como masculinos – força, agilidade, virilidade, energia/têmpera de caráter,
entre outros – passa a compreender diferentes práticas corporais. São exercícios militares de
preparação para a guerra, são jogos populares e da nobreza, acrobacias, saltos, corridas, equitação,
esgrima, dança e canto. (SOARES, 2005 pg.20)

Assim a autora nos auxilia a entender que a cultura do movimentar-se


se expressava diferentemente, isto é, era concebida, possuía finalidades e
objetivos diferentes de acordo com o meio social que advinha.
SOARES (2005, p.22) registra que no século XVIII os meios
científicos trabalham para que saberes sejam sistematizados e decodificados em
prol das necessidades da sociedade industrial que se estabelece na época. Assim
sendo em todas as áreas do conhecimento. É então, através da sistematização
científica que a ginástica passa ter um fim que até então não se colocava em
evidência, que era preparar e adestrar o corpo para o trabalho. Nesse momento
histórico o corpo precisa ser visto como máquina e ter um perfeito
funcionamento. Visto que, a burguesia do século XIX, necessitava de mão de
obra saudável para o trabalho nas fábricas, minas, etc.
Nessa época, então o avanço das pesquisas na área médica, dá suporte
a explicações referentes ao bem estar físico a partir da prática de movimentos.
Do sistema fabril conforme expõe pormenorizadamente Robert Owen, brotou o germe da educação
do futuro que conjugará o trabalho produtivo de todos os meninos além de uma certa idade com o
ensino e a ginástica, constituindo-se em um método de elevar a produção social e de único meio de
produzir seres humanos plenamente desenvolvidos. (MARX, trad.2001, p.554)

E a partir da sistematização dos saberes da ginástica, ela passa a ser


prática obrigatória nos currículos escolares porque “ A ela se atribui a
capacidade de potencializar a utilidade das ações, de educar efetivamente o
corpo” (SOARES, 2004 p.115). Assim sendo, a ginástica é concebida no meio
escolar com fins implícitos, e apoiados nos conhecimentos científicos que
certificavam os resultados decorrentes de sua prática. Aqui ressalta que a ciência
apropriou-se de conhecimentos populares e colocou fins diferentes daqueles que
anteriormente se percebia. Nesse sentido, há de se notar, que quando a ginástica
era uma brincadeira de rua, tinha como fim apenas o divertimento vivenciado
pelas camadas da população que se exercitavam pelo prazer, pelo divertimento.
Contudo há um outro conjunto de saberes que também serviu de base para a Ginástica científica e
que foi apagado de seus registros. Trata-se das práticas populares tradicionais de artistas de rua, de
acrobatas e funâmbulos. Seus aparelhos de demonstração e suas acrobacias são literalmente
copiadas pelos pensadores da Ginástica no século XIX (SOARES, 2004 p.114).

Quando da legitimação dos conhecimentos que deveriam ser


repassados aos jovens nas escolas, os saberes populares ficam quase que
totalmente excluídos do conjunto de saberes que se propunha como
conhecimento, apesar de terem servido de base científica para novos movimentos
corporais sistematizados.
Para reafirmar a utilidade dada à ginástica na escola nessa época, ainda
podemos citar outros autores, no que diz respeito a como se procedeu a
implantação da ginástica na escola.
Na Educação Física institucionalizada no final do século 19, houve a necessidade de sistematizar o
conhecimento para satisfazer as necessidades sociais da época, preparar a população jovem
masculina para a defesa da pátria e para o aumento da produção industrializada (DICIONÁRIO
CRÍTICO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2005 pg. 211)

Também sobre isso concorda Marinho


Os discursos e literatura da época registram a absorção do conhecimento produzido pelas escolas e
movimentos ginásticos europeus como modelo às novas exigências do mundo do trabalho
industrializado e sua exigência de modernização em implementação no contexto nacional
brasileiro. E neste contexto, a ginástica entra na escola no Brasil como meio de formação de um
novo homem, uma nova sociedade exigida pela modernidade já em pleno desenvolvimento na
Europa e América do Norte. ( PENA MARINHO ,1965, p.170)

2.3. Ginástica geral


Diante das emergências atuais em mudanças no trato e formas de
ensinar ginástica na escola, já há algum tempo, vem sendo pensadas formas de
viabilizar a ginástica escolar. As propostas feitas a seguir, de forma alguma
excluem os conhecimentos da GO ou GRD ou outras ginásticas. Pelo contrário,
inovam formas de vivenciar seus movimentos.
Projetos desenvolvidos, exatamente como forma de superar dificuldades
apresentadas na viabilidade do ensino, mostram experiências com a ginástica
como é o caso do projeto “Ginástica: Alegria na Escola” trabalho que foi
apresentado no congresso em Salvador/2006, divulgado em documento por Celi
Z. Taffarel no site http://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/579.htm.
Projeto desenvolvido nas escolas públicas de Salvador/BA “Ginástica: Alegria na Escola”.
Conclui demonstrando que existem alternativas para redimensionar o trabalho pedagógico, o trato
com o conhecimento, os objetivos e avaliação e os espaços e tempos pedagógicos no ensino da
ginástica, enfrentando o problema da falta de conhecimentos, habilidades e competências das
crianças e jovens no campo da cultura corporal, incentivando uma formação humana emancipatória
e contribuindo para uma pedagogia superadora, em uma escola libertadora e tempo integral.

Além desse exemplo, existem outros trabalhos de experiência nesse


sentido, onde se coloca como opção a ginástica geral. E acredito ser um
direcionamento muito interessante para o ensino de ginástica no ensino médio
justamente por englobar os conhecimentos das ginásticas e da dança. Outra
vantagem em usar desse conhecimento de forma sistematizada na escola, se dá
pela possibilidade de maior participação dos alunos, pela facilidade e diversidade
dos movimentos sugeridos. Perceba como é definida:
Compreende um vasto leque de atividades físicas, nas quais acontecem manifestações gímnicas
e/ou culturais. Portanto , A ginástica geral engloba os tipos de ginástica de competição (GO, GRD,
Ginástica aeróbica), a dança, atividades acrobáticas com e sem aparelhos e também as expressões
folclóricas sem fins competitivos, destinados a todas as idades, acrescentando ainda que ela
desenvolve a condição física e a interação social. Segundo esta definição, a ginástica geral também
contribui para o bem estar físico e psíquico, sendo um fator cultural e social. (DICIONÁRIO
CRÍTICO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ,2005 p.212).

A ginástica geral, segundo exemplificado no projeto acima vem então,


propor o conhecimento da ginástica numa visão mais ampla, sendo que de fato,
isso é uma busca para soluções, porque, a construção desse conhecimento vem se
fazendo a propósito dos novos enfrentamentos sociais surgidos na atualidade.
3 . CONCLUSÃO
Perceber as dificuldades na pedagogia da ginástica na escola pública,
a começar pela estrutura física, não fragiliza de forma alguma a importância
desse conhecimento. Por outro lado a revisão das propostas curriculares
sugeridas, a fundamentação em autores críticos, livros didáticos, novos projetos
como no caso os citados de ginástica geral, tudo isso vem provar que o caminho
a ser percorrido nos estudos da educação física e da ginástica em especial, está
no seu início.
Porém o desafio nos colocado hoje é como tornar nossas aulas
significativas, levar o aluno a refletir sobre a sociedade em que vive para que ao
participar no coletivo num jogo, esporte ou ginástica se conscientize que seus
gestos e suas necessidades são influenciados por essa sociedade. A mídia nos
mostra a ginástica esportivizada, a ginástica de academia, os modismos. Adotá-
los e repassá-los na prática, a medida que recebemos, não é conveniente e nem
viável porque já são formas elitistas. Apenas apresentá-los aos alunos para que
conheçam e não possam utilizar por falta de condições, também é vago.
A partir dessas reflexões se espera novas propostas, projetos e
pesquisas, por parte de professores e intelectuais conscientes de seu papel social,
na aplicação do conhecimento da ginástica. Valorizando as bibliografias críticas,
citadas nesse trabalho, acredita-se no avanço teórico dessa metodologia, para que
a ginástica permaneça nas aulas de educação física do ensino médio com
significação para o aluno. Não como um esporte, mas como uma prática em
grupos. Não com a necessidade de repetições automáticas, mas sim com
possibilidades de gestos criativos e formas expressivas que estariam dentro
daquele conhecimento referentes às práticas populares dos artistas de rua.
REFERÊNCIAS:

COLETIVO DE AUTORES - Metodologia do ensino da educação física – São Paulo:


Cortez, 1992 – (Coleção magistério, 2º grau. Série formação do professor).

Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. SEED-PR , 2008.

Jaime González, Paulo Evaldo Fensterseifer. – Dicionário Crítico de Educação.


Física - Ijuí : Ed. Unijuí, 2005.

KUNZ, Elenor Transformação didático-pedagógica do esporte, 6.ed. – Ijuí:


Ed.Unijuí, 2004.

SEED-PR,diversos autores , Livro Didático Público, 2005.

MARX, K. O Capital – Trad. Reginaldo Sant’Anna. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 2001.

PENNA MARINHO, I. Sistemas e métodos da Educação Física. São Paulo: Gráfica.


Mercúrio, 1965

SOARES, Carmem L. - Corpo e História, Campinas, SP : autores associados, 2004.


- Imagens da Educação no Corpo, Campinas, SP: autores associados, 2005.

TAFFAREL, Celi (UFBA/CNPq – Brasil) GINÁSTICA NA ESCOLA: Um diálogo


crítico entre professores da Alemanha e do Brasil – Salvador, 2006. Disponível em
http://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/579.htm. acesso em: 11 set.2008.

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