AIEE - Unidade 2
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DE INVESTIMENTOS
Professor:
Dr. Daniel Eduardo dos Santos
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Conceituar o valor do dinheiro e seu custo.
•• Compreender o uso de uma taxa de corte para a análise de projetos.
•• Entender os principais critérios de seleção de projetos.
•• Conhecer as técnicas utilizadas na seleção de investimentos e projetos.
•• Apresentar como equiparar projetos com características diferentes.
PLANO DE ESTUDO
introdução
6 Pós-Universo
Generalidades
sobre análise de
investimentos
e engenharia
financeira
Pós-Universo 7
Ao investir, sempre devemos considerar três fatores: capital, tempo e risco. A relação
entre esses elementos nem sempre é igual, dessa forma continuamente haverá situa-
ções e opções que são difíceis de analisar. Nesses momentos, podemos formalizar essas
opções e analisa-las usando a engenharia financeira que apresenta instrumentos para
identificar qual opção vai apresentar o melhor resultado. É certo que não há método per-
feito ou à prova de falhas, o importante é manter a atenção direcionada para a função de
cada método, para utilizá-lo onde e quando for efetivo, e não de forma genérica e ampla.
Vamos considerar como conceito fundamental que investir é um ato no qual deixamos
de consumir (capital) no presente com a promessa de que no futuro (tempo) vamos
obter um retorno satisfatório. O fato de abrir mão do capital por um tempo é uma opção
que depende do retorno proposto. Isso porque essa promessa de retorno pode ou não se
concluir, ou mesmo sofre alterações devido às variáveis envolvidas (riscos). Agora, vamos
analisar o investimento por outro ponto de vista, o do custo de oportunidade de capital.
Custo de oportunidade de capital - COC: Levando em consideração que,
para fazer qualquer investimento, abrimos mão de outras opções, ou seja, aplicamos
o capital no investimento que acreditamos ser o que vai gerar maior rentabilidade,
deixando de lado a rentabilidade dos outros investimentos. É claro que também
abandonando a segurança e demais características que essas outras opções apre-
sentavam. Em geral, o COC é definido como sendo a taxa de juros vigente no país,
ajustada aos custos da administração do investimento. De forma mais clara, o COC
é aquilo de que abrimos mão de ganhar nas outras opções.
Outra perspectiva a ser levada em conta na avaliação dos investimentos ou projeto
é o valor mínimo que justifica COC. Aqui, estamos falando da taxa mínima de atrati-
vidade, o valor mínimo necessário para que a empresa invista seu capital no projeto/
investimento proposto. O tópico a seguir aborda de forma específica esse tema.
atenção
A TMA, ou Taxa Mínima de Atratividade, é uma taxa que indica o percentual
mínimo desejado por um investidor quando este realiza um investimento,
ou – inversamente – o percentual máximo que um tomador de recursos se
dispõe a pagar quando levanta recursos no mercado.
Essa taxa é gerada pela combinação de três elementos-chave: o Custo de
Oportunidade, o Risco do Negócio e a Liquidez do Negócio.
““
Segundo este argumento, quando as relações de equilíbrio de preços são
violadas, muitos investidores farão mudanças em suas carteiras, dependendo
de seu grau de aversão a risco e a agregação dessas modificações limitadas
individuais é requerida para se criar um grande volume de compras e vendas
que restaure o equilíbrio de preços. (LECIONE, 2005, p. 14).
fatos e dados
Na Índia, em novembro de 2012, um incêndio em uma fábrica têxtil matou 111
pessoas no subúrbio de Dacca. Os desabamentos de imóveis em Bangladesh
são frequentes, já que as normas de segurança da construção civil raramente
são aplicadas no país. Em 2005, pelo menos 70 pessoas morreram no desaba-
mento de uma fábrica têxtil na região de Dacca. Em 2012, 13 pessoas morreram
na queda de uma ponte em construção na cidade portuária de Chitagong.
Se as medidas de regulamentação ambiental, do trabalho, de segurança e
tecnologias forem exigidas, mudanças de ordem técnica deverão ocorrer e
proceder uma análise quanto aos investimentos a serem realizados e con-
sequentes readequações nos custos e preços poderão surgir.
Índia: prédio desaba e mata 100 pessoas. Disponível em: <http://www.jcnet.
com.br/Internacional/2013/04/ndia-predio-desaba-e-mata-100-pessoas.
html>. Acesso em: 25 abr. 2013.
Bhopal, Índia: O pior desastre químico da história. Disponível em: <http://
www.greenpeace.org.br/bhopal/docs/Bhopal_desastre_continua.pdf>.
Acesso em: 12 nov. 2013.
10 Pós-Universo
saiba mais
Quando calculamos o Custo do Capital para uma organização, usualmente
utilizamos o método da Média Ponderada do Custo de Capital, mais facilmen-
te reconhecido nas literaturas das áreas por WACC, ou WeightAverageCostof
Capital. Em tradução literal, falamos, aqui, sobre a média ponderada dos
custos de financiamentos (ou capital de terceiros), além do custo de capital
próprio (acionista). No cálculo da estimativa do custo de capital próprio,
vários foram os métodos desenvolvidos, fundamentalmente baseados na
Teoria de Mercado de Capitais. Dentre os mais utilizados, destacamos Capital
AssetPricingModel (CAPM) e o ArbitragePriccingTheory (APT).
O CAPM (Capital AssetPricingModel) define que a taxa de retorno de um
ativo é linearmente relacionada a um fator único comum - a taxa de retorno
da carteira de mercado. O APT (ArbitragePricingTheory) se baseia em uma
premissa similar, sendo, entretanto, um modelo mais genérico, que assume
que o prêmio de um ativo é uma função linear de fatores macroeconômi-
cos, que afetam todos os ativos da economia simultaneamente, e de fatores
próprios, além de se basear na lei do preço único: dois ativos idênticos não
podem ser negociados a preços diferentes (MÁLAGA, 2005).
MÁLAGA, F. K. Retorno de ações: modelo de Fama e French aplicado ao
mercadoacionário brasileiro. São Paulo: Saint Paul, 2005.
Pós-Universo 11
reflita
Apesar de todo o esforço realizado para sistematizar uma forma de cálculo
para a TMA, ela ainda carrega uma carga elevada de subjetividade. Em razão
disso, muitos dizem que a TMA é algo pessoal e intransferível, pois uma
taxa pode variar entre investimentos diferentes e, ainda, entre as pessoas. É
aquilo que é avaliado com um bom negócio para determinado indivíduo,
para outro pode estar completamente fora de questão.
12 Pós-Universo
fatos e dados
Uma máquina finger-joint, utilizada no beneficiamento de madeiras, foi ad-
quirida dez anos atrás por R$300.000. Ela pode ser mantida por um tempo
máximo de cinco anos, a partir de quando seu valor residual será zero. Os
custos anuais de operação e manutenção têm aumentado em R$5.000 ao
ano desde sua aquisição. No próximo ano, os custos de operação e manu-
tenção totalizarão R$120.000.
Uma nova finger-joint está sendo analisada para substituir a máquina existen-
te, que tem um valor de mercado estimado em R$50.000. A nova máquina
custará R$500.000 e seus custos anuais de operação e manutenção serão
de R$10.000 no primeiro ano, aumentando em R$5.000 por ano.
Baseado nos fluxos de caixa, de um horizonte de planejamento de 5 anos.
Depois de 5 anos, a nova máquina terá um valor de mercado de R$200.000.
Com uma TMA de 16,67%, o projeto deve ser aceito? Ou seja, devemos subs-
tituir a máquina que está em uso?
Fluxo de Caixa
Período Fluxo de Caixa 1 Fluxo de Caixa 2
Incremental
0 -$450.000 $0 -$450.000
1 -$10.000 -$120.000 $110.000
2 -$15.000 -$125.000 $110.000
3 -$20.000 -$130.000 $110.000
4 -$25.000 -$135.000 $110.000
5 $170.000 -$140.000 $310.000
Critérios de
decisão em
investimentos
14 Pós-Universo
A TMA ou um desconto pode ser usado para identificar ou eliminar tais projetos,
simplesmente aumentando a taxa de corte. Por exemplo, se um projeto é percebi-
do como arriscado, um aumento na taxa de corte vai reduzir o seu valor presente
líquido, o que torna o investimento menos provável de ser aprovado pela admi-
nistração. No entanto a administração pode não estar confortável ao lidar com os
métodos de fluxo de caixa descontado, quando considerado um investimento ar-
riscado. Muitas vezes, eles só querem saber quanto tempo vai demorar até que eles
tenham seu dinheiro de volta.
Podemos considerar três formas para cálculo do payback, o qual trata exata-
mente da questão do tempo de retorno de um investimento. O primeiro método
– Payback Efetivo – é o mais fácil de usar, porém pode produzir um resultado dis-
torcido. Nesse cálculo, consideramos o investimento inicial realizado e os fluxos de
caixa líquido ao longo dos anos.
A forma mais precisa para calcular o período de retorno é fazê-lo manualmen-
te. Isso significa que deduzir o total de fluxo de caixa esperado do saldo investido,
ano após ano, até chegarmos ao tempo de retorno exato do investimento inicial.
O período em que os fluxos de caixa líquido superarem o investimento inicial será
tempo de payback, ou seja, será o tempo total necessário para o retorno do capital,
como se percebe no Quadro 1.
Quadro1 – Fluxos de Caixa de um Investimento X.
Ano Fluxo de Caixa Soma Fluxos de Caixa
0 - 1.000.000 - 1.000.000
1 200.000 - 800.000
2 250.000 - 550.000
3 300.000 - 250.000
4 350.000 100.000
5 400.000 500.000
Fonte: o autor.
Considerando o fluxo de caixa proposto, percebemos que o payback - ou tempo de
retorno de capital – ocorre em algum momento entre o 3º e o 4º Ano. Poderíamos
especificar o cálculo se dividirmos o saldo ainda a amortizar no período identificado
pelo valor do fluxo de caixa do último período necessário à recuperação do investi-
mento, como pode ser considerado conforme demonstração abaixo:
Pós-Universo 17
Assim:
250.000
= 0,71 ano
350.000
Com esse novo dado, perguntamo-nos: quando ocorre o retorno do capital investi-
do? Se tivermos um total de R$ 1 milhão a ser recuperado, notamos que no terceiro
ano ainda faltam R$ 100 mil a serem amortizados no próximo período. Realizando o
mesmo cálculo para determinar o momento do payback, temos:
100.000
= 0,33 ano
300.000
Quando consideramos essas formas de cálculo, fica obvio o quão frágil é essa
análise: considerar recursos ao longo de cinco anos e comparar os valores em termos
absolutos, sem qualquer arranjo relativo a custo de capital, juros ou mesmo inflação.
Para minimizar esaas questões, temos, finalmente, a análise do Payback Descontado.
Samanez (2008, p. 43) diz que “o pay-back descontado é o tempo de recuperação
de determinado investimento, considerando o fator do valor do dinheiro no tempo”,
para tanto os fluxos de caixa são trazidos ao valor presente.
Nessa forma de cálculo, pondera-se sobre o tempo de retorno de um investi-
mento, cujos fluxos de caixa foram descontados a uma mesma taxa de atratividade.
Utilizando o mesmo fluxo disposto no Quadro 1, podemos, agora, realizar um
ajuste nos valores a uma TMA de 5% ao ano, por exemplo, o qual gera novos valores
presentes, a seguir, no Quadro 2:
Quadro2 – Fluxos de Caixa de um Investimento X descontados a uma TMA de 5% a.a.
Ano Fluxo de Caixa Soma Fluxos de Caixa Flx. de Caixa Desc.
0 - 1.000.000 - 1.000.000
1 200.000 - 800.000 190.476
2 250.000 - 550.000 226.757
3 300.000 - 250.000 259.151
4 350.000 100.000 287.946
5 400.000 500.000 313.410
Fonte: o autor.
Descontados a uma taxa de cinco por cento ao ano, todos os fluxos de caixa estão,
agora, colocados no Valor Presente ou em data focal zero. A principal mudança gerada
pela aplicação dessa metodologia é o ano de recuperação do investimento que se
dá agora entre o quarto e o quinto ano. No quarto ano, a soma dos Fluxos de Caixa
Descontados ao custo mínimo de oportunidade de 5%a.a. é de R$ 964.330, signi-
ficando que R$ 35.670 ainda restam para serem recuperados no próximo período.
Realizando os cálculos anteriormente informados, temos:
35.670
= 0,11 ano
313.410
Pós-Universo 19
Como considerado na aula anterior sobre a TMA, podemos utilizar uma taxa
de desconto para reduzir o valor de um fluxo de caixa futuro em valor equivalente
hoje. Por meio da aplicação da taxa de desconto para cada fluxo de caixa esperado,
podemos descontar o valor e, em seguida, somar todos, o que produzirá um número
único que representa o valor atual de todo o investimento de capital. Isso é conhe-
cido como Valor Presente Líquido.
O cálculo do Valor Presente Líquido pode ser realizado com maior agilidade por
meio da calculadora financeira HP12c. A seguir, no Quadro 3, um exemplo de cálculo
de VPL com diferentes entradas de fluxo de caixa:
Quadro 3 – Fluxos de Caixa de um Investimento X descontados a uma TMA de 5% a.a. na HP12c.
Comando Função
F CLX Limpa registradores financeiros
200.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 1
250.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 2
300.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 3
350.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 4
400.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 5
5i Informa a taxa de juros da operação
F NPV Obtém o Valor Presente Líquido: 1.277.741,17
Fonte: o autor.
O exemplo dado é bem simples e serve como orientação para realização dos cálculos,
entretanto existem outros fatores a serem levados em consideração antes de efetiva-
mente realizar o cálculo, podem ocorrer várias saídas de caixa dentro dos períodos,
além, é claro, das diferentes entradas já apresentadas no Quadro 3. Outra questão é
quais os itens devem ser incluídos ou excluídos da análise. A regra básica é que devem
ser incluídos aqueles que afetam o fluxo de caixa, em caso contrário não devem ser
considerados. Os itens de fluxo de caixa mais comuns a serem considerados em uma
análise de valor presente líquido são fluxos de caixa das vendas, entradas e saídas
de caixa para a compra ou venda de equipamentos, entradas e saídas de caixa para
capital de giro, saídas de caixa para manutenção, saídas de caixa de impostos, além
dos pagamentos a fornecedores de matéria prima ou mão de obra.
Pós-Universo 21
Comando Função
F CLX Limpa registradores financeiros
1.000.000 CHS G Cfo Informa o Fluxo de Caixa no Período 0
200.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 1
250.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 2
300.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 3
350.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 4
400.000 G Cfj Informa o Fluxo de Caixa do Período 5
5i Informa a taxa de juros da operação
F NPV Obtém o Valor Presente Líquido: 277.741,17
Fonte: o autor.
Isso, portanto, significa que, utilizando-se uma taxa de desconto de 5%, os valores
dos fluxos de caixa futuros informados, trazidos ao valor presente, resultam em uma
entrada de caixa (lucro) de 277.741,17.
Pós-Universo 23
A taxa interna de retorno é melhor usada em conjunto com o cálculo do valor pre-
sente líquido, haja vista que podem ser enganosas quando utilizadas isoladamente.
Um problema é que ela favorece os investimentos de capital com taxas muito altas
de retorno, mesmo quando o retorno total em dinheiro seja bastante pequeno.
24 Pós-Universo
reflita
Nenhuma ferramenta ou técnica pode, sozinha, estabelecer qual investi-
mento é o melhor. A razão disso é que os critérios de avaliação, prioridades,
valores pessoais, cultura gerencial, filosofia pessoal ou religião são fatores
que balizam as decisões de todos. Assim, investimentos precisam ser anali-
sados de múltiplas frentes, de maneira a gerar a imagem mais próxima do
real, segundo o prisma do investidor.
Pós-Universo 25
Guindaste A Guindaste B
Custo Inicial 9.400 5.200
Benefício Anual Uniforme 1.750 1.650
Vida Útil (em Anos) 8 4
Tabela 1 – Análise das diferenças entre os Fluxos de Caixa da aquisição dos Guindastes A e B
Ano Projeto A Projeto B A–B
0 -9400 -5200 -4200
1 1750 1650 100
2 1750 1650 100
3 1750 1650 100
4 1750 -3550 5300
5 1750 1650 100
6 1750 1650 100
7 1750 1650 100
8 1750 1650 100
Fonte: o autor.
•• Se a TIR Incremental for MENOR que TMA ( ∆TIR < TMA) : Escolha o
Investimento de menor custo inicial.
Assim, como ∆TIR é igual a 9,24%, e esta é superior à TMA de 7%, devemos escolher
o projeto A.
Pós-Universo 27
atenção
A Taxa Mínima de Atratividade tem sobre os fluxos de caixa efeito semelhan-
te aos da Taxa de Desconto, em operações de desconto de títulos, ou seja,
quanto maior a TMA, menores serão os ganhos realizados. Assim, a relação
é inversa, uma que, quanto menor a taxa de atratividade ou custo de opor-
tunidade em um projeto, maior será o Valor Presente Líquido, e vice-versa.
fatos e dados
Em reportagem sobre a situação econômica brasileira, Luciano Rostagno
avaliou junto ao Jornal do Comércio uma série de fatores tratando espe-
cificamente sobre a atratividade do Brasil para investimentos estrangeiros.
Essa visão, assim como a discutida nesta unidade, permite tanto conside-
rar o quão interessante é investir no país quanto é interessante investir em
um projeto ou empresa específica. Dessa forma, as ferramentas, aqui, pre-
conizadas sustentam análises de ordem micro e macroeconômicas. Veja
recorte abaixo:
““
O IBGE informou que a produção industrial subiu 0,7% em
setembro ante agosto, abaixo da mediana de 1,2% esperada
pelo mercado. O resultado trimestral na margem foi pior, com
queda de 1,4% no 3º trimestre ante 2º trimestre, enquanto
na comparação interanual a produção industrial subiu 0,8%
no 3º trimestre de 2013 ante 3º tri de 2012. A produção da
indústria acumula aumento de 1,6% no ano até setembro. Já
em 12 meses, o avanço é de 1,1%.
Equiparação
de projetos
Pós-Universo 29
Considerando os fluxos acima, uma pergunta deve surgir à sua mente: o que aconte-
ce com os R$ 5.000,00 a menos utilizados no projeto B? E como deveríamos igualar
os valores dos dois projetos? A solução apropriada para essas questões exige que
todas as características sejam equiparadas, colocadas de uma forma que capital in-
vestido e tempo de duração sejam idênticos.
30 Pós-Universo
Ao analisarmos os resultados do VPL e TIR de cada um dos projetos, com base nos
novos fluxos de caixa teremos:
Pós-Universo 31
atenção
Note que, enquanto o VPL mudou com os fluxos de caixa adicionais, a TIR
para os projetos permanece igual.
Agora a máquina B apresenta um VPL superior, o que muda nossa resposta inicial.
Lembre-se, que em nossa primeira análise a máquina A foi escolhida devido ao seu
maior VPL, após equipararmos os projetos pelo método de cadeia de substituição
percebemos que o projeto B deve ser escolhido.
reflita
Considerando projetos com tempos totalmente diferentes, como três e
cinco anos, a solução viável seria ampliar os fluxos de caixas pelo múltiplo
comum de ambos os fluxos, que no caso seriam QUINZE anos!
VPL . i
VAE =
1 - (1 + i) -n
O diferencial aqui é que, entre vários projetos possíveis, aquele que apresentar um
benefício positivo maior em valores equivalentes e periódicos, terá, certamente, a
preferência. Para se determinar o VAE, é necessário:
3. Compare o VAE de cada projeto e selecione o projeto com o VAE mais alto.
Para determinar VAE de cada projeto podemos, também, utilizar usar a calculadora
financeira. Nesse sentido, as premissas para a Máquina A são as seguintes:
•• n = 6
•• PV = VPL = -2.926
•• FV = 0
•• Encontre PMT
Para Máquina A, a VAE (a PMT calculada) é $ 640,64. Para Máquina B, nossas premis-
sas são as seguintes:
•• n = 3
•• PV = VPL = -1.735
•• FV = 0
Para Máquina B, VAE (a PMT calculada) é $ 678,10. Assim, a máquina B deve ser o projeto
escolhido, pois tem o maior VAE, que é $ 678,10, quando comparada à máquina A,
cujo VAE é $ 640,64.
quadro resumo
Se o Valor Presente Líquido é o valor dos fluxos de caixa futuros, descon-
tados a uma taxa de custo de oportunidade, a Taxa Interna de Retorno é
aquela taxa que faz com que todos os fluxos de caixa projetados sejam, no
período inicial daquele mesmo fluxo de caixa, iguais a zero.
fatos e dados
Emprego fraco nos EUA e avanço de Vale garantem nova alta da Bovespa.
O cenário positivo externo e a alta das ações da Vale ajudaram o Ibovespa a
consolidar o patamar dos 56 mil pontos nesta terça-feira. Siderúrgicas e Gol
também foram destaques de alta. Já Petrobras devolveu parte dos ganhos
depois da forte alta de ontem com o resultado do leilão do campo de Libra.
Os analistas [...] assumem em suas projeções que a produção média de cada
poço chegará a 18 mil barris por dia, com investimento por poço em cerca
de US$ 250 milhões. Tirando a parcela de 41,65% do lucro bruto que será
repassado ao governo e assumindo preço de US$ 100 por barril no longo
prazo, a taxa interna de retorno do projeto seria de 13,41%.
Por Téo Takar, publicado no Valor Econômico, em 22 out. 2013. Disponível em:
<http://www.valor.com.br/financas/3313056/emprego-fraco-nos-eua-e-a-
vanco-de-vale-garantem-nova-alta-da-bovespa>. Acesso em: 23 out. 2013.
atividades de estudo
2. Há um conceito que trata sobre as escolhas de opções, aquilo de que abrimos mão
de ganhar ou obterem prol de outras opções. Esse conceito, em específico, consi-
dera o abando de opções e seus possíveis resultados, juntamente com as demais
características, que é referenciado, geralmente, como sendo a taxa de juros vigente
no país mais os custos da administração do investimento. Sobre tal conceito, assi-
nale a alternativa correta:
5. Considere que a empresa White Jabuticabas S/A. está planejando adicionar novas
máquinas em sua planta atual. Considere, ainda, que o custo do capital é de 5%. Há
duas máquinas que a companhia está considerando, com os seguintes fluxos de caixa:
Ano 0 1 2 3 4 5 6
Fluxo de Caixa A -15.000 3.810 4.535 5.615 6.582 5.876 5.224
Fluxo de Caixa Desc. -15.000 3.629 4.113 4.850 5.415 4.604 3.898
Fluxo de Caixa Acum. -15.000 -11.371 -7.258 -2.408 3.007 7.611 11.510
Alternativas
Projeto 0 1 2 3 4 5
A -25.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000
B -25.000 10.000 12.000 14.000 15.000 18.000
Trabalhamos algumas das análises mais fundamentais que um analista de investimentos deve
fazer uso: payback, valor presente líquido e a taxa interna de retorno, como medidas para deter-
minar se uma empresa deve ou não investir capital em um projeto.
Em nossos estudos, foi apresentado o custo da oportunidade de capital (COC) que trata da ex-
clusão das oportunidades existentes em prol de uma que se apresente como a mais rentável.
Conhecemos a taxa básica de referência para investimento que leva em consideração o COC e
representa o valor mínimo que o projeto deve produzir para ser interessante para a empresa, aqui
nos referimos a Taxa Mínima de Atratividades (TMA), que também é a primeira forma de seleção
de projetos.
Por fim, na terceira e última parte da unidade, estudamos o uso de mecanismos de equiparação
de projetos e investimentos, o Método de Cadeia de Substituição que colocar as opções de in-
vestimento em um mesmo plano temporal e com volumes aproximados de capital. Com isso,
os resultados apresentados entre projetos ou investimentos alinharão os resultados do VPL e TIR
quando eles forem divergentes. Como se trata de uma método trabalhoso, foi apresentada outra
opção de técnica de equiparação, conhecida como Método de Valor Anual Equivalente, este
método é caracterizado pela conversão de todos os fluxos de caixa de determinado projeto em
uma série uniforme de pagamentos, representando, dessa forma, o valor do benefício líquido, a
cada período, gerado por essa alternativa de investimento.
material complementar
Engenharia financeira
Autor: Blank, Leland T.; Tarquin, Anthony J.
Editora: Mcgraw-hill Interamericana
BODIE, Z.; KANE, A.; MARCUS, A. J. Fundamentos de Investimentos. Porto Alegre: Bookman, 2000.
BENNINGA, S. Principles of Finance with Excel. New York: Oxford University Press, 2006.
CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B.H. Análise de investimentos. São Paulo: Atlas, 2000.
COSTA JUNIOR, N. C. A.; LEAL, R. P.; LEMGRUBER, E. F.(Org.). Mercado de Capitais: análise empí-
rica no Brasil. São Paulo: Atlas, 2000.
GRAHAM, J. R.; HARVEY, C. R. How do CFOs make capital budgeting and capital structure deci-
sions. Journal of Applied Corporate Finance, 15(1): 8-23, 2002.
MÁLAGA, F. K. Retorno de ações: modelo de Fama e French aplicado ao mercado acionário bra-
sileiro. São Paulo: Saint Paul, 2005.
SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análise de investimentos. São Paulo: Atlas,
2001.
resolução de exercícios
1. c) A TMA também pode ser considerada a taxa de corte ou norteadora, visto que a
partir dela que são escolhidos projetos ou investimento.
4. c) 32,18%.