Caracterização Reológica de Diferentes
Caracterização Reológica de Diferentes
Caracterização Reológica de Diferentes
Centro Tecnológico
Curso de Pós Graduação em Engenharia de Alimentos
Banca Examinadora:
relata que a maioria dos alimentos apresenta comportamento não-newtoniano, em que a sua
viscosidade pode variar com o tempo e com as condições de escoamento. Neste trabalho foi
feita a caracterização reológica de cinco diferentes tipos de sorvetes, nos sabores creme,
creme light, limão, iogurte e soja banana. Os dados reológicos foram obtidos através de um
VT550). Os ensaios foram realizados em três diferentes temperaturas (-2ºC, 0oC e 2ºC) e os
modelo Lei da Potência, que se mostrou bastante adequado, com coeficientes de correlação (r)
iguais a 0,99 para quatro das cinco amostras, nas três diferentes temperaturas. Os mesmos
texturômetro, modelo TA-XT2i, Syable Micro System, com uma probe que simula uma
colher. Os valores obtidos para a textura dos diferentes tipos de sorvetes foram diferentes,
variando de 11,70N para a amostra de soja banana e 34,38N para a amostra de creme light.
The knowledge of rheological behavior plays an important part at the processing, handling,
quality control and development of food products. The literature states that most of food
shows non-newtonian behavior, where its viscosity may vary along time, besides being
function of the flow conditions. It has been done in this paper a rheological characterization of
five different kinds of ice cream. The samples were flavored with vanilla, light vanilla, lemon,
yogurt and soy banana. The rheological data have been obtained through a rotational
viscosimeter with concentric cylinders geometry (Thermohaake, model VT 550). The tests
have been led at three different temperatures (-2ºC, 0oC e 2ºC) and experimental results have
been set by Bingham, Casson, Herschel-Bulkley and Power Low models, assisted by a
software attached to the data acquisition system of the equipment. The different samples have
have been obtained through the adjustment of the Power Low model, which has appeared as
being really sutiable, with r the same as 0,99 for almost all of the samples at the three
different temperatures. The same kinds of ice cream have been submitted to texture
instrumental analysis, through a texturometer TA-XT2i model, Syable Micro System, with a
probe which simulates a spoon. The results obtained have shown that the samples performed
different resistance values to the scraping process by the probe, varying of 11,70N for the soy
RESUMO............................................................................................................................. 6
ABSTRACT.........................................................................................................................7
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................... 10
LISTA DE TABELAS........................................................................................................ 11
INTRODUÇÃO...................................................................................................................12
OBJETIVOS....................................................................................................................... 14
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA………........................................................................... 15
1.1 Sorvete…………………………………………………………………………… 15
1.1.1 Definição…………………………………………………………………. 15
1.1.2 Composição……………………………………………………………….15
1.1.3 Processo de Fabricação………………………………………...……….. 20
1.2 Reologia……………………………………………………………..…………… 25
1.2.1 Classificação do Comportamento Reológico…………………………….. 26
1.2.2 Modelos Reológicos……………………………………………………… 29
1.2.3 Medidas Reológicas……………………………………………………… 33
1.2.4 Estudos Reológicos de Sorvetes…………………………………………. 36
2 MATERIAL E MÉTODOS…………………………….……………………………. 39
2.1 Amostra………………………………………………………………………….. 39
2.2 Processo de Obtenção do Sorvete……………………………………...………… 40
2.3 Caracterização Reológica de Sorvetes…………………………………………… 43
2.3.1 Descrição do Equipamento………………………………………………. 43
2.3.2 Medidas Reológicas……………………………………………………… 43
2.4 Análise Instrumental da Textura………………………………………….……… 44
2.4.1 Descrição do Equipamento………………………………………………. 44
2.4.2 Medidas de Textura….……………………………………………………45
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES……..……………………………………………….47
3.1 Medidas Reológicas…………….…………………………….………………….. 47
3.2 Análise Instrumental de Textura............................................................................. 57
4 CONCLUSÃO………………………………………...………………………………... 60
5 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS……………………………………. 61
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………….. 62
LISTA DE FIGURAS
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
Potência.
15
Capítulo 1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 Sorvete
1.1.1 Definição
um produto alimentício obtido a partir de uma emulsão de gorduras e proteínas, com ou sem
1.1.2 Composição
dissolução verdadeira. A água encontra-se no estado líquido como solvente de sais e açúcares,
origem não láctea. Outros ingredientes, como frutas ou pedaços de frutas, açúcares, produtos
de cacau e/ou outras substâncias alimentícias, podem ser adicionados, desde que não
emulsificante, estabilizante, etc) também influenciam a estrutura do sorvete, que por sua vez,
1977). Portanto, para obter um “bom sorvete” é importante que os ingredientes sejam de boa
1977).
a) Leite
hidrossolúveis, lactose, gordura, sais minerais e enzimas (BORSZCZ, 2002). Contém valores
médios de 4% de gordura, 3,5% de proteínas, 4,8% de lactose, 0,7% de sais e 87% de água
(ANTUNES, 2003 apud OLIVEIRA, 2004). Sua composição pode variar de acordo com a
(ARBUCKLE, 1977), pois influencia nas suas características sensoriais: confere corpo,
melhora a textura e o sabor (CENSANO, 1995). Além disso, a gordura interfere na sensação
do frio: sorvetes com elevado teor de gordura reduzem a sensação bucal de frio e possuem
alta sensação lubrificante na boca (COSTA E LUSTOZA, 1998 apud BORSZCZ, 2002).
leite, principalmente a caseína, interagem com a superfície da gordura, atuando como agentes
representam 80% das proteínas totais do leite; as proteínas do soro, que correspondem a 20%
das proteínas totais e as proteínas associadas à fase lipídica (componentes da membrana dos
sorvete, pois se inter-relaciona com a água dando textura suave e boa consistência, contribui
com o valor nutritivo e, devido aos grupos laterais hidrófobos que contém, forma parte da
menor solubilidade do que outros açúcares. A lactose além de conferir sabor doce, contribui,
18
também para a textura do sorvete. Porém, quando adicionada em excesso, pode cristalizar-se e
b) Emulsificante
entre fases, fazendo com que as fases gordurosa e aquosa se dispersem uniformemente (TIM,
formação de uma rede mais sólida ao redor das bolhas de ar (CENZANO, 1995).
c) Estabilizante
tais como: proteínas do leite (caseína, globulina, albumina), lecitina (gema do ovo) e açúcares.
Quanto maior for a presença de estabilizantes naturais, menor será a necessidade de adição de
compostos estabilizantes.
carragena, goma guar, nas propriedades reológicas do sorvete têm sido estudado por vários
d) Açúcar
suave; além de diminuir o ponto de congelamento do produto. Por isso, não deve ser utilizado
em excesso, de modo que o sorvete possa ser congelado (DUAS RODAS, 2005).
representar 80% do total de açúcares da mistura (CENZANO, 1995). Mas, outros tipos como:
glicose, lactose, frutose, etc, podem ser utilizados substituindo a lactose, ou em combinação.
O açúcar não deve ser utilizado em excesso. Pois além de conferir sabor
e) Sais Minerais
minerais, procedentes em sua maioria do leite, do soro do leite e de outros produtos como
20
frutas, sucos de frutas, etc. Porém, certos sais minerais são utilizados intencionalmente para
produto final e para a estabilidade da emulsão graxa (AMIOT, 1991; ARBUCKLE, 1977).
a) Preparação da calda
b) Pasteurização
legislação brasileira determina que a calda seja pasteurizada a 70ºC por 30 min, quando o
processo for batelada, ou a 80ºC por 25s, quando o processo for contínuo (BRASIL, 1999).
em solução coloidal, melhorando o efeito de ambos, pela ação da proteína do soro. Com a
BORSZCZ, 2002).
c) Homogeneização
tamanhos dos glóbulos de gordura, para obtenção de uma suspensão uniforme e permanente.
Dessa forma, a gordura não se separa e não forma uma camada na parte superior.
de uma ou mais válvulas, em condições apropriadas de temperatura e pressão, que fazem com
que a gordura seja diminuída em até dez vezes do seu tamanho inicial (ARBUCLKE, 1977).
a pressão utilizadas.
ARBUCLKE, 1977). Early (2000) e Amiot (1991) citam que a eficiência da homogeneização
melhora quando a temperatura é de 70 a 80ºC, pois a mobilidade dos componentes, com certa
(ARBUCLKE, 1977).
quantidade de gordura utilizada, menor será a pressão necessária e vice-versa. Nos casos em
que o teor de gordura é bastante elevado, os glóbulos de gordura têm seu tamanho diminuído
com a homogeneização e estes, tendem a agrupar-se antes que uma nova membrana seja
desnaturação das aglutininas, o que favorece a coalescência. Para minimizar esses efeitos,
grumos formados no primeiro estágio são desfeitos, sendo possível que a superfície do novo
a coalescência dos pequenos glóbulos (MOSQUIM, 1999, apud BORSZCZ, 2002; AMIOT,
1991).
d) Resfriamento
menor. Caso contrário, a calda ficará muito viscosa e o sorvete não se derreterá suavemente
(ARBUCKLE, 1977).
23
e) Maturação
a 24 horas, em temperatura igual ou inferior a 4ºC, antes de ser congelada (DUAS RODAS,
hidratação das proteínas e dos estabilizantes. Esta etapa contribui para melhor absorção de ar
ARBUCKLE, 1977).
térmico, como sucos de frutas, polpas, essências, etc (DUAS RODAS, 2005).
f) Congelamento e incorporação de ar
agitação vigorosa da mistura até obtenção do corpo desejado, e congelamento rápido, de cerca
O congelamento deve ser realizado de forma rápida, para que o tamanho dos
cristais seja pequeno, o que confere melhor textura ao produto final (ARBUCKLE, 1977).
24
avaliando a estrutura do sorvete. A textura do sorvete é afetada por vários fatores, mas
principalmente, pela presença dos cristais de gelo, do ar incorporado e dos componentes não
congelados (ARBUCKLE, 1977). Depois de congelado, o sorvete tem uma nova estrutura
composta de: água congelada em forma de pequenos cristais; água líquida sem congelar,
g) Envase
h) Endurecimento
endurecimento deve ocorrer de forma rápida para evitar a formação de grandes cristais de
gelo. Nesta etapa, a quantidade de água congelada chega de 80% a 90% (MOSQUIM, 1999,
1.2 Reologia
objetivo estudar a deformação e o escoamento dos materiais. A origem do nome vem dos
radicais gregos rheos (fluir) e logos (estudo) (MACOSCO, 1994). O foco principal da
reologia é avaliar a forma como os materiais respondem quando aplicada uma força.
(STEFFE, 1996).
newtoniano simples, até um comportamento não-newtoniano, que pode ou não ser dependente
2005).
26
τ = µγ (1)
onde:
µ - viscosidade [Pa.s]
apresentam uma relação não linear entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação
independentes do tempo não são afetados pelo histórico anterior de cisalhamento e são
Alguns fluidos requerem uma tensão inicial para iniciar o escoamento. Neste
caso, são denominados Fluidos de Bingham. Esses materiais possuem uma estrutura interna
limite (τo). Quando a tensão de cisalhamento é maior que o valor limite, a estrutura interna
1997).
fluido é importante para controle de qualidade das matérias-primas e para avaliação do efeito
das variações, tanto nas condições de processamento sobre os produtos durante a fabricação,
(VENDRÚSCULO, 2005).
1996).
linear entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação. No entanto, a maioria dos alimentos
fluidos, não apresenta esse tipo de comportamento e requer modelos mais complexos para sua
1971).
modelo a ser utilizado é uma função das características do fluido (RAO &
um dos modelos mais utilizados para descrever o comportamento reológico de fluidos devido
a sua fácil aplicação (BIRD et al, 1960). A representação matemática do modelo é dada pela
equação 3.
30
n
τ = kγ (3)
onde:
η = kγ n−1 (4)
Waele para fluidos newtonianos. O que os difere é a presença de uma tensão de cisalhamento
τ = τ o + η pl γ (5)
onde:
τ - tensão de cisalhamento
31
γ - taxa de deformação
presença de uma tensão de cisalhamento crítica (STEFFE, 1996), que o distingue do modelo
τ = τ o + kγ n (6)
onde:
τ - tensão de cisalhamento
γ - taxa de deformação
k - índice de consistência
n - índice de comportamento
STEFFE, 1996).
Parâmetros
Modelos Exemplos
k n τo
Newtoniano >0 1 0 Água, suco de fruta, leite, mel
Pseudoplástico >0 0<n<1 0 Purê de banana, suco de fruta concentrado
Dilatante >0 1<n<∞ 0 Alguns tipos de mel
Fluido de Bingham >0 1 >0 Pasta de tomate
Herschel-Bulkley >0 0<n<∞ >0 Pasta de uva passa, pasta de peixe picado
ambos apresentam uma tensão de cisalhamento inicial. No entanto, os valores dos parâmetros
do fluido são diferentes, dependendo dos limites dos dados da análise matemática. É um
onde:
τ - tensão de cisalhamento
γ - taxa de deformação
k - índice de consistência
Tabela 1.2 - Modelos reológicos para fluidos independentes do tempo (adaptado de STEFFE,
1996).
Modelo Equação
ηo −η∞
Cross (Cross, 1965) η = η∞ + n
1+ k1 (γ )
capilares, reômetros rotacionais e reômetros oscilatórios, entre outros, são utilizados para
fluido escoa no interior de um tubo de seção circular, devido à diferença entre as pressões de
entrada e saída do mesmo, que podem ser geradas pela gravidade ou outros meios mecânicos.
necessário para girar um corpo submerso em um fluido, a uma velocidade constante. Assim,
tem-se que o torque é proporcional à viscosidade. Esse reômetro pode apresentar os corpos
rotacionais com diferentes geometrias: cilindros, cone e placa, placas planas paralelas, entre
contínua da relação taxa de deformação e tensão de cisalhamento e uma ampla faixa da taxa
cisalhamento no fluido localizado entre os dois cilindros concêntricos, sendo que um gira e o
em forma de disco, com uma certa distância entre elas. Com a variação da distância entre as
placas, obtêm-se diferentes faixas de taxa de deformação. Portanto, quanto menor à distância
entre as placas e maior o diâmetro delas, maiores taxas de deformação são obtidas.
36
taxas de cisalhamento. O arranjo desse reômetro é composto de uma placa plana horizontal e
um cone invertido, cujo vértice situa-se muito próximo à placa (MENDONÇA, 2002).
maioria deles trata os resultados de reologia de sorvetes como aspecto qualitativo, como
prateleira.
obtenção dos seus parâmetros. A aplicação dos modelos reológicos para sorvetes também não
utilizados sorvetes de creme: com quantidade regular de gordura (10%), sorvete light (5%),
sorvete com baixa quantidade de gordura (2,5%) e sorvete sem gordura (0,4%). Um
viscosímetro rotacional (Bohlin VOR Rheometer) foi utilizado para a análise instrumental da
temperatura constante de 30ºC, para obtenção dos dados reológicos. A viscosidade aparente,
ajuste dos dados reológicos ao modelo Lei da Potência. Os autores obtiveram índices de
comportamento reológico de uma mistura de sorvete contendo 10% de gordura láctea, 37,3%
estabilizante natural na reologia de duas misturas de sorvete típicas da Turquia. Sendo uma
das misturas preparadas à base de leite e a outra a base de água. Os ensaios reológicos foram
50ºC. As medidas reológicas foram ajustadas ao modelo empírico da Lei da Potência para
comportamento das diferentes misturas de sorvete a base de leite variou de 0,77 a 0,96, ao
longo das diferentes temperaturas. Nas diferentes misturas de sorvetes a base de água, o
Kaya & Tekin (2001) citam em seu trabalho que Goff & Davidson (1994), ao
em torno de 0,7. Cotrell et al (1980) também citado por Kaya & Tekin (2001), ao estudarem o
de comportamento na faixa de 0,98 a 0,68, para sorvetes com estabilizante goma guar, e 0,88
Apenas foram publicados trabalhos de misturas de sorvetes a base de leite e água. Contudo, a
38
maioria deles, foi apresentada com sabor de creme. Também não foram encontrados estudos
Capítulo 2
MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Amostra
textura foram: Linha Base Leite, Linha Light, Linha Base Água, Linha Frozen e Linha Soya.
Uma amostra foi escolhida para representar cada um dos diferentes tipos. As amostras
tabela 2.2.
40
Tabela 2.2 - Informação nutricional das amostras (quantidade por porção 100g).
Amostras
Informação
Creme Soja
Nutricional** Creme Limão Iogurte
Light Banana
Valor Calórico (kcal) 166 63 90 132 130
Carboidratos (g) 22 8 16 31 23
Proteínas (g) 4 4 0 4 4
Gorduras Totais (g) 7 0 3 2 2
Gorduras Saturadas (g) 3 0 1 0 2
Colesterol (mg) 15 0 0 0 5
Fibra Alimentar (g) 0 0 0 ND* 0
Cálcio (mg) 118 143 120 16 143
Sódio (mg) 53 60 < 25 ND* 60
* ND = Não Determinado
** Fonte: Amoratto Sorvetes Artesanais
Preparação da Calda
Pasteurização
Homogeneização
Resfriamento
Maturação
Congelamento e Incorporação de ar
Envase
Endurecimento
minutos, a uma temperatura de 80oC. A pressão utilizada variou conforme o tipo de sorvete.
42
homogeneização dos sorvetes de soja banana e limão oscilou entre 40 e 100kgf/cm2, devido a
Maturação: A calda resfriada foi transferida para as tinas de maturação, onde permaneceu
sob agitação lenta, a uma temperatura de 4ºC, por um tempo mínimo de 2 horas. De acordo
com cada tipo de sorvete, foi feita a adição de suco de fruta e/ou saborizante.
ocasionada pelo batimento, variou dependendo do tipo de sorvete. Nesta etapa, cerca de 50%
polipropileno injetado com capacidade de 2L, com exceção do sorvete de soja banana, que foi
Endurecimento: O sorvete envasado foi levado para uma câmara frigorífica, com
Santa Catarina.
cisalhamento e permite a escolha de alguns modelos teóricos para o ajuste dos dados.
50s-1 (curva ascendente) e de 50 a 0,02s-1 (curva descendente), com um tempo total de ensaio
44
de 4min, com a tomada de 60 pontos para cada curva. Assim, obteve-se o reograma de cada
amostra.
Herschel-Bulkley e Lei da Potência. Porém, para obtenção dos parâmetros reológicos e para a
determinação do seu comportamento, utilizou-se o modelo Lei da Potência, que tem sido
XT2i, Syable Micro System, conforme figura 2.2, disponível no Laboratório de Propriedades
inoxidável, simulando uma colher, foi utilizada para medir a resistência das amostras frente ao
processo de raspagem. A probe possui dimensões iguais a 12cm de comprimento, por 30cm
de largura.
45
visualizado na figura 2.3. A textura das amostras foi medida com uma velocidade de
penetração de 2mm/s, distância de penetração de 30mm e num tempo total de ensaio de 30s.
A determinação da textura foi realizada em triplicata para cada tipo de sorvete. A mesma
velocidade foi utilizada por Aime et al (2001) para avaliação de textura de sorvetes, com
Capítulo 3
RESULTADOS E DISCUSSÕES
através dos reogramas, que relacionam a tensão de cisalhamento com a taxa de deformação.
figuras 3.1, 3.2 e 3.3, na temperaturas -2ºC, 0oC e de 2ºC, respectivamente. Nos reogramas
são apresentadas as curvas ascendente e descendente de cada uma das amostras, sendo
linear entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação nas temperaturas de -2ºC, 0oC e
amostra de creme light. Este comportamento pode ser explicado pelo fato de ambas as
apresentaram menor tensão de cisalhamento e com comportamento similar (figura 3.1), sendo
18
16
14
Tensão de Cisalhamento (Pa)
12 Soja Banana
10 Creme
Creme Light
8
Limão
6 Iogurte
0
0 10 20 30 40 50 60
Taxa de Deform ação (1/s)
Figura 3.1 - Reograma das amostras dos diferentes tipos de sorvetes na temperatura de -2ºC.
18
16
14
Tensão de Cisalhamento (Pa)
12 Soja Banana
10 Creme
Creme Light
8
Limão
6 Iogurte
0
0 10 20 30 40 50 60
Taxa de Deform ação (1/s)
Figura 3.2 - Reograma das amostras dos diferentes tipos de sorvetes na temperatura de 0ºC.
49
apresentaram os maiores valores de tensão de cisalhamento, como pode ser visto na figura
3.2. Sendo que os valores obtidos nessa temperatura foram bastante próximos aos obtidos a -
2ºC. Diante o exposto, esse comportamento mostra que essa variação de temperatura (de -2ºC
a 0oC) não é o fator principal que influencia o comportamento reológico das amostras de
sorvete.
cisalhamento próximos entre si e menores do que as amostras de creme light e limão. Porém,
nessa temperatura (0oC), os valores de tensão de cisalhamento foram menores do que aqueles
obtidos a -2ºC.
É praticamente inexistente a área entre a curva ascendente e descendente para cada uma das
amostras.
16
14
Tensão de Cisalhamento (Pa)
12
Soja Banana
10
Creme
8 Creme Light
Limão
6
Iogurte
4
0
0 10 20 30 40 50 60
Taxa de Deformação (1/s)
Figura 3.3 - Reograma das amostras dos diferentes tipos de sorvetes na temperatura de 2ºC.
50
A figura 3.3 mostra que o comportamento das amostras de sorvete ao longo das
taxas de deformação foi semelhante àquele obtido nas temperaturas de -2ºC e 0oC.
de limão e creme light. Com isso, a diferença no comportamento entre as duas amostras é,
amostras a temperatura de -2ºC, 0oC e 2ºC estão apresentados nas figuras 3.4, 3.5 e 3.6,
respectivamente.
com as taxas de deformação. Sendo que, as amostras de creme light e limão apresentaram as
maiores viscosidades nas três temperaturas (-2ºC, 0oC e 2ºC) e as amostras de iogurte, soja
3,5
2,5
Viscosidade (Pa.s)
Soja Banana
2 Creme
Creme Light
1,5 Limão
Iogurte
1
0,5
0
0 10 20 30 40 50 60
Taxa de Deformação (1/s)
Figura 3.4 - Viscosidade x Taxa de Deformação das amostras dos diferentes tipos de sorvetes
na temperatura de -2ºC.
1,4
1,2
1
Viscosidade (Pa.s)
Soja Banana
0,8 Creme
Creme Light
0,6 Limão
Iogurte
0,4
0,2
0
0 10 20 30 40 50 60
Taxa de Deformação (1/s)
Figura 3.5 - Viscosidade x Taxa de Deformação das amostras dos diferentes tipos de sorvetes
na temperatura de 0ºC.
52
1,8
1,6
1,4
Viscosidade (Pa.s)
1 Creme
Creme Light
0,8
Limão
0,6 Iogurte
0,4
0,2
0
0 10 20 30 40 50 60
Taxa de Deformação (1/s)
Figura 3.6 - Viscosidade x Taxa de Deformação das amostras dos diferentes tipos de sorvetes
na temperatura de 2ºC.
graficamente, reforça a análise realizada para os reogramas de cada amostra, nas três
temperaturas de estudo.
obtenção dos parâmetros K e n, pois tem sido extensivamente utilizado nas análises teóricas e
A tabela 3.1 mostra os valores dos parâmetros reológicos obtidos para cada
amostra, em cada uma das temperaturas estudadas, através do ajuste do modelo Lei da
Potência.
Potência foi adequado para o ajuste dos dados de tensão de cisalhamento e taxa de
deformação dos diferentes tipos de sorvete, nas três temperaturas ensaiadas. De um modo
0,9896.
pseudoplásticas (COTREL, PASS & PHILLIPS, 1980; GOFF & DAVIDSON, 1992, apud
AIME et al, 2001). Como esperado, os diferentes tipos de sorvete avaliados apresentaram
comportamento (n) obtidos variaram de 0,5530 (menor valor) a 0,8239 (maior). Foram
menores que a unidade, portanto, as amostras estudadas podem ser caracterizadas como
Tabela 3.1 - Parâmetros reológicos do modelo Lei da Potência das diferentes amostras nas
Temperaturas (oC)
Amostra Parâmetros
-2 0 2
K 1,1678 1,5376 0,9942
Creme n 0,5530 0,7777 0,5663
r 0,9985 0,9927 0,9913
comportamento do escoamento (n) das amostras nas três temperaturas (-2ºC, 0oC e 2ºC)
modelos que o software permitiu ajustar, para cada uma das amostras, nas distintas
temperaturas.
Tabela 3.2 - Valores dos coeficientes de correlação r dos modelos de Bingham, Casson e
Temperaturas (oC)
Amostra Modelos
-2 0 2
Bingham 0,9836 0,9915 0,9850
Creme Herschel-Bulkley 0,9988 0,9959 0,9968
Casson 0,9960 0,9949 0,9951
Tabela 3.3 - Parâmetros reológicos dos modelos de Bingham, Casson e Herschel-Bulkley das
variou de 0,77 a 0,96 para amostras de sorvetes de base leite, nas temperaturas de 10, 20, 30,
40 e 50ºC. Os mesmos autores citam no seu trabalho que Goff & Davidson (1994), ao
57
do escoamento em torno de 0,7. Cotrell et al (1980) também citado por Kaya & Tekin (2001),
creme com diferentes quantidades de gordura, encontraram valor de n iguais a: 0,661 (sorvete
com 0,4% de gordura); 0,430 (sorvete com 2,5% de gordura); 0,370 (sorvete com 5% de
gordura) e 0,433 (sorvete com 10% de gordura). A temperatura utilizada pelos autores nos
ensaios reológicos foi de 30ºC. Os mesmos autores citam em seu trabalho que, Smith, Bakshi
cristais de gelo formados, etc. (Kaya & Tekin, 2000), ou seja, está relacionada com a sua
estrutura (Aime et al, 2001). Em outras palavras, pode-se dizer que a textura é um parâmetro
derretimento.
Tabela 3.4 - Valores médios de textura e o overrun dos diferentes tipos de sorvetes.
resistência ao processo de raspagem da probe, portanto, com consistência mais ‘dura’, seguida
pela amostra de iogurte e de limão. Enquanto que, a amostra de soja banana apresentou a
menor resistência ao processo de raspagem da probe, seguida pela amostra de creme. Esses
resultados mostram que as diferentes bases, utilizadas na fabricação dos sorvetes em estudo,
Porém, para melhor explicar as estruturas formadas com as diferentes bases e por sua vez a
sorvete de creme, com quantidade regular de gordura e um sorvete de creme light. Os autores
utilizaram uma probe cilíndrica e durante a penetração da probe no sorvete, o pote plástico
contendo a amostra de sorvete permanecia em uma caixa com gelo, que controlava a
temperatura. Essas diferenças podem ser a explicação dos resultados encontrados pelos
59
autores citados, e que são superiores aos resultados das amostras de creme e creme light
de sorvetes produzidos com base de soja, água e iogurte para serem comparados com os
influenciam essas propriedades (SOFJAN & HARTEL, 2004). A ausência da microscopia dos
Capítulo 4
CONCLUSÕES
Capítulo 5
De acordo com os resultados obtidos nesse estudo, são sugeridos alguns temas
reológico e na textura;
Capítulo 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARBUCKLE, W.S. Ice cream. 3. ed. USA: AVI Publishing Company, 1977. 517p.
COGNÉ, C.; ANDRIEU, J.; LAURENT, P. BESSON, A.; NOCQUET, J. Experimental data
and modeling of thermal properties of ice creams. Journal of Food Engineering, v. 58, p.
331-341, 2003.
63
EISNER, M.D.; WILDMOSER, H.; WINDHAB, E.J. Air cell microstructuring in a high
viscous ice cream matrix. Colloids and Surfaces, v. 263, p. 390-399, 2005.
FENNEMA, O.R. Quimica de los alimentos. 2. ed. Zaragoza: Acribia, 2000. 1258p.
GRANGER, C.; LEGER, A.; BAREY, P.; LANGENDORFF, V.; CANSELL, M. Influence
of formulation on the structural networks in ice cream. International Dairy Journal,
Article in press, 2004.
KAYA, S.; TEKIN, A.R. The effect of salep content on the rheological characteristics of a
typical ice-cream mix. Journal of Food Engineering, v. 47, p. 59-62, 2001.
LEWIS, M.J. Propriedades fisicas dos alimentos y de los sistemas de procesado. 1 ed. Ed.
Acribia: Zaragoza, 1993.
ROBINS, M.; WATSON, A.D.; WILDE, P.J. Emulsions – creaming and rheology. Current
Opinion in Colloid & Interface Science, v. 7, p. 419-425, 2002.
STEFFE, J.F. Rheological methods in food process engineering. 2. ed. Freeman Press,
1996. 412p.
STOKES, J.R.; TELFORD, J.H. Measuring the yield behaviour of structured fluids.
Journal of Non-Newtonian Fluid Mechanics, v. 124, p. 137-146, 2004.
SWAMI, S.B.; DAS, S.K.; MAITI, B. Effect of water and air content on the rheological
properties of black gram batter. Journal of Food Engineering, v. 65, p. 189-196, 2004.
VEGA, C.; GOFF, H.D. Phase separation in soft-serve ice cream mixes: rheology and
microstructure. International Dairy Journal, v.15, p. 249-254, 2005.