Usucapião Ordinario

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO DA VARA

CÍVEL DA COMARCA DE BALNEÁRIO PIÇARRAS/SC.

JUSTIÇA GRATUITA

ADIR WILLI RINTZEL, brasileiro, solteiro, pedreiro, inscrito no CPF sob nº


621.194.869-72, portadora do RG n° 1716810, residente e domiciliado na Rua Dos
Pinus (4200), nº 790, Bairro Itacolomi, Município de Balneá rio Piçarras/SC – CEP
88380-000, por intermédio de seu procurador que ao final assina, vêm, com
acatamento e respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art.
1.242, caput, do Có digo Civil, propor a presente

AÇÃO DE USUCAPIÃO ORDINÁRIO

pelas razõ es de fato e de direito que passa a expor:


I - DA PRELIMINAR
I.1 - DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente nã o possuí condiçõ es de pagar as custas e despesas do processo sem


prejuízo pró prio ou de sua família, conforme declaraçã o de hipossuficiência e
comprovantes de renda que seguem em anexo, sob égide no Novo Có digo de
Processo Civil, art. 98 e seguintes e pelo artigo 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal.

Desse modo, faz jus à concessã o da gratuidade de Justiça. Insta ressaltar que
entender de outra forma seria impedir os mais humildes de ter acesso à Justiça,
garantia maior dos cidadã os no Estado Democrá tico de Direito.

II – DOS FATOS

O Requerente adquiriu o imó vel situado no endereço que reside, por meio de
contrato particular de compra e venda, em 31 de janeiro de 2014, de Edgar Raul
Pereira, que por sua vez adquiriu em 01 de outubro de 2010, de Clá udia dos Santos
Pinto, conforme documentos em anexo.

Assim sendo, exerce, por mais de 10 (dez) anos, a posse mansa, pacífica,
ininterrupta, sem qualquer oposiçã o e com animus domini.

Além de caracterizada a posse por mais de 10 (dez) anos, ao longo de sua ocupaçã o
o Requerente manteve a manutençã o do imó vel e todas as taxas de serviços
referentes a luz, á gua e IPTU.

A usucapiã o ordiná ria está prevista no artigo 1.242 do mesmo diploma legal e tem
como requisitos a posse contínua, exercida de forma mansa e pacífica pelo prazo
de 10 (dez) anos, o justo título e a boa fé, reduzindo esse prazo pela metade no
caso de o imó vel "ter sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante em cartó rio, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social
e econô mico", nos termos do artigo 1.242, pará grafo ú nico do CC.
Consoante alhures esposado e comprovado junto ao vasto bojo documental
encartado a estes autos, resta bastante caracterizada a posse do imó vel por mais
de 10 (dez) anos, o que de fato demonstra de forma inconteste o direito do
Requerente de propor a demanda em tela, notadamente no afã de promover a
regularizaçã o do imó vel, mormente à vista do transcurso do lapso temporal
previsto no Art. 1.242 e pará grafo ú nico do Có digo Civil, visto terem adquirido o
imó vel de forma onerosa e terem construído residência e estabelecido moradia no
local.

Demais disso, há que se destacar que, o imó vel usucapiendo encontra-se na posse
mansa, pacífica e ininterrupta, sem qualquer oposiçã o e com animus domini desde
sua aquisiçã o, modo que esta é reconhecida e respeitada pelos confrontantes.

Destarte, tem-se a caracterizaçã o de todos os requisitos e pressupostos legais


exigidos pela legislaçã o vigente, portanto, a pretensã o dos Requerentes merece
acolhimento, fazendo jus a declaraçã o de seu domínio através da presente
demanda.

III - DO DIREITO

Inicialmente, destaque-se que a pretensã o do Requerente junto a demanda em tela,


refere-se à Usucapiã o Ordiná ria, sendo esta fulcrada no art. 1.242, caput, do Có digo
Civil, que dispõ e o seguinte:

“Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imó vel aquele


que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé,
o possuir por dez anos.

Neste sentido, imperioso reiterar que o Requerente detém a posse mansa, pacífica,
ininterrupta e livre de qualquer oposiçã o, considerando que adquiriram
onerosamente o imóvel e, fizeram dele sua moradia.
Consabido, é cediço que para a declaraçã o da usucapiã o ordiná ria é imprescindível
à presença de justo título e, neste sentido posiciona-se majoritariamente o
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, consoante se infere de jurisprudência
aná loga ao caso em tela:

““APELAÇÃO CÍVEL. COISAS E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


USUCAPIÃO. IMPROCEDÊNCIA NA ORIGEM.(1) PLEITO
FUNDADO EM MAIS DE UMA MODALIDADE DE USUCAPIÃO.
USUCAPIÃO ORDINÁRIA. POSSE POR 10 ANOS NESTE
MOMENTO PROCESSUAL. PRECEDENTES. PRAZO CONTADO
DE ACORDO COM AS CIRCUNSTÂNCIAS ATUAIS.- "Os artigos
462 e 517 do CPC permitem, tanto ao Juízo singular como ao
Tribunal de Apelação, a análise de circunstâncias outras que,
devido a sua implementação tardia, não eram passíveis de
resenha inicial. A solução proposta tem por escopo a
economia processual, para que a tutela jurisdicional a ser
entregue não seja uma mera resposta a formulações teóricas,
sem qualquer relevo prático. Privilegia-se, assim, o estado
atual em que se encontram as coisas, evitando-se provimento
judicial de procedência quando já pereceu o direito do autor
ou de improcedência quando o direito pleiteado na inicial,
delineado pela causa petendi narrada, é reforçado por fatos
supervenientes. [...]." (REsp 500182/RJ. Rel. Min. LUIS FELIPE
SALOMÃO. Quarta Turma. Dje. 21.09.2009)(2) ART. 1.942,
CAPUT, DO CC. REQUISITOS DA USUCAPIÃO ORDINÁRIA
PREENCHIDOS. POSSE POR MAIS DE 10 ANOS. JUSTO TÍTULO
E BOA-FÉ.- De acordo com os documentos acostados nos
autos, provas testemunhais e a falta de contestação,
verificam-se preenchidos ospressupostos da usucapião
ordinária para a aquisição da propriedade do imóvel pela via
originária.- Com relação à maior parte da área usucapienda,
comprovou-se o exercício da posse pelo período de 20 (vinte)
anos, dobro do exigido para a declaração da usucapião
ordinária. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO.
(Processo: 2013.027190-8 (Acórdão) - Relator: Henry Petry
Junior - Julgado em: 04/07/2013) (grifado)””.

E, ainda, neste sentido colaciona-se entendimento proferido pelo Desembargador


Ruy Rosado de Aguiar Jú nior, quando teve a oportunidade de enfrentar o tema
junto a Apelaçã o Cível n. 589019629 no Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, vejamos:

“O justo título, como requisito para usucapiã o ordiná ria, tem sido
definido em termos bem restritos, a tal ponto que a experiência
forense raramente registra pedido de usucapiã o por este
fundamento, podendo dizer-se que a interpretaçã o restritiva
praticamente impede a incidência da norma. Apesar da
predominâ ncia desse entendimento na doutrina e na
jurisprudência, penso que se deva reexaminar o tema para definir-
se como justo título aquele que legítima o fato da posse, pois o
justo título nã o há o de ser o da propriedade, mas, tã o-só , o da
posse. Pedro Nunes (Do Usucapiã o, 4ª ediçã o, p. 43) invoca a liçã o
de Câ mara Leal para primeiramente definir como título ‘o motivo
jurídico pelo qual o possuidor começou a deter a coisa e a havê-la
como pró pria’ e como justo título o que se apresenta com
‘veemente aparência de legitimidade’. Para ser título, em se
tratando de usucapiã o, deve-se considerar apenas o título da
posse; para ser justo, basta que sirva para legitimar a existência
do fato, de acordo com as regras jurídicas vigentes. Nesse
conceito, portanto, o justo título da posse é aquele que sirva para
legitimar a consciência do possuidor de que tem direito à posse do
bem em razã o de um ato juridicamente admitido pelo
ordenamento. Tem justo título para posse aquele que passa a
ocupar um imó vel, com â nimo de dono, em razã o de um contrato
de promessa de compra e venda celebrado com aquele que
detinha a titularidade do domínio ou com aquele que também era
titular de uma promessa de compra e venda registrada, como
ocorre no caso dos autos, pois ambos podiam alienar o domínio e
estavam legitimados a transferir a posse do bem. É verdade que a
veneranda sentença apelada tem em seu prol ensinamentos, os
mais respeitá veis, mas é preciso interpretar a lei de acordo com os
fins sociais a que ela se destina, em obediência aos princípios
indicados na lei de introduçã o e aos enunciados na nova
Constituiçã o Federal” (...) (Grifos meus, in Revista de
Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul n. 146, os. 238/240)”.
Com efeito, é inconteste que os Requerentes preenchem os requisitos da lei para
que seja declarada sua propriedade, mormente à vista do incluso justo título e a
boa-fé evidentemente caracterizada.

VI – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

a) O recebimento da presente açã o na forma da lei para o regular processamento


do feito.

b) a concessã o das benesses da gratuidade da justiça, ante a declaraçã o de


hipossuficiência e comprovantes de renda que seguem em anexo, nos termos dos
artigos 98 e seguintes do CPC 2015.

c) a citaçã o de todos os confrontantes e seus cô njuges se for o caso, quais sejam:


CONFRONTANTE LADO DIREITO – ANILDO LEAL DE LIMA, brasileiro, solteiro,
portador do RG nº 314.14705, inscrito no CPF sob o n.º 553.586.839-68, residente
e domiciliado na Rua dos Pinos, nº 812, Bairro Itacolomi, Município de Balneá rio
Piçarras/SC – CEP 88380-000; CONFRONTANTE LADO ESQUERDO – AILTO JOSÉ
MONTANHA, brasileiro, casado, tecelã o, portador da CI/RG nº 911620, inscrito no
CPF sob o nº 351.872.559-91 e MARLENE B. MONTANHA, brasileira, casada,
costureira, ambos residentes e domiciliados na Rua dos Pinus, nº 425, Bairro
Itacolomi, Município de Balneá rio Piçarras/SC – CEP 88380-000;
CONFRONTANTE FUNDOS – TERRENO VAZIO.

d) caso as cartas retornem com a situaçã o “mudou-se”, “endereço insuficiente”,


“nã o existe o nú mero”, “desconhecido”, sejam citados por edital.

e) a expediçã o de editais de citaçã o para terceiros interessados, condô minos ou


nã o, incertos e desconhecidos.
f) a intimaçã o dos representantes das Fazendas Pú blicas da Uniã o, do Estado e do
Município.

g) a intimaçã o do ilustre representante do Ministério Pú blico para intervir no feito

h) seja, ao final, julgada procedente a presente açã o para declarar a propriedade do


imó vel em favor dos Requerentes com base no art. 1.242, caput, do Có digo Civil,
sendo determinada a transcriçã o no registro de imó veis competente, condenando-
se eventual parte contestante nas custas e honorá rios.

i) provar o alegado mediante a produçã o de todas as provas em Direito admitidas,


especialmente a prova documental, testemunhal, depoimento pessoal, pericial, e
demais que se fizerem necessá rias para o deslinde do feito.

Atribui-se à causa, o valor de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Balneá rio Piçarras/SC, 02 de março de 2020.

GUSTAVO MACHADO
OAB-SC 27.559

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