Usucapião Ordinario
Usucapião Ordinario
Usucapião Ordinario
JUSTIÇA GRATUITA
Desse modo, faz jus à concessã o da gratuidade de Justiça. Insta ressaltar que
entender de outra forma seria impedir os mais humildes de ter acesso à Justiça,
garantia maior dos cidadã os no Estado Democrá tico de Direito.
II – DOS FATOS
O Requerente adquiriu o imó vel situado no endereço que reside, por meio de
contrato particular de compra e venda, em 31 de janeiro de 2014, de Edgar Raul
Pereira, que por sua vez adquiriu em 01 de outubro de 2010, de Clá udia dos Santos
Pinto, conforme documentos em anexo.
Assim sendo, exerce, por mais de 10 (dez) anos, a posse mansa, pacífica,
ininterrupta, sem qualquer oposiçã o e com animus domini.
Além de caracterizada a posse por mais de 10 (dez) anos, ao longo de sua ocupaçã o
o Requerente manteve a manutençã o do imó vel e todas as taxas de serviços
referentes a luz, á gua e IPTU.
A usucapiã o ordiná ria está prevista no artigo 1.242 do mesmo diploma legal e tem
como requisitos a posse contínua, exercida de forma mansa e pacífica pelo prazo
de 10 (dez) anos, o justo título e a boa fé, reduzindo esse prazo pela metade no
caso de o imó vel "ter sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante em cartó rio, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social
e econô mico", nos termos do artigo 1.242, pará grafo ú nico do CC.
Consoante alhures esposado e comprovado junto ao vasto bojo documental
encartado a estes autos, resta bastante caracterizada a posse do imó vel por mais
de 10 (dez) anos, o que de fato demonstra de forma inconteste o direito do
Requerente de propor a demanda em tela, notadamente no afã de promover a
regularizaçã o do imó vel, mormente à vista do transcurso do lapso temporal
previsto no Art. 1.242 e pará grafo ú nico do Có digo Civil, visto terem adquirido o
imó vel de forma onerosa e terem construído residência e estabelecido moradia no
local.
Demais disso, há que se destacar que, o imó vel usucapiendo encontra-se na posse
mansa, pacífica e ininterrupta, sem qualquer oposiçã o e com animus domini desde
sua aquisiçã o, modo que esta é reconhecida e respeitada pelos confrontantes.
III - DO DIREITO
Neste sentido, imperioso reiterar que o Requerente detém a posse mansa, pacífica,
ininterrupta e livre de qualquer oposiçã o, considerando que adquiriram
onerosamente o imóvel e, fizeram dele sua moradia.
Consabido, é cediço que para a declaraçã o da usucapiã o ordiná ria é imprescindível
à presença de justo título e, neste sentido posiciona-se majoritariamente o
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, consoante se infere de jurisprudência
aná loga ao caso em tela:
“O justo título, como requisito para usucapiã o ordiná ria, tem sido
definido em termos bem restritos, a tal ponto que a experiência
forense raramente registra pedido de usucapiã o por este
fundamento, podendo dizer-se que a interpretaçã o restritiva
praticamente impede a incidência da norma. Apesar da
predominâ ncia desse entendimento na doutrina e na
jurisprudência, penso que se deva reexaminar o tema para definir-
se como justo título aquele que legítima o fato da posse, pois o
justo título nã o há o de ser o da propriedade, mas, tã o-só , o da
posse. Pedro Nunes (Do Usucapiã o, 4ª ediçã o, p. 43) invoca a liçã o
de Câ mara Leal para primeiramente definir como título ‘o motivo
jurídico pelo qual o possuidor começou a deter a coisa e a havê-la
como pró pria’ e como justo título o que se apresenta com
‘veemente aparência de legitimidade’. Para ser título, em se
tratando de usucapiã o, deve-se considerar apenas o título da
posse; para ser justo, basta que sirva para legitimar a existência
do fato, de acordo com as regras jurídicas vigentes. Nesse
conceito, portanto, o justo título da posse é aquele que sirva para
legitimar a consciência do possuidor de que tem direito à posse do
bem em razã o de um ato juridicamente admitido pelo
ordenamento. Tem justo título para posse aquele que passa a
ocupar um imó vel, com â nimo de dono, em razã o de um contrato
de promessa de compra e venda celebrado com aquele que
detinha a titularidade do domínio ou com aquele que também era
titular de uma promessa de compra e venda registrada, como
ocorre no caso dos autos, pois ambos podiam alienar o domínio e
estavam legitimados a transferir a posse do bem. É verdade que a
veneranda sentença apelada tem em seu prol ensinamentos, os
mais respeitá veis, mas é preciso interpretar a lei de acordo com os
fins sociais a que ela se destina, em obediência aos princípios
indicados na lei de introduçã o e aos enunciados na nova
Constituiçã o Federal” (...) (Grifos meus, in Revista de
Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul n. 146, os. 238/240)”.
Com efeito, é inconteste que os Requerentes preenchem os requisitos da lei para
que seja declarada sua propriedade, mormente à vista do incluso justo título e a
boa-fé evidentemente caracterizada.
VI – DOS PEDIDOS
Nestes termos,
Pede deferimento.
GUSTAVO MACHADO
OAB-SC 27.559