Produção Do Leite em Pó
Produção Do Leite em Pó
Produção Do Leite em Pó
Departamento de Química
Operações Unitárias I
Prof. Dra. Izabel Cristina Riegel Vidotti Miyata
Anne Puppi, Kathleen Andrion, Thaciani Caldeira da Silva e Mateus Sabatke
Curitiba
2020
1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
2. INTRODUÇÃO
2.1 Histórico
A referência mais antiga do leite em pó e produtos lácteos reconstituídos que
se tem conhecimento é dos suprimentos de alimentos dos soldados de Marco Polo,
embora se saiba que a origem do leite em pó é ainda mais antiga. Para seu preparo,
o leite era fervido, e sua nata ou creme subia à superfície, sendo separada na forma
de manteiga, já que essa mistura não endurecia quando mantida submergida o
tempo todo em leite. O leite no estado pastoso era deixado exposto ao sol para
secar. Por volta do século XVIII, embora o produto em pó fosse considerado uma
vantagem tecnológica e excelente para reconstituição do leite nos estágios iniciais
do desenvolvimento do mercado, não havia possibilidade de produção de leite
reconstituído em escala industrial, ou comercial (FOX, 2011).
O primeiro processo moderno de produção de leite em pó foi inventado pelo
médico russo Osip Krichevsky em 1802. A primeira produção comercial de leite em
pó foi organizada pelo químico russo M. Dirchoff em 1832. Em 1855, T.S. Grimwade
obteve a patente de um procedimento de leite em pó (FOX, 2011).
No início do século XX, na Inglaterra já existiam centenas de marcas de leite
em pó, que competiam entre si tentando aumentar a participação em um mercado
do qual não havia muita informação disponível. Entretanto, houve considerável
aumento no consumo a partir do momento em que se tornou evidente que os riscos
de contaminação bacteriológica, principalmente infecções gastrointestinais, eram
menores quando comparados ao leite fresco não pasteurizado. O avanço na
qualidade e na produção industrial ocorreu após o surgimento da tecnologia de
instantaneização do leite em pó pelo processo spray dryer (secagem por
atomização), a qual teve forte impulso a partir da II Guerra Mundial. Uma das
primeiras patentes do processo de secagem foi concedida à empresa Merrel and
Gere, nos Estados Unidos, em 23 de julho de 1907. O processo apresentava todos
os elementos básicos do processo atual, e era capaz de produzir um leite em pó
realmente solúvel. A partir daí, foram desenvolvidas as tecnologias de evaporação e
secagem, impulsionadas pelo aumento da demanda e crescimento do setor de leite
em pó, ao qual atingiu plenitude em 1944 com a produção de grandes volumes de
leite em pó de boa qualidade disponíveis comercialmente (WIKIPEDIA, 2020).
A EMBRAPA realizou, por meio das redes sociais, uma pesquisa para
acompanhar o comportamento do consumidor brasileiro de leite e derivados durante
a pandemia de COVID-19, considerando o consumo domiciliar. Participaram da
pesquisa 5.105 consumidores distribuídos em todo o território brasileiro, sendo que
os seguintes locais tiveram maior representatividade na pesquisa: Minas Gerais,
São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Goiás. A
pesquisa mostrou que o derivado lácteo mais habitual nas compras dos brasileiros é
o queijo. Queijos, manteiga, leite condensado, creme de leite, leite UHT, iogurte e
leite em pó apresentaram incrementos de consumo durante a pandemia
(SIQUEIRA, 2020).
Figura 04: Saldo da variação de consumo de produtos lácteos durante a pandemia (% de domicilios
ou respondentes)
Fonte: SIQUEIRA, 2020.
3. CARACTERIZAÇÃO DO LEITE EM PÓ
3.2.1 Classificação
Tabela 1. Requisitos para leites em pó com diferentes conteúdos de matéria gorda e para leite em pó
instantâneo.
Umidade (%m/m) máx. 5,0 máx. 5,0 máx. 5,0 ISO 5537 /
(a) IDF 026: 2004
Teor de proteínas min. 34 mín. 34 min. 34 ISO 8968-1/
do leite no extrato IDF 020-1:
seco 2014
desengordurado
(%m/m) (a)
Acidez titulável (ml máx. 18,0 máx. 18,0 máx. 18,0 ISO 6091 /
NaOH 0,1N/10g IDF 086:2010
sólidos não
gordurosos)
Índice de máx. 1,0 máx. 1,0 máx. 1,0 Para ISO 8156 /
insolubilidade (ml) leite de alto IDF 129:2005
tratamento
térmico máx. 2,0
Partículas Disco B Disco B Disco B Boletim ADPI
queimadas (máx.) 2016
Para leite em pó
instantâneo
Umectabilidade (s) máx. 60 máx.60 máx.60 ISO 17758 /
IDF 087:2014
Dispersabilidade min.85 mín.90 min.90 ISO 17758 /
(%, m/m) IDF 087:2014
Fonte: IN 53/2018 MAPA
Vitaminas 6,9 mg -
5. O PROCESSAMENTO DO LEITE EM PÓ
5.1 Recepção do leite: O leite cru é recebido em caminhões tanque refrigerado,
onde deve-se manter a uma temperatura de no máximo 4°C. A temperatura se
mantém a mesma até o armazenamento. Uma amostra do leite cru é retirada para
análises a fim de garantir a qualidade da matéria prima e ao receber o caminhão
também se verifica o volume recebido.
5.3 Resfriamento: Para qual seja o destino do leite ou para qual for ser o seu
emprego é imprescindível o tratamento pelo frio para que a sua qualidade seja
inalterada até o momento de sua industrialização. O leite é resfriado e estocado a
temperatura inferior a 5° C. A armazenagem e resfriamento são feitos em tanques
com capacidade geralmente de 90 mil litros/dia. (EMBARÉ, 2008).
5.6 Pré- aquecimento: Segundo o Decreto Nº. 1.812, de 8 de fevereiro 1996, Art.
516, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo brasileiro,
entende-se por pré- aquecimento a aplicação do calor ao leite, em aparelhagem
própria, com a finalidade de reduzir sua carga microbiana, sem alteração das
características próprias do leite cru. A finalidade deste pré-aquecimento é diminuir a
viscosidade do leite a fim de facilitar a clarificação. Essa etapa é economicamente
viável, uma vez que aproveita o calor do concentrador e a temperatura atingida fica
entre 40 e 45º C (AMIOT, 1991). O leite, assim como seus derivados, é muito
sensível ao tratamento com uso de calor, portanto, um fator determinante para
muitas propriedades do produto final será a escolha do tratamento térmico utilizado
nessa fase, sendo assim o mais indicado a pasteurização (AMIOT, 1991).
5.8 Secagem: O processo de secagem pode ser entendido como uma continuação
do processo da concentração, a fim de obter um produto com baixa umidade,
estável e com a mínimas alterações sensoriais. A fase de concentração e os
tratamentos associados como o pré-aquecimento são uma parte integral da
produção de leite em pó e desempenham um importante papel na determinação das
propriedades funcionais (BEHMER, 1984). A secagem pode ser realizada por rolos
secadores ou em spray- dryer, sendo esta última a forma mais comum. Na secagem
por spray -dryer o leite é pulverizado na forma de gotículas em uma câmara onde
circula ar quente a uma temperatura de 150 - 200 °C . No entanto as partículas são
mantidas a 55°C devido a evaporação praticamente instantânea da água, ou seja, o
calor é quase que todo utilizado para evaporar água, deixando em torno de 6% do
produto. o pó produzido segue para a próxima etapa e o ar de secagem passa por
um ciclone para que as partículas restantes sejam recuperadas.
6. BALANÇO DE ENERGIA
O principal fundamento do balanço de energia está na primeira lei da
termodinâmica, segundo a qual embora a energia assuma várias formas, a
quantidade de energia é constante.
∆H + ∆EK + ∆Ep = Q – W
∆EK = 0
∆Ep = 0
W = 0,
Logo:
∆H = Q
∆H = m Cp ∆T
Considerando:
Vazão da máquina: 1000 L/h
Densidade do Leite: 1,032 kg/L
Valor estimado de impurezas: 1%
Quantidade em massa filtrada: 1032 kg/h * 0,01 = 10,32 kg/h
Vazão mássica total por hora: 1032 kg/h – 10,32 kg/h = 1021,68 kg/h
Calor Específico do Leite: em geral a capacidade calorífica dos alimentos
pode ser determinada pela média ponderada dos ingredientes. Para o leite aplica-se
a seguinte equação (FERNANDES-MARIN & MONTES):
Sendo:
Xw – fração mássica da água = 0,87
• Os sólidos representam 12-13% do leite
• Água compõe cerca de 87%
• Principais sólidos:
• Lipídios – 3,5 a 5,3%
• Carboidratos – lactose (4,7 a 5,2%)
• Proteínas – 3 a 4%
• Sais minerais e vitaminas
6.1 Cálculos:
T1 = 10 ºC = 283,15 K
T2 = 4ºC = 277,15K
∫ dH=∫ mC p dT
277,15
Δ H =m ∫ C p dT
283,15
277,15
Δ H =1021,68 kg/h ∫ 3,645 + [(1,370 + 0,0113.T).(0,13)]dT
283,15
−3 ΔT2
Δ H =1021,68 kg/h x [3,645 ΔT +(0,1781 Δ T +1,469 x 10 )]
2
Δ H =1021,68 kg/ h x (−25,408 K )
Δ H =−25958,85 kJ /K
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
JORNAL DO COMÉRCIO. Com fábrica maior, CCGL quer conquistar 15% do mercado brasileiro de
leite em pó. Disponível em https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/2016/07/economia/508045-
com-fabrica-maior-ccgl-quer-conquistar-15-do-mercado-brasileiro-de-leite-em-po.html Acesso em
22/09/2020.
MADRID, A. et al. Manual de indústrias dos alimentos. São Paulo. Livraria Varela. 2003
MINUTO RURAL. Embaré amplia produção de leite em pó Camponesa com foco na expansão de
vendas. Disponível em https://www.minutorural.com.br/noticia/1212/embare-amplia-producao-de-
leite-em-po-camponesa-com-foco-na-expansao-de-vendas. Acesso em 22/09/2020.
MILKPOINT. Ranking Leite Brasil 2019: captação das maiores empresas cresceu 4,1%. Disponível
em https://www.milkpoint.com.br/noticias-e-mercado/giro-noticias/ranking-leite-brasil-2019-captacao-
das-maiores-empresas-cresceu-41-219474/. Acesso em 22/09/2020.