Duartesobre Arthur Ramos

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Arthur Ramos, antropologia e psicanálise no Brasil

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Luiz Fernando Dias Duarte


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ANAIS da
BIBLIOTECA
NACIONAL
Vol. 119 • 1999
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REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Assistentes Editoriais


Presidente da República Ana Cecília Martins
Luís Inácio Lula da Silva Catarina d’Amaral
Monique Sochaczewski
Ministro da Cultura Marcela Miller
Gilberto Gil
Estagiárias
FUNDA²AO BIBLIOTECA NACIONAL Maria Mostafa
Raquel Rego
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Pedro Corrêa do Lago ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL, V. 119, 1999

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Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas


Maria Regina Simões Salles

Coordenação Editorial
Lúcia Garcia
Verônica Lessa

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


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S U M A R I O

APRESENTA²AO ................................................................................................5

SEMINARIO DIARIOS DO CAMPO.


ARTHUR RAMOS, OS ANTROPOLOGOS E AS ANTROPOLOGIAS ............................9
Arthur Ramos, antropologia e psicanálise no Brasil ......................................11
Luiz Fernando Duarte
Arthur Ramos e a militância na Unesco ........................................................29
Marcos Chor Maio
Cartas marcadas: Arthur Ramos e o campo das relações raciais no final
dos anos 1930 ..............................................................................................35
Mariza Corrêa
Minha adorável lavadeira: uma etnografia mínima em torno
do Edifício Tupi ............................................................................................59
Olívia Maria Gomes da Cunha
Brasil: uma nação vista através da vidraça da raça........................................109
Verena Stolke
Mesa-redonda. ............................................................................................125
Luitgarde O. Cavalcanti Barros, Orlando Valverde, Waldir da Cunha

O CORPUS JURIS CIVILIS, DE 1478: DA HISTORICIDADE DO INCUNABULO


A SALVAGUARDA DA MEMORIA IMPRESSA – OS PAPEIS DA RESTAURA²AO ..........157
Carmem Lucia da Costa Albuquerque

INVENTARIO ANALITICO DO ARQUIVO DARCI DAMASCENO ..........................169


Ana Regina de Castro, Cíntia Cecília Barreto e Clara Maria Ferreira Santos
Um brilhante barnabé ................................................................................171
Carmen Tereza Moreno

PRECIOSIDADES DO ACERVO
As xilogravuras do artista alemão Albert Dürer ..........................................309
Sandra Daige Antunes Corrêa Hitner

RELATORIO DA PRESIDENCIA ........................................................................321

An. Bibl. Nac. Rio de Janeiro v. 119 p 1 - 367 1999

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


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Biblioteca Nacional (Brasil)

Anais da Biblioteca Nacional – Vol. 119 (1999) – Rio de Janeiro: A Biblioteca, 2004.

375 p.: v.: 19 il.; 17,5 x 26cm

Continuação de: Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

ISSN 0100-1922

1. Biblioteca Nacional (Brasil). 2. Biblioteca Nacional (Brasil) – Catálogos. 3. Manuscritos


– Brasil. 4. Brasil – História. 5. Brasil – Bibliografia, I. Título.

CDD 027.581

Copyright©Fundação BIBLIOTECA NACIONAL


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A P R E S E N TA ² A O

A
brem este volume dos Anais da Biblioteca Nacional as palestras do semi-
nário Diários do Campo. Arthur Ramos, os Antropólogos e as Antro-
pologias, realizado em outubro de 1999 com tríplice objetivo: celebrar
os 50 anos da morte de um notável explicador do Brasil, os 60 anos da Faculdade
Nacional de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (casa de Arthur
Ramos e co-promotora do seminário, por iniciativa do Departamento de Antro-
pologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) e apresentar aos pesquisadores
o inventário do arquivo de Arthur Ramos, que então acabava de ser concluído
pela Divisão de Manuscritos.
Além de atualizarem o significado da obra e da atuação de Arthur Ramos,
matéria que os participantes mostraram ser imprescindível à história do pensa-
mento social brasileiro, essas palestras remetem ao momento de afirmação no
país da pesquisa em ciências sociais e por isso muito fecundo e polêmico. Em
“Antropologia e psicanálise no Brasil”, Luiz Fernando Duarte destaca o papel
pioneiro de Arthur Ramos, um dos primeiros estudiosos no país das teorias freu-
dianas, na “psicologização” do campo intelectual brasileiro. Seus estudos avançados
sobre infância, educação e “culturas” – investigando o carnaval, a loucura, a sexua-
lidade desviante, o consumo de drogas e a cultura afro-brasileira – teriam sido
decisivos para que viesse a assumir funções importantes, como a de diretor do
Departamento de Ciências Sociais da Unesco. Marcos Chor, em “Arthur Ramos
e a militância na Unesco”, observa que foi, em parte, sob a influência de Arthur
Ramos, que em 1950, cinco anos depois do término da Segunda Grande Guerra
e um ano depois de sua morte, a Unesco divulgou a Primeira Declaração sobre
Raça, uma dura crítica ao determinismo biológico. Contemporâneo de Gilberto
Freyre, Arthur Ramos acreditava que o Brasil oferecia um modelo de sociedade

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baseado na miscigenação e no intenso intercâmbio de culturas, o que acentuaria


a necessidade de estudá-las e compreendê-las.
Em “Cartas marcadas: Arthur Ramos e o campo das relações raciais no final
dos anos 30”, Marisa Corrêa debate os principais conflitos teóricos (e pessoais)
entre a norte-americana Ruth Landes – para quem, por exemplo, as religiões afro-
brasileiras na Bahia estavam dominadas pelo princípio feminino, inclusive na
figura dos homossexuais – e os de Arthur Ramos, “o padrinho dos estudos sobre
o negro no Brasil”, segundo o qual “é o homem que domina a cena”, enquanto
os casos de homossexualismo deviam ser vistos como “desvios sexuais indivi-
duais”. A autora afirma que Ruth Landes foi a primeira pesquisadora a feminizar
os cultos afro-brasileiros, tendo influído bastante para transformar a figura da
baiana de “realidade intratável” em símbolo cultural.
Verena Stolke, em “Brasil: uma nação vista através da vidraça da raça”, também
trata das relações interétnicas, discorrendo sobre a participação de Arthur Ramos
no desenvolvimento das investigações a respeito do tema. Crítico da herança
colonial, que cristalizara a idéia de que o negro seria biologicamente atrasado, ele
acreditava, no entanto, que o Brasil iria oferecer ao mundo um modelo de tole-
rância e de cordialidade entre as etnias. A miscigenação biológica e cultural era
para ele, segundo Stolke, uma das bases do nacionalismo cultural, então em ple-
na formulação e que o faria aproximar-se de Mário de Andrade. Já Olívia Gomes
da Cunha, em “Minha adorável lavadeira: uma etnografia mínima em torno do
Edifício Tupi”, analisa os métodos de investigação adotados pelo médico que se
converteu em antropólogo. Respaldada em ampla bibliografia teórica e no exa-
me detido do arquivo de Ramos, ela trata particularmente dos procedimentos
adotados por ele nas pesquisas de campo, como sua rede heterodoxa de informan-
tes, constituída por lavadeiras, porteiros, faxineiros e membros de terreiros es-
píritas, ou ainda o hábito de transformar suas viagens em situações de observação
especializada.
Ao final, a mesa-redonda organizada por Luitgarde Cavalcanti Barros, com a
participação de dois ex-alunos de Arthur Ramos, o geógrafo Orlando Valverde e
o ex-chefe da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, Waldir da Cunha,
apresenta aspectos da trajetória profissional de Ramos, como a publicação do seu
primeiro livro, um estudo sobre tradições afro-brasileiras, escrito aos 19 anos,
quando ainda era estudante de medicina; a convivência com Nise da Silveira,
Josué de Castro, Théo de Barros, Anísio Teixeira, Tales de Azevedo, Édson
Carneiro; o fato de ter sido um autodidata em ciências sociais que trabalhou por
sua institucionalização no Brasil e divulgação no exterior; a criação da Sociedade
Brasileira de Antropologia e Etnografia, ou ainda as perseguições policiais do

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famigerado Dops, que em relatórios confidenciais o tratava, pasmem, como


“o marginal”.
Este volume publica também o meticuloso estudo de Carmem Lúcia da Costa
Albuquerque, da Divisão de Conservação da Biblioteca Nacional, em que ela
apresenta o conceito e as etapas do trabalho de restauração do incunábulo Corpus
Juris Civilis, o código civil do Império Bizantino promulgado em 529 por Justi-
niano e que contém a compilação da legislação imperial. Impresso pela primeira
vez em 1478 na Suíça, o livro integra o acervo de Obras Raras da Instituição
Nacional. Segue-se o Inventário do Arquivo de Darci Damasceno, tradutor, poeta,
ensaísta e chefe da Divisão de Manuscritos (1952 a 1982), cuja publicação dá
continuidade à ampla divulgação dos inventários que vem sendo preparados pelo
Programa de Organização e Descrição de Acervo da Divisão de Manuscritos.
Arquivo técnico, como observa Carmen Moreno, nele se destacam documentos
sobre Cecília Meireles, sobre o Conservatório Dramático Brasileiro – entidade
privada que exercia a censura teatral a serviço do Ministério do Império, no século
XIX no Brasil –, e os referentes às obras de Gregório de Matos e à Flora Fluminense
do frei José Mariano da Conceição Velloso, assuntos de interesse maior do titu-
lar. Na seção Preciosidades do Acervo, os resultados da pesquisa altamente espe-
cializada de Sandra Hitner, doutora em Artes, sobre a autenticidade e procedência
das mais de 100 gravuras de Albrecht Dürer (1471-1528) existentes no acervo
da Divisão de Iconografia.
Por fim, como de praxe, publica-se também neste volume o Relatório Geral
da Presidência da Fundação Biblioteca Nacional.

Marcus Venicio T. Ribeiro


Editor

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Seminário Diários do Campo.


Arthur Ramos, os antropólogos e as antropologias
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A RT H U R R A M O S , A N T RO P O LO G I A
E PSICANALISE NO BRASIL

Luiz Fernando Dias Duarte


Antropólogo, Museu Nacional, UFRJ

E
ntre as muitas facetas da atividade de Arthur Ramos na vida pública
brasileira do entreguerras, avulta o modo muito peculiar como combi-
nou os saberes da antropologia e da psicanálise no desenvolvimento de
sua obra. Esses saberes, então ainda completamente incipientes no meio nacional,
aparecem aí – como não poderia deixar de ser – fortemente condicionados por
um ambiente intelectual marcado pelos debates a propósito da “civilização” do
Brasil e dos desafios representados pela “raça” e pela “educação”.
O interesse precoce de Arthur Ramos pela obra de Freud o colocou desde
cedo em interlocução com os psiquiatras precursores da divulgação e interesse
pela psicanálise no Brasil (cf. Perestrello, 1988, e Russo, 2000). Ao mesmo tempo,
a vinda para o Rio permitiu que seu já grande interesse pelas questões da “in-
fância” se transformasse em investimentos concretos na “educação”, ao assumir
– por indicação de Anísio Teixeira – a Seção Técnica de Ortofrenia e Higiene
Mental do Departamento de Educação da Secretaria Geral de Educação e Cultura
do então Distrito Federal (1934), onde desenvolveu uma intensa atividade. Logo
depois, acompanharia Anísio Teixeira na organização da Universidade do Distrito
Federal, como encarregado da cadeira de Psicologia Social (enquanto Gilberto
Freyre ocupava a de Antropologia Social e Cultural). Na Faculdade Nacional de
Filosofia – em seguida –, viria a ocupar a cadeira de Antropologia Física e Cultural
(1939), até sua indicação para a recém-criada Diretoria de Ciências Sociais da
Unesco (1949).
A antropologia de Arthur Ramos desenvolveu-se com forte inspiração das
teses de Lévy-Bruhl sobre o “pensamento pré-lógico”, supostamente característi-
co da psicologia dos “primitivos”. Arthur Ramos acrescentou à combinação de
Freud e Lévy-Bruhl muitos outros autores – todos caracteristicamente compro-

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metidos com o estudo do “desenvolvimento” da vida psíquica – de que se pode


citar Jung, Pfister, Adler, Stekel, Ferenczi, Piaget1(além de Anna Freud e Melanie
Klein). Embora a marca lévy-bruhliana tenha empalidecido ao longo de sua carrei-
ra, Ramos permaneceu comprometido com o grande horizonte das inquietações
sobre o estatuto da “civilização”, tão característico do pensamento ocidental des-
de o início do século XVIII. Acrescentou a essa inquietação geral a preocupação
específica com o estatuto das populações negras no continente americano – onde
serviram tão vivamente para encarnar a Diferença resistente à expansão da racio-
nalidade oficial do Ocidente.2 Arthur Ramos contribuiu, porém, decisivamente
para uma inflexão crítica dessa problemática, ao despojá-la do organicismo “raciali-
zante” dos teóricos do final do século XIX e metamorfoseá-la paulatinamente na
questão “educacional” em que a subsumiu ao longo de sua obra.
Uma vez que no Brasil o ideal da igualdade civil só encontrou plena susten-
tação legal no final do século XIX, às portas da República, o desafio da Diferença
como que se precipitou muito mais acelerada e dramaticamente em torno da
“questão negra” na passagem do século.3 Os intelectuais inventores da “questão”,
como Sílvio Romero, Raimundo Nina Rodrigues e João Batista de Lacerda, tive-
ram que se haver diretamente com o estado dos saberes sobre o humano hegemô-
nicos à época no mundo metropolitano. Esses saberes, quer partissem da antro-
pologia física, da psiquiatria, da medicina legal, quer do direito penal, estavam
fundamente marcados pela questão da “degenerescência”. Essa teoria representa-
va o apogeu das inúmeras tentativas de restauração ideológica da Diferença, que
tinham vindo à luz na Europa desde que os ideais da Liberdade e da Igualdade
se tinham institucionalizado em estruturas e procedimentos políticos regulares.
Era como se – de certo modo – os determinismos sociais expulsos da represen-
tação democrática do mundo político viessem então se refugiar em múltiplas for-
mas de determinismos físicos (mais precisamente “físico-morais”), escudados pelo
crescente prestígio das “ciências” e do “cientificismo”.4
No Brasil, a tese do “embranquecimento progressivo” da população brasileira
– apesar de sua aparente refutação do determinismo eugenista –, apenas adequava
o modelo internacional às peculiaridades da situação e – digamos assim – ao ethos
nacional (cf. Seyferth, 1989). Montava-se assim, com os aportes sucessivos de
Arthur Ramos, Gilberto Freyre, Edgar Roquette-Pinto e Roger Bastide, a hipótese
do caráter não discriminante das relações interétnicas no Brasil, que viria a ser
contestado apenas durante a década de 1950, sob o influxo reavivado das idéias
igualitárias decorrente da derrota do nazifascismo na II Guerra.
Na verdade, a trama da invenção da “afro-brasilidade” foi constituída na con-
fluência do reconhecimento da inevitabilidade da presença vultosa dos negros na

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população brasileira5 e da consciência aguçada da Diferença que se tinha de en-


frentar para produzir a “civilização” na nação. É assim que a palavra-chave dos
movimentos da intelectualidade nacional nas quatro primeiras décadas do século
veio a ser a da “educação”, ou seja, os recursos gerais de transformação do diferen-
te em “civilizado” que se haviam formalizado no Ocidente como uma área especí-
fica de especulação e experimentação, pelo menos desde Rousseau.6
Quer se tratasse da educação “escolar”, “técnica” ou “cívica”, quer se tratasse
da educação “sanitária” brandida pela onipresente higiene (física e mental) e pelo
movimento sanitarista, quase todas as preocupações convergiam para os mecanis-
mos de transformação dos sujeitos e das populações que pudessem fazer confluir
os esforços civilizatórios na construção da nação “moderna” – que a todos tão
distante se afigurava.7 Na história das instituições nacionais, não só avultam as
iniciativas dedicadas explicitamente à infância e à educação nos anos 1920 e 1930,
como é difícil discernir as fronteiras entre a educação, a higiene, a psiquiatria e
a psicanálise. A Associação Brasileira de Educação, fundada em 1924, mantinha
estreitas relações com a influente Liga Brasileira de Higiene Mental, fundada no
ano anterior pelo psiquiatra Gustavo Riedel (cf. Freire-Costa, 1981). Porto Carrero
criou nesta última uma clínica psicanalítica, em 1926, e ministrou, na primeira,
cursos de psicanálise aplicada à educação em 1928. Em 1926 foi fundado o Ins-
tituto de Higiene de São Paulo e, no ano seguinte, também em São Paulo, a pri-
meira e malograda Sociedade Brasileira de Psicanálise (a Seção do Rio seria fun-
dada em 1928). Em 1927 foi criado o Serviço de Assistência aos Doentes Mentais
do Distrito Federal, que viria a se transformar em serviço nacional ao ser incorpo-
rado ao Ministério da Educação e Saúde, instituído em 1930. Em 1928 deu-se
a famosa primeira reforma do ensino público do Distrito Federal, com Fernando
de Azevedo. Em 1929, ainda no Rio de Janeiro, organizava-se o primeiro Gabinete
de Psicanálise no Hospício Nacional de Psicopatas. Finalmente, em 1932, era divul-
gado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, conciliando as tendências
lideradas por Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira, que se haviam enfrentado
na IV Conferência Nacional de Educação, realizada em Niterói no ano anterior
(cf. Cunha, 1980).8
Esse processo não era desconectado evidentemente dos movimentos interna-
cionais ligados à “civilização” – e particularmente do tom “dirigista” ou “autori-
tário”, que caracterizou crescentemente a ação do Estado e o pensamento social
do entreguerras. A adoção no Brasil do Dia da Criança, em 1924, seguia uma
proposta da Liga das Nações, embora ecoassem também os efeitos do I Congresso
Brasileiro de Proteção à Infância, realizado em 1922. A promulgação do Código
de Menores em 1927 foi contemporânea das primeiras legislações de proibição

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Cartão de Sigmund Freud a Arthur Ramos, agradecendo o envio da tese Primitivo e Loucura
e pedindo desculpas por não dominar a língua portuguesa. Viena, 20 de maio de 1927.

do consumo de drogas (como a maconha e a cocaína), por uma pressão conjuga-


da sobre o Estado brasileiro da diplomacia norte-americana e da Academia
Nacional de Medicina, preocupada com os supostos efeitos antieugênicos do con-
sumo dessas substâncias (cf. Brito, 1996). Em 1929, aliás, ocorre o I Congresso
Brasileiro de Eugenia, seguido em 1931 pela criação, por Renato Kehl, da Co-
missão Central Brasileira de Eugenia. Sérgio Carrara estudou minuciosamente
esse período (desde o fim do século XIX até a II Guerra) do ponto de vista das
regulamentações morais referidas à sexualidade, à prostituição e a sífilis, demons-

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trando justamente a sua articulação com a dinâmica internacional e as caracte-


rísticas próprias das formas assumidas no Brasil (cf. Carrara, 1996).
A psicanálise lida por Arthur Ramos (e por todos os psiquiatras seus con-
temporâneos)9 era fundamentalmente uma teoria da “civilização” ou “educação”
individual.10 Como já apontaram outros dos comentadores de Ramos (cf. Corrêa,
1982; Mokrejs, 1993; e Carvalho, 1995), a teoria freudiana era consumida sobre-
tudo pela via da oposição entre um “inconsciente” mais “primitivo” (com todas
as ambigüidades dessa palavra) e uma “consciência” capaz de se “educar”, de se
controlar (e eventualmente se autocontrolar) pela própria via dos novos recursos
psicoterapêuticos colocados à disposição do processo civilizatório.11 Daí a impor-
tância que tiveram para Arthur Ramos, por exemplo, tanto a obra de Pfister
(referida à psicanálise freudiana, mas nitidamente mais “moralizante” ou “didáti-
ca”) quanto a de Piaget (cujo mentalismo é de caráter diferente do da psicanálise,
mas fundamentalmente comprometido com a “educação” individual).
Esse modelo funciona assim como um regime subordinado ao trinômio Civili-
zação/Nação/Educação, expressivo das condições gerais em que se podia constituir
o campo intelectual brasileiro do entreguerras. A relação com a nação se impunha
não apenas no plano dos ideais,12 mas também no plano mais pragmático das re-
lações com o aparelho de Estado. Na ausência de uma estrutura de mediações ins-
titucionais razoavelmente autônoma para sustentar os projetos intelectuais (vejam-
se as vicissitudes da Universidade do Distrito Federal, por exemplo, nos anos 1930)
e na dificuldade de manutenção de instituições civis alternativas,13 era inevitável ocu-
par posições dentro do aparelho de Estado. É assim que todas as análises da história
dos intelectuais nesse país sublinham a sua enorme dependência da condição de
“funcionários públicos”, no sentido literal do termo (cf. Corrêa, 1982, pp. 3-4). A
rede médico-sanitária implantada desde o começo do século foi um dos principais
veículos dessa “incorporação”.14 Foi nela que Arthur Ramos iniciou sua carreira
pública na Bahia, seguindo as pegadas de Nina Rodrigues, como médico do Hospital
São João de Deus e como médico-legista do Serviço Médico-Legal do Estado da
Bahia. Como também ressalta Mariza Corrêa, porém, não se tratava apenas de ocu-
pação passiva de funções no interior de um Estado pré-desenhado. Tratava-se tam-
bém, e sobretudo, de criação ou transformação de instituições estatais, servindo à
complexificação da rede de relações com a sociedade civil. Foi o papel desempenha-
do por Ramos ao apresentar, em 1928, um plano de construção do Manicômio
Judiciário da Bahia e ao assumir, em 1934, a convite de Anísio Teixeira, o recém-
criado Serviço de Higiene Mental e Ortofrenia da Secretaria de Educação e Saúde
do Distrito Federal. A história das intensas atividades aí desenvolvidas por nosso au-
tor até 1939 mal começou a ser realizada.15

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Carta de Roger Bastide a Arthur Ramos, elogiando-o pela segunda edição de O negro brasileiro
e informando ter escrito um artigo sobre rituais afro-brasileiros em São Paulo. São Paulo, 5
de setembro de 1940.

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Meu interesse por Arthur Ramos cresceu no contexto de uma pesquisa sobre
a “psicologização” no Brasil, ou seja, a difusão de uma visão de mundo baseada
no pressuposto da existência (e relevância) de uma instância específica dos sujei-
tos humanos, interna a cada um deles (o “psiquismo” ou “vida psicológica”), e
dotada de propriedades e dinamismo próprios, passíveis de intervenções propicia-
tórias (cf. Duarte, 2001). O desenvolvimento e difusão da psicanálise na primeira
metade do século XX é uma das manifestações mais sistemáticas, explícitas e in-
fluentes desse processo. A. Ramos é um dos personagens eminentes da “psicologi-
zação” do campo intelectual brasileiro, pioneiro na transposição desse processo
para o plano das interpretações da vida coletiva nacional.
Para compreender melhor a posição específica de nosso autor nesse campo,
pode ser útil apresentar uma chave mais abrangente de interpretação do período
e de suas forças características. As relações acadêmicas intensas e sistemáticas da
antropologia com a psicanálise se deram em dois diferentes momentos da história
das ciências humanas no Brasil: o período “heróico” que vai – grosso modo –
dos anos 1920 ao final dos 40 (o “entreguerras”) e o período “crítico”, aberto nos
anos 1970 deste século (cf. Duarte, 2000). O primeiro período é caracterizado
basicamente pela produção de dois autores – Arthur Ramos e Roger Bastide –,
ambos considerados “antropólogos”16 e igualmente influenciados pela freqüen-
tação da literatura psicanalítica – cujas problemáticas invocam explicitamente em
suas obras. Os próprios contrastes entre os dois autores – muito grandes sob di-
versos aspectos – permitem precisar o foco de análise sobre o “regime” em que
se processa sua articulação entre os dois saberes.
O segundo período é, por sua vez, caracterizado basicamente pela produção
de dois outros autores – Gilberto Velho e Sérvulo Figueira –, ao longo dos anos
1970 e 1980 no Rio de Janeiro. Nesse caso, chegou a haver interação produtiva
imediata entre os dois autores, ensejando a articulação de uma rede mais especia-
lizada do que a do período “heróico”, em função de uma série de características
diferenciais do campo acadêmico nos dois momentos. O primeiro autor é conhe-
cido como antropólogo e o segundo como psicanalista, embora tenha produzi-
do nesse período uma obra que era considerada (e que ele próprio considerava)
de cunho antropológico. A psicanálise aparece como tema avantajado das duas
obras, mas de uma forma muito diferente da do outro “regime”.
No primeiro regime,17 que se caracteriza – no nível da análise “interna” – pela
disposição de incorporação dos recursos de interpretação psicanalítica à análise
dos fenômenos “culturais”, prevalece a continuada referência à “cultura negra”
ou “cultura dos negros” no Brasil e, particularmente, aos fenômenos religiosos
ligados à “raça” ou à “herança africana”. A questão do “transe” nos cultos atra-

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vessa crucialmente toda a produção desse “regime”, que nisso revela seu foco
abrangente: trata-se de compreender como se organiza culturalmente o “pensamen-
to” das camadas subalternas da sociedade brasileira a partir de uma característi-
ca vista como tipicamente “arcaica” ou “primitiva” (mesmo que se relativize até
um certo ponto as implicações “evolucionistas” lineares dessa caracterização).
Essa preocupação se constrói no interior da problemática relativa à “civiliza-
ção” da “nação” brasileira, cuja fraqueza ou atraso se atribui de algum modo ao
peso daquela “raça” ou “herança”. Contra as interpretações “pessimistas” oriundas
dos saberes metropolitanos, produzem-se interpretações que enfatizam a capaci-
dade de “redenção” cultural através de um processo de “educação” generalizada,
o que não pode deixar de envolver nesse período altas expectativas de regulamen-
tação e intervenção do Estado. Essa foi a principal condição ou modo de entra-
da das idéias psicanalíticas no campo intelectual brasileiro (e na sua apropriação
pela antropologia).18
A interpretação que fez Mariza Corrêa da antropologia brasileira do entreguer-
ras, à luz da teoria foucaultiana das disciplinas, é aqui extremamente pertinente.
Esse horizonte “educativo” compartilhado pela antropologia e pela psicanálise
corresponde diretamente ao que ela chama de “fiscalização” ou “repressão bran-
da”, lembrando expressões de Arthur Ramos e Gilberto Freyre (cf. Corrêa, 1982,
pp. 219 e 260) – por oposição aos defensores contemporâneos de uma repressão
de tipo “policial” (ibidem, p. 242).
No segundo regime, a imagem da psicanálise passa de instrumento de “civi-
lização” e “educação” para sintoma de uma “civilização” de algum modo já ocor-
rida (sob a etiqueta da “modernização”). O tema antropológico privilegiado será
não mais o da “raça” ou das “heranças culturais” em geral, mas o da “vida urbana”,
com os seus fenômenos considerados próprios de “desvio” ou “desmapeamento”
cultural. O interesse em questões etnográficas como a “loucura”, as “drogas” ou
a “sexualidade desviante” aproxima os antropólogos examinados do mundo
dos saberes psicológicos (já agora organizado em um campo institucionalmente
complexo) e os torna interlocutores freqüentes, inclusive em torno de questões
de regulação moral (a compreensão do consumo social das terapias psicanalíti-
cas, por exemplo) ou mesmo de regulamentação pública importante (como a “re-
forma psiquiátrica” ou a “descriminalização” de drogas ilícitas) – em nome dos
valores da “liberdade” e da “tolerância”. A chave de compreensão da problemática
do regime será nesse caso – em vez da “educação” – a da “coerência” e “reflexivi-
dade” desses sujeitos (e “cidadãos”).
As expectativas em relação ao Estado nesse último período são, sobretudo, ne-
gativas ou críticas (em relação a diversos tipos de regulamentação pública em cur-

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so, por exemplo), mas também freqüentemente indiferentes – devido em boa


parte à forte autonomização atingida pelo campo acadêmico-universitário (onde
se encontram os antropólogos e alguns psicanalistas) e profissional-psicotera-
pêutico (onde se encontram os psicanalistas). Não poderei desenvolver – mas não
posso, tampouco, deixar de evocar – a relação entre os dois “regimes” em análise
e os “regimes políticos” sob os quais se desenvolveram. O primeiro é marcado
pela Revolução de 1930, que é vista por boa parte dos intelectuais brasileiros
como uma oportunidade de levar adiante as expectativas de “civilização” dirigi-
da que se acumulavam desde o fim do Império, frustradas pela consolidação
conservadora da República Velha.19 A vinda de Arthur Ramos para a capital logo
após a revolução e sua rápida incorporação ao aparelho de Estado como agente
da educação pública são expressivas das condições dessa primeira fase. O adven-
to do Estado Novo corresponde certamente ao desencanto de uma boa fração
dos portadores daquelas esperanças e corresponde – talvez não linearmente – ao
momento de entrada dos nossos dois atores privilegiados no sistema universitário
que acabava de se autonomizar. O período seguinte é marcado pelas inquietações
da II Guerra, num contexto nacional politicamente ambíguo, que se encerra com
a deposição, retorno e morte de Getúlio Vargas às voltas de 1950. Arthur Ramos
se destacou no período da guerra como o autor de mais de um manifesto públi-
co e coletivo contra o racismo, o que lhe valeu provavelmente um lugar de destaque
no contexto do pós-guerra (inclusive a oferta do cargo na Unesco, em cujo de-
sempenho faleceu em Paris).
O segundo regime emerge em plena vigência da ditadura militar instalada em
1964 (após o interregno democrático e “desenvolvimentista” dos anos 1950). Sua
ênfase em valores associáveis aos ideais da liberdade e sua indisposição em par-
ticipar diretamente do aparelho de Estado podem ser correlacionadas assim
também – mesmo que não linearmente – ao amplo movimento intelectual de
resistência ao governo autoritário (que só se encerra na primeira metade dos
anos 1980).
É contra esse pano de fundo que se recortam o interesse e a novidade da con-
tribuição de Arthur Ramos. Como disse, ela se localiza sobretudo no plano da
extensão de uma leitura psicologizada da experiência humana ao universo das
manifestações culturais coletivas, sobretudo as “religiosas” e as “populares”. Sua
primeira experiência nesse sentido foi uma interpretação psicológica do carnaval,
publicada quando ainda estava no Nordeste, antes mesmo de ter ido para Salvador.
Foi o primeiro testemunho de uma possibilidade de interpretação da cultura
brasileira com instrumentos da psicanálise a que Arthur Ramos se continuou
dedicando por toda sua vida e que serviu como ponte principal de suas relações

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com Roger Bastide, quando este chegou, em 1938, a São Paulo, para compor a
leva dos primeiros professores estrangeiros da recém-criada Universidade de São
Paulo. Bastide já conhecia a obra de Freud, mas foi apenas no Brasil que começou
a aplicar conceitos psicanalíticos à interpretação cultural (cf. Duarte, no prelo).
O mais notável, no caso desse processo de abertura de Arthur Ramos para a psi-
canálise, é o fato de que ele provinha, como boa parte dos produtores intelectuais
brasileiros nos anos 1920, de uma formação quase exclusivamente médica. É claro
que não eram apenas os médicos que estavam expostos às representações reducionistas
fisicalistas, na medida em que o sistema de interpretação de mundo ligado à teoria
da degenerescência atravessava fortemente todos os espaços intelectuais interna-
cionais, inclusive brasileiros, nesse período. Mas, certamente, com muito mais razão,
esse era um horizonte inescapável para quem vinha de uma formação médica típi-
ca, como a que teve, com excelente desempenho, na Faculdade da Bahia.
A psicanálise podia ser atraente para os intelectuais do começo do século XX por
diferentes motivos. No caso do Brasil (mas não apenas nele), prevaleceu inicialmente
uma leitura feita por médicos e psiquiatras sequiosos de encontrar uma saída para
os determinismos fisicalistas que apontavam para a danação de um país “racialmente”
miscigenado. Foi também esse, sem dúvida, o gancho inicial do interesse de Arthur
Ramos. Mas ele avançou mais do que muitos de seus contemporâneos na direção
da citada interpretação “pedagógica” da teoria freudiana. Era, para tanto, funda-
mental a guinada psicologizante que caracterizou o melhor de sua obra. O interesse
pelo pensamento afro-brasileiro (como, mais tarde, o de Bastide) decorria desse pres-
suposto de uma ordem de causalidade própria do psiquismo:

“É uma conseqüência do pensamento mágico e pré-lógico, independentes da


questão antropológico-racial, porque podem surgir em outras condições e em
qualquer grupo étnico, nas aglomerações atrasadas em cultura, classes pobres das
sociedades, crianças, adultos nevrosados, no sonho, na arte, em determinadas
condições de regressão psíquica... Esses conceitos de primitivo, de arcaico, são pu-
ramente psicológicos e nada têm que ver com a questão da inferioridade racial”
(Ramos, 1988: 23; citado por Schreiner, no prelo: 8 – meu grifo).

A influência de Nina Rodrigues foi reiteradamente enfatizada por ele como


sendo a origem, a fonte, de sua preocupação com as dimensões culturais da ex-
periência da diferença dentro do Brasil. Mas é claro também que ele transmutou
essa herança – afirmada por ele –, em patamares muito diferentes, muito mais
amplos e complexos de interpretação dos fenômenos culturais brasileiros. Seu
diálogo com Bastide é exemplar dos modos pelos quais Arthur Ramos tentou re-

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criar a herança que ele, no entanto – retoricamente –, tanto exaltava da Escola


de Nina Rodrigues. A diferença fundamental, nesse contexto, é a da progressiva
afirmação de uma autonomia dos processos culturais. E, para sustentar essa au-
tonomia, foi fundamental o recurso, da parte de ambos os autores, à psicanálise.
Esse saber oferecia um sistema interpretativo da experiência humana em radical
ruptura com os modelos fisicalistas de representação da pessoa e das perturbações
da psiquiatria tradicional característicos do século XIX e, ao mesmo tempo, em
aparente continuidade com as expectativas de uma redenção da experiência hu-
mana pelo esclarecimento das sombras de sua vida interior.
Desenvolvi, em um outro trabalho, uma interpretação da obra de Roger Bastide
que enfatiza sua dimensão “romântica”, notável em muitos sentidos (cf. Duarte, no
prelo). Seria impossível dizer o mesmo de Arthur Ramos. Não há nele nenhum sinal
de um interesse entranhado, abrangente, pela totalidade, pelo fluxo, pela sombra –
sinais da cosmologia comum a Freud e a Bastide, por exemplo. O interesse de Arthur
Ramos pela psicanálise sublinha justamente a dimensão universalista do pensamento
freudiano, sua suposta capacidade de desvendar os mistérios do “inconsciente” e
propiciar essa redenção propiciatória. Essa é a chave para a compreensão da dimensão
da “educação” em sua obra e em sua vida pública (inclusive o cargo derradeiro jun-
to à Unesco). Não se pode menosprezar, sem dúvida, o peso da herança da Bildung
romântica em todos os investimentos na educação ocidental a partir de meados do
século XIX, inclusive através dessa versão tão peculiar embutida na prática psica-
nalítica (cf. Lo Bianco, 1998). Ela foi, porém, subordinada em Arthur Ramos ao
projeto iluminista, transformando-se num recurso de promoção da individualidade
“quantitativa”, mais que da “qualitativa” (para usar das úteis categorias de Simmel).
Isso não deixa de fazer sistema com outros aspectos importantes da vida de Arthur
Ramos, como sua militância política pró-democrática, sua permanente disposição
construtiva institucional ou sua agenda de pesquisa comparativa abrangente (que
iria deixar impressa, como é notório, em sua rápida passagem pela Unesco).
É tão importante para a compreensão da vida intelectual brasileira entender
a contribuição pioneira e audaciosa de Arthur Ramos quanto entender os moti-
vos e formas pelas quais sua obra se viu envolvida por um pesado silêncio já a
partir dos anos 1950. Pode-se mesmo falar, a meu ver, de um enterro intelectual.
Um personagem importante desse processo foi Florestan Fernandes, um dos re-
presentantes mais marcantes da geração de sociólogos que então se afirmava, par-
ceiro de Bastide no monumental trabalho de revisão da relação entre a sociedade
brasileira e a tradição afro-brasileira. Evoco particularmente dois artigos que
Florestan Fernandes publicou nos primeiros anos da década de 1950, na Revista
de Antropologia. Um sobre a psicanálise e outro sobre Lévy-Bruhl (cf. Fernandes,

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1954 e 1956). Fernandes, ao retomar dois temas que eram absolutamente cruciais
para o pensamento de Ramos – e sem mencionar Arthur Ramos –, engendra
uma desautorização quase completa da sua obra, chamando atenção para o fato
de que a importância possível, tanto da psicanálise quanto de Lévy-Bruhl, era
exclusivamente metodológica. Ou seja, eles poderiam ser úteis para ensinar a pen-
sar, mas certamente não seriam úteis – isso está razoavelmente claro na mensa-
gem de Florestan Fernandes – para explorar diretamente, como instrumentos
imediatos, os fenômenos sociais e culturais. Na verdade, o que estava em jogo
era um julgamento mais abrangente contra o culturalismo, contra os matizes
românticos das interpretações prevalecentes no entreguerras. O mesmo anátema
da sociologia paulista incidiu sobre a obra de Gilberto Freyre, companheiro de Arthur
Ramos no culturalismo (embora com matrizes diversas) e no processo de entro-
nização da cultura de origem africana no panteão da identidade nacional.20
Não se pode atribuir o silenciamento das relações entre a psicanálise e as ciên-
cias sociais totalmente a essa intervenção de Florestan Fernandes no começo dos
anos 1950, mas é certo que ela era emblemática de uma transformação muito mais
ampla do horizonte intelectual brasileiro: a entrada em cena da sociologia e da econo-
mia – como saberes universalizantes, objetivistas – que se tornam muito mais em-
páticas com o modo pelo qual se passa a representar a nação. Inaugura-se a era
do desenvolvimentismo, da análise baseada nas classes, com o desprezo sistemáti-
co do culturalismo como possibilidade de interpretação do Brasil. E nisso, também,
o desprezo da psicanálise como recurso para a compreensão da cultura brasileira.
A própria presença pública da psicanálise e da antropologia se retraiu consi-
deravelmente. Sem as grandes ambições de interpretação da nação e de propicia-
mento da civilização que tinham marcado o primeiro regime, as duas disciplinas
se voltaram para sua organização e fortalecimento institucional. As sociedades cria-
das nos anos 1950, tanto de psicanálise quanto de antropologia, são as que vão per-
durar e prevalecer no âmbito nacional – diferentemente de suas predecessoras dos
anos 1930 (inclusive aquela criada por Arthur Ramos). E é só nos anos 1970 que,
dando as costas a essa longa latência das relações entre a psicanálise e a antropolo-
gia, se vai configurar o mencionado segundo regime de suas relações, juntamente
com uma renovada influência acadêmica e ressonância pública dessas disciplinas.
É preciso sublinhar, porém, que, nesse processo posterior – que é o de recons-
tituição da possibilidade de interlocução entre os saberes psicológicos e os saberes
sociais (particularmente a antropologia) –, não se fez referência praticamente ne-
nhuma a Arthur Ramos. Fez-se alguma a Roger Bastide pela via dos estudos de
religião, especificamente, como até hoje se faz, com justiça. Mas não se fez quase
nenhuma ao modo pelo qual o próprio Bastide tinha feito uso da psicanálise como

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recurso interpretativo, como estratégia instrumental de conhecimento dos fenô-


menos afro-brasileiros.
A psicologização que se desencadeia a partir dos anos 1970 é muito mais gene-
ralizada e abrangente do que aquela de que participara Arthur Ramos no entre-
guerras. Não é mais um fenômeno erudito que afeta a sociedade apenas indire-
tamente, é uma característica da cultura de massa que se dissemina no último
quartel do século XX por todo o Ocidente. É, em parte, sustentada pelo movi-
mento da contracultura, ponta-de-lança do neo-romantismo triunfante do final
do século. É um fenômeno de vasto alcance, mas dotado de grande ambigüidade,
em função do caráter basicamente paradoxal do individualismo qualitativo e do
romantismo no interior da cultura ocidental moderna (que continua tendo como
viga mestra o universalismo). As ambigüidades de Arthur Ramos entre deter-
minismo e consciência livre, entre reconhecimento da Diferença e expectativa de
Civilização, são expressivas desse processo maior a que continuamos jungidos.
Sua proposta de uma atenção sistemática aos processos “psicológicos” em que se afir-
mavam as diferentes lógicas culturais em ação no Brasil produziu efeitos ideológi-
cos marcantes, encontráveis tanto do lado da organização do campo intelectual dos
estudos afro-brasileiros quanto do lado das experiências sociais mais amplas poste-
riores, como a própria “psicologização” generalizada a que serviu de pioneiro.

Momento de contemplação: o antropólogo posa, de chapéu, às margens de um lago. [S.l.],


década de 1940

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Por tudo isso, deve-se considerar fundamental propiciar todas as formas de


revisitação do pensamento de Arthur Ramos, de compreensão do modo pelo qual
tão fortemente contribuiu para a interpretação e para a problematização da cul-
tura e da sociedade brasileira, e de explorar não só o modo como fez parte dessa
plêiade de ideólogos do Brasil do entreguerras, mas também o modo pelo qual
essa geração, esse regime e, particularmente, o autor Arthur Ramos foram me-
nosprezados durante os anos 1950 e 1960. E permaneceram praticamente esque-
cidos (à exceção de Gilberto Freyre) até há pouco tempo quando, finalmente,
trabalhos diversos – que nesse sentido vêm a ser de novo pioneiros – procuraram
revisitar essa tradição e se aproveitar de suas lições, para permitir a calibragem de
novos instrumentos de compreensão daquelas candentes questões de que se ti-
nham ocupado e que certamente perduram entre nós.

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N OTA S :

1 – Arthur Ramos evoca Afrânio Peixoto se referindo a Piaget como “o Lévy-Bruhl dos
meninos” (Ramos, 1934, p. 11).
Ver bibliografia, pp. 22 - 3.
2 – Mariza Corrêa é particularmente esclarecedora sobre a articulação entre o problema
da “civilização” e a “questão racial” nesse período (1982, pp. 26 e 34).
3 – Dante Moreira Leite já fazia, em 1954, essa associação histórica – depois muito re-
tomada (cf. Moreira-Leite, 1976).
4 – Veja-se, além das já citadas obras de Carrara e Serpa Jr. Russo, 1997, e Venâncio,
1997 (para aspectos mais gerais dessa questão), como também Rohden, 1997, e Teixeira,
1997 (para aspectos mais pontuais).
5 – Mariza. Corrêa evoca a significativa expressão de Afrânio Peixoto para se referir à
questão: “o eclipse negro” (1982, p. 349).
6 – Girolda. Seyferth nos lembra que “(...) mesmo autores como Bomfim, que viam na
mistura de raças um caráter renovador, não escaparam do ideário do progresso, com seu
significado evolucionista. Mesmo sem usar argumentos raciais, a inferioridade do negro
e do índio, e até certo ponto também dos mestiços, está implícita na noção de civiliza-
ção. Daí a ênfase tão grande na necessidade da educação – como aparece, por exemplo,
em Roquette-Pinto. Educar significa tirar do atraso –- civilizar” (1989, p. 20). Sobre esse
ponto, ver ainda Schreiner, 1997.
7 – Alexandre Schreiner lembra a esse respeito a expressão tão citada de Miguel Couto,
de 1927: “Vitalizar pela educação e pela higiene” (Schreiner, 1996, p. 103).
8- Arthur Ramos, que passou a cooperar com seu conterrâneo baiano Anísio Teixeira em
1934, usou regularmente em sua obra posterior de uma retórica “escola-novista”. Ver
particularmente o capítulo intitulado A Escola Nova e a Psicanálise, em Ramos, 1934.
9 – Ver Ropa, 1983; particularmente sobre Porto Carrero e Antônio Austregésilo – con-
siderados como os mais importantes pioneiros da psicanálise no Rio de Janeiro. Encon-
tramos aí a seguinte transcrição de Austregésilo, em seu Viagem interior, de 1934:
“Penetremos cada dia dentro de nós mesmos e reconheçamos as nossas faltas e exalte-
mos os nossos deveres, façamos viagens diárias ao íntimo de nossa personalidade (...)
saibamos vencer-nos, saibamos educar-nos, elevar-nos dentro de nós mesmos, porque só
assim com a nossa melhoria individual o mundo melhora automaticamente” (Ropa,
1983, p. 28).
10 – É o próprio autor quem nos diz: “No Brasil, não têm passado despercebidos os as-
pectos pedagógicos da psicanálise. Desde 1926, por iniciativa deste incansável trabalha-
dor que é o professor Ernâni Lopes, foi instalado na Liga Brasileira de Higiene Mental,
por ele tão sabiamente dirigida, um serviço de psicanálise. Porto Carrero, o nosso grande
estudioso desses assuntos, iniciou a propaganda daquele serviço em entrevistas de impren-
sa e irradiou uma conferência sobre psicanálise e educação, seguida depois de outros en-
saios sobre o mesmo tema, e hoje reunidos em seus livros sobre psicanálise (...)” (Ramos,
1934, p. 24).
11 – “Mas a sublimação mais perfeita deve ser para um trabalho de rendimento à co-
munidade. A tarefa do educador é de adivinhar logo cedo as sublimações para que ten-

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dem as forças instintivas de cada criança, qual será esse trabalho social que deve ser es-
colhido não como uma tarefa pesada e desagradável, mas com alegria, com participação
de toda a personalidade, pois que ele tem raízes instintivas, tendências elementares que
se transformaram por via da sublimação. É todo um capítulo novo de orientação profis-
sional” (Ramos, 1934, p. 157).
12 – Veja-se Peirano, 1981, sobre o mandamento de “explicar o Brasil” entre os cientis-
tas sociais brasileiros.
13 – Veja-se que as primeiras sociedades psicanalíticas fundadas em São Paulo e no Rio
de Janeiro no final dos anos 1920, assim como as primeiras associações de antropologia
(a Sociedade de Etnografia e Folclore, criada em São Paulo em 1937, e a Sociedade
Brasileira de Antropologia e Etnologia fundada por Ramos no início da década de 1940),
não só tiveram vida curta como não foram simbolicamente recuperadas por suas con-
gêneres bem-sucedidas dos anos 1950.
14 – A medicina foi uma das primeiras disciplinas (junto com o direito) a se institucionalizar
no Brasil. As duas faculdades iniciais (da Bahia e do Rio de Janeiro) foram criadas em 1830,
substituindo os antigos colégios médico-cirúrgicos. A Academia Nacional de Medicina (ini-
cialmente Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro) foi fundada em 1829. A Gazeta Médica
da Bahia surgiu em 1866 e o Brazil-Médico em 1887 (cf. Brito, 1996). A psiquiatria par-
ticipou dessa implantação desde a criação do Hospício Pedro II, em 1841, que só começou,
no entanto, a funcionar em 1852 e a ter uma administração plenamente médica com Teixeira
Brandão em 1886 (cf. Teixeira, 1997). A primeira cátedra de psiquiatria foi instituída em
1881 e os Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Ciências Afins começaram a circu-
lar em 1905. A Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal foi criada
em 1907. Para uma revisão dos compromissos de regulação moral da medicina no Brasil no
século XIX, ver Freire-Costa, 1979 e 1981, e Machado et al., 1978. No período em que se
centra minha análise, assiste-se a uma intensa reconversão dos horizontes profissionais da
medicina, com o notável crescimento das funções reguladoras do Estado. O Congresso Na-
cional dos Práticos, realizado em 1922, parece ter-se voltado sobretudo para a reflexão so-
bre essas novas condições da carreira (cf. Pereira Neto, 1997).
15 – Mariza. Corrêa dá importantes pistas sobre isso (Corrêa, 1982, p. 354 e segs.) e o
trabalho de Nunes (1994) apresenta alguma informação interessante. Seria necessário
verificar particularmente o papel do Instituto de Pesquisas Educacionais aí sediado –
como precursor da institucionalização específica da psicologia e de um atendimento psi-
canalítico oferecido nos órgãos de Estado – durante os anos 1950.
16 – Roger. Bastide, na verdade, era um “sociólogo”, dentro do sistema classificatório
francês de que provinha. No Brasil, porém, seus interesses na “cultura” tornavam-no clas-
sificável como “antropólogo”.
17 – Chamo de “regime” ao estilo de produção acadêmica de um “período”, com articu-
lações temáticas e horizontes analíticos comuns, sem constituir, porém, necessariamente
um “grupo” ou uma “escola” – ou seja, sem um projeto sistemático (mesmo que incons-
ciente) de reprodução institucional.
18 – Mariza Peirano explora bem essa ênfase sobre a “educação” como chave de com-
preensão e transformação da nação, considerando-a como uma característica do pensa-
mento social da década de 1930 (Peirano, 1981, p. 28 ou 39).

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19 – Seria interessante discutir esse “dirigismo civilizatório” à luz da noção de “poder


tutelar”, utilizada sistematicamente por A. C. de Souza Lima para analisar as políticas
públicas relativas às populações indígenas na República Velha (Souza Lima, 1995). Tanto
M. Corrêa quanto M. Peirano utilizam a categoria “tutelar” para se referir a disposições
políticas contidas no pensamento social brasileiro do entreguerras.
20 – É interessante, porém, que Gilberto Freyre tenha merecido um retorno quase triun-
fal no final do século XX, em parte como reconhecimento da preeminente dimensão
romântica do seu boasianismo. A ausência dessa dimensão em Arthur Ramos torna-o
certamente impalatável ao gosto pós-moderno ou, como prefiro, neo-romântico.

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A RT H U R R A M O S E A
M I L I TA N C I A N A U N E S C O

Marcos Chor Maio


Pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz

E
m meados de outubro de 1949, dois meses depois de assumir a direção
do Departamento de Ciências Sociais da Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Arthur Ramos (1903-1949)
concluiu o delineamento de um plano de trabalho no qual estavam previstos es-
tudos sociológicos e antropológicos no Brasil.1 Em sintonia com as crescentes
preocupações da agência internacional devido à persistência do racismo no pós-
II Guerra Mundial e aos problemas socioeconômicos vividos pelos países sub-
desenvolvidos, Ramos considerava premente a incorporação de determinados es-
tratos sociais marginalizados – representados no plano étnico-racial por negros e
índios – à modernidade.2
No curto espaço de tempo que trabalhou na Unesco, Arthur Ramos organi-
zou um fórum para debater o estatuto científico do conceito de raça. Dentro
da programação de combate à discriminação racial aprovada pela quarta sessão da
Conferência Geral da Unesco, em setembro de 1949, o antropólogo informava
aos futuros participantes do encontro que seu objetivo era “reunir um comitê de
especialistas em antropologia física, em sociologia, em psicologia social e em etno-
logia para formular uma definição preliminar das raças do ponto de vista inter-
disciplinar. Este será o ponto de partida indispensável para uma futura ação da
Unesco em 1950 (…)”.3
Em junho de 1950, a Unesco divulgou a Primeira Declaração sobre Raça, a
qual continha a seguinte afirmação: “Raça é menos um fato biológico do que um
mito social e, como mito, causou severas perdas de vidas humanas e muito sofri-
mento em anos recentes.”4 Na mesma ocasião, a quinta sessão da Conferência
Geral da Unesco, acontecida em Florença, aprovou a realização de uma pesquisa
sobre as relações raciais no Brasil.5

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No final dos anos 1940, a Unesco procurou, em face da persistência da into-


lerância racial nos EUA e na África do Sul, do processo de descolonização asiáti-
co e africano e do surgimento da Guerra Fria, tornar inteligível os fatores que,
em nome da raça, levaram aos resultados catastróficos da II Guerra Mundial. Foi
nesse contexto que houve, simultaneamente, a emergência de uma crítica radi-
cal ao determinismo biológico e à busca de evidências científicas – a partir de
uma experiência social julgada bem-sucedida em matéria racial –, que servissem
de contraponto à ideologia das hierarquias raciais, em suma, ao racismo.
A militância anti-racista de Arthur Ramos – antes, ao longo e depois da II
Guerra Mundial – pode ser vista como um dos aspectos importantes no proces-
so de conversão do médico-legista, sob influência racialista, em antropólogo cul-
tural. Em manifestos anti-racistas, artigos e livros, Arthur Ramos insistia na crença
de que o melhor antídoto ao nazismo seria a experiência brasileira em matéria
étnico-racial. O “laboratório de civilização”, expressão cunhada pelo historiador
Rudiger Bilden no final dos anos 1920 e utilizada com freqüência por Arthur
Ramos, não destoava da recorrente visão de que a cultura ibérica, em solo brasileiro,
criara um país que o perfil miscigenado da população, a mobilidade de mulatos
e negros e a reduzida taxa de tensões raciais transformavam num modelo de so-
ciedade a oferecer lições à humanidade.
Ao participar de uma comissão convocada pelo Ministério das Relações
Exteriores (Itamaraty), no final do ano de 1944, com o objetivo de apresentar
propostas para a criação de uma futura instituição internacional no campo da
educação, embrião da futura Unesco, Arthur Ramos deixa um registro claro de
sua ascendência nas resoluções finais, nas quais se destacam a importância atribuí-
da ao Manifesto dos Intelectuais Brasileiros contra o Preconceito Racial, publi-
cado em 1935, e outras manifestações contra o racismo durante a II Guerra
Mundial, capitaneadas pela Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, da
qual era presidente. Do relatório do comitê especial para oferecer subsídios à fu-
tura Organização das Nações Unidas para a Reconstrução Cultural e Educacional,
constava a seguinte declaração:

“Na verdade, está o comitê convencido de que ‘as desigualdades raciais e inferio-
ridade biológica da mestiçagem, quando existam, são contingências ligadas a causas
deficitárias do meio social e cultural’, como, aliás, estudos de antropólogos e sociólo-
gos brasileiros sobejamente o têm demonstrado à base de dados objetivos; e de
que, por isso mesmo, em um programa de reconstrução cultural e educacional,
no pós-guerra, tal conclusão deverá inspirar as normas e processos de ação geral,
no movimento que a projetada organização tem em vista empreender.”6

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Não obstante a crença no argumento da “cooperação entre povos e etnias no


Brasil”, suposta marca de distinção da sociedade brasileira (RAMOS, 1943: 179),
Arthur Ramos, em seus trabalhos, colocou em evidência a violência da escravidão,
sem, no entanto, coisificar o escravo. Destacou também, no período pós-abolição,
as acentuadas desigualdades sociais entre brancos e negros, bem como a existência
do “preconceito de cor” no Brasil. O problema da inserção dos negros na socie-
dade brasileira estava presente em sua obra, ora visto como uma questão social,
ora percebido como dificuldade afeita à condição de minoria nos estados do Sul.
O emblemático “laboratório de civilização” parecia situar-se no ambíguo terreno
dos valores, distante dos fatos sociais.7
O fim da II Guerra Mundial leva Arthur Ramos a um exercício de reflexão so-
bre as marcas do etnocentrismo e do racismo, ressaltando a importância da antropolo-
gia. Em 1945, Arthur Ramos escreveu o prefácio de As raças da humanidade, pe-
queno livro de divulgação da luta contra o racismo, elaborado pelas antropólogas
Ruth Benedict e Gene Weltfish, da Universidade de Colúmbia. Os “boasianos” en-
contravam-se na linha de frente da luta contra o racismo desde os anos 1920.
Ramos constatava que o saber antropológico viveu uma perversa combinação
entre ciência e política, tendo servido a causas nada edificantes em nome “da fal-
sa idéia da civilização-igual-a-domínio-europeu-do-mundo”. O racismo, em sua
vertente nazista, parecia-lhe a última fronteira ideológico-política da racionaliza-
ção do determinismo biológico.
Entretanto, em face da ideologia racialista que grassava no senso comum, en-
volto por sistemas supostamente objetivos e fidedignos de classificação das raças,
fazia-se necessário ampliar a divulgação de uma antropologia de corte boasiano,
que pudesse contribuir para a superação das mazelas do racismo. Caberia aos an-
tropólogos ressaltar “a universalidade das misturas (apontando para) a conclusão
lógica (de) que a civilização nada tem a ver com a cor da epiderme, a forma dos
cabelos ou a cor dos olhos”.8
O fim do Estado Novo e a democratização de 1945 acentuaram a convicção
de Arthur Ramos no projeto de uma antropologia socialmente engajada. Sua
aproximação da esquerda (especialmente do Partido Comunista do Brasil – PCB),
suas aulas na Universidade do Povo, sua colaboração com o movimento negro,
especialmente com o Teatro Experimental do Negro, importaram numa reelabo-
ração dos afazeres antropológicos e da sua própria visão do Brasil.
Nesse sentido, a conferência de Arthur Ramos por ocasião da tradicional
Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo, em agosto de 1948, um ano
antes de assumir a direção do Departamento de Ciências Sociais da Unesco,
intitulada Os Grandes Problemas da Antropologia Brasileira, de caráter niti-

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damente programático, é um momento de inflexão no pensamento de Arthur


Ramos.
Nesse artigo, Arthur Ramos reiterava que o Brasil era um “laboratório de civi-
lização”. Entretanto, registra que só a partir da década de 1940 as ciências sociais
brasileiras haviam iniciado o seu processo de qualificação profissional para tornar
realmente inteligível esse “laboratório”.9
Ramos acreditava que a institucionalização das ciências sociais em curso ofere-
cia uma oportunidade singular para a superação da fase “livresca, literatóide dos
estudos antropológicos sobre o índio e o negro”. A seu ver, destoando da expe-
riência anterior de investigação dos cultos afro-brasileiros, conviria o estudo do
passado escravocrata e suas implicações para o entendimento da situação racial
brasileira, especialmente “a influência psicossociológica dos grupos dominantes,
não negros, as relações de ‘raça’, os estereótipos de opiniões e atitudes, os fatores
sociológicos da casta e da classe (...)”.10
Em seu Programa da antropologia brasileira, Arthur Ramos ressalta a impor-
tância da elaboração de análises sistemáticas sobre os diversos grupos raciais e
étnicos, tendo em vista o entendimento dos processos de mudança social inseri-
dos nos diversos contextos históricos. Com um viés sociológico, ele assinala a
relevância do estudo da inserção dos indivíduos em grupos, estratos e classes so-
ciais, procurando a partir daí entender as desigualdades étnico-raciais .11

O público lota o auditório na palestra de Arthur Ramos durante a Semana Euclidiana. S.


José do Rio Pardo, SP, agosto/1948.

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Em sua perspectiva, “só depois de realizadas séries inteiras de pesquisas desta or-
dem, poderemos nos aventurar a propor ‘interpretações’ do Brasil, ensaios de conjun-
to ou planos normativos de ação, até agora reservados aos estudos impressionistas
que podem ser muito interessantes, mas conduzem a generalizações apressadas e
perigosas. (...) Do ponto de vista antropológico, não há uma ‘cultura’ brasileira, mas
‘culturas’ que só agora começam a ser estudadas e compreendidas. Ainda é cedo,
portanto, para indagarmos do ‘caráter nacional’ do seu ethos, em visões generaliza-
doras que lancem mão do critério histórico ou social”.12
No final dos anos 1940, Arthur Ramos já colocava em questão a ensaística
das consagradas chaves explicativas sobre o Brasil elaboradas nos anos 1920 e
1930. Assim, Arthur Ramos indagava-se a respeito da existência de uma visão
uníssona sobre o Brasil e, por conseguinte, questionava sua própria interpretação
anterior sobre o “laboratório de civilização”, isto é, “a solução mais científica e
mais humana para o problema, tão agudo entre outros povos, da mistura de raças
e culturas”.13
Sem dúvida, uma das razões que motivou Arthur Ramos a aceitar o convite
para assumir a direção do Departamento de Ciências Sociais da Unesco foi a pos-
sibilidade de fortalecer institucionalmente o Departamento de Ciências Sociais
da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), especialmente no campo da pesquisa.
Na fase de elaboração do programa de 1951 do Departamento de Ciências Sociais
da Unesco, a ser aprovado na Conferência de Florença, em 1950, afirmava em
carta ao então reitor da Universidade do Brasil (atual UFRJ), Pedro Calmon, que
“a nossa maior oportunidade virá com a apresentação dos nossos programas à
Conferência de Florença, em maio do ano próximo. Tenho grandes planos que
já fiz ver ao nosso eminente amigo, ministro (Clemente) Mariani, para o estudo
dos grupos não mecanizados e os problemas conseguintes da assimilação e acul-
turação que eles apresentam para a sua integração ao mundo moderno. Se este
plano for aprovado, teremos uma possibilidade enorme de estudar nossos gru-
pos negro e indígena em seus contatos com as culturas dominantes, dentro dos
pontos de vista que tantas vezes tenho defendido em meus cursos e meus tra-
balhos escritos”.14
Em tempos de frágil institucionalização das ciências sociais no Rio de Janeiro,
Arthur Ramos, indo além, como intelectual convencido da importância do com-
promisso social das ciências sociais, concebia sua inserção na Unesco como a pos-
sibilidade de aproximação de uma coletividade de cientistas sociais das demandas
das classes subalternas na sociedade brasileira. A Unesco seria um agente catalisa-
dor. A “antropologia de intervenção”, preconizada por Ramos, utilizou conceitos
atualmente discutíveis, como “assimilação”, “aculturação” e “integração”. Parece

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que esse era o preço a ser pago por um membro da intelligentsia ao procurar exer-
cer um papel missionário, condição característica do intelectual, pelo menos até
os anos 1960, em países de capitalismo retardatário, como o Brasil, sob o signo
das grandes desigualdades sociais.

N OTA S :
1 – RAMOS, Arthur. Sciences Sociales, Programme pour 1951: Plan de Travail (Paris,
1949), Coleção Arthur Ramos, I: 36, 29, 13, Seção de Manuscritos, Biblioteca Nacional,
Rio de Janeiro.
2 – Carta de Arthur Ramos a Clemente Mariani (14 out. 1949). Coleção Arthur Ramos,
I: 35, 17, 24 8a, Seção de Manuscritos, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
3 – Carta convite de Arthur Ramos a Costa Pinto, 14 out. 1949, p. 1. In Reg. File 323.12
A 102. Part I (Box Reg. 146), Arquivos da Unesco.
4 – Unesco Launches Major World Campaign against Racial Discrimination. Paris: Unesco,
19 jul. 1950, p. 1. In Reg. File 323.12 A 102. Part I (Box Reg. 146), Arquivos da Unesco.
5 – As pesquisas foram realizadas no Norte, Nordeste e Sudeste e contaram com a par-
ticipação de cientistas sociais brasileiros, franceses e norte-americanos. Sobre o Projeto
Unesco, ver Os resultados das pesquisas do projeto Unesco, publicado em WAGLEY et alii
(1952); AZEVEDO (1953); PINTO, L. E. C. (1953); BASTIDE, Roger, e FERNAN-
DES, Florestan (1955); NOGUEIRA (1955); RIBEIRO (1956). Sobre a história do
Projeto Unesco de relações raciais, ver MAIO, Marcos Chor, A História do Projeto Unes-
co – Estudos Raciais e Ciências Sociais no Brasil, tese de doutorado, Iuperj, 1997.
6 – Correio do IBECC, 1997 (1944), p. 107.
7 – RAMOS, Arthur. (1938), O Espírito Associativo do Negro Brasileiro, Revista do
Arquivo Municipal, XLVII: 105-126.
__________. (1939), The Negro in Brazil. Washington: The Associated Publishers, Inc.
__________. (1942), A aculturação negra no Brasil. São Paulo: Companhia Editora
Nacional.
__________. (1947), Social Pioneering. In HILL, L. (org.), Brazil. California: University
of California Press.
RAMOS, Arthur. (1951), The Negro. In Brazil. In SMITH, T. L. e MARCHANT, A.
(orgs.), Brazil: Portrait of Half a Continent. Nova York: The Dryden Press.
8 – __________. (1945), prefácio. In BENEDICT R. & WELTFISH, G., As raças da
humanidade. Tradução de Édison Carneiro. Rio de Janeiro: Horizontes, pp. 5-6.
9 – RAMOS, Arthur. (1948), Os Grandes Problemas da Antropologia Brasileira. Socio-
logia, X, 4: 213.
10 – Idem, pp. 214-19.
11 – Idem, p. 223.
12 – Idem, p. 224.
13 – RAMOS, Arthur. (1943), Guerra e relações de raça. Rio de Janeiro: Departamento
Editorial da União Nacional dos Estudantes, p. 179.
14 – Carta de Arthur Ramos a Pedro Calmon, 13 out. 1949. In Coleção Arthur Ramos,
Seção de Manuscritos, Biblioteca Nacional.

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C A RTA S M A RC A D A S : A RT H U R R A M O S
E O C A M P O D A S R E L A ² O E S R AC I A I S
NO FINAL DOS ANOS 1930

Mariza Corrêa
Professora do Departamento de Antropologia, IFCH/Unicamp
e pesquisadora do Pagu/Núcleo de Estudos de Gênero

P RO LO G O

N
a década de 30 um número significativo de intelectuais baianos mi-
grou para a capital do país, então a cidade do Rio de Janeiro, e lá insta-
lou seu quartel-general para a divulgação do grupo que Arthur Ramos
batizaria de “escola Nina Rodrigues”.1 Resumidamente, a estratégia que pode ser
lida ex post facto, mas que era também uma atuação refletida à época dos even-
tos (ver RAMOS, A. 1937), se expressou na edição ou reedição dos trabalhos
de Nina Rodrigues; na divulgação dos trabalhos de intelectuais do grupo, através da
Biblioteca de Divulgação Científica, da Editora Civilização Brasileira, dirigida
por Ramos – o mesmo nome tivera, aliás, a coleção coordenada por Afrânio Pei-
xoto, na antiga Editora Guanabara – e na ocupação de postos importantes no
aparelho de estado.
Alguns desses intelectuais não eram nascidos na Bahia, como o próprio Nina
Rodrigues (1862-1906) e seu autoproclamado discípulo, Arthur Ramos, mas to-
dos tinham feito carreira, ou parte dela, lá. Podemos identificar três gerações de
baianos no cenário carioca: Afrânio Peixoto (1876-47), o mais antigo e mais
famoso integrante do grupo, foi professor das faculdades de Medicina e de Direito,
membro da Academia Brasileira de Letras, reitor da Universidade do Distrito
Federal e criador e organizador do Instituto Médico-Legal que depois levaria seu
nome. O educador Anísio Teixeira (1900-1971), não reclamado como parte do
grupo, era, no entanto, amigo de todos os outros e ocupou o cargo equivalente
ao de secretário da Educação no município, ocupado antes por Afrânio, além de
ter sido conselheiro da Unesco e criador e secretário-geral da Capes.

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Arthur Ramos (1903), durante algum tempo, foi funcionário da Secretaria


de Educação, depois professor da Universidade do Distrito Federal e, em seguida,
professor da Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1949 transferiu-se para Paris,
para ocupar o cargo de chefe do Departamento de Ciências Sociais da Unesco, lá
vindo a falecer cerca de dois meses após sua chegada. Édison Carneiro (1912-1972),
também agregado à “escola” por A. Ramos, dela se desvinculou explicitamente
em várias ocasiões. Jornalista e escritor, foi –
também funcionário do SESI (Serviço Social
da Indústria) e da Capes, mas sua principal
atuação foi junto à Comissão Nacional do
Folclore, ligada à Unesco, criada em 1947, e
com a Campanha Nacional de Defesa do
Folclore, de 1961 a 1964 – quando foi afasta-
do pelo governo militar.
A atuação conjunta desses baianos na capi-
tal do país multiplicou em muito o alcance
que esses intelectuais de província teriam tido
se restritos ao seu estado natal, ou de adoção.
Vista de hoje, ela se assemelha a uma opera-
ção de guerrilha cujo objetivo parecia ser des-
tronar a posição, que começava a ganhar foros
Édison Carneiro: o antropólogo fazia de hegemonia, de Gilberto Freyre no campo
parte na Bahia, juntamente com Jorge de estudos que, graças a ele, ganhou este nome:
Amado e Aydano do Couto Ferraz, de
tratava-se, justamente, de reivindicar a ênfase
um grupo que se correspondia com Ar-
thur Ramos. Esta fotografia, sem indi- em ‘estudos sobre o negro’, por oposição a es-
cação do local e data, figurou original- tudos sobre relações raciais. Mais do que os
mente no livro A cidade das mulheres, livros publicados nessa década,2 a organização
da americana Ruth Landes, publicado de dois congressos afro-brasileiros, o primeiro
em 1967 pela Editora Civilização em Recife, em 1934, por Gilberto Freyre, e o
segundo na Bahia, em 1937, por Édison
Carneiro e Áydano do Couto Ferraz, serviria de vitrine para as discordâncias en-
tre pernambucanos e baianos.
Em 1933 Gilberto Freyre publicara Casa-grande senzala, recebido com muitas
críticas pela intelectualidade brasileira, antes de se tornar, poucos anos depois, a
“síntese da cultura brasileira”. É importante lembrar a visita de Gilberto Freyre
ao Rio de Janeiro em 1926, registrada por H. Vianna (1995), e seu encontro
com músicos, negros ou mulatos, representantes do samba carioca, para contex-
tualizar a sua proposta de um Brasil mestiço.3

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Carta de Edison Carneiro comunicando es-


tar empenhado na luta pela liberdade religio-
sa dos negros, através do Conselho Africano
da Bahia. O remetente pede o apoio de Ra-
mos à causa e informa sobre a criação de um
instituto afro-brasileiro. Bahia, 19 de julho
de 1937.

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Numa entrevista concedida a um jornal local, e republicada em O Estado da


Bahia, Gilberto Freyre fazia críticas à organização do Congresso da Bahia:

“Receio muito que vá ter todos os defeitos das coisas improvisadas. Deveria ser muito
maior o prazo para os estudos, para as contribuições dos verdadeiros estudiosos. Os
verdadeiros estudiosos trabalham devagar. A não ser que os organizadores do atual
congresso só estejam preocupados com o lado mais pitoresco e mais artístico do as-
sunto: as ‘rodas’ de capoeira e de samba, os toques de ‘candomblé’, etc. (..) Creio
que o fato de o Congresso Afro-Brasileiro do Recife ter encarado o negro e o mestiço
do negro, não como um problema de patologia biológica, a exemplo do que fez o
próprio Nina Rodrigues – que era um convencido da absoluta inferioridade do ne-
gro e do mulato – mas como um problema principalmente de desajustamento
social, representa uma conquista notável para os estudos sociais brasileiros e de pro-
funda repercussão política. Mas não me parece que os congressos afro-brasileiros
devam resvalar para a apologia política ou demagógica da gente de cor.” 4

A resposta de Édison Carneiro a esta crítica ficaria inédita por mais de vinte
anos, ainda que estivesse implícita na apresentação do volume que reuniu os tra-
balhos apresentados ao II Congresso Afro-Brasileiro:

“Esta ligação imediata com o povo negro, que foi a glória maior do Congresso
da Bahia, deu ao certame ‘um colorido único’, como já previra Gilberto Freyre.
Arthur Ramos, em carta que me escreveu sobre a entrevista ao Diário de Pernam-
buco, dizia: ‘O material daí, que [Gilberto Freyre] julga apenas pitoresco, constitui-
rá justamente a parte de maior interesse científico.’ O Congresso do Recife, levan-
do os babalorixás, com a sua música, para o palco do [teatro] Santa Isabel, pôs em
cheque a pureza dos ritos africanos. O Congresso da Bahia não caiu nesse erro.
Todas as ocasiões em que os congressistas tomaram contato com as coisas do ne-
gro foi no seu próprio meio de origem, nos candomblés, nas ‘rodas’ de samba e
de capoeira. (..) O Congresso prestou a homenagem que devia a Nina Rodrigues –
inexplicavelmente negligenciado pelo Congresso do Recife – proclamando-o o pionei-
ro incontestável dos estudos sobre o negro no Brasil.” (CARNEIRO, 1964:101) 5

Três elementos pareciam constituir-se, assim, nos signos de diferenciação entre


baianos e pernambucanos: a primazia nesse campo de estudos, atribuída pelos
primeiros ao médico Nina Rodrigues, a evidente ênfase dos baianos na atuação
política e, o que foi a marca do seu trabalho nessa época, a “africanização” da
Bahia, com tudo o que isso implicava – a começar pela eleição de certos centros
de culto como “puros”, por oposição aos cultos “híbridos”. 6

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Foi nesse cenário de constituição de um campo de estudos que a relação en-


tre gênero e raça fez seu aparecimento na história de nossa disciplina. Nesses anos,
as décadas de 30 e 40, o Brasil recebeu inúmeros pesquisadores de outros países
– a maioria interessada em pesquisar os nativos do país.7 Ruth Landes foi quase
uma exceção ao eleger o tema raça para sua pesquisa e foi uma exceção por se
tratar de uma pesquisadora por conta própria já que, até então, as pesquisadoras
que aqui chegaram eram doublés de esposas dos pesquisadores – como Dina Lévi-
Strauss, Frances Herskovits, Yolanda Murphy, para lembrar algumas das poucas
esposas cujos nomes a história registra. Aqui chegando, Ruth Landes seguiu o
caminho habitual dos pesquisadores da época: apresentou-se a Heloísa Alberto
Torres, ou d.Heloísa, como era mais comumente chamada, uma espécie de equiva-
lente, para a antropologia de então, às mães-de-santo baianas sobre as quais Ruth
Landes chamaria a atenção em sua pesquisa em Salvador.8
D. Heloísa era a madrinha dos estudos etnológicos no país – atuação garan-
tida por sua posição como diretora do Museu Nacional e sua participação em
várias agências que controlavam o acesso aos grupos indígenas do país – assim
como Arthur Ramos era o padrinho dos estudos sobre o negro, tanto graças aos
vínculos que mantinha com sua cidade de adoção, quanto graças aos que estabe-
leceu com os baianos na capital do país.
Sem o saber, Landes estava transpondo o limiar de um campo já minado por
dissensões teóricas, metodológicas e políticas cujo alcance ultrapassava as fron-
teiras do país.

A cidade das mulheres

Ruth Landes (1908-1991) ficou cerca de um ano no Brasil, de 1938 a 1939,


mas os ecos de sua estada aqui continuaram a ser ouvidos durante os anos seguintes
e ressoam até hoje. Seu livro, publicado em inglês em 1949 e traduzido para o
português em 1967, só era conhecido dos pesquisadores interessados no estudo
dos candomblés da Bahia e, assim mesmo, visto com certa complacência, dado
que era apresentado como uma memória de sua estada aqui, muito mais do que
como resultado de pesquisa.9 No cenário internacional, o livro recebeu uma re-
senha negativa, publicada na American Anthropologist, de um dos pesquisadores
mais importantes da área de relações raciais naquela época nos Estados Unidos,
Melville Herskovits; no cenário brasileiro, seus resultados de pesquisa já tinham
sido criticados por Arthur Ramos, mesmo antes de aparecerem em livro. Tendo
trabalhado durante algum tempo na equipe coordenada por Gunnar Myrdal, na

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preparação de An American Dilemma, Landes publicou vários artigos sobre a


questão racial nos anos seguintes, mas foi só na década de 90, quando as antropólo-
gas norte-americanas começaram a rever a história oficial de sua disciplina, que
o livro sobre a Bahia voltou a despertar interesse, agora a partir da ótica das rela-
ções entre raça e gênero.10
As análises até agora feitas a respeito da perseguição que Ruth Landes sofreu por
parte de Arthur Ramos e Melville Herskovits parecem assentar-se sobre três pontos:
primeiro, em sua atuação como pesquisadora, isto é, tanto pelo fato de ser uma mu-
lher entrando num campo dominado por homens, quanto pela sua relação amorosa
com Édison Carneiro, seu guia no mundo dos candomblés; segundo, por sua ên-
fase na raça, num momento em que a antropologia passava a dar ênfase à cultura,
e, por último, por sua descrição, destoante das descrições canônicas, a respeito da
importância que as mulheres tinham nos terreiros de candomblé.11 Certamente to-
dos esses pontos estiveram presentes na hostilidade que aqueles dois professores
demonstraram em relação à pesquisadora, mas há ainda duas questões em geral
subestimadas nessas análises que parecem merecer atenção: uma delas diz respeito à
constituição do campo de estudos
sobre relações raciais, a outra à
constatação, feita por Landes, sobre
a importância da presença de ho-
mossexuais no campo das religiões
afro-brasileiras.12
Comecemos pela segunda ques-
tão, mas, de fato, como veremos,
ambas estão intimamente ligadas:
parece ser nos dois artigos sobre a
homossexualidade nos cultos afro-
baianos, que no Brasil aparecem
como apêndice ao seu livro, mas
que foram publicados sete anos
antes, em 194013 – e não apenas na
análise do papel representado pelas
mulheres baianas nos candomblés
– que a relação textual entre raça e
Ruth Landes: a antropóloga norte-americana veio
gênero se explicita no trabalho de
ao Brasil em 1939 para estudar as religiões afro-
brasileiras. A fotografia, sem indicação de local e Landes. Um desses é o artigo que
data, foi publicada originalmente no livro de Ruth Ramos critica em 1942 – certa-
Landes, A cidade das mulheres. mente tendo em mira um diálogo

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internacional, isto é, com os pesquisadores estrangeiros, a maioria vindo dos


Estados Unidos, que estavam interessados no estudo da população afro-baiana e
de cuja análise ele se apresentava como o guardião oficial, herdeiro e continuador
de uma tradição local.14
De fato, o artigo de Arthur Ramos se originara de um comentário seu sobre
o relatório de Landes (intitulado The Ethos of the Negro in the New World) feito
para a Carnegie Corporation, recebido em janeiro de 1940, através de Guy B.
Johnson que pedia sua opinião sobre ele. Diz Ramos:

“O resultado desses comentários críticos que enviei ao dr. Guy foi a rejeição, pela
Comissão da Carnegie, do trabalho encomendado à dra.Landes. ‘Suas observações
– escreveu-me poucos meses depois o dr. Johnson – vieram confirmar as minhas
desconfianças relativamente à exatidão das observações feitas pela dra. Landes.
No que concerne a parte do nosso estudo sobre o negro na América, estamos
grandemente desapontados com o manuscrito da dra. Landes, e não temos a inten-
ção de aproveitá-lo.’ Na mesma carta, previne-me o dr. Johnson sobre a possibili-
dade da A. publicar um ou mais artigos baseados em suas pesquisas no Brasil.
‘Quando ela o fizer – recomendou-me em conclusão –, espero que o sr. ou ou-
tros estudiosos brasileiros surjam com críticas num esforço para corrigir as inexa-
tidões e negligências das suas observações’.”15

Barros (1999: 107) transcreve três cartas de Landes a Ramos, encontradas em


seu arquivo na Biblioteca Nacional – duas de Salvador, de setembro e outubro
de 1938, e uma de New York, de dezembro de 1939 – observando que sua exis-
tência desmente a observação de Ramos de que perdera o contato com Ruth
Landes. A terceira carta é a que mais interessa ao contexto que venho analisan-
do por mostrar que a reação negativa de Ramos e Herskovits a Landes foi pos-
terior à produção desse relatório, mas anterior à publicação de seus artigos e de
A cidade das mulheres. Na carta, de 27 de dezembro, Landes informa a Ramos
que ele, Édison Carneiro, M. Herskovits, R. Benedict, M. Mead, O. Klineberg
e R. Linton receberiam seu relatório para comentar. A carta é cordial, Landes
anuncia seu próximo artigo sobre homossexualidade masculina, expressa saudades
do Brasil e pergunta pelos conhecidos, inclusive pela esposa de Ramos, nada
levando a supor que já tivesse visto a carta endereçada por Ramos e Herskovits
a Myrdal, mencionada em seu artigo como sendo de 1939.16 Não se conhece o
teor do parecer de Herskovits ao Memorandum de Landes, nem se houve um
parecer, mas uma carta dele a Ramos, de 1940, dá uma idéia de suas opiniões:

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“Prezado senhor Ramos,


Muito obrigado por ter me enviado seus comentários ao texto da senhorita Landes.
Tive a mesma impressão quando li seu relatório que tive ao ler suas cartas, isto é,
que seu material certamente deveria ser, para dizer o mínimo, objeto de um reestu-
do muito cuidadoso. Fico encantado com o fato de você ter escrito o que escreveu,
já que tenho a impressão de que as pessoas encarregadas da Carnegie Inquiry pre-
cisam do julgamento de especialistas independentes, tais como você, para avaliar
materiais deste tipo. Eles são receptivos às nossas avaliações, e precisam delas, já
que o dr. Myrdal, encarregado da pesquisa, e a maioria de seus associados, são
economistas, estatísticos e sociólogos (no sentido em que usamos a palavra em nos-
so país), e têm pouca sensibilidade para os aspectos etnológicos da vida do negro.
Sinceramente seu, Melville J. Herskovits”17

Tanto em seu Memorandum, como nos dois primeiros artigos publicados, ao


tratar de explicar a preponderância de homossexuais nos rituais menos canônicos
da Bahia – isto é, nos cultos caboclos, por oposição aos cultos nagôs – não é apenas
do sexo feminino que Landes está falando, mas de um princípio de feminilidade,
requisito necessário para incorporar os deuses. De fato, a predominância de pais
num subgrupo do universo religioso, no qual as mães predominavam, colocava um
impasse para os dados de sua pesquisa e não é de admirar assim que, antes de escre-
ver A cidade das mulheres, ela tenha tido que dar conta da cidadela dos homens.
Segundo dados de Édison Carneiro, citados por ela, no subgrupo nagô havia vinte
mães e apenas três pais; no subgrupo caboclo, a proporção se invertia: dez mães para
34 pais-de-santo.18 Landes não estava, é claro, tratando da questão de gênero, ain-
da que possamos ler essa questão na sua abordagem: no contexto da época, era das
relações entre os sexos que se tratava. Assim, em seu texto os homossexuais – “dese-
jam ser mulheres”, seu “estilo feminino” é estereotipado, “dengoso” – são, enfim,
uma “anomalia sexual”. A tipologia assim construída está em perfeita consonância
com a definição dos rituais nagô como os mais puros, e dos rituais de caboclo como
produtos ‘híbridos’, sobre o que parecia haver a concordância da maioria dos pes-
quisadores das religiões africanas na época, à exceção do fato de que, ao colocar as
mulheres no topo e os homens na base, Landes invertia a classificação simbólica da
relação masculino/feminino da sociedade na qual esses cultos se inscreviam. Assim,
o princípio feminino – não importa se parte dele corporificado em homens – é que
dominaria o conjunto do campo das religiões afro-brasileiras na Bahia, com a mar-
ginalização do princípio masculino.19
Foi contra essa inversão que Arthur Ramos se manifestou no capítulo de seu
livro dedicado ao trabalho de Landes: deixando de lado a retórica inicial do texto,

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com a qual tentava desqualificar de antemão a pesquisa que ia discutir, o ponto


principal dele é repor a classificação no seu lugar.20 Baseando-se em Herskovits,
para a África, e no seu próprio trabalho, para a Bahia, exclama: “É o homem que
domina a cena.” Citando Édison Carneiro como um de seus “colaboradores”,
refere o livro dele sobre os negros bantos, mas insiste em que os casos de homos-
sexualismo lá citados são “desvios sexuais individuais”.21 Ramos não menciona a
distinção nagô/caboclo, que estava na base da análise de Landes, e o que é inte-
ressante é que em sua crítica chama a
atenção para o fato de que tudo se passa-
va “como se os homens quisessem imitar
as sacerdotisas negras, para gozarem das
suas prerrogativas”, parecendo concordar
com ela em que era a mimetização das
mães, feita pelos pais, o principal ponto
de sua recusa à análise de Landes.22
A inversão da relação entre o princípio
masculino e o princípio feminino operada
no livro de Landes recobre, de fato, uma
série de outras inversões mais sutis, parte
dessa história – como a ameaça que pode-
ria representar o aparecimento de uma pes-
quisadora cujo trabalho parecia mais em
consonância com o do “pai” dos estudos de
relações raciais do que o do seu auto procla-
mado discípulo dileto. Isto é, que ao reler
a obra de Nina Rodrigues de uma pers-
pectiva freudiana, Ramos abandonou a ho-
mologia implícita entre o ‘primitivo’ e o ‘
matriarcado’, enfatizando a passagem de seu
objeto de estudo para um ‘estágio’ mais
avançado na evolução humana. Para ele,
“nos mitos negros de origem nagô já surgem
os conflitos derivados da situação edipiana,
e o feiticeiro “é a imago do Pai primitivo”. Arthur Ramos registrava comportamentos
considerados anormais ou discrepantes: em
(RAMOS,1934: 214/296)
debate com Ruth Landes, sustentou que os
E expressa, também, outra inversão homossexuais não dominavam os candom-
importante, tanto nas relações sociais mais blés baianos. As fotos, feitas na Bahia e de
amplas da sociedade brasileira, como nas autor desconhecido, são de 1929-31.

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relações internas ao campo de estudos que se estava constituindo na época. Arthur


Ramos tinha iniciado suas pesquisas a respeito da situação do negro no país como
médico psicanalista e depois derivara para as ciências sociais. Como conseqüência,
seus primeiros estudos empíricos são estudos psicológicos e seus estudos subse-
qüentes são estudos históricos, nos quais compila estudos anteriores ou realizados
por outros. O trabalho de campo era um componente pequeno em sua bagagem
de pesquisa.23 Por sua situação privilegiada no Rio de Janeiro, no interior de uma
rede de relações que atava o trabalho intelectual ao trabalho político, obteve uma
posição também privilegiada como interlocutor com os estrangeiros que para
aqui vinham fazer pesquisas, seus livros foram traduzidos para o inglês, e ele ter-
minou sua carreira como alto funcionário da Unesco.
Édison Carneiro tinha iniciado sua carreira como jornalista e escritor free-
lancer, devendo a Arthur Ramos a publicação de suas primeiras obras a respeito
da situação do negro na Bahia. Nunca obteve qualquer posição na universidade,
seu trabalho mais importante tendo-se desenrolado no âmbito dos grupos de
estudos folclóricos no país. A correspondência trocada entre ambos, pouco antes
de E. Carneiro se transferir para o Rio de Janeiro, mostra uma assimetria na re-
lação: o jovem mulato baiano procurando o apoio do professor de medicina,
branco, já consagrado. Sua produção, no entanto, parecia ser importante para o
professor, na medida em que trazia dados etnográficos dos quais a obra daquele
não dispunha, mantendo também acesa a atuação política regional e, nela, a im-
portância do nome de Ramos para essa atuação. Em duas ocasiões essa assimetria
tornou-se patente: quando Ramos criticou, numa resenha, um livro publicado
pelo pai de Édison Carneiro e quando Carneiro pretendeu ocupar o lugar que
Arthur Ramos deixara vago na Faculdade Nacional de Filosofia.24
Tal assimetria parecia ameaçada pela parceria intelectual e amorosa estabele-
cida entre Édison Carneiro e Ruth Landes. A despeito de ser mulher, Landes era
uma pesquisadora norte-americana que contava com o apoio da Universidade de
Colúmbia e que, retornando a New York, estaria fora do círculo de relações nos
quais a palavra de Arthur Ramos tinha peso. No Brasil, sua primeira fonte de
apoio tinha sido d. Heloísa, diretora do Museu Nacional, interlocutora da Univer-
sidade Colúmbia na promoção da vinda de pesquisadores americanos ao país e
que se constituía no primeiro pólo do desenvolvimento da antropologia no Brasil;
o segundo, sendo a cadeira de antropologia e etnologia da Faculdade Nacional
de Filosofia, criada em 1939, sob a responsabilidade de Ramos. Vale a pena obser-
var que, sob a orientação de d. Heloísa, tanto as pesquisas feitas por pesquisadores
nacionais, quanto aquelas levadas a efeito pelos pesquisadores que vinham de
Colúmbia, eram pesquisas que diziam respeito às sociedades indígenas – a pesquisa

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de Ruth Landes tendo sido uma exceção. Por outro lado, a maioria das pesquisas
ligadas à cadeira de Arthur Ramos eram pesquisas a respeito da situação do ne-
gro no país.25 O fato de que cada um deles tenha tentado a sorte no terreno do
outro parece mostrar que ambos concordavam em que esses eram os dois aspec-
tos mais importantes da antropologia no país, na época – os estudos indígenas e
os estudos sobre o negro. 26

Grupo de “noviches” ao lado da “nochê” Andreza Maria. Festa de pagamento (culto mina-
gêge). São Luís (MA), s.d.

O campo estava, assim, disposto para o conflito entre Ruth Landes e Arthur
Ramos: o que Édison Carneiro chamou de “orgulho e vaidade” de Ramos era,
de fato, uma ferrenha defesa dos limites de fronteiras sociais, disciplinares e, nela,
de um campo de estudos específico.27
Quanto a Melville Herskovits (1895-1963), ele representava, no campo norte-
americano, o que Arthur Ramos representava no campo brasileiro dos estudos
raciais e, como vimos, estava pessoalmente interessado na orientação da pesquisa
coordenada por Gunnar Myrdal. 28 A oposição de Landes à posição de Herskovits
é paradigmática – ao passo que ele lutava para impor sua visão da influência de
sobrevivências africanas nas comunidades de negros americanos, Landes mostra-
va em seu livro que as relações sociais baianas eram uma adaptação local de tais
tradições, ponto defendido também por Donald Pierson, primeiro pesquisador
dessa leva de estudiosos norte-americanos sobre a questão racial.29 Seu debate

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com Frazier, aliás o único pesquisador norte-americano negro a ter feito parte do
grupo que veio ao Brasil na época (e, não por acaso, o único dos pesquisadores
sobre a situação do negro brasileiro que não se tornou ogã de nenhum terreiro
na Bahia), já sugeria essa separação de perspectivas. Sugeria também que a dis-
puta em andamento no cenário norte-americano estendia-se ao Brasil: ao escre-
ver The Negro Family in Bahia, Brazil, Frazier citava os estudiosos brasileiros
“canônicos” (Nina Rodrigues, Arthur Ramos, Gilberto Freyre, Édison Carneiro),
mas dizia que apenas dois norte-americanos haviam contribuído para esses estu-
dos: Donald Pierson e Ruth Landes. Recolocando o ponto principal da pesquisa
de Landes [“A vasta maioria das sacerdotisas nagô são mulheres porque, conforme
a tradição, apenas elas são elegíveis para aprestar serviço às divindades africanas.”],
ele reforça também outro ponto da pesquisa dela: “O candomblé, no entanto, não
é apenas um centro de culto e de festas religiosas; é também o centro da vida social
da vizinhança na qual está localizado.”30 Infelizmente, esta linha de análise não foi
desenvolvida por nenhum dos pesquisadores posteriores, que preferiram deter-se na
influência ou não de “traços” africanos na cultura familiar dos negros brasileiros.31
Em seu comentário, publicado no número seguinte da revista, Herskovits não
apenas discorda da posição geral de Frazier – num tom, aliás, em tudo semelhan-
te ao da resenha do livro de Landes, também aí enfatizando as falhas “metodoló-
gicas”, isto é, a ausência de conhecimento sobre as origens africanas da pesquisa
– como explicita que estivera na Bahia no ano anterior e pôde assim identificar
uma das personagens mencionada por Frazier, uma moça órfã que vivia com pri-
mos. O exemplo escolhido torna-se, então, o “caso” do debate. Diz Herskovits:

“Numa cidade do tamanho da Bahia, não é difícil reconhecer descrições de in-


divíduos, ainda que eles sejam tratados anonimamente. (...) Se existe outra família
na Bahia que, superficialmente, seja mais aculturada à maneira européia de vida
e, ao mesmo tempo, mais devotada às práticas africanas de culto, seria difícil en-
contrá-la.”32

E prossegue, acrescentando dados às informações de Frazier que mostrariam a


importância das sobrevivências africanas no caso da moça. Em sua resposta, começan-
do por dizer que estava pouco preocupado com a existência de sobrevivências africanas,
nos Estados Unidos ou no Brasil, Frazier retoma o exemplo da moça:

“O professor Herskovits acredita ter identificado a moça cuja genealogia apre-


sentei em meu artigo e contradiz minha afirmação de que ela conhecia apenas
algumas palavras africanas, que havia aprendido no candomblé. Depois de voltar

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às minhas notas, descobri que ele não identificara a moça, embora eu tenha re-
gistro da moça que ele menciona.”

E continua, depois de citar o parágrafo acima sobre a aculturação superficial


da família, contradizendo a descrição de Herskovits:

“Visitei essa família quase todos os dias e vim a conhecer seus integrantes muito
bem. Sabia a respeito dos altares que ‘eram cuidadosamente escondidos dos visi-
tantes’. Sabia também que a ‘esposa’, que tem sangue misto, foi originalmente
possuída por um deus indígena e que as pessoas diziam que ela era louca; mas
que seu ‘marido’, quando a convidou a viver ‘maritalmente’ com ele, a convenceu
de que havia sido um deus africano [que a possuíra]. Além disso, seu marido, que
é negro e nada sabe sobre seus pais, não recebeu seu conhecimento sobre a tradição
e as habilidades africanas dos pais. Esses e outros fatos que citei foram conferidos
com os dados da dra. Ruth Landes, que passou mais de um ano no Brasil e que
tinha um íntimo conhecimento dessa família.”

Citei longamente esse exemplo porque creio que, além de evidenciar a dispu-
ta em torno de objetos de pesquisa – a julgar pela historieta, eram poucos e bem
conhecidos –, ele mostra não só como o “caso” brasileiro começava a ser crucial
para a disputa de orientações teóricas que se travava no campo norte-americano,
mas também quais eram as afinidades de Landes nesse campo. Creio que essas
afinidades, explicitadas também por seus casos de amor com negros, primeiro na
Universidade de Fisk, depois na Bahia, merecem mais atenção como parte da ex-
plicação de seu longo período de desemprego do que o ataque por parte de Ramos
e de Herskovists. Isto é, que Landes foi “racializada”, como dizia Fanon (1974),
no contexto da antropologia americana da época, e que sua trajetória se aproxi-
ma, assim, muito mais da de Zora Neale Hurston do que da de suas outras cole-
gas, brancas, herdeiras da tradição boasiana.33 Que os ataques, velados ou não,
de Ramos e Herskovits contribuíram para isso, não resta dúvida – e Landes era
agudamente consciente disso, mas o contexto norte-americano dessa história não
pode ser minimizado.34
A posição de Herskovits no campo de estudos afro-americanos, apesar de in-
fluente, não era dominante: a Carnegie Corporation chegou a considerar seu
nome para fazer a pesquisa que redundaria em The American Dilemma, mas, com
a escolha de Myrdal para chefiar a equipe, a ele foi destinada a tarefa de escrever
um relatório a respeito da influência africana sobre os negros americanos – o que
redundou no The Myth of the Negro Past (1941). Ao fazer a resenha deste livro,

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Frazier se perguntava se, ao dizer que “o problema do negro é psicológico – que


padrões africanos de pensar impedem a aculturação completa do negro – tanto
quanto econômico e sociológico, não está ele dizendo que existem barreiras ain-
da mais fundamentais entre os brancos e os negros do que as que são geralmente
reconhecidas?” Crítica que poderia ter sido feita a Arthur Ramos em 1934. A re-
cepção ao livro, por boa parte dos estudiosos da questão, parece ter deixado
Herskovits numa posição isolada e, quando Arthur Ramos começou a planejar
o que seria a influente pesquisa da Unesco sobre relações raciais no Brasil, foi
Frazier, e não Herskovits, o convidado para a primeira reunião preparatória, em
1949, o que talvez sinalize uma mudança de rumo na orientação de Ramos.35
Fosse como fosse, a reviravolta tinha começado: ainda que seu livro tenha sido
posterior ao fenômeno Carmen Miranda, do qual, aliás, ela foi testemunha nos
Estados Unidos, Ruth Landes foi a primeira pesquisadora a, explicitamente, fe-
minizar os cultos afro-brasileiros. A baiana, é claro, não foi criação sua, mas a
revolta que essa explicitação causou em alguns círculos brasileiros sugere que,
antes de se transformar em símbolo, ela era uma realidade intratável. Quando o
livro de Landes foi finalmente publicado no Brasil, mais de vinte anos depois da
pesquisa, a figura da capa era uma baiana já estilizada e inteiramente incorpora-
da à iconografia nacional: a escolha do capista parecia óbvia, obviedade da qual
só escapamos recorrendo à história de sua constituição em símbolo.
Arthur Ramos morreu no mesmo ano daquela reunião, em Paris. No ano se-
guinte, no I Congresso do Negro Brasileiro, os “cientistas”, como os chamou
Abdias do Nascimento, se desvinculariam explicitamente dos rumos que o movi-
mento negro no Brasil estava tomando – rumos que eles mesmos haviam ajuda-
do a definir, na década anterior – e dois deles, ambos estreitamente vinculados
a Ramos, Édison Carneiro e Luiz Aguiar da Costa Pinto, poderiam ser tomados
como signos de uma mudança de direção no campo de estudos das relações ra-
ciais no Brasil. Costa Pinto, aluno dileto de Arthur Ramos, produziria, no contex-
to da pesquisa da Unesco, o que talvez tenha sido o último livro com um título
essencialista – O negro no Rio de Janeiro –, mas cujo conteúdo, no entanto, sinali-
zava um novo ciclo de pesquisas sobre as relações raciais no país. Pela mesma
época, Édison Carneiro, como observou Vilhena, transplantou a estratégia de
“oficialização dos grupos populares como recurso para sua proteção” do trabalho
com os grupos afro-brasileiros na Bahia para o trabalho com os folguedos popu-
lares e as escolas de samba cariocas. (Vilhena, 1997:281)
As carreiras de Arthur Ramos e de Édison Carneiro, comparadas, mostram
uma singular semelhança. Ambos percorreram, em poucos anos, um longo cami-
nho desde sua saída da Bahia na década de trinta; ambos, com o respaldo do

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mesmo organismo internacional, a Unesco, se empenharam numa luta semelhan-


te para transformar relações, primeiro percebidas em nível local, num questiona-
mento, num caso, internacional, no outro nacional, com alcance mais amplo.
E, embora tenham estado em campos opostos numa disputa específica, um
na defesa, outro no ataque ao trabalho de Landes, é como se esse mesmo traba-
lho, e o debate sobre ele, tivessem começado a sinalizar uma crítica ao essencialis-
mo de raça (ainda que não de gênero, não obstante as retomadas de seu trabalho
dessa ótica mais tarde), primeiro enfatizado em seus trabalhos e do qual ambos
tiveram enorme dificuldade em se desvencilhar nos anos seguintes, não o con-
seguindo senão de forma retórica.
Mas certamente não foi por acaso que ao seu aliado (Herskovits) na questão
Landes, Ramos tenha preferido seu crítico (Frazier) para iniciar uma discussão cujo
desfecho, infelizmente, não pôde acompanhar. Como não terá sido por acaso que
Carneiro denunciava, em 1950, os congressos que promovera em sua juventude,
como “estação dos espetáculos do negro”, declarando essa fase definitivamente
encerrada no ano do I Congresso do Negro Brasileiro. Parecia, assim, encerrada
uma fase desses estudos no país, com ênfase nos africanismos como exotismos ou
sobrevivências, e parecia abrir-se uma fase de atuação política, agora com ênfase
na negritude como política, de origem africana, e que ainda está por ser analisa-
da.36 Observando a racialização a que, ironicamente, esta proposta conduzia o
movimento negro no final dos anos cinqüenta, Fanon dirá:

“Os intelectuais africanos que lutam ainda em nome da cultura negro-africana,


que multiplicaram seus congressos em nome da unidade dessa cultura, devem-se
dar conta de que sua atividade se reduz hoje a confrontar fragmentos ou a com-
parar sarcófagos.” (1974:163)

A partir daí, o campo de estudos constituído naquela época porá sua ênfase
sobre relações raciais, como queria Gilberto Freyre, e se (re)constituirá de maneira
independente, ainda que referido a ele, o campo de lutas pelos direitos dos ne-
gros, e ambos os campos manterão, desde então, uma relação tensa e ambígua.
Tal relação parece ter-se expressado, exemplarmente, na disputa em que Arthur
Ramos e Ruth Landes se envolveram, em 1940, e no amplo espectro de atores
presentes na constituição desse campo que ela permite evocar, mas, ironicamente,
visto de hoje, o trabalho de ambos parece mais próximo do que deixaria supor
aquela disputa.

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N OTA S :

1 – Outros intelectuais baianos, não ligados à ‘escola’, mas vinculados ao grupo por laços
de amizade, também para lá se transferiram nessa década: Péricles Madureira de Pinho,
Álvaro Dória e Armando de Campos, médicos e jornalistas que também ocuparam pos-
tos importantes nas instituições da capital.
Sobre o grupo, pode-se ler mais em CORRÊA, M., 1998.
2 – Lembro, sem pretensão de esgotar a lista: Os africanos no Brasil, de Nina Rodrigues
(1932); Casa-grande senzala, de Gilberto Freyre (1933); O alienado no direito civil brasileiro,
de Nina Rodrigues (1933); O negro brasileiro, de Arthur Ramos (1934); O animismo
fetichista dos negros baianos, de Nina Rodrigues (1935); O folclore negro do Brasil, de Ar-
thur Ramos (1935); Religiões negras , de Édison Carneiro (1936); As culturas negras no
novo mundo, de Arthur Ramos (1937); Negros bantos, de Édison Carneiro (1937); Costumes
africanos no Brasil, de Manuel Querino, organizado por A.Ramos (1938); The Negro in
Brazil, de A. Ramos (1939); Coletividades anormais, de Nina Rodrigues, organizado por
A. Ramos (1939); além dos três volumes sobre os primeiros Congressos afro-brasileiros,
dois volumes sobre o Congresso de Pernambuco, em 1935 e 1937 e, em 1940, um volu-
me sobre o Congresso na Bahia. Todos esses livros – e a lista tem muitas lacunas – foram
publicados pelas coleções dirigidas por Afrânio Peixoto ou por Arthur Ramos, com exce-
ção de Casa-grande senzala. Vale lembrar que, na mesma década, Gilberto Freyre dirigia
a Coleção Documentos Brasileiros (1936-1939), da Editora José Olympio, lá tendo pu-
blicado três de seus livros até o final da década – e mais dez até 1960.
3 – Ver a análise de GOMES, Tiago de Melo, 1998 – especialmente o capítulo 2 – sobre a
forte presença de mulatos e portugueses na cena brasileira, no teatro de revista carioca
no início do século, em encenações que prefiguravam as análises de Freyre.
4 – Entrevista transcrita em OLIVEIRA, Waldir Freitas e LIMA, Vivaldo da C. (orgs).,
1987.
5 – Essa coletânea reúne artigos publicados em jornais, ou apresentados em conferências,
e inéditos: este texto traz a data de 1940 e a anotação “inédito”. Chama a atenção que a
data é a mesma da publicação da coletânea com os trabalhos apresentados ao II Congresso.
Em 1953, na I Reunião Brasileira de Antropologia, Édison Carneiro dizia que os Congressos
inauguraram “a estação de espetáculos do negro” ao apresentá-lo, ele que já era “um velho
cidadão brasileiro”, como “um estrangeiro” e, considerando esta fase como definitivamente
encerrada, insistia numa linha de pesquisa que levasse em conta os processos atuais (ênfase
do autor) das relações raciais .(Cit., p. 115; texto também inédito.)

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6 – Sobre a ênfase na política, observe-se que uma das conseqüências do II Congresso


foi a criação, no mesmo ano de 1937, da União das Seitas Afro-Brasileiras, em grande
medida graças à atuação de Édison Carneiro. Numa carta daquele ano, ele dizia a Arthur
Ramos: “Estou vendo se consigo a liberdade religiosa dos negros.” (Em OLIVEIRA, W.F
e LIMA, V. da C., 1987:152), liberdade que, no entanto, só foi juridicamente estabele-
cida por um decreto do governador do estado no ano de 1976. Além de ser perseguido
como ‘comunista’, perseguição que persistiu até a época do golpe militar de 1964 (ver
VILHENA, 1997), Édison Carneiro era irmão do jornalista e advogado, depois senador,
Nelson Carneiro, inimigo declarado do então governador da Bahia, Juracy Magalhães.
Ao longo de sua vida Édison Carneiro abrandaria sua posição política ao ponto de ter
tido um desentendimento com um dos organizadores (além dele, Guerreiro Ramos e
Abdias do Nascimento) do I Congresso do Negro Brasileiro, no Rio, em 1950. No que
Abdias do Nascimento chamou de “Declaração dos ‘cientistas’ ”, Carneiro, Guerreiro
Ramos, Costa Pinto e Darci Ribeiro, entre outros, repudiavam “o acirramento de ódios
e rivalidades injustificáveis entre os homens, com o ressurgimento do racismo” e afir-
mavam que embora o negro brasileiro “ainda conserve reminiscências africanas em cer-
tas atitudes sociais, já constitui um ser fundamentalmente brasileiro, parte da cultura na-
cional do Brasil”. ( NASCIMENTO, 1982:399) Sobre a ênfase na ‘africanização’ dos
cultos afro-brasileiros, ver o excelente trabalho de DANTAS, 1988.
7 – Dois pesquisadores que se tornariam bem conhecidos na disciplina, Claude Lévi-
Strauss e Charles Wagley, estavam aqui, na mesma época em que Landes esteve, para es-
tudar os índios do país.
Sobre os pesquisadores estrangeiros, ver MASSI, F. 1989. Entre os franceses, a exceção
era Roger Bastide; entre os norte-americanos, os poucos que se interessaram pela análise
das relações raciais no período analisado foram para a Bahia ( F. Frazier, D. Pierson, M.
Herskovits). Só mais tarde, na década de 50, com o convênio entre o Estado da Bahia
e a Universidade de Columbia, sob a direção de Thales de Azevedo e Charles Wagley, é
que os estudos sobre relações raciais na Bahia envolverão um número grande de
pesquisadores – e, ainda assim, creio que menor do que os pesquisadores que para cá
vieram estudar os grupos indígenas, como, por exemplo, os envolvidos no projeto Harvard-
Brasil Central, coordenado por Roberto Cardoso de Oliveira e David Maybury-Lewis,
a partir do Museu Nacional.
8 – Ver a descrição de WAGLEY, Charles (1977), contemporâneo de Landes no Brasil,
sobre o papel de guia exercido por D. Heloísa para ajudar os pesquisadores estrangeiros
no país. Eduardo Galvão, um dos pesquisadores brasileiros que ela encaminhou para ser
treinado por Wagley, referia-se a ela como mãe.
9 – Em sua análise do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas
no Brasil, Grupioni cita uma notícia de jornal em que se anunciava que Landes ia “pesqui-
sar os índios nas tabas” e estranha o modo como o conselho lhe concedeu a licença de
pesquisa: no “documento impresso estão riscados os campos ‘para exploração da região’
e ‘fazer pesquisas’, que foram substituídos, respectivamente, por ‘visitar’ e ‘fazer exclusi-
vamente estudos sociológicos’.” (GRUPIONI, 1998:79) O livro de Landes teve uma se-
gunda edição, em 2002, pela Editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
10 – Seria um longo desvio acompanhar a ‘fortuna crítica’ do livro na sua íntegra:para

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a história completa ver HEALEY, M., 1996. É interessante observar, no entanto, que
embora a primeira análise de sua pesquisa sob esta ótica tenha partido da própria Ruth
Landes (em GOLDE, P., 1970), esta passou quase despercebida até sua ‘recuperação’,
no final dos anos 80 pelas antropólogas feministas. Aqui, estou menos interessada na
possibilidade de recuperar a relação entre raça e gênero na Bahia dos anos trinta e mais
interessada em entender como essa relação foi importante na história da antropologia
brasileira.
11 – No mundo mais sofisticado de New York, essa primeira razão podia parecer ridícula:
Landes relembra que G. Myrdal mostrou-lhe, no final de 1939, uma ‘volumosa’ carta
que A.Ramos e M. Herskovits lhe haviam escrito sobre ela, “ridicularizando sua obsessão
a respeito de meu alegado erotismo e incompetência profissional”. Mas ela mesma resu-
miria a sua situação, quase 30 anos depois, na frase que seu marido latino-americano
ouvira anos antes de conhecê-la: “uma mulher se metendo em assuntos de homens” (Lan-
des em GOLDE: 129;124). No Brasil, no entanto, tais comentários pareciam ter outro
peso: Édison Carneiro registrou num artigo que, ao avisar Arthur Ramos de que ia criticar
suas observações negativas a respeito do trabalho de Landes, na resenha que preparava
sobre A aculturação negra no Brasil (1942), este respondeu: “Não o faça, senão eu publi-
co coisa muito pior.” Carneiro só viria a publicar suas críticas a Ramos 15 anos após a
morte dele (CARNEIRO, 1964:227). O silêncio de Carneiro durante todos esses anos
corrobora a avaliação de Cole de que vários níveis de assimetria estavam em jogo nesta
história: aqui é a deferência do jornalista, mulato e mais jovem, pelo especialista bran-
co e mais velho que parece ter preponderado.
12 – É curioso que o próprio Arthur. Ramos chamara a atenção para o fenômeno da ho-
mossexualidade nos candomblés de caboclo, num livro que Landes pode ter lido. Em
1934, ele citava várias reportagens dos jornais da Bahia para mostrar que desde o final
dos anos 20 aí se estava dando um sincretismo entre o fetichismo e o ‘baixo-espiritismo’.
Numa dessas matérias, por ele transcrita, diz o repórter: “O tenente Vergne foi ao seu
encontro. E com espanto notou que era um homem vestido de mulher! O ‘pai’ Quinquim
havia se transformado...” (p. 110) No mesmo livro há inúmeras citações sobre a impor-
tância das mães-de-santo na Bahia.
Para uma revisão da literatura que trata dessa presença, e uma análise de caso, ver
Homossexualidade masculina e cultos afro-brasileiros em FRY, Peter, 1982.
13 – São A Cult Matriarchate and Male Homosexuality, The Journal of Abnormal and
Social Psychology 35 (3), julho de 1940 e Fetish Worship in Brazil, The Journal of American
Folklore 53 (210), outubro/dezembro de 1940. Neste mesmo número, foi também publi-
cado um artigo de Édison Carneiro The Structure of African Cults in Brazil, traduzido
por R.Landes.
14 – Já tinha escrito esta frase genérica quando recebi o trabalho de BARROS, Luitgarde
Oliveira Cavalcanti (1999) sobre Arthur Ramos no qual são citados os documentos que
comento a seguir. Ela merece um agradecimento especial por ter tornado disponíveis es-
ses dados de sua pesquisa de pós-doutoramento. Merece agradecimento também o profes-
sor Kevin Yelvington que me enviou cópia da correspondência entre Ramos e Herskovits,
depositada na Northwestern University, em Evanston, Illinois, na Melville J. Herskovits
Library of African Studies: são 50 cartas trocadas entre 1935 e 1941 nas quais fica clara

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a atenção que Herskovits dispensou a Ramos quando de sua viagem aos Estados Unidos.
Cópia da avaliação de Ramos sobre o trabalho de Landes está em anexo à carta de 14 de
março de 1940, mas a questão não merece quase discussão de nenhum dos dois.
15 – Ver a íntegra de seu comentário que, com exceção dos trechos específicos sobre o
relatório, é o mesmo publicado em 1942, em BARROS, 1999: 139-150. O texto tem a
data de 30 de junho de 1941, encimado pela referência à Sociedade Brasileira de Antro-
pologia e Etnologia. A sociedade foi fundada em 7 de junho de 1941 e na cuidadosa re-
cuperação feita por Azeredo dos trabalhos lá apresentados não há nenhum que se asseme-
lhe a este. A carta resposta que Ramos cita é de maio de 1940.
16 – COLE, Sally (1995:184) observa que não encontrou a tal carta, o que me leva a
supor que Ruth Landes se referia, de fato, aos pareceres de Ramos e Herskovits sobre
seu relatório. Mark Healey consultou o relatório de Landes e o cita, pelo título, como
um Research Memorandum, Columbia University, 1940.
17 – Transcrita em BARROS, 1999:108-109. Em setembro de 1941, Herskovits fez uma
conferência na Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, intitulada O Negro no
Novo Mundo como um Tema para Pesquisa Científica, transcrita, segundo AZEREDO
(1986:131) na Revista do Brasil (41), novembro de 1941. No mesmo dia, Ramos dis-
correu sobre O Problema da Raça no Mundo Moderno, também publicada na Revista
do Brasil 40, outubro de 1941. Tanto quanto sei, o conteúdo dessas e de outras conferên-
cias feitas na SBAE, e publicadas em jornais e revistas cariocas, ainda não foi analisado.
18 – Oito anos depois, o artigo de Carneiro traduzido por Landes aparece, em inglês,
como apêndice da primeira edição de Candomblés da Bahia (1948), com a observação
de que fora “ligeiramente alterado e com supressão de alguns trechos, na maior parte para
atualizá-lo”. Nesta edição, o número total dos candomblés permanece o mesmo (67), mas
a sua distribuição muda. Apesar de enfatizar a “importância superior das mulheres no
candomblé”, Carneiro observa que havia 37 pais e 30 mães no universo estudado, con-
cluindo que “hoje o número de pais e mães é igual.” O artigo deixou de ser incluído nas
edições subseqüentes do livro.
19 – Não vem ao caso aqui discutir a fundamentação empírica de Ruth Landes, trilha
que outros analistas já percorreram (ver, por exemplo, COLE, 1995). Mas parece interes-
sante observar que desde a época de Nina Rodrigues as mães-de-santo tinham prepon-
derância nos textos sobre os cultos. Numa passagem de sua descrição deles, Nina Rodrigues
começa por referir-se “aos negros” e continua, até o fim do parágrafo, falando “nelas”,
sem transição (1935: 110, citado na íntegra em CORRÊA, 1998:149). O mesmo parece
poder aplicar-se a vários trechos da análise de Roger Bastide (1971) que, não obstante
seu elogio ambíguo ao trabalho de Ruth Landes, prefere manter distância do debate so-
bre a predominância de homens ou mulheres nos cultos baianos. No início de seu traba-
lho, no entanto, ao explorar as origens africanas desses cultos, ele diz claramente que:
“Nessas condições [número menor de escravas do que de escravos; ignorância da paterni-
dade devido à falta de uniões estáveis], mesmo depois da obrigatoriedade do casamento, a
ligação orixá-linhagem masculina estava definitivamente rompida.”(1971:89)
20 – A desqualificação baseava-se tanto na afirmação de que Landes viera ao Brasil à
procura de “tribos negras”, conforme noticiado por um jornal carioca quando de sua
chegada, quanto em insinuações sobre seu comportamento no campo: “E eram as mais

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estapafúrdias as suas idéias sobre o ‘método’ de estudo da vida sexual dos negros. Esse
‘método’ era tão pouco científico que não me será possível dizer aqui em que consis-
tia.”(1942:184)
21 – RAMOS, A. 1942:189;192.
22 – M. Taussig define a faculdade mimética como “a natureza que a cultura usa para
criar uma segunda natureza, a faculdade de copiar, imitar, fazer modelos, explorar a dife-
rença, ceder ao e tornar-se Outro”.(1993: XIII) Analisando o contato colonial e várias
situações pós-coloniais, ele mostra como o dominado, definido como Outro – negros,
mestiços, mulheres – mimetiza o dominante, que antes o mimetizava, pondo assim em
xeque tanto a dominação como a noção de alteridade. Em todos os exemplos, o negro
“é o grau zero da alteridade”. Falando sobre os cuna, com suas figurinhas mágicas que
representavam brancos, mas cuja substância interior era nativa, Taussig pergunta porque
“era necessário esculpir formas exteriormente européias, ou não-índias?” Uma dessas fi-
guras era assimilada ao general MacArthur. Comparar com a assimilação feita entre Xangô
e Roosevelt ou Mussolini (LANDES, 1967:226). Ver também a menção à boneca bran-
ca feita por Luzia e às de mãe Flaviana (pp. 76;217). Se a mimetização dos dominados
pelos dominantes tinha sido o escândalo da obra de Nina Rodrigues (“Na Bahia, todas
as classes estão aptas a se tornarem negras.”), sua inversão, na análise de Ruth Landes,
passará quase despercebida.
23 – Diz Landes numa carta de abril de 1986: “ A ‘razão’ genérica dele ( Ramos), que
d. Heloísa e Édison Carneiro me repetiram, era que ele, Ramos, nunca ia ao campo para
observar ou conversar, mas chamava os informantes em seu consultório. Como Édison
escreveu, e todo mundo – inclusive a polícia! – sabia, eu estava sempre em campo, uma
jovem mulher de menos de 30 anos e conspicuamente loura.”
Ramos observava, em 1934, que ele e Hosanah de Oliveira, professor da faculdade de
Medicina, se “submeteram”, “para fins de pesquisa científica”, às “cerimônias de inicia-
ção dos ogans no terreiro do Gantois”, cerimônia conduzida pela mãe-de-santo (p. 51).
24 – Ver OLIVEIRA, W.F e LIMA, V. da C., 1987., p.31; AZEREDO, p.219. A rese-
nha está transcrita, na íntegra, em BARROS (1999: 132-135) e nela Ramos afirma ter
a autorização de amigos e parentes de Souza Carneiro para “denunciar aos intelectuais,
e especialmente aos estudiosos dos problemas folclóricos, ameríndios e negro-brasileiros,
o verdadeiro valor de um livro, que é uma criação mitológica individual”. Ao citar os
que “honesta e pacientemente” vinham estudando o “problema negro”, Ramos inclui o
nome de Édison Carneiro. Apesar disso, talvez a classificação do pai como um “mitoma-
níaco”, numa resenha publicada, fosse mais uma razão para Carneiro mencionar o “orgu-
lho e vaidade” de Ramos mais tarde – sua viúva contou a Oliveira e a Lima que a rese-
nha quase levou ao rompimento das relações entre ambos, na época.
25 – Ver a lista de pesquisas orientadas por Ramos em BARROS (1999: 61) e seguintes,
onde são citadas pelo menos duas pesquisas sobre “populações primitivas” – que, no con-
texto, tanto poderiam referir-se a grupos indígenas quanto a grupos negros.
26 – A tese que Heloísa Alberto Torres preparou – e que, afinal, não foi apresentada –
para o concurso da cadeira que tinha sido de Arthur Ramos, em 1950, versava sobre:
Alguns Aspectos da Indumentária da Crioula Baiana. A tese de Arthur Ramos, escrita para
a obtenção do título de doutor e habilitação para a cátedra de antropologia e etnologia,

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em 1946, tinha por título: A Organização Dual entre os Índios Brasileiros. D. Heloísa
fazia parte da banca que considerou “modesta” a sua contribuição (AZEREDO:82;219).
27 – Essa disputa fica nítida na correspondência trocada entre Heloísa e Ramos, antes
da viagem deste a Paris, numa carta na qual ele deixa claro que a sua definição de an-
tropologia era diferente da definição que atribuía a Heloísa. (Ver AZEREDO, 1989).
28 – As disputas das quais Herskovits participou no cenário americano mostram sua inten-
ção de alijar do campo os adversários de suas teorias: W.E.B. Du Bois, Franklin Frazier, Robert
Park e Lloyd Warner. Ver JACKSON, Walter, 1986, que, no entanto, não menciona Ruth
Landes. No contexto da crítica de Herskovits ao livro de Landes, é interessante observar que
o casal Herskovits tinha feito um popular account sobre sua experiência no Suriname – Rebel
Destiny (1934) – muito semelhante ao relato de A cidade das mulheres, aspecto que ele lou-
va em sua resenha
29 – Na sua correspondência com Arthur Ramos, Donald Pierson é freqüentemente
crítico do ponto de vista de Herskovits e favorável ao de Frazier. Numa carta de 24 de
novembro de 1937, por exemplo, comentando o livro de Ramos As culturas negras no
Novo Mundo, observa a diferença entre a Bahia, “onde o ritual de candomblé segue uma
forma definida, fixa, cuja origem é sem dúvida africana” e o sul dos Estados Unidos,
onde “o escravo negro das plantations tinha previamente perdido todas as formas cultu-
rais que tivera na África”, acrescenta: “ Não desconheço o fato de que um antropólogo
muito capaz, o dr. Herskovits, tem outra posição. Mas minha posição é baseada na pesqui-
sa de primeira mão e detalhada, do sul, feita por observadores tão sagazes desse proble-
ma como o dr. Robert E. Park.” Em outra carta, de 10 de agosto de 1940, inclui trechos
do livro de Frazier (The Negro Family in the United States), que mandara copiar para
Ramos “com a confiante expectativa de que esses dados, especialmente as notas, seriam
de muito interesse”. Há todo um parágrafo dedicado a elogiar o livro e sua metodolo-
gia. Nesta carta, Pierson também anuncia a vinda de Frazier ao Brasil, no mesmo perío-
do em que Ramos estaria nos Estados Unidos. Pierson lembrará, em outras cartas, no-
mes de pessoas e instituições que Ramos deveria visitar e certamente não terá gostado
da carta em que Ramos anuncia que estava indo para a Northwestern University, a con-
vite de Herskovits – a quem alude mais uma vez nessa correspondência, lamentando que
Ramos não estivesse no Brasil quando da visita de Frazier, já que o interesse dele, e de
outros pesquisadores que recomenda, “não está limitado, como no caso de outros de nos-
sos conterrâneos, a uma mera catalogação de sobrevivências culturais africanas e à procu-
ra de sua origem e difusão” (carta de 11 de setembro de 1940). Na correspondência,
mantida entre 1935 e1949, nenhum dos dos missivistas comenta a opinião do outro so-
bre Herskovits ou Frazier.
30 – FRAZIER, Franklin, The Negro Family in Bahia, Brazil, American Sociological Review
VII, 1942, p. 472.
31 – Não posso acompanhar aqui todo o debate sobre a “família negra”, suscitado por
essa discussão entre Frazier e Herskovits: para uma visão mais completa, ver SLENES,
Robert, 1999.
32 – HERSKOVITS, Melville The Negro in Bahia, Brazil: a Problem in Method, American
Sociological Review VIII, 1943, p. 401. O rejoinder de Frazier saiu neste mesmo número
e nele ele volta a citar os artigos de Landes e Carneiro, que haviam saído em 1940.

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33 – Sobre Hurston, ver HERNÁNDEZ, Graciela, 1995. Nesse contexto é interessante lem-
brar que Hurston, uma aluna negra de Boas, que depois se tornou novelista, foi assistente de
pesquisa de Herskovits, que dizia sobre ela numa carta de 1927, depois de vê-la cantando
spirituals: “(sua) maneira de falar, suas expressões – em suma, seu comportamento motor –
(eram) o que se poderia chamar tipicamente negros. (Esses movimentos tinham se) manti-
do como um padrão de comportamento aprendido através da imitação e do exemplo com
os escravos africanos originalmente trazidos para cá.”(citado em JACKSON, p.107)
34 – Numa carta que me escreveu, quase cinqüenta anos depois de sua pesquisa no Brasil,
Landes assume com clareza o papel simbólico da negra dizendo sobre esse ataque: “Their
calumnies were symbolic rape on me”(carta de 6 de abril de 1986). Sobre o contexto
hostil em torno da discussão da questão racial pela Unesco, logo após a Segunda Guerra,
ver STOLCKE, 1995. Vale lembrar que Alva Myrdal, esposa de Gunnar Myrdal e de-
pois chefe da Divisão de Ciências Sociais da Unesco, teve seu visto de entrada nos Estado
Unidos negado em 1953, no auge daquela discussão (MÉTRAUX, 1978:497).
35 – Sobre as pesquisas financiadas pela Unesco no Brasil, ver STOLCKE, Verena (1995)
e MAIO, Marcos Chor (1997): a análise de ambos mostra que, mais do que estabelecer
o roteiro dessas pesquisas, o legado de Arthur Ramos foi pôr em marcha a célebre dis-
cussão que redundou nas disputadas declarações da Unesco sobre raça (Unesco, 1973).
Verena Stolcke segue passo a passo os interesses em disputa no grupo de cientistas
encarregados da missão de definir “o racismo frente à ciência”, título da declaração
final, e os diários de A.Métraux (1978) mostram as atribulações do encarregado de
levá-la a cabo.
36 – O livro de NASCIMENTO, Abdias do (1982) parece ser o melhor indicador dis-
so: ver suas críticas a Carneiro e Costa Pinto que se teriam insurgido contra o conceito
de negritude (p.99) e sua acusação de que Édison Carneiro estava perdendo a cor... Sobre
a importância da Sociedade Africana de Cultura, cujo primeiro congresso internacional
ocorreu em Paris em 1956, e sua proposta de tornar-se uma “sociedade cultural do mun-
do negro”, ver FANON, 1974.

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MINHA A D O R AV E L L AVA D E I R A :
UMA ETNOGRAFIA MINIMA EM
TO R N O D O E D I F I C I O T U PI

Olívia Maria Gomes da Cunha


Departamento de Antropologia Cultural
Universidade Federal do Rio de Janeiro

“(...) fiquei alimentando a idéia de ter um encontro com o sargento Padre Nosso,
um que foi preso há pouco tempo. Falando aqui em casa, Sinhá Maria disse que
o conhecia e se prontificou a ir chamá-lo (...) em pouco já o tinha junto de mim.
É um preto alto, não muito preto. Entrei de ‘rijo’ no assunto. Mostrei seus retra-
tos, os jornaes que deram as suas entrevistas, falei no Valdevino, na ‘louvação’ que
fez na Perseverança, mostrei um trabalho seu publicado na Revista Contemporânea
(...) e a proporção que eu ia lendo o preto ia se enthusiasmando, chegando as ve-
zes a se levantar e a me dar a mão. Dahi para frente foi aquella garapa.”1

M
anhã de sol, porta dos fundos de um apartamento amplo e claro na
Zona Sul carioca. Uma moça escura cruza assustada a cozinha em di-
reção ao quarto de empregada. Troca-se. Na cozinha, parece mais
clara, quase da cor do seu avental. Branca. Bebe um copo d’água enquanto ajei-
ta o coque envolvido numa rede. Seu nome é Eulina. Enquanto se dirige ao tanque,
a cozinheira Guilhermina percebe sua afobação. Dr. Arthur é chamado e ao chegar
pede que Eulina lhe conte o que ocorreu. Dr. Arthur ouve atento o que Eulina tem
a dizer. Guilhermina se benze e balança a cabeça. Meia hora depois, dr. Arthur vai
à biblioteca e anota numa folha de papel o que ouvira de Eulina. A partir daqui,
minha imaginação cede a vez para as notas do dr. Arthur Ramos.

“Terça-feira, 21 de outubro de 1948, Eulina (nossa lavadeira, mulata, católica)


informou que no bonde do Leme, às 10h da manhã, uma moça tinha tido ‘umas
coisas’ ao lado dela, no mesmo banco. E que o condutor dissera: ‘Ora veja, rece-
ber o caboclo num lugar destes!’ Ao descer do bonde, na frente da esquina de
Gustavo Sampaio com Anchieta, ao mesmo tempo que Eulina (o apelido de Eulina

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é Mulatinha), (a pessoa) estava completamente boa. Tudo isso impressionou muito


Eulina que lavou os braços, os rostos e as mãos, logo que entrou em nossa casa,
no tanque, e ia dizendo afobada: ‘Não gosto disso, não gosto de ver essas coisas,
cruz!’ Guilhermina ficou também quieta e impressionada. E (diante de) uma su-
gestão minha que talvez não fosse uma legítima ‘queda no santo’, informou que
seu Bertoldo (o antigo pai-de-santo conhecido dela), quando queria saber no
Terreiro que ele dirigia se uma pessoa estava realmente com o santo, batia-lhe
com uma vara de pinhão roxo. Se a pessoa gritava, a queda no santo era falsa.”2

É possível que Arthur Ramos tenha lançado mão de suas técnicas psicanalíticas
para testar a veracidade do temor que sua lavadeira Eulina dizia sentir, ao ver ce-
nas como aquelas num bonde carioca. Na interpretação de alguns dos autores que
o haviam influenciado em sua formação em psiquiatria e medicina legal durante
os anos 20 e 30, a queda do santo ou a possessão era um fenômeno explicável
através das noções de sugestão e imitação. Talvez por isso, um estilo anamnésico
perpassa grande parte dessas notas. Não há qualquer mediação – sob a forma de
dúvida, hesitação ou perplexidade – entre o antropólogo e sua informante-
lavadeira Eulina: é o primeiro que observa, indaga e transcreve o que lhe foi rela-
tado, lembrado e sugerido. Em outras notas, seu tom reticente sugere poucas
certezas. Suas anotações sobre a cozinheira Guilhermina, por exemplo, estão
povoadas de dúvidas. Nelas, as interpretações oferecidas para o que o próprio
Ramos denominara sincretismo afro-brasileiro, parecem desestabilizar quadros
anteriores, alimentados com informações semelhantes às que aparecem na epí-
grafe. A amedrontada Guilhermina também andava freqüentando a casa de uma
vidente nada ortodoxa: d. Zilá. Nas notas de Ramos, percebe-se seu interesse em
perscrutar um campo de significados situado além das fronteiras dos cultos afro-
brasileiros.3

“Jorgina Guilhermina. Minha empregada, preta, católica, nascida e criada numa


fazenda de Belford Roxo informa que não conhece outro nome para N. S. da
Penha. A família dela, tios, primas, mora(m) em Belford Roxo e todos os anos há
muito tempo vão à festa da Penha. Gostava(m) de ver as mulheres sambar mas
já não o fazem mais, por ordem da polícia. Informa que o domingo de novem-
bro é dos barraqueiros, família não vai; e é só para homens – os barraqueiros, e
mulher, só as que não se importam com certas coisas. Informa que S. Jorge é
Ogum, S. Sebastião é Oxóssi e N. S. da Conceição é Oxum etc. Para curar a úlce-
ra de que se operou, correu tudo que foi sessão espírita e viu que o pessoal espí-
rita fala mal dos da macumba. Às vezes misturam tudo, as linhas etc.

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Tem um tio muito velho que mora em casa própria e que se casou com a mulher
quando já tinham netos. As moças da família são todas casadas e com funcionários
do governo: Lloyd, Central etc. Que na casa da viúva de um que foi taifeiro do
Lloyd há um armário cheio de jarros e bandejas de alumínio que ele carregava
para casa. Era muito bom para os filhos e a mulher.”4

Essas notas sugerem que, por volta de 1948, cerca de um ano antes de sua
morte precoce, Ramos fazia uso de outras idéias para explicar o universo religioso
no qual transitavam Eulina e Guilhermina. Todavia, as mudanças de enfoque
não anulam o que chamei estilo anamnésico. Certamente não foi essa a primeira
vez que Ramos registrou informações dessa natureza em pedaços de papel, pe-
quenas notas e diários. E em grande parte desses escritos podemos perceber a
combinação de procedimentos caros à relação médico-paciente se misturando a uma
forma singular de lembrar, fustigar a memória e construir, verbalmente ou através
da escrita, algum tipo de reminiscência. Uma forma de instaurar/produzir uma
memória e um tipo particular de “relato” comumente feito pelo “paciente” graças
à “cordialidade inquiridora do médico”.5 Nos escritos de Ramos, a intimidade en-
tre as imagens do paciente/informante e do médico/antropólogo não constitui uma
metáfora. A continuidade estilística ganha relevância se observarmos essas trans-
formações de enfoque que vão caracterizar essas notas, a partir de um olhar pros-
pectivo. Em seus relatórios sobre os internos no Hospital São João de Deus, em
Salvador, no final da década de 1920, em visitas a parentes em sua cidade natal,
Pilar, e em sua clínica no centro do Rio de Janeiro, o dr. Ramos já experimen-
tara situações semelhantes.
Com essa observação, não quero dizer que as experiências de Ramos que en-
volveram a coleta e aquisição de conhecimentos dessa natureza tenham estado
unicamente marcadas por relações de distância, autoridade e hierarquia – seme-
lhantes às que opõem médicos e pacientes. Os atores que Ramos transformou
em objetos de um olhar científico e distanciado – trabalhadores rurais, porteiros,
faxineiras e pacientes de instituições médico-judiciárias – não foram personagens
passivos e silenciosos. As relações estabelecidas nesses contatos – mesmo aqueles
mediados por assistentes como Otinha – certamente foram muito mais comple-
xas e, portanto, estão sujeitas, unicamente, às conjecturas. Domesticidade, inti-
midade e cumplicidade perpassam as formas de contato e comunicação entre o
antropólogo e as personagens que povoaram os diferentes cenários nos quais
Ramos atuou. Essas relações se desenvolveram ao longo de um processo de transfor-
mação na própria carreira profissional de Ramos. Ao mesmo tempo em que Ra-
mos se convertia de médico em antropólogo, seus pacientes passaram à condição

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de informantes e nativos. Nesse caminho, o universo da alteridade – radicalmente


oposta na experiência anterior – foi refeito (di Leonardo, 1998; Peirano, 1998).
A construção de um “outro”, sob uma perspectiva antropológica e em contexto
de intenso nacionalismo que condicionava o olhar autorizado em torno do “ne-
gro” no chamado Novo Mundo, implicou rearticular outras formas de relacio-
namento. Afinal, observadores e observados vivenciavam, ainda que de maneira
diversa, a condição de nacionais. Logo, é através de um discurso entrecortado
por essa condição de nacionalidade pactuada que as relações de alteridade serão
estabelecidas num campo antropológico em formação.
Todavia, os anos 1930, momento em que de fato inicia suas pesquisas de cam-
po, aliando-as a atividades profissionais distintas, marcam uma maneira de apreen-
der o diferente, diverso e exótico através de uma singular divisão social e sim-
bólica do trabalho intelectual. Embora os critérios de especialização num difuso
campo antropológico, em vias de institucionalização no país, tenham sido im-
precisos, as carreiras profissionais bem-sucedidas evidenciam a confluência de
marcadores de classe, cor e gênero na definição de quem foram os antropólogos
e seus “outros” (Peirano, 1981; 1998). A especialização de um campo de conheci-
mentos e práticas adjetivadas como antropológicas, combinada a um amplo pro-
cesso de reforma das instituições nacionais, não foi fenômeno que caracterizasse
exclusivamente o processo de profissionalização da disciplina no Brasil. Como
apontou Clifford, o trabalho de profissionalização da disciplina resultou na com-
plexa distinção de territórios de interesse e desenvolvimento de políticas etnográ-
ficas que opunham “profissionais”, “amadores” e “folcloristas” (1983).6 Ramos foi,
sem dúvida, um dos personagens paradigmáticos desse período (Corrêa, 1998).
Contudo, os dilemas que perpassam a configuração de um território de produção
de conhecimentos sobre as apreensões sociais da igualdade e da diferença, carac-
terizado por posicionalidades naturalizadamente definidas, constituem o ponto ne-
vrálgico de discussões recentes sobre o que, inspirando-me em Bourdieu, apontei
caracterizar uma singular divisão social e simbólica do trabalho intelectual (Bourdieu,
1973; Abu-Lughod; Narayan, 1993).
Essa questão nos oferece a possibilidade de compreender a convivência de es-
tratégias distintas de estabelecer relacionamentos pessoais, seja na clínica, seja no
contexto etnográfico – mesmo que nem sempre Ramos estivesse presente. Notas,
cartas e trechos de diários sugerem que alguns “informantes” negociaram com
Ramos – direta ou indiretamente – a extensão e natureza de suas informações.
Tais negociações envolveram, por vezes, prestígio, dinheiro e outras concessões.
Otinha parecia estar consciente da troca de bens simbólicos que fazia parte de
sua atividade de pesquisa e contatos com o povo da seita. Esses eventuais es-

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cambos requereram dela uma imensa habilidade ao falar em nome de Ramos e


ao mesmo tempo sobre Ramos. “Tenho notado”, confessava ao antropólogo, “que
eles querem se aproveitar de mim, querem que eu consiga licença para a seita
funcionar sem interrupção (...)”. Sem entrar em detalhes de como negociaria o
prestígio e o nome de Ramos entre as autoridades locais, Otinha se dirigia a
Ramos num tom mais pragmático, o que sugeria total desenvoltura com os per-
calços encontrados na sua constante inquirição. “(…) Perguntei a Padre Nosso
se tinham algum livro que ensinasse todas as palavras de nossa língua para o
africano. Disse que não e que o velho, o Babalorixá, é que ensina muita coisa.
Quero ver se consigo agradar o velho e apanhar um bocado de coisas. Se você
tem alguma coisa que deseja saber, será bom dizer, porque assim será mais fá-
cil para mim. Ou melhor, escreva, dizendo o que deseja que eu consiga do
velho babalorixá.”7
Pelo menos num período inicial de sua carreira de antropólogo, outros “as-
sistentes”, “colaboradores”, “alunos”, amigos e familiares de Ramos foram figuras
chave na mediação do seu contato com as personagens que povoavam o campo
no qual se transformara, pouco a pouco, em especialista. Seu tenso, embora amis-
toso, relacionamento com Édison Carneiro, a quem, por vezes, se referia como
um “aluno”, revela parte importante do método de pesquisa adotado por Ramos
durante os anos 1930 – momento no qual sua autoridade nos assuntos afro-
brasileiros é definitivamente estabelecida. Exilado – em grande parte por motivos
políticos, mas, também, na condição de escritor devotado à preparação de seus
livros sobre religiosidade afro-brasileira –, Édison produz, compartilha e inter-
preta vários textos, informações e imagens enviadas a Ramos. Mesmo que as bases
dessa colaboração não reflitam uma insuspeita relação de amizade, seus limites
pareciam claros. Na correspondência entre os dois, Édison parece encarnar volun-
tariamente a figura de um cordial e aplicado coletor de informações e Ramos,
um nada inocente e provável editor de seus escritos. Curiosamente, essa imagem
se dissipa se atentarmos que, para além das diferenças quanto às formas de trata-
mento e interlocução, não havia grandes distâncias nos métodos utilizados por
ambos na obstinada coleta de informações sobre as populações negras. De Mar
Grande, em Itaparica, Carneiro relatava seus progressos ao seu provável editor e
prometia mais material: “Também pensei em lhe mandar um vocabulário malu-
co, nagô-português, que eu e Guilherme Dias Gomes (que afinal está no Rio)
tentamos, em 1933, arrancar do pai-de-santo e babalaô do Engenho Velho, Mar-
tiniano do Bonfim. Mas mudei de idéia. Vou mandá-lo ao Renato de Mendon-
ça, que é especialista no assunto – e suponho que com sua aquiescência.”8 Essa
reciprocidade nem sempre foi publicamente explicitada. Só depois da morte de

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Ramos e a propósito da celeuma deflagrada pela reação do antropólogo à publi-


cação do livro de Ruth Landes, Édison Carneiro expõe suas impressões sobre a
pouca afinidade de Ramos com a pesquisa (Carneiro, 1964).9
As mesmas observações podem ser feitas com relação a seus investimentos na
utilização, interpretação e publicação da obra de Manuel Querino. O espólio in-
telectual do historiador e cronista Manuel Querino foi alvo de disputas entre sua
família e aqueles que então ganhavam notoriedade pública como especialistas nos
estudos sobre os negros na Bahia (Corrêa, 1998). Em 1938, em meio às comemo-
rações oficiais do cinqüentenário da Abolição, a bibliografia de temas afro-bra-
sileiros era enriquecida por um volume de rara importância. Manuel Querino,
um autodidata preto e pobre e que “escreveu sobre sua gente”, finalmente, seria
publicado. Essa condição dava ao seu livro não só um valor histórico distinto,
mas, àqueles que o promoveram, uma cumplicidade poderosa. A disputa em
torno de seus escritos, porém, revelava que não só os seus descobridores e patro-
cinadores tinham consciência do valor da obra de Querino no mercado intelec-
tual e editorial. Na verdade, a organização dos manuscritos de Querino deu a
Ramos o poder de costurar, sob o rótulo dos temas “africanos”, escritos de natu-
reza diversa sobre culinária, história e geografia. Amigo pessoal, figura influente
na cidade e um dos “informantes” mais citados nas etnografias realizadas na Bahia
nos anos 1930 e 40, o médico Hosanah de Oliveira escrevia a Arthur Ramos em
1936: “(…) pois a filha de Querino estava muito doente, vindo a falecer, final-
mente. O representante da família, marido da falecida, é um negro muito desca-
rado. Várias vezes fui a sua casa e ele fica sempre de me procurar e até hoje
não o fez. A carta contrato está em seu poder, só faltando assinar. Quando lhe
dei a carta e lhe expliquei o negócio, ficou ele de consultar alguns amigos para
me responder (…).”10
Dois meses depois, sem qualquer novidade a respeito do “negócio Querino”,
Hosanah dava conta de que o “tal negro seu genro” se havia metido com uns
“negócios atrapalhados”, tendo que sair da cidade. A negociação avançou para o
ano seguinte e, mesmo depois de ter cedido os manuscritos de Os costumes africanos
no Brasil (1938) para a coleção organizada por Ramos, o médico baiano reclama-
va das “apoquentações” do genro de Querino.11
Por fim, tanto os contatos de Otinha quanto a tensa relação de Ramos com
Édison Carneiro e as negociações de Hosanah de Oliveira com o genro de Manuel
Querino constituem-se exemplos do que me referi como sendo a constituição de
um campo de práticas de pesquisa entrecortado por relações de autoridade e do-
mesticidade. A identificação dos pontos de tensão que marcam essas relações e
os modos através dos quais foram vertidas em “material etnográfico” não é exa-

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tamente uma novidade. Todavia, as notas, correspondências e relatos que des-


crevem essas relações não deixam de colocar em relevo distintas intervenções e
experiências em torno da pesquisa, utilizadas pelo autor ao longo de sua trajetória
intelectual. Embora, em toda a sua extensa bibliografia, Ramos não tenha produ-
zido textos cujo caráter seja, estrito senso, etnográfico, notas produzidas por ele
e a ele enviadas por seus diferentes colaboradores revelam como o próprio Ramos
concebia as práticas que consagraram sua conversão de médico em antropólogo.12
A leitura das notas de Ramos nos permite perscrutar um território pouco explora-
do da prática antropológica. Como ressalta Rena Lederman, enquanto o trabalho
de campo e a etnografia têm sido objeto de acuradas leituras e críticas, devido ao
seu caráter pessoal, supostamente inconcluso e provisório, as “notas de campo” têm
sido ignoradas como objetos de análise (1990: 73). A propósito das diferenças
entre “notas de campo” e etnografia, James Clifford argumenta que “a identidade
das notas de campo como um corpus discreto depende de uma especialização
difícil de ser mantida, um conjunto específico de distâncias, fronteiras e modali-
dades de viagem (...)” (Clifford, 1990: 64). As notas produzidas por Ramos em
situações pessoais/profissionais diversas nos possibilitam, ao menos, revolver um
campo intrincado de discursos sobre os primórdios da antropologia dedicada aos
temas afro-americanos produzida no Brasil. A suposição, comumente sugerida
em tom acusatório (Carneiro, 1964), de que Ramos não foi exatamente um field-
worker, acaba por qualificar não somente certos “pais fundadores” em detrimen-
to de figuras periféricas, bem como práticas e procedimentos de pesquisas.
Ao focalizar, não exclusivamente, mas com maior detalhe, o material etnográfico
utilizado por Ramos, proponho um outro caminho de análise.13 Não só as ano-
tações de uma inacabada etnografia sobre a vida e religiosidade das classes po-
bres no Rio de Janeiro produzidas no final dos anos 1940, como notas de diários
e textos contendo informações colhidas ao longo de sua viagem e pesquisa no sul
dos Estados Unidos, nos sugerem que Ramos tinha seus próprios modelos do
que chamava pesquisa de campo e etnografia, modelos que, em certa medida, não
eram tão distintos daqueles que marcaram experiências vivenciadas por antropólo-
gos de sua geração e com os quais partilhou interesses temáticos e afinidades
teóricas. Há, certamente, hiatos e silêncios interessantes nas marcas dessa passa-
gem pelos EUA, que serão a seguir explorados. Assim, não só as notas de um es-
tranho campo construído por Ramos ao redor do Edifício Tupi, mas as descrições
de viagens e pesquisas que concebeu como sendo de caráter etnográfico, podem
nos ajudar a revolver diferentes níveis de compreensão sobre qual tem sido o seu
lugar em tentativas de produção de uma narrativa histórica sobre a antropologia
no Brasil. Todavia, é preciso advertir o leitor de que não partilho da fantasia de

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que os documentos exumados do arquivo de Ramos sejam capazes de revelar o


desconhecido ou comprovar versões prescritas da sua biografia. Minha leitura da
coleção/arquivo de Ramos é tão seletiva quanto a lógica que, pretendo demons-
trar, marcam seu projeto autobiográfico. Como observa Rousso, “existe um abis-
mo entre aquilo que o autor de um documento pôde ou quis dizer, a realidade
que esse documento exprime e a interpretação que os historiadores (mas tam-
bém os antropólogos) que se sucederão em sua leitura farão mais tarde: é um
abismo irremediável, que deve estar sempre presente na consciência, pois assi-
nala a distância irredutível que nos separa do passado, essa ‘terra estrangeira’”
(1996: 90).
Ao trazer notas periféricas e inconclusas de Ramos para o centro da minha
análise, estou ciente dos perigos de tornar demasiado presentistas minhas re-
flexões sobre as semelhanças que imagino guardarem com a fase inicial de sua
carreira – ao longo da qual informantes distantes foram incorporados às suas análi-
ses sobre religiosidade afro-brasileira. A heterogeneidade e a forma pela qual es-
tas notas foram incluídas no arquivo do antropólogo me fazem hesitar diante de
uma simples tarefa descritiva. Observando criticamente a lógica de seu arquivo
e a forma pela qual essas experiências foram convertidas em documento e artefa-
to, me parece mais oportuno refletir sobre a tarefa do Ramos-arquivista-cole-
cionador – ou daqueles que se ocuparam de sua organização após a morte do
antropólogo. Certamente, há diferenças tanto nas formas de inscrição, descrição
e transcrição desses textos, como nas lógicas que permitiram sua inclusão na
coleção/arquivo do autor. Enquanto as várias estratégias de produção de texto
empregadas irão determinar de que forma falas, gestos e silêncios foram traduzi-
dos e interpretados em “notas de campo” e etnografia, as lógicas de inclusão no
arquivo irão orientar e condicionar futuras leituras em torno de corpos discretos
de conhecimento.14 Observando o material depositado no arquivo de Ramos à
luz de um repertório de discussões mais amplas e que dizem respeito não só ao
uso de cartas, fragmentos de textos e papéis mantidos em arquivos pertencentes
a antropólogos, mas à reflexão sobre seus contextos de produção e arranjo, meu
propósito é focalizar pontos específicos de alguns deslocamentos na trajetória de
Ramos (Lederman, 1990; Trouillot, 1995; Des Chenes, 1997). Meu objetivo é
compreender o lugar da viagem e da pesquisa de campo nas experiências de
Ramos, bem como a relação estabelecida entre ambas – seja como modalidades
singulares de produção de um certo conhecimento antropológico, seja como mar-
cas de um processo de conversão intelectual capaz de reconfigurar a trajetória
profissional do autor.15 Não só a experiência etnográfica que iniciou já no final
de sua vida –, inventando um campo de observação através de redes de infor-

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mantes-porteiros, faxineiros, lavadeiras e seus conhecidos no Leme, e suas pe-


rambulações em terreiros e sessões espíritas em Belford Roxo, Acari e Abolição –,
mas também a sua tentativa de transformar certas viagens em situações de obser-
vação especializada serão focos da minha atenção.

C A RTO G R A F I A S E V I A J A N T E S M O D E R N O S

Como salientou Mary Louise Pratt, parte substancial das narrativas de viagem
descreve encontros e, inevitavelmente, põe em evidência zonas de contato, nas
quais os viajantes que observam – culturas, povos e histórias – têm sua subjeti-
vidade em relevo cada vez que definem, traduzem e classificam o outro (1992:
7). É recente a literatura que tematiza diferentes modalidades de narrativas de
viagem experimentadas por exploradores, aventureiros, administradores, jorna-
listas e escritores ao longo do século XX, quando a figura do antropólogo repre-
sentando uma categoria especial de viajante ganhou um lugar de proeminência.
Ainda assim, como muitos autores têm chamado atenção, as etnografias conti-
nuam a manter uma forte afinidade e semelhança estilística com as narrativas de
viagem (Fabian, 1983; Scott, 1989; Clifford, 1989; 1992; Pratt, 1992). Muitas
experiências etnográficas produzidas nas primeiras décadas do século XX es-
tiveram marcadas pela presunção de que tais viajantes – os antropólogos – eram
dotados de dons especiais que os tornavam capazes de transpor fronteiras tem-
porais e espaciais, bem como conhecer, descrever e interpretar aquilo que o olhar
não iniciado enxergaria apenas como exótico e diverso (Rosaldo, 1986; Clifford
& Marcus, 1986). As atividades desempenhadas pelos antropólogos, todavia, têm
implicações que ultrapassam formas de deslocamento simplesmente espaciais. A
etnografia – gênero particular de relato e escrita destinado a documentar formas
de conhecimento resultantes de distintas experiências envolvendo encontros, con-
tatos e formas de observação – não consistiu em virtude de um viajante oniscien-
te, ou mesmo, nas palavras de Sérgio Cardoso, não se resumiu a uma suposta
“ingenuidade do vidente” (1988: 349). Ao tratar a viagem – e sobretudo aque-
las de caráter etnográfico – como sendo uma forma singular de “deslocamento”,
Lévi-Strauss imaginou um percurso entrecortado por diferentes tipos de relações,
vínculos e formas de comprometimento. “Em geral”, argumenta, “conhecemos
as viagens como um deslocamento no espaço. É pouco. Uma viagem inscreve-se
simultaneamente no espaço, no tempo e na hierarquia social. Cada impressão só
é definível se a relacionarmos de modo solidário com esses três eixos, e, como o
espaço possui sozinho três dimensões, precisaríamos de pelo menos cinco para

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fazermos da viagem uma representação adequada” (1996 (1955): 81). A com-


preensão acerca dessas formas de deslocamento deve ser ampliada. Refletir acer-
ca da experiência de viagem a partir da análise das três dimensões apontadas por
Lévi-Strauss nos oferece a possibilidade de compreender as distintas operações
que transformaram a prática etnográfica num tipo qualitativamente diferencial
de observação, envolvimento e descrição. Por outro lado, também nos possibili-
ta concebê-la como uma atividade de reflexão pós-fato.
A própria caracterização das escolhas e projetos em torno da definição do cam-
po antropológico, problematizado por Mariza Peirano ao focalizar a maneira pela
qual a alusão ao acaso aparece em narrativas que revisitam trajetórias profissio-
nais, nos sugere um trabalho de classificação e qualificação da viagem realizado
a posteriori (1992).16 Nesse sentido, podemos suspeitar que viagens não previamen-
te imaginadas como pesquisa de campo foram de grande importância na con-
figuração de quadros comparativos e na reflexão teórica dentro de certos corpos
de conhecimento. Resultam de projetos anteriores e envolvem conflito, conquista
e relações desiguais de poder. “Ir e retornar”, ressalta David Scott, são movimen-
tos que “organiza(m) as disposições geográficas e epistemológicas do olhar antro-
pológico” (1989: 78). Seguindo criticamente os passos de Edward Said, James
Clifford mostra que a análise de algumas viagens realizadas por intelectuais já no
século XX permite repensar certas definições conferidas a experiências tradicio-
nalmente vistas como sendo o seu oposto: a reflexão e a produção teórica. Nesse
caso, dificilmente poderíamos caracterizar aparentes oposições tais como desloca-
mento/reflexão e viagem/teoria como noções antitéticas, pois não se reduzem a
atividades que exigiram ora a localização, ora a dispersão e o exílio. Ao contrário,
tais dimensões comumente descritas sob a forma de oposição deveriam ser com-
preendidas como uma “série de localizações e encontros, viagens no interior de
diversos, ainda que limitados, espaços” (Clifford, 1989: 182). Ao mesmo tem-
po, ao ocorrerem mais em certas direções e se mostrarem histórica e disciplinar-
mente localizados em certos centros de gravidade, tais movimentos não podem
ser vistos como algo aleatório ou inocente (Scott, 1989: 78). Essa perspectiva
multifocalizada tão pouco poderia ser reduzida a sua dimensão textual, na qual
a reificação do deslocamento se explicita através de uma estratégia discursiva e
estilística. Mais do que isso, tanto as impressões de viagem vertidas em um certo
tipo de relato quanto sua transformação em texto etnográfico são frutos de expe-
riências concretas, que incorporam descrições da realidade social através de ope-
rações de dominação e subordinação (Said, 1989; Rosaldo, 1989: 116). Ainda
assim, James Clifford chama atenção para as diferenças que entrecortam as expe-
riências dos viajantes e, uma vez transformadas em algum tipo de narrativa, suas

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formas de veiculação e circulação. “O viajante moderno”, adverte, “diferente do


etnógrafo, não tem campo, só uma rota, nenhum corpus de dados classificados,
só a narração. As ‘descrições’ de viagens primárias são registradas em jornais e
não em notas de campo. Como essas diferenças genéricas e profissionais têm sido
constituídas e mantidas” (1990: 65)? Ou mesmo, caberia indagarmos até que
ponto o destino dessas experiências é responsável pela alteração e requalificação
daquilo que foi experimentado, descrito e narrado? Nas palavras de Lévi-Strauss,
o “viajante moderno” dissimula seu conhecimento sobre o objeto. A estranheza
não mais se impõe como experiência mediadora dos encontros. “O viajante moder-
no é menos surpreendido do que admite (...) a busca do exotismo resume-se à
coleção de estados antecipados ou retardados de um tema que nos é familiar”
(1996 (1955): 82).
A ambigüidade que denota essa semelhança de gêneros de escrita pode ser
transposta para a complexa relação entre notas de campo e etnografia. Nem to-
das as notas transformam-se em objeto da reflexão etnográfica, da mesma forma
em que nem sempre essa última se reduz à interpretação direta e exclusivamente
vinculada às experiências vivenciadas no trabalho de campo. A etnografia pode
ser, e por vezes tem sido, resultado de investimentos diversos que comportam des-
crições e reflexões sobre viagens vividas e imaginadas. Resta-nos compreender de
que maneira e por meio de que operações, experiência sociológica e imaginação
convergem no texto etnográfico, e também em que arenas discursivas se transfor-
mam relatos autorizados sobre identidade e diferença (Massi, 1992: 193; Lederman,
1990). Essas considerações nos ajudam a problematizar, sob uma perspectiva
histórica, uma associação já não mais banalizada, mas que à época em que Arthur
Ramos produziu era muito comum: a idéia de que toda e qualquer viagem reali-
zada por esses profissionais da observação especializada poderia ser traduzida em
um estilo particular de descrição. Essas experiências trouxeram implicações par-
ticularmente importantes na configuração de um campo de estudos interdisci-
plinares no qual Ramos se viu um autorizado precursor e especialista. As lógicas
responsáveis pela construção e direcionamento dos focos de atenção, escolha,
comparação, bem como os limites que caracterizaram a objetificação do afro-
americano nos anos 1930 e 40 do século passado, resultaram de experiências
de deslocamento e transposição de fronteiras – bem como projetos de viagens –
de natureza diversa. Como Ramos, outros intelectuais latino-americanos con-
temporâneos produziram narrativas semelhantes sobre o afro-americano, nas
quais temas como “raça” e nação foram confrontados e focalizados como leituras
fragmentadas, frutos de deslocamentos não só de ordem teórica mas, sobre-
tudo, política.

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Vários estudos recentes têm focalizado seja o caráter transnacional, seja a comple-
xidade política das intenções e projetos que orientaram um grupo de intelectuais
em direção à formulação de um objeto de atenção cujas fronteiras, simultanea-
mente, ultrapassam e se misturam àquelas comumente erigidas na representação
da nação (Trouillot, 1992; Yelvington, 1999, 2001; Palmié, 1998, 2002; Cunha,
2002). Na formulação de uma antropologia do “Negro no Novo Mundo” (New
World Negro), projetos disciplinares e políticos estiveram em diálogo. Embora as
instigantes análises de Walter Jackson (1986) e David Scott (1991) tenham limi-
tado o estudo dessa imbricação ao contexto norte-americano nos anos 1920 e
30, há muito que se investigar acerca de processos anteriores já em curso em alguns
países latino-americanos, nos quais a influência da escola boasiana é mínima
(como são o caso de Cuba e o Haiti), ou relevante somente a partir da segunda
metade da década de 30 (Brasil). São diversos os embates políticos e os dilemas
disciplinares transformam o “negro” em objeto de atenção no Brasil, em Cuba e no
Haiti. Devemos nos perguntar sobre as operações e discursos que subordinaram
essa pluralidade de abordagens em torno de um objeto que envolvia problemas
de ordem política e social de um lado, e teórica de outro, a um único e inexorá-
vel processo de expansão da antropologia norte-americana no Caribe e na América
Latina. Nesse sentido, a combinação de um certo humanismo nas práticas e nas
idéias com um engajamento político dos alunos de Franz Boas em torno das no-
ções de “raça” e “cultura” deve ser confrontado com outras trajetórias intelectuais
similares em contextos pós-coloniais, enfocadas, quase sempre, por seus vínculos
com projetos de reforma social e nacionalismo. Por esse caminho é possível refle-
tirmos sobre os significados de viagens que visaram ampliar os horizontes do de-
bate sobre o afro-americano a partir de uma perspectiva transnacional.
As viagens de Fernando Ortiz à Europa, entre 1899 e 1903, e aos Estados Uni-
dos em 1931-1933, por exemplo, fornecem balizadores fundamentais para com-
preendermos sua trajetória intelectual e sua leitura racializada de Cuba, repre-
sentada através da metáfora do ajiaco. Da mesma forma, a compreensão acerca
das primeiras pesquisas de Melville Herskovits no Suriname, em 1928, é funda-
mental na observação de como suas leituras de noções como cultura e história
permitiram a confecção de uma inusitada cartografia afro-americana (Ortiz, 1944;
Coronil, 1995; Palmié, 1998).17 Os exemplos de Ortiz e Herskovits, todavia,
visam representar movimentos paradigmáticos e quase simétricos. De um lado,
o intelectual cubano que se nutre de idéias, teorias, métodos e perspectivas cientí-
ficas na Europa e nos Estados Unidos e, a partir dessas viagens, é capaz de repensar
sua própria forma de conceber um objeto diante do qual se posiciona demasia-
damente próximo: a nação. Nesse caso, a viagem parece ter produzido uma expe-

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riência salutar, a de buscar objetividade e distanciamento. São ferramentas supos-


tamente necessárias e que matizam o estigma de interpretações (des)qualificadas
como provincianas, locais e nativas. De outro, teríamos um movimento inverso.
Um intelectual norte-americano amplia as fronteiras de um debate político crucial
para o desenvolvimento da disciplina nos Estados Unidos. Por meio de pesquisa
de campo e escrita etnográfica – experiências qualitativamente distintas da via-
gem-exílio ou viagem de estudos, modalidades de deslocamento que caracteri-
zam, a partir de então, as viagens de intelectuais latino-americanos e caribenhos
à Europa e aos Estados Unidos – confere aos seus nada próximos objetos um olhar
científico com o qual é possível creditar-lhes uma história e cultura (Jackson,
1987; Baker, 1998; Yelvington, 1999). A caracterização um tanto redutora dessas
duas modalidades de deslocamento visa apenas sinalizar o seu pertencimento a
uma arena complexa de discussões sobre poder e autoridade intelectual que vem
percorrendo várias áreas da disciplina nas últimas décadas. E, embora esse texto
não seja o lugar para analisarmos as experiências e envolvimentos de Ortiz e
Herskovits em distintos trajetos e diálogos transnacionais, há muito que se inves-
tigar acerca do que aparenta movimentos de aquisição de conhecimento unilate-
rais. Tanto essas posições não são fixas quanto as rotas e lugares onde tais transfor-
mações foram produzidas podem ser reconfiguradas (Mintz, 1998; Gupta &
Ferguson, 1997; Rosberry, 1998; Clifford, 1997).
Num movimento singular, a leitura que Eric Williams fez sobre uma agenda
de estudos afro-americanos no início dos anos 1940, momento em que se insi-
nuava fortemente inspirada nas proposições de Herskovits, pode ser citada como
uma possibilidade distinta e alternativa. Num encontro patrocinado por agên-
cias governamentais e privadas norte-americanas em Washington em 1941, no
qual o destino dos recursos de pesquisa e objetivos dos então chamados negro
studies deveriam ser definidos, Williams explicitava sua visão tomando a história
das populações afro-caribenhas como exemplo. Sugeria existirem outras implica-
ções, nitidamente políticas, na definição de seu foco, prioridade e cartografia. No
seu entender, as pesquisas sobre os afro-americanos em regiões como o Caribe não
deveriam limitar-se à coleta de artefatos e contos de exóticas e isoladas popula-
ções de ex-escravos. Ao contrário, deveriam debruçar-se sobre as experiências
vivenciadas no período da pós-emancipação, justamente quando se mostravam
imersas em processos de dominação e discriminação raciais. Para Williams, as re-
lações entre raça e colonialismo no Caribe só poderiam ser apreendidas se vistas
como parte de um processo contínuo de deslocamento histórico e geográfico ca-
paz de reconfigurar o lugar da Europa num campo de discussões e perspectivas
intelectuais hegemonicamente norte-americanas (Williams, 1941; Trouillot,

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1998).18 O olhar crítico de Williams nos é útil na compreensão dos contatos e


da aproximação de Ramos com os antropólogos e a antropologia norte-america-
na. É possível que sua viagem, ainda como um projeto, tenha sido vislumbrada
como desdobramento das experiências que outros intelectuais brasileiros contem-
porâneos tiveram nos Estados Unidos. Porém, o que Ramos imaginou sacralizar,
como motivo que deflagrou os contatos profissionais e pessoais que mobilizou
para esse fim, foi a autoridade que julgava galgar em torno dos então chamados
estudos afro-brasileiros e a singular posição política do Brasil nesse contexto inte-
lectual. É justamente na confluência dessas duas dimensões que seus trajetos de
viagem podem ser entendidos.

M E M O R A B I L I A : A V I AG E M L E M B R A D A

As primeiras manifestações de suas intenções da viagem datam de 1936 quando


o então pouco conhecido dr. Ramos gozava das críticas favoráveis que seu livro
O negro brasileiro, publicado em 1934, havia suscitado na imprensa e nos meios
intelectuais locais. Pelo Brasil passava, então, em missão especial mas também
para estreitar os laços de amizade com alguns intelectuais brasileiros, Lewis Hanke
– historiador e responsável pela criação do Committee of Latin American Studies
na Universidade de Harvard. Hanke dava continuidade a um pioneiro e ambicio-
so projeto: coletar bibliografia e convidar intelectuais latino-americanos para con-
tribuírem para a edição do Handbook of Latin American Studies de 1937. Aqui
estava também como divulgador da nova política cultural que os Estados Unidos
selaram através de um acordo com alguns representantes de países latino-ameri-
canos em 1936 num encontro em Buenos Aires. Graças ao financiamento do
Departamento de Estado, da American Council of Learned Societies, de funda-
ções como a Rockefeller, Guggenheim, Ford e ao apoio de algumas universidades
americanas, uma forma particular de viagem – o intercâmbio cultural – fora inven-
tada de maneira a reimaginar velhas fronteiras.19
No entreguerra, a América Latina, vista como um território suscetível ao avan-
ço do nazifascismo, seria reconfigurada dentro das fronteiras geopolíticas norte-
americanas. Os discursos e textos publicados nos documentos do Departamento
de Estado norte-americano são muito claros no desejo de reconstruir uma história
de (boa) vizinhança pan-americana dentro dos seus jardins (Gilbert, 1998; Sal-
vatore, 1998). Esses artefatos – boletins, ofícios, projetos, relatórios, cartas de re-
comendação, expedição de passagens, concessão de vistos e passaportes – são pe-
ças arqueológicas que comprovam a existência de novos viajantes modernos e,

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cada vez mais, especializados. Ao mesmo tempo constituem os primeiros sinais


da descoberta oficial de que a América era objeto de desejo não só de imigrantes
europeus, mas de populações então chamadas hispânicas. Esse contexto consiste
numa rede de envolvimentos e projetos de caráter pessoal e institucional muito
extensa – e que ganham uma conotação específica com a deflagração da guerra
na Europa – e não há espaço para abordá-lo em toda sua complexidade nesse texto
(Micelli, 1990; Gilbert, 1998; Salvatore, 1998). Todavia, é preciso ressaltar alguns
pontos que demonstram sua relevância para a compreensão do quadro político
no qual a viagem de Ramos deve ser enfocada. Através desses programas, no iní-
cio dos anos 1940, Louis Price-Mars (Haiti), Fernando Romero (Peru), Aguirre
Beltran (México), e os brasileiros Érico Veríssimo, Sérgio Buarque de Holanda,
Dante de Laytano, Ruy Coelho, Octávio da Costa Eduardo, René Ribeiro e Gil-
berto Freyre, entre outros, viajaram aos Estados Unidos com recursos de insti-
tuições educacionais e governamentais norte-americanas.
Pelo seu caráter oficial, a institucionalização das viagens de “intercâmbio cul-
tural” como parte da política norte-americana para a América Latina e o Caribe
produz uma intensa e crescente circulação de intelectuais norte-americanos em
instituições de ensino superior nos Estados Unidos durante toda a década de
1940. É dessa forma que sua referência aparece num comentário que Elsie Clews
Parsons faz a Herskovits quando da passagem de Ramos e do folclorista peruano
Fernando Romero pelos Estados Unidos em março de 1941 – homens “envia-
dos pelo Departamento de Estado”.20 “Intercâmbio”, “troca” e cultural exchange.
Termos pouco definidos, mas categorias poderosas, no sentido de realçar inten-
ções aparentemente movidas por interesses exclusivamente intelectuais, que leva-
ram tais viajantes a cruzarem fronteiras com outras lentes. É nesse contexto que
o dr. Ramos, por volta de 1937, envia seu projeto para a Fundação Rockefeller
e, logo depois, para a John Simon Guggenheim Memorial Foundation. Na sua
primeira tentativa, Ramos não teve sucesso. A posição vacilante do Brasil com
relação ao Eixo deixou seus intelectuais de fora dos primeiros grupos de profes-
sores e estudantes latino-americanos que foram enviados aos Estados Unidos. Na
segunda tentativa, porém, uma rede de contatos que fizera ainda no Brasil se
transformou num auxílio poderoso a seu favor. Em 1938, depois de explicitar
seu interesse numa bolsa que o levasse a Northwestern University, onde estava
Melville J. Herskovits, ou para a University of Chicago, onde estavam Robert E.
Park e Robert Redfield, Ramos conclui de forma entusiasmada a justificativa de
seu intento: “O meu desejo mais ardente é aproximar cada vez mais o Brasil da
América do Norte, o que podemos fazer no setor universitário.” Essa afirmação
aparece em carta enviada por Ramos a Melville Herskovits.21

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Relações de reciprocidade redirecionaram parte substancial dessas rotas e


conduziram os projetos dos viajantes. A viagem de Park ao Brasil em 1937, por
exemplo, reafirmou o interesse do sociólogo da Universidade de Chicago em in-
cluir o Brasil como foco de atenção dos seus seminários sobre cultura e contato
racial. Para isso, tinha ao lado seu aluno Donald Pierson, responsável em cice-
roneá-lo e apresentá-lo a intelectuais brasileiros. O contato entre Robert E. Park
e Ramos foi viabilizado por Donald Pierson. Em carta a Ramos, Pierson incluía
a viagem de Park ao Brasil dentro da política de “intercâmbio cultural”: “Concordo
plenamente consigo em dizer que o Brasil e a América do Norte deve ser aumen-
tado. Tenho desejo sincero de contribuir como posso a este fim. Em mez (sic) de
julho meu grande mestre, dr. Robert E. Park, estudioso profundo em matérias
de sociologia, especialmente a respeito de questões de raça. Eu lhe dei o seu
endereço, pedindo que o visitasse quando ele chegar ao Rio.”22 Anterior a esses
encontros, todavia, o envolvimento e a sintonia que havia estabelecido com os
temas investigados por Melville Herskovits reconduziram as viagens e os trajetos
de Ramos nos Estados Unidos. Embora manifestasse o desejo de “freqüentar os
seminários” de Park, em Chicago, e de Herskovits, em Northwestern, sua esco-
lha foi determinada por outras injunções que o levariam primeiramente a Baton
Rouge – para a Louisiana State University (LSU).23 Paralelo a toda negociação
em torno do pedido de bolsa de Ramos a várias fundações norte-americanas, T.
Lynn Smith, responsável pelo Departamento de Sociologia Rural da LSU e envol-
vido em projetos devotados à sociologia rural no Brasil, apoiado por subsídios
do Departamento de Estado norte-americano, o convidara para ministrar cursos
sobre race and race relations em Baton Rouge.24
Mas não só contatos estritamente oficiais levaram Ramos aos Estados Unidos.
Considerar esse aspecto, apesar da pouca ênfase que Ramos deu a essas relações,
é de extrema importância para entendermos a economia política dos percursos
que fez nos Estados Unidos. Ainda assim, a natureza dos contatos de caráter pes-
soal deve ser matizada e não necessariamente oposta aos primeiros. Desde 1936,
Ramos vinha mantendo um estreito contato por meio de cartas com um profes-
sor de literatura e história latino-americana da Universidade de Puerto Rico,
chamado Richard Pattee. As viagens e os interesses que levaram esse obscuro per-
sonagem a realizar uma verdadeira peregrinação por alguns países americanos,
ainda antes de assumir um posto no Bureau of Latin American Republics den-
tro do próprio Departamento de Estado, demonstram como projetos políticos e
intelectuais se realimentaram nesse contexto. Pattee foi exemplo de um viajante
especializado que, a partir de 1935, se lança – num primeiro momento sem apoio
institucional – em um percurso transnacional em busca do que chamava estudos

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sobre as coisas africanas na América. O fato é que os pontos de inscrição dessas


viagens passam, pouco a pouco, a caracterizar um trajeto e, por conseguinte, um
mapa muito específico. É via a intervenção de Pattee que o nome de Ramos se
firma como uma autoridade brasileira em estudos afro-brasileiros fora do Brasil.
Foi Pattee quem promoveu o contato de Ramos com algumas instituições afro-ame-
ricanas nos EUA: como a National Association for the Advancement of Colored
People (NAACP), o Journal of Negro History, e o Journal of Negro Education.25
Ao mesmo tempo em que Ramos era sondado por Lewis Hanke para inte-
grar o Handbook of Latin American Studies em 1936, W. E. B. Du Bois – nessa
época já em Atlanta University – escrevia a Ramos convidando-o para participar
da Encyclopedia of Negro.26 Dois anos depois, por intervenção de Pattee, Ramos
entra em negociação com o historiador Carter G. Woodson – editor do Journal
of Negro History –, interessado em publicar O negro brasileiro em inglês. Seria este
o primeiro livro sobre o tema escrito por autor latino-americano publicado nos
Estados Unidos. Entretanto, seus leitores deveriam ser apresentados a uma reali-
dade totalmente desconhecida e o projeto envolveria a alteração de algumas partes
da edição brasileira. Em 1938, o tradutor, Pattee, escreveria a Ramos, sugerindo
a adição de um capítulo sobre culinária baiana: “Não é coisa indispensável, mas
penso que daria uma idéia ainda mais completa de um aspecto curioso da vida
negra no Brasil.” Ramos não só escreveu um capítulo sobre culinária como subtraiu
partes indecifráveis da sua edição original. Na sua definição, o livro “não tem in-
teresse antropológico, sendo apenas um modesto aperçu para conhecimento do
leitor médio norte-americano, tal como pediram os editores”.27 Mas, ao cruzar
fronteiras, mesmo seguindo direções previamente orientadas, as idéias já não mais
pertencem aos seus “donos”: circulam, tornam-se objeto de comparação, deslo-
cam-se do contexto em que foram produzidas (Clifford, 1983; Gordon, 1990).
Esses antecedentes nos ajudam a perceber que não só pessoas cruzam fronteiras,
mas suas idéias, emolduradas em suportes variados – como o livro, o artigo pu-
blicado, o nome citado, a resenha referida – são poderosos instrumentos de pro-
jeção e transposição dos autores para fora dos limites nos quais sua criação foi
concebida.
Cartas de recomendação, apresentação, contato, oferecimento, livros, artigos,
resenhas, bilhetes e cartões transpuseram os oceanos e produziram interessante
diálogo. Ramos tinha uma estratégia muito especial em promovê-los e talvez, na
análise do elenco de seus interlocutores e preferências, possamos esboçar os ante-
cedentes dos seus planos de viagem. Tinha o hábito de enviar seus livros a destaca-
dos intelectuais no campo da psicologia e das ciências sociais. Lévy-Bruhl res-
pondeu-lhe cordialmente, Boas e Freud, entretanto, lamentaram-se da falta de

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habilidade com o português. Essas cartas, todavia, transformadas em poderosos


artefatos de validação da carreira de Ramos, seriam objeto da referência de uma
de suas poucas biografias, na qual Ramos seria não só referenciado como um inte-
lectual conhecido, mas, sobretudo, reconhecido por personagens ilustres. Tam-
bém não é à toa que durante uma determinada gestão do setor da Biblioteca
Nacional, que hoje abriga a Coleção de Ramos, sua correspondência tenha sido ob-
jeto de uma reorganização envolvendo a tradução de cartas em língua estrangeira
ou ilegíveis, na qual a relevância atribuída a determinados interlocutores deixou de
fora conversas, contatos e diálogos importantes para compreendermos um complexo
sistema de atribuição de prestígio, autoridade e valor no campo intelectual.
As viagens nem sempre começam quando e onde os viajantes afirmam ter sido
o seu início. Falar sobre a viagem, ou narrá-la sob a forma de um texto, é uma
forma de inventá-la como um trajeto que deve ter começo e fim. Lévi-Strauss
tratou de forma poética e inocente suas hesitações em torno do que seria o iní-
cio da experiência de deslocamento e, ao mesmo tempo, o “fim das viagens”: o
momento de transformá-la em narrativa etnográfica. Justamente quando gozava
uma situação de transição – a bordo do navio que rumava em direção aos trópi-
cos –, refletia sobre a oportunidade de certos encontros fortuitos, ainda não
emoldurados no clima e contexto da pesquisa de campo.

“(...) o espírito etnográfico ainda me era tão alheio que eu não pensava em aproveitar
essas ocasiões. Desde então, aprendi o quanto esses breves relances de uma cidade,
de uma região ou de uma cultura exercitam utilmente a atenção e, por vezes, per-
mitem inclusive – devido à intensa concentração que se faz necessária pelo ins-
tante tão curto de que dispomos – apreender certas propriedades do objeto que
poderiam, em outras circunstâncias, manter-se escondidas por muito tempo.
Outros espetáculos me atraíam mais e, com a ingenuidade de um novato, eu ob-
servava apaixonado, no convés deserto, esses cataclismos sobrenaturais (...) se en-
contrasse uma linguagem para fixar essas aparências a um só tempo instáveis e re-
beldes a qualquer esforço de descrição, se me fosse dado comunicar a outro as
fases e as articulações de um acontecimento no entanto único e que jamais se re-
produziria nos mesmos termos, então, parecia-me, eu teria de uma só vez atingi-
do os arcanos da minha profissão: não haveria experiência estranha ou peculiar a
que a pesquisa etnográfica me expusesse e cujo sentido e alcance eu não pudesse
um dia fazer com que todos captassem” (1996 (155): 60).

Ramos e sua esposa, Luísa, deixaram pistas de uma certa presunção quanto a
um poder ilimitado de descrição. As marcas da viagem – delicadamente docu-

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mentada na constante atenção às suas marcas mais indeléveis – estão por toda
parte. É que a viagem à América – sob a forma de um projeto em constante ela-
boração – começara antes. Nas cartas enviadas, nas referências comparativas de
seus artigos a temas como “escravidão” e “raça” nos Estados Unidos e no Brasil,
e na sua atitude favorável a uma política de “intercâmbio cultural” que projeta-
va o império para as bordas de seus velhos, mas reconsiderados, súditos, desde
meados dos anos 1930. A viagem, chegada, recepção, e passagem de Ramos por
várias cidades norte-americanas foram singularmente descritas. Do porto do Rio
de Janeiro, o navio que levara Ramos e d. Luísa aos Estados Unidos chegaria a
New Orleans no final do ano de 1940. A partir de então, Ramos parece ter vesti-
do a “ jaqueta de antropólogo” (McClintock, 1995), passando a observar e a escre-
ver sobre o que via. Ramos inicia as primeiras observações e descrições sobre sua
viagem. Mas, ao contrário de Lévi-Strauss, que em Tristes trópicos (1955; 1996),
retomara suas notas de bordo para explicar e dar sentido ao seu sentimento de
exílio, decepção e fadiga da civilização, Ramos deixou marcas, sinais triunfais
dessa transposição de fronteiras políticas e culturais tão importantes para a ativi-
dade que desempenhava num mundo ameaçado pela guerra. Ao contrário do
antropólogo francês, para o qual a alusão ao “Velho Mundo” pode ser vista como
um recurso estilístico de forma a produzir uma mediação e preparação do leitor
para um cenário cultural radicalmente diverso, as menções que Ramos faria ao
que ficou para trás – o Brasil e os brasileiros – acompanhariam todas as referên-
cias e observações que fez, sob a forma de notas e cartas, de sua viagem.
A partir de agosto de 1940, a coluna Movimento Cultural, escrita por Ramos
para o jornal Diretrizes –, editado pelo jornalista Samuel Wainer –, passa a ser o
espaço de divulgação de sua “correspondência” – nas palavras dos editores, “uma
correspondência especial sobre assuntos culturais e sobre aspectos sociais da vida
norte-americana”.28 Mas as primeiras impressões sobre a viagem, Ramos as escre-
ve do Delmondo, que compara a uma “universidade em trânsito”: cheio de white
middle class, estudantes dos colleges americanos e professoras de high schools que
o enchem de perguntas sobre o Brasil. Ramos parece exultar de sua condição ím-
par: um professor brasileiro rumo à civilização. O último dia no Brasil, a convi-
te de Diégues Júnior, é na pacata Vitória de 1940. De forma nostálgica avista
“gente metida em roupa branca de linho engomado”, namoro de portão, conver-
sa na farmácia, procissão, bilhares cheios e matinês de cinema. De volta ao navio,
apelidado de “antecâmara da América”, personagens mais cosmopolitas invertem
a cena. A figura de um missionário que conhece toda a literatura cristã que vai
de “Maritain a Tristão de Ataíde” o instiga a iniciar de pronto suas observações
sobre a gente de uma terra na qual ainda não aportara. Longe do Brasil e perto

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de um território desconhecido, o antropólogo se vê observando um precursor


mítico da curiosidade e imaginação antropológica. O missionário-observador já
estivera nos Mares do Sul, Java, Nova Zelândia, e entre os maoris. Aos domin-
gos, entretanto, incorporava o severo pregador que reunia toda gente a bordo em
torno das suas preleções matinais. “É a única alusão à guerra”, que Ramos diz
ouvir de seu “amigo”. De fato, o também professor de teologia parece ser o seu
mais freqüente interlocutor, e é a vocação missionária, e não uma arguta capaci-
dade de observação, o que parecia irmaná-los.29
Na mesma série de impressões sobre a “experiência americana”, Ramos deta-
lhava seus objetivos e os compromissos, suscitados já nas suas referências à espan-
tosa ignorância dos turistas que partilhavam com ele as manhãs ensolaradas no
navio. Seus planos para a Louisiana State University eram ministrar dois cursos.
Um sobre raças e culturas do Brasil, incluindo aspectos “da cultura, raça e antro-
pologia física e cultural do índio, do europeu e do negro”; e outro, um seminário
sobre as relações de raça. Para os leitores brasileiros prometia ainda mais: “De-
bateremos nesse setor as nossas experiências – a norte-americana e a brasileira –,
especialmente no tratamento concedido às massas negras e índias das respectivas
populações.”30 Como missionário e tradutor, seu papel era dirimir incompreen-
sões e explicar um desconhecido Brasil “entre círculos intelectuais”. Ramos tin-
gia seus projetos com outras intenções de caráter fortemente nacionalista.31 Estava
em seus planos comparar a “situação do negro” nos dois contextos. Já em Baton
Rouge, todas as primeiras impressões sobre a viagem, o encontro com o Mississípi
e o porto de Nova Orleans parecem dar lugar a uma certa hesitação. E nesse pon-
to não é meu propósito recuperar, mas tão-somente imaginar os percalços e
as experiências que teriam levado Ramos a privilegiar (ou a reduzir) suas impres-
sões sobre o sul dos Estados Unidos a uma insistente referência comparativa
ao Brasil. Esses comentários pontuam, de forma insistente, tanto os relatos de
viagem quanto as notas que pretendeu etnográficas, dispersas por várias partes
de sua coleção. Aos leitores de sua coluna, assegurava: não se descuidaria daque-
la que talvez fosse sua missão principal – divulgar a “filosofia” das raças exis-
tentes no Brasil:

“(...) temos que ensinar também. Ensinar uma técnica de vida que é caracteristi-
camente nossa. A técnica das relações humanas. A técnica da conduta social. A
técnica da real democracia que transcende as injunções deste ou daquele período
histórico (…) O estudo direto do negro no Deep South me proporcionará ele-
mentos de cotejo com idênticos problemas no Brasil – em seus aspectos antropológi-
co, sociológico, psicológico etc. Direi lá o resultado da nossa experiência – que

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eu creio a mais humana, a mais científica de todas as experiências já tentadas neste


vasto problema das relações e contatos de raça”.32

Esse propósito é detalhado no paper intitulado Acculturation among the


Brazilian Negroes (1941), escrito por Ramos no fim de 1940 para ser apresenta-
do na reunião anual da American Anthropological Association (AAA), em painel
organizado por Herskovits. Contudo, diante da impossibilidade de conseguir re-
cursos para a viagem até Filadélfia, Ramos não compareceu à reunião onde foi
representado por Herskovits, a quem escreveria explicando seus propósitos:
“Escrevi o pequeno artigo às pressas, apenas para dar uma idéia do processo de
aculturação entre os negros do Brasil. Contudo, se o senhor quiser, pode publi-
cá-lo em qualquer revista que julgar conveniente.”33 Possibilidades de pesquisas
comparativas no sul foram repetidamente sugeridas pelos seus missivistas, entre
eles, aqueles responsáveis pelos apoios que garantiram a concessão da bolsa que
o levou à Louisiana State University. Destacaria Melville Herskovits e Richard
Pattee. Em carta a Ramos em setembro de 1940, Herskovits afirmava:

“Você vai gostar da Louisiana, onde encontrará muitas coisas que lhe irão interes-
sar tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Espero que tenha oportuni-
dade de fazer algum trabalho sobre os negros da região; com a preparação que
você tem, estes estudos certamente alcançarão excelente resultado.”34

Certamente Ramos não via tudo o que observava. Ou talvez não quisesse
transformar em observação tudo que os outros queriam que ele não só visse,
mas comparasse. De todo modo, em uma de suas primeiras “cartas” publi-
cadas em Diretrizes, Ramos tornou público seu desejo de transformar a região
em objeto de pesquisa comparativa: “Meu campo de atuação é o Vale do
Mississípi (…) me proporcionará elementos de cotejo com idênticos proble-
mas no Brasil.”
Em carta a Herskovits, escrita um mês após sua chegada a Baton Rouge, de-
clarava estar gostando “imenso da LSU”: “Não só os estudantes como (os) pro-
fessores estão muito interessados por tudo quanto tenho dito sobre os problemas
de raças e de culturas no Brasil. Tenho aproveitado as horas vagas para estudar e
observar a vida do negro nas plantações da Louisiana e em outros atos da sua
vida social, do ponto de vista antropológico e sociológico, e será excelente tro-
carmos depois nossas impressões.”35 Mas, apesar de ter escrito alguns artigos so-
bre a sua presença no sul, era o Brasil e os brasileiros que pareciam ser objeto da
visão, e não da observação, de Ramos. Mas será que os antropólogos – na posição

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de viajantes especializados – teriam necessariamente que descrever tudo o que


viam, ou, mesmo, será que teriam tal poder de arguta observação?
Mencionei rapidamente que Ramos viajara aos EUA num contexto de guer-
ra. Essa referência não é um mero detalhe. A mobilização e o engajamento de
intelectuais em esforços de guerra de diversos matizes redefine os parâmetros do
debate sobre o papel da antropologia. Mais do que isso, como nos mostrou Amy
Kaplan (1993) para o caso norte-americano, tanto os debates quanto as interpre-
tações e narrativas produzidas sobre a guerra – desde a Guerra Civil – estão eiva-
dos de construções e projetos de nação. Não só nos textos que, dos Estados
Unidos, Ramos envia para serem publicados em sua coluna no jornal Diretrizes,
mas, sobretudo, nos convites que recebe de universidades americanas, percebe-
se a interligação de dois temas: “democracia” e “raça”. Seu entendimento, porém,
deve estar conectado a todo um contexto no qual discursos semelhantes se sobre-
põem, embora dirigidos a questões e preocupações diversas. O ambiente inte-
lectual americano, suas associações de classe, publicações e investimentos – como
nos mostrou George W. Stocking Jr. –, vive alguns dos “medos” da guerra inten-
samente e, é claro, por motivos diferentes. Algo, porém, parece tornar grande
parte desses movimentos reativos em um uníssono: a idéia de que os ideais de-
mocráticos da América deveriam ser expandidos como uma espécie de antídoto
contra o avanço do nazifacismo. Esse ideal levou antropólogos a integrarem-se
em esforços de guerra, outra modalidade de viagem onde a guerra e os “povos”
se misturavam em cadernos de campo e dossiês enviados ao Departamento de
Estado norte-americano. A preocupação em produzir uma antropologia aplica-
da ao contexto de guerra não foi, obviamente, uma preocupação exclusiva de
Ramos. Melville Herskovits, na sua importante e extensa rede de contatos com
intelectuais caribenhos e latino-americanos, explicitou claramente sua pre-
ocupação não só com a posição do governo mas, também, com a dos intelec-
tuais brasileiros:

“Acredito que a ativa participação do Brasil na guerra, algo que foi cordialmente
bem recebido neste país, não faça muita diferença no seu planejamento para o
Departamento. De qualquer forma, é confortante saber que os nossos governos
estão utilizando toda a capacidade profissional dos antropólogos nesse momento
(…).”36

A América Latina, nesse contexto, é vista como um frágil território. O Brasil,


um exemplo pouco conhecido de como raças poderiam viver em harmonia. Mas
aqui e ali o fantasma racialista pairava sobre os céus abaixo da linha do equador.

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Esse medo produziu estranhas alianças, ao menos no plano do discurso. Liberais


e representantes do governo norte-americano e partidos e intelectuais de es-
querda no Brasil espantavam-se diante da propaganda danosa que a organização
de milícias nacionalistas ou organizadas “sob o ponto de vista da raça” produzi-
am no país. Em 1943, em artigo chamado Hitler contra Zumbi, Jorge Amado,
referindo-se a um suposto plano de Hitler contra negros na África do Sul e na
América do Sul, citava as preocupações de Arthur Ramos no sentido de chamar
atenção para o florescimento de idéias “fora de lugar”: “Foi necessário que medrasse
aqui a semente no capim-verde do integralismo, para que os preconceitos raci-
ais viessem à tona num país como o nosso de forte miscigenação.”
É interessante notar que, para Ramos, as experiências de militância antifascista
no Brasil não pareciam credenciais para que análises sobre a guerra e a expansão
do racismo fossem, em outros contextos, explicitadas da mesma forma. Embora
acreditasse que a antropologia devesse ser utilizada como instrumento da prega-
ção de “valores democráticos”, o analista que dela fazia uso deveria confrontar-se
com os fantasmas do etnocentrismo. Refletindo sobre suas experiências em movi-
mentos similares patrocinados nos EUA por intelectuais, políticos e industriais
liberais, Ramos parecia enxergar limites numa ação integrada:

“Agora que me encontro no tempo e no espaço das discussões em que tomei parte,
verifico como é possível extirpar aquele defeito de atitude que os antropólo-
gos chamam de ‘etnocentrismo’, como é difícil deixar de querer impor aos ou-
tros os conceitos que nos acostumamos a julgar como sendo os melhores. Não
podemos discutir os problemas da futura paz, sem antes destruir o que estava erra-
do neste velho mundo, sem destruir as coisas más que levam os homens à guerra,
sem entrar na guerra para destruir a guerra” (Ramos apud Gusmão 1974: 55).

T E R R A E S T R A N G E I R A : V I AG E M E N O S TA LG I A

As notas de viagens de Ramos por terras norte-americanas não estão isentas de


decepção e, de certa maneira, do que Renato Rosaldo ironicamente chamou
de “nostalgia imperialista” (1989). Isso porque algumas imagens povoam seus
escritos com notável insistência. Ramos se vê decepcionado em não encontrar
os steamboats dos livros de Mark Twain às margens do Mississípi. O advento
do trem estava sepultando a tradição. A bordo de um teatro flutuante estili-
zado, a decepção aumentaria e imagens coloniais vinham colorir, sem cessar,
suas impressões:

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“Não é a poesia do rio que nos espera: é a bárbara e monumental sinfonia do óleo
que nos penetra os sentidos, quando entramos pelo backyard da América (…) a
mecanização agrícola está destruindo aos poucos a tradição do rio. O trem de fer-
ro matou o steamboat (…) entrei numa dessas excursões e nada vi, além de um
conjunto de swing, uísque com Coca-Cola e Seven Up (…) não ouvi as risadas
de Huckberry Finn nem o barulho da banda de Giddeon. Old Man River! Onde
estão os teus negros cantando nas plantações de Louisiana? (…) O velho negro
Carey das plantações de St. Francisville e outros negros das old plantations ao
norte de Baton Rouge – de Oakley a Live Oak me contam no seu quase inin-
teligível gumbo, a história das migrações que despovoaram o Mississípi. Perseguidos
e maltratados, os negros vivem a vagar de um ponto a outro, à busca de melhores
pousos. Eu vi as suas casinhas de madeira, desde a foz do rio, desde os pequenos
aglomerados de pescadores até as little towns dos bayous da Louisiana. Nunca
uma família está completa. Há sempre o rapaz que foi embora, a procura de
melhores dias, longe, muito longe do velho mar.”37

Mas essas imagens literárias e cinematográficas estão longe de restringirem-se


à América. Por meio de referências que aludem simultaneamente ao cenário da
plantation no Sul americano e dos engenhos no Nordeste brasileiro, Ramos pro-
duz uma singular cartografia cujos pontos de inscrição aludem ao passado. Na
apresentação de Introdução à antropologia brasileira – as culturas negras (1943),
Renato de Mendonça observa que Ramos “procurou seguir os ensinamentos do
método histórico-cultural, corrigindo assim os equívocos do método evolucionista
puro e fugindo a todo ‘sociologismo romântico’ do negro” (1943:10).38 Mais do
que orientar um método, a história nos escritos de Ramos comporta um modo
de se referir e um estilo de narrar diferenças sociais. As opções metodológicas de
Ramos põem em relevo essa leitura, e seu arquivo as reorganiza, por meio de um
enfoque personalizante: a história-cronologia da vida pessoal-profissional do au-
tor dota de sentido e, tal como legendas, explica a presença de outros objetos ali
contidos. Mas não é qualquer consciência histórica que povoa seus escritos e ar-
quivo. É sobretudo uma história cujo desenho está irremediavelmente cerrado
num passado distante, cuja memória é impossível. Cabe ao antropólogo explo-
rá-lo. Ramos parece seduzido com uma incontrolável profusão de informações
sobre “origens”, “transplantações”, “retenções” e resquícios da viagem-escraviza-
ção. Em seu arquivo encontramos inúmeros documentos relacionados à escra-
vidão, em grande parte, enviados ao autor por amigos influentes que trabalhavam
em cartórios de diferentes cidades brasileiras. Cartas de alforria, cessão/doação
de escravos e relatos de fuga juntam-se a “entrevistas” com ex-escravos e fotografias

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de instrumentos de tortura. Como outros autores com os quais esteve afinado,


Ramos buscou encerrar os sinais da história (tendo a escravidão como metonímia)
nas amarras da “tradição”. Sem dúvida um arranjo civilizatório, e sobretudo moder-
no, fundado numa perspectiva humanista, científica e nacionalista (Palmié, 2002).
A inclusão de certo elemento no conjunto classificatório que define os limi-
tes da “tradição” e da “modernidade” é uma operação necessária antes que sua
adequada historicidade seja então atribuída. Embora as marcas da “tradição” esti-
vessem por toda parte, a operação de identificação carece de destreza e habilidade.
O conhecimento da “história” – na sua vertente “pátria” esboçada nos manuais
e nos clássicos do século XIX – não é suficiente. Como observou Renato de Men-
donça, o “sentimentalismo” não seduz Ramos. O que o antropólogo parece bus-
car são marcas de uma história contida nos hábitos, na cultura e nos corpos. Sua
perspectiva historicista constrói-se na própria prática de observação e pesquisa.
Mas há momentos em que um olhar seduzido pelo que se acredita configurar os
limites da “tradição” pode ser observado. Assim, não é por acaso que ele nos reme-
te de volta ao tema da viagem. Duas fotografias guardadas num álbum de Ramos
registram a fase em que ele e familiares estiveram envolvidos na busca de infor-
mações sobre os xangôs alagoanos. Entre outras imagens não identificadas, duas
fotos chamam atenção. Na volta à sua terra natal no início dos anos 1930, Ramos
visitou diversas localidades da região litorânea do estado, entre elas, Mocambo.

Esposa e irmãs de Arthur Ramos no litoral de Alagoas: em 1930, o antropólogo visitou a lo-
calidade de Mocambo em busca de informações sobre xangôs alagoanos.

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As fotos desse retorno nostálgico às origens foram também concebidas como


uma espécie singular de pesquisa de campo. A visita a Mocambo é partilhada
por sua mulher e irmãs que se colocam frente às imagens de palhoças rústicas.
A familiaridade com os cenários nativos, por um momento, parece suspensa.
O observador coloca-se estrategicamente à distância, o suficiente para ensaiar
uma posição de estranhamento. Dali pode redescobrir o familiar. Ao mesmo
tempo, essas fotografias poderiam estar compondo álbuns familiares. Talvez,
sob a forma de cópias, registrassem as lembranças dos reencontros de d. Luísa
e os familiares de Ramos na sua volta a Alagoas. Contudo, na Coleção de Ramos
repousam junto a outras imagens indefectivelmente marcadas pelas três dimen-
sões que Lévi-Strauss apontou como definidoras das viagens/deslocamentos:
traduzem um olhar nostálgico e retrospectivo a um passado não vivido mas
imaginado, a um espaço social diverso, exótico e não familiar ao observador,
e, por fim, retratam personagens transformados em objetos de uma apreciação
especializada. Não são cenas furtivas de um cenário que envolve um evento que
se quis perpetuar. As personagens fotografadas desnudam seus fotógrafos:
antropólogos distantes, patrões e parentes próximos. É nesse conjunto que re-
pousam as fotos das distintas senhoras da família Ramos em seu passeio pela
localidade de Mocambo.

Outra fotografia documentando a visita de Arthur Ramos e familiares a Alagoas em 1930.

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Otinha, a dedicada coletora de música, línguas, lendas e estórias de vida de


pretos freqüentadores dos xangôs de Pilar e autora da carta transformada em epí-
grafe com a qual iniciei esse texto, misturava seus informes etnográficos a notí-
cias familiares que enviava a Ramos. Entre 1937 e 1939, várias foram as cartas
endereçadas a Ramos contendo referências aos percalços enfrentados pela não
treinada pesquisadora, às voltas com pais-de-santo e velhos pretos, relutantes em
ceder aos seus artifícios de sedução. Como sugere a epígrafe, àquela época Otinha
devotara toda sua atenção ao sargento Padre Nosso e a outras personagens locais,
“descobertos” graças à fama então alcançada pelo ilustre filho da terra, Arthur
Ramos. O médico tornara-se referência assídua dos jornais alagoanos e seu prestí-
gio local seria reforçado pela reconhecida autoridade do antropólogo especialista
nas “coisas africanas”.

“Na sexta-feira P. N. (sargento Padre Nosso) esteve aqui e me disse que quando
fosse lá não deixasse de levar O negro brasileiro porque este livro serviria de bilhe-
te de entrada. Disse mais, que, quando veio aqui pela primeira vez, se eu não
tivesse lido aqueles trabalhos seus, não teria arranjado coisa alguma. Falando so-
bre o preto de que lhe mandei o retrato, disse que ele entende da presente coisa,
mas não está com as faculdades mentais perfeitas (...) tenho notado que eles
querem se aproveitar de mim, querem que eu consiga licença para a seita fun-
cionar sem interrupção (...) perguntei a Padre Nosso se tinham algum livro que en-
sinasse todas as palavras de nossa língua para o africano. Disse que não e que o
velho babalorixá é que ensina muita coisa. Quero ver se consigo agradar o velho
e apanhar um bocado de coisas. Se você tem alguma coisa que deseja saber, será
bom dizer, porque assim será mais fácil para mim. Ou melhor, escreva, dizendo
o que deseja que eu consiga do velho babalorixá.”39

Mas o caso é que a obstinada Otinha se via açodada por outras forças muito
mais poderosas, com as quais aprendera a lidar. Num tom de denúncia, relatava
atos criminosos de policiais locais e tráfico de influência. Em vez de mantidos
no Instituto Médico-Legal do Estado, os objetos de culto apreendidos nos ter-
reiros alagoanos eram vendidos e enviados para “instituições e pessoas de outros
estados”. Mesmo assim, Otinha não se descuidava de suas obrigações, ao contar
a Ramos como atendera aos assédios dos praticantes da seita e como convencera
o delegado local a relaxar suas incursões policiais aos terreiros nos dias em que
lá estava a observar e colher informações para Ramos.40 As informações conce-
didas por Padre Nosso, um ou outro objeto salvo do desterro e as cartas de Otinha
– evidentemente destituídas de referências à economia doméstica que orientou

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e possibilitou as trocas, a coleta e a descrição das “coisas africanas” no Brasil –


repousam dispersos em várias instituições que abrigam o espólio intelectual de
Arthur Ramos.
Ramos incorporou pedaços de coleções familiares à sua, de maneira a formar
um único acervo de objetos pessoais e etnográficos, posteriormente abrigados em
arquivos e coleções bioprofissionais. Sua biblioteca foi dispersada entre as divisões
de Obras Gerais e de Periódicos da Biblioteca Nacional e a Biblioteca Marina de
Vasconcellos, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (antiga Faculdade
Nacional de Filosofia), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua Coleção
de Documentos mantida pela Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional,
desenhos de crianças, cartas de suicidas, santinhos, poesias e cantigas já não cons-
tituem souvenirs de um devotado colecionador. A inserção desses artefatos na
coleção obedece a outras lógicas – cronológicas e qualitativas –, distinguindo-se
do critério que parece ter orientado prática semelhante por parte do pai e irmão
do antropólogo. Houve uma transmutação de valores, expectativas, projetos de
ordenamento, reordenação e classificação de diferentes conjuntos de documen-
tos agora subsumidos num único e autobiográfico conjunto. Inspirando-se nas
análises de Michel Foucault e Michel de Certeau, Philippe Artières utiliza a expres-
são “arquivos do eu” para qualificar práticas de coleta, arquivamento e classifica-
ção marcadas por uma espécie de “intenção autobiográfica” (Artières, 1998: 11).
“Um indivíduo bem ajustado deve classificar os seus papéis: deve, a qualquer mo-
mento, estar apto para apresentar um inventário deles: seu curriculum vitae. O
que é um curriculum vitae senão um inventário dos nossos arquivos domésticos?
(...) Num curriculum a lacuna é banida, é sinônimo de um vazio, de um período
sem escrita. Devemos, portanto, manter os nossos arquivos com cuidado; não
apenas não perder os nossos papéis, mas também provar que eles estão bem clas-
sificados. Eles devem revelar uma coerência condizente com a norma” (Artières,
1998: 13). No caso de Ramos, é revelador percebermos como o esforço de pro-
dução de seu curriculum vitae, por volta de 1944 e 1945, imprime uma lógica
classificatória singular à forma pela qual seus papéis estão dispostos na sua coleção.
Mais importante do que a dimensão autobiográfica é a operação de contamina-
ção simbólica que faz com que biografia e etnografia mantenham uma intensa,
ainda que perturbadora, sintonia. Os objetos que Ramos amealhou ao longo de
sua trajetória profissional expõem marcas – da experiência, do contato e das práti-
cas de pesquisa/observação de campo. Tal como as práticas do kula, descritas por
Malinowski, são a circulação e a utilização que têm conferido a esses objetos/do-
cumentos significados e ordens de valor distintos. Ainda assim, sua preservação
para um uso futuro sugere um projeto de consagração, sendo lentamente cons-

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truído por Ramos, na tarefa diária de organização de sua coleção. Ao mencionar


a noção de contaminação, coloquei em relevo o caráter relacional do processo de
produção de valor do arquivo pessoal de um intelectual como Ramos. Essa dimen-
são, todavia, não lhe é exclusiva. A relação entre o autor/colecionador e o objeto se
insere no que Ulpiano T. Bezerra de Meneses chama de “presença multiforme”,
uma vez que as “idiossincrasias ficam materialmente assinaladas” (Meneses, 1991:
83). Arthur Ramos transformou parte relevante de suas experiências profissio-
nais em espaço privilegiado de observação; assim, seu arquivo pode ser um lugar
interessante para observar as práticas que ele próprio entendeu ser de natureza
etnográfica (Gupta & Ferguson, 1997).41
Das salas de consulta, necropsia e atendimento dos hospitais, institutos médi-
co-legais, escolas e clínicas por onde passou, Ramos colheu fragmentos como ma-
teriais de pesquisa e foi a partir deles que produziu seus primeiros trabalhos sob
o carimbo da antropologia. Apresentando-se ao recém-chegado Roger Bastide, o
próprio Ramos reconhecia esse contato como sendo aquele que o credenciara em
suas pesquisas etnológicas:

“(…) foi em virtude de minha profissão de clínico e médico-legista que me pus


em contacto com os negros da Bahia e outros grupos populares (…) em cultura.
Interessei-me inicialmente pelo estudo das manifestações psicofisiológicas de cer-
tos fenômenos religiosos de negros, principalmente o chamado ‘estado de santo’,
estudo que se constituiu em um dos capítulos de O negro brasileiro. Posteriormente
alarguei o campo das minhas pesquisas estendendo-me aos estudos das sobre-
vivências culturais em (…) do negro no Brasil: folclore, sociologia, antropologia
cultural, história social (…)”.42

Dessa primeira fase de sua carreira para o conjunto de notas de campo sobre
as “macumbas cariocas” – material que Ramos não teve tempo de analisar e publi-
car –, algo mudou. Essa alteração, por sua vez, não se limita à percepção que o
próprio Ramos obstinadamente intentou imprimir de sua própria trajetória inte-
lectual.43 Desde o início dos anos 40, Ramos parecia vestir o uniforme da discipli-
na e produzir deslocamentos teóricos relevantes em suas análises sobre o que
chamava “culturas afro-brasileiras”. Do seu Notas de ethnologia (1932) à Introdução
à antropologia brasileira (1943) e Poblaciones del Brasil (1945), reflexões inspira-
das em Freud e Lévy-Bruhl deram lugar a proposições em torno das relações en-
tre “raça” e “cultura”, baseadas em Franz Boas e Melville Herskovits. Em obituários
e notas biográficas, vários são os autores contemporâneos de Ramos que reconhe-
cem e identificam os sinais de alguma forma de transformação – seja no foco de

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atenção ou na abordagem metodológica empregada nesses estudos (Costa Pinto,


1951; Shaden, 1951; Baldus et al., 1950; Bastide, 1951).
Se a conversão do médico em antropólogo foi de fato relevante para os desdo-
bramentos que as pesquisas sobre essa temática tiveram no interior da disciplina,
é difícil dimensionar. Essa dificuldade está diretamente ligada ao lugar conferi-
do a Ramos nas análises históricas sobre a disciplina. Apesar de ter investido na
institucionalização da antropologia no Brasil e a despeito de ter-se manifestado
publicamente contra a perspectiva racialista de uma primeira geração de antropólo-
gos, sua imagem, trajetória e carreira ficariam para sempre marcadas pela sua fi-
liação e reverência às idéias do médico Raimundo Nina Rodrigues (Baldus et al.,
1950; Corrêa, 1998; Duarte, 1997; Stolcke, 1998). Arthur Ramos foi banido do
panteão de autores que marcam a recente história da disciplina no país como um
dos principais representantes da sua part maudite. Seus livros, artigos e idéias vira-
ram um exemplo não do que devemos ler para conhecer e perceber criticamente
o surgimento da antropologia no país, mas do que devemos esquecer para inven-
tarmos uma particular narrativa histórica acerca dos seus precursores, instituições
e envolvimentos. A lenta mas perceptível conversão de Ramos a um ingênuo,
mas historicamente relevante, culturalismo mostrou-se incapaz de redimi-lo da
pecha de um médico travestido de antropólogo.44 Nas muitas histórias da nossa
curta tradição disciplinar, outros médicos transformados em antropólogos foram
protegidos de tal banimento. Certamente, respostas para essas indagações devem
ser fruto de outras reflexões e, entre elas, análises que se dediquem a pensar so-
bre os desdobramentos que a disciplina teve no país, no final dos anos 1940 e
início dos 50.
Como mostraram George W. Stocking (1982; 1983a; 1983b), James Clifford
(1986; 1994) e Verena Stolcke (1992) – em textos devotados a discussões distin-
tas –, a escolha de “pais fundadores”, “iniciadores”, “precursores”, em projetos de
história da antropologia em vários contextos, tem sido objeto de embates que
não se restringem à discussão interna relativa aos limites da disciplina, mas in-
cluem a imagem que os antropólogos querem projetar de si próprios dentro de
uma narrativa histórica. Em vez de redimi-lo dessa posição subalterna e inexpres-
siva, análises sobre essas questões nos permitiriam ter um quadro muito mais
complexo e interessante sobre as políticas de sacralização no campo intelectual,
onde a historicidade de narrativas em torno de idéias de poder e influência apare-
ceriam conectadas aos seus contextos de enunciação e circulação.
As preocupações de Arthur Ramos em torno da institucionalização de uma
antropologia brasileira já no início dos anos 1940 foi, em grande parte, resulta-
do de uma perspectiva “aplicada” da disciplina, esboçada nos seus escritos de via-

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gem em terras norte-americanas. Em Guerra e relações de raça (1946), por exem-


plo, a antropologia é chamada ao debate de maneira explícita. E ao fazê-lo Ramos
não se furta em reconhecer seus abusos. Entretanto, ao mencionar a difusão das
teorias racialistas entre os intelectuais brasileiros no início do século, e sua pos-
terior refutação, refere-se apenas a processos de “ampliação” conceitual e não a
alterações de caráter qualitativo, na medida em que a sociedade ainda era inca-
paz de resolver grande parte das questões propostas pela ciência: “A noção estrei-
ta de raça foi ampliada com as de etnias e culturas” (1943: 19). A verdadeira
transformação, segundo Ramos, seria de outra ordem. Isto é, menos os conceitos
mas a própria disciplina deveria debruçar-se sobre outros temas cujas “soluções”
seriam mais prementes.
A “antropologia aplicada”, para Ramos, não mais se encarregaria de ser o braço
científico do colonialismo entre os povos “ditos primitivos”, mas equalizaria o
caráter autoritário que caracterizou a disciplina nos seus primórdios. Tal tarefa
consistiria em responder às questões prementes das nações, como os revivalismos
racistas e os enquistamentos étnicos. Estavam ali os dilemas que se antepunham
à formação das nações. No que diz respeito ao Brasil, ao mencionar as fronteiras
e espaços que careceriam de técnicos, especialização e “gente qualificada”, enu-
meraria os serviços de migração de trabalhadores para a Amazônia, o Serviço de
Proteção aos Índios e o Serviço de Colonização. Seriam essas tarefas impostas
pelo necessário processo de assimilação. O racismo – decorrência inexorável da
disseminação das teorias racialistas – passaria a ser, ele próprio, objeto de atenção
da antropologia. Como diria Ramos, resultado de um processo de “europeização
do mundo”, o racismo consistia num reflexo das imposições e do caráter au-
toritário dessas formulações. O projeto de Brasil, que sua geração vislumbrara,
vestira definitivamente os brasileiros com o manto da “cultura” – o outro nome
da diferença.
No terreno dos debates sobre democracia, os EUA dos anos 1940 não eram
propriamente o paraíso. Como mostrei na seção anterior, sobre isso Ramos preferiu
manter o silêncio, ainda que seus interlocutores lhe pedissem comentários e até
pesquisas sobre a “situação dos negros no Sul”. Ramos, ao contrário, referiu-se
vagamente a aspectos ligados ao “folclore negro na Louisiana” para abordar o
“problema das raças” no Brasil. Ramos passou alguns meses de sua estada nos
EUA numa típica cidade do Sul sob o Jim Crow, entretanto não mencionou a
existência de linchamentos, high schools e colleges segregados (Cade, 1947; Kunkel,
1959). Nem assinalou a permanente tensão racial em Chicago, a timidez dos
campi liberais e supostamente dessegregados nas cidades do Norte. Curiosamente,
essas referências, ainda que cifradas, vêm de seus interlocutores mais inusitados,

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como, por exemplo, nas confidências de um funcionário do Departamento de


Estado norte-americano e de uma ex-aluna da LSU.
Depois de ter ido a Baton Rouge em 1940 sondar um convite para lecionar
na LSU e lá ter conhecido pessoalmente Arthur Ramos, Richard Pattee explicara
por que declinara a oferta: “Tenho decidido por razões que expus a sua conside-
ração, não aceitar o generoso convite da Louisiana State University. Creio sincera-
mente que podere(i) fazer mais nas minhas investigações e estudos aqui e prova-
velmente o ambiente lá não favoreceria tanto o desenvolvimento de um progra-
ma amplo de estudos ibero-americanos. Tenho muito medo do Sul, especialmente
(d)a insistência sobre a divisão de cor. Pode ser que seja um erro, mas, depois da
minha última visita, parece-me que não é possível aspirar fazer um trabalho sério
acadêmico.” Essa constatação apareceria ao lado de um pedido. Pattee desejava
saber do próprio Ramos suas impressões sobre a LSU e Baton Rouge. A julgar pe-
las cartas reunidas a sua coleção, Ramos parece ter preferido o silêncio quanto às
suas impressões sobre o ambiente intelectual e o contexto racial em Baton Rouge.45
Suas descrições são memórias mediadas por imagens de experiências que não
viveu. Inserem-se num discurso nostálgico, propositadamente encerrado em fron-
teiras muito claras de um outro tempo, reconstruído na sua memória de viajante.
Em 1942, na mesma coluna no jornal Diretrizes, publicava notas quase geográfi-
cas das paisagens por onde andara, como que se eximindo de conclusões e apre-
ciações definitivas sobre o que se esperava que tivesse observado:

“É quase impossível transmitir uma visão de conjunto sobre os Estados Unidos, prin-
cipalmente para quem viveu, como eu, em zonas muito diversas. Há o Sul agrário,
cheio de tradições e preconceitos; e este, por sua vez, se subdivide em várias zonas...”46

Por fim, o leitor pode observar que estes textos não são estritamente etno-
gráficos e pretenderam, tão-somente, reportar a viagem, as descobertas e os per-
calços de um professor brasileiro na América. Entretanto, se compararmos seus
propósitos com os de outros textos nos quais uma espécie de antropologia aplica-
da ao combate anti-racista é entremeada às discussões teóricas, material etno-
gráfico e discurso nacionalista, vamos perceber que os canais de veiculação pouco
interferem no estilo e teor daqueles publicados em jornais. Esse trânsito ou, como
diz Micaela di Leonardo, essa “simbiose” entre um público especializado e ou-
tro, não iniciado, também caracterizou a produção, circulação e popularização
da antropologia norte-americana no mesmo período (1993: 148). Como para
outros autores de sua geração, a antropologia para Ramos era um artifício retóri-
co e um instrumento científico de reforma social.

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M E M E N TO : A A N T RO P O LO G I A M I N I M A D O D R . R A M O S ( E
MISS SUE)

“Somente agora soube que uma preta que esteve aqui empregada uma porção de
tempo é da religião africana – sendo ‘filha do velho’, como diz o Preto Pinheiro,
filha de Oxalufan”47

Entre os vários pedaços de papéis – sob a forma de cartões, folhetos, fotografias,


lembretes e recortes de jornais – que povoam a Coleção de Ramos, um, em espe-
cial, foi alvo da minha atenção. Em 1948, numa famosa revista de entretenimen-
to, Lasinha de C. Brito publicava uma série de fotos emolduradas por um lon-
go texto sobre o que chamava “o problema da criadagem”.48 Sem exceção, fotos
recheadas de mulheres mestiças e negras pretendiam revelar a incautas patroas o
que poderia se esconder sob a face de devotadas empregadas domésticas. Em vez
do interior das cozinhas, as imagens retratavam um universo aparentemente des-
conhecido dos leitores da Fon-Fon. À noite, depois de penoso dia de trabalho,
essas personagens cruzavam recônditos arredores da cidade rumo às gafieiras,
quadras de samba e terreiros de macumba, em busca de prazeres exóticos.
A matéria parecia desvendar segredos de uma cidade desconhecida cuja compre-
ensão não mais se limitava a especialistas dos campos médico, jurídico e policial.
As imagens erotizadas de criadas em roupas justas, cabelo em desalinho e faces
de puro êxtase, expunham uma população cujos hábitos e cultura deveriam ago-
ra posicionar-se frente à lente de observadores mais especializados (Abu-Lughod,
1991). Ramos, de volta da sua missão e viagem aos Estados Unidos, havia-se en-
carregado de tarefas como as de conhecer, traduzir e explicar os sinais dessa estra-
nheza, revelada tanto nos corpos quanto na cultura. Seus interlocutores, a partir
de então, estavam mais próximos. A partir de meados da década de 1940, pas-
sou a encarregar-se dessas tarefas de forma mais direta: tomou os empregados do
edifício em que morava no Rio de Janeiro – no então elitizado bairro do Leme
– como porta de acesso a esse universo, transformando-os em informantes e na-
tivos de uma curiosa etnografia. Nesse caso, as notas de Ramos sobre macumba,
nas quais se encontram as referências a Guilhermina e Eulina, embora não de
forma explícita, revelam de que maneira Ramos tomara a visão privilegiada do
Edifício Tupi como ponto de partida para a desnaturalização do que não mais
era concebido como patológico ou exótico, mas brasileiro. Sua compreensão ca-
recia de um olhar diferenciado. Ainda assim, Ramos parece insinuar que as
fronteiras dessa identidade deveriam ser reveladas por meio de processos psica-
nalíticos semelhantes aos que parecia ter abandonado ao retornar ao país, em

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1941, para dedicar-se quase que exclusivamente às suas aulas na Universidade do


Brasil e à organização da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia.49 O
lugar ocupado por essa reportagem nos papéis de Ramos suscita dúvidas quan-
to à lógica que permitiu sua inclusão junto a outros conjuntos de registros. Uma
reflexão sobre a natureza desses materiais se mostra uma alternativa interessante
para concluirmos nossa interpretação sobre o lugar da viagem e da pesquisa de
campo na sua trajetória intelectual.
Os artefatos transformados em troféus, quase souvenirs de um professor bra-
sileiro em Baton Rouge, expõem um intrigante silêncio. Trabalhos de curso, retra-
tos, cartões-postais e cartas de alunos revelam uma curiosa intimidade. Impassível
diante de alguns tímidos comentários sobre a segregação no Sul, Ramos constrói
um Brasil harmonioso, sem história ou passado. A plantation é cenário holly-
woodiano, suas personagens, Uncle Toms mumificados, não têm voz. Ramos silen-
cia a todos. Seus alunos são familiarizados não só com o brazilian way of life, mas
com outras utilidades da antropologia.50 Para Sue Elkin, aluna de Ramos, a presen-
ça do professor brasileiro em Louisiana mudara suas impressões sobre a discipli-
na. Depois da passagem de Ramos, dr. Fravot, membro do General Education
Board, o substituíra ministrando aulas sobre race relations. Sue não parecia muito
otimista: “Não estou querendo com isto subestimar o sr. Fravot. Eu realmente o
acho muito agradável, muito sincero. Mas tive que agüentar certo tipo de coisa…
às vezes, ainda piores que as do tipo: ‘os negros têm alma’? Coisas desse tipo. E
é claro que essas tépidas discussões prejudicavam o estudo sério.”
Curiosamente, essas cartas sugerem que as pesquisas da jovem sulina inspi-
raram Ramos na construção de alguns quadros comparativos, utilizados em seus
escritos posteriores sobre religiosidade dos negros no Novo Mundo. Sue trocou
com Ramos expectativas em torno da profissionalização em antropologia e de-
monstrou interesse em, por meio de Ramos, aproximar-se de Herskovits. Esses
comentários emolduravam as histórias que contava sobre suas primeiras experiên-
cias de campo inspiradas, dizia ela, nas suas aulas com Ramos na LSU. Suas pri-
meiras viagens ao Deep South, o temor de seu marido de que as leituras dos livros
de Zora Neale Hurston e seus interesses a transformassem numa “negra” e, princi-
palmente, os medos que atormentavam sua cozinheira Cissie, a qual, tal como
Eulina – a lavadeira de Ramos –, acreditava que fantasmas acompanhavam os
vivos. Esse misto de hesitação e interesse foram objetos do diálogo entre Sue e
Ramos. Foi exatamente nesse período que Ramos iniciou sua etnografia mais
doméstica. Talvez Eulina e Cissie tivessem algo em comum: tinham antropólo-
gos como patrões.51 É possível que tanto Eulina quanto Cissie incorporassem
uma primitividade em vias de desaparecimento no coração da nação. E, nesse

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ponto, Arthur Ramos compartilha com outros autores que trabalharam com os
temas afro-americanos, nos anos 1930 e 1940, um mesmo olhar sensivelmente
direcionado à detecção da diferença cultural, cujos contornos são fortemente mar-
cados por representações de “raça”e gênero. Essa sinalização é, por exemplo,
ressaltada na pesquisa de Donald Pierson, na Bahia, entre 1934 e 1937 (1942).
Ruth Landes, embora operando com pressupostos distintos, realça as fronteiras
desses dois domínios e os lugares que ocupam na vida cotidiana dos terreiros de
candomblé (1947 (2002); Cole, 1994, 1995; Corrêa, 2000). Edward Franklin
Frazier, por sua vez, entrevista mulheres jovens, moradoras dos arredores do
Gantois entre 1940 e 1941. Nas suas notas de campo, é o contato com as mulhe-
res e as suas interpretações sobre experiências conjugais e familiares que lhe for-
necem subsídios para o seu tenso diálogo com Melville Herskovits (1943).
No caminho de volta ao Brasil, Ramos ensaiou um diário de bordo. Tentava
lembrar-se do que chamava misunderstandings on Brazil: sua localização impreci-
sa, o fato da sua capital situar-se em Buenos Aires e dos brasileiros falarem espa-
nhol. Também rascunhou pequenas notas sobre personagens e lugares sulinos:
Mr. Ducan, Sue, Baton Rouge e suas visões sobre um rio parecido com o São Fran-
cisco – o Mississípi. Estranho mapa, dr. Ramos. No mesmo ano publicaria um tex-
to gestado e maturado em terra estrangeira: The Scientific Basis of Pan Americanism
(1941). Ramos acreditava ser necessário investir em explicações e fundamentos
científicos, no que então imaginava explícito unicamente através de um “senti-
mento” ou de “laços políticos”: o pan-americanismo. Por vezes aludido como
sinônimo de “culturas americanas”, o pan-americanismo seria mais do que uma
ideologia e teria, a seu ver, uma interpretação histórica e cultural a ser investigada.
“Existe uma cultura do Novo Mundo, existe um ‘americanismo’ que vai além do
significado político.” Similares, “configuração física”, “pré-história”, “história” e
“sombra negra” (shadow of negro, p. 31) perpassariam as três Américas, caracterizan-
do-as como uma única área cultural. Por essa via seria possível entender as proximi-
dades que ele encontrara entre o Mississípi e (o São Francisco) o rio Paraíba:

“O negro foi trazido para as Américas para suprir a força de trabalho escravo nos
campos e minas. A presença dele constitui um daqueles denominadores comuns
que dá uniformidade às culturas americanas. O escravo negro no vale do Mississípi
é o mesmo negro escravo do vale do rio Paraíba. A mesma voz, as mesmas canções,
a mesma fisionomia e a mesma história” (1941b: 31).

Sua cartografia generosa teria implicações futuras. A possibilidade dos arredores


do Edifício Tupi serem compreendidos como uma microrregião de um território

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histórico e, principalmente, cultural muito mais abrangente. A caminho de casa,


a bordo do Degerando, Ramos testava sua memória e capacidade de viajante es-
pecializado. “Vamos ver se me lembro de mais alguma coisa.” De fato, Ramos
lembrara. Num outro pequeno pedaço de papel que encontrei junto a essas pe-
quenas “anotações de bordo”, provocações. O tom é de sarcasmo, mas também
de triunfo. Embora não tenha feito as observações que prometera, a viagem trans-
formara a sua carreira. Como viajante, tinha também alterado as rotas das pesquisas
e, por conseguinte, os conhecimentos por elas produzidos. Talvez o seu papel fos-
se mais próximo ao dos missionários. Ramos ensinou, explicou e interpretou o
Brasil para um estranho grupo de nativos do Norte.

“Aqui, na universidade, a rapaziada está certa de que a ‘señorita’ Miranda é Argentina


(…) no velho sul cheio de preconceitos, tive a liberdade de discutir livremente a
situação racial do Brasil, as nossas tradições de tolerância racial e religiosa. Eles
viram que muita coisa sua democracia tem a aprender com a nossa.”52

Intentou conversão, conquistou interesse. Mas como todo manual de línguas


exige muita criatividade, Ramos o elaborou inspirado num sentimento quase re-
ligioso – o seu profundo nacionalismo.

“Onde está aquele grupo de abnegados que queria iniciar no Brasil, os ‘trabalhos de
campo’, promover viagens culturais de pesquisa e outras coisas sem importância?
Mestre Afrânio Peixoto, do alto da sua serenidade, não se conteve e lançou há dias
um brado angustioso, por todos nós que temos frio, que estamos no escuro, que
queremos fazer alguma coisa pela cultura do Brasil, e apenas tateamos nas trevas.”

Talvez não seja relevante discutirmos se de fato a “viagem de Ramos” possa


ser entendida stricto sensu como tendo sido uma “experiência etnográfica”. Porém,
o fato de que na sua interpretação e na maneira pela qual as marcas desse percur-
so foram sacralizadas em seu arquivo nos permite indagar até que ponto as li-
nhas tênues que separam as “viagens” da “pesquisa de campo” não são objeto de
uma negociação intensa, principalmente no que diz respeito à produção de memória
sobre uma carreira profissional. Ao concebermos a viagem de Ramos como um
tipo singular de deslocamento, podemos vislumbrar outros significados conferidos
a noções como distância e diferença cultural em sua obra e, sobretudo, perscru-
tar nos papéis e na montagem de sua coleção, quando e como a viagem inscre-
ve-se “simultaneamente no espaço, no tempo e na hierarquia social” (Lévi-Strauss
1996 (1955) 60).

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De volta ao Rio de Janeiro, Ramos pôs em ação o olhar de viajante e sua su-
posta capacidade ilimitada de observação. Mas as distâncias já não eram as mes-
mas. A guerra e seus impactos no Brasil e no mundo arrefeceram-lhe o desejo de
regular moral e culturalmente a nação. Ainda assim, das primeiras experiências,
restaram vestígios. Os sujeitos e os objetos que povoaram as cartas de Otinha entre
1937 e 1939, os dossiês médicos e criminais, os laudos clínicos reapareceriam
travestidos e transformados. Os focos de sua atenção encontravam-se inusitada-
mente próximos. As viagens agora indicavam movimentos locais. Não implica-
vam a descoberta de sinais de alteridade radicalmente diversos e sua etnografia
prescindia de um deslocamento espacial significativo. Eram os brasileiros, e não
somente os negros, que protagonizavam, sedutores, a cena nacional. Era esse o
cenário que clamava pela observação especializada. Brasileiros diversos cultural-
mente. Ainda assim, o tropo viagem-distância parece persistir. Esses gestos míni-
mos, naturalizados e produtores de fronteiras culturais reificadas, não fariam da
antropologia à brasileira algo menor. Sérgio Cardoso nos chama atenção para as
implicações da valorização da noção de distância como um perigoso pressupos-
to. “Ao indicar a distância com sua marca distintiva, nos confina em um terreno
em que os litígios parecem insolúveis, e qualquer acordo, impossível (...) ora,
próximo, diríamos, é o que está perto, nas cercanias; sua acepção coerente indi-
ca vizinhança e imediação. Assim, podemos observar que a palavra (proximidade)
sugere um certo horizonte de inclusão e envolvimeno, que confina cada elemento
assinalado e os que lhe estão próximos, no interior de um mesmo campo, nos
limites de um certo espaço que contorna entre eles alguma comunicação e passa-
gem, e demarca os “arredores” de cada um. Ou seja: esse atributo remete à confi-
guração de um todo – ou, ao menos, ao contorno de um certo horizonte – que
compreende os pontos envolvidos e possibilita sua apreensão simultânea, sem a
qual parece impossível tal predicação” (1988: 352-3).
Mariza Peirano explorou as implicações dessa insistente domesticidade que
marca o processo de institucionalização da antropologia no Brasil (1981, 1998).
Podemos imaginar como, na trajetória de Ramos, a viagem fora concebida como
um rito de iniciação. Além de dotar de prestígio a sua carreira, o transformara
de fato num antropólogo. No mesmo período em que Edward Franklin Frazier,
Lorenzo D. Turner e Melville Herskovits seguiam para a Bahia em busca dos
vestígios da África no Brasil, Ramos iniciava uma espécie de antropologia míni-
ma em torno do edifício onde morava. Buscava os vestígios do que um dia chamou
“sincretismo”, na festa da Penha, na Alvorada de São Jorge, no centro espírita
kardecista e nas sessões ecléticas na casa da d. Zilá. Notas sucintas, informações
biográficas e dados etnográficos misturam-se a recortes de jornais sobre espiritismo

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e umbanda nos subúrbios do Rio. A assustada Eulina era de Penafiel, Sta. Clara
do Torrão.

“Não conhece por lá N. S. da Penha e nunca foi à Penha. Seu Albino, porteiro
do Edifício Tupi, é de Espozenda, no Minho. A mulher do seu Albino é do Porto.
Seu Francisco, pai de Irene, era de Minas (...) D. Conceição, dona da casa onde
mora Eulina, nossa lavadeira, é de Barcelos, Portugal. Não muito longe de Vila
do Conde. Barcelos, vila de Braga, província do Minho (…).”53

De suas notas, ficamos sabendo por que a cozinheira Guilhermina, balançando


a cabeça, reprovava a reação de Eulina, no dia que esta chegou afobada na casa
do dr. Arthur. Ela também esteve metida com “essas coisas”, fato que o dr. Ramos
sabia. Guilhermina andava mal. “Deixou de ir à macumba de Acari”, anotara
Ramos. Mas Eulina explicara ao patrão os verdadeiros motivos do abandono:
“Sua família (de Belford Roxo) é católica, ‘não gosta dessas coisas’ e ia ‘ficar pen-
sando mal dela’. Conceição, sua prima por afinidade, costuma ir a essa macum-
ba e já trouxe recado de lá perguntando por que Guilhermina não voltou mais.”
A cozinheira tinha medo de olhar para trás.
Acredito que os antropólogos não possam transformar tudo o que está a sua
volta em objeto de valiosa observação. Vimos como Ramos não transformou tudo
que via em foco de observação e por que suas observações não resultavam neces-
sariamente daquilo que via. O fato é que, como Ramos, outros antropólogos
brasileiros inventaram uma tradição doméstica de transformar em exótico parte
do cenário em que estão envoltos. Cenário que descrevem de forma a ressaltar o
contato e não o confronto. Isso, porém, não é um truque de prestidigitação. Não
é qualquer olhar que se sujeita a esse tipo de transformação. Não é à toa que
Ramos passa a observar, agora mais cauteloso, as personagens que povoam a co-
zinha de seu apartamento e, a partir delas, todo um universo religioso e cultu-
ral, que imagina sinalizar-lhe uma diferença irredutível e passível de observação,
torna-se acessível. A transposição dos limites sociais que regulam as fronteiras do
universo do observador e do seu – a partir de então, objetos privilegiados –, foi
possível graças a outros silêncios, distâncias e hierarquias constitutivas da relação
entre observadores e observados.
Não quero dizer com isso que Ramos esteve sozinho nessa atividade contínua
de estranhar o que lhe era hierárquica e socialmente diverso. Essa forma de aces-
so perpassa outros textos etnográficos sobre temáticas relativas à cor e “raça”, seja
nos Estados Unidos, seja no Brasil. Sua permanência e recorrência me instigam
a concluir minha reflexão sobre as experiências de Ramos, de forma a relativizar

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as vicissitudes de sua prática e trajetória. As etnografias pioneiras de Hortense


Powdermaker (1932-1934) e Ruth Landes (1938-1939), respectivamente no Sul
dos Estados Unidos e em Salvador, fornecem indicações interessantes de como
as estratégias de acesso, inclusão e integração de ambas nos ambientes da pesquisa
não só foram precedidas, como beneficiadas, por relações de subordinação e sub-
jetividade. Powdermaker e Landes situam seus primeiros contatos com negros
nas cozinhas de suas casas. Referências como “nossa família tinha tido uma sucessão
de ‘garotas’ negras, como as diaristas eram chamadas” – informação que avaliza
a anterioridade dos contatos que Powdermaker travaria com os negros no sul –,
e conversas entre Landes e “sua lavadeira”, em Salvador, são alusões cujos senti-
dos ultrapassam as fronteiras do texto (Powdermaker, 1966: 131; Landes, 1947).
Sob o risco de um presentismo demasiado, chamaria atenção para o fato de que
sua leitura nos permite aceder, ainda que de forma imaginativa, às esferas políti-
cas da prática antropológica sob uma perspectiva histórica. Ainda assim, é preci-
so dizer, as práticas etnográficas nem sempre residem em relações de subordina-
ção. As experiências das personagens-informante Graça e d. Maria, que figuram
respectivamente nos textos de Donna Goldstein (1999) e John Burdick (1998),
pretenderam colocar em relevo tais relações de subordinação, das quais nem sem-
pre os antropólogos são meros e passivos observadores. Nos dois casos, as histórias
envolvendo os “dois beijinhos” e o “copo d’água” – nas quais o narrador-etnógra-
fo não assiste ou interpreta, mas induz/produz relações de diferença e hierarquia
– propiciam que a posição de observador seja invertida de forma a transformar
a interpretação nativa em tecido e não retórica da análise. Essa é uma entre ou-
tras altenativas possíveis na compreensão da complexa arena de relações que se
ocultam sob a observação e as atividades de descrição e interpretação.
Olhando para a antropologia mínima que Arthur Ramos iniciou nos anos
1940, podemos imaginar a forma pela qual faxineiras, cozinheiras, porteiros e
lavadeiras foram transformados em informantes. “Portas de acesso” para um terri-
tório inexpugnável aos olhos de nossas elites intelectuais. Por intermédio desses
informantes, Ramos saiu do Edifício Tupi. Em termos simbólicos, essa viagem
implicou maior distância. Acari, Belford Roxo, Vila Isabel e Andaraí. Insólita
geografia marcada por um exotismo que Ramos não encontrou em Baton Rouge.
Diante dessas questões, é possível imaginar – por meio de uma narrativa coeren-
te com os pontos de inscrição dessa experiência que o próprio Ramos abrigou
em seu arquivo – o projeto acadêmico e a viagem, e de que modo suas impressões
sobre a relação entre ambos foram transformadas numa particular etnografia. Em
oposição ao volume de documentos referentes a sua experiência como professor
na Louisiana State University, em Baton Rouge, contidos em sua coleção, pouco

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sabemos sobre as condições de suas incursões aos subúrbios cariocas e fazendas


do interior fluminense. O mesmo não pode ser dito com relação a alguns dos in-
formantes que propiciaram sua inserção nesses territórios situados para além das
margens do Edifício Tupi. Algumas referências sobre sua cozinheira, lavadeira,
familiares e amigos nos ajudam a misturar a nossa imaginação com aquelas que
Ramos qualificou e adjetivou como sendo de natureza antropológica.
Nesse ponto, ao contrário de imitar Ramos, que talvez tenha duvidado de que
Eulina não estivesse de fato reconhecendo uma “queda de santo”, e o pai-de-santo,
que se utilizava de uma vara de pinhão roxo para aferir a possibilidade de si-
mulação, prefiro pensar na idéia de viagem concebida como uma experiência de
observação, e interpretar sua relação com o que uma tradição disciplinar mais
ortodoxa tem denominado “pesquisa de campo”, a partir dos sentidos que lhe
foram atribuídos por Ramos quando da sua passagem pelos Estados Unidos en-
tre 1940-1941. Dessa maneira podemos entender os seus deslocamentos pelos
subúrbios cariocas nos anos subseqüentes.

D O C U M E N TO S M A N U S C R I TO S

Melville Herskovits Papers, Northwestern University Archives (NU/MHP).


Coleção Arthur Ramos, Divisão de Manuscritos, Fundação Biblioteca Nacional
(CAR/BN).
Coleção Robert Ezra Park, Fisk University (REP/FU).

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N OTA S :

1 – Carta de Otinha, 5 fev. 1937. Coleção Arthur Ramos/Biblioteca Nacional (agora


em diante CAR/BN, seguido da referência/localização na coleção). “Garapa” é o nome
dado à substância adocicada, feita de caldo de cana-de-açúcar ou frutas. No seu sentido
figurado, “coisa boa ou fácil de se conseguir ou certa (no NE ou no S, quando se quer
exprimir essa facilidade ou certeza na obtenção de uma coisa desejada, diz-se: É aquela
garapa!)”. Verbete “garapa” in FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O dicionário
da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, 1ª ed., p. 674.
2 – RAMOS, A. Notas sobre macumba (1948), manuscrito, 13 p., CAR/BN, 38, 2, 26.
3 – Vale a pena notar que essa preocupação mais abrangente guiou parcela relevante da gera-
ção dos antropólogos brasileiros que, já nos anos 70, passam a observar rituais e cultos afro-
brasileiros como “sistemas culturais” através dos quais seria possível compreender, entre ou-
tras coisas, concepções de indivíduo e pessoa na sociedade brasileira. Entre outros, ver VE-
LHO, Gilberto (1990); MAGGIE, Yvonne (2001 (1972)) e BIRMAN, Patrícia (1990).
4 – RAMOS, Arthur. Ed. Tupi, 18 out. 1942 (CAR/BN, manuscrito).
5 – TORGA, Miguel. Em Diário IX, 1949. Citado no verbete “anamnese”, in FER-
REIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O dicionário da língua portuguesa, p. 92.
6 – Para o contexto brasileiro, ver o instigante estudo de VILHENA, Rodolfo (1997).
7 – Otinha. Pilar, 1 abr. 1937, CAR/BN (I-35, 36, 2810c).
8 – Carta de Édison Carneiro para A. Ramos, 4 jan. 1936, CAR/BN.
9 – Valdemar Ferreira dos Santos é um dos informantes que envia (ou permuta) informa-
ções sobre sua vida e sua relação com os candomblés baianos. Para uma visão mais acu-
rada do relacionamento entre Édison Carneiro e Arthur Ramos, nada melhor do que a
leitura das cartas enviadas por Édison a Ramos, publicadas em 1987 (Lima, 1987). Infe-
lizmente, as cartas de Ramos não foram disponibilizadas nessa publicação e estão acessíveis
somente na sua coleção.
10 – Docente da Faculdade de Medicina da Bahia e médico pediatra, Hosanah de Oliveira
foi, segundo Arthur Ramos, com o próprio Ramos “confirmado” “ogã” no tradicional
Terreiro do Gantois no início dos anos 1930 (ver RAMOS, 1951: 62-3). A influência
de Hosanah também foi fundamental nas pesquisas e viagens de PIERSON, Donald
(1935-6); LANDES, Ruth (1938-9); TURNER, Lorenzo D. (1940-1); FRAZIER,
Franklin (1940-1); TANNEMBAUN, Frank (1937).
11 – Ramos publicou grande parte dos mais importantes livros sobre temas afro-brasileiros
enquanto esteve à frente da Coleção Biblioteca de Divulgação Científica, da editora
Civilização Brasileira, à época dirigida por Octales Marcondes Ferraz. Embora presti-
giada e com grande divulgação em jornais e publicações afins, a coleção foi encerrada
em 1939, devido à “pouca saída” de seus títulos e por não “bastar a si mesma”. Contrariado
com o encerramento da coleção, Ramos argumentava que, de um total de 2.700 volu-
mes publicados até 1939, um pouco mais da metade havia sido vendida. Carta de Octales
M. Ferraz a Arthur Ramos, 7 maio 1939, CAR/BN.
Entre 1934 e 1938 – até a publicação do livro de Manuel Querino – a coleção dirigida
por Ramos já tinha editado 15 volumes sobre o tema. Entre esses, três volumes eram de
sua própria autoria. Carta de Octales M. Ferraz, 24 jan. 1939, CAR/BN.

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12 – Em As culturas negras no Brasil (1936) – contribuição de Ramos ao ciclo de con-


ferências sobre etnografia, organizado por Dinah Lévi-Strauss no Departamento
Municipal de Cultura de São Paulo em 1936 – e As culturas negras no Novo Mundo
(1937), Ramos explicita as bases do que chamei “conversão” (à antropologia) (Cunha,
1999). Nesses textos, suas leituras e correspondência com intelectuais norte-americanos
e latino-americanos o influenciam na adoção da noção de “aculturação” nas análises so-
bre cultura e religiosidade negra nas Américas, sob uma perspectiva comparativa.
13 – Essa definição é claramente problemática. A natureza do que chamo material etnográ-
fico não está estabelecida a priori. Entretanto, apresenta-se, quase sempre, em seu estado
bruto ou, ainda, não foi objeto de uma reflexão mais acabada e conclusiva, presente nos
artigos e livros que dela resulta. Por outro lado, parece conter reflexões inscritas e sujei-
tas a posteriori reinterpretação.
14 – Inspirado pelas análises de Ricouer, James Clifford sistematiza três formas distin-
tas, mas profundamente interligadas, na produção de conhecimento antropológico que
resultam do trabalho etnográfico (1990). A transcrição de um fenômeno vivenciado.
15 – Chamo atenção que essa releitura parece ter sido experimentada pelo próprio Ramos
durante a confecção de seu curriculum vitae (1945) e coleta e organização de seu arqui-
vo pessoal, bem como ressaltada em alguns trabalhos de autores contemporâneos que
com ele conviveram. Num volume organizado em sua homenagem, o sociólogo L. A.
Costa Pinto observa que essa transformação em sua obra não a isentou de problemas:
“A viagem aos Estados Unidos permitira-lhe um contato mais estreito com os últimos
progressos da antropologia americana, contrabalançando a influência em seu espírito dos
culturalistas alemães; por outro lado, o seu psicologismo, os preconceitos antievolu-
cionistas e um culturalismo de outro tipo arraigam-se mais profundamente no esquema
conceitual com que laborava, o que nos ensejou, repetidas vezes, discrepâncias metodoló-
gicas muito sérias que debatemos de público mais de uma vez ...)” (1953).
16 – Há que se investigar como foram construídas as fronteiras que instituíram o cam-
po em que Ramos investiu seu tempo e do qual foi expurgado após sua morte.
17 – Da mesma forma que os encontros que constituíram as experiências etnográficas de
Melville Herskovits, William Bascom, Lorenzo D. Turner, Franklin Frazier, Ruth Landes,
Robert E. Park e outros, em diversas regiões do Caribe e América Latina, é inegável o
papel que as viagens de estudos, exílio, intercâmbio de Fernando Ortiz, Arthur Ramos,
Rómulo Lachatañéré, Aguirre Beltran, Oracy Nogueira, Fernando Romero, Idelfonso
Pareda Valdés, Louis Price-Mars, Eric Williams e outros aos Estados Unidos, Inglaterra
e França, durante os anos 40, teve em seus respectivos trabalhos (Cunha, 2001).
18 – No mesmo momento em que Melville Herskovits capitaneava recursos de institui-
ções privadas e do império americano para financiar pesquisas e intercâmbios intelectu-
ais no Caribe e na América Latina, Eric Williams submetia à Julius Rosenwald Found.
um projeto de pesquisa envolvendo a comparação da indústria do açúcar, ideologias de
“raça” e capitalismo no Brasil e no Caribe. Embora aprovado, Williams repensou as ro-
tas do seu projeto inicial, concentrando-se em alguns países caribenhos. Carta de Eric
Williams a Melville Herskovits, 12 nov. 1940. Melville Herskovits Papers, Northwestern
University Archives, Box 2 (de agora em diante, NWUA/MHP).
19 – Sobre o Handbook, ver SHELBY, Charnion (1951). Para seguir os passos dessa

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política de aproximação, ver, especialmente, os seguintes volumes do The Department of


State Bulletin (DSB): Exchange of Professors and Students between the Unided States and
the other American Republics, I (13): 289-291, 1939; Conference on Inter-American Relations
in the field of Education, I (19): 464-5: 146, 1939; Inter-American Professor Exchange, II
(41): 357-362, 1940; Exchange Professors and Students, III (61): 149, 1940. Em 1941,
um total de 85 estudantes e professores de vários países latino-americanos desembar-
cavam no Santa Lucia, em Nova York, para participar de atividades promovidas pela
University of South Carolina. Da Faculdade de Medicina de Havana viriam seis médi-
cos como resultado de um convênio com a Cornell University Medical College. O Brasil
enviaria um estudante de biblioteconomia à Louisiana State University, um de medici-
na à John Hopkins, um agrônomo para a University of Florida, um estudante de direito
à University of Pennsylvania e uma estudante de educação para a University of Louisiana.
Ver Travel Grants to Professors and Students, III (67), 5 out. 1940, p. 282.
20 – Carta de Elsie C. Parsons para Melville Herskovits, 20 mar. 1941, NWUA/MHP,
Box 18.
21 – NU/MHP. Carta de Ramos para Melville Herskovits. 1 ago. 1940. Ramos viajou
para os Estados Unidos graças ao salário oferecido pela Louisiana State University e 1/4
de bolsa de estudos, na época oferecida a bolsistas latino-americanos. Entretanto, antes
mesmo de viajar, expressou publicamente sua simpatia pela política de “boa vizinhança”
e escreveu sobre a situação racial norte-americana. Ver O negro nos Estados Unidos –
Fatores de amizade entre as duas grandes pátrias americanas. Rio de Janeiro: Edições Diários
de Notícias, 1939, pp. 323-26.
22 – NU/MHP, 30 maio 1938. Carta a Arthur Ramos. PIERSON, Donald, 11 maio
1937, CAR/BN.
23 – O interesse de Ramos em Chicago mantém-se mesmo após ter aceito o cargo de
professor visitante na LSU e de deixar a cargo de M. Herskovits grande parte do seu
roteiro de visitas a universidades norte-americanas. Carta de A. Ramos a R. Redfield, 10
ago., 1940, CAR/BN. Embora tenha ido a Chicago, Ramos nem se encontrou com Park
– nessa época vivendo em Nashville como professor do Departamento de Ciências Sociais
da Fisk University – nem com Redfield (que estava na Guatemala). Em carta a Park,
Pierson lamentaria o forte vínculo de Ramos às idéias de Melville Herskovits. Carta de
Donald Pierson a Robert E. Park, 26 jan. 1941. Robert Park Collection, Fisk University
(de agora em diante REP/FU).
24 – Houve grande interesse do governo norte-americano em apoiar projetos envolven-
do agricultura na América Latina e no Caribe. Melville Herskovits beneficiou-se indire-
tamente de recursos ao direcionar sua atenção aos camponeses negros no Haiti. Sobre
Cartas de T. Lynn Smith para Arthur Ramos, respectivamente, 11 jul. 1939, 10 mar.
1939. CAR/BN.
25 – Pattee acabaria reiniciando um outro périplo, envolvendo deslocamentos nada
aleatórios: por volta dos anos 1950 e já longe de suas funções no governo norte-ameri-
cano, cruzava não só países africanos de língua portuguesa, mas a África do Sul, em bus-
ca de material para escrever livro sobre colonização portuguesa.
26 – Em carta a Rayford W. Logan, Ramos aceitou o convite de W. E. B. Du Bois. Carta,
5 set. 1936, CAR/BN.

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27 – Ver, respectivamente, CAR/BN (I-35, 16, 235), (I-35, 16, 212) e NU/MHP. Carta
de Arthur Ramos para M. Herskovits, 20 jun. 1939.
28 – Um sábio brasileiro nas universidades americanas. Diretrizes, III (28): 29, 1940.
29 – Idem. Ramos data essa referência ao missionário como tendo sido finalizada em 12
set. 1940.
30 – Carta dos Estados Unidos – Antecâmara da América. Diretrizes, III (30): 10-12,
1940. Ver também Lições da Vida Americana (depoimento de Érico Veríssimo) e Carta
dos Estados Unidos – América Portuguesa. Diretrizes, IV (40): 10.
31 – Em outro texto comparo e detalho a viagem de Ramos aos Estados Unidos à via-
gem do cubano Lachatañéré (Cunha, 2002).
32 – Idem. NU/MHP, ver correspondência entre A. Ramos e M. Herskovits, enviada
entre setembro e novembro de 1940.
33 – Ver Um Sábio Brasileiro nas Universidades Americanas, Diretrizes, III (28): 30,
1940. Ver, também, carta de A. Ramos a M. Herskovits, 10 jan. 1941, NU/MHP. O tex-
to foi publicado em periódico dos intelectuais negros norte-americanos, o Journal of
Negro History (ver RAMOS, 1941).
34 – Tradução minha. NU/MHP, carta de Herskovits a Ramos, 8 set. 1940.
35 – NU/MHP, carta de A. Ramos para M. Herskovits, 12 out. 1940.
36 – MHP/NWU, carta de Melville Herskovits para Arthur Ramos, 30 set. 1942.
37 – Carta dos Estados Unidos – Old Man River. Diretrizes, (31): 49-51, nov., 1940,
pp. 49-50.
38 – Essa expressão foi utilizada pelo próprio Ramos no prefácio de As culturas negras
no Novo Mundo ((1937) 1979: xxi).
39 – Cartas de Otinha para A. Ramos, respectivamente, 12 mar. 1937 e 1 abr. 1937.
CAR/BN (5, 36, 2018c).
40 – Sobre as práticas policiais na repressão aos cultos ver, por exemplo, a carta que Oti-
nha envia a Ramos e esposa em 14 fev. 1937, CAR/BN (I-36, 9, 106). O termo seita é
utilizado pela missivista. Ver cartas de Otinha para Ramos entre 1937 e 1938.
41 – O material reunido por Ramos e a esposa em sua coleção, em viagens pelo interior de
Alagoas, e os documentos/artefatos enviados por amigos e admiradores caracterizam uma
prática muito corriqueira utilizada pelos antropólogos brasileiros de sua geração. Entretanto,
a lógica de inserção e indexação de parte substancial desse material sugere que se prestaram
a validar e diferenciar as atividades do médico daquelas desempenhadas pelo antropólogo.
Em Alagoas, seus familiares e amigos foram responsáveis pela alimentação constante do acer-
vo. Numa pasta intitulada Etnografia Religiosa do Negro Brasileiro, que contém parte re-
levante do material utilizado na confecção de O negro brasileiro (1934), encontra-se parte
do material colhido por Ramos e sua esposa em uma viagem de caráter familiar a Pilar (AL),
cadernetas e anotações recolhidas por Manuel Ramos e por quem identificou apenas como
“velha Gervásia”. CAR/BN, (I-36, 20). O próprio Ramos referiu-se a esse período de cole-
ta como simultâneo ao da “conversão”: “Quando, há mais de um decênio, comecei a reu-
nir na Bahia material de estudo sobre o negro (...) as pesquisas encetadas no recesso dos can-
domblés, a que me arrastou a profissão de médico-legista do Instituto Nina Rodrigues, não
encontraram eco imediato.” Em nota correspondente ao trecho citado, Ramos observa: “Esse
material deu origem aos seguintes trabalhos: Os horizontes míticos do negro na Bahia (1932);
A possessão fetichista na Bahia (1932); O mito de Yemanjá (1932) (...) e a obra cíclica O ne-
gro brasileiro, com três volumes já publicados” (1979: xix).

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42 – Carta de A. Ramos a Roger Bastide, Rio de Janeiro, 1 ago. 1938, CAR/BN.


43 – Mariza Corrêa nos chama atenção para o fato de os primeiros escritos de Ramos
sobre possessão incluírem críticas às concepções psicopatológicas do médico Nina
Rodrigues, autor responsável por idéias às quais muitos autores de sua geração, e o próprio
Ramos, se filiaram no final dos anos 1930. Mariza Corrêa observa ainda que essa mudan-
ça de orientação está profundamente relacionada a disputas regionais e à presença, e cres-
cente prestígio, do pernambucano Gilberto Freyre no campo de estudos sobre a popu-
lação afro-brasileira (1998: 280).
44 – Mais uma vez, é Mariza Corrêa quem sugere respostas ao que parece banimento:
a filiação de Ramos e outros intelectuais (principalmente, baianos) a perspectivas médi-
co-legais explicitadas por Nina Rodrigues. “Esta perspectiva”, conclui, “talvez explique
por que seus trabalhos continuaram a ser citados por médicos psiquiatras e deixaram de
ser mencionados depois da sua morte” (1998: 292).
45 – CAR/BN, carta de Richard Pattee a A. Ramos, 5 dez. 1940. Chamo atenção para
o fato de essas referências, ainda que num tom e ênfase fortemente nacionalistas, terem
sido publicadas em sua coluna no jornal Diretrizes. Para uma visão mais detalhada so-
bre esses artigos, ver CUNHA, 2002.
46 – Idem, p.51.
47 – Otinha, s. d. CAR/BN, (I-35, 36, 2810c).
48 – BRITO, Lasinha L. C. de C. O Problema da Criadagem. Fon-Fon, 20 nov. 1948,
p. 1. Os recortes foram incluídos em pasta relativa aos documentos sobre macumba, in-
titulada Diversos. (CAR/BN, folder 38, 2, 32).
49 – À frente da Sbae, Ramos encabeça um manifesto dos antropólogos brasileiros di-
rigido ao governo, no qual colocavam-se “a serviço” da luta antifacista. “(...) Queremos
oferecer ao governo do Brasil os nossos irrestritos serviços, os dos técnicos da antropolo-
gia e das ciências conexas ao trabalho da união e da defesa nacionais. Mais do que isso,
porém, queremos oferecer a todo o mundo civilizado a nossa magnífica filosofia no trata-
mento das raças, com o maior protesto científico e humano e a maior arma espiritual
contra as ameaças sombrias das concepções nazistas da vida, este estado psicológico de
espírito que pretende envolver a humanidade numa espessa e irreparável atmosfera de luto.”
Manifesto da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia apresentado em sessão
extraordinária de 28 ago. 1942 (CAR/BN, 40, 2, 6).
50 – De volta ao Brasil, Ramos transformara-se numa espécie de embaixador cultural e
de assuntos acadêmicos, divulgando de forma eficaz a política cultural norte-americana
em palestras e arquivos. Em 1941, faz conferências na Associação Brasileira de Educação
(A Antropologia Social nos Estados Unidos), na então recém-criada Sociedade Brasileira
de Antropologia e Etnologia (O Folclore Musical Negro Norte-Americano), no Instituto
Brasil–Estados Unidos (A Vida Universitária nos Estados Unidos), e no Centro de Relações
Internacionais (A Minha Experiência nas Universidades Americanas).
51 – CAR/BN, correspondência entre A. Ramos e Sue E. Elkin.
52 – Carta dos EUA – América Portuguesa. Diretrizes, IV (40): 10, 1940.
53 – Manuscrito, CAR/BN. Para uma discussão densa sobre a maneira pela qual as fron-
teiras entre religiões afro-brasileiras e catolicismo foram pensadas e demarcadas pelos
antropólogos brasileiros, ver BIRMAN, 1995.

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BRASIL: U M A N A ² AO V I S TA
AT R AV E S D A V I D R A ² A D A R A ² A *

Verena Stolcke
Professora de Antropologia Social da
Universidade Autônoma de Barcelona.

“Nós brasileiros – e o mesmo pode ser dito para outros povos americanos – per-
tencemos à América meramente em um nível novo e oscilante de nossa mente,
enquanto pertencemos à Europa em todos os níveis estratificados. Tão logo adqui-
rimos um mínimo de cultura, esta última domina sobre a primeira. Nossa imagi-
nação não pode deixar de ser européia, ou seja, de ser humana...”( Nabuco,
Joaquim. Minha formação, 1957, 1ª ed., 1890, pp. 46-7.)

“A busca da África (nos estudos sobre o Negro no Brasil) resultou, a longo pra-
zo, em algo muito pernicioso e preju-dicial para esses estudos. Como não pode-
ria deixar de ser, pois partiram da premissa de que o Negro era um estrangeiro.”
(Carneiro, Édison. Ladinos e crioulos, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964,
pp. 103-18.)

Em sua 5ª Conferência Geral, celebrada em Florença, em 1950, a Organização


das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) decidiu patro-
cinar um projeto de pesquisa piloto no Brasil “sobre os problemas de diferentes
raças e grupos étnicos vivendo em um ambiente social comum”.1 O projeto fazia
parte das iniciativas cientí-ficas da Unesco, nascidas em conseqüência dos hor-
rores resultantes da doutrina racial nazista e para exorcizar de uma vez por todas
os demônios raciais.

* Este texto foi publicado originalmente na Revista de Cultura Brasileña, nº 1, março de


1998, editada pela Embaixada do Brasil na Espanha.

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Alfred Métraux, eminente antropólogo que acabou coordenando o projeto da


Unesco, atribui a escolha do Brasil à “boa impressão que, em geral, as relações
raciais no Brasil deixaram, durante anos, em viajantes e sociólogos, surpresos em
encontrar atitudes tão diferentes daquelas observadas em outras partes do mun-
do”. De fato, o Brasil tem sido aclamado como um dos raros países que alcançou
“democracia racial”. Esse “raro exemplo de relações raciais harmoniosas” havia,
até então, recebido pouca atenção, apesar de que situações em que diferentes
raças vivendo em harmonia poderiam exercer forte influência sobre questões ra-
ciais em geral.2
A imagem otimista do Brasil como “democracia racial” tem uma longa e con-
trovertida história. Constitui forte herança de uma longa tradição de estudos
comparativos da escravidão no Brasil em contraste com os Estados Unidos, refor-
çada nos anos 20 e 40 pelos trabalhos escritos por alguns proeminentes intelec-
tuais brasileiros no contexto dos acalorados debates sobre a identidade do Brasil
como nação. Com a abolição da escravatura e a proclamação da República, a pre-
sença africana e a ampla miscigenação no Brasil passaram a causar profundas
apreensões entre as elites políticas e intelectuais a respeito da identidade nacional
do país e seu status na comunidade internacional.3 Por volta dos anos 30, um
grupo de jovens cientistas sociais começou a redefinir a influência negra na cultu-
ra brasileira e desenvolveu a imagem do Brasil como um paraíso racial no dese-
jo de desafiar teorias anteriores catastróficas, segundo as quais a mistura racial
condenava povos de diferentes raças à decadência física e moral.4
A escolha do Brasil pela Unesco como um laboratório privilegiado para inves-
tigação da questão racial não era dada como certa. Na Unesco, alguns pensavam
que deveria ser dada prioridade a situações de genuína hostilidade racial e, den-
tro do Brasil, temia-se que um cuidadoso exame das relações raciais pudesse abrir
uma “caixa de surpresas”, afetando a imagem tão querida de muitos políticos e
intelectuais.5 Em casa de enforcado, não se fala de corda!
O que Métraux conta esconde mais do que revela sobre as verdadeiras circuns-
tâncias que induziram a Unesco a patrocinar a pesquisa sobre relações raciais no
Brasil. Meu objetivo neste breve trabalho é o de resgatar a figura de Arthur Ramos,
o quase esquecido antropólogo que desempenhou um papel central em colocar
o Brasil na agenda da Unesco.
No princípio, a visão e a agenda da Unesco estavam mais voltadas para o pas-
sado recente da guerra devastadora do que para o futuro. O objetivo era comba-
ter tensões internacionais, promovendo o entendimento e a cooperação entre as
nações para garantir a paz mundial. As forças aliadas haviam derrotado o fascis-
mo, mas o mundo que emergia estava profundamente estremecido, moral e in-

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telectualmente. A Unesco diagnosticava a guerra parcialmente como um estado


de espírito. A tarefa da reconstrução democrática era, portanto, não apenas políti-
ca e econômica, mas também moral e intelectual. O mundo dos vitoriosos pre-
cisava ser moralmente exonerado, restituindo a fé na natureza humana. Assim,
para tornar a guerra moralmente impossível, a “ignorância e o preconceito” que
fizeram possíveis as doutrinas nazistas de “desigualdade de homens e raças” pre-
cisavam ser erradicados.6 Esse era o mandato internacionalista da Unesco, a ser
desempenhado por meio de programas educacionais e intercâm-bios culturais
entre povos, concebidos para disseminar o respeito universal à jus-tiça, ao princí-
pio da legalidade, aos direitos humanos e às liberdades fundamen-tais para todos,
“sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”.7 A ciência positiva iria fornecer
o conhecimento apartidário necessário para desautorizar a ciência racista que fize-
ra do nacionalismo agressivo a causa da guerra.
No entanto, muito em breve os gélidos ventos da Guerra Fria anunciavam no-
vas e profundas divisões político-ideológicas na ordem mundial do pós-guerra, que
mudaram o ponto de vista da agenda da Unesco. Em 1948, a polarização do mun-
do em dois blocos hostis toma forma. A conquista de respectivas esferas de influência
teve como um dos seus cenários os novos estados emergentes dos antigos impérios
coloniais europeus. A confiança cosmopolita que a Unesco depositava no entendi-
mento internacional foi fortemente abalada com o bloqueio soviético a Berlim, a
dramática ponte aérea no inverno de 1948, e pela guerra da Coréia em 1950. Julian
Huxley, seu então diretor-geral, foi forçado a admitir a “impossibilidade da Unesco
tirar o coelho da paz política do chapéu cultural e científico”.8 Além disso, o racis-
mo não havia desaparecido como se esforçava para demonstrar a União Soviética,
escolhendo os Estados Unidos como alvo preferencial de suas críticas. “As idéias de
desigualdade racial e nacional,” dizia o Pravda, em 1946, “encontram expressão
concreta na política adotada por governos capitalistas com relação a povos colo-
nizados ou dependentes e a minorias dentro de países metropolitanos”.9
Por volta de 1949, a Unesco percebeu que a segregação racial persistente nos
Estados Unidos, o desafio da descolonização de “preconceitos ocidentais sobre
os ‘outros’ colonizados” e a crescente preocupação com as leis de apartheid na
África do Sul exigiam um esforço conjunto da parte de cientistas de todo o mun-
do para enfrentar o problema e eliminar o preconceito racial “em casa”. Foi nesse
momento que a agenda internacionalista desta organização se voltou para um
projeto nacional, buscando do outro lado do Atlântico uma fórmula que pudesse
ajudar a superar um problema, “raça”, que se tinha originado na Europa.
Conexões pessoais e intelectuais transatlânticas, relacionadas com o evento, faci-
litaram a formação de um programa concreto em meio à crescente tomada de cons-

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ciência da questão racial no seio da Unesco. O primeiro documento indicando fu-


turas atividades a respeito nessa área, presumivelmente ela-borado por Otto Klineberg,
um discípulo de Boas e crítico de primeira hora dos testes racistas de QI nos Estados
Unidos,10 expressava especial interesse em estu-dar “experiências bem-sucedidas nas
relações raciais”, em oposição a situações de aberta hostilidade racial.
A ampliação da agenda científica desta organização coincidia com a transferên-
cia da autoridade executiva da Europa para a América Latina. Jaime Torres Bodet
foi eleito, no final de 1948, para suceder Julian Huxley como diretor-geral. Torres
Bodet pertencia a uma geração de proeminentes intelectuais e artistas mexicanos,
os fundadores do modernismo mexicano. Tinha relações próximas com José Vas-
concelos, o filósofo e político mais conhecido por sua influente obra La raza
cósmica (1925), uma elegia à singular fecundidade da miscigenação nacional, re-
presentada numa escala continental.
Contrariando as expectativas norte-americanas de que fosse mais suscetível a in-
fluências políticas do que seu antecessor, Torres Bodet pôs em marcha seu próprio
plano particular de tornar a Unesco mais eficiente e de incrementar sua atenção para
questões latino-americanas, promovendo a participação de intelectuais da região.
Em uma decisão que teria conseqüências de longo alcance para o programa
da Unesco sobre raça, em meados de 1949 Torres Bodet convidou o antropólo-
go brasileiro Arthur Ramos para chefiar o recém-criado Departamento de Ciências
Sociais.11 A escolha de Ramos não foi por acaso, mas em função de uma com-
plexa combinação de circunstâncias políticas e ideológicas, alinhamentos e cone-
xões pessoais, tendo como pano de fundo as intensas confrontações sobre raça,
cultura e identidade nacional no Brasil.
Paulo E. de Berredo Carneiro, intelectual positivista de São Paulo e delegado
permanente do Brasil no conselho diretor da Unesco, foi o principal responsá-
vel pela indicação de Ramos. Carneiro o conhecia bem e admirava o trabalho de
Ramos sobre a cultura afro-brasileira por suas sólidas bases empíricas. Em uma
de suas viagens entre o Brasil e Paris, Carneiro levou em sua bagagem os dois
volumes da obra de Ramos Introdução à antropologia brasileira, que condensava
e expandia suas pesquisas anteriores. Esse trabalho havia sido aclamado dentro e
fora do Brasil pelo rigor científico de seu estudo comparativo das diversas cul-
turas representadas na população brasileira e suas influências recíprocas.12 Em
Paris, Carneiro mostrou o livro a Torres Bodet. Sem mais pensar, o diretor-geral
convidou Ramos a integrar os quadros da Unesco e ficou muito contente quan-
do, pouco depois, Ramos respondeu positivamente, já que precisava Bodet dele
urgentemente para a conferência geral que se reuniria em breve e onde seria apre-
sentado o novo programa sobre preconceito racial.13

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Pouco antes de partir para Paris


na companhia de sua esposa Luísa,
Ramos reunira seus colegas na
Faculdade Nacional de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade
do Brasil, onde era professor de
antropologia e etnologia, para
discutir projetos para seu trabalho
na Unesco. Segundo a lembrança
de seu discípulo, colega e amigo
admirador Costa Pinto, “nós pro-
púnhamos que a Unesco deveria
considerar seriamente concentrar
sua atenção na América Latina e,
em particular, no Brasil, um
laboratório de pesquisa sobre relações
humanas devido à natureza única
das estruturas sociais prevalecentes
nessa parte do mundo, cheio de situ-
ações e problemas de interesse cien-
tífico universal, e que estão lá para
serem investigadas em condições ím- Carta do antropólogo Alfred Metraux, em que agradece
pares no mundo”.14 a proposta feita por Arthur Ramos de traduzir seus
Ramos imediatamente se lan- livros. Ele acrescenta que precisa adicionar à sua obra
çou em atividades em Paris a fim alguns capítulos sobre a sociedade tupi. Connecticut,
de pôr em prática sua convicção 31 de março de 1941.
de que o Brasil não era apenas
um local privilegiado para o estudo das relações humanas, mas também oferecia
interesse porque as tensões raciais, embora existentes, “eram menos críticas que
em outras regiões”.15
O projeto do programa de Ramos preencheu as mais altas expectativas de
Torres Bodet. Seu profundo conhecimento da questão racial e seus talentos or-
ganizacionais deram ao programa racial da Unesco um propósito marcante. Com
o auxílio da influência política de Carneiro, a Unesco aprovou o progra-ma de
Ramos na sua conferência geral de setembro de 1949. O projeto contemplava
duas iniciativas principais. Primeiro, a convocação de um grupo de especialistas
para estabelecer “dados científicos” sobre a controvertida questão das diferenças
raciais. A idéia existia antes da chegada de Ramos, mas foi ele quem escolheu e

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convidou o grupo de especialistas em antropologia física e ciências sociais e quem


esboçou a agenda inicial.16 A segunda iniciativa foi propor que a Unesco patro-
cinasse investigações sobre exemplos concretos de relações raciais, especialmente
o “estudo de condições sob as quais vários grupos raciais possam colaborar paci-
ficamente no seio de uma determinada comunidade”.17
Mas Arthur Ramos morreu inesperadamente em seu hotel em Paris, na noite
de sábado para domingo, dia 31 de outubro, com apenas 46 anos de idade. Um
artigo póstumo reafirmava sua antiga convicção de que o “‘racialismo” resulta,
em última instância, de “métodos de dominação”.18
Hoje em dia, as contribuições científicas e políticas de Ramos estão praticamen-
te esquecidas e suas realizações na Unesco são desconhecidas.19 Em parte isso se deve
à sua morte prematura e à disputa pessoal e intel-ectual entre Arthur Ramos e Gilberto
Freyre a respeito da precedência regional e intelectual no renascimento dos estudos
sobre o negro nos anos 30.20 O charme sedutor e atraente do retrato romântico, líri-
co e quase erótico pintado por Frey-re da sociedade agrária, patriarcal e tolerante de
Pernambuco, que ele depois generalizou para o Brasil, sem dúvida ofuscou e depois
eclipsou a descrição seca, acadêmica e muitas vezes repetitiva que Ramos fez do “mo-
saico histórico” de povos no Brasil. Mas as importantes divergências políticas na
maneira em que os dois intelectuais descreviam a singular situação racial do Brasil
tam-bém desempenharam um papel na indicação de Ramos para o projeto da Unesco,
assim como em seu posterior esquecimento.
Durante a intensa renovação de estudos sobre o negro, nos anos 30, os inte-
lectuais brasileiros tinham em mente, sobretudo, a questão nacional. O paradig-
ma da harmonia racial brasileira ganhou destaque entre os intelectuais brasileiros
na medida em que eles tentavam superar a consternação e encontrar uma solução
para o mal resolvido problema da identidade nacional, que se devia, segundo
Antonio Candido, “a uma ambigüidade fundamental: ser um país latino, de heran-
ça cultural européia, mas etnicamente mestiço, situado nos trópicos, influenciado
por culturas primitivas, ameríndias e africanas”,21 uma ansiedade compartilhada
com muitos outros pensadores latino-americanos. Freyre e Ramos, quase simul-
taneamente, começaram a reverter o retrato negativo da cultura brasileira de mis-
turas, dissipando o complexo nacional de inferioridade, nascido da formação
“bastarda” do país, por meio da exaltação das excelências de sua diversidade cul-
tural e racial, qualificando a miscigenação como fator de indução e sintoma de
uma identidade nacional brasileira singularmente harmoniosa. Realmente, a
questão “raça”, observou Bastide, sempre provoca a resposta “sexo”. Mas, “se mis-
cigenação tomasse a forma de casamento, e assim, em condições de res-peito mú-
tuo e igualdade entre os sexos, estaria então demonstrada uma efetiva ausência

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de preconceito racial. Mas, da maneira como é praticada, na verdade reduz uma


raça inteira à condição de prostituta”.22 Ramos e Freyre coincidiam a respeito da
singular harmonia racial brasileira, embora seus métodos de pesquisa e estilo fos-
sem diferentes. E nenhum deles jamais reconheceu essa distinção sociológica fun-
damental. Os dois divergiam radicalmente, no entanto, a respeito das causas dessa
situação racial única no Brasil.
Ramos estudou medicina e se considerava o herdeiro revisionista da Escola
Nina Rodrigues de medicina legal, embora explicitamente se dissociasse da sua
tese psicobiológica da inferioridade racial do negro e dos efeitos patológicos da
miscigenação. A abordagem inicial de Ramos no campo das ciências médicas
havia sido a psiquiatria. Por volta dos anos 1940, ele havia deixado para trás a
noção de mentalidade primitiva e a psicanálise de Lévy-Bruhl, pelas quais havia
sido atraído antes.23 No início, Ramos tinha um vivo interesse em cultura afro-
brasileira, mas aos poucos mudou seu foco de atenção para a dinâmica do contato
racial-cultural. Como ele escreveu em 1937, o negro, em vez de ser um elemento
estrangeiro, formava parte integral do país. “No Brasil, em Cuba, no Haiti, nas ou-
tras Antilhas... culturas negras combinavam com os padrões de cultura branca em
um mosaico histórico, onde muitas vezes é difícil reconhecer os elementos ori-
ginais.”24 A tarefa primária era, portanto, examinar os processos que haviam de-
sencadeado esse “mosaico histórico” cientificamente e avaliar suas conseqüências
sociopolíticas para o país.
O surgimento do nazismo e da ciência racial nazista na Alemanha exerceram
logo um forte impacto sobre os intelectuais brasileiros que estudavam as influências
africanas sobre a identidade e cultura brasileiras. Já em 1935, e muito antes de que
cientistas nos Estados Unidos e na Europa conseguissem apresentar uma conde-
nação da ciência racial nazista, um grupo de intelectuais brasileiros emitiu um
Manifesto de Intelectuais Brasileiros contra o Preconceito Racial, denunciando a
ameaça que representava a ciência racial nazista para o Brasil, tendo em vista sua
“diversidade” étnica e por “comprometer a coesão social”, ao disseminar o pre-
conceito racial. Ramos e Freyre, entre outros, assinaram a declaração.25
A ciência racial nazista teve uma inegável influência sobre Ramos em sua abor-
dagem da questão racial no Brasil. Tão logo estourou a guerra, ele se tornou um
ativo militante antinazista, condenando publicamente em conferências, entre-
vistas e artigos os perigos e falácias da ciência racial.26 Naqueles perturbados tem-
pos, Ramos sentia, mais do que nunca, que seu “Paideuma” era mais atlântico-
ocidental-meridional. Como escreveu ele, entusiasticamente: “Somos felizes
porque nosso destino é suave, nossa natureza não tem vulcões, nossa história é
uma página aberta de tolerância. Nossa cultura é, portanto, uma cultura ‘apolínea’,

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nossa filosofia humanista é de singu-


lar cordialidade.” Para não ser con-
fundido com um nacionalista conven-
cional, ele acrescentou, porém, uma
observação reveladora: “Mas note-se
que estou falando a linguagem não de
um mero nacionalismo político, mas
de um nacionalismo cultural”. E per-
guntava, retoricamente: “Vocês não
acham que seria interessante ‘julgar’
os povos da terra através de nossa pró-
pria cultura e não através da cultura
francesa, inglesa ou alemã?”27
Paralelamente à sua exaltação da
harmonia racial-cultural brasileira, Ra-
mos se tornava cada vez mais crítico da
herança colonial do país e se distancia-
va do estereótipo do negro como essen-
cialmente atrasado, dissociando mais
explicitamente raça de cultura.28 A ale-
gada inferioridade do africano, que ha-
Para Arthur Ramos, a integração do negro à via produzido o chamado “complexo
vida nacional já era um fato: ilustração do livro do passado africano”, era, na verdade,
Introdução à antropologia brasileira. [S.l.], 1947. segundo ele, um produto da escravidão
que havia destruído a cultura dos afri-
canos e mutilado suas personalidades.29 O estudo do negro no Brasil era fundamen-
tal, insistia ele em 1939, “porque o negro está ‘dentro’ da nossa vida nacional; ele se
integrou, não como um elemento estrangeiro, mas como um pars magna. Será
necessário insistir que é essencial conhecê-lo para que sejamos capazes de conhecermos
a nós mesmos como um povo, como uma nação”?30 A base de qualquer identidade
nacional era um patrimônio cultural comum, fosse ele original ou produto de um
“mosaico histórico” composto por contribuições de culturas diferentes.
Quando Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre, apareceu em 1933, ante-
cipando a formulação de Ramos de harmonia racial, sua mensagem conciliatória
foi inicialmente recebida como uma corajosa proclamação de fé no Brasil, seus
mulatos, seus negros.31 Ramos concordava com Freyre na atenção especial que a
escravidão exigia, como um momento crucial na formação da singularidade racial-
cultural brasileira.32 Mas, ao final dos anos 30, seus caminhos divergiram. Ramos

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era agora duramente crítico não apenas da escravidão – “que havia completa-
mente alterado o comportamento social do negro. A escravidão esmagou os escra-
vos no mesmo moinho da opressão branca”33 –, mas também do colonialismo
europeu. Enquanto o luso-tropicalismo de Freyre celebrava a adaptabilidade climá-
tica e o erótico cosmopolitismo dos colonizadores portugueses, Ramos denunci-
ava o colonialismo europeu por ter, em primeiro lugar, originado o racismo, mas
não abandonou a tese da harmonia racial.34 Sua longa visita aos Estados Unidos
em 1940 confirmou o caráter especialmente grave da questão do negro naquele
país. Antecipando a interpretação revisionista das relações raciais brasileiras, que
emergiria do projeto piloto da Unesco, ele pensava, no entanto, que no Brasil,
ao contrário dos EUA, a “linha da cor” era mínima e praticamente inexistente,
tendendo a constituir-se um problema de classe em vez de casta.35
Seu nacionalismo cultural, alimentado pelo espectro da ciência racial nazista,
não apenas distanciou Ramos de Freyre politicamente, mas o trouxe mais próxi-
mo aos intelectuais progressistas de São Paulo. Quando Freyre passou a ser um
ideólogo do regime ditatorial de Salazar e um apologista da política colonial por-
tuguesa também na África, a oposição intelectual e política às suas posições con-
servadoras tornou-se explícita. Em 1941, Paulo Duarte, o advogado e jornalista
que mais tarde deu valioso apoio ao projeto de pesquisa da Unesco em São Paulo,
respondia a uma carta de seu próximo amigo Mário de Andrade, em que este
denunciava a “desonestidade intelectual” de Freyre, com uma detalhada e mor-
daz crítica de O mundo que o português criou.36 E, em 1944, Antonio Candido
lançou uma igualmente dura crítica, com tons nacionalistas oblíquos. Uma das
mais perigosas modas intelectuais contemporâneas, escreveu Candido, era a “so-
ciologia cultural”, que, especialmente na forma praticada por pesquisadores bra-
sileiros, constituía um “abuso, uma deformação. Observe-se apenas o nosso mestre
Gilberto Freyre e os extremos a que está levando seu culturalismo. Seus últimos
escritos têm-se degenerado em conservadorismo e tradicionalismo. Apaixonado
por seu ciclo cultural luso-brasileiro, ele foi levado a construir um mundo só seu
no qual o progresso combina com a preservação dos traços característicos ante-
riores. Tudo parece justificado desde que leve a marca do mundo que o português
criou, que estamos desenvolvendo e man-tendo vivo, sim senhor, com a ajuda
de Deus e de Todos os Santos”.37
Entre os intelectuais progressistas de São Paulo, o nacionalismo cultural de
Ramos despertava, ao contrário, um inegável interesse, em razão de sua afinidade
com a busca do movimento modernista por uma autêntica cultura brasileira.
Mário de Andrade, seu “eminente amigo”, cujos escritos sobre a identidade nacio-
nal brasileira eram emblemáticos do movimento modernista, havia convidado

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Ramos para proferir a palestra inaugural em um curso de etnografia do negro no


Brasil, no Departamento de Cultura do Estado de São Paulo, organizado por
M.me Lévi-Strauss. Nessa ocasião, Ramos concebeu a idéia de seu livro As culturas
negras no Novo Mundo.38
Por volta dos anos 40, Ramos era um nacionalista cultural liberal. Seu nacio-
nalismo cultural não era, como se tem argumentado recentemente, uma velada
racialização da cultura.39 Seu conceito de nacionalismo cultural prescindia do de-
terminismo hereditário e da transmissão da cultura, mas tomava, ao contrário,
culturas distintas, internamente homogêneas, capazes de misturar-se, como so-
lução conciliadora, como demonstrava o processo simultâneo de “deseuropeização”
e “desafricanização”, que o Brasil, como nação, demonstrava.40 Miscigenação,
tanto biológica quanto cultural, ocupava, é claro, um lugar central na teoria de
Ramos, à semelhança da de outros advogados da harmonia racial. A idéia de mis-
cigenação, na verdade, pressupõe a prévia existência de populações distintas, liga-
das entre si. Ao final dos anos 30, Ramos concebia essas populações em termos
culturais e considerava o fenótipo como uma marca diacrítica útil para iden-
tificar traços culturais em vez de determinar culturas. As razões que tornam
problemática a teoria do nacionalismo cultural de Ramos se encontram em
outras partes.
Uma ironia permeia os debates sobre cultura e identidade nacional no Brasil
e em outros países da América Latina. A aguada apreensão que a diversidade
“racial-cultural” de seus países provocava entre intelectuais latino-americanos
como um problema nacional era, afinal de contas, um produto europeu. Como
escreveu Ramos em 1942: “Afinal, o racismo é a última fase de um longo proces-
so de europeização do mundo, que agora está chegando a seu ponto crítico. A
conquista européia do mundo trouxe consigo toda uma série de mecanismos de
dominação de uns povos por outros, de dominações políticas e econômicas que
foram racionalizadas por teorias e ideologias de raças fracas e superiores. A idéia
do ‘negro bárbaro’ na África foi uma invenção dos europeus para ajudar seus pro-
jetos de dominação. Todos esses processos e técnicas de dominação, juntamente
com suas ideologias e racionalizações, precisam ser conhecidos. Tudo isso é in-
dispensável para um entendimento do fenômeno do racismo. A guerra atual deve
ser vista principalmente sob esse aspecto das relações raciais.”41 A condenação
feita sem reservas por Ramos da escravidão continha as sementes para uma re-
visão radical da teoria da harmonia racial. Ele nunca deu esse passo crítico, mas
seu veredicto negativo do passado escravagista é certamente uma razão pela qual
seu trabalho foi esquecido, em contraste com a persistente popularidade e con-
tínua reavivação do quadro idílico e pacífico do Brasil pintado por Freyre.

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Apesar de sua lúcida condenação da Europa por haver infligido a “raça” no


continente como um problema ideológico-político praticamente desde o surgir
da colonização, Ramos não reconhecia tampouco que a miscigenação era, com
efeito, a expressão sexual da dominação colonial. No esforço de opor-se à teoria
disgênica da “mistura racial”, Ramos e outros como ele não queriam nem po-
diam admitir que “miscigenação”, longe de traduzir ausência de preconceito, era
freqüentemente o produto da libertinagem sexual do homem branco com rela-
ção a mulheres negras, às quais desdenhavam para o casamento.
Finalmente, nem Ramos nem nenhum de seus contemporâneos, independen-
temente de estatura intelectual, jamais contemplaram o estabelecimento em seu país
de uma sociedade culturalmente pluralista. Embora buscassem criar uma identidade
nacional própria, no fundo seus conceitos de construção de nação e de identidade
nacional eram, não obstante, herança de modelos políticos, filosofias e contextos de
conhecimento europeus. Quando, uma vez independentes, as repúblicas latino-
americanas adotaram o modelo político que por excelência personalizava a repúbli-
ca universalista francesa, o fizeram de maneira exaustiva. A forma do estado era re-
conhecidamente um artifício histó-
rico, mas ao longo do século XIX a
nação-estado liberal européia veio
a ser conceituada como a expressão
política de um corpo político orgâni-
co, racialmente e/ou culturalmente
homogêneo. Foi essa concepção orgâ-
nica da nação-estado que originou e
magnificou as dificuldades de cons-
trução da nação em países onde a po-
pulação era percebida como sendo de
origens raciais e culturais muito distin-
tas. Incapaz de escapar às suas origens
européias, a elite cultural latino-ame-
ricana, em suas delongadas contro-
vérsias sobre identidade nacional,
refletia, como um espelho, uma ima-
gem aumentada das contradições
entre a noção liberal voluntarista do
“É necessário conhecer o negro para conhecer-
estado e a idéia orgânica de nação que mos a nós mesmos como nação.” (Arthur Ra-
afetou o estado-nação liberal europeu mos): ilustração do livro Introdução à antropologia
desde seu nascimento.42 brasileira [S. L.], 1947.

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Ramos não viveu para tomar parte no primeiro encontro de especialistas sobre
raças promovido pela Unesco, ao qual ele tanto se dedicou, nem viu a Unesco
aprovar o projeto de pesquisa sobre o Brasil no ano seguinte. Conseqüentemente,
ele não testemunhou a inesperadamente renovada controvérsia sobre a realidade
ontológica da raça na qual a declaração radicalmente humanista dos especialistas
defendia que raça era um mito, e não um fato biológico entre biólogos e geneticistas.
Essa imprevisível reação negativa não apenas obrigou a Unesco a convocar uma
segunda reunião de especialistas, formada apenas por pesquisadores de ciências
naturais, para redigir um novo Pronunciamento sobre a Natureza da Raça, que,
afinal, depois de muita controvérsia, voltou a definir raça como uma categoria cien-
tífica,43 como também convenceu a organização a patrocinar o Projeto Brasil com
a esperança de que o Brasil pudesse fornecer prova empírica de que seres hu-
manos eram capazes de solidariedade e irmandade independentemente de raça.
São bem conhecidos os achados desapontadores do estudo piloto da Unesco,
que se tornou um divisor de águas no estudo das relações raciais do país por
mostrar que a imagem idílica de “democracia racial” não passava do que aparente-
mente era, um mito.44 A partir de então, se tem aceito a existência do preconcei-
to racial no Brasil, embora na forma peculiar de discriminação de cor/classe. As
feridas, especiais e duradouras, que o “mito” da harmonia racial infligiu nos “dife-
rentes” povos do Brasil, permanecem, ainda, incertas. A esse respeito, deve merecer
alguma reflexão o apelo que o jovem escritor negro sul-africano Lesego Rampolokeng
fez recentemente: “Por favor, deixem-me sair. Estou preso em suas mentes.”45

N OTA S :

1 – UNESCO Courrier III/6-7, jul.- ago. 1950.


2 – MÉTRAUX, A. An Inquiry into Race Relations in Brazil, Unesco Courrier, vols. 8-
9, ago.- set. 1952.
3 – JR., A. Garcia. Les Intellectuels et la Conscience Nationale au Brésil. Actes de la
Recherche en Sciences Sociales 98, jun. 1993, p. 26.
4 – O viajante inglês Henry Koster, autor do conhecido Travels to Brazil (1816), por
exemplo, oferecia apoio aos abolicionistas britânicos ao proclamar, em um panfleto inti-
tulado Sobre a Melhoria da Escravidão, que os escravos no Brasil não apenas desfruta-
vam de condições muito favoráveis para alforria, que não causa distúrbios sociais, mas
essa miscigenação, em vez de produzir decadência racial, melhorava a conduta intelec-
tual e moral, conforme demonstravam os escravos crioulos no Brasil. CUNHA, M.
Carneiro da. Notas e Documentos – On the Amelioration of Slavery, por Henry Koster,
Slavery and Abolition, a Journal of Comparative Studies 11 (3), dez. 1990. Métraux tam-
bém evoca a Koster. MÉTRAUX, A. Brazil, the Land of Harmony of all Races?, Unesco
Courrier, IV/4, abr. 1951, p. 3. Por outro lado, Gobineau, quando era ministro francês

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na corte do imperador Pedro II, em 1869-70, havia escrito que a mistura generalizada
de raças tinha resultado em “uma população inteiramente mulata, viciada no sangue, vi-
ciada no espírito, terrivelmente feia”. Citação de Georges Readers, Le Compte de Gobineau
au Brésil. Paris: Nouvelles Editions Latines, 1934, p. 51.
5 – MÉTRAUX, A. An Inquiry into Race Relations in Brazil, op. cit., p. 6; Brazil, Land
of Harmony for all Races?, op. cit., p. 3.
6 – MÉTRAUX, A. Unesco and the Racial Problem. International Social Science Bulletin,
vol. II (3), outono de 1950, p. 384.
7 – UNESCO. Unesco 1945-1992: Faits et Chiffres, Paris, 1992 (Arc. 92/WS/10, p. 1).
8 – HUXLEY, J. Memories II, George Allen & Unwin, Londres, 1970, p. 35.
9 – MALIK, K. The Meaning of Race. Race, History and Culture in Western Society,
Macmillan, Londres, pp. 15-6.
10 – BARKAN, E. The Retreat of Scientific Racism. Changing Concepts of Race in Britain
and the United States between the World Wars, Cambridge University Press, 1992, p. 119.
11 – Telegrama de Torres Bodet a Arthur Ramos, datado de 15 de junho de 1949. Arquivo
Nacional, Rio de Janeiro, Coleção Arthur Ramos, Manuscritos.
12 – RAMOS, A. Introdução à antropologia brasileira. Coleção de Estudos Brasileiros da
Casa do Estudante do Brasil, Rio de Janeiro, 1943 e 1947; RAMOS, A. Curriculum vitae,
1903-45, Rio de Janeiro, 1945, p. 91 segs. para uma coleção de comentários entusiásti-
cos de intelectuais importantes como Afrânio Peixoto, Caio Prado Jr., Emilio Willems,
Pierre Mombeig, Roquette-Pinto, Donald Pierson, Fernando de Azevedo, Mário de An-
drade, Édison Carneiro, Herbert Baldus, Egon Schaden, Roger Bastide, Robert Redfeld,
Melville J. Herskovits e Lewis Hanke.
13 – Carta de Jaime Torres Bodet a Arthur Ramos, datada de 20 de junho de 1949,
Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Coleção Arthur Ramos, Manuscritos.
14 – PINTO, L. Aguiar da Costa. O negro no Rio de Janeiro. Relações de raça numa so-
ciedade em mudança, Brasiliana, vol. 276. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1952,
p. 20.
15 – Entrevista pessoal com Luiz Aguiar da Costa Pinto, IFCS, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 30 ago. 1995.
16 – UNESCO. The Race Concept, Paris, 1953, pp. 8-9.
17 – Arquivos da Unesco, Unesco/SSS/Conf. 1/3, Paris, 3 jan. 1950.
18 – RAMOS, A. The Question of Race and the Democratic World, Unesco Courrier 2
(10), nov. 1949, p. 14.
19 – Uma notável exceção é CORREA, M. As Ilusões da Liberdade. A Escola Nina
Rodrigues e a Antropologia no Brasil, tese de doutoramento Universidade de São Paulo,
1982. TEIXEIRA, A., et. al. Arthur Ramos, M. E. S., Rio de Janeiro, 1952.
20 – CORREA, A. Op. cit., pp. 213-4.
21 – SOUZA, A. Cândido de Melo e. Literatura e sociedade. São Paulo: Editora Nacional,
1976, p. 117.
22 – BASTIDE, R. Dusky Vênus, Black Apollo, Race. The Journal of the Institute of Race
Relations 191, 1959, pp. 10-1.
23 – RAMOS, A. A aculturação negra no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1942. Essa mudança de perspectiva pode ser detectada já em 1937. RAMOS, A. Culturas

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Negras: Problemas de Aculturação no Brasil. O Negro no Brasil. Trabalhos apresenta-


dos ao 2º Congresso Afro-Brasileiro (Bahia). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1940,
pp. 148-59.
24 – RAMOS, A. As culturas negras no Novo Mundo. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1937, p. 362.
25 – Manifesto dos Intelectuais Brasileiros contra o Preconceito Racial. In Guerra e re-
lações de raça. Rio de Janeiro: Departamento Editorial da União Nacional de Estudantes,
1943, p. 173. Os outros signatários foram Inácio do Amaral, Roquette-Pinto, Maurício
de Medeiros, Hermes Lima, Joaquim Pimenta, Queiroz Lima, Castro Rebello, Leônidas
de Rezende, Victor Vianna e Azevedo Amaral.
26 – RAMOS, A. Guerra e relações de raça, 1943.
27 – RAMOS, A. Vida e Cultura. CAVALHEIRO, E. (ed.). Testamento de uma geração.
Porto Alegre: Editorial Globo, 1944, p. 74.
28 – RAMOS, A. A Nova Ordem para os Negros; RAMOS, A. Guerra e relações de raça,
op. cit., pp. 89-120.
29 – RAMOS, A. O Negro sob o Ponto de Vista da Raça e da Saúde; RAMOS, A. Guerra
e relações de raça, p. 100.
30 – RAMOS, A. Os Intelectuais e os Problemas de Cultura no Brasil. Entrevista con-
cedida a Diretrizes, ago. 1939, publicada em RAMOS, A. A aculturação negra no Brasil,
p. 382.
31 – LEITE, D. Moreira. O caráter regional brasileiro. História de uma ideologia. São
Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1969, pp. 213-4.
32 – RAMOS, A. As culturas negras no Novo Mundo, pp. 345-55.
33 – RAMOS, A. Culturas Negras: Problemas de Aculturação no Brasil. In: O negro no
Brasil. (vários autores). Trabalhos apresentados ao 2º Congresso Afro-Brasileiro (Bahia).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S. A., 1940, p. 153.
34 – RAMOS, A. Racismo e Europeização do Mundo. In: RAMOS, A. Guerra e rela-
ções de raça, 57.
35 – RAMOS, A. O Negro sob o Ponto de Vista da Raça e da Saúde; RAMOS, A. Guerra
e relações de raça, pp. 100-1.
36 – DUARTE, P. (ed.). Mário de Andrade por ele mesmo, São Paulo, 1971, pp. 203-13.
37 – SOUZA, A. Cândido de Melo e. Plataforma da nova geração, 1944, p. 39, citado em
MOTA, C. G., Ideologia da cultura brasileira (1933-1974). São Paulo: Ática, 1977, p. 130.
38 – RAMOS, A. As culturas negras no Novo Mundo, 2ª ed., 1946, p. 12.
39 – MARTINEZ-ECHAZÁBA, L. O Culturalismo dos Anos 30 no Brasil e na América
Latina: Deslocamento Retórico ou Mudança Conceitual? In: MAIO, M. Chor & SAN-
TOS, R. Ventura (eds.). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996, p. 100.
40 – RAMOS, A. A aculturação negra no Brasil, p. 12.
41 – RAMOS, A. Racismo e Europeização do Mundo; RAMOS, A. Guerra e relações de
raça, pp. 57-8.
42 – STOLCKE, V. Talking Culture; New Boundaries, New Rethorics of Exclusion in
Europe, Current Antropology 36 (1), fev. 1995.
43 – PROVINE, W. Geneticists and the Biology of Race Crossing. Science 182, 1973,
pp. 790-6.

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44 – COSTA, E. Viotti da. O Mito da Democracia Racial no Brasil. In: COSTA, E.


Viotti da, Da monarquia à república. Momentos decisivos. São Paulo: Grijalbo, 1977, pp.
227-42; SKIDMORE, T. E. Black over White. Race and Nationality in Brazilian Thought,
Oxford University Press, 1974, pp. 216-7
45 – Translit Conference, Nómadas de las palabras. Literatura entre continentes, Barcelona,
30 out.-1 nov. 1997.

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M E S A -R E D O N D A

Luitgarde O. Cavalcanti Barros


Antropóloga e professora da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, Uerj

Q ueria inicialmente agradecer a atenção do professor Peter Fry. Quando


fui procurá-lo como chefe do Departamento de Antropologia para di-
zer-lhe que estava trabalhando em uma pesquisa sobre Arthur Ramos,
o professor Fry me disse que, ele também, estava trabalhando o mesmo tema,
juntamente com outra professora. Perguntei se não se poderia organizar algum
evento que marcasse a passagem dos 50 anos da morte de Arthur Ramos, e ele,
gentilmente, me incluiu na programação. Agradeço também à Biblioteca Na-
cional pela oportunidade de ter convivido, no último ano e meio, com a docu-
mentação de Arthur Ramos, primeira paixão intelectual da minha vida. Na ocasião,
era o ano de 1974, quando se completavam 25 anos de sua morte, tentei organi-
zar um seminário a respeito, mas, infelizmente, a repressão que então se abatia
na UFRJ o proibiu. Quem abriria o seminário – esse foi o pretexto – seria o profes-
sor Evaristo de Moraes Filho, que era cassado, e então não poderia ir ao Instituto
de Filosofia e Ciências Sociais. Mas muita coisa me ficou na cabeça, pois tive a
oportunidade rara de conviver com a família do professor Arthur Ramos. Em
Maceió, o professor Moacir Santana me levara para conhecer a irmã dele, e, no
Rio, o seu sobrinho, o coronel do Exército Paulo Ramos, representado aqui pela
esposa, d. Maria Helena Ramos, e pelo filho, Luís Antônio Ramos. Eles fizeram a
maior gentileza de virem hoje representar a família Arthur Ramos nesse evento.
Escolhi falar da formação intelectual de Arthur Ramos, porque tenho uma
tese a defender a esse respeito. Várias vezes me perguntaram: por que Arthur
Ramos não era conhecido? Aliás, quando se assinalaram os 25 anos de sua morte,
o nome de Arthur Ramos foi anunciado como o antropólogo quase desconheci-
do, quase esquecido. Agora, nos 50 anos de seu desaparecimento, como o antropó-
logo esquecido. Uma jornalista me perguntava, há pouco, como se explica isso:

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se Arthur Ramos foi contemporâneo de Gilberto Freyre, por que Freyre tinha
tanto prestígio e ele nenhum?
Tenho uma idéia a respeito disso, é uma posição pessoal. Não sei como as
pessoas vão encarar, mas, para começar, cito a diferença principal entre Arthur
Ramos e Gilberto Freyre. Gilberto Freyre é o primeiro brasileiro a freqüentar um
curso de ciências sociais e institucionalizadamente; é o primeiro cientista social
formado em universidade estrangeira como mestre e doutor em antropologia e
sociologia. Já o caminho de Arthur Ramos é absolutamente atípico, se pensado
nas condições de hoje, mas típico do mundo em que ele viveu. Arthur Ramos é
um cientista que se fez na área médica, institucionalmente, e, como autodidata,
se fez antropólogo. O trabalho que ele desenvolve começa, para muitos estudio-
sos, aqui no Rio de Janeiro, mas eu trouxe o meu trabalho de pós-doutorado,
que se chama Arthur Ramos e as Dinâmicas Sociais de seu Tempo, e que tem
uma outra interpretação.
Começo na pequena cidade de Alagoas, a cidade de Pilar de Manguaba, lu-
gar de seu nascimento – na época, uma rica cidade, principal porto lacustre de
Alagoas – em uma família de intelectuais. Seu pai, dr. Manuel Ramos, era o mé-
dico da cidade e tinha uma excelente biblioteca. Ia gente de Maceió pesquisar
nesta biblioteca. Aqui, no material de Arthur Ramos, encontra-se também o ar-
quivo que ele herdou do pai. O dr. Manuel Ramos já fazia uma série de pesquisas
e guardou muitos registros sobre seu trabalho. Arthur Ramos, por outro lado,
em Pilar de Manguaba, já tinha um trabalho específico desde os 19 anos de idade.
Ele não se fez apenas a partir da decisão de passar de médico psiquiatra a antropólo-
go. Em 1922, com 19 anos, já publica em Alagoas um registro das tradições afro-
brasileiras.
Em Pilar de Manguaba, sua família era voltada para o congraçamento de um
mundo intelectual muito interessante, constituindo o principal grupo musical
da cidade, no qual cada integrante tocava um instrumento. E o coronel Paulo
Ramos, que era garoto nesse período, adolescente, ficava na casa do avô assistindo
à apresentação dos tios, que tocavam flauta, violoncelo, violino. Arthur Ramos
tocava piano. Esse irmão que tocava flauta, Nilo Ramos, é responsável pela inser-
ção de Arthur Ramos no mundo da escrita jornalística. É por sugestão, por in-
fluência, de Nilo Ramos, que era jornalista, que ele participa de pequenos jornais
de província e, depois, escreve em jornais de Alagoas. Nilo Ramos é a presença
mais importante na vida de Arthur Ramos, entre todos de sua família. É a ele
que Arthur Ramos se refere com mais carinho e a quem credita a sua iniciação
no mundo das letras. Outro irmão que também se torna famoso é Raul Ramos,
violoncelista, um dos principais compositores de valsas na sua época na provín-

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cia. O coronel Paulo Ramos fez a gentileza de me dar duas partituras, que copiei
e devolvi, porque, creio, são tesouros que a família vai deixar de herança, já que
não existem mais em Maceió.
Para mostrar o clima cultural de Maceió, nessa época: havia não só editoras de
livros comuns, como editoras de partituras musicais. As famílias estavam realmente
envolvidas com a vida musical e tinham exemplares daquelas partituras em sextas,
sétimas, oitavas edições. Havia um movimento cultural, um envolvimento intelec-
tual, e a família Ramos estava no bojo desse movimento, com seus filhos, todos in-
telectualizados, e que, posteriormente, deixam Pilar de Manguaba. A cidade entra
em profunda decadência, quando se constrói uma estrada de rodagem fora da cidade.
O trem e a cidade perdem a importância. Pilar de Manguaba deixa de ser um por-
to lacustre de relevo. A família Ramos se divide: Arthur Ramos vai inicialmente para
a Bahia, embora volte depois de formado, e é no período de adolescência que ele
registra as manifestações culturais, as manifestações folclóricas de sua terra.
Por sua própria conta, Arthur Ramos registra a cultura popular de Pilar de
Manguaba. E isto se dá com O culto da lua e Tradições afro-brasileiras, em 1922;
A decadência de Olorum, O culto da tradição oral e Cavalhadas, em 1923; Autos
do Natal, em 1924. Ele está com 21 anos e ainda não é formado em medicina.
Folclore e sociologia, em 1924, já aluno de medicina, e Domingo de Ramos, em
1925. Então, ele foi bastante precoce na preocupação com o registro da cultura,

Praça Professor Arthur Ramos, em Maceió, inaugurada em 13 de agosto de 1950: homena-


gem dos alagoanos ao antropólogo.

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na preocupação de fazer uma vida intelectual muito rica. Em Alagoas, já estu-


dava intensamente alemão e inglês e o pai importava livros nessas duas línguas
para ele.
Para seguir esse tempo de Arthur Ramos, tive a felicidade de descobrir uma
crônica dele em homenagem ao professor Faustino Magalhães da Silveira e, ali,
ele se referia muito à filha do mestre, dr.ª Nise da Silveira. Fui à dr.ª Nise cobrar
o fato de ela nunca me haver dito que eram tão amigos. Lá, fiquei sabendo que
os dois tinham estudado, juntos, para os preparatórios, na mesma escola, com o
professor Faustino. E que Arthur Ramos ia estudar com ela e interrompia os estu-
dos para tocar piano, porque a mãe de Nise era então a maior pianista de Alagoas
e tinha dois pianos de cauda na sala. Arthur Ramos ficava em um e a mãe de
Nise no outro. Assim, ele ia fazendo a vida, como se diz na província, lítero-mu-
sical-científica.
Arthur Ramos era mais velho dois anos que Nise, e vão para a Bahia juntos,
sendo ela a primeira mulher da Faculdade de Medicina, a única da turma de
1921. A dr.ª Nise guardou lembranças muito interessantes dele, de como era uma
pessoa preocupada com todas as manifestações da cultura. Mas, para mim, o
maior depoimento sobre o jovem Ramos é dado por Josué de Castro, que foi seu
condiscípulo. Quando Josué chegou à faculdade, Arthur Ramos já tinha tempo
de estudante naquelas chamadas repúblicas, que acolheram ainda outro grande
alagoano, Teotônio Brandão – dr. Téo Brandão, que foi médico pela Bahia e de-
pois se transformou no maior antropólogo de Alagoas – fundou o curso de ciên-
cias sociais e, também, foi autodidata em antropologia.
Há vários depoimentos que estão reproduzidos aqui. Josué de Castro diz que
as pessoas mais influentes na vida dele foram Arthur Ramos e Teo Brandão, afir-
mando: “Téo Brandão, com intimidade; Arthur Ramos com a distância e reser-
va da sua maturidade intelectual, o seu prestígio de veterano com três anos de
curso na frente. Com Teotônio, discutíamos; com Ramos, ouvíamos. E ouvíamos
coisas esmagadoras. Nomes arrevesados de venerandos sábios alemães, teorias
frescas trazidas diretamente dos centros europeus, por misteriosos caminhos, para
o sisudo discípulo de Freud na Baixa do Sapateiro. Ficávamos de queixo caído
diante da imponência da sua cultura. Um dia nos fez a revelação suprema: um
estudo seu sobre Augusto dos Anjos e a psicanálise sairia em um dos suplemen-
tos dominicais de O Jornal. Isso na província, em 1925, me pareceu a glória. Fo-
mos, comovidos, até o plano inclinado comprar o tal número de O Jornal, desdo-
bramos as páginas com unção e lá encontramos o artigo, com título e nome do
autor. Tudo aureolado pela letra de forma em tipo grosso. Não me contive. Veio-
me à alma uma inveja doida de tanta glória. Fui também ao Freud, um Freud de

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terceira classe, já comentado em tradução, e lancei um ensaio tremendo, o meu


primeiro ensaio, intitulado A Literatura Moderna e a Doutrina de Freud, que
saiu flamejante na Revista de Pernambuco. Senti-me um igual e, no ano seguinte,
passei a ir ao cinema junto com ‘mestre Ramos’.”
Esse era o jovem Ramos visto pelos seus contemporâneos, estudantes como
ele. O dr. Téo Brandão contava sempre sobre o cuidado que Arthur Ramos ti-
nha com os alunos mais novos, os calouros. Ele os levava para a sua república e
fazia verdadeiras preleções, e o dr. Teo se achava formado por uma delas. Arthur
Ramos dizia sempre que era o médico, pela sua capacidade, pela sua condição,
pelo seu privilégio de adentrar todas as famílias, responsável pelo registro dos
fenômenos mais importantes que ocorriam com o homem e com a cultura. Ainda
estudante, dizia que cada médico tinha a obrigação de registrar no diário tudo o
que fosse observado, não só as doenças da população que ele ia tratar, mas as suas
crenças, seus mitos, seus rituais, suas festas, os símbolos respeitados. Dessa maneira,
cada médico teria que ser um etnógrafo. Já era essa a palavra dele, como estu-
dante. Cada médico tinha a obrigação de ser um etnógrafo. E quando Ramos
voltava de férias em Alagoas, ele era um etnógrafo.
Esses artigos que escreveu ainda jovem, sem nenhuma formação em ciências
sociais, embora tenha aquele em que fala também de sociologia, eram de um au-
todidata de 19, 20, 25 anos. Quando ele se forma, vocês estão vendo aqui, já
publicava livros sobre Freud. Na exposição há um cartão de Freud para ele. Nesse
tempo, ele já mantinha essa correspondência em alemão. Era esse o perfil que ele
tinha quando ganha o respeito dos maiores intelectuais da Bahia. Vinte anos
antes, Afrânio Peixoto tinha saído da Bahia, e volta a Salvador – isso está regis-
trado por Costa Pinto e em cartas do próprio Afrânio. Na homenagem que rece-
beu, o discurso que mais o comoveu foi o de Arthur Ramos, que falou como re-
presentante dos estudantes. Isso criou uma amizade que levou Afrânio Peixoto,
até os últimos anos da sua vida, a escrever as cartas mais carinhosas, inclusive
agradecendo a Arthur Ramos por ser amigo dele, por ter existido e por estar per-
correndo e aperfeiçoando tudo que Nina Rodrigues queria.
Bem, esse trabalho de Arthur Ramos o levaria, claro, aos nomes mais importan-
tes da época, como Anísio Teixeira e Tales de Azevedo, que foram seus contem-
porâneos. Segundo Afrânio Peixoto, os dois o apresentaram, no pedido para Ramos
ser professor da Universidade do Distrito Federal. Anísio Teixeira já o tinha trazido
para trabalhar, muito bem colocado, no Rio, e Ramos vai criar o primeiro serviço
de puericultura e fazer um trabalho de acompanhamento escolar de psicanálise, de
psiquiatria, de melhoria dos alunos e professores da rede pública de ensino do Distrito
Federal. Esse Arthur Ramos intelectual é descrito, depois de sua morte, por exem-

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plo, nas palavras de Roger Bastide,


quando faz o prefácio aos Estudos fol-
clóricos, publicação da Casa do
Estudante do Brasil. Bastide desta-
ca a característica de Arthur Ramos
que mais o marcara:
“Apenas chegado ao Brasil, em
1938, escrevi-lhe. Fui vê-lo, depois,
e, logo a seguir, uma grande amizade
nasceu entre nós. Este mestre dos es-
tudos africanistas foi, sempre, para
mim, o mais precioso inspirador e
o mais seguro dos guias. E ele não
separava em suas pesquisas – o que
me tocava profundamente – o cui-
dado da verdade científica do senti-
Vida acadêmica: turma de Arthur Ramos na Facul-
do dos valores humanos. Através de
dade de Medicina da Bahia. Década de 1920.
suas páginas mais objetivas, sentia-
se sempre o grande amor que dedicava a nossos irmãos de cor, o índio e o negro.”
Arthur Ramos é de uma geração, depois muito perseguida, que tem a concep-
ção de que a ciência só teria sentido se fosse uma ciência aplicada. Se a medici-
na serviria para curar as doenças, as ciências sociais serviriam para intervir, curar
as mazelas, vencer os desafios da sociedade. Era o que ele chamava de antropolo-
gia aplicada, que vai aparecer em toda a sua vida até o último ato, quando morre,
em Paris, em 31 de outubro de 1949.
Queria agradecer à professora Mariza Corrêa, que falou aqui ontem, por esse
trabalho. Foi um intercâmbio de idéias muito interessante, porque, além de eu
dialogar com ela, por carta e telefone, dialoguei, também, com sua grande obra,
das maiores de história da antropologia brasileira: As ilusões da liberdade – a Escola
Nina Rodrigues e a antropologia no Brasil. Foi dessa conversa com ela que um es-
tudo, que seria normalmente um simples artigo, virou um trabalho mais extenso,
com introdução, na qual reúno todas essas informações sobre ele em Alagoas:
Arthur Ramos e a cadeira de antropologia da Nacional de Filosofia – caminhos da
institucionalização. Eu ia fazer só um ensaio mostrando a importância da institu-
cionalização da antropologia na Nacional de Filosofia, e o papel de Arthur Ramos
nessa institucionalização.
Queria escrever ainda Um antropólogo brasileiro no Departamento de Ciências
Sociais da Unesco. Mas, a partir dos incentivos da professora Mariza Corrêa, deci-

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di trabalhar as três polêmicas que envolveram a antropologia do Rio de Janeiro:


a polêmica com Édison Carneiro, com Ruth Landes, que agora está sendo muito
comemorada nos 60 anos da sua viagem ao Brasil, e com Heloísa Alberto Torres,
pessoa muito conhecida, cuja história vai enredar-se não só em um problema
com Arthur Ramos como, mais sério ainda, com a professora Marina São Paulo
de Vasconcellos, assistente de Arthur Ramos.
Falar de Arthur Ramos é uma coisa muito difícil porque, como vocês estão ven-
do na sua trajetória de vida, ele tinha uma preocupação muito grande com essa
antropologia aplicada, o que o levou a situações muito estranhas. Situações que só
me foram indicadas porque tive a felicidade maior de conviver muito intimamente
com d. Marina São Paulo de Vasconcellos, que dava depoimentos incríveis sobre
ele, e com o diretor da Casa do Estudante do Brasil, dr. Arquimedes de Melo Neto,
que publicou muitas obras proibidas durante o Estado Novo. Publicou, de Josué de
Castro, Geografia da fome, e livros de Arthur Ramos. Era um homem preocupado
com isso. Um velho anarquista, ex-secretário de Gilberto Freyre. Ameaçado de morte
em Pernambuco, veio para o Rio, e Ana Amélia Carneiro de Mendonça o colocou
à frente da Casa do Estudante do Brasil. Ele fez aí uma importante editora, organi-
zando também cursos, e Arthur Ramos foi o seu grande interlocutor para criar os
primeiros cursos abertos de antropologia, não acadêmicos.
Quer dizer, Arthur Ramos era um autodidata em ciências sociais, que vai tra-
balhar por sua institucionalização. Aqui estão todos os programas elaborados nos
anos de 1939, 1940, 1941, e se pode ver como surge a antropologia: com os cur-
rículos e as bibliografias, formadas pelas obras que ele solicita à Reitoria. Ao mes-
mo tempo, não abre mão da sua inserção no meio não universitário e mantém,
acirradamente, correspondência com pessoas que não integravam o meio inte-
lectual acadêmico. Por exemplo, Clóvis Moura, hoje conhecido historiador, no
tempo de Arthur Ramos era fiscal de coletoria do interior da Bahia, na cidade
de Juazeiro. Ele escreve a Ramos, dizendo de sua profunda vontade de estudar
os negros e da total carência de livros, de organização, de metodologia. Trinta
dias depois, já escreve agradecendo. Vocês imaginem, no Brasil naquele tempo,
ele um mês depois agradece a remessa de livros, os trabalhos de metodologia para
pesquisa. Assim, Ramos faz uma rede em todo território nacional, não só trocan-
do informações intelectuais, como sendo para esses estudiosos um guia.
Não sei como esse homem, de 46 anos, conseguia atingir tal volume de corres-
pondência, com a produção que tinha. As cartas, por exemplo, de Câmara Cas-
cudo, que está muito ovacionado agora. Destaco uma carta informando a Arthur
Ramos que havia coletado um conto popular no Rio Grande do Norte, e pergun-
tando se este poderia ceder os outros contos que tinha e, ainda, se faria um tra-

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balho de análise para Cascudo publicar. Ele se entrega intensamente à concepção


de antropologia aplicada. De tal maneira que se tem dito, algumas vezes, que
Arthur Ramos foi evoluindo de pensamento, foi-se transformando nesse antropó-
logo mais culturalista, que estava passando para outra dimensão da antropolo-
gia, deixando a psicanálise e se infiltrando nos meandros da política nacional,
ideologicamente se envolvendo com a idéia de antropologia aplicada.
Na crítica que Ramos faz a Ruth Landes quando ela afirma no seu relatório
que os cultos religiosos negros no Brasil se consideram como sociedades secretas
terroristas no Rio, porém benfazejas na Bahia, ele vai criticá-la, dizendo que a
situação é outra porque “os negros, tanto no Rio como na Bahia, procuraram es-
conder suas práticas religiosas. A princípio, do senhor, no período da escravidão;
depois, da polícia, em nossos dias. Por isso, as suas práticas religiosas se tornaram
privadas, esotéricas, tomando aspectos, algumas vezes, de seitas secretas. O erro
de observação da dr.ª Landes explica-se pelo fato de que os chamados malandros
dos morros do Rio de Janeiro não são constituídos apenas pelos negros, mas sim
pela classe proletária urbana, composta não só de negros, como de mulatos e
brancos. E seu comportamento ‘mau’, como ela diz em seu relatório, não está
ligado absolutamente às práticas religiosas, nem a qualquer fator étnico ou cultu-
ral. É uma simples conseqüência social observada nas classes pobres que habitam
os quarteirões de palafitas de todas as grandes cidades”.

Arthur Ramos faz palestra sobre problemas raciais no Brasil, no auditório do Centro Bancário
de Cultura Social. [S.l.,s.d.]

A idéia de antropologia aplicada de Arthur Ramos vai ser enriquecida, princi-


palmente, a partir da sua relação com as escolas norte-americanas. Isso não inva-
lida um dos seus principais livros, O negro brasileiro, escrito, em 1934, antes da

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influência do culturalismo em sua vida. Ramos era um autodidata, que ainda


não tinha entrado em contato com os intelectuais maiores da antropologia, tro-
cado correspondência, o que a gente vai ver a partir de 1938, com todos eles. Estão
aqui Roger Bastide, Pierson e tantos outros. Ele vai fazer essa inflexão em nível
de participação política e não apenas teórica.
Como estudante, Ramos analisou o livro escrito por José Américo de Almeida,
afirmando que “nenhum douto da academia tem o conhecimento terreno, o co-
nhecimento de campo, o conhecimento da vivência na carne de um nordestino,
de um sertanejo, como tem José Américo”. Aí ele vai-se bandeando numa denún-
cia contra o Estado Novo. D. Marina me contou uma coisa que não pude com-
provar: que Ramos tinha sido preso e deixado um bilhete para ela, que ela havia
perdido, na primeira vez em que foi preso. No bilhete, Ramos dizia que a prisão
dele era, exclusivamente, para impedir a luta que ele estava desenvolvendo na
cátedra contra o nazismo e as ideologias racistas. Em 1937, ele realmente é pre-
so. Encontrei todo o material do DOPS: ele foi preso trocando informações com
um agente do Partido Comunista. E foi essa inserção dele junto às esquerdas, mais
do que a inserção junto aos intelectuais culturalistas, que aprofundou em Ramos
essa condição de estudar o Brasil como influência social, e não apenas cultural.
Arthur Ramos teve uma convivência fecundíssima. Em torno dele se reuniam os
maiores intelectuais nordestinos da época. No seu apartamento, tanto na Praia do
Russell quanto no Edifício Tupi, que ontem foi aqui mencionado, Arthur Ramos
reunia não só os intelectuais do Nordeste, como de outras partes do Brasil que
viessem ao Rio de Janeiro, apresentados, porque ele tinha um papel de orientador.
A principal contribuição de Arthur Ramos, a meu ver, foi ter projetado as ciências
sociais, não só o que ele fez pela Sociedade Brasileira de Antropologia, mas por ter
projetado em nível internacional os intelectuais brasileiros. Mostrou lá fora que aqui
se fazia ciências sociais, o que lhe granjeou uma reputação internacional muito grande
e o fez o mais traduzido entre todos os cientistas brasileiros de sua época. Sua ideo-
logia o fizera combater tanto o nazismo, que o juntara à UNE para escrever Guerra
e relações de raça e O Brasil e a guerra. Ele enviava todos os seus trabalhos do México.
Estávamos vivendo, então, uma época de combate ao nazismo. E houve a formação
de um grupo que ia desde Juliot Curie, na França, até Jaime Bodet, no México,
abrangendo ainda todo um grupo latino-americano empenhado em fazer uma con-
junção científica que viabilizasse, totalmente, a Carta dos Direitos Humanos. Caberia
à Unesco realizar essa grande tarefa, por meio da ciência, da participação do intelec-
tual, do trabalho acadêmico de esclarecimento. É um grupo que discute no I Congresso
das Américas de Estudos Universitários, no qual o Brasil não se representa. Arthur
Ramos não se fez presente porque era 1949 e ele estava em Oslo, abrindo a I Reunião
de Sociedade Internacional de Sociologia.

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O papel destacado de Arthur Ramos nessa luta, não só intelectualmente como


ideologicamente, fez com que ele integrasse a plêiade daqueles que, coordenados
por Jaime Bodet, se estariam responsabilizando pela profunda luta que atingiria
cientificamente todos os cantos da Terra, para que nunca mais o racismo tivesse tal
nível de domínio. Ramos vai reformular os próprios conceitos da Unesco, criando
o Setor de Antropologia. Só havia o de sociologia e política. Também vai-se destacar
muito como o homem que fundou a primeira Sociedade Brasileira de Antropologia.
Ele trava uma luta muito grande de apoio a todos os movimentos negros. Todos
os negros que se querem organizar encontram em Arthur Ramos um grande in-
centivador, um grande mestre que os orienta na luta, em nível intelectual. Arthur
Ramos participou de todas as associações que foram criadas em torno das lutas dos
negros. Neste trabalho, listei as associações existentes, a partir dos convites feitos a
ele. É um movimento muito amplo, abrangendo do Rio Grande do Sul até Per-
nambuco, passando por Minas Gerais. Em todos os lugares havia um movimento
de libertação negra, e Arthur Ramos fazia parte desse movimento.
Em 1941, 1942, ele vai pagar o preço. Porque fazer ciências sociais no Brasil
não é fácil hoje, imaginem em 1942, ainda no Estado Novo! Quando ele cria a
Sociedade Brasileira de Antropologia, acontece uma coisa impressionante. É que
não se podia abrir uma sociedade sem pedir autorização à polícia, e, nesse mo-
mento, ele é preso, fichado. A acusação principal que lhe fazem é de que fundou
a Sociedade Brasileira de Antropologia. É um crime! Está lá o retrato dele, as
mãos, o rosto de lado, de frente, e a acusação maior: fundou a Sociedade Brasileira
de Antropologia! Nesse período, ele está muito bem com os norte-americanos,
embora esteja muito mal no Brasil. Ramos já estava sendo preso pela segunda
vez, mas, como era grande a aliança mundial contra o nazismo, estava muito bem
com os Estados Unidos, integrando os programas dos aliados.
A partir de 1945, com o término da guerra, Arthur Ramos vai-se juntar ao Partido
Comunista Brasileiro contra a presença americana no Brasil. Publica artigos em
vários jornais dizendo que a permanência de bases aéreas no território brasileiro era
uma ameaça à nossa soberania. Associa-se ao que havia de mais intenso ativismo
político do país na época, que era a Sociedade pela Paz. Juliot Curie o convida para
articular um congresso pela paz, já combatendo a Guerra Fria em seu início. Os in-
telectuais já alertam, denunciando que a Guerra Fria vai trazer um grande atraso. É
em nome desse combate que ele quer um extenso desarmamento do mundo e se
une a Jorge Amado, Graciliano Ramos, Orígenes Lessa, Álvaro Pacheco, todos os
intelectuais perseguidos da época, para fazer uma luta de independência do Brasil
em relação à Guerra Fria, defendendo a autonomia nacional.
Convidamos outras pessoas que conviveram com Arthur Ramos a nos prestar
o seu depoimento. Infelizmente, o falecimento da dr.ª Nise da Silveira, sua prin-

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cipal interlocutora na Faculdade de Medicina da Bahia, nos priva de um impor-


tante testemunho. Mas antigos alunos de Arthur Ramos vieram nos falar sobre
suas vivências com o mestre: o professor e geógrafo Orlando Valverde, da primeira
turma da Nacional de Filosofia; e o professor e funcionário aposentado da Fun-
dação Biblioteca Nacional, Valdir da Cunha, da última turma que colou grau
com ele. Também convidada, a dr.ª Lili Lajes, devido a problema grave de saúde,
não pôde comparecer.
Para terminar, gostaria de comparar o que se dizia da figura dele aqui no Brasil
e no estrangeiro. Em Paris, onde ele morre em 1949, um necrológio exaltava
Arthur Ramos como um dos maiores intelectuais de seu tempo. Não por acaso
ele integrava uma organização ao lado de personalidades como Bertrand Russell,
Jean Piaget, Julien Huxley e Jaime Bodet.
A Unesco, por meio do seu Boletim e do Correo, fala da grande perda daque-
le intelectual de postura internacional, de produção muito grande. Vamos ver
agora como o registro da morte dele é feito no Brasil. Sua ficha pós-morte, no
Departamento de Ordem Política e Social, o DOPS, está aqui:
“Arthur Ramos: falecido. Profissão: professor de antropologia. Endereço de
trabalho: Universidade do Brasil. Residência: Av. Atlântica, 11. Histórico: o mar-
ginal é militante comunista.”
E fazem a lista de todos os “crimes” praticados por ele.

“Em 1946: concedeu entrevista ao jornal a Tribuna Popular sobre a per-


manência dos soldados norte-americanos nas bases brasileiras, denunciando-as
como desnecessárias e inquietantes.
1946: faz parte da Universidade do Povo recentemente instalada e é dirigente
do curso de antropologia da citada universidade.
1946: concedeu entrevista à Tribuna Popular a respeito da Lei de Segurança,
a qual classifica de inconstitucional, fora da lei e do tempo, sendo uma sombra
do passado” (Nota: é a Guerra Fria já adotada pelo senhor Eurico Gaspar Dutra,
que Ramos começa a combater internamente).
1947: juntamente com um numeroso grupo de elementos comunistas, foi sig-
natário de um longo manifesto em que defendeu o funcionamento do PCB e
protestos contra o Parecer Barbedo” (Nota: o manifesto contra a tentativa de im-
pedir a formação de partidos populares no Brasil, que Arthur Ramos endossa).
Assinou o memorial, a 6 do corrente, condenando o Parecer Barbedo, que re-
sulta na cassação do Partido Comunista.
É presidente da Comissão Provisória de Associação, a fim de serem tomadas
medidas urgentes quanto à remessa de socorros médicos ao povo em luta contra
a tirania do ditador Moringe.

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Segundo a Tribuna Popular, é professor da Universidade do Povo.


É membro da Liga dos Intelectuais Antifascistas, ocupando cargo de mem-
bro do conselho deliberativo da mesma.
Foi um dos signatários do Manifesto pela Paz, no Distrito Federal, publica-
do por iniciativa do Congresso Paulista pela Paz.
Segundo a publicação Folha do Povo, faz parte da comissão de solidariedade
ao jornalista Aydano do Couto Ferraz, que se acha preso, e esteve lhe fazendo
uma visita.”
Cabe observar que Aydano do Couto Ferraz é o homem que vem esclarecer,
aqui no trabalho, por meio de suas cartas, a relação de Ramos com Édison Carneiro
e, enfim, dizer a razão da polêmica aberta contra Ramos. Ele era amigo fraterno
de Édison Carneiro e, recebendo a carta de Arthur Ramos que repreendia acre-
mente Carneiro, não a entrega. Responde a Ramos: “Nós somos tão íntimos que
abri a carta; mas não vou dar este sofrimento a ele.” Arthur Ramos foi muito in-
cisivo e Aydano interveio. Ambos mantêm ao longo da vida essa amizade. Aydano
é jornalista no Rio e, quando vai preso, Arthur Ramos vai visitá-lo. Isso lhe dá
outro módulo na ficha do DOPS:
“1948: Faz parte do conselho consultivo da Organização Brasileira de Defesa
da Paz e da Cultura, entidade de caráter comunista.
Enviou um convite sobre a realização de ato público que marcará a instalação
do Conselho Nacional de Defesa da Paz e da Cultura.
1949: Segundo o boletim reservado, faz parte da comissão brasileira que de-
verá participar do Congresso Continental Pró-Paz a ser realizado a 5 de setem-
bro, do próximo ano, na Cidade do México.
1949: Segundo publicação de A Cidade, o marginal embarcou para a Europa
em virtude de ter sido convidado para dirigir o Departamento de Pesquisas Sociais
da Unesco, em Paris.
10/11/1949: Segundo publicação do Diário de Notícias de 1/11/1949, o mar-
ginal faleceu, em Paris, vitimado por um colapso cardíaco.”

Esse foi um dos preços que Ramos pagou pelo papel pioneiro de institucio-
nalização das ciências sociais, de adesão total e irrestrita à luta contra o nazismo,
à luta de libertação negra nesse país. E há outros aspectos do que sofreu. Quando
Ramos foi convidado para integrar um dos quadros da Unesco, a universidade
não lhe deu licença. A última carta dele para d. Marina São Paulo de Vasconcellos
é um verdadeiro brado de desespero. Pouco antes de viajar, ele recebe uma car-
ta, cujo original o coronel Paulo Ramos me deu, na qual o então reitor Pedro
Calmon dizia que o ministro da Educação soubera que ele se ia juntar a Juliot
Curie nesse Congresso da Paz e pedia que ele não pusesse seu prestígio a serviço

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Carta de Caio Prado: informa sobre a revista Fundamentos, criada por Monteiro Lobato e di-
rigida pelo historiador, pede a colaboração de Arthur Ramos e o convida a integrar a Comissão
de Redação. São Paulo, 19 jan 1949.

de um congresso desses. E não é dada a autorização para a viagem. Ramos não


vai ao congresso no México porque assume a Unesco, sem receber licença para
afastamento da Universidade do Brasil.
Nos três meses que fica no exterior, ilegalmente, Ramos está mergulhado em
luta muito profunda. Tanto que em sua última carta para d. Marina, exatamente
no dia 22 de outubro – dia 31 ele morre –, afirma que já fez sua escolha. Mas
queixa-se: como é que seu país o trata dessa maneira? Sublinha que está divulgan-
do o nome do país no exterior, fazendo um trabalho sério, possibilitando aos in-
telectuais brasileiros um nome internacional, e a universidade o persegue. E mais:
está sabendo que, ao mesmo tempo, já tem gente fazendo fila para se candidatar
à cátedra dele. Apesar disso, afirma, já escolheu: vai trabalhar intensamente, fa-
zer o projeto da Unesco para 1950-55 e, a partir daí, vai renunciar ao cargo,
porque o principal para ele é a cátedra, e voltará para o Brasil. Encerra, dizendo:
“Estou sacrificando a minha saúde, e a de Luiza, por um país tão ingrato...” No
final ainda diz: “O frio está chegando, a pressão sobe, eu gostaria muito que a
caldeira explodisse no Brasil.” Explodiu lá, nove dias depois.

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Estou trazendo hoje este material para dar de presente a minha amiga Adélia,
que está fazendo um belíssimo trabalho sobre d. Marina, assistente dele. São duas
coisas: as cartas dele para ela e as cartas dela para ele, em agradecimento pela boa
vontade de procurar a bibliografia comigo, quando eu fazia meu trabalho. Quero
lembrar, também, que Arthur Ramos foi tão vítima da repressão, a Guerra Fria
o colocou de tal maneira no índex, que, quando a Universidade de Vanderbilt o
convida a ir aos Estados Unidos em 1948, o governo americano lhe nega autori-
zação para entrar no país, porque ele já tinha declarado suas posições contra o
domínio norte-americano. A partir de então, ele é vítima de uma conspiração de
silêncio, sua obra não sendo mais editada nem integrada à bibliografia de cursos
de pós-graduação financiados por agências americanas.
Só na década de 70, quando a família Ramos quer vender o apartamento do
Edifício Tupi, para criar uma fundação, e procura a Casa do Estudante do Brasil,
o diretor da editora, para assinalar os 25 anos de morte de Arthur Ramos, vai
cogitar da reedição da Introdução à antropologia brasileira. E me deu uma honra
muito grande: em 1972, fiz o prefácio deste livro, no volume sobre Culturas euro-
péias. Mas, em seguida, o editor da Casa do Estudante foi expulso, e, como era
o editor fundador, o livro foi tirado de circulação. Com o dinheiro com que se
faria um seminário em homenagem a Arthur Ramos, em 1974, é editado outro
livro, sem o meu prefácio. Procurei o então vice-presidente da Casa do Estudante,
Pascoal Carlos Magno, e ele pediu que eu “esfriasse” porque o diretor da Casa do
Estudante, Luís Mesquita, era do Cenimar (Centro de Informações da Marinha)
e já tinha feito uma “bela” ficha minha. Disse ainda que eu só não entrei “em
cana” porque o coronel Paulo Ramos, que então dirigia a Sociedade de Ex-Com-
batentes – e está aqui um representante dele –, tinha ido lá e retirado minha ficha.
Senão, eu teria sido presa por querer fazer um seminário sobre Arthur Ramos.
Anos depois, consegui escrever um artigo sobre ele e publicar na revista A
Ordem, do Centro Católico de Estudos Dom Vital, o único que não cairia nas
mãos da polícia. Até esse período Arthur Ramos é perseguido pela ideologia da
Guerra Fria, pelo fechamento aos intelectuais que estiveram presos, como Nise
da Silveira, Jorge Amado, Orígenes Lessa. Ramos integrou a reação brasileira à
Guerra Fria e houve contra-reação governamental e intelectual. Por isso, enten-
do que tenha ficado menos famoso do que Gilberto Freyre, que não fez essa luta,
não foi para o índex da Guerra Fria. Gilberto Freyre teve condições de continuar
seu trabalho, enquanto Arthur Ramos foi silenciado, como já tinham sido Manuel
Bomfim, Guerreiro Ramos, e todos os intelectuais que tentaram fazer ciências
sociais combativamente em defesa desse país.

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Orlando Valverde
Geógrafo, membro do Conselho Nacional de Geografia e autor de Geografia agrária do
Brasil (1964)

É
uma coisa muito difícil, para mim, falar sobre Arthur Ramos depois da pro-
fessora Luitgarde. Ela sabe tudo! Eu tenho, apenas, como contribuição, a cir-
cunstância, extremamente feliz, de ter sido estudante de geografia na extin-
ta Universidade do Distrito Federal, a UDF, no período de 1936 a 1939. Quero,
então, contar um pouco da minha história que é, também, digamos, agredida pelas
situações difíceis passadas no mundo, nessa década de 30, que, por outro lado, foi
riquíssima em experiências. Arthur Ramos foi um exemplo extraordinário dessa fase.
Poderia dizer que, no presente, estou a uma distância de 49 anos de separação
daquela figura de professor. Eu era um rapaz de 19 anos, expulso da Escola Naval,
junto com outros 10 por professar idéias extremistas, sem que houvesse nenhuma
prova material para condenar qualquer dos 11. Engraçado, foi o primeiro “grupo
dos 11” que se formou extra-oficialmente, pois fomos expulsos pelo simples fato de
que éramos contra o integralismo. Nós sentíamos nesse movimento uma cópia cari-
cata do nazismo e fomos submetidos a um inquérito policial-militar, dirigido por
um capitão-de-mar-e-guerra que era chefe de um núcleo integralista. É claro, era
lógico, que, nessas circunstâncias, seríamos desligados. Depois que nos mandaram
embora, as famílias foram, preocupadas, falar com o diretor da escola, o contra-almi-
rante Castro e Silva. (Mais tarde, fiquei admirado, sabendo que ele era amigo de d.
Branca Fialho. Como é que uma criatura tão culta podia... Bom, enfim, foi assim.
A amizade não custa dinheiro. Mas creio que ela jamais aprovaria uma atitude dessas).
Quando os familiares iam ao almirante perguntar por que fulano, filho dele,
ou sobrinho, o que fosse, tinha sido expulso, ele botava culpa num outro: “Ah,
não, a asa negra do negócio é o sicrano.” Jogava a culpa em um ausente e, assim,
escapava de responder de frente. Essa resposta de frente realmente desapareceu:
foi o processo.
Durante 25 anos, de vez em quando, eu ia ao Ministério da Marinha para
pedir vistas ao processo. Eu, algum dos acusados, um advogado, qualquer pes-
soa interessada. Nada se conseguia. Os advogados não puderam funcionar porque
não havia causa, denúncia formulada na Justiça. E, naquele tempo, não havia
computador, não é? Mas 25 anos depois, um dos nossos colegas foi ao Arquivo
Nacional, que ficava num prédio do século passado na Praça da República. Havia
lá um velhinho que tinha um computador aqui, na cabeça. Era um homem muito

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carola, muito conservador, mas um historiador honesto, chamava-se Eugênio


Vilhena de Morais. Quando o meu colega declinou os nomes dos que tinham
sido expulsos em janeiro de 1936, ele se lembrou do caso, subiu numa escada e
achou: nosso processo estava jogado dentro de um parecer do imenso processo
contra a Aliança Nacional Libertadora, que era capitaneada pelo Partido Comu-
nista. Mas não havia conexão nenhuma entre os dois processos. Havia apenas
uma declaração do então ministro da Marinha – hoje tem uma rua lá em Ipanema
ou Leblon com o nome dele – que dizia que tínhamos sido expulsos, para servir
de escarmento às gerações futuras, porque não tínhamos mentalidade para ser-
mos oficiais da Marinha, já que éramos contra o integralismo. E quem era con-
tra o integralismo era contra o Brasil.
Tentávamos abrir um processo de reintegração à Marinha, mas não encon-
trávamos quem quisesse formar o processo. Até que um advogado, que queria
ganhar dinheiro e que não tinha mais medo de careta, entrou e ganhou em to-
das as instâncias. A Marinha pressionou ao extremo, nessa fase já de mudança
da capital para Brasília, mas, quando o processo chegou lá, resolveram pressionar o
ministro do Supremo, que foi o relator. Era um antigo professor de latim do
Colégio Pedro II, que estava no fim da vida, positivista, que não admitia pressão
de jeito nenhum. Quando leu o processo, deu parecer totalmente favorável a nós:
que devíamos ser reintegrados à Marinha, como se jamais tivéssemos saído dela.
De repente, me vi de execrado a membro da classe dominante. Eu era um deles.
Sabe com quem estão falando? Vocês estão falando com o capitão-de-fragata re-
formado Orlando Valverde, isso quando eu vou lá.
Costumávamos dizer de brincadeira que todo oficial de Marinha era confor-
mado, ou reformado, ou deformado. Então, eu estava agora numa categoria de
elite. Dali para diante, a minha ficha foi esquecida, como a ficha lá do professor
Arthur Ramos, que eu iria encontrar naquela época. Confesso que pela primeira
vez eu tomava aulas de antropologia física e cultural. Eu tinha uma formação de mi-
litar. Da Marinha, eu levava uma boa base matemática, uma boa formação de edu-
cação física: remava, nadava, era um esportista. E, depois, tinha um conhecimen-
to vivido da injustiça, daquela forma em que meteram a gente, em que venciam
aqueles que eram mais bem-relacionados. O fato é que, para mim, a faculdade foi
uma experiência totalmente nova.
Duas figuras brilhavam na formação do curso de geografia. Uma, era a cáte-
dra de Arthur Ramos, Antropologia Física e Cultural, e na geografia havia a
cadeira de Geografia Humana, que foi dada por uma pessoa extraordinária que
Anísio Teixeira foi catar lá em São Paulo. Era o professor Pierre de Fontaine. Ele
tinha sido professor em Lille, depois veio para o Brasil. Em São Paulo, apaixo-

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nou-se pelo país, veio para o Rio de Janeiro, enquanto na capital paulista ficou
um jovem professor assistente, mas não dele, de Paris, e que se tornou depois um
grande amigo meu, Pierre Monbeig. Era um geógrafo extraordinário. O professor
de Fontaine era da escola de Vidal de La Blanche e Jean Brunhes, naturalmente.
Diga-se de passagem, na minha família houve um trauma com o caso da expul-
são. Era uma família de imigrantes espanhóis, meu pai tinha, talvez, o mais antigo
ateliê fotográfico, lá no começo da Rua Miguel Couto, onde nasci. Eu era filho caçu-
la de uma família de quatro irmãos. Sobrevivi à gripe espanhola e, como sempre, o
caçula é muito controlado pelos outros irmãos. Imagine quando eu estava lá na
Marinha, já no penúltimo ano para minha graduação como guarda-marinha, ser ex-
pulso assim sem mais nem menos, sem nem fichamento policial. Foi um trauma
terrível e minha família não tratou de examinar quem era, de onde vinha a informa-
ção. Caçula, fiquei sendo de repente a ovelha negra. Aquilo me deu uma desilusão
muito grande. Meu relacionamento com a família ficou seriamente abalado porque
os irmãos mais velhos – com exceção da minha irmã mais velha, que era de extrema
doçura – de vez em quando me jo-
gavam isso na cara: “Você é um ateu
comunista!” E vai por aí, e outras coi-
sas... Eu aceitava tudo calado porque
não adiantava protestar. Mas a minha
vida se apartou um pouco da família.
Apesar de ter apenas 18 anos, eu ti-
nha uma maturidade bastante avança-
da e aquilo me amargou bastante.
Imaginem qual foi a minha decep-
ção quando vi tudo se desencadear, os
integralistas desfilando em homena-
gem ao Getúlio, com o Plínio Salgado
ao lado, numa demonstração de força.
Cheguei a pensar, realmente, com dois
colegas, em fugirmos para o México.
O México era um bastião da liberdade
com, depois vim a confirmar, um povo
extraordinário, embora o velho dita-
Programa da disciplina Etnografia do Brasil elabo-
dor Porfírio Diaz tivesse dito: “Pobre
rado por Arthur Ramos para o terceiro ano dos
México, tan lejos de Dios tan cerca cursos de Geografia e História da Faculdade Na-
de los americanos.” É, realmente, mas cional de Filosofia, Ciências e Letras, da antiga
é um povo lutador, bravo. Sinto, até, Universidade do Brasil.

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uma certa inveja de que o povo brasileiro não tenha aquele amor profundo pela sua
pátria, pela sua terra, como tem o mexicano. O mexicano é o único povo que tem
orgulho do seu sangue indígena. E os próprios espanhóis, que lá foram os colo-
nizadores, eles tratam muito bem. Mas, quando convidaram agora o México, assim
como Cuba, para a comemoração dos 500 anos, eles recusaram, terminantemente:
há 500 anos se iniciou o saque do país pelas potências imperialistas, de forma que
não temos motivo algum para comemorar, disseram.
Os fatos levaram a isso e, pela primeira vez, eu pegava uma aula com dados
antropométricos das raças. Os brancos, com aqueles grandes tipos como os esco-
ceses de Gallaway, e os ainos, que são pobres brancos inferiorizados lá do extremo
norte do Japão, e outros. E, curiosamente, o professor Ramos chamou a atenção,
naquela época, para o fato de os soldados americanos chamados para a guerra,
descendentes de alemães, já terem uma estatura média 10 centímetros acima dos
orgulhosos alemães, aqueles dolicocéfalos louros, que vinham para dominar o
mundo. Essas eram críticas terríveis. Ramos abordava na antropologia física aspec-
tos característicos dos diversos povos, como a dobra mongólica, uma coisa que
realmente chama atenção, os zigomas, com dados de dimensões antropométri-
cas, o busto da mulher amarela, os órgãos genitais, os pêlos, os cabelos, o tipo
dos cabelos e, também, dos negros. Pela primeira vez eu ouvia isso em classe. Antes,
era considerada uma coisa muito feia comentar esses aspectos em classe.
Dos negros, como maior africanista do Brasil, ele chamou atenção para a estatura
dos sudaneses, negros imensos que empatavam em altura com os escoceses de
Gallaway. A cultura avançada dos iorubas, o que explica por que, na Bahia, as in-
surreições dos negros foram mais graves do que as daqui do sul: eram mais cultos e
alguns antigos nobres das tribos africanas estavam reduzidos a escravos, como os
outros, o que eles não podiam admitir. Eles eram respeitados nas suas reuniões secre-
tas. São fatos que mostram que há diferenças notáveis dentro de uma mesma raça.
A estetopigia dos bantus era uma coisa que chamava atenção, a grande envergadu-
ra dos braços dos negros sudaneses, e uma coisa que pouca gente tinha observado:
a importância do tônus muscular. Os amarelos são extremamente ágeis; vê-se, por
exemplo, nesses campeonatos de tênis de mesa, que a gente mal pode acompanhar
porque eles são leves e extremamente ágeis, ao passo que o tônus muscular dos ne-
gros sudaneses, que são imensos, fortes, dá a eles, hoje a gente sabe, uma grande
possibilidade de vitórias significativas nas provas de atletismo nas Olimpíadas.
Justamente, naquela época, as teses de Arthur Ramos ficaram evidentes. Hitler
promoveu uma Olimpíada, em 1936, quando chegou ao poder. Colocou a Ale-
manha em uma porção de provas em que outros não competiam, para dar a ela
a vitória mundial. Porém, na hora da corrida, um negro americano, chamado

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Jesse Owens, foi o homem mais rápido


do mundo. Aquilo foi uma ofensa tão
grande que Hitler não estendeu a mão para
cumprimentar o Jesse Owens. Curiosa-
mente, aqui no Brasil, na revolução de
São Paulo, a intelectualidade paulista ain-
da estava cheia desses preconceitos. Ima-
ginem que, em classe, o professor Arthur
Ramos criticou um intelectual famoso de
São Paulo, Alfredo Ellis Júnior, que afir-
mava que os negros não dominavam nos
Estados Unidos, e eram mais fracos,
porque o ar frio de lá penetrava pelas na-
rinas e ia logo para o pulmão e, então,
eles tinham pneumonia. Curioso é que,
logo em seguida a essa afirmação, saído
da escola de Chicago dos boxers america-
nos, um negro foi considerado o maior
pugilista dos Estados Unidos; era o mas- Carta de Anísio Teixeira, na qual elogia Intro-
sacrador de Detroit. Olha, que em Detroit dução à psicologia social, de Arthur Ramos, e
o inverno era terrível! tece comentários sobre a importância que a
Quer dizer, teses imbecis. Eu me lem- obra poderá vir a ter na interpretação da con-
bro bem a última vez, em 1977, que fui duta individual e coletiva. Bahia, 2 jan. 1937.
a Washington. Estava em Chinatown, e
olhava, na hora de abrir o comércio, aqueles verdadeiros armários humanos, aque-
les negros fortões, e pensava que, se um desses homens se zangasse comigo, eu
seria um homem morto. Porque eram fortíssimos.
Todas as teses sem fundamento, Arthur Ramos derrubou. E trouxe à nossa
consciência, pela primeira vez, aspectos para os quais a professora Luitgarde
chamou atenção: nos deu noções de musicologia, noções da evolução. Isto é, base
para compreensão da evolução da música negra popular que tem, cada vez mais,
sucesso no mundo inteiro e que, afinal de contas, influiu até nos nossos clássi-
cos, desde o padre José Maurício a Villa-Lôbos, toda essa música que se baseou
no que o povo cantava. Como as festas de carnaval, as escolas de samba, que hoje
são disciplinadas, exploradas, têm, sem dúvida, o concurso importante do ritmo
negro, dos trejeitos das mulatas da escola.
E, também, o sincretismo religioso dos negros no Brasil, em que Ramos mostra-
va a justaposição de São Jorge como Ogum e por aí afora. A própria Igreja, hoje

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em dia, não consegue evitar que haja essa assimilação e agora está adotando uma
atitude mais compreensiva quanto ao sincretismo. Hoje, ela não abençoaria mais
os que iam matar os etíopes na África, de forma nenhuma. Essas idéias novas,
certamente, influenciaram no Concílio Vaticano II e, daí para frente, as “ove-
lhas” deixaram de ser só aquelas privilegiadas, para ser o próprio povo.
Nas aulas de Arthur Ramos, tive discussões com ele porque eu estava orientado
por uma escola que era muito mais antropológica do que geográfica. Era, justa-
mente, a escola de Pierre de Fontaine, que falava do programa assim: “O homem e
a montanha”, “O homem e a floresta”, “O homem e o mar”, “O homem e o frio”,
e vai por aí. Até que um colega, um jornalista muito sarcástico, disse que só estava
faltando “O homem e a mulher”, e “aí ele passa a ser um elemento fraco”.
Tivemos discussões em classe com trabalhos que eram verdadeiras bombas. Casa
grande e senzala, quando estourou, na década de 1930, todo mundo falava de Gilberto
Freyre. Na minha opinião, Gilberto Freyre não foi tão amaldiçoado pelas classes
dominantes porque se tornou um homem extremamente conservador, enquanto
Arthur Ramos continuou fiel às suas idéias de liberdade. Ele chegou ao extremo de
debater temas como a crítica à psicanálise da alma coletiva, em Totem e tabu. Fez,
enfim, críticas nas quais Arthur Ramos, até hoje, é atual. Porque ele criticou, em
classe, esse problema da herança dos caracteres adquiridos, mostrando, com exem-
plos recentes, daquela época, que se conseguia produzir características novas, mas
sempre no sentido de destruição, bombardeando com raios-gama os gens de ratos.
E, depois, não aconteceu aquela vergonha, que derrubou a genética russa, quando
eles deixaram de seguir a linha, que se estudava até nos Estados Unidos, de Mendel.
E chega um farsante, um mentiroso, como Lissenko, que falsificou dados, e um
homem todo-poderoso como Stalin adotou essa nova linha. Na escola de agricultu-
ra dos Estados Unidos, eu tinha apostilas americanas de obras dos geneticistas rus-
sos que, naquela época, eram mais avançados. Mas depois de Lissenko tudo ficou
desmoralizado. Olha o efeito do poder concentrado na mão de um governante só!
O rolo compressor da ditadura militar maltratou terrivelmente, não só
Arthur Ramos, mas também os seus mais distintos e fiéis seguidores. A mi-
nha querida ex-colega Marina São Paulo de Vasconcellos foi uma vítima dis-
so. Ela se deixou morrer de desgosto. O meu colega historiador, o então jovem
Manuel Maurício de Albuquerque, que foi submetido duas vezes a torturas
no pau-de-arara. Artur Bernardes Vaz, jovem professor de geografia, que, ao
receber em um cursinho aqui da Presidente Wilson, onde estava dando aula,
voz de prisão, teve um problema circulatório e morreu ali mesmo. Então, nós
tivemos uma geração perseguida. Mas as pessoas morrem, e as idéias verdadeiras
prevalecem. De maneira que, hoje, as idéias de Arthur Ramos sobrevivem.

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Atualmente, no próprio meio militar, há uma preocupação imensa com a hege-


monia norte-americana que deita, mais uma vez, seus olhos cobiçosos sobre
a Amazônia brasileira.
Na última aula que assisti de Arthur Ramos, eu já estava na Universidade do
Brasil. Quando eu era aluno da UDF (Universidade do Distrito Federal), fizeram
uma intervenção federal de extrema-direita na universidade. Eu fazia parte do di-
retório acadêmico e o interventor da universidade era, então, um homem integra-
lista. Chamava-se Tristão de Ataíde. Felizmente, mais tarde ele mudou muito de
atitude na vida. Bom, fomos obrigados a prolongar o curso por mais um ano, ago-
ra na recém-criada Faculdade Nacional de Filosofia. Nesse ano, 1940, tendo que
cumprir mais um, tive a felicidade de ter aulas de Arthur Ramos, justamente na
época em que foram postos a pique cinco navios brasileiros de comércio. Foi quan-
do o professor Ramos já estava atuando mais fora da universidade, depois de muitas
desilusões. Mas ele terminou as aulas fazendo uma preleção contra o racismo, con-
tra o fascismo no mundo, contra a opressão das ditaduras e sublinhando que a
consciência humana pode ser perseguida, mas jamais pode ser extinta.
Com isso, eu, que era um desiludido de todas essas coisas, um aluno que ficava
sempre na última fila para criticar o professor quando ele dissesse uma tolice em alta
voz, pude debater com Arthur Ramos. O professor Ramos nunca fugiu do debate
comigo. Discutiu sempre de igual para igual e, quando deu por encerrado o curso,
nós o aplaudimos de pé. Aquele homem estava dizendo a verdade, estava trazendo
uma orientação para toda a nossa vida. Foi isso que eu colhi de Arthur Ramos.

Waldir da Cunha
Funcionário aposentado da Fundação Biblioteca Nacional
Ex-chefe da Divisão de Manuscritos

F
ui aluno do professor Arthur Ramos entre 1945 e 1948. Eu fazia o curso
de geografia e história. Não fui para a faculdade em virtude das ciências
sociais, não fui buscar os conhecimentos sociais. Fui mais atraído pela
história e pela geografia. Mas, ao me defrontar com o curso, pude observar que
a Faculdade Nacional de Filosofia era formada por mestres do mais alto gaba-

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rito. Eu, que tinha saído da zona suburbana, na faculdade não podia entrar de
camisa, tinha que vestir terno e gravata. Naquele tempo, a gente usava terno e
gravata para assistir às aulas; e estava lá o professor Arthur Ramos. Só assisti aulas
dele durante o primeiro ano; o segundo e terceiro foram dados já pela assistente,
aulas de etnologia e etnografia. Ramos dava antropologia física e cultural, e eram
duas horas de aula direto.
A juventude da época estava voltada mais para a Faculdade Nacional de Filo-
sofia, depois da antiga UDF. A diferença é que a UDF formava professores do
Estado. Eu não fui para o Estado porque já era da Nacional, então, quando saí, fui
trabalhar em outros colégios. Naquela época, depois de Santiago Dantas, já havia
uma política de o aluno poder entrar na faculdade sem o vestibular. Entrava como
ouvinte e fazia vestibular depois de três, quatro anos. Eu não, fiz vestibular, passei
pela banca examinadora, inclusive o Celso Cunha me examinou em português,
passei por essa fase. Já peguei um período em que, na faculdade, a minha turma
era pequena, a turma anterior era maior. A procura já diminuía um pouco. E o que
aprendi durante as aulas do professor Arthur Ramos? Que ele adotava uma biblio-
grafia vastíssima. Antes de começar, ele lançava aquela bibliografia do exterior.
Na época, não se dizia sociólogo, era sociologista ou, então, antropologista.
O camarada era sociologista ou antropologista. Observei também que entre o
grupo de professores havia uma competição muito grande, eles realmente compe-
tiam. Josué de Castro, que era professor de geografia, competia com antropolo-
gia, achava que não estava direito aquela relação entre geografia humana e
antropologia. Eu me lembro muito bem que, em um dos trabalhos que fiz para
o Josué de Castro, coloquei uma introdução do sociólogo de Pernambuco, Gilberto
Freyre. Ele não gostou, me deu até nota baixa. Aí está uma lembrança da facul-
dade: havia essa competição entre os professores.
Na minha época, fui aluno de quem? Delgado de Carvalho em geografia, que
vinha da Europa, grande conhecedor. Fui aluno dos franceses que vieram no pós-
guerra, fui aluno do Rolland, conheci Pierre Monbeig, em São Paulo. Pierre
Monbeig disse até uma coisa que nunca esqueci: que São Paulo crescia para cima
e o Rio de Janeiro para baixo, por causa dos viadutos e dos túneis. Isso é idéia
do Pierre Monbeig, lá em São Paulo.
Assim que entrei, Artur Ramos me deu logo uma noção interessante: ele não
admitia que se falasse em raça, tinha que ser etnia. O termo era étnico. Raça bran-
ca, não. Tinha que ser etnia. E, também, uma coisa interessante que aprendi, ape-
sar de não ter nada para ser associado, é que ele batia muito na questão de patrimônio
cultural. Ele achava que a cor não influenciava. Era o patrimônio cultural de uma
civilização que influenciava. Nisso ele insistia muito, isso ele me passou bem.

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Arthur Ramos durante uma aula no curso de Antropologia da Faculdade Nacional de Filosofia,
Ciências e Letras. Entre os alunos (o primeiro à direita), Waldir da Cunha. Rio de Janeiro, 1945.

Posso caracterizar aspectos do professor Arthur Ramos. Quando terminei a


Faculdade Nacional de Filosofia, tentei ingressar como geógrafo, como o profes-
sor Valverde. Fiz muitas excursões de campo, estudei história com alguns france-
ses, estudei com um especialista em arte, que era Antoine Bond, da Universidade
de Montpellier, estudei com Rolland, e tinha que saber falar francês, que as aulas
eram dadas em francês. Há um retrato em que estou com a turma de Arthur
Ramos, foi a última turma, parece. Arthur Ramos tirou o retrato, e eu estou lá.
Ele era um colecionador. Esse material todo, que a gente chama de arquivo ou
coleção, veio para a Biblioteca – mas não foi só a Biblioteca que comprou, não,
foi em conjunto com o Instituto do Patrimônio. Uma parte veio para a Biblioteca
Nacional, manuscritos, retratos e fotografias. Naquele tempo, a nossa “informá-
tica” era diferente, havia aqueles projetores de slide... Uma boa parte desse mate-
rial está, me parece, no arquivo que veio para a Biblioteca Nacional.
Quando eu era aluno, participei de pesquisas de campo. Cheguei a ir à ilha
das Cobras para fazer pesquisas antropométricas e as fichas não vieram para a
seção, devem estar lá, no instituto, no departamento. Ramos fez essas pesquisas
lá. Ao mesmo tempo, como colecionador, engraçado, ele colecionava correntes.
Sabe o que é corrente? Nunca recebeu uma corrente? É uma carta que a gente
recebe para passar adiante. Está cheio de correntes por aí. Ele recebia várias. Não
sei o que ele ia fazer com aquilo, não sei qual era a função para o trabalho social
dele, mas há esse material.
Como, também, havia um representante dele em Alagoas. E esse amigo dele
em Alagoas, de quem agora não me lembro o nome, enviou para a coleção de

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Arthur Ramos grande quantidade de documentos sobre a escravidão, que retira-


va lá dos arquivos, pensando que os arquivos se podiam queimar. Retirava e man-
dava, com a intenção de preservar. Vocês sabem disso, não é? Grandes arquivos,
às vezes, sofrem com intempéries, sofrem com desgaste, com incêndio. A própria
Casa dos Contos foi incendiada. Porque tinha muita gente devendo dinheiro,
então, incendiaram aquilo e tudo ficou completamente desbaratado. Então, esse
material a que me estou referindo foi retirado dos arquivos de Alagoas e da coleção
dele. Há um material muito bom aí sobre escravidão. O indivíduo quando vai
estudar história da escravidão tem que ir ao arquivo de Arthur Ramos.
Finalmente, tenho idéia do meu tempo de jovem como muito bom. É claro
que fui levado, também, por aquelas idéias meio socialistas e me levaram até para
a Escola do Povo para dar aula. Mas fugi de lá. Fiquei com medo porque era no
pós-guerra e temi ficar numa situação até de processo. Mas fui lá, dei umas aulas
e saí. Eles levavam a gente e falavam: “Vai aprender a dar aula.” Então, eu ia para
a Escola do Povo. Já naquele tempo, havia o curso de preparação da UFRJ. Tenho
uma idéia muito nítida porque guardei esse arquivo por mais de 40 anos, aqui
na seção. Ele está colocado ali, nos armários; separei as fotografias, deixei tudo
aí. Atualmente, a minha amiga e colega Carmem está catalogando para jogar no
computador. Ficamos muito tempo sem catalogar, porque o número de funcio-
nários aqui é muito pequeno. Graças a Deus, consegui trabalhar durante esse
anos todos, sozinho. Eu lidava com pesquisador, organizava. Acabei saindo daqui
como técnico consultor. Agora, estou quieto em casa, não sei como fui envolvi-
do pela professora Luitgarde. Obrigado!

D E B AT E

Luitgarde Cavalcanti
Antes de saber se alguém tem alguma pergunta, ou se o professor Peter Fry quer
fazer um balanço do que foi dito aqui, desejo esclarecer que essa pessoa que man-
dava documentos para Arthur Ramos era Bonifácio Magalhães da Silveira, tio da
dr.ª Nise da Silveira. Quando foi fundada a Sociedade Brasileira de Antropologia,
só dois alagoanos fizeram parte dela: Bonifácio Magalhães da Silveira e Teotônio
Vilela Brandão, o famoso Teo Brandão de quem falamos. Agora, então, está aber-
ta a rodada para perguntas.

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Peter Fry

Queria inicialmente agradecer aos senhores pelas lembranças e pelo privilégio


nosso de adentrar numa década tão esquecida. Ouvir o senhor falar sobre inte-
gralismo foi um privilégio. Agradeço muito, porque a gente tende a pensar ape-
nas nos últimos acontecimentos, esquecendo que a história, infelizmente, tem
uma tendência a se repetir. Mas a minha pergunta é simples. É que os senhores
falaram – é o título da mesa – da construção da carreira intelectual de Arthur
Ramos, quer dizer, da posição dele como intelectual, como pensador. Eu queria
saber se os senhores têm, como ex-alunos, alguma coisa dele como pessoa, como
personalidade. Porque suponho que os nossos alunos devam comentar sobre nós,
não é? Eu queria saber, também, um pouco mais sobre essa época. O senhor falou
da necessidade de usar terno e gravata, mas, ao mesmo tempo, o senhor disse
que o professor Ramos argumentava com os alunos cara a cara. Quer dizer que,
além da hierarquia, obviamente, havia uma democracia.

Orlando Valverde

A democracia era de tal ordem que ele respondia, com precisão, à pergunta de
alunos que estavam lá para fazer crítica aos professores incompetentes. Ele res-
pondia e nos colocava certinhos no nosso lugar. Mas ele também fez críticas a
nomes como Rui Barbosa. Uma interpretação de Rui Barbosa sobre um prato da
culinária baiana chamado arroz-de-hauçá ele interpretou como arroz de água e
sal. Criticou, também, Rui Barbosa por ter mandado destruir, quando ministro
da Fazenda, todos os documentos relativos à entrada de negros no Brasil. Rui
mandou queimar. Olha, eu fui aluno de Arthur Ramos e também de um profes-
sor alemão que foi maldito durante o regime nazista. Chamava-se Leo Waibel e
o último livro que ele produziu na Alemanha foi queimado, em 1933, nas fogueiras
nazistas, numa cidade que hoje é parte da Polônia, Breslaw.
E o livro Problems of Geography, eu e o Walter Hegler traduzimos: Walter tra-
duziu a parte que estava em alemão, e todos os originais em inglês fui eu que tive
a honra de traduzir. Mas, no final da vida, Waibel conseguiu recuperar todos os
direitos dele na Alemanha, inclusive indenização e montepio para a viúva, que
era judia e não podia realmente permanecer lá. Então, fui aluno de dois profes-
sores perseguidos, pelos quais, até hoje, tenho especial consideração. Porque quem
luta pelos seus ideais, e tem certeza de que está correto, é superior a essas coisas

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todas. Arthur Ramos e Leo Waibel estão no mesmo panteão, um como antropólo-
go e outro como geógrafo.

Luitgarde Cavalcanti
O professor Orlando, na entrevista que deu para mim, contou uma coisa que
responde à pergunta, mas que, agora, ele não repetiu. O seguinte: Arthur Ramos
estava dando aula, adoeceu e ficou muito preocupado porque tinha levado um
homem para consertar o piano da casa dele, e os alunos ficaram sabendo desse
seu gosto pelo piano. Ele falou, em sala de aula, que, mais do que doente, ele es-
tava preocupado com o piano quebrado. E o professor Valverde contou isso como
característica humana de Ramos.

Waldir da Cunha
Na fase em que estudei, realmente, havia umas perguntas que nós não fazíamos
aos professores, porque eles não davam espaço para discussão. Nenhum deles.
Eles davam a aula de duas horas diretas, aquelas aulas profundas, mas a turma,
no meu tempo, achava que o professor Arthur Ramos não era muito didático.
O conhecimento dele era tão grande que não dava para ele seguir a didática da
época. Atualmente, as pessoas seguem uma didática diferente e levam fichas para
a sala, não é? Naquela época, não se levava fichamento, não. Era proibido dar aula
com ficha. Eu mesmo, quando fui ensinar no ginásio, no científico, não levava
ficha, tinha que decorar antes, para dar aula. Os alunos achavam que o profes-
sor que dava aula com ficha não sabia nada. Eles achavam que não era didático.
O professor Arthur Ramos era gordo, muito gordo mesmo, na época. Não
sei se, depois, ele emagreceu, mas quando ensinava lá, ele, médico, poderia cuidar
melhor da sua estrutura, eu pensava. Com o tempo, eu ficava refletindo: “Poxa,
o professor Arthur Ramos, médico, mas nunca se interessou pela própria saúde
física.” É esse o aspecto da época. Ninguém escreveu nada, ainda, sobre a Faculdade
Nacional de Filosofia que foi, realmente, uma universidade. Quando a gente fazia
excursões, o interiorano perguntava: “O que tem filosofia com geografia?” Os es-
tudantes não tinham uma noção exata. Fui do tempo de Carneiro Leão, o grande
administrador lá da área, e é até esse ponto mais ou menos que posso responder
a sua pergunta. Obrigado.

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Verena Stolcke

Achei fascinante, sobretudo, o ângulo político de Arthur Ramos e se mostrou,


muito claramente, que foi uma figura que resistiu aos poderes existentes, com
conseqüências: essa sucessão de prisões e a relação complexa com os Estados
Unidos, relação que é histórica dos Estados Unidos com a América Latina. Agora,
pergunto: em 1940, na viagem aos Estados Unidos, Ramos esteve 10 meses em
Baton Rouge; parece que, então, para conseguir o visto, o convite, já tinha tido
certos problemas. Seria interessante você explicar um pouco esse fato.

Luitgarde Cavalcanti

Como tenho dito, a aliança mundial daquele momento era contra o nazismo.
Tanto que os Estados Unidos estavam aliados a Stalin nessa luta. Então, não havia
um boicote. O boicote a Arthur Ramos só vai acontecer posteriormente. Por isso,
fiz a divisão: ele estava muito mal aqui, internamente, com o DIP, Getúlio e
Filinto Müller, mas estava bem lá fora, porque fazia parte da extensa aliança libe-
ral antinazista que congregava os vários países do mundo, com os “maquis”, co-
munistas ou não, com os partisans, comunistas ou não. Eram todos “os aliados”.
E os Estados Unidos deixam suas portas abertas para esses aliados, inclusive Stalin.
Agora, a partir da Guerra Fria, quando se divide o mundo, quem fica do lado de
cá, na América Latina, vai sofrer duas pressões: a pressão que já existia internamen-
te e a nova que os Estados Unidos vão impor, no seu papel de policial do mun-
do, que começa ali. Começa com o macartismo. Os Estados Unidos vão enfrentar
problemas internos, também, e problemas externos. Por isso, Arthur Ramos, que
tinha sido tão bem recebido em 1940, já é recusado em 1948, porque, em 1945,
já tinha tomado posição contra a presença norte-americana armada na América
Latina, denunciando o armamentismo como ameaça à sobrevivência do mundo.
Grande defensor da paz, via na Guerra Fria a preparação de futuras guerras.

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Verena Stolcke

Acho que tem um detalhe importante adicional. Torres Bodet não era um homem
de esquerda. Ele foi o segundo secretário da Unesco e quem convidou de fato Ar-
thur Ramos. Bodet tinha sido aceito pelos Estados Unidos, supondo-se que iria
dançar ao apito dos Estados Unidos, o que não fez. Ele criou um grupo de pressão
da América Latina, mas com uma certa discrição. E foi ele quem convidou Arthur
Ramos. Parece que não houve essa interferência, não com esse convite.

Luitgarde Cavalcanti

Ainda era um momento em que uma força intelectual muito grande do mundo
apostava na paz. Ainda não se tinha rompido o equilíbrio de paz. Ainda não havia
nenhum país com papel dominante, hegemônico, dentro do contexto total. Arthur
Ramos não é recusado, porque o grupo de apoio dentro da Unesco era todo de
esquerda. Estavam lá, apoiando Ramos, todos eles. Travavam uma grande luta
para que a Carta dos Direitos Humanos fosse adotada pela nova ordem interna-
cional, o que seria a anti-Guerra Fria. Dentro da França, e nos países europeus
todos, se pensava que se atingiria isso por meio da ciência, da alfabetização, do
combate ao racismo etc. Os Estados Unidos não iriam negar o visto, naquele mo-
mento, porque eles ainda não tinham aberto o jogo da Guerra Fria, ela só apare-
cia internamente, em alguns países.
O México, naquele momento, tinha vários intelectuais de destaque. Torres
Bodet já fazia equipe com Arthur Ramos, e já havia uma extensa correspondên-
cia entre eles. No meu trabalho, botei o discurso de Torres Bodet na abertura do
I Congresso Americano de Universidades. Ele fez um discurso que era, exatamen-
te, toda a ideologia de Arthur Ramos. Fala precisamente de ciência aplicada e do
papel da universidade no mundo contemporâneo, no mundo do futuro: não ape-
nas preparar profissionais, mas preparar homens capazes de impedir uma nova
hecatombe. Esse é o papel do intelectual daquele momento, que a Guerra Fria
vai amortecendo até acabar. Primeiro, com perseguições; depois, com doações e,
em seguida, a geléia geral. Mas, naquele momento, estava bem colocado o grupo
intelectual que acreditava na paz. E foi a universidade que possibilitou a criação
desse grupo, espalhado em todos os países.
Ontem, foi vista aqui a idéia de missão. Não era a idéia de missão propriamen-
te, era a idéia de uma associação política entre o conhecimento e a práxis. Quando

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Arthur Ramos trabalha com a idéia de antropologia aplicada, é porque ele traba-
lha com teoria e práxis em toda a sua vida, em toda a sua construção intelectual.
Quando faz pesquisa, por exemplo, em Alagoas, muita gente daquele tempo me
informou: ele fazia pesquisa no Xangô, freqüentava o Xangô, e atendia de graça
todos os macumbeiros da cidade. Como, depois, Teo Brandão, quando vai coor-
denar o folclore de Alagoas, e arranja emprego e atendimento médico em hospital
para todos os agentes de cultura popular. Então, é claro que Arthur Ramos seria
muito bem recebido nos Estados Unidos, no momento do congraçamento ge-
ral, e seria, paulatinamente, afastado, na medida em que a Guerra Fria crescia e
que a Unesco começava a perder o poder, a posição para fazer valer a Carta dos
Direitos Humanos.
Hoje, não é mais a Unesco quem fala em Direitos Humanos, são os governos
altamente armados. É um verdadeiro paradoxo com a concepção da Unesco, que
foi criada para defender a paz e construir um mundo de conhecimento e ciên-
cia; e hoje, quem “defende” os Direitos Humanos manda, por exemplo, bom-
bardear um outro país, em nome dos Direitos Humanos. Com isso, tem havido
a desmoralização da Unesco, para a qual quase nenhum país hoje dá dinheiro.
Quando eu estava pesquisando lá, o presidente da Unesco me disse que eles re-
cebiam dinheiro do Japão, dos Emirados Árabes, mas as grandes potências não
pagavam a taxa exatamente para a Unesco não ter nenhum poder. E Arthur Ramos
foi da época em que a Unesco era o sonho de confiscar dos estados armados o
direito de reger o mundo, e poder reger o mundo com harmonia, com o anti-
racismo.
O primeiro projeto, organizado na década de 1950, é o estudo do racismo.
Numa carta de Arthur Ramos para Costa Pinto, ele descreve até as pessoas que
vai convocar em primeira mão, como Lévi-Strauss. Ele vai dando a relação dos
intelectuais que quer convidar para estudar racismo e em seu último trabalho,
que é publicado no dia seguinte à morte dele, afirma que a destruição do racis-
mo seria a aurora de paz, seria o prenúncio de paz para o mundo. Daí ele ter tra-
balhado tanto em cima de racismo. Porque todos eles estavam pensando não no
problema econômico que ocasionou a guerra, mas no problema ideológico que
a conduziu, porque o fator dominante da imprensa e de tudo era o racismo.
Tanto que hoje – até escrevi um artigo falando disso – estamos tão preocupados
com análises econômicas que esquecemos as análises ideológicas. Esquecemos
que há 50, 60 anos, Hitler matava em nome da ideologia racista. Hoje, o mun-
do mata em nome da ideologia economicista. Antigamente, morria quem era
considerado de raça inferior; hoje morre quem tem baixo poder aquisitivo. Então,
antes, era a cor da pele, a raça; hoje, o cifrão. O nazismo está aí.

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Conjunto de esculturas e objetos rituais da cultura afro-brasileira usados para ilustrar o livro
Arte negra no Brasil. [S.l., s.d.]

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O direito de destruir, de desrespeitar e aniquilar o diferente que é, em suma,


aquilo em que se baseou o nazismo e o racismo, está agora invertido: não se faz
em nome da raça, mas em nome do poder econômico. E isso, acho, aqueles inte-
lectuais da época foram incapazes de perceber: que um jogo econômico estava
dentro da II Guerra Mundial. Não me parece, pelo menos que eu conheça, que
algum deles tenha feito essa análise, de tal forma se deu importância ao proble-
ma racial como fator de guerra.
Não havendo mais perguntas, agradeço a todos e, em particular, à Biblioteca
Nacional por se juntar ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, à Fundação
Oswaldo Cruz e à Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Quatro instituições
se reúnem, 50 anos depois, para tirar Arthur Ramos do esquecimento, enquan-
to as novas gerações estão iniciando trabalhos sobre a obra desse intelectual há
50 anos esquecido. Muito obrigada.

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O Corpus Juris Civilis, de 1478:


da historicidade do incunábulo à salvaguarda
da memória impressa – os papéis da Restauração*

Carmem Lucia da Costa Albuquerque


Conservadora e Restauradora da Fundação Biblioteca Nacional

* Trabalho apresentado no X Congresso da Associação Brasileira de Conservadores-


Restauradores de Bens Culturais - Abracor, realizado na cidade de São Paulo, em no-
vembro de 2000, e publicado originalmente nos Anais do Congresso.
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O
objetivo deste estudo é apresentar todo o processo de restauração, da
encadernação e do suporte da informação impressa no incunábulo
Corpus Juris Civilis, pertencente à Divisão de Obras Raras da Fundação
Biblioteca Nacional, de acordo com políticas de preservação consagradas na lite-
ratura técnica e científica.
O processo de restauração eleito foi fundamentado na historicidade da obra;
isto é, na análise do item sob os pontos de vista da sua raridade e da sua materia-
lidade, tendo como valor de referência a sua superfície, a síntese das informações
explicitadas por suas condições físicas.
A superfície da obra – sua extensão e dimensões, envolve materiais e aspectos
físicos de caráter múltiplo, relativos à parte escrita (disposição do texto, tinta, co-
res, papéis, marcas d’água), ao envoltório (pranchas, couros, ornamentos, costuras,
cordas), e a aspectos peculiares, tais como: marcas de propriedade, anotações
manuscritas, marcas de uso e de leitura.
Em face do valor histórico e documental da obra, a restauração impôs-se como
o meio de ampliar a longevidade da informação registrada, salvaguardando o su-
porte original.

H I S TO R I C O

A obra Corpus Juris Civilis foi impressa em Basiléia, Suíça, por Michael Wenssler,
em 31 de julho de 1478.
A expressão corpus Juris significa corpo do Direito, isto é, todo o conjunto de
reformas legislativas feitas no tempo do imperador Justiniano (c. 483-565).

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Justiniano promoveu mudanças na legislação do Império Bizantino, optando


por fazer uma compilação sistemática de todas as constituições imperiais. O novo
código foi promulgado em 16 de abril de 529. Em 534 houve nova revisão, que
apareceu sob a forma de 2ª edição – esta versão foi a única que chegou aos nos-
sos dias.
A obra foi publicada, inicialmente, em latim e, depois, traduzida para o grego.
As primeiras partes do código de Justiniano foram impressas numerosas vezes,
tanto separadas quanto reunidas, formando uma coletânea denominada Corpus
Juris Civilis.
O governo de Justiniano I, o Grande Imperador do Oriente (527-565), foi
notável principalmente por três motivos: pelas grandes construções arquitetôni-
cas, pelos êxitos militares que alcançou e pelo código que compilou.
A obra em análise, impressa no ano de 1478, por Michael Wenssler, na cidade
de Basiléia (Suíça), é um dos preciosos incunábulos da coleção da Biblioteca
Nacional brasileira, tem 105 folhas numeradas, precedidas por uma sem nume-
ração, não apresenta assinaturas e traz a marca do impressor, no final. Trata-se
de um in-fólio, com 41,5x29 cm (Figura 1).
O texto está em latim, em caracteres góticos, arranjado em duas colunas, com
comentários sobrepostos também em duas colunas; é impresso em preto, com
capitulares, títulos de partida e parte do texto rubricados.
Entre as características exteriores à obra, isto é, aquelas que foram inseridas
ao longo da história do exemplar específico, destacam-se: algumas notas manus-
critas às margens, em tinta ferrogá-
lica e letra de época; e o sinete do
Santo Ofício.
Todo o processo de restauração,
tanto da encadernação quanto do
papel, foi condicionado à pesquisa
bibliográfica, em fontes específicas,
para constatação da raridade e im-
portância histórica da obra; e à
pesquisa bibliológica – a análise do
documento, página a página, para
registro de suas características origi-
nais e atribuídas.

Colofão rubricado do Corpus Juris Civilis, com a


marca do tipógrafo.

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S O B R E A R E S TAU R A ² AO D A E N C A D E R N A ² AO

A encadernação é original, inteira de couro, com perda de lombada, típica do es-


tilo monástico, do século XV (Figura 2).
As capas de madeira foram cobertas de couro marrom tingido e gravado a
seco, com vinhetas diversas e fechos de metal dourado, estilizados.
O miolo foi fixado às pranchas, pela lombada, com nervos de cânhamo.
Sobre o revestimento gravado, foram aplicadas cantoneiras e um camafeu cen-
tral em chifre, provavelmente, de boi (Figura 3). Este modo de ornamentação
era uma prática entre os monges do Medievo que, ajudados por gravadores, fize-
ram as primeiras aplicações de enfeites, gravando ferros ou prensando sobre o
couro pranchas de madeira com desenhos, nomeados como “ferros monásticos”.
A técnica de gravação no couro consistia em apertar de leve as pranchas de
madeira sobre o couro previa-
mente umedecido, de onde pro-
vém o nome de “decorado a frio”.
Os ferros góticos, monásticos,
foram os ornamentos utilizados
nos livros impressos nos primei-
ros 50 anos desde o advento da
tipografia, chamados incunábu-
los, ou seja, o livro da prototipo-
grafia, artesanal, característico da
fase em que a arte tipográfica se
achava em seu estágio inicial.
Na encadernação do Corpus
Juris Civilis, constam gravadas a
ferro sobre o couro as seguintes
imagens-símbolos:

a) águia: muito difundida


como animal-símbolo, geralmen-
te, associado com o sol e o céu,
eventualmente também com o
NO ALTO: Encadernação original toda em couro, com
raio e o trovão; seu poder sim-
perda de lombada. Século XV.
bólico era atribuído, sobretudo,
à sua força e resistência. A águia, ACIMA: Detalhe do revestimento da encadernação, com
tida como rainha das aves, já na aplicação de cantoneiras em chifre e fecho de metal.

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Antigüidade era considerada como o símbolo do real e do divino. Na Bíblia, era


utilizada como símbolo de Deus Todo-Poderoso. Foi adotada por muitos en-
cadernadores, sendo, inclusive, o símbolo de Napoleão;
b) leão: considerado o “rei dos animais” da Terra, ao lado da águia, a “rainha
das aves”, é um símbolo muito difundido, quase sempre, com significado solar
ou estritamente ligado à luz, devido, entre outras coisas, a sua força, a sua cor amarela
e à juba radiante que envolve sua cabeça. As características do animal, de forte teor
simbólico, são a coragem, a ferocidade e uma suposta sabedoria. A representação do
leão nos tronos e nos palácios dos soberanos designa poder e justiça;
c) flor-de-lis (= flor de lírio): este símbolo representa uma estilizada “flor de
lírio” e assume muitos significados. Tradicionalmente, tem sido usada para repre-
sentar a realeza francesa. Diz-se que designa a perfeição, a luz e a vida. No sécu-
lo XII, o rei Luís VI, ou Luís VII, foi o primeiro monarca a usar a flor-de-lis em
seu escudo. No século XIV, a flor-de-lis foi aos poucos incorporada às insígnias
de família, que eram bordadas sobre o manto dos cavaleiros. A Igreja Católica
Romana utiliza o lírio como um emblema de pureza, associado à Virgem Maria.
Devido às suas três pétalas, a flor-de-lis também tem sido usada para represen-
tar a Santíssima Trindade;
d) florões: ferros como rosetas e palmeiras (adorno em forma de palmas), ins-
pirados na flora.
Para a restauração da encadernação do incunábulo, foi adotada a seguinte
rotina:

1) limpeza a seco das capas de madeira com trincha, para remoção de poeira
e outras sujidades;
2) hidratação com produto Leather Dressing, em face do péssimo estado de
conservação do couro;
3) retoques com tinta Enigma, cor marrom, para amenizar arranhões e outras
abrasões;
4) enxerto com couro de cabra, tingido, nas áreas faltantes;
5) remoção das folhas de guarda e de películas de pergaminho coladas sobre
a madeira, utilizadas para o nivelamento das capas. Devido ao adiantado estado
de degradação destes materiais, não foi possível o seu reaproveitamento. A re-
moção das folhas de guarda foi realizada com água, álcool e cola Metilan. As guar-
das originais foram substituídas por guardas em papel artesanal, moderno;
6) retirada dos nervos de cânhamo originais (Figura 4). O estado de deterio-
ração do material justificou a sua retirada. Na ocasião, verificou-se que os ner-
vos eram fixados por uma cavilha de madeira e nivelados com gesso (Figura 5);
7) costura, do miolo à encadernação, com novos nervos;

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8) confecção e inserção de nova


lombada, em estilo de época, em
face da ausência da original. A nova
lombada foi confeccionada, rele-
vando os padrões considerados
pelo encadernador original.
Foram utilizados, nesse proces-
so, os seguintes materiais:

a) couro de cabra nacional, tin-


gido com tinta Enigma marrom,
aproximando-se ao máximo da cor
original;
b) cola de amido PH 7, de fabri-
cação nacional;
c) corda de cânhamo neutro,
com 12 fios, importada da Espa-
nha, para os nervos e como suporte
para bordar o cabeceado;
d) fio de cânhamo neutro, im-
portado da Espanha, para bordar
o cabeceado com três fios; NO ALTO: Retirada dos nervos de cânhamo originais.
e) folhas de guardas em papel
ACIMA: Nervos fixados por cavilhas e nivelados com
reciclado, confeccionado no Labo-
gesso.
ratório de Restauração da Funda-
ção Biblioteca Nacional;
f) tarlatana, importada da Espanha, para complemento da sustentação das pran-
chas na lombada; e
g) linha de linho nº 20, de fabricação francesa.

D A R E S TAU R A ² AO D O PA PE L

O papel, utilizado como suporte da impressão, é tipicamente artesanal: de tex-


tura áspera e, por vezes, macia, sua superfície é desigual, com tendência a mais es-
pesso que fino. O amarelecimento provocado pelo tempo atribuiu ao suporte um
aspecto “antigo”, que não inviabilizou a leitura das marcas d’água praticadas. O
uso da marca d’água, elemento de identificação do papeleiro, começou no final

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do século XIII, e desde esta época os papéis sem marca d’água são muito raros.
As marcas d’água diferem, entre si, e cada uma delas tem sua história.
Na obra em análise, ocorre uma das mais significativas marcas d’água do perío-
do: a cabeça de touro (Figura 6).
A cabeça de touro, uma das primeiras marcas d’água de animal, começou a
aparecer em 1310 e foi o emblema favorito dos fabricantes de papel por 200 anos.
Algumas vezes, foi usada sem acessórios, mas, de modo geral, é encontrada so-
breposta por uma cruz latina, pela rosa de bliss, isto é, a rosa da felicidade, de
bem-aventurança; por uma meia-lua; uma coroa; ou outros símbolos.

Marcas-d’água verificadas na obra.

A figura da cabeça do touro cheia de adereços não era tão comum quanto a
cabeça representada sozinha. O touro designa paciência e força e, em alguns es-
critos antigos, é interpretado como símbolo do sacrifício de Cristo, bem como
de profetas, apóstolos e santos; era, também, a representação de todos aqueles
que, pacientemente, trabalhavam em silêncio para o bem dos outros.
Para a restauração do papel utilizado no incunábulo, foi adotada a seguinte
rotina:

1) limpeza mecânica, folha a folha, com trincha e pó de borracha, para a remo-


ção de sujidades superficiais;
2) tratamento aquoso, com banho por imersão. Para a efetivação desse trata-
mento, foram realizados testes de solubilidade de tintas do texto e das capitais
coloridas em 3 etapas:

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a) com água deionizada,


b) com água deionizada e álcool a 50%, e
c) com hidróxido de cálcio.
Os resultados dos testes foram negativos. A resistência do papel de trapo utili-
zado na obra permitiu o uso seguro desta técnica. As folhas foram lavadas com
a proteção de tela de nylon Monyl.
3) desacidificação, com uso de hidróxido de cálcio. As folhas foram postas
para secar em temperatura ambiente;
4) obturação das áreas de perda de suporte com uso de Máquina de Obturação
de Papel (MOP);
5) reencolagem das folhas, com cola Metilan;
6) remontagem dos cadernos, conforme o padrão descrito na Ficha de Des-
monte e Relação de Cadernos, praticada no Laboratório de Restauração da Fun-
dação Biblioteca Nacional;
7) planificação leve, para acomodação dos cadernos recompostos (Figuras 7
e 8).
Foram utilizados, nesse processo, os seguintes materiais:
a) polpa de eucalipto branqueado,
b) cola Metilan, para reencolagem,
c) papel japonês, de 9 gramas, para reforçar a lombada e efetuar pequenos
reparos,
d) corante castanho solar, SLN 60%, fabricado pela Sandoz, e
e) hidróxido de cálcio PA.

C O N C LU S AO

A literatura específica não relata práticas e teorias que fundamentem um padrão


para a restauração de incunábulos. A higienização e a salvaguarda têm sido as
opções recomendadas. No entanto, as condições físicas oferecidas pelo item, após
500 anos de guarda, impunham a adoção de um procedimento baseado em uma
realidade que só poderia ser revelada após a interferência de um restaurador.
A restauração não constituiu um pré-requisito para a salvaguarda; mas foi con-
siderada necessária para a garantia de qualidade do suporte e de acesso à informa-
ção – o que justifica, por si, a opção pela restauração.
A restauração da encadernação e do papel foi definida a partir da associação
dos fundamentos da Preservação e da Documentação, de modo a viabilizar o arma-
zenamento, adequado à antigüidade e raridade do documento, sob a perspectiva da

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longevidade e da salvaguarda da informação registrada. A restauração implemen-


tada, portanto, tem padrão de qualidade arquivística; isto é, tem a propriedade
de reduzir o impacto do ambiente e do manuseio e é resistente à deterioração –
protege e apóia, fisicamente, o documento como um todo.
Nessa questão, preponderou a política de preservação praticada na Fundação
Biblioteca Nacional: a restauração e o acondicionamento da obra em condições de

NO ALTO: O Corpus Juris Civilis, antes da restauração.

ACIMA: O Corpus Juris Civilis, depois da restauração.

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acesso restrito, de modo a viabilizar a sua consulta exclusivamente naqueles casos


em que a mesma informação, transferida para outro suporte (microfilme, fotografia,
digitalização), não seja suficiente para satisfazer as necessidades do pesquisador.

BIBLIOGRAFIA

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BECK, Ingrid (Coord.). Planejamento de preservação e gerenciamento de programas.
Trad. de José Luiz Pedersoli Jr. Rio de janeiro: Projeto conservação preventiva em
bibliotecas e arquivos : Arquivo Nacional, 1997. 46 p. p. 11-22.
BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Catálogo de incunábulos da Biblioteca Nacional. 2.
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BIEDERMANN, Hans. Dicionário ilustrado de símbolos. Trad. de Glória Paschoal de
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CASTELO BRANCO, Zelinda. Encadernação: história e técnica. São Paulo: HUCITEC,
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OGDEN, Sherelyn. Caderno técnico: armazenagem e manuseio. Coord. Ingrid Beck; trad.
Elizabeth Larkin Nascimento [e] Francisco de Castro Azevedo. Rio de Janeiro: Projeto
conservação preventiva em bibliotecas e arquivos : Arquivo Nacional, 1997. 46 p. p.
13-15: A escolha de invólucros de qualidade arquivística para armazenagem de livros
e documentos.

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168

PANZER, Georgius Wolfgang. Annales typographici ab artis inventae origine ad onnum


MD post Maitairii Denish. Norimbergae: J. E. Zeh, 1793-1803. v.1, p. 149 (nº 15).
ROBERTS, Matt T.; ETHERINGTON, Don. Bookbinding and the conservation of books:
a dictionary of descriptive terminology. Washington: Library of Congress, 1982.
296 p. il.

E S PE C I A L I S TA S C O N S U LTA D O S

Alexandre Emerick – conservador e restaurador, mestrando em História da Arte;


Ana Virginia Pinheiro – bibliotecária da Fundação Biblioteca Nacional, especialista
em obras raras e mestre em Administração Pública; Fernando Amaro – conservador
e restaurador da Fundação Biblioteca Nacional; Lúcia Carvalho – conservadora
e restauradora; Maria Aparecida de Vries Mársico – conservadora e restauradora
da Fundação Biblioteca Nacional, mestranda em História da Arte; Vera Lucia
Miranda Faillace – bibliotecária da Fundação Biblioteca Nacional, especialista
em obras raras e em análise, descrição e recuperação da informação – e a equipe
do Laboratório de Restauração da Fundação Biblioteca Nacional – técnicos,
restauradores, encadernadores, efetivos e autônomos, que, direta e objetivamente,
contribuem para o progresso da restauração no Brasil.

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Inventário analítico do
Arquivo Darci Damasceno
S U PE RV I S AO
Ana Lúcia Merege Correia
Identificação e descrição
Magaly da Silva Lopes

F OTO G R A F I A S
Supervisão
Mônica Carneiro Alves
Identificação e descrição
Cristiane Zumpichiatti dos Santos
Magaly da Silva Lopes

P R E -I N V E N TA R I O
Ana Regina de Castro
Cíntia Cecília Barreto
Clara Maria Ferreira Santos
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UM BRILHANTE BARNABE*

D
arci Damasceno era um estudioso apaixonado. Autor de diversas obras
dedicadas à literatura, foi também chefe da Divisão de Manuscritos –
então Seção de Manuscritos – durante 30 anos. Foi meu chefe e o res-
ponsável por minha entrada no serviço público, então como estagiária selecionada
pelo coordenador que decidira incluir na equipe um estudante de Ciências Sociais.
Foi ele que me mostrou pela primeira vez um Livro de Horas, e que me fez
chegar à faculdade naquele dia encantada e lisonjeada por merecer tamanha hon-
ra de manusear um livro do cofre. E foi ele também que me ensinou – não com
palavras, mas com atos – a tratar estagiários como futuros profissionais, que de-
senvolvem um trabalho importante e cujas ponderações e considerações técnicas
merecem todo respeito e atenção.
Não entregava nada pronto, não dava ordens a serem executadas, mas orien-
tava sobre a melhor maneira de obter os resultados esperados. Fazia isso a partir
de “inspeções periódicas” ao serviço, durante as quais se sentava a meu lado e
analisava as “fichas” produzidas e respondia às minhas perguntas com indicações
das obras de referência onde poderia encontrar as respostas. Nunca me deu o
peixe, mas me ensinou a pescar.
Conhecia o acervo sob sua guarda como poucos. Muitos anos depois, ao as-
sumir a chefia da Divisão e começar a mapear o acervo para construir o Guia de
Coleções, pude perceber que em quase todas as pastas de documentos que integram

* A equipe da Divisão de Manuscritos dedica este trabalho à memória do professor Darci


Damasceno.

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172

o acervo manuscrito havia uma anotação sua, indicando um procedimento ou


acrescendo um comentário. No arquivo da Divisão encontrei mais tarde o
mesmo mapa, que estava construindo no meu editor de textos informatizado,
todo manuscrito por Darci e refletindo a distribuição do acervo à época de
sua produção.
Paralelamente a sua atividade literária, como ensaísta e poeta, controlava sua
equipe com mão de ferro, estalando os dedos diante daqueles que permaneciam
muito tempo diante de um documento com um olhar perdido em outros pensa-
mentos. Nada lhe escapava, nem no conteúdo do acervo pelo qual era responsá-
vel nem na composição da equipe que coordenava.
Apesar de atuar na área de Letras, teve a preocupação de diversificar a forma-
ção da equipe com profissionais de História e Ciências Sociais que poderiam
tratar o grande acervo histórico da Divisão de Manuscritos.
O Arquivo Darci Damasceno se constitui basicamente de seu arquivo técni-
co, ou seja, suas anotações, rascunhos e cópias de trabalhos feitos ou a fazer, e
correspondência sobre esses trabalhos. Não revela a pessoa Darci Damasceno,
mas revela o pesquisador minucioso, que coletava e compilava qualquer informa-
ção disponível e reuniu importantes registros sobre os estudos que realizou. Dentre
estes registros, destacam-se – além, é claro, daqueles relativos a Cecília Meireles,
de valor inestimável – as anotações e textos sobre o Conservatório Dramático
Brasileiro e a censura no século XIX, a Flora Fluminense do frei José Mariano
da Conceição Velloso e a obra de Gregório de Matos.
Algumas anotações são registradas no verso de formulários administrativos,
como os temidos B.O.s (boletins de ocorrência) que, na década de 60, serviam
para justificar os atrasos dos funcionários junto às chefias, demonstrando que qual-
quer oportunidade era aproveitada para registrar idéias de possíveis trabalhos.
A convivência da criação literária com a função pública não é privilégio ape-
nas de Darci Damasceno, mas foi a realidade de diversos nomes da literatura na-
cional, como Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis e Artur Azevedo,
entre outros. Lima Barreto rascunhava seus contos, crônicas e novelas nas folhas
de papel timbrado do Ministério da Guerra, onde era escriturário. Todos esses
personagens têm seus documentos na Divisão de Manuscritos, mas nenhum foi
tão intimamente ligado a ela quanto seu chefe por 30 anos: Darci Damasceno,
mais um brilhante barnabé.

Carmen Tereza Moreno


Coordenadora do Acervo Especial

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Imagens do Arquivo
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Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes,


em fotografia feita na década de 1950. Arquivo Darci Damasceno.
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Sarasvati! Publicado na revista Fon-Fon, em julho de 1926, este poema pertence à fase orien-
tal de Cecília Meireles, de cuja obra Darci Damasceno foi um dos maiores estudiosos.
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Cópia do poema À minha mãe, de Álvares de Azevedo, ilustrado pelo autor (o original
também está na Divisão de Manuscritos). Arquivo Darci Damasceno.
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Darci Damasceno estabeleceu o texto original de vários poemas de Gregório de Matos, o


“Boca do Inferno”. Esta folha de rosto pertence ao código conhecido como “rústico”.
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Folha de rosto da primeira edição de Memórias de um sargento de milícias, uma das obras da
literatura brasileira estudada por Darci Damasceno. O autor, Manuel Antônio de Almeida,
preferiu o anonimato, apresentando-se como “um brasileiro”. Arquivo Darci Damasceno.
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Plantas fluminenses, obra organizada por Darci Damasceno e publicada em 1976 pela Biblioteca
Nacional: estudos feitos no século XVIII pelo naturalista brasileiro frei José Mariano da
Conceição Veloso, com desenhos de João Francisco Muzzi.
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Prensa para espremer o anil: estampa de Jerônimo Vieira de Abreu, integra o projeto de uma
fábrica de anil na praia de Santa Luzia, no Rio de Janeiro (século XVIII). Darci Damasceno
fez a transcrição do códice onde está o projeto.
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173

A P R E S E N TA ² AO

O inventário dos documentos do arquivo do professor e ex-funcionário da Biblio-


teca Nacional Darci Damasceno é mais um dos resultados do Programa de Or-
ganização e Descrição de Acervos, que já produziu inventários para cerca de 30
conjuntos documentais. Ele está organizado em seis subconjuntos documentais
– correspondência, fotografias, impressos, originais, rascunhos e fotocópias –, a res-
peito do que cabem duas observações.

1º) Por se haver levado em conta o suporte em que se encontram os documen-


tos, a série fotografias e alguns dos documentos da série impressos estão fisicamente
separados dos demais. As planilhas da série impressos que dizem respeito a livros
passaram a integrar a base IMP, enquanto aquelas que se referem a periódicos,
artigos e partes de publicações estão organizadas em ordem topográfica na base
MSS.
2º) As séries originais e rascunhos se referem, ambas, à produção pessoal de
Darci Damasceno; mas, enquanto a primeira diz respeito aos originais, manus-
critos ou datilografados, de trabalhos praticamente já prontos, a segunda com-
preende esboços iniciais, anotações, notas bibliográficas e outros papéis esparsos que
se procurou reunir a partir de um tema e de um período de produção comuns.

Ao final do inventário, encontrar-se-ão um índice temático e um onomástico,


remetendo para a notação do documento. O vocabulário se aproxima o máximo
possível dos termos autorizados pelo Departamento de Processos Técnicos da
Biblioteca Nacional.
Ao disponibilizar este inventário, o que se pretende é proporcionar ao usuário
um acesso mais rápido e, acreditamos, mais preciso às ricas informações conti-
das no Arquivo Darci Damasceno.

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D I V I S AO D E M A N U S C R I TO S
GUIA DE COLE²OES 3/4 FICHA TECNICA

Fundo/Coleção: Darci Damasceno

Datas-limite: 1846-1987

Histórico: Darci Damasceno nasceu em Niterói (RJ) em 2 de agosto de 1922 e


morreu na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 1988. Licenciado em Letras pela
PUC/RJ, foi tradutor, ensaísta e poeta. Dirigiu a revista Ensaio, ao lado de Fausto
Cunha e Afonso Félix de Sousa. Funcionário público, chefiou a Divisão de Manus-
critos da Biblioteca Nacional (1952-1982). Publicou, entre outras obras: Poemas
(Pongetti: Rio de Janeiro, 1946); Catálogo e transcrição de Freire Alemão (Anais da
Biblioteca Nacional, v. 81, em colaboração com o professor Waldir da Cunha; Cecília
Meireles, o mundo contemplado (Orfeu: Rio de Janeiro, 1967). Seu arquivo consti-
tui-se em expressiva fonte de informações sobre o contexto histórico-literário brasileiro
do século XVII ao XX, reunindo documentos acumulados durante a realização de
estudos literários e organizados em séries de acordo com a tipologia documental:
correspondência, fotografias, impressos, originais, rascunhos e fotocópias.

Forma de entrada: doação

Data de entrada: 29 out. 1990

Origem: Zenilda Damasceno, viúva do titular

Conteúdo: Referências bibliográficas. Estudos sobre diversos autores, dentre os


quais Cecília Meireles, Gregório de Matos, Martins Pena e Manuel Antônio de
Almeida. Anotações sobre textologia, codicologia e estilística. Correspondência
diversa. Artigos de periódicos. Estudos sobre o teatro e a censura no Brasil.
Anotações para publicações sobre o Rio de Janeiro, Freire Alemão e transcrição
de códices sobre o anil e produtos do Piauí.

Quantificação: 655 documentos; 67 fotografias

Localização: armário 26
Acesso: reprodução condicionada aos termos da Lei nº 9.610, de 19/2/1998
(“Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras pro-
vidências”).

Instrumentos de pesquisa: BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Inventário do


Arquivo Darci Damasceno. Rio de Janeiro: Divisão de Manuscritos, 1998.

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CORRESPONDÊNCIA

Datas-limite: 1960-1987

Conteúdo: correspondência ativa e passiva do titular. Trata-se, na maior parte,


de cartas de Heitor Grillo, referentes à edição de obras de Cecília Meireles.

Quantificação: 36 documentos

1. SUBLIGA MINEIRA PRÓ-ESTADO LEIGO DE JUIZ DE FORA. Carta


a Darci Damasceno convidando-o para uma conferência e um comício público
no Teatro Central, tratando de questões da renovação educacional. Juiz de Fora,
17/11/1961. N. p. Original. Datilografado. Carta assinada por Manuel Raimundo
da Paz Filho, presidente da subliga, e outros membros do conselho diretor.
26,1,1

2. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno convidando-o a visitar a casa da


Rua Smith Vasconcelos, 30, que foi de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 13/5/1965.
1 f. Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,2

3. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno pedindo-lhe que oriente a irmã


Maria Imaculada Ilárraz, em sua pesquisa para a tese sobre a obra de Cecília
Meireles. Rio de Janeiro, 8/2/1966. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,3

4. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando sua colaboração na


coordenação do lançamento da segunda edição pela Editora Aguilar da Obra
poética, de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 19/7/1966. 1 f. Original. Datilo-
grafado. Sem envelope.
26,1,4

5. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno pedindo-lhe opinião sobre qual


versão dar ao poema “Fecharam-se as casas...”, de Cecília Meireles. Rio de Janeiro,
6/9/1966. 1 f. Original. Datilografado. Convite manuscrito a tinta de Heitor
Grillo a Darci Damasceno para um almoço. Anotações de Darci Damasceno no
envelope.
26,1,5

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6. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando-lhe que envie uma


relação das melhores antologias de poetas do Brasil, para tradução na França. [S.
l.], 12/9/1966. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,6

7. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno sobre as duas cópias datilografadas


de “O estudante...” para que se estabeleça a forma como deve ser publicado em
livro. Rio de Janeiro, 2/12/1966. Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,7

8. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno avisando-lhe que um caderno de


poesias de Cecília Meireles já está copiado e que aguarda oportunidade de en-
caminhá-lo para o preparo do texto definitivo. Rio de Janeiro, 27/2/1967. 1 f.
Original. Datilografado.
26,1,8

9. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno pedindo-lhe auxílio na correção


de prováveis erros encontrados na revisão da Obra poética, de Cecília Meireles.
Rio de Janeiro, 11/4/1967. 2 f. Original. Datilografado. Anotação de Darci
Damasceno. Sem envelope.
26,1,9

10. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno avisando-lhe que o poema “Vôo”,
de Cecília Meireles, dedicado a ele, sairá na segunda edição da Obra poética. Em
anexo o poema. [S. l.], 15/5/1967. 2 f. Original. Datilografado. Manuscrito a
tinta de Heitor Grillo. Sem envelope.
26,1,10

11. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno desculpando-se por não poder es-
perar, pois teria que ir ao cais do porto aguardar a chegada de Gisele Slezinger, a
tradutora para o francês dos poemas de Cecília Meireles, avisando que deixa vários
cadernos de poemas. Rio de Janeiro, 24/5/1967. 1 f. Original. Datilografado.
26,1,11

12. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno desejando-lhe pronto restabe-


lecimento de saúde e comunicando que voltará de viagem no dia 10 de março
para retomar a obra poética póstuma de Cecília Meireles. Rio de Janeiro,
28/2/1968. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,12

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13. DAMASCENO, Darci. Carta a Heitor Grillo contendo um estudo e orga-


nização dos originais da Obra poética, de Cecília Meireles. Rio de Janeiro,
8/10/1968. 3 f. Original. Datilografado.
26,1,13

14. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando colaboração junto


aos bolsistas franceses que deverão vir ao Brasil estudar a obra de Cecília Meireles.
Rio de Janeiro, 26/12/1968. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,14

15. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando resposta quanto à


possibilidade de auxiliar bolsistas franceses interessados em estudar a obra de
Cecília Meireles. [S. l.], 16/6/1969. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope.
Junto à carta, original da anterior (26,1,14), que tratava do mesmo assunto.
26,1,15

16. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno oferecendo uma cópia do poe-
ma “Morena, pena de amor” e perguntando se o poema que parece ter sido omi-
tido na pasta de Poemas Infantis deve ser incluído no texto definitivo. Rio de
Janeiro, 10/10/1969. 1 f. Original. Datilografado. Junto à carta original, cópia
do poema citado. Sem envelope. Anotações de Darci Damasceno.
26,1,16

17. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno dizendo ter mandado o origi-
nal e duas cópias de “Morena, pena de amor”, de Cecília Meireles, e que aguar-
da opinião sobre o local de inclusão do poema no texto. [S. l.], 28/1/1970. 1 f.
Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,17

18. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno enviando o poema em prosa


“O menino poeta”, de Cecília Meireles, para ser avaliado antes da publicação.
Rio de Janeiro, 14/2/1970. 2 f. Original. Datilografado. Material adicional: Cópias
datilografadas de “O menino poeta”.
26,1,18

19. DAMASCENO, Darci. Carta a Heitor Grillo fazendo sugestões sobre edição
de poesias inéditas de Cecília Meireles e questionando o fato de a imprensa atribuir
a Carlos Drummond de Andrade, revisor da obra, importância semelhante à de

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178

Darci Damasceno, que estabelecera o texto. [Rio de Janeiro], 31/3/1970. 1 f.


Cópia. Datilografado.
26,1,19

20. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno explicando e solicitando suges-


tões referentes à edição de poesias de Cecília Meireles, fazendo referência ao seu
trabalho e ao de Carlos Drummond de Andrade. [Rio de Janeiro], 1/4/1970. 1
f. Original. Datilografado. Contém anotações de Darci Damasceno.
26,1,20

21. GRILLO, Heitor. Carta a Darci Damasceno solicitando resposta à sugestão


referente à edição da poesia inédita de Cecília Meireles, fazendo referência ao seu
trabalho e à revisão de Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro, 27/4/1970.
1 f. Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,21

22. ÚRSULA C. Postal avisando que foram feitos slides de manuscritos na


Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Alemanha, 22/10/1974. 1 f. Original.
Datilografado. Em inglês. Sem envelope.
26,1,22

23. MONTE-MOR, Janice de Mello. Carta ao presidente da Academia Brasileira


de Letras solicitando empréstimo da cópia fotográfica da obra de Gregório de Matos,
segundo entendimento com Darci Damasceno, chefe da Divisão de Manuscritos.
Rio de Janeiro, 16/11/1976. 1 f. Cópia. Datilografado. Sem envelope. Cópia des-
tinada ao arquivo de Darci Damasceno.
26,1,23

24. OLIVEIRA, Sérgio Martins. Questionário enviado a Darci Damasceno pela


Livros Técnicos e Científicos Editora, para o planejamento de futuras atividades
relativas à sua obra. Rio de Janeiro, 5/4/1979. 14 f. Original. Datilografado.
Impresso. Inclui folheto da Biblioteca Universitária de Leitura Brasileira. Junto
um cartão de Aileen A. B. Cardoso.
26,1,24

25. REIS, Floriano. Carta a Darci Damasceno com cumprimento por seu de-
sempenho como chefe da DMSS-BN. Rio de Janeiro, 31/5/1980. 1 f. Original.
Manuscrito.
26,1,25

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26. FUNARTE. Convite para o coquetel de lançamento do livro Batuque, sam-


ba e macumba, texto e ilustrações de Cecília Meireles, no foyer da Sala Cecília
Meireles. Rio de Janeiro, 25/11/1983. 1 f. Original. Impresso. Eventos em celebra-
ção ao 50º aniversário de exposição de Cecília Meireles a 18/4/1933. Anotações
de Darci Damasceno no envelope.
26,1,26

27. PERES, Fernando da Rocha. Carta do diretor do Centro de Estudos Baianos


(UFBA), enviando livros de Gregório de Matos. Salvador, 29/5/1984. 1 f. Original.
Datilografado. Não possui o envelope original.
26,1,27

28. PERES, Fernando da Rocha. Carta do diretor do Centro de Estudos Baianos,


contendo informações sobre estudos acerca de Gregório de Matos e das fontes
disponíveis. Salvador, 23/10/1984. 2 f. Original. Datilografado.
26,1,28

29. DIMAS, Antônio. Carta a Darci Damasceno agradecendo o envio de críti-


cas à sua antologia sobre Gregório de Matos. São Paulo, 4/2/1986. 1 f. Original.
Manuscrito.
26,1,29

30. DIMAS, Antônio. Carta a Darci Damasceno com observações às críticas,


feitas por este, ao livro de Antônio Dimas sobre Gregório de Matos. São Paulo,
28/5/1986. 7 f. Original. Datilografado. Contém fotocópias das notas enviadas
por Darci Damasceno ao autor, que criticam e fazem observações ao seu livro so-
bre Gregório de Matos, e ainda fotocópia da ementa e bibliografia de curso de
Antônio Dimas, na USP, sobre literatura brasileira.
26,1,30

31. DIAS, Roberto. Carta do presidente da Fundação Gregório de Matos, em


Salvador, na qual pede a colaboração de Darci Damasceno para a seleção de tex-
tos de Gregório de Matos a ser publicados em antologia. Salvador, 21/7/1986.
1 f. Original. Datilografado.
26,1,31

32. PERES, Fernando da Rocha. Carta do diretor do Centro de Estudos Baianos,


convidando Darci Damasceno a participar de um curso intitulado: Gregório de

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Matos e Guerra: o Poeta da Controvérsia. Salvador, 19/9/1986. 2f. Original. Da-


tilografado. 26,1,32

33. PERES, Fernando da Rocha. Carta a Darci Damasceno comunicando a remes-


sa da ordem de passagem aérea e da reserva de hospedagem em Salvador no dia
da sua palestra. Salvador. 1 f. Original. Datilografado. Sem envelope.
26,1,33

34. PERES, Fernando da Rocha. Dois telegramas do diretor do Centro de Estudos


Baianos confirmando providência para ida de Darci Damasceno a Salvador, a
fim de participar de curso sobre Gregório de Matos. Salvador, 1986. 2 f. Original.
Datilografado. Acompanha rascunho de Darci Damasceno, contendo dados so-
bre sua documentação e o número do vôo que o levaria a Salvador.
26,1,34

35. SILVA, Alberto da Costa e. Carta a Darci Damasceno acusando o recebi-


mento da carta de 30/5/1987 e informando que irá conversar com o adminis-
trador da Fundação (Gulbenkian?) logo que ele regressar da Áustria. Lisboa,
15/6/1987. 1 f. Original. Manuscrito.
26,1,35

36. MARIA FERNANDA. Carta a Darci Damasceno da bibliografia de Cecília


Meireles. Rio de Janeiro, 9/11/1987. 1 f. Original. Datilografado. A remetente
da carta provavelmente é a filha de Cecília Meireles, a atriz Maria Fernanda.
26,1,36

I M P R E S S O S – A RT I G O S , PE R I Ó D I C O S E F R AG M E N TO S

Datas-limite: 1846-1987

Conteúdo: trabalhos de diversos autores sobre literatura, tratando principalmente


de Cecília Meireles, mas também de outros escritores – tais como Machado de
Assis e José de Alencar – e ainda de crítica e história literárias.

Quantificação: 123 documentos

37. RÓNAI, Paulo. Um Enigma de nossa História Literária: Gregório de Matos.

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[S. l.], [s. d.]. 12 p. Outros. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno
texto da Revista do Livro, ano 1, nos 3-4, dezembro de 1956.
26,1,37

38. GROPPER, Symona. Gregório de Matos, A Redescoberta da Poesia como


Arma. Rio de Janeiro, 1973. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil,
Caderno B, Rio de Janeiro, 21/6/1973.
26,1,38

39. MARTINS, Wilson. As Palavras da Moda: Análise da Obra de Lúcia Helena


sobre a Obra de Oswald de Andrade e Gregório de Matos. [S. l.], [s. d.]. 1 f.
Original. Impresso. Artigo de jornal.
26,1,39

40. MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Cometografia do padre Antônio


Vieira. [Rio de Janeiro], 1981. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 15/9/1981, Caderno B, p. 8. Destaca os estudos do padre Antônio
Vieira sobre cometas e fenômenos celestes como sendo a voz de Deus.
26,1,40

41. HOJA informativa de literatura y filologia. Madrid: Fundación Juan March,


1978. 12 p. Original. Impresso. A DMSS-BN possui o nº 61, de junho de 1978.
26,1,41

42. MARTINS, Wilson. Canto Gregoriano. [Rio de Janeiro], 1986. 1 f. Impresso.


Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
7/9/1986, Caderno B, Especial, p. 11.
26,1,42

43. MARTINS, Wilson. Visões e Revisões. [Rio de Janeiro], [1984]. 1 f. Outros.


Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 2/6/1984.
26,1,44

44. MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Os Cometas do Quilombo dos


Palmares. [Rio de Janeiro], [1984]. 1 f. Segundo anotações de Darci Damasceno,
artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27/6/1984.
26,1,45

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182

45. LOPES, Antônio. Gregório de Matos. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 3 f. Original.
Impresso. pp. 110-14.
26,1,46

46. ARTIGO sobre a declaração de princípios dos escritores democratas que com-
pareceram ao IV Congresso Brasileiro de Escritores, realizado em Porto Alegre.
[S. l.], 1951. 1 f. Província de São Pedro, dezembro de 1951.
26,1,47

47. MENSÁRIO do Arquivo Nacional. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1980.


28 f. Original. Impresso. Ano 11, nº 3, 1980. Anotações de Darci Damasceno.
Inclui parte de um envelope com o endereço de Darci Damasceno na Biblioteca
Nacional.
26,2,48

48. TRIGO, Luciano. Historiador das Mentalidades: Entrevista com Michel


Vovelle. [S. l.], 1987. 2 p. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, 19/9/1987.
26,1,49

49. CECÍLIA Meireles: A Poesia de Miragens. Rio de Janeiro, 1971. 1 f. Original.


Impresso. Artigo do jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 9/11/1971.
26,1,51

50. ÍNDIA: Roteiro Poético com Camões e Cecília. [Rio de Janeiro], 1968. 1 f.
Impresso. Artigo do jornal O Globo, Rio de Janeiro, 23/9/1968.
26,1,52

51. MERQUIOR, José Guilherme. Metal Rosicler: Artigo sobre o livro de Cecília
Meireles. [Rio de Janeiro], 1960. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do
Brasil, Rio de Janeiro, setembro de 1960. Suplemento dominical.
26,1,53

52. CECÍLIA Meireles: A Poesia não Morre Jamais. Rio de Janeiro, 1969. 1 f.
Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiro, no-
vembro de 1969.
26,1,54

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183

53. MEIRELES, Cecília. Indecisa Solidão. Belém, [1949]. 1 f. Original. Impresso.


Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Folha do Norte, Belém,
27/11/1949.
26,1,55

54. DANTAS, Ondina. Cecília Meireles. [S. l.], [1964]. 1 f. Original. Impresso.
Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Diário de Notícias,
12/11/1964.
26,1,56

55. OLIVEIRA, Marly de. Sobre Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 1964. 1 f.
Original. Impresso. Artigo do jornal Correio da Manhã, 16/5/1964, Segundo
Caderno.
26,1,57

56. ANDRADE, Carlos Drummond de. Solombra: artigo de jornal. [S. l.],
[1964].1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo
do jornal Correio da Manhã, 1/3/1964.
26,1,58

57. CHAMIE, Mário. Poesia de Estribilho. [S. l.], [1961]. 1 f. Original. Impresso.
Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal A Noite, 29/4/1961.
26,1,59

58. UMA Voz do Brasil (Cecília Meireles), por Amélia Vilar: Resenha publica-
da em jornal. [S. l.], [1965]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci
Damasceno, artigo de 27/5/1965.
26,1,60

59. MACHMAN, Flora. Cecília Meireles: Na Poesia Encontro a Paz Interior.


Entrevista. Rio de Janeiro, 1962. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do
Commercio, 2/9/1962, p. 14.
26,1,61

60. DE CECÍLIA Meireles sobre o Romanceiro da Inconfidência. [Minas Gerais],


1976. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo
do Suplemento Literário de Minas Gerais e data provável de 1976.
26,1,62

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184

61. PÉREZ, Renard. Cecília Meireles, Poeta Maior. Rio de Janeiro: José Álvaro,
1964. 6 p. Original. Impresso. Artigo da revista Leitura, Economia e Política. Rio
de Janeiro, ano 22, nos 83/84, pp. 13-18, jun./ jul./ 1964.
26,1,63

62. MORREU Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], 1964. 1 f. Original. Impresso.


Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal O Globo, Rio de Janeiro,
10/11/1964. Faz parte do artigo a última crônica escrita por Cecília Meireles,
publicada no dia 3/9/1964.
26,1,64

63. ANDRADE, Carlos Drummond de. Cecília: Imagens para Sempre. [S. l.],
[1964]. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do
jornal Correio da Manhã, 11/11/1964.
26,1,65

64. AYALA, Walmir. Cecília Meireles, Perfil da Morte, Severo e Obstinado. Rio
de Janeiro, 1964. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Correio da Manhã,
Rio de Janeiro, 14/11/1964. Literatura.
26,1,66

65. AYALA, Walmir. Um Livro Inédito de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, 1965.
1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 8/5/1965.
26,1,67

66. LA VALE, Meireles. A Interpretação de Roma em Cecília Meireles. Minas


Gerais, 1977. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Minas Gerais, 1/1/1977.
Suplemento Literário.
26,1,68

67. CONVITE da embaixada americana para o recital de poesias de Cecília Mei-


reles. [Rio de Janeiro], 1965. 1 convite. Original. Impresso.
26,1,69

68. CONVITE de lançamento de uma seleção de “Elegias”, de Cecília Meireles,


pela Edições Alumbramento. [Rio de Janeiro], [1974]. 1 convite. Original. Im-
presso. Homenagem nos 10 anos de falecimento de Cecília Meireles.
26,1,70

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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 185

185

69. CONVITE em memória de Cecília Meireles à Sala Cecília Meireles, re-


vivendo a sua poesia no Romanceiro da Inconfidência. [Rio de Janeiro], 1965. 1
convite. Original. Impresso.
26,1,71

70. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Convite da exposição de livros, dese-


nhos e autógrafos em homenagem à poetisa Cecília Meireles. [Rio de Janeiro],
1974. 1 convite. Original. Impresso. Homenagem nos 10 anos de falecimento
de Cecília Meireles, inclui folha com anotações de Darci Damasceno.
26,1,72

71. CAPA do livro O mundo contemplado. [S. l.], [1967]. 1 f. Original. Impresso.
Segundo anotações de Darci Damasceno, original usado para clichê destinado à
capa do livro de Darci Damasceno sobre Cecília Meireles (1967).
26,1,73

72. NOTÍCIAS DA ÍNDIA. Boletim com artigos sobre numismática, arte, tecno-
logia, política etc... e dois poemas de Cecília Meireles. Rio de Janeiro, Departa-
mento Cultural da Embaixada da Índia, 1966. 4 f. Nº 265, novembro de 1966.
Em anexo papéis contendo anotações de Darci Damasceno.
26,1,74

73. ILUSTRAÇÃO de Cecília Meireles para o poema de Cruz e Souza “Caminho


da glória”. [S. l.], [1927]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci
Damasceno, ilustração publicada em Festa, 1927.
26,1,75

74. MEIRELES, Cecília. “Mar absoluto” e outros poemas: página de rosto. Porto
Alegre, Livraria do Globo, 1945. 1 f. Original. Impresso. Dedicatória de Cecília
Meireles no verso da folha de rosto a uma pessoa cujo nome foi apagado. Exemplar
nº 61. Em anexo folhas com anotações de Darci Damasceno.
26,1,76

75. RECORTE de jornal com fotografia de Cecília Meireles e suas auxiliares nos
trabalhos de instalação da Biblioteca Infantil no Pavilhão Mourisco. [S. l], [1934].
1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jor-
nal A Noite, maio de 1934.
26,1,77

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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 186

186

76. SZENES, Arpad. Desenhos do rosto de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d]. 5 f.
Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, estudos de Arpad
Szenes de 1942. Em anexo folhas com anotações.
26,1,78

77. CARTÕES com desenho do rosto de Cecília Meireles. [S. l.], [1942]. 17 f.
Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno em folha anexa,
cópias do retrato de Cecília Meireles por Arpad Szenes, em 1942.
26,1,79

78. FERREIRA, Davi Mourão. Cecília Meireles em Portugal: saudação. [Rio de


Janeiro], [1952]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno,
artigo da revista Padrão, Rio de Janeiro, nº 8, pp. 7-8, fevereiro de 1952.
26,1,80

79. MEIRELES, Cecília. Alguns poemas: “Improviso” e três poemas do hospi-


tal: [fragmentos]. Rio de Janeiro, 1951. 3 f. Original. Impresso. Revista Província
de São Pedro, nº 16, dezembro de 1951. Trimestral. Sumário pp. 25-28.
26,1,81

80. LEMME, Pascoal. Carta ao jornal sobre educação e o manifesto dos Pioneiros
da Escola Nova. [S. l.], 1982. 1 f. Original. Datilografado. Coluna “Cartas” [do
Jornal do Brasil], 9/3/1982. Anotações de Darci Damasceno.
26,1,82

81. GUIA turístico de São João del-Rei com dados históricos. São João del-Rei,
1979. 1 f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno e dedicatória de
Cecília Meireles ao dr. Basílio de Magalhães.
26,1,83

82. BARBOSA, Francisco de Assis. A vida de Lima Barreto: folha de rosto e frag-
mentos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. 2 f. Original. Impresso.
Contém folha de rosto e pp. 275-276.
26,1,84

83. MURICY, Andrade. “Luar de inverno” e outros poemas: [fragmentos]. [S. l.],
[1968]. 1 f. Original. Impresso. Revista MEC, nº 41, pp. 15-16, fev./mar. de 1968.
26,1,85

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 187

187

84. MEYER, Augusto. Plenitude: crônica. [Porto Alegre], [s. d.]. 1 f. Original.
Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo de jornal do Diário
de Notícias, Porto Alegre, anos 1920-1930.
26,1,86

85. CAMBARA, Isa. A folclorista Cecília Meireles: o lançamento de um álbum


com 70 aquarelas e textos mostra que, além da poesia, ela também se ocupa do
folclore afro-brasileiro. [São Paulo], 1983. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jor-
nal Folha de S. Paulo, 20/11/1983. Ilustrada. Segundo anotações de Darci Da-
masceno, “1933, 1a fase, folclore e desenhos”.
26,1,87

86. NAVARRO, E. A nossa Biblioteca. Artigo sobre a obra Viagem publicada


por Cecília Meireles. [S. l.], [1939]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações
de Darci Damasceno, artigo do jornal O Primeiro de Maio, 21/10/1939.
26,1,88

87. CERQUEIRA FILHO, Gisálio. Educação em 30 e 60. [S. l], [s. d.]. 1 f. Original.
Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, Educação Anos 30.
26,1,89

88. MARTINS, Wilson. Artigos de crítica literária: Ismos Entrecruzados, Três


Gerações Poéticas. [Rio de Janeiro], [1982]. 2 f. Original. Impresso. Segundo
anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
4/7/1982.
26,1,90

89. ARTIGO sobre o poeta Mário Quintana. Minas Gerais, 1975. 1 f. Original.
Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, “Modernismo, simbolismo”
(de A Forma Secreta, 1965).
26,1,91

90. BATUQUE, samba e macumba, nos poéticos desenhos de Cecília Meireles.


[S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil.
26,1,92

91. MENEZES, Djacir. Resenha sobre a tradução de O quinze, de Rachel de


Queiroz, em alemão. [S. d.], [1929]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 188

188

de Darci Damasceno, Folha Acadêmica, 1929. Dir. prof. Bruno Lobc. Texto lido
na sessão de 2 de outubro de 1978. CFC-Boletim.
26,1,93

92. BRANDÃO, José da Silva. Por que Orientalismo: artigo sobre a distinção
básica entre Oriente e Ocidente. Minas Gerais, 1 f. Original. Impresso. Artigo do
jornal Minas Gerais, 13/5/1976. Suplemento Literário. Segundo anotações de
Darci Damasceno, Oriente, primeira fase (da poesia de Cecília Meireles).
26,1,94

93. OLIVEIRA, Marly de. Lembrança de Cecília. Rio de Janeiro, 1980. 1 f. Ori-
ginal. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11/11/1980. p. 4,
Caderno B.
26,1,95

94. FERREIRA, Sônia Nolasco. Um Público Americano para a Poesia de Cecília


Meireles. [Rio de Janeiro], 1978. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal O
Globo, Rio de Janeiro, 21/3/1978, p. 33.
26,1,96

95. MEIRELES, Cecília. Ainda o Autor de O Hissope. Belo Horizonte, [195-]. 1


f. Original. Impresso. Artigo do jornal O Diário, Belo Horizonte, 19/9/[195-].
26,1,97

96. VILLAÇA, Antônio Carlos. Da Costa e Silva. Artigo sobre a morte e a obra
do poeta. Rio de Janeiro, 1975. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 28/6/1975, p. 5, Caderno B.
26,1,98

97. MARTINS, Wilson. Tel qu’en lui-même...: artigo sobre Manuel Bandeira.
[Rio de Janeiro, [1982]. 1 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci
Damasceno, artigo do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17/10/1982.
26,1,99

98. MARTINS, Wilson. Sobre o Modernismo. [Rio de Janeiro], [1983]. 1 f.


Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Jornal do
Brasil, 20/8/1983.
26,1,100

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 189

189

99. MARTINS, Wilson. Reconstrução do Passado. Artigo sobre a distinção en-


tre história da literatura e história da cultura. Rio de Janeiro, 1980. 2 f. Original.
Impresso. Artigo destacado por Darci Damasceno no Caderno B “Livro”, guia
semanal de idéias e publicações do Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 26/7/1980,
pp. 9-12.
26,1,101

100. LEMOS, Tite de. Cecília Meireles: Solidão e Silêncio, Área Mágica da Poesia.
Artigo com entrevista a suas filhas nos 10 anos de sua morte. [Rio de Janeiro],
1974. 1 f. Original. Impresso. Artigo do jornal O Globo, 7/11/1974, p. 27.
26,1,102

101. VILLAÇA, Antônio Carlos. Cecília Meireles: A Eternidade entre os Dedos.


Artigo sobre sua obra e os 10 anos de sua morte. Rio de Janeiro, 1974. 1 f.
Original. Impresso. Artigo do Jornal do Brasil, 9/11/1974, Caderno B.
26,1,103

102. MENEZES, Fagundes de. Silêncio e Solidão. Reportagem sobre a vida e


obra de Cecília Meireles. [S. l.], [1953]. 2 f. Original. Impresso. Segundo ano-
tações de Darci Damasceno em folha anexa, reportagem da revista Manchete, p.
49, 3/10/1953.
26,1,104

103. IGEL, Regina. Despedida à Vida e Acercamento à Morte. Artigo sobre


Cecília Meireles e seu tratamento poético relativo à morte. [S. l.], 1975. 2 f.
Original. Impresso. Artigo destacado por Darci Damasceno no jornal Minas Gerais,
28/6/1978, pp. 5-8. Suplemento Literário.
26,1,105

104. CATÁLOGOS de literatura juvenil e infanto-juvenil da Editora Moderna.


[S. l.], [s. d.]. N. p. Original. Impresso. Destaque de Darci Damasceno para obras
de Cecília Meireles publicadas pela Editora Moderna.
26,1,106

105. DATAS de uma vida breve e obscura. Dados biográficos de Fernando Pessoa.
[S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso.
26,1,107

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 190

190

106. CRONOLOGIA e notas: poemas italianos. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 4
f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno, pp. 151-157.
26,1,108

107. ACADEMIA Brasileira: o concurso de poesia 3/4 voto do sr. Fernando


Magalhães. [S. l.], 1939. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Commercio,
4/7/1939. Anotações de Darci Damasceno: “Viagem”.
26,1,109

108. PENA, Martins. O juiz de paz da roça: comédia. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.].
30 f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno, pp. 29-56.
26,1,110

109. MACKSEN, Luís. Censura de Black-tie: resenha do livro Censores de pince-


nê e gravata: dois momentos da censura teatral no Brasil, de Sônia Salomão Khéde.
[S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso.
26,1,111

110. MONTELLO, Josué. Retorno a Martins Pena. Artigo sobre a obra de Mar-
tins Pena no contexto da cultura brasileira. [Rio de Janeiro], 1979. 1 f. Original.
Impresso. Anotações de Darci Damasceno do Jornal do Brasil, 5/6/1979.
26,1,112

111. BONFIM, Beatriz. Censores de pincenê e gravata. Artigo sobre a pesquisa de


Sônia Salomão Khéde a respeito da censura teatral no século XIX. [S. l.], [s. d.].
1 f. Original. Impresso.
26,1,113

112. MONTELLO, Josué. A Censura Sempre se Repete. Artigo sobre o livro de


Sônia Salomão Khéde Censores de pincenê e gravata, censura teatral no Brasil no
século XIX. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso.
26,1,114

113. RETRATO de A. de Pinho. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Impresso. Carimbo
da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
26,1,115

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 191

191

114. FOLHAS de rosto da obra Norma: vaudeville jocoso. Rio de Janeiro: Cre-
mière, 1849. 1 f. Original. Impresso. No verso da página de rosto desenho de
Theremin do Teatro de São Paulo de Alcântara em 1838.
26,1,116

115. BROCA, Brito. Martins Pena. Artigo sobre a obra Teatro de Martins Pena,
edição crítica de Darci Damasceno. [S. l.], [1957]. 1 f. Original. Impresso. Segundo
anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Correio da Manhã, 9/3/1957.
26,1,117

116. BÁRBARA HELIODORA. A Evolução de Martins Pena. Artigo sobre a


obra de Martins Pena. 1961. 3 f. Original. Impresso. Artigo destacado por Darci
Damasceno no Jornal do Brasil.
26,1,118

117. NUNES, Cassiano. Definição de Martins Pena. Artigo sobre a edição


crítica das Comédias, de Martins Pena, preparada por Darci Damasceno. Bra-
sília, 1968. 2 f. Original. Impresso. Artigo do jornal Correio Braziliense, Brasília,
20/1/1968.
26,1,119

118. CATÁLOGO de uma preciosa biblioteca de arte, literatura e história. [S.


l.], [s. d.]. Original. Impresso. V. 4. Faltam as primeiras páginas.
26,1,120

119. GRAVURA da Vila de São João de Itaboraí em 1843, publicada no Ostensor


brasileiro, retirada de um livro. No verso esboço de E. Lacerda da casa em que
nasceu Salvador de Mendonça, em Itaboraí. [S. l.], 1845-1846. 1 f. Original. Im-
presso. Carimbo da Biblioteca Nacional. Estampa publicada no Ostensor brasileiro,
v. 1, p. 180.
26,1,121

120. PARKER, John M. The Nature of Realism in Memórias de um Sargento de


Milícias. University of Glasgow: Bulletin of Hispanic Studies, 1971. N. p. Original.
Impresso. V. 48, nº 2, abril de 1971. Dedicatória do autor a Darci Damasceno.
26,1,122

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 192

192

121. MELO, Veríssimo de. O conto folclórico no Brasil. Rio de Janeiro: MEC,
1976. N. p. Original. Impresso. (Cadernos de Folclore, 11).
26,1,123

122. TORRE, Guillermo de. Rasgos y caracteres de la novela picaresca. Artigo


sobre a novela picaresca. Buenos Aires, 1954. 1 f. Original. Impresso. Artigo des-
tacado do jornal La Nación, Buenos Aires, 14/11/1954.
26,1,124

123. DAMASCENO, Darci. Afetividade lingüística nas Memórias de um sargento


de milícias. Rio de Janeiro, 1956. Original. Impresso. Separata da Revista Brasileira
de Filologia, Rio de Janeiro, v. 2, tomo II, dezembro de 1956.
26,1,125

124. DAMASCENO, Darci. Correspondência inédita de Manuel Antônio de


Almeida. [S. l.], [s. d.]. Original. Impresso. Texto na Revista do Livro, pp. 197-
211. Fac-símiles.
26,1,126

125. DAMASCENO, Darci. Alencar e Iracema: Uma Articulação Literária. São


Paulo: Biblioteca Mário de Andrade, 1977. Original. Impresso. Separata do Bole-
tim Bibliográfico, nº 38, jul./dez. de 1977.
26,1,127

126. JOSÉ de Alencar: A Consciência Nacional na Literatura Brasileira. São Pau-


lo, 1977. 8 f. Jornal O Estado de S. Paulo, nº 161, 11/12/1977. Suplemento
Cultural. Vários artigos.
26,1,128

127. MAGALHÃES JÚNIOR, R. A Estreita Literatura de José de Alencar: [frag-


mento]. [S. l.], [s. d.]. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno,
artigo da Revista Brasileira de Cultura, ano 2, nº 5, jul./set. 1970. Fac-símile.
26,1,129

128. ARTIGOS em comemoração ao centenário de falecimento de Manuel Araújo


Porto-Alegre, no jornal Correio do Povo, 29/12/1979. [S. l.], 1979. 8 f. Original.
Impresso. Caderno de Sábado.
26,1,130

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 193

193

129. SOUSA-LEÃO FILHO, Joaquim de. O Quadro da Coroação de d. Pedro


II, por Manuel de Araújo Porto-Alegre. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geo-
gráfico Brasileiro, 1975. Original. Impresso. Publicação comemorativa do ses-
quicentenário de d. Pedro II. Pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
26,1,131

130. BARATA, Mário. Araújo Porto-Alegre e a Missão Artística Francesa [frag-


mentos]. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Original. Impresso. Anotações de Darci Damasceno.
II. Fac-símile. Artigo da Revista do Livro.
26,1,132

131. ORIGENS da sátira política do Brasil [fragmentos]. [S. l.], [1958]. 8 f.


Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo da Revista
do Livro, ano 2, nº 12, dezembro de 1958.
26,1,133

132. CARTAS de Araújo Porto-Alegre a Gonçalves Dias [fragmentos]. [S. l.], [s.
d.]. 3 f. Original. Impresso. Revista IHGB. Anotações de Darci Damasceno.
26,1,134

133. RIO DE JANEIRO (cidade). Prefeitura. Resenha analítica de livros e do-


cumentos do Arquivo Geral da Prefeitura, elaborada pelo historiador Noronha
Santos. Rio de Janeiro: Secretaria-Geral de Educação e Cultura, 1949. Original.
Impresso. 26 p.
26,1,139

134. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Exposição 100 anos de atividades


(1853-1953). Rio de Janeiro, 1953. 14 p. Original. Impresso. Anotações de Darci
Damasceno.
26,1,140

135. RECORTES com estampas: in Venetia, Appreffo Giordano Ziletti, 1573,


e Con licenza dei Superiori, E Priuilegi, 1598. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Original. Impresso.
26,1,141

136. PONTES, Cruz. Uma exposição de manuscritos na Biblioteca do Rio de


Janeiro. [Lisboa], 1973. 1 f. Original. Impresso. Artigo destacado por Darci Da-
masceno do jornal O Século, julho de 1973. Segundo anotações de Darci Damas-
ceno, o jornal é de Lisboa.
26,1,142

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 194

194

137. ANDRADE, Rômulo Garcia de. A Real Junta de Comércio, Agricultura,


Fábricas e Navegações; o artesanato e a manufatura na cidade do Rio de Janeiro
(1808-1850): [fragmentos]. [S. l.], [s. d]. 10 f. Original. Impresso.
26,1,143

138. SIQUEIRA, Sônia Aparecida. Texto sobre o Santo Ofício que atuou no
Brasil-Colônia [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Original. Impresso. Junto ao texto
principal outro intitulado A Conjuntura Brasileira no Final do Século XVII.
26,1,144

139. HOPSMAN, João. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Original. Impresso.
Folhas rasgadas.
26,1,145

140. COSTA, Osvaldo de Almeida. A Matéria Médica, de Souza Pinto. Rio de


Janeiro, 1961. 4 f. Original. Impresso. Separata da Revista Brasileira de Farmácia,
nos 1 e 2, jan./fev. de 1961.
26,1,146

141. MENSÁRIO DO ARQUIVO NACIONAL. Rio de Janeiro: Arquivo


Nacional, 1976. Original. Impresso. Il. Ano 7, nº 6, junho de 1976. Anotações
de Darci Damasceno.
26,1,147

142. MENSÁRIO DO ARQUIVO NACIONAL: textos esparsos. Ocorrem os


textos: Joaquim de Amorim e Castro: Um Naturalista Baiano Esquecido; Esta-
tística e Estimativas da População Livre e Escrava de Sergipe del-Rei de 1707 a
1888; A Memória de Amorim de Castro; A Elite Comercial do Brasil no Século
Dezenove: Uma Análise Preliminar do Componente Rio de Janeiro. [S. l.], [s.
d.]. 16 f. Original. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, textos do
Mensário do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, ano 7, nº 11, novembro de 1976,
e ano 8, nº 1, janeiro de 1977.
26,1,148

143. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Os manuscritos do botânico Freire


Alemão: catálogo e transcrição por Darci Damasceno e Waldir da Cunha: [frag-
mentos]. Rio de Janeiro: A Biblioteca, 1964. 17 f. Original. Impresso. Separata
do v. 81 dos Anais da Biblioteca Nacional. Il. Fac-símiles.
26,1,149

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 195

195

144. DAMASCENO, Darci. O Botânico e a Planta da Cidade. Rio de Janeiro,


1969. 1 f. Original. Impresso. Artigo do Jornal do Commercio. Rio de Janei-
ro, 28/9/1969. Suplemento dominical.
26,1,150

145. MELLO FILHO, Luís Emídio de. Sobre Zollernia mocitayba. Rio de Janeiro,
1959. 6 f. Original. Impresso. Artigo do Boletim do Museu Nacional, Rio de
Janeiro, 30/5/1959. Nova série (Botânica 22). Il. Fac-símiles.
26,1,151

146. ALEMÃO, Francisco Freire. Texto sobre botânica [fragmentos]. Rio de


Janeiro: Lallement, 1846. 4 f. Original. Impresso. 2 exemplares do texto.
26,1,152

147. LAMEGO, Adinalzir Pereira. A Casa de Freire Alemão. [S. l.], 1986. 1 f.
Original. Impresso. Artigo do NOPH-31, agosto de 1986, p. 15. II. Desenho.
26,1,153

148. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA. Subsídios ao planejamento


da área nordestina: Crato-Juazeiro do Norte e sua área de influência. Rio de Ja-
neiro, 1971. Original. Impresso. II. Mapas. Junto ao documento mapas da “região-
programa de Baturité” e duas folhas com índices. Anotações de Darci Damasceno.
Modelo de índice do IBGE. 26,1,154

149. DAMASCENO, Darci. Freire Alemão: o Botânico e a Planta da Cidade:


[fragmentos]. São Paulo, 1983. 5 f. Original. Impresso. Artigo da Sociedade Brasi-
leira de Pesquisa Histórica (SBPH), Anais da II Reunião. São Paulo, 1983. 6
exemplares.
26,1,155

150. CARAUTA, Jorge Pedro Pereira. A data efetiva de publicação da Flora


Fluminensis. Rio de Janeiro, 1969. Original. Impresso. Separata da revista Vellozia,
dezembro de 1969, nº 7. Il. N. p.
26,1,156

151. CARAUTA, Jorge Pedro Pereira. A data efetiva de publicação da Flora


Fluminensis. II: texto impresso em 1825 [fragmentos]. Garanhuns, 1972. Original.
Impresso. Artigo do XXIII Congresso Nacional de Botânica, Garanhuns, 16 a
23 de janeiro de 1972. Il.
26,1,157

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 196

196

152. CARAUTA, Jorge Pedro Pereira. The text of Vellozo’s flora fluminensis and
its effective date of publication. [S. l.], 1973. 2 p. Original. Impresso. Texto na
revista Tascon, vols. 2/3, pp. 281-284, maio de 1973.
26,1,158

153. MARTINS e os dois Vellozos [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. Original. Impresso.
Segundo anotações de Darci Damasceno, texto de Carlos Stemfeld, 1948, pp. 1-
42. Faltam as páginas 21 a 30. Em anexo capa com anotações de Darci Damasceno.
26,1,159

ORIGINAIS

Datas-limite: 1960-1987

Conteúdo: cadernos e blocos de notas de Darci Damasceno, referentes à história


do teatro, ao Conservatório Dramático Brasileiro e à crítica literária e textual de
autores do período barroco, especialmente Gregório de Matos.

Quantificação: 47 documentos

Notas: Estabelecemos como datas-limite desta série as datas de acumulação, uma


vez que os originais não estão datados.

154. DAMASCENO, Darci. Índice geral dos primeiros versos de Gregório de


Matos com tabela de pertinência. Códices e notas de Darci Damasceno. [S. l.],
[s. d.]. 14 f. Original. Datilografado.
26,1,161

155. DAMASCENO, Darci. Códice Camilo: caderno com anotações sobre sone-
tos e trechos de sonetos retirados de A. P. [S. l.], [s. d.]. 44 f. Original. Manuscrito.
26,1,162
156. DAMASCENO, Darci. Análise de poemas de Tomás Pinto Brandão e ou-
tros autores, retirados de códice com obras várias da Divisão de Manuscritos
da Biblioteca Nacional. [S. l.], [s. d.]. 21 f. Original. Manuscrito. Segundo
anotações de Darci Damasceno, foram copiados os poemas das folhas 469 (fi-
nal) a 473.
26,1,163

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 197

197

157. DAMASCENO, Darci. Análise da obra de Tomás Pinto Brandão: “Flores


do jardim das musas”. Poemas: “Flor primeyra” ao “Flor 66ª”. [S. l.], [s. d.]. 64
f. Original. Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, século XVIII,
meados de 1736. Versos retirados do código 2,1,25 da DMSS-BN.
26,1,164

158. DAMASCENO, Darci. Análise da obra de Gregório de Matos e Tomás


Pinto Brandão: sonetos, décimas, vilancicos e trechos de romances. [S. l.], [s. d.].
91 f. Cópia. Manuscrito. Darci Damasceno observa que os versos foram retira-
dos dos códices 1, 3, 11; 2, 3, 5; I-13,2,5 da DMSS-BN.
26,1,165

159. DAMASCENO, Darci. Análise da obra de Tomás Pinto Brandão: sonetos


e décimas, datados de 1730, 1732 e 1733. [S. l.], [s. d.]. 48 f. Original. Manuscrito.
Darci Damasceno diz que os versos foram retirados do códice 6,1,31 da DMSS-
BN. Em anexo folhas em rascunho sobre o mesmo assunto.
26,1,166

160. DAMASCENO, Darci. Estudos com instrumentos de trabalho para pes-


quisa, bibliografia geral sobre Gregório de Matos. Biografia de Antônio da Rocha
Pita, do conde de Cavaleiros e Cosme de Moura Rolim. [S. l.], [s. d.]. 55 f.
Original. Manuscrito.
26,1,167

161. DAMASCENO, Darci. Levantamento bibliográfico sobre literatura na


Biblioteca Nacional. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Original. Manuscrito.
26,1,168

162. DAMASCENO, Darci. Antônio da Rocha Pita, notas e pesquisa. [S. l.], [s.
d.]. 3 f. Original. Manuscrito.
26,1,169

163. DAMASCENO, Darci. Bibliografia sobre vilancicos, genealogia e heráldica,


coletâneas e fontes de pesquisa. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Original. Manuscrito. Em
anexo folha em rascunho sobre o mesmo assunto.
26,1,170

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 198

198

164. DAMASCENO, Darci. Relação de códices da Biblioteca Universitária de


Coimbra. [S. l.], [s. d.]. 25 f. Original. Manuscrito. Em anexo folhas em rascu-
nho sobre o mesmo assunto.
26,1,171

165. DAMASCENO, Darci. Gregório de Matos: índice dos primeiros versos.


[S. l.], [s. d.]. 24 f. Original. Datilografado.
26,1,172

166. DAMASCENO, Darci. Gregório de Matos: índice dos primeiros versos


destinados à digitação. [S. l.], [s. d.]. 352 f. Original. Manuscrito. Em anexo pa-
péis contendo modelo de programação e outras anotações.
26,1,173

167. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: poesias retiradas de jornais e revis-


tas: 1923-193-. [S. l.], [s. d.]. 73 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Anotações
de Darci Damasceno.
26,1,174

168. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: contos, peça em um ato, ensaios


e poemas em prosa publicados nos periódicos: Ilustração Brasileira, Para Todos,
Revista da Semana: 1920-1927. [S. l.], [s. d.]. 38 f. Original. Datilografado.
Anotações de Darci Damasceno.
26,1,175

169. DAMASCENO, Darci. Levantamento de movimentos binários e compósitos


ascendentes no octassílabo de Cecília Meireles do livro Retrato natural. [S. l.], [s. d.].
34 f. Original. Datilografado. Em anexo papéis sobre o mesmo assunto.
26,1,176

170. DAMASCENO, Darci. Estudo sobre a estrutura paralelística na poesia de


Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 33 f. Original. Datilografado. Em anexo papéis
sobre o mesmo assunto.
26,1,177

171. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: prosas poéticas publicadas em


Letras e Artes: 1947-1948. [S. l.], [s. d.]. 81 f. Original. Datilografado. Anotação
de Darci Damasceno.
26,1,178

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 199

199

172. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: poemas “Como um pobre à por-


ta” e o inédito “ O alto palácio do crepúsculo”. [S. l.], [s. d.]. 2 f. Original. Da-
tilografado. Em anexo marcador de livros com reprodução de busto de Cecília
Meireles, por Fernando Correia Dias, e xerox de manuscritos dos poemas. Ano-
tações de Darci Damasceno levantando a possibilidade de que o poema “Como
um pobre à porta” seja uma tradução do iídiche ou hebraico.
26,1,179

173. DAMASCENO, Darci. Índice de poemas inéditos de Cecília Meireles: in-


clui títulos que figuram na edição da Editora Civilização Brasileira. [S. l.], [s. d.].
15 f. Original. Datilografado. Anotações.
26,1,180

174. DAMASCENO, Darci. Anotação sobre cartas de Cecília Meireles para


Fernando de Castro, Diogo de Macedo, Maria Dulce Lupi Coelho. [S. l.], [s.
d.]. Original. Manuscrito.
26,1,181

175. DAMASCENO, Darci. Texto para segunda edição revista e aumentada so-
bre a obra de Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 24 f. Original. Datilografado.
26,1,182

176. DAMASCENO, Darci. Textos críticos sobre “Canções”, “Poemas escritos


na Índia” e “Solombra: o ‘rapto místico’ de Cecília Meireles”. [S. l.], [s. d.]. 10
f. Original. Datilografado.
26,1,183

177. DAMASCENO, Darci. Cecília Meireles: poema “Aranhol”: 1918: revisões.


[S. l.], [s. d.]. 1 f. Original. Datilografado. Poema retirado da revista Bahia
Ilustrada. Em anexo fotocópia da publicação.
26,1,184

178. DAMASCENO, Darci. História e texto: notas bibliográficas a partir do


acervo da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d]. Pag. var. Original.
Manuscrito. Caderno manuscrito com papéis soltos em anexo.
26,1,185

179. DAMASCENO, Darci. Conservatório Dramático Brasileiro: notas acerca


de censores e de peças submetidas à censura. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. 93
f. Original. Manuscrito.
26,1,186

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 200

200

180. DAMASCENO, Darci. Conservatório Dramático Brasileiro: notas a par-


tir de acervo mantido no Arquivo Nacional. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. 37
p. Original. Manuscrito. Contém mapa estatístico de censuras.
26,1,187

181. DAMASCENO, Darci. Conservatório Dramático Brasileiro: notas retiradas


do livro de correspondência ativa. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. 27 p. Original.
Manuscrito. A fonte se encontra na DMSS-BN em 4,3,30.
26,1,188

182. DAMASCENO, Darci. Notas críticas a respeito do teatro do século XIX:


1836-1839. [S. l.], [s. d.]. 68 f. Original. Manuscrito.
26,1,189

183. DAMASCENO, Darci. Anotações acerca de teatro: feitas a partir de pesquisa


nos periódicos O Despertador e Jornal do Commercio. Rio de Janeiro: [S. nº], [s.
d.]. Original. Manuscrito.
26,1,190

184. DAMASCENO, Darci. Bibliografia sobre teatro existente na Biblioteca


Nacional. [S. l.], [s. d.]. 62 f. Original. Manuscrito.
26,1,191

185. DAMASCENO, Darci. Imprensa e Literatura: notas retiradas de periódi-


cos do século XIX. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. l.]. Pag. var. Original. Manuscrito.
Caderno e folhas anexas.
26,1,192

186. DAMASCENO, Darci. Cronologia de farsas apresentadas entre 1830-1848.


[S. l.], [s. d.]. 47 f. Original. Manuscrito.
26,1,193

187. DAMASCENO, Darci. Notas críticas acerca de teatro. Rio de Janeiro: [S.
n°], [s. d.]. Pag. var. Original. Manuscrito. Em anexo roteiro para pesquisas em
periódicos na Biblioteca Nacional.
26,1,194

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 201

201

188. DAMASCENO, Darci. O Estilo das Memórias de um sargento de milícias.


Rio de Janeiro, 1970. Original. Datilografado. Original anotado pelo autor.
26,1,195

189. CERTIDÃO de casamento dos pais de Manuel Antônio de Almeida: cópia


obtida na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: [S. n°], 1969.
1 f. Cópia. Datilografado. Em anexo manuscritos de Darci Damasceno que pare-
cem referir-se a correções numa edição de Memórias de um sargento de milícias.
26,1,196

190. DAMASCENO, Darci. Alencar e Iracema: uma Articulação Literária. Rio


de Janeiro, [1977?]. [19] f. Original. Datilografado. Anotação de Darci Damas-
ceno, trata-se do texto de uma conferência, proferida por ele em 28/9/1977, na
Biblioteca Municipal Mário de Andrade.
26,1,197

191. CARTA ao dr. Jaguaribe sobre primeira edição, em 1865, de Iracema. Rio de
Janeiro, [s. d.]. 7 f. Cópia. Datilografado. Em anexo papéis sobre o mesmo assunto.
26,1,198

192. DAMASCENO, Darci. Esquema para estudo de Iracema. Rio de Janeiro,


[s. d.]. 16 f. Original. Manuscrito.
26,1,199

193. DAMASCENO, Darci. Vilancicos: notas acerca de bibliografia, fragmen-


tos de vilancicos e histórico. Rio de Janeiro, [s. d.]. 42 f. Original. Manuscrito.
Datilografado.
26,1,200

194. DAMASCENO, Darci. Vilancicos seiscentistas: plano para edição, índice,


fragmentos. Rio de Janeiro, [s. d.]. 143 f. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,1,201

195. DAMASCENO, Darci. Óbito e testamento nos séculos XVIII e XIX: levan-
tamento para estudo socioeconômico. Rio de Janeiro: [S. n°], [s. d.]. 7 p. Original.
Manuscrito. Darci Damasceno afirma que a pesquisa foi feita no arcaz I-32 da
DMSS-BN.
26,1,202

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 202

202

196. DAMASCENO, Darci. Documentos sobre o anil: dados sobre a fabricação e


a exportação, listas de compradores e fragmentos de ofícios. Rio de Janeiro, [s. d.].
24 f. Original. Datilografado. Contém anotações manuscritas de Darci Damasceno.
26,1,203

197. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre o anil: caderno, bloco e papéis diver-
sos com fragmentos de documentos, relação de fabricantes e negociantes e históri-
co da produção. Rio de Janeiro, [s. d.]. Pag. var. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,1,204

198. FERREIRA, José Henrique. Instrução do modo com que se deve apanhar
a cochonilha...: transcrição do Código do Lavradio. [S. l.], [s. n°], [s. d.]. 5 f.
Cópia. Datilografado. Data do documento original: 1778.
26,1,205

199. COSTA, Maurício da. Ofício acerca da cochonilha: transcrição. [S. l.], [s.
n°], [s. d.]. 6 f. Cópia. Datilografado. Ofício a destinatário ignorado. A data
original é 1785.
26,1,206

200. CABRAL, Vicente Jorge Dias. Coleção das observações dos produtos natu-
rais do Piauí: tomo 1: transcrição anotada da obra original de 1800 e 1801. Rio
de Janeiro: [s. n°], 1976. 181 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Em anexo
papéis de Darci Damasceno com observações sobre a obra.
26,1,207

RASCUNHOS

Datas-limite: 1960-1987

Conteúdo: miscelânea de anotações de Darci Damasceno sobre temas varia-


dos, com destaque para a literatura, principalmente Cecília Meireles, Martins
Pena, Manuel Antônio de Almeida e Gregório de Matos. Outros assuntos são:
a produção do anil, os trabalhos de frei Veloso e Freire Alemão, a história do
teatro, da censura teatral no Brasil e da literatura dramática brasileira. Contém
muitas notas bibliográficas, boa parte delas remetendo ao acervo da Biblioteca
Nacional.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 203

203

Quantificação: 205 documentos

Notas: Estabelecemos como datas-limite desta série as datas de acumulação, uma


vez que os originais não estão datados.

201. DAMASCENO, Darci. Informações de emergência: papéis vários contendo


mapa genealógico da dinastia de Bragança, instrumento de controle dos códices
de Gregório de Matos e anotações sobre heráldica. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s.
d.]. 29p Original. Manuscrito.
26,1,208

202. PLANOS e notas de interesse sobre transmissão textual. [Rio de Janeiro],


[s. n°], [s. d.]. 42 f. Original. Manuscrito.
26,1,209

203. DAMASCENO, Darci. Atribuições de autoria textual: Gregório de Matos,


padre Antônio Vieira e Santo Estanislau Kostka. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.].
41 f. Original. Manuscrito.
26,1,210

204. DAMASCENO, Darci. Atribuições de autoria textual. Rio de Janeiro, [s.


d.]. 38 f. Original. Manuscrito.
26,1,211

205. DAMASCENO, Darci. Autores do século XVII: notas retiradas de livros


de registro, relação de poetas e bibliografia. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 94
f. Original. Manuscrito.
26,1,212

206. DAMASCENO, Darci. Bibliografia de autores de poesia barroca. Rio de


Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,1,213

207. DAMASCENO, Darci. Bibliografia de poesia dos séculos XVII e XVIII:


cancioneiros, edições críticas de textos, história literária. Rio de Janeiro, [s. d.].
21 f. Original. Manuscrito.
26,1,214

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 204

204

208. DAMASCENO, Darci. Gregório de Matos: notas bibliográficas. [Rio de


Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,1,215

209. DAMASCENO, Darci. Notas biográficas e cronológicas sobre Gregório de


Matos. Rio de Janeiro, [s. d.]. 26 f. Original. Manuscrito.
26,1,216

210. DAMASCENO, Darci. Notas biográficas e cronológicas sobre Gregório de


Matos. Rio de Janeiro, [s. d]. 38 f. Original. Manuscrito.
26,1,217

211. DAMASCENO, Darci. Notas biográficas de Gregório de Matos. Rio de


Janeiro, [s. d.]. 25 f. Original. Manuscrito.
26,1,218

212. ANOTAÇÕES sobre o contexto sociocultural em que viveu Gregório de


Matos: certames poéticos. Rio de Janeiro, [s. d.]. 4 f. Original. Manuscrito.
26,1,219

213. DAMASCENO, Darci. Códices de Gregório de Matos na Biblioteca Nacio-


nal: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 76 f. Original. Manuscrito.
26,1 220

214. DAMASCENO, Darci. Códices de Gregório de Matos na Biblioteca


Nacional: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,1,221

215. DAMASCENO, Darci. Anotações sobre códices de várias bibliotecas. [Rio


de Janeiro], [s. no], [s. d.]. Pag. var. Original. Manuscrito.
26,1,222

216. DAMASCENO, Darci. Índice dos códices avulsos para resumo de con-
teúdo: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 90 f. Original. Manuscrito.
26,2,1

217. DAMASCENO, Darci. Índice dos códices de Évora, Varnhagen, Inocêncio,


Rústicos I e II, Soares Cardoso Carvalho e anotações sobre o estilo seiscentista.
Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,2,2

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 205

205

218. DAMASCENO, Darci. Códices Camilo, codicologia, heráldica: notas várias.


Rio de Janeiro, [s. d.]. 81 f. Original. Manuscrito.
26,2,3

219. DAMASCENO, Darci. Codicologia e crítica textual: notas várias. Rio de


Janeiro, [s. d.]. 14 f. Original.
26,2,4

220. DAMASCENO, Darci. Codicologia, estudo dirigido aos códices da


Biblioteca Nacional: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 30 f. Original. Manuscrito.
26,2,5

221. DAMASCENO, Darci. Biblioteca e crítica textual: soneto “Calção de Pen-


doba, a meia Gorra”, “Blema”, da ed. de Quevedo, crônica do príncipe d. João,
de Damião de Góis: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 61 f. Original. Manuscrito.
26,2,6

222. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre autoria textual e análise de textos:


notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 49 f. Original. Manuscrito.
26,2,7

223. DAMASCENO, Darci. Bibliografia e fontes das edições de Vale Cabral,


ABL, A. Peixoto e James Amado: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 40 f. Original.
Manuscrito.
26,2,8

224. DAMASCENO, Darci. Biografia de Eusébio de Matos: notas várias. Rio


de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito.
26,2,9

225. DAMASCENO, Darci. Linguagem poética, transmissão do texto e outros


estudos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 76 f. Original. Manuscrito.
26,2,10

226. DAMASCENO, Darci. Poesia espanhola e portuguesa dos séculos XVI e


XVII: bibliografia: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 30 f. Original. Manuscrito.
26,2,11

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 206

206

227. DAMASCENO, Darci. Transmissão de texto e literatura portuguesa: no-


tas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,12

228. DAMASCENO, Darci. Transmissão de texto, poesia portuguesa e Academia


dos “Singulares de Lisboa”: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 70 f. Original.
Manuscrito.
26,2,13

229. DAMASCENO, Darci. Poesia portuguesa, transmissão de texto e referên-


cia a autoridade, pessoas e fatos da época: séculos XVII e XVIII: notas várias. Rio
de Janeiro, [s. d.]. Manuscrito. Original.
26,2,14

230. DAMASCENO, Darci. Transmissão do texto: notas várias. Rio de Janeiro,


[s. d.]. 35 f. Original. Manuscrito.
26,2,15

231. DAMASCENO, Darci. Transmissão do texto e estrutura dos códices: no-


tas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 48 f. Original. Manuscrito.
26,2,16

232. DAMASCENO, Darci. Poesia portuguesa: bibliografia: notas várias. Rio


de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,17

233. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Manuel Botelho de Oliveira e ou-


tras notas acerca de poesia. Rio de Janeiro, [s. d.]. 47 f. Original. Manuscrito.
26,2,18

234. DAMASCENO, Darci. Tomás Pinto Brandão: bibliografia: notas várias. Rio
de Janeiro, [s. d.]. 120 f. Original. Manuscrito. Ocorrem notas com referência a
manuscritos de poesias e inéditos encontrados nos códices da Biblioteca Nacional.
26,2,19

235. DAMASCENO, Darci. Bibliografia de Tomás Pinto Brandão, Gregório de


Matos e Manuel Botelho de Oliveira: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original.
Manuscrito.
26,2,20

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 207

207

236. DAMASCENO, Darci. Anotações sobre Tomás Pinto Brandão: bibliografia.


Rio de Janeiro, [s. d.]. 7 f. Original. Manuscrito.
26,2,21

237. DAMASCENO, Darci. Poesia portuguesa do século XVIII: notas várias.


[S. l.], [s. d.]. Original. Manuscrito. Estudo sobre a autoria dos sonetos em “Flores
do Jardim das Muzas”.
26,2,22

238. DAMASCENO, Darci. Fichas contendo estudos críticos da obra de Gregório


de Matos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 23 f. Original. Manuscrito.
26,2,23

239. DAMASCENO, Darci. Bibliografia da poesia portuguesa dos séculos XVII


e XVIII: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 8 f. Original. Manuscrito.
26,2,24

240. DAMASCENO, Darci. Bibliografia da poesia portuguesa: notas várias. Rio


de Janeiro, [s. d.]. 32 f. Original. Manuscrito.
26,2,25

241. DAMASCENO, Darci. Relação de códices referentes a Gregório de Matos:


notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 5 f. Original. Manuscrito.
26,2,26

242. BAENA. Índice heráldico: verbete sobre a família Salema. Rio de Janeiro,
[s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito.
26,2,27

243. DAMASCENO, Darci. Bahia: papéis vários. Rio de Janeiro, [s. d.]. 17 f.
Original. Manuscrito. Cartão de Lígia da Fonseca Fernandes da Cunha de
25/4/1987.
26,2,28

244. DAMASCENO, Darci. Planos e projetos de trabalhos: notas várias. Rio de


Janeiro, [s. d.]. 15 f. Original. Manuscrito.
26,2,29

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 208

208

245. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Gregório de Matos, genealogia


heráldica e códices: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 8 f. Original. Manuscrito.
26,2,30

246. DAMASCENO, Darci. Lista de autores dos séculos XVI e XVII e indica-
ções bibliográficas: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 40 f. Original. Manuscrito.
26,2,31

247. DAMASCENO, Darci. Planos para pesquisa: modernismo, neo-simbolis-


mo e esquema do livro Canções: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 82 f. Original.
Manuscrito.
26,2,32

248. DAMASCENO, Darci. Inventário de fontes iconográficas de Cecília Mei-


reles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d]. 21 f. Original. Manuscrito. Em anexo
foto de Cecília Meireles retirada de revista dos anos 50, um retrato de Cruz e
Sousa desenhado pela poetisa e um ex libris da autora. As notas fazem constante
referência a fotografias que se encontram no arquivo da DMSS-BN.
26,2,33

249. DAMASCENO, Darci. Genealogia de Cecília Meireles: notas várias. Rio


de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Cópia. Manuscrito. Datilografado. Contém
um mapa com a planta das ruas São Luís, São Ferraz e São Cláudio (Estácio).
26,2,34

250. DAMASCENO, Darci. Cronologia de publicações de Cecília Meireles:


1917-1928: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Cópia. Manuscrito.
Datilografado.
26,2,35

251. DAMASCENO, Darci. Cronologia de publicação de Cecília Meireles em


várias revistas: 1929-1940. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
Inclui textos de crítica e ocorre referência à bibliografia de Cecília Meireles de
1940-1965.
26,2,36

252. DAMASCENO, Darci. Cronologia de publicações de Cecília Meireles e


crítica aos livros Poemas dos poemas e Nunca mais...:1917-1928: notas várias. Rio

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 209

209

de Janeiro, [s. d.]. N. p. Inclui cópia do conto O Vendedor de Pássaros, que teria
sido publicado em O Mundo Literário a 1/5/1922.
26,2,37

253. DAMASCENO, Darci. Sobre o livro Espectros: notas várias. Rio de Janeiro,
[s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Ocorrem anotações sobre sonetos inéditos,
segundo Darci Damasceno.
26,2,38

254. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre orientalismo, misticismo e Cecília


Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Em
anexo xerox da folha de rosto do livro La vie de Ramakrishna.
26,2,39

255. ARTIGOS críticos sobre Cecília Meireles: notas várias. [S. l.], [s. d.]. Original.
Manuscrito.
26,2,40

256. DAMASCENO, Darci. Poesia de Cecília Meireles: transcrição, análise e


notas. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,2,41

257. DAMASCENO, Darci. Poesias de Cecília Meireles: 1927-1929: transcrição


e notas. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Manuscrito. Datilografado. Original.
26,2,42

258. DAMASCENO, Darci. Citações bibliográficas: textos publicados em pe-


riódicos: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Estudo
sobre a polêmica do Penumbrismo.
26,2,43

259. DAMASCENO, Darci. Estudo sobre contexto socioliterário e partes de tex-


tos publicados em periódicos: As Tensões do Modernismo. Controvérsias: notas
várias. Rio de Janeiro, N. p. Original. Manuscrito.
26,2,44

260. DAMASCENO, Darci. Referências bibliográficas de artigos para a revista Festa:


1927-28, 1934-35: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 31 f. Original. Manuscrito.
26,2,45

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 210

210

261. DAMASCENO, Darci. Relações contextuais: Mário de Andrade e Cecília


Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 48 f. Original. Manuscrito.
26,2,46

262. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de textos de Cecília Meireles


publicados em periódicos: 1929-1930: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 15 f.
Original. Manuscrito.
26,2,47

263. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de textos publicados por Cecília


Meireles em o Diário de Notícias: Comentário: 1930-1932: notas várias. Rio de
Janeiro, [s. d.]. 40 f. Original. Manuscrito.
26,2,48

264. DAMASCENO, Darci. Temática da obra de Cecília Meireles: notas várias.


[Rio de Janeiro], [s. d.]. 19 f. Original. Manuscrito.
26,2,49

265. DAMASCENO, Darci. Solombra: notas várias sobre a série de poemas de


Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,2,50

266. DAMASCENO, Darci. Métrica da poesia de Cecília Meireles: notas es-


tatísticas. [S. l.], [s. d.]. 24 f. Original. Manuscrito.
26,2,51

267. DAMASCENO, Darci. Bibliografia e anotações de críticas sobre a obra de


Cecília Meireles. [S. l.], [s. d.]. 12 f. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,2,52

268. DAMASCENO, Darci. Bibliografia sobre Cecília Meireles: fichas com ano-
tações. Rio de Janeiro, [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,2,53

269. DAMASCENO, Darci. Estudo crítico de poemas de Cecília Meireles. [Rio


de Janeiro], [s. nº], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,2,54

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 211

211

270. DAMASCENO, Darci. Poesia brasileira: bibliografia sobre Simbolismo:


1917-1939: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 37 f. Original. Manuscrito.
26,2,55

271. DAMASCENO, Darci. Crônica e poesia de Cecília Meireles. [Rio de


Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,2,56

272. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre autoria textual e análise de textos:


notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 49 f. Original. Manuscrito.
26,2,7

273. DAMASCENO, Darci. Notas de pesquisas sobre Cecília Meireles, referen-


tes a 1956, 1965 e 1967. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,2,58

274. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de periódicos, selecionados


para estudos sobre Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p.
Original. Manuscrito.
26,2,59

275. DAMASCENO, Darci. Relação bibliográfica de Cecília Meireles e de lite-


ratura francesa, alemã e portuguesa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p.
Original. Manuscrito.
26,2,60

276. DAMASCENO, Darci. Relação de assuntos e artigos das pastas referentes


aos estudos sobre Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p.
Original. Manuscrito.
26,2,61

277. DAMASCENO, Darci. Bibliografia e cronologia de viagens de Cecília


Meireles, extratos de livros, artigos e textos da Sabedoria popular: notas várias.
Rio de Janeiro, [s. d.]. 56 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Impresso.
26,2,62

278. DAMASCENO, Darci. Bibliografia de Cecília Meireles, temáticas cecilia-


nas, referências ao contexto socioliterário: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 212

212

p. Original. Manuscrito. Datilografado. Inclui relação de crônicas de Cecília


Meireles, publicadas em periódicos, 1947-1950, planos de pesquisa e índice do
livro Giroflê, giroflá, 1947-1948.
26,2,63

279. DAMASCENO, Darci. Bibliografia, relações contextuais e trechos de en-


saios literários: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
Ocorrem extratos de textos da revista do MEC contendo bibliografia variada e
texto de Cecília Meireles proferido, em discurso, na III Semana Nacional de
Folclore de 1964.
26,2,64

280. DAMASCENO, Darci. Biobibliografia de Cecília Meireles e Correia Dias,


estudos estilísticos, cronologia de artigos de periódicos: notas várias. Rio de Ja-
neiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,2,65

281. DAMASCENO, Darci. Papéis e fichas com biobibliografia de Cecília


Meireles, temáticas literárias, estudos sobre educação e folclore e planos para or-
ganização de pesquisa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original.
Manuscrito.
26,2,66

282. DAMASCENO, Darci. Papéis e fichas sobre o contexto socioliterário do


Modernismo, bibliografia, extratos de textos, artigos e estudos estilísticos: notas
várias. Rio de Janeiro, [s. d]. Original. Manuscrito. Inclui cartão de visita de
Darci Damasceno.
26,2,67

283. DAMASCENO, Darci. Índice e fichas com versos de Cecília Meireles. [Rio
de Janeiro], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,2,68

284. DAMASCENO, Darci. Notas para biografia de Cecília Meireles. [Rio


de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 10 f. Original. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-
BN.
26,2,69

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 213

213

285. DAMASCENO, Darci. Notas com estudos e esquemas do livro Viagem, de


Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,2,70

286. DAMASCENO, Darci. Notas acerca da poesia, da crítica e da correspon-


dência de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,2,71

287. DAMASCENO, Darci. Notas acerca de Fernando Correia Dias, primeiro


marido de Cecília Meireles. [Rio de Janeiro], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,2,72

288. DAMASCENO, Darci. Fichas contendo estrofes, versos com anotações so-
bre estudo semântico dos poemas de Cecília Meireles: notas várias. Rio de Janeiro,
[s. d.]. 258 f. Original. Manuscrito. Datilografado. Os estudos se referem aos
livros: Vaga música, Retrato natural, Mar absoluto, Viagem e outros.
26,2,73

289. DAMASCENO, Darci. Notas sobre a comédia O juiz de paz da roça, de


Martins Pena. [Rio de Janeiro], [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,74

290. DAMASCENO, Darci. Martins Pena e a censura: extratos de pareceres de


censura: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 20 f. Original. Manuscrito.
26,2,75

291. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de pareceres de censura, ex-


tratos de pareceres e de correspondência ativa e passiva de Martins Pena: notas
várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 11 f. Original. Manuscrito.
26,2,76

292. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre vocábulo, técnica de fala e pronún-


cia na obra de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 11 f. Original.
Manuscrito.
26,2,77

293. DAMASCENO, Darci. Questões sobre autoria de censuras e da peça Uma


mulher feia, de Martins Pena, cópias de anúncios de representação da citada peça:
notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 11 f. Original. Manuscrito.
26,2,78

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 214

214

294. DAMASCENO, Darci. Plano de uma comédia e sinopse da comédia As


manias de dois velhos, de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f.
Original. Manuscrito.
26,2,79

295. DAMASCENO, Darci. Pareceres de censura e fragmentos de dramas de


Martins Pena: notas várias: cópias e notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 22 f.
Original. Manuscrito. Datilografado.
26,2,80

296. DAMASCENO, Darci. Referências a autores (e peças) influenciados por


Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 6 f. Original. Manuscrito.
26,2,81

297. DAMASCENO, Darci. Referências à peça Um sertanejo na corte, de Martins


Pena, e confronto de peças e estudo sobre a temática o roceirismo: notas várias.
Rio de Janeiro, [s. d.]. 19 f. Original. Manuscrito.
26,2,82

298. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre a peça O juiz de paz da roça: notas
várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito.
26,2,83

299. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre a peça Os dous velhos, de Martins


Pena, cópia de cenas e entradas, e confronto com outras peças do autor: notas
várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 13 f. Original. Manuscrito.
26,2,84

300. DAMASCENO, Darci. Anúncio de venda de livros de comédia de Martins


Pena: 30/1/1846: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito.
Papel anexo com contas de Darci Damasceno.
26,2,85

301. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre fragmentos de pareceres de censura


à peça Os ciúmes de um pedestre ou O terrível capitão da morte, de Martins Pena,
e cópias de correspondência: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 12 f. Original.
Manuscrito. Datilografado. Inclui localização de documentos na Divisão de Ma-
nuscritos da Biblioteca Nacional.
26,2,86

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 215

215

302. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre a época, temática, repertório e gênero


na obra de Martins Pena e crítica contextual: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.].
26 f. Original. Manuscrito.
26,2,87

303. DAMASCENO, Darci. Estudos biobibliográficos de Martins Pena, cópia


de ensaio crítico, pareceres de censura e atos da peça D. Leonor Teles Menezes: no-
tas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 25 f. Original. Manuscrito.
26,2,88

304. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de representação das peças de


Martins Pena: 1838-1853: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 19 f. Original.
Manuscrito. Datilografado.
26,2,89

305. DAMASCENO, Darci. Documentos sobre censura e Martins Pena: notas


várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2, 90

306. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de manuscritos sobre Martins


Pena, doados à Biblioteca Nacional, 1877-1909: notas várias. Rio de Janeiro, [s.
d.]. 1 f. Original. Manuscrito.
26,2,91

307. DAMASCENO, Darci. Cronologia de textos publicados em periódicos do


século XIX: 1815-1858. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Contém
referências ao teatro de pantomimas, ao teatrinho “mecânico” e à cópia do Edital
da Câmara da Cidade do Rio de Janeiro, tratando da divisão de distritos da fregue-
sia: 28/1/1833.
26,2,92

308. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de publicações sobre Martins


Pena, encontradas na Biblioteca Nacional e no Real Gabinete Português de Leitura:
1833-1839: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Ocorrem
referências a Manuel Antônio de Almeida.
26,2,93

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 216

216

309. DAMASCENO, Darci. Relação cronológica de folhetins do Jornal do Com-


mercio e outros trabalhos de Martins Pena: 1946-1947: notas várias. Rio de Ja-
neiro, [s. d.]. 1 f. Original. Datilografado.
26,2,94

310. DAMASCENO, Darci. Dados biográficos de Martins Pena: notas várias.


Rio de Janeiro, [s. d.]. 18 f. Original. Manuscrito. Impresso. Ocorrem dados ge-
nealógicos e fragmentos de jornal contendo estudo biobibliográfico de Martins
Pena.
26,2,95

311. DAMASCENO, Darci. Referências a peças, artigos de jornais sobre cen-


sura e textos falando sobre a obra de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro,
[s. d.]. N. p. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,2,96

312. DAMASCENO, Darci. Anotações do livro de atas do Conservatório


Dramático Brasileiro e Martins Pena. Rio de Janeiro, [s. d.]. 28 f. Original. Ma-
nuscrito. Localização do livro de atas do CDB na Biblioteca Nacional. Reg.
254/1990 DMSS-BN.
26,2,97

313. DAMASCENO, Darci. Relação de peças de Martins Pena datadas, esque-


mas para pesquisa, notas do livro de registro das peças dadas à censura: 1843-
1849: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 60 f. Original. Manuscrito. Reg.
254/1990 DMSS-BN.
26,2,98

314. DAMASCENO, Darci. Crítica teatral: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.].
18 f. Original. Manuscrito. Primeiras críticas em periódicos: Jornal do Commercio,
20/1/1837; revista teatral O Brasil, 15/6/1841.
26,2,99

315. DAMASCENO, Darci. Folhetins: crítica teatral. Rio de Janeiro, [s. d.]. 8
f. Original. Manuscrito. Situação do teatro in O Brasil, revista teatral, 1841. Reg.
254/1990 DMSS-BN.
26,2,100

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 217

217

316. DAMASCENO, Darci. Precursores e contemporâneos de Martins Pena: no-


tas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 4 f. Original. Manuscrito. Reg. 254/1990 DMSS-BN.
26,2,101

317. DAMASCENO, Darci. Joaquim José Teixeira, precursor e contemporâneo


de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito. Locali-
zação de pensamentos e fábulas na Biblioteca Nacional.
26,2,102

318. DAMASCENO, Darci. Censura de farsas e comédias de Martins Pena: no-


tas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 9 f. Original. Manuscrito.
26,2,103

319. DAMASCENO, Darci. Fontes de pesquisa em almanaques e periódicos so-


bre Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 9 f. Original. Manuscrito.
26,2,104

320. DAMASCENO, Darci. Referência bibliográfica do Arquivo Romântico


Brasileiro no Jornal do Commercio de 19/2/1847, p. 3,1: notas várias. Rio de Ja-
neiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,105

321. DAMASCENO, Darci. Notas sobre concurso do período áureo do Con-


servatório Dramático Brasileiro. Rio de Janeiro, [s. d.]. 1 f. Original. Manuscrito.
26,2,106

322. DAMASCENO, Darci. Notas sobre Martins Pena e a Escola antiga, contendo
repertório, censura e linguagem. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,107

323. DAMASCENO, Darci. Biobibliografia de Martins Pena: notas várias. Rio


de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,108

324. DAMASCENO, Darci. Inéditos, sucessores, fases, teatro português e bio-


bibliografia de Martins Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 61 f. Original.
Manuscrito.
26,2,109

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 218

218

325. DAMASCENO, Darci. Bibliografia, teatro do século XIX, lista de convi-


dados à sessão de 15/1/1843 do Conservatório Dramático Brasileiro e Martins
Pena: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Cópia. Manuscrito. Cópia
de um prospecto do Theatro Lyrico Fluminense com localização na DMSS-BN
da Biblioteca Nacional: I-9,9,40.
26,2,110

326. DAMASCENO, Darci. Biografia de Martins Pena, ideologia, repertório e


Teatro de São Pedro, 1830: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,111

327. DAMASCENO, Darci. Teatro: notas bibliográficas. Rio de Janeiro, [s. d.].
Original. Manuscrito. Impresso.
26,2,112

328. DAMASCENO, Darci. O drama romântico: notas várias. Rio de Janeiro,


[s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,113

329. DAMASCENO, Darci. Literatura dramática brasileira: notas várias. Rio de


Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito.
26,2,114

330. DAMASCENO, Darci. Autoria e anonimato: notas acerca de peças teatrais.


Rio de Janeiro, [s. d.]. 4 f. Original. Manuscrito.
26,2,115

331. DAMASCENO, Darci. Catálogos de peças teatrais: anotações sobre peças


e assinaturas. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito.
26,2,116

332. DAMASCENO, Darci. Dramas mágicos: anotações sobre história do teatro.


Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,117

333. DAMASCENO, Darci. Vaudeville: ópera cômica: notas. Rio de Janeiro, [s.
d.]. 1 f. Original. Manuscrito.
26,2,118

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 219

219

334. DAMASCENO, Darci. História do teatro: notas bibliográficas. Rio de Ja-


neiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,119

335. DAMASCENO, Darci. Anotações sobre a peça O chapim, de Martins Pena.


Rio de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito.
26,2,120

336. DAMASCENO, Darci. Notas sobre peças de Martins Pena. Rio de Janeiro,
[s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito.
26,2,121

337. DAMASCENO, Darci. Obras de Martins Pena na Biblioteca Nacional: an-


tigas localizações. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,2,122

338. DAMASCENO, Darci. Teatro brasileiro do século XIX: notas várias. Rio
de Janeiro, [s. d.]. 11 f. Manuscrito. Original.
26,2,123

339. DAMASCENO, Darci. Teatro e censura: notas. Rio de Janeiro, [s. d.]. 2 f.
Original. Manuscrito.
26,2,124

340. DAMASCENO, Darci. Anotações várias sobre Martins Pena. Rio de Janeiro,
[s. d ]. 6 f. Original. Manuscrito.
26,2,125

341. DAMASCENO, Darci. O naufrágio dos potes: sincretismo e transmissão.


[Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 13 f. Original. Manuscrito.
26,2,126

342. DAMASCENO, Darci. Notas sobre Memórias de um sargento de milícias.


[Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 20 f. Original. Manuscrito.
26,2,127

343. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Manuel Antônio de Almeida e Me-


mórias de um sargento de milícias: personagem, descrições e hábitos lingüísticos

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 220

220

no romance e genealogia do autor: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 29 f. Ori-
ginal. Manuscrito.
26,2,128

344. DAMASCENO, Darci. Notas acerca de Memórias de um sargento de milí-


cias. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 58 p. Original. Manuscrito.
26,2,129

345. DAMASCENO, Darci. Notas sobre o estilo em Memórias de um sargento


de milícias. [Rio de Janeiro], [s. n°], [s. d.]. 17 f. Original. Manuscrito.
26,2,130

346. DAMASCENO, Darci. Teatro do século XIX: anúncio de peças (inclusive dra-
mas): Martins Pena: 1839: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,3,1

347. DAMASCENO, Darci. Notas sobre Manuel Antônio de Almeida e Memórias


de um sargento de milícias e oralidade e sincretismo: notas várias. Rio de Janeiro,
[s. d.]. 23 f. Original. Manuscrito.
26,3,2

348. DAMASCENO, Darci. Estudo comparativo entre Iracema e Diana (mi-


tologia): notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 51 fichas. Original. Manuscrito.
26,3,3

349. DAMASCENO, Darci. Estudo comparativo entre Moreno e Camarão, bi-


bliografia e relações mitológicas: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 7 f. Original.
Manuscrito.
26,3,4

350. DAMASCENO, Darci. Tópicos para aproveitamento e anotações sobre


Iracema, de José de Alencar: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 35 f. Original.
Manuscrito. Reg. 260/1990 DMSS-BN.
26,3,5

351. DAMASCENO, Darci. Ensaios literários, bibliografia, velosiana sobre José


de Alencar e Iracema: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 20 f. Original. Manuscrito.
26,3,6

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 221

221

352. DAMASCENO, Darci. Estudos e mitologia: Diana e Iracema, de José de


Alencar, e ensaio sobre Iracema: Por onde Começa: notas várias. Rio de Janeiro,
[s. d.]. 46 f. Original. Manuscrito.
26,3,7

353. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Romantismo, bibliografia de Gon-


çalves de Magalhães e Araújo Porto-Alegre, referências a Debret e lista de cartas
da Coleção Araújo Porto-Alegre: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 110 f. Origi-
nal. Cópia. Manuscrito. Datilografado.
26,3,8

354. DAMASCENO, Darci. Cronologia de publicações de periódicos e anotações


sobre o Romantismo: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,3,9

355. DAMASCENO, Darci. Pesquisa histórico-literária do Rio de Janeiro: sécu-


los XVIII-XIX: anotações sobre lexicologia, transportes, documentos biográficos
e catálogos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, [s. d.]. 48 f. Original. Manuscrito.
Ocorrem referências a itinerários urbanos, exemplos de vocabulários retirados de
jornais e as invenções e privilégios industriais.
26,3,10

356. DAMASCENO, Darci. Pesquisa histórico-literária do Rio de Janeiro: sécu-


los XVIII-XIX: índice de Memórias econômicas, referências a catálogos e inven-
tários e bibliografia sobre o Rio de Janeiro: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.].
N. p. Original. Manuscrito. Ocorrem referências à urbanização (chácaras) no Rio
de Janeiro e a Freire Alemão e frei Veloso.
26,3,11

357. DAMASCENO, Darci. Pesquisa histórico-literária do Rio de Janeiro: sécu-


los XVIII-XIX: anotações sobre frei Camilo, referências aos Anais da Biblioteca
Nacional, textos de arquivos. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
Ocorrem relação genealógica da dinastia portuguesa, lista de assuntos do acervo
da Divisão de Patrimônio Histórico e Artístico.
26,3,12

358. DAMASCENO, Darci. Referência a documentos autógrafos na Biblioteca


Nacional: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 6 f. Original. Manuscrito.
26,3,13

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 222

222

359. DAMASCENO, Darci. Índice de assuntos retirados de documentos bio-


gráficos para pesquisa: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 26 f. Original. Ma-
nuscrito.
26,3,14

360. DAMASCENO, Darci. Levantamento de dados sobre a vida e cultura do


Rio de Janeiro novecentista para exposição realizada na Biblioteca Nacional: 1823-
1844: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 28 f. Original. Manuscrito.
26,3,15

361. DAMASCENO, Darci. História e literatura no Rio de Janeiro nos séculos


XVIII e XIX: fontes na Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, [s. d.]. 49 f. Original.
Manuscrito.
26,3,16

362. DAMASCENO, Darci. Manuel Silva de Alvarenga e a Sociedade Literária:


auto de perguntas e notas várias. [Rio de Janeiro], [s. n°], pag. var. Original.
Manuscrito.
26,3,17

363. DAMASCENO, Darci. História e literatura no Rio de Janeiro nos séculos


XVIII e XIX: papéis vários. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 75 f. Original.
Manuscrito. Contém cartão de Edmar Morel a Darci Damasceno, encaminhan-
do páginas do livro com relação de autógrafos de Castro Alves na Biblioteca
Nacional (estas também anexas).
26,3,18

364. POMPÉIA, Raul. Carta a Alfredo Pujol, em 1886, falando das canções sem
metro: cópia e comentário. Rio de Janeiro, [s. d.]. 4 f. Original. Manuscrito.
Cópia manuscrita com anotações de Darci Damasceno. A carta se encontra na
DMSS-BN.
26,3,19

365. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre a localização da casa do conde da


Barca, no Rio de Janeiro: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 36 f. Original. Ma-
nuscrito. Impresso. Contém gravura retratando a residência do conde.
26,3,20

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 223

223

366. DAMASCENO, Darci. Biobibliografia e cópia dos poemas de Antônio


Diniz: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 56 f. Original. Manuscrito.
26,3,21

367. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Contraliteratura: bestialógicos: no-


tas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 17 f. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,3,22

368. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre Paraliteratura: bestialógicos: notas


várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. Original. Manuscrito.
26,3,23

369. ANIL e outras culturas agrícolas no Brasil: notas várias. [Rio de Janeiro],
[s. no], [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,3,24

370. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre o anil: fragmentos de leis e papéis


vários. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 43 f. Original. Manuscrito.
26,3,25

371. DAMASCENO, Darci. O anil no Brasil: notas várias retiradas de tese de


doutorado de Arno Wehling e outras fontes. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N.
p. Original. Manuscrito.
26,3,26

372. ORDEM do governo da ilha de Santa Catarina, a 20/5/1786, proibindo a


posse de teares na ilha: cópia. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 2 p. Manuscrito.
Original.
26,3,27

373. DAMASCENO, Darci. Notas e lembretes acerca do botânico Freire Alemão:


genealogia, correspondência, palestras e outros. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.].
69 p. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,3,28

374. DAMASCENO, Darci. Rio de Janeiro e Freire Alemão: notas várias. Rio
de Janeiro, [s. d.]. 28 f. Original. Manuscrito.
26,3,29

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 224

224

375. DAMASCENO, Darci. Viagem à Pedra, diário (72-77), e outras notas sobre
o botânico Freire Alemão. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 16 f. Original. Manuscrito.
26,3,30

376. DAMASCENO, Darci. Notas sobre a viagem do botânico Freire Alemão


ao Ceará. [Rio de Janeiro], [s. no.], [s. d.]. 7 f. Original. Manuscrito.
26,3,31

377. DAMASCENO, Darci. Anotações do diário de Freire Alemão. Rio de


Janeiro, [s. d.]. 50 f. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,3,32

378. DAMASCENO, Darci. Penitentes, de Freire Alemão: extrato: contém no-


tas de Darci Damasceno. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. 5 f. Original. Manuscrito.
Datilografado.
26,3,33

379. DAMASCENO, Darci. Anotações contendo mapas e relação das fazendas


do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, [s. d.]. 3 f. Original. Manuscrito.
26,3,34

380. DAMASCENO, Darci. Papéis vários de e sobre o botânico Freire Alemão:


cópias de artigo, plano do Passeio Público e notas. [Rio de Janeiro], [s. no], [s.
d.]. Pag. var. Original. Manuscrito. Datilografado.
26,3,35

381. DAMASCENO, Darci. Estudos contendo indicações de manuscritos so-


bre frei Veloso no fichário antigo (salão de leitura) com indicações biobibliográ-
ficas: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,3,36

382. DAMASCENO, Darci. Fragmentos de um livro sobre frei Veloso e notas


bibliográficas: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 16 f. Original. Manuscrito.
26,3,37

383. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre O fazendeiro do Brasil e indicações


de manuscritos sobre frei Veloso: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. 38 f. Original.
Manuscrito.
26,3,38

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 225

225

384. DAMASCENO, Darci. Estudos e anotações sobre frei Veloso: manuscrito,


cronologia, flora fluminense e catálogo. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original.
Manuscrito.
26,3,39

385. DAMASCENO, Darci. Estudos sobre flora fluminense e biobibliografia de


frei Veloso: notas várias. Rio de Janeiro, [s. d.]. N. p. Original. Manuscrito.
26,3,40

F OTO C Ó PI A S

Datas-limite: 1649-1977

Conteúdo: fotocópias de trabalhos dos mais diversos autores, que servem como
base para anotações de Darci Damasceno. Os assuntos são variados, sendo os
principais: poemas de Cecília Meireles, estudos e artigos sobre a mesma autora,
códices atribuídos a Gregório de Matos, rascunhos de peças de Martins Pena,
trabalhos acerca do comércio, da indústria e da economia no Brasil-colônia e es-
tudos sobre frei Veloso e Freire Alemão.

Quantificação: 244 documentos

Nota: As datas-limite se referem, naturalmente, aos documentos originais.

393. PERES, Fernando da Rocha. Os filhos de Gregório de Mattos e Guerra.


Salvador, 1969. 12 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia tirada de um documen-
to da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno. Centro de Estudos
Bahianos, nº 64.
26,3,48

394. VIDA e morte de Gregório de Mattos Guerra. Tomo I de obras sacras e di-
vididas: I e II part. [S. l.], [s. d.]. 34 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia tira-
da de documentos da DMSS-BN. Anotações em folhas anexas.
26,3,49

395. VIDA e morte do Doutor Gregório de Matos Guerra. [S. l.], [1929]. 28 f.
Fotocópias. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno, Obras de Gregório de
Matos Guerra – V. I-Sacra (Ed. A. P.), 1929. Outras notas em anexo.
26,3,50

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 226

226

396. RABELO, Manuel Pereira. Vida do excelente poeta lírico, o Doutor Gregório
de Matos Guerra. [S. l.], [s. d.]. 17 f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci
Damasceno em anexo. Anotações do texto Versão do Códice Celso Cunha.
26,3,51

397. VIDA do Doutor Gregório de Mattos Guerra. [S. l.], [s. d.]. 18 f. Fotocópias.
Impresso. Anotações de Darci Damasceno, texto em anexo. Anotações do texto
tirado do Códice Carvalho.
26,3,52

398. VIDA do grande poeta americano Gregório de Matos Guerra: [fragmen-


to]. [S. l.], [s. d.]. 19 f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci Damasceno no
texto. Anotação em anexo “do Códice A. P. I. par de Códice C. Cavaleiros (Ed.
A. P.)”.
26,3,53

399. GREGÓRIO de Matos: [discursos do sr. Constâncio Alves em festa da


Academia Consagrada ao Poeta]. [S. l.], [s. d.]. 17 f. Fotocópia. Impresso. Obras
de Gregório de Matos: IV-satírica.
26,3,54

400. A VIDA espantosa de Gregório de Matos: retrato histórico. [S. l.], [s. d.].
19 f. Fotocópia. Impresso. Obras de Gregório de Matos: VI-última.
26,3,55

401. SILVA, José Maria da Costa e. Ensaio biográfico-crítico sobre os melhores


poetas portugueses: [fragmentos]. Lisboa: Silviana, 1855. 23 f. Fotocópias.
Impresso. Anotações de Darci Damasceno. Faltam as páginas 168-169. Conteúdo
Tomo IX dado à luz pelo editor João Pedro da Costa. Capítulo II-Gregório de
Matos Guerra e capítulo IV-frey Eusébio de Mattos.
26,3,56

402. VIDA do grande poeta americano Gregório de Mattos Guerra. Códice


Afrânio Peixoto. 188 f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia tirada do documen-
to existente da Biblioteca Nacional. Nota de Darci Damasceno: falta uma folha
de xerox nºs 452-453. Dedicatória de Afrânio Peixoto à Biblioteca Nacional em
20/12/1933, terceiro centenário do nascimento do poeta.
26,3,57

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 227

227

403. CÓDICE caligráfico Adolfo Soares Cardozo da obra de Gregório de Matos.


[S. l.], [s. d.]. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia de um documento da Biblioteca
Nacional. Possui carimbo de Adolfo Soares Cardozo, Porto. Dedicatória a Vasco
de Castro, Porto, maio de 1891. Tomos I e II. Faltam as páginas 1 e 2 do Tomo
II. Em anexo papéis com anotações de Darci Damasceno.
26,3,58

404. PERES, Fernando da Rocha. Gregório de Matos: os códices em Portugal.


Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1971. 13 f. Fotocópia. Impresso.
Revista Brasileira de Cultura, nº 9, jul./set., pp. 105-114. Em anexo anotações de
Darci Damasceno para pesquisas em bibliografia e genealogia. Algumas reme-
tem a descrição de brasões feita no artigo de Peres.
26,3,59

405. OBRAS do Doutor Gregório de Matos Guerra: índices numerados em


códices da Biblioteca Nacional de Lisboa. [S. l.], [s. d.]. Fotocópias. Manuscrito.
Anotações de Darci Damasceno.
26,3,60

406. CÓDICES de Gregório de Matos. [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 54 f.


Fotocópias.
26,3,61

407. CÓDICES Camilo: Amostra de letras diferentes do códice. [S. l.], [s. d.].
26 f. Fotocópias. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno.
26,3,62

408. DAMASCENO, Darci. Variações de textos de códices de Gregório de Matos:


notas e emendas. [Rio de Janeiro], [s. no], [s. d.]. N. p. Cópia. Datilografado.
Inclui fotocópia de poemas datilografados, com anotações e mais algumas pági-
nas manuscritas com notas de Darci Damasceno. O autor salienta que o objeti-
vo é a análise das variações e não o estudo dos textos.
26,3,63

409. OBRAS poéticas de Gregório de Mattos Guerra. [fragmento]. Rio de Janeiro:


Vale Cabral, 1882. 27 f. Fotocópia. Impresso. Tomo I. Anotações de Darci Da-
masceno. Acompanha índice do Tomo I, com o carimbo da Biblioteca Nacional.
26,3,64

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 228

228

410. ÉDITOS e inéditos de Gregório de Mattos. [fragmentos]. [S. l.], [s. no],
1929. 13 f. Fotocópias. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, tex-
to de Obras de Gregório de Matos, V. I, sacra. Id. Afrânio Peixoto, 1929.
26,3,65

411. RELAÇÃO de códices estudados da obra de Gregório de Matos. Notas à


margem. Mapa dos códices estudados e índice geral alfabetado de primeiros ver-
sos: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 18 f. Fotocópia. Manuscrito. Segundo anotações
de Darci Damasceno, edição de J. Amado.
26,3,66

412. MATOS, Eusébio de. Retrato de uma dama: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 4
f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci Damasceno, anexo fotocópia.
26,3,67

413. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: Sacra: [fragmentos].


[S. l.], [s. d.]. 72 f. Fotocópia. Impresso. V. I, pp. 91-232. Anotações de Darci
Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto.
26,3,68

414. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: lírica: [fragmentos].


[S. l.], [s. d.]. 153 f. Fotocópia. Impresso. V. II, pp.15-320. Anotações de Darci
Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto. Fotocópia tirada de docu-
mento da Biblioteca Nacional.
26,3,69

415. Obras de Gregório de Mattos: Gracioza [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 152 f.
Fotocópia. Impresso. V. III pp. 29-333. Anotações de Darci Damasceno atribuin-
do a edição a Afrânio Peixoto. Fotocópia tirada de documento da Biblioteca
Nacional.
26,3,70

416. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: sátira I: [fragmen-


tos]. [S. l.], [s. d.]. 142 f. Impresso. IV., T. I, pp. 41-325. Anotações de Darci
Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto.
26,3,71

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 229

229

417. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: satírica II: [fragmen-
tos]. [S. l.], [s. d.]. 180 f. Fotocópias. Manuscrito. IV., T. II, pp. 9-369. Anota-
ções de Darci Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto.
26,3,72

418. MATOS, Gregório de. Obras de Gregório de Mattos: última: [fragmentos].


[S. l.], [s. d.]. 124 f. Fotocópias. Impresso. VI, pp. 97-341. Anotações de Darci
Damasceno atribuindo a edição a Afrânio Peixoto; índice geral dos seis tomos.
26,3,73

419. ACADEMIA dos “Singulares de Lisboa”, dedicada a Apollo: [fragmentos].


Lisboa: Manuel Lopes Ferreyra, 1692. 24 f. Fotocópia. Impresso. Carimbo: D.
Thereza Christina Maria. Parte I.
26,3,74

420. SILVA, Vítor Manuel Pires de Aguiar e. Maneirismo e barroco na poesia


lírica portuguesa: [extratos]. Coimbra: Centro de Estudos Românicos, 1971. Pag.
var. Fotocópia. Impresso. Fotocópia dos capítulos 2, 7, 8, bibliografia e apêndice.
26,3,75

421. DOCUMENTO de arquivo: reprodução de uma página. [S. l.], [s. d.]. 1
f. Reprodução fotográfica. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de
Microfilme. Não foi possível identificar o documento.
26,3,76

422. A PERSPECTIVE view of the city of St. Sebastian at Rio de Janeiro. [S.
l.], [s. d.]. Reprodução fotográfica. Carimbo da Biblioteca Nacional: Divisão de
Microfilme. Segundo anotação de Darci Damasceno, século XVIII.
26,3,77

423. CÓDICES de Gregório de Matos: detalhes de páginas e lombadas deterio-


radas. [S. l.], [s. d.]. 5 f. Reprodução fotográfica.
26,3,78

424. QUEVEDO Y VILLEGAS, Francisco. Obra poética: edición de José Manuel


Blecua: [extratos]. Madrid: Castilla, [19..?]. Pag. var. Fotocópia de trechos da
obra.
26,3,79

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 230

230

425. RODRIGUEZ-MOÑINO, Antônio. Construcción crítica y realidad histó-


rica en la poesía española de los siglos XVI y XVII. Prólogo de Marcel Bataillon.
Madrid: Castilla, 1968. 59 p. Fotocópia. Manuscrito. Em espanhol.
26,3,80

426. RODRIGUES, Graça Almeida. Crônica do príncipe d. João, de Damião


de Góis: edição crítica e comentada: [extrato]. Lisboa: Universidade Nova, 1977.
[17 f.]. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia da introdução da obra, cuja identifi-
cação, retirada de anotações de Darci Damasceno, se refere a livro constante da
SOR-BN.
26,3,81

427. BOWERS, Fredson. Textual & literary criticism: [extratos]. Cambridge:


University Press, 1959. [39 f.]. Fotocópia. Manuscrito. Em inglês. Fotocópias
dos capítulos I, II e IV.
26,3,82

428. MATOS, Gregório de. Várias poezias compostas pello Famozo Doutor, e
insigne Poeta do nosso século...: [extratos]. [S. l.], N. p. Fotocópia. Manuscrito.
Fotocópia de alguns trechos do códice da Library of Congress e do códice iden-
tificado como Camilo por Darci Damasceno. Contém anotações de Darci Damas-
ceno explicando que se trata de amostras de mudanças de textos.
26,3,83

429. MATOS, Gregório de. “Praguejador” e “As pazes de Inglaterra”: [poesias].


[S. l.], [s. d.]. N. p. Fotocópia. Fotocópia dos poemas, com anotações de Darci
Damasceno em que ele questiona a autoria atribuída a Gregório de Matos. A lo-
calização I-7,16,7 também consta das anotações.
26,3,84

430. DOCUMENTOS e ofícios da Capitania da Bahia, datados de 1727, 1779,


1784, 1789: [fotocópias]. [S. l.], [s. d.]. 8 f. Fotocópias. Fotocópias de documen-
tos constantes da DMSS-BN, com anotações de Darci Damasceno.
26,3,85

431. NEVES, Francisco de Sousa. Um Poeta Satírico do Século XVII: [fragmento


de jornal]. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Fotocópia do artigo em periódico de tí-
tulo e data não identificados.
26,3,86

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 231

231

432. ANDRADE, Carlos Drummond de. Carta a Heitor Grillo com o parecer
da revisão da obra inédita de Cecília Meireles já organizada por Darci Damasceno.
Rio de Janeiro, 28/5/1969. 3 f. Cópia. Datilografado. Anotações de Darci Da-
masceno.
26,3,87

433. BRANDÃO, Tomás Pinto. Miscelânea curiosa e proveitosa: vida e morte


de Tomás Pinto Brandão. [S. l.], [s. d.]. 20 f. Fotocópia. Segundo anotações de
Darci Damasceno, fotocópias tiradas de códice da Biblioteca Nacional.
26,3,88

434. BRANDÃO, Tomás Pinto. Satira ao governo de Portugal: por Gregório de


Mattos, reçusitado em Pernambuco no ano de 1713. [S. l.], [s. d.]. 8 f. Fotocópia.
Manuscrito. Fotocópias tiradas de documento da DMSS-BN.
26,3,89

435. BRANDÃO, Tomás Pinto. Estrofes de décimas e outros textos de 1713. [S.
l.], [s. d.]. 11 f./8 f. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópias tiradas de documento da
DMSS-BN. Segundo anotações de Darci Damasceno in obras várias. Tomás Pinto
Brandão I-14,1,25. Pelo sistema de pontuação, vê-se que é mais moderno que
outros.
26,3,90

436. GREGÓRIO de Mattos e Guerra: seu primeiro casamento. Salvador, 1968.


15 f. Fotocópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno: Universitas, Revista
de Cultura da Universidade Federal da Bahia, nº 1, set. dez. 1968.
26,3,91

437. MATOS, Gregório de. Gregório de Mattos: seu primeiro casamento. Petição
manuscrita (Biblioteca Nacional de Lisboa – Sumários matrimoniais) com autó-
grafo do poeta no canto direito. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. 2 fo-
tocópias do documento.
26,3,92

438. CRONOLOGIA do poeta Gregório de Mattos Guerra. [S. l.], [s. d.]. 1 f.
Fotocópia. Impresso. 2 fotocópias do documento.
26,3,93

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 232

232

439. LETRA V do índice (tabuada) do códice manuscrito apógrafo de Gregório


de Mattos – Biblioteca Nacional de Lisboa, nº 576. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia.
Manuscrito. 2 fotocópias do documento.
26,3,94

440. DOCUMENTO analisado por Fernando da Rocha Peres no artigo Gregório


de Mattos e Guerra em Angola. Afro-Ásia: cópia. Salvador, 1968. 1 f. Cópia.
Manuscrito. Publicado em Afro-Ásia, (6-7) jun., dez. 1968.
26,3,95

441. MATOS, Gregório de. Poemas vários: crítica de transmissão textual. [S. l.],
[s. d.]. N. p. Fotocópias. Fotocópias de transcrição, datilografada, de poemas,
comparados com o do Códice Rústico e do códice existente na Library of Congress.
Contém anotações manuscritas de Darci Damasceno.
26,3,96

442. MATOS, Gregório de. Obras do Doutor Gregório de Mattos: assuntos


vários. [S. l.], [s. d.]. 501 f. Fotocópia. Fotocópias de códice contendo “obras
honestas e desonestas” de Gregório de Mattos.
26,3,97

443. MEIRELES, Cecília. Espectros. Folha de rosto. Rio de Janeiro, 1919. 8 f.


Fotocópias. Manuscrito. Fotocópias da folha de rosto da obra de Cecília Meireles
com anotações de Darci Damasceno.
26,3,98

444. POEMA inédito: texto sobre um poema de Cecília Meireles. Rio de Janeiro,
1934. 1 f. Fotocópia. Datilografado. Segundo anotações de Darci Damasceno,
artigo do jornal A Nação, de 9/9/1934.
26,3,99

445. MEIRELES, Cecília. Cântico entre uma Noite e um Dia. [Minas Gerais],
1934. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia retirada de um artigo do jornal O
Liberal, de 22/7/1934. Anotações de Darci Damasceno.
26,3,100

446. MEIRELES, Cecília. Sarasvati. [S. l.], 1926. 1 f. Fotocópias. Fotocópia re-
tirada da revista Fon-Fon nº 38, 3/7/1926.
26,3,101

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 233

233

447. JAKOBSON, Roman. Questions de poétique: La dominante: Extrait d’une


série de conférences inedites en langue tchéque, données à l’Université Masaryk
à Brno. Paris: [Recuil ?], 1973. 4 f. Fotocópia. Impresso. Em francês. Dados reti-
rados de anotações de Darci Damasceno.
26,3,102

448. MEIRELES, Cecília. Episódio humano: prosa. Rio de Janeiro, 1929-1930.


22 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de textos publicados em O Jornal, uma co-
laboração de Cecília Meireles para os números de domingo. Anotações de Darci
Damasceno.
26,3,103

449. MEIRELES, Cecília. Página de educação. Rio de Janeiro, 1931-32. 19 f.


Fotocópias. Impresso. Fotocópia de textos publicados em o Diário de Notícias,
segundo anotações de Darci Damasceno.
26,3,104

450. MORENA, Pena de amor. [S. l.], 1939. 37 f. Fotocópia. Manuscrito.


Anotações de Darci Damasceno atribuindo autoria a Cecília Meireles.
26,3,105

451. NIST, John. The poetry of Cecília Meireles. [S. l.], 1963. 4 f. Fotocópia.
Impresso. Reprint from Hispania, v. 46, nº 2, 1963, pp. 252-258.
26,3,106

452. FERREIRA, Múcio P. Cecília Meireles e o Mundo. [S. l.], [1965]. 2 f.


Fotocópias. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do Diário
de S. Paulo, 7/11/1965.
26,3,107

453. SCHMIDT, Augusto Frederico. Cecília Meireles. [S. l.], 1963. 1 f. Foto-
cópias. Impresso. O Globo, 17/12/1963, p. 2.
26,3,108

454. BOSI, Alfredo. Cecília Meireles: A Música Ausente. [S. l.], 2 f. Fotocópia.
Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo de O Estado de S.
Paulo, 20/2/1965, Suplemento Literário.
26,3,109

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 234

234

455. SENA, Jorge de. Cecília Meireles ou os Puros Espíritos. [S. l.], [s. d.]. 2 f.
Fotocópias. Manuscrito. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo de O
Estado de S. Paulo, 20/2/1965.
26,23,110

456. ALMEIDA, Lúcia Machado de. Esse Instante Emprestado. São Paulo, 1965.
4 f. Fotocópias. Impresso. Artigo publicado junto ao de Rui Affonso: Cecília
Meireles, Amiga.
26,3,111

457. AFFONSO, Rui. Cecília Meireles, Amiga. Artigo de O Estado de S. Paulo,


20/2/1965. Suplemento Literário, São Paulo, 1965. 4 f. Fotocópias. Impresso.
Artigo publicado junto ao de Lúcia Machado de Almeida: Esse Instante Em-
prestado.
26,3,111 nº 2

458. OLIVEIRA, Marly de. Da Fineza do Amor em Cecília Meireles. [S. l.], [s.
d.]. 2 f. Fotocópias. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo
do Correio da Manhã, 8/8/1964, Livros na Mesa.
26,3,112

459. AZEVEDO FILHO, Leodegário A. de. Recurso expressionista de estilo em


Cecília Meireles. [S. l.], 1963. 2 f. Fotocópias. Impresso. Artigo do jornal Diário
de Notícias, 14/4/1963, Suplemento Literário, p. 5. Crítica de um universitário.
Dedicatória do autor para Cecília Meireles.
26,3,113

460. PIMENTEL, Osmar. Cecília ou a Poesia. [S. l.], [1949]. 2 f. Fotocópias.


Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do jornal Diário de S.
Paulo, [6/5/1949]. 2 cópias.
26,3,114

461. GARBUGLIO, José C. Cecília Meireles: o Trânsito e o Eterno. [S. l.], [s.
d.]. 2 f. Fotocópia. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, artigo do
jornal O Estado de S. Paulo, ano 9, nº 418, 20/2/1965.
26,3,115

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 235

235

462. GUINSBURG, J. Cecília Meireles. São Paulo, 1965. 2 f. Fotocópia. Impresso.


Artigo do jornal O Estado de S. Paulo, ano 9, nº 418, 20/2/1965, Suplemento
Literário.
26,3,116

463. MEIRELES, Cecília. Artigos de periódicos. [S. l.], 1949-1964. 8 f. Foto-


cópias. Impresso. Anotações de Darci Damasceno. Artigos de jornal escritos por
Cecília Meireles em O Globo, Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo, Jornal de
Notícias, Folha da Manhã e Folha da Noite, 1948-1964.
26,3,117

464. MEIRELES, Cecília. Artigos de periódicos. [S. l.], 1947-1949. 20 f.


Fotocópias. Impresso. Fotocópias de artigos publicados por Cecília Meireles em
Folha de S. Paulo, Jornal de Notícias, Folha da Manhã, Folha da Noite e Folha do
Norte.
26,3,118

465. MEIRELES, Cecília. Poemas de Cecília Meireles. [S. l.], [1958-1963]. 8 f.


Reprodução fotográfica. Impresso. Segundo anotações de Darci Damasceno, tra-
ta-se de reprodução fotográfica de autógrafos e poemas da última época.
26,3,119

466. DAMASCENO, Darci. Estudo sobre poesia de Cecília Meireles: fragmen-


to. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Datilografado. Constava no original nota de margem
de Cecília Meireles, explicando um verso. Anexo folha com anotações de Darci
Damasceno.
26,3,120

467. MEIRELES, Cecília. “Copo da puma de prata”: poema. [S. l.], [s. d.]. 1 f.
Cópia. Manuscrito.
26,3,121

468. MEIRELES, Cecília. Poema a Darci Damasceno em agradecimento sobre


“A vida breve” e “O pajem constante”. Rio de Janeiro, 27/9/1951. 1 f. Fotocópia.
Manuscrito
26,3,122

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 236

236

469. MEIRELES, Cecília. Carta a Diogo de Macedo sobre Correia Dias e Maria
Fernanda. Rio de Janeiro, 21/7/1952. 2 f. Fotocópia. Datilografado. Constam
no caderno de originais 26,1,181 anotações de Darci Damasceno sobre a carta.
Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,3,123

470. MEIRELES, Cecília. Carta a Fernanda de Castro sobre os versos que são
parte de um livro que concorre ao prêmio da Academia Brasileira de Letras. Rio
de Janeiro, 11/12/1938. 2 f. Fotocópia. Datilografado. Constam no caderno de
originais 26,1,181 anotações de Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990
DMSS-BN.
26,3,124

471. MEIRELES, Cecília. Carta a Maria Dulce Lupi Coelho sobre sua formação
religiosa, o budismo e experiências místicas. Rio de Janeiro, 24/4/1938. 2 f. Foto-
cópia. Datilografado. Constam no caderno de originais 26,1,181 anotações de
Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,3,125

472. MEIRELES, Cecília. Carta a Diogo de Macedo sobre seu estado de espíri-
to e impressões de Paris, Calcutá, Itália, Holanda. Rio de Janeiro, 7/9/1953. 2 f.
Fotocópia. Datilografado. Constam no caderno de originais 26,1,181 anotações
de Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,3,126

473. MEIRELES, Cecília. Carta a Fernanda de Castro sobre a morte de Correia


Dias. Rio de Janeiro, 1936. 6 f. Fotocópia. Manuscrito. Constam no caderno de
originais 26,1,181 anotações de Darci Damasceno sobre a carta. Reg. 250/1990
DMSS-BN.
26,3,127

474. MEIRELES, Cecília. “Olhinhos de gato”. [S. l.], [s. d.]. [61 f.]. Fotocópias.
Impresso. Fotocópia de “Olhinhos de gato”, publicado em trechos pelo periódi-
co Ocidente, em 1937-1938. Segundo anotações de Darci Damasceno, faltam 8
p. Contém nota introdutória, retirada do arquivo de Cecília Meireles, e anotações
de Darci Damasceno.
26,3,128

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 237

237

475. MEIRELES, Cecília. Saudação à menina de Portugal e Iracema, a Virgem


dos Lábios de Mel: [crítica literária]. [S. l.], [s. d.]. 6 f. Fotocópias. Impresso.
Fotocópia de poema recitado em 14/8/1930 no Gabinete Português de Literatura
do Rio de Janeiro e de crítica publicada no periódico O Jornal em 1/5/1929.
26,3,129

476. RICARDO, Cassiano. A Academia e a Poesia Moderna: [parecer de Cassiano


Ricardo e discurso não pronunciado de Cecília Meireles quando do prêmio de
poesia da ABL, em 1937]. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1939. 10 f. Fotocópia.
Impresso. Fotocópias das pp. 9-19 e 174-180 da obra.
26,3,130

477. MEIRELES, Cecília. Poema a Heitor Grillo “Cantar de vero amor”. São
Paulo, 1964. 2 f. Cópia. Fotocópia. Manuscrito.
26,4,1

478. MEIRELES, Cecília. Nunca mais... e Poema dos poemas. Rio de Janeiro:
Livraria Leite Ribeiro, 1923. 71 f. Fotocópias. Manuscrito.
26,4,2

479. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles dizendo que enviará Coração
verde por intermédio dela ao sr. Gregório Reynolds. Porto Alegre, 26/11/1927.
2 f. Fotocópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,3

480. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles dizendo que a Livraria do Globo
resolveu tirar uma segunda edição de Coração verde e assim terá oportunidade de
enviar um exemplar ao sr. Reynolds. Porto Alegre, 21/4/1928. 1 f. Fotocópia.
Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,4

481. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles falando do respeito e admiração


pela poetisa e sua obra. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. Reg. 250/1990
DMSS-BN.
26,4,5

482. MEIRELES, Cecília. Poema ao sr. Basílio de Magalhães: “Apparição”. [S.


l.], [s.d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN. Anotações de
Darci Damasceno.
26,4,6

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 238

238

483. MEIRELES, Cecília. Poema “Nas ruínas do torreão”. [S. l.], [s. d.]. 1 f.
Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,7

484. MAGALHÃES, Augusto. Carta a Maciel Pinheiro sobre três sonetos encon-
trados, assinados por Cecília Meireles, que poderiam ser entregues pelo destina-
tário à filha da poetisa. Rio de Janeiro, 25/3/1971. 1 f. Cópia. Datilografado.
Anotações de Darci Damasceno. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,8

485. MEIRELES, Cecília. Poema “Bilha”. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito.
Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,9

486. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles pedindo-lhe que envie mais so-
bre sua vida interior. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Anexo poema “Louva-
ção”, de Augusto Meyer, dedicado a Cecília Meireles. Reg. 250/1990 DMSS-
BN.
26,4,10

487. MEYER, Augusto. Carta a Cecília Meireles informando-a sobre o recebi-


mento da Faceta Literária. [S. l.], [s. d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990
DMSS-BN.
26,4,11

488. MEYER, Augusto. Plenitude: artigo para o Diário de Notícias. [S. l.], [s.
d.]. 1 f. Cópia. Impresso. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,12

489. MICHAILOWSKY, P. Carta a Cecília Meireles sobre o manifesto a respeito


da Nova Educação. Rio de Janeiro, 20/3/1932. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg.
250/1990 DMSS-BN.
26,4,13

490. ANDRADE, Carlos Drummond de. Carta a Cecília Meireles fazendo um


comentário a respeito de seu livro: cópia. Rio de Janeiro, 10/5/1939. 1 f. Cópia.
Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,14

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 239

239

491. AZEVEDO, Fernando de. Carta a Cecília Meireles sobre o afastamento da


imprensa e os planos de ação para vencer as resistências aos ideais de educação
nova que a reforma introduziu no Brasil. São Paulo, 25/11/1931. 1 f. Cópia.
Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,15

492. AZEVEDO, Fernando de. Carta a Cecília Meireles sobre a reforma educa-
cional e a Biblioteca Pedagógica Brasileira. São Paulo, 6/8/1931. 1 f. Cópia. Ma-
nuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,16

493. VERGARA, Telmo. Carta a Cecília Meireles sobre a tradução das “Canções
de berço compatrícias”. Porto Alegre, 10/12/1933. 1 f. Cópia. Datilografado.
Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,17

494. BERRIEN, William. Carta a Cecília Meireles pedindo que lhe envie livros
de literatura brasileira para ajudá-lo nas suas aulas da University of California.
Rio de Janeiro, 15/4/1938. 4 f. Fotocópia. Datilografado. Em anexo página de
carta de março do mesmo ano, agradecendo e pedindo novas listas de livros. Reg.
250/1990 DMSS-BN.
26,4,18

495. QUEIROZ, Carlos. Carta a Cecília Meireles sobre assuntos pessoais. Lisboa,
31/5/1937. 3 f. Fotocópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Reg.
250/1990 DMSS-BN.
26,4,19

496. CARTA a Cecília Meireles solicitando esclarecimento a respeito das dedi-


catórias do livro e a viagem para a América. Lisboa, 20/4/1939. 1 f. Fotocópia.
Manuscrito. A autora se assina M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro.
Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,20

497. CARTA a Cecília Meireles propondo a edição de um livro de poesias iné-


ditas. Lisboa, 21/5/1936. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. A autora se assina M.
Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,21

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 240

240

498. CARTA a Cecília Meireles sobre as provas de seu livro e a necessidade de


consultar José Osório. Lisboa, 18/2/1939. 1 f. Fotocópia. Manuscrito. A autora
se assina M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro.
26,4,22

499. CARTA a Cecília Meireles informando o estado de saúde e propondo a


publicidade de um livro de poesias. Vale dos Lagos [Portugal], [20/8/1936]. Có-
pia. Manuscrito. A autora se assina M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de
Castro. Reg. 250/1990 DMSS.
26,4,23

500. CARTA a Cecília Meireles sobre sua viagem e o estado de espírito na Europa
diante da guerra. Cascais, 5/10/1939. 1 f. Cópia. Manuscrito. A autora se assi-
na M. Fernanda; pode tratar-se de Fernanda de Castro. Reg. 250/1990 DMSS-
BN.
26,4,24

501. MALFATTI, Anita. Carta a Cecília Meireles sobre a Escola Nova e as


primeiras experiências. São Paulo, [s. d.]. 2 f. Original. Manuscrito. Reg. 250/1990
DMSS-BN.
26,4,25

502. REYES, Alfonso. Cartas a Cecília Meireles elogiando o livro Nunca mais...
e Poema dos poemas. Rio de Janeiro, 19 e 20/8/1931. 1 f. Cópia. Manuscrito.
Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,26

503. OLIVEIRA, José de Osório de. Carta a Cecília Meireles sobre artigos de
jornal, política e o livro Psicologia de Portugal e outros ensaios. Lisboa, 26/4/1934.
1 f. Cópia. Manuscrito. Reg. 250/1990 DMSS-BN.
26,4,27

504. CARTA a Cecília Meireles sobre Tasso da Silveira e Fernando Azevedo e


suas obras poéticas. Coimbra, 1935. Cópia. Manuscrito. Assinatura ilegível. Reg.
250/1990 DMSS-BN.
26,4,28

505. DUARTE, Afonso. Carta a Cecília Meireles sobre política e censura à obra

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 241

241

de Afonso Duarte: cópia. Coimbra, 7/2/1939. 1 f. Cópia. Manuscrito. Reg.


250/1990 DMSS-BN.
26,4,29

506. MACEDO, Diogo de. Carta a Cecília Meireles lamentando a morte de seu
marido Fernando Correia Dias. Lisboa, 20/12/1935. 1 f. Cópia. Manuscrito.
26,4,30

507. MACEDO, Diogo de. Carta a Cecília Meireles sobre a sua obra Viagem
[Lisboa], [18/9/1939]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno
manuscritas a tinta. Falta o início da carta.
26,4,31

508. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles sobre publicação na Revista de
Inéditos de sua obra. Porto, 10/7/1938. 1 f. Cópia. Manuscrito.
26,4,32

509. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles informando que os seus ver-
sos não saíram na Revista de Portugal e sim na Presença. Porto, 19/8/1938. 1 f.
Cópia. Manuscrito.
26,4,33

510. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles sobre projetos de bolsa de es-
tudo nos Estados Unidos, Europa e pedidos de artigos e versos para serem pu-
blicados em Ocidente. Porto, 15/11/1938. 1 f. Cópia. Manuscrito.
26,4,34

511. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles sobre a vontade de conhecer
o Brasil e seus poemas publicados em Portugal. Porto, 27/3/1939. 1 f. Cópia.
Manuscrito.
26,4,35

512. SERPA, Alberto de. Carta a Cecília Meireles sobre a admiração por seus
versos e o prêmio que a academia concedeu a Viagem. Porto, 26/7/1939 . 2 f.
Cópia. Manuscrito.
26,4,36

513. SILVEIRA, Miroel. Carta a Cecília Meireles esclarecendo o equívoco ocor-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 242

242

rido por ocasião de sua indicação como oradora na entrega dos prêmios da
Academia Brasileira de Letras. Santos, 23/7/1939. 1 f. Cópia. Datilografado.
26,4,37

514. PEIXOTO, Afrânio. Carta a Cecília Meireles sobre o seu livro Viagem. [S.
l.], 18/9/1939. 1 f. Cópia. Manuscrito.
26,4,38

515. REPRODUÇÃO fotográfica de desenhos do rosto de Cecília Meireles. [S.


l.], [s. d.]. 4 f. Reprodução fotográfica. Impresso. Carimbo da Divisão de Micro-
filme da Biblioteca Nacional.
26,4,39

516. PENA, Martins. O juiz de paz da roça: [fragmentos do texto impresso, do


original e de notas do autor]. [S. l.], [s. d.]. N. p. Fotocópia. Impresso.
26,4,40

517. PENA, Martins. Os Irmãos das Almas: [fragmentos de três versões manus-
critas e uma impressa]. [S. l.], [s. d.]. N. p. Fotocópia. Impresso.
26,4,41

518. PENA, Martins. Carta a Rufino de Vasconcelos referindo-se à censura e à


comédia Os ciúmes de um pedestre. [S. l.], 5/1/1846. 2 f. Cópia. Manuscrito.
Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci
Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos: I-6,27,14.
26,4,42

519. PENA, Martins. Carta a Rufino de Vasconcelos referindo-se à comédia O


noviço. [S. l.], [14/6/1846]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Na-
cional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,43

520. PENA, Martins. Carta bilhete a Bivar sobre a censura a A graça de Deus.
Segue-se a resposta de Bivar, no mesmo documento. [S. l.], 2 f. Cópia. Manuscrito.
Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci
Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos, I-6,7,14 nº 2.
26,4,44

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 243

243

521. PENA, Martins. Plano da comédia As manias de dous velhos. [S. l.], [s. d.].
2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca
Nacional, Divisão de Manuscritos.
26,4,45

522. PENA, Martins. Plano da obra A noite de São João [fragmentos]. [S. l.], [s.
d.]. Cópia. Manuscrito de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional,
Divisão de Manuscritos.
26,4,46

523. PENA, Martins. Fragmento de obra em verso. [S. l.], [s. d.]. Cópia. Manus-
crito. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,47

524. PENA, Martins. A barriga de meu tio: plano da obra. [S. l.], [s. d.]. 2 f. Có-
pia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,48

525. PENA, Martins. O caixeiro da taverna, Quem casa quer casa, O diletante:
[fragmentos de versões manuscritas e impressas]. [S. l.], [s. d.]. Fotocópias.
Impresso.
26,4,49

526. PENA, Martins. Os três médicos: [fotocópias do original manuscrito]. [S.


l.], [s. d.]. 97 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da
Biblioteca Nacional.
26,4,50

527. PENA, Martins. O cigano: [fotocópias do original manuscrito]. [S. l.], [s.
d.]. 98 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblioteca
Nacional.
26,4,51

528. PENA, Martins. Os meirinhos: [fotocópias do original manuscrito]. [S. l.],


[s. d.]. 53 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblio-
teca Nacional.
26,4,52

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 244

244

529. PENA, Martins. Os ciúmes de um pedestre: [fotocópias do original manus-


crito]. [S. l.], [s. d.]. 67 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos
da Biblioteca Nacional.
26,4,53

530. PENA, Martins. As desgraças de uma criança: [fotocópia do original manus-


crito]. [S. l.], [s. d.]. 71 f. Fotocópia. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos
da Biblioteca Nacional.
26,4,54

531. PENA, Martins. A roda-viva: [fotocópias do original manuscrito]. [S. l.],


[s. d.]. 14 f. Fotocópias. Impresso. Original na Divisão de Manuscritos da Biblio-
teca Nacional.
26,4,55

532. AMORA, Antônio Soares. Martins Pena ante as fontes de seu teatro: [arti-
go publicado no periódico Dionysos, ano X, nº 13]. [S. l.], [1966]. 9 p. Fotocópia.
Impresso.
26,4,56

533. BÁRBARA HELIODORA. A Evolução de Martins Pena: [artigo publica-


do no periódico Dionysos, ano X, nº 13]. [S. l.], 1966. 12 f. Fotocópia. Impresso.
26,4,49

534. MARTINS Pena no palco: [artigo publicado no periódico Dionysos, ano X,


nº 13]. [S. l.], 1966. 11 p. Fotocópias. Impresso.
26,4,58

535. PENA, Martins. Quem Porfia Mata Caça. Folha de rosto do texto. Rio de
Janeiro: Casa Imperial, 1852. 1 p. Reprodução fotográfica. Impresso. Carimbo
no verso da Biblioteca Nacional, Divisão de Microfilmes. Série Teatro Brasileiro.
26,4,59

536. LEAL, José da Silva Mendes. Quem Porfia Mata Caça: folha de rosto e
primeira página do texto. Rio de Janeiro: Francisco de Paula Brito, 1850. 2 f.
Reprodução fotográfica. Impresso. Carimbo no verso da Biblioteca Nacional,
Divisão de Microfilmes.
26,4,60

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 245

245

537. VUE de l’Eglise de la Gloria, à Rio de Janeiro. Paris, 1822. 1 f. Impresso.


26,4,61

538. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz tratando de
assunto particular. Nova Friburgo, 17/11/[1860]. 4 p. Fotocópia. Manuscrito.
Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotação no verso.
Original na Divisão de Manuscritos, I-4,4,56, 2 cópias da página.
26,4,62

539. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a José Martiniano de Alencar pedin-
do-lhe (para) trabalhar, no orçamento no Senado, pela publicação do Brasil
Pitoresco. Nova Friburgo, 13/6/1861. 9 f. Fotocópia. Manuscrito. Duas cópias
da primeira página da carta. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manus-
critos. Anotações no verso. Original na Divisão de Manuscritos, I-4,7,74.
26,4,63

540. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz tratando de
assunto particular. Nova Friburgo, 11/11/1860. 3 f. Fotocópia. Manuscrito. Ca-
rimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações no verso da
carta. 2 cópias da primeira página da carta. Original na Divisão de Manuscritos,
I-4,4,59.
26,4,64

541. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz tratando de
assunto particular. Friburgo, 30/[11/1860]. 3 f. Fotocópia. Impresso. Carimbo
da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Duas cópias da primeira pági-
na da carta. Anotações no verso. Original na Divisão de Manuscritos, I,4,4,58.
26,4,65

542. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz tratando de
suas traduções em Nova Friburgo. Friburgo, 25/11/1860. 4 f. Fotocópia.
Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. 2 cópias
da primeira página da carta. Original na Divisão de Manuscritos, I-4,4,57.
26,4,66

543. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Carta a Francisco Ramos Paz sobre im-
pressões de Friburgo. [S. l.], [s. d.]. 11 f. Fotocópias. Manuscritos. Material anexo:
três páginas datilografadas e uma manuscrita a tinta com anotações de Darci

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


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246

Damasceno sobre a carta. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manus-


critos.
26,4,67

544. ALMEIDA, Josefina Maria de. Carta a sua Majestade Imperial solicitando
admissão de seus filhos Antônio Marianno de Almeida e Manuel Antônio de
Almeida à classe de alunos pobres e internos do Colégio D. Pedro II. Rio de Ja-
neiro, 26/1/1841. 2 f. Fotocópia. Manuscrito. Duas cópias da carta. Carimbo da
Divisão de Microfilme da Biblioteca Nacional.
26,4,68

545. BARROS, João Marianno. Folha avulsa, provável anexo de requerimento


com data de 27/2/1841. [S. l.], 1 f. Fotocópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca
Nacional, Divisão de Manuscritos.
26,4,69

546. CANDIDO, Antonio. Dialética da Malandragem: Caracterização das


Memórias de um sargento de milícias. São Paulo, 1970. 14 f. Fotocópias. Manuscrito.
Fotocópia de artigos publicados no nº 9 da Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
da USP.
26,4,70

547. DAMASCENO, Darci. Uma Articulação em Iracema: a Sedução da Virgem:


[fragmento]. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Fotocópia. Manuscrito. Contém várias correções
manuscritas do autor.
26,4,71

548. DAMASCENO, Darci. Uma Articulação em Iracema: a Sedução da Virgem.


[S. l.], [s. d.]. 18 f. Fotocópia. Manuscrito. Contém várias correções manuscritas
do autor. Em anexo 11 p. de rascunhos manuscritos com planos, esquemas e
citações a ser incluídas no ensaio.
26,4,72

549. SONHOS d’ouro: prefácio à edição de 1872. [S. l.], 1872. 9 f. Fotocópia.
Impresso. Prefácio assinado por Sênio. Fotocópia de original na Biblioteca
Nacional.
26,4,73

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 247

247

550. ALENCAR, José de. Diva: pós-escrito à 2ª edição do romance. [S. l.], [s.
d.]. 11 p. Fotocópia. Impresso.
26,4,74

551. SANTIAGO, Silviano. Liderança e Hierarquia em Alencar: [artigo publi-


cado no Suplemento Cultural de O Estado de S. Paulo, ano 2, nº 62, 18/12/1977].
São Paulo, 1977. 10 f. Fotocópia. Impresso.
26,4,75

552. MELLO, José Antônio Gonçalves de. Dom Antônio Felipe Camarão, capi-
tão-mor dos índios da costa do Nordeste do Brasil. Recife: Universidade do Recife,
1954. 31 f. Fotocópia. Impresso. Carimbo da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres
dos Montes Guararapes.
26,4,76

553. PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo. Carta elogiando a publicação do


novo livro [de um historiador]. Dresda, 29/7/1864. 4 f. Cópia. Manuscrito.
Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci
Damasceno onde afirma que o destinatário é um historiador e cogita em que seja
J. M. Pereira da Silva. Original na Divisão de Manuscritos, I-5,33,60.
26,3,77

554. DEBRET, Jean Baptiste. Carta a Araújo Porto-Alegre sobre a nomeação,


substituindo-o como professor de pintura histórica na Academia de Belas-Artes.
Paris, 1837. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão
de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,78

555. DEBRET, Jean Baptiste. Carta a Araújo Porto-Alegre sobre a relação de tra-
balhos feitos no Brasil, pelos quais nada receberá. Paris, 11/10/1844. 2 f. Cópia.
Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações
de Darci Damasceno.
26,4,79

556. DEBRET, Jean Baptiste. Carta a Araújo Porto-Alegre fazendo observações


sobre suas viagens no Brasil e contando que recebeu a medalha da Legião de
Honra em Paris. Paris, 7/6/1842. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca
Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,80

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 248

248

557. ARAGUAIA, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de. Carta


a Araújo Porto-Alegre sobre a crítica à Confederação dos Tamoios. Turim,
31/8/1856. 12 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão
de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,81

558. BREVE notícia sobre Antônio José da Silva: [fragmentos]. [S. l.], [s. d.]. 6
f. Fotocópias. Manuscrito. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional.
Ocorre a seguinte anotação de Darci Damasceno: “Ato 3º cena 2 e não ato 1º,
a emenda é do censor (H. 36).”
26,4,82

559. JORNAL DOS DEBATES POLÍTICOS E LITERÁRIOS: artigos publi-


cados nos números 1-49 (1ª fase, maio, novembro de 1937) e 50-85 (2ª fase,
janeiro, setembro de 1938). Rio de Janeiro: Typ-Imperial e Constitucional de J.
Villeneuve e Comp., 1837-1938. 257 p. Fotocópias. Impresso. Falta o nº 24 da
1ª fase; 50-85 incompletos.
26,4,83

560. PRIMEIRA parte do index da livraria de música do muyto alto, e poderoso


Rey Dom Ioão o IV, nosso Senhor. Lisboa: Paulo Craesbeck, 1649. 97 f. Fotocópia.
Impresso. Fotocópia de original da Biblioteca Nacional.
26,4,84

561. DONATO, Ernesto. Dos Vilhancicos. Coimbra: Imprensa da Universidade,


1929. 58 f. Fotocópias. Impresso. Publicação da Série Subsídios para a Bibliografia
Portuguesa. Separata do boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, vol.
IX.
26,4,85

562. PLANO de huma pequena parte da Costa da Capitania do Rio de Janeiro


no qual se mostra as 5 lagôas nomeadas nesta memoria. [S. l.], [s. d.]. 1 f.
Fotocópia. Manuscrito. Desenhado por José Correa Rangel S. M. Contém ano-
tações de Darci Damasceno: “A carta geográfica vem no fim do códice.”
26,4,86

563. DIPLOMATIC archives of South America: [fragmento]. [S. l.], [s. d.]. 136-
143 p. Fotocópia. Impresso. Publicado em Latin-American Research Review.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 249

249

Incompleta. Uma nota diz que há um exemplar completo na Divisão de Manus-


critos.
26,4,87

564. CATÁLOGO da importante livraria dos Ex.mos Srs. Condes de Linhares:


manuscritos: [fragmentos]. Lisboa, 1895. 39 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia
de original da Biblioteca Nacional.
26,4,88

565. CONSTRUÇÃO de casa [século XVIII]: cartas e despesas. Rio de Janeiro,


[1796]. 23 f. Fotocópias. Manuscrito.
26,4,89

566. [SOBRE a poesia fescenina de Antônio Diniz da Cruz e Silva: informações


obtidas através do dr. Azevedo em 1845]. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Fotocópia. Manuscrito.
Segundo anotações de Darci Damasceno, este documento pertence à Coleção
Freire Alemão, I-28,9,47.
26,4,90

567. MEIRELES, Cecília. Um Enigma do Século XVIII: Antônio Diniz da Cruz


e Silva. [S. l.], [s. d.]. 4 f. Fotocópia. Impresso. Contém anotações de Darci
Damasceno.
26,4,91

568. SONHO poético. [S. l.], [s. d.]. 10 f. Fotocópias. Impresso. Anexas anotações
de Darci Damasceno. Cópia do documento da DMSS-BN da Biblioteca Nacional.
26,4,92

569. PÁGINAS de Gregório de Matos: [reproduções fotográficas]. [S. l.], [s. d.].
6 f. Cópia. Impresso.
26,4,93

570. O PEZADELO: poema heroi-comico. O. D. C. – F. A. P. M. M. P. -B.


Formado, Aos admiradores do Portentoso Instintic e dos Exms. e Rvims. Chi-
chélos. Rio de Janeiro: Imprensa Americana de I. P. da Costa, 1838. 24 f. Fotocópia.
Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. Em anexo folha com anotações
de lista de textos.
26,4,94

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250

571. ROSÁRIO, José Manuel do. Saudosas lágrimas de José Manuel do Rosário,
membro titular da Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro, pela sen-
tida morte do cirurgião João Álvares Carneiro, em 18/11/1837: [página de ros-
to]. Rio de Janeiro, 1837. 1 f. Fotocópia. Impresso. Cópia retirada de documento
da Biblioteca Nacional, trazendo a seguinte anotação de Darci Damasceno: III-
294,2,21 nº 7.
26,4,95

572. HYMNO para ser cantado na noite de Reis. Rio de Janeiro: Typ Imparcial
de Brito, [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de documento da
Biblioteca Nacional. Anotação de Darci Damasceno, III-294,2,27 nº 11.
26,4,96

573. ORAÇÃO ao glorioso S. Antônio no seu santo dia para que nos livre dos
males que os abusos da terra nos ameaça. Rio de Janeiro, 1853. 1 f. Fotocópia
retirada de um documento da Biblioteca Nacional, traz anotações de Darci
Damasceno dizendo: III-294,2,21 nº 14.
26,4,97

574. CARDOSO NETTO, José. Boas festas que José Cardoso Netto dedica aos
dignissimos assignantes do Periódico dos Pobres. [S. l.], [Rio de Janeiro]: Typ de
A. M. Morando, [s. d.]. 1 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um docu-
mento da Biblioteca Nacional. Notas de Darci Damasceno dizendo: III-294,2,21
nº 16. Era o entregador do jornal aos assinantes. Bem tipico, o vol, de certa for-
ma de pedido de festas.
26,4,98

575. O TELESCÓPIO de Mr. Doland cumprimenta o seo Amigo: soneto; Amor


com amor se paga: rifão. Rio de Janeiro: Typ do Diário, 1833. 1 f. Fotocópia.
Impresso. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacional, nota de
Darci Damasceno dizendo: “Político, satírico, alusão a quem?”
26,4,99

576. ARAGUAIA, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de. Elegia


à sentidíssima morte do muito reverendo padre mestre frei Francisco de Santa
Thereza Sampaio: offerecida aos corações sensiveis. Rio de Janeiro: Typographia
de R. Ogier, 1830. 2 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de um documento da
Biblioteca Nacional. Notas de Darci Damasceno dizendo: III-294,2,21 nº 5. Em

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 251

251

anexo folha com a seguinte anotação: “Falta o texto: copiá-lo. Mas não é parali-
teratura, só pela edição (folheto). Traz a primeira e a última página do folheto;
a elegia termina com o soneto.”
26,4,100

577. COSTA, José Daniel Rodrigues da. Papéis contra papéis, ou Queixas de
Apollo para açoute de máos poetas. Lisboa: Simão Thaddeo Ferreira, 1820. 2 f.
Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacio-
nal, com as seguintes anotações de Darci Damasceno: “III-294,2,21 nº 4 é a úl-
tima folha de rosto e última página, falta o texto.” Em anexo folha com notas.
26,4,101

578. O DIA 25/5/1844, ou A Catastrophe da barca de vapor “Especuladora”.


Niterói: Typographia Nitheroyense de M. G. de S. Rego, 1844. 7 f. Fotocópia.
Impresso. Fotocópia retirada de um documento da Biblioteca Nacional. Contém
anotações de Darci Damasceno. 26,4,102

579. AUTO solemne da serração da velha, dona Quaresma Engracia, e da dis-


posição testamentária de suas abundantes riquezas etc. Rio de Janeiro: Typ de J.
J. Barroso, 1839. 5 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documen-
to da Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno: III-294,2,21 nº 3.
“É texto de Portugal editado no Rio...”
26,4,103

580. ASSINATURA de livros francezes e portugueses. Rio de Janeiro, 1844. 6


f. Fotocópia. Impresso. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,104

581. ALDEN, Dauril. Royal Government in Colonial Brazil: with special referen-
ce to the administration of the Marquis of Lavradio, Viceroy, 1769-1779: [tre-
cho relativo ao fabrico do anil]. Berkeley: Univ. of California Press, 1968. 9 f.
Fotocópia. Impresso. Fotocópia de páginas avulsas da obra.
26,4,105

582. BREU, Jerônimo Vieira de. Brevissima instrução para uso dos fabricantes
de anil nas colonias de Sua Magestade Fidelissima. [S. l.], 1785. 41,2,6 f. Repro-
dução fotográfica. Impresso. Reprodução de originais existentes na Biblioteca
Nacional. Consta de 41 pranchas, sendo 18 de estampas. Em anexo duas fo-

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252

tocópias das estampas e transcrição, em 6 f., do texto, com a seguinte anotação


de Darci Damasceno: “Falta conferir e completar. Falta comparar com o volume
pequeno, de 1 desenho.”
26,4,106

583. FEIJÓ, J. da Silva. Memória sobre a fábrica real do anil da Ilha de Santo
Antão: [fragmentos]. [Lisboa], [s. no], 1789. 8 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia
de trecho das Memórias Econômicas da Academia Real das Sciencias de Lisboa.
T. I, 1789. Contém anotações de Darci Damasceno, dizendo que o texto foi es-
crito em data próxima a 1789.
26,4,107

584. [L’ARTE di Fare l’ anil]. [S. l.][s. no], 17..? 4 p. Fotocópia. Impresso. Em
italiano.
26,4,108

585. PREPARAÇÃO do anil: cópia de um extrato offerecido pelo sr. F. A. de


Varnhagen. [S. l.], [s. no], 1860. 2 f. Fotocópia. Impresso. Em espanhol. Fotocópia
de artigo publicado na Revista do IHGB, T. XXIII, segundo anotações de Darci
Damasceno.
26,4,109

586. DOCUMENTO oficial de negociantes de escravos e anil. [S. l.], [18..?]. 7


f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia retirada de um documento da DMSS-BN.
Nota de Darci Damasceno sobre a data 1808-1822.
26,4,110

587. RELAÇÃO de lavradores da Real Fazenda do Engenho Novo e de nego-


ciantes da cidade do Rio de Janeiro. [S. l.], [17..]. 5 f. Fotocópia. Impresso.
Fotocópia retirada de um documento da DMSS-BN com anotações de Darci
Damasceno, Almanaque Histórico do Rio de Janeiro para o ano de 1799.
26,4,111

588. [PETIÇÃO dos negociantes de escravos e de anil ao Rei, pedindo isenção


do tempo de quaresma por que devem passar os escravos desembarcados de
África]. [S. l.], [s. no], [181..?]. 7 f. Fotocópias. Impresso. Fotocópias de origi-
nais da Biblioteca Nacional. Contém anotações MSS de Darci Damasceno.
26,4,112

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589. DARRIQUE, João Baptista. Testamento de João Baptista Darrique. Rio de


Janeiro: [s. no], [1789?]. 3 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de documento exis-
tente na Biblioteca Nacional.
26,2,113

590. ALDEN, Dauril. Manuel Luís Vieira: an entrepreneur in Rio de Janeiro


during Brazil’s eighteenth century agricultural renaissance. The Hispanic American
Historical Review, nº 39, nov. 1959, pp. 521-537. [S. l.]: Duke University Press,
1959. 7 f. Fotocópia. Impresso. Em inglês.
26,4,114

591. ALDEN, Dauril. The growth and decline of indigo production in colonial
Brazil: A study in comparative economic history. The Journal of Economic History,
nº 25, mar. 1965, pp. 35-60. [S. l.], 1965. 26 f. Fotocópia. Impresso. Anotações
de Darci Damasceno. Em anexo um envelope.
26,4,115

592. JOSÉ I, rei de Portugal, 1714-1777. Resposta aos governadores do Estado


do Brasil acerca do requerimento para transportar arroz até Lisboa. [S. l.], 1762.
2 f. Cópia. Manuscrito. Fotocópia retirada de um documento da DMSS-BN,
com anotações de Darci Damasceno “1ª fábrica de descascar arroz, 1762”.
26,4,116

593. CORRESPONDÊNCIA dos governadores da Ilha de Santa Catarina, des-


de 11/1 até 24/12/1786. [S. l.], [s. d.]. 15 f. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópia
retirada de documento da DMSS-BN.
26,4,117

594. MELLO, Francisco. Mapa da expedição botânica que por ordem do Il.mo
Ex.mo senhor Vice Rey, se achão empregados em serviço de S. Magestade: das
praças que existem... [1788]. 2 f. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópia retirada do
documento I-32,12,13 existente na DMSS-BN.
26,4,118

595. ELOGIO recitado pela atriz Ludovina Soares da Costa no dia do seu bene-
fício no Teatro da Praia de D. Manuel, aos 22/9/1835: [fotocópia de manuscrito].
[S. l.], [s. d.]. 4 p. Fotocópia. Impresso. Original da Coleção Carvalho. Contém
anotação de Darci Damasceno dizendo existir outra cópia da Biblioteca Nacional.
26,4,119

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254

596. COUTINHO, Gastão Fausto da Câmara. O triunfo da América: drama para


se recitar no Real Theatro do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Imprensa Régia,
1810, pag. var. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de obra de 1810, existente na
Biblioteca Nacional. Nas mesmas folhas, fotocópias do drama O juramento dos
numes, do mesmo autor.
26,4,120

597. COUTINHO, Gastão Fausto da Câmara. O juramento dos numes: drama


para se representar na noite de abertura do Real Theatro de S. João. Rio de Janeiro:
Imprensa Régia, 1813. Fotocópia. Manuscrito. Fotocópia de obra de 1813 exis-
tente na Biblioteca Nacional. Nas mesmas folhas, fotocópias do drama O triun-
fo da América, do mesmo autor. Anotação de Darci Damasceno afirmando que
a peça foi representada a 12/10/1813.
26,4,120 A

598. ELOGIO a sua Alteza Real, o Príncipe Regente Nosso Senhor: recitado no
Teatro do Rio de Janeiro. [S. l.], [s. d.]. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de manus-
crito de 1813 existente na Biblioteca Nacional.
26,4,121

599. LIMA, José Joaquim Lopes de. Os corcundas do Porto: farça em verso com
o himno anti-corcundal. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1821. 12 p. Foto-
cópia. Impresso. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional.
26,4,122

600. O VOVÔ Coió ou A Roça dos doidos: farça interessante: por hum curio-
zo. Rio de Janeiro: Na Typographia Imparcial de Brito, 1836. 12 f. Fotocópia.
Impresso. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional.
26,4,123

601. PEREIRA, Justiniano da Cunha. Club dos anarchistas: comédia. Villa de


Barbacena: Na Typographia do Parahybuna, 1838. 8 f. Fotocópia. Impresso. Foto-
cópia de original existente na Biblioteca Nacional.
26,4,124

602. AZEVEDO, J. V. R. de. O baile mascarado: comédia em 1 acto e 2 quadros.


Rio de Janeiro: Typ de Santos & Silva Júnior, 1850. 13 f. Fotocópia. Impresso.
Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional.
26,4,125

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255

603. AZEVEDO, J. V. R. de. O toureador ou O regresso da Califórnia: Comédia


em 1 acto. Rio de Janeiro: Typ de Francisco de Paula Brito, 12 f. Fotocópia. Im-
presso. Fotocópia do original existente na Biblioteca Nacional.
26,4,126

604. CONCEIÇÃO, F. C. da. O namoro de entrudo: Comédia em hum acto. [S.


l.], 1851. 28 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia do original na Biblioteca Nacional.
26,4,127

605. MAIA, Manuel Rodrigues. Manuel Mendes: farça. Rio de Janeiro: Emp.
Typ. Dous de Dezembro, 1856. 26 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de origi-
nal na Biblioteca Nacional.
26,4,128

606. O FECHAMENTO das portas ou As casas de mármore, as portas de bronze


e os homens de ouro; [farça]. Rio de Janeiro: Typographia de Peixoto & Leite,
1857. 29 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original na Biblioteca Nacional.
Contém anotações de Darci Damasceno atribuindo a autoria a J. J. R. M.
26,4,129

607. O CINCO de dezembro de 1835 ou O conego Ignez. Nictheroy: Typographia


Nictheroy de Rego e Comp., 1835. 28 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de ori-
ginal na Biblioteca Nacional.
26,4,130

608. A RUSGA da Praia Grande ou O quixotismo do general das massas: comé-


dia em 3 actos e em proza. Rio de Janeiro: Na Typographia de Thomas B. Hunt
& Co., 1834. 39 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original na Biblioteca
Nacional.
26,4,131

609. BURGAIN, Luís Antônio. O remendão de Smyrna ou Um dia de soberania:


vaudeville em 3 actos. Rio de Janeiro: Typographia Austral Beco de Bragança,
1845. 22 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de original na Biblioteca Nacional,
publicado na Coleção Dramas e Comédias de Luís Antônio Burgain.
26,4,132

610. MACHADO, Caetano Maurício. O triunfo da humanidade: drama [apre-

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256

sentado pela inauguração do Hospital de São Lázaro, a 21/8/1787]. [S. l.], [1787].
36 f. Fotocópia. Impresso. Em francês/italiano. O manuscrito contém também
poemas sob os títulos: “Sonetti in versi italiani al mesmo objetto” e “Ode en vers
françois au même sujet”.
26,4,133

611. [COMÉDIA em 4 atos]. [S. l.], [s. d.]. 71 f. Fotocópia. Impresso. Ocorrem
anotações de Darci Damasceno, dizendo que a comédia está incompleta. Faltam
as folhas de título, a do Ato 1, a do começo da 1ª cena, a do final da cena 10 e
várias do final da peça.
26,4,134

612. SAMPAIO, Albino Forjaz de. Teatro de cordel: catálogo da coleção do au-
tor: [trecho]. Lisboa. [S. no], 1920. 6 f. Fotocópia. Impresso. Ocorrem anotações
de Darci Damasceno: “Falta a cópia do repertório, que é quase todo o livro.”
26,4,135

613. CATALOGUE de la bibliothèque de M. Fernando Palha: [trecho da segun-


da parte]. Lisboa: Impr. Libânio da Silva, 1896. 26 f. Fotocópia. Impresso. Em
francês. Fotocópia das pp. 100-123 da obra, cuja identificação é feita por Darci
Damasceno em ficha anexa.
26,4,136

614. BRAGA, Teófilo. História do Teatro Português: [trechos]. [Portugal?], [s.


d.]. Pag. var. Fotocópia. Impresso. Fotocópia dos trechos de vários volumes, con-
tendo o Repertório Geral do Theatro Portuguez dos séculos XVI a XVIII.
26,4,137

615. PAPÉIS referentes a um concurso internacional para a construção de um teatro


lírico no Rio de Janeiro. [S. l.], 1856-7. 158 f. Fotocópias. Impresso. Em italiano.
Fotocópias de vários documentos constantes de acervo da DMSS-BN. Em anexo
notas manuscritas de Darci Damasceno, das quais constam listas de cédulas de iden-
tificação (de concorrentes?), ficha com citação bibliográfica e notas remetendo ao
decreto de 10/9/1856, que, segundo Darci Damasceno, é o “1º passo”.
26,4,138

616. ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. Rio


de Janeiro: Typographia Brasiliense, 1854-55. 2 v. Fac-símiles. Impresso. Fac-

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257

símiles da 1ª edição, em 2 v. Contém algumas anotações manuscritas de Darci


Damasceno nas margens.
26,4,139

617. CATÁLOGO dos preciosos manuscriptos da bibliotheca da Casa dos


Marquezes de Castello Melhor. Lisboa: Typographia Universal, 1878. 34 f. Foto-
cópia. Impresso. Fotocópia de original existente na Biblioteca Nacional.
26,4,140

618. BOOK of Hours: latin and french. [S. l.], [s. d.]. 12 p. Fotocópias. Impresso.
Em inglês.
26,4,141

619. MANUSCRITOS et enluminures du onzième au dix-huitième siècle. Paris:


Pierre Berès, [s. d.]. 4 f. Fotocópia. Impresso. Em francês.
26,4,142

620. MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Para uma história social seriada da cidade
do Salvador no século XIX: os testamentos e inventário com fontes de estudos
da estrutura e de mentalidades. Bahia, [1990-81?]. 17 f. Fotocópia. Impresso.
Contém anotações manuscritas de Darci Damasceno, estabelecendo a data prová-
vel do artigo e afirmando que a fonte é uma publicação oficial do Arquivo da
Bahia.
26,4,143

621. ESCRITURAS de Sesmarias do Rio de Janeiro, sob o governo de Salvador


Corrêa de Sá. [Rio de Janeiro], 1579. 27 f. Fotocópias. Impresso. Fotocópias de
trechos de cartas de sesmarias e de transcrições datilografadas.
26,4,144

622. LAVRADIO, Luís de Almeida Soares Portugal Alarcão Eça Melo Silva e
Mascarenhas, marquês do. Relatório do marquês do Lavradio, vice-rei do Rio de
Janeiro, entregando o governo a Luís de Vasconcellos e Souza, que o sucedeu no
vice-reinado. Rio de Janeiro, 1843. 4 f. Fotocópia. Impresso. O relatório foi escri-
to em 19/6/1779. Artigo publicado na Revista Trimensal de História e Geografia
ou Jornal do IHGB, nº 16, janeiro de 1843. Nota de Darci Damasceno: RIHGB,
Tomo IV.
26,4,145

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258

623. MEMÓRIAS publicadas e econômicas da cidade de São Sebastião do Rio


de Janeiro. Rio de Janeiro, [s. d.]. 14 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de trecho
de obra não identificada.
26,4,146

624. RELAÇÕES parciaes apresentadas ao marquês do Lavradio. [Rio de Ja-


neiro?], [s. d.]. 34 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de trecho publicado na Revis-
ta do Instituto Histórico. Ocorrem anotações manuscritas de Darci Damasceno.
26,4,147

625. RELAÇÃO das sesmarias da Capitania do Rio de Janeiro, extraída dos livros
de sesmarias e registros do cartório do tabelião Antônio Teixeira de Carvalho. De
1565 a 1796. [Rio de Janeiro], [s. d.]. 31 f. Fotocópia. Impresso. Fotocópia de
trecho de uma revista trimestral do Instituto Histórico.
26,4,148

626. VELOSO, José Marianno da Conceição, frei. Flora alographica das hervas
contheúdas nesta obra e de outras do Brazil, cuja incineração póde dar huma
maior abundancia do Alkali fixo vegetal, ou Potassa: enriquecida com estampas:
debaixo dos auspicios e de ordem de sua Alteza Real o Principe do Brazil Nosso
Senhor. [S. l.], [s. no], [s. d.]. 44 f. Fotocópia. Impresso.
26,4,149

627. DIFFIE, Bailey W. Bibliography of the principal published guides to por-


tuguese archives and libraries. [New York], [s. d.]. 23 f. Fotocópia. Impresso. Em
inglês.
26,4,150

628. SUMÁRIO dos documentos históricos da Biblioteca Nacional do Rio de


Janeiro. Lisboa: Academia Portuguesa de História, 1959. 5 f. Fotocópia. Impresso.
Extraído do Guia da Biblioteca Histórica Portuguesa, v. 1, fasc. 1.
26,4,151

629. ARCHIVO do Marquez do Lavradio: lista completa do archivo do Vice


Rey do Brasil, Marquez do Lavradio: manuscriptos encadernados autographos.
[S. l.], 1925. 6 f. Fotocópia. Impresso. Publicado na revista do IHGB, t. 97, v.
151.
26,4,152

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259

630. ÍNDICE Geral alphabetico dos vinte primeiros volumes dos Annaes da
Bibliotheca Nacional. [S. l.], [s. d.]. 11 f. Fotocópia. Impresso.
26,4,153

631. ÍNDICE dos Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: [vols. 1-60].
[S. l.], [s. d.]. Fotocópia. Impresso.
26,4,154

632. CATÁLOGO do valiosíssimo e precioso leilão da escolhida, a melhor col-


leccionada e mais importante livraria desta corte pertencentes ao ilustre juriscon-
sulto e finado senador do império o Ex.mo Sr. Conselheiro Zacharias de Góes e
Vasconcellos, que faz Enéas Pontes. Rio de Janeiro: Typ. Imp. e Const. de J. Vil-
leneuve & C., [1878]. 8 f. Fotocópia. Impresso.
26,4,155

633. CATÁLOGO dos livros que comprei à Preta Joaquina, herdeira e testa-
menteira do falecido dr. Manuel Ignácio da Silva Alvarenga (...). [S. l.], [s. d.].
25 f. Fotocópia. Impresso. Xerox retirada de documentos do Arquivo Público
Nacional. Contém anotações de Darci Damasceno “Por letra de Manuel Joaquim
da Silva Porto”; “(M. Inácio da S. Alvarenga) morreu em novembro de 1814”.
26,4,156

634. ABREU, Casimiro de. Carta a Manuel Antônio Rodrigues Machado sobre
a desavença entre o destinatário e o pai do autor: cópia. [S. l.], 23/4/1860. 2 f.
Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca
Nacional, Divisão de Manuscritos.
26,4,157

635. PACHECO, Félix. Carta a Alfredo Pujol agradecendo-lhe a remessa do exem-


plar do Estado com a conferência sobre Machado de Assis: cópia. Rio de Janei-
ro, 4/12/1915. 4 f. Cópia. Fotocópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacio-
nal. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,158

636. BARROSO, Gustavo. Carta a Coelho Neto sobre recordações da infância


e da casa do engenho de seus antepassados: cópia. Curió, 20/10/1914. 4 f. Cópia.
Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional. Gustavo Barroso sob pseudônimo
de João do Norte. Original na Divisão de Manuscritos, I-1,1,41.
26,4,159

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260

637. ABREU, Casimiro de. Carta a destinatário tratado pelo missivista como
“My dear”, referente a assuntos pessoais. Rio de Janeiro, 25/7/1859. 1 f. Cópia.
Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional,
Divisão de Manuscritos. Documento original na Divisão de Manuscritos. Corres-
pondência avulsa – A.
26,4,160

638. ABREU, Casimiro de. Carta que acompanha o envio de obras do autor a
destinatário desconhecido: cópia. Rio de Janeiro, [27/10/1859]. 2 f. Cópia. Ma-
nuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Di-
visão de Manuscritos. Original na Divisão de Manuscritos. Correspondência
avulsa – A.
26,4,161

639. ABREU, Casimiro de. Carta a sua irmã tratando de assuntos pessoais. Rio
de Janeiro, 6/2/1859. 2 f. Cópia. Manuscritos. Carimbo da Biblioteca Nacional.
Anotações de Darci Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos. Corres-
pondência avulsa – A.
26,4,162

640. ABREU, Casimiro de. Poema autógrafo de Casimiro de Abreu: cópia. [S.
l.], [s. d.]. 3 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional. Anotações
de Darci Damasceno. 2 cópias, sendo que uma incompleta.
26,4,163

641. ABREU, Casimiro de. Carta a Antônio Fernandes Camacho pedindo que
lhe envie roupas e material de escrita: cópia. [S. l.], 27/4/1860. 2 f. Cópia.
Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Original
in I-4,7,57.
26,4,164

642. BARBOSA, Domingos Caldas. Carta em versos ao conde de Oeiras: cópia.


[S. l.], [s. d.]. 6 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão
de Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno, cópia da coleção de autógrafos
de Ernesto Serra. Em anexo notícias biográficas sobre o autor.
26,4,165

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261

643. BARBOSA, Domingos Caldas. Versos ao conde de Oeiras: cópia. [S. l.], [s.
d.]. 1 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manus-
critos. Anotações de Darci Damasceno.
26,4,166

644. AZEVEDO, Álvares de. Carta a sua mãe com um poema autógrafo “A mi-
nha mãe”: cópia. São Paulo, 6/6/s. a. 3 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca
Nacional. Anotações de Darci Damasceno. Original na Divisão de Manuscritos,
I-9,5,66.
26,4,167

645. SILVA, Antônio Diniz da Cruz e. “Metamorfoses”. Caderno contendo os


seguintes poemas: 1 “A tejuca,” 2 “O cristal e o topázio”, 3 “A mariposa”, 4 “O
caulri”, 5 “O manacá” e “O beija-flor”, 6 “Bem-te-vi” “Macahé”: cópia. [S. l.],
[s. d.]. 18 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de
Manuscritos. Anotações de Darci Damasceno. Cópia 35 p. Letra do século XIX.
Original na Divisão de Manuscritos, I-7,16,41.
26,4,168

646. COSTA, Cláudio Manuel da. Carta a Luís Antônio de Sousa informando
sobre o envio de um volume de suas obras e um exemplar da oração escrita pelo
seu irmão José Antônio de Alvarenga: cópia. Vila Rica, 21/5/1771. 2 f. Fotocópia.
Manuscrito. Cópia do original da Coleção Morgado de Mateus, localizado em
I-30,10,29. Com anotações de Darci Damasceno. Duas cópias.
26,4,169

647. AZEVEDO, Álvares de. Carta a sua mãe sobre a vida cotidiana e seu esta-
do de espírito: cópia. São Paulo, 3/5/1851. 2 f. Cópia. Manuscrito. Carimbo da
Biblioteca Nacional. Anotações de Darci Damasceno. Original na Divisão de
Manuscritos, I- 9,5,65.
26,4,170

648. ABREU, Casimiro de. Carta a Cristóvão Corrêa e Castro sobre sua obra e
da saudade dos amigos: cópia. Rio de Janeiro, 1/4/1859. 3 f. Cópia. Manuscrito.
Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblioteca Nacional. Original na
Divisão de Manuscritos, I,9,5,4.
26,4,171

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


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262

649. RIO DE JANEIRO (cidade). Câmara Municipal. Edital estabelecendo a


nova divisão de distritos da cidade. Rio de Janeiro: Typographia de Lessa & Pe-
reira, 1833. 1 f. Fotocópia. Impresso.
26,4,172

650. MAPA de encanamento de água. Rio de Janeiro, 1832. 1 f. Cópia. Manus-


crito. Anotações de Darci Damasceno, folha em anexo.
26,4,173

651. ILUMINAÇÃO a gás no Rio de Janeiro: documentos: cópia. Rio de Janeiro,


1834-36. 14 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da
Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos.
26,4,174

652. SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO. Relatório


da comissão encarregada de interpor seu parecer sobre a fábrica de fiar e tecer al-
godão de Joaquim Diogo Hartley. Rio de Janeiro, 11/1/1848. Cópia. Manuscrito.
Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos. Anotações de Darci
Damasceno.
26,4,175

653. CARTA a d. Pedro I onde se pede que os encarregados da extinção dos


quilombos da corte sejam liberados para regressar a casa. Rio de Janeiro, [1822-
31]. 2 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damasceno. Carimbo da Biblio-
teca Nacional, Divisão de Manuscritos.
26,4,176

654. CONSELHO DO ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO. Parecer


sobre o requerimento de um empréstimo, por parte do imperador, para a fiação
de algodão de Joaquim Diogo Hartley. Rio de Janeiro, 16/8/1847. 2 f. Cópia.
Manuscrito.
26,4,177

655. ARCOS, conde dos. Ofício para o conde da Barca sobre a necessidade de
recolher todos os exemplares da obra O preto e o bugio no mato, considerada anti-
política. Bahia, 3/3/1814. 1 f. Cópia. Manuscrito. Anotações de Darci Damas-
ceno. Carimbo da Biblioteca Nacional, Divisão de Manuscritos.
26,4,178

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


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263

656. MONANCHIA Monogynia – Cana: Pacó seróca. [S. l.], [s. d.]. 1 f.
Reprodução fotográfica. Impresso.

F OTO G R A F I A S

Datas-limite: 1917-1964

Conteúdo: fotografias que, em sua quase totalidade, retratam a poetisa Cecília


Meireles, sozinha, em família ou com amigos. Entre os retratados estão Manuel
Bandeira, Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade.

Quantificação: 22 documentos

657. CECÍLIA Meireles em sua formatura. [Rio de Janeiro], [1917 ou 1918.]


18x13cm. Fotos Registro patrimonial: 940.151-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b.
1,1,16 nº 1

658. CECÍLIA Meireles chegando ao aeroporto de Nova Déli. Nova Déli, [1953].
12x18cm. Foto. Registro patrimonial: 940.152-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina,
p&b.
1,1,16 nº 2

659. CECÍLIA Meireles entre as décadas de 10 e 20: individuais. [S. l.], [1918-
192-]. 17x12cm a 25x18cm. Registro patrimonial: 940.153/156-26/12/1997-
D. 4 fotos: gelatina, p&b.
1,1,16 nos 3-6

660. CECÍLIA Meireles na década de 30: individuais. [S. l.], [193..]. 17x12cm
a 23x17cm. Registro patrimonial: 940.157/159-26/12/1997-D. 3 fotos: gelati-
na, p&b.
1,1,16 nºs 7-9

661. CECÍLIA Meireles entre as décadas de 40 e 50: individuais. [S. l.], [194- a
195-]. 9x13cm a 31x22cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.160/166-
26/12/1997-D. 7 fotos: gelatina, p&b.
1,1,16 nos 10-16

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 264

264

662. CECÍLIA Meireles na década de 60: individual. [S. l.], [196-]. 11x8cm a
21x14cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.167/174-26/12/1997-D. 8 fotos:
gelatina, p&b.
1,1,16 nºs 17-24

663. PÔSTER de Cecília Meireles: adulta, rosto de perfil. [S. l.], [195-]. 30x23cm.
1,1,16 nº 25

664. CASA onde nasceu Cecília Meireles na Tijuca: fachada da casa de frente e
lado, de lado e fundos. Sobrado sobre um açougue na antiga Rua São Luís, esqui-
na da Rua Colina, perto da Haddock Lobo. [Rio de Janeiro], [19–]. 9x9cm.
Fotos. Registro patrimonial: 940.176/179-26/12/1997-D. 4 fotos: gelatina, p&b.
1,1,17 nos 1-4

665. CECÍLIA Meireles com o primeiro marido Fernando Correia Dias. [S. l.],
[1931]. 9x6cm. Foto. Registro patrimonial: 940.180-26/12/1997-D. 1 foto:
gelatina, p&b.
1,1,17 nº 5

666. CECÍLIA Meireles e sua filha Maria Elvira, ainda de colo, no jardim da
casa de Fernando Correia Dias. [Rio de Janeiro], [192-]. 12x9cm a 18x13cm.
Fotos. Registro patrimonial: 940.181/184-26/12/1997-D. 4 fotos: gelatina, p&b.
1,1,17 nºs 6-9

667. CECÍLIA Meireles e sua filha Maria Fernanda, sentadas em um jardim. [S.
l.], [196-]. 13x18cm. Foto. Registro patrimonial: 940.185-26/12/1997-D. 1 foto:
gelatina, p&b.
1,1,17 nº 10

668. CECÍLIA Meireles com o segundo marido, Heitor Grillo, em viagem aos
Estados Unidos. Estados Unidos, [1940]. 18x13cm. Foto. Registro patrimonial:
940.186-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b.
1,1,17 nº 11

669. CASA de Cecília Meireles: fachada da casa no Cosme Velho, residência após
o segundo casamento até sua morte. [194- e 1964]. 14x18cm. Foto. Registro
patrimonial: 940.187-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b.
1,1,17 nº 12

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265

670. CECÍLIA Meireles com Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e


Vinícius de Moraes, sentados em um sofá. [Rio de Janeiro], [194- a 195-]. 16x13cm.
Foto. Registro patrimonial: 940.188-26/12/1997- D. 1 foto: gelatina, p&b.
1,1,17 nº 13

671. CECÍLIA Meireles com Arpad Szénes e provavelmente em segundo plano


a pintora Maria Helena Vieira da Silva. [S. l.], [194-]. 13x9cm. Foto. Registro
patrimonial: 940.189-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b.
1,1,17 nº 14

672. CECÍLIA Meireles na entrega de prêmios da Academia Brasileira de Letras


de 1938, com Melo Nóbrega, Antônio Austregésilo, Maria Jacinta, Vladimir
Emanuel, Martins de Oliveira. [Rio de Janeiro], [1939]. 20x25cm. Foto. Registro
patrimonial: 940.190-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b.
1,1,17 nº 15

673. CORREIA Dias com Vieira da Cunha e Olegário Mariano no jardim de


sua casa. [Rio de Janeiro], [192-]. 16x12cm a 25x18cm. Fotos. Registro patrimo-
nial: 940.191/194-26/12/1997-D. 4 fotos: gelatina, p&b.
1,1,17 nos 16-19

674. MANUEL Antônio de Almeida. [S. l.], [18–]. 13x9cm. Foto. Registro patri-
monial: 940.195-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b.
1,1,17 nº 20

675. CASA de Alberto de Oliveira: fachada. Rio de Janeiro, [19–]. 21x29cm.


Foto. Registro patrimonial: 940.196-26/12/1997-D. 1 foto: gelatina, p&b.
1,1,17 nº 21

676. ENCADERNAÇÃO da peça Quem porfia mata caça, Teatro Martins Pena.
[Rio de Janeiro], [19–]. 18x24cm. Fotos. Registro patrimonial: 940.197/198-
26/12/1997-D. 2 fotos: gelatina, p&b.
1,1,17 nºs 22-23

677. TIJUCA e Grajaú: as fotos apresentam prováveis referências à localização


da moradia do conde da Barca no século XVIII. Rio de Janeiro, [1986]. 9x13cm.
Fotos. Registro patrimonial: 940.199/200-26/12/1997-D. 941.301/316-
14/01/1998-D. 18 fotos: gelatinas, color.
1,1,17 nºs 24-25/1,1,18 nºs1-16

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266

678. FOLHA de rosto do códice rústico de Gregório de Matos. Rio de Janeiro,


[19–]. 10x6cm. Foto. Registro patrimonial: 940.800-3/8/1998-D. 1 foto: gelati-
na, p&b. Material adicional: envelope com informações manuscritas e tinta no
armário 26,2,223.
1,1,18 nº 17

I M P R E S S O S – L I V RO S

Datas-limite: 1961-1973

Conteúdo: obras literárias

Quantificação: 7 documentos

679. BRANDÃO, Tomás Pinto. Este é o bom governo de Portugal: antologia.


Prefácio, leitura do texto e notas de João Palma-Ferreira. Sintra: Europa-América,
1976. Em português. Contém anotações de Darci Damasceno. Antiga localiza-
ção: 26,1,160.
IMP 25,1,17

680. PORTO ALEGRE. Gonçalves de Magalhães: cartas a Monte Alverne.


Apresentação de Roberto Lopes. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1964.
Em português. Contém dedicatória de Roberto Lopes a Darci Damasceno.
Material anexo: um bloco de anotações feitas por Darci Damasceno. Antiga lo-
calização: 26,1,136.
IMP 25,1,18

681. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Vilancicos seiscentistas: [org. de] Darci


Damasceno. Rio de Janeiro: A Biblioteca, 1970. Em português. Material anexo:
folha com anotações de Darci Damasceno. Antiga localização: 26,1,137.
IMP 25,1,19

682. BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Vilancicos da Coleção Barbosa


Machado. Catálogo organizado por Rosemarie Erika Horch. Rio de Janeiro: A
Biblioteca, 1969. Em português. Antiga localização: 26,1,138.
IMP 25,1,20

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 267

267

683. GONÇALVES de Magalhães: trechos escolhidos por José Aderaldo Castelo.


Rio de Janeiro: Agir, 1961. Em português. Antiga localização: 26,1,135.
IMP 25,1,21

684. MEIRELES, Cecília. Poesias completas. São Paulo: Civilização Brasileira,


1973. Em português. Volume 6, contendo: Morena, pena de amor; Nunca mais...
e Poema dos Poemas; Baladas para el-rei. Contém anotações de Darci Damasceno.
Antiga localização: 26,1,50.
IMP 25,1,22

685. PERES, Fernando Rocha. O Pinto novamente renascido: biografia e an-


tologia de Tomás Pinto Brandão. Salvador: [s. n.o], 1971. Em português. Separata
de nos 8/9, jan./ago. 1971, pp. 215-249. Contém anotações de Darci Damasceno.
Antiga localização: 26,1,43.
IMP 25,1,23

ÍNDICE ONOMASTICO

ABREU, Casimiro de
634, 637, 638, 639, 640, 641, 648

AFFONSO, Rui
457

ALDEN, Dauril
581, 590, 591

ALEMÃO, Francisco Freire


146

ALENCAR, José de
550

ALMEIDA, Josefina Maria de


544

ALMEIDA, Lúcia Machado de


456

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


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268

ALMEIDA, Manuel Antônio de


538, 539, 540, 541, 542, 543, 616

AMORA, Antônio Soares


532

ANDRADE, Carlos Drummond de


56, 63, 432, 490

ANDRADE, Rômulo Garcia de


137

ARAGUAIA, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de


557, 576

ARCOS, conde dos


655

AYALA, Walmir
64, 65

AZEVEDO FILHO, Leodegário A. de


459

AZEVEDO, Álvares de
644, 647

AZEVEDO, Fernando de
491, 492

AZEVEDO, J. V. R. de
602, 603

BAENA
242

BARATA, Mário
130

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 269

269

BÁRBARA HELIODORA
116, 533

BARBOSA, Domingos Caldas


642, 643

BARBOSA, Francisco de Assis


82

BARBOSA, J. da C.
390

BARROS, João Marianno


545

BARROSO, Gustavo
636

BATAILLON, Marcel
425

BERRIEN, William
494

BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil)


70, 134, 143, 681, 682

BONFIM, Beatriz
111

BOSI, Alfredo
454

BOWERS, Fredson
427

BRAGA, Teófilo
614

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 270

270

BRANDÃO, José da Silva


92

BRANDÃO, Tomás Pinto


433, 434, 435, 679

BREU, Jerônimo Vieira de


582

BROCA, Brito
115

BURGAIN, Luís Antônio


609

CABRAL, Vicente Jorge Dias


200

CAMBARA, Isa
85

CANDIDO, Antonio
546

CARAUTA, Jorge Pedro Pereira


150, 151, 152

CARDOSO NETTO, José


574

CASTELO, José Aderaldo


683

CERQUEIRA FILHO, Gisálio


87

CHAMIE, Mário
57

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 271

271

CONCEIÇÃO, F. C. da
604

CONSELHO DO ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO


654

COSTA, Cláudio Manuel da


646

COSTA, José Daniel Rodrigues da


577

COSTA, Maurício da
199

COSTA, Osvaldo de Almeida


140

COUTINHO, Gastão Fausto da Câmara


596, 597

CUNHA, Waldir da
143

DAMASCENO, Darci
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23, 24,
25, 26, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 123, 124, 125, 143, 144, 149, 154,
155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 169,
170, 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184,
185, 186, 187, 188, 190, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 200, 201, 203, 204,
205, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 213, 214, 215, 216, 217, 218, 219, 220,
221, 222, 223, 224, 225, 226, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 235,
236, 237, 238, 239, 240, 241, 243, 244, 245, 246, 247, 248, 249, 250, 251,
252, 253, 254, 256, 257, 258, 259, 260, 261, 262, 263, 264, 265, 266, 267,
268, 269, 270, 271, 272, 273, 274, 275, 276, 277, 278, 279, 280, 281, 282,
283, 284, 285, 286, 287, 288, 289, 290, 291, 292, 293, 294, 295, 296, 297,
298, 299, 300, 301, 302, 303, 304, 305, 306, 307, 308, 309, 310, 311, 312,
313, 314, 315, 316, 317, 318, 319, 320, 321, 322, 323, 324, 325, 326, 327,

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 272

272

328, 329, 330, 331, 332, 333, 334, 335, 336, 337, 338, 339, 340, 341, 342,
343, 344, 345, 346, 347, 348, 349, 350, 351, 352, 353, 354, 355, 356, 357,
358, 359, 360, 361, 362, 363, 365, 366, 367, 368, 370, 371, 373, 374, 375,
376, 377, 378, 379, 380, 381, 382, 383, 384, 385, 408, 466, 547, 548, 681

DANTAS, Ondina
54

DARRIQUE, João Baptista


589

DEBRET, Jean Baptiste


554, 555, 556

DIAS, Roberto
31

DIFFIE, Bailey W.
627

DIMAS, Antônio
29, 30

DONATO, Ernesto
561

DUARTE, Afonso
505

FEIJÓ, J. da Silva
583

FERREIRA, David Mourão


78

FERREIRA, José Henrique


198

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 273

273

FERREIRA, Múcio P.
452

FERREIRA, Sônia Nolasco


94

FUNARTE
26

FUNDAÇÃO GREGÓRIO DE MATOS


31

GARBUGLIO, José C.
461

GÓIS, Damião de
426

GRILLO, Heitor
2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21

GROPPER, Symona
38

GUINSBURG, J.
462

HORCH, Rosemarie Erika


682

IGEL, Regina
103

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA


148

JAKOBSON, Roman
447

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 274

274

JOÃO, Rei de Portugal, 1521-1557


426

JOSÉ I, Rei de Portugal, 1714-1777


592

LA VALE, Meireles
66

LAMEGO, Adinalzir Pereira


147

LAVRADIO, Luís de Almeida Soares Portugal Alarcão Eça Melo Silva e Mas-
carenhas, marquês do
622

LEAL, José da Silva Mendes


536

LEMME, Pascoal
80

LEMOS, Tite de
100

LIMA, José Joaquim Lopes de


599

LOPES, Antônio
45

LOPES, Roberto
680

MACEDO, Diogo de
506, 507

MACHADO, Caetano Maurício


610

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 275

275

MACHMAN, Flora
59

MACKSEN, Luís
109

MAGALHÃES JÚNIOR, R.
127

MAGALHÃES, Augusto
484

MAIA, Manuel Rodrigues


605

MALFATTI, Anita
501
MARIA FERNANDA
36

MARTINS, Wilson
39, 42, 43, 88, 97, 98, 99

MATOS, Eusébio de
412

MATOS, Gregório de
386, 387, 388, 389, 413, 414, 416, 417, 418, 428, 429, 437, 441, 442

MATTOSO, Kátia M. de Queirós


620

MEIRELES, Cecília
53, 74, 79, 95, 443, 445, 446, 448, 449, 463, 464, 465, 467, 468, 469, 470,
471, 472, 473, 474, 475, 477, 478, 482, 483, 485, 567, 684

MELLO FILHO, Luís Emídio de


145

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 276

276

MELLO, Francisco
594

MELLO, José Antônio Gonçalves de


552

MELO, Veríssimo de
121

MENEZES, Djacir
91

MENEZES, Fagundes de
102

MERQUIOR, José Guilherme


51

MEYER, Augusto
84, 479, 480, 481, 486, 487, 488

MICHAILOWSKY, P.
489
MONTE-MOR, Janice de Mello
23

MONTELLO, Josué
110, 112

MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas


40, 44

MURICY, Andrade
83

NAVARRO, E.
86

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 277

277

NEVES, Francisco de Sousa


431

NIST, John
451

NUNES, Cassiano
117

OLIVEIRA, José de Osório de


503

OLIVEIRA, Marly de
55, 93, 458

OLIVEIRA, Sérgio Martins


24

PACHECO, Félix
635

PALMA-FERREIRA, João
679

PARKER, John M.
120

PAZ FILHO, Manuel Raimundo da


1
PEIXOTO, Afrânio
514

PENA, Martins
108, 516, 517, 518, 519, 520, 521, 522, 523, 524, 525, 526, 527, 528, 529,
530, 531, 535

PEREIRA, Justiniano da Cunha


601

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 278

278

PERES, Fernando da Rocha


27, 28, 32, 33, 34, 392, 393, 404

PERES, Fernando Rocha


685

PÉREZ, Renard
61

PIMENTEL, Osmar
460

POMPÉIA, Raul
364

PONTES, Cruz
136

PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo


553

QUEIROZ, Carlos
495

QUEVEDO Y VILLEGAS, Francisco


424

RABELO, Manuel Pereira


396

REIS, Floriano
25

REYES, Alfonso
502

RICARDO, Cassiano
476

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 279

279

RIO DE JANEIRO (cidade). Câmara Municipal


649

RIO DE JANEIRO (cidade). Prefeitura


133

RODRIGUES, Graça Almeida


426

RODRIGUEZ-MOÑINO, Antônio
425

RÓNAI, Paulo
37

ROSÁRIO, José Manuel do


571

SAMPAIO, Albino Forjaz de


612

SANTIAGO, Silviano
551

SCHMIDT, Augusto Frederico


453

SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO


652

SENA, Jorge de
455

SERPA, Alberto de
508, 509, 510, 511, 512

SILVA, Alberto da Costa e


35

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 280

280

SILVA, Antônio Diniz da Cruz e


645

SILVA, José Maria da Costa e


401

SILVA, Vítor Manuel Pires de Aguiar e


420

SILVEIRA, Miroel
513

SIQUEIRA, Sônia Aparecida


138

SOUSA-LEÃO FILHO, Joaquim de


129

SUBLIGA MINEIRA PRÓ-ESTADO LEIGO DE JUIZ DE FORA


1

SZENES, Arpad
76

TORRE, Guillermo de
122

TRIGO, Luciano
48

ÚRSULA C.
22

VELOSO, José Marianno da Conceição, frei


626

VERGARA, Telmo
493

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 281

281

VILLAÇA, Antônio Carlos


96, 101

WEHLING, Arno
371

Í N D I C E T E M AT I C O

Abreu, Casimiro de, 1839-1860 – Correspondência


634, 637, 638, 639, 641, 648

Administração – Rio de Janeiro – História – Fontes


622, 649, 650, 651

Agricultura – Brasil – História


590

Agricultura – Brasil – História – Fontes


139, 369, 370, 371, 383, 582, 592

Agricultura – Rio de Janeiro – História – Fontes


587

Alemão, Freire, 1797-1874


144, 375, 376, 377, 378, 380

Alemão, Freire, 1797-1874 – Arquivos


147, 149

Alemão, Freire, 1797-1874 – Biobibliografia


373

Alencar, José de, 1829-1877 – Biobibliografia


127

Alencar, José de, 1829-1877 – Correspondência


191, 539

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 282

282

Alencar, José de, 1829-1877 – Crítica e interpretação


125, 126, 190, 192, 350, 351

Algodão – Brasil – História – Fontes


652, 654

Almeida, Josefina Maria de – Correspondência


544

Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Arquivos


124

Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Biografia


189

Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Correspondência


538, 539, 540, 541, 542, 543

Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Crítica e interpretação


188, 341, 342, 343, 344, 345, 347

Almeida, Manuel Antônio de, 1831-1861 – Retratos


674

Alvarenga, Silva, 1747-1814 – Bibliografia


362

América do Sul – Arquivos – Guia


563

Andrade, Carlos Drummond de, 1902-1987 – Correspondência


432, 490

Andrade, Carlos Drummond de, 1902-1987 – Retratos


670

Andrade, Mário de, 1893-1945 – Crítica e interpretação


261

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 283

283

Anil – Brasil – História


196, 197

Anil – Brasil – História – Fontes


369, 370, 371, 581, 582, 591

Anil – Indústria – História – Fontes


584, 585

Anil – Indústria – Portugal – História – Fontes


583

Araguaia, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de, 1811-1822 –


Correspondência
557, 680

Araguaia, Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de, 1811-1882 –


Crítica e interpretação
683

Arquivo Geral da Prefeitura (Rio de Janeiro) – Guia


133

Arquivo Nacional (Brasil) – Periódicos


47, 48

Arquivos e arquivamento – Periódicos


141

Arquivos – América do Sul – Guia


563

Arquivos – Portugal – Guia


627

Astronomia – Observação – Brasil


44

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 284

284

Autógrafos brasileiros
74, 358

Autoria
272, 330

Autoria – Literatura – Crítica textual


222

Azevedo, Álvares de, 1831-1852 – Correspondência


644, 647

Azevedo, Fernando de – Correspondência


491, 492

Bahia – Bibliografia
243

Bahia – História – Fontes


430, 620

Bandeira, Manuel, 1886-1968 – Crítica e interpretação


97

Bandeira, Manuel, 1886-1968 – Retratos


670

Barbosa, Domingos Caldas, 1738-1800 – Correspondência


642, 643

Barca, conde da – Biografia


365
Barca, conde da – Biografia – Fontes iconográficas
677

Barreto, Lima, 1881-1922 – Biografia


82

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 285

285

Barros, João Marianno


545

Barroso, Gustavo, 1888-1954 – Correspondência


636

Berrien, William – Correspondência


494

Biblioteca infantil – Brasil


75

Biblioteca Nacional (Brasil) – Anais – Catálogos


630, 631

Biblioteca Nacional (Brasil) – Exposições – Catálogos


134

Biblioteca Nacional (Brasil) – Manuscritos


220, 421, 628

Biblioteca Nacional (Brasil) – Manuscritos – Exposições


136

Biblioteca Nacional de Coimbra – Manuscritos


164

Bibliotecas particulares – Catálogos


564, 613, 617, 633

Bibliotecas – Portugal – Guia


627

Botânica – Brasil
145, 146

Botânica – Estampas
656

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 286

286

Bragança (Família)
201

Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Crítica e interpretação


159

Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Bibliografia


234, 235, 236

Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Biobibliografia


679

Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Biografia


685

Brandão, Tomás Pinto, 1664-1743 – Poesia


156, 157, 158

Brasil – Botânica
143, 145

Brasil – Flora
143, 626

Brasil – História
322

Brasil – História – Bibliografia


178

Brasil – História – Domínio holandês, 1624-1654 – Fontes


552

Brasil – História – Fontes


142, 195, 628, 629

Brasil – História – Fontes – Bibliografia


359

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 287

287

Brasil – História – Humor – sátira etc.


575

Brasil – História – Período colonial, 1500-1822


581, 590

Brasil – Nordeste – Economia


148

Café – Brasil – História


139

Camarão, Antônio Felipe, 1580-1648 – Biografia


552

Cana-de-açúcar – Estampas
656

Cardoso Netto, José – Correspondência


574

Carneiro, João Álvares


571

Castro, Cristóvão Corrêa e – Correspondência


648

Castro, Fernanda de – Correspondência


470, 473

Censura – Brasil
179

Censura – Brasil – Bibliografia


305

Censura – Brasil – História


339

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 288

288

Censura – História – Fontes


655

Cochonilha – Brasil – História


198, 199

Coelho Neto, 1864-1934 – Correspondência


636

Coelho, Maria Dulce Lupi – Correspondência


471

Comédia – História
333

Comércio – Rio de Janeiro – História – Fontes


587

Conservatório Dramático Brasileiro


179, 180, 181, 325
Conservatório Dramático Brasileiro – História
312

Construção civil – Brasil – Custos – História


565

Contos folclóricos brasileiros – História e crítica


121

Costa, Cláudio Manuel da, 1729-1789 – Correspondência


646

Costa, Ludovina Soares da


595

Crítica textual
230

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 289

289

Crônicas brasileiras
53, 84, 445, 448, 449, 463, 464

Damasceno, Darci, 1922-1988 – Correspondência


1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 22, 23, 24, 25, 26,
27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 468

Darrique, João Baptista – Testamento


589

Debret, Jean Baptiste, 1768-1848 – Correspondência


554, 555, 556

Dias, Fernando Correia, 1893-1935 – Biografia


287

Dias, Fernando Correia, 1893-1935 – Retratos


665, 673

Dias, Gonçalves, 1823-1864 – Arquivos


132

Dias, Roberto – Correspondência


31

Dimas, Antônio, 1942 – Correspondência


29, 30

Diniz, Antônio – Biobibliografia


366

Duarte, Afonso, 1884-1958 – Correspondência


505

Educação – Brasil
80, 87

Escravos – Tráfico – Brasil – História – Fontes


586, 588

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 290

290

Escritores brasileiros – Congresso


46

Expedições científicas – Brasil


594

Falcão, Antônio Fernandes Camacho – Correspondência


641

Farmácia – Brasil – História


140

Fauna e flora – Piauí


200

Ficção brasileira
474, 616

Flora fluminense
143, 150, 151, 152, 153, 626

Flora – Brasil
143, 145, 146, 150, 151, 152, 153, 626

Folclore – Bibliografia – Exposições


85

Folclore – Brasil – Bibliografia


90

Genealogia – Bibliografia
163

Genealogia – Portugal
201

Gravuras
135

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 291

291

Grillo, Heitor – Correspondência


2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 432

Grillo, Heitor – Retratos


668

Hartley, Joaquim Diogo


652, 654

Heráldica – Portugal
201

Igreja da Glória (RJ)


537

Iluminuras de livros e manuscritos


619

Ilustração de livros
71, 73, 114

Imprensa – Brasil – História


185

Imprensa – História
185

Índia na literatura
50

Índia – Periódicos
72

Indústria têxtil – Brasil – História – Fontes


372, 652, 654

Indústria têxtil – Santa Catarina – História – Fontes


372

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 292

292

Indústria – Brasil – História – Fontes


592

Inquisição – Brasil – História – Fontes


138

Itaboraí (RJ) – Gravura


119
João do Norte
636

Lavradio, marquês do, vice-rei do Brasil, 1769-1779


629

Leilões de livros
632

Literatura alemã – Bibliografia


275

Literatura brasileira
59, 412, 443

Literatura brasileira – Bibliografia


223, 246, 320

Literatura brasileira – Crítica e interpretação


37, 42, 43, 57, 58, 86, 88, 91, 97, 98, 107, 112, 120, 123, 125, 168, 258, 259,
348, 349, 350, 351, 352, 431, 475, 532, 533, 546, 547, 548, 549, 550, 551,
566, 567

Literatura brasileira – Crítica e interpretação – Bibliografia


260

Literatura brasileira – Crítica textual


221, 428, 441

Literatura brasileira – História e crítica


60, 82, 127, 131, 221, 329, 476

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 293

293

Literatura brasileira – História e crítica – Fontes


362

Literatura brasileira – História – Fontes


121

Literatura espanhola – História e crítica


425

Literatura folclórica – Brasil


121

Literatura francesa – Bibliografia


275

Literatura portuguesa – Bibliografia


227, 228, 275

Literatura portuguesa – História e crítica


420, 426

Literatura – Bibliografia
161, 215

Literatura – Crítica e interpretação


39, 41, 92, 202, 203, 216, 244, 245, 427

Literatura – Crítica e interpretação – Periódicos


559

Literatura – Crítica textual


230, 272, 427

Literatura – História e crítica


99, 122, 202, 203, 212, 247, 282, 367, 368, 447

Literatura – Século XVII – Bibliografia


207

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 294

294

Literatura – Século XVII – Crítica e interpretação


205, 217

Literatura – Século XVII – História e crítica


205, 217

Literatura – Século XVIII – Bibliografia


207

Livreiros – Catálogos
104, 118, 580

Livros de horas
618

Livros – Censura – História – Fontes


655

Macedo, Diogo de, 1889-1959 – Correspondência


469, 472, 506, 507

Machado, Manuel Antônio Rodrigues – Correspondência


634

Magalhães, Augusto – Correspondência


484

Malfatti, Anita, 1889-1964 – Correspondência


501

Manuscritos medievais
618, 619

Manuscritos – Catálogos
564

Maria Fernanda, 1928 – Correspondência


36

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 295

295

Mariano, Olegário, 1889-1958 – Retratos


673

Materiais de construção – Brasil – Custos – História


565

Matos, Eusébio de, 1629-1692 – Biografia


224, 391

Matos, Gregório de, 1633?-1696


32, 437, 440, 569

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Bibliografia


38, 160, 208, 235, 241, 410, 411

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Biobibliografia


213, 409

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Biografia


209, 210, 211, 390, 392, 393, 394, 395, 396, 397, 398, 400, 402, 436

MATOS, Gregório de, 1633?-1696 – Comemorações de centenário


27, 28, 31, 34

MATOS, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica e interpretação


29, 30, 37, 43, 45, 238, 399, 431

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica literária


38

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica textual


403, 404, 407, 408, 441

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Edições


678

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Poesia


154, 155, 158, 165, 166, 386, 387, 388, 389

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 296

296

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Biobibliografia


214

Matos, Gregório de, 1633?-1696 – Crítica e interpretação


42

Meireles, Cecília, 1901-1964


8, 62, 63, 67, 68, 69, 451, 452, 453, 455, 460, 461, 476, 484, 488, 515

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Bibliografia


61, 101, 251, 252, 263, 273, 275, 276, 277, 278, 279, 281

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Biobibliografia


286

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Biografia


49, 52, 54, 64, 66, 90, 100, 102, 174, 249, 287

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Biografia – Fontes


248, 284

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Biografia – Fontes iconográficas


664, 669

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Correspondência


174, 468, 469, 470, 471, 472, 473, 479, 480, 481, 482, 486, 489, 490, 491,
492, 493, 494, 495, 496, 497, 498, 499, 500, 501, 502, 503, 504, 505, 506,
507, 508, 509, 510, 511, 512, 513, 514

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Crítica e interpretação


51, 55, 56, 57, 65, 66, 78, 93, 94, 100, 101, 103, 168, 171, 175, 176, 252, 253,
254, 255, 256, 257, 261, 264, 266, 267, 268, 269, 271, 273, 283, 285, 286,
288, 454, 456, 457, 458, 459, 462, 466

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Cronologia


250, 262, 274

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Entrevista


59

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 297

297

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Estudos literários


169

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Exposições


70, 85

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Poesia


16, 79, 167, 169, 172, 173, 177

Meireles, Cecília, 1901-1964 – Retratos


76, 77, 657, 658, 659, 660, 661, 662, 665, 666, 667, 668, 670, 671, 672

Menezes, Rodrigo José de, conde de Cavaleiros – Biografia


160

Meyer, Augusto, 1902-1970 – Correspondência


479, 480, 481, 486

Michailowsky, P. – Correspondência
489

Modernismo – Crítica e interpretação


259

Monte Alverne, Francisco do, 1784-1858 – Correspondência


680

Monte-Mor, Janice de Mello, 1927 – Correspondência


23

Moraes, Vinícius de, 1913-1980 – Retratos


670

Música portuguesa – Séculos XVI-XVIII


193, 194

Música portuguesa – Séculos XVI-XVIII – Bibliografia


163

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 298

298

Oeiras, conde de – Correspondência


642

Oliveira, Alberto de – Biografia – Fontes iconográficas


675

Oliveira, José Osório de, 1900 – Correspondência


503

Oliveira, Manuel Botelho de – Bibliografia


235

Oliveira, Manuel Botelho de – Crítica e interpretação


233

Orientalismo na literatura
92

Pacheco, Félix, 1879-1935 – Correspondência


63

Paz, Francisco Ramos, 1838-1919 – Correspondência


538, 540, 541, 542, 543

Peças teatrais – Catálogos


331

Pedro I, imperador do Brasil, 1789-1834


653

Pedro II, imperador do Brasil, 1825-1891


129

Peixoto, Afrânio, 1876-1947 – Correspondência


514

Pena, Martins, 1815-1848


295, 346, 521, 522, 523, 524, 532, 533, 534

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 299

299

Pena, Martins, 1815-1848 – Bibliografia


305, 306, 307, 308, 319, 337, 340

Pena, Martins, 1815-1848 – Biobibliografia


110, 303, 323, 324

Pena, Martins, 1815-1848 – Biografia


310, 326

Pena, Martins, 1815-1848 – Censura


293

Pena, Martins, 1815-1848 – Comédias


289, 290, 293, 300

Pena, Martins, 1815-1848 – Correspondência


291, 518, 519, 520

Pena, Martins, 1815-1848 – Crítica e interpretação


115, 116, 117, 291, 292, 296, 298, 299, 301, 302, 303, 311, 315, 318, 322,
335, 336

Pena, Martins, 1815-1848 – Cronologia


304, 309, 313

Peres, Fernando da Rocha, 1936-


440

Peres, Fernando da Rocha, 1936 – Correspondência


27, 28, 32, 33, 34

Pessoa, Fernando, 1888-1935 – Biografia


105

Pinheiro, Maciel – Correspondência


484

Pinho, A. de – Retratos
113

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 300

300

Pita, Antônio da Rocha – Biografia


160, 162

Poesia brasileira
79, 154, 156, 157, 158, 386, 387, 388, 389, 405, 406, 413, 414, 415, 416, 417,
418, 419, 423, 433, 434, 435, 439, 442, 443, 444, 446, 450, 451, 465, 467,
468, 475, 477, 478, 483, 485, 568, 570, 572, 578, 610, 640, 645, 683, 684

Poesia brasileira – Bibliografia


235

Poesia brasileira – Crítica e interpretação


83, 89, 96, 233

Poesia brasileira – Crítica textual


429, 430

Poesia brasileira – História e crítica


50, 95

Poesia espanhola – Crítica textual


424

Poesia espanhola – Século XVI – Bibliografia


226

Poesia espanhola – Século XVII – Bibliografia


226

Poesia italiana
106

Poesia portuguesa
685

Poesia portuguesa – Bibliografia


232, 240
Poesia portuguesa – História
50

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 301

301

Poesia portuguesa – História e crítica


401

Poesia portuguesa – Século XVI – Bibliografia


226

Poesia portuguesa – Século XVII – Bibliografia


226, 239

Poesia portuguesa – Século XVII – Crítica textual


229

Poesia portuguesa – Século XVIII – Bibliografia


237, 239

Poesia portuguesa – Século XVIII – Crítica textual


229

Poesia religiosa
573, 576

Poesia – Crítica textual


218, 219, 225, 231

Poesia – História e crítica


218, 219, 225

Poesia – Século XVIII – Bibliografia


206

Política brasileira – Periódicos


559

Pompéia, Raul, 1863-1895 – Correspondência


364

Porto-Alegre, Manuel de Araújo,


1806-1879 129

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 302

302

Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 – Arquivos


132

Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 – Biobibliografia


128, 353

Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 – Correspondência


553, 554, 555, 556, 557, 680

Porto-Alegre, Manuel de Araújo, 1806-1879 – Crítica e interpretação


130

Portugal – Economia – História – Fontes


583

Portugal – História – Fontes literárias


426

Portugal – História – Humor, sátira etc.


577, 579

Portugal – Música – História


681, 682

Portugal – Música – Século XVII


560, 561

Posse da terra – Rio de Janeiro – História – Fontes


621, 625

Pujol, Alfredo, 1863-1895 – Correspondência


364, 635

Queiroz, Carlos – Correspondência


495

Quilombos – Rio de Janeiro – História – Fontes


653

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 303

303

Quintana, Mário, 1906- – Crítica e interpretação


89

Reis, Floriano, 1922-1988 – Correspondência


25

Reyes, Afonso, 1889-1959 – Correspondência


502

Rio de Janeiro – Comércio – Século XIX


137

Rio de Janeiro – Fauna e flora


384, 385

Rio de Janeiro – História – Fontes


137, 138, 379, 621, 622, 623, 624, 625, 649, 650, 651

Rio de Janeiro – História – Século XIX – Bibliografia


360

Rio de Janeiro – História – Século XIX – Fontes


355, 356, 357, 361, 363

Rio de Janeiro – História – Século XVIII – Fontes


355, 356, 357, 361, 362, 363

Rio de Janeiro – Mapas


422, 562

Rolim, Cosme de Moura – Biografia


160

Romantismo (Literatura)
353

Romantismo (Literatura) – História e crítica


328

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 304

304

Romantismo – História
354

Salema (Família) – Genealogia


242

Salvador (BA) – História – Fontes


620

Sampaio, Francisco de Santa Thereza, frei, 1778-1830


576

Santa Catarina – História – Fontes


593

Santos, Noronha
133

São João del-Rei (MG) – Guia turístico


81

Serpa, Alberto de – Correspondência


508, 509, 510, 511, 512

Silva, Alberto da Costa e, 1931- – Correspondência


35

Silva, Antônio Diniz da Cruz e, 1731-1799


566, 567

Silva, Antônio José da, 1705-1739


558

Silva, Da Costa e, 1885-1950


96

Silveira, Miroel, 1914- – Correspondência


513

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 305

305

Simbolismo (Literatura) – Brasil – Bibliografia


270

Sousa, Luís Antônio de – Correspondência


646

Teatro brasileiro
181

Teatro brasileiro – Comédias


108, 516, 517, 525, 526, 527, 528, 529, 530, 531, 535, 536, 599, 600, 601,
602, 604, 605, 606, 608, 609, 611

Teatro brasileiro – Crítica e interpretação


532

Teatro brasileiro – Dramas


596, 597, 610

Teatro brasileiro – Edições


676

Teatro brasileiro – História


533, 534, 558, 595, 598

Teatro Nacional – Comédias


603, 607

Teatro – Bibliografia
178, 184

Teatro – Brasil – Bibliografia


307

Teatro – Brasil – Censura


318, 322

Teatro – Brasil – Crítica e interpretação


315, 316

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 306

306

Teatro – Brasil – História


115, 116, 117, 179, 180, 181, 186, 312, 318, 321, 325, 338, 339

Teatro – Brasil – História e crítica


314, 329

Teatro – Censura – Brasil – História


109, 111, 112, 179, 290, 295

Teatro – Crítica e interpretação


182, 183, 185, 187, 330

Teatro – História
182, 183, 187, 324, 332, 333

Teatro – História – Bibliografia


327, 334

Teatro – Portugal – História


612, 614

Teatro – Rio de Janeiro – História – Fontes


615

Teixeira, Joaquim José, 1811-1885 – Crítica e interpretação


317
Testamentos – Brasil
195

Urbanismo – Rio de Janeiro (RJ)


144

Urbanismo – Rio de Janeiro – História


380

Urbanização – Rio de Janeiro – História


149

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 307

307

Vasconcelos, Rufino de – Correspondência


518, 519

Veloso, José Mariano da Conceição, frei, 1742-1811


383, 384

Veloso, José Mariano da Conceição, frei, 1742-1811 – Bibliografia


382

Veloso, José Mariano da Conceição, frei, 1742-1811 – Biobibliografia


381, 385

Veloso, José Mariano da Conceição, frei, 1742-1811 – Biografia


153

Vergara, Telmo – Correspondência


493

Vieira, Antônio, 1608-1697 – Bibliografia


40

Vieira, Manuel Luís


590

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


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Preciosidades do Acervo
As xilogravuras do artista alemão Albrecht Dürer

Sandra Daige Antunes Corrêa Hitner


Pós-doutoranda em História da Arte, no Instituto de Artes
da Universidade Estadual de Campinas, com a tese Albrecht Dürer:
As Gravuras em Buril. Acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
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A
Fundação Biblioteca Nacional tem em seu acervo iconográfico uma
preciosa coleção de mais de meia centena de xilogravuras do renas-
centista alemão Albrecht Dürer (1471-1528). Nos últimos anos, rea-
lizou-se meticulosa pesquisa sobre cada uma das peças dessa coleção com o
objetivo de estabelecer suas respectivas autenticidade e ancianidade, o que tor-
na possível incluir a coleção na catalogação internacional. Em razão do seu
ineditismo no Brasil e, sobretudo, pela dependência de comparação com peças
autênticas que estão disponíveis somente no exterior, o trabalho durou qua-
tro anos, sendo finalizado em 2002, rendendo à autora o grau de doutoramen-
to na matéria.
A grande maioria das xilogravuras de Albrecht Dürer que integram o acervo
da Biblioteca Nacional origina-se das séries formadoras dos “três grandes livros”
de Dürer: O Apocalipse de São João, A Grande Paixão e A Vida da Virgem; e da
série formadora de um pequeno livro, denominada A Pequena Paixão. A investiga-
ção deteve-se primeiramente na qualidade de impressão de cada peça, a que se
seguiu minucioso exame da qualidade do papel e respectiva marca d’água. A aná-
lise propriamente dita examina as xilogravuras com lentes microscópicas, lâmpa-
da ultravioleta e, logo após, as fotografa sob infravermelho, a fim de comprovar
cientificamente cada passo do exame técnico.
Nascida das miniaturas flamengas, a xilografia na Alemanha foi formadora de
uma exclusividade artística que desencadeou a evolução das formas compositi-
vas de uma maneira muito ampla, clara e precisa, sendo a que primeiro alcançou
progresso artístico no século XV alemão. Textos medievais como Ars Moriendi,
Speculum humanae salvationis, entre outros, puderam ser complementados por
imagens, graças ao advento da impressão por Gutemberg em 1455.

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312

Por volta de 1470-75, as xilogravuras começaram a aparecer sistematicamente nas


edições de livros, e o uso da prensa se estendeu até às pequenas edições. Rapidamente
as “novas” técnicas chegaram a Nuremberg, cidade natal de Dürer, proporcionando
um grande desfrute cultural. Lá o movimento intenso em torno do trabalho para
ilustração de livros nos anos 80 ofereceu estímulo suficiente para a iniciação deste
jovem e ambicioso desenhista já em exercício nos principais ateliês da cidade.
Totalmente impregnada pelo espírito da arte flamenga, a arte na Alemanha
apresentava alguns dilemas, sobretudo no que diz respeito às definições estilísti-
cas. O surgimento da consciência artística desse povo nasceu aos poucos, e foi
somente por meio de impasses conceituais que conquistou suas próprias
concepções estéticas. O desenho
germânico tinha por objetivo sus-
citar a força da sensibilidade do es-
pectador. Seu traçado não era,
definitivamente, uma inscrição
carinhosa; abrupto, se assemelha-
va a um corte, a uma marca que
mais parecia rasgar e despedaçar.
Dobrava-se bruscamente em
ganchos incontidos, justapondo os
pontos como gráficos agitados ou
como dentes de um serrote, evo-
cando, no interior de seu simbo-
lismo, o cortante, o bico, a serra, a
lâmina; no intuito de impor, como
uma idéia fixa, a expressão de sua
dura sensibilidade espiritual.
A escolha dos temas, por sua
vez, revelava uma obsessão análo-
ga à severidade estilística: por
exemplo, a ferocidade das perso-
nagens, particularmente aquelas
que representavam os carrascos de
Cristo, de um realismo ímpar em
relação a todas as outras escolas
DÜRER, Albrecht. São João diante de Deus e dos bem- de arte, transmitiam fielmente a
aventurados. Xilogravura. Terceira imagem da série imagem da atrocidade, sangue e
Apocalipse de São João. Texto em latim no reverso. sofrimento.

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miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:27 PM Page 313

313

Para modelar formas, a estéti-


ca alemã servia-se, a princípio, de
linhas e entalhes grossos e incha-
dos, e era neste âmbito artístico
que obtinha tanto mérito na re-
presentação da multiplicidade dos
afetos humanos. As xilogravuras,
estampas originadas de matrizes
de madeira, sempre foram mais
populares que os buris, basica-
mente porque sua produção era
menos laboriosa, o que as benefi-
ciava consideravelmente no pre-
ço. Também não requeriam exa-
mes minuciosos do observador,
produzindo nele forte impacto e
reação psicológica direta.
Dürer manteve-se atento a este
tipo de percepção. Procurou tirar
o máximo proveito destas poten-
cialidades inerentes e até limitadas
da matriz de madeira. Isto não quer
dizer que seu sentimento para as
formas fosse diferente em outros
tipos de trabalho, mas era somente
DÜRER, Albrecht. Adoração do cordeiro místico.
desenhando em matrizes de madei- Xilogravura. Décima terceira imagem da série
ra que ele se permitia um exagero Apocalipse de São João. Texto em latim no reverso.
expressivo.
Depois de ter aprendido a ler e a escrever na escola, e apenas terminada sua
aprendizagem como ourives na oficina do pai, Dürer se deu conta que queria ser
pintor. Esta ambição, porém, não foi alcançada sem muita luta, gradual evolução
técnica e extraordinária percepção intuitiva. Para ele, a verdadeira essência do tra-
balho de arte jazia em sua forma, expressão direta da significação espiritual, e,
por isso, era inegável seu talento como desenhista. Ele foi o primeiro a abusar do
entrelaçamento de linhas para compor sombras, refinando o desenho plástico das
xilogravuras com o claro e o escuro. Dissolveu definitivamente a massa preta em-
pastada anteriormente usada na composição de ramagens, ornamentos, ou peque-
nos objetos, e espalhou-a em áreas, abrindo-as com linhas entrecruzadas, de

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314

maneira que a escuridão mais densa proporcionasse um outro tipo de impacto.


Sua contribuição para o aperfeiçoamento da metodologia da arte de gravar na
madeira foi definitiva, na medida em que, com a evolução e experiência de modu-
lar as tonalidades, os trabalhos se tornaram cada vez mais claros.
Crê-se que a elaboração das
matrizes para as primeiras grandes
séries de xilogravuras de Dürer
tenha sido realizada sob sua total
supervisão. Não é de hoje que
pairam dúvidas sobre o fato de
Albrecht Dürer ter, ou não, en-
talhado suas próprias matrizes de
madeira. A opinião dos historia-
dores a este respeito há muito é
absolutamente dividida. Para
aqueles que defendem a idéia de
que Dürer foi o artesão de suas
próprias matrizes, pelo menos no
início de carreira, pode-se dizer
que, no período em que foi apren-
diz, este envolvimento foi real.
Porém, a evidência de variações
na caligrafia de diversas obras de-
nuncia trabalho de mãos dife-
rentes, sem que com isso se des-
carte, naturalmente, a do próprio
artista.
Um mesmo número de argu-
DÜRER, Albrecht. O anjo que tem a chave do abis- mentos reforça, no entanto, o fato
mo. Décima-quinta imagem da série Apocalipse de de Dürer nunca ter cortado seus
São João. Originalmente sem texto no reverso.
blocos. Adam von Bartsch1 diz
que, se considerarmos o número de desenhos à mão que Albrecht Dürer deixou;
a abundância de estampas em metal traçadas com grande elegância e elaboradas
com talento inegavelmente sublime que fez; os quadros que pintou, geralmente
acabados com minúcia ímpar; se também calcularmos o tempo que empregou
para compor suas obras literárias e estudos sobre o Belo e a demanda de tempo
consumida pelas viagens que ele próprio registrou, não se pode crer que o artista
tenha tido disponibilidade suficiente para gravar o número prodigioso de gra-

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vuras em madeira que levam seu nome, tanto mais que a gravura em madeira é
um trabalho extremamente lento e puramente mecânico e, por conseqüência, in-
compatível com a impetuosidade do gênio e as ocupações nobres de um mestre
como Albrecht Dürer.
Bartsch diz que é possível es-
clarecer esta dúvida, pois, para ele,
Dürer definitivamente não prati-
cava a xilografia. O principal ar-
gumento do estudioso é o fato do
nome de Dürer aparecer sempre
com o epíteto de “pintor”, “dese-
nhista”, “editor de gravuras em
madeira”; nunca como “gravador”.
Ainda segundo Bartsch2, Jean
Neudorffer, que publicou em 1547
uma curta biografia de Dürer, disse
expressamente que Hieronymus
Resch foi quem escavou a maior
parte dos desenhos de Dürer nas
madeiras. Portanto, conclui-se que
peças que se distinguem por uma
bela execução pertencem a este
gravador de madeira e que as ou-
tras, às vezes nem sempre tão ela-
boradas, provêm de diferentes
gravadores.
Panofsky3 conta que enquanto
Dürer trabalhava na oficina de edi-
DÜRER, Albrecht. Reverso da estampa O anjo que
tores, nos primeiros anos de car-
tem a chave do abismo. O exemplar da Biblioteca Na-
reira, não talhava pessoalmente seus cional apresenta no reverso uma crucificação impressa
desenhos, já que esta tarefa fazia a sangüínea e uma madona orando, desenhada a lápis.
parte de um esquema divisor de tra-
balhos. No entanto, muitas vezes o fez, para se familiarizar com o processo técnico
e, sobretudo, a fim de demonstrar a força de suas intenções para os talhadores profis-
sionais, muito embora não lhe coubesse tal obrigação. Com o tempo, formou sua
própria equipe de talhadores que contava com uma nova geração de artesãos, como
era o caso de Hieronymus Andreae, chamado de “Formschneyder”, que talhou a
maior parte das xilogravuras de Dürer em meados de 1515.

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À ESQUERDA: DÜRER, Albrecht. Cristo carrega a cruz. Xilogravura. Sexta imagem da série
A Grande Paixão. Texto em latim no reverso.
À DIREITA: DÜRER, Albrecht. Reverso da estampa Cristo carrega a cruz. Texto em latim im-
presso em folha contendo arabescos incógnitos, acumulados sobretudo no rodapé, em bistre.

Por meio de registros deixados por outros artistas contemporâneos de Albrecht


Dürer é possível notar que havia um número considerável de xilogravadores su-
ficientemente habilidosos trabalhando nos ateliês somente como ajudantes do
artista. Bartsch4 cita, ainda, os nomes de Hans Glaser, Hans Guldenmund e Henri
Hondius. Estabelecidas as devidas afinidades entre artesãos e mestre, em casos
de pedidos simples ou que requeressem rápida resolução, acontecia de Dürer tam-
bém se servir do procedimento breve para desenhar, ou apenas esquematizar, o
desenho na prancha de madeira.
Bartsch5 explica que não haveria tão grande desigualdade de perfeição entre
as gravuras em madeira marcadas com o monograma de Dürer se ele as tivesse
elaborado em sua totalidade com as próprias mãos. Não haveria, portanto, exem-

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plos de monogramas vistos de maneira inversa, ou de linhas duplas, como é o


caso do que ocorre com freqüência na série do Apocalipse.
No que concerne à série da Pequena Paixão, no entanto, o renomado xilogra-
vador britânico John Thomson6 discerne nada menos do que quatro mãos dife-
rentes trabalhando no entalhe destes blocos. Ainda segundo Bartsch, há algumas
estampas que são belíssimas porque o próprio autor traçou o desenho sobre a
prancha e o gravador escavou com exatidão os intervalos entre os traços e as ha-
churas do desenho. Outras são medíocres, porque o gravador decalcou o dese-
nho privando-o, assim, de sua originalidade e de seu espírito primitivo. Outras
ainda são piores, porque o próprio gravador desenhou sobre a prancha a imagem
que ele copiou do original alterando completamente seu valor.
Há outras peças ainda que não podem ser consideradas ruins, apesar de muito
mal traçadas, devido ao fato do entalhador as ter elaborado sobre desenhos leves
e com bistre7 ou à sangüínea, movimentando-se às cegas sobre os contornos e
hachuras que, no original, já se encontravam suavizados ou apagados. Conseqüen-
temente, foram entalhadas de forma mais grosseira, ou com muita dificuldade.
O comércio das gravuras no interior e exterior da Alemanha assegurou a Dürer
certa facilidade na vida. Dürer morreu rico, e, segundo o próprio artista, era a
venda das xilogravuras que lhe fornecia rendimentos regulares, e com isso a possi-
bilidade de dar emprego nem sempre a tão bons artesãos quanto alguns men-
cionados pela historiografia, pois muitos deles eventualmente se assenhoravam
de algumas obras desviando-as do destino a que elas estavam determinadas.
As gravuras de Dürer se espalhavam pela Europa e participavam de todas as
grandes feiras comerciais de objetos de arte. Seu ateliê atravessava os anos difí-
ceis para a classe artística praticamente sem grandes problemas. Se ele próprio se
ausentava, era substituído por algum membro da família para a venda de arte nas
feiras, como, por exemplo, Agnes Dürer, sua mulher; para a produção das xilogra-
fias dispunha de auxiliares competentes como Hans Schäufelein, Hans Baldung
Grien e Hans Von Kulmbach, os três Hans, que vieram a se consagrar, mais tarde,
como grandes artistas.

***

As xilogravuras de Albrecht Dürer pertencentes à Biblioteca Nacional originam-


se da Real Biblioteca que veio para o Brasil com a corte portuguesa em 1808. O
acervo permaneceu durante os primeiros anos sem tratamento sistemático. Vinte
anos depois, estabeleceu-se uma primeira organização técnica com a criação da Seção
de Estampas (atual Divisão de Iconografia), que ficou sob a direção de José Zephyrino

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de Menezes Brum. Em 1885, Brum inaugurou uma grande exposição permanente


na Biblioteca Nacional com o acervo da seção, incluindo todas as peças herdadas de
Portugal. Quanto às gravuras de Albrecht Dürer, foram expostas as estampas que
ele julgou estarem em melhor estado de conservação, caso das xilogravuras. A expo-
sição durou cerca de 60 anos, conforme indicação no Catálogo da Exposição Per-
manente dos Cimélios da Bibliotheca Nacional8. Esse catálogo foi a primeira publi-
cação contendo o levantamento oficial do acervo da Biblioteca Nacional.

As estampas de Dürer vêm sendo examinadas por alguns especialistas há muitos


anos, e o resultado deste trabalho contínuo resultou em criteriosas relações, proces-
so este que, no caso da perícia que fizemos, se deu da seguinte maneira:
A perícia iniciou-se pelo papel onde se encontra a xilogravura estampada. Em
uma folha de papel antiga é possível observar os seguintes caracteres: vergaduras,
pontusais, e, a característica mais importante, a filigrana.As vergaduras são linhas
horizontais alternativas escuras e claras que podem ser vistas quando se observa
a transparência do papel. Os pontusais são traços perpendiculares aos fios hori-
zontais da vergadura. As filigranas são os vários tipos de desenhos marcados no
papel que, de uma maneira mais ou menos precisa e pontual, definem a idade
da folha.
Nos primeiros vinte anos do século XIV, as filigranas eram “nomes escritos”
de muitos papeleiros eventualmente originários de Fabriano (Itália) ou das proxi-
midades. Este procedimento foi abandonado, pois muito pouca gente sabia ler,
naquela época de ignorância geral, e este tipo de “marca” não atingia sua meta
de maneira eficiente.
Logo se tratou, então, de renunciar à escrita e adotar um signo qualquer que
estabelecesse relação direta com os papeleiros, fazendo desta marca uma assi-
natura particular.
Mais tarde, no começo do século XVI e com o progresso trazido pela ins-
trução, repetiu-se a idéia de filigranar as iniciais, ou o nome do papeleiro. Como
havia muitas oficinas de papel numa mesma região, as filigranas diferenciavam-
se pelos símbolos individuais ou pelas iniciais do nome do papeleiro, além de
marcas de proveniência normalmente acompanhando os brasões de cidades, ou
de estados.
Os papeleiros empregavam filigranas diferentes para designar a qualidade,
por exemplo: a “torre” designava papel de boa qualidade; a “cabeça de boi sem
olhos com haste em cruz”, papel de média qualidade; a “buzina de caçador”,
o ordinário.

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Para definir uma filigrana, é necessário fazer uma comparação entre as dispo-
níveis, pois, em muitos papéis, a marca é indistinta, mal vista, e às vezes um
pouco apagada, conforme a maneira que se encontra estampada.
Não se conhece o motivo que levou ao emprego das filigranas. É possível que a
mesma marca tenha sido usada simultaneamente por muitas oficinas, tanto que
era comum o aparecimento de contrafações das marcas mais em voga na época.
Mas as contrafações, a julgar pelos casos conhecidos, não tinham uma identida-
de absoluta com o modelo padrão dos desenhos e não passavam de simples imi-
tações, por vezes assaz grosseiras. E ainda, quando uma marca era muitas vezes
contrafeita, e acabava por se tornar banal, cada papeleiro a reforçava de uma
maneira particular ou a fazia acompanhar de um signo distintivo que permitia a
ele reconhecer seus próprios produtos.
Quanto à qualidade das impressões, de maneira geral, as matrizes de madeira
de Dürer foram expostas a todo tipo de danos em conseqüência da utilização de-
masiada, e da má conservação, tanto que hoje em dia pouquíssimas conseguiram
atravessar a história. A irregularidade das impressões, resultantes de fendas, la-
cunas e da dilapidação causadas por carunchos, fez com que algumas matrizes
fossem corrigidas ao longo do tempo de maneira habilidosa, mas outras nem tan-
to. Naturalmente estes danos tornaram-se visíveis e reconhecíveis. Casos de li-
nhas duplicadas podem ser explicados pelo deslocamento do papel durante o
processo da impressão. Estas duplicações podem ter sido efeito da tensão excessi-
va da prensa, que tonalizou somente algumas partes, deixando a impressão desigual.
Ao serem duplicadas, as linhas que seriam difíceis de enxergar dão a falsa impres-
são de serem fortes. Estampas excessivamente claras são causadas pela exaustão
da tiragem. Em outros casos, são resultantes de uma limpeza não homogênea, de
modo que algumas partes deixam de ser atingidas pela impressão, tais como as
áreas de finas camadas de tinta ou mesmo as áreas vazias.
Outro dano comum às impressões foi causado pela tesoura, usada com o obje-
tivo de eliminar completamente manchas de sujeira ou rasgões. Este procedimen-
to ocorreu também no caso de blocos com molduras largas, cujo entintamento
de forma descuidada produzia linhas de borda borradas que tinham de ser endirei-
tadas e, portanto, acabavam por tornarem-se “estreitas”.
As estampas do acervo da Biblioteca Nacional foram rigorosamente obser-
vadas, sendo permanentemente re-conferidas em seus detalhes diante do próprio
livro fac-símile9 da primeira edição de 1511 dos “três grandes livros” de Dürer
(O Apocalipse, A Grande Paixão e A Vida da Virgem), que serviram de modelo
de impressão; foram também importantíssimos os vários estágios feitos no exte-
rior, onde foi possível lidar com as peças originais das coleções européias, e, prin-

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cipalmente, a grande colaboração profissional de especialistas no assunto que


forneceram material de pesquisa de primeira linha.
O modo de dispor as informações sobre as peças assemelhou-se à usada nos
Corpus flamengos e europeus. Contudo, tal distribuição de informações não obe-
deceu à tamanha rigidez, uma vez que se tratou da análise de séries absoluta-
mente heterogêneas que não se incorporavam ao mesmo conjunto editorial.
Por fim, a pesquisa gerou um catálogo sistemático com o laudo de cada uma
das peças – o que, como já foi dito, representou a avaliação objetiva do acervo bra-
sileiro e a sua introdução no âmbito internacional, ações muito importantes para
a valorização deste grande patrimônio cultural dos brasileiros.

N OTA S :

1 – BARTSCH, Adam von. Le peintre graveur, les vieux maitres allemands, vol. VII,
2nd partie, A. Dürer, Leipzig, Imprimerie de C.W. Vollrath, 1866, p. 7.
2 – BARTSCH, Adam von. Op. Cit. ps. 8,9,10.
3 – PANOFSKY, Erwin: Albrecht Dürer, vol. I, Princeton, 1945, p.46.
4 – BARTSCH. Adam vonBartsch, idem, p. 12.
5 – BARTSCH, Adam von. Op. Cit., vol . VII, nota 9, p. 26.
6 – Apud (catálogo) Albrecht Dürer : Woodcuts and Woodblocks, Edited by Walter
Strauss, Abaris Books, New York, 1980, p. 620.
7 – Bistre: mistura de fuligem e goma, empregada em desenho e pintura.
8 – Publicado sob a direção de João Saldanha da Gama, Rio de Janeiro, G. Leuzinger e
Filhos, 1885, p.578 a 678.
9 – Fax simile der Originalausgaben – Nürnberg 1511 Die Drei Grossen Bücher:
Marien Leben; Grosse Passion; Apokalypse, Herausgegeben und Kommentiert
von Matthias Mende Anna Scherbaum, Rainer Schoch, Verlag Dr. Alfons Ühl,
Nördlingen, 2001.

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Relatório da Presidência
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I - P L A N E J A M E N TO E A D M I N I S T R A ² AO

1. Orçamento

A
Fundação Biblioteca Nacional contou, no exercício de 1999, com orça-
mento de R$ 24.603.613,00 (vinte e quatro milhões, seiscentos e três
mil, seiscentos e treze reais), dos quais R$ 16.693.207,00 (dezesseis mi-
lhões, seiscentos e noventa e três mil, duzentos e sete reais) foram destinados às
despesas com Pessoal e Encargos Sociais e R$ 7.910.406,00 (sete milhões, nove-
centos e dez mil, quatrocentos e seis reais) para gastos com Outras Despesas
Correntes e Capital.
Desenvolvemos projetos em parceria com outras instituições, dentre os quais des-
tacamos: Formação de Núcleos Promotores de Ações na Área da Leitura, com o
Ministério da Educação e Cultura/Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa-
ção, no valor de R$ 300 mil (trezentos mil reais); Programa de Bolsas de Apoio à
Tradução de Obras de Autores Brasileiros em outros Idiomas; Revitalização de Acervos
da FBN; Implantação da Biblioteca Virtual e Análise Técnica de Projetos Culturais,
com o Ministério da Cultura, no valor de R$ 292.213,00 (duzentos e noventa e
dois mil duzentos e treze reais); e IV Concurso Os Melhores Programas de Incentivo
à Leitura junto a Crianças e Jovens de Todo o Brasil e Dicionário Cravo Albin, com
o Ministério da Cultura, no valor de R$ 140 mil (cento e quarenta mil reais).

Feitas as devidas alterações de acordo com as necessidades da FBN, os recur-


sos ficaram assim distribuídos:

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PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS ......................................R$ 16.693.207


Ativo ........................................................................................R$ 11.478.766
Inativo ........................................................................................R$ 4.205.270
Sentença Judicial ........................................................................R$ 1.009.171

ÁREA MEIO ..............................................................................R$ 5.860.712


Manutenção ................................................................................R$ 3.954.151
Obras ............................................................................................R$ 335.478
Benefícios ..................................................................................R$ 1.414.887
Informática ......................................................................................R$ 97.900
Organismos Internacionais ..............................................................R$ 58.296

ÁREA FIM ................................................................................R$ 2.781.907


Presidência (Proler e Direito Autoral) ............................................R$ 633.644
D N L ........................................................................................R$ 1.166.538
D P T ............................................................................................R$ 497.585
D R D ..........................................................................................R$ 484.140

T O T A L ................................................................................R$ 25.335.826

A aplicação desses recursos permitiu a realização de vários programas, como


os seguintes:

1. Toda Criança na Escola: em parceria com o MEC/FNDE, foram aplicados


R$ 300 mil (trezentos mil reais) em ações de formação continuada de professores,
operacionalizadas por meio de encontros estaduais de profissionais de leitura, as-
sessorias, consultorias, fóruns de discussão e cursos de formação de promotores
de leitura.

2. Previdência de Inativos e Pensionistas da União: foram aplicados R$ 4.205.270,00


(quatro milhões, duzentos e cinco mil, duzentos e setenta reais), para pagamen-
to de salários de servidores inativos e pensionistas.

3. Assistência ao Trabalhador: em benefícios assistenciais aos servidores e empre-


gados, foram aplicados R$ 1.414.887,00 (hum milhão, quatrocentos e quatorze
mil, oitocentos e oitenta e sete reais) destinados à assistência médica, vale-transpor-
te, auxílio-refeição e auxílio-creche .

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4. Brasil Patrimônio Cultural: com a finalidade de preservar o patrimônio cultu-


ral brasileiro, foram aplicados recursos de R$ 616.276,00 (seiscentos e dezesseis
mil, duzentos e setenta e seis reais), buscando proporcionar à presente e às futu-
ras gerações acesso aos bens formadores da história e da cultura nacionais.

5. Livro Aberto: foram aplicados R$ 3.588.378,00 (três milhões, quinhentos e


oitenta e oito mil, trezentos e setenta e oito reais), com a finalidade de promover
a circulação do livro, facilitando o acesso do cidadão ao conhecimento, incentivar
o hábito da leitura em todas as regiões do país visando ao resgate da cidadania,
divulgar o autor brasileiro no país e no exterior e estimular a produção literária
por meio de bolsas e prêmios.

6. Produção e Difusão Cultural: com o objetivo de resgatar, incentivar e consoli-


dar a identidade nacional por meio da obra brasileira foram aplicados
R$ 153.684,00 (cento e cinqüenta e três mil, seiscentos e oitenta e quatro reais)
na participação de feiras nacionais e internacionais de livros e no registro de di-
reitos autorais.

7. Gestão da Política de Cultura: para manter o Sistema Nacional de Informações


Culturais, foram aplicados R$ 227.900,00 (duzentos e vinte e sete mil e novecen-
tos reais), de modo a socializar o acervo de conhecimentos, dados e indicadores
disponíveis no setor, bem como difundir atividades culturais mediante a utiliza-
ção de meios eletrônicos e da rede mundial de computadores.

8. Gestão da Participação em Organismos Internacionais: a FBN coordena as es-


tratégias fundamentais para o entrelaçamento de três dos mais importantes alicer-
ces da cultura brasileira: biblioteca, livro e leitura. Para manter nível de excelên-
cia em seus serviços, a FBN participa ativamente de organismos internacionais
que articulam ações e programas voltados para essas áreas. Com recursos de R$
58.296,00 (cinqüenta e oito mil, duzentos e noventa e seis reais), contribuímos
para os seguintes organismos: Centro Regional para Fomento do Livro na América
Latina e Caribe (CERLALC), Federação Internacional de Informação e Documen-
tação (FID), Associação de Estudos Brasileiros (Brasa), Agência Internacional do
Número de Padrão Internacional p/Músicam (ISMN) e Federação Internacional
de Bibliotecas, Associações e Instituições (Ifla).

9. Apoio Administrativo: foram aplicados recursos de R$ 13.426.486,00 (treze


milhões, quatrocentos e vinte e seis mil, quatrocentos e oitenta e seis reais), em

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despesas com pagamento de pessoal ativo e manutenção de serviços de adminis-


tração geral.

10. Operações Especiais Cumprimento de Sentenças Judiciais: foram aplicados


recursos de R$ 1.009.171,00 (hum milhão, nove mil, cento e setenta e um reais).

2. Arquitetura

Destacamos as obras de manutenção do prédio principal e suas edificações, feitas


com o objetivo de oferecer mais conforto e segurança nas instalações, praticidade
na localização do acervo e melhores condições de preservação dos livros. Além
de pintura, mobiliário, piso, vidraçaria e reaproveitamento de espaço, foram feitas
ainda a reestruturação do sistema elétrico, com nova distribuição dos circuitos
de iluminação e tomadas; a reforma total do acesso da Rua México; a reestrutura-
ção do acesso da Av. Rio Branco, com instalação da área de recadastramento e
recepção; a instalação da Loja do Livro no segundo andar do prédio sede; a recupe-
ração geral do sistema de pára-raios; a instalação de circuito fechado de TV; a re-
cuperação do sistema de detecçã ão da calçada, marquise e impermeabilização de
jardineiras; e conservação da Biblioteca Demonstrativa de Brasília, com execução
de serviços de paisagismo.

I I A B I B L I OT E C A

A) REFERÊNCIA E DIFUSÃO

1 Difusão e Intercâmbio Cultural

O atendimento ao público, que este ano alcançou a cifra de 134.865 usuários e


251.566 peças consultadas, recebeu, mais uma vez, especial atenção. Várias me-
didas foram adotadas com vistas à qualificação desses serviços, como a revisão de
procedimentos de empréstimo de obras nos salões de leitura, a construção e análise
de dados estatísticos, a avaliação, manutenção e atualização de catálogos em li-
nha e bases de dados locais e a análise diária das sugestões de usuários registradas
nos boletins Ouvindo o Leitor.
Investiu-se, também, no inventário de acervos, principalmente no armazém
de Obras Gerais, área com maior índice de público. O projeto de inventário do

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1º Andar de Obras Gerais, com mais de 120 mil peças levantadas, beneficiou o
atendimento, reduzindo o tempo de espera do leitor. Considerado o mais com-
plexo inventário do acervo, pois nesse andar as obras eram arquivadas de acordo
com o número de classificação, o projeto permitiu transformar a localização pro-
visória em localização fixa, readequar as “coleções incompletas”, identificar as
obras raras, transferindo-as para o setor adequado e, também, as obras estrangeiras
para as áreas devidas.
Embora seja reconhecida a melhoria dos serviços prestados ao público, ainda
é necessária a qualificação das áreas de pesquisas, mediante investimentos em tec-
nologias de transferência da informação e criação de novos suportes da informa-
ção que contribuam para a preservação dos originais e agilidade das pesquisas.
Para divulgar o acervo, o Departamento de Referência e Difusão desenvolveu
importantes projetos de resgate e divulgação de acervos históricos, por meio de
edições especiais ou de exposições. O projeto O Brasil e os Holandeses, com o
apoio financeiro do Banco Real, possibilitou a restauração da obra de Gaspar Barléus,
que registra a invasão holandesa no Brasil durante o governo de Maurício de Nassau.
O projeto editou também o livro de arte O Brasil e os holandeses e o CD-Rom inte-
rativo com a edição fac-similar do livro de Gaspar Barléus, além de apresentar as
metodologias de restauração da obra. Vale registar que o livro O Brasil e os holande-
ses, publicado em português, inglês e holandês, foi considerado, pelos jornais O
Globo e Jornal do Brasil, uma das melhores publicações destinadas a comemorar os
500 anos do descobrimento do Brasil. A obra de Barléus, incluindo-se 55 pran-
chas de Frans Post, foi exposta na sede do Banco Real, em São Paulo e Belo Horizonte,
e no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em outra importante parceria, esta com a Prefeitura da Cidade do Rio de Ja-
neiro, a Biblioteca Nacional, por meio do Departamento de Referência e Difusão,
emprestou gravuras do seu acervo das coleções Albrecht Dürer (1471-1528),
Oswaldo Goeldi (1895 e Giovanni Piranesi (1720-1778) para a Mostra Rio Gra-
vura, promovida pela Rio Arte. Com esta parceria, a Biblioteca Nacional recebeu o
apoio financeiro necessário para restauração da coleção Piranesi e a doação de
uma máquina obturadora de papel, que foi instalada no Laboratório de Restau-
ração. Ainda em parceria com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, realizamos,
em agosto e setembro, a exposição Cordel: o Imaginário Popular, integrada ao
roteiro do evento Mês da Gravura.
Merecem destaque também as atividades programadas em conjunto com o
Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro
e destinadas a celebrar os 50 anos da morte de Artur Ramos, um dos mais im-
portantes antropólogos brasileiros. Em dezembro, realizou-se o seminário Diário

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de Campo: Arthur Ramos, os Antropólogos e as Antropologias, que realçou sua


atuação na área das ciências sociais e como representante do Brasil e da América
Latina na Unesco, onde foi o primeiro diretor do Departamento de Ciências
Sociais. Foi também concluído o inventário do arquivo Arthur Ramos, conjun-
to de aproximadamente 5 mil documentos adquirido pela Biblioteca Nacional
nos anos 50 do século passado que será publicado na coleção Rodolfo Garcia.
Também por meio do Departamento de Referência e Difusão, foi assinado
convênio com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o Conselho Nacional
de Arquivos (Conarq) para as comemorações dos 500 anos do descobrimento do
Brasil. As ações resultantes do convênio ficarão sob a coordenação da Comissão
Luso-Brasileira de Salvaguarda e Divulgação do Patrimônio Documental, na qual
a Fundação Biblioteca Nacional está representada pela chefia da Divisão de Ma-
nuscritos. Como efeito dessa parceria, dez estagiários fizeram o inventário das
coleções Inquisição em Goa (1.630 documentos), Inconfidência Mineira (30 do-
cumentos), Tiradentes (250 documentos) e Macedo (1.468 documentos).
Cabe destacar ainda a criação do projeto de tradução para o português da obra
Geografia, de Cláudio Ptolomeu. Feita com base na edição existente no acervo
da Biblioteca Nacional, em latim e datada de 1486, terá a participação de espe-
cialistas em Letras Clássicas e História Medieval de universidades brasileiras, como
a Universidade Federal Fluminense, e do exterior, entre as quais a Universidade
de Coimbra, em Portugal.
Por último, cabe destacar também o projeto Museu Ebal, cujo objetivo prin-
cipal é incorporar ao acervo as coleções históricas da Editora Brasil-América,
recentemente doadas à FBN. Estimado em 30 mil peças, este conjunto documen-
tal é representativo da história da editora criada em 1933 por Adolfo Aizen. A
Ebal trouxe para o Brasil as histórias em quadrinhos americanas editadas pela
King Feature Syndicate, incentivando a produção dos quadrinhos nacionais.
Integram o acervo a arte-final de obras como História do Brasil em quadrinhos e
Casa grande & senzala, com desenhos de Ivan Wash Rodrigues, e títulos como
Menino de engenho e Iracema, ilustrados por André Le Blanc.

1.1 Exposições e Mostras do Acervo

Ainda por meio do Departamento de Referência e Difusão, foram organizadas,


ao longo do ano, uma série de pequenas mostras: Cordel: o Imaginário da Gravura
Popular (evento integrado à Mostra Rio Gravura, promovido pela Prefeitura do
Rio de Janeiro); Fontes Nativas (Dia do Índio); Ataulfo Alves (pelos 100 anos

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de nascimento do compositor); Microfilmar para Preservar (sobre o processo de


microfilmagem adotado na FBN); Era uma vez uma cidade (aniversário da cidade
do Rio de Janeiro); Nelson Werneck Sodré (homenagem ao autor por ocasião de
sua morte em janeiro); Grover Chapmam (homenagem ao gravador, que doou
seu acervo à FBN); 200 Anos de Balzac; Talento & Engenho (As Grandes Inven-
ções. As Máquinas do Progresso. Terra, Mar e Ar); e Arthur Ramos (assinalando
os 50 anos de sua morte);
Já em parceria com outras instituições culturais do país, a Biblioteca Nacional
cedeu peças do seu acervo raro para exposições realizadas por outras instituições:
D. João VI: um Rei Aclamado na América, no Museu Histórico Nacional; O
Brasil Redescoberto, no Paço Imperial; Oswaldo Goeldi, no Espaço Cultural dos
Correios; Albrecht Dürer: O Apogeu do Renascimento Alemão, no Museu
Nacional de Belas Artes, e Piranesi: Ruínas e Fantasias, no Centro de Arquitetura
e Urbanismo.

1.2 Atendimento ao Público

Em 1999, o atendimento ao público foi feito de 2ª a 6ª feira, das 9 às 20 horas,


e aos sábados, das 9 às 15 horas.
Os gráficos abaixo revelam o atendimento em cada uma das divisões que in-
tegram o Departamento de Referência e Difusão.

Público Atendido por Área/Divisões 1999

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Atendimento segundo o Turno 1999

Atendimento à Distância Pesquisas Bibliográficas* 1999

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2 - Intercâmbio Técnico

Técnicos do Departamento de Referência e Difusão participaram dos seguintes


eventos: mesa-redonda Instituições de Pesquisa e seus Acervos, promovida pela
Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro; Encontro de Pesquisadores e Pro-
fessores em História da Educação; mesa-redonda Arquivos do Rio de Janeiro:
Fontes para História da Educação no Brasil, promovida pela UFRJ/Fórum de
Ciência e Cultura, Rio de Janeiro; Encontro Internacional sobre Conservação do
Patrimônio Bibliográfico e Documental em Clima Subtropical, promovido pelo
Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico Espanhol, realizado em
Santa Cruz de la Palma - Canárias; visita técnica à Biblioteca Nacional da Espanha
e de Nova York - EUA, para fins de intercâmbio nas áreas de acervo de desenhos,
gravuras, fotografias e de tecnologia digital; Mesa-redonda Nacional de Arquivos,
promovida pelo Banco Mundial, Organização dos Estados Americanos, Conselho
Nacional de Arquivos (Conarq) e Arquivo Nacional do Brasil; curso Escuela de
Archivos para Iberoamérica, promovido pelo Ministério da Cultura da Espa-
nha/Biblioteca Nacional da Espanha; Bolsa de Estudo da Biblioteca Nacional de
Lisboa; Curso de Descrição Arquivística, realizado no Arquivo Nacional, tendo
como docente Michael Cook (Arquivo Nacional da Inglaterra e Conselho Inter-
nacional de Arquivos) e Encontro Nacional de Acervos Literários Brasileiros, pro-
movido pela PUC-RS.

3 - Cursos e Seminários

A área de Referência e Difusão também promoveu o curso Coleções Especiais:


Livros e Periódicos Raros e a oficina Identificação e Representação de Manuscritos,
a partir da qual foi elaborada uma metodologia de descrição de acervos ma-
nuscritos.
Outro evento foi a série Seminários Musicais, a cargo de músicos e musicólo-
gos brasileiros, tendo como referência o acervo da Divisão de Música. Progra-
mação: Ernesto Nazareth e o Tango Brasileiro, Marcelo Verzoni; A MPB na Era
do Rádio, Jairo Severiano; Guerra-Peixe: sua Evolução Estilística à Luz das Teses
Andradeanas, Antônio Guerreiro; Estrutura e Linguagem da Obra de Ricardo
Tacuchian; Ricardo Tacuchian; A Harmonia Criativa: uma Descrição dos Pro-
cedimentos Didáticos de Luiz Eça, Sheila Zagury; Nacionalismo Musical do Século
XX: a Visão do Compositor, João Guilherme Ripper e Composições: Estilo e
Escolhas, Marisa Resende.

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4 - Processamento Técnico do Acervo

No âmbito de suas atividades permanentes, a área de Referência e Difusão de-


senvolveu uma série de ações de processamento técnico do acervo especializado
e geral. As principais ações foram as seguintes:

4.1 - Documentos manuscritos: revisão e complementação da identificação dos


documentos da coleção Artur Ramos e elaboração de catálogo com, aproxima-
damente, 5 mil verbetes; identificação de 3.069 documentos da coleção Beatrix
Reynal; arranjo e identificação de 40 documentos da coleção Blanche Ribeiro
Gomes, já disponíveis em base de dados no site da Biblioteca Nacional; reorga-
nização dos documentos da coleção Casa dos Contos, elaboração de mapa da
capitania de Minas Gerais, revisão parcial e continuidade de registros; organiza-
ção e identificação de cerca de 2 mil documentos da coleção Linhares; organi-
zação e identificação de seis documentos da coleção marechal Rondon, já dis-
poníveis no site da FBN; identificação e acondicionamento de 461 documentos
da coleção Mário Barreto, ainda não concluídos; higienização, identificação, lo-
calização topográfica, registro e acondicionamento de 150 fotografias e desenhos
da coleção Percival Farcqhuar, restando o tratamento da documentação textual;
identificação e troca de pastas de 154 documentos da coleção Portugal, em an-
damento; identificação e troca de pastas de 646 documentos da coleção Tobias
Monteiro, em andamento; sistematização das informações relativas às coleções
que compõem o acervo, a fim de aprimorar a qualidade da informação prestada
ao usuário pelo Guia de coleções; identificação das obras impressas existentes na
Divisão de Manuscritos, setor Impressos, tornando-as recuperáveis por autor, tí-
tulo, assunto e localização física, mediante sistema de entrada de dados desen-
volvido em Micro-Isis; tratamento de 1.256 fotografias do Instituto Nacional do
Livro, incluindo higienização, identificação, registro, descrição, acondiciona-
mento e elaboração de guias-fora (fantasma) remissivos, com término previsto
para o ano 2000; elaboração de inventário dos documentos da Real Biblioteca,
visando a racionalizar o acesso ao acervo e torná-lo disponível para as comemo-
rações dos 500 anos de descobrimento do Brasil; revisão da identificação rea-
lizada anteriormente nos Códices, de modo a aprimorar o instrumento de pesquisa.

4.2 - Música e Arquivo Sonoro: organização, descrição e acondicionamento do ar-


quivo de imagens; catalogação, classificação e acondicionamento do acervo de
partituras, com 2.800 páginas já trabalhadas; higienização, identificação, locali-
zação topográfica, acondicionamento do arquivo de correspondência passiva e

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ativa da Divisão de Música, em curso; recuperação dos discos de 78 Rpm, com


o fim de preservar a memória musical brasileira, concluída com 7.421 docu-
mentos trabalhados; normalização e atualização da base da dados do arquivo
sonoro: em curso, com 2.400 discos já processados; atualização e complemen-
tação da base de dados de partituras, com 22.946 documentos já convertidos da
base Isis para Ortodocs; automatização do banco de dados de autoridade, em
curso; processamento técnico de teses em música, com 230 documentos já proces-
sados; identificação, catalogação e classificação de novos documentos e revi-
são da antiga base de dados de discos de 33 rpm, com 6.018 documentos já
processados.

4.3 Iconografia: unificação/automação dos catálogos do acervo bibliográfico da


Divisão de Iconografia (constituição de base de dados de monografias específi-
cas de iconografia, acrescida do código de localização das obras; processamento
técnico automatizado de cerca de 8 mil livros antigos, séculos XVI ao XIX, nun-
ca disponibilizados aos usuários, com 6.746 documentos já processados, con-
vertidos e migrados; inventário, higienização, acondicionamento e catalogação
do acervo de desenhos; inventário, higienização, acondicionamento e cataloga-
ção do acervo de gravura da Divisão de Iconografia; tratamento técnico de todo
o acervo, que inclui cartazes, calendários, cardápios, rótulos; tratamento técnico
automatizado, conservação, reprodução fotográfica e acondicionamento do acer-
vo fotográfico, com 6.527 fotos já processadas; tratamento técnico dos atlas
históricos; tratamento técnico do acervo de mapas, incluindo-se os mapas recebi-
dos do Núcleo de Depósito Legal e do Escritório de Direitos Autorais; conserva-
ção e acondicionamento do acervo bibliográfico, mediante intervenções básicas
de conservação e acondicionamento realizadas por patrulheiros da FIA, sob a res-
ponsabilidade e a orientação do Centro de Conservação e Encadernação da FBN;
criação do arquivo de negativos e diapositivos do acervo iconográfico (para evitar
que o acervo seja excessivamente reproduzido, controlar o uso das imagens, mas
facilitar o acesso ao pesquisador); e digitalização do acervo de mapas raros (patro-
cínio Mellon Foundation), com vistas à criação de home page.

4.4 Obras Raras: localização e identificação dos títulos de periódicos que com-
põem o acervo de obras raras, como também intercâmbio de informações sobre
esses periódicos entre diversas instituições, com 9.316 documentos processados
e 6.006 registros já automatizados; identificação e transferência de duplicatas dos
periódicos para o anexo, a fim de abrir espaço para as coleções principais; trans-
ferência de obras do século XVII, do armazém de Obras Gerais para a Diora e

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identificação e localização do acervo da Real Biblioteca, com vistas à publicação


de catálogo especial.

4.5 Acervo Geral: esta área, por sua vez, incorporou 79.327 peças, assim distri-
buídas: 61.073 publicações seriadas, 17.955 livros e 299 obras de referência.

B ) P RO C E S S A M E N TO T É C N I C O

2 Serviços Bibliográficos

2.1 Captação de Acervo

Em 1999 foram captadas 123.261 peças: 108.785 por meio da Lei do Depósito
Legal e 14.191 por doação e permuta, número que representou um aumento de
80% de títulos novos. O aumento resultou de cobrança sistemática junto às edi-
toras nacionais, boa parte das quais ainda não cumpre a lei. A mesma políti-
ca de cobrança foi adotada para o acervo de periódicos, o que ocasionou a ele-
vação de 40% de captação.
Também aumentou o recebimento de obras por doação ou permuta. A Funda-
ção Biblioteca Nacional mantém programa de permuta com 34 bibliotecas nacionais
de diversos países e 14 organismos internacionais. Obras editadas ou coeditadas pela
Fundação Biblioteca Nacional e duplicatas do acervo são enviadas a diversas insti-
tuições por este programa e, em contrapartida, recebidas inúmeras outras.
As principais doações foram feitas pela Livraria Francisco Alves Editora, e pe-
los responsáveis pelas coleções Eremildo Viana, marechal Rondon, Roland Cor-
busier, Assembléia Legislativa/RJ, Instituto Camões.

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Acervo Recebido* 1990 a 1999

*Acervo recebido por meio de depósito legal, direitos autorais, compra, doação e permuta.

2.2 Aquisição de Material Bibliográfico e Documental

A Fundação Biblioteca Nacional adquiriu, por compra, 285 títulos, ação destina-
da a atualizar o acervo da Biblioteca Nacional com obras relevantes e não recebi-
das pelos meios descritos anteriormente. Com isso, procura-se garantir uma das
funções-fim desta Instituição, a de centro referencial nacional de informações
bibliográficas.

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2.3 Processamento Técnico Automatizado do Acervo

Foram incorporadas 86.313 peças e processadas 19.387. Na base de dados foram


atualizados e/ou gerados 59.664 registros bibliográficos.

2.3.1 - Produção e Atualização de Bases de Dados

Ainda em relação à base de dados, foram desenvolvidas as seguintes atividades


inerentes ao Programa de Unificação da Metodologia de Geração e Administração
das Bases de Dados Bibliográficos e sua conversão para o Formato Internacional
de Intercâmbio de Registros Bibliográficos (Usmarc):

a) Conversão de bases de dados: estudos para criação de tabelas de conversão de


bases de dados de Microisis para o formato Usmarc; elaboração de tabelas de con-
versão a partir das decisões tomadas com a conclusão dos estudos; testes de conver-
são; exportação em Microisis já com os campos que compõem os registros biblio-
gráficos convertidos para o formato Usmarc; migração final dos arquivos em
Microisis para a plataforma do software Ortodocs, hoje adotado no processamen-
to técnico da Biblioteca Nacional.
b) Criação de menus (scripts): foram elaborados scripts e tabelas destinados à entra-
da de dados nas bases implantadas. Os campos dos scripts estão em concordân-
cia com os campos do formato Usmarc.
c) Criação de modelos de fichas: foram criadas fichas etiquetadas próprias para exi-
bição aos usuários.

Já o Programa de Unificação de Metodologia de Geração e Administração das


Bases de Dados Bibliográficos e sua Conversão para o Formato Usmarc foi desen-
volvido nos moldes do que já havia sido feito, em 1997, com a Base de Monografias

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da Biblioteca Nacional. A aplicação desse programa permitiu a conversão das ba-


ses dos seguintes acervos: Obras Raras, Partituras Musicais, Discos, Fotografias,
Material Cartográfico e Periódicos Raros.
Um dos principais resultados obtidos foi a disponibilização das bases na inter-
net, por meio do site da Fundação Biblioteca Nacional: www.bn.br . Em 1999,
ficaram disponíveis 17 bases de dados englobando o acervo geral e especializado
da Biblioteca Nacional e três bases com dados cadastrais: Cadastro de Bibliotecas
Públicas, ISBN no acervo da Biblioteca Nacional e Catálogo de Editores.
As 20 bases disponibilizam aproximadamente 1 milhão de registros. Alguns, refe-
rentes ao acervo como mapas, partituras e fotos têm associação de multimídia.

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Movimento Anual de Acesso a Home Page - 1999

Em relação ao acervo de periódicos (jornais e revistas), foi desenvolvida me-


todologia para automação do controle da coleção da Biblioteca Nacional.
A partir de abril, o registro dos periódicos passou a ser feito na Base Kardex
de Periódicos. Desenvolvida e administrada pelo setor de Registro Patrimonial,
substituiu o registro em fichas Kardex, incluindo 1.117 títulos novos.
A Base Kardex de Periódicos é uma base de trabalho transitória. Ela contém
apenas os títulos novos (recebidos por depósito legal, doação, direitos autorais
ou permuta) e suas respectivas coleções, até o momento do título ser processado
tecnicamente pela Divisão de Periódicos e incluído na Base de Publicações Seriadas
(base oficial de periódicos da FBN).

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No segundo semestre, iniciou-se o registro de jornais e diários oficias na Base


de Publicações Seriadas. Foram incluídas as coleções dos títulos já existentes na
base e, posteriormente, todos os títulos recebidos por meio da Lei do Depósito
Legal, com suas respectivas coleções. Foram incluídos 651 títulos na base e as
coleções de 313 títulos já existentes.
Também foi realizado o processamento técnico dos jornais recebidos por meio
do convênio firmado entre a Associação Brasileira de Jornais do Interior (Abrajori)
e a FBN. Foram processados 322 títulos novos e registrados 10.826 fascículos.

2.3.2 Processamento Técnico do Acervo

Para resgatar a parte do acervo especializado ainda não disponível para os usuários,
implantou-se um programa de incorporação nas bases de dados da FBN. Para
tanto, foram processados tecnicamente acervos de inigualável importância históri-
ca para o país, tais como: periódicos raros do século XIX, livros iconográficos do
século XVI ao XIX, mapas antigos e raros e obras raras. A maior parte desse acer-
vo pertence à Real Biblioteca, que deu origem, no Brasil, à atual Biblioteca
Nacional.
Foi também ministrado curso de treinamento em Marc e Ortodocs visando
à implantação do processo técnico automatizado nas áreas de acervo especializa-
do: Música, Iconografia, Obras Raras e Material Cartográfico.

2.4 Estatística de Produção dos Serviços Bibliográficos.

2.4.1 Captação de Acervos

Tipo de material DL D/P C Total Geral


Monografias 20.778 5.890 234 26.902
Pub. Seriadas 86.942 5.313 51 92.306
Mat. Especiais 1.065 2.988 –– 4.053
Total 108.785 14.191 285 123.261

DL = Depósito Legal / D = Doação / P = Permuta / C = Compra / Pub. Seriadas (Publicações Seriadas) =


jornais e revistas / Mat. Especiais (Materiais Especiais) = CD-Rom, discos, vídeos, disquetes, partituras etc.

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2.4.2 Incorporação ao Acervo

Monografias, publicações seriadas e material especial selecionados e registrados:


86.313 peças.

2.4.3 Publicações Selecionadas e Distribuídas

Biblioteca Euclides da Cunha, Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, Biblio-


teca Demonstrativa de Brasília e demais instituições cadastradas no setor de
Intercâmbio: 24.944 peças

2.4.4 Processamento Técnico do Acervo

Títulos processados:19.387

2.4.5 Bases de Dados Produzidas/Atualizadas

Criadas e totalizadas cinco bases de dados, perfazendo total de 59.664 registros


bibliográficos incorporados durante o ano.

DESCRIÇÃO DAS BASES DE DADOS Total no ano 1999 Total de registros na base
Catálogo de Monografias 19.387 263.685
Catálogo de Editores 144 3.661
Autoridades Assuntos 5.060 15.273
Kardex de Periódicos 1.117 22.532*
Autoridades Nomes 33.956 48.929

* Os títulos já existentes na Base de Publicações Seriadas da FBN estão sendo eliminados da Base
Kardex de Periódicos. A base ficará apenas com títulos novos, seções especializadas e jornais.

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2 - Preservação

Quanto às atividades permanentes de preservação do acervo, a cargo das divisões


de Conservação e Restauração e de Microfilmagem, do Centro de Conservação
e Encadernação e do Laboratório de Restauração, destacamos, do acervo especiali-
zado, a restauração e encadernação da coleção de incunábulos da Biblioteca Na-
cional e a restauração, por meio do projeto Brasil e os Holandeses, patrocinado
pelo Banco Real, dos dois exemplares raros da obra Rerum per octennium in Bra-
silia, de Gaspar Barleus, de 1647. Outras 14 obras raras diversas também foram
inteiramente restauradas e encadernadas.
Com o patrocínio da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, foi possível
também o tratamento de três volumes da coleção G.B. Piranese: La anchietá,
Campo malzio dell’ antiga Roma e Opere varie di architetura, ao todo com 294
gravuras. Também foram restaurados e/ou acondicionados 28 mapas raros e obras
cedidos por empréstimos para exposições.
No que se refere às obras do acervo geral, deu-se prosseguimento aos traba-
lhos de encadernação, douração, reestruturação de folhas e de volumes, higieniza-
ção e acondicionamento e ao tratamento do acervo fotográfico. Para a exposição
de aniversário da Biblioteca Nacional, dez obras receberam tratamento.
Dentro do Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros, estão
sendo reativados convênios com fundações, bibliotecas, órgãos estaduais, empre-
sas jornalísticas e casas de representação, tais como: Arquivo Nacional (RJ), Arqui-
vo Público da Bahia (BA), Arquivo Público Mineiro (MG), Biblioteca Pública
do Paraná e a de Santa Catarina, Câmara dos Deputados (DF), Fundação Casa
de Rui Barbosa (RJ), Funcamp (SP), Fundação Joaquim Nabuco (PE), Library
of Congress (USA), Universidade Federal da Bahia (BA) e a de Mato Grosso (MT),
Universidade Estadual Paulista (SP), Biblioteca Mário de Andrade (SP). Entre
as empresas jornalísticas, no Estado do Rio de Janeiro, convênios com o Jornal
do Brasil, Jornal do Commercio, Tribuna da Imprensa, O Fluminense, O Dia e O
Globo; e, em São Paulo, com o Diário Popular, O Estado de S. Paulo e Jornal da
Tarde. No atendimento aos usuários, houve resposta a 560 pedidos: 153 rolos
microfilmados, de diversos títulos, e 1.067 rolos duplicados, com 1.625 volumes
movimentados. Para atender às 1.017 solicitações de cópias eletrostáticas, foram
feitas 10.662 cópias.

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Quadro estatístico de produção


PRINCIPAIS REALIZAÇÕES
Descrição Unidade Programado Executado A Executar
de Medida em 1999
Acervo Conservado Folha 10.000 18.319 -
Acervo Higienizado Volume 15.000 8.283 6.717 (*)
Acervo Restaurado Folha 3.000 3.335 -
Acervo Encadernado Volume 1.400 1.400 -
Acervo Microfilmado Rolo 700 913 -
Acervo Acondicionado Volume 40.000 6.256 33.744 (*)
Preparo de Documentos
para Microfilmagem Página 500.000 759.570 -
Produção de
Fotogramas
de Microfilmes Fotograma 500.000 719.555 -
Acervo Duplicado Rolo 3.000 5.122 -
Revisão e Rolo
Microfilmado Rolo 3.500 6.135 -

(*) Metas não alcançadas por falta de técnicos.

No Laboratório Fotográfico, foram realizadas 1.499 ampliações para a FBN


e 488 para usuários. Foram processados 2.267 negativos e acondicionados 9.876,
e feitas 284 reproduções fotográficas (as tabelas abaixo detalham estes números).
Houve cobertura fotográfica de 34 eventos.

Ampliações Fotográficas

Tamanho FBN Usuário


12X18 187 28
18X24 543 321
20X25 15 15
24X30 732 07
30X40 04 112
50X60 18 05
Total 1.499 488

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PROCESSAMENTO DE NEGATIVOS
Especificação Quantidade
120 241
135 26
Total 267

ACONDICIONAMENTO DE NEGATIVOS
Especificação Quantidade
120 2120
135 1537
120/cor 31
135/cor 630
120/cromo 20
135/cromo 48
Total 9.876

REPRODU²AO
Especificação Quantidade
120 199
135 06
120/cor 02
135/cor 03
120/cromo 04
135/cromo 01
Total 284

Obs: estes 284 filmes reproduzidos geraram 2.840 imagens do acervo em negativos de segunda geração.

2.1 Seminários, Palestras e Cursos

Sob o patrocínio do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, foram realizados


de agosto a novembro workshops, com duração de uma semana, em horário in-
tegral, sobre Preservação de Acervos Bibliográficos e Documentais, nas seguintes
cidades: Vitória/ES, Aracaju/SE, Rio Branco/AC, Salvador/BA, Recife/PE, Goiâ-
nia/GO e Rio/RJ. Como parte da Semana de Estudos de Conservação de Acer-

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vos sobre Papel, representante desta coordenadoria ministrou aula sobre Conser-
vação-Restauração, no Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais
Móveis, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Com apresentação de trabalho sobre acondicionamento de documento manus-
crito com selo pendente, um funcionário desta coordenadoria participou do
Encontro Internacional sobre Conservação do Patrimônio Histórico Espanhol,
em Santa Cruz de La Palma, Ilhas Canárias, Espanha. Técnicos do Centro de
Conservação & Encadernação e do Laboratório de Restauração integraram, na
Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio, workshop sobre encadernação e restaura-
ção de época, ministrado pelo professor Bernard Middleton, da Inglaterra. Houve
participação ainda destes técnicos em palestra e workshop dos conservadores/res-
tauradores espanhóis Pedro Barbachano e Ana Beny, na Associação Brasileira de
Encadernadores e Restauradores, em São Paulo.
E ainda: representante da Divisão de Conservação e Restauração proferiu palestra
sobre Encadernações Comerciais e de Época adotadas para os acervos de obras gerais
e raras da Biblioteca Nacional, na Universidade Federal de Minas Gerais. Aula so-
bre processos de microfilmagem foi ministrada por representante da Divisão de Mi-
crorreprodução, na Universidade Federal Fluminense. Técnicos da mesma divisão
participaram, em outubro, da XXII Exposição Internacional de Gerenciamento Ele-
trônico de Documentos, realizada em São Paulo, durante a Infoimagem/99.

2.2 Assessoria Técnica

Com o propósito de entrar em contato com programas de digitação de mapas


de última geração de instituições norte-americanas, como a Biblioteca da Univer-
sidade de Columbia, a Biblioteca Pública da Cidade de Nova Iorque e as biblio-
tecas do Congresso e do Arquivo Nacional, em Washington, representantes da
Coordenadoria de Preservação estiveram, no período de 18 a 26 de janeiro, em
visita oficial de estudos, nos EUA. A visita representou a etapa inicial do proje-
to Digitação de Mapas Antigos, a ser desenvolvido em parceria com o Serviço
de Documentação da Marinha, tendo o patrocínio da Andrew Mellon Foundation.
Um representante desta coordenadoria esteve também em visita técnica à Fundação
Rio das Ostras de Cultura e à Biblioteca Municipal de Rio das Ostras, no Estado
do Rio de Janeiro, para planejamento de workshop.
Assessores técnicos acompanharam as montagens e desmontagens das expo-
sições: comemorativa dos 189 anos de fundação desta Casa, Biblioteca Nacional,
sua Trajetória e História, na FBN, no Rio; A Paisagem Pitoresca no Brasil, no Museu

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da Chácara do Céu, no Rio; Brasil e os Holandeses, com empréstimo de gravuras


e mapas de Gaspar Barleus, no Banco Real, em São Paulo, e no Palácio das Artes,
em Belo Horizonte; Mostra Rio de Gravuras, com empréstimo de gravuras de Dürer,
no Museu Nacional de Belas Artes; com empréstimo de gravuras de Piranese, no
Instituto de Arquitetos do Brasil; e com empréstimo de obras de Oswald Goeldi,
no Espaço Cultural dos Correios, no Rio.
Foram realizadas também visitas técnicas para avaliar o estado de conservação
de obras no Jardim Botânico e na Biblioteca Municipal de Rio das Ostras, no
Estado do Rio de Janeiro, e na Sociedade Sul Rio-grandense, no Rio Grande
do Sul.

I I I - O L I V RO

Em 1999, a Fundação Biblioteca Nacional, por intermédio do Departamento


Nacional do Livro (DNL), publicou, em co-edição, 17 títulos de autores na-
cionais contemporâneos, dando seguimento ao programa Biblioteca Básica da
Cultura Brasileira, e concedeu o Prêmio Luís de Camões à poeta portuguesa Sofia
de Mello Breyner, com base no acordo assinado entre Brasil e Portugal. Outros
seis prêmios foram concedidos pela FBN.
A FBN, também com a interveniência do DNL, participou ainda de cinco
feiras internacionais, concedeu 10 bolsas para escritores brasileiros concluírem
seus trabalhos e 26 outras para tradução de obras brasileiras para outros idiomas,
com destaque para o espanhol.

1 - Promoção do Livro

1.1 - Participação em feiras internacionais

Com o objetivo de divulgar a literatura nacional em centros que estudam e


pesquisam a cultura brasileira, a FBN participou de variados eventos no exte-
rior relacionados ao livro. Em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e
com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, foram enviadas publicações
de vários gêneros a esses eventos, todas doadas, posteriormente, a universi-
dades locais.

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Destacamos nossa participação nas seguintes feiras: Feira do Livro Infantil e


Juvenil de Bologna, na Itália; Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, na
Argentina; Feira Internacional do Livro de Frankfurt, na Alemanha, e Feira Inter-
nacional do Livro Ibero-Americano (Liber/99), em Barcelona, Espanha.

1.2 - Feiras no Brasil

A FBN participou também de feiras realizadas no Brasil com caráter interna-


cional, como a IX Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro; e o Salão
Internacional do Livro de São Paulo, na capital paulista. Durante a IX Bienal
Internacional do Livro, no Rio, foram organizados dois eventos de porte: o V
Encontro de Tradutores e Agentes Literários, para sedimentar a estratégia de
tradução de obras brasileiras no exterior (entre outros, estiveram presentes perso-
nalidades como Jean Baudrillard, Rafael Argullol, Frances Albernaz e Jean Soublin);
e o IV Encontro sobre Direitos Autorais, que possibilitou debates e apresentação
de sugestões e propostas para questões relacionadas com as novas técnicas edito-
riais de reprodução de escritos, de imagens e de sons.

1.3 - Concessão de prêmios

A poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner recebeu da FBN o Prêmio Luís de


Camões 1999, concedido anualmente a escritores de língua portuguesa, confor-
me o protocolo assinado em 1988 pelos governos do Brasil e Portugal. O júri
brasileiro foi composto por Leyla Perrone-Moisés, Luiz Costa Lima e Elmer
Corrêa Barbosa. Integraram o júri português António Alçada Baptista, Maria
Irene C. Ramalho, Maria Alzira Seixo.
Para estimular escritores brasileiros e programadores visuais que contri-
buíram para melhorar o padrão de qualidade dos projetos gráficos dos livros
produzidos no Brasil, a FBN, como vem fazendo desde 1995, premiou escri-
tores em seis categorias: poesia, narrativa, ensaio literário, ensaio social, tra-
dução e projeto gráfico.

Prêmio Alphonsus de Guimaraens, para poesia: Ferreira Gullar, com Muitas


vozes, Editora José Olympio. Júri: Alberto Pucheu, Antônio Carlos Secchin, Alexei
Bueno, Armando Freitas Filho, Mário Chamie e Marcos Lucchesi.
Prêmio Machado de Assis, para narrativa (obs: a partir deste ano, nesta categoria
foram integrados os prêmios antes concedidos, separadamente, para conto e ro-

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mance): Ana Maria Machado, com A audácia dessa mulher, Nova Fronteira. Júri:
Beatriz Resende, Domício Proença Filho e Flávio Loureiro.
Prêmio Mário de Andrade, para ensaio literário: Márcio Seligmann-Silva, com
Ler o livro do mundo, Walter Benjamin: Romantismo e crítica literária, Iluminuras.
Júri: Leyla Perrone-Moisés, Luiz Costa Lima e Paulo Roberto Pereira.
Prêmio Sérgio Buarque de Holanda, para ensaio social: Marilena Chaui, com
Nervura do real, Companhia das Letras. Júri: Maria Alice Rezende, Leandro
Konder e Renato Janine Ribeiro.
Prêmio Paulo Rónai, para tradução: tradutor Geraldo Holanda Cavalcanti,
com Poesias de Salvatore Quasimodo, Record. Júri: Alberto da Costa Silva, Autran
Dourado e Leonardo Visconti.
Prêmio Aloísio Magalhães, para projeto gráfico: designer Evelyn Grumach,
pelo conjunto de projetos gráficos realizados para a editora Civilização Brasileira.
Júri: Leonardo Visconti, Joaquim Redig e Geraldo Edson de Andrade.

2 - Editoração e Difusão do Livro

2.1 - Obras Publicadas

Este ano publicamos os seguintes títulos, todos resultantes de atividades e pro-


gramas exclusivos da instituição (total de 18 mil exemplares):
Periódicos: Brazilian Book Magazin nºs 16 e17; Poesia Sempre nºs 10 e11; Anais
da Biblioteca Nacional nº 116; Recortes do Brasil (clipping) nºs 10, 11 e12.
Catálogos: Catálogo de tradutores e agentes literários (org. Miriam Leme);
Catálogo da exposição Celso Cunha - 10 anos de saudade (org. Paulo Roberto Pereira);
Catálogo da exposição Cruz e Souza - 100 anos de morte (org. Alexei Bueno); Catálogo
100 anos de Dom Casmurro - exposição e publicação de didática.
Manuais técnicos: Acondicionamento e guarda de acervos fotográficos (org.
Ana Lúcia de Abreu).
Monografias: Operário do canto - homenagem a Geir Campos - 13 depoimen-
tos e ensaios.

2.2 - Co-edições

Com a finalidade de ampliar a Biblioteca Básica da Cultura Brasileira, foram co-


editados 17 títulos de autores nacionais contemporâneos, no total de 28 mil
exemplares.

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Os títulos foram os seguintes: Dicionário de provérbios, de Roberto Lacerda, Estela


Abreu e Helena Lacerda, com a Lacerda Editora; Tieta do Agreste, O país do carnaval,
São Jorge de Ilhéus, Seara vermelha, Farda fardão camisola de dormir, Suor, de Jorge
Amado e Os viventes, de Carlos Nejar, com a Editora Record; Cartas do coração, de
Elizabeth Orsini, Razões públicas, emoções privadas, de Jurandir Freire Costa e Conversa
na varanda, de Regina Navarro Lins, com a Editora Rocco; Lavradio, de Reinaldo
Valinho Alvarez, com a Editora Imago; Apontamentos de viagem, de J.A. de Leite
Moraes, A alma encantadora das ruas, de João do Rio, Retrato do Brasil, de Paulo
Prado, O caso Morel, de Rubem Fonseca e Vinícius de Moraes, poeta da paixão, de
José Castello, com a Companhia das Letras.

2.3 - Distribuição de Publicações

Em continuidade ao programa de remessa de livros para as bibliotecas cadastradas


no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, foram enviados 25.396 títulos. Para
o exterior, foram remetidas quatro edições, em total de 2 mil exemplares, do clip-
ping Recortes do Brasil, com reprodução de resenhas e artigos sobre a produção
editorial brasileira contemporânea, destinadas a divulgar os autores brasileiros.

2.4 - Novos Projetos

O Departamento Nacional do Livro desenvolveu ainda, ou começou a desen-


volver, os seguintes projetos.

Biblioteca Virtual – seu objetivo é disponibilizar no site da FBN títulos de au-


tores brasileiros em domínio público nos diversos campos da produção literária: ro-
mance, poesia, conto, ensaio, teatro, discursos e sermões, pensamento social, história,
obras de referência, entre outros. Cada título é acompanhado de nota informativa
sobre a obra e por resumo da biografia do autor. Este projeto tem o apoio da Fundação
de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e abrange, na primeira
fase, cem textos selecionados: 63 já estão disponíveis na home page da FBN e 20
ainda em preparo, somando 83 textos executados até o final de 1999.
Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira.
Rede de Estatística do Livro ( livrarias e editoras): no Estado do Rio de Janeiro
deu-se continuidade, em convênio com a Faperj, ao levantamento para a publica-
ção do Riolivro.

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Foram produzidos ainda três CD-ROMs para integrar a Enciclopédia Audio-


visual da Cultura Brasileira, projeto que pretende divulgar, com leitura crítica de
clássicos brasileiros, nosso patrimônio artístico na literatura.
E foi inaugurada a Loja do Livro, na sede da FBN. Em 1999, foram vendi-
dos 2.273 exemplares.

2.5 Bolsas

No âmbito do Programa de Concessão de Bolsas para Escritores Brasileiros foram


distribuídas dez bolsas para obras em andamento, nas categorias poesia, narrati-
va e ensaio literário.
Na categoria poesia receberam bolsas: Taís Guimarães, para o livro Poemas;
Ruy Alberto d’Assis Espinheira, para Novos poemas, e Fernando Forte, para O
olho da morte. Júri: Cláudio Murilo Leal, Helena Parente Cunha e Alexei Bueno.
Na categoria narrativa: Marco Antônio Alves de Carvalho, para a obra Feijoada
no paraíso; Tércia Montenegro Lemos, para Linha férrea; Sérgio Fuzeira Martagão
Gesteira, para In fieri, e Ernani Ferreira da Fonseca Rosa, para a obra Corvos na
chuva. Júri: Godofredo de Oliveira Neto, Antônio Carlos Secchin e Bella Jozef.
Na categoria ensaio literário: Ubiratan Paulo Machado, para A vida literária
no Brasil durante o Romantismo; Paulo Venâncio Filho, para A crise da pessoalida-
de e o outro modernismo: Cornélio Penna/Goeldi/Mário Peixoto; e Adriana de Fátima
Barbosa Araújo, para Como a luz branca nas cores do espectro ou a construção da
subjetividade em Uma noite em Curitiba, de Cristóvão Tezza. Júri: Ângela Maria
Dias, Ivo Barbieri e Ronaldes de Melo Souza.
O Programa de Apoio à Tradução de Obras de Autores Brasileiros em Diversos
Idiomas, que visa a aumentar o conhecimento da literatura nacional no exterior,
por meio de apoio financeiro aos editores estrangeiros na tradução e publicação
de autores brasileiros, concedeu 30 bolsas: quatro com recursos próprios e 26
em convênio com o Ministério da Cultura. Das bolsas concedidas em parceria
com o Ministério da Cultura, 11 foram destinadas à tradução e edição de obras
em espanhol. Vale destacar o sucesso deste programa, pois as bolsas têm finan-
ciado a maioria dos livros de autores brasileiros comercializados no exterior.

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3 - International Standard Book Number ISBN

A FBN, como agência brasileira do International Standard Book Number, deve


controlar a produção editorial no país, cadastrando editoras e numerando os tí-
tulos publicados. Foram atribuídas referências de ISBN a 21.972 obras e
cadastradas 942 editores no Brasil. Enviado do DNL esteve presente à reunião
do ISBN, realizada em Londres.

EDITORES CADASTRADOS E ISBN ATRIBUIDOS – 1999

1999 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
Editores 48 58 93 71 85 72 89 99 105 90 85 47 942
ISBN 46 128 442 637 529 565 1.406 3.591 4.864 6.617 5.351 5.593 21.972

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Evolução do ISBN
1978/1999

4 - Escritório de Direitos Autorais-EDA

O Escritório de Direitos Autorais, cumprindo seu objetivo de assegurar a proteção


eficaz dos autores e de outros titulares dos direitos sobre as obras literárias, científi-
cas e artísticas, registrou 24.057 obras, em 1999. Os estados de São Paulo e Rio de
Janeiro registraram o maior número de obras, respectivamente 10.010 e 7.481. Bahia
e Minas Gerais vieram em seguida, com 1.716 e 1.374 registros respectivamente.
A curva ascendente constante, desde 1992, de obras registradas no país – escritos,
obras musicais, pinturas, gravuras, esculturas – evidencia a consolidação do princí-
pio da lei que, por meio da FBN, o Estado traça na defesa do criador intelectual.

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Obras registradas - Evolução 1992/1999

Estatística Anual 1999


UNIDADE OBRAS OBRAS em OBRAS OBRAS
FEDERATIVA REGISTRADAS DEPENDÊNCIA INDEFERIDAS AVERBADAS
Acre 03 01 - -
Alagoas 31 09 03 -
Amazonas 03 02 02 -
Amapá 10 02 02 -
Bahia 1.716 53 48 01
Ceará 143 15 08 -
Distrito Federal 533 57 28 -
Espírito Santo 324 15 30 -
Goiás 90 10 05 -
Maranhão 22 03 02 -
Mato Grosso 118 42 04 -
Mato Grosso do Sul 104 10 04 -
Minas Gerais 1.374 54 16 -
Pará 45 26 - -
Paraíba 21 05 - -
Paraná 644 95 29 -
Pernambuco 301 45 07 -
Piauí 12 03 01 -
Rio de Janeiro 7.481 469 549 03
Rio Grande do Norte 82 03 07 -
Rio Grande do Sul 401 68 35 -
Rondônia 38 03 02 -
Roraima 03 - - -
São Paulo 10.010 357 294 01
Santa Catarina 535 16 35 -
Sergipe 11 01 02 -
Tocantins 02 03 - -
TOTAL 24.057 1.367 1.113 05

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Em 1999, o atendimento ao público no EDA alcançou 105.414 pessoas, seja


pessoalmente, seja via fax, telefone, correio ou Internet. A movimentação no EDA,
na vertente cartorária, mostrou a seguinte distribuição: pedidos de registro,
24.059; obras averbadas, cinco; pareceres jurídicos emitidos aos autores, 1.042;
livros de Registros e Requerimentos Encadernados, 220; pedidos de segunda via
de registro, 503.
Na vertente técnico-jurídico, a movimentação exibiu 1.367 obras em de-
pendências e em estudos; 1.114 obras indeferidas e 72 com recurso de in-
deferimento.

V- Outras Atividades

3 - Biblioteca Demonstrativa de Brasília

Além do emprétimo domiciliar e de prestar orientação ao usuário, a Biblioteca


Demonstrativa de Brasília- BDB ofereceu os seguintes serviços:

Projeto Tira-Dúvidas: iniciativa da Sociedade de Amigos da BDB, funciona


desde março de 1996, com o objetivo de dar apoio pedagógico gratuito a alunos,
de diferentes graus de escolaridades com dificuldades no apredizado. O projeto
baseia-se atualmente no serviço voluntário de 17 professores de diferentes áreas
de conhecimento.

Serviço de Ouvidoria: criado com o objetivo de receber sugestões, reclamações


e aprovações da comunidade, em relação ao funcionamento e ao atendimento na
BDB, este serviço é um canal aberto entre a biblioteca e seus usuários. A direção da
BDB procura, na medida do possível, atender sugestões ou reclamações do usuário.

Tele-Idoso: visa a atender especialmente pessoas com idade igual ou superior


a 65 anos, residentes no Plano Piloto, nos lagos Norte e Sul, Cruzeiro, Octagonal
e Setor Sudoeste. Atualmente, o serviço atende a 36 idosos.

Quanto a eventos, destacamos: Encontro com Pinóquio, visando a incenti-


var no público infanto-juvenil o hábito da leitura; projeto Palestras, total de 29
encontros com o objetivo de atualização cultural da mulher; e a comemoração
do Dia Internacional da Mulher, com exposição destacando as conquistas femi-
ninas nos campos profissional e de cidadania.

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IV A LEITURA

O Proler – Programa Nacional de Incentivo à Leitura teve, em 1999, a coopera-


ção técnica de 216 instituições: 48 instituições governamentais (prefeituras,
secretarias estaduais e municipais, fundações de cultura e bibliotecas); seis univer-
sidades, sete faculdades e 24 colégios (públicos e privados); 29 instituições priva-
das (como o Serviço Social da Indústria SESI e o Serviço Nacional do Comércio
Senac) e 55 instituições de diferentes áreas.

1 Encontros e Cursos

Por meio dessas parcerias e também de convênio especial com o Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação, o Proler realizou
encontros estaduais, cursos e um encontro nacional.

Encontros Estaduais

Os encontros estaduais tiveram como tema “A Formação do Professor Leitor e


Escritor”. Em número de 43, os encontros envolveram 11.167 agentes de leitu-
ra nos seguintes municípios: Região Centro-Oeste: Cáceres (MT), Brasília (DF),
Dourados (MS), Goiânia e Anápolis (GO). Região Norte: Macapá (AP), Boa
Vista (RR), Manaus (AM), Cacoal (RO) e Belém (PA). Região Nordeste: São
Luís, Imperatriz e Caxias (MA), João Pessoa (PB), Natal, Macau e Mossoró (RN),
Ituberá, Ilhéus, Itapetinga e Vitória da Conquista (BA), Afogados da Ingazeira
(PE), Aracaju (SE) e Fortaleza (CE). Região Sul: Dionísio Cerqueira, Joinville e
Caçador (SC), Caxias do Sul e Porto Alegre (RS). Região Sudeste: Rio de Janeiro,
Cachoeira de Macacu, Petrópolis, Niterói, Angra dos Reis (RJ), Santos (SP),
Aracruz (ES) e Itaúna, Cataguases e Juiz de Fora (MG).

Cursos

Os 17 cursos realizados, com 40 horas de duração, envolveram 663 agentes de


leitura. Foram realizados nos seguintes locais: Venda Norte do Imigrante (ES),
Belém (PA), Goiânia (GO), São Luís (MA), Cáceres (MT), Ituberá (BA), Afogados
da Ingazeira (PE), Natal e Macau (RN), Porto Velho (RO), Aracaju (SE), Boa
Vista (RR), Imperatriz (MA), Taquará (CE), Nova Andradina e Campo Grande
(MS)e Teresina (PI).

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Curso à Distância

Visando à formação continuada na área da leitura, este projeto é desenvolvido


através da internet e proporciona acesso a textos de especialistas. É realizado em
parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/Instituto de
Matemática e Estatística e com recursos, em parte, do FNDE. Em 1999, o pro-
jeto envolveu cerca de 7.400 promotores de leitura, nos seguintes comitês: Rio
Branco (AC), Belém, Feira de Santana, Ilhéus e Vitória da Conquista (BA),
Campo Grande e Dourados (MS), João Pessoa e Campina Grande (PB), FN-
LIJ/Rio de Janeiro (RJ), São Paulo, Santos e Campinas (SP), Porto Alegree Caxias
do Sul (RS), Palmas (TO), Cataguases (MG) e Goiânia (GO).

Encontro Nacional

De 6 a 10 de dezembro, foi realizado, no Rio de Janeiro, o VI Encontro Nacional


de Avaliação e Perspectivas/2000. Participaram do encontro cem técnicos, repre-
sentando todas as unidades da Federação.

Assessorias

O Proler prestou assessorias ao Programa de Instalação de Bibliotecas Escolares,


em Alta Floresta (MT); à Universidade Estadual do Mato Grosso, em Cáceres;
à Universidade da Amazônia (Unama), que incluiu palestras sobre leitura e a
instalação de comitês em Fortaleza (CE), São Luís (MA), Boa Vista (RR) e
Dourados (MS).

2 - Outras Ações

Os técnicos do Proler também participaram da apresentação do projeto Biblioteca


para Todos da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, durante o 12º Congresso
de Leitura (Cole). Também inserido no 12º Cole, houve a realização do II Fórum
Nacional de Leitura. Para manter um canal de divulgação entre o Proler e os
comitês de leitura, deu-se continuidade à publicação bimestral da Folha Proler,
com oito páginas, editando-se os números de sete ao 11, com tiragem de 6 mil
exemplares.

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3 - IV Concurso Os Melhores Programas de Incentivo à Leitura, Junto a


Crianças e Jovens de Todo o Brasil

Em 1999, foram inscritos 218 projetos, representando 21 estados e 143 muni-


cípios. Foram vencedores:

1º Prêmio - Mala de Leitura


Centro de Trabalhadores da Amazônia
Projeto Seringueiro
Responsável: Ricardo Hiroyuki Shibata
Rio Branco (AC)

2º Prêmio - Biblioteca Solidária - Leitura Extra - Escola, Exercício Pleno da


Cidadania
Escola Santa Maria
Biblioteca Comunitária Professor José Thomás da Silva Sobrinho
Responsável: Tânia Cristina Fígaro Ulhoa
Uberaba (MG)

3º Prêmio - Mala do Livro


Biblioteca Domiciliar Neuza Dourado
Secretaria de Cultura do Distrito Federal
Departamento de Bibliotecas
Criação: Neuza Dourado Freire
Responsável: Célia Maria de Almeida
Brasília (DF)

Hors-Concours

Programa Infanto-Juvenil
Serviço Social do Comércio (SESC)
Administração Regional do Rio Grande do Sul
Porto Alegre(RS)

Biblioteca Infanto-Juvenil Maria Mazetti


Fundação Casa de Rui Barbosa
Responsável: Regina Porto
Rio de Janeiro (RJ)

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Premiação Projeto Local


1º Mala da Leitura Rio Branco (AC)
2º Biblioteca Solidária Uberaba (MG)
3º Mala do Livro Brasília (DF)
Hors-Concours Programa Infanto-Juvenil Porto Alegre (RS)
Hors-Concours Biblioteca Infanto-Juvenil Rio de Janeiro (RJ)

4 - O Proler no Rio de Janeiro

Por meio da Casa da Leitura, situada no Rio de Janeiro, o Proler teve também
intensa atuação visando à formação continuada dos promotores de leitura e à
ampliação do uso das bibliotecas escolares e das bibliotecas públicas. Essas ativi-
dades permitiram à Casa da Leitura consolidar o seu perfil institucional, relacio-
nado à valorização da leitura de textos de qualidade, da produção oral e escrita
e do objeto livro, principalmente junto à parcela da população mais carente.
Uma das principais atividades foi a programação de eventos em torno do livro
e da leitura, buscando contribuir para formação continuada de professores e
leitores. O quadro abaixo resume o que foi realizado.

Eventos Nº de participantes Nº de atividades Público


Leitura e contação
de história infantil 46 1236 alunos
Debate aberto
com jovens 7 652 alunos
Eventos especiais
e outras atividades 39 3.377 aberto
Oficinas 08 177 professores
Cursos 14 321 professores
Palestras 10 175 professores
Total 124 5.938

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A Casa da Leitura também promoveu ou participou dos seguintes eventos: a)


Exposições: Obras Selecionadas para a Feira do Livro de Bolonha, Itália; 30 anos
de Pasquim, Crítica, Resistência e Irreverência; Dom Casmurro/100 anos; Machado
de Assis, vida e obra, e Mostra Monteiro Lobato; b) Participação no projeto Pai-
xão de Ler e na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro; c) Intercâmbio internacional
com promoção de cursos e palestras ministrados por professores (Portugal/Cuba),
por meio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e visitas de profes-
sores, de vários estados, integrantes do Programa de Alfabetização Solidária, em
ação conjunta com universidades. O quadro abaixo resume a atuação da Casa da
Leitura e das universidades neste programa.

PROGRAMA DE ALFABETIZA²AO SOLIDARIA. ATUA²AO EM 1999

Local Entidade Responsável Nº de participantes

Sergipe PUC-RJ 3
Dois Riachos
e Jaramataia (AL) Unigranrio 25
Jaicós e Padre Marcos (PI),
Amontada e Itapipoca (CE) Universo 102
Paulistana, Bethania
e Acauã (PI) UFF 55
Lagoa da Canoa e
Olho D’água Grande (AL),
Inajá (PE) e Petrópolis (RJ) Unirio 7
Lagoa da Canoa e
Olho D’água Grande (AL),
Inajá (PE) e Vassouras (RJ) Unirio 12
Niterói, Tanguá, Maricá,
Itaboraí e Três Rios (RJ) Universo 28
Jaicós e Padre Marcos (PI),
Amontada e Itapipoca (CE)
e Guapimirim (RJ) Universo 63

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V O U T R A S AT I V I D A D E S

1. SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PUBLICAS

1.1 - Ações Desenvolvidas

A atuação num país da extensão do Brasil é um dos maiores desafios enfrentados


pela coordenadoria do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP). Embora
não disponha ainda de estrutura compatível com a amplitude de sua missão e
atuação gerencial, a coordenadoria do SNBP vem procurando estabelecer a inte-
gração efetiva com os sistemas estaduais e as bibliotecas municipais e estaduais
e, também, difundir a conceituação moderna de biblioteca pública.
Para tanto, a coordenadoria do SNBP privilegiou as seguintes ações: a) desen-
volver e avaliar a política de ação do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas;
b) qualificar e aprimorar recursos humanos para as bibliotecas públicas e c) im-
plantar a rede informatizada do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas.
Devido, no entanto, a cortes orçamentários, o planejamento foi redefinido,
privilegiando-se apenas a segunda dessas ações, que passou a ser denominada
Formação de recursos humanos para bibliotecas públicas.
Por esta ação, foram oferecidos aos sistemas estaduais cursos nas áreas de in-
formática, conservação de livros e documentos, bibliotecas públicas (organização,
administração e serviço de informação à comunidade). Os cursos atenderam a
bibliotecas públicas nas seguintes cidades: Vitória (ES), Aracaju (SE), Rio Branco
(AC), Recife (PE), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), Fortaleza
(CE), Manaus (AM), Palmas (TO), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Porto
Alegre (RGS).
O SNBP criou também a base de dados Cadastro das Bibliotecas Públicas
Brasileiras, importante instrumento para o planejamento e gerenciamento do
Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. Além de reunir as informações básicas
para o Ministério da Cultura, esta base está disponível na Internet, na página da
FBN. Devido às constantes mudanças nestes perfis, a base requer um alto índice
de atualização. Neste ano, o SNBP cadastrou 3.454 bibliotecas, cujos perfis são
agora revelados nos quadros e gráficos abaixo.

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BIBLIOTECAS CADASTRADAS (1999)

Tipo de Biblioteca Total ( 1999 )


Biblioteca estadual 39
Biblioteca municipal 3.341
Biblioteca comunitária 72
Biblioteca federal 2

Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

CONDI²AO DE FUNCIONAMENTO (1999)

Em atividade 3.378
Paralisadas 76
Total de bibliotecas 3.454

Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

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RELA²AO DAS NOVAS BIBLIOTECAS


CADASTRADAS NO SNBP EM 1999

Bahia Arataca, Barra, Barreiras, Caetanos, Guajeru,


Itarantim, Oliveira dos Brejinhos, Rio Real
Goiás Luziânia, Perolândia
Minas Gerais Patos de Minas
Paraná Barra do Jacaré, Boa Vista da Aparecida, Maripá
Pernambuco Moreno, Petrolina, Quixabá, Tupanatinga, Xexéu
Rio de Janeiro Resende, Piabetá/Magé
Rio Grande do Sul Barra do Guarita, Guaíba, Nova Hartz
Rondônia Machadinho d’Oeste
Sergipe Macambira, Riachuelo
Tocantins Conceição do Tocantins

Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

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Serviços prestados pelas bibliotecas públicas por região

Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

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Fonte: Cadastro de bibliotecas públicas brasileiras.

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2 Biblioteca Euclides da Cunha

Voltada especialmente para estudantes do ensino fundamental e médio, a


Biblioteca Euclides da Cunha (BEC) atendeu, em 1999, a 28.961 consultas e deu
continuidade aos seus projetos principais como o Laboratório de Línguas, a for-
mação do acervo do Núcleo para Portadores de Deficiência Visual e o Programa
de Apoio Didático e de Férias Escolares, além do programas de exposições come-
morativas de eventos importantes da cultura e nacionalidade.
Quanto ao acervo o Laboratório de Línguas totalizou neste ano 890 fitas cas-
sete; o Núcleo para Portador de Deficiência Visual 420 monografias em braille
e 75 fitas (“livros falados”) de obras da literatura brasileira, tendo atendido a 60 de-
ficientes visuais, e a Videoteca, 720 fitas. Só esta última atendeu a 120 escolas.
Pelo programa de exposições mensais foram realizadas as mostras: Euclides...
sempre Euclides; Transportes no Rio de Janeiro; Missões Culturais no Brasil;
Garibaldi, Herói da Guerra dos Farrapos; Folclore no Mercosul; Moedas Brasileiras
e Academias Literárias no Rio de Janeiro. Foram também realizadas pequenas
mostras de homenagens aos escritores Silva Alvarenga (250 anos de nascimen-
to), Joaquim Nabuco (150 anos), Visconde de Taunay (100 anos da morte),
Claudio Manuel da Costa (210 anos ), Tobias Barreto (110 anos), Tristão de
Athayde (15 anos) e Visconde de Mauá (110 anos).

2.1 Atendimento

Nesse ano, houve 28.961 consultas ao acervo, l.650 novas inscrições e associa-
dos e 7.639 empréstimos.

MOVIMENTO DE CONSULTA E EMPRESTIMO

INSCRiÇÃO/ USUÁRIOS CONSULTA /ACERVO EMPRÉSTIMO/ ACERVO


1.650 28.961 7.639

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movimento de consulta e empréstimo

INSCRiÇÃO/ USUÁRIOS

CONSULTA /ACERVO

EMPRÉSTIMO/ ACERVO

NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS LEITORES DA BIBLIOTECA


ALFABETIZA²AO 0
1º GRAU 515
2 º GRAU 614
SUPERIOR INCOMPLETO 332
SUPERIOR COMPLETO 189
AUTODIDATA 0

nível de escolaridade dos leitores da biblioteca

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ACESSO À INTERNET
USUARIO / ACERVO TOTAL
NÚMEROS DE INSCRIÇÕES 530
DISQUETES USADOS S67
IMPRESSÃO 50

2.2 Acervo

O acervo recebeu 1.800 novos títulos, provenientes da Seção de Intercâmbio da Bi-


blioteca Nacional e de doações diversas, como evidenciam a tabela e o gráfico abaixo.

INCORPORAÇÃO DE PEÇAS AO ACERVO DA BIBLIOTECA


OBRAS / TÍTULOS TOTAL
REFERÊNCIA 222
MONOGRAFIAS 664
PERIÓDICOS 478
BRAILLE 489
FITAS DE VÍDEOS 480
FITAS DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS 1.017
TESES DE EDUCAÇÃO 259
BRASILIANA 128
EUCLIDIANA 70
CD-ROM 168
DISQUETES 55

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


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PROCESSAMENTO TÉCNICO DO ACERVO


PERIÓDICOS E MATERIAL ESPECIAL 510
MONOGRAFIAS 2.492
INDEXAÇÃO DE PERIÓDICOS/JORNAIS 5.002
PROCESSAMENTO TÉCNICO AUTOMATIZADO 17.930

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119


miolo anais final 25cm:miolo anais final 25cm 3/22/07 3:28 PM Page 368

Esta obra foi impressa pela Graftipo em Adobe Garamond


e papel Off-set 90g/m2. Em dezembro de 2004.
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An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 119

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