Document 46328 1
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Microbiana da
Amazônia
Editores:
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;
Bentes, J.L.S.; Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C
Copyright © 2016, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Michel Temer
EDITORA INPA
Editor: Mario Cohn-Haft. Produção editorial: Rodrigo Verçosa, Shirley Ribeiro Cavalcante,
Tito Fernandes. Bolsistas: Brenda Costa, Lucas Souza, Natália Nakashima, Paulo Maciel e
Sabrina Trindade.
FICHA CATALOGRÁFICA
ISBN 978-85-211-0159-8
CDD 576.9811
Para que as informações apresentadas no Congresso tenham um maior alcance de divulgação, op-
tou-se, a partir do 5° Congresso realizado no final de 2014, para a elaboração de um livro, dando a
oportunidade aos autores dos trabalhos apresentados durante o evento, para transformarem suas
apresentações em capítulos do livro. Para isso, foi solicitado aos autores interessados na conversão,
para ampliarem o número de páginas e adotando-se um padrão geral de qualidade e de redação.
Esse livro é o resultado da compilação elaborada e autorizada pelos autores que se interessaram em
publicar seus trabalhos apresentados no 5° CDMicro na forma de capítulos.
A Comissão Organizadora
SUMÁRIO
Alimentos
Fazio M.L.S., Sartori N., Geromel M.R. Ação antibacteriana de ervas aromáticas........................... 1 - 6
Fazio M.L.S., Costa A.F., Almeida V.S., Geromel M.R. Qualidade microbiológica de sucos de frutas
Naturais comercializados na região de Catanduva – SP.................................................................. 7 - 13
Teixeira N.S., Galúcio V.A., Ferreira Neta A.P., Nunes A.S., Sales-Campos C. Análise físico-
química e microbiológica de resíduos de maracujá (Passiflora sp.) coletados no município de
Parintins - Amazonas.......................................................................................................................... 14 - 20
Ambiental
Bastos V.I.S., Jesus M.A., Santos Borel J.F. Some hydnoid (Basidiomycetes) mushrooms of the
Brazilian Amazon................................................................................................................................ 21 - 34
Bezerra AFM, Vasconcelos HS, Neto JFN, Sousa HM, Araújo LS, Oliveira FM, Zanotto SP, Andrade
LH, Barroso HS. Bioprospecção de fungos filamentosos isolados dos sedimentos do rio Negro para
aplicação em reações de biorremediação enantiosseletiva de cetonas................................... 35 - 40
Brito L.L., Menezes N.C., Minelli-Oliveira C., Oliveira L.A. Biodegradação de petróleo por
isolados de rizóbios provenientes de solos amazônicos............................................................... 41 - 46
Carvalho R.S., Nascimento C.C. Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griff & Maubbl.
(Sphaeropsidales, Sphaeroidaceae) associada à espécie florestal Scleronema micranthum
((Ducke) Ducke, Bombacaeae) (Cardeiro) da Amazônia............................................................ 47 - 57
Cortez A.C.A., Souza J.V.B, Rocha L.C., Silva T.K.S., Sanches M.A., Freire A.K.L., Zelski S.E. Fungos
presentes em um ambiente lêntico do Município de Iranduba – Região Amazônica................. 58 - 62
Costa J. S., Atroch, E.M.A.C., Nagao, E.O. Estudos da atividade de fungicidas para o
controle do crescimento de Trichoderma sp em meio de cultura de micropropagação de
plantas................................................................................................................................................. 63 - 68
Costa T.P., Menezes N.C., Oliveira L.A. Crescimento de rizobactérias em meio de cultura
usando o mesocarpo do babaçu (Orbignya phalerata Mart) como fonte de carbono para fins
biotecnológicos................................................................................................................................. 69 - 74
Fernandes K.R.P., Bittencourt O.S.T., Teixeira A.F., Souza A.Q.L., Nunomura R.C.S.
Isolamento e caracterização de fungos endofíticos de Myristicaceae com potencial de atividade
antioxidante........................................................................................................................................ 88 - 93
Fonseca M.D.P., Costa C.L.S.O., Souza A.Q.L., Gibertoni T.B., Souza A.D.L., Rodrigues
M.O., Pereira J.O., Azevedo J.L. Diversidade de macrofungos da família Polyporaceae
(Basidiomycotina) no Estado do Amazonas.............................................................................. 94 - 99
Gama A.M., Silva M.S., Moraes A.B., Carvalho N.O., Nonato L.S., Spira B., Mota A.J.,
Yamane T. Isolamento de bactérias da Região Amazônica, como modelo para a recuperação de
fosfato............................................................................................................................................... 100 - 105
Gasparotto L., Pereira J.C.R. Fitopatógenos habitantes do solo na Amazônia......................... 106 - 113
Gonzaga A. D., Souza A.Q.L., Pereira J.O. Isolamento, purificação, identificação e conservação
de microrganismos associados ao jardim de fungos simbióticos das formigas cortadeiras Atta
sexdens............................................................................................................................................ 114 - 119
Lima H.D.S., Jesus M.A, Oliveira D.A.S. Avaliação da viabilidade de culturas de Paecilomyces
preservadas em óleo mineral na Coleção de Culturas de Microrganismos de Interesse
Agrossilvicultural do INPA......................................................................................................... 120 - 127
Lima J.M.S., Pereira J.O., Costa Neto P.Q., Batista I.H., Santos J.C., Araújo S.P., Pantoja
M.C., Azevedo J.L. Avaliação de fungos endofíticos e epifíticos com potencial para
produção de biossurfactantes, isolados de macrófitas aquáticas do rio Negro em Manaus,
Amazonas...................................................................................................................................... 128 - 138
Malheiros C.H., Stieven A.C.. Santos J.O., Almeida L.S., Campos D.T.S., Oliveira L.A.
Indicadores microbiológicos em diferentes sistemas de manejo do solo na Amazônia
Meridional...................................................................................................................................... 139 - 146
Marinho M. P. S., Souza, R.D.N.S., Santos, J.C., Lima, J.M.S., Pereira, J.O., Batista I. H., Ferreira
F.S. Bactérias endofíticas com potencial de degradar hidrocarbonetos, isoladas a partir de
macrófitas aquáticas, coletadas em áreas portuárias de Manaus - AM.................... 147 - 155
Menezes N.C., Oliveira L.A. Tolerância de rizóbios à acidez e ao alumínio......... 156 - 161
Nogueira J.C., Maki C.S., Martins M.K. Fungos endofíticos associados à pimenta murupi (Capsicum
chinense): Isolamento, caracterização morfológica e atividade antimicrobiana........... 169 - 178
Oliveira M.R., Gama A.M., Katak R., Matos E., Terenius O., Marinotti O., Tadei, W.P., Souza
A.Q.L. Espécies de bactérias associadas a larvas de Anopheles darlingi Root, 1926, em seu
ambiente aquático........................................................................................................................ 192 - 198
Peixoto J.V.O., Minelli-Oliveira C., Brito L.L., Oliveira L A. Atividades celulolíticas, proteolíticas
e ureolíticas de rizóbios provenientes de solos amazônicos.............................................. 199 - 205
Rocha E.M., Katak R.M., Oliveira M.R., Gama A.M., Souza A.Q.L., Tadei W.P. Caracterização
morfológica de bactérias isoladas do habitat de larvas de Anopheles darlingi Root. 1926 do
município de Coari, AM........................................................................................................... 206 - 211
Santos J.C., Lima J.M.S., Telles Y.V., Araújo S.P., Costa Neto P.Q., Mota A.J.; Peixoto J.C.C., Batista
I.H., Pereira J.O. Caracterização da microbiota da rizosfera resistentes ao agrotóxico carbendazim
em culturas de coentro na Comunidade Nova Esperança em Manaus/AM........................ 212 - 220
Silva S.R.S, Silva A.S., Santiago P.A.L., Souza A.D.L., Polikarpov I., Martinez J.L., Souza, A.Q.L.
Avaliação das enzimas CMcase e xilanase de três fungos endofíticos da Amazônia, em três resíduos
agrícolas em duas diferentes condições de cultivo....................................................................... 221 - 226
Souza R.D.N., Batista I.H., Ferreira F. S., Santos J.C., Marinho, M.P.S., Araújo, S.P., Lima J.M.S.,
Pereira J.O. Atividade enzimática em fungos endofíticos isolados seletivamente de Eichhornia
crassipes coletada em área portuária de Manaus – AM.............................................................. 227 - 233
Básica
Castro C.S.P. Coleções de Microrganismos da Embrapa: De Requisitos Corporativos da Qualidade à
Acreditação..................................................................................................................................... 234 - 240
Couto F.A., Santos C., Dias E.S., Lima N., Batista L.R. Uso de marcadores fenotípicos e
bioquímicos para caracterização de isolados de Aspergillus seção Flavi............................ 241 - 250
Demosthenes L.C.R., Bentes J.L.S., Costa Neto P.Q. Variabilidade genética de Ralstonia
solanacearum utilizando marcadores AFLP............................................................................. 251 - 256
Fonseca T.R.B., Palheta R.A., Souza B.C., Marinho N.M.V., Ebinuma V.C.S., Teixeira M.F.S. Análise
de variáveis que influenciam a produção de biomassa de actinomicetos.............................. 257 - 263
Lobo I.K.C., Almeida, L.B., Souza Á., Sousa N. R., Silva G.F. Identificação molecular de fungos
filamentosos isolados dos sintomas de superbrotamento em guaranazeiro........................ 264 - 273
Marinho N.M.V., Fonseca T.R.B., Palheta R.A., Souza B.C., Ebinuma V.C.S., Teixeira M.F.S.
Variáveis que influenciam a produção de biomassa de actinomicetos................................... 274 - 280
Matos K.S., Hanada R.E., Silva G.F. Diagnóstico molecular por PCR-RFLP e gene LYS2 para identificação
de Fusarium decemcellulare........................................................................................................ 281 - 288
Oliveira L.A., Cortez A.C.A., Souza J.V.B.. Avaliação de metodologias de preservação para manutenção
de microrganismos do Filo Ascomycota e leveduras do gênero Candida pertencentes à Coleção de
Microrganismos de Interesse Médico do INPA........................................................................ 289 - 294
Oliveira L.A., Cortez A.C.A., Souza J.V.B. Identificação de espécies do gênero Candida mantidas na
Coleção de Microrganismos de Interesse Médico do INPA.................................................. 295 - 300
Queiroz C.Á., Silva A.F., Cruz J.C., Silva G.F., Sousa N.R., Matos K.S., Hanada R.E. Caracterização de
Fusarium decemcellulare isolado de guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis) por meio de ERIC-
PCR....................................................................................................................................... ......... 301 - 309
Silva M.S., Gama A.M., Moraes A.B., Nonato L.S., Carvalho N.O., Spira B., Yamane T., Mota J.
Minipreparação de múltiplas amostras para extração de DNA total bacteriano em microplacas
de 96 poços.................................................................................................................................. 310 - 315
Siqueira V.K.S., Matos K.S., Hanada R.E., Gualberto G.F., Silva G.F. Primers específicos para a
determinação de MAT-1 em Fusarium decemcellulare........................................................ 316 - 321
Industrial
Araújo C.O.M., Silva L.M., Lima A.K.S., Torres D.R., Silva J.C., Fernandes O.C.C. Produção
de proteases por Aspergillus spp estocados na Coleção de Fungos da Amazônia - CFAM do
Instituto Leônidas e Maria Deane............................................................................................ 322 - 329
Lima A.K.O., Taube Júnior P.S. Bactérias lácticas e sua importância na indústria de alimentos e
saúde: Uma revisão..................................................................................................................... 330 - 335
Lima A.K.S., Torres D.R., Fernandes O.C.C., Silva J.C., Mendes L., Araújo C.P.M. Enzimas
extracelulares de Aspergillus e Penicillium conservados na Coleção de Fungos da Amazônia-
CFAM............................................................................................................................................. 336 - 341
Maciel M.J.M., Farias J.A., Silva I.R., Souza F.R.F., Procópio R.E.L. Produção de etanol a partir
de meio de cultura hidrolisado de bagaço de cana-de-açúcar............................................. 342 - 348
Martim S.R., Silva T.A., Teixeira L.S., Cruz-Filho R.F., Fonseca T.R.B., Marinho N.M.V.,
Santos-Ebinuma V., Teixeira M.F.S. Produção e extração de proteases por fermentação
extrativa.......................................................................................................................................... 349 - 354
Martim S.R., Silva L.S.C., Machado A.R.G., Teixeira R.A., Santos-Ebinuma V.C., Cruz-Filho
R.F., Teixeira M.F.S. Extração líquido-líquido de proteases de Pleurotus albidus (DPUA 1692)
empregando sistema de duas fases aquosas (peg-fosfato)................................................ 355 - 360
Silva L.S.C., Machado A.R.G., Martim S., Teixeira R.A., Cruz Filho R.F., Teixeira M.F.S.
Comparação entre processos de fermentação na produção de enzimas por cogumelos
comestíveis.............................................................................................................................. 361 - 365
Souza R.A.T.; Fonseca, T.R.B., Silva L.S.C., Teixeira M.F.S. Atividade proteolítica dos extratos
aquosos de biocompósitos formulados com cogumelos comestíveis utilizando como matriz
casca de abacaxi........................................................................................................................ 366 - 371
Verçosa J.V.M., Neiva M., Carmo E.J., Asfolfi Filho S. Clonagem e expressão do um inibidor de
fosfolipase A.............................................................................................................................. 372 - 381
Médica
Banhos E.F., Souza A.Q.L., Lima G.A., Souza A.F., Souza A.D.L. Avaliação da atividade
anticandida de extratos de fungos do gênero Pestalotiopsis spp. isolados de ambientes
amazônicos................................................................................................................................... 382 - 387
Couto F.M.M., Andrade S.L., Buonafina M.D.S., Leal A.F.G., Magalhães O.M.C., Vasconcelos
F.M.T.S., Santos F.A.G., Neves R.P. Candidemia em Unidades de Terapia Intensiva: Diagnóstico
e avaliação da capacidade de aderência e formação de biofilme................................. 396 - 402
Cunha G.S., Pimenta L.A., Oliveira A.D., Pio C.H.S., Andrade S.L. Fatores de risco para o
desenvolvimento de fungemia em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva em hospital terciário
de Manaus................................................................................................................................... 403 - 408
Jensen B.B., Comandolli-Wyrepkowski C.D., Santos P.A., Barros A.M.C., Soares F.V., Pinheiro
F.G., Domingos P.R.C., Naiff M.F., Franco A.M.R. Avaliação das formulações contendo
extrato metanólico de Libidibia ferrea contra infecção causada por Leishmania (Leishmania)
amazonensis................................................................................................................................... 409 - 416
Matsuda J.S., Wanke B., Assumpção I.A., Balieiro A.A.S., Santos C.S.S., R.C.S., Muniz M.M.,
D.R., Martinez-Espinosa F.E., Souza J.V.B. Aspergilose pulmonar em pacientes de tuberculose
pulmonar com baciloscopia negativa. Manaus, Amazonas............................................... 417 - 426
Melo E.D., Tibery Espir T., Guerreiro T.S.B., Figueira L., Naiff M., Costa A.G., Malheiro
A., Franco AMR. Perfil de citocinas TH1 e TH2 em pacientes com Leishmania (Viannia)
guyanensis no Norte do Brasil............................................................................................ 427 - 436
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Instituto Municipal de Ensino Superior - IMES Catanduva | 17 – 35312200 Avenida Daniel
Dalto s/n – Caixa Postal: 86 - 15.800-970 - Catanduva-SP. Emails: [email protected],
[email protected], [email protected]
Resumo
Diversas espécies vegetais têm sido usadas pelas características antimicrobianas, através
de compostos sintetizados pelo metabolismo secundário da planta, como é o caso dos
compostos fenólicos. Estes apresentam ação inespecífica sobre micro-organismos,
rompendo a parede celular bacteriana, inibindo os sistemas enzimáticos para a formação
da mesma. Considerando os aspectos mencionados o objetivo do presente trabalho foi
avaliar a atividade antibacteriana de algumas ervas aromáticas empregando-se o método
de difusão em gel de ágar. Os extratos que apresentaram ação antimicrobiana
significativa (halos iguais ou superiores a 10 mm) foram utilizados em testes posteriores
para verificar até qual diluição (10-2, 10-3 e 10-4) a atividade estava presente. Verificou-
se que a atividade antibacteriana dos extratos aquosos de hortelã e manjerona foram
superiores; e a ação antimicrobiana foi constatada apenas para a primeira diluição.
Concluiu-se que a hortelã e manjerona apresentaram maior eficácia sobre as bactérias
testadas.
Palavras-chave: antibacteriana, ervas aromáticas, hortelã, manjerona
Introdução
1
adquirindo importância, tornando-se indispensáveis à vida destes povos, seja por
ligação em rituais, por sua utilização como temperos de alimentos ou mesmo em
medicina. As ervas são utilizadas desde os tempos mais antigos, fazendo parte da
cultura de seu país. Cada cidade, região, país, dependem das culturas e dos costumes,
tendo assim hábitos diferentes. Uma cultura pode caracterizar o alimento como forma
de saciar a fome ou como fonte de prazer e oportunidade social. A família, igreja e a
escola passam a prática da cultura de geração para geração, sendo assim cada pessoa
consome o alimento baseado no guia cultural (Medved, 1981).
As ervas possuem níveis distintos de atividade biológica sendo, porém, efetivas
contra micro-organismos em distintas concentrações. Diversas espécies vegetais têm
sido usadas pelas características antimicrobianas, através de compostos sintetizados pelo
metabolismo secundário da planta, como é o caso dos compostos fenólicos. Estes
apresentam ação inespecífica sobre micro-organismos, rompendo a parede celular
bacteriana, inibindo os sistemas enzimáticos para a formação da mesma (Nascimento et
al., 2000).
Existe um interesse particular na descoberta e emprego de novos agentes
antimicrobianos, fato ligado ao alarmante aumento de microrganismos resistentes aos
antibióticos normalmente utilizados (Souza; Lima; Narain, 2003). Considerando os
aspectos mencionados o objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade
antibacteriana de algumas ervas aromáticas.
Material e Métodos
2
próprios para antibiograma foram adicionados à solução, sendo a mesma mantida no
agitador por 30 minutos.
Os microrganismos, Bacillus cereus, Bacillus subtilis (ATCC 6633), Salmonella
typhimurium (ATCC 14028), Salmonella enteritidis e Staphylococcus aureus (ATCC
22923), previamente semeados em Caldo Nutriente e incubados a 35°C por 24 horas,
foram semeados na superfície de placas de Petri contendo Ágar Nutriente. As análises
foram realizadas em duplicata. Na seqüência, discos de antibiograma saturados com a
solução foram colocados no centro de cada placa; sendo as mesmas incubadas a 35°C
por 24 e 48 horas. Após este período foi possível observar e medir o halo de inibição.
Halos iguais ou superiores a 10 mm foram considerados significativos de atividade
antimicrobiana, conforme Hoffmann et al. (1999). Os extratos aquosos que
apresentaram atividade antibacteriana significativa foram novamente testados com as
diluições 10-1, 10-2, 10-3 e 10-4, para verificar até qual diluição a ação antibacteriana era
observada.
Resultados e Discussão
3
Conclusão
Os estratos aquosos hortelã e manjerona apresentaram maior eficácia sobre as
bactérias testadas.
Referências
Hoffmann FL, Souza SJF, Garcia-Cruz CH, Vinturim TM, Dutra AL (1999)
Determinação da atividade antimicrobiana “in vitro” de quatro óleos essenciais de
condimentos e especiarias. Boletim CEPPA7: 11-20.
Medved E (1981) The world of food. Ed. Ginn and Company, Lexington.
Souza EL, Lima EO, Narain N (2003) Especiarias: uma alternativa para o controle de
qualidade sanitárias e de vida útil de alimentos, frente às novas perspectivas da indústria
alimentícias. Revista Higiene Alimentar17: 38-42.
4
Tabela 1 - Determinação da atividade antibacteriana de extratos aquosos de alecrim,
cebolinha, coentro, hortelã, manjericão, manjerona e salsa, impregnados em discos de
papel filtro de 6 mm de diâmetro; incubação a 35 °C / 24 horas; expressa como halo de
inibição em mm.
Ervas Alecrim Cebolinha Coentro Horte Manjer Manjeri Salsa
aromáti (Rosmari (Allium (Coriand lã ona cão (Petro
cas/ nus schoenopra rum (Ment (Origan Ocimum se-
Micro- officinali sum L.) sativum ha um basilicu linum
organis s L.) L.) spicat majoran m L.) sativu
mos a L.) a L.) m
Hoff
m.)
B. cereus - - - 6 8 - -
B. - - - - - - -
subtilis
S. aureus - - - 6 - - -
S. 6 8 - 10 - 8 8
enteritidi
s
S. 5 8 - 5 10 9 9
typhimur
ium
Após 48 horas os resultados não apresentaram alterações.
5
Hortelã Manjerona
Microorganismos
Salmonella 10 7 6 -
enteritidis
Salmonella 10 6 -
typhimurium 6
6
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
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Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
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Resumo
Na vida atribulada que vivemos atualmente os hábitos alimentares da sociedade têm
sofrido grandes mudanças. Hoje em dia, devido ao fato de ambos os pais trabalharem, é
muito comum as crianças frequentarem desde muito cedo, creches ou escolas de
educação infantil em tempo integral. Neste contexto, pais e filhos são obrigados a
tomarem duas ou mais refeições fora de casa. Apesar das opções não serem
recomendadas como saudáveis, há sempre a possibilidade de acompanhar com sucos
naturais, trocando as calorias de um refrigerante pelas propriedades nutricionais da
bebida natural extraída das frutas. O objetivo do estudo foi avaliar a qualidade
higiênico-sanitária e microbiológica de sucos in natura sabores abacaxi, acerola, goiaba,
laranja, limão, maracujá, melancia, melão, morango e tamarindo comercializados na
região de Catanduva-SP. As análises microbiológicas consistiram na investigação da
presença de Salmonella spp. e Número Mais Provável de coliformes totais e
termotolerantes. Os resultados revelaram que todas as amostras estavam de acordo com
o padrão federal vigente, sendo, portanto classificadas como produtos em condições
sanitárias satisfatórias e, por conseguinte produtos próprios para o consumo humano.
7
Introdução
Material e Métodos
Foram adquiridas e analisadas dez diferentes amostras de sucos naturais prontos
para o consumo, sendo estes de diferentes frutas (abacaxi, acerola, goiaba, laranja,
limão, maracujá, melancia, melão, morango e tamarindo). As mesmas foram
transportadas ao Laboratório Multidisciplinar do Instituto Municipal de Ensino Superior
de Catanduva e estocadas sob refrigeração (Silva et al., 2010). Cada amostra recebeu
um número de identificação e assepticamente, 10 ml da mesma foram colocadas em um
Erlenmeyer contendo 90 ml de água destilada estéril, sendo homogeneizados
posteriormente (diluição 10-1). A partir desta foram realizadas as demais diluições
decimais seriadas até 10-3 utilizando-se o mesmo diluente. As três diluições obtidas
foram usadas, conforme necessárias, nas análises subsequentes (Silva et al., 2010). As
amostras foram submetidas às seguintes análises: Determinação do Número Mais
Provável (NMP) de coliformes totais e termotolerantes e, pesquisa de Escherichia coli e
Salmonella spp.
8
Determinação do Número Mais Provável (NMP) de coliformes totais
Foram inoculados volumes de 1 ml das diluições 10-1 a 10-3 em três séries de
tubos, contendo 9 ml de Caldo Lauril Sulfato (CLS) com tubo de Durhan invertido, e
incubados a 35o C durante 24-28 horas para teste presuntivo e, considerados positivos os
que apresentaram gás no interior do tubo de Durhan.
Para o teste confirmativo, com o auxílio de uma alça de platina, foi inoculada
uma alçada dos tubos positivos de CLS pata tubos contendo Caldo Verde Brilhante Bile
2% (VB), incubados às mesmas condições anteriores, sendo a positividade verificada
também para os que apresentam gás, e determinado o NMP/g de coliformes totais com o
auxílio da tabela do NMP (Silva et al., 2010).
Pesquisa de E. coli
A partir dos tubos contendo caldo EC, usados na quantificação de coliformes
fecais que apresentam turvação, com ou sem gás no interior do tubo de Durhan, foram
semeadas placas de Petri contendo Ágar Levine Eosina Azul de Metileno (L-EMB)
para o isolamento de E. coli, sendo incubadas a 35o C durante 24 horas.
Colônias típicas, pequenas, com centro negro e bordas claras, brilho verde-
metálico à luz refletida, bem como as atípicas, foram confirmadas por coloração de
Gram (bastonetes Gram-negativos). Posteriormente, foram repicadas em tubos contendo
Ágar Padrão para Contagem (PCA) inclinado, sendo incubadas às mesmas condições.
9
de metila foi pipetado 1 ml da cultura, adicionando-se cinco gotas de solução de
vermelho de metila.
Resultados e Discussão
10
Faria (1999) sobre sucos as temperaturas em torno de 90°C, normalmente empregadas
no tratamento térmico para a preservação do suco, podem não ser suficientes para
inativar fungos termorresistentes. No entanto, temperaturas mais elevadas afetam as
características físico químicas dos sucos e, portanto, o controle da deterioração por
fungos termorresistentes baseia-se fundamentalmente na adoção de práticas higiênico-
sanitárias adequadas, visando diminuir a possibilidade de contaminação das matérias-
primas.
11
Garcia et al. (2012) em Juazeiro do Norte-CE, também com sucos “in natura”, quando
afirma que no tocante aos testes de Salmonella, verificou-se presença deste
microrganismo em 100% das amostras analisadas, estando em desacordo com o
especificado pela legislação brasileira que estabelece ausência em 25 mL.
Conclusão
Referências
Correa Neto RS, Faria JA (1999) Fatores que influem na qualidade do suco de laranja.
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/veiculos_de_comunicacao/
CTA/VOL19N1/CTA19N1_24.PDF
Garcia R, Santos D, Oliveira EN, Josino AS, Mori E (2012) Qualidade microbiológica
de sucos in natura comercializados na cidade de Juazeiro do Norte-CE. Revista
Brasileira de Tecnologia Agroindustrial.
12
Pinheiro AM, Fernandes AE, Prado G, Sousa PH, Maia GA (2006) Avaliação química,
físico-química e microbiológica de sucos de frutas integrais: abacaxi, caju e maracujá.
Scielo. http://www.scielo.br/pdf/cta/v26n1/28856.pdf
Silva N, Junqueira VCA, Silveira NFA, Taniwaki MH, Santos RFS, Gomes RAR
(2010) Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. Varela, São
Paulo.
13
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Introdução
14
O município de Parintins, situado a 400 Km de Manaus – AM, é uma área produtora
de frutos amazônicos, consumidos em larga escala pela população em geral e na merenda
escolar com distribuição local pela agricultura familiar, principalmente na forma de suco,
gerando grande quantidade de resíduos no processamento artesanal das frutas.
Os principais resíduos gerados no processamento possuem em sua composição
vitaminas, minerais, fibras, compostos antioxidantes, entre outros, importantes para um bom
desempenho das funções fisiológicas. Muitos desses resíduos se perdem ou não são utilizados
adequadamente, em função do desconhecimento de suas potencialidades, valor nutritivo e
deficiências que devem ser corrigidas para sua melhor utilização. Cascas e sementes de
maracujá (Passiflora sp.), resíduos estes provenientes do processo de obtenção do suco,
atualmente, são utilizadas por produtores rurais na alimentação animal, ainda sem muita
informação técnica adequada. Como este volume representa inúmeras toneladas, agregar valor
a estes subprodutos é de interesse econômico, cientifico e tecnológico.
A casca de maracujá tem merecido destaque por ser um produto rico em pectina,
niacina, ferro, cálcio e fósforo, sendo aceita na elaboração de diversos produtos (Córdova et
al., 2005). Porém existem outras características importantes que influenciam no
aproveitamento destes resíduos, entre elas os parâmetros físico-químicos, como pH, sólidos
solúveis, umidade e matéria-seca. Além de condições sanitárias satisfatórias, facilmente
observadas através de análises microbiológicas para a pesquisa de microrganismos
patogênicos, principalmente a presença de coliformes fecais.
Surge, então, a necessidade de estudos visando o aproveitamento desses resíduos a
produção de alimentos que possam ser incorporados na alimentação humana e animal, uma
vez que as maiores quantidades de vitaminas e sais minerais de muitos alimentos se
concentram nas cascas de frutas e legumes.
Diante do exposto e do potencial biotecnológico eminente, foram avaliadas as
características físico-químicas e microbiológicas de resíduo de maracujá (casca) oriundo da
agricultura familiar do município de Parintins – AM, para o aproveitamento na indústria
alimentícia.
Material e métodos
15
serem triturados e secos para a realização das análises descritas a seguir.
-pH: Alíquotas de 10 gramas da amostra triturada foram adicionadas em 90 mL de água
destilada, em triplicata (Skrbic e Filipcev, 2008). Cada suspensão foi submetida à agitação por
cinco minutos e, após sedimentação, realizou-se a leitura em potenciômetro digital portátil
KASVI – K390014P, previamente calibrado.
-Sólidos solúveis: Com o uso de refratômetro portátil Instrutherm RTB-300 foram medidos os
índices de refração da solução de açúcar contido nos resíduos analisados, onde 10 gramas
destes foram homogeneizados em 100 mL de água destilada e os resultados expressos em
ºBrix (Carvalho et al., 2002).
-Teor de umidade e matéria seca: Foi determinado pelo método de secagem das amostras até
peso constante, em estufa a 105°C, seguindo a metodologia descrita pelo Instituto Adolfo
Lutz (1985). A umidade foi expressa em % e a massa seca foi calculada como sendo MS%=
100 – U.
-Cinzas: Foram determinadas após completa carbonização em incineração e calcinação das
amostras em forno mufla a 550°C, obtendo-se um resíduo isento de carvão, com coloração
branca acinzentada (Instituto Adolfo Lutz, 1985), sendo os resultados expressos em %.
-Extrato Etéreo: A determinação de lipídios foi realizada a partir de extração contínua em
Aparelho tipo Soxhlet, tendo o éter de petróleo como solvente de extração, a gordura extraída
foi calculada por diferença de pesagem.
-Análise Microbiológica: Foi realizado a contagem padrão de Coliformes Totais e
Termotolerantes, através da Técnica de Tubos Múltiplos e os resultados foram dados em
Número Mais Provável (NMP) e pesquisa de Salmonella sp., sendo os resultados expressos
em Unidade Formadora de Colônia (UFC), segundo o Método da American Public Health
Association (APHA) descrito em A.O.A.C. (2012). As análises foram realizadas de acordo
com a legislação determinada pela ANVISA sobre padrões microbiológicos – RDC nº12
(BRASIL, 2001). Inicialmente, como padrão para amostras sólidas, foram realizadas duas
diluições, sendo a primeira 1:50 (10 gramas de amostra em 490 mL de água destilada) e a
segunda 1:10 (25 mL da primeira diluição em 225 mL de água peptonada a 0,1%). A partir
desta segunda diluição, considerada 10-1, foram preparadas diluições decimais sucessivas,
pela transferência de 1 mL da diluição anterior em 9 mL de diluente água peptonada a 0,1%,
até 10-3. Essas diluições foram utilizadas para a determinação dos microrganismos em meios
de cultura vertidos em tubos de ensaio com tubos de Durhan invertidos em seu interior. Sendo
utilizados os seguintes meios de cultura, Caldo Lauryl e Caldo EC para o crescimento de
coliformes totais e Escherichia coli e Caldo SC (Selenito de Cistina) para Salmonella sp.
16
Após a inoculação, os tubos foram encubados em estufa bacteriológica a 35ºC por 3 dias, a
leitura foi realizada a cada 24 horas para a observação de produção de gás e turvação do meio.
Após este período, alíquotas de 100 µL retiradas dos tubos contendo Caldo SC foram
adicionas em placas de Petri, em triplicata, contendo os meios TSI (Triple Sugar Iron Agar),
XLT4 e BVB (Agar Verde Brilhante modificado), incubadas a 35ºC por 3 dias para a
confirmação da presença de Salmonella sp. A identificação das colônias foi feita de acordo
com as características morfológicas descritas pelo fabricante de cada meio específico, baseado
na cor, aspecto e alteração do meio pelo crescimento de colônias características. Os resultados
das análises foram avaliados segundo a Instrução Normativa nº 7, de 5 de abril de 1999, da
Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura e do Abastecimento
(Brasil, 1999), que preconiza os padrões para polpa de frutas, pois não há legislação
específica para análise de resíduos de frutas.
Resultados e discussão
17
fator de fundamental importância na limitação dos diferentes microrganismos capazes de se
desenvolver no alimento (Hoffmann, 2001).
A umidade é uma característica importante que interfere na coloração e sabor das
frutas (Souza et al., 2008). Quanto ao resíduo da casca do maracujá, observou-se um teor de
umidade bastante elevado de 87,64% e um teor de matéria seca de 12,36%. Estes resultados
indicam a interferência do clima da região Amazônica na umidade das frutas como um alto
valor presente também nos resíduos, fator este destacado por Abud e Naraim (2009), sendo de
grande importância, uma vez que a umidade presente no material interfere na preservação do
alimento. Este é um fator que precisa ser observado para a utilização dos resíduos,
principalmente pelo custo elevado para desidratar e a suscetibilidade para deterioração por
crescimento microbiano (Cunha et al., 2009).
Esta alta umidade foi evidenciada também pelo baixo valor de cinzas 5,07%, o que
pode estar associado a uma menor concentração dos minerais presentes nos resíduos
analisados, visto que se tratavam de resíduos brutos, em que predominam altas concentração
de água (Sousa et al., 2011).
O teor de açúcar, expresso pela percentagem de sólidos solúveis totais (SST) ou
°BRIX é variável entre os frutos (Sousa et al., 2011). O alto suprimento de água diminui a
percentagem de açúcares, encontrado em baixa concentração na casca de maracujá,
apresentando apenas 0,5 °BRIX.
As análises microbiológicas foram realizadas com intuito de verificar fatores que
pudessem alterar a qualidade dos resíduos inviabilizando seu aproveitamento. Sabe-se que
alterações microbiológicas são indesejáveis em qualquer tipo de alimento bem como a
presença de patógenos e microrganismos indicadores proveniente de más condições
higiênico-sanitárias.
Os resultados das análises microbiológicas realizadas a partir de amostras moídas
demonstraram características preocupantes, pois apesar de apresentarem resultados negativos
nos testes presuntivos com presença de coliformes inferior a 3 NMP.g–1, observou-se o
crescimento microbiano em placas contendo os meios seletivos para a identificação de
Salmonella sp. e Escherichia coli (Figura 01).
O resultado foi feito a partir do critério de presença e ausência de crescimento
microbiano, tendo em vista que não existe uma legislação específica para análise de resíduos,
mas levou-se em consideração a característica patogênica dessas bactérias. A identificação
das colônias foi feita de acordo com as características morfológicas descritas pelo fabricante
de cada meio específico, baseado na cor, aspecto e alteração do meio.
18
Figura 01: Crescimento microbiano em placa contendo meio seletivo para desenvolvimento
de colônias de Salmonella sp. e Escherichia coli.
Conclusões
Referências
19
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20
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Abstract
The general characters of this fungal group are the presence of odontioid
hymenium, hymenophore, and pileate or resupinate. Generally, the hydnoid species are
ectomycorrhizal, as they are important functional components of forest ecosystems. In
some cultures (e.g. Hydnum repandum) it holds nutritional importance. The objective is
to report the occurrence of hydnoid mushrooms for the Amazon Rainforest. The
collections were made in the following sites: Adolpho Ducke Forest Reserve, Tropical
Silviculture Experimental Station, Uatumã Biological Reserve in the State of
Amazonas, and Viruá National Park located in the State of Roraima. Besides the
aforementioned sites few collections were made in the urban area of Manaus. All the
specimens are deposited in the Herbarium of the National Institute of Amazon
Research–INPA. A total of 21 specimens of Amazon hydnoid mushrooms were
identified: Climacodon sp (1), Dentipellis sp (1), Hydnodon thelephorum (11),
Pseudohydnum gelatinosum (1), Stecchericium hydneum (1), S. seriatum (2), S.
ochraceum (1), Trechispora gillesii (2), Trechispora sp. (1). Due to the economic and
ecological importance of these macrofungi, the study contributed to the expansion of
knowledge about hydnoid diversity in the Amazon region. Comments and illustrations
are given for most of the species.
Key words: Ectomycorrhizal fungi, Northern Brazil, South America, Taxonomy
Introduction
The hydnoid fungi are characterized by their pileate basidiomes, usually stiptate,
centrally attached. Colors range from white to yellow, and orange to brown. The
“teeth”, or “spines”, reach up to 3 mm. The hyphal system varies from monomitic to
dimitic, consisting of generative and skeletal hyphae. The generative hyphae are thin-
walled, branched, contain septa, and clamp connections. The skeletal hyphae are mostly
thick-walled, and branched with septae. Basidiospores are hyaline, being globose or
subglobose to ellipsoid, with a smooth or verrucose surface (Chevall., 1826).
21
Many hydnoid fungi are wood-inhabiting species, but some of them are believed
to be ectomycorrhizas, forming mutually beneficial relationships with the roots of living
trees and other plants, (e.g., species of Hydnellum P. Karst.). Most of the basidiomes
typically occur on the ground, or in leaf litter in woodland (Dai, 2010).
Some species (e.g. Hydnum repandum L.) are well known edible fungi and are
commercially collected and marketed in Europe and France. It is often referred to as
"pied de mouton" in France (Roberts and Evans, 2011). In North America, the related
H. umbilicatum Peck is also known to have a sweet flavor and commercially collected,
sometimes under the name "sweet tooth".
This study represents a few materials collected during the last 18 years by Dra.
Maria Aparecida de Jesus and collaborators as a part of ongoing projects to search for
biodiversity in the Amazon rainforest “Biodiversity Research Program– PPBio” (INPA/
MCTI) and a sustainable forest management project in the Brazilian Amazon “Amazon
woods” (INCT–MCTI/ FAPEAM). The collections were made in the per quadrant
sampling effort methodology (RAPELD), using a grid of 30 (250 × 40 m) lots same as
the ones employed by (PPBio/MCTI/INPA).
22
meters. The topography consists of plateaus crossed by streams. The soils are composed
of argillaceous oxisols, and are sandier with increasing inclination and decreasing
altitude, see (Oliveira et al., 2008).
Additionally, few collections were performed in 2015 in the urban area of Manaus
by collaborators during a project of fungi associated with trees and shrubs in public
roads.
23
Macro- and microscopic examinations
Substrate: Fb. fallen tree branch, Ft. fallen tree trunk, Lt. live tree, Rt. root. Collection
sites: PARNA. Viruá National Park, RDS. Uatumã Forest Reserve, RFAD. Adolpho
Ducke forest reserve, INPA. National Institute of Amazon Research, UB. Urban area,
ZFII. Tropical Silviculture Experimental Station.
24
described on soil corroborating with (Cifuentes et al., 2005) who reported these species
in the tropical and subtropical forests.
Taxonomy
25
Figure 1–2. H. thelephorum in different perspectives. A–B. Aspect of the fresh piliate basidiome on the substrate, C.
Dry hymenophore, D. Hymenophore tuberculate with cylindrical spines. bs. Basidiospores, bd. Basidia clavate with
basal clamps, hs. Hyphal system (generative hyphae). Bar 100 µm (2); 1mm (D); 10 mm (A, B, C).
Known distribution: This species was previously described for the Amazon region
by (Bononi, 1981). Also known to be restricted to the Neotropic zone (Cifuentes et al.,
2005).
26
with cyanophilic warts. (Coker and Beers, 1951). The specimens described here were
mostly found on soil close to tree roots, corroborating with (Bononi, 1981; Cifuentes et
al., 2005; Sobestiansky, 2005).
Figure 3. Macro and microstructures. A. Aspect of the dry piliate basidiome, B. Dry odontioid hymenophore. bs.
Basidiospores, pb. Protobasidia, hs. Hyphal system (generative hyphae). Bar 100 µm (4); 1mm (B); 5 cm (A).
27
Description: Basidiome annual, effused reflexed, usually 5–8 × 2–4 cm, when
dries easily separable from substrate; odontioid hymenophore, dense spines, brownish
to cream colored, subulate, flattened, straight to somewhat flexuous, 2–3 mm (long).
Hyphal system dimitic; generative hyphae with clamps, thin-walled; skeletal hyphae
thick-walled, 1.5–5 µm (wide), branched, somewhat interwoven. Cystidia clavate,
heavily encrusted, 25–35 × 3.5–5 µm, thick-walled, no basal clamps. Basidia clavate,
15–20 × 4.5–5 µm, with basal clamps, usually with 2–4 sterigmata. Basidiospores
subglobose, 5–(5.5)–6 × 3–(3.5–) 4.5 µm, hyaline, thin-walled, smooth, uninucleate.
Figure 5–6. Macro and microstructures. A. Aspect of the annual basidiome, B–C. hymenophore odontioid with dense
spines. bs. Basidiospores, bd. Basidia clavate, cs. Cystidia encrusted, hs. Hyphal system (generative hyphae and
skeletal hyphae). Bar 10 µm (6); 1mm (B, C); 5 cm (A).
Known distribution: Brazil, in the State of São Paulo (Bononi 1976; Bononi et al.,
1981).
Material examined: Brazil, Amazonas, Manaus, Urban area, on a live tree, 06 Mar
2015, MA Jesus (IH 9.987).
28
Description: Basidiome imbricate to effused-reflexed with flabelliform pileus, flat
or convex 15–50 × 10–30 mm, ranging from light yellow to reddish orange when fresh,
whitish to cream-colored when dry, usually in association with algae. Hymenial surface
tuberculate with cylindrical spines 3 mm (long). Hyphal system monomitic; generative
hyphae bearing clamp connections; skeletal hyphae thick-walled 1.5–2 μm. Cystidia
abundant, cylindrical to fusiform, 30–40 × 10 μm, thick-walled, rarely with
encrustation. Basidia clavate, hyaline 8–15 × 3–5 μm, with 2–4 stigmata, up to 1.5 μm.
Basidiospores ellipsoid to globose, 2–6 (wide), non-cyanophilous, amyloid.
Figure 7–8. Macro and microstructures. A. Aspect of the dry effused-reflexed basidiome, B. hymenophore odontioid
with dense spines. bs. Basidiospores, bd. Basidia clavate, cs. Cylindrical cystidia, hs. Hyphal system (generative
hyphae and skeletal hyphae). Bar 10 µm (8); 1mm (B); 10 mm (A).
29
Description: Basidiome ressupinate, odontioid, adnate to effused-reflexed, fibrillar
velutina margin, ranging from light yellow to reddish orange when fresh, whitish to
cream colored when dry; odontioid surface with abundant fimbriate, bleached teeth,
about 1 mm (long). Hyphal system dimitic, generative hyphae 2.5–3 µm (wide),
hyaline, thin-walled, fibulate, septate, very branched; subiculum hyphae, about 3–4 µm
(wide). Thick walls are observed on some simple septa. Lamprocystidia cylindrical, 35–
50 × 6–7 μm, obtuse apex, protruding from the hymenium, some without encrustation.
Basidia tubular to suburniform, 18–20 × 4.5–5 μm, hyaline, with 2–4 sterigmata, about
2 μm (long). Basidiospore ellipsoid, 4–4.5 × 2–3 μm, hyaline, thin walled, smooth,
inamiloides.
Figure 9-10. Macro and microstructures. A. Aspect of the dry effused-reflexed basidiome, B. Hymenophore
odontioid with dense spines. bs. Basidiospores, bd. Basidia subuniform, c. Cystidia, hs. Hyphal system (generative
hyphae and skeletal hyphae), lp. Lamprocystidia. Bar 10 µm (10); 1mm (B); 10 cm (A).
30
Description: Basidiomes piliate 1.5–2 × 1 cm, whitish to cream colored, with
brown edges when fresh, dark orange to brownish when dried. Stipe ochraceous, up to
1.2–1.5 cm. Hymenophore tuberculate with cylindrical spines, 0.5–1 mm (long), near
stipe, smaller and scattered toward margin, cream colored. Hyphal system monomitic;
hyphae fibulate and inflated close to the septa. Cystidia absent. Basidia hyaline, clavate,
15–20 × 5.5–6 µm. Basidiospore hyaline, subglobose, 5–6.6 × 4.5–6 µm, verrucose,
non-amyloid.
Figure 11–12. Macro and microstructures. A. Aspect of the dry piliate basidiome, B–C. hymenophore tuberculate
with cylindrical spines. bs. Basidiospores, bd. Basidia clavate, hs. Hyphal system, hyphae with clamp connections.
Bar 5 µm (12); 1mm (B, C); 10 cm (A).
Conclusion
Due to the economic and ecological importance of these macrofungi, the study
contributed to the expansion of knowledge about hydnoid’s fungal diversity in the
Amazon region. However, a lot of them still remain unknown in the Amazon rain forest.
31
Acknowledgments
References
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Bezerra AFM1, Vasconcelos HS2; Neto JFN1, Sousa HML1, Araújo LS3, Oliveira FM1,
Zanotto SP4, Andrade LH3, Barroso HS1.
1
Universidade do Estado do Amazonas, Manaus-AM. 2 Centro Universitário do Norte
Laureate, Manaus-AM. 3. Universidade de São Paulo, Instituto de Química, São Paulo-SP,
Brasil. 4 Universidade Federal do Amazonas, Manaus-AM.
E-mails: [email protected]; [email protected],
[email protected], [email protected]; [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
Resumo
A busca por novos biocatalisadores é um dos atuais interesses das indústrias
biotecnológica e farmacêutica. As enzimas de origem microbiana se apresentam como
excelentes catalisadores devido a capacidade de sintetizar intermediários químicos
biologicamente ativos. Alguns destes são bastante difundidos na produção de fármacos,
como os alcoóis enantiomericamente puros. Sua síntese pode ser realizada utilizando
fungos em reações de biorredução assimétrica de cetonas. Diante da vasta diversidade
microbiana presente na região amazônica e a necessidade de investigações nesta área,
este trabalho teve como objetivo realizar a bioprospecção de fungos filamentosos
isolados dos sedimentos do rio Negro, a fim de avaliar o potencial em reações de
biorredução enantiosseletiva de cetonas. A atividade enzimática de 91 fungos
filamentosos foi avaliada. Neste quesito, nove destacaram-se ao obter excelentes
resultados, com taxas de conversão maiores que 80% e excesso enantiomérico
superiores a 99% no processo de biorredução das cetonas aromáticas: 4-
cloroacetofenona e 4-metilacetofenona. O fungo, cujo código de identificação é SED
41, apresentou atividade enzimática capaz de biorreduzir a 4-cloroacetofenona ao (R)-1-
(4-clorofenil)etanol, obtendo uma conversão >99% e excesso enantiomérico >99% para
o enantiômero-R . O isolado SED 108 converteu 60% da 4-metilacetofenona ao (S)-1-
(4-metilfenil)etanol com excesso enantiomérico de 81% (S). Estes resultados
35
demonstram o potencial dos fungos filamentosos isolados na bacia amazônica em
reações de biorredução enantiosseletiva dos derivados da acetofenona e a versatilidade
na produção tanto do enatiômero S como o R.
Introdução
Os alcoóis enantiomericamente puros são amplamente utilizados como
intermediários químicos em diversas áreas, principalmente, nas indústrias farmacêutica,
agroquímica e biotecnológica (Patel, 2014). A produção biotecnológica de compostos
químicos por biocatálise possui vantagens em relação à química sintética pois diminuem
o impacto ambiental e gastos energéticos devido as condições reacionais brandas (Xu,
2013). Isto está relacionado com a utilização das enzimas produzidas pelos micro-
organismos como catalisadores reacionais. Esta abordagem tem sido visada pois
apresenta elevada enantiosseletividade e por ser benéfica ao meio ambiente. A
biorredução assimétrica de cetonas para obtenção de alcoóis quirais pode ser realizada
com células íntegras de micro-organismos ou com enzima oxirredutase isolada (Soni e
Banerjee, 2006).
As reações com células íntegras de micro-organismos representam uma
alternativa mais acessível, uma vez que seu sistema possui os caminhos metabólicos
para regeneração de cofatores como o NAD+ e NAD(P)H (Ni e Xu, 2012). Além disso,
o cofator das oxirredutases, o NAD+ ou NAD(P)H, confere elevada enantiosseletividade
ao inserir quiralidade à molécula alvo, sendo uma boa estratégia para a produção de
alcoóis opticamente ativos, possibilitando alcançar o rendimento teórico de quase 100%
e enantiossetividade de 99%. (Soni e Banerjee, 2006)
A produção de enzimas de origem fúngica é um processo bastante estudado,
mas poucos são os relatos a respeito da utilização destes micro-organismos, isolados da
região amazônica, em processos biotecnológicos. Diante da crescente necessidade de
busca por novos biocatalisadores, a biodiversidade fúngica da região amazônica é
extremamente promissora para a pesquisa do seu potencial de aplicação em processos
biocatáliticos. Assim, este trabalho tem como objetivo principal verificar o potencial de
fungos filamentosos isolados dos sedimentos do rio Negro/Amazônia, para produção de
enzimas redutases para realizar reações de redução de dois derivados da acetofenona de
forma enantiosseletiva.
36
Material e Métodos
A avaliação da atividade enzimática dos fungos realizou-se de acordo com o
procedimento descrito por Araújo (2011). Conforme as seguintes etapas:
Reativação. Os fungos estão preservados pelo Método de Castellani e foram
reativados utilizando o meio de cultura Ágar Sabouraud Dextrose. Os cultivos foram
incubados a 28 ºC por 7 dias.
Pré-inóculo. O inóculo do fungo foi adicionado a um erlenmeyer de 50 mL
contendo 20 mL de meio de cultura (MCFE7) e incubados a 28 ºC sob agitação orbital,
160 rpm por quatro dias.
Inóculo/Reação. Neste ensaio, foram utilizadas microplacas (24 poços). Após
quatro dias, foram adicionados, em cada poço da microplaca, 2 mL de pré-inóculo e 40
μL das soluções das cetonas 4-metilacetofenona e 4-cloroacetofenona (5 mmol/L). As
microplacas foram mantidas em agitador orbital por 3 dias nas mesmas condições
citadas anteriormente.
Extração. Após 3 dias, foi adicionado éter etílico (2 mL) a cada poço da
microplaca e extraída a mistura reacional (fase aquosa) sendo transferida para um tubo
Falcon e centrifugada (1 min, 6000 rpm) para separação de fases.
Análise. As amostras foram analisadas por cromatografia gasosa e coluna com
fase estacionária quiral. O excesso enantiomérico dos compostos foram determinados
por comparação cromatográfica com amostras dos (R,S)-alcóois sintetizados
quimicamente, fornecidos pelo Laboratório de Química Fina e Biocatálise da
Universidade do Estado de São Paulo - USP, e das cetonas. O excesso enantiomérico
(ee) foi definido como a razão de [S]-[R]/[S]+[R]X100%, em que [R] e [S] são as
concentrações dos enantiômeros (R) e (S), respectivamente.
As soluções padrões dos alcoóis: (R,S)-1-(4-metilfenil)etanol e (R,S)-1-(4-
clorofenil)etanol; e das cetonas: 4-cloroacetofenona e 4-metilacetofenona foram
preparados numa concentração de 5 mmol/L. Para isto, diluiu-se 0,25 mmol dos
substratos em 1 mL de dimetilformamida (DMF) para os alcoóis; e etanol para as
cetonas.
Meio de Cultura MCFE7 = (pH 5,6) = KH2PO4 (0,1 %; 1,0 g/L), MgSO4.7H2O
(0,04%; 0,4 g/L), NH4Cl (0,04 %; 0,4 g/L), Dextrose (0,025 %; 0,25 g/L), Peptona
(0,025 %; 0,25 g/L).
37
Resultados e Discussão
A atividade enzimática de 91 isolados fúngicos foi avaliada através da
biorredução de 4-cloroacetofenona e 4-metilacetofenona aos seus respectivos alcoóis.
Os resultados mais relevantes foram dos seguintes isolados: SED 35, SED 64, SED 89,
SED 4, SED 132, SED 05, SED 10, SED 123 e SED 75 (Tabela 1).
38
Os valores de conversão variaram entre 28% a 84% quando o substituinte R da
acetofenona era o grupo metila (Me) e de 52% a >99% quando o substituinte era o cloro
(Cl). Nas reações 2, 8, 10, 12, 14 e 16 com o substrato clorado as conversões foram
excelentes (>80) e com elevado excesso enantiomérico (ee) (>90%) nas reações 2, 4, 8,
10, 12 e 16. Por outro lado, nas reações com o grupo substituinte Me apenas na reação 7
ocorreu conversão acima de 80% e nas reações 5, 7 e 11 obteve-se ee >90%.
Dentre os nove isolados fúngicos, sete reduziram as cetonas para produzir o
enantiômero-R e apenas dois foram enantiosseletivos para sintetizar o enantiômero-S. O
SED 10 converteu 63% do 4-metilacetofenona com e.e. 85% para o (S)-1-(4-
metilfenil)etanol e o 4-cloroacetofenona ao (S)-1-(4-clorofenil)etanol (conversão 86% e
excesso enantiomérico 78%); o SED 75 reduziu 75% de 4-metilacetofenona em (S)-1-
(4-metilfenil)etanol com ee 85%.
O isolado SED 41 apresentou o melhor resultado na avaliação enzimática, pois
catalisou 4-metilacetofenona e 4-cloroacetofenona com elevadas conversões (83% e
>99%, respectivamente) e e.e. para o enantiômero-R (97% e >99%, respectivamente).
Os melhores resultados foram obtidos nas reações onde o substrato era uma
cetona com o substituinte cloro (Cl) em seu anel aromático. Assim, as enzimas
redutases produzidas pelos isolados fúngicos, SED 35, SED 41, SED 132, SED 05, SED
10 e SED 123 tiveram maior afinidade com a cetona clorada. Isto pode ser explicado
pelo fato do cloro ser um grupo substituinte retirador de elétrons, o que facilita a reação
de redução. O isolado SED 64 demonstrou-se específico para reduzir a cetona com
substituinte cloro, convertendo 77% da cetona ao enantiômero (R) do álcool com
elevado e.e. (>99%), mas não reduziu a cetona substituída pelo grupo Me. Por outro
lado, o isolado SED 75 foi específico para a redução da cetona com substituinte Me,
convertendo 75% da cetona a álcool com excesso enantiomérico 64% para o
enantiômero (S).
A maioria dos isolados fúngicos apresentaram enzimas oxidorredutase com
preferência pela formação do enantiômero-R do álcool. Já o SED 10 e o SED 75
produziram oxidorredutases diferentes dos demais, que tiveram preferência na síntese
do enantiômero-S.
39
O isolado fúngico SED 41 apresentou ótimos resultados como biorredutor
enantiosseletivo, reduzindo tanto a 4-cloroacetofenona como a 4-metilacetofenona com
altas taxas de conversão e excesso enantiomérico para o enantiômero-R.
Conclusões
Este trabalho obteve resultados que demonstram o potencial biotecnológico das
enzimas produzidas pelos isolados de fungos filamentosos de sedimentos de rio Negro,
pois, sintetizaram com sucesso alcoóis quirais enantiomericamente puros a partir das
reações de biorredução da 4-cloroacetofenona e 4-metilacetofenona, além da
versatilidade na produção tanto do enatiômero-S como o enantiômero-R.
Destacou-se o isolado fúngico SED 41 como um biocatalisador promissor em
reações de biorredução de cetonas para a obtenção de alcoóis quirais
enantiomericamente puros.
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
PG Biotecnologia, Universidade Federal do Amazonas –, 2 Mestre em Agricultura no Trópico
Úmido, INPA, 3 Pesquisador, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Emails:
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
Resumo
O petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos e outros compostos. A
contaminação ambiental por estas substâncias causa grande impacto ecológico. Para a
descontaminação dos locais contaminados, a biorremediação utiliza micro-organismos, o
que requer mecanismos para estimular e desenvolver a atividade microbiana na degradação
de compostos de petróleo. Esse trabalho teve como objetivo, testar isolados de rizóbios na
degradação de compostos do petróleo. Foi utilizado o método de riscagem em placas de
Petri, tendo o petróleo como fonte de carbono. Dos 120 rizóbios, 93 mostraram capacidade
de usar o petróleo como fonte de carbono, apresentando bom crescimento até os 15 dias de
avaliação. Desses, 36 mostraram elevada habilidade de degradar o petróleo com seis dias
de crescimento. Os melhores apresentaram crescimentos elevados após 24 horas usando o
petróleo (INPA R629, INPA R634, INPA R656, INPA R664, INPA R667, INPA R672 e
INPA R674). Esses resultados demonstram que os rizóbios podem tornar-se uma
alternativa viável e segura para a biorremediação de solos contaminados com petróleo.
Introdução
A Biorremediação é um processo de simples manutenção, aplicável em grandes
áreas e de baixo custo, que usa micro-organismos ou suas enzimas para destoxificar
contaminantes no solo ou outros ambientes. É a transformação do contaminante em formas
41
que não oferecem riscos ambientais (Duarte, 2012). Os acidentes e vazamentos com
produtos oleosos, principalmente derivados de petróleo, afetam vários meios ambientes,
tanto aquáticos como nos solos. Para a remediação destas áreas, vários processos podem
ser utilizados, mas os biológicos são os mais usados devido ao custo e à eficiência, quando
comparados a processos físico-químicos (Reginatto et al., 2011). A legislação brasileira
exige que áreas contaminadas sejam remediadas para minimizar a interferência ambiental e
restaurar os ecossistemas. Para isto, são necessários o diagnóstico, a análise e o
monitoramento do impacto e medidas remediadoras (CETESB, 2010). Os micro-
organismos são considerados biodegradadores eficientes por sua abundância, diversidade,
versatilidade catabólica e anabólica, e capacidade de adaptação a condições ambientais
adversas (Moraes e Tornisielo, 2009). Para que ocorra a degradação biológica de
compostos orgânicos, como os derivados do petróleo, precisam ser estabelecidas condições
ambientais favoráveis (concentração de nutrientes, umidade, pH, temperatura e aeração),
além do conhecimento sobre a concentração e o tipo de óleo contaminante, a densidade
populacional e o potencial de degradação dos micro-organismos. Os rizóbios fazem parte
da população microbiana do solo e seu estudo pode conduzir à descoberta de estirpes para
uso na biorremediação de ambientes contaminados com compostos de petróleo, visto que
são adaptadas ao ambiente local, e podem mostrar maior eficiência e tolerância às
condições de estresse. Portanto, este trabalho testou a capacidade de isolados de rizóbios
em degradar petróleo para serem utilizados no processo de biorremediação de solos
contaminados com petróleo.
Material e métodos
42
teste foi realizado em quatro repetições. As avaliações foram feitas a cada três dias, por um
período de 15 dias, no qual as bactérias foram mantidas em laboratório a uma temperatura
de 23 – 28 ºC. De acordo com o desenvolvimento das colônias nas quatro zonas da placa,
foram dados valores para o crescimento para cada isolado, segundo Oliveira e Magalhães
(1999). Com base no crescimento em placas de Petri, os isolados foram classificados como
pouco (1,00 à 2,00), moderado (2,06 à 3,00) ou elevado crescimento (3,06 à 4,00) usando o
petróleo como fonte de carbono (biodegradação). Para fins de seleção, foram escolhidos os
isolados que apresentaram nota mínima de 3,06 ao sexto dia de teste.
Resultados
A figura 1 monstra o crescimento dos 120 isolados de rizóbios com as fontes de
carbono manitol (M) e petróleo (P) no período de 15 dias de avaliação. Não houve
diferença entre as duas fontes de carbono quando se analisa os percentuais (68% e 69%)
para os isolados que apresentaram crescimentos elevados no meio com manitol e petróleo
respectivamente. As diferenças dos usos dessas duas fontes de carbono apareceram entre
os isolados que apresentaram pouco ou moderado crescimento. No meio com manitol, 11%
mostraram crescimento moderado e 21%, baixo crescimento, enquanto que no meio com
petróleo, esses percentuais foram respectivamente de 23% e 8%. Alguns microrganismos
já apresentavam notas 3,06 ou acima desta após 24 horas de incubação com a fonte de
carbono petróleo (INPA R629, INPA R634, INPA R656, INPA R664, INPA R667, INPA
R672 e INPA R674) mostrando-se assim, superiores a todos os outros quanto à habilidade
de degradar o petróleo. Outros foram adquirindo elevados crescimentos (notas acima de
3,0) após alguns dias. Com base nesses resultados, foram identificadas 36 bactérias com
performances superiores, que atingiram notas elevadas (3,06 a 4,00) até o sexto dia de
crescimento e foram utilizados em testes posteriores, demonstrando com isso, que são
potenciais degradadores de hidrocarbonetos. Os demais isolados que apresentaram notas de
crescimentos elevados e moderados após o sexto dia podem ser utilizados formando
consórcios em futuros testes de biodegradação de petróleo ou de suas frações, pois até o
150 dia apresentaram crescimentos elevados usando o petróleo para crescerem. Isso mostra
que os isolados de rizóbios testados utilizaram o petróleo para seus crescimentos,
tornando-se necessário novos testes para verificar o potencial de degradação de cada
rizóbio utilizado.
43
A B
Discussão
Apesar de não haver grande diferença nos testes com manitol e petróleo com
relação ao crescimento elevado (68% e 69% dos isolados), observou-se que os percentuais
de rizóbios com crescimentos moderados foram o dobro no meio com petróleo (23%, em
comparação aos 11% com manitol), resultando em um percentual bem menor daqueles que
tiveram pouco crescimento nesse meio (21% em manitol e 8% em petróleo). Esses dados
demonstram que os rizóbios testados nesse trabalho usaram o petróleo com mais eficiência
do que o manitol para seus crescimentos. Para demonstrar o potencial dos rizóbios na
biodegradação de petróleo, vários trabalhos vêm sendo realizados.Yang e Lee (2008)
testaram consórcios de rizóbios na tentativa de degradar 4-clorofenol e afirmaram que
quanto maior a concentração dessa substância menor foi a biomassa das colônias de
consórcios. Xiong et al., (2011) realizaram testes para mensurar os efeitos da temperatura
sobre a degradação de petróleo por comunidades microbianas, concluindo que a
temperatura influencia na composição das comunidades microbianas do solo. Ahmad et al.,
(1997) isolaram e caracterizaram várias linhagens de Rhizobium meliloti em áreas
contaminadas com hidrocarbonetos aromáticos e cloroaromáticos, sendo os primeiros a
registrarem isolados de Rhizobium meliloti com potencial para degradação de
hidrocarbonetos. Isso mostra que os isolados utilizados se adaptaram à fonte de carbono
petróleo, tornando-se necessário novos testes para verificar o potencial de degradação de
cada rizóbio utilizado.
44
Conclusões
Dos 120 isolados de rizóbios, 93 apresentaram capacidade de degradar o petróleo
no meio.
Trinta e seis isolados mostraram essa habilidade elevada já com seis dias de
crescimento.
Os isolados INPA R629, INPA R634, INPA R656, INPA R664, INPA R667, INPA
R672 e INPA R674 mostraram-se como os melhores, por apresentarem crescimentos
elevados após 24 horas usando o petróleo.
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
mail: [email protected].
Resumo
Introdução
47
ensaios acelerados de laboratório, o Cardeiro foi considerado resistente aos fungos
apodrecedores Pycnoporus sanguineus (Linnaeus : Fr.) Murril e Polyporus fumosus Pers :
Fr. (Paes et al., 2007) e, moderadamente resistente, a Lenzites trabea (Pers.: Fr.)
(INPA/CPPF 1991). As toras de S. micranthum foram cortadas e os discos foram deixados
na floresta, e após 12 meses não foi encontrado ataque de fungos no cerne, e o alburno
demonstrou ser pouco resistente (INPA/CPPF 1991). Sabe-se que a madeira dessa essência
florestal representa o principal produto florestal, considerado um material orgânico
complexo e sua composição anatômica e química que pode nutrir espécies de fungos e
outros microrganismos (Dix e Webster 1995).
Material e Métodos
Local do Experimento
48
al., (1986) a área em estudo apresenta o terreno suavemente ondulado, o clima de acordo
com a classificação de Koppen, é do tipo Am. A temperatura média anual do mês mais frio
é sempre acima de 18 ºC. A umidade relativa é muito alta e a média anual varia de 84% a
90%. A precipitação pluviométrica é maior nos meses de dezembro a maio e a media anual
é de 2097 mm. A vegetação da área é influenciada pela Bacia do rio Negro, por possuir
florestas heterogêneas, a altura das árvores varia de 30 a 40 metros.
Neste trabalho foram utilizadas cinco árvores de S. micranthum, de cada árvore foram
seccionados, aleatoriamente, seis discos (amostras) de 30 cm de comprimento, totalizando
30 discos. Os discos foram identificados com placas de alumínio e posteriormente
expostos, no solo da floresta, eqüidistante a 50 cm, à biodeterioração por um período de 12
meses conforme pode ser visualizado (Figura 1).
Durante o período de exposição dos discos na floresta, a cada dois meses, seis discos
foram removidos aleatoriamente, os quais foram transportados para o Laboratório de
Patologia COTI/INPA. De cada disco foram retirados fragmentos de aproximadamente 10 a
20 mm2, estes foram submetidos à assepsia, sendo imersos durante um minuto em
hipoclorito de sódio a 5 % , álcool 70 % e lavados com água destilada estéril duas vezes.
Em seguida foram colocados em papel de filtro estéril para retirar o excesso de água
(Dhingra e Sinclair 1995). Posteriormente, seis fragmentos foram transferidos de forma
eqüidistante em duas placas de Petri, sendo três em cada placa contendo meio de cultura
extrato de malte-agar com antibiótico cloranfenicol. Em seguida, as placas foram colocadas
49
em incubadora a 27 ºC, no escuro até a obtenção da colônia de L. theobromae. Às culturas
puras foram armazenadas na Coleção de Culturas de Microorgamismos de Interesse
Agroflorestal do INPA.
Resultados e Discussão
O fato de ter encontrado maior número de isolados na primeira, quarta e sexta coleta,
pode estar relacionado ao próprio ambiente onde os discos ficaram expostos na floresta, sob
sol, chuva e a sombra da floresta, que ofereceram condições climáticas propícias ao
desenvolvimento dos mesmos. Segundo Sales-Campos et al., (2000), a temperatura e a
50
umidade elevada da região Amazônica, favorecem a incidência de fungos. Este fungo além
de ocorrer em madeira pode ser encontrado no solo e plantas (Mohali e Encinas, 2001;
Santos et al., 2001; Mesquita et al., 2006; Segura,1970).
4,5
3,5
Número de isolados
2,5
1,5
0,5
0
1º 2º 3º 4º 5º 6º
Coletas
51
transversal. Estas características são semelhantes a descritas por Sutton (1980) e Barnett e
Hunter (1998).
52
(Link) Warm., Hevea brasiliensis Müll. Arg., Hura creptans L., Schefflera morototoni
(Aubl.) Lecne & Planch, Virola sirinamensis (Rol.) Warb. e em Manaus o L. theobromae
ocorreu em 12 doze espécies florestais oriundas de quatro indústrias madeireiras (Hanada et
al., 2003). Estes foram os primeiros estudos que abordaram a colonização L. theobromae
associado à espécie florestal ao longo do ano em condições naturais de floresta.
Conclusão
53
Referências
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Cortez A.C.A1, Souza J.V.B2, Rocha L.C2, Silva T.K.S2, Sanches M.A.3, Freire A.K.L4,
Zelski S.E.5
1
Programa de pós-graduação da Bionorte –UFAM, 2 Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia, 3Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas- UFAM, 4 Programa de
Pós-graduação em Medicina tropical- FMT, 5 Uiversity of Illinois
E mail: [email protected]
Resumo
Os fungos são importantes decompositores de madeira e detritos herbáceos
presentes em ambientes aquáticos. Mesmo sabendo desta importância ecológica, não
existem investigações descrevendo a diversidade de fungos presentes nos ambientes
aquáticos da Amazônia. O objetivo da presente pesquisa foi investigar a biodiversidade
de fungos decompositores de madeira submersa em um lago do município de Iranduba-
Região Amazônica. Foram realizadas 4 coletas de fragmentos de madeira submersa
presentes em um lago do município de Iranduba-AM-Brasil. Duas dessas foram
realizadas na estação chuvosa e duas na estação não-chuvosa. Os fragmentos de madeira
foram incubados e durante 6 meses, os fungos que se desenvolveram foram
identificados/isolados. Observou-se 259 indivíduos pertenceram a 25 taxa do Filo
Ascomycota, sendo 15 Ascomycetes e 10 Fungos anamorfos. Nos meses chuvosos
foram observados 23 espécies e nos meses não chuvosos foram 14 espécies. Maior
diversidade e menor equitabilidade foi observada no período chuvoso. Os fungos mais
frequentes pertencem a classe dos Sordariomycetes.
Introdução
58
ambientes aquáticos. Localiza-se no Norte do Brasil, América do Sul, na qual encontra-
se a maior floresta tropical e bacia de água doce do mundo (Avila-Cabadilla et al.,
2009).
Os fungos presentes nos ambiente aquáticos podem ser classificados como
residentes que reproduzem-se e são apenas encontrados nos ambientes aquáticos; e
transeuntes que são aqueles carreados para esse ambiente. Os fungos presentes nos
ambientes aquáticos pertencem aos filos Chytridiomycota, Ascomycota e
Basidiomycota (Shearer et al., 2007). Os Ascomycetes presentes nos ambiente
aquáticos são sapróbios, colonizam e decompõem os substratos submersos, sendo
importantes na cadeia alimentar como fonte de alimento para os invertebrados (Simonis
et al., 2008). As classes mais encontradas nos ambientes de água doce são
Leotiomycetes, Dothideomycetes e Sordariomycetes (Shearer et al., 2007). Mesmo
sabendo-se desta importância ecológica, não existem investigações descrevendo a
diversidade de fungos presentes nos ambientes aquáticos da Amazônia. O objetivo da
presente pesquisa é investigar a biodiversidade de fungos decompositores de madeira
submersa em um lago do município de Iranduba-Região Amazônica.
Material e Métodos
59
ambiente e a cada 7 dias durante 6 meses. Os fungos que se desenvolveram foram
transferidas para lâminas de microscopia contendo água destilada e identificados, os
Ascomycetes é realizada com base na morfologia do ascomata, hematecium, ascos e
ascósporos; os fungos mitospóricos estão sendo identificados investigando os tipos de
conidiogêneses e conídios. Para o isolamento, tranferiu-se as estruturas fúngicas para a
superfície de Ágar Água Antibiótico e as colônias desenvolvidas foram transferidas para
o meio de cultura Ágar PYG (Raja et al., 2009; Zelski et al., 2011)
Resultados
Discussão
60
A falta de conhecimento sobre os fungos encontrados nas águas da região
Amazônica foi o que motivou este estudo, logo, este é apenas o começo desta
investigação, pois, coleções futuras são necessárias para podermos descrever os fungos
presentes neste ambiente, assim como a sua importância para o ecossistema da região,
onde, os mesmos são considerados a base da cadeia alimentar, principalmente nas águas
pretas que compõem a rede hidrográfica da bacia Amazônica. Os resultados das águas
analisadas apresentaram características físico-químicas similares a de outros ambientes
lênticos de águas pretas da região Amazônica e não apresentaram diferenças quanto a
sazonalidade (Pinto et al., 2009).
Conclusões
61
Os fungos mais frequentes pertencem a classe dos Sordariomycetes, seguido
pelos fungos anamorfos. As águas analisadas apresentaram características físico-
químicas similares a de outros ambientes lênticos da região Amazônica.
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62
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Universidade Federal do Amazonas, UFAM, Av. Gal. Rodrigo Otávio 3000 Coroado Manaus AM.
E-mail: [email protected], [email protected], [email protected]
Resumo
Introdução
63
estabelecimento de microcultivos, sendo que a contaminação poderá ocorrer em diferentes
fases dos procedimentos necessários à introdução de plantas in vitro, desde as condições de
manutenção das plantas matrizes, que serão fontes de explantes, até a manipulação para
introduzi-los no meio de cultura. Assim, existem várias fontes de contaminação em todo o
processo que inclui o material vegetal, os instrumentos de trabalho, o ambiente laboratorial e
o trabalho dos técnicos (García, 2003). Além disso, muitos microrganismos se desenvolvem
endofiticamente sem representarem risco para as plantas na natureza, mas podem vir a
desenvolver-se na condição de microcultivo constituindo-se em contaminantes.
64
Assim buscou-se avaliar a eficiência dos fungicidas dos grupos químicos azoxistrobina
(sistêmicos), ditiocarbamato e oxicloreto de cobre (ambos fungicidas de contato), adicionados
antes e após autoclavagem, ao meio de cultura de MS (1962), sobre o crescimento in vitro de
Trichoderma sp, com vistas a incluir substâncias fungicidas nos meios para micropropagação
em ensaios futuros.
Material e Métodos
O efeito de diferentes fungicidas no controle do Trichoderma sp foi analisado por
meio de testes in vitro, realizados no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais do
ICB/UFAM.
Os inóculos do fungo foram obtidos a partir da contaminação de gemas in vitro de
curauá (Ananas erectifolius L.B. Smith). Em seguida, repicados para placas de Petri com
meio constituído pelos sais de MS (Murashige e Skoog, 1962), empregado na
micropropagação de plantas, suplementado com 30 g L-1 de sacarose e 8 g L-1 de agar, e pH
ajustado para 5,8.
Os tratamentos foram compostos pela adição ao meio de MS de dois fungicidas do
grupo azoxistrobina (sistêmicos); e ditiocarbamato e oxicloreto de cobre (de contato), em
concentração de 0,1gL-1. A adição dos fungicidas foi realizada em duas condições, antes e
depois da autoclavagem do meio. Após a homogeneização foram vertidos em placas de Petri
de 15 cm. Com o meio solidificado, cada placa recebeu quatro discos de micélio de 07 mm
de Trichoderma sp. As condições de crescimento foram as da micropropagação, em sala de
crescimento com temperatura de 29±2 оC por sete dias, sendo as placas protegidas da luz.
Como testemunha foram utilizadas placas de Petri contendo meio de MS sem fungicida.
A eficiência dos fungicidas foi verificada através da aferição perpendicular dos
diâmetros das colônias em milímetros, obtendo-se a média geral por tratamento, e pela
determinação da porcentagem de inibição do crescimento (PIC) dos tratamentos em relação à
testemunha, utilizando-se a fórmula: PIC = (diâmetro da testemunha – diâmetro do tratamento
x 100) / diâmetro da testemunha.
A mensuração do crescimento micelial radial foi realizada a cada 24 horas, durante seis
dias.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e
duas repetições por tratamento com quatro inóculos por placa.
Resultados
65
Os fungicidas apresentaram efeitos diferenciados sobre o crescimento dos inóculos,
conforme detectado pela análise de variância (p≤0,01). A maior inibição do crescimento
ocorreu nos tratamentos com o fungicida sistêmico Amistar®, principalmente quando não
autoclavado (Tabela 1). Os tratamentos referentes a adição dos fungicidas de contato dos
grupos de ditiocarbamato autoclavado e oxicloreto de cobre, nas duas condições de
autoclavagem, não resultaram em nenhum controle do crescimento do fungo.
.
Tabela 1. Média dos efeitos dos tratamentos sobre o crescimento dos inóculos
Tratamento Crescimento
Ditiocarbamato não autoclavado 40.0 a
Priori® autoclavado (sistêmico) 29.7 b
Priori® não autoclavado 27.6 bc
Amistar® autoclavado (sistêmico) 24.7 cd
Amistar® não autoclavado 22.1 d
1
Médias seguidas pelas mesmas letras, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
66
Discussão
Conclusões
67
- A eficiência dos fungicidas foi alterada durante o processo de autoclavagem.
Referências
Andrade SEM, Oliveira WC, Reis Júnior FB, Charchar MJ, Faleiro, FG, Metha A, Texeira
JB, Peixoto JR (2008) Controle do crescimento e identificação de microrganismos
contaminates visando à micropropagação de gemas laterais de mangueira. Boletim de
Pesquisa e Desenvolvimento, n. 217. Embrapa Cerrados.
García PC, Rivero RM, Ruiz JM, Romero L (2003) The role of fungicides in the physiology
of higher plants: implications for defense responses. The Botanical Review, 69:162–172.
Hussain A, Qarshi IA, Nazir H, Ullah I (2012) Recent Advances in Plant in vitro Culture.
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http://cdn.intechopen.com/pdfs-wm/40180.pdf Acesso em: 20/8/2014.
Londe LN, Sousa CS, Vieira CU, Bonetti AM, Kerr WE (2007) Efeito do Benomyl e
identificação de fitopatógenos em meio MS para controle da contaminação na
micropropagação de Anacardium humile (Anacardiaceae). Bioscience Journal, Uberlândia,
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Murashige T, Skoog FA (1962) A revised medium for rapid growth and bioassays with
tobacco tissue culture. Physiologia Plantarum, 15:473-497.
68
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
O Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de etanol, usando quase que
exclusivamente, a cana-de-açúcar. Na sua entressafra as usinas estão procurando usar
espécies que contêm amido, para que possam produzir álcool o ano inteiro. Na
Amazônia, onde o babaçu (Orbignya phalerata Mart) tem ocorrência espontânea em
suas matas, essa palmeira pode ser uma alternativa econômica e socialmente viável para
essa finalidade, devido ao alto teor de amido no mesocarpo de seus frutos. Micro-
organismos podem ser usados para a conversão dos componentes do mesocarpo,
convertendo-o em produtos de valor econômico, como o etanol. Portanto, este trabalho
teve como objetivo, selecionar rizobactérias capazes de utilizar o mesocarpo do babaçu
como fonte de carbono para fins biotecnológicos. Para isso foram testadas 40
rizobactérias em meio YMA, no qual se substituiu o manitol pela farinha do babaçu,
verificando a capacidade desses micro-organismos em degradá-la, avaliando seu
crescimento. Os resultados mostraram que 23 atingiram notas acima de 3,0 até o décimo
quinto dia de crescimento, indicando que usam eficientemente, a farinha do babaçu para
seus crescimentos. Dessas, 17 mostraram altas capacidades de degradar a farinha já no
terceiro dia de crescimento (notas acima de 3,0), indicando serem as melhores para
futuros testes visando a obtenção de produtos biotecnológicos de valores econômicos,
usando a farinha do babaçu como fonte de crescimento. Elas foram identificadas como
INPA R178, R234, R236, R262, R266, R268, R276, R277, R278, R279, R285, R288,
R296 e R298.
69
Introdução
O Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de etanol, com a sua
produção atingindo 28,6 bilhões de litros em 2014 (Estadão, 2015). Devido a isto, há
uma necessidade maior em investimentos em pesquisas a fim de encontrar outras
biomassas potenciais para a produção deste bioproduto (Lima, 1975; Bermann, 2008).
Diversas são as fontes propícias para a sua produção, entre elas, encontra-se o
babaçu, cuja farinha do mesocarpo apresenta cerca de 50-70% de amido (Peixoto, 1973;
Zuniga et al., 2013). Para que ocorra a conversão deste composto em etanol é necessário
que este seja hidrolisado e desta forma convertido em açúcares, podendo ser por
hidrólise ácida ou enzimática, ambas com a mesma finalidade de reduzi-lo a
monossacarídeos (Collares, 2011). Para isso são necessárias enzimas de interesse
econômico, como amilases, que já foram encontradas em isolados de rizobactérias, tais
como as do gênero Rhizobium (Oliveira et al., 2006, 2007).
O babaçu (Orbignya phalerata Mart.) é um tipo de palmeira que frutifica
durante todo o ano e seu fruto é utilizado para diversos fins, como na fabricação de
farinha e óleo comestível, produção de carvão e, etanol a partir do seu mesocarpo. É
nativo da zona de transição entre o cerrado e as florestas abertas do sul da Amazônia
com grandes extensões (cerca de 17 milhões de hectares) (Holanda, 2004; Clement,
2005). É uma palmeira bastante atrativa no setor energético de sustentabilidade, por
apresentar várias características favoráveis em relação à produção de biocombustível.
Portanto, este trabalho teve como objetivo, selecionar rizobactérias capazes de usar o
mesocarpo do babaçu como fonte de carbono para fins biotecnológicos.
Material e Métodos
Foram obtidos 40 isolados de rizobactérias da coleção bacteriana do Laboratório
de Ecologia e Biotecnologia de Micro-organismos da Amazônia, do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (LEBMAM/INPA). Estes isolados foram testados em meio
YMA (Extrato de levedura, manitol e ágar), no qual se substituiu o manitol pela farinha
do babaçu. A matéria-prima utilizada foi a farinha do mesocarpo do babaçu, proveniente
do Município de Rio Preto da Eva/AM. Para a avaliação do teste de crescimento, os
isolados foram estriados em placas de Petri contendo o meio anteriormente citado e
avaliados por um período de 15 dias. Para cada isolado foram realizadas quatro
repetições, usando as notas de 1,00 (sem crescimento visível na zona 1) a 4,00 (máximo
crescimento na zona 4) (Figura 1), segundo o método de Oliveira e Magalhães (1999),
70
podendo ser atribuídas notas intermediárias, subdivididas em 0,25, ou seja, 1,00, 1,25,
1,50, 1,75, 2,00 e etc., até 4,00 (Figura 1), aumentando assim a precisão do método. As
avaliações foram realizadas a cada três dias, num total de quinze dias, sendo
considerados de baixo crescimento, os isolados que apresentaram valores de 1,00 a
2,00, crescimento mediano os com notas entre 2,06 a 3,00 e, crescimentos elevados, os
com valores de 3,06 a 4,00.
Resultados e Discussão
Sob as condições testadas em laboratório a uma temperatura média de 27°C, a maioria
dos isolados apresentou crescimento mediano ou elevado (Tabela 1). Os resultados
mostraram que 23 atingiram notas acima de 3,0 até o décimo quinto dia de crescimento,
indicando que usam eficientemente, a farinha do babaçu para seus crescimentos. Dessas,
17 mostraram altas capacidades de degradar a farinha já no terceiro dia de crescimento
(notas acima de 3,0), indicando serem as melhores para futuros testes visando a
obtenção de produtos biotecnológicos de valores econômicos, usando a farinha do
babaçu como fonte de crescimento. Elas foram identificadas como INPA R178, R234,
R236, R262, R266, R268, R276, R277, R278, R279, R285, R288, R296 e R298.
Segundo Oliveira e Magalhães (1999), as bactérias que crescem mais rapidamente no
meio de cultura, atingindo as notas máximas já nos primeiros dias de crescimento, são
as mais promissoras, pois conseguem usar os componentes do meio com mais
eficiência.
71
Tabela 1- Crescimento de rizobatérias em meio de cultura contendo farinha de babaçu.
72
A figura 2 mostra uma rizobactéria crescendo em uma placa de petri contendo farinha
de babaçu em substituição ao manitol e usando os demais componentes do meio YMA
segundo Vincent (1970). Observa-se que essa rizobactéria mostra um crescimento
elevado, com a zona 4 quase totalmente preenchida com crescimento, pela qual, usando
os critérios estabelecidos por Oliveira e Magalhães (1999), apresenta nota 3,75.
Conclusões
A maioria das 40 rizobactérias testadas em meio de cultura contendo farinha de babaçu
apresentou crescimento mediano ou elevado.
As 17 rizobatérias que mostraram crescimentos elevados já no terceiro dia foram as
identificadas por INPA R178, R234, R236, R262, R266, R268, R276, R277, R278,
R279, R285, R288, R296 e R298.
Essas rizobactérias mostraram potencial para serem usadas em estudos futuros visando
transformar a farinha do babaçu em bioprodutos de valor econômico desejável.
Referências
73
Clement C.R., Lheras P.E., Van Leeuwen L.J. (2005). O potencial das palmeiras
tropicais no Brasil: Acertos e fracassos das últimas décadas. Agrociências, 9(1-2):67-
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recorde-de-28-6-bi-de-litros-em-2014,1696115.
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Peixoto, A.R. (1973). Plantas Oleaginosas Arbóreas. Biblioteca Rural. Ed. Nobel S.A.
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Zuniga A.D.G., Fronza P., Silveira M.R., Moura J.S., Edwin Elard Garcia Rojas E.E.G.
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3555,
74
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Manaus –AM. E-mail:
[email protected], [email protected]
Resumo
Introdução
Reid em 1965 propôs uma nova família para fungos não poróides
(Aphyllophorales) (Talbot, 1973). Nesta proposta, as espécies de Stereaceae descritas
por Tabolt (1973) foram incluídas, de modo que os representantes dos macrofungos
(Podoscyphaceae) foram classificados como polifiléticos (Reid, 1965). No entanto
atualmente, estes fungos estão distribuídos em Meruliaceae, Omphalotaceae,
Phanerochaetaceae, Rickenellaceae e Stereaceae (GBIF, 2016; Mycobank, 2016).
75
basidiomas espatulados, infundibuliformes, pseudoinfundibuliformes ou merismatóides
e estipe esteroide, e as características microscópicas possui sistema hifal monomítico,
dimítico ou trimítico, presença de cistídias e gleocistídios, os basidiósporos podem ser
lisos, globosos, subglobosos a elípticos (Reid, 1995).
Material e Métodos
76
Na classificação das espécies foram usados às chaves de classificação com
descrições elaboradas por Lentz (1955), Reid (1965), Dennis (1970), Demoulin (1985);
Ryvarden e Hjortstam (1987), Jung (1987), Gilbertoni (2004), Figueiredo (2008) e os
sites que disponibilizam a descrição das espécies Mycobank,
(http://www.mycobank.org) e Index Fungorum (www.indexfungorum.org). Todas as
exsicatas identificadas serão incorporadas ao Herbário do Instituto Nacionais de
Pesquisas da Amazônia (INPA).
Resultados e Discussão
Meruliaceae
Aquascypha hydrophora (Berk.) D. A. Reid TC - - 1 - - - 1
Cymatoderma caperatum (Berk. & Mont.)
G - - - - - 1 1
D.A. Reid
TC - - - 1 - - 1
C. elegans Jungh.
RT - - - - 1 - 1
Stereopsis hiscens var. macrospora D. A.
BT - - - 1 1 - 2
Reid
Omphalotaceae
Phanerochaetaceae
77
Rickenellaceae
Stereaceae
AV - - - - 1 - 1
AM - - - - 1 - 1
Stereum hirsutum (Willd.) Pers.
TC - - - - 4 - 4
TS 1 - - - - - 1
Total 1 4 1 8 8 1 23
Legenda: Local EEM = Estação Ecológica de Maracá; PVN = Parque Nacional do Viruá;
RBU = Reserva Biológica do Uatumã; ZF2 = Estação Experimental de Silvicultura Tropical –
ZF2; CI = Campus do INPA; MAO = Área Urbana de Manaus. Substrato: AM = Árvore
morta; AV = Árvore viva; BT = Base de tronco; G = Galho; RT= Raiz de tronco; TC = Tronco
caído; TS = Tronco suspenso.
78
Cymatoderma caperatum (Berk. & Mont.) D.A. Reid – Esporóforo estipe central (5
cm), flabelado, encontrado em semente, hifa dimítica com ansas, basídia clavada (48–50
× 5–6 µm) e basidiósporos elíptico para subgloboso (6.8–7.2 × 5–5.8 µm). Distribuição:
Registros em todos os continentes da América (Reid, 1965).
Cymatoderma elegans Jungh. – Esporóforo estipitado para espatulado (3–4.5 cm), hifa
dimítica com ansas, basídia clavada (24–25 × 5.8–6 µm) e basidiósporo elíptico (5.8–
6.2 × 3.5–4 µm). Distribuição: Registros em zonas tropicais da África do Sul e Ásia
(Reid, 1965).
Inflatostereum glabrum (Lév.) D.A. Reid – Esporóforo estipe central (0.5 mm – 1 cm),
hifa dimítica com septo e ansas, basídia clavada (20–22 × 3 µm) e basidiósporo
elipsoide (3–4 × 2.5 µm). Distribuição: Registros na América do Sul, Brasil: Trombetas,
Rio Aripecurú, Pará, Rio madeira. Ásia: Borneo, Ilha de Ceylon e Malásia (Reid, 1965).
Stereum hirsutum (Willd.) Pers. – Esporoforo piliado, hifa monomítica septo e ansas,
presença de pseudocistídia e gleocistídia, basídia clavada (23–25 × 5 µm) e
basidiósporo cilíndrico para elipsoide (7.2–7.5 × 2.8–3 µm). Distribuição: Registros em
zonas pantropical do mundo (Jungh, 1987).
Stereum ostrea (Blume & T. Nees) Fr. – Esporóforo piliado, hifa dimitica, basídia
clavada (28–30 × 5–6 µm), presença de pseudocistídia, basidiósporo cilíndrico para
elipsoide (5.2–6.4 × 2.8–4 µm). Distribuição: Registros na Europa, Ásia e América
(Jungh, 1987).
Conclusões
O estudo sobre fungos não poroides mostra oito espécies de Agaricomycetes não
poróides na região Amazônica, distribuídos em 18 espécimes no Estado do Amazonas,
sendo oito encontrados no Campus do INPA e Estação Experimental de Sivilcultura
Tropical- ZF2/INPA, ambas as áreas de maior ocorrência deste grupo de macrofungos, e
79
um na Reserva Biologica do Uatumã, enquanto que cinco foram encontrados no Estado
de Roraima, quatro no Parque Nacional do Viruá e um na Estação Ecológica de Maracá.
Referências
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Two distinct species. Mycotaxon 13: 207-217.
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80
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Washington, D. C. Agriculture Monograph 24, 79p.
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Hedwigia 15: 388p.
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81
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
.Universidade Federal do Amazonas, UFAM
E-mail: [email protected], [email protected].
Resumo
A murcha bacteriana causada por Ralstonia solanacearum é a principal doença
bacteriana de Solanáceas no Amazonas. Este trabalho teve como objetivo avaliar a
atividade de enzimas relacionadas com respostas de defesa em acessos de Capsicum
spp. previamente avaliados como fontes de resistência à doença. Foi avaliada a
atividade de polifenoloxidase (PPO), peroxidase (POX) e fenilalanina amônia liase
(FAL) em 12 acessos de Capsicum sp. nos períodos de 0, 24, 48, 72 e 96 horas após a
inoculação. A atividade enzimática variou conforme o nível de resistência dos acessos
avaliados e foi maior nas primeiras horas após a inoculação decrescendo após 72 horas.
A resistência dos acessos foi associada com a maior atividade da PPO e FAL, sendo o
acesso LA 01 o que apresentou a maior atividade destas enzimas dentre os acessos
avaliados, indicando que estas enzimas compõem o mecanismo de defesa bioquímico
em plantas de Capsicum.
Introdução
A murcha bacteriana causada pela bactéria Ralstonia solanacearum é uma
doença que ataca muitas espécies de plantas, dentre elas as solanáceas compreendem
uma importante cultura agrícola muito suscetível, representando um problema para os
produtores (Lopes e Boiteux, 2004). Na Região Norte as condições favoráveis de
elevada temperatura e umidade, contribuem para a ocorrência da doença que pode se
espalhar rapidamente e comprometer a produção em larga escala. A utilização de áreas
contaminadas com o patógeno, práticas culturais errôneas como a rotação com espécies
hospedeiras do patógeno, manejo incorreto da irrigação, ausência de uma cultivar
resistente e a variabilidade do patógeno dificultam a implementação de medidas que
sejam eficientes no controle da doença.
82
A interação entre patógeno e hospedeiro induz algumas mudanças no
metabolismo das células e dependendo do patógeno, rotas de sinalização específicas das
plantas são ativadas e levam à expressão de respostas de defesa como a resposta
hipersensitiva (HR), produção de espécies reativas de oxigênio, acúmulo de
fitoalexinas, a síntese de proteínas PR, atividades das enzimas, tais como fenilalanina
amônia liase (FAL), peroxidase (POX), polifenoloxidase (PPO), lipoxigenase (LOX)
entre outras (Silva et al., 2010).
O aumento da atividade de enzimas como a POX, PPO e FAL relacionadas com
fontes de resistência já foi demonstrada em vários patossistemas. Araújo e Stadinik (2011)
avaliando a atividade de enzimas em plântulas de macieira resistente e suscetível a mancha
foliar causada por Colletotrichum gloesporioides observaram o aumento da atividade da
POX associado à resposta da cultivar resistente. O objetivo deste trabalho foi investigar a
atividade enzimática de PPO, FAL e POX como resposta dos componentes de defesa em
acessos de Capsicum com diferentes níveis de resistência.
Material e Métodos
Os ensaios foram conduzidos em casa de vegetação em Manaus. Os acessos
foram semeados em mistura de terriço e substrato comercial Bioplant® na proporção de
3:1. Para a inoculação foi utilizado o isolado IRAND10 considerado o mais agressivo
em ensaio preliminar de agressividade. A inoculação foi realizada aos 30 dias de idade
após o ferimento das raízes, através da introdução de um bisturi próximo ao colo da
planta e vertendo-se 10 mL da suspensão de inóculo por planta. As avaliações foram
feitas aos quatro, oito, 12, 16, 20 e 24 dias após a inoculação (DAI) em função da
incidência e do desenvolvimento de sintomas da doença. A avaliação dos sintomas foi
visual através de uma escala de notas variando de 0 a 5 (Winstead e Kelman, 1952), O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco repetições. O
controle consistiu de dez plantas inoculadas com água destilada esterilizada. Os dados
foram submetidos ao teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade utilizando o
programa estatístico SAEG versão 9.0.
Para a atividade enzimática relacionada à defesa foram coletadas três folhas por
planta aos 0, 24, 48, 72 e 96 horas após a inoculação, então embaladas em papel
alumínio, identificadas, imediatamente congeladas em nitrogênio líquido e levadas ao
laboratório para pesar e serem armazenadas à - 20 °C para os ensaios posteriores. Para a
83
determinação do teor de proteínas totais e atividade das enzimas PPO, FAL e POX,
amostras de 0,1 g de tecido foliar foram maceradas na presença de nitrogênio líquido até
a obtenção de um pó fino que foi homogeneizado em tampão acetato de sódio, coletado
em microtubos e centrifugados a 20.000G durante 30 minutos a 4 °C em centrífuga. O
sobrenadante foi recolhido em novos microtubos e estocado a - 20 °C para as
determinações enzimáticas. O teor de proteínas foi quantificadas segundo Bradford
(1976), a atividade de FAL foi determinada segundo Umesha (2006), a atividade da
PPO e POX conforme Kar e Mishra (1976).
Resultados e Discussão
Considerando o progresso da murcha bacteriana de acordo com os valores área
abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) os acessos AC NT e BC 05 foram
considerados resistentes apresentando menores valores, os acessos LA 01 e BC 01
moderadamente suscetíveis, os demais acessos foram considerados suscetíveis e os
acessos BC 06 e LA 02, com maiores valores de AACPD foram considerados altamente
suscetíveis.
A atividade de proteínas apresentou aumento inicial seguido pelo declínio alguns
dias após a inoculação (d.a.i). Nos cinco dias de coleta de amostras, somente os acessos
mais suscetíveis, como CD, BC 06 e LA 02 já apresentavam sintomas visíveis. Mesmo
não sendo detectadas diferenças nos sintomas entre os acessos, um aumento gradual no
teor de proteínas totais foi detectado a partir do 2º d.a.i..
Também foi verificada a mudança no padrão de atividade das enzimas FAL e PPO,
atividade da PPO foi significativamente maior nas plantas inoculadas do que no
tratamento controle, até o segundo d.a.i, quando atingiu seu máxima atividade. A
atividade da enzima FAL apresentou comportamento semelhante aumentando sua
atividade logo após a inoculação com o patógeno, alcançando o máximo no segundo
d.a.i. e reduzindo nos dias seguintes. A atividade de FAL foi 47% maior no acesso LA
01 quando comparada com o acesso suscetível BC 12. Houve diferença quanto na
dinâmica da POX durante o período de coleta para os acessos mais resistentes quando
comparado ao acesso suscetível e ao tratamento controle. Enquanto no acesso com
maior nível de resistência (LA 01) a atividade da POX apresenta um aumento mais
rápido, no acesso susceptível (CD) esta mobilização é mais lenta. No tratamento
84
controle o aumento embora gradual apresenta-se num ritmo bem mais lento. As enzimas
fenilalanina amônia liase (FAL), polifenoloxidase (PPO) e peroxidade apresentaram
maior atividade no acesso moderadamente resistente LA 01.
A diferença quanto à resposta de resistência apresentada por diferentes estirpes de
R.solanacearum em Capsicum também já foi identificada por Lopes & Boiteux (2004)
em estudo em Brasília, DF, onde avaliaram 23 acessos de Capsicum de vários países
considerados como resistentes à murcha bacteriana, e por Demosthenes e Bentes (2011)
também encontraram variados níveis de resistência entre acessos de Capsicum
inoculados com um isolado da biovar 1 e conseguiram identificar três acessos
resistentes (20, 30 e 17). Fatores ambientais como aumento na temperatura ambiente,
tipo de solo, manejo da irrigação também são fatores que podem contribuir para
manifestação da resistência diferenciada.
Em relação à atividade enzimática associada a respostas de defesa o resultado está
de acordo com os obtidos por Araujo e Stadnik (2011) que também detectaram aumento
no teor de proteínas totais em plântulas de macieira resistentes e suscetíveis inoculadas
com Colletotrichum gloesporioides nas primeiras horas após a inoculação com o
patógeno, indicando como a planta lança mão de suas reservas enzimáticas na tentativa
de controlar a invasão do patógeno.
As enzimas FAL e PPO podem estar atuando na defesa das pimenteiras quando
infectado por R.solanacearum, uma vez que dinâmica de aumento de atividade da FAL
e PPO logo nos primeiro e segundo dia após a inoculação sugere que a planta esteja
mobilizando suas respostas de defesa para conter a invasão e concorda com estudo de
Ngadze et al.. (2011) que ao estudarem o papel de diversas enzimas na resistência de
tubérculos de batata contra Pectobacterium atropsepticum também identificaram o
aumento dessas duas enzimas.
Os resultados encontrados neste estudo estáão de acordo com os de Vanitha et al.
(2009) que avaliaram o papel das ezimas PAL e PFO em tomateiro resistente e
suscetível e conseguiram identificar que a maior atividade destas enzimas, nas cultivares
resistentes, ocorreu as 12 e 15 horas após a inoculação com R. Solanacearum enquanto
nas cultivares suscetíveis a atividade ocorreu mais tardiamente, indicando que estas
duas enzimas tem papel importante na defesa do tomateiro à murcha bacteriana.
85
A resistência também pode ser mediada pelo peróxido de hidrogênio, que é
frequentemente associada com a atividade de peroxidades (POX). Houve diferença
quanto na dinâmica da POX durante o período de coleta para os acessos mais resistentes
quando comparado ao acesso suscetível e ao tratamento controle. Enquanto no acesso
com maior nível de resistência (LA 01) a atividade da POX apresenta um aumento mais
rápido, no acesso susceptível (CD) esta mobilização é mais lenta. No tratamento
controle o aumento embora gradual apresenta-se num ritmo bem mais lento. Esta
dinâmica pode ser entendida como a capacidade em mobilizar mais rapidamente seus
mecanismos de defesa bioquímicos na tentativa da planta barrar a colonização por
R.solanacearum. Neste estudo a atividade de POX foi menor quando comparada a
atividade da PAL, mas mesmo assim ela pode estar associada a outros mecanismos de
resistência atuando em acessos de Capsicum. Andrade et al., (2013) que também
avaliou a atividade de POX, PFO, GLU e LOX em resposta ao ataque de Pseudomonas
syringae pv. tomato em cultivares de tomateiro pulverizadas com ácido jasmônico,
etefon e Bion e constataram dinâmica semelhante, onde puderam correlacionar o
aumento na atividade das enzimas POX, PFO e LOX com a maior resistência
apresentada pelo tomateiro. Neste estudo a atividades dessas enzimas foi maior entre o
sexto e nono dias após a inoculação.
Conclusão
O aumento da atividade das enzimas FAL e PPO durante a infecção por R.
solanacearum nos acessos avaliados indica que estas duas enzimas atuam nos
componentes de defesa bioquímicos em Capsicum.
Referências
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87
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Introdução
88
compostos fenólicos, considerando que estas classes funcionam como reguladores de
rotas biossintéticas específicas e outras como reguladores pleitrópicos (Teixeira, 2007).
As plantas produzem substâncias de interesse econômico, provenientes de seu
metabolismo, mas contêm também, fungos que produzem substâncias importantes,
principalmente os decompositores dos componentes primários da madeira.
Pertencentes ao reino Fungi, os fungos são seres eucariotos, podendo ser
haplóides, diplóides ou poliplóides; são altamente eficientes na degradação de uma
ampla variedade de substratos (Minami, 2003).
Dentre os fungos, são considerados endofíticos aqueles que habitam o interior
dos tecidos vegetais sem causar mal ao hospedeiro, não desenvolvem estruturas
externas, excluindo as bactérias nodulantes e fungos micorrízicos” e que podem ser
cultiváveis ou não (Azevedo e Araújo, 2006).
Material e Método
Diferentes partes do material vegetal (galhos, folhas e caule) de V. venosa foram
coletadas na região urbana de Manaus no campus da Universidade Federal do
Amazonas – UFAM. Foram obtidos extratos hexânicos, de acetato de etila e
metanólicos através de extração a frio, e foram realizados o isolamento e caracterização
de fungos endofíticos.
Após a desinfecção, o material vegetal foi inoculado em placas de petri,
contendo meio de cultivo BDA. A partir da contagem das colônias purificadas foi
obtida a diversidade de fungos, determinando-se, agrupamentos de acordo com suas
características morfológicas.
A obtenção dos metabólitos ocorreu através da seleção de 20% dos morfotipos
de cada grupo morfológico, do qual foram inoculados em meio líquido BDL, e em
seguida foram incubados em shaker, com agitação 120 rpm por 15 dias em 28°C. Os
sobrenadantes foram direcionados a extração em coluna SPE C18, e com o micélio foi
realizada a extração com metanol após 72h (Souza et al., 2004)
A atividade antioxidante dos extratos foram avaliados com base na captura de
radicais livres de DPPH. Inicialmente 200 µL de uma solução metanólica de DPPH 100
mM foram misturadas com 20 µL de extrato (ou padrão). Após mistura, permaneceram
durante 30 minutos encubados na ausência de luz (Moein et al., 2007). O ensaio foi
realizado em um leitor de microplacas ELX 800 no comprimento de onda de 490 nm.
89
O ensaio de fenólicos totais foi realizado adicionando 0,750 mL de solução folin
ciacateau 2N (10x diluída) em 100 µL da amostra de extrato (1mg/mL) ou padrão, após
5 minutos encubados, 0,750 mL de bicarbonato de sódio 60g/L é adicionado a mistura,
depois de 90 minutos de encubação a leitura foi realizada em espectrofotômetro de
UV/Vis à 725 nm. A curva analítica foi obtida utilizando o ácido gálico nas
concentrações de 0.5, 0.25, 0.125, 0.625, 0.03125 mg/mL. Os resultados foram
expressos em µg/mL equivalentes de ácido gálico (Velioglo et al., 1998).
Resultados
Com a extração a frio, obteve-se o total de doze extratos vegetais brutos de
galhos verdes e maduros, folhas e caule, em hexano, acetato de etila e metanol. Foram
isolados 122 fungos endofíticos, porém apenas 105 foram agrupados e identificados
morfologicamente, gerando 16 grupos distintos (Tabela 1).
90
vegetais brutos, de folhas em metanol, caule em metanol e em acetato de etila. Os
valores do AA% destas amostras constam na Tabela 2. E os valores de IC50 para os três
selecionados e para o padrão, quercetina estão listados na Tabela 3.
Tabela 2- Capacidade de captura de radicais livres (AA%) dos extratos vegetais brutos
da V.venosa.
Atividade Antioxidante
Amostra Concentração AA%
1mg/ml 84,2
Caule MeOH
0,1mg/ml 72,1
0,01mg/ml 32,0
1mg/ml 87,1
Folhas MeOH
0,1mg/ml 50,4
0,01mg/ml 30,5
1mg/ml 88,22
Caule AcOEt
0,1mg/ml 53,1
0,01mg/ml 30,3
IC50
Amostra (µg/mL)
Quercetina 14,77
91
grande quantidade de fenólicos, principalmente, no extrato bruto de caule obtido em
acetato de etila (224,39 µg/mL). Já nos extratos que não apresentaram atividade
antioxidante no ensaio de DPPH não foram encontrados valores significativos
equivalentes de ácido gálico, o que confirma a relação entre baixos valores de fenólicos
totais e o baixo potencial antioxidante.
Discussão
Conclusões
92
Mediante aos resultados apresentados foi possível compreender que a espécie
Virola venosa é uma ótima hospedeira de fungos endofíticos, apresentando ampla
diversidade.
Com relação ao teste atividade antioxidantes no qual os extratos dos isolados
fúngicos foram testados, estes demonstraram uma baixa capacidade de sequestrar
radicais livres, ou seja, nenhum dos extratos se destacou em relação à presença de
compostos com atividade antioxidante.
Visto que os extratos promissores de atividade antioxidantes foram os extratos
os obtidos com solventes de alta e média polaridade que podem ter promovido a
extração de compostos fenólicos, sendo assim podemos relacionar que a atividade
antioxidante destes extratos está intimamente ligada aos compostos fenólicos contidos
nestes extratos.
Referências
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from tropical plants. In: GANGULI BN DESMUCKH SK. Fungi. Multifacetated
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selected fruits, vegetables, and grain products. J. Agric. Food. Chem., 46:4113 - 4117.
93
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Fonseca MDP1; Oliveira Costa CLS2, Souza AQL2, Gibertoni TB2, Souza ADL2,
Rodrigues MO3, Pereira, JO2; Azevedo JL4.
1
Universidade do Federal do Amazonas-UFAM Programa de Pós-Graduação em
Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte, 2 Universidade Federal de Pernambuco-
UFPE, 3 Universidade do Estado do Amazonas-UEA,4 Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz, ESALQ,
E-mail:[email protected], [email protected]; [email protected],
[email protected], [email protected]
Resumo
Introdução
O conhecimento sobre a biodiversidade amazônica ainda é restrito devido às
constantes alterações ambientais, falta de investimento financeiro e falta de recursos
humanos qualificados para efetuarem as coletas, o que contribui para baixa produção
científica desta área do conhecimento. Existe neste contexto a necessidade de aumentar
o conhecimento da micobiota endogena do Amazonas, tornando-se assim,
imprescindível para avaliar a diversidade fúngica desta região. Segundo Moore e Frazer
94
(2002), houve uma queda de identificações entre as décadas de 1980 e 2000,
provavelmente porque a taxonomia clássica (morfologica) deixou de ser interessante,
aliada a popularidade de outras áreas, a formação de profissionais em taxonomia
clássica diminuiu. Muitas espécies da família Polyporaceae podem, nesse caso, ser
extintas na região Amazônica mesmo antes de serem descritas.
A família Polyporaceae pertence a ordem Polyporales, classe Agaricomycetes e
filo Basidiomycota são popularmente conhecidos como cogumelos, orelha de pau ou
urupê (Kirk, 2008; Hibbett et al., 2007, 2014). Os Agaricomycetes compreendem todos
os fungos do filo Basidiomycota que formam basidiomas, com himênio definido
(Hibbett et al., 2007). Dentre os Basidiomycota, os Agaricomycetes representam
fundamental importância na decomposição e reciclagem da matéria orgânica também
podendo ainda ser fitopatógenos (Stalpers e Loerakker, 1982). Crescem em madeira
morta, mas também em solo e folhedo degradando restos animais e vegetais, inclusive
da micota (Donk, 1964). Além da importância biológica, os Agaricomycetes têm
recebido especial atenção nas duas últimas décadas, devido ao seu potencial de
aplicabilidade no tratamento de contaminantes ambientais como biorremediadores do
solo e pela produção de antibióticos (Schmit e Mueller, 2007).
Algumas espécies da família Polyporaceae são comestíveis como por exemplo
Lentinus (Ishikawa, 2012). Existem mais de 200 gêneros de Agaricomycetes
(Basidiomycotina) utilizados pelo homem por suas propriedades proteicas (Boa, 2004).
Material e Métodos
Foram realizadas 12 coletas dos macrofungos no período de janeiro a março de
2013 e janeiro a maio de 2014, em área de floresta nos municípios de Autazes, Anamã,
Careiro da várzea, Coari, Barcelos, Borba, Manaus, Manicoré, Novo Aripuanã, Nova
Olinda do Norte, Parintins e Presidente Figueiredo.As coletas e preservações dos
espécimes seguiram as recomendações técnicas de Fidalgo e Bononi (1989) e Souza e
col., (2004). Posteriormente, os materiais foram levados ao laboratório de genética da
Universidade do Estado do Amazonas-UEA e secos em estufa, com temperatura
aproximada de 60 °C por 72 a 120 horas.
As identificações taxonômicas morfológicas foram realizadas no departamento
de micologia da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE e na Universidade do
Estado do Amazonas-UEA. As análises microscópicasforam realizadas através de cortes
dos exemplares à mão livre, em microscópio estereoscópico, com o auxílio de uma
95
lâmina de aço inoxidável para observação das micro-estruturas. Estes cortes contendo as
superfícies abhimeniais e contexto, foram colocados entre lâmina e lamínula com o
reagente de Melzer para a observação da reação amilóide (azulada) ou dextrinóide
(avermelhada) e, solução aquosa de hidróxido de potássio 3% para observação da
reação xantocróica (negra) (Singer, 1951). As lâminas assim montadas permitiram a
observação do sistema hifal (mono, di ou trimítico), da disposição das hifas no contexto,
de elementos estéreis (cistídios, setas), de basídios e de basidiósporos.
Resultados
Neste trabalho foram encontrados representantes de outras famílias mas, esse
estudo se atem a família Polyporaceae. Com as coletas realizadas em 12 municípios do
Estado do Amazonas foi possível identificar 83 espécimes de macrofungos pertencentes
a família Polyporaceae da ordem Polyporales distribuídos em 11 gêneros e 14 espécies
(Tabela 1). Com o estudo da distribuição geográfica das espécies encontradas, baseada
em literatura, mostrar-se que as espécies Coriolopsis polyzona (Pers.) Ryv. 1972;
Datronia brunneoleuca (Berk.) Ryvarden 1988; Grammothele subargentea (Speg.)
Rajchenb.1983; Earliella scabrosa (Pers.) Gilb. e Ryv. 1985; Hexagonia hirta (P.
Beauv.) Fr. 1838, representam novas ocorrências para o Estado do Amazonas.
96
(2008), Capelari e
Maziero (1988)
Fomes fasciatus (Sw.) Cooke 1885 AC, AM, Sotãoet al. 2008);
Presidente Figueiredo
MT, PA, RO Jesus (1996)
Discussão
A família Polyporaceae apresentou maior número de gêneros e espécies. O
maior número de espécies observado em Polyporaceae já era esperado, já que essa
família está entre as que apresentam maior diversidade específica entre os fungos
poliporóides (Alexopoulos et al., 1996). Esses resultados corroboram com estudos sobre
fungos macroscópicos no Brasil e no Estado do Amazonas. Para a Amazônia e
Amazonas Gomes-Silva e Gibertoni (2009a, 2009b) divulgaram uma lista dos fungos
Agaricomycetes, com 216 espécies para a ordem Polyporales, divulgando o maior
número de espécies 146, de famílias 07 e de gêneros 61. Para Rondônia Capelari e
Maziero (1988) fazem referência a 28 espécies de fungos Agaricomycetes poroídes. No
Amapá, Sotão et. al., (1991) divulgaram uma relação de 33 espécies de Basidiomicetos,
sendo 20 táxons de Agaricomycetes poróides, a família Polyporaceae apresentou maior
número de representantes.
97
De acordo com Soarese et. al., (2014), dados recentes, ainda para o Estado do
Amapá, apresentaram registro com 637 espécimes de fungos polyporoides identificados,
representantes de 97 espécies, 36 gêneros e oito famílias das ordens Hymenochaetales
(Hymenochaetaceae e Schizoporaceae), Polyporales (Fomitopsidaceae,
Ganodermataceae, Meripilacea, e a família com o maior número de representantes
também foi Polyporaceae, com 19 gêneros e 52 espécies, acompanhada por
Hymenochaetaceae e Ganodermataceae. Amauroderma Murril foi o gênero com o maior
número de espécies, seguido por Perenniporia Murril e Polyporus, P. Micheli (oito). Já
as espécies que apresentaram maior densidade foram Ganoderma tornatum (Pers.) Bres.
(48), Polyporus dictyopus Mont. (45), P. leprieurii Mont. (37) e Lenzites elegans
(Spreng.) Pat. (34).
Conclusão
Para ampliar o conhecimento sobre a riqueza e distribuição das espécies da
Familia Polyporaceae no bioma Amazônia, sugere-se a continuidade de coletas no
Estado do Amazonas.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM pela
concessão da bolsa de estudos. Ao departamento de Micologia da Universidade de
Pernambuco -UFPE. Ao apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), que viabilizaram a realização desse trabalho.
Referências
98
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Gama, A.M1, Silva, M.S2, Moraes, A.B2, Carvalho, N.O2, Nonato, L.S2, Spira, B3, Mota,
A.J2, Yamane, T1
1
Universidade do Estado do Amazonas UEA, Manaus-AM, 2 Universidade Federal do Amazonas-
UFAM, Manaus-AM), 3 - Universidade de São Paulo - USP, São Paulo-SP.
E-mail: [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected],
Resumo
Introdução
100
fertilizantes. Assim sendo, o cenário é de extração contínua das reservas naturais para
atender a demanda da agricultura no mundo todo (LOBATO, 1982). As colheitas sucessivas
retiram o fosfato do solo, além de outros nutrientes, e a consequência imediata é que com o
crescimento populacional, a taxa de depleção de reservas de fósforo já está em ritmo
acelerado. Portanto, o risco de esgotamento das reservas naturais é real, e já há algumas
décadas uma possível crise do fósforo vem sendo discutida (ABELSON, 1999).
Visto que todos os seres vivos, inclusive os fagos e vírus, carregam material genético
(DNA/RNA) com fósforo no esqueleto de suas moléculas, uma eventual escassez desse
nutriente tornaria a vida inviável, pois não há nenhum substituto conhecido para este
elemento (Saenger, 1984; Machado e Nome, 1999).
Na natureza, as plantas e animais perecem e os micro-organismos degradam
moléculas complexas ao nível de estruturas químicas simples que são então reutilizadas
para o crescimento de outras plantas e animais, constituindo um ciclo fechado e contínuo.
Se esse ciclo se mantivesse de forma contínua, o risco de uma crise real seria mínimo,
entretanto, parte do fósforo que vai para o solo, acaba sendo levado para rios e destes para o
mar, se deposita no fundo oceânico de profundezas abissais o que inviabiliza sua extração e
aumenta muito o tempo para a reciclagem natural (Wanner, 1996).
Dessa forma, entendemos que é importante estudar medidas viáveis para retornar o
fósforo para o ciclo e concebendo que os micro-organismos exercem um papel fundamental
na reciclagem de fósforo, é conditio sinequa non que se estude a diversidade microbiana de
rios da região Amazônica, principalmente aqueles onde existe uma quantidade relativa
inferior desse nutriente, quando comparada com outros ambientes. A hipótese a ser testada
é que nesses possa existir um sistema eficiente de captação e assimilação de fosfato
(Morohoshi et al. 2002; Almeida e Spira, 2014).
Material e Métodos
Como não existem precedentes para esse tipo de abordagem, na região amazônica,
usamos como modelo de estudo os dois rios de nossa região, Rio Aracá e Rio Solimões. É
sabido que esses dois macroambientes são bastante diferentes em várias propriedades
físico-químicas e nutricionais, o que de certa forma irá colaborar para se testar a hipótese de
101
mecanismos de seleção agindo sobre um sistema mais eficiente para a recuperação do
fosfato pelos micro-organismos.
Foram coletadas amostras de água de dois locais do estado do Amazonas, (1) Rio
Solimões nas proximidades do Município de Manacapuru (três pontos de coleta); e (2) Rio
Aracá, um importante afluente do Rio Negro (quatro pontos de coletas: na Serra do Aracá,
na o encontro entre o rio Aracá e o Rio Pretinho, numa posição intermediária entre a
nascente e o Rio Negro, e por fim, no encontro com o Rio Negro). As indicações das
localidades são relativas porque não foi possível a utilização de GPS para o
georeferenciamento.
As amostras do Rio Solimões foram coletadas em garrafas estéreis de 1 L e
transportada em caixas térmicas com gelo, até o laboratório. Para cada amostra, diluições
sucessivas com 0,9% solução salina (0.9 g NaCl para 100 mL de água destilada,
esterilizada a 121 °C por 20 min) foram realizadas até se obter a diluição de 10-5.50 µL de
cada diluição foram semeados nos meios de cultura, TSA-antibiótico (Agar Triptona de
Soja + 50 µg.mL fluconazol,), LB-antibiótico (Agar Lisine-broth + 50 µg.mLfluconazol) e
CT-antibiótico (Cetrimide Ágar + 50 µg.mLfluconazol) e incubadas a 35 °C durante 24-48
h. Para as amostras do Rio Negro foram feitos diferenciações com pH (5.0, 6.0 e 7.0) e
temperaturas (18, 28 e 35 °C ) e incubadas durante 24-48 h. Após o crescimento das
colônias, estas foram selecionadas morfologicamente pela fenotipagem e isoladas pela
técnica de esgotamento de alça em estrias. Após sua purificação, foram preservadas em
solução de caldo rico contendo 20% glicerol e estocadas a -20 °C.
Resultados
102
Rio Solimões Rio Negro
Meios de cultura LB TSA CT LB TSA
Número de isolados 69 21 61 38 62
Com o intuito de favorecer espécies que pudessem estar sendo inibidas por
competição ou substâncias antagônicas provindas de outras espécies presentes na amostra,
variou-se a condição de cultivo quanto a temperatura e pH para a amostragem do Rio
Negro. O número absoluto de isolados estão contido na tabela 2.
103
Discussão
Conclusões
Dentre os diversos isolados, sete podem apresentar possível potencial para estudos
subsequentes sobre o sistema de captação de fósforo, tendo em visto que estes isolados
104
apresentam características morfológicas sugestivas para C. violaceum uma bactéria com o
regulon PHO em seu genoma.
Futuros estudos devem ser realizados para visando a identificação dos isolados, e
verificar a existência do regulon PHO em seus genomas, assim como avaliar a cinética de
incorporação de fósforo, bem como o mecanismo de funcionamento do regulon PHO.
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105
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Embrapa Amazônia Ocidental,. Emails: [email protected]; jose.rezende-
[email protected]
Introdução
Na região Amazônica predomina o clima quente e úmido, extremamente favorável
aos fitopatógenos. Dentre estes, se destacam os patógenos habitantes do solo, responsáveis
por perdas significativas da produção, que, ao se estabelecerem numa área, inviabilizam
novos plantios da cultura afetada. São patógenos facultativos, ou seja, infectam a planta
hospedeira ou crescem sobre matéria orgânica, de acordo com as circunstâncias; polífagos,
atacando várias espécies de plantas, de famílias distintas e produzem estruturas de
resistência que lhes assegura a sobrevivência por longos períodos quando as condições
edafoclimáticas são adversas.
A maioria desses patógenos infecta o sistema radicular causando murcha vascular
ou podridões; porém alguns afetam a parte área da planta, como o Thanatephorus
cucumeris e o Sclerotium coffeicola, causadores de manchas foliares, e Aspergillus flavus e
A. parasiticus, indutores da podridão das amêndoas da castanheira-do-brasil. Uma vez
estabelecidos na área, o controle químico da maioria destes é impraticável. O plantio de
cultivares resistentes, a exclusão e adoção de práticas culturais que reduzam o inóculo e
favoreçam a atividade microbiana são medidas recomendadas para o controle de patógenos
habitantes do solo. A seguir são descritos alguns patógenos habitantes do solo, dentre
dezenas, que se destacam com os mais importantes na agricultura amazônica
106
Ralstonia solanacearum, raça 2
A bactéria, agente causal do moko da bananeira, causa até 100% de perdas na
produção. Em plantas jovens causa má-formação foliar, necrose e murcha da vela, seguidos
de amarelecimento das folhas baixeiras.
Em plantas adultas, induz o amarelecimento das folhas basais e murcha das folhas
mais jovens. Na parte interna do pseudocaule, há escurecimento vascular não localizado, de
coloração pardo-avermelhada intensa, atingindo inclusive a região central; no rizoma, além
do escurecimento vascular na região central, ocorre também na região de conexão rizoma
principal com o rizoma das brotações. No engaço pode ocorrer escurecimento vascular, na
forma de pontos avermelhados; nos frutos, além do amarelecimento precoce, há
escurecimento da polpa, seguido de podridão seca.
Thanatephorus cucumeris
107
Patógeno polífago que afeta centenas de espécies de plantas, causando diversas
doenças, como a mela do feijoeiro, a queima da saia do repolho e alface e a mancha
areolada da seringueira, mogno africano e citros.
A mela ou murcha da teia micélica do feijoeiro manifesta-se, inicialmente, como
manchas encharcadas nas folhas, circundadas por uma área marrom-escura, seguida de
intensa produção de um entrelaçado de micélio que atinge as folhas adjacentes, hastes,
flores e vagens, causando-lhes a morte. Há produção abundante de escleródios sobre os
tecidos mortos, constituindo em focos secundários de infecção ou permanecem no solo
como inóculo primário.
A mancha areolada da seringueira é caracterizada por lesões foliares que acarretam
o desfolhamento das plantas. As lesões, inicialmente, são aquosas e apresentam exsudação
de látex na superfície abaxial do folíolo. Cerca de dois a três dias após, a lesão apresenta
aspecto seco, com tonalidade castanha, e circundada por longo halo clorótico e amarelado.
Quando os folíolos atingem a maturação, as manchas são grandes, constituídas por faixas
largas, helicoidais, descontínuas e marrom-escuras ou marrom-claras. Em condições de
elevada umidade, na superfície abaxial das folhas, sobre as manchas se desenvolve um
manto micelial esbranquiçado.
Sclerotium coffeicola
Apesar de habitante do solo, o patógeno afeta a parte aérea de várias espécies,
como a gravioleira, o mogno africano e o cafeeiro, causando desfolhamento.
Os sintomas apresentam-se como manchas necróticas circulares de coloração
castanha e bordos escuros distribuídas no limbo foliar, medindo 0,5 cm a 1,0 cm de
diâmetro. Nas manchas da face inferior das folhas, geralmente, desenvolve-se micélio
branco-dendrídico e nas folhas caídas também há produção de escleródios. Outra
característica de S. coffeicola, somente observada na mancha da face abaxial é a produção
de estruturas semelhantes à agulhas brancas, como se fossem espículas, vista
macroscopicamente. Essa estrutura é constituída de hifas paralelas hialinas com até 0,2 mm
de diâmetro e 1 a 4 mm de comprimento.
Phytophthora drechsleri
108
O fungo causa podridão mole de raízes de mandioca. Inicialmente ocorre murcha
da parte aérea, seguida de secamento descendente dos ramos e queda das folhas.
Arrancando-se a planta, a maioria das raízes encontra-se podre. As raízes parcialmente
apodrecidas exsudam um líquido de odor fétido.
Phytophthora palmivora
Agente causal da podridão-do-estipe da pupunheira, que induz perdas de até 30%
das mudas enviveiradas e plantas adultas.
Os sintomas caracterizam-se pelo amarelecimento da primeira e da segunda folha
aberta e da folha bandeira ou vela (folha não aberta). Em seguida, pode ocorrer o
amarelecimento e a seca das demais folhas, podendo provocar a morte da planta-mãe e, às
vezes, dos perfilhos e de toda a touceira. Ao se realizar cortes longitudinais e transversais
no estipe da pupunheira, observa-se o escurecimento dos tecidos internos e uma podridão
generalizada.
109
Após a queda dos ouriços, a coleta destes deve ser feita durante a safra, com
pequenos intervalos entre uma coleta e outra, procurando evitar que fiquem em contato com
o solo por longos períodos; pois os patógenos são habitantes do solo e,ou decompositores
de restos vegetais.
Lasiodiplodia theobromae
Patógeno polífago, oportunista que penetra no interior dos tecidos da planta
através de ferimentos e rachaduras da casca causadas por agentes físicos ou biológicos.
Em seringueira, os sintomas são observados em mudas enxertadas e em plantas
novas e adultas, sempre que se apresentem debilitadas ou sofram algum dano, como
ferimentos causados por tratos culturais, queimaduras devidas à elevação ou ao
abaixamento excessivo de temperatura e lesões produzidas por outros parasitas.
Nas mudas, observa-se um enegrecimento do caule, que começa na região do colo
ou acima deste, de 4 cm a 10 cm; a lesão desenvolve-se até abranger toda a circunferência
da haste. A área afetada se contrai e seca, formando uma zona bem delimitada, que se
destaca do verde normal dos tecidos sadios. Posteriormente, há morte da muda.
Em mudas enxertadas, a podridão geralmente inicia-se na região do enxerto,
causando o apodrecimento de enxertos e estacas.
Nas plantas adultas, os sintomas iniciam-se pelo amarelecimento dos ramos mais
jovens. O secamento progride no sentido da extremidade para a base da copa, apodrecendo
a casca, atingindo o tronco e causando rapidamente a morte de grande porção da copa.
Quando afeta o caule, os sintomas manifestam-se, inicialmente, na região de soldaduras do
enxerto e progride no sentido ascendente, formando o desenho de um V invertido. A casca
apresenta um apodrecimento de cor escura, que se destaca facilmente, ocorre anelamento e,
consequentemente, a morte das partes acima do local afetado.
110
As rizomorfas de G. philippii são vermelhas, com os bordos brancos, que escurecem
quando envelhecem, mas tornam-se vermelhas quando umedecidas. Rigidoporus lignosus
produz rizomorfas brancas, aderidas à superfície da casca da raiz, apresentam crescimento
rápido e podem propagar-se por longas distâncias no solo, na ausência de qualquer
substrato lenhoso. Phellinus noxius não produz rizomorfas típicas, mas forma uma manta
micelial envolvendo as raízes. Estas apresentam desenvolvimento lento, são de cor escura,
mucilaginosas e incrustadas com terra e pequenos pedaços de casca.
Nas plantas afetadas, inicialmente, há amarelecimento parcial da copa da árvore,
que se generaliza com o passar do tempo. A planta morre repentinamente, apresentando
folíolos secos presos aos ramos, por algumas semanas. Em solos pouco profundos, onde as
raízes pivotantes são pouco desenvolvidas, as seringueiras podem tombar em virtude do
apodrecimento das raízes laterais, sem apresentar sintomas de amarelecimento da copa. Isso
pode ocorrer mesmo quando o fungo afeta a raiz pivotante, causando o seu apodrecimento
e, consequentemente, o tombamento da árvore. Examinando-se o sistema radicular,
constatam-se raízes apodrecidas e rizomorfas ou camada micelial do patógeno.
111
Plantas afetadas por M. incognita e M. javanica apresentam o sistema radicular com
galhas de aspecto necrosado e amarelado, tanto nas radicelas principais como nas laterais,
com poucas massas de ovos externas. Pobre desenvolvimento radicular e segmentos
necrosados. Morte descendente de ramos, descortiçamento e ataque intenso de fungos
oportunistas, como L. theobromae.
Radopholus similis
Bananeiras afetadas pelo nematoide R. similis apresentam crescimento reduzido,
amarelecimento das folhas, seca prematura, má-formação de cachos, refletindo em baixa
produção e reduzindo a longevidade dos plantios. Sua disseminação é altamente
dependente do homem, seja por meio de mudas contaminadas, deslocamento de
equipamentos de áreas contaminadas para áreas livres de nematoides, ou por meio da
irrigação e/ou água das chuvas.
Os danos causados pelo fitonematoide podem ser confundidos ou agravados com
outros problemas de ordem fisiológica, como estresse hídrico, deficiência nutricional,
principalmente deficiência de fósforo, ou pela ocorrência de pragas e doenças de origem
virótica, bacteriana ou fúngica, devido à redução da capacidade de absorver água e
nutrientes, pelo sistema radicular. A sustentação da planta é também bastante
comprometida.
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Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
114
Introdução
Material e Métodos
Treze colônias da espécie Atta sexdens, foram coletados no município de Manaus,
AM e transportados para o Laboratório LABGEMMA da Universidade Federal do
Amazonas, UFAM. Os ninhos foram acomodados em recipientes de plástico transparente,
recebendo água, alimento e outros cuidados.
Para o isolamento, fragmentos dos jardins (esponjas) foram imersas em água destilada
autoclavada por um minuto, etanol 70% por um minuto, hipoclorito de sódio (NaOCl) 3% por
um minuto, novamente lavados em etanol 70% por 30 segundos e por último em água
destilada esterilizada. Após esse processo de assepsia foram retirados fragmentos do fungo
simbionte e transferidos para placas de Petri contendo diferentes meios de cultura (BDA e
115
Pagnocca). Também foi isolado o fungo diretamente do formigueiro, transferindo-se
pequenos fragmentos das esponjas para placa de Petri. As placas de cultivo foram transferidas
para estufa tipo B.O.D (Biological Oxygen Demand) a 26oC.
Todos os fungos isolados do formigueiro foram submetidos aos procedimentos de
cultivos a fim de se obter uma nova colônia a partir de um único esporo. Para tal, utilizou-se a
técnica de diluição seriada seguida de plaqueamento de acordo com o protocolo de Azevedo e
Costa (1973).
Os isolados utilizados no presente trabalho foram conservados por meio de 3
processos: (1) método segundo Castellani (1939); (2) método do glicerol a 15%, onde a
solução de esporos foi armazenada e conservada a -20oC e (3) método dos tubos de ensaio
com meio inclinado coberto por óleo mineral.
A extração de DNA dos fungos foi realizada conforme o protocolo utilizado por
SOUZA (2006). A PCR foi realizada a partir dos “primers” descritos por WHITE et al.
(1990) para a região ITS-1 do rDNA. O produto da PCR foi conferido por eletroforese em gel
de agarose 1,5%, corado com gel blue green e visualizado sob luz ultravioleta.
Resultados e Discussão
A partir do jardim de fungos associados às formigas cortadeiras, foram isolados seis
microrganismos, representados por fungos filamentosos mitospóricos (Trichoderma sp.,
Aspergillus sp.), basidiomiceto (Leucoagaricus gongylophorus) Leveduras e Bactérias gram
negativas e positivas, que cresceram mesmo na presença de antibióticos.
Posteriormente estes fungos foram identificados com auxílio de ferramentas
moleculares para a confirmação da espécie. Os resultados do seqüenciamento de DNA
indicaram a presença de: Leucoagaricus gongylophorus; Bionectria ochroleuca; Aspergillus
flavus; Trichoderma longibrachiatum; Fusarium solani e Leveduras como os
microrganismos associados às formigas. Todos os microrganismos isolados e identificados
foram preservados para estudos posteriores em ensaios de antagonismo.
A associação simbiótica entre as formigas que foram objetos deste estudo, juntamente
com os fungos por elas cultivados é considerada uma das razões de seu sucesso ecológico na
natureza. Aparentemente o desafio continua.
Uma das razões dos poucos estudos realizados com fungos de Attini é a sua difícil
identificação. Os estudos realizados até o momento indicam ser basidiomicetos os cultivares
de todos os gêneros de Attini (Weber, 1969), porém há dificuldades na definição do táxon
116
destes fungos, devido ao fato de, na maioria dos casos, apenas desenvolvem hifas estéreis,
seja no ninho ou em culturas isoladas de laboratório, dificultando a taxonomia tradicional
deste grupo, que é baseada na morfologia do basidioma, estrutura de reprodução destes
fungos e que é indispensável na identificação até nível de espécie.
Os resultados encontrados nesta pesquisa confirmam a presença de fungos
predominantes nos ninhos de Atta sexdens e descreve a presença de outros microrganismos
que vivem em associação simbiótica com essas formigas cortadeiras.
Wheeler (1907), Weber (1969) descreveram também estes mesmos microrganismos
fazendo parte dos jardins de fungos associados às formigas cortadeiras. A literatura registra
ainda a presença de Leucoagaricus weberi; Escovopsis weberi (Muchovej et al., 1991) e
Escovopsis aspergilloides e Actinomicetos da família Pseudonocardiaceae), como sendo
também microrganismos encontrados associados a estas formigas.
Estudos bioquímicos e micromorfológicos confirmam que os fungos simbiontes de
Attini são basidiomicetos, os quais estão divididos em três grupos: G1- inclui os fungos
cultivados pelos gêneros Atta, Acromyrmex, Trachymyrmex e Sericomyrmex; único grupo que
possui gongilídeos; G2- cultivados pelas espécies morfologicamente derivadas do gênero
primitivo Apterostigma, possuem abundantes grampos de conexão e hifas aéreas
extremamente alongadas, que em algumas espécies servem como proteção aos ninhos; G3-
cultivados pelos gêneros Cyphomyrmex, Mycetosorites, Mycetophylax Mycocepurus,
Mycetarotes e Myrmecocrypta, são relativamente mais heterogêneos, com alguns exemplares
mais próximos ao grupo G1, enquanto outros estão mais relacionados a espécies de
basidiomicetos não domesticados pelas formigas (Currie et al. 2003).
Wheeler, em 1910, já previa este fato dizendo: “O estudo das Attini está apenas
começando, e o avanço neste fascinante tema será mais difícil para micologistas do que para
entomologistas (Mueller, 2002).
Em estudos moleculares realizados por Currie et al., (2003) observaram-se diferenças
até em nível taxonômico de Família entre os fungos cultivados por diferentes categorias de
Attini. MUELLER (2002) faz um relato de todas as ocorrências de basidiomas em ninhos de
formigas forrageadoras e, a partir deste trabalho pode-se inferir que, ao menos para as
espécies dos gêneros considerados mais evoluídos (Atta e Acromyrmex) há o cultivo da
mesma espécie de fungo.
Conclusões
117
A partir do jardim de fungos associados às formigas cortadeiras, foram isolados seis
microrganismos, representados por fungos filamentosos mitospóricos (Trichoderma sp.,
Aspergillus sp.), basidiomiceto (Leucoagaricus gongylophorus) Leveduras e Bactérias gram
negativas e positivas, que cresceram mesmo na presença de antibióticos.
Os resultados do sequenciamento de DNA indicaram a presença de: Leucoagaricus
gongylophorus; Bionectria ochroleuca; Aspergillus flavus; Trichoderma longibrachiatum;
Fusarium solani e Leveduras como os microrganismos associados às formigas. Todos os
microrganismos isolados e identificados foram preservados para estudos posteriores em
ensaios de antagonismo.
Recomendamos a continuação dos estudos, pois outros microrganismos podem ser
associados a estas formigas cortadeiras, incluindo aqueles de importância biotecnológica.
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Manaus, AM. E-mail:
[email protected], [email protected],
Resumo
Introdução
120
inicial do microrganismo é essencial para evitar mutações indesejáveis, garantindo
assim a vitalidade e quantidade das células (Paoli 2005; Okafor 2007).
Material e Métodos
121
Inicialmente, foi realizado um levantamento das linhagens de Paecilomyces
mantidas pelo método de preservação em Óleo mineral, que se encontram depositadas
no acervo. Posteriormente as culturas foram agrupadas em ordem crescente de acordo
com a data do repique. Com os dados de cada linhagem devidamente organizados e as
culturas agrupadas, foi retirado o óleo dos tubos criogênicos, os mesmos foram
colocados invertidos em Papel de Filtro Whatman (esterilizado a 120ºC), por dois dias
em uma placa de Petri na câmara de fluxo laminar, as placas foram deixadas na câmara
devidamente fechada por um período 03 a 05 dias, visando à retirada total do óleo
conforme (Ista, 1978; EL-Aziz, 2015), os papeis de filtros encharcados foram trocados
por outros secos. Dois papeis de filtros pequenos estéreis e umedecidos em caldo
glicosado foram colocados sobre a colônia do fungo, sob condições assépticas (Figura
1a). Os tubos com os papeis foram mantidas em estufa a temperatura de 25 a 27 ºC até o
crescimento micelial em todo o papel filtro.
O papel de filtro colonizado pelo fungo foi colocado no centro de uma placa de
Petri com meio de cultura BDA, visando o crescimento micelial nas placas, as quais
foram mantidas em estufa a temperatura 25 e 27 °C por 07 dias, tempo suficiente para
formação das colônias com características macroscópicas da cultura tais como:
velocidade de crescimento (lento, relativamente lento, rápido), textura (algodonosa,
granular ou pulverulenta), topografia (umbiliforme, elevada e outras), coloração
(variando suas cores em ouro, verde-ouro, amarelo-marrom, lilás ou castanho), presença
de pigmentos (exsudado) de acordo com os critérios estabelecidos por Neufeld (1999).
Em caso de contaminação, procedeu-se o processo de descontaminação através de
repiques contínuos ate a purificação da cultura (Figura 1b). Também, no caso de perda
total da cultura, outra cepa mantida em outro método foi reativada, no sentido de se
obter maior número de culturas, e assim a preservação do acervo de Paecilomyces.
122
a b c
Fig. 1 - Metodologia utilizada para verificação da viabilidade dos espécimes de Paecilomyces
armazenados em método de preservação Óleo Mineral. a) Tubo de ensaio invertido para retirada
do óleo mineral. b) Cultura de Paecilomyces purificadas. c) Tubo de ensaio com tampão de
algodão e tubos criogênicos com inoculo de Paecilomyces.
Resultados e Discussão
123
Do total de 94 culturas de Paecilomyces avaliado nesse estudo, 50 mantidas em
óleo mineral foram reativadas e outras 44 foram recuperadas de outros métodos de
preservação, de modo que todo o acervo deste gênero de fungo foi reativado e
preservado em três métodos: Óleo mineral, Sílica gel e Repicagem continua.
124
Fig. 2 - Culturas de Paecilomyces preservadas em Óleo Mineral, sem contaminação e
contaminadas por outros microrganismos .
Conclusões
Agradecimentos
125
Ao Programa de coleções e acervos científicos do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (INPA), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
(FAPEAM) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq).
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Lima, JMS1, Pereira, JO2, Costa Neto PQ2, Batista IH3, Santos JC1, Araújo SP4, Pantoja, MC2,
Azevedo JL5
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Rede Bionorte de Biodiversidade e Biotecnologia, 2 Universidade Federal do Amazonas-UFAM
3
Universidade do Estado do Amazonas - UEA. 4 Pós-Graduação em Biotecnologia/UFAM, Manaus – AM
– Brasil. 5Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/Universidade de São Paulo, Piracicaba – SP
Emails: [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]
Resumo
128
Introdução
Material e Métodos
129
subsequentes em frascos Erlenmeyer de 250 mL com 100mL de meio BH líquido, acrescido de 5
mL de petróleo,o pH foi ajustado para 5 e incubados por 14 diasa30°C.
130
O cultivo microbiano foi realizado em frascos Erlenmeyer de 125 mL a 30°C em
incubadora orbital (New BrunswickScientific) com agitação constante de 150 rpm, por 20 dias.
FrascosErlenmeyer com 50 mL de meio de cultura e 1% de óleo diesel(v/v), sem o inóculo, foi
utilizado como controle. Cada micro-organismo foi cultivado em triplicata. Após o período de
incubação, os meios de cultura foram filtrados em membrana filtrante (TPP, Europe/Switzerland)
com porosidade de 0,45 mm acoplada à seringa esterilizada de 20 mL.
𝐻𝑒
Equação (1): 𝐸24 = × 100
𝐻𝑡
131
superficial.A tensão superficial foi medida no tensiômetro modelo Kruss (K-6, Alemanha), pelo
método do anel (Du Noüy). As análises foram realizadas com o sobrenadante obtido após a
centrifugação da amostra bruta a 25°C.
Resultados
Tabela 1. Relação dos fungos endofíticos e epifíticos isolados de macrófitas do rio Negro-
Amazonas/Brasil, utilizando como referência os dados do NCBI (National Center for
Biotechnology Information)
Iso* Micro-organismos Cod. NCBI Hospedeiros Endo.* Epi.* Id.*(%)
S24 Rhizopus oryzae KJ460029.1 Cyperusligularis X 99
Entre os oito fungos analisados apenas Phomasp. (S31), mostrou-se eficiente nos
diferentes testes realizados afim de selecionar os produtores de biossurfactantes. Os demais
isolados, embora tenham dispersado a gota de petróleo em diferentes tempos, não formaram
emulsão acima de 1 cm, conforme convenção adotada (Tabela 2).
132
Somente o Phomasp. (S31) foi selecionado para o teste de tensão superficial,pois
foi positivo no teste do colapso da gota em menor tempo e emulsificação acima de 1 cm. A
diferença entre a tensão superficial do extrato fúngico e a tensão superficial do controle foi de
2mN/m, porém em relação à água foi de 18,23 mN/m indicando possuir capacidade em romper a
tensão superficial da água.
Discussão
O comportamento dos isolados que cresceram em meio BHcom petróleo pode ser
analisado segundo Jaques (2007); Maciel et al., (2013) e Cruz et al., (2014) onde, tanto fungos
como bactérias podem ser biodegradadores de hidrocarbonetos. Os micro-organismos que
apresentam sucesso no processo de degradação desses compostos devem produzir enzimas
capazes de utilizar as complexas moléculas do petróleo em produtos intermediários de suas rotas
metabólicas. Neste caso os fungos teriam duas rotas metabólicas uma não-lignolítica e a
lignolítica; à exemplo dos fungos Cunninghamella elegans, e o fungo Pleurotus ostreatus,
Aspergillus fumigatose C. Lunatajá estudados como degradadores de petróleo e seus derivados
(Paraszkiewicz, et al., 2001; Jaques et al.,2007; Bhatt et al., 2012).
133
Junior et al., (2012) destacaram que fungos do gênero Phomasão bons produtores de lacase,
enzima do grupo dasfenoloxidades capazes debiodegradar compostos fenólicos e
hidrocarbonetos; Carneiro (2010) corrobora com essa visão em um importante trabalho sobre
biorremediação, utilizando micro-organismos na metabolização de vários compostos tóxicos,
dentre eles o petróleo.
Harms (2011) relatou que culturas do gênero Rhizopus são potenciais
degradadores de HPAs, o que de certa forma pode explicar o aparecimento de espécies deste
gênero nos testes de seleção usando meio BH mais petróleo (Tabela 1). Balaji et al,(2015), em
trabalho realizado na Índia, citaram Aspergillus, Curvularia, Drechslera, Fusarium,
Lasiodiplodia, Mucor, Penicillium, Rhizopus eTrichoderma, isolados de solo contaminado por
petróleo. Percebe-se que a maioria dos gêneros citados, também foram encontrados no presente
trabalho (Tabela 1), indicando o potencial na produção de enzimas, que podem ser aplicado para
degradação de hidrocarbonetos de petróleo e seus derivados.
O fungo filamentosoC. Clavata citado por Neoh et al, (2014) e Neoh et al.,(2015)
como biorremediador de efluentes da indústria de palma e produtora de enzimas lignolíticas,
além de altareduçãodecompostos polifenólicos. A desintoxicaçãodo efluenteindica a adequação
de C.clavata na biorremediação de efluentes orgânicos, essse fato é importante, pois pode
direcionar futuros trabalhos utilizando fungos isolados nesta pesquisa, em processos
semelhantes.
Os fungos isolados da Amazônia assemelham-se em relação ao tempo de
oxidação do DCPIP, com o trabalho de Maciel et al, (2013), que observaram os tempos de 14 e
25 horas para os fungos que promoveram a descoloração do indofenol. Os isolados de macrófitas
promoveram descoloração em 24horas. No trabalho de Luz et al., (2011), o tempo de reação de
oxidação ao indofenol foi de 96horas. Maciel et al, (2013) destacaram que os isolados
responsáveis pela degradação: P. aurantiogriseum, P. corylophilume P. griseofulvum. Outras
espécies deste gênero isolados de macrófitas constam (Tabela 2).
Para Silva e Esposito (2004) a degradação de poluentes é realizada pelo sistema
enzimático intracelular citocromo P450 monoxigenase que transforma produtos solúveis em
água em menos tóxicos, levando ao processo de destoxificação. Provavelmente essas enzimas
estão envolvidas nesse processo. Esses autores relataram que Trichoderma e Fusarium em solos
contaminados por petróleo; F. fujikuroi e F. oxysporum foram isolados de macrófitas em
ambiente contaminado por petróleo.
134
Quanto à produção de biossurfactantes embora os fungos filamentosos tenham
crescido em meio BHcom petróleo, como única fonte de carbono, a maioria não foi capaz de
produzi-lo por meio dos testes seletivos como colapso da gota, índice de emulsificação e no teste
de tensão superficial.
Phomasp. (S31) foi o único capaz de produzir colapso da gota de petróleo em
menos de 1 min, assim como mostrou índice de emulsificação de1,5 cm ou 52%, frente
aopetróleo e ao diesel, este índice é considerado moderado, segundo Jaquiche-Matssuraet
al.,(2014); além disso produziu tensão superficial de 51,03 mN/m.
Esse fungo possui propriedade emulsificante, porém baixa capacidade de
redução da tensão superficial em relação ao controle(53,03mN/m) e maior capacidade de
redução de tensão superficial em relação a água (72,01mN/m) (Tabela 3).Talvez a baixa tensão
superficial seja devido à dificuldade de utilização do hidrocarboneto presente no óleo diesel para
a síntese de biossurfactantes (Decesaro et al.,2013). Por outro lado, é provável que pelos testes
realizados o biossurfactante presente no substrato do fungo, seja de alto peso molecular o que
explicaria de fato a baixa tensão superficial e a presença de propriedade estabilizante do óleo
diesel (Bento et al, 2008).
A emulsão formada foi do tipo A/O, sugerindo que os compostos orgânicos
presentes nesse emulsificante, possuem características hidrofílicas devido à formação da emulsão
se dar sempre entre a água e o óleo diesel ou petróleo. Esta característica é importante na
biorremediação de poluentes, pois pode auxiliar no processo de bioaumentação ou
bioestimulação, facilitando o crescimento fisiológico de outros micro-organismos no meio
contaminado com hidrocarbonetos do petróleo (Nitschke e Pastore, 2002; Deon et al.,2012;
Jackisch-Matsuuraet al., 2014). Esses autores também citaram a dificuldade de se encontrar
fungos filamentosos como bons produtores de biossurfactantese com capacidade de reduzir a
tensão superficial, fato este observado nesta pesquisa. Por outro lado, a produção de
bioemulsificante por fungos e bactérias podem ser utilizados em diversas aplicações tais como:
indústria de alimentos, indústria de fabricação de tintas, entre outras (Bezerra et al., 2012).
Herathet al. (2009) identificaram um composto lipopeptídico de estrutura cíclica a
isolado de Phoma sp, classificado como Phoma fungy, que se mostrou eficiente como
antifúngico em diversos testes realizados.Com exceção do trabalho de Herath et al., (2009), não
há citação de Phoma sp. como produtor de biossurfactante ou bioemulsificante, o que indica a
realização de estudos futuros como Phoma sp. (S31) associado a produção de biossurfactantes
135
envolvendo espécies de Phoma, principalmente no que diz respeito ao cultivo em diferentes
fontes de carbono, para que possa expressar a produção de compostos secundários envolvidos,
tanto na emulsificação como na diminuição da tensão superficial.
Conclusões
Todos os fungos identificados mostraram-se promissores na degradação do
petróleo e de diesel.
É necessário um aprofundamento em relação a produção enzimática por esses
fungos visando prospectar enzimas de interesse comercial que estejam relacionadas à
biodegradação de petróleo e seus derivados, principalmente com relação a produção de
biossurfactantes pelo Phoma sp.
Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES pelo auxílio dado à execução do projeto.
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Malheiros CH1, Stieven A.C 2. Santos J.O 3, Almeida L.S 2, Campos DT S4,Oliveira LA 5
1
Universidade do Estado do Amazonas, UEA- PPG-Bionorte, 2 Universitário de Várzea Grande,
UNIVAG, Várzea Grande, MT,3Empresa Mato-Grossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural,
4
Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, 5Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. INPA.
Email. [email protected]
Resumo
As iLPFs são manejos que integram as atividades de agricultura, pecuária e floresta visando
diminuir a degradação ambiental e aumentar os lucros. O objetivo do presente estudo foi
avaliar os indicadores de qualidade do solo de uma área com sistemas de integração Lavoura-
Pecuária-Floresta (iLPF), em Nova Canaã do Norte-MT. A coleta das amostras de solo foi
feita em maio de 2013, onde as mesmas foram coletadas no sentido transversal às linhas das
espécies florestais (eucalipto e paricá) em sete diferentes distâncias: 0, 3, 6 e 10 m à esquerda
e direita do pé da planta. Na avaliação da qualidade do solo utilizou-se os indicadores:
Carbono da Biomassa Microbiana (CBM), Respiração Basal (RB) e o Quociente Metabólico
(qCO2). O método utilizado para a determinação do CBM foi o da fumigação e os demais
indicadores obtiveram-se a partir dos dados de CBM. Os resultados destacam os sistemas de
iLPF com uso de eucalipto frente aos sistemas com uso de paricá como planta perene, nos
indicadores CBM e qCO2. Porém, os sistemas, em geral, não apresentam diferenças
estatísticas na maioria das comparações, o que sugere a estabilidade dos mesmos. Os
resultados preliminares não sugerem benefícios ao solo com o uso de sistemas de integração
após 5 anos de instalação.
Palavras-chaves: carbono da biomassa microbiana, sustentabilidade, iLPF
Introdução
Os sistemas iLPF incorporam conceitos e práticas de uso sustentável dos recursos
naturais, máxima biodiversidade, uso conservacionista do solo e da água, além de agregar
valor aos produtos agropecuários. O emprego de sustentabilidade desses sistemas está
relacionado, entre outros fatores, aos benefícios para o solo, destacando: a melhoria da
139
qualidade química, física e biológica, estrutura, cobertura e maior armazenamento de água no
solo (Kluthcouski et al., 2003).
A biomassa microbiana do solo (BMS) compreende a parte viva da matéria orgânica, e
é considerado um indicador de qualidade do solo, uma vez que infere medidas qualitativas e
quantitativas nos processos ecológicos e nas propriedades físicas, químicas e biológicas do
solo, imediatamente após qualquer mudança do ambiente. Dessa forma, pelo fato de muitos
microrganismos utilizarem a fração disponível da matéria orgânica do solo (MOS), estes são
mais sensíveis às mudanças em sua qualidade e mudanças significativas na BMS que podem
ser detectadas muito antes que alterações na MOS possam ser percebidas, possibilitando a
adoção de medidas de correção antes que a perda da qualidade do solo seja mais severa
(Santos et al., 2005).
O reservatório de carbono microbiano é fortemente influenciado pelos sistemas de
manejo do solo, tipo e intensidade da rotação de culturas e pela incorporação de adubos
orgânicos e resíduos culturais, e os indicadores microbiológicos usados para fazer essa
avaliação são: o Carbono da Biomassa Microbiana (CBM), que afere o fluxo de energia e
transformação do C; a Respiração Basal (RB), que reflete a atividade da BMS responsável
pela degradação de compostos orgânicos; e o Quociente Metabólico (qCO2), que indica
estresse, perturbação ou estabilidade do ecossistema (Ferreira, 2006).
Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar o CBM, RB e qCO2 como
indicadores microbiológicos presentes em diferentes sistemas de manejo do solo na Amazônia
Meridional.
Material e Métodos
140
área de rotação entre lavoura na safra e pasto na entre safra e T8: área de mesmo tamanho,
com mata nativa. Os sistemas de iLPF foram implantados em Dezembro de 2008 e a partir da
safra de 2011/2012 os sistemas permaneceram nas entrelinhas plantio de soja na safra, milho
na safrinha e Brachiaria ruziziensis na entressafra.
Para avaliar o Carbono da Biomassa Microbiana (CBM), Respiração Basal (RB) e o
Quociente Metabólico (qCO2) como indicadores microbiológicos utilizou-se o método de
fumigação-incubação de Jenkinson e Powlson (1976) modificado. A RB foi obtida pela
diferença da medição de carbono emanado das amostras fumigadas e não-fumigadas durante o
período de incubação. E o qCO2 foi determinado pela razão entre a RB e o CBM. Todas as
determinações foram feitas em triplicatas e os resultados expressos com base no peso de solo
seco. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software ASSISTAT, versão
7.5, beta (Silva e Azevedo, 2002), com comparações das médias pelo Teste de Tukey a 5 %.
Resultados e Discussão
As concentrações do carbono da biomassa microbiana (CBM) não apresentaram
variação entre os sistemas avaliados e as distâncias do pé da planta perene (Tabela 1).
*As médias seguidas pela mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não
diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.
141
Apesar da similaridade dos sistemas, é possível observar no sistema de iLPF linha
simples de eucalipto, um incremento nas concentrações de CBM com relação a maior
distância do pé da planta perene, com valor de 15,39 μg C g solo-1 em 0 m, 18,15 μg C g solo-
1
a 3 m, 21,83 μg C g solo-1 a 6 m e 22,31 μg C g solo-1 a 10 m, entretanto, esse fato não se
observa nos demais tratamentos. Nos sistemas de rotação soja/pasto e mata nativa, observa-se
valor muito superior em áreas de mata, com 21,82 μg C g solo-1, enquanto para rotação
obteve-se 15,70 μg C g solo-1 de CBM.
Na literatura é relatado que os teores de CBM podem ser alterados durante os anos, e
diversos estudos realizados no Brasil constataram diferenças no teor de CBM entre épocas de
amostragem, principalmente em função do ciclo das plantas, da adição de resíduos vegetais,
da pluviosidade e da temperatura (Anderson e Domsch, 1993; Brandão Junior et al., 2008),
dessa forma pode-se justificar a não diferenciação dos sistemas, o que sugere a necessidade de
coletas e amostragem em diferentes períodos.
Um estudo sobre diversidade metabólica e atividade microbiana de solos sob
integração Lavoura-Pecuária, discute que a diversidade de espécies vegetais proporcionam
maiores quantidades de diferentes substratos (exsudatos liberados pelas plantas) que são
utilizados pela microbiota do solo como fonte de carbono (Chavéz et al., 2011), entretanto, os
dados do presente estudo não corroboram com os encontrados pelo autor, uma vez que áreas
de iLPF possuem maior diversidade de resíduos vegetais comparadas as áreas de rotação
soja/pasto, mas não apresentam diferenças estatísticas significativas.
As quantificações da respiração basal (RB) apresentam diferenças entre as distâncias e
entre os tratamentos avaliados (Tabela 2). Para a distância de 0 m do pé da planta perene
destaca-se a RB sob iLPF linha tripla de eucalipto, com 29,33 μg CO2 g solo-1, entretanto para
3 e 6 o sistema de iLPF composto por paricá apresenta maior RB, sendo 32,46 μg CO2 g solo-
1
em iLPF linha tripla de paricá a 3 m e 36,77 μg CO2 g solo-1 em iLPF linha simples de
paricá a 6 m. Aos 10 m não foram encontradas diferenças significativas entre os sistemas. Os
valores de RB em solo sob paricá são os maiores encontrados nesta avaliação, o que destaca
esse sistema em relação aos demais.
A taxa de respiração basal do solo está relacionada com a maior atividade biológica, a
qual é diretamente proporcional à fração de carbono lábil no solo (Tótola e Chaer, 2002), com
base neste conceito, pode se inferir que as plantas de paricá forneçam mais carbono lábil ao
solo, comparado ao eucalipto, sendo uma informação importante para tomada de decisão
quanto à espécie vegetal perene a ser incorporada no sistema de integração.
142
Uma vez que, ao comparar diferentes biomassas microbianas, quanto a sua eficiência,
Insam e Domsch (1988) consideram que a biomassa mais eficiente seria aquela que perde
menos carbono na respiração e incorpora mais à suas células. Dessa forma, a utilização de
paricá nos sistemas não é deve ser recomendada para este sistema.
De acordo com aliteratura, há uma relação inversa entre CBM e qCO2, ou seja,
maiores teores de carbono causam diminuição na atividade metabólica e aumento da biomassa
microbiana (Balota et al., 1998; Moreira e Malavolta, 2004), essa relação pode ser s
confirmada quando comparamos os sistemas de rotação soja/pasto e mata nativa. Por outro
lado, essa mesma inversão não é visível em todos os sistemas de iLPF.
Ao contrário do observado para a RB, os índices de qCO2 destacam sistemas de iLPF
com eucalipto (Tabela 3). Observa-se maior qCO2 em iLPF linha simples e dupla de eu
calipto para 0 m e 10 m, respectivamente, apresentando valores de 2,20 e 2,41 μg CO2 μg
Cmic dia-1. Para os sistemas convencionais, observa-se maior taxa de qCO2 em rotação
soja/pasto comparado a mata nativa, com 1,48 e 1,02 μg CO2 μg Cmic dia-1, respectivamente.
Distância ( m)
0 3 6 10
Tratamento -1
------------------------------- µg CO2 g solo --------------
---
iLPF linha simples de eucalipto 25,21 abA 24,02 bA 27,63 bA 27,76 aA
iLPF linha dupla de eucalipto 20,88 bB 29,30 abA 24,85 bAB 27,15 aAB
iLPF linha tripla de eucalipto 29,33 aA 28,45 abA 27,93 bA 27,46 aA
iLPF linha simples de paricá 24,35 abB 28,48 abB 36,77 aA 25,59 aB
iLPF linha dupla de paricá 22,96 abA 22,39 bA 24,46 bA 23,31 aA
iLPF linha tripla de paricá 25,73 abAB 32,46 aA 27,33 bAB 24,75 aB
Rotação Soja/Pasto 23,19 abA 23,19 bA 23,19 bA 23,19 aA
Mata nativa 22,16 abA 22,16 bA 22,16 bA 22,16 aA
CV% = 21,31
*As médias seguidas pela mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem
estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.
143
para os microrganismos (Sampaio et al., 2008), o que confirma que os sistemas iLPF
disponibilizam mais MO aos microrganismos, uma vez que as taxas de qCO2 são maiores.
* As médias seguidas pela mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não
diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Conclusões
Os sistemas de eucalipto destacam-se, em dois indicadores, CBM e qCO2 frente aos
sistemas com o uso de paricá.
Os resultados preliminares não sugerem benefícios ao solo com o uso de sistemas de
integração após 5 anos de manutenção do sistema.
Sugere-se maior investigação do sistema, com coletas temporais e outros indicadores
de qualidades microbiológicas do solo.
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Resumo
O problema da poluição ambiental tem caráter mundial. As áreas portuárias são locais
acometidos diariamente com diversos tipos de contaminantes. Nessas áreas encontram-se
uma variedade de Macrófitas Aquáticas. Os endofíticos são microrganismos que habitam os
tecidos internos de plantas auxiliando em seus processos metabólicos. O presente trabalho
consistiu no isolamento de bactérias endofíticas com potencial para degradação de
hidrocarbonetos de petróleo a partir de macrófitas aquáticas coletadas em duas áreas
portuárias de Manaus- AM. Foram isoladas 142 bactérias, que após purificação foram testadas
em ensaio de biodegradabilidade com indicador Redox 2,6 – Diclorofenol Indofenol (DCPIP).
As bactérias M111, M136, M113, M91, M87 e M18 apresentaram resultado positivo para o
teste de biodegradabilidade, descolorindo o meio em até 48 horas. Pelos resultados positivos
obtidos estes micro-organismos merecem mais investigações acerca de seu potencial
degradador.
Introdução
Na Amazônia há uma ampla diversidade de micro-organismos, destacando-se a
microbiota endofítica, que habitam tecidos internos das plantas (Ryan et al, 2008). Os micro-
organismos desempenham importante papel ambiental, uma vez que podem utilizar
contaminantes como fonte de energia, podendo, desempenhar a função de restauração dos
padrões ambientais (Melo e Azevedo, 1997). A partir de técnicas de degradação denominada
de biorremediação.
147
Metodologias utilizando bactérias têm revelado o grande potencial desses micro-
organismos no processo de descontaminação de áreas poluídas, apresentando um custo
relativamente baixo e resultados significativos. (Fu e Viraraghavan, 2001).
De acordo com Souza (2015), ambientes classificados como altamente e
moderadamente contaminados estão situados na costa da cidade Manaus. Dessa forma mostra
a relação da alta atividade de navegação como fonte direta de contaminação com derivados de
petróleo. Nessas áreas portuárias encontram-se uma variedade de macrófitas aquáticas, que
são vegetais que habitam desde brejos até ambientes totalmente submersos. Essas plantas
constituem-se em uma importante comunidade em ecossistemas aquáticos (Esteves, 1998).
A escolha destes vegetais neste trabalho deve-se a presença destas plantas em ambientes
contaminados e poluídos. Este aspecto trouxe o interesse em investigar a relação de micro-
organismos endofíticos dessas macrófitas com a capacidade de resistir a esses ambientes.
Nesse sentido, consideram-se as associações entre macrófitas aquáticas e micro-
organismos que possam estar contribuindo para a transformação de compostos poluentes em
moléculas com menor impacto ao ambiente. Dentro desse contexto, o presente estudo
compreende o isolamento de bactérias endofíticas com potencial para degradação de
hidrocarbonetos de petróleo, contribuindo para o conhecimento do potencial de degradação
por micro-organismos oriundos da biodiversidade amazônica.
Material e Métodos
As amostras foram coletadas em áreas portuárias, cercadas pelo Rio Negro, na cidade de
Manaus-AM, onde há um fluxo recorrente de embarcações e consequente derrame de
derivados do petróleo como óleo diesel. As áreas portuárias de realização das coletas foram:
Porto Hidroviário da Manaus Moderna localizado no Bairro Centro e Porto Marina do Davi
localizada no Bairro da Ponta Negra.
Foram coletadas folhas, caules e raízes das plantas com aparência sadia, sem sintomas
visuais de doenças ou lesões. As espécies coletadas foram a Eichornea crassipes (No Porto
Hidroviário da Manaus Moderna – Centro) e, Sauvinia auriculata e uma macrófita não
idenficada cujo nome vulgar é Gramínea aquática (Coletada no Porto Marina do Davi –
Tarumã).
Após a coleta, as amostras foram colocadas em sacos plásticos e levadas até o
laboratório de Biodegradação na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde ocorreu
o isolamento dos micro-organismos. O isolamento das bactérias endofíticas foi realizado de
148
acordo com a metodologia adaptada de Pereira (1993). Inicialmente, foram cortadas com
auxílio de uma tesoura, as folhas e as raízes que foram higienizadas com água corrente com
auxílio de uma esponja nova e macia e detergente neutro; enxaguadas com água destilada e
colocadas para secar em uma bandeja forrada com papel toalha autoclavado.
Em câmara de fluxo laminar as amostras foram submetidas à desinfecção superficial em
álcool 70% por 1 minuto, hipoclorito de sódio 3% por 4 minutos, lavado em solução de álcool
70% por 30 segundos para retirar o excesso de cloro da superfície e para retirar todo o restante
das soluções, o materiais foram lavados três vezes com água destilada ou bidestilada
esterilizada. Como controle da assepsia do material isolado, a água de lavagem foi inoculada
em placas de Petri contendo os meios de cultura, com auxílio de uma alça de drigalski.
Após a desinfestação superficial, as folhas foram cortadas em fragmentos de cerca de
0,7 cm , com o auxílio de um furador, e as raízes foram cortadas em fragmentos medindo
cerca de 0,1 cm a 0,3 cm, com o auxílio de um bisturi, que foram inoculados em placas de
Petri contendo meio BH- Bushell Hass (g/L: sulfato de magnésio: 0,20, cloreto de cálcio:
0,02, fosfato monopotássico: 1,0, fosfato dipotássico: 1,0, nitrato de amônio: 1,0, cloreto
férrico: 0,05, ágar: 20,0) com fungicida e petróleo (5mL/L). Foram preparadas duas placas,
com o mesmo meio, para cada macrófita, com semeadura de 1 mL da água destilada usada
para a desinfecção como controle do isolamento. As placas foram incubadas a 28 °C sendo
visualizadas diariamente no período de 24 às 96h. Após o período de crescimento das
bactérias, as placas foram então levadas à câmara asséptica para repicagem dos isolados para
tubos de ensaio contendo o mesmo meio do isolamento. Esses tubos foram datados e
identificados em seguida guardados em recipientes plásticos à temperatura ambiente.
Após o isolamento realizou-se a purificação das bactérias por meio da técnica de
esgotamento por estrias. As bactérias foram retiradas dos tubos onde estavam armazenadas, e
dispostas em placas contendo meio NA (Nutriente Ágar), em estrias. Após 24 horas foi
retirada uma colônia de um ponto isolado da placa, sendo estriada novamente em outro tubo
de ensaio contendo NA sólido e em seguida foram acondicionadas na geladeira a 16 °C.
Para a preservação das bactérias purificadas, foi retirada uma alçada da colônia
bacteriana, sendo inseridas em tubos tipo eppendorf específicos para cada bactéria contendo
meio NA líquido. Os tubos foram mantidos a 170 rpm a 28°C durante 24 horas. Após esse
período, foi retirado 1 mililitro da colônia para ser introduzido em tubos criogênicos contendo
água destilada e glicerol a 20%. Após esse processo, os tubos foram acondicionados no
congelador a – 5 °C.
149
Foi verificado se os isolados eram capazes de degradar hidrocarbonetos de petróleo. O
teste de biodegradabilidade foi realizado usando a técnica baseada no uso do indicador redox
2,6-diclorofenol indofenol (DCPIP) (Hanson et al, 1993). O meio para o teste de
biodegradabilidade foi preparado com meio BH- Büshnell-Haas. Os pocinhos, das
microplacas, contendo o meio BH, foram preenchidos com uma pipeta de precisão, com 200
µL de indofenol e 10 µL de petróleo.
Cada bactéria foi introduzida, com auxílio da alça de platina, em dois pocinhos. A
primeira coluna foi utilizada como controle 1 (meio BH + indofenol + petróleo/ sem bactéria)
e a segunda como controle 2 (meio BH + indofenol + bactéria/ sem petróleo). As microplacas
foram mantidas a (28±2 ⁰ C). A mudança de tonalidade na coloração do meio em cada
inóculo foi avaliada após 24 e 48 h, para detecção de atividade biodegradadora. As bactérias
que apresentaram resultados positivos foram submetidas à coloração de GRAM e suas
características macroscópicas, cor e consistência, foram registradas.
Resultados e Discussão
Foram coletadas para isolamento de endofíticos três macrófitas aquáticas. Dentre essas
somente duas foram identificadas a Eichornea crassipes e a Sauvinia auriculata. A macrófita
que não foi identificada foi a Gramínea aquática.
Tabela 1: Bactérias endofíticas isoladas a partir de Eichornia crassipes, Sauvinia auriculata e Gramínea
aquática.
Origem Númeroendofíticas
Isolamento de bactérias de fragmentos infectados Indice
a partir das dasde colonização
Macrófitas % aquáticas
Eichornea
Eichornia crassipes
crassipes, Sauvinia auriculata e Gramínea aquática.
Folha 18 50,00%
Raiz 14 38,80%
Gramínea aquática
Folha 9 25,00%
Raiz 8 22,20%
Salvinia auriculata
Folha 2 5,50%
Raiz 5 13,80%
150
Os índices de colonização foram, respectivamente para folha e raiz, 50% e 38,8%
(Eichornea sp.), 5,5% e 13,8% (Salvinia auriculata) e 25% e 22,2% (gramínea aquática). A
maior quantidade de bactérias endofíticas isoladas foi a partir da espécie Eichornea crassipes,
sendo que, a parte da planta que mais se obteve isolado foram as folhas apresentando um
maior índice de colonização (Tabela 2).
Tabela 2: Número de isolamento de bactérias endofíticas isoladas de Eichornia crassipes, Sauvinia auriculata e
Gramínea aquática.
Parte da planta
Origem Total
Folha Raíz
Eichornea crassipes 41 41 76
Gramínea aquática 30 16 46
Salvinia auriculata 3 11 14
Total 74 68 142
A colonização das bactérias ocorreu nas folhas e nas raízes das plantas resultados esses
que corroboram aqueles obtidos por Rosenblueth e Romero (2006) que encontraram bactérias
endofíticas em diversos tecidos de plantas. As folhas das macrófitas apresentaram o maior
índice de colonização. Estes resultados divergem daqueles encontrados por Martins (2011),
pois, na maioria das plantas estudadas, nos tecidos das raízes encontram-se valores mais
elevados de endofíticos comparativamente aos tecidos das partes aéreas.
Araújo (2014) isolou 155 bactérias da macrófitas aquática Eichornia crassipes sendo
que 58 eram de origem endofítica oriunda das folhas, das raízes e das flores da planta em
local portuário com resíduo de petróleo e óleo diesel. Batista (2009) isolou 71 bactérias, sendo
29 de origem endofítica, oriundas de folhas, caules, bulbos e raízes da macrófita aquática
Eichornia crassipes coletadas em local com resíduos de petróleo.
151
Controle
Resultado negativo
Resultado positivo
M 111 X
M 136 X
M 113 X
M 91 X
M 18 X
M 87 X
*X: Indica o resultado em horas da biodegradação.
Esses resultados corroboram com os descritos por Araújo (2014), que em seu estudo,
utilizando o método do indicador redox 2,6-diclorofenol indofenol (DCPIP), demonstrou que
152
bactérias provenientes de macrófitas aquáticas de ambientes contaminados por petróleo e seus
derivados possuem a capacidade de utilizar o petróleo como fonte de carbono. As bactérias
isoladas em seu estudo apresentaram tempo menor de descoloração demonstrando com isso a
possibilidade de selecionar micro-organismos com habilidades para degradar os
hidrocarbonetos de petróleo e derivados, a partir desse teste.
Os trabalhos de Peixoto e Vieira (2005) indicam que os testes são eficientes e rápidos
para a detecção da capacidade de biodegradação de compostos, especificamente de
hidrocarbonetos de petróleo, utilizando o redox 2,6-diclorofenol indofenol (DCPIP) para
reações de óxido-redução.
Tabela 4: Caracterização morfológica das linhagens de endofíticos que apresentaram potencial biodegradador e
enzimático.
Creme escuro
Gramínea
M 113 Folha Bacilo (Tendendo ao Cremosa +
aquática
marrom)
Gramínea Bacilo
M 91 Folha Creme médio Cremosa -
aquática pequeno
Eichornea Bacilo
M 18 Raiz Creme claro Cremosa -
crassipes pequeno
Eichornea
M 87 Raiz Coco Amarelo Cremosa +
crassipes
*Código M = Mayra, 2014.
153
Conclusões
Referências Bibliográficas
Hanson KG, Desai DJ, Anjana J (1993). A rapid and simple screening technique for potential
crude oil degrading microorganisms. Biotechnology techniques. v. 7 n°10: 745-748.
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J. Cap. 20: p. 316-373.
Ryan RP, Germaine K, Franks A, Ryan D e Dowling DN (2008). Bacterial endophytes: recent
developments and applications. FMES Microbiology Letters. 278: 1-9.
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Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Tecnóloga em Petróleo e Gás, Mestre em Agricultura no Trópico Úmido. 2 Pesquisador -
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. [email protected]
[email protected]
Resumo
A maioria dos solos amazônicos apresenta boas propriedades físicas, mas
possuem alta saturação de Al e acidez, prejudiciais ao desenvolvimento de plantas. Uma
alternativa para reduzir estes efeitos negativos é o uso de micro-organismos em
simbiose com a planta. O objetivo deste trabalho foi avaliar rizóbios capazes de tolerar a
acidez e alumínio tóxico. A metodologia consistiu em avaliar 31 isolados em meios de
cultura YMA com pH 4,5+Al (2 cmolc L-1) e pH 6,5, atribuindo notas de crescimento
que variam de 1,00 a 4,00, durante 15 dias. Os resultados mostraram que das 31
bactérias testadas, 29 apresentaram crescimento acima de 3,06 no meio controle, com
pH 6,5. Quanto à tolerância ao pH 4,5+Al, somente 9 isolados mostraram crescimento
superior a 3,06, sendo assim, tolerantes à acidez e alumínio. Esses isolados tolerantes às
condições de acidez e toxidez de Al apresentam potencial para sobreviverem nos
latossolos e argissolos da Amazônia, podendo ser usados futuramente em inoculantes
para leguminosas, caso apresentem outras características agronômicas desejáveis.
Introdução
O solo é um componente ambiental complexo e suas variações, no que se refere
às propriedades físicas, químicas e biológicas, são definidoras de padrões ecológicos e
do próprio uso da terra. Na Amazônia, cerca de 70% da região é composta por duas
classes de solos, os latossolos e os argissolos (Rodrigues, 1996). Esses solos são
156
profundos, bem drenados e apresentam boas propriedades físicas, mas quimicamente
são ácidos, com baixa fertilidade natural e alta saturação com alumínio. Os níveis
tóxicos de alumínio aliados à baixa fertilidade nesses solos agem diretamente no
desenvolvimento das plantas, afetando desde a raiz, nodulação, relações hídricas,
redução da produção/produtividade e, portanto, a sustentabilidade. Apesar disso, estes
efeitos podem ser diminuídos ou neutralizados pela calagem e adubação, atuando
diretamente no solo e consequentemente aliviando os efeitos provocados pela baixa
fertilidade e toxidez de alumínio. No entanto, a obtenção destes insumos agrícolas para
o uso nos solos da Amazônia é dificultado por problemas financeiros e tecnológicos.
Assim, uma alternativa para reduzir os efeitos negativos destes solos no crescimento de
plantas é selecionar espécies ou cultivares mais tolerantes, aliado ao uso de micro-
organismos do solo, formando associações benéficas plantas-micro-organismos. Os
micro-organismos podem estabelecer relações simbióticas, como a fixação biológica de
nitrogênio, podendo atuar como “facilitadores”, tornando as plantas menos dependentes
de adubos químicos, permitindo, assim, uma economia desses insumos e ao mesmo
tempo, uma maior produtividade dos solos. Dentre esses micro-organismos estão às
bactérias nodulíferas da família Rhizobiaceae, conhecidos popularmente como rizóbios.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade de tolerância à acidez e alumínio de
rizóbios isolados de nódulos de leguminosas em solos da Amazônia.
Material e Métodos
Foram testados 31 isolados de rizóbios da coleção do Laboratório de Ecologia e
Biotecnologia de Micro-organismos da Amazônia (LEBMAM), do INPA. Eles foram
isolados de nódulos de diversas leguminosas que cresciam em latossolos e argissolos da
região de Manaus. A metodologia consistiu em avaliar as bactérias em placas de Petri,
contendo meios YMA (Somasegaran e Hoben, 1985), sendo umcom pH=4,5 + 2 cmolc
Al/L+ 20mL de solução indicadora (bromocresol verde) para a avaliação de tolerância,
permitindo assim, uma concentração de Al no meio similar à encontrada nos solos da
Amazônia (Chagas Júnior et al., 2009) e, um meio com pH=6,5 +5mL de indicador
(solução alcoólica, contendo 0,5% de azul de bromotimol), como controle. O
procedimento de repicagem e avaliação para verificar a tolerância dos isolados de
rizóbios em meio com Al foi feito segundo o método de Oliveira e Magalhães (1999),
que avalia o nível de crescimento bacteriano, atribuindo-se notas de 1,0 (sem
crescimento visível) a 4,0 (máximo crescimento), subdivididas em 0,25, ou seja, 1,00,
157
1,25, 1,50, 1,75, 2,00 e etc., até 4,00, aumentando assim a precisão do método. Foram
usadas para cada cultura bacteriana, quatro repetições nos dois meios. As avaliações
foram realizadas a cada três dias, num total de quinze dias, sendo considerados sensíveis
os isolados que apresentaram valores de 1,0 a 2,0, com tolerância média 2,06 a 3,0 e,
tolerantes os que mostraram crescimentos superiores a 3,06. Os indicadores de pHs
foram usados para observar se as bactérias diminuíam ou aumentavam a acidez dos
meios depois de crescerem.
Resultados e discussão
Ao se analisar os crescimentos dos 31 isolados no meio com pH 6,5 (controle),
observou-se que oito dos isolados de rizóbios mostraram crescimento elevado aos três
dias (nota acima de 3,00) após a repicagem. Aos seis dias, 26 isolados mostraram
crescimento acima de 3,06. Ao término do experimento (15 dias), 29 isolados
mostraram crescimento superior a 3,06, indicando crescimento elevado nesse meio de
cultura, permitindo assim, avaliar suas tolerâncias ou sensibilidades à acidez e presença
de Al quando essas condições foram adicionadas ao meio padrão. Os únicos isolados
que apresentaram algum problema de crescimento no meio padrão, pH 6,5 foram INPA
R578 e INPA R583.
No meio com pH 4,5 e Al, todos os isolados mostraram-se bem sensíveis aos
três dias de crescimento, apresentando valores entre 1,00 e 1,75. A partir do sexto dia de
crescimento, quatro isolados (INPA R560, INPA R582, INPA R583, INPA R588)
mostraram tolerância média (2,06-3,00) e, INPA R578 e INPA R674a cresceram acima
de 3,06, mostrando um crescimento diferenciado quando comparado com os outros
isolados testados, demonstrando maiores níveis de tolerância ao pH 4,5+Al. Aos 15 dias
foi possível selecionar 9 rizóbios: INPA R553, INPA R560, INPA R575, INPA R578,
INPA R580, INPA R583, INPA R588, INPA R615, INPA R634, INPA R674a, os quais
mostraram crescimento elevado no meio com pH 4,5+Al.
Verificou-se ainda, mudança de coloração do meio com pH 6,5, onde dos 31
rizóbios avaliados, 11 acidificaram levemente e 8 acidificaram totalmente o meio,
enquanto que, em pH 4,5+Al não houve modificação visual do pH do meio. A
visualização dessa alteração foi possível devido a utilização dos indicadores de pH.
158
1,00 - 2,00
2,06 - 3,00
3,06 - 4,00
32 pH 6,5
28
Número de Isolados
24
20
16
12
0
3° 6° 9° 12° 15°
32 pH 4,5 + Al
28
24
Número de Isolados
20
16
12
0
3° 6° 9° 12° 15°
Dias de Crescimento
159
isolados de sobreviverem e crescerem em pH 6,5 é de grande importância,
especialmente para estudos como associação com plantas em ambientes próximos à
alcalinidade, tendo como referencial agronômico, que solos com esse pH são os que
apresentam maiores disponibilidades de macro e micronutrientes (Malavolta, 1976). A
tolerância à acidez e alumínio, foi observado por Hara e Oliveira (2005) e Chagas
Júnior et al. (2009) analisando-se isolados de rizóbios procedentes de solos da
Amazônia, um dos motivos para estes isolados não tenham obtido um bom crescimento
é que alguns processos citoplasmáticos da bactéria sejam sensíveis a tais fatores. E o
crescimento dos isolados no meio aumentou com o tempo de exposição às condições de
estresse. Essa capacidade de tolerar o meio com pH 4,5+Al, de acordo com Graham et
al. (1994), está relacionada à habilidade de manter o pH intracelular entre 7,2 e 7,5
quando o pH externo é ácido. O tempo de crescimento dos rizóbios pode ser usado para
seleção, sendo considerados mais tolerantes em pH 4,5+Al, os isolados que
apresentarem notas acima de 3,06, em menor período de tempo. Quanto à capacidade de
acidificar o meio com pH 6,5, Chagas Júnior et al. (2009) também observaram isso
estudando outros rizóbios isolados de diferentes solos da Amazônia. Este processo de
alteração do pH ocorre devido à produção de ácidos orgânicos liberados pelas bactérias
ao crescerem no meio de cultura. Os isolados tolerantes a pH 4,5+Al apresentam-se
promissores, porém, necessitam ser testados em solos com essas características e, ainda,
em simbiose com a planta na presença desses fatores limitantes.
Conclusão
Dos 31 isolados de rizóbios testados, 29% mostraram-se tolerantes ao pH 4,5 e
presença de 2,0 cmolc de Al+3 L-1 em placas de Petri com meio YMA, indicando
potencial para serem testados em latossolos e argissolos amazônicos com essas
características químicas.
Referências
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de rizóbios isolados de nódulos de raiz e caule de Discolobium spp. Scientia Agraria
Paranaensis, 9(3):75-84.
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160
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Microbiology, 40: 198-207.
Rodrigues TE (1996) Solos da Amazônia, p.19-60. In: Alvarezv VH, Fontes LEF,
Fontes MPF (Eds.). O solo nos grandes domínios morfoclimáticos do Brasil e o
desenvolvimento sustentado. UFV/DPS/SBCS, Viçosa, MG.
161
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
162
Introdução
163
O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta fisiológica de diferentes
variedades de cogumelos desenvolvidas em substratos cuja formulação baseia-se na
técnica Jun-Cao para determinar qual formulação gera melhor produtividade tanto em
nível de quantidade como qualidade nutricional.
Material e Métodos
Uma vez inoculado, o material foi levado à câmara climática (25 ºC, UR 80%
em ausência de luz). Após a colonização, os sacos foram transferidos para outra câmara
climática em condições abióticas diferentes (22ºC, UR 90% com fotoperíodo de 8h)
com objetivo de estimular a formação dos corpos de frutificação.
164
que é a quantidade de matéria extraída do substrato ao longo do processo de cultivo
fúngico. Os dados foram analisados usando o programa Sisvar com ANOVA um fator
em teste Turkey.
Resultados e discussão
165
Em relação à EB, na média obtida do substrato testado, a linhagem que mais se
destacou foi P. ostreatus (EB= 86,2%) diferindo estatisticamente, segundo o teste
Tukey, de P. ostreatoroseus AM (EB= 22,3%). No estudo da PMO, considerando a
média de todas as repetições, P. ostreatus mostrou melhor consumo dos substratos
(PMO= 62,5%), sendo diferente estatisticamente de P. ostreatoroseus AM (PMO=
53%). Em relação à concentração de proteínas, P. ostreatus e P. ostreatoroseus AM
demonstraram similaridade estatística, tendo suas concentrações com valores muito
próximos. Na avaliação das cinzas também houve similaridade (Tabela 3).
166
linhagens no substrato suplementado. Ainda segundo Rossi et al., (2001), a formulação
com nutrientes, de preferência solúveis é uma alternativa promissora na estimulação do
crescimento. Neste aspecto, torna-se necessário verificar outras combinações de
materiais e insumos para determinar resultados melhores. Para Urben et al., (2004) a
umidade do substrato precisa ser observada com atenção, uma vez que as necessidades
fisiológicas variam conforme a espécie de cogumelo. Neste estudo a umidade do
substrato Jun-Cao utilizado ficou em torno de 75%.
Conclusão
167
Referências
Ahmed M, Abdullah N, Ahmed KU, Bhuyan MHM (2013) Yield and nutritional
composition of oyster mushroom strains newly introduced in Bangladesh. Pesq Agropec
Bras 48: 197-202.
Urben AF, Oliveira HCB, Vieira W, Correia MJ, Uriartt AH (2004) Produção de
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168
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Universidade do Estado do Amazonas-UEA, PPG em Biotecnologia e Recursos Naturais, 2
Universidade Federal do Amazonas-UFAM, Manaus, AM.
E-mail [email protected] , [email protected]
Resumo
Fungos endofíticos habitam tecidos vegetais de forma assintomática e estabelecem
uma relação considerada mutualística com seus hospedeiros. Este grupo microbiano é
reconhecido como uma valiosa fonte de metabólitos secundários com diferentes atividades
biológicas que podem ter aplicações na medicina, agricultura, biotecnologia e indústria.
Conhecendo o potencial desses micro-organismos, sugeriu-se neste trabalho, a caracterização
da comunidade de fungos endofíticos associados ao fruto da pimenta murupi (Capsicum
chinense) e a avaliação de sua capacidade em produzir metabólitos com atividade
antimicrobiana. O número total de endófitos obtidos do endocarpo foi de 133 isolados
fúngicos, com frequência total de 33,25%, sendo esses predominantes no isolamento a partir
do endocarpo. Cerca de 70% dos isolados fúngicos não produziram estruturas reprodutivas
nas condições testadas neste trabalho e, portanto, não puderam ser caracterizados em relação
às suas estruturas reprodutivas, totalizando 74 grupos morfológicos. Para outros três grupos,
foi possível analisar as características macro e micromorfológicas das colônias e sugerir a sua
identificação ao nível de gênero. Pôde-se perceber a predominância de Fusarium entre os
fungos isolados da pimenta murupi, o qual apresenta micélio cotonoso, de coloração branca a
rósea e características micromorfológicas peculiares, tais como a presença de macro e
microconídios. Foram selecionados 77 isolados fúngicos para testes de antibiose contra
micro-organismos teste: Staphylococcus aureus MRSA, Escherichia coli, Candida albicans,
C. albicans (ATCC10231), C. tropicalis, C. parapsilosis, C. glabrata, C. guilliermondii.
Apenas um endófito apresentou halo de inibição contra Staphylococcus aureus resistente à
meticilina (MRSA). A partir do DNA genômico, extraído do fungo endofítico com potencial
antimicrobiano, foi possível amplificar a região ITS1-5.8S-ITS2 do rDNA, a qual apresentou
169
aproximadamente 600 pb. De acordo com o banco genômico, o isolado promissor apresenta
92% de identidade com Nemania sp. Por se tratar de um índice considerado baixo, não foi
possível inferir sobre sua identificação.
Introdução
Os micro-organismos estão presentes nos mais variados ambientes, interagindo com
diversas formas de vida. São organismos extremamente versáteis e habitam ambientes
diversificados, incluindo aqueles considerados inóspitos. Micro-organismos associados a
plantas são estudados há tempos e em diferentes níveis, formando assim um micro
ecossistema complexo, onde diferentes nichos são explorados por uma extensa variedade de
micro-organismos. Dentre esses, podemos destacar os endófitos, que são organismos
conhecidos por passar parte ou todo o ciclo de vida colonizando os tecidos vivos de uma
planta hospedeira sem, entretanto, causar sintomas aparentes de doenças (Schulz et al., 2005).
Material e Métodos
Foram coletadas 20 pimentas (10 maduras e 10 imaturas) no período de novembro de 2012 a
abril de 2013, em cada um dos dois pontos da cidade de Manaus (AM): Tarumã (301’15,5”S
- 6004’36,4”W) e Zona Leste (304’50”S - 5956’00,2”W). Somente os frutos e as sementes
de pimentas murupi foram utilizados no isolamento de fungos endofíticos. As amostras foram
transportadas ao Laboratório de Genética de Micro-organismos da Universidade Federal do
171
Amazonas, onde foram realizados os procedimentos de assepsia superficial, segundo Araújo
et al. (2010): as amostras vegetais foram lavadas em água corrente com detergente neutro e,
em seguida imersas em álcool 70% (1 min), hipoclorito de sódio (2,5-3% de cloro ativo) (1
min), álcool 70% (1 min) e duas vezes em água destilada esterilizada. Após a desinfestação
superficial, foram transferidos 5 fragmentos de aproximadamente 3 mm2 para placas de Petri,
contendo ágar batata dextrose (BDA) suplementado com antibiótico tetraciclina na
concentração de 50μg/mL. As placas foram incubadas à temperatura de 28ºC por 10 dias. Para
avaliar a eficácia da desinfestação, alíquotas de 50μL da última água de lavagem foram
semeadas em placa de Petri contendo o mesmo meio de cultura e incubadas sob as mesmas
condições. A purificação dos isolados foi realizada por meio da obtenção de culturas
monospóricas a partir das colônias obtidas no isolamento. Após a obtenção dos isolados
purificados, a macromorfologia foi analisada para condições de desenvolvimento micelial
específicas: incubação em meio BDA, a 24 ºC e no escuro. Análises micromorfológicas foram
realizadas após a incubação dos isolados fúngicos em ágar água e nessas, priorizou-se a
observação de estruturas vegetativas e reprodutivas em microscópio óptico, em aumento de
400X.
Para a avaliação da atividade antimicrobiana dos filtrados dos micro-organismos
endofíticos, foi empregado o método de difusão em ágar descrito por Huang et al. (2001).
Foram utilizados Candida albicans (ATCC 10231), C. albicans, C. tropicalis, C. parapsilosis,
C. glabrata, C. guilliermondii, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, S. aureus (MRSA)
nos ensaios antimicrobianos.
O DNA do isolado com potencial antimicrobiano foi extraído e submetido à
amplificação das regiões ITS do rDNA (ITS1-5.8S-ITS2), utilizando-se os primers ITS1 (5´-
TCCGTAGGTGAACCTGCGG-3´) e ITS4 (5´-TCCTCCGCTTATTGATATGC-3´),
descritos por White et al. (1990). As sequências de DNA foram comparadas com as
sequências de culturas depositadas no GenBank, utilizando o programa BLASTn (Basic Local
Alignment Search Tool) disponível no portal do National Center for Biotechnological
Information – NCBI.
Resultados e Discussão
Um total de 133 isolados de fungos filamentosos foi isolado e todos associados ao
endocarpo da pimenta murupi, com predominancia em meio Sabouraud. Considerando
especificamente os hospedeiros Capsicum, ressalta-se ainda a retenção da capsaicina à
172
placenta do fruto, visto que nenhum fungos endofíticos foi isolado das sementes, o que leva à
hipótese de que a própria placenta do fruto pode constituir em uma barreira física e química
eficiente para inibir o desenvolvimento dos fungos endofíticos, os quais foram isolados
apenas do endocarpo.
A frequência geral de isolamento foi de 33,25% para o total de fragmentos vegetais,
sendo as plantas da zona Leste de Manaus as maiores detentoras de fungos endofíticos
passíveis de isolamento, quando comparadas às plantas do Bairro Tarumã (Figura 1).
Também foi observado que no segundo isolamento, realizado em época chuvosa, houve maior
isolamento de endófitos dos tecidos vegetais analisados, especialmente os coletados na zona
Leste.
173
Os dados obtidos corroboram com aqueles descritos por Rodrigues (1994) e
Suryanarayanan et al., (1998), que obtiveram maior quantidade de micro-organismos
endofíticos no período chuvoso, quando comparado ao período de seca. Uma hipótese a ser
considerada é a de que os micro-organismos, especialmente aqueles associados à rizosfera e
ao rizoplano, encontram mais facilidade de fixação, penetração e colonização da planta
através de suas raízes em épocas de solo umedecido, característica predominante do solo à
época da realização da segunda coleta.
Cerca de 70% dos isolados fúngicos não produziram estruturas reprodutivas o que
dificultou a caracterização, mesmo assim 74 grupos morfológicos foram classificados
conforme a macromorfologia apresentada em condições específicas e padronizadas. Para
aqueles fungos passíveis de identificação por meio da correlação de dados de macro e
micromorfologia, houve a predominância de Fusarium, o qual apresenta micélio cotonoso, de
coloração branca a rósea e características micromorfológicas peculiares, como a produção de
micro e macroconídios, apresentando esses últimos, a forma típica de foice septada.
Dos isolados testados para detecção de atividade antimicrobiana, apenas um
apresentou halo de inibição contra Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA)
(Figura 2).
A B
Figura 2. Teste de detecção de atividade antimicrobiana pelo método da difusão em disco. Legenda:
(16 e 16D) disco de papel filtro embebido no filtrado do caldo de fermentação do isolado 16, um
fungo endofítico de pimenta murupi; (14, 15, 17 e 18) isolados endofíticos que não apresentaram
atividade (A) (C+) controle positivo, representado pelo antibiótico ampicilina e (C-) controle negativo,
representando apenas o meio de cultura líquido (B).
174
Análises moleculares desse isolado permitiram sua comparação com nível de
identidade de 92% a um isolado de Nemania sp. (JQ846087 1 e DQ641634 1) (Figura 3).
Baseado nos resultados moleculares, Sánchez-Ballesteros et al. (2000) especularam que o
gênero Nemania pode representar um complexo de espécies com variantes genéticas e
fenotípicas indistinguíveis por meio de ferramentas moleculares, ou seja, mesmo isolados de
espécies diferentes dentro do gênero Nemania podem apresentar homologias completas de
regiões conservadas, o que dificulta sua identificação, mesmo com a utilização de métodos
moleculares.
Conclusão
175
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Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Introdução
179
em várias microestruturas (ramos, rámulas, métula e fiálides), nas quais são produzidos
os conídios que são esféricos ou elipsoidais, unicelulares e geralmente hialino ou verde,
azul- petróleo, verde oliva ou cinza (Frisvad e Samson, 2004). O aspecto macroscópico
das colônias é circular, geralmente verdes, em algumas espécies a cor pode ser amarela,
laranja, roxo ou marrom, e a superfície da colônia, também podem apresentar uma
textura arenosa, aveludada ou mucilaginosa (Pitt, 1985).
Segundo Terrasan (2007) Penicillium apresenta grande papel ecológico como
decompositor e reciclador de matéria orgânica. Este fungo tem sido isolado como
endofítico em tecidos de várias plantas. Algumas espécies são conhecidas como
produtores diversas classes de metabólitos secundários bioativos, incluindo atividade
antiparasitária Elias (2005). Atualmente, diversas pesquisas têm mostrado seu enorme
potencial biotecnológico, podendo ser fonte de novos fármacos, de enzimas de interesse
industrial, entre outros (Pallu, 2010).
As cepas de Penicillium depositadas na Coleção de Culturas de Microrganismos de
Interesse Agrossivilcultural foram isoladas de diversas espécies florestais de importância
econômica da região amazônica, resíduos madeireiros, produtos florestais, dentre outros
substratos, lignocelulíticos que foram materiais de estudos de durabilidade natural de
madeira, tecnologia da madeira e biotecnologia, no entanto muitas linhagens ainda não se
encontravam identificadas. De modo que o estudo de taxonomia das espécies contribuiu
para o conhecimento da diversidade de Penicillium na região Amazônica.
Material e Metodos
180
cultura foi realizada, tendo como parâmetro o aspecto do micélio aéreo: plumoso,
ceroso, camurçado, aveludado, flocoso, lanoso e úmido (presença de exsudatos). Assim
como a coloração da colônia: verde, verde-oliva, cinzentada, amarela e outras, e
presença de anéis concêntricos, e o reverso da mesma, seguindo os paramêtros
estabelecidos por (Pitt, 1985).
Resultados
181
considerando as linhagens que podem apresentar aplicabilidades biotecnológicas, como
.Também, o estudo de taxonomia e otimização dos processos de conservação e
preservação de Penicillium viabilizou o melhor aproveitamento do na coleção, e o
conhecimento da diversidade de Penicillium fornecendo assim subsídios para futuro
estudos em bioprospeção dos metabólitos destes fungos, visando a obtenção de
bioprodutos (Canhos e Vazoller, 2004).
Táxon Linhagem
Penicillium aculeatum Raper & Fennell 1
P. corylophilum Dierckx 1
P. chrysogenum Thom 3
P. citrinum Thom 15
P. commune Thom 3
P. expansum Link 2
P. fellutanum Biourge 2
P. frequentans Westling 1
P. glabrum(Wehmer) Westling 1
P. griseofulvum Dierckx 2
P. implicatum Biourge 7
P. lividum Westling 14
P. melinii Thom 1
P. raistricki Smith 1
P. roquefortii Thom 2
P. paxilli Bainier 2
P. sclerotirum Beyma 2
P. verruculosum Peyronel 4
Penicillium spp. 47
Total 111
182
Discussão
Conclusão
O presente estudo contribui para o conhecimento da diversidade de Penicillium
na região Amazônica, com destaque para P. citrinum, P. lividum e P. implicatum com o
maior número de linhagens com possíveis potenciais biotecnológicos.
183
Referências
184
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
E-mails: [email protected], [email protected]
Resumo
A contaminação ambiental por derivados do petróleo, como a gasolina, diesel, entre
outros, causa grande impacto ecológico e as técnicas para sua remediação têm recebido destaque
nas últimas décadas. O presente trabalho teve como objetivo testar isolados de rizobactérias com
habilidade em degradar gasolina. Foi utilizado o método de estriagem em placa, contendo meio
de cultura YMA modificado com 0,1 mL de gasolina como fonte de carbono. Em seguida foi
verificada a capacidade dos microrganismos em degradar e tolerar esse composto, avaliando seu
crescimento nas placas de Petri. Os resultados mostraram que os isolados testados são tolerantes
à presença de gasolina. Do total de 90 isolados bacterianos avaliados, 12 mostraram crescimento
máximo usando a gasolina como fonte de carbono (INPA_R561, R586, R589, R610, R614,
R620, R621, R626, R630, R633, R652 e R732). Os demais mostraram ser moderados ou
sensíveis ao cultivo contendo gasolina. Trata-se ainda de um trabalho inicial na busca de isolados
de Rizobactérias capazes de degradar a gasolina, visando utilizá-las no processo de
biorremediação de solos amazônicos contaminados.
Introdução
O petróleo é um composto orgânico, formado por processos biogeoquímicos, constituído
em sua maior parte por uma mistura complexa de hidrocarbonetos. A contaminação ambiental
por esta substância e por seus derivados (gasolina, álcool, diesel, etc.) causa grande impacto
ecológico e as técnicas para sua remediação têm recebido destaque nas últimas décadas. A maior
185
parte dos compostos de petróleo é passível de biodegradação; no entanto, trata-se de um processo
lento, podendo levar décadas até a total descontaminação do ambiente.
A comercialização da gasolina tem como consequências negativas, a possibilidade de
derramamento nos solos e águas regionais. Não há ainda no Estado do Amazonas, estudos sobre
o impacto negativo da contaminação dos solos e rios por esse composto químico, bem como as
características da população microbiana tolerante e possivelmente responsável pelo processo de
biorremediação natural.
Os processos biológicos de descontaminação, enquadrados na categoria de
biorremediação, utilizam, geralmente, micro-organismos autóctones ou introduzidos com
capacidade de biodegradar parcial ou totalmente as substâncias contaminantes. A biorremediação
é uma tecnologia que utiliza micro-organismos para minimizar ou remover poluentes, assim
como os hidrocarbonetos dos compostos derivados do petróleo no ambiente sem afetar o
equilíbrio ecológico (Autry e Ellis, 1992; Desai e Banat, 1997).
Foi avaliada a capacidade de 90 isolados de rizobactérias em degradarem a gasolina
comercializada na região amazônica. Os resultados obtidos visam, portanto, indicar os micro-
organismos com maiores potenciais de degradação desse produto para serem utilizados no
processo de biorremediação de solos e/ou rios contaminados.
Material e Métodos
Os isolados de rizobactérias foram obtidos do banco de micro-organismos do LEBMAM
(Laboratório de Ecologia e Biotecnologia de Micro-organismos da Amazônia) no Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia /INPA. Cada isolado foi inoculado em placas de Petri
contendo meio de cultura YMA (Vincent, 1970) e incubados a 26,5º- 28º C até o crescimento das
colônias (por cerca de 3 dias) para posteriores estudos e análises com gasolina. O meio de cultivo
YMA é historicamente utilizado para o isolamento, purificação e crescimento de bactérias
indutoras de nódulos em leguminosas, genericamente denominadas de rizóbios. As bactérias
utilizadas foram isoladas dos nódulos de leguminosas coletados em diferentes localidades de
Manaus/AM e municípios circunvizinhos.
Para avaliar a capacidade de degradação da gasolina, foram testados 90 isolados de
rizobactérias por meio do método proposto por Oliveira e Magalhães (1999), realizado em placas
de Petri contendo meio de cultura YMA modificado, onde foi utilizado 0,1 mL de gasolina como
186
fonte de carbono ao invés de manitol. Como controle usou-se o meio com manitol e sem
gasolina, com todos os tratamentos realizados em quadruplicata. As avaliações foram feitas após
10 dias de crescimento à temperatura ambiente (± 26 ºC). O processo de avaliação consistiu na
atribuição de notas 1,00 (sem crescimento visível) a 4,00 (máximo crescimento). Foram também
atribuídas notas intermediárias, subdivididas em 0,25, ou seja, 1,00, 1,25, 1,50, 1,75, 2,00 até
4,00. Consideraram-se como os de melhores crescimentos, os que apresentaram notas médias
acima de 3,06.
Resultados e Discussão
Conforme o método proposto por Oliveira e Magalhães (1999), foi observado que todos
os isolados avaliados apresentaram crescimento no meio de cultura YMA modificado,
adicionado com 0,1 mL de gasolina (Figura 1 e Tabela 1).
Na figura 1 observa-se a nota 4 de crescimento bacteriano, identificada como bactéria
altamente tolerante ao cultivo adicionado de gasolina como fonte de carbono.
Figura 1. Crescimento máximo mostrado pela bactéria INPA_R586 cultivada em meio Agar-
Manitol e Agar-Gasolina por um período de 10 dias em temperatura ambiente.
187
Tabela 1 - Crescimento de rizobactérias em meio Agar-manitol (M) e Agar-gasolina (G) após 10
dias de incubação à temperatura ambiente. (Notas segundo Oliveira e Magalhães, 1999).
INPA R007 1,3 1,3 INPA R571 2,0 2,0 INPA R621 3,8 3,4
INPA R020 2,6 2,4 INPA R572 1,3 1,3 INPA R624 2,0 1,7
INPA R028 2,3 2,8 INPA R573 2,0 2,0 INPA R625 2,0 2,0
INPA R076 2,3 2,4 INPA R575 2,7 2,3 INPA R626 3,9 3,9
INPA R178 2,3 2,3 INPA R576 2,1 2,1 INPA R628 2,9 2,4
INPA R183 3,0 2,7 INPA R577 2,9 2,9 INPA R630 3,8 3,7
INPA R529 2,1 2,5 INPA R578 1,7 1,3 INPA R631 3,0 2,5
INPA R537 2,5 2,4 INPA R580 3,0 2,5 INPA R633 3,9 3,1
INPA R545 2,6 2,4 INPA R581 2,0 2,0 INPA R634 3,0 2,6
INPA R546 2,4 2,1 INPA R582 2,8 2,9 INPA R640 3,0 2,5
INPA R547 3,0 2,8 INPA R583 1,7 1,3 INPA R642 2,0 2,0
INPA R548 2,0 2,0 INPA R586 4,0 4,0 INPA R644 3,0 2,5
INPA R549 3,0 2,5 INPA R587 2,0 1,8 INPA R645 3,0 2,8
INPA R550 3,0 2,5 INPA R588 2,4 2,3 INPA R646 1,8 1,6
INPA R551 2,0 1,5 INPA R589 3,1 3,1 INPA R649 1,3 1,3
INPA R552 2,6 2,9 INPA R590 2,5 3,0 INPA R650 2,6 2,1
INPA R553 3,0 2,5 INPA R592 1,9 1,9 INPA R650 2,0 2,0
INPA R554 3,0 3,0 INPA R593 2,0 1,8 INPA R651 3,0 2,5
INPA R555 2,6 2,1 INPA R595 3,0 2,9 INPA R652 4,0 3,5
INPA R556 3,0 2,5 INPA R597 1,9 1,4 INPA R654 1,4 1,5
INPA R557 2,0 2,0 INPA R599 2,0 2,0 INPA R655 2,0 1,5
INPA R558 2,5 2,1 INPA R607 1,3 1,3 INPA R656 1,8 1,6
INPA R559 1,7 2,0 INPA R610 3,8 3,2 INPA R662 2,2 2,3
INPA R560 3,0 2,5 INPA R612 3,0 2,5 INPA R666 3,0 2,5
INPA R561 3,9 3,1 INPA R613 2,0 1,5 INPA R667 1,6 1,6
INPA R562 1,4 1,4 INPA R614 3,1 3,3 INPA R668 2,0 1,6
INPA R563 1,9 1,9 INPA R615 2,0 1,6 INPA R674 1,3 1,3
INPA R566 2,5 3,0 INPA R618 2,0 1,5 INPA R675 1,4 1,6
INPA R568 2,5 2,1 INPA R619 2,0 1,6 INPA R676 1,4 1,3
INPA R569 3,0 2,7 INPA R620 3,2 3,8 INPA R732 4,0 3,7
188
De acordo com os dados da tabela 1, observa-se que para muitos isolados, não houve
diferença de crescimento nos dois meios utlizados (Agar-Manitol e Agar-Gasolina), sugerindo
que essas bactérias apresentam uma boa adaptação, ou seja, um crescimento satisfatório quando
utilizada a gasolina como fonte de carbono, sob as condições testadas, sendo que os melhores
isolados foram INPA_R586, R626, R652 e R732.
A gasolina é um dos principais produtos resultantes da destilação do petróleo, podendo
apresentar de 6-12 átomos de carbono em sua cadeia (Farias, 2008); trata-se de um composto
altamente complexo e que pode servir como fonte utilizável no metabolismo de determinados
micro-organismos. Esses podem ser utilizados como fontes de biorremediação, por meio do uso
de suas enzimas capazes de degradar essa substância presente em solos ou outros ambientes
contaminados.
Ecologicamente, micro-organismos degradadores de hidrocarbonetos são amplamente
distribuídos e as dificuldades encontradas para caracterizar comunidades microbianas de
ambientes impactados por esses compostos são agravadas pela grande quantidade de substratos
específicos e interações metabólicas possíveis (Wetler-Tonini et al., 2011). Tais micro-
organismos podem ser encontrados no próprio ambiente impactado, sendo na maioria das vezes,
os responsáveis pelo desaparecimento dos contaminantes e são capazes de degradar a maioria
desses compostos para suprir as suas necessidades energéticas e de crescimento, iniciando assim
o processo de biodegradação (Bernoth et al., 2000). Alguns trabalhos foram realizados utilizando
isolados de rizóbios na degradação de compostos derivados do petróleo (Lindström et al., 2003;
Poonthigpun et al., 2006; Coelho et al., 2010; Wen et al., 2011).
A grande motivação de pesquisas e estudos de biodegradação é, sem dúvida, a busca de
micro-organismos versáteis capazes de degradar, de maneira eficiente, uma grande variedade de
poluentes a baixo custo operacional, utilizando aqueles que não prejudiquem a vida existente nas
áreas contaminadas. Entre as rizobactérias de interesse, o gênero Rhizobium ou similares
apresenta características adequadas para ser utilizado num processo de biorremediação, pois
além de apresentar todas as características citadas, não são patogênicas, não prejudicando assim
o homem, a fauna e a flora existentes no meio ambiente.
Ttrata-se ainda de um trabalho inicial na busca de isolados de rizobactérias capazes de
degradar os derivados do petróleo, assim como a gasolina. Há, entretanto, necessidade de uma
busca de um maior número de isolados e testes mais aprofundados para avaliar a eficiência
189
enzimática dessas bactérias, como forma de indicar as mais aptas para serem utilizadas no
processo de biorremediação de solos amazônicos contaminados.
Conclusões
Do total de 90 isolados de rizobacterias, apenas doze mostraram-se altamente tolerantes
quando presentes no meio de cultivo Agar-Gasolina, dos demais isolados, 41 mostraram
crescimentos moderados (nota 2,06 - 3,00) e outros 37 sensíveis (1,00 - 2,00);
Doze isolados de rizobactérias (INPA_ R561, R586, R589, R610, R614, R620, R621,
R626, R630, R633, R652 e R732) mostraram crescimentos elevados usando a gasolina como
fonte de carbono e apresentam potencial para serem usadas futuramente em inoculantes visando
descontaminar solos contaminados com gasolina.
Alguns isolados mostraram pouco crescimento nos dois meios, indicando dificuldades de
usarem o manitol e a gasolina como fontes de carbono nas condições experimentais.
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Oliveira M.R.1, Gama A.M2., Katak R.1, Matos E.2, Terenius O.3, Marinotti O.4, Tadei,
W.P.5, Souza A.Q.L.2
1
Universidade Estadual do Amazonas (UEA), 2 Universidade Federal do Amazonas (UFAM
3
Swedish University of Agricultural Sciences (SLU), 4 University of California, Irvine (UCI),
[email protected], 5 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),.
E-mail: [email protected] ; [email protected]
Resumo
Introdução
192
desenvolvimento e sub-desenvolvidos. Sua transmissão é dada pela picada de
mosquitos do gênero Anopheles Meigen, 1818. Sendo o A. darlingi Root, 1926, o seu
principal vetor na região Amazônica, onde ocorrem a maioria dos casos no Brasil (Tadei
et al., 1998).
Considerando-se o desafio de longo prazo da erradicação da malária, é essencial
aumentar o conhecimento sobre a ecologia, biologia e o comportamento de seus vetores
(Hiwat e Bretas, 2011) em especial na sua fase imatura. Sabe-se que várias espécies de
larvas de mosquitos se alimentam de partículas orgânicas suspensas na água e de micro-
organismos, principalmente bactérias (Forattini, 1996), sendo essas muitas vezes sua
única fonte de alimento (Merritt et al., 1992). Várias espécies bacterianas têm sido
identificadas no intestino de mosquitos adultos através de diferentes técnicas mediadas
por cultura convencional (Iturbe-Ormaetxe et al., 2011) e estas foram adquiridas a partir
do seu ambiente aquático, durante o desenvolvimento larval. Entretanto, vale ressaltar
que estudos sobre a biodiversidade microbiana associada ao ambiente aquático desses
insetos vetores permanecem escassos.
Portanto, pesquisas que buscam conhecer a microbiota associada a insetos
vetores, são de grande relevância para implementação de políticas com estratégias mais
eficazes de controle da malária no mundo. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi
identificar isolados bacterianos associados ao ambiente aquático de larvas de A. darlingi
no estado do Amazonas.
Material e Método
193
iniciou-se o isolamento das colônias pela técnica do esgotamento por estrias cruzadas
em seguida a realização da técnica de coloração de Gram.
Posteriormente foi realizada a identificação molecular com as seguintes etapas:
lise celular por choque térmico, descrito por Stemmer (1994) com modificações para
obtenção do DNA molde, em seguida realizou-se a amplificação do gene 16S do rDNA
com os iniciadores: 27F (5’-AGAGTTTGATCMTGGCTCAG-3’) e 1100R (5’-
AGGGTTGCGCTCGTT-3’) (White et al., 1990), utilizando o protocolo de PCR
descrito por Boichenko et al, (2000), a verificação da PCR foi feita através de
eletroforese em gel de agarose 1 % coradas com GelRed®, após a corrida o gel foi
fotodocumentado em transluminador de luz UV.
Os fragmentos de rDNA amplificados na reação de PCR, foram purificados
utilizando a enzima ExoSAP®(Invitrogen) de acordo com as recomendações do
fabricante. Uma alíquota do DNA purificado foi usado para as reações de
sequenciamento, com o kit de sequenciamento BidDye Terminator V 3.1. (Life
Technologies) e 0,5 µM do mesmo oligonucleotídeo foi utilizado para a reação de
sequenciamento no sequenciador 3.500 da Applied Biosystems. A identificação das
bactérias foi feita através da comparação das sequências de nucleotídeos obtidas com as
depositadas no banco de dados do NCBI (http://www.ncbi.nih.gov) a fim de comparar
as sequências das amostras deste trabalho com as depositadas no GenBank. A partir de
todas as 19 sequencias 16S rRNA obtidas neste estudo, realizou-se a construção do
dendograma utilizando o programa MEGA, versão 4 (Tamura et al., 2007). O
alinhamento das sequencias foi feita pelo programa Clustral W e o dendograma foi
gerado pelo método Neighbor-Joining, com Bootstrap de 1000.
Resultados
194
a identificação taxonômica, uma vez que as sequencias obtidas não foram encontradas
nos bancos de dados do NCBI sendo consideradas como organismos incultos.
Foram identificados um total de três filos (Actinobactérias, Proteobacteria e
Firmicutes), sete famílias (Aeromonadaceae, Bacillaceae, Brevibacteriaceae
epidermidis, Enterobacteriaceae, Moraxellaceae, Neisseriaceae e Pseudomonadaceae)
e nove gêneros (Acinetobacter, Aeromonas, Bacillus, Brevibacterium,
Chromobacterium, Klebsiella, Pectobacterium, Pseudomonas e Serratia).
O Dendograma com todas as 19 sequencias 16S rRNA obtidas, mostra a grande
diversidade das diferentes espécies bacterianas encontradas nesta pesquisa (Figura 1).
Discussão
195
Zâmbia (Cirimotich et al., 2011), A. stephensi na Índia (Rani et al., 2009) além do A.
gambiae (Lindh et al., 2005). A família com maior predominância neste trabalho foi a
Enterobacteriaceae que segundo Cirimotich et al. (2011) e Pumpuni et al. (1993) são
capazes de inibir o desenvolvimento de espécies Plasmodium no intestino médio do A.
albimanus e A. stephensi.
Dos três filos encontrados destaca-se o filo Firmicutes que apresentam espécies
de Bacillus que tem alto potencial como agentes de controle biológico de diferentes
populações de mosquitos (Minard et al., 2013; Geetha et al., 2010).
As sequencias 16S do rRNA de cinco bactérias não identificadas nos bancos de
dados do NCBI potencialmente são novas espécies ainda não descritas, uma vez que as
mesmas foram isoladas de amostras amazônicas, que apresenta uma das maiores
biodiversidade do planeta e poucos são os estudos com essa ênfase na região.
Ressaltando que ainda permanecem escassos os dados sobre a microbiota bacteriana e
seus potenciais genéticos relacionados ao habitat naturais dos Anofelinos em seus
diferentes estágios de vida.
Conclusão
Referências
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Introdução
Os micróbios são organismos muito pequenos que em geral podem ser
visualizados com o uso de microscópio (Tortora et al., 2012). Estes são de extrema
importância ecológica na manutenção do equilíbrio do ambiente pela reciclagem dos
elementos químicos entre o solo, os organismos e a atmosfera e são utilizados em
aplicações comerciais e industriais para produzir alimentos, químicos, tratamento de
detritos, controle de pestes e limpeza de poluentes.
Os micro-organismos têm um imenso potencial de degradação de material
orgânico, produzindo um “pool” de enzimas, o qual tem sido explorado comercialmente
ao longo dos anos (Jayani et al., 2005). As enzimas de origem microbiana possuem
199
menor custo de produção do que as de origem animal e vegetal, podem ser produzidas
em larga escala em fermentadores industriais e oferecem um amplo espectro de
características físico-químicas.
A identificação de novas fontes microbianas é de grande interesse estratégico,
pois garantem o suprimento de enzimas aos mais variados processos industriais. Os
resíduos lignocelulósicos vêm sendo utilizados em processos biotecnológicos devido a
aspectos econômicos, ambientais e à farta disponibilidade. Uma de suas aplicações é a
produção de enzimas celulolíticas para a obtenção de açúcares fermentescíveis,
utilizados na geração do bioetanol de segunda geração e servindo como fonte de energia
renovável (Dashtban et al., 2010).
Oliveira et al. (2006), ao estudarem a capacidade de rizóbios nativos da
Amazônia em produzir enzimas hidrolíticas, reportaram a atividade amilolítica como a
mais frequente. Porém, não se pode negligenciar as potencialidades de uso dessas
bactérias como fontes de outras enzimas de reconhecido valor industrial, caso das
lipases, pectinases e proteases (Van Beilen, 2002; Kirk et al., 2013). O presente estudo
objetivou avaliar em meios de cultura solidificados, as atividades celulolíticas,
proteolíticas e ureolíticas de rizóbios nativos da Amazônia.
Material e Métodos
Obtenções das amostras
Foram testados 20 isolados de rizóbios obtidos da Coleção de Micro-
organismos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório de Ecologia e
Biotecnologia de Micro-organismos do INPA.
Avaliações dos isolados capazes de usar caseína, celulose e ureia como fontes de
carbono.
Para esta avaliação, foi usado o meio de cultura YMA (Vincent, 1970)
modificado, onde se substituiu o manitol por carboximetilcelulose, caseína ou ureia
como fontes de carbono. Foram feitas três repetições de cada meio para cada isolado.
A avaliação de crescimento foi feita pelo método de Oliveira e Magalhães
(1999). Tal método leva a um processo de diluição do micro-organismo, onde a zona 1 é
a de maior concentração e a zona 4, a mais diluída (Figura 1). De acordo com o
crescimento de cada rizóbio, foram atribuídos valores variando de 1,00 (sem
200
crescimento visível na zona 1) a 4,00 (máximo crescimento na zona 4), podendo ter
valores intermediários entre esses extremos (Figura 2 e Tabela 1). As placas foram
mantidas em condições de laboratório com 28±2 °C de temperatura. As avaliações
foram realizadas a cada três dias, até os 15 dias.
Zona 2
Zona 1. Uma linha. Riscagem
Zona 3 de uma alça de platina diversas
vezes em ambas as direções
indicadas pela seta. A alça
deve ser esterilizada para cada
Zona 1 zona de riscagem.
Zona 4
* Três repetições com nota 2,0 e uma com 2,25. ** Três repetições com nota 3,0 e uma
com 3,25 (Oliveira e Magalhães, 1999).
201
Avaliações do potencial de degradação de caseína, celulose e ureia.
Atividade proteolítica
A habilidade das bactérias em hidrolisar proteínas foi testada em meio YMA
modificado contendo 10 g de caseína como substituto do manitol como fonte de
carbono em pH 5,5.
Atividade celulolítica
Atividade ureolítica
A atividade ureolítica foi avaliada pela metodologia proposta por Christensen
(1946), modificada com substituição da solução de ureia a 40% por 20g/L de ureia.
Além da ureia, a composição do meio em g/L foi: 1,0g de glicose, 1,0 de peptona,
15gde agar em pH 6,8. A atividade dos micro-organismos produtores de urease foi
constatada após quinze dias de incubação.
Resultados de Discussão
Avaliações dos isolados de rizóbios
Os rizóbios apresentam alta diversidade genética e conseguem se adaptar a
diferentes condições de solos, podendo se desenvolver nas rizosferas de leguminosas,
onde induzem a formação de nódulos, como também, nos de não leguminosas ou
leguminosas não compatíveis, onde, apesar de não induzirem nodulação, conseguem se
multiplicar em grandes números. Na ausência de plantas na área de solo, podem
apresentar habilidade saprofítica elevada, usando matéria orgânica como fonte de
carbono (Zilli et al., 2013).
A Tabela 2 mostra os melhores isolados quanto ao crescimento em meio de
cultura contendo carboximetilcelulose em decorrência da atividade celulolítica, que
apresentaram pontuações superiores a 3,0 até o nono dia de crescimento. Desses, os que
202
apresentaram melhores crescimentos foram os identificados como INPA R577, R549,
R547, R562, R561, R955 e R618, por já apresentarem máximo crescimento (pontuação
de 4,0) já na primeira avaliação, aos 3 dias. Segundo Oliveira e Magalhães (1999), os
que crescem mais rápidos são os que adaptam ao meio de cultura testado.
Com relação aos rizóbios produtores de proteases (Tabela 3), também observou-
se que dos 20 testados, 15 mostraram crescimentos elevados como indicativo da
produção dessa enzima. Todos, exceto o isolado INPA R577, cresceram aos 3 dias de
incubação, mostrando que nesse meio de cultura é ótimo para esses rizobios.
Tabela 3. Crescimento dos isolados de rizóbios em meio contendo caseína como fonte
de carbono.
203
Quanto á atividade ureolítica, 10 dos 20 isolados mostraram-se superiores aos
demais (Tabela 4). Desses, o melhor foi o isolado INPA R553 que apresentou
crescimento máximo já aos 3 dias de incubação.
Tabela 4. Crescimento dos isolados de rizóbios em meio contendo ureia como fonte de
carbono.
Conclusões
Agradecimentos
Referências
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Rocha EM1, Katak RM2, Oliveira MR1, Gama AM1, Souza AQL2, Tadei WP3
1
Universidade do Estado do Amazonas – UEA, Manaus, AM, 2Universidade Federal do
Amazonas – UFAM, Manaus, AM, 3Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA,
Manaus, AM. Email: [email protected]
Resumo
Introdução
206
condições. A espécie de vetor mais prevalente na região Amazônica é A. darlingi Root,
1926 (OLIVEIRA-FERREIRA et al., 2010).
A malária é uma doença que causa grandes impactos negativos à saúde pública e
à economia, em suas áreas de ocorrência. De acordo com o relatório mundial da malária
da Organização Mundial da Saúde, em 2013 cerca de 3,3 bilhões de pessoas vivem em
áreas de risco, situadas em regiões tropicais do planeta. Estima-se que 198 milhões de
casos de malária ocorreram no mundo com um número de 584.000 óbitos e que essa
enfermidade prevalece em 104 países, dos quais 35 estão no Continente Africano, que
apresenta o maior número de casos correspondendo 90% de todas as mortes por malária
no mundo, sendo que as crianças com idade menores de 5 anos representam 78% de
desse total (WHO, 2014).
207
neste contexto, este trabalho teve por objetivo isolar e caracterizar morfologicamente
bactérias associadas ao habitat larval de A. darlingi do Município de Coari-AM.
Metodologia
Para este trabalho apenas o ponto 1 do lago de Coari foi analisado. Os meios de
cultivo utilizados para o isolamento bacteriano foram: Nutriente Agar (NA), Lúria
Bertani (LB) e Agar Tripitona de Soja (TSA). Para cada meio de cultivo foram
preparadas 3 placas de Petri acrescido de 20 mg/mL de fluconazol e adicionado 50 µL
da amostra e mais 3 placas controle. Em seguida, as placas de Petri foram etiquetadas
com informações sobre a origem e armazenadas em uma estufa incubadora B.O.D a
26,4°C. Após 24 horas de crescimento foi feita a seleção das colônias presentes nas
placas para o isolamento das bactérias. Para o isolamento da bacteria utilizou-se a
técnica do esgotamento por estrias cruzadas a partir de uma única colônia. Após o
isolamento, as bactérias foram purificadas pela mesma técnica de esgotamento com
auxílio de uma alça de platina embebida em álcool 70% e flambada em chama no bico
de Bunsen. Foram utilizados meios de cultivo apropriado para cada tipo de isolamento.
Em seguida, as placas de Petri foram colocadas na B.O.D por 24 horas, para o
crescimento bacteriano. Após o isolamento foi feito a caracterização morfológica,
determinação da coloração de Gram e a contagem do número total de cada isolado
obtido. As bactérias foram preservadas nos seus respectivos meios de cultivo na forma
líquida com a adição de glicerol a 20% e estocadas em freezer a –20 ºC. Os isolados
encontram-se preservados no Laboratório de controle biológico e biotecnologia da
dengue e malária do INPA em Manaus-AM e onde foi feitas as análises moleculares.
208
Resultados
Um total de 26 colônias foi isolado em meio de cultivo, sendo que estas foram
agrupadas de acordo com a semelhança morfológica e coloração de Gram em 10
possíveis gêneros bacterianos codificados de G1 a G10. O grupo de G1, G10 e G4
apresenta o maior número de isolados com sete, quatro e três respectivamente, enquanto
aos outros grupos G2, G5, G7, G8 e G9 apresentaram dois isolados e G3 e G6 com
apenas um isolado para cada um.
Um total de 29 isolado foi obtido em meio de cultivo LB sendo que os isolados
foram agrupados de acordo com suas semelhanças morfológicas e coloração de Gram
em 9 possíveis gêneros bacterianos (G1 a G9). Os grupos G2, G5, G6 apresentaram
quatro isolados para cada grupo. Enquanto que G4 é composto de cinco isolados, e os
grupos G1 e G3 com três isolados cada um, e os demais G7, G8 e G9 com dois isolados
para cada grupo.
Em meio de cultivo TSA, houve crescimento de 29 isolados, que foram
agrupados em 13 possíveis gêneros bacterianos (G1 a G13). Destes, G3 e G9
representados com o maior número de isolados cada um com cinco. Enquanto que G1,
G2 e G6, estão representados com três isolados cada. Os grupos G5, G7 e G11 também
com dois isolados cada e os demais grupos G4, G8, G10 e G12 representados cada um
com um único isolado.
A diversidade encontrada corresponde 84 isoladas bacterianos obtido de
amostras de água, que foi caracterizado morfologicamente em 32 possíveis gêneros,
entre bacilos Gram - com sete representantes, bacilos Gram + com quatro isolados,
cocos Gram – com dezesseis isolados e cocos Gram + com 5 isolados. Estes isolados
serão identificados por métodos moleculares, além de ser feita análises estatísticas para
determinação das espécies simbiontes de A. darlingi.
Discussão
209
processo imunológicos à infecções ocasionadas por protozoários do gênero Plasmodium
que são os agentes etiológicos da malária (BOISSIÈRE, 2012; CHAVSHIN, et al.,
2012; NGO, et al 2015; RANI, et al 2009).
No trabalho de Ngo, et al (2015) amostras de mosquitos adultos do gênero
Anopheles capturados no Vietnam mostra um número expressivo de bactérias
associadas. Apesar das bactérias serem de amostras diferentes, tanto as obtidas por estes
autores como as isoladas nesta pesquisa, indica que não se pode descartar a hipótese de
que a maior parte de bactérias, encontradas no intestino médio de adultos, é oriunda dos
habitats aquáticos em que se desenvolvem as larvas do inseto (BOISSIÈRE, 2012).
Em outro estudo realizado por Costa (2012) com bactérias associadas a esponjas
isoladas da água no município de Manaus, as características morfológicas das bactérias
são semelhantes as das isoladas no presente trabalho. Embora a microbiota bacteriana
tenha sido isolada de organismos diferentes, no entanto o ecossistema aquático é da
região Amazônica. No entanto, estudos da microbiota aquática associadas a larvas de
insetos vetores de doenças na região Amazônica ainda são escassos na literatura.
Conclusão
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Amazonas (UEA), Manaus-AM, Brasil. Emails: [email protected], [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected],
[email protected]
Resumo
212
Introdução
213
Materiais e Métodos
Resultados e Discussão
Embora tenha uso intensivo de agrotóxico nas três áreas, em Manacapuru e Careiro da
Várzea o limite de quantificação não foi detectado. Somente em Manaus foi possível detectar
a presença do analito carbendazim (0,189µg/Kg). A ausência de resíduos nas amostras pode
estar associada, segundo Chaim (2004), ao fato de 32% dos agrotóxicos pulverizados retidos
ficarem nas plantas, 19% irem pelo ar para outras áreas circunvizinhas da aplicação e 49%,
apesar de irem para o solo, após algum tempo, parte se evaporar, parte lixiviar para o lençol
freático e outra parte se degradar. Considera-se ainda o fato de ambientes de clima tropical
apresentarem taxas de degradação de herbicidas mais rápidas, devido ao aumento de
populações de microrganismos e as modificações nas condições ambientais, como resultado
do aumento das temperaturas do solo (Laabs et al., 2002). Regiões tropicais apresentam
temperaturas mais elevadas nas camadas superficiais do solo, o que resulta em maior
decomposição da matéria orgânica e uma maior atividade microbiana (Silva et al., 1998),
razões pelas quais podem não ter sido detectado os resíduos de agrotóxico, já que segundo o
produtor de Manacapuru, a aplicação de deltametrina foi realizada três dias antes.
Somente no solo que apresentou resíduo de agrotóxico foi realizada análise físico
química. As amostras foram coletadas no período da manhã, no dia 23 de maio de 2013,
foram obtidas conforme metodologia descritas no item 4.2.2, nas seguintes coordenadas
geográficas (amostra 1: S03°00´57.0¨ W059°55´14.4¨, amostra 2:
S03°00´56.6¨W059°55´14.5¨, amostra 3 S03°00´57¨.0 W059°55´14.8¨; amostra 4
S03°00´57.0¨W059°55´14.8¨; amostras 5: S03°00´56.6¨W059°55´14.9¨).
216
A análise do solo é o instrumento que o técnico utiliza para recomendar as
necessidades de calagem e fertilizantes, melhorando as condições de fertilidade de um solo,
para que as plantas encontrem os nutrientes que elas precisam para responder com altas
produtividades. No entanto as análises foram realizadas para se verificar em quais condições
de solo, os microrganismos se encontravam quando foram isolados.
O solo analisado apresentou classe textural arenosa (Tabela 2). A matéria orgânica
(M.O) na profundidade de 0-10 foi determinada como muito baixa (0,5dagKg-1), na
profundidade 10-20 foi determinada como baixa. A saturação por bases (V%), na
profundidade de 0-10, caracterizou o solo como de baixa fertilidade, já na profundidade de
10-20, com saturação bem maior que 50%, a caracterização é de solo fértil. A capacidade de
troca catiônica efetiva foi determinada como média, o nível de fósforo remanescente foi muito
bom, apresentando os valores de 54,28 mgL-1 e 54,36mgL-1 nas profundidades de 0-10 e 10-
20, respectivamente. A Saturação por Alumínio (m) foi classificado como muito baixa.
218
No teste de sensibilidade dos 97 microrganismos na presença do fungicida
carbendazim, observou-se que 53 bactérias e 17 fungos apresentaram crescimento ao redor do
poço (Figura 1) em todas as concentrações testadas (1(1000µg/Ml), 2 (500µg/mL), 3
(250gL/mL), 4 (125µg/mL) e 5(62,5µg/mL)).
De acordo com Yarden et al. (1990) as bactérias exercem maior influência na
biodegradação do fungicida carbendazim, quando comparado ao fungo A. alternata. Em solos
sem prévio tratamento, somente a inoculação bacteriana resultou em biodegradação acelerada
do fungicida. Tal fato sugere que enquanto o fungo contribui para a dissipação de
carbendazim no solo, as bactérias exercem maior influência na biodegradação desse
fungicida. Observaram ainda degradação mais rápida por culturas bacterianas originadas de
solos previamente tratados com carbendazim do que daquelas provenientes de solos sem
prévio tratamento. Dessa forma, nossos resultados foram bastante satisfatórios, pois dos 97
microrganismos isolados de solos tratados com carbendazim, 70 apresentaram-se resistentes
na presença do fungicida, o que sugere a possibilidade desses microrganismos possuírem
potencial na degradação do referido fungicida.
Conclusões
Referências
Alvarez VVH, Novais RF, Barros NF, Cantarutti RB, Lopes, AS (1999). Interpretação dos
resultados das análises de solos. In: Ribeiro AC, Guimarães PTG, Alvarez VVH. (Ed.).
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Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, p. 251
220
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Silva, S.R.S1; Silva, A.S.2; Santiago, P.A.L.1,; Souza, A.D.L.2; Polikarpov I.3, Martinez
J.L4, Souza, A.Q.L 2
1
Universidade do Estado do Amazonas (UEA) – PPGMBT, 2Universidade Federal do Amazonas
(UFAM) – PPGQ , 3Universdade Federal de São Carlos (UFSCar) – LCPBE, 4Faculdad de
Farmacia de La Universidad de Granada (UGR)
E-mail: [email protected],[email protected],[email protected],
[email protected], [email protected]
Resumo
Diversos resíduos são gerados a partir de atividades humanas e esses resíduos, ao longo
dos anos, tem sido alvo para utilizá-los na produção de moléculas de interesse de diversos
setores industriais como por exemplo, as enzimas. Para a produção enzimática de CMCase
e Xilanase, três fungos (Aspergillus niger, Penicillium adametzii e Basidiomiceto) foram
submetidos a cultivo submerso em duas soluções de cultivo diferentes (Manachini e GLBN
40) com três resíduos Amazônicos como indutores (casca de maracujá, cupuaçú e
macaxeira) durante 5 e 10 dias. Todos tiveram produção enzimática, no entanto, A.niger
mostrou-se o melhor produtor de CMCase e xilanase em 5 dias com 7,2 UI/mL e 13,5
UI/mL, respectivamente, em solução de Manachini com casca de maracujá como indutor.
Os valores obtidos com P. adametzii. e o Basidiomiceto variaram de acordo com as
soluções de cultivo e com os indutores. As condições de cultivo podem ser otimizadas para
melhoramento da produção enzimática.
Introdução
As variadas atividades humanas geram inúmeros tipos de resíduos que, por sua vez,
são acumulados no meio ambiente. Diante do acúmulo de resíduos agroindustriais, ao
longo dos anos, têm-se buscado sua reutilização para redução da sua quantidade no meio
ambiente.
221
2014; CEPLAC,2013). Toda esta produção gera resíduos e vários bioprocessos têm sido
utilizados para a conversão de resíduos em moléculas de interesse como aminoácidos,
etanol, enzimas e outras.
Material e métodos
222
cultivados em incubadora Shaker, em quintuplicata, durante 5 e 10 dias, a temperatura de
28 °C a 120 rpm. Para a extração das enzimas, todas as réplicas foram filtradas em sistema
de filtração a vácuo estéril contendo filtro Millipore 0,22 μm. Para os testes quantitativos,
foi separada uma alíquota de 1,5 mL.
Utilizou-se o método DNS (Miller, 1959), que quantifica açúcares redutores, para
quantificar as enzimas CMCase e Xilanase a partir da metodologia descrita por Ghose,
(1987). Os ensaios ocorreram em tubos de ensaio de 6 ml, em triplicata, adicionando-se
450 μL do substrato CMC (quando quantificada CMCase) e Xilano(quando quantificado
Xilanase) a 1% em tampão acetato de sódio 50 mM, pH 5,0 e 50 μL de extrato enzimático.
Essa mistura foi aquecida por 10 minutos a 50°C em banho-maria. Após o tempo
reacional, adicionou-se 500 μL do reagente ácido 3,5- dinitrosalicílico (DNS), levando as
amostras ao banho fervente por 5 minutos e sequencialmente, as amostras sofreram
resfriamento em banho gelado por mais 5 minutos. Por fim, adicionou-se 4 mL de água
destilada. Para o controle das amostras, adicionou-se 450 μL de CMC, 500 μL de DNS e
50 μL do extrato enzimático. Para o Branco adicionou-se 500 μL de água destilada, 500 μL
de DNS e 4 ml de água destilada. As amostras foram lidas a 540 nm em espectrofotômetro
de UV.
Resultados e discussão
223
estão celulase, xilanase, poligalacturonase, α-galactosidase, α-amilase, glucoamilase, β-
glucosidade e protease ácida.
Atividade CMCásica
8
7
Atde CMCase UI/mL
6
5
4
3
5 dias
2
1 10 dias
0
C. Max.
C. Max.
C. Max.
C. Max.
C. Max.
C. Max.
C. Maj.
C. Maj.
C. Maj.
C. Maj.
C. Maj.
C. Maj.
C. Cup.
C. Cup.
C. Cup.
C. Cup.
C. Cup.
C. Cup.
A.niger Bas. P.adametzii A.niger Bas. Pen.adametzii
GLBN 40 Manachini
Atividade Xilanásica
16
14
Atde Xilanase UI/mL
12
10
8
6
4 5 dias
2 10 dias
0
C. Max.
C. Max.
C. Max.
C. Max.
C. Max.
C. Max.
C. Maj.
C. Maj.
C. Maj.
C. Maj.
C. Maj.
C. Maj.
C. Cup.
C. Cup.
C. Cup.
C. Cup.
C. Cup.
C. Cup.
224
Em atividade xilanásica, o melhor desempenho foi do A. niger com13,5 UI/mL,
seguido do Basidiomiceto com 5,1 UI/mL,ambos em 5 dias, e o pior desempenho foi do P.
adametzii com 4,7 UI/mL em 10 dias, todos em solução de Manachini. Stroparo et al.
(2012) avaliaram a produção de hidrolases e dentre estas, observaram que o A.
nigerapresentou maior nível de Xilanase com 8,73 UI/mL, sendo os valores deste trabalho
superiores utilizando a casca de maracujá como indutor, em 5 dias de cultivo.
Silva (2013) avaliou a produção de CMCasee Xilanasetambém utilizando casca de
maracujá como substrato e uma espécie de Penicillium,reativado do Laboratório GEMMA
e,obteve um valor de 13,444 UI/mL e 0,510 UI/mL no 10° dia de cultivo, utilizando 20 µL
de solução de suspensão de esporos. Neste trabalho, encontrou-se os valores de 3.116
UI/mLe 4,793 UI/mL, de CMCase e Xilanase respectivamente, ambos em 10 dias,
inoculados 10 µL de solução de suspensão de esporos.Silva (2013) também avaliou a
produção de CMCase e Xilanase de Basidiomicetos e obteve 1,004 UI/mL e 0.371 UI/mL,
respectivamente. Neste trabalho, as atividadesCMCásica e xilanásica foram 3.012 UI/mL e
5.166 UI/mL, respectivamente. De acordo com Pandey et al. (1999), a enzima que será
produzida depende do tipo de substrato utilizado no processo de cultivo. Isso justifica as
diferenças de produção de xilanase e CMCase observadas dentre os substratos e soluções
utilizadas, visto que cada solução (Manachini e GLBN 40) possui componentes
diferenciados que podem interferir no crescimento fúngico e consequentemente, na
produção enzimática.
Conclusões
Agradecimentos
Ao apoio financeiro da FAPEAM, do CNPq e da CAPES que viabilizaram a realização
desse trabalho e pela concessão de bolsa da CAPES.
Referências
225
Bom, EPS, Ferrara MA, Corvo ML, Vermelho AB, Paiva CLA, Alencastro RB, Coelho, R
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de resíduos agroindustriais para a produção de enzimas de interesse biotecnológico.
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226
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Souza R.D.N2, Batista I.H1, Ferreira F. S.1, Santos J.C.2, Marinho, M.P.S.1, Araújo, S.P.2, Lima,
J.M.S.27, Pereira, J.O 2
1
Universidade do Estado do Amazonas- UEA, Manaus, AM, 2 Universidade Federal do Amazonas-
UFAM, Manaus, AM. E-mail: [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]
Resumo
Microrganismos endofíticos vivem no interior das plantas sem causar danos aparentes,
estabelecendo com seus hospedeiros uma relação simbiótica potencialmente vantajosa. A
espécie Eichornia crassipes é uma das macrófitas mais abundantes na Amazônia, tendo
importante função ecológica nos ecossistemas. Este estudo teve o objetivo de isolar fungos
endofíticos a partir da referida macrófita coletada no porto da cidade de Manaus e realizar
ensaios de atividade enzimática com os isolados. O isolamento foi realizado em meio mineral
acrescido de petróleo, utilizando-se fragmentos de folha e raiz da planta. Realizaram-se
ensaios de atividade enzimática para amilase e lipase. Os fungos que apresentaram resultados
positivos foram caracterizados morfologicamente para identificação preliminar. Foram
isolados 28 fungos e selecionados 11 para os ensaios enzimáticos. Para o ensaio de amilase
quatro fungos revelaram atividade e para lipase apenas um. Os fungos que apresentaram
produção enzimática foram identificados como possivelmente pertencentes aos gêneros:
Aspergillus sp., Chaetomium sp. e Verticillium sp. Os fungos isolados que apresentaram
atividade enzimática são de gêneros que potencialmente podem ser promissores para uso em
processos biotecnológicos.
Introdução
A Amazônia é mundialmente conhecida pela sua diversidade biológica, seja de
espécies vegetais, animais ou microrganismos. Do ponto de vista biotecnológico, essa
biodiversidade apresenta uma importante ferramenta para o desenvolvimento de tecnologias e
alternativas que venham a servir para os mais variados setores da vida humana.
227
A região amazônica, em grande parte de sua área, sofre constantemente com ações
antrópicas. Como exemplo, pode ser citada a contaminação dos corpos d’água por derivados
de petróleo causando assim um impacto considerável na fauna e flora aquática. Porém,
mesmo em locais extremamente poluídos, é comum notar-se a prevalência de plantas
aquáticas. Isso acontece devido à capacidade do vegetal de resistir e se adaptar à poluição
química da água. Muitas vezes essa capacidade de resistência da planta em ambientes
contaminados está associada à existência de microrganismos em seus tecidos vegetais.
As macrófitas são plantas com ampla dispersão, podendo habitar desde brejos até
locais totalmente submersos. Elas são definidas como formas de vegetação aquáticas visíveis
a olho nu (Rejmánková, 2011). São encontradas em áreas com diferentes níveis de poluição,
o que evidencia a sua capacidade de sobreviver em locais extremamente degradados.
Os microrganismos são agentes principais na ciclagem de nutrientes na região
amazônica, desempenhando papel fundamental na manutenção de ecossistemas por meio dos
ciclos biogeoquímicos por exemplo. A prospecção desses organismos tem fundamental
importância para se manter o conhecimento da diversidade da microbiota existente nesta
região.
Fungos filamentosos destacam-se pelo seu potencial biotecnológico na síntese de
diversos compostos bioativos de interesse para o homem e para o ambiente. Os fungos
endofíticos são microrganismos que vivem no interior dos tecidos vegetais, inclusive de
macrófitas, e que não causam nenhum dano aparente ao seu hospedeiro (Azevedo, 1999). Os
fungos endofíticos diferem dos epifíticos (que vivem na superfície da planta, exteriormente), e
dos fitopatógenos, (que lhes causam doenças). As interações entre endófitos e plantas ainda
não são claramente conhecidas, mas estudos revelam a produção de metabólitos secundários
por parte dos microrganismos que auxiliam a planta em diversos setores (diminuição de
herbivoria, de ataques de insetos e aumento da resistência da planta) (Souza et al, 2004).
Dentre os metabólitos produzidos, as enzimas são amplamente estudadas atualmente. Enzimas
são catalisadores orgânicos que participam de reações químicas nos processos vitais (Cuzzi et
al., 2011). As enzimas são estritamente específicas, e para cada substrato existe uma enzima.
No caso do amido, a enzima responsável por sua quebra é a amilase. As amilases são enzimas
facilmente encontradas na natureza e de grande importância biotecnológica tais como
indústria têxtil, produção de bebidas, indústrias químicas e farmacêuticas. A utilização de
enzimas produzidas por microrganismos vem sendo ampliada devido as maiores facilidades
quando comparados a animais e vegetais. A produção em larga escala e a aplicação quase
completa da hidrólise do amido são características das enzimas sintetizadas por
228
microrganismos (Soares et al., 2009). As lipases são enzimas hidrolíticas que atuam na
aceleração dos processos de clivagem das ligações ésteres de trigliceraldeídos liberando
ácidos graxos e glicerol (Garcia, 2011). As lipases são encontradas na natureza em animais,
vegetais e microrganismos. Por serem compostos específicos e de fácil regulação, estão sendo
bastante utilizadas em indústrias de modo geral. As enzimas naturais são interessantes pela
ampla diversidade bioquímica, facilidade quanto à manipulação genética e possibilidade de
produção das mesmas em larga escala. O estudo de endófitos em macrófitas aquáticas de
ecossistemas amazônicos representa significativo conhecimento dos mecanismos de
adaptação destes vegetais aos peculiares ambientes desta região, desvendando suas vias
biossintéticas que podem ser exploradas com fins biotecnológicos.
Material e Métodos
Foram coletadas folhas e raízes de Eichhornia crassipes do porto do centro da cidade
de Manaus-AM. As amostras foram submetidas à higienização e em câmara de fluxo laminar,
o material foi lavado em água destilada e mergulhado em álcool 70% por 1 minuto,
introduzido em solução de hipoclorito a 2,5% por 1 minuto, submerso em álcool 70% por 30
segundos e por último lavado em água destilada (figura 1). O material foi inoculado em 18
placas de Petri com meio BH (L/g: sulfato de magnésio: 0,20, cloreto de cálcio: 0,02, fosfato
monopotássico: 1,0, fosfato dipotássico: 1,0, nitrato de amônio: 1,0, cloreto férrico: 0,05,
ágar: 20,0) acrescido de antibiótico e petróleo. Todas as placas foram identificadas e
incubadas em BOD à temperatura de 18º C, onde permaneceram de três a dez dias.
Conforme o crescimento, os fungos foram repicados para tubos de ensaio onde foram
datados, identificados e guardados. O índice de colonização dos fungos isolados foi calculado
dividindo o número total de fragmentos infectados pelo número total de fragmentos
inoculados. A purificação foi feita por repique sucessivo. A análise qualitativa das enzimas
lipase e amilase produzidas por fungos foi avaliada em placas de Petri contendo meio de
229
cultura específico para cada enzima. Os fungos endofíticos selecionados foram cultivados em
meio BDA por oito dias a 28º C e transferidos para placas com meio específico. Para o teste
de amilase, o meio de cultura foi acrescido de 10 g de amido de milho. Após o crescimento da
cultura, as placas de Petri foram coradas com 5 ml de solução de lugol para verificação do
halo de degradação, evidenciando a atividade amilolítica. Para testar a produção de lipase, o
meio foi acrescido de 10 ml de azeite de oliva e as placas, após crescimento dos fungos, foram
coradas com 2 ml de vermelho de fenol e submetidas a luz ultravioleta. A determinação da
atividade enzimática decorreu da razão entre o diâmetro da colônia e o diâmetro da colônia
acrescido da zona de precipitação. (Hankin & Anagnostakis, 1975). Os resultados foram
classificados em negativos (IE= 1), positivos (1 >IE > 0,64) e fortemente positivos (IE< 0,64).
Após os testes enzimáticos, os fungos que apresentaram resultados positivos foram
caracterizados quanto à morfologia das colônias, por meio de visualizações macroscópicas e
também microscópicas com o uso da técnica de micro cultivo.
Resultados e Discussão
230
Cód Cor Textura Taxa
14 Verso: Mista (marrom e verde)
Anverso: Branco/cinza Algodonosa
FEC 2 Não identificado
Verso: negro
Estes gêneros apresentaram índice enzimático para amilase de 0,77, 0,67 e 0,53
respectivamente. Não foi possível identificar o isolado codificado como FEC 2 pois não
foram visualizadas estruturas reprodutivas e/ou esporos nas lâminas. Este fungo apresentou
para a amilase o índice enzimático de 0,54 (Figuras 2 e 3). Foi detectada atividade enzimática
para lipase apenas no gênero Chaetomium sp. com o valor de 0,76 (tabela 2).
Figura 2. Testes enzimáticos para amilase em três fungos (A) Aspergillus sp.; (B) FEC 2; (C)
Verticillium sp.
Valor do IE Caracterização do IE
Fungo
Amilase Lipase Amilase Lipase
Aspergillus sp. 0,77 - Positivo -
Chaetomium sp. 0,67 0,76 Positivo Positivo
231
Verticillium sp. 0,53 - Fortemente positivo -
FEC 2 0,54 - Fortemente positivo -
Conclusões
Referências
232
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Technology 4(2):47-57.
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233
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Introdução
234
Na Embrapa, as coleções de microrganismos nasceram com a própria empresa,
na década de 70, e estão distribuídas por todo o território nacional. Hoje são 16
coleções, classificadas em três categorias (Centros de Recursos Biológicos-CRBs,
Coleções Institucionais-CIs e Coleções de Trabalho-CTs), que preservam
microrganismos restritos aos níveis de risco de biossegurança 1 e 2 (fungos
filamentosos, bactérias, vírus, micoplasmas, leveduras, cogumelos e algas
microscópicas) e que possuem funcionalidades diversas, como por exemplo o controle
biológico de pragas, a fixação biológica de nitrogênio e fertilidade do solo, a
agroindústria e os agentes patogênicos de animais e de plantas. As informações
associadas a estes microrganismos estão inseridas no Sistema de Informação
AleloMicro (http://alelomicro.cenargen.embrapa.br/AleloMicro).
235
Práticas para Centros de Recursos Biológicos. As CTs da Embrapa são compostas por
coleções de microrganismos de sete Unidades da Embrapa (CNPAE, CNPAT, CNPC,
CPAC, CPACT, CPAO, CTAA) e estão vinculadas aos CRBs ou às CIs. As CTs da
Embrapa atendem a um único ou a vários projetos de pesquisa e a Requisitos
Corporativos da Qualidade estabelecidos a partir das Normas ABNT NBR ISO/IEC
17025 e Versão Brasileira do Documento Diretrizes da OCDE de Boas Práticas para
Centros de Recursos Biológicos.
Material e Métodos
236
maior nível de exigência por estarem buscando a acreditação segundo às Normas ABNT
NBR ISO/IEC 17025, ABNT ISO GUIA 34 e NIT-DICLA 061 junto à
CGCRE/INMETRO. Os requisitos corporativos de qualidade aplicáveis às CIs e CTs
incluem documentos (internos e externos), registros (impressos e eletrônicos),
infraestrutura (instalações, condições ambientais e equipamentos) e pessoal
(treinamento e capacitação).
237
(NTI), Setor de Gestão de Pessoas (SGP), Setor de Gestão de Patrimônio e Suprimentos
(SPS), Setor de Implementação de Programação de Transferência de Tecnologia (SIPT),
Chefia Geral (CGE), Chefia Adjunta de Administração (CHADM) e Chefia Adjunta de
Transferência de Tecnologia (CHTT).
Resultados e Discussão
Conclusões
238
Melhoria do ambiente de trabalho; Satisfação do cliente, ganho de mercado (aumento da
competitividade).
Referências
Castro CSP, Coutinho MV, Silva FA, Silva GA, Lima LHC, Brito MAVP, Cunha MH,
Avidos MFD, Burle ML, Aquino M, Lopes RB, Pontes RMS, Costa SPP (2015)
Diretrizes de Gestão para Coleções de Microrganismos da Embrapa.
https://www.embrapa.br/documents/1355163/8357672/Cartilha+Diretrizes+de+Gestao
+para+Colecoes+de+Microrganismos+da+Embrapa/4401fe79-2fa2-4135-9fb5-
db72f878b01b
Pontes RMS, Castro CSP, Coutinho MV, Lima LHC (2015) Requisitos Corporativos de
Qualidade para Coleções de Microrganismos da Embrapa.
https://www.embrapa.br/documents/1355163/8357672/Cartilha+Requisitos+Corporativ
os+de+Qualidade+para+Colecoes+de+Microrganismos+da+Embrapa/42320ac2-aebf-
471b-86ce-63a4f6f08b24
Agradecimentos
239
Geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia pelo apoio e comprometimento
com o processo de acreditação dos ensaios do LBE junto à CGCRE/INMETRO.
240
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Couto F.A.1,2,3, Santos C.4, Dias E.S.3, Lima N.2, Batista L.R.3,5
Instituto Federal Goiano, Ceres, GO, Brasil/ 2Centro de Engenharia Biológica, Micoteca da
1,2,3
Resumo
Os fungos do gênero Aspergillus seção Flavi representam uma das seções mais
importantes do gênero e apresentam elevada variabilidade morfológica e bioquímica.
Com o advento da abordagem polifásica, sua taxonomia tem sido constantemente
revisada. O presente trabalho teve como objetivo utilizar diferentes metodologias para
verificar o poder discriminatório dos métodos morfológico, bioquímico, molecular e de
espectrometria de massas de isolados de Aspergillus seção Flavi. Trinta e um isolados
foram analisados pelos métodos macro e micromorfológicos, potencial micotoxigênico,
sequências parciais do gene da calmodulina e espectros de massas pela técnica de
MALDI-TOF MS. Os dendrogramas foram gerados e os resultados foram comparados.
Foi possível identificar pelo método morfológico 100% dos isolados dos quais 90,6%
foram produtores de micotoxinas. Os resultados do MALDI-TOF MS apresentaram
elevado poder discriminatório. Contudo, através da base de dados utilizada
(SARAMISTM), não foi possível a identificação de todos os isolados por MALDI-TOF
MS. Os dados da biologia molecular confirmaram todos os resultados obtidos pela
caracterização morfológica. A integração dos diferentes métodos de identificação fúngica
é fundamental para obter uma caracterização taxonômica eficiente, conduzindo a uma
utilização segura desses fungos em processos biotecnológicos.
241
Introdução
Aspergillus seção Flavi são fungos do subgênero Circumdati (Klich, 2002)
considerados patógenos de humanos e animais, alérgenos e produtores de micotoxinas,
sendo as principais dentro destas as aflatoxinas e o ácido ciclopiazônico (Rodrigues et al.,
2009). Essas espécies representam risco à indústria de alimentos, pois provocam
deterioração aos produtos agrícolas armazenados (Baquião et al., 2013).
Tradicionalmente, os fungos pertencentes à seção Flavi têm sidos caracterizados
pela técnica morfológica. Entretanto, a identificação clássica utiliza características
morfológicas variáveis, por isso é considerada demorada e necessita de profissionais
qualificados (Sirisomboon et al., 2013). Sendo assim, a biologia molecular tem sido uma
ferramenta fundamental para complementar os dados morfológicos e permitir a correta
identificação dos fungos (Simões et al., 2013). Contudo, as técnicas moleculares também
apresentam limitações, pois observa-se com frequência que a similaridade genética entre
as espécies da Seção Flavi tem dificultado a elaboração de marcadores moleculares
eficientes (Rodrigues et al., 2009). Além de permitir a identificação das espécies de
fungos, as técnicas moleculares também têm sido requeridas para distinguir as espécies
toxigênicas das não toxigênicas, através da correlação da presença ou ausência de genes
envolvidos na biossíntese das micotoxinas (Samson e Varga, 2012).
A identificação da seção Flavi é considerada complexa e assim como em outros
grupos de fungos, está em constante evolução (Rodrigues et al., 2011). Sendo assim, é
importante compreender que até ao momento nenhum método per se, seja ele
morfológico, bioquímico ou molecular, é capaz de discriminar todas as espécies. Por esse
motivo é que a abordagem polifásica tem sido fortemente apoiada pelos taxonomistas
(Rodrigues et al., 2011; Simões et al., 2013). Adicionalmente, novas técnicas têm sido
incluídas na abordagem polifásica para a identificação de fungos, como é o caso da
técnica de MALDI-TOF MS (Rodrigues et al., 2011), que gera espectros de massa e
funcionam como “impressões digitais” únicas para cada microrganismo.
O objetivo do presente estudo foi utilizar dados morfológicos, fisiológicos,
bioquímicos, molecular e de espectrometria de massas por MALDI-TOF MS para
caracterizar 31 isolados de Aspergillus seção Flavi, oriundos da Coleção de Culturas do
Departamento de Ciência dos Alimentos (CCDCA, Universidade Federal de Lavras-
UFLA, Lavras, MG, Brasil) e da Micoteca da Universidade do Minho (MUM, Braga,
Portugal).
242
Material e métodos
Caracterização morfológica dos isolados
Vinte isolados de Aspergillus da seção Flavi foram obtidos da CCDCA (Tabela
1). Onze espécies representando linhagens tipo e de referência obtidas da MUM foram
também utilizadas (A. bertholletius- MUM 12.11, A. flavus- MUM 10.232, A.
minisclerotigenes- MUM 10.203, A. mottae- MUM 10.231, A. novoparasiticus- MUM
15.15, A. oryzae- MUM 10.242, A. parasiticus- MUM 10.201, A. sergii- MUM 10.219,
A. sojae- MUM 10.241, A. tamarii- MUM 00.10 e A. transmontanensis- MUM 10.214).
Os fungos foram crescidos em quatro meios de cultivos diferentes e padronizados:
Czapeck Yeast Ágar – CYA, incubados às temperaturas de 25 e 37 ºC por sete dias;
Extrato de Malte- MEA a 25 ºC por sete dias e Czapek – CZ a 25 ºC por sete dias. Após
o período de crescimento, foram observadas as características morfológicas (macro e
microscópicas) descritas conforme Klich (2002). Os isolados foram cultivados no meio
A. flavus e A. parasiticus Agar (AFPA; Oxoid, Basingstoke, Reino Unido), por cinco dias
a 25 °C, no escuro.
Análise micotoxigênica
Os isolados foram cultivados em meio Yeast Extract Sucrose Agar - YES e
incubados a 25 ºC por sete dias. A extração das aflatoxinas foi realizada conforme
Bragulat et al. (2001). As amostras foram analisadas utilizando um HPLC equipado com
um detector de fluorescência Jasco FP-920. As separações cromatográficas foram
realizados em uma coluna C18 (Waters Spherisorb ODS2, 4,6 mm x 250 mm, 5 mm),
equipado com uma pré-coluna com a mesma fase estacionária.
A produção de ácido ciclopiazônico também foi analisada. Todos os isolados
foram cultivados no meio Czapeck Yeast Ágar – CYA e incubados a 25 ºC por 14 dias e
a extração da micotoxina seguiu o protocolo de Gqaleni et al. (1997). As amostras foram
analisadas utilizando um HPLC equipado com um detector Varian 2050 UV (285 nm).
As separações cromatográficas foram realizadas em uma coluna EuroSpher 100 NH2
(Knauer, 4,6 mm x 250 mm, 5m), precedido de uma pré-coluna com a mesma fase
estacionária.
243
Perfis proteômicos por MALDI-TOF MS
As culturas de Aspergillus foram cultivadas em meio de cultivo MEA e incubadas
no escuro por cinco dias a 28 ºC. A Escherichia coli DH5 foi utilizada como padrão
para a calibração externa do MALDI-TOF MS. Após o período de incubação, c.a. de 1
μg da mistura esporo/micélio jovem de cada microrganismo foi transferido diretamente
da placa de cultura para o placa de aço inoxidável de MALDI-TOF MS. Imediatamente,
0,5 μl de solução de matriz (75 mg/ml de ácido 2,5- diidroxibenzoico em
água/etanol/acetonitrila (1:1:1) com 0,03% de ácido trifluoroacético) foram adicionados
a cada poço da placa.
As análises foram realizadas em um sistema Axima LNR (Kratos Analytical,
Shimadzu, UK) equipado com um laser de nitrogênio (337 nm). Após a obtenção dos
espectros, as listas de picos foram exportadas para o programa SARAMIS™ (Spectral
Archiving and Microbial Identification System, AnagnosTec, Germany,
www.anagnostec.eu), onde se obteve a identificação microbiana, por meio de comparação
das listas de picos das amostras individuais com as listas de picos disponíveis no banco
de dados SARAMIS™.
244
Resultados e discussão
Caracterização morfológica
Com base nas análises macroscópicas (CYA, CZ e MEA) e microscópicas, os 20
isolados da CCDCA distinguiram-se em três principais morfotipos: I - 13 isolados com
coloração verde-claro, com conídios lisos a finamente rugosos e variação no morfotipo,
sendo uni e biseriados (A. flavus), II - 4 isolados que apresentaram distinta cor marrom,
presença de conídios globosos, com parede rugosa e predominantemente bisseriados (A.
tamarii), e III - três isolados que apresentaram coloração verde-escuro, esporos esféricos
com parede rugosa e morfotipos predominantemente uniseriados (A. parasiticus) (Tabela
1). Rodrigues et al. (2011) analisaram isolados de Aspergillus da seção Flavi e, com base
nas análises morfológicas, também obtiveram três morfotipos, sendo eles A. flavus, A.
parasiticus e A. tamarii. Dentre os isolados analisados neste estudo, um se destacou dos
demais (CCDCA 42), pois apresentou no reverso do meio CYA 37 °C, uma coloração
mais escura do que os outros isolados de A. tamarii. A espécie da Seção Flavi, A.
bertholletius também mostrou característica diferenciada nesse meio de cultivo, com um
crescimento lento (Taniwaki et al., 2012). Portanto, outras análises foram necessárias
para confirmar sua identificação morfológica.
Perfil micotoxigênico
As micotoxinas produzidas em vários substratos pelos fungos filamentosos
também têm sido utilizadas para auxiliar o estudo taxonômico. Entre os fungos da
CCDCA e da MUM, 70,96% (22/31) foram produtores de aflatoxinas, sendo 70,96%
(22/31) de isolados produtores de aflatoxina do tipo B e 25,8% (8/31) do tipo G (Tabela
1). Diversos autores também têm utilizado o perfil micotoxigênico para complementar os
dados taxonômicos (Silva et al., 2015; Soares et al., 2012; Taniwaki et al., 2012). Para as
estirpes de A. flavus, observaram-se diferentes padrões de síntese de aflatoxinas, de
acordo com o substrato utilizado. Quarenta por cento dos isolados (6/15) de A. flavus
sintetizaram AFLA B1 e CPA, 46,6% (7/15) produziram BI, B2 e CPA e em apenas
13,33% (2/15) dos isolados não foi detectada a síntese de micotoxinas, de acordo com a
metodologia utilizada (HPLC). Os isolados de A. tamarii também apresentaram elevado
perfil toxigênico pois 100% (4/4) dos isolados não produziram aflatoxinas, mas
sintetizaram ácido ciclopiazônico. Observou-se que o perfil micotoxigênico de A.
parasiticus foi bem consistente, pois sintetizou AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2 e não
produziu CPA (Tab 1).
245
Tabela 1 Marcadores morfológicos e bioquímicos utilizados na identificação dos isolados Aspergillus seção Flavi
Origem dos isolados Perfil químico
Código da Coleção Classificação Origem Diâmetro dos Textura Seriação AFLA AFLA AFLA AFLA CPA
fenotípica conídios (μm) B1 B2 G1 G2
MUM 12.11 A. bertholletius Castanha do Brasil 6.0 f/e u - - - - +
CCDCA 044 A. flavus Pimenta 4.5 l b + - - - -
CCDCA 046 A. flavus Uva 4.5 l b + + - - +
CCDCA 047 A. flavus Ração Humana 3.8 l b + - - - +
CCDCA 048 A. flavus Café 3.5 l u/b + - - - +
CCDCA 049 A. flavus Café 4.0 l b + + - - +
CCDCA 050 A. flavus Uva 4.0 l b + - - - +
CCDCA 051 A. flavus Uva 4.5 f/r u/b + + - - +
CCDCA 052 A. flavus Ração Humana 4.5 f/r u/b + - - - +
CCDCA 053 A. flavus Pimenta 4.5 l u/b n/d n/d - - +
CCDCA 054 A. flavus Ração Humana 3.8 f/r b + + - - +
CCDCA 055 A. flavus Ração Humana 3.8 l u/b + - - - +
CCDCA 056 A. flavus Uva 4.3 l u/b + + - - +
CCDCA 057 A. flavus Café 4.5 f/r u/b n/d n/d - - -
CCDCA 058 A. flavus Ração Humana 4.5 f/r u/b + + - - +
MUM 10.232 A. flavus Milho 4.8 l b + + - - +
MUM 10.203 A.minisclerotigenes Fruto de Prunus dulcis 3.5 l b + + - - +
MUM 10.231 A. mottae Milho 3.5 f/r b + + + + +
MUM 15.15 A. novoparasiticus - 3.5 r b + + + + -
MUM 10.242 A. oryzae - 4.5 f/r u - - - - +
CCDCA 043 A. parasiticus Café 4.5 r u + + + + -
CCDCA 045 A. parasiticus Café 4.5 r u/b + + + + -
CCDCA 059 A. parasiticus Uva 4.5 r u + + + + -
MUM 10.201 A. parasiticus Fruto de Prunus dulcis 4.5 u + + + + -
MUM 10.219 A. sergii Fruto de Prunus dulcis 3.5 r u + + + + +
MUM 10.241 A. sojae - 4.5 f/r u - - - - -
CCDCA 041 A. tamarii Café 5.0 r b - - - - +
CCDCA 042 A. tamarii Ração Humana 5.5 r b - - - - +
CCDCA 060 A. tamarii Uva 5.0 r b - - - - +
MUM 00.10 A. tamarii Fruto de Prunus dulcis 5.0 r b - - - - +
MUM 10.214 A. transmontanensis Fruto de Prunus dulcis 4.5 r b + + + + -
u: uniseriado; b: bisseriado; n/d: não detectado; AFLA: aflatoxina; CPA: ácido ciclopiazônico; l:liso; f/r: finamente rugoso;
r: rugoso; f/e: finamente; equinulado e n/d: não detectado.
246
Além das aflatoxinas, os fungos da Seção Flavi também são conhecidos por
produzirem outro tipo de micotoxina, conhecida como ácido ciclopiazônico (Chang et al.,
2009). No presente trabalho, 70,96% (22/31) dos isolados foram produtores de CPA. As
principais espécies conhecidas como produtoras de CPA são A. flavus e A. tamarii, mas
A. parasiticus não sintetiza essa micotoxina (Rodrigues et al., 2009).
Figura 1 Dendrogama construído com base das massas de proteínas obtidas no MALDI-
TOF MS das linhagens de Aspergillus seção Flavi.
247
Os isolados da MUM não se agruparam com os isolados da CCDCA, pois o
método de armazenamento utilizado pelas duas coleções de cultura influenciou na análise
de proteínas. Através desses biomarcadores, o isolado (CCDCA 42) identificado
morfologicamente como A. tamarii não se agrupou com os demais A. tamarii. Portanto,
a análise de biologia molecular foi necessária para esclarecer esses resultados. Neste
trabalho observa-se pela primeira vez o perfil proteômico das espécies A. novoparasiticus
e A. bertholletius e o agrupamento dessas com as outras espécies pertencentes à seção
Flavi. Por meio do número e das massas de proteínas, essas espécies notoriamente
formaram grupos separados das demais espécies.
Identificação molecular
A confirmação da identificação morfológica e por perfis proteômicos (MALDI-
TOF MS) dos 20 isolados da CCDCA foi realizada através de análises de biologia
molecular. A Figura 2 apresenta a árvore filogenética obtida a partir do sequenciamento
parcial do gene da calmodulina.
248
O resultado da biologia molecular confirmou a identificação dos 20 isolados da
CCDCA identificados morfologicamente, incluindo o isolado CCDCA 42, identificado
como A. tamarii, mas que não se agrupou com os isolados dessa espécie pelos dados da
técnica de MALDI-TOF MS. Novos estudos precisam ser conduzidos com maior número
de isolados de A. tamari, provenientes de diferentes origens geográficas. Neste caso,
utilizando-se o sequenciamento de outras regiões do genoma, para verificar se existem
espécies crípticas dentro da espécie Aspergillus tamarii.
Conclusões
O uso dos métodos morfológicos, bioquímicos e moleculares permitiu uma
identificação mais precisa das espécies da Seção Flavi preservadas na CCDCA.
Esses dados mostram a robustez da técnica morfológica, pois 100% dos isolados
identificados pela análise morfológica foram confirmados por biologia molecular e
quando a morfologia é comparada aos perfis proteômicos (MALDI-TOF MS) para
identificação de fungos, obteve-se 95% de confiabilidade.
Referências
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approach to the identification of Aspergillus section Flavi isolated from Brazil nuts. Food
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Related Fungal Metabolites. Chemical Reviews 109: 3903- 3990.
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Klich MA (2002) Biogeography of Aspergillus species in soil and litter. Mycologia 94: 21–27.
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commodities in Brazil. Ann Microbiol 1-11.
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Soares C, Rodrigues P, Peterson SW, Lima N, Venâncio A (2012) Three new species of
Aspergillus section Flavi isolated from almonds and maize in Portugal. Mycologia 104: 682–697.
AGRADECIMENTOS
Fabiana Couto agradece à CAPES (Brasil), pela concessão da bolsa do PDSE- Proc.8161-12-7.
250
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
.Universidade Federal do Amazonas.
Emails: [email protected], [email protected], [email protected]
Resumo
Ralstonia solanacearum é considerada uma das mais importantes bactérias
fitopatogênicas do mundo, causa a murcha bacteriana, uma doença que afeta várias
espécies de plantas cultivadas, ornamentais e silvestres causando perdas econômicas. O
marcador AFLP foi utilizado para analisar a variabilidade genética entre 30 isolados de
R. solanacearum provenientes de áreas produtoras de hortaliças de quatro munícipios
no Estado do Amazonas. As seis melhores combinações de primers geraram um total de
432 loci polimórficos. Os dados dos perfis eletroforéticos dos marcadores AFLP foram
analisados para a similaridade, variando de 47 loci à 103 na combinação E+AT/M+C.
O coeficiente de similaridade de Jaccard estimado entre os 30 isolados avaliados variou
de 0,01 à 0,98. O dendrograma gerado pelo método UPGMA separou os isolados em
seis grupos com coeficiente de correlação cofenética no valor de r = 0,98. O marcador
AFLP foi eficaz em analisar a variabilidade genética entre indivíduos de R.
solanacearum.
Palavras-chave: murcha bacteriana, pimentão, marcador AFLP
Introdução
A bactéria R. solanacearum é uma espécie heterogênea, que apresenta grande
diversidade fenotípica e genotípica, refletindo numa ampla variedade de hospedeiros,
agressividade e adaptação aos diferentes climas, influenciada pelo genótipo do
hospedeiro, habitat natural e práticas agrícolas utilizadas (Castillo e Greenberg, 2007).
R. solanacearum é tradicionalmente classificada em raças e em biovares (Hayward,
1994). No entanto, em virtude da heterogeneidade da espécie os cientistas sugerem um
251
novo conceito, que não se trata de uma espécie, mas sim de um complexo de espécies,
definido como um conjunto de espécies fortemente relacionadas (Fegan e Prior, 2005).
Fegan e Prior (2005), analisaram a sequência espaçadora intergênica (ITS) 16S-23S e
propuseram uma nova classificação hierárquica na qual, a diversidade existente na
espécie foi subdividida em quatro níveis taxonômicos: espécie, filotipo, sequevar e
clone. Os filotipos são determinados por PCR-Multiplex, de acordo com as variações de
tamanho da sequência na região ITS, existindo quatro filotipos identificados: filotipo I
(estirpes da Ásia); filotipo II (Américas); filotipo III (África); e filotipo IV (Indonésia,
Austrália, Japão e Filipinas). No filotipo II está a estirpe mais conhecida como R.
solanacearum raça 3 biovar 2 que ataca várias solanáceas, incluindo tomate, pimentão e
batata (Castillo e Greenberg 2007). Cada filotipo é subdividido em grupos menores
denominados sequevares, que se refere a uma sequência altamente conservada dentro da
região sequenciada do gene da endoglucanase (egl). Já os clones são identificados por
técnicas como AFLP que permitem identificar diferenças genéticas em outras áreas do
genoma.
O objetivo deste estudo foi avaliar a variabilidade genética de isolados de R.
solanacearum utilizando marcadores AFLP, para obter informações que sirvam de
subsídio para o estabelecimento de medidas de manejo da murcha bacteriana no
Amazonas.
Material e métodos
Foram utilizados 30 isolados de R. solanacearum provenientes da coleta de plantas
com sintomas de murcha bacteriana dos municípios de Iranduba, Manacapuru, Manaus
e Presidente Figueiredo do Estado do Amazonas. Caules de plantas com sintomas foram
levados ao Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Amazonas, onde foi feito o isolamento da bactéria, testes
bioquímicos de identificação da espécies e de patogenicidade.
O DNA genômico de cada um dos isolados obtidos foi extraído conforme
metodologia descrita por Rosa (2008), com modificações e a quantificação foi realizada
em gel de agarose 0,8% por comparações visuais de sua fluorescência com aquelas de
padrões de massa molecular conhecida de DNA do fago lambda nas concentrações de
50 e 100 ng.µL-1, utilizando o corante gel red (Uniscience) para coloração das amostras,
que foram diluídas em água ultra-pura, padronizadas a uma concentração de 10 ng.L-1
e armazenadas à - 20 ºC até o uso.
252
As condições de AFLP foram utilizadas seguindo os procedimentos propostos
por Vos et al. (1995). Foram realizadas reações de digestão do DNA com a combinação
das enzimas de restrição EcoRI/MseI, em seguida a ligação dos adaptadores, seguido
das reações de pré-amplificação utilizando 6 conjuntos de iniciadores complementares
às seqüências dos sítios das enzimas de restrição com um nucleotídeo seletivo e por
último as reações de amplificação seletiva onde foram testadas 25 combinações de
primers. As amostras foram submetidas à eletroforese em gel de poliacrilamida 6%
realizada no sistema de eletroforese Sequi-Gen GT sob potência constante de 50 W por
três horas. O padrão de bandas apresentado nos géis foi analisado visualmente,
quantificando a presença de bandas entre 50 a 450 pb. Locos polimórficos foram
analisados para presença/ausência de banda, representados por 1 e 0, respectivamente.
Os dados binários foram submetidos à análise de variância pelo programa Genes (Cruz
2006). A similaridade genética entre os genótipos foi analisada através do coeficiente de
Jaccard (Jaccard 1901). A matriz de similaridade foi analisada através do método
UPGMA – Unweightes Pair-group Method with Arithmetic Average. A consistência das
ramificações do dendrograma foi verificada por meio da amostragem repetitiva de
dados com 1000 repetições, utilizando o programa Genes (Cruz 2006).
Resultados e discussão
Os testes realizados para a identificação bioquímica dos isolados produziram os
resultados esperados para R. solanacearum. A análise dos marcadores AFLP obtidos
identificou que das 24 combinações de primers testadas, variando de 1 a 3 nucleotídeos
combinados, seis foram selecionadas por terem gerado um perfil de bandas satisfatório
com boa intensidade e quantidade de loci polimórficos identificados, evidenciando o
alto nível de polimorfismo dos isolados analisados. As seis combinações de primers
utilizadas apresentaram um total de 433 bandas sendo cinco monomórficas e 428
polimórficas, variando de 47 loci na combinação E+AAC/M+CAC até 103 na
combinação E+AT/M+C A variação genética entre os isolados estimada através do
coeficiente de similaridade de Jaccard variou de 0,01 à 0,98. Os isolados mais
relacionados entre si, MAO31 e PRESFIG33 apresentaram coeficiente de similaridade
genética de 0,98.
A partir da matriz de similaridade foi gerado o dendrograma obtido pelo método
UPGMA sendo possível separar os isolados em seis grupos. No grupo I estão os
isolados MAO31, PRESFIG33, MAO30, MAO26, IRAND27, MAO28, MANAC19,
253
IRAND20, IRAND13, MANAC14, MANAC9, IRAND11, IRAND6, MANAC15,
IRAND3, MAO29, o valor de bootstrap de 100% confirma a estabilidade desta
ramificação.
No grupo II ficaram os isolados MANAC8 e MANAC16, com valor de
bootstrap de 100%, demonstrando que está ramificação é consistente, aparecendo
sempre que as análises foram efetuadas pelo programa. O grupo III foi formado pelos
isolados IRAND10, IRAND12, IRAND1, MANAC2 e PRESFIG35. O grupo IV foi
representado pelos isolados IRAND17, MAO34, IRAND21 e MANAC24. Os grupos V
e VI foram formados por apenas um isolado cada um IRAND4 e MANAC23,
respectivamente, que permaneceram isolados dos demais grupos.
O coeficiente de correlação cofenética, valor calculado entre a matriz de dados
binários e o dendrograma gerado, representa a confiabilidade dos dados e apresentou
valor de r = 0,98, confirmando a robustez do dendrograma obtido.
A utilização de testes bioquímicos se baseia em características metabólicas e a
habilidade em utilizar certos substratos, produção ou redução de substâncias,
temperatura ótima de crescimento, reações específicas a certos corantes entre outros.
Kelman (1954) avaliou a característica de isolados de R. solanacearum em vários tipos
de meios e relatou que colônias normais quando em meio contendo tetrazólio, as
colônias normais são fluídas brancas com o centro rosado, enquanto colônias
avirulentas são completamente vermelhas. Os resultados obtidos concordam como os
obtidos por Lemessa e Zeller (2007) que utilizaram testes bioquímicos clássicos para a
identificação e caracterização de isolados de R. solanacearum.
A análise AFLP dos isolados de R. solanacearum foi efetiva em detectar a
variabilidade genética deste complexo, observada pelo grande número de ramificações
detectadas no dendrograma. A análise obtida pelos primers selecionados mostrou que
aqueles que continham as bases seletivas A, C e T foram mais efetivas do que as outras
combinações, pois apresentaram perfis eletroforéticos mais informativos quanto à
diversidade entre os isolados estudados, ou seja, as combinações de primers com a
presença dessas bases apresentou maior número de bandas.
Em estudo utilizando marcadores AFLP, Kositrana et al. (2002) avaliaram a
diversidade genética de R. solanacearum isolados de diversos hospedeiros na Malásia e
Tailândia e encontraram um nível de similaridade de 30% entre as estirpes desses
países. Os autores verificaram ainda a separação em três grupos que foram correlatos às
biovares das estirpes, diferente do resultado que foi obtido com os isolados do presente
254
estudo, onde não foi possível correlacionar os grupos com as biovares das estirpes
utilizadas, possivelmente por se tratarem todos os isolados obtidos de solanáceas e
apenas dois biovares.
A análise dos coeficientes de similaridade gerados permitiu verificar que a
variabilidade genética observada entre os isolados foram causadas pelo perfil genético
de cada isolado e não pela procedência dele ou hospedeiro, uma vez que a maior
diversidade foi encontrada entre os isolados, formando grupos com isolados de
diferentes procedências. Resultado semelhante foi obtido por Jeong et al. (2007) que
analisaram a variabilidade genética de 125 isolados de R. solanacearum, sendo 109
oriundos de províncias da Coréia e 16 de outras localidades do mundo através de
marcadores moleculares AFLP. Obtiveram 110 bandas polimórficas e obtiveram um
dendrograma com a formação de dois grupos, no qual o primeiro grupo conseguiu
agrupar todos os isolados originários da Coréia e do Japão, enquanto no segundo grupo
ficaram agrupados os isolados dos países restantes. O estudo não permitiu correlacionar
a variabilidade genética com a origem geográfica do isolado, do hospedeiro ou biovar.
Algumas inconsistências também foram detectadas quando somente as biovares foram
consideradas na análise, agrupando conjuntamente isolados de raças e biovares
diferentes. O único grupo consistente foi o que agrupou todos os isolados da raça 3
biovar 2.
A análise dos coeficientes de similaridade gerados permitiu verificar que a
variabilidade genética observada entre os isolados foram causadas principalmente pelo
perfil genético de cada isolado e não pela procedência dele ou hospedeiro, uma vez que
a maior diversidade foi encontrada entre os isolados sendo formado grupos com
diferentes procedências.
Conclusão
O marcador AFLP distinguiu a variabilidade genética existente entre os isolados de
R. solanacearum utilizando seis combinações de primers com a formação de seis
grupos.
Referências
255
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Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Fonseca T.R.B.1, Palheta R.A.1, Souza B.C.1, Marinho N.M.V.1, Ebinuma V.C.S.2, Teixeira
M.F.S.1
1
UFAM - Universidade federal do Amazonas (Avenida General Rodrigo Octávio, 3000 - Coroado).
2
UNESP - Faculdade de Ciências Farmacêuticas (Rodovia Araraquara - Jaú/km 01).
Emails: [email protected] , [email protected], [email protected]
Resumo
Os Actinomicetos, assim como os demais micro-organismos, sofrem influencia de diferentes
fatores no seu crescimento micelial como constituição do meio de cultura e fatores físicos. A
constituição do meio de cultura, juntamente com a capacidade metabólica do organismo,
afeta a síntese de metabólitos e o crescimento celular que está diretamente relacionado com a
formação da biomassa durante o crescimento. O objetivo deste estudo foi avaliar a
interferência da velocidade de agitação e temperatura, além dos efeitos da variação de
concentração da fonte de carbono e nitrogênio, na produção da biomassa micelial de
Actinomicetos. Para a realização dos ensaios utilizou-se um planejamento fatorial 24 com
variação dos fatores independentes. Os resultados demonstraram uma maior significância da
interação entre a velocidade de agitação e a temperatura, seguido da concentração do filtrado
de soja, influenciando positivamente na produção de biomassa. A otimização das condições
de cultivo são de extrema importância para resultados satisfatórios de produção, seja de
biomassa ou de metabólitos.
Palavras-chave: crescimento micelial, fermentação submersa, planejamento fatorial.
257
Introdução
Os Actinomicetos constituem um grupo extremamente diverso; são bactérias Gram-
positivas, classificadas na ordem Actinomycetales, aeróbias e com crescimento semelhante ao
de fungos filamentosos. Em outros membros da ordem, os filamentos se fragmentam e
consequentemente só podem ser observados em algum estádio do ciclo de crescimento.
Apresentam distribuição cosmopolita, sendo encontrados predominantemente no solo.
Entretanto, podem também estar presentes em ambientes aquáticos e em associação com
liquens e plantas (Batista et. al., 2010; Silva-Vinhote et. al., 2011).
Destacam-se por apresentar um papel importante na ecologia, atuando na ciclagem de
nutrientes, fixação de nitrogênio, além de serem produtores metabólitos secundários
extremamente diversos como antibióticos, vitaminas e enzima (Silva-Vinhote et. al., 2011).
A constituição do meio de cultura, juntamente com a capacidade metabólica do
organismo, afeta a síntese de metabólitos e o crescimento celular que está diretamente
relacionado com a formação da biomassa durante o crescimento. Fontes nutricionais como
carbono, nitrogênio, minerais e fatores ambientais como tempo, temperatura e pH têm uma
profunda influência. A temperatura é um dos principais fatores ambientais que afetam o
crescimento de muitos micro-organismos (Sales-Campos e Andrade, 2010; Antunes et al.
2013). O objetivo deste estudo foi a avaliar a interferência da velocidade de agitação e
temperatura, além dos efeitos da variação de concentração da fonte de carbono e nitrogênio
na produção da biomassa micelial de Actinomicetos.
Material e Métodos
Este experimento foi realizado no laboratório de Micologia do Departamento de
Parasitologia/Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas.
O micro-organismo selecionado, Actinomiceto A8, foi reativado a partir do preservado pelo
método Castellani em meio ágar ISP2A (amido 1%, extrato de levedura 0,4%, extrato de
malte 1%, dextrose 0,4%, ágar 2%), pH 7,3 em placa de Petri por 10 dias a 25 ˚C com
manutenção da cultura a cada 30 dias.
258
Em frascos de vidro com capacidade de 125 mL foram distribuídos 50 mL de cada
meio de cultura e em seguida levados à autoclave a 121 ˚C por 15 minutos. Após a
esterilização e o crescimento do micro-organismo, retirou-se 10 discos de 0,8 cm de diâmetro
e inoculou-se no meio de fermentação selecionado, MPE, composto por cloreto de sódio
(NaCl) 0,5%, carbonato de cálcio (CaCO3) 0,2%, glicose e farelo de soja com variação das
suas concentração de acordo com o planejamento fatorial. As inoculações foram feitas
assepticamente em Câmara de Fluxo Laminar Contínuo.
Ao término do terceiro dia de fermentação realizou-se a filtração em papel de filtro
Whatmann nº 1 da biomassa micelial com o auxilio de uma bomba à vácuo. A biomassa
retida no filtro foi levada à estufa a 105 ˚C até a obtenção de peso constante. O peso seco foi
determinado pela diferença entre o peso total e o peso do papel de filtro.
A fermentação foi conduzida com base em um planejamento fatorial de 24 com
repetição do ponto central em shaker, onde a variável resposta foi a produção de biomassa e
os fatores independentes foram temperatura (25 ˚C, 30 ˚C, 35 ˚C), velocidade de agitação
(150 rpm, 180 rpm, 210 rpm), concentração de glicose (1%, 2%, 3%) e concentração de
nitrogênio (1%, 2%, 3%).
Para análise estatística dos resultados foi usado o software Statistica 10.0 com base na
tabela de ANOVA e no gráfico de Pareto.
Resultados e discussão
Visando atingir os objetivos, planejamentos experimentais vêm sendo empregados
para aperfeiçoar vasta gama de bioprocessos (Gonçalves et al., 2012). Através do
planejamento fatorial, é possível reduzir o número de experimentos e avaliar as variáveis
significativas juntamente com seus efeitos (Bruns e Scarmino, 2006). Em adição, juntamente
com a ferramenta estatística, a metodologia de superfície de resposta (MSR) é
frequentemente usada para aperfeiçoar um processo usando ferramenta estatística. Este
modelo é usualmente construído para os fatores definidos de um meio por equação
polinomial quadrática para descrever os efeitos de interação entre as variáveis (Zafar et al.,
2012). O objetivo deste conjunto de técnicas estatísticas é executar o plano experimental pela
construção de modelos empíricos e avaliar o efeito independente das variáveis na desejável
variável resposta. Esta metodologia reduz o número de experimentos e fornece informação
suficiente para um resultado aceitável estatisticamente (Guo et al., 2012).
259
Para avaliar o efeito de diferentes variáveis (velocidade de agitação, temperatura,
concentração de glicose e concentração do filtrado de soja) no crescimento microbiano do
Actinomiceto A8, empregou-se um planejamento fatorial completo 24, constituindo 20
ensaios. A análise de variância (ANOVA) mostrou que as variáveis independentes,
concentração de filtrado de soja, temperatura e a interação entre as variáveis temperatura e
velocidade foram significativas ao processo para um intervalo de confiança de 95%. O
planejamento apresentou falta de ajuste não significativa, o que demonstra a boa interação
entre os resultados previstos e obtidos experimentalmente.
260
substrato gerará melhores resultados. Como a interação entre temperatura e velocidade de
agitação apresentou efeito positivo e a variável independente temperatura sozinha efeito
negativo, trabalhar com a velocidade de agitação no nível inferior (150 rpm) acarretaria em
resultados mais promissores.
Fatores como velocidade de agitação, concentração de glicose e as demais interações
não apresentaram resultados significativos para a produção da biomassa micelial.
Figura 1. Gráfico de Pareto dos efeitos principais, tendo como variável resposta a produção de biomassa do
Actinomiceto A8.
261
Corroborando com os dados obtidos para o Actinomiceto A8, o gênero Streptomyces
apresenta um maior crescimento micelial quando se tem uma maior concentração de filtrado
de soja, 4% e uma baixa concentração de glicose 1% (Nascimento et al., 2010). As fontes de
nitrogênio também proporcionaram um melhor crescimento em Penicillium citrinum, sendo o
farelo de soja o segundo melhor substrato (Tavares e. al., 1998).
No trabalho de Tavares et. al (1998) verificou-se também que o uso de temperaturas
em torno de 25 ºC favorecem a maior produção de biomassa.
Conclusão
As interações físicas, agitação e temperatura apresentaram uma maior significância na
produção de biomassa micelial do Actinomiceto A8 quando comparado aos outros fatores
avaliados, no entanto para otimização das condições é necessário a realização de mais
estudos.
Referências
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antimicrobianos produzidos por isolados de Streptomyces sp. Rev. Bras. Bioc., 11(2):131-
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Tavares, et al. (1998). Utilização do resíduo líquido de indústria de processamento de suco de
laranja como meio de cultura de Penicillium citrinum: depuração biológica do resíduo e
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by Azohydromonas lata MTCC 2311 by using genetic algorithm based on artificial neural
network and response surface methodology. Biocatalysis and Agri. Biotech., 1(1):70-79.
263
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Lobo, I.K.C. 1,2, L.B. Almeida1,2, Souza Á.2, Sousa N. R. 2, Silva G.F.2
Universidade Federal do Amazonas – UFAM (Av. General Rodrigo Octávio Jordão Ramos, 3000,
1
Coroado I - Manaus/AM), 2EMBRAPA Amazônia Ocidental (Rodovia AM-010, Km 29, Zona Rural,
Caixa Postal 319 - Manaus/AM, Brasil). E-mail: [email protected]
Resumo
Introdução
264
O clima amazônico contribui para maior proliferação de doenças e estas são uma
das principais causas da diminuição da produção de guaraná no estado do Amazonas,
sendo que os danos e a incidência variam de acordo com o agente causal. Diante das
dificuldades de controle, o complexo superbrotamento é, atualmente, um dos principais
problemas da cultura do guaranazeiro na região amazônica. O primeiro relato atribuindo
a causa do superbrotamento a F. decemcellulare foi feito por Bastista (1983). No
estudo, 30 dias após as inoculações, foram observados os sintomas típicos da doença.
O complexo superbrotamento ataca diferentes partes da planta e apresenta três
sintomas bem característicos: 1- hiperplasia floral, ocorrendo hiperplasia e hipertrofia
atingindo toda a inflorescência; 2- superbrotamento de gemas vegetativas e florais,
consistindo em brotações sucessivas a partir de pontos muito próximos uns dos outros,
ao longo dos ramos; 3- galhas do caule, que é o entumescimento do coleto, podendo
tomar grandes extensões do caule (Batista, 1983). Em função desse quadro, é inviável
economicamente a realização de pulverizações com fungicidas como estratégia de
controle da doença.
Muitos micro-organismos são fundamentais na prevenção de doenças da planta,
bem como no seu crescimento e entender a dinâmica da comunidade fúngica presente
nas lesões pode colaborar com o desenvolvimento de táticas mais eficientes de combate
à doença. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar os diferentes fungos presentes
nos três diferentes sintomas do superbrotamento em guaranazeiro.
Material e Métodos
265
unidades por campo microscópico (lente de 10x). Em seguida, 1 mL desta suspensão foi
vertido em meio BDA, sendo as placas incubadas invertidas, à temperatura ambiente,
por 24 a 36 horas. O esporo germinado foi transferido para outra placa de Petri com
meio de cultura BDA. O DNA total dos fungos foi extraído segundo Doyle e Doyle
(1990).
Amplificações e Sequenciamento
F12, F13, F14, F15, F22, F23, F24, F25, F34, F35, F1, F2,
F16, F17, F26, F27, F36, F37, F3, F4,
70 F18, F19, F20, F21 F28, F29, F30, F31, F38, F39, F5, F6,
F32, F33 F40, F41, F7, F8, -
F42, F43, F44 F9, F10,
F11
266
Figura 1. Região para identificação dos isolados (1000 a 1200 pb).
Resultados e Discussão
267
rigidiuscula, Colletotrichum thailandicum, Diaporthe sp., D. citri, D. phaseolorum,
Phomopsis sp. e Microdochium sp.. Desta forma, foi possível a identificação de 9
gêneros e 8 espécies de fungos. O fato de as demais espécies do presente trabalho não
terem sido identificadas pode ser justificado pela região que foi trabalhada (ITS), uma
vez que para o gênero Colletotrichum, por exemplo, o gene gapdh é mais eficiente na
distinção de espécies (Weir et al., 2012). Assim, há a necessidade de complementação
das análises com outras regiões do DNA.
Este tipo de estudo, acerca da comunidade fúngica presente nos sintomas do
superbrotamento em guaranazeiro, ainda não havia sido realizado. Em guaranazeiro,
fungos associados à planta saudável têm sido estudados e os gêneros mais comuns
encontrados em Paullinia cupana var. sorbilis são Guignardia, Phomopsis, Glomerella
(Colletotrichum) e Xylaria. Gêneros menos frequentemente encontrados são Fusarium,
Dreschrella, Pestalotia, Curvularia, Humicola e Nodulisporium (Azevedo et al., 2000).
268
identificadas, seguidos por fungos dos gêneros Fusarium/Albonectria (Figura 3),
Nigrospora (Figura 4), Poitrasia (Figura 5), Pestalotiopsis (Figura 6), Colletotrichum
(Figura 7) e Microdochium (Figura 8).
269
Figura 5. Análise filogenética molecular pelo método de Máxima Verossimilhança do
isolado identificado como Poitrasia circinans. Bootstrap mostrado próximo de cada
ramo. Análises evolucionárias conduzidas no software MEGA 6.0. 2: F2.
270
Figura 7. Análise filogenética molecular pelo método de Máxima Verossimilhança do
isolado identificado como Colletotrichum thailandicum. Bootstrap mostrado próximo
de cada ramo. Análises evolucionárias conduzidas no software MEGA 6.0. 32: F32.
271
(Gomes et al., 2013). Foram identificados como sendo também alguns dos endofíticos
isolados dos sintomas de superbrotamento em guaranazeiro F. polyphialidicum e F.
poae. F. poae produz, comumente, uma ou mais micotoxinas (Stenglein, 2009),
interessante a estudos de antagonismo contra F. decemcellulare, agente causal do
superbrotamento. Alguns isolados foram identificados como N. oryzae, do qual
observou-se uma especificidade pelo sintoma superbrotamento de gemas vegetativas,
uma vez que N. oryzae não é comum como endofítico em guaranazeiro (Azevedo et al.,
2000). Em todos os sintomas analisados foram obtidos isolados identificados como F.
decemcellulare (teleomorfo Albonectria rigidiuscula). Segundo Guimarães (2013), F.
decemcellulare trata-se de um complexo de espécies homotálicas e heterotálicas.
Guimarães (2013) observou, ainda, que os isolados heterotálicos causadores de galhas e
superbrotamento em cacaueiro e mangueira pertencem a uma espécie filogeneticamente
distinta da espécie homotálica, não causadora dos sintomas. Os gêneros com menos
isolados identificados neste trabalho foram, além de Colletotrichum, os gêneros
Poitrasia, Microdochium e Pestalotiopsis.
Conclusões
Referências
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Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Marinho N.M.V.1, Fonseca T.R.B.1, Palheta R.A.1, Souza B.C.1, Ebinuma V.C.S.2, Teixeira
M.F.S.1.
1
Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Av. Gal. Rodrigo O. Jordão Ramos, 3000,
2
Universidade Estadual de São Paulo, Rodovia Araraquara-Jaú/km 01 CEP 14801-902 - Araraquara -
SP/Brasil. E-mail: [email protected]
Resumo
Introdução
Os actinomicetos constituem um grupo extremamente diverso, são bactérias Gram-
positivas, classificadas na ordem Actinomycetales, aeróbias e com crescimento semelhante ao
de fungos filamentosos. Em outros membros da ordem, os filamentos se fragmentam e
consequentemente só podem ser observados em algum estágio do ciclo de crescimento.
274
Apresentam ampla distribuição no ecossistema, sendo encontrados predominantemente no
solo, entretanto, podem também estar presentes em ambientes aquáticos e em associação com
liquens e plantas (Batista et. al., 2010; Silva-Vinhote et. al., 2011).
Destacam-se por apresentar um papel importante na ecologia, atuando na ciclagem de
nutriente, fixação de nitrogênio, além de serem produtores metabólitos secundários
extremamente diversos como antibióticos, vitaminas e enzimas (Silva-Vinhote et. al., 2011).
Dentre os metabólitos secundários os actinomicetos destacam-se principalmente pela
produção de uma grande diversidade de antibióticos (Rincón-Enríquez et al., 2014). Estima-
se que a ordem produza em torno de 3.000 antibióticos, sendo 90% pelo gênero
Streptomyces. Este o único gênero microbiano capaz de produzir todos os grupos de
antibióticos: aminoglicosídeos, macrolídeos, ansamacrolídeos, β-lactâmicos, peptídeos,
glicopeptídeos, antracic linas, tetraciclinas, nucleosídeos, polienos e quinonas (Nascimento
et al., 2010, Carvalho, 2011, Nascimento et al., 2014).
A constituição do meio de cultura, juntamente com a capacidade metabólica do
organismo, afeta a síntese de metabólitos e o crescimento celular que está diretamente
relacionado com a formação da biomassa durante o crescimento. Fontes nutricionais como
carbono, nitrogênio e fatores ambientais como tempo, temperatura e pH têm uma profunda
influência. A temperatura é um dos principais fatores ambientais que afetam o crescimento de
muitos micro-organismos (Sales-Campos e Andrade, 2010; Antunes et. al, 2013).
Os estudos da interação das fontes de carbono e nitrogênio são importantes na medida
em que estes compostos apresentam uma complexidade estrutural e são fontes utilizadas para
um bom desempenho metabólico. O efeito da interação das diferentes concentrações e de
fontes de carbono e nitrogênio pode ser um fator importante para promover melhoria na
eficiência fermentativa e melhorar a produção dos metabólitos (Santos et al., 2014).
O objetivo deste estudo foi a avaliar a interferência da velocidade de agitação e
temperatura, além dos efeitos da variação de concentração da fonte de carbono e nitrogênio
na produção da biomassa micelial de actinomicetos.
Material e métodos
Este experimento foi realizado no laboratório de Micologia do Departamento de
Parasitologia/Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas-UFAM.
275
Castellani foi reativado em meio ágar ISP-2A (amido 1%, extrato de levedura 0,4%, extrato
de malte 1%, dextrose 0,4%, ágar 2%), pH 7,3 em placa de Petri por 10 dias a 25 ˚C até
esporulação do mesmo, com manutenção da cultura a cada 30 dias.
Fermentação Submersa
276
Resultados e discussão
277
efeito negativo, o que indica que trabalhar com esta variável no nível inferior (25 ˚C)
promoverá resultados superiores. Por outro lado, a concentração de filtrado de soja
apresentou efeito positivo e trabalhar com uma maior concentração (> 3%) deste substrato
gerará melhores resultados. Como a interação entre temperatura e velocidade de agitação
apresentou efeito positivo e a variável independente temperatura sozinha efeito negativo,
trabalhar com a velocidade de agitação no nível inferior (150 rpm) acarretaria em resultados
mais promissores.
Fatores como velocidade de agitação, concentração de glicose e as demais interações
não apresentaram resultados significativos para a produção da biomassa micelial.
A Tabela de análise de variância (ANOVA) mostrou que a interação entre as variáveis
temperatura e velocidade de agitação (3by4) foram significativas ao processo para um
intervalo de confiança de 95%. De acordo com o gráfico de Pareto (Gráfico 1), a interação
entre as variáveis apresentou o efeito mais significativo, no nível positivo, logo este fator
influencia diretamente no crescimento micelial de Streptomyces sp. DPUA 1549.
A temperatura como variável sozinha apresentou um efeito negativo, o que indica que
trabalhar com esta variável no nível inferior promoverá resultados superiores. Por outro lado,
a concentração de filtrado de soja apresentou efeito positivo e trabalhar com uma maior
concentração deste substrato pode gerar melhores resultados. Como a interação entre
temperatura e velocidade de agitação apresentou efeito positivo e a variável independente
temperatura sozinha efeito negativo, trabalhar com a velocidade de agitação no nível inferior
ocasionaria resultados mais promissores.
Os parâmetros da fermentação tais como tempo, agitação, temperatura, pH e
vitaminas, fontes de carbono e de nitrogênio podem ser determinantes no controle do
processo, por isso é necessário um conhecimento da fisiologia microbiana e do
comportamento celular do micro-organismo.
Corroborando com os dados obtidos para o Streptomyces sp. DPUA 1549, o gênero
Streptomyces apresenta um maior crescimento micelial quando se tem uma maior
concentração de filtrado de soja, 4% e uma baixa concentração de glicose 1%
(NASCIMENTO et. al, 2009). As fontes de nitrogênio também proporcionaram um melhor
crescimento em Penicillium citrinum, sendo o farelo de soja o segundo melhor substrato
(TAVARES et. al, 1998). No trabalho de Tavares et. al (1998) verificou-se também que o uso
de temperaturas em torno de 25 ºC favorecem a maior produção de biomassa.
278
Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: Biomassa (g)
2**(4-0) design; MS Residual=,919319
DV: Biomassa (g)
3by4 3,662869
(3)Temperatura ( °C) -2,27104
(2)Concentração de filtrado de soja (%) 2,00613
2by3 -1,45858
(4)Velocidade de agitação (rpm) 1,407993
1by3 -1,40121
2by4 ,8896433
1*3*4 ,6622784
1by4 -,580928
(1)Concentração de glicose (%) -,574148
2*3*4 -,410926
1*2*4 -,298286
1*2*3 ,1350631
1by2 ,0391109
p=,05
Standardized Effect Estimate (Absolute Value)
Figura 1. Gráfico de Pareto dos efeitos das variáveis, tendo como variável
resposta a produção de biomassa de Streptomyces sp. DPUA 1549.
Conclusão
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280
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório de Fitopatologia, 69080-971,
Manaus, AM, Brasil. 2Embrapa Amazônia Ocidental, Laboratório de Biologia Molecular,
69010-970, Manaus, AM, Brasil. E-mail: [email protected]
Resumo
Fusarium decemcellulare é encontrado como agente causal de doenças com
diferentes sintomas em diversas espécies de plantas em regiões tropicais e subtropicais.
Em guaranazeiro, espécie nativa da Amazônia de importância econômica e social, a
doença denominada de complexo superbrotamento é atualmente um dos principais
problemas da cultura. Técnicas moleculares são cada vez mais requeridas para
identificação rápida e segura de patógenos como complemento as técnicas
convencionais. O objetivo do trabalho foi desenvolver métodos moleculares por PCR e
PCR-RFLP para rápida identificação de F. decemcellulare. O desenvolvimento do
método baseado em PCR-RFLP foi realizado com base em 42 sequências do rDNA
(18S, ITS1,ITS2, 5.8S e 28S) de 26 espécies do gênero Fusarium e identificado perfil
de clivagem específico para Fdc com a enzima HaeIII. O diagnóstico baseado em PCR
foi feito com base em sequências do gene lys2 de 26 espécies do gênero Fusarium
foram analisadas e primers específicos foram desenvolvidos para Fdc, denominados de
Fdc Lys2 399F e Fdc Lys2 R, e Fdc Lys2 654F e Fdc Lys2 832R. Ambos os métodos
mostraram-se eficientes para diagnóstico de Fusarium decemcellulare.
Introdução
Fusarium decemcellulare Brick (teleomorfo Albonectia rigidiuscula) é
encontrado como agente causal de doenças em mais de 80 espécies de plantas em
281
regiões tropicais e subtropicais (Farr e Rossman, 2016). No Brasil, culturas
economicamente importantes como mangueira, cacaueiro, seringueira e guaranazeiro
são afetadas pelo patógeno. Em guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis (Mart.),
espécie nativa de importância econômica e social da Amazônia, a doença é
caracterizada por diferentes sintomas, como hiperplasia floral, superbrotamento das
gemas vegetativas e galhas no caule. A doença denominada de complexo
superbrotamento é atualmente um dos principais problemas da cultura (Atroch, 2002).
A identificação de F. decemcellulare (Fdc) é comumente realizada por
caracteres morfológicos, em que muitas vezes pode ser complicada e demorada, devido
à plasticidade das caraterísticas morfológicas e das condições a serem testadas. O uso de
técnicas moleculares é cada vez mais requerido para identificação rápida e segura de
patógenos. Nas últimas décadas várias técnicas e marcadores moleculares têm sido
desenvolvidos contribuindo para a identificação e diferenciação de espécies em
Fusarium, dentre eles PCR-RFLP (Polimerase Chain Reaction - Restriction Fragment
Length Polymorphism) baseada em padrões de restrição com o uso de enzimas
selecionadas com base em sua habilidade de revelar polimorfismo nos fragmentos de
DNA analisado (Lee et al., 2000; Bogale et al., 2007) e o gene lys2 Aminoadipato
redutase, específico em fungos e importante para a biossíntese da lisina foi indicado
como um possível marcador genético para identificação de isolados do gênero Fusarium
(Watanabe et al., 2011a; 2011b).
O objetivo do trabalho foi desenvolver métodos moleculares baseados em ITS
PCR-RFPL e via amplificação do gene lys2 para rápida identificação de Fusarium
decemcellulare.
Material e métodos
A presente pesquisa foi realiza no Laboratório de Biologia Molecular na
Embrapa Amazônia Ocidental em Manaus, AM.
O desenvolvimento da técnica baseada em PCR-RFLP foi realizada com base
em 42 sequências do rDNA (18S, ITS1,ITS2, 5.8S e 28S) de 26 espécies do gênero
Fusarium obtidas no banco de dados do NCBI (National Center for Biotechnology
Information): F. acuminatum, F. armeniacum, F. asiaticum, F. avenaceum, F.
culmorum, F. decemcellulare , F. dimerum, F. dimerum var. violaceum, F. equiseti, F.
incarnatum, F. kyushuense, F. langsethiae, F. lateritium, F. nurragi, F. oxysporum f.
282
sp. raphani, F. oxysporum f. sp. rapae, F. poae, F. phyllophilum, F. solani, F. solani f.
sp. mori, F. sporotrichioides, F. subglutinans, F. tricinctum, Gibberella moniliformis,
G. intermedia e G. zeae. O alinhamento das sequências foi realizado usando o programa
MUSCLE e sítios de restrição foram identificados usando a ferramenta Search (Find
motif) no programa MEGA 6.0 (Tamura et al., 2013). O método foi validado usando
isolados monospóricos previamente identificados como F. decemcellulare de
guaranazeiro e como controle Fusarium solani f. sp. piperis e Fusarium oxysporum f.
sp. cubense. O DNA dos isolados foi extraído usando o método CTAB de Doyle e
Doyle (1987). A amplificação foi realizada usando os primers ITS5 (White et al., 1990)
e NL4 (O’Donnell, 1993) com posterior clivagem com a enzima HaeIII (sítio de
restrição GGCC) a 37 °C por 3 horas. O produto da PCR foi visualizado em gel de
agarose a 2%.
Primers específicos para o Fdc com base no gene lys2 foi realizado com base em
40 sequências de 26 espécies do gênero Fusarium (mesmas espécies da metodologia
anterior), incluindo duas sequências de F. decemcellulare utilizadas por Watanabe et al.,
(2011b) (AB586966 e AB586967) foram obtidas no banco de dados do NCBI e
alinhadas no programa MEGA 6.0. Por meio da análise da homologia das sequências e
da presença de dois íntrons encontrados somente nas sequências de F. decemcellulare,
pares de primers específicos foram desenvolvidos para a amplificação da região
conservada do gene lys2 denominados de Fdc lys2 399F (5’-
GTGCAGCTTCTTGTCATTG-3’) e Fdc lys2 639R (5’-TCTCGCTCCTAAAGGCC
GTATAC-3’), e Fdc lys2 654F (5’-CATCAGTGGCTAACAGACA G-3’) e Fdc lys2
832R (5’-GCTGTCAATATCATTGAGCTC-3’) (Figura 1).
283
A reação da PCR foi realizada com um volume final de 25 μl contendo 1µL de
DNA de F. decemcellulare, 1µL de cada primer, 2,5 µL de tampão, 1,0 µL de dNTPs,
1,5 µL de MgCl2 e 0,2 µL de Taq DNA. Na amplificação, a desnaturação inicial foi de
94 °C por 3 minutos, seguida por 35 ciclos de 94 °C por 30 segundos, temperatura de
anelamento de 60 °C por 30 segundos, 72 °C por 30 segundos e extensão final de 72 °C
por 1 minuto. O produto da PCR foi visualizado em gel de agarose a 2%.
Resultados e discussão
Nas análises de polimorfismo, a perda do primeiro sítio de restrição localizado na
região ITS 1 ocorreu devido a inserção de cinco nucleotídeos (GCTCG) entre as duas
citosinas (Figura 2) que gerou um fragmento de restrição ~500pb em F. decemcellulare
(A. rigidiuscula e Albonectria albosuccinea) e fragmentos menores nas outras espécies
de Fusarium que possuem pelo menos cinco sítios de restrição (Figura 3).
Figura 2 Alinhamento das sequencias da região rDNA (18S, ITS1,ITS2, 5.8S e 28S) das
espécies do gênero Fusarium. Na região ITS 1 ocorre a inserção de cinco nucleotídeos
(GCTCG) entre duas citosinas (seta) em Fusarium decemcellulare (fase sexuada:
Albonectria rigidiuscula e A. albosuccineum.
Figura 3 PCR-RFLP clivagem com a enzima HaeIII em gel de agarose (2%). M representa o
marcador 1kb plus (invitrogen). Números 1, 3-7 representam isolados de Fusarium
decemcellulare, 2 - F. oxysporum f. sp. cubense e 8 - F. solani f. sp. piperis.
286
Conclusão
Os métodos moleculares desenvolvidos no estudo, PCR-RFLP e amplificação da
região correspondente ao íntron II do gene lys2, foram eficientes para a identificação de
Fusarium decemcellulare.
Referências
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288
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Os fungos têm grande importância na microbiologia, pois atuam como agentes das
infecções conhecidas como micoses que acometem todos os seres vivos. Para a
medicina e a indústria estes são de suma importância devido à produção de metabólitos,
para o desenvolvimento e produção de medicamentos, drogas, fermentos, corantes e
conservantes, e atuam também como agentes de controle biológico. O Filo Ascomycota
compreende inúmeros gêneros de fungos. Entre eles estão os gêneros Aspergillus sp,
Penicillium sp, Fusarium sp e Cladosporium sp, alvos deste estudo. São encontrados na
poeira e no ar e desempenham papel importante na patologia médica, como elementos
alergizantes. Assim, muitas asmas ditas “de clima” estão na dependência ou em relação
íntima com a flora micótica do ar. O gênero Candida compreende leveduras que
possuem um habitat bastante amplo. No homem, essa levedura habita a mucosa
digestiva e a mucosa vaginal. A infecção pode atingir mucosas, tecido cutâneo e em
alguns casos pode ser sistêmica. A grande diversidade genética do Reino Fungi torna
relevante a conservação de suas culturas em coleções de laboratórios de
microrganismos. A manutenção dos microrganismos por longos períodos é de vital
importância para a utilização destes em pesquisas e na indústria. Por isso, técnicas de
conservação foram desenvolvidas sendo todas alternativas plausíveis para a manutenção
fúngica, embora os resultados sejam variados. Os métodos usualmente empregados em
laboratórios de coleção para a manutenção de microrganismos são repique contínuo,
água destilada esterilizada, liofilização, sílica gel, e os que foram avaliados neste
trabalho que são óleo mineral, criopreservação a -70ºC e refrigeração a 5ºC. O presente
trabalho consistiu em investigar qual metodologia é mais adequada para a manutenção
289
de microrganismos do filo Ascomycota e leveduras do gênero Candida incorporados à
coleção de microrganismos de interesse médico do INPA no período de janeiro de 2007
a fevereiro de 2010 que vinham sendo mantidos sob óleo mineral e repique contínuo.
Da Coleção de Fungos de Interesse Médico do INPA, foram selecionadas 223 amostras
de Candida sp e 250 amostras de fungos do Filo Ascomycota. Estas foram reativadas
em Agar Sabouraud e submetidas aos métodos de preservação. A cada 90 dias durante
180 dias as culturas foram avaliadas quanto a sua viabilidade. As três metodologias
avaliadas apresentaram resultados satisfatórios tanto para os microrganismos do Filo
Ascomycota como para as leveduras do gênero Candida.
Introdução
290
2004). O presente trabalho consistiu em investigar qual metodologia é mais adequada
para manutenção de microrganismos do filo Ascomycota e leveduras do gênero
Candida incorporados à Coleção de Microrganismos de Interesse Médico do INPA no
período de janeiro de 2007 a fevereiro de 2010 que vinham sendo mantidos sob óleo
mineral e repique contínuo.
Material e Métodos
291
criopreservação a -70º C, uma miçanga foi retirada e também semeada em meio de
cultivo Agar Sabouraud.
Resultados
Discussão
292
Lima (1991) obteve 98,7 % de viabilidade na preservação de espécies de
Fusarium sp. sob óleo mineral durante períodos de 4 a 35 anos. No estudo realizado por
Da Silva et al. (2010), a viabilidade de culturas de espécies de Penicillium sp. também
preservadas sob óleo mineral foi de 43,3 %. Segundo o autor, a inviabilidade foi
observada somente nas culturas estocadas por 12 a 16 anos.
Em trabalho realizado por Oliveira et al. (2010) utilizando a técnica de
criopreservação a -70º C em amostras de leveduras do gênero Malassezia obteve-se
100% de viabilidade entre as amostras.
Conclusões
Referências
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confirmação taxonômica e detecção enzimática de espécies de Acremonium preservadas
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Interesse Médico do INPA do ano de 2006. XIX Jornada de Iniciação Científica PIBIC
INPA.
294
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
. INPA ([email protected]); 2. PPG-BIONORTE ([email protected]); 3. INPA
(joã[email protected])
Resumo
295
Introdução
Material e Métodos
296
Aspectos macromorfológicos: A caracterização macromorfológica das colônias
leveduriformes foi realizada através da observação em ágar Sabouraud dextrose
cloranfenicol.
Resultados
297
Quanto ao microcultivo, onde as leveduras foram semeadas em meio de cultivo
Agar-fubá acrescido de Tween 80, das 15 amostras estudadas, uma apresentou
positividade para presença de clamidoconídeos.
Todas as 15 amostras também foram semeadas em meio CHROMagar Candida®
para identificação das espécies de acordo com a coloração. Neste meio de cultivo C.
albicans aparece com uma coloração verde, C. tropicalis tem uma coloração azul e as
demais espécies como rosa claro, lilás ou branca. Uma colônia apresentou coloração
verde, duas apresentaram coloração azul e 12 apresentaram coloração rosa claro, lilás ou
branca.
A prova de assimilação de carbono determina a capacidade das diferentes
espécies de leveduras desenvolverem-se a partir de diferentes substratos. A positividade
caracteriza-se pela presença de um halo ao redor do açúcar assimilado. Nesse estudo
foram utilizados os seguintes açúcares: glicose, galactose, maltose, rafinose, sacarose e
lactose. A leitura foi realizada como descrita por Koneman (2001).
Portanto, das 15 amostras mantidas na Coleção de Microrganismos de Interesse Médico
do INPA, 80% (12) foram identificadas como espécies não albicans, sendo 67% (10)
Candida parapsilosis e 13% (2) Candida tropicalis. Foi identificada apenas 7% (1)
como Candida albicans. E 2 amostras não puderam ser identificadas pelas metodologias
utilizadas e foram caracterizadas como Candida spp.
Discussão
298
Gautret e Rodier (2000) e Silva et al., (2005) também observaram a prevalência da
espécie Candida parapsilosis, a qual, também neste trabalho foi encontrada como
principal espécie envolvida em infecções causados por leveduras do gênero Candida.
Conclusão
Nos últimos anos, cada vez mais vem ocorrendo o surgimento de espécies não
albicans como agentes da Candidíase, em especial, a Candida parapsilosis que foi a
espécie mais observada nesse estudo. Este tipo de infecção esteve por muito tempo
relacionada com a presença de Candida albicans, sendo esta a espécie de Candida mais
bem estudada.
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300
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
301
Introdução
O guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis (Mart.) Ducke) é uma espécie nativa da
Amazônia de grande importância para a região, pois suas sementes são ricas em cafeína,
matéria-prima para a produção de bebidas industrializadas e energéticos. Além da cafeína, o
guaraná apresenta outros compostos químicos como flavonóides e taninos, que lhes conferem
características estimulantes e medicinais (Campos et al., 2011). O Brasil é praticamente o único
produtor de guaraná em escala industrial, o Estado da Bahia contribui com 72,4% da produção
e o Amazonas com 19,5% (IBGE 2013). Entre os vários fatores que contribuem para essa baixa
produtividade no Estado do Amazonas, o superbrotamento é uma doença que foi detectada no
amazonas no início da década de 80 e só em 2014 nas plantações baianas, causada pelo agente
etiológico Fusarium decemcellulare, atualmente vem se tornando um problema sério para a
cultura do guaraná, pois afeta desde o estádio de mudas às plantas adultas impedindo seu
desenvolvimento (Araújo et al., 2007).
Em levantamento realizado por Araújo et al. (2007) constatou-se que a doença tem
ocorrência generalizada nos municípios produtores do estado do Amazonas, contudo a maior
prevalência foi observada em Urucará (41,36%), Itacoatiara (31,43%), Maués (27,89%) e Boa
Vista do Ramos (23,77%). A doença afeta órgãos em crescimento ativo como as gemas
vegetativas e apresenta pelo menos três sintomas bem característicos como o superbrotamento
das gemas vegetativas (caracterizado pela presença de inúmeras brotações a partir de uma
gema, apresentando entrenós curtos a partir dos quais surgem vários ramos secundários),
hipertrofia floral (caracterizada pelo endurecimento e secamento das flores impossibilitando a
polinização) e galhas no caule (caracterizadas por inúmeros brotos numa mesma gema,
formando uma massa desordenada e compacta).
Desde a identificação do agente etiológico na década de 80 por Batista e Bolkan
(1982) e os trabalhos epidemiológicos realizados por Araújo et al. (2007), pouca importância
foi dada a este patossistema e inúmeras questões ainda continuam sem respostas, não se sabe
exatamente como esse fungo penetra no hospedeiro, se em guaranazeiro existe a ocorrência de
formas homotálicas (não patogênicas) e heterotálicas (patogênicas) como observado em
cacaueiro, muito menos sobre a diversidade e comportamento da população nas área produtoras
de guaraná. Diante disso, a presente pesquisa visa analisar a diversidade genética de F.
decemcellulare isolado de mudas e plantas adultas de guaranazeiro com sintomas de
superbrotamento, hipertrofia floral ou galhas por meio do marcador molecular ERIC-PCR.
302
Material e métodos
Isolamento de F. decemcellulare
Marcadores ERIC-PCR
Análises de dados
A partir dos géis obtidos pelo marcador ERIC-PCR, foi construído uma matriz de
dados binários onde 1 representa a presença e 0 a ausência da banda. A diversidade foi
calculada pelo coeficiente de similaridade de Dice usando o software NTSYSpc-2.02 (Rohlf et
al., 2009). A matriz de similaridade foi utilizada para construção do dendrograma baseada pelo
método UPGMA (Unweighted Pair Group Method Averages).
303
Tabela1- Isolados de Fusarium decemcellulare obtidos de mudas e plantas adultas de
guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis) com sintomas de superbrotamento (hiperplasia da
gema vegetativa, hipertrófica floral ou galhas)
304
Resultados e Discussão
305
Outra explicação para essa alta diversidade seria a ocorrência das formas homotálica e
heterotálica em F. decemcellulare e consequentemente dos alelos funcionais idiomorfos
conhecidos como MAT-1 e MAT-2 presentes no mesmo cromossomo (Alexander e
Carmichael, 1973; Leslie e Summerell, 2006; Guimarães 2013). Isolados homotálicos possuem
os MAT-1 e MAT-2 podendo se autofecundar, nesses casos é raro os recombinantes serem
reproduzidos, já a forma heterotálica para sua reprodução é indispensável o encontro de
isolados que possuem mating types distintos e tem como consequência o aumento da
diversidade genética da população (Duarte et al., 1999; Leslie e Summerel, 2006).
306
Figura 1 Dendrograma da similaridade entre os 76 isolados de Fusarium decemcellulare, obtido
pelo método UPGMA. Cada planta utilizada foi caracterizada de acordo com os sintomas em
hiperplasia da gema vegetativa, hipertrofia floral e galha. A origem de cada tecido é indicada
pelos círculos:
Folha; Hipertrofia floral; Galha; Hipertrofia da gema vegetativa.
307
Resultado semelhante aos encontrados neste trabalho foram visto por Silva (2009) que
utilizando os marcadores RAPD e SSR em 66 isolados de Fusarium oxysporum f. sp. cubense
coletado em diferentes municípios em Santa Catarina, viu que os mesmos não se agruparam por
origens geográficas, os isolados foram distribuídos indistintamente nos grupos apresentando
uma alta diversidade entre eles.
Conclusão
Referências
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Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Silva M.S.1, Gama A.M.2, Moraes A.B.1, Nonato L.S.1, Carvalho N.O.1, Spira B.2,
Yamane T.3,4, Mota .J.1
1
UFAM - Universidade Federal do Amazonas, 2USP - Universidade de São Paulo 3UEA -
Universidade do Estado do Amazonas, 4CBA – Centro de Biotecnologia da Amazônia
Emails: [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
Resumo
Para acessar o DNA bacteriano, são empregados vários processos de
rompimento da parede celular: aqueles baseados no uso de enzimas como lisozima e
proteinase K; químicos, como o tiocianato de guanidina, e físicos, como maceração do
material congelado, ou em agitadores na presença de esferas de vidro. Entretanto, várias
metodologias em uso são normalmente demoradas e com muitas etapas, aumentando a
probabilidade de contaminação resultante da excessiva manipulação e ainda a utilização
recorrente de solventes orgânicos como o fenol e clorofórmio que geram resíduos
tóxicos e danosos ao ambiente. Diante o exposto, o objetivo deste trabalho foi
estabelecer um método prático e rápido de extração de DNA bacteriano de múltiplas
amostras simultaneamente, ajustado para o padrão de microplacas de 96 poços. O
protocolo apresentado nesse trabalho permite a extração de DNA bacteriano de
múltiplas amostras simultaneamente, em quantidade e qualidade compatíveis com
metodologias baseadas em PCR. O procedimento é rápido, prático e barato, tornando
viáveis economicamente diversos trabalhos de prospecção de micro-organismos
cultiváveis que necessitam de identificação molecular.
Introdução
O primeiro passo de todas as técnicas que precisam acessar a informação
genética é a extração dos ácidos nucleicos. Com exceção das metodologias que usam
310
RNA como a fonte inicial de informação genética, todas as demais que buscam
determinar, manipular, reproduzir, modificar ou recombinar, necessitam em primeira
instância de DNA em quantidade e qualidade que permitam seu processamento
(Fiorentin et. al. 2009).
Para acessar o DNA bacteriano, são empregados vários processos de
rompimento da parede celular: aqueles baseados no uso de enzimas como lisozima e
proteinase K; químicos, como o tiocianato de guanidina, e físicos, como maceração do
material congelado, ou em agitadores na presença de esferas de vidro. Entretanto, várias
metodologias em uso são normalmente demoradas e com muitas etapas, aumentando a
probabilidade de contaminação resultante da excessiva manipulação e ainda a utilização
recorrente de solventes orgânicos como o fenol e clorofórmio que geram resíduos
tóxicos e danosos ao ambiente.
Explorando as dificultadas citadas, a indústria da biotecnologia tem investido em
alternativas viáveis e eficientes para superar tais limitações, os “kits” para extração de
DNA e RNA trouxeram praticidade e ganho de tempo na bancada, entretanto o custo
ainda é elevado, variando entre R$ 20,00 e R$ 30,00, por amostra, o que em geral
obriga o pesquisador a rever estudos mais amplos, e eventualmente combinar amostras
para reduzir os custos com a extração.
Diante o exposto, o objetivo deste trabalho foi estabelecer um método prático e
rápido de extração de DNA bacteriano de múltiplas amostras simultaneamente, ajustado
para o padrão de microplacas de 96 poços.
Material e métodos
311
Cultivo e extração de DNA
O protocolo foi modificado a partir de Mota e Nobrega (2013), que
estabeleceram o método de minipreparação de DNA de leveduras em microplacas de 96
poços.
Algumas amostras selecionadas ao acaso foram inoculadas em uma microplaca
de 96 poços fundo chato (Costar 96) com 300 µl de caldo TSA. Essas foram incubadas à
30º C por um período de 18h sem agitação.
Após o período de incubação, 50 µl da cultura foram transferidos para outra
microplaca e centrifugadas a 3650 g, durante 10 min, em temperatura ambiente. O
sobrenadante foi descartado e o excesso do meio de cultura foi drenado por inversão da
placa em papel absorvente.
Foram adicionados 100 µL da solução de lise 1 (50 mM Tris, 10 mM EDTA,
2mg/ml lisozima), seguida de incubação à 37º C por 30 min; Para lise da membrana
citoplasmática foram adicionados 10 µL de 10% SDS (Dodecil Sulfato de Sódio) e 5 µg
de proteinase K, seguido de incubação a 55º C por 30 min, ou até a obtenção de uma
solução translúcida, o que indica lise celular completa.
Para extração dos debris celulares e proteínas totais, foram adicionados 110 µl
de 5M acetato de potássio, homogeneizando bem as amostras com aspirações sucessivas
de forma cautelosa para não contaminar os poços adjacentes, seguido de incubação a -
20 ºC durante 30 min. O esperado para essa fase é um precipitado branco viscoso.
A placa foi então, centrifugadas a 3650 g por 15 min e 100 µl do sobrenadante
foram transferidos para uma nova microplaca de fundo em “V” previamente preparada
com 100 µL de álcool isopropílico em cada poço. A placa permaneceu a -20°C por 15
min seguido de centrifugação a 3650 g e 4 °C por 10 min. O sobrenadante foi
descartado e o precipitado lavado uma vez com 200 µL de 70% etanol, seguido de
centrifugação a 3650 g por 5 min, o sobrenadante foi novamente descartado e o
precipitado permaneceu à temperatura ambiente para a evaporação do etanol residual.
O DNA foi hidratado com 30 µL tampão de TE/RNAse (10 mM Tris HCl, pH 7,5, 0,1
mM EDTA e 10 μg.ml-1 RNAse). Cinco microlitros de cada extrato foram aplicados em
gel de agarose 0,8 % corado com 0.2 µg.ml-1 brometo de etídio. O DNA total também
foi analisado em NanoDrop2000c para se determinar quantidade e qualidade das
amostras.
312
Resultados e discussão
Figura 1. Gel de agarose 0.8% corado com brometo de etídio. Perfil eletroforético do DNA total
bacteriano extraído. L10, L50 e L100, marcador lambda contendo 10, 50 e 100 ng de DNA
respectivamente. Números de 1 a 18, isolados testados nesse estudo. Imagem representativa.
313
A quantidade média de DNA total extraído foi de 200 ng/µl, sendo a menor
concetração 108 ng/µl e a maior, 476 ng/µl. As diferenças observadas se devem, em
geral, à massa celular, algumas bactérias conseguem atingir uma maior densidade que se
reflete diretamente no produto da extração.
Existem diversas técnicas para extração de DNA bacteriano a partir de
amostragem ambiental, entretanto, nenhum método é universalmente aplicável, já que
algumas amostras, devido à sua própria natureza, requerem a adaptação do método
(Zhou et al., 1996). Com o protocolo de extração proposto nesse trabalho foi possível
realizar a extração de DNA de todos os isolados. As diferenças entre os isolados, nas
quantidades de DNA extraído, podem ser explicadas pelo crescimento diferencial
apresentado pelas diferentes amostras.
A quantidade total de DNA extraído varia dentro da escala de nanograma, o que
é suficiente para todas as metodologias que usam como base a PCR. Para técnicas que
necessitam de maior quantidade de DNA (escala de micrograma) ou um DNA com
excelente grau de pureza esse não é o método mais indicado.
O grande diferencial do protocolo proposto nesse trabalho é que ele permite a
extração de DNA total de múltiplos isolados bacterianos simultaneamente, em
microplacas de 96 poços. Além disso, há uma redução significativa no número de
passos e a utilização de solventes orgânicos quando comparado com metodologias
muito difundidas como a extração com fenol e clorofórmio.
Levando-se em consideração a diversidade cultivada, este método se apresenta
como uma alternativa viável para trabalhos que precisam genotipar um grande número
de amostras ambientais. A extração de DNA em geral é uma dificuldade para a maioria
desses trabalhos, por dois motivos básicos: custo e tempo.
Todas as etapas de identificação molecular subsequentes à extração já são feitas
com a manipulação simultânea de múltiplas amostras usando microplacas com 96
poços, sendo as mais comuns, PCR e sequenciamento. Dessa forma, o presente método
certamente é uma contribuição importante, principalmente para a realidade da região
Norte, onde pesquisas envolvendo prospecção de micro-organismos resultam em um
grande número de isolados armazenadas e identificadas em criotubos de preservação.
Conclusões
314
O protocolo apresentado nesse trabalho permite a extração de DNA bacteriano
de múltiplas amostras simultaneamente, em quantidade e qualidade compatíveis com
metodologias baseadas em PCR.
O procedimento é rápido, prático e barato, tornando viáveis economicamente
diversos trabalhos de prospecção de micro-organismos cultiváveis que necessitam de
identificação molecular.
Referências
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Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Siqueira V.K.S.1, Matos K.S.1, Hanada R.E.1, Gualberto G.F.2, Silva G.F.2
AM, Brasil. 2Embrapa Amazônia Ocidental, Laboratório de Biologia Molecular, 69010-970, Manaus,
AM, Brasil. E-mail: [email protected]
Resumo
Introdução
316
relevância econômica da doença, ainda pouco se conhece sobre a biologia reprodutiva,
variabilidade genética, estrutura da população ou sobre o potencial evolutivo e risco deste
patógeno.
A identificação de espécie biológica por meio de cruzamentos em laboratório pode ser
útil quando não há marcadores morfológicos suficientes para delimitar espécies (Rossman et
al. 1999; Leslie e Summerell, 2006) como em F. decemcellulare que existem evidências de
que representa um complexo de espécies com diferença filogenética entre isolados
homotálicos e heterotálicos, uma clara identificação molecular por PCR dos Mating type é útil
e pode auxiliar nos cruzamentos entre os isolados (Guimarães, 2013).
O sistema de cruzamento entre fungos é denominado de mating type, consiste em um
loco MAT e geralmente apresenta dois idiomorfos, MAT-1 e MAT-2. Os genes do loco MAT
possuem regiões conservadas entre espécies distantes, que codificam proteínas denominadas
HMG-box (high mobility group) e α-box que regulam todo o processo de reprodução sexual.
Em espécies heterotálicas o cruzamento ocorre entre isolados de mating types opostos,
enquanto que em espécies homotálicas, os isolados são autoférteis (Leslie e Summerell,
2006).
Estudos baseados em determinação de mating type e cruzamentos têm sido utilizados
para delimitar espécies dentro de Gibberella fujikuroi species complex (GFC) que é composto
por distintas espécies filogenéticas e biológicas, e que anteriormente eram denominadas
apenas como Fusarium moniliforme (Leslie e Summerell, 2006). Primers degenerados foram
desenvolvidos para determinar mating type em várias espécies de Fusarium (Kerényi et al.,
2004). Esses primers foram testados em F. decemcellulare, entretanto, somente o idiomorfo
MAT-2 foi amplificado. O presente trabalho teve como objetivo desenhar primer específico
para determinar MAT-1 em F. decemcellulare para auxiliar estudos de indução da fase
sexuada em laboratório.
Material e Métodos
Resultados e discussão
318
Figura 1 Sequência do fragmento de 373 pares de base do gene MAT-1 de Fusarium
decemcellulare obtido a partir do DNA genômico. Os aminoácidos deduzidos são
apresentados abaixo de cada sequência. Em vermelho dois íntrons localizados in silico e em
negrito dois blocos de sequências conservadas.
319
O total de 42 isolados de F. decemcellulare foram testados com os primers específicos
desenhados para MAT-1 e com os primers de Kerényi et al., (2004) para MAT-2, resultando
em 26 isolados MAT-1 e 16 isolados MAT-2, com 190 e 260pb, respectivamente (Figura 2).
O conceito biológico de espécies vem sendo aplicado com sucesso para delimitar
espécies principalmente dentro de complexo de espécies (Leslie e Summerell, 2006; Zhan et
al., 2007). No gênero Fusarium, o complexo de espécies amplamente estudado é o GFC, em
que primers foram desenvolvidos para determinar mating type e auxiliar na identificação de
várias espécies biológicas (Steenkamp et al., 2000). De acordo com Guimarães (2013), F.
decemcellelulare representa um complexo de espécies com caracteres morfológicos
semelhantes.
Primers degenerados testados anteriormente para determinar o mating type de
espécies de Fusarium (Kérenyi et al., 2004) forneceram resultado satisfatório somente para o
idiomorfo MAT-2 em isolados de F. decemcellulare. Provavelmente, a não funcionalidade
dos primers para MAT-1 pode estar relacionada com a divergência de sequência que pode
ocorrer mesmo em regiões conservadas para esse gênero (Steenkamp et al., 2000). O
idiomorfo MAT-1 é relativamente mais complexo, pois possui três genes (MAT-1-1, MAT-1-2
e MAT-1-3), sendo que MAT-1-1 codifica proteína da α-box com funções importantes na
formação de peritécios e ascósporos. MAT-1-2 e MAT-1-3 aumentam a eficiência dos
cruzamentos. Já o idiomorfo MAT-2 tem somente a proteína HMGbox, que desempenha papel
importante na ascosporogênese e na determinação de cruzamentos específicos (Yun et al.,
2000).
Os primers específicos desenvolvidos no presente estudo podem ser utilizados com
sucesso para determinar o MAT-1 em F. decemcellulare e assim, auxiliar estudos de indução
da fase sexuada em laboratório para a identificação de espécies biológicas. Além disso, é
possível identificar isolados heterotálicos de isolados homotálicos. Em homotálicos, ocorre a
amplificação de ambos idiomorfos, como foi observado em F. graminearum (Kerényi et al.,
2004). As espécies homotálicas carregam genes para ambos os mating types que podem estar
ligados ou não no mesmo genoma (Yun et al., 2000).
Conclusão
Os primers específicos desenvolvidos no presente estudo podem ser utilizados com
sucesso para determinar o MAT-1 em F. decemcellulare e assim, auxiliar estudos de indução
da fase sexuada em laboratório para a identificação de espécies biológicas.
320
Referências
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Araújo CPM1,2, Silva LM1,2, Lima AKS1, Torres DR1, Silva JC1, Fernandes OCC1. 1Instituto
Leônidas e Maria Deane - ILMD/FIOCRUZ, Manaus - AM. 2Faculdade Estácio do Amazonas,
Manaus – AM. Email: [email protected]
Resumo
322
Introdução
323
condições controladas de pH e temperatura, além de tornar fácil a recuperação das
enzimas extracelulares (Feitosa, 2009).
Portanto o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de Aspergillus spp.
quanto à produção de proteases.
Material e métodos
324
placas foram incubadas em estufa a 28 ºC por 18 a 24 horas. Os extratos enzimáticos
foram avaliados qualitativamente, onde a produção enzimática foi avaliada pela
formação de halos determinados em mm. Não foi necessária adição de revelador, uma
vez que a hidrólise da caseína do leite pode ser percebida, pelo halo incolor, ao redor do
ponto de aplicação do filtrado.
Resultados
325
(2015), que caracterizou uma serina protease alcalina obtida a partir de A. flavus
(MTCC 9952).
Já na avaliação quantitativa observamos que houve uma variação da atividade
proteolítica, com valores variando de 8,09 U/ml (A. japonicus CFAM 0240) a 22,49
U/ml (A. oryzae CFAM 0540), o que demonstra que a produção de proteases pode
variar entre fungos de espécies diferentes, em que algumas se destacam em relação às
outras (figura 1).
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
Espécies
326
Discussão
Conclusão
327
Referências
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Sem compreender, o ser humano produz culturas naturais altamente resistentes contra
a ação de patógenos alimentares e contribui para a sustentação da saúde humana. As bactérias
ácido-lácticas (BAL) estão envolvidas nesse estágio produzindo substâncias que agem contra
o ataque de patógenos e possuem importância na gênese de alimentos conservados. Os
produtos fermentados vêm utilizando estas bactérias de forma eficaz e adquirindo menos
efeitos nocivos. Através desse processo são formados microrganismos que atenuam o tempo
de fermentação dos alimentos inibindo o crescimento de deteriorantes e formando produtos
menos tóxicos à saúde. Por meio de pesquisa bibliográfica, observou-se o interesse de
pesquisadores e consumidores na busca de alimentos processados que exprimissem segurança
e a partir da utilização de bactérias lácticas e sua incontestável relevância para a obtenção de
produtos de melhor qualidade, custo e validade conclui-se que estudos aprofundados sobre o
tema são necessários para o emprego de pesquisas em torno da aplicação das BAL em
diversas novas classes de alimentos.
Palavras-chave: bactérias ácido-lácticas, bacteriocinas, alimentos fermentados.
Introdução
330
bastonetes gram-positivos, não esporogênicos, fermentadores e produtores de ácido lático
como resultado final da fermentação, apresentando metabolismo e características fisiológicas
semelhantes. Ocorrem na microbiota normal após o processamento de alimentos e suas
atividades metabólicas contribuem para inibir ou retardar a multiplicação de bactérias
patogênicas ou deteriorantes (Chesca et al., 2009).
Esta revisão reúne diversos trabalhos publicados que retratam o cenário da história,
aplicação e benefícios das bactérias lácticas na indústria alimentícia, além da sua relação no
tratamento e prevenção de doenças através da conservação e posterior ingestão de alimentos
livres de contaminação e tem como finalidade revisar de forma sistêmica as referências
disponíveis, investigar e analisar a utilização das BAL na melhoria na qualidade de vida das
pessoas.
Material e Métodos
Para esse estudo de revisão da literatura foram realizadas pesquisas em diversas bases
eletrônicas de dados, entre elas: Portal FAPESP, CAPES, Elsevier, Lilacs, Pubmed, SCIELO
e SCIENCE DIRECT usando os seguintes descritores: ácido láctico, lactic acid bacteria e
bactérias lácticas. Ao final da pesquisa foram selecionados artigos científicos publicados em
revistas, anais de congressos, além de capítulos de livros, teses, dissertações e monografias.
Os assuntos mais procurados nesses trabalhos consultados eram aqueles que focavam a
relação direta da produção e conservação de alimentos, principalmente os fermentados, a
partir da utilização de bactérias ácido-lácticas e suas substâncias, tais como as bacteriocinas e
também o alcance desse grupo de microrganismos na saúde humana a partir da ingestão de
alimentos minimamente processados. Buscou-se entender os processos antigos e atuais que
levaram ao uso, impactos, benefícios, custos e perspectivas dessas bactérias como método
biológico eficiente para melhorar a condição dos alimentos provenientes de origens
fermentadas. Esta revisão bibliográfica reúne opiniões de vários autores e de seus estudos
para os mais diversos fins sobre a produção e utilização de bactérias ácido-lácticas.
331
Resultados e Discussão
Duarte et al. (2013), concluíram que essas bactérias são capazes de inibir o crescimento
de estirpes patogênicas, com cepas da mesma espécie, conferindo especificidade e o gênero
Lactobacillus é, com certeza, o mais amplo dos gêneros incluídos nesse grupo e são
amplamente distribuídos na natureza.
Seu mecanismo de ação das bacteriocinas é complexo sendo que geralmente atuam
destruindo a integridade da membrana citoplasmática pela formação de poros, o que provoca
a perda de pequenos compostos e íons. Aparentemente, as bacteriocinas se ligam à membrana
332
plasmática por meio de ligações eletrostáticas com fosfolipídios carregados negativamente
(Montville e Chen, 1998).
A atividade dessas proteínas no alimento pode ser afetada por diversos fatores, como
por exemplo, a mudança na solubilidade e carga eletrostática, ligação aos componentes do
alimento, inativação por proteases e mudanças morfológicas no organismo alvo (Ganzle et al.,
1999).
A natureza química das bacteriocinas faz com que essas substâncias sejam facilmente
degradadas no trato gastrintestinal do homem e animais, muitas vezes perdendo sua
toxicidade (Piard et al., 1992). De acordo com Marugg (1991), estudos realizados com várias
bacteriocinas mostraram que elas não são tóxicas nem provocam reações imunológicas
adversas e, por isso, possuem grande potencial como conservadores naturais nos alimentos.
Conclusões
Referências
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Introdução
336
micro-orrganismos, devido em grande parte à diversidade dos mesmos e um maior
rendimento em relação aos processos extrativos de tecidos animais e vegetais (Orlandelli
et al., 2012; Rocha, 2010; Chandra et al., 2010).
Dentre os fungos produtores de enzimas extracelulares, os gêneros Aspergillus e
Penicillium, mesmo apresentando uma especificidade de degradação de alimentos,
biodeterioração e patogenicidade ao homem e animais, estão sendo muito utilizados nas
aplicações biotecnológicas devido às suas propriedades metabólicas, sendo fontes de
produção de diversas enzimas de interesses orgânicos, antibióticos e micotoxicológicos
(Tavares et al., 2012).
Dentre as enzimas produzidas por estes gêneros estão as lipases, que apresentam
múltiplas aplicações nas indústrias de detergentes, medicamentos, alimentos, biodiesel e
também no tratamento de efluentes; as celulases, utilizadas na indústria têxtil e de
papel/celulose e na produção de bioetanol de segunda geração; as amilases, aplicadas nas
indústrias de panificação, têxtil, farmacêutica, laticínios e sucroalcooleira e as proteases,
que apresentam larga aplicação em produtos industriais e domésticos, além de possuírem
grande aplicação farmacêutica devido ao potencial fibrinolítico destas enzimas, sendo
usadas no tratamento da trombose (Singh et al., 2014; Li et al., 2013; Doolotkeldieva e
Bobusheva, 2011).
Diante a importância industrial das enzimas, este trabalho avaliou o potencial de
produção de enzimas extracelulares de fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium
conservados na Coleção de Fungos da Amazônia-CFAM.
Material e métodos
337
Para a indução enzimática foi utilizado meio líquido solução de Manachini
suplementado com o substrato indutor para cada enzima. Em Erlemayer de 25mL
contendo 10mL da solução de Manachini e seus respectivos substratos indutores, foram
inoculados 1mL da suspensão de esporos na concentração de 5x106. A fermentação
líquida ocorreu nas seguintes condições: 120 rpm por 96 horas a 28 ºC.
Após o período de fermentação, os cultivos foram filtrados a vácuo e o extrato
enzimático foi avaliado qualitativamente em meio sólido específico para cada enzima,
ágar celulose, ágar lipase, ágar amido e ágar leite acrescentado de 5% de gelatina.
(Teixeira et al., 2011), onde a produção enzimática foi avaliada pela formação de halos
determinados em mm e
Resultados e discussão
Das 30 amostras selecionadas para o estudo, 80% (24) mostraram-se viáveis após
o processo de reativação e destas, 91,6% (22) apresentaram halo de degradação para pelo
menos uma das enzimas estudadas, sendo que 27,2% (06) das culturas apresentaram halo
de degradação para todas as enzimas estudadas, sendo elas: Penicillium fellutanum
CFAM 0061, Aspergillus niger CFAM 0161, Penicillium sp. CFAM 0290, CFAM 0289
e CFAM 0180 e P. fellutanum CFAM 0059, com halos variando de 1 a 2mm para
proteases, 1 a 3mm para amilases, 2 a 5mm para celulases e 1 3mm para lipases (Figura1).
Nos testes de lipases observou-se que 81,8% (18) das culturas apresentaram
resultado positivo, sendo quatorze (14) pertencentes ao gênero Penicillium.
Nos ensaios de proteases, 68,1% (15) das culturas apresentaram resultado positivo
com formação de halo de degradação, variando de 1mm (Penicillium sp. CFAM 0179,
CFAM 0155 e CFAM 0289) a 5mm (A. niger CFAM 0158).
338
Nos testes de amilases, 54,5% (12) das culturas apresentaram halo de degradação
variando de 2mm (Penicillium sp. CFAM 0290 e CFAM 0289; P. fellutanum CFAM
0061) a 16mm (A. sydowii CFAM 0115).
Figura 1. (A) Penicillium sp. produtor de proteases; (B) Aspergillus sydowii; produtor de
amilases e (C) Penicillium sp. produtor de celulases.
339
Figura 2. Total de culturas produtoras de enzimas.
Conclusões
Referências
340
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341
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Maciel MJM1, Farias JA2, Silva IR2, Souza FRF2, Procópio REL2
1
Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus, AM, 2Centro de Biotecnologia da
Amazônia – CBA, Manaus, AM. Emails: [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
Resumo
Introdução
342
organismos. A região amazônica ainda abriga espécies desconhecidas, dentre eles
algumas espécies de fungos, que se reproduzem com grande facilidade nesta área
(Bruce et al, 2012; Rodrigues et al. 2012).
A biotecnologia industrial tem sido considerada uma das rotas mais promissoras
para sustentabilidade das atividades industriais. Utilizar leveduras da microbiota
amazônica capazes de crescer em meio de cultura contendo hidrolisado ácido do bagaço
da cana-de-açúcar como fonte de carbono e verificar a capacidade de produção de
etanol dessas leveduras utilizando o bagaço de cana-de-açúcar foram os objetivos deste
estudo.
343
Material e métodos
344
Para verificar a produção de etanol foram retiradas alíquotas de 100 ml a cada 24
horas, adicionou-se 5 ml de hidróxido de cálcio e 3 gotas de antiespumante, depois
foram colocadas no destilador eletrônico, as amostras foram resfriadas a 20 graus
celsius para leitura no alcoômetro.
Para verificar o crescimento das leveduras, elas foram crescidas em meio ágar
sabouraud no intervalo de 12 horas até 96 horas, totalizando 8 contagens, a 35 graus
celsius em BOD. As placas foram feitas em triplicata, e retirada uma média da
contagem delas para demonstrar o seu desenvolvimento.
Resultados e Discussão
345
6
3 Ps
7
2
9
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (dias)
Na produção de etanol se verificou que desde o primeiro dia foi obtido o álcool, a
levedura CBAFB09 se manteve estável na produção com 4% inicialmente, e apresentou
maior produção no quarto dia com 5,7%, diminuindo nos dias subsequentes até chegar a
3% e não produzindo mais nos 3 dias restantes, já a levedura CBAFB07 iniciou com
4,5% de álcool e no quinto e no sexto dia teve os maiores picos de crescimento no com
5,5% de etanol produzido em ambos, caindo para 3% de produção nos dias restantes. A
Pichia stipitis não teve produção alcoólica no primeiro dia, no segundo dia teve 3,5% de
resultado, aumentando gradativamente nos dias seguintes até a sua maior produção no
sétimo dia com 5,5% de etanol produzido, no dia seguinte produziu 5% de álcool, e não
apresentou resultado nos dois dias finais de experimento.
346
visou a melhor produção de etanol sob as condições testadas. A temperatura ótima de
fermentação das leveduras é em torno de 25 a 33 oC e o ph ótimo está entre 4,5 e 5,5 (du
Preez et al. 1985) estando os experimentos dentro desta faixa de pH e temperatura para
obtenção de melhores resultados.
De acordo com Agbogbo e Coward-Kelly (2008), a levedura Pichia stipitis tem sido
usada na fermentação de vários tipos de biomassa pré-tratadas como, sabugo de milho,
palha de arroz, bagaço de cana-de-açúcar, entre outras. Delgenes et al (1988), mostrou
que a levedura produziu 50 g/L de etanol inicialmente, ou seja 5%, o que corrobora com
os resultados obtidos, onde se chegou à máxima de 5,7% com a levedura CBAFB09.
Estudos com a Pichia stipitis mostraram que o meio de cultura e seus nutrientes
influenciaram o crescimento e a produção de etanol (Slininger et al. 2006). O
crescimento das leveduras no meio de cultura ágar sabouraud, nas 96 horas de
incubação foram ideais apenas para Pichia stipitis e a CBAFB09, sendo que a levedura
CBAFB07 não obteve tanto sucesso em seu desenvolvimento, apresentando um pico em
24 horas. Este resultado nos mostra que novas análises devem ser feitas, variando a
composição do meio e as influências físicas, como temperatura, pH e tempo de
incubação.
Conclusão
347
Referências
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occurring xylose-fermenting yeast, Pichia stipitis. Biotechnol Lett 30:1515–1524.
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348
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
349
Introdução
Material e Métodos
350
Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Amazonas. Os meios
empregados para o cultivo dos micro-organismos foram: extrato MGYP, para fungos;
caldo Muller Hinton, para bactérias, e; meio MPE, para actinomiceto. Para a
fermentação extrativa foram preparados sistemas de duas fases aquosas de Polietileno
Glicol 4000 g/mol - Sais de fosfato de potássio (PEG-Sal) com uma massa total de 20
gramas, por pesagem das quantidades apropriadas de soluções concentradas de PEG
(50% p/p) e sais de fosfatos (40% p/p) e meio de cultivo em frascos Erlenmeyer de 125
mL. O meio foi esterilizado a 121°C por 15 minutos. O cultivo submerso foi realizado
em agitador rotativo a 150 rpm, 30º C e 72 horas. O caldo proveniente da fermentação
extrativa foi centrifugado a 5.500xg por 20 minutos a 4 °C. Após a centrifugação, o
sistema de duas fases foi visualizado e as fases inferior e superior cuidadosamente
coletadas com auxílio de seringa sem perturbar a interface. A dosagem de proteína do
sobrenadante foi realizada através do método de Bradford (1976) modificado enquanto
que a atividade da protease foi determinada de acordo com método descrito por
Leighton et al. (1973). Os parâmetros de purificação determinados foram: coeficiente de
partição (K = atividade da enzima na fase polimérica/atividade da enzima na fase salina)
e seletividade (Se = coeficiente de partição da enzima alvo/coeficiente de partição de
proteínas totais).
Resultados e Discussão
351
demonstram que de maneira geral, as proteínas presentes no meio fermentado de todos
os micro-organismos avaliados apresentam maior afinidade pela fase rica em sal do
sistema. Em relação a seletividade, a qual é dependente dos valores de coeficiente de
partição das proteases e proteínas totais, o Actinomiceto apresentou melhor resultado de
Se (3,78 ± 0,39), sendo este 2 vezes superior ao obtido para proteases de Serratia SP
(1,81 ± 0,21). Os resultados de Se para F. solani e A. pulverulentos foram 3,41 ± 1,19 e
3,09 ± 0,71, respectivamente.
Conclusão
352
O sistema de fermentação extrativa utilizando duas fases aquosas (PEG-Fosfato) pode
ser utilizado como sistema integrado de produção e extração de proteases dos micro-
organismos testados. Entretanto, o tipo de protease e a sua afinidade por uma das fases
do sistema é dependente da cepa empregada.
Agradecimentos
Referências
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Martim SR1, Silva LSC1, Machado ARG1, Teixeira RA1, Santos-Ebinuma VC2, Cruz-Filho R F1,
Teixeira MFS1
1
Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus, AM. 2UNESP - Universidade Estadual
Paulista - UNESP Emails: [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; - [email protected];
[email protected]@yahoo.com.br
Resumo
355
Introdução
O desenvolvimento de novos processos de extração e purificação de proteínas é uma etapa
limitante na produção de bioprodutos. A extração líquido-líquido é um sistema formado por duas
fases aquosas imiscíveis ou parcialmente miscíveis entre si, obtidas pela adição de polímeros
hidrofílicos ou um desses polímeros e um sal (Porto et al., 2008). As proteases somam cerca de
60% do total de enzimas comercializadas mundialmente (Gupta et al., 2008). Esses
biocatalisadores têm uma grande variedade de aplicações biotecnológicas, principalmente em
formulação de detergentes, bebidas e processamento de alimentos, amaciamento de couro,
tratamento de águas residuais e formulações médicas (Merheb et al., 2007). Os fungos fazem
parte do grupo de organismos investigados quanto à produção destas enzimas, e como produtores
destas moléculas apresentam muitas vantagens. Um desses benefícios se deve ao fato de que as
enzimas produzidas são normalmente extracelulares, facilitando sua recuperação (Germano et
al., 2003). O gênero Pleurotus compreende um grupo de cogumelos comestíveis de interesse
comercial devido a seu sabor refinado, capacidade de produzir biocompostos antitumorais,
antivirais, antibióticos, anti-inflamatórios, antioxidantes entre outros. O cultivo deste fungo vem
crescendo devido principalmente a menor complexidade das técnicas de cultivo, e sua
capacidade de adaptar-se a diferentes meios de crescimento, graças a sua capacidade em produzir
uma grande variedade de enzimas (Campos et al., 2010; Lechner e Albertó, 2011). Porém, há
carência de estudos reportando a purificação de proteases produzidas por P. albidus encontrados
na Amazônia. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da massa molar do PEG
(MMPEG), concentração do PEG (CPEG) e concentração de fosfato (CFOSF) no rendimento e
na purificação de protease produzida por P. albidus DPUA 1692.
Material e Métodos
Culturas viáveis e puras de P. albidus reativadas em ágar batata dextrose + extrato de levedura
0,5% (p/v) foram usadas neste trabalho. Para o bioprocesso foram utilizados frascos Erlenmeyer
(125 mL) nos quais foram adicionados 50 mL de meio de cultivo GYP que foram esterilizados
por 15 minutos. Em seguida foram adicionados ao meio de cultivo discos miceliais de 5 mm de
P. albidus e a fermentação submersa foi conduzida durante cinco dias, a 30 °C em agitador
356
orbital a 150 rpm. Posteriormente os extratos foram filtrados em papel de filtro comum. O
filtrado foi submetido ao processo de extração líquido-líquido utilizando o sistema de duas fases
aquosas (SDFA) que foi preparado utilizando solução de polietilenoglicol de diferentes pesos
moleculares (550, 4000 e 6000), a 50%, solução de Sais de Fosfato de 40 % e extrato enzimático,
constituindo uma massa total de 3 gramas. Em tubos cônicos graduados (15 mL), quantidades
necessárias de PEG e de sal foram misturadas para a manutenção do pH 5,8 e, em seguida, o
conteúdo destes tubos foi agitado em vortex, adicionando-se em seguida o extrato enzimático.
Após agitação em vortex, os SDFA permaneceram em repouso até separação das fases.
Posteriormente os volumes das fases foram medidos, as fases foram coletadas e analisadas
quanto à concentração de proteínas totais utilizando-se o Kit Comercial Doles, Brasil. A
atividade proteolítica foi determinada de acordo com a metodologia descrita por Leighton et al.
(1973) que utiliza azocaseína a 1% (p/v) como substrato enzimático. Uma unidade de atividade
proteolítica foi definida como a quantidade de enzima capaz de produzir um aumento na
absorbância de 0,1 em 1 hora e expressa em U/mL. Para avaliação da purificação pelo SDFA
foram avaliados os parâmetros (rendimento e fator de purificação).
Resultados e Discussão
Para avaliação da purificação das proteínas pelo sistema de duas fases aquosas foram analisadas
as respostas, rendimento e fator de purificação. Para o sistema composto por 550 g mol-
1
(MMPEG), 16,7 % (CPEG) e 14,8 % (CFOSF) não foram observados valores de rendimento
extrativo e de fator de purificação. Com a utilização de PEG com massa molecular de 500 g mol-
1 foram observados apenas valores intermediários de rendimento e de fator de purificação. Em
relação ao rendimento extrativo os três maiores valores deste parâmetro (62,08; 69,15 e 78,57)
foram observados quando foram empregadas concentrações de 19, 7 % (PEG) e 17,7 % (sais de
fosfato), independementemente da massa molar de PEG utilizada no sistema. Os resultados
obtidos neste estudo variaram de 3,93 % a 78,57 %. Os menores de rendimento foram
-1
observados quando foram empregadas 6000 g mol (MMPEG), 11,8 % (CPEG) e 9,8 %
(CFOSF). Os maiores rendimentos (78,57%) observados para P. albidus obtidos foram
verificados quando utilizou-se 6000 g mol-1(MMPEG), 19,7 % (CPEG) e 17,7 % (CFOSF). Em
relação ao fator de purificação verificou-se que o maior (1,65) e o menor valor (0,08) do fator de
357
purificação foram obtidos com a utilização de 6000 g mol-1(MMPEG). O menor valor para este
parâmetro foi observado com MMPEG (6000 g mol -1), CPEG (11,8 %), CFOSF (9,8 %), ao
passo que o maior valor do fator de purificação foi encontrado quando foram utilizados MMPEG
(6000 g mol -1), CPEG (19,7 %) e CFOSF (17,7 %). Houve incremento deste parâmetro com a
elevação de (CPEG) e de (CFOSF).
O rendimento indica quanto (em %) da proteína de interesse ativa presente no material de partida
foi recuperado ao final da purificação. Em relação a este parâmetro verificou-se que CPEG e
CFOSF exerceram efeitos positivos, isso significa que o aumento de CPEG e CFOSF favoreceu
o incremento deste parâmetro. Porém, a elevação da MMPEG não influenciou positivamente no
rendimento extrativo das proteases excretadas por P. albidus. Este resultado difere daqueles
obtidos por Ratanapongleka (2010) que ao utilizar PEG de baixas massas molares observaram
elevação de 80 % no rendimento de lacases extraídas de Agaricusbisporus. Além disso, os
resultados obtidos neste estudo são inferiores aos encontrados por Cavalcanti et al. (2008) que
reportaram rendimentos de 168 % na extração de fosfolipase C utilizando SDFA composto por
PEG/ fosfato. Segundo Mayerhoffet al. (2004) altos valores na recuperação dessas biomoléculas
podem ser explicadas pela diminuição na concentração de inibidores enzimáticos e ativação da
enzima pela interação com os componentes do sistema que podem favorecer a atividade
enzimática. Quanto ao fator de purificação verificou-se influência positiva com a elevação dos
parâmetros MMPEG, CPEG, CFOSF. Estes resultados corroboram com aqueles obtidos por
Kirsch et al., 2012 que verificaram interação significativa e positiva entre MMPEG, CPEG e
CFOSF, indicando que aumento simultâneo destas três variáveis contribuíram para melhorar o
fator de purificação de proteases excretadas por Lentinus citrinus.
Conclusão
O sistema de duas fases aquosas de PEG / fosfato aquosa revelou baixa eficiência na purificação
total de proteases a partir de P. albidus, embora represente uma ferramenta simples,
economicamente viável e promissora para uso nas etapas iniciais de processos de purificação
enzimática.
Agradecimentos
358
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e a Capes (Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior) pelo suporte financeiro.
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Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Introdução
361
presentes no substrato em moléculas simples e solúveis, que são posteriormente
utilizadas por enzimas intracelulares pelo cogumelo (Iketani et al., 2013). A produção
de enzimas vem ganhando espaço no mercado por serem relativamente fáceis de
produzir em larga escala, eficientes e exigirem investimentos de baixo custo. Ocupam
um importante papel em diversos segmentos industriais, como fábricas têxteis,
farmacêuticas, de detergentes, de alimentos e bebidas, processos de recuperação de
prata, entre outros (Abhijit, 2012). Dentre os bioprocessos empregados na produção de
enzimas, a fermentação submersa e a fermentação semi-sólida têm sido amplamente
utilizadas (Sankaralingam et al., 2012). A fermentação submersa, por ser realizada em
meio nutriente liquido, tem a facilidade de crescimento dos micro-organismos em
condições controladas de pH e temperatura (Anbu, 2008). Já a fermentação semi-sólida,
o meio de cultura é composto por substratos sólidos e apresenta pouca disponibilidade
de água, o que faz com que essa condição de crescimento tente se aproximar do habitat
natural do cogumelo (Fonseca et al., 2014). Deste modo, o objetivo deste trabalho foi
avaliar a produção de enzimas (amilase, celulase, lípase e protease) pelos cogumelos
comestíveis Auricularia mixotricha e Pleurotus albidus por fermentação submersa e
fermentação semi-sólida.
Material e métodos
362
(protease) e ágar lipase. Todos os testes foram realizados em triplicata. As placas foram
mantidas a 25 °C durante 18 horas. Para evidenciar a atividade de amilase, foi utilizado
vapor de iodo sublimado como revelador. Para evidenciar o halo de celulase, foi
utilizada solução de vermelho Congo a 0,1% e NaCl 1M. A atividade das enzimas foi
determinada medindo-se o diâmetro do halo formado, em milímetros. Para a
determinação quantitativa da atividade de proteases, utilizou-se 150 µL do extrato e 250
µL de azocaseina 1% em tampão Tris-HCl, pH 7,2, realizando-se a leitura a 440nm.
Uma unidade de atividade proteolítica foi definida como a quantidade de enzimas capaz
de produzir um aumento na absorbância de 0,01 em 1 hora. Todos os experimentos
foram realizados em triplicata.
Resultados
363
Discussão
Conclusão
364
Referências
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365
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
Programa de Pós Graduação em Biotecnologia – UFAM, Manaus – AM. 2 Coleção de Culturas
DPUA – UFAM, Manaus - AM. 3 Programa de Pós Graduação em Diversidade Biológica –
UFAM, Manaus – AM. Emails: [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
Resumo
Os cogumelos comestíveis são importantes veículos de nutrientes e além de suas
características nutritivas excretam diversos biocompostos de interesse industrial. Podem
ser produzidos nos mais diversos substratos, inclusive em resíduos agroindustriais. O
objetivo do trabalho foi avaliar a produção de proteases por três diferentes
biocompósitos originados da miceliação de cogumelos comestíveis na casca de abacaxi,
um resíduo abundante na cidade de Manaus. O biocompósito foi obtido através de
fermentação submersa, conduzida a 25 °C até completa miceliação do substrato. Do
biocompósito, foram retirados 2g e adicionados a 20mL de água destilada esterilizada
para obtenção do extrato aquoso. A atividade proteolítica foi determinada utilizando-se
azocaseína como substrato. Os extratos exibiram excelente atividade proteolítica, com
média variando de 277 a 294 U/ml. Esses resultados mostram que os resíduos
agroindustriais são substratos em potenciais para o cultivo de cogumelos e possibilitam
a secreção de importantes metabólito secundários por esses fungos.
Introdução
Cogumelos comestíveis são macrofungos extensamente cultivados ao redor do
mundo desde a antiguidade. Estes basidiomicetes são muito apreciados pelas suas
características gastronômicas e propriedades medicinais, pois possuem alto teor de
366
proteínas e fibras, baixo teor de lipídeos e ainda produzem vários metabólitos como
antimicrobianos, antioxidantes, imunoestimuladores, entre outros (FINIMUNDY et
al.,2013).
Além das características nutricionais, os cogumelos possuem um elevado
potencial produtivo, tempo de geração curto, são mais fáceis de serem trabalhados de
modo independente e crescem nos mais diversos substratos. Desta forma, a produção de
cogumelos surge como uma alternativa promissora para a reciclagem de resíduos,
diminuindo o impacto ambiental causado pelo descarte de resíduos da agricultura A
produção destes macrofungos agrega valor a partir de produtos de baixo ou nenhum
custo e permite, ainda, a utilização dos resíduos secundários gerados no processo
(Campos-Sales et al., 2011).
Estes basidiomicetes também são fontes de enzimas proteolíticas. As proteases
constituem uma classe de enzimas participantes em diversas funções fisiológicas e
importantes ferramentas tecnológicas em diversos processos, principalmente nas
indústrias de alimentos, detergentes e farmacêutica. Deste modo, as enzimas
proteolíticas representam as enzimas mais produzidas comercialmente na atualidade e
ocupam cerca de 65% das vendas mundiais de enzimas (Kumar e Takagi, 1999).
Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi investigar proteases em extrato
aquoso de biocompósito produzido a partir da miceliação de casca de abacaxi pelos
cogumelos comestíveis Pleurotus florida, Pleurotus albidus e Lentinus citrinus.
Material e métodos
Os biocompósitos utilizados nesse estudo foram elaborados a partir de
fermentação semi sólida, utilizando-se casca de abacaxi como substrato e como inóculo
discos miceliais retirados de culturas matriz dos cogumelos comestíveis Pleurotus
albidus, Pleurotus florida e Lentinus citrinus, cultivados em ágar Saboraud. De cada
cultura matriz foram retirados 20 discos miceliais e inoculados no substrato, com 70%
de umidade. A fermentação semi-sólida foi conduzida a 25 °C até completa miceliação
do substrato. O produto final foi desintegrado e desidratado a 60ºC, em estufa de
secagem com circulação de ar forçado.
Para recuperação dos extratos, os biocompósitos foram triturados em triturador
doméstico e depois de triturados, 2g do resíduo miceliado foi adicionado em 20 mL de
água destilada esterilizada, em frascos Erlenmeyer de 125 mL. Os frascos foram então
mantidos em shaker, com temperatura de 30 °C e agitação 180 rpm. Após 30 minutos os
367
extratos brutos foram recuperados por filtração em tecido de algodão e filtrado em
membrana de polietersulfônica com porosidade de 0,22µm para a posterior
determinação da atividade de proteases. O pH dos extratos foi mensurado com o auxílio
de peagâmetro.
A atividade proteolítica foi determinada utilizando-se 150 µL do extrato bruto
adicionado a 250 µL de azocaseína 1% (p/v), preparada em tampão Tris-HCl 0,1M, pH
7,2. As amostras e os brancos foram preparados em triplicata e incubados a 25 °C por 1
hora em câmara escura. A reação foi, então, interrompida com 1,2 mL de TCA [ácido
tricloroacético 10% (p/v) e em seguida centrifugada por 10 minutos a 4 °C. Do
sobrenadante foi retirado 800 µL, adicionando-se 1,4 mL de NaOH 1M. Por fim, foi
realizada a leitura em espectrofotômetro a 440 nm. Uma unidade proteolítica foi
definida como a quantidade de enzima capaz de produzir um aumento na absorbância a
440 nm de 0,1 em 1 hora. Os resultados foram submetidos à análise estatística descritiva
(média e desvio padrão).
Resultados e Discussão
As enzimas proteolíticas têm origem de diversas fontes e nos últimos anos, os
fungos se caracterizam como uma fonte muito promissora de compostos bioativos.
Diversos cogumelos comestíveis vêm sendo relatados como fonte de proteases, como a
exemplo Pleurotus eryngii (Cha et al., 2010), Pleurotus ostreatus, Grifola frondosa
(Park et al., 2007) e Pleurotus ostreatoroseus (Fonseca, 2014).
Atualmente, diversos trabalhos vêm explorando o potencial de resíduos
agroindustriais para a produção de proteases. Ravikumar et al., (2012) cultivaram
Pleurotus sajor-caju em diversos resíduos, selecionando o melhor para a produção de
proteases e Liang et al., (2006) observaram a produção destas enzimas no cultivo de
Monascus purpureus em meio composto por casca de camarão e caranguejo.
Os resultados mostram a produção de proteases em extrato aquoso extraídos dos
três diferentes compósitos formulados a partir de resíduo agroindustrial e diferentes
espécies de cogumelos comestíveis e podem ser observados na tabela 1. Em todos os
extratos recuperados dos compósitos foram determinados a atividade de proteases.
Apesar de todos os extratos terem produzido atividade enzimática bastante expressiva,
dentre os três extratos avaliados, a maior atividade proteolítica foi determinada no
extrato aquoso composto por casca de abacaxi e Lentinus citrinus (296,55 U/mL). Nos
biocompósitos formulados com Pleurotus albidus e Pleurotus flórida a atividade
368
proteolítica foi 270,44 U/mL e 280,55 U/mL, respectivamente, com diferença
significativa entre os três valores observados.
pH do extrato Atividade
Amostra aquoso proteolítica (U/mL)
369
Conclusões
A casca de abacaxi é um substrato com grande potencial para o cultivo de
cogumelos comestíveis.
O biocompósito gerado ao final deste processo pode ser utilizado como fonte de
enzimas proteolíticas derivadas de basidiomicetos.
Referências
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371
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
372
Introdução
373
neutralização de diferentes tipos de Fosfolipases A2. Seu uso seria de grande valia na
suplementação da soroterapia convencional, aliado a isso, o entendimento de sua
interação molecular com essas enzimas tão importantes torna esse inibidores possíveis
modelos para a melhor compreensão dos mecanismos de ação destas enzimas
multifuncionais. (Santos filho, 2012).
Uma vez que essas proteínas são expressas no plasma dessas serpentes, sua
obtenção a partir de material biológico torna-se dispendiosa e devido à necessidade de
um serpentário e a coleta de uma grande quantidade de sangue para a extração do
plasma. Diante dessas limitações, a expressão heteróloga se torna uma importante
metodologia para obtenção desses inibidores sem a necessidade de manipulação da
serpente. A bactéria Escherichia coli é o organismo mais utilizado na expressão
heteróloga de proteínas, pelo fato de ter um crescimento rápido, usar meio de cultura
simples e barato, além de linhagens bem caracterizadas. Porém, dependendo da fonte
nativa da proteína, a expressão pode ser obtida com outros organismos, como leveduras.
(Jonasson et al., 2002). O objetivo geral consiste em clonar e expressar um inibidor de
fosfolipase A2.
Material e Métodos
374
Tabela 1: Esquema da reação de restrição do vetor pUC57
375
Após a digestão o vetor linearizado foi purificado a partir do gel de agarose a 1%
utilizando o kit Illustra GFX PCR DNA and Gel Band Purification Kit (GE
Healthcare).
Após a purificação foi feita a ligação do inserto ao vetor segundo o esquema de
reação abaixo (Tabela 3) a 16ºC durante a noite.
376
Figura 1: Mapa do Vetor pGSPLI – PLI: gene codificador do inibidor de fosfolipase
A2; AmpR: gene de resistência à ampicilina; ori: origem de replicação; múltiplo sitio de
clonagem (MCS).
377
Análise da proteína recombinante em gel de SDS-PAGE
Resultados e Discussão
M 2 3 4
O vetor pUC57 com o inserto PLI também foi digerido com as mesmas enzimas,
como demonstra a Figura 3.
378
Figura 3: Digestão do vetor PUC57 – com EcoRI e NotI, liberando o inserto PLI com
aproximadamente 600pb (detalhe em vermelho). No poço M, o marcador, e de 1 a 3 os
plasmídeos digeridos.
1 2 3 4 5 6 7 8
M1 2 3 4 5 6 7 8
Figura 4: Análise de restrição com as enzimas EcoRI e NotI dos clones transformantes -
Na parte de cima o resultado da extração do gel (plasmídeos de 1 a 8) e na parte de
baixo, a confirmação por digestão, mostrando a liberação do inserto em torno de 500pb,
confirmando com a presença do marcador de peso molecular no primeiro poço.
379
proteína heteróloga na fração insolúvel no tamanho esperado de aproximadamente
20kDa.
M BSA 1 2 3 4 5 6
50
28
20
17
Figura 5: Gel SDS- PAGE mostrando as proteínas insolúveis extraídas e a banda mais
porte, em torno de 20 kDA, o iPLA2. O primeiro poço é o marcador, seguido do
controle positivo BSA, e os poços 1 a 6 são as amostras insolúveis.
Conclusão
380
Referências
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381
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Banhos E.F.1, Souza A.Q.L. 2, Lima G.A.1, Souza A.F.1, Souza A.D.L.2.
1
Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia (Bionorte), Universidade Federal
do Amazonas – UFAM. 2Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus, AM
Resumo
Introdução
382
média na Europa, passando pela fabricação de pães e queijos na atualidade, até a produção
de compostos bioativos através de sua capacidade metabólica, como por exemplo, a
produção de antibióticos como a penicilina e ácidos (Borzani et al., 2001).
O gênero Pestalotiopsis pertence à ordem Melaconiales, família Amphisphariaceae
caracteriza-se pela presença de conidióforo dentro do corpo de frutificação denominado
acérvulo. Os conídios apresentam cinco células, sendo três medianas de coloração marrom
e duas células hialinas (apical e basal), com dois ou mais apêndices apicais. (Jeewon et al.,
2002).
No Brasil o gênero tem sido encontrado associado a espécies tropicais, este fato
demonstra a capacidade de adaptação e a importância ecológica do gênero (Hanada et al.,
2010). Os endofíticos pertencentes ao gênero Pestalotiopsis tem demonstrado um grande
potencial biotecnológico, sobretudo para a indústria farmacêutica, tanto da obtenção de
compostos antimicrobianos, isolando antifúngico como o de P. adusta, quanto na obtenção
de compostos com atividade citotóxica frente a células tumorais humanas, como isolados
de P. photiniae (Che et al., 2009).
Esse gênero tem sido isolado como endofítico de diversas plantas tropicais e tem
sido utilizado também como organismo modelo em diversos estudos de pesquisa básica e
aplicada (Hanada et al., 2010; Strobel et al., 1996). A diversidade de compostos isolados
produzidos por fungos desse gênero demonstra como esse gênero é rico do ponto de vista
de seu metabolismo secundário, o que o coloca como uma fonte de recursos naturais
importantes para estudos relacionadas a busca de novos fármacos. Neste trabalho avaliou-
se a atividade anticandida dos extratos obtidos de linhagens de Pestalotiopsis associadas a
espécies vegetais Amazônicas.
Material e Métodos
383
conforme descrito a seguir: AcOEt 100%, por 3 vezes, para o meio de líquido fermentado,
e o micélio foi macerado em MeOH:AcOEt (1:1) por 48h e depois filtrado, por 3 vezes.
Todas as amostras foram secas em rotaevaporador e pesados. Todos os 48 extratos obtidos
foram avaliados quanto a atividade anticandida, e para isso foi utilizada uma estirpe de
Candida albicans, cedida pela coleção de microrganismos patogênicos da Fiocruz – AM
código CFAM-1342, os testes foram determinados pelo método de diluições sucessivas em
caldo, conforme recomendado pelo Subcommitte on Antifungal Susceptibility Testing do
US National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 1997).
O bioensaio foi realizado em placas de 96 poços com 100µL de caldo saboraud
dobrado, 100µL de solução dos extratos teste (2.0 mg.mL-1), e 10 µL de suspensão fúngica
com 1.0x107 UFC.mL-1, seguido por incubação a 37°C (24h) em triplicatas. Para solução
dos extratos teste, estes foram dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO) a uma
concentração de 10% completado o volume final (90%) com água destilada autoclavada.
A bioatividade foi registrada como ausência de coloração nos poços depois da
adição de 10µL de revelador azul de nitrotetrazólio (NBT). Nistatina (2,0mg.mL-1) foi
usado como controle positivo e cultivo em meio saboraud, sem aditivos, foi usado como
controle negativo.
Resultados e Discussão
384
De forma geral, os trabalhos com esse gênero têm demonstrado que uma boa
seleção do hospedeiro para o isolamento de linhagens desse gênero é fundamental para a
obtenção de linhagens com potencial biotecnológico (Strobel et al., 1996).
Dentre os resultados obtidos também chama atenção o modo de cultivo, pois das dez
linhagens que apresentaram resultado positivo frente a C. albicans oito foram cultivadas
sob agitação (P10, P11, P12, P46, P31, P19, P23 e P31) e apenas duas em modo estático
(P40 e P47). Essa informação demonstra que a aeração deve ser um fator a ser levado em
consideração quando se busca compostos bioativos obtidos dessas linhagens.
Dentre as linhagens que apresentaram resultados positivos duas (P11 e P12) foram
isoladas da casca do caule de Rollinia sp, um gênero de anonácea bem conhecida na região
Amazônica. Outras duas linhagens (P19 e P47) foram isoladas das raízes da Euterpe
oleracea, a espécie conhecida popularmente como açaizeiro. Também apresentaram
resultados positivos linhagens de Pestalotiopsis isoladas do caule de Myrcia guianensis
(P23), uma Myrtaceae bem distribuída na região amazônica, conhecida popularmente
como pedra-ume-caá ou vassourinha. Duas linhagens foram isoladas de Basidiomicetes
(P31 e P33).
Os trabalhos de isolamento de compostos de Pestalotiopsis, nos diferentes meios de
cultivo, tem mostrado que o meio líquido fermentado é a fonte mais rica de moléculas
bioativas quando comparada com os extratos do micélio (Che et al., 2009). Contudo em
trabalho realizado por Wray et al., (2011) foi possível o isolamento de Pestalotiopsonas,
uma cromona presente no micélio de Pestalotiopsis sp, sendo que uma de suas isoformas
mostrou citotoxidade moderada, indicando que o extrato do micélio também deve ser
investigado quando se busca compostos bioativos de fungos desse gênero.
Das espécies que apresentaram atividade biológica podemos destacar a espécie P.
microspora, comumente descrita como endófito de uma variedade de espécies vegetais,
tanto plantas de clima tropical quanto temperado, bastante versátil do ponto de vista
metabólico, produzindo compostos bioativos como o taxol, ácido torreiânico, ácido
ambuíco entre outros (Strobel, 1996, Lee et al., 1996; Li et al., 2001).
A linhagem P40 foi isolada das folhas de uma espécie de Gustavia elliptica, além e
uma linhagem isolada dos espinhos de Pinus elliottii (P10). Das dez linhagens que
apresentaram resultado positivo frente a C. albicans oito foram cultivadas sob agitação, em
incubadora B.O.D. (P10, P11, P12, P46, P31, P19, P23 e P31) e apenas duas em modo
estático (P40 e P47).
385
Podemos destacar também os resultados de P10, identificada por biologia molecular como
P. disseminata (B5-3) que apresentou resultados positivos tanto nos extratos de seu meio
líquido fermentado quanto de seu micélio. A capacidade metabólica de fungos dessa
espécie já foi descrita anteriormente por Gloer et al., (2006), no isolamento das 6-
Hidroxipunctaporonina A e B, sesquiterpenos em que a forma B apresentou atividade
contra Staphylococcus aureus (ATCC 29213).
Conclusões
Agradecimentos
Nosso agradecimento ao apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq, a Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP e a
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, que viabilizaram a
realização desse trabalho.
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
A proposta desta pesquisa foi analisar amostras de fezes de bovinos antes de serem abatidos
no Matadouro Municipal de Parintins - AM. Foram coletadas amostras nos meses de agosto,
setembro e outubro (período seco) do ano de 2013, retiradas diretamente da ampola retal dos
animais, conservadas sob refrigeração e levadas ao laboratório de Ciências do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - Campus Parintins. As amostras
foram avaliadas quanto a presença de microrganismos como bactérias, hifas e leveduras, além
de formas evolutivas de protozoários e helmintos, endoparasitas responsáveis pela ocorrência
de verminoses no rebanho, sendo comum nas análises a presença de bactérias e fungos, assim
como cistos de protozoários. Somente no mês de outubro foram encontrados ovos de
helmintos nas amostras, este período é caracterizado pelo início da transição entre período de
cheia das águas e o período seco.
Introdução
389
Neste contexto, a cidade de Parintins, situada a aproximadamente 400 km2 da capital
Manaus – AM, com 102.033 habitantes (IBGE, 2012) detém a segunda maior economia do
estado, sendo a pecuária a atividade de maior importância no setor primário contando com um
rebanho efetivo de 147.382 (Neto, 2012), sua produção é destinada para o consumo local e o
excedente é exportado para outros municípios, porém pouco se conhece sobre as
características epidemiológicas das principais parasitoses, tão necessárias para um controle
sanitário adequado.
Diante do exposto, realizou-se a análise de fezes de bovinos abatidos no Matadouro do
Município para observar a presença de formas evolutivas de endoparasitas que poderiam
acometer esses animais e comprometer sua comercialização.
Material e métodos
390
Após a análise das amostras, as formas evolutivas encontradas foram fotografadas e
comparadas morfologicamente com a literatura especializada (Taylor et al., 2010), para
possível identificação a nível de gênero.
Resultados e discussão
Os resultados obtidos no mês de agosto (Tabela 1), caracterizado por grande volume
de água nos rios, evidenciaram a presença de quantidade significativa de fibras normalmente
oriundas da alimentação, grânulos de gordura, células de descamação, presença de hifas e
bactérias em abundância, além de raros piócitos, células do sistema imunológico, em 40% das
amostras que também apresentaram cistos característicos de protozoários com morfologia
sugestiva de Entamoeba sp. (Figura 1).
391
No mês de setembro (Tabela 2), período em que muitas áreas ainda se encontram
alagadas, observou-se a ausência de formas evolutivas de protozoários e helmintos em todas
as amostras avaliadas, sendo frequente e em grande quantidade a presença de bactérias e
fungos.
392
Figura 02: Imagem de ovo de helminto com morfologia sugestiva de Estrongyloides sp.
O matadouro possui uma política efetiva de orientação aos produtores rurais quanto a
vermifugação dos animais, assim como disponibiliza informações sobre o calendário de
vacinas nacional, para que se obtenha um padrão de qualidade da carne comercializada no
município.
Em todas as análises foi observada uma flora bacteriana abundante, o que se deve ao
processo de digestão dos ruminantes, onde é comum a presença de bactérias no líquido
ruminal, no intestino e massa fecal (Pimentel, 2002). Nessas amostras observou-se também
numerosas hifas que acabam sendo liberadas nas fezes, pois segundo Fondevila (1998) a
presença de fungos favorece a ruptura das partículas de forragens, aumentando também a
superfície acessível para a ação das bactérias.
A presença de microrganismos no sistema ruminal contribui para o bom desempenho do
processo de digestão, Fondevila (1998) também já descrevia a importância da função de cada
um, e sua capacidade de degradar polissacarídeos estruturais, processo que dependerá de
fatores ecológicos, como sua abundancia no rúmen, sua relação com outras espécies
microbianas, fatores relacionados com o substrato, com a estrutura anatômica e composição
química das forragens e as condições ambientais para a fermentação.
O período de maior contaminação, principalmente por ovos característicos de helmintos
foi o mês de outubro, período de vazante dos rios, onde a contaminação das águas está mais
concentrada refletindo no em um aumento de ocorrência de verminoses (Neto, 2012).
Através do exame parasitológico de fezes pode-se obter um indicativo do estado
nutricional e imunológico dos animais, pois a presença de parasitas estava normalmente
associada a ocorrência de muco, diarreia e sangue nas fezes, indicativo de infecção e de maior
risco de contaminação de outros animais e do próprio homem. O consumo de carne e vísceras
393
mal cozidas contaminadas por formas evolutivas de parasitas pode significar um sério risco
saúde humana (Monteiro, 2010).
Apesar de o matadouro municipal ter uma política de orientação, não existe uma
cobrança efetiva acerca dos procedimentos praticados pelos produtores que acaba por
contribuir para a ocorrência de animais contaminados.
Conclusões
Referências
Embrapa (2006). Informação técnica: Francelino Goulart da Silva Netto, Méd. Vet.,M.Sc.,
Porto Velho, RO, outubro, 2006.
394
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395
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Couto F.M.M.1, Andrade S.L.2, Buonafina M.D.S.1, Leal A.F.G.1, Magalhães O.M.C.1,
Vasconcelos F.M.T.S.1, Santos F.A.G. 1, Neves R.P. 1.
1
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, 2Universidade do Estado do Amazonas – UEA,
Manaus, AM. Email: [email protected]
Resumo
Candidemia é a infecção da corrente sanguínea causada por leveduras do gênero
Candida. A capacidade de Candida em aderir às células hospedeiras, infectar e causar doença é
dita como potencial fenômeno de virulência sendo aderência, o evento inicial na patogênese,
assim como formação de biofilmes, que podem provocar resistência terapêutica. Neste estudo
foram avaliados pacientes em setores de cuidados intensivos quanto a ocorrência de candidemia
e cepas de Candida foram testadas quanto à capacidade de adesão e formação de biofilme.
Foram obtidos 11 isolados de Candida distribuídos entre as espécies C. albicans, C.
parapsilosis, C. guilliermondii e C. tropicalis. Todas apresentaram capacidade de aderir-se com
intensidades forte e fraca, formando biofilmes de moderado a fraco. Pode-se ressaltar que a
epidemiologia fornece relevantes informações sobre incidência de agentes etiológicos.
Outrossim, testes de virulência como aderência e formação de biofilme, proporciona o
conhecimento do grau patogênico do agente infeccioso e condução de uma terapêutica
direcionada.
Palavras-chaves: Candida, Candidemia, Aderência, Biofilme
Introdução
O número de casos de infecções fúngicas invasivas tem aumentado
substancialmente na América Latina e no mundo, estando esse elevado número
relacionado a fatores que tornam os pacientes susceptíveis a tais infecções, destacando-
se as causadas por leveduras (Garnacho-Montero et al., 2012).
A severidade da doença de base comumente conduz à internação em Unidades
de Terapia Intensiva (UTI) por vezes associado a um tempo prolongado, bem como uso
de procedimentos invasivos. Neste sentido, as leveduroses assumem um papel de
destaque como causa de infecções endógenas e exógenas por consequência da
396
diminuição na imunidade humoral e celular, exposição a procedimentos invasivos que
medeiam a quebra das barreiras de defesas naturais, antibioticoterapia de amplo
espectro, uso de imunossupressores, tempo prolongado de permanência hospitalar e
outras condições que favorecem essas micoses (Monteiro et al., 2011).
Nas leveduroses, espécies de Candida são predominantes tendo atualmente
conduzido a diversos quadros clínicos, desde superficiais a invasivos, a exemplo das
infecções da corrente sanguínea, sendo causa de morbidade e em muitos casos,
mortalidade Garnacho-Montero et al., 2012; Ye et al., 2013).
A capacidade destas leveduras, agentes etiológicos de candidemia, em se aderir
às células do hospedeiro, infectar e causar doença é definida como potencial de
virulência, sendo o evento inicial na patogênese destas infecções. Outra condição que
facilita o estabelecimento de infecções invasivas é a formação de biofilmes, os quais são
agregados celulares embebidos por uma matriz polimérica extracelular que confere
elevada resistência terapêutica (Lacaz et al., 2002).
Este estudo fundamenta-se em pesquisas que busquem indicar a epidemiologia
para casos de candidemia em UTIs e fatores de virulência relacionados.
Material e Métodos
Coleta de amostras clínicas e obtenção dos isolados de Candida spp.
Coletas foram realizadas em pacientes internados em UTI de Hospitais do
Recife-PE após aprovação pelo comitê de ética da UFPE. Amostras de sangue venoso
foram coletadas, por punção e adicionadas em tubos contendo meio Brain Heart
Infusion (BHI) para diagnóstico laboratorial micológico. Estes foram acondicionados
por 72 horas a 37ºC e após turvação, alíquotas foram transferidas para placas contendo
meio Sabouraud Dextrose Ágar (DIFCO) e mantidas em até 15 dias.
Após o surgimento das colônias estas foram identificadas através da taxonomia
clássica e confirmadas pelo método automatizado, baseados nas características
morfofisiológicas (Barnett, 2000).
397
Sabouraud com de 0,5% extrato de levedura. Após 72h, as leveduras foram suspensas
em 2ml de PBS contidos em tubos, centrifugadas três vezes a 1.580 rpm por 10 minutos
e re-suspendidas para uma concentração final de 2 x 107cels/mL. As células de
leveduras e as epiteliais foram homogeneizadas e agitadas durante duas horas.
Posteriormente, foram montadas lâminas com azul de metileno e realizada a
microscopia. Os resultados foram expressos pela média aritmética e de acordo com a
quantidade de leveduras aderidas foram interpretados como forte aderência (F), fraca
aderência (f) e sem aderência visível (0).
A avaliação da capacidade de formação de biofilme foi realizada com uma
suspensão salina dos isolados de Candida com concentração final de 106 UFC/mL. 20µl
foram inoculados em 180µl de ágar Sabouraud líquido contido em microplacas,
mantidas a 35ºC por 24h. O conteúdo foi aspirado e os poços lavados com água
destilada, colocando safranina para avaliação de acordo com a intensidade da coloração,
interpretando como fraca coloração (1+); coloração mediana (2+ e 3+) e fortemente
corados (4+), representados como fraca, mediana e forte formação de biofilme.
Resultados
Foram acompanhados 1.462 pacientes internados nas UTIs dos hospitais
públicos Agamenon Magalhães e Getúlio Vargas, ambos localizados na cidade do
Recife, PE. Destes, foram obtidas 1.275 amostras de sangue, das quais o diagnóstico de
candidemia foi conclusivo em 11 casos.
Com base na avaliação clínica, todos pacientes com suspeita de candidemia
apresentaram estados febris. Vômitos, diarréia e problemas respiratórios também foram
sintomas diagnosticados em nossa pesquisa.
Quanto às doenças de base dos que apresentaram a infecção, as de origem
cardiovascular, diabetes mellitus, doenças hepáticas e neoplasias até o momento foram
as mais incidentes. Entre as condições de risco associadas, as mais frequentes foram
idade avançada, uso de terapia profilática com antifúngicos, antibioticoterapia e
corticoidoterapia por longo período, nutrição parenteral e transplantes.
Nas etapas de diagnóstico laboratorial micológico foram isoladas culturas de
leveduras com coloração de branca a creme, superfície de textura lisa e bordos regulares
e irregulares.
398
O método de taxonomia clássica permitiu a identificação dos agentes etiológicos
em nível de espécie, assim como o sistema automatizado Vitek-2 (Vitek Systens Inc.,
Hazelwood, Mo, EUA).
Dos casos de candidemia diagnosticados quatro corresponderam a espécie C.
albicans, três C. parapsilosis, duas C. gilliermondii e uma C. tropicalis (Tabela 1). Os
11 isolados de Candida foram analisados quanto a capacidade de aderência às células
epiteliais, importante evento caracterizado como inicial para determinar a
patogenicidade das cepas, sendo demonstrado de forma diversificada nesta pesquisa.
A B
399
albicans (12199) e uma de C. guiliermondii (772) foram destaques com maiores
capacidades de adesão e formação de biofilme, ou seja, maior grau de virulência.
2+ 3+
1+
Discussão
Durante as duas últimas décadas, tem ocorrido mudança no perfil
epidemiológico das espécies de Candida isoladas em UTI. Recentemente, uma
proporção crescente de episódios de candidemia tem sido causada por espécies de
Candida não albicans, dado este que reflete em uma mudança epidemiológica
importante (Chow et al., 2008). Contudo, C. albicans continua a ser a espécie
predominante na maioria dos países (Calandra e Marchetti, 2002) isolada em infecções
invasivas de diferentes sítios anatômicos (Leroy et al., 2009), estando também, esse
dado, verificado em nossa pesquisa.
Com base no diagnóstico clínico, este é inespecífico sendo a febre o sinal mais
comum, o que torna o diagnóstico de candidemia um desafio (Couto et al., 2011).
Frequentes estudos tem demonstrado importância em se investigar fatores de
virulência de agentes patogênicos, sobretudo as leveduras do gênero Candida
responsáveis por candidemia, para estabelecer estratégias de prevenção, controle e
tratamento eficaz. Resultados obtidos por Tamura et al. (2007), também inferiram alto
poder de aderência para isolados de C. albicans, conforme nossos resultados. Segundo
os autores é consenso que a maior parte das candidemias seja precedida pelo evento de
colonização do próprio paciente pela mesma espécie de levedura responsável pela
infecção.
Biofilmes de Candida são difíceis de erradicar, especialmente devido a sua alta
resistência a alguns antifúngicos. Consequentemente, investigações sobre a
400
patogenicidade de Candida têm sido foco na prevenção e gestão de desenvolvimento de
biofilme, sua arquitetura, e resistência (Seneviratne et al., 2008). Kuhn et al. (2002), ao
comparar os biofilmes formados por diferentes espécies de Candida, observaram que C.
albicans produziu biofilmes mais fortes que as espécies de Candida não albicans.
Contudo, conforme nossos achados, outros autores relatam que isolados de Candida
oriundos de sangue apresentam, normalmente, biofilmes mais fracos.
Neste estudo foi observado que duas cepas se destacaram quanto a capacidade
de melhor aderir-se e formar biofilme. Estes isolados podem possuir uma melhor
capacidade de infecção assim como, possuir maior barreira e resistência às terapias
antifúngicas devido a estes fatores. Podemos ainda salientar que todos os isolados
capazes de realizar adesão às células epiteliais também apresentaram capacidade de
formar biofilmes, podendo estas condições estarem correlacionadas, contudo, outros
estudos precisam ser realizados para consolidar estas afirmações.
Conclusões
Espécies de C. albicans continuam a ser predominantes para casos de
candidemia, contudo espécies não albicans, como C. parapsilosis tem também
predominado.
Fatores de virulência como aderência a células epiteliais e formação de biofilme
são de suma importância para avaliar o poder patogênico do agente no curso da infecção
e conduzir a uma terapêutica melhor direcionada.
Agradecimentos
Os autores agradecem à CAPES, FACEPE, PROPESQ/UFPE pelo fomento
necessário à realização das etapas inerentes a esta pesquisa.
Referências
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402
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.;Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Cunha G.S.1, Pimenta L.A.1, Oliveira A.D.1, Pio C.H.S.2, Andrade S.L.1.
1
Universidade do Estado do Amazonas (ESA/UEA), 2Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ)
Emails: [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected]
Introdução
Fungemia é a infecção da corrente sanguínea por fungos (Arendrup et al., 2011).
É um tipo de sepse, principal causa de óbito em pacientes internados em Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) (Chen et al., 2013). Os mesmos são submetidos a múltiplas
condições de risco, como exposição a procedimentos invasivos (Colombo e Guimarães
2003), além da morbidade intrínseca à doença de base.
Outros fatores de risco para a fungemia na população em geral são
frequentemente observados em pacientes de UTI, como a imunossupressão, o uso de
cateter venoso central, nutrição parenteral total, hemodiálise, ventilação mecânica e
múltiplas transfusões de sangue ou hemoderivados ( Garey et al. 2006).
A incidência de fungemia entre o fim do século XIX e início do século XX
apresentou aumento de 207% (Giri e Kindo 2012), tornando-se a quarta causa mais
comum de infecções em corrente sanguínea, com índice de mortalidade situado entre 40
e 60%. No Brasil, a incidência é de 2,49 casos para cada 1000 admissões em hospital,
média maior que a obtida nos EUA (0,5 casos para cada 1000 admissões) (Arendrup et
al. 2011).
Há maior acometimento de homens (56%), com idade média de 51 anos entre os
adultos, sendo 32% dos pacientes crianças, das quais 21% são menores de um ano
(Chen et al., 2013). O gênero Candida é o responsável por 80% dos casos de fungemia
(Colombo e Guimarães 2003), com índice de mortalidade podendo chegar a 85.9% em
pacientes de UTI (Chen et al., 2013). Essa elevada taxa de mortalidade é correlacionada
principalmente com a terapia antifúngica tardia (Sardi et al. 2013). Dentre as espécies
mais comuns, C. albicans (40,9%) é a mais prevalente (Montagna et al. 2014).
403
Material e métodos
No presente estudo foram analisados os dados clínicos obtidos a partir da
avaliação de prontuários eletrônicos do sistema iDoctor de 50 pacientes internados na
Unidade de Terapia Intensiva da Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ). No período
de cinco meses, compreendido entre março e julho de 2014, foram selecionados
somente aqueles pacientes que possuíam diagnóstico ou suspeita clínica de septicemia,
independente de seu tempo de internação hospitalar, e para os quais havia sido
solicitada a realização de uma hemocultura pelos médicos responsáveis pelos casos.
Os resultados das culturas foram acompanhados através dos laudos liberados
pelo laboratório de análises clínicas da instituição, posteriormente adicionados aos
prontuários pelos profissionais locais. No laboratório era realizada a rotina própria do
hospital de isolamento em meio ágar-sangue.
Todos os pacientes incluídos na pesquisa assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), concordando em participar do estudo e sendo informados
sobre o que seria coletado de informações pessoais, tendo garantido seu sigilo.
Foram analisados alguns dos dados relevantes para o desenvolvimento de
fungemia, como sexo; raça; faixa etária; doenças de base; utilização de medicações
prévias, como corticoide, antibióticos e antifúngicos, além de outros medicamentos com
efeito imunossupressor; realização de cirurgias e utilização de materiais de
procedimento invasivos, como cateteres, sondas, nutrição parenteral e ventilação
mecânica.
Resultados e discussão
404
aspirativa (três casos), câncer (19 casos), dos quais sete eram hepáticos, nove gástricos,
um de vesícula biliar e dois de próstata.
Observou-se ainda presença Diabetes Mellitus tipo 2 - DM2 - em 14 dos
pacientes estudados, nunca de forma isolada como causa da internação, mas sempre
concomitante à condição de base do paciente. Destes, cinco eram portadores de LES,
seis de hepatite crônica, um de ICC, um de câncer hepático e um de câncer de próstata.
Quanto ao uso cateter venoso central, 30% dos pacientes o utilizaram e, 100%,
acesso venoso periférico. Aproximadamente 40% utilizaram sonda vesical e 48%, sonda
nasogástrica. 42% utilizaram corticoides (CEs) e 88%, antibióticos. Há registro de
apenas quatro pacientes em uso de antifúngico: um deles utilizou Fluconazol, devido a
um exame de escarro que evidenciou esporos e leveduras. Os demais usaram Miconazol
em creme para micoses superficiais.
Todos os dados obtidos foram compatíveis com a literatura, que aponta idade
média de 51 anos ( Chen et al. 2013, Giri e Kindo 2012), próxima da encontrada nesta
pesquisa, de 55 anos. Estudos como o de Montagna et al. (2014), mostram maior
incidência no sexo masculino (56%), corroborando nossos achados (Figura 1).
405
(Chen et al. 2013, Garey et al. 2006). A cirurgia abdominal é também relevante fator de
risco, principalmente se complicada ou repetida (Arendrup et al. 2011, Ye et al. 2013).
Isso foi observado no único caso de perfuração intestinal que apresentou deiscência de
suturas e precisou de reoperação de urgência, sendo estes procedimentos feitos em
tecidos altamente contaminados (Figura 2).
406
Figura 3. Procedimentos invasivos
Conclusão
Referências
ajustar as referências
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of patients with candidemia. Zhonghua Yi Xue Za Zhi. 2013 volume número e páginas?
Agradecimentos
Agradecemos à agência de fomento FAPEAM (Fundação de Amparo à Pesquisa no
Amazonas).
408
Oliveira, L.A.; Fernandes, O.C.; Jesus, M.A.; Bentes, J.L.S.;
Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
Resumo
Introdução
409
distribuídos nos cinco continentes (África, América, Ásia, Europa e Oceania), com
registro anual de 1 a 1,5 milhões de casos (Alvar, 2012; Brasil, 2010).
Material e Métodos
410
com aplicações parenterais com Glucantime® (controle positivo) e grupo sem
tratamento (controle negativo). As formulações foram aplicadas uma vez ao dia, 50
mg/aplicação/animal, na área e proximidades da lesão. A área total das lesões foi aferida
diariamente com um paquímetro e o aspecto morfológico foi fotodocumentado.
Estatística - As médias dos volumes das lesões foram analisados por ANOVA e
teste Tukey, a partir do programa GraphPadPrism versão 6. Foram considerados
significativos os valores com p < 0,05.
Resultados e Discussão
411
Segundo Suman e Nichi (2011), através dos modelos animais é possível analisar
a atividade de drogas em relação à absorção, distribuição, metabolismo e excreção e
para dar uma indicação inicial da toxicidade, embora nenhum reproduza com precisão o
que acontece nos humanos.
Após os vinte e cinco dias de tratamento foi possível avaliar o aspecto
(macroscópico) clínico das lesões dos hamsters de todos os grupos, e determinar uma
comparação entre eles. Todos os animais apresentaram lesão de forma nodular bem
desenvolvida, diferentemente das lesões de animais que são infectados com o parasita
Leishmania braziliensis, com lesões de aspecto nodulares pequenos e pouco aparentes,
compatíveis para início do tratamento (Lainson, 2010).
O grupo EMX 1 durante e após o tratamento desenvolveram uma crosta na área
da lesão e não foi observada uma redução da lesão como se esperava. Os animais do
grupo EMX 2 durante e após o tratamento desenvolveram na lesão uma úlcera de
tamanho relativamente pequeno. Os animais dos grupos EMX 3 e Controle positivo
durante e após o tratamento apresentaram lesões nodulares, mas não obteve-se uma
redução considerável das lesões nos animais, já que o medicamento utilizado no grupo
controle é o mesmo preconizado pelo Ministério da Saúde para o tratamento para
Leishmaniose (Brasil, 2010). Acredita-se que por conta da suscetibilidade dos animais
de experimentação a desenvolver a doença, a concentração do Glucantime® utilizada
foi insuficiente, já que outros trabalhos demonstraram a necessidade de pelo menos 100
mg para a cura dos animais de experimentação (Lima, 2008; Rodrigues, 2012). Os
animais do grupo controle negativo durante e após o tratamento, as lesões se agravaram
e apresentaram características ulcerosas e com infecções secundárias (Figura 1).
Os fragmentos das lesões provenientes dos animais dos grupos que foram
semeados em meio NNN para verificação de parasitos viáveis com grau de
infectividade, todos os tubos apresentaram parasitas na forma promastigotas, com
morfologias fusiformes e viáveis, no entanto somente nos grupos EMX 2, CON+ e
CON- foram observadas rosetas nos cultivos após sete de dias de incubação.
412
Figura 1 - Evolução clínica (observação macroscópica) das lesões em focinho de
Mesocricetus auratus infectados com Leishmania (Leishmania) amazonensis em
diferentes fases do estudo de tratamento tópico. EMX1, EMX2 e EMX3 formulações
utilizadas em sigilo científico; CON+ = tratamento com Glucantime®; CON- = grupo
com ausência de tratamento.
413
Figura 2 - Evolução clínica do volume da lesão em Mesocricetus auratus infectados
com Leishmania (Leishmania) amazonensis durante o tratamento com as formulações
tópicas e Glucantime®.
Conclusões
Referências
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Andrade, S.L.; Souza, A.Q.L.; Santos, C.
Diversidade Microbiana da Amazônia 2015. Editora INPA.
1
- Pós-Graduação em Medicina Tropical - Universidade do Estado do Amazonas / Fundação de
Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Manaus, Amazonas; 2- Instituto Leônidas e
Maria Deane (ILMD), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Manaus, Amazonas; 3- Fundação
Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/INI), Rio de Janeiro, Brasil;
4
-Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas, Manaus, Amazonas; 5- Policlínica
Cardoso Fontes-Secretaria Estadual de Saúde (SUSAM), Amazonas, Brasil;
6
- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas.
E-mail: [email protected]
Resumo
A aspergilose é a mais frequente das manifestações pulmonares das micoses, o agente
causal são espécies patogênicas do gênero Aspergillus. Considerada doença oportunista,
dependendo da integridade pulmonar e da árvore tráqueo-brônquica e do estado
imunológico do hospedeiro. O Aspergillus ssp. pode comportar-se como agente
sensibilizante, colonizador ou invasor. O objetivo desta pesquisa foi descrever os casos
de aspergilose pulmonar diagnosticados na Policlínica Cardoso Fontes do Estado do
Amazonas-Brasil, e analisar seus aspectos clínicos, laboratoriais e desfecho. Foi
realizado um estudo observacional descritivo de dezembro de 2012 a novembro de
2014. Em pacientes suspeitos de tuberculose pulmonar com exame de baciloscopia
direta do escarro negativo, investigando aspergilose pulmonar. O material coletado por
escarro induzido foi submetido ao exame de microscopia direta, cultivo para fungos.
Adicionalmente, foi coletado soro para imunodiagnóstico de Aspergillus fumigatus.
Trinta e seis pacientes foram diagnosticados com aspergilose pulmonar, sendo 20 (56%)
do sexo masculino, a idade média foi de 48,6 anos. Todos pacientes tiveram tratamento
prévio para tuberculose pulmonar. Os sintomas mais comuns foram tosse (100%, n =
36) e hemoptise (80%, n = 29), 22 (61%) apresentaram aspergiloma simples, enquanto
os restantes 14 (39%) pacientes apresentaram aspergilose pulmonar cavitária crônica.
Quatorze (39%) dos pacientes referiram tabagismo, que apresentou uma associação
(p>0,01) com os pacientes que apresentaram forma mais grave. A presente pesquisa
reforça a criação de um protocolo de acompanhamento clínico e laboratorial, em
parceria com o programa de controle da tuberculose, com o objetivo de identificar a
aspergilose pulmonar crônica precocemente.
417
Introdução
418
No Brasil, dos 70.789 casos novos de TB em 2011, a estimativa anual foi de 5.663
casos de aspergilose pulmonar crônica, com a taxa de 9,6 por 100.000 habitantes, com
carga global substancialmente importante que requer uma investigação mais
aprofundada nos países com alta carga de tuberculose. Os casos de aspergilose
pulmonar crônica poderiam ser responsáveis por alguns tratamentos errôneos, como
tuberculose pulmonar com baciloscopia negativa, o que torna necessária e urgente uma
melhor investigação para diagnosticar esta micose oportunista (8).
O objetivo deste estudo foi descrever os casos de aspergilose pulmonar diagnosticados
na Policlínica Cardoso Fontes, referência Estadual em Pneumologia Sanitária no Estado
do Amazonas-Brasil e analisar seus aspectos clínicos, laboratoriais e desfecho.
Material e métodos
Declaração de ética
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de ética pesquisa da Fundação de
Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) (aprovação no 2081 em
16/12/2011). O consentimento informado foi obtido sistematicamente, todos os
participantes do estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido de
forma voluntária, após ser dada a todas as informações suficientes e necessárias. Todos
os pacientes tiveram seus dados analisados anonimamente.
Foi realizado um estudo observacional descritivo de dezembro de 2012 a
novembro de 2014.
O local do estudo foi na Policlínica Cardoso Fontes, na cidade de Manaus/AM,
que é Referência Estadual em Pneumologia Sanitária, referenciada principalmente pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), da rede Básica de Saúde, para tratamento e/ou
esclarecimento diagnóstico de pneumopatias agudas ou crônicas. Anualmente são
atendidos, em média, 8.000 pacientes nos ambulatórios da Policlínica. Este centro de
referência é responsável por 60% dos diagnósticos dos casos novos de tuberculose (TB)
em Manaus. Em 2014 a Policlínica notificou 300 casos novos de tuberculose pulmonar
com baciloscopia negativa (SINAN-AM, acesso em 15/02/2015).
Em pacientes suspeitos de tuberculose pulmonar com exame de baciloscopia
direta do escarro negativo, foi investigado aspergilose pulmonar. Os prontuários de
todos os pacientes foram revisados para coletar as características do paciente. O
material coletado por escarro induzido foi submetido ao exame de microscopia direta e
419
cultivo para fungos. Adicionalmente, foi coletado soro para imunodiagnóstico de
Aspergillus fumigatus, anti-HIV e realizada tomografia computadorizada do tórax.
O exame microscópico direto para pesquisa de fungos foi realizado na amostra
do escarro ao microscópio, entre a lâmina e a lamínula, com KOH a 10% e Tinta
Nanquim (9).
Os meios de cultivo utilizados foi Sabouraud-ágar 2% com cloranfenicol e
actidiona, NSA (Niger Seed Agar), BHI (infusão de cérebro e coração), de 4 a 6 tubos
de cada amostra, em temperatura de 25ºC a 37ºC, por um período de 4 a 6 semanas.
Realizamos sorologia por Imunodifusão Dupla em Gel de Agar (IDD) seguindo o
protocolo descrito por Ouchterlony, 1962 (10). Esta prova se baseia na detecção de
anticorpos específicos contra os agentes fúngicos especificados, com formação de
imunocomplexos que, devido ao seu alto peso molecular, precipitam formando uma
linha visível. Os antígenos utilizados foram antígenos filtrados de cultura de Aspergillus
fumigatus, produzidos "in house" a partir da cepa JJG - seguindo o protocolo descrito
por Coleman e Kaufman em 1972 (11).
A análise descritiva foi expressa como média ± desvio padrão ou percentual,
enquanto que a análise estatística foi realizada utilizando o qui-quadrado ou Fisher, o
nível de significância foi de 5%.
Caso de Aspergilose pulmonar crônica (APC): Paciente com manifestações clínicas
(sintomáticos respiratórios, com ou sem hemoptise), e radiológicas compatíveis, e
exame sorológico positivo (12).
Resultados
420
Grupo 2 (Tabela 1). O tabagismo apresentou uma associação (p=0,01) com a forma
mais grave, aspergilose complexa (Tabela 1).
421
30
25 (24/67%)
20
15
10
(5/14%)
5 (4/11%)
(3/8%)
0
CURA EM TTO ÓBITO ABANDONO
422
Figura 1- Aspergilose pulmonar cavitária crônica: corte tomográfico do pulmão revela
lesão bilateral com cavitação contendo material com densidade em partes moles, bola
fúngica (setas), com ar ao seu redor, formando o sinal do crescente aéreo. Paciente com
19 anos, 4 tratamentos anteriores para TB, óbito.
Discussão
Descrevemos 36 casos de aspergilose pulmonar diagnosticados em pacientes de
tuberculose pulmonar com baciloscopia negativa na Policlínica Cardoso Fontes em
Manaus/AM, no período de dois anos.
A aspergilose pulmonar, independentemente de uma associação com TB, ainda
permanece negligenciada na Amazônia brasileira. Em regiões com alta prevalência de
tuberculose, como o Estado do Amazonas, os casos de aspergilose pulmonar podem
passar despercebidos porque as manifestações pulmonares frequentemente assemelham-
se clínica e radiologicamente à tuberculose pulmonar crônica (14) .
As formas crônicas de aspergilose pulmonar são pouco reconhecidas nos países
em desenvolvimento, não só por causa da presença dominante da tuberculose, mas
também devido à falta de consciência médica e à escassez de recursos laboratoriais para
o seu diagnóstico de rotina. No Estado no Amazonas, a incidência de tuberculose em
2013 foi de 70,6 casos por 100.000 habitantes (SINAN), a maior do Brasil. A partir
destes dados estima-se a ocorrência 192 novos casos de aspergilose por ano no estado
do Amazonas. Infelizmente, a maioria destes pacientes é negligenciada ou são tratados
repetida e empiricamente como TB (7).
423
Em todo o mundo ocorrem anualmente cerca de 9,6 milhões de casos novos e
1,5 milhões de mortes por TB. O tabagismo é um fator de risco independente causando
cerca de um duplo aumento não só na tuberculose ativa, mas também na TB
multirresistente (15, 16). No presente estudo, tabagismo apresentou uma associação de
risco aumentado para (p=0,01) a forma APCC, forma mais grave da aspergilose
pulmonar.
Os diagnósticos por imagem, em especial a radiologia, desempenham um papel
importante no reconhecimento, tratamento e acompanhamento de enfermidades
pulmonares (14). No presente estudo a presença de lesão cavitária bilateral estava
associada aos casos de APCC (aspergilose complexa). Parau et al. (2011) observaram
que, a forma cavitária crônica é encontrada em 55% dos casos de aspergilose e Luo et
al. (2011) demonstraram que imagens de condensação na radiografia do tórax são
encontradas em 76,5% desses pacientes. Imagens de condensação precedem cavitação e
podem ser utilizadas como informação para diagnóstico precoce das infecções fúngicas
pulmonares (17, 18).
A IDD é um teste simples e de fácil execução, de elevada sensibilidade e
especificidade (de 80 a 95%) (19). Porém, o resultado é apenas qualitativo, indicando a
necessidade de investigar mais acuradamente o agente quando a reação for positiva (9,
20). Outra limitação é que este teste é espécie-especifico e indicativo apenas para
Aspergillus fumigatus e atualmente observa-se um aumento progressivo de aspergilose
causada por outras espécies, como A. flavus, A. Níger, A. terreus, entre outras (3).
Importante ressaltar que o teste da IDD mostrou-se muito útil no acompanhamento do
tratamento, negativando em alguns meses após a cura, como foi observado no presente
estudo, tornando-a exame de escolha para esta finalidade (19).
Conclusões / Recomendações
Os resultados obtidos nesta pesquisa reforçam a necessidade de criação e
implementação de um protocolo de acompanhamento clínico e laboratorial, em parceria
com o programa de controle da tuberculose, com o objetivo de identificar a aspergilose
pulmonar crônica precocemente, principalmente nos pacientes de tuberculose pulmonar
prévia, com baciloscopia do escarro negativa, imagem cavitária residual, lesão
pulmonar bilateral, e/ou hemoptise.
424
Sugerimos que todos estes pacientes suspeitos se submetam a investigação
continua, com exames micológicos de secreções respiratórias e a realização de sorologia
IDD para detecção de anticorpos anti-Aspergillus fumigatus.
Agradecimentos
Estudo apresentado como parte da tese de doutorado de JSM do Programa de Pós-
Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas / Fundação
de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado.
Gostaríamos de agradecer a todos os funcionários da Policlínica Cardoso
Fontes/AM/Brasil, pela colaboração e assistência na realização deste estudo.
Financiamento: Este trabalho foi apoiado por “Innovative approaches for tuberculosis
control in Brazil”, number 1 U2R TW006883-09, Program ICOHRTA AIDS/TB,
sponsored by Fogarty International Center/National Institutes of Health, USA.
FAPEAM Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, Edital •
CHAMADA N.001/2013 – PPSUS, Nº Processo: 062.00649/2014. Os financiadores
não tiveram nenhum papel no desenho do estudo, coleta de dados e análise, decisão de
publicar ou preparação do manuscrito.
Referências
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Melo E.D.1, Espir T.T.1,2, Guerreiro T.S.B.2, Figureira L.2, Naiff M.2, Costa A.G.1, Malheiro A.1,
Franco A.M.R.2
1
Universidade Federal do Amazonas; 2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Email:
[email protected]
Resumo
427
Introdução
Estima-se que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco de infecção no mundo e que
ocorram cerca de 2 milhões de novos casos de leishmaniose por ano, sendo 200 a 400 mil
leishmaniose visceral e 700 mil a 1,2 milhões leishmaniose tegumentar americana (LTA). Desses 2
milhões de casos estimados, apenas cerca de 600 mil são notificados (Alvar et al., 2012). Segundo o
Ministério da Saúde (Brasil, 2014), no ano de 2012 foram notificados 25.647 casos de LTA no
Brasil e 2.394 no estado do Amazonas.
No Brasil existem sete espécies de Leishmania causadoras de LTA e destas, quatro são
encontradas no estado do Amazonas: L. (Viannia) guyanensis, L. (V.) naiffi, L. (V.) braziliensis e L.
(Leishmania) amazonensis (Brasil, 2007; Teixeira et al., 2013). A LTA possui quatro principais
formas de apresentação clínica: forma cutânea localizada, cutânea disseminada ou cutaneomucosa,
mucosa e difusa, as quais possuem características morfológicas, resposta imune do hospedeiro e
agente etiológico variáveis para cada expressão (Veronesi e Focaccia, 2009).
O período de incubação da doença varia de uma a quatro semanas e inicia com o surgimento
de pápula eritematosa, única ou múltipla, no local de inoculação. As lesões evoluem formando
úlceras com bordos altos, irregulares e infiltrados, com fundo granuloso de coloração vermelho-
vivo, coberta ou não por exsudato seroso ou sero-purulento. Posteriormente, elas podem cicatrizar
espontaneamente ou dar origem a placas vegetantes verrucosas. Segundo Sampaio e Rivitti (2001),
a maioria dos casos de lesões mucosas é secundária a lesões cutâneas por disseminação
hematogênica, tendo como principais sítios as cavidades nasais, faringe, laringe e cavidade oral.
428
linfática resultando em lesões cutâneas múltiplas (Azulay, 2008; Veronesi e Focaccia, 2009).
Quanto ao vetor, a saliva representa importante papel na transmissão devido às suas características
de vasodilatação, anti-agregação plaquetária, anti-hemostasia, imunossupressão, exacerbação da
infecção e indução de infecciosidade de Leishmania para o hospedeiro vertebrado (Kamhawi, 2000;
Soares e Turco, 2003; Oliveira, 2008). E quanto ao hospedeiro, o estado do seu sistema imune e o
perfil predominante de resposta são cruciais para o estabelecimento, permanência e resolução da
lesão.
De acordo com dados da literatura, a imunidade celular representada pelo perfil TH1 seria a
resposta mais eficaz contra Leishmania, uma vez que este é um parasita intracelular obrigatório
(Reis et al., 2006; Owens et al., 2012; Schwarz et al.,2013). O IFN-γ é uma citocina essencial neste
perfil devido a sua capacidade de aumentar o efeito microbicida dos fagócitos que levam a morte do
parasita (Abbas et al., 2008). Entretanto, uma resposta exacerbada com liberação muito elevada de
produtos microbicidas pelos macrófagos seria capaz de lesar o tecido normal. A IL-10 (interleucina-
10) é uma citocina que possui como uma de suas principais funções inibir as células do perfil TH1.
Já a IL-4 induz a diferenciação das células para um perfil TH2, direcionando assim para uma
resposta imune humoral, que é ineficaz para a eliminação de patógenos intracelulares, como no caso
das formas da LTA (Schwarz et al., 2013).
429
Material e Métodos
Para dosagem das citocinas IFN-γ, IL-4 e IL-10 foi utilizada a técnica de citometria de fluxo
CBA (“Cytometric Bead Array”) com o “Kit BDTM Human TH1/TH2 Cytokine” (Cat. N° 560484,
Lot.: 29132, marca BD® Biosciences, San Diego, CA, USA) seguindo as orientações descritas pelo
fabricante. Para a aquisição das amostras foi utilizado o Citômetro de Fluxo FACSCanto II (Becton,
Dickinson and Company, San Jose, CA, USA) do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD) -
Fiocruz Amazônia. Para o cálculo das concentrações em pg/mL e Intensidade Média de
Fluorescência (MFI) da citocina foi utilizado o software FCAP-ArrayTM (v3.0.1).
A análise estatística foi realizada utilizando o software Graphpad Prism® 6. Quando foram
comparadas duas variáveis utilizou-se o teste de Mann-Whitney, e quando três o teste de Kruskal-
Wallis.
430
Resultados e Discussão
Os hábitos dos pacientes foram classificados em dois grupos: (i) atividades na floresta:
biólogo, agricultor, caseiro, piscicultor, policial militar e estudantes que auxiliam na agricultura; (ii)
atividades sem relação com floresta: auxiliar administrativo e dona de casa. As ocupações referentes
ao primeiro grupo corresponderam a 79% dos casos, reafirmando a associação de hábitos em locais
de mata fechada e alto risco de adquirir a infecção (Alvar et al., 2012).
Os níveis de IFN-γ, IL-4 e IL-10 no soro dos 15 pacientes antes (AT) e após (PT) tratamento
foram mais elevados quando comparados ao CN (tabela 2). As diferenças foram estatisticamente
431
significativas, com p<0,0001 em todas as análises (figura 1). Ao comparar AT e PT, não se observa
uma grande variação nos níveis séricos das citocinas, mostrando que estas estão presentes nos
períodos aqui estudados.
Tabela 2. Níveis séricos das citocinas IFN-γ, IL-4 e IL-10 antes (AT) e após (PT) tratamento com
antimonial pentavalente dos 15 pacientes procedentes do município de Rio Preto da Eva/AM com
diagnóstico de Leishmaniose Tegumentar Americana na forma cutânea causada por Leishmania
(Viannia) guyanensis nos anos de 2010 e 2011.
IFN-γ / TH1 IL-4 / TH2 IL-10
Código da Amostra
AT PT AT PT AT PT
MHOM/BR/10/IM5637 77,22 70,07 181,61 170,17 101,53 101,53
MHOM/BR/10/IM5653 80,08 72,93 164,45 208,78 101,53 110,11
MHOM/BR/10/IM5690 82,94 80,08 195,91 204,49 77,22 87,23
MHOM/BR/10/IM5692 100,1 85,80 193,05 177,32 94,38 90,09
MHOM/BR/10/IM5694 72,93 92,95 193,05 183,04 90,09 75,79
MHOM/BR/11/IM5697 87,23 71,50 187,33 195,91 95,81 87,23
MHOM/BR/11/IM5749 117,26 67,21 185,90 197,34 112,97 95,81
MHOM/BR/11/IM5772 82,94 94,38 205,92 198,77 134,42 132,99
MHOM/BR/11/IM5773 85,8 84,37 187,33 188,76 95,81 97,24
MHOM/BR/11/IM5775 78,65 68,64 195,91 188,76 104,39 95,81
MHOM/BR/11/IM5828 68,64 65,78 187,33 180,18 101,53 82,94
MHOM/BR/11/IM5869 87,23 70,07 204,49 185,90 101,53 102,96
MHOM/BR/11/IM5874 82,94 82,94 185,90 184,47 91,52 88,66
MHOM/BR/11/IM5875 77,22 92,95 210,21 218,79 87,23 111,54
MHOM/BR/11/IM5976 64,35 82,94 175,89 184,47 82,94 92,95
Legenda: Isolados: M mamífero, HOM Homo sapiens, BR país de origem (Brasil)/ano de isolamento/código original
utilizado pelo INPA. Níveis quantificados em pg/mL.
Estudos vêm demonstrando que IFN-γ possui um importante papel na leishmaniose (Reis et
al., 2006; Carvalho, 2012). Kima e Soong (2013) afirmam a importância desta citocina no
desenvolvimento e subsequente controle da infecção por Leishmania. Matta et al. (2009)
demonstraram aumento da produção de IFN-γ em pacientes com L. (V.) guyanensis quando
comparados com o controle negativo, entretanto inferior àqueles com infecção por L. (V.)
braziliensis. Estes autores sugerem uma provável correlação entre os níveis séricos de IFN-γ e as
diferentes manifestações clínicas e resposta ao tratamento.
432
IF N -
IFN -γ IL-4
IL -4
150
240
220
100
p g /m L
200
p g /m L
180
50
160
0 140
CN AT PT CN AT PT
IL-10
IL - 1 0
150
100
p g /m L
50
0
CN AT PT
Figura 1. Níveis séricos das citocinas IFN-γ, IL-4 e IL-10 em 15 indivíduos sem infecção (CN) e
pacientes procedentes do município de Rio Preto da Eva/AM (1:1), com diagnóstico de
Leishmaniose Tegumentar Americana na forma cutânea causada por Leishmania (Viannia)
guyanensis nos anos de 2010 e 2011 antes (AT) e após (PT) tratamento com antimonial
pentavalente.
O papel da IL-10 como reguladora de linfócitos TH1 vem sendo confirmado na literatura
(Owens et al., 2012; Schwarz et al., 2013). Diversas células podem secretar esta citocina, dentre
elas TH2, T regulatórias (Treg) e TH1. Schwarz et al. (2013) demonstraram recentemente que ao
inibir a secreção de IL-10 por linfócitos T em camundongos BALB/c susceptíveis, estes se tornaram
resistentes à infecção por Leishmania, demonstrando assim, a ação desta citocina no curso da
infecção. Espir et al. (2014) analisaram os níveis séricos de IL-10 em pacientes infectados por
diferentes espécies de Leishmania, evidenciando níveis mais elevados na infecção por L. (V.)
guyanensis em relação a L. (L.) amazonensis, sugerindo um perfil de resposta misto TH1/TH2
durante a infecção por L. (V.) guyanensis.
Em camundongos infectados por L. (L.) major, Kopf et al. (1996) demonstraram correlação
entre IL-4 e a susceptibilidade a infecção. Recentemente, Hurdayal e Brombacher (2014) sugeriram
que esta citocina, dependendo da forma clínica da doença e do modelo de estudo experimental,
pode atuar como mediador de resposta imune TH1, promovendo resistência à infecção. O presente
433
estudo demonstra a persistência de níveis de IL-4 superiores ao CN após a resolução clínica das
lesões (PT).
Conclusões
Os resultados do presente estudo demonstram que os níveis séricos das citocinas IFN-γ, IL-4 e
IL-10 assim como o quadro clínico dos pacientes infectados por L. (V.) guyanensis diferem do que se
tem na literatura sobre outras espécies de Leishmania, sugerindo uma possível relação entre a espécie do
agente etiológico, os mediadores da resposta imune e as características clínicas das lesões. Conclui-se
que na LTA causada por L. (V.) guyanensis há presença de perfil TH1 e TH2 antes e após o tratamento
com antimonial pentavalente (Glucantime®).
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