347 - Luz No Caminho - (Chico Xavier - Emmanuel)
347 - Luz No Caminho - (Chico Xavier - Emmanuel)
347 - Luz No Caminho - (Chico Xavier - Emmanuel)
Contempla a beleza da Terra - a nossa velha escola - para que a treva do pessimismo
não te negreje a estrada anulando-te o tempo na regeneração do destino.
Não será fazer lirismo inoperante, mas sim descerrar os olhos no painel das realidades
objetivas:
Repara o sol que é luz sublime e infatigável...
O céu a constelar-se em turbilhões de estrelas, novas pátrias de luz, exaltando a
esperança...
A fome que se entrega, mitigando-te a sede...
A árvore generosa a proteger-se os passos...
A semente minúscula abrindo-se em flor e pão...
O lar aconchegante a guardar-te, ditoso...
Entretanto, muitas vezes, trazemos em nós próprios, tristeza e crueldade por tóxicos da
vida.
E renascentes do ontem, cujos minutos gastamos na edificação do próprio infortúnio,
temos o coração como um pote de fel, aniquilando em nós as bênçãos da alegria.
Não podemos negar, a condição de espíritos prisioneiros, quando se nos desdobra a
experiência no corpo, entretanto, é nesse cárcere oportuno e valioso que recapitulamos as
nossas lições perdidas.
É na veste da carne que tornamos ao adversário do pretérito, à afeição mal vivida, ao
obstáculo que se fez resultado de nossa própria incúria.
Não há, na Terra, mal senão em nós mesmos - mal de nossa rebeldia multimilenária
diante da Eterna Lei gerando os males que nos marcam a imprevidência...
Descerremos, desse modo, as portas de nossa alma à luz da grande compreensão e
buscando aprender com os recursos do mundo, que nos amparam em nome da Providência,
reajustemo-nos no amor que entende e auxilia, purifica e serve sempre, na certeza de que,
refletindo em nós os Propósitos Divinos do bem que nunca morre, encontraremos, desde
agora, nas complexidades e nevoeiros da Terra, o precioso trilho de nossa ascensão para o
Céu.
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02 - DEVER E CARIDADE
Partilhar o conteúdo de nossa bolsa com o irmão necessitado é dever, mas dar-lhe
trabalho digno, sem afetação de superioridade e sem exigência, para que ele se faça um
servidor da vida tão digno quanto nós é caridade.
Dar o pano o que sobra em nosso guarda-roupa é dever, mas vestir o próximo de novas
idéias, através dos nossos bons exemplos é caridade.
Praticar a generosidade com os nossos amigos e afeiçoados é dever, mas exercer a
gentileza e a tolerância com os adversários de nossos pontos de vista é caridade.
Ceder o pão que excede em nossa mesa é dever, mas fazer de nossa existência um
estimulo incessante ao bem para quantos nos rodeiam é caridade.
Praticar a benemerência e a delicadeza, por intermédio de mensageiros da nossa
amizade aos nossos irmãos que necessitam e sofrem é dever, mas, seguir ao encontro dos
nossos companheiros de luta, com o nosso esforço pessoal na plantação da alegria ou do
reconforto é caridade.
Criar planos de serviço para quem nos acompanha no roteiro de cada dia é dever, mas,
trabalhar nós mesmos com o nosso suor e com as nossas mãos é caridade.
Não nos contentemos com o ensinar o bem.
Isso é simples obrigação de nossa inteligência.
Façamos o bem cada instante e em cada passo de nosso caminho, porque, desse modo,
estaremos realmente assinalados como discípulos do Benfeitor Divino que, por devotar-se à
caridade, foi sentenciado à flagelação e à cruz, nas quais consagrou o amor como norma de
felicidade e ressurreição para a Humanidade inteira.
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03 - O PROBLEMA DA MEDIUNIDADE
Meus amigos,
Noutro tempo os discípulos, a pretexto de guardarem fidelidade ao Mestre Divino,
refugiavam-se à distância da luta, repartindo as graças do tempo, entre a oração e o claustro,
na expectativa de purificação.
Todavia, o Companheiro dos sofredores amou a multidão, até à cruz, não obstante os
caprichos que a inclinam, muita vez, para o desfiladeiro das sombras.
Não nos será licito esquecer que Jesus multiplicou os Paes, considerando a fome
daqueles que o seguiam, tocado de íntima compaixão.
Nunca se afastou dos enfermos e dos tristes, dos paralíticos e dos loucos, dos cegos e
dos leprosos, nem menosprezou os Zaqueus da fortuna material, os publicanos de vida menos
digna e as mulheres enganadas no torvelinho das paixões.
Deu-se a todos.
Espalhou a bondade sem acepção de pessoas.
Abraçou desvalidos e pobres.
Socorreu crianças sem lar.
E, partindo da Manjedoura, cercado de gente humilde e simples, atingiu o Calvário
rodeado de cultos e incultos, de justos e pecadores, de bons e maus, como a dizer que o seu
apostolado jamais estaria circunscrito às paredes frias dos templos de pedra, mas sim que se
derramaria, por bendita luz, sobre todos os corações, santuários vivos nas almas, através das
quais o Reino do Céu pudesse estender-se pela Terra inteira.
Em razão disso, seja o Espiritismo para nós a Nova Mensagem do Amigo Celestial e ao
invés de buscá-lo na solidão dos que ceiam a experiência, valorizando o pecado pela
deserção diante da luta, convertemo-nos em colunas do serviço incessante ao próximo,
abrindo as douradas portas do espírito à profunda compreensão que nos tornará melhores,
mais sábios e mais humanos, na construção da Terra regenerada.
A idéia renovadora de que a Doutrina Sublime nos reveste é a de redenção pela
fraternidade pura.
Não bastará, portanto, crer na sobrevivência do homem.
É indispensável clarear o porvir, antecipando edificações iluminadas para o amanhã de
nossas almas eternas.
Não basta sentir simplesmente a bênção da Verdade Soberana. É imprescindível dilatá-
la ao círculo de nossos semelhantes, através do bem que concretize a divina palavra de que
somos portadores.
Espiritistas cristãos, nossos ouvidos não registrarão a harmonia celeste sem que, nas
planícies e nos vales do mundo obscuro da carne assinalemos, na acústica de nosso ser a
santificação música do “amemo-nos uns aos outros” quanto o Divino Mestre nos amou,
efetuando a doação de nós mesmos à sublimação da vida.
Ontem, a soledade para confiar no Senhor.
Hoje, a luta edificante para servi-lo.
Antigamente, a fuga do sofrimento educativo com receio do mal.
Agora, porém, é a nossa adesão profunda à restauração da paz e da felicidade na Terra,
enfrentando a luta e aceitando-lhe os desafios, ainda que para isso tenhamos de sangrar o
próprio coração.
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Nosso esquema é simples e claro.
O Evangelho nos ressuscitará para o futuro sublime ou seremos relegados para traz, aos
escuros despenhadeiros em que já transitamos.
Jesus, porém, é o nosso Pastor.
Ouçamos a sua voz, trilhemos os seus caminhos, sigamos avante e cantaremos,
igualmente, no dia de vitória da Jerusalém libertada.
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05 - OPINIÃO DE EMMANUEL
Meu amigo, muita paz! Enquanto não se converte o homem no herdeiro divino, em
plena posse das riquezas eternas e dons imperecíveis do espírito, instituindo o Reino do
Senhor na Terra, o clima do cristão constituir-se-á de lutas acerbas.
Indispensável prosseguir, nas leiras da fé viva, arando e semeando para o futuro sem
prender a atenção no passado.
Transforma as pedras em flores, os obstáculos em estímulos.
Todo o trabalho humano – serviço nosso na obra do Cristo – não pode apresentar
características de perfeição absoluta.
O Mestre, porém, aceita-nos a boa vontade no esforço da cooperação sincera e estende-
nos mão forte, sempre que a perseverança na luz e no bem vibre em nossas atitudes.
Continuemos, desse modo, atentos aos nossos deveres.
A sombra é um desafio à nossa capacidade de brilhar ao Sol do Divino Amor que tudo
converte em bênçãos de realização sublime com a Boa Nova.
A incompreensão representa forte apelo ao nosso entendimento, a fim de que
testemunhando, em silencio, a nossa fé, possamos aplicar todas as nossas oportunidades no
abençoado serviço da redenção.
O desprezo é uma convocação à revelação das nossas possibilidades de amar como
Jesus nos amou.
O caminho é longo e a missão é complexa.
Exigem desassombro e serenidade, confiança e otimismo, compreensão e fraternidade.
Não te esqueças de semelhantes armas em teu ministério.
Dissemina a boa semente, edifica no Espírito Eterno, ergue o teu santuário interior para
o Mestre e atende às obrigações edificantes que te foram confiadas.
É sempre fácil sorrir perante o céu azul e ensinar nos dias dourados, plenos de
tranqüilidade e de sol.
É por isso que raros aprendizes sabem servir sob a noite tormentosa e ao logo das horas
repletas de dores e dificuldades de toda sorte.
A escola, entretanto, não é outra.
Peçamos ao Divino Amigo nos conceda força para negarmos a nós mesmos, olvidando
quanto possa constituir remanescentes de nosso passado delituoso e energia para nos
glorificarmos em nossa cruz de cada dia, talhada nos testemunhos de trabalho, a que fomos
convocados na hora presente.
Somente assim, meu irmão, poderemos seguir a Luz dos Nossos Destinos,
transformando-nos em viva mensagem de seu Infinito Amor a beneficio da Terra de paz e
fraternidade com o Reino dos Céus, nos bem aventurados dias que virão.
“Pois se nem ainda podeis com as coisas mínimas, porque estais ansiosos pelas outras?”
- Lucas: - 12-26
Pouca gente conhece a importância da boa execução das cousas mínimas.
Há homens que, com falsa superioridade, zombam das tarefas humildes, como se não
fossem imprescindíveis ao êxito dos trabalhos de maior envergadura.
Um sábio não poderá esquecer que, um dia, necessitou aprender com as letras simples
do alfabeto.
Além disso nenhuma obra poderá ser perfeita, se os detalhes não foram considerados e
compreendidos.
De um modo geral, o homem está sempre atarefado com as situações de grande
evidencia, com os destinos dramáticos e empolgantes.
Destacar-se, entretanto, exige sempre muitos cuidados.
Os espinhos também se destacam, as pedras salientam-se na estrada comum.
Convirá, desse modo, atender-se a todas as cousas mínimas da senda que Deus nos
reservou, para que nossa ação se destaque com real proveito à vida.
A sinfonia estará perturbada, se faltou uma nota; o poema é confuso quando se omite
um verso.
Cuidemos das cousas pequeninas. Elas são partes integrante e inalienável dos grandes
feitos.
Compreendendo a importância disso, o Mestre nos interroga no Evangelho de Lucas:
“Pois se nem podeis ainda com as cousas mínimas, porque estais ansiosos pelas
outras?”
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13 - ENSINAR
“Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro
juízo”.
– Tiago: 3-1
Ensinar alguma cousa traz consigo uma responsabilidade direta.
Se ensinas o bem a uma criatura que não o conhece, é justo aguardar do discípulo a
interrogação quanto ao teu modo de agir.
Fora dos liames da Terra, consideramos como é difícil ensinar aí com proveito.
Desde os primórdios da organização social, o homem compreendeu que o vento leva as
palavras, que não são difíceis os longos discursos, que é fácil a formula dos votos de
prosperidade.
Entretanto, é indispensável que os homens aprendam a viver, uns com os outros.
Tiago foi divinamente inspirado em seu apelo.
Ele recomenda para que muitos não se arvorem em mestres, sabendo que hão de receber
juízo mais sério.
O apostolo não se referiu a todos, porque sabia que alguns necessitam da coragem de
testemunhar de si próprios no caminho mais rude.
Falou para os levianos e ignorantes que não pesam o valor do que dizem.
Os que ensinam verdadeiramente entendem o divino valor das palavras, conhecem o
elevado preço das aquisições espirituais, não criticam porque sabem quanto é precioso e
difícil o esforço pessoal, não dão conselhos senão quando requisitados a isso, por que cientes
de quanto é fácil falar e quão penoso agir entre as incompreensões do mundo, sempre prontos
a defender os outros, silenciam quanto à própria defesa por compreenderem que pertencem a
Deus.
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14 - INDIGNAÇÃO
Meu amigo da mocidade, que situaste a força em meu campo de luz, ampara-me os
serviços, em favor da Humanidade.
Não me relegues à esfera da palavra sem ação.
Coloca-me em teus braços, para que a solidariedade entre as criaturas não seja
simplesmente um mito sonoro.
Auxilia-me com os teus ouvidos e assinala as canções de renovação e júbilo que a
Eternidade espalha, em toda parte, transmitindo-as, através da bondade permanente, aos que
caíram deserdados de esperança.
Colabora comigo, não só para que a mensagem do Infinito Bem alcance os ângulos
mais remotos da Terra, mas que se concretize igualmente em obras de progresso e concórdia,
na experiência dos semelhantes.
Estarei contigo na lição que estudas, nas árvores que plantas, na flor que ofereces ao
doente.
Em meu nome, dá pão que sacie o corpo, entretanto, não olvides o abraço de simpatia e
compreensão, em que os nossos princípios devem expandir-se.
A boa palavra, o sorriso de entendimento, o apoio irmãos constituem sublimes recursos
de nosso apostolado.
Singelas de inicio, crescem e se multiplicam por bendito oxigênio do estimulo,
regenerando a existência onde os seus fundamentos sagrados foram esquecidos pela
ignorância.
A vida é um cântico em todos os lugares.
Cada ser é uma nota da Sinfonia Universal.
Não firas a harmonia com a maldade ou com o lamento.
Lembra-te da varonilidade e da alegria do Divino Mestre que, até mesmo na cruz,
preferiu o poema do perdão.
Encontro-me em nome d’Ele no mundo, para auxiliar, fraternizar, recompor, melhorar,
elevar e servir.
Vamos. Preciso de companheiros do trabalho, de semeadores de bom ânimo e de
amigos da renuncia construtiva.
Sigamos materializando a luz e a beleza por onde passarmos porque se a sabedoria é a
minha coroa, o amor é o meu coração.
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20 - EM TORNO DO LIVRO ESPÍRITA