A Parábola Do Amigo Importuno
A Parábola Do Amigo Importuno
A Parábola Do Amigo Importuno
Daniel Conegero
Então foi naquela ocasião que muito provavelmente surgiu a pergunta que dá
início ao capítulo 11. Alguém perguntou: “Senhor, ensina-nos a orar”. Lucas relata
que um dos discípulos fez esta pergunta, porém é impossível saber qual dos
discípulos foi. Também não é possível saber se esse discípulo em questão pertencia
ao grupo dos doze, ou se pertencia a um grupo maior de discípulos que seguiam
Jesus, como os setenta do capítulo 10.
Na Parábola do Amigo Importuno, Jesus fala sobre um viajante que chegou tarde
da noite e bateu à porta de um amigo em busca de hospitalidade. Esse amigo, sem
ter nada a lhe oferecer, ficou em uma situação embaraçosa, pois como ele poderia
hospedá-lo sem ter um pão para alimentá-lo? Sem ter outra escolha, ele resolveu
incomodar um outro amigo que era seu vizinho, a fim de que ele lhe emprestasse
alguns pães.
Por exemplo: se alguém ora a Deus pedindo que Ele lhe conceda mais sabedoria no
entendimento da Bíblia, essa pessoa também deve constantemente examinar as
Escrituras (cf. João 5:39; Atos 17:11). Ela também deve frequentar a Escola Bíblica
Dominical e os cultos (cf. Hebreus 10:25). Além disso, ela deve viver de acordo com
a vontade de Deus (cf. Mateus 7:21, 24, 25; João 7:17). O crente é exortado a
buscar, e consequentemente ele recebe a promessa de que, ao buscar, ele
encontrará.
Em sexto lugar, a Parábola do Amigo Importuno nos ensina que Deus não é nosso
mordomo. Essa é outra lição muito importante. Infelizmente algumas pessoas
entendem essa parábola de forma completamente errada. Elas tentam colocar Deus
na posição de mordomo.
Essa parábola não dá base alguma para a defesa da tão famosa Teologia da
Prosperidade. Na Parábola do Amigo Importuno Jesus traz uma mensagem
conectada ao ensino de como orar corretamente (Lucas 11:1-4). Ele havia revelado
um modelo de oração (O Pai Nosso), e agora estava mostrando a importância da
perseverança na oração. É o mesmo ensino do apóstolo Paulo ao dizer: “orai sem
cessar” (1 Tessalonicenses 5:17).
Esse ensino de que Deus dará tudo o que alguém desejar ou determinar não pode
ser sustentado quando lemos o texto inteiro; principalmente quando consideramos
os primeiros versículos do capítulo. Perceba que, antes de Jesus dizer: “pedi, e dar-
se-vos-á, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á”, ele já havia dito: “seja feita a tua
vontade” e “dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano”.
A Bíblia certamente nos ensina que Deus ouve nossas petições, e conhece nossas
necessidades. Mas ela também ensina que a vontade soberana d’Ele sempre estará
acima dos nossos desejos e ansiedades. Podemos aprender a mesma lição em
Mateus 6:33 que diz: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas
coisas vos serão acrescentadas”.
Se lermos o capítulo 6 de Mateus inteiro, saberemos que o “todas essas coisas” se
refere ao “nosso pão cotidiano”, ou seja, os elementos básicos para nossa
sobrevivência (Mateus 6:31). Ainda em Mateus, no capítulo 7 e versículo 11, temos
a mesma descrição que encontramos em Lucas 11:13. Veja:
Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos,
quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que
lhas pedirem?
(Mateus 7:11)
Usando a passagem de Lucas para nos ajudar a interpretar essa passagem de
Mateus, descobrimos que a expressão “boas coisas” é interpretada em Lucas
como “Espírito Santo”. As duas versões estão corretas e em perfeita harmonia, já
que sabemos que o Espírito Santo é a Fonte de tudo o que é bom em nossas vidas.
Definitivamente a Parábola do Amigo Importuno não transmite qualquer base para
um ensino contrário a Palavra de Deus como a Confissão Positiva ou qualquer ramo
da Teologia da Prosperidade