Arte e Aprendizagem
Arte e Aprendizagem
Arte e Aprendizagem
APRENDIZAGEM
1º Edição de 2013
Impressão em São Paulo/SP
Inclui bibliografia
CDD – 370.157
Sumário
Apresentação 5
Unidade 1 - Arte-Educação:
Construção do Conhecimento 7
Unidade 2 - Arte-Educação
na Educação Infantil 39
Unidade 3 - Arte-Educação
nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental 67
Referências 158
Apresentação
Parabéns!
Você está recebendo o livro-texto da disciplina de Arte e
Aprendizagem, construído especialmente para este curso, baseado
no seu perfil e nas necessidades da sua formação. A finalidade des-
te livro é disponibilizar aos alunos de EAD conceitos e exercícios
referentes à Educação Contemporânea.
Estamos constantemente atualizando e melhorando
este material, e você pode nos auxiliar, encaminhando sugestões
e apontando melhorias, via monitor, tutor ou professor. Desde já
agradecemos a sua ajuda.
Lembre-se de que a sua passagem por esta disciplina será
também acompanhada pelo Sistema de Ensino EaD Know How,
seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual
de Aprendizagem.
Entre sempre em contato conosco quando surgir alguma
dúvida ou dificuldade. Participe dos bate-papos (chats) marcados
e envie suas dúvidas pelo Tira-Dúvidas.
Toda equipe está à disposição para atendê-lo (a). Seu de-
senvolvimento intelectual e profissional é o nosso maior objetivo.
Acredite no seu sucesso e tenha bons momentos de estudo!
Equipe EaD Know How
5
ARTE-EDUCAÇÃO:
CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO
Caro Aluno
Nesta unidade, estudaremos a criatividade e a expressivi-
dade como fundamento da condição humana. Você terá a oportu-
nidade de refletir sobre a arte-educação nas escolas.
Bom Estudo!!!
1. Influências da Arte na
Formação do Conhecimento
12
Explicar as possibilidades cognitivas do homem diante da
necessária reconstrução de um conhecimento mais universal, com-
plexo e dialogal. Estabeleçamos o início, sem a preocupação de um
ponto zero.
É fato que, apesar de integrante do sistema que constitui o
meio ambiente, o homem dele se distingue pela capacidade de pro-
duzir cultura e na construção da história. É como leitor concomi-
tantemente objetivo e especulativo do sistema, que o homem vem
respondendo aos problemas que lhe são postos. É também como
formulador de cosmologias e imagens que temos dialogado, lido e
reconstruído o mundo.
A partir do contato com um mundo dado (ecossistema
natural) e um mundo construído (códigos culturais e representa-
ções) que a relação “cérebro-espírito” tem encontrado as bases e
as condições para sua complexificação e para a produção do pen-
samento, do conhecimento e da cultura. Somos seres, ao mesmo
tempo, marcados pela necessidade prática e pela competência es-
peculativa; seres racionais e míticos. Conforme diz E. Morin em O
método III, “toda renúncia ao conhecimento empírico/técnico/
racional conduziria os humanos à morte”, mas igualmente “toda a
renúncia às (nossas) crenças fundamentais desintegraria a socieda-
de” (s d.,p.144).
Nossa sobrevivência depende de vários componentes
existentes na natureza. A busca de meios para sobrevivermos dá
inicio ao processo de transformação da natureza, criamos o mun-
do humano, o mundo da cultura e definimos a nossa condição de
existência nesse planeta. O ser humano pode criar e expressar sua
existência de diferentes formas. Por isso, o trabalho, a cultura, a so-
ciedade e a educação são características exclusivamente humanas.
Como ressalta Saviani (2008, p.13),
(.) a natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele pro-
duzida sobre a base da natureza biofísica. Consequentemente,
o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencional-
mente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é pro-
duzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens.
13
Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à iden-
tificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados
pelos indivíduos da espécie humana para que se tornem huma-
nos e, de outro, concomitantemente, à descoberta das formas
mais adequadas para atingir tais objetivos.
14
que possam ser promovidas dentro de qualquer disciplina.
(Menezes, 2000, p.6).
15
Entendermos a arte depende, portanto, da compreensão
do que agora definiremos como cultura.
1.2. O que é Cultura?
Quem nunca ouviu expressões como: “fulano é culto”,
ou “aquele povo tem muita cultura”. Ou então: “Fulano não foi
à escola, não tem cultura!”. O termo cultura é muito utilizado em
nosso dia a dia. Entretanto, precisamos entender o que é cultura
para assim desmistificá-la. É preciso entender esses conceitos (ou
preconceitos), para então darmos sentidos correto a esta palavra.
É corriqueiro definir de diferentes formas o conceito de
cultura, como por exemplo: algo que encontramos na escola, nos
livros, nas viagens, nos museus e em outros lugares. Ou, algo que
possui valor destacado em comunidades a qual participo (família,
igreja, partidos políticos e outros). Todavia, uma compreensão
mais precisa do que é a cultura depende do fato de abrirmos mão
de conceitos do senso comum (conjunto de opiniões ou ideias que
são geralmente aceitas numa época e num local determinado). De-
vemos a ultrapassar a dimensão imediata do real e compreender a
origem e as diferentes conceituações que o termo cultura possui.
Maria da Conceição Xavier cita em seu texto “Ensinar é
16
condição Humana” (12): Para Edgar Morin, o processo de com-
plexificação da natureza, animado pela pulsão cognitiva que ul-
trapassa o utilitarismo, sustenta-se numa estrutura antropológica
pendular que comporta, simultânea e dialogicamente, uma biolo-
gia, uma animalidade e uma humanidade do conhecimento.
17
de “centro federativo-integrativo entre as diversas esferas cujas re-
lações mútuas constituem o universo antropológico: a esfera ecos-
sistêmica, a esfera genética, a esfera cultural e social e, claro, a esfera
fenotípica do organismo individual” (Morin, 1979, p. 136). Entre
o cérebro humano e o meio ambiente existe uma zona de ambi-
guidade e incerteza. E é precisamente a faculdade de indecisão o
ingrediente que, ao mesmo tempo limita e abre indefinidamente a
possibilidade de conhecimento (Morin, 1979, p. 130-131).
Em Caldas temos explicações para a origem do termo cul-
tura e suas principais aplicações.
18
outros (HOLANDA, 2000).
19
ou ciência. Logo antropologia é a ciência do homem. Vá-
rias ciências tratam do homem e do seu comportamento, no
entanto, o que a distingue das demais ciências sociais e hu-
manas é o objetivo que nutre de estudar o homem como um
todo (MELLO, 2001).
20
a) A Cultura é simbólica, pois
sua organização acontece em
torno de símbolos e signos,
cujos significados são constitu-
ídos pela sociedade, isto é, en-
volve a elaboração e aceitação
de padrões, normas, hábitos,
costumes, histórias, cujo signi-
ficado é partilhado pelos indi-
víduos em sociedade.
21
d) A cultura possui um ca-
ráter social, isto quer dizer
que ela se refere sempre a
um grupo ao qual o indiví-
duo faz parte. Não há cul-
tura produzida por um in-
divíduo isoladamente. Para
que haja a reprodução da
cultura, é essencial o enga-
jamento dos indivíduos no
grupo, na coletividade.
22
f) A Cultura é dinâmica, isto é, está em constante movi-
mento. Embora seu caráter socializador lhe confira certa estabili-
dade, efetivamente ela muda o tempo todo, ainda que de maneira
lenta, quase imperceptível. Isso quer dizer que, se por um lado, a
cultura representa uma forma de manutenção da ordem social – já
que por meio de tradições, hábitos, normas e costumes são difun-
didos – por outro lado ela não impede as mudanças, as transfor-
mações oriundas, principalmente dos processos de troca entre as
diferentes culturas.
Assim sendo, cultura e sociedade são indissociáveis. Não
existe cultura fora da sociedade, bem como não existe sociedade
sem cultura. O homem ao criar e se expressar no mundo, afirma,
também, a sua identidade individual e social, sua condição nesse
mundo, seus valores e, ao mesmo tempo, grande parte dos valo-
res da sociedade em que vive. Por isso, ao compreendermos a arte
como cultura, afirmamos o seu caráter social e necessário, sua fun-
ção enquanto agende de produção, afirmação, reprodução e trans-
formação da cultura e da sociedade.
Mas afinal, como podemos definir a arte?
1.3. Arte
O mundo da arte é concreto e vivo podendo ser obser-
vado, compreendido e apreciado. Através da experiência artística
o ser humano desenvolve sua imaginação e criação, aprendendo a
conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenças e saben-
do modificar sua realidade. A arte dá e encontra forma e significa-
do como instrumento de vida na busca do entendimento de quem
somos, onde estamos e o que fazemos no mundo.
Mas o que é Arte e para que ela serve? Definir o que é arte é
uma tarefa difícil. Ao buscarmos essa resposta, nos deparamos com
as mais variadas definições. O fato é que todo mundo sabe dar uma
opinião sobre o que pode ser identificado como arte, sabe citar au-
tores e obras famosas, como a Pietá, de Michelangelo, Mona Lisa,
de Leonardo Da Vinci, a Nona Sinfonia, de Beethoven, o Davi, de
Michelangelo e assim segue. Indiscutivelmente essas são obras de
23
arte. Para podermos responder a essas perguntas devemos, antes de
tudo, saber que a arte é conhecimento. A arte é uma das primeiras
manifestações da humanidade, uma das primeiras maneiras do ser
humano marcar sua presença, criando objetos e formas (pintura
nas cavernas, templos religiosos, roupas, quadros, filmes etc.) que
representam sua vivência no mundo, comunicando e expressando
suas ideias, sentimentos e sensações para os outros. Desta maneira,
quando o ser humano faz arte, ele cria um objeto artístico que não
precisa nos mostrar exatamente como as coisas são no mundo na-
tural ou vivido, mas sim, como as coisas podem ser, de acordo com
a sua visão. A função da arte e o seu valor, portanto, não estão no
retrato fiel da realidade, mas sim, na representação simbólica do
mundo humano.
Ao identificarmos a arte como expressão da cultura,
como “todo conjunto complexo dos padrões de comportamento,
das crenças e instituições, valores espirituais e materiais transmi-
tidos coletivamente (...)”, chegamos a uma possível definição, ou
seja, “(...) arte são certas manifestações da atividade humana
diante das quais nosso sentimento é admirativo” (COLI, 2007).
A arte, portanto, está presente em tudo que fazemos para agradar
os nossos sentidos.
Pietá.
Michelangelo. Igreja de São Pedro,
Vaticano, Itália. C. de 1500
24
São precisos três elementos para que a arte exista: o ar-
tista, o observador e a obra de arte. O artista é aquele que cria
a obra, partindo do seu conhecimento concreto, abstrato e indi-
vidual transmitindo e expressando suas ideias, sentimentos, emo-
ções em um objeto artístico (pintura, escultura, desenho etc.)
que simbolize esses conceitos. Para criar a obra, o artista necessita
conhecer e experimentar os materiais com que trabalha, quais as
técnicas que melhor se encaixam em sua proposta de arte, e como
expor seu conhecimento de maneira formal no objeto artístico.
O outro elemento é o observador, que faz parte do público que
tem o contato com a obra, partindo num caminho inverso ao do
artista – observa a obra para chegar ao conhecimento de mundo
que ela contém. Para isso, o observador precisa de sensibilidade,
disponibilidade para entendê-la e algum conhecimento de história
e história da arte, assim poderá entender o contexto em que a obra
foi produzida, e fazer relação com o seu próprio contexto. Por fim,
a obra de arte ou o objeto artístico, faz parte de todo o processo,
indo da criação do artista até o entendimento e apreciação do ob-
servador. A obra de arte guarda um fim em si mesma, sem precisar
de um complemento ou “tradução”, desde que isso não faça parte
da proposta do artista.
É comum falar em arte referindo-se às obras consagradas
que estão nos museus, às músicas eruditas apresentadas em gran-
des espetáculos, ou ainda, aos monumentos existentes no mundo.
Alguns consideram arte apenas o que é feito por artistas consagra-
dos, enquanto outros julgam ser arte, também, as manifestações
da cultura popular, como os romances de “cordel”, tão comuns no
nordeste do Brasil.
Para muitos, as manifestações da cultura de massa, como
o cinema e a fotografia, não são arte, ao passo que outros admitem
o valor artístico dessas produções, ou pelo menos de parte delas.
Não são poucos os que, mesmo diante das obras expostas em even-
tos artísticos famosos, sentem-se confusos a respeito do que veem
(COSTA, 1999).
25
Visitantes no Museu do Vidro
em Nova York, Estados Unidos.
Vivemos em um mundo que modifica a paisagem natural
por um cenário criado pelo homem, onde existe um número muito
grande de produtos, informações e principalmente imagens. Para
que possamos conviver diariamente com essa produção infinita de
forma agradável, devemos aprender a avaliar essa “paisagem”, sua
função, sua forma e seu conteúdo. Isso exige o uso de nossa sen-
sibilidade estética. Esta é uma exigência para podermos deixar de
ser observadores passivos e nos tornarmos espectadores críticos,
participantes e exigentes.
26
uma capacidade autônoma de perceber e julgar? (Rosen-
field, 2006).
27
1.4. Cultura, Arte e
Diversidade
Nota-se que a
arte expressa a diversi-
dade humana de forma
subjetiva, porém consi-
dera as possibilidades do
homem manifestar sua
interpretação do mun-
do que o rodeia. Povos
diferentes encontram
maneiras distintas de
estabelecer sua relação
com a natureza e com os
sentimentos humanos.
28
nhecido. Por isso, talvez, seja tão difícil definir o que é que arte e
existam tantas polêmicas a respeito dessa questão.
Como cultura, a arte é uma linguagem, ela é uma ferra-
menta de comunicação, é uma forma de dizer sobre o mundo e os
sentimentos humanos. A arte sempre pressupõe uma mensagem.
Ela sempre diz alguma coisa e nunca é imune ao olhar humano.
Como cultura, a arte possui um caráter social, isto quer
dizer que ela se refere sempre ao meio no qual o indivíduo faz par-
te. A arte expressa a criatividade e a interpretação de um indivíduo
ou grupo de indivíduos. Se não existe homem sem cultura e se a
cultura é socialmente compartilhada, o artista é sempre um ser cul-
tural e social e isso sempre refletirá em sua arte.
Como cultura, a arte é um instrumento de coesão social,
ou seja, um instrumento que mantém os indivíduos unidos em tor-
no de determinados ideais que são socialmente constituídos. Isso
significa que a arte pode ser utilizada como um elemento da manu-
tenção da ordem social, na medida em que pode retratar e dizer so-
bre os hábitos, as normas, as tradições, os valores e comportamen-
to dos indivíduos. A arte contribuiu na socialização de uma forma
de viver e pensar o mundo. Por exemplo, uma peça de teatro que
fala sobre o amor entre duas pessoas, nos diz muito sobre como os
homens lidam e expressam os seus sentimentos e como, na socie-
dade que vivemos, parte desses sentimentos são vivenciados.
Como cultura, a arte é dinâmica, isto é, está em constante
movimento. Se por um lado a arte pode representar uma forma de
manutenção da ordem social – já que difunde tradições, hábitos,
normas e costumes – por outro lado ela não impede as mudanças,
pelo contrário, a arte pode expressar o desejo e a necessidade da
mudança. A necessidade de romper com a tradição e os costumes
e de anunciar o desejo de se construir uma sociedade diferente.
A arte é tão dinâmica que, talvez, muito do que se considera arte
hoje, não seria considerada arte se estivéssemos na Idade Média.
Hoje já parece quase impossível pensar a arte afastada da tecnolo-
gia, da vida urbana, da indústria, pois estes representam os novos
29
ambientes dominantes dos homens.
Arte, cultura e sociedade são indissociáveis. Cabe a nós
refletirmos e compreendermos sobre o papel da arte na sociedade
em que vivemos.
Síntese da Unidade
Exercício de Fixação
30
que o impeçam de justificar seu propósito artístico.
E assim, o ímpeto criador encontra seu curso livre para a
realização da obra, mesmo que ela retenha apenas a Ilusão de ser o
objeto que lhe dá um sentido aparente, pois, tanto quanto o Mito, a
obra só alcança seu significado verdadeiramente na representação de
si mesmo, por mais que isto pareça impossível ao olhar leigo.
Só há sentido na criação quando a Ilusão a que o artista
está acometido, suspende seu domínio lógico, ou seja, quando as
bases de sua realidade ordinária, da objetividade intrínseca que fun-
damenta sua razão, se sublimam ante o que é extraordinário, assim
alargando, por assim dizer, os limites da noção de realidade.
Daí, dizermos que o domínio da Arte é autônomo, e sua
lógica - se é que este termo é o adequado para isto - consiste em
algo mais do que o possível e o impossível, aquilo que, instaurando
novas bases, cria o meio e a forma da realidade inefável tal como o
paradigma da realidade.
A autonomia do artista está justamente em sua utopia,
neste sonho e desejo de realizar a tradução desse universo inefável
para uma linguagem compreensível à razão, porém, quando o faz,
ela fala numa língua liberta de meios exclusivos, e ultrapassa todo
e qualquer senso comum. E, desta forma, mais do que traduzir seu
desejo, o artista constitui uma linguagem perfeita, porque sua forma
é universal por excelência, seu discurso visa e deve atender a ne-
cessidades independentes de quaisquer fatores culturais, políticos,
filosóficos ou religiosos, dizendo seu conteúdo a todos que a con-
templem. É neste sentido que se identifica com o Mito, porque ao
atingir este poder de Iludir, continua representativa e significativa
indefinidamente no tempo.
Temos, portanto, que é na Arte que a dimensão extraordi-
nária se manifesta abertamente. Isto ocorre porque esta é a nature-
za da Arte. A Obra de Arte verdadeira é uma realidade perfeita em
si mesma, independente da autoria, da data ou da técnica escolhida
para sua materialização.
31
Manifesta no mundo, ela torna-se potência pura, inesgotá-
vel em seu poder de indução. Trata-se da realização de um Cosmo,
que atravessa os limites da fugacidade sensorial e se instala na ma-
téria e na consciência, trazendo para o plano real, as ideias de eter-
nidade, imortalidade e universalidade. Nesse sentido é que a Arte
é a manifestação da Beleza Suprema, é nela que o espírito humano
busca o que lhe sobrepassa e ao mesmo tempo lhe confere uma dis-
tinção entre todos os outros animais.
No entanto, a Arte revela este poder de persuasão através
da Ilusão, porque despida de seu significado emocional, reduz-se
a matéria amorfa. Não há Arte que resista em seu esplendor to-
tal quando posta à indiferença e mediocridade humanas. Restará
apenas uma sombra sem um corpo que lhe justifique, e o mesmo
se pode dizer daquele que desce até onde a luz da obra de Arte não
pode lhe alcançar.
De fato, a comunicação de um conteúdo através da Obra,
só pode se dar plenamente quando os fatores culturais colaboram
para isto. De modo que, o mesmo conteúdo seja lido por povos
distintos, sob formas distintas, ou até mesmo, anulado em sua inte-
gridade, quando ela não encontra similitude no seio da sociedade.
Não podemos desprezar as diferenças entre a percepção de
civilizações ancestrais diante do objeto de Arte moderno, como
ocorre com os povos indígenas isolados da cultura branca - caso dos
aborígenes australianos ou dos ianomâmis do norte da América do
Sul - diante do quais, a foto de uma paisagem, não representa mais
do que um pedaço de papel colorido, e jamais “alguém ou uma paisa-
gem”; reagem distanciando-se largamente da noção moderna do que
é uma reprodução de espaço e tempo, fato que nos chega de imediato
devido a formação cultural que nos dá bases para isto.
Por outro lado, a despeito desse caso específico, há casos
em que as barreiras culturais não impedem o fenômeno da Ilusão,
e este é o nosso interesse. É exatamente quando os limites da cultu-
ra cessam sua influência sobre a apreensão do conteúdo da Obra,
quando a Ilusão recai igualmente sobre qualquer homem, que o fe-
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nômeno artístico se modifica, e distingue-se da forma como apre-
sentava-se antes. Tudo se altera com o advento da imagem virtual,
criada recentemente pela manipulação dos recursos tecnológicos.
A imagem digital de um peixe, vista num monitor, será sempre
percebida igualmente em sua integridade, por qualquer homem
contemporâneo? Será que ela dirá seu conteúdo, até mesmo para
o homem isolado deste tipo de representação tecnológica? Chega-
mos a Ilusão plena? Talvez. Mas antes de discutirmos essa questão,
precisamos entender em que contexto o artista também se modifi-
cou diante de tais recursos. Será que a conquista do espaço virtual
modificou o artista em seu desejo de realizar a tradução da Beleza?
Por que este desejo estaria relacionado às mudanças que os meios
técnicos sofreram? Aparentemente, não há como dissociar a apre-
ensão sensorial, dos meio disponíveis para representá-la. Daí, toda
transformação nos meios geraria uma alteração na percepção do
que pode ou não ser representado pelo artista.
No entanto, o modelo ideal, que condiciona o gesto cria-
dor, não é suficientemente rígido para permitir uma só resposta.
Podemos arriscar, que no mais das vezes, estas transformações vem
para cercear práticas artísticas consideradas antigas, em detrimen-
to das inovações do aparato técnico, que desvelam a cada tentativa
do artista, uma nova chance para saciar sua ânsia de realizar a obra.
Mas de que modo o meio pode condicionar a apreensão do desejo
criador se ele só é posto em uso posteriormente?
O que quero dizer, é que nada pode limitar o desejo de re-
presentação a parâmetros fixos, de modo que a descoberta que vem
à luz sob outros meios, ganha contornos novos incessantemente,
de outro modo, nem poderíamos chamá-la de descoberta verda-
deiramente. E durante esse processo criativo investigativo, as for-
mas desveladas são por si mesmas muito mais eficazes para o curso
que a obra tomará, do que a própria ideia original de onde partiu o
gesto. Seria algo como a obra da obra, pois a cada experimentação,
a cada nova investida, o modelo sofre mutações para ajustar-se a
esse todo. E isto se revela igualmente na realização artística, desde
a primeira mancha pré-histórica numa caverna até chegar ao nosso
33
click do mouse contemporâneo.
Mas esta seria uma condição inevitável ou natural? O ar-
tista é refém da técnica ou é senhor dela no momento da criação da
Obra? Na verdade, o foco do artista nunca dependeu totalmente do
meio que dispunha para executar sua Obra, ao menos, não há ra-
zões para esta limitação, mas, pelo contrário, ao nos deparamos com
Obras colossais, como as esculturas de Michelangelo, por exemplo,
é difícil duvidar do quanto este gênio realmente estava seguro de sua
realização antes de golpear o mármore. Contudo sua segurança se
encontrava enraizada profundamente em seu desejo criador, subli-
mando qualquer dúvida quanto ao modo de realizá-la.
O desafio diante da realização da Obra, já é parte da primeira
etapa do processo criativo, sobre isto não precisamos ter dúvidas. Mas
em que instante a Ilusão permeia esse empreendimento criador?
Ora, durante todo o tempo, pois o artista parte de uma
impossibilidade:, ele pretende consagrar um instante expressivo na
matéria amorfa, ignorando os limites físicos, e inaugurando um
novo tempo com este espaço, ele desoculta o espaço extraordiná-
rio, como dissemos antes. O gesto iluminado na obra escultórica
está absolutamente transcorrendo em nossa apreensão, e permane-
ce petrificado a despeito do que sentimos como verdadeiro! Isto é
extraordinário!
Temos que ter em mente, que o termo extraordinário visa
a distinção do que é o ordinário, no sentido do que não se insere na
ordem do dia comum, e transcende o sentido que tem a produção de
bens de consumo, intrinsecamente efêmeros por necessidade merca-
dológica. A Obra situa-se no extremo oposto dessa natureza de obje-
tos, e só pode nascer de uma necessidade igualmente extraordinária,
que abranja esse sentido transcendental, que é imanente na Arte.
Dizemos que a Ilusão recai sobre todo artista e sobre a
Arte, porque é justamente esse universo que o coloca em questão
sobre o que é a realidade.
De fato, nossa noção de realidade se funda, quase em sua
34
totalidade, na crença de que conhecemos as coisas tal como elas são.
Mas o que diríamos acerca dos que ignoram nossas descobertas mo-
dernas, hoje tão corriqueiras, como as pilhas ou a luz fosforescente?
Não precisamos recuar muito para percebermos que a re-
alidade atual era uma ficção, ou talvez nem isso sequer, pois nem
havia a possibilidade de imaginar tais conquistas, já que o desejo
que as motivou não pulsava nas veias humanas.
Será que é possível crer que alguém desejasse um aparelho
para exercitar a corrida e que não ocupasse espaço na casa? Uma
esteira pareceria uma boa ideia em 1800? Só se servisse para trans-
portar cargas pesadas talvez. Mas para alguém correr sobre ela? E
assim, o mesmo poderíamos dizer sobre inúmeros objetos que hoje
são imprescindíveis, como o abridor de latas, as lâminas descartá-
veis, os filtros de papel para o aspirador de pó, etc., etc. e etc.
O desejo humano se transformou, e com ele, a realidade
assumiu contornos definidos para a época e para as crenças vigentes.
Então, o que é a realidade de fato? Esta é uma pergunta
que não impede o artista de crer que contribui de algum modo para
desocultar faces misteriosas do espírito humano, e abre seu Cosmo
para todos, como se ele fosse verdadeiramente o de todos nós. Sua
obra é Iludir-se de que não há ilusões mas apenas realidade.
O Autor Mauro Andriole é artista plástico, estudioso
de filosofia, sobretudo de temas que convergem para a ciência e a
metafísica. Sobre sua produção atual de gravuras, ele diz: Traba-
lho simultaneamente em dois temas absolutamente interligados:
PHYSIS - que trata da questão grega da “natureza das coisas”, e Po-
vos Ancestrais do Brasil - seguindo um caminho do coração junto
à mitologia e sabedoria do Índio brasileiro.
Responda:
1) Qual a importância da arte na construção do conheci-
mento? Qual a relação entre a arte e a ilusão?
2) O espaço virtual e as novas tecnologias modificaram o
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conceito de “beleza” para o artista?
3) Você concorda com o texto acima? Justifique sua resposta.
36
ARTE-EDUCAÇÃO
NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Caro Aluno,
Seja bem-vindo (a) à nossa segunda unidade. Esta unida-
de será dedicada a uma importante reflexão sobre a função da arte
no universo da criança. Você terá a oportunidade de entender me-
lhor as relações da arte com a criança.
Boa reflexão!
2. A Função Social da Arte
para a Criança
43
e bases da educação nacional em seu Art. 29. A educação
infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis
anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, inte-
lectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.
44
novo modelo de família denominado conjugal aparece, pois a mu-
lher assume um novo papel social devido a sua entrada no mercado
de trabalho.
Este novo papel social fez com que as mulheres, de uma
maneira mais geral, se preocupassem com a educação de seus fi-
lhos, contribuindo para a ocorrência de reivindicações através de
movimentos sociais em prol de um novo espaço educativo, voltado
para uma educação compensatória.
A Educação Infantil de cunho assistencialista, prevista
para esse novo espaço, envolveu na sua maioria, o atendimento às
famílias pobres, cuja estruturação familiar possuía semelhanças
com a família de Portinari descrita neste trecho de sua biografia:
Nasceu no dia 30 de dezembro de 1903, na cidade de Brodowski,
(.), filho de Batista Portinari e Dominga Torquato Portinari, hu-
mildes imigrantes italianos que educaram seus doze filhos com se-
veros padrões morais e religiosos (.). Logo que foi para a escola já
começou a se transformar num artista (.), a única preocupação de
Candinho era comprar uma caixa de lápis de cor para dar vida aos
seus desenhos. Mas com que dinheiro?" (2005, p.11)
Esse vínculo assistencialista esteve presente no âmbito in-
fantil aqui no Brasil e em vários países da Europa, desencadeando
expectativas voltadas para a superação da miséria, da pobreza e da
negligência das famílias. Froebel e Montessori desenvolveram tra-
balhos educativos significativos nesse âmbito com relação às fave-
las. Na Alemanha (Berlim), Froebel iniciou os jardins da infância,
ao mesmo tempo que, na Itália, Montessori desenvolveu trabalhos
nas pré-escolas e McMillan se preocupou com a estimulação cog-
nitiva, a assistência médica e dentária de maneira a compensar as
deficiências das crianças.
De uma educação a princípio assistencialista, surge uma
Educação Infantil com duas preocupações essenciais voltadas para
o cuidar e o educar as crianças decorrentes dos interesses da socie-
dade industrial.
45
Estas preocupações influenciaram as contribuições dos
Pioneiros da Escola Nova e se fizeram presentes nas classes de
Educação Infantil. Pois, tais intelectuais eram militantes, "tinham
clareza do momento político que estavam vivendo, porém eram
idealistas, românticos; queriam uma reforma educacional a serviço
de um Brasil moderno." (FARIA, 1999, p.85)
Com isso, as novas concepções educacionais trazidas
pelos especialistas foram inerentes às exigências industriais e re-
sultantes dessas contribuições revolucionárias sobre o desenvolvi-
mento da criança, envolvendo os cuidados, as etapas e a formação
do novo cidadão.
Algumas contribuições inovadoras eram resultantes das
preocupações com os cuidados com a saúde e a nutrição da crian-
ça, decorrentes do alto índice de Mortalidade Infantil ocorridos
até o século XVII.
Mediante algumas contribuições renovadoras, resultan-
tes das novas concepções preocupadas em estabelecer o que e o
como ensinar na infância, ocorreu "uma desvalorização de outros
modos de educação da criança antes existentes." (CRAIDY e KA-
ERCHER, 2001, p.14)
Com a sociedade burguesa (final do século XVIII e iní-
cio do século XIX) se generalizou o modo de ver a infância como
categoria peculiar da sociedade, a "criança (se tornou) uma figura
da coletividade, dotada de necessidades próprias, merecedora de
atenção e destinatária, por excelência, das intervenções educati-
vas." (BECCHI apud FARIA, 1999, p.56)
As preocupações com o relacionamento criança-adulto
são inerentes à contínua reconstrução do termo infância, ou seja,
"a reconstrução do passado da vida infantil nos constrange a con-
frontarmos com uma série de problemas, de ocultamentos, de ope-
rações ideológicas e societárias que no presente ainda não foram
resolvidas." (BECCHI apud FARIA, 1999, p.58).
Isto ocorre, pois, este termo se faz singular e reflete as di-
46
ferentes organizações sociais (classes, camadas e grupos sociais),
culturas e governos advindos dos diferentes momentos históricos.
A Educação Infantil, por isso, não pode ser vista como um
novo modo de educação sem que se conheça outro ou outros mo-
dos de educação já existentes, mesmo que estes estejam em proces-
so de desvalorização devido às novas ideias e correntes que surgem.
Um modo de educação já existente era a Educação Dual,
que tinha como condicionante o papel social que a criança iria exer-
cer na sociedade, cuja relação estrita se devia à ascensão da burguesia
e a sua permanência como classe social dirigente e dominante.
Na Educação Dual, os educadores educavam seus educan-
dos através da transmissão de conhecimentos. Essa educação tradi-
cional era influenciada por concepções que viam a criança como um
ser primitivo, irracional e não pensante - até o século XVIII.
Essas concepções comungavam as ideias da corrente em-
pirista (Locke, Berkeley e Hume) que argumentava que o conhe-
cimento deveria ser internalizado pelo indivíduo através dos senti-
dos. Neste sentido, os educadores transmitindo os conhecimentos,
iriam "escrevendo" as experiências educativas à medida que os edu-
candos iriam crescendo (KAMII, 2002, p.16).
Durkheim releva essas características empiristas, quan-
do afirma que "a ação do educador (.), baseia-se na passividade da
criança - considerada como uma tábula rasa "por condição natural"
- e no poder do educador - dada a sua superioridade em matéria de
experiência e cultura." (GROPPO, 2005, p.8).
Em contrariedade à Educação Dual nesse novo âmbito
educativo, as pesquisas de estudiosos, como Sigmund Freud, Jean
Piaget, Lev S. Vygotsky, Sônia Kramer e Maria Montessori, se vol-
taram para uma concepção de infância única. Bem mais próximas
das ideias da corrente racionalista (Descartes, Spinoza e Kant), es-
tas pesquisas resultaram em teorias que influenciam a Educação
Infantil até os dias atuais.
47
Ao receber abordagens em várias vertentes com relação
ao desenvolvimento moral (conduta da criança), ao desenvolvi-
mento psicológico (pensamento da criança) e ao desenvolvimen-
to pedagógico (aprendizagem da criança), fundamentadas numa
concepção única de infância, estabeleceu-se um padrão de desen-
volvimento para a criança na Educação Infantil.
Esse padrão estabelecido vinculava-se a várias teorias, en-
tre as quais, podem-se destacar as teorias sobre o desenvolvimento
moral, cuja preocupação, talvez - não tão explícita para toda a so-
ciedade - era a formação de um novo cidadão (trabalhador) apro-
priado para as novas exigências sociais. Essas teorias nortearam a
formação de valores, como a disciplina e o condicionamento à rea-
lização de tarefas desde a infância.
Todavia, as crianças que não se "enquadravam" neste pa-
drão esperado eram
consideradas "privadas culturalmente". Bourdieu fez con-
tribuições semelhantes com relação ao "capital cultural", voltadas
para a importância de se estabelecer um padrão, como ocorreu
com esses moralistas, afirmando que: “Cada família transmite a
seus filhos, mais por vias indiretas, certo capital cultural e certo
ethos, sistema de valores implícitos e profundamente interioriza-
dos, que contribui para definir, entre outras coisas, as atitudes face
ao capital cultural e à instituição escolar. A herança cultural, que
difere, sob dois aspectos, segundo as classes sociais, é responsável
pela diferença inicial das crianças diante da experiência escolar e,
consequentemente, pelas taxas de êxito". (1998, pp.41 e 42)
Surgem nesta época, teorias interessadas em descrever a
natureza moral das crianças. Algumas ideias defendidas diziam
que a educação poderia "proteger" a criança e traçar um destino
social (justificativa para a intervenção dos governos e da filantro-
pia para transformá-las de crianças (principalmente, as pobres) em
sujeitos desejados pela sociedade industrial).
Em outras teorias fundamentadas no pensamento e
aprendizagem da criança: as teorias epistemológicas (sócio inte-
48
racionista), as teorias psicanalíticas (freudianas) e as teorias psico-
lógicas (sócio histórica) aparecem também, essa preocupação com
um padrão para as crianças.
Jean Piaget, o principal representante da teoria episte-
mológica, trouxe contribuições baseadas em etapas do desenvol-
vimento da criança, estabelecia determinadas características para a
criança em determinada etapa de desenvolvimento, respeitando a
idade cronológica de acordo com o meio em que ela vive.
Sigmund Freud começa suas contribuições à estrutura do
pensamento ressaltando posteriormente a importância do id (o
que está presente no inconsciente), do ego (o que é consciente) e
do superego (restrição devido as convenções sociais).
Lev. S. Vygotsky, o principal representante da teoria psi-
cológica, trouxe contribuições sobre a zona de desenvolvimento
da criança. Tais contribuições (ao mesmo tempo refletidas e em
contradição com as ideias de Piaget) revolucionariam as épocas
posteriores (atualmente, é um dos teóricos mais pesquisados na
Educação Infantil), atribuindo ao educador a característica de me-
diador dos conhecimentos (presente nos PCNs).
Sendo impulsionada por essas ideias, por uma concep-
ção única de infância, principalmente no século XX, difundiu-se
muitas contribuições dos especialistas em congressos nacionais e
internacionais, ampliando as pesquisas sobre a criança e a infância
e, ocasionando o crescimento da Educação Infantil.
Segundo Faria, na segunda metade do século XIX e co-
meço do século XX, são realizados muitos congressos e confe-
rências nacionais e internacionais sobre a infância, a pobreza, o
operariado, mulher, patrocinados tanto pela classe operária como
pela burguesia, assim como já existia muita publicação sobre esses
temas. (p.95, 1999)
A Educação Infantil é, a princípio, um direito das mulhe-
res trabalhadoras, mas seu surgimento recebeu muitas contribui-
ções nacionais e internacionais como se percebe pela afirmação de
49
Faria. No Brasil, este novo âmbito, se constituiu em escolas públi-
cas (para os filhos das mulheres trabalhadoras das indústrias) e em
escolas privadas (para os filhos dos burgueses). Além de, no início,
também existirem algumas iniciativas de Educação Infantil nas in-
dústrias, embora não obtivessem muito êxito.
Portanto, "(.) a preocupação com a infância na Europa e
nos EUA assume determinadas características que permitem um
incremento na produção intelectual nessa área (.) que marcam
uma nova fase na pesquisa sobre a criança pequena." (CARVA-
LHO & BERALDO apud FARIA, 1999, p.58)
A Educação Infantil, devido as novas concepções, teve in-
fluências revolucionárias dos especialistas pertinentes às ideias de
outra corrente (racionalista) que transformou essa educação com-
pensatória numa dimensão educativa em que se modifica a relação
entre educadores e educandos.
Se comparada com a Educação Dual - baseada na trans-
missão de conhecimentos já existente -, se percebe que com as no-
vas concepções, a Educação Infantil se fundamenta, em contrapar-
tida, na construção de conhecimentos pelos educandos através de
desafios alcançáveis oportunizados pelos educadores.
Pode-se dizer que o Modelo Construtivista é valorizado
nas práticas pedagógicas desde o surgimento deste espaço educa-
tivo com instrumentos sobre o lúdico adequados a essa nova con-
cepção de infância.
Esse Modelo Construtivista transformou a função dos
educadores. Pois, os educadores têm, nesta época, a função de re-
alizar uma ação educativa, promovendo experiências desafiadoras
e contendo brinquedos adequados às manifestações de cada faixa
etária (que constitui a infância devido às inovações teóricas trazi-
das pelos especialistas) e em contrapartida, buscar formar um indi-
víduo produtivo e adequado às exigências sociais.
Esse restrito, mas indispensável resgate histórico da
Educação Infantil, faz com que se acredite na abertura de novos
50
caminhos realizados por essa nova educação, embora esteja con-
dicionada à sociedade industrial e à construção de novos padrões
capitalistas. Por isso, para que essa educação se faça diferente e
transcenda a manutenção das desigualdades sociais é necessário
que seja respeitada a “Cultura Popular”, fazendo com esta seja o
ponto de partida para uma educação emancipadora.
No Brasil são pioneiras as preocupações no âmbito da
educação. Paulo Freire é um exemplo, suas experiências tiveram
uma aplicação emancipatória em Educação Popular desde 1960,
principalmente com o florescimento das Comunidades Eclesiais
de Base e com a eclosão dos movimentos sociais.
Uma educação emancipadora precisa resgatar uma causa
popular presente na mobilização das mulheres trabalhadoras pelo
direito de ter uma educação para seus filhos no âmbito infantil, ao
invés de privilegiar o atendimento às exigências da elite econômica
de um país.
2.2. Função Social da Arte
51
tira, mas, é lindo né! Então tá aí a função da arte, o cara lê
isso e ele fica feliz, a vida dele é mais rica. A arte não tem uma
única função, mas, basicamente ela faz parte da construção do
mundo imaginário de que o homem necessita pra viver, pra
existir, pra construir a sua vida
Ferreira Gullar
52
condições ao artista elaborar sua produção. De qualquer forma, o
"artista cria o que poderia ser". O meio, o suporte, as técnicas e es-
tilos compõem a linguagem da obra, o projeto do artista. O artista
cria, então, obras de arte que são símbolos, atribuindo significados
a fatos, imagens, formas - as quais muitas vezes, são inspiradas na
cultura popular.
As manifestações culturais só podem ser compreendidas
na medida em que foram situadas em suas relações com o contex-
to socioeconômico e a estrutura sociocultural de que fazem par-
te. Florestan Fernandes nos diz que "o folclore abrange todos os
elementos culturais que constituem soluções usuais e costumei-
ramente admitidas e esperadas dos membros de uma sociedade,
transmitidas de geração a geração por meios informais". O fato fol-
clórico é sempre atual e tradicional na medida em que estabelece
relações com um conjunto de elementos que o faz diferenciarem
dos outros.
Como a arte, os elementos culturais, nossas raízes, ga-
nham novos significados de acordo com o contexto social. A lin-
guagem, lendas, brinquedos, brincadeiras, festas, artesanato, pro-
fissões, crenças fazem parte de uma ação social organizada. De tal
forma que a cultura acaba se constituindo um conjunto de sistemas
de símbolos que articulam significados novos a cada reelaboração.
Nesse processo, corre-se o risco de aspectos serem perdidos ou de-
saparecerem, ou então, que aconteça uma adaptação aglutinando
novos elementos modificados e restaurados.
É a escola o primeiro espaço formal onde se dá o desen-
volvimento de cidadãos, ela deve entrar em contato sistematizado
com o universo artístico e suas linguagens: artes visuais, teatro,
dança, música e literatura.
Ao longo dos anos, muito se tem falado e escrito sobre
a necessidade da inclusão da arte na escola de forma mais efetiva.
Desde 1971, pela Lei 5692, a disciplina Educação Artística torna-
se parte dos currículos escolares. Muitas experiências têm aconte-
cido, mas no contato direto com professores, diretores de escola
53
e coordenadores pedagógicos, as intenções parecem apontar para
um caminho interessante, mas é no confronto com a prática peda-
gógica no campo da arte que se nota a grande distância entre teoria
e prática. Muitos equívocos são cometidos e a questão passa batida
na maioria das vezes em que se questiona as vivências com a arte.
A criança a sua maneira desenha, brinca, mancha, risca, constrói,
desconstrói, se encanta como um artista e algumas vezes também
não é compreendido em seu tempo. Transformar um fragmento
de vidro em uma joia rara, rabiscos em dragão alado, pensamen-
tos em formas. Buscar o dizível no invisível. Modos singulares de
ver, sentir, expressar e (re)inventar o mundo. A criança, depois de
desenhar uma série de formas e riscos (des)ordenados, diz: olha
eu desenhei eu, mamãe, a casa e o papai e super-homem. Faz-de-
conta! Picasso reúne um guidão e o selim de uma bicicleta: cabeça
de touro. Assemblage, ressignificações de objetos. Arte!
A arte faz de conta. Crianças, artistas, fazem de conta que
um rabisco, um objeto, um fragmento, um pensamento se trans-
forme em outra coisa. Tanto as crianças, quanto os adultos que
persistem em desarticular a ordem estabelecida do mundo, com-
partilham de um pensamento parecido, no sentido de que ambos
propõem simulacros ou fingem que uma coisa é outra coisa. Artis-
tas e crianças, percebem o mundo e dão sentido a ele através de for-
mas singulares. Utilizam seus sentidos de forma mais aguçada do
que a maioria dos adultos que deixaram para trás esta capacidade
humana de ver, imaginar e simbolizar.
A arte na área social desempenha papéis importantes ao
estimular o indivíduo ao aperfeiçoamento, a equidade e ao moti-
var uma sociedade melhor, que corrobora para autoconhecimento,
evidenciando as peculiaridades de um determinado grupo.
Sabemos que relações entre a sociedade e a arte é objeto
de estudo da sociologia da arte. A sociologia, como ciência que
estuda os fatos sociais, as ações sociais e as relações sociais, procura
mostrar a relação entre as manifestações artísticas de uma socie-
dade numa determinada época e a maneira como os homens nela
vivem e pensam.
54
Nas roupas, nos edifícios, na literatura, estão inscritos os
valores da sociedade, seus hábitos e nas roupas, nos edifícios, na
literatura, estão inscritos os valores da sociedade, seus hábitos e sua
mentalidade. Os índios brasileiros, por exemplo, assim como os jo-
vens de hoje, tatuam e pintam o corpo para identificar seus grupos
étnicos, bem como para destacar a importância social de seus
membros. Cada traço desse desenho tem um significado próprio e
uma forma com sentido (COSTA, 1999).
55
a arte consagrada e a de vanguarda. Essas e outras preocupações
constituem o objeto dessa ciência relativamente nova, que tem cer-
ca de cem anos, que é a sociologia da arte.
Essa ciência parte de certos princípios relativos à determi-
nada forma de pensar o fazer artístico, a linguagem, a comunicação
e até mesmo o conhecimento. Não é a única. Como vimos, existem
outras ciências que estudam a arte, como a psicologia, a história e
a filosofia. Cada uma delas trouxe importantes contribuições para
o estuda da arte, mas privilegiamos aqui as contribuições que a an-
tropologia e a sociologia trazem, especialmente porque estamos
abordando a arte enquanto manifestação da cultura e com uma
função social importante.
2.3 Arte e Cultura Popular no Mundo da Crian;a
O que a indústria cultural percebeu mais tarde (e Ador-
no constatou, pessimistamente), é que cultura de massa possuía a
capacidade de absorver em si os antagonismos e propostas críticas,
em vez de combatê-los. Desta forma, a cultura de massa alcançaria
a hegemonia, elevando ao seu próprio nível de difusão e exaustão
qualquer manifestação cultural, e assim tornando-a efêmera e des-
valorizada.
No contexto da indústria cultural são totalmente distintos
e independentes os conceitos de “popular” e “popularizado”, já que o
grau de difusão de um bem cultural não depende mais de sua classe
de origem para ser aceito por outra. A grande alteração da cultu-
ra de massa foi transformar todos em consumidores que, dentro da
lógica iluminista, são iguais e livres para consumir os produtos que
desejarem. Dessa forma, pode haver o “popular” (i.e., produto de ex-
pressão genuína da cultura popular) que não seja popularizado (“que
não venda bem”, na indústria cultural) e o “popularizado” que não
seja popular (vende bem, mas é de origem elitista).
O que seria popular? A que grupos ou classe social pode-
ríamos associar cada um desses conceitos? Haveria um critério de
valor para separar esses conceitos, isto é, seria possível ou correto
compará-los e julgá-los. A questão da existência de uma cultura
56
popular significa falar, simultaneamente, em religião, em arte, em
ciências populares?
57
A importância do brincar na educação infantil já foi tema
de várias pesquisas, pressupostos teóricos não faltam para provar
isto. Cada teoria com seu foco específico, seu campo de observa-
ção, mas existe uma unanimidade na valorização da brincadeira no
desenvolvimento da criança. Ficam então as perguntas: Por que
ainda se encontram tantas escolas que restringem os espaços físi-
cos e temporais do brincar? Que brincadeira é essa a que estamos
então nos referindo?
Chamar um brincar poético, um brincar regido por es-
truturas além das nossas famosas “cognitivas, afetivas e sociais”, um
brincar que restabelece uma unidade de ser dentro de uma diversi-
dade de estar. Os poetas e as crianças podem nos auxiliar a ampliar
nossos campos do imaginário, a conseguir observar a inteligência
sensível do ato de brincar e ao construir escolas onde a brincadeira
aconteça de fato.
De qualquer forma, devemos lembrar que o espaço que a
sociedade reserva de maneira explícita aos elementos tradicional-
mente relacionados a cada uma das culturas é bastante diferenciado.
A tentativa de compreender arte e cultura popular no país
implica em conhecer a organização político-econômico-cultural
do país, suas regras, suas contradições. Afinal, essas definições e
a compreensão do que pode ser considerado popular e erudito se
transforma na medida em que as relações sociais, políticas, cultu-
rais e econômicas vão se modificando.
Um exemplo, o arroz carreteiro: prato comum aos peões
que levavam as tropas de gado. Eles usavam o charque (carne sal-
gada) em suas idas e vindas, como alimento não perecível. Junto
com o arroz abundante na região sul, preparavam essa refeição tra-
dicional. Claro que nas estâncias o arroz com charque era também
prato usual pela sua simplicidade e sabor. Com o passar do tempo
ele deixou de ser uma típica comida de peões e passou também a
ser prato regional em alguns estados brasileiros, sendo servido não
só nos restaurantes simples como nos requintados.
Para compreender as brincadeiras e seus significados na
58
educação e formação das crianças, é necessário acompanhar as eta-
pas de transformação dos seus elementos.
Podemos afirmar então, que a arte popular é atribuída à
produção estética de uma parte da população que não é formal-
mente intelectualizada, nem urbana, nem industrial. A arte popu-
lar possui como principais características:
• ser geralmente anônima, pois é resultado de várias co-
laborações que passam de geração em geração ao longo
do tempo, geralmente feita oralmente;
• apresentar visão de mundo de um determinado grupo
social, ou seja, o conteúdo da tradição cultural e folclóri-
ca expressa os sentimentos comuns de uma coletividade;
• desenvolver-se dentro de convenções tradicionais;
• ter como maior público apreciador pessoas de seu pró-
prio grupo ou comunidade;
• resistir às influências dos modismos ditados pela elite
dirigente.
A arte popular pode ser considerada o retrato de uma na-
ção, pois guarda características peculiares e genuínas do povo que
formou esse grupo durante anos. Muitas pessoas acreditam que
esse tipo de arte é produto apenas de pessoas que vivem na zona
rural ou de povos imigrantes. No entanto, grande parte da popu-
lação que vive na zona urbana, de grandes cidades, é composta de
pessoas que vieram do interior ou de outros países, incorporando à
cidade manifestações de suas culturas.
Vamos refletir sobre brinquedo e criança que são palavras
estreitamente associadas. Todas as sociedades reconhecem o brincar
como parte da infância. Os primeiros registros desse reconhecimen-
to, obtido por meio de escavações arqueológicas, advêm do período
em que nossa espécie ainda tinha como modo de sobrevivência bá-
sico a caça e a coleta (Frenzel, 1977). O mesmo não se pode dizer
acerca das palavras “cultura” e “criança”. Salvo algumas exceções, o
59
fenômeno cultura foi frequentemente tratado como uma proprie-
dade do adulto. Quando se faz alusão ao termo patrimônio cultu-
ral, geralmente se remete a aspectos da cultura adulta como prédios,
danças, comidas típicas, vestuário e artefatos artesanais. Carvalho e
Beraldo (1989) afirmam que este tipo de visão impediu que se vis-
se a riqueza das interações criança-criança, pois o que poderia uma
criança incompetente oferecer a outra igualmente incompetente?
Essas autoras enfatizam o interesse pelo estudo das interações crian-
ça-criança, partindo do pressuposto de que elas são de alta priorida-
de motivacional para os sujeitos envolvidos.
A ligação entre “cultura” e “criança” é claramente percebi-
do nos jogos e brincadeiras tradicionais e populares, especialmen-
te aquelas desenvolvidas em rua. A modalidade “jogo tradicional
infantil” possui características de anonimato, tradicionalidade,
transmissão oral, conservação, mudança e universalidade (Kishi-
moto, 1993). Apesar de os jogos tradicionais caracterizarem uma
cultura local (Friedmann, 1990), é interessante a existência de
certos padrões lúdicos universais, mesmo observando diferenças
regionais, como variações nas designações, nas regras e em suas for-
mas de utilização.
Piaget (1977) viu as regras do jogo de bola de gude como
um fenômeno da moralidade, o que possibilitava o estudo do de-
senvolvimento moral da criança pela observação da maneira como
ela lida com essas regras. Para tanto descreveu de forma minuciosa
as regras dessa brincadeira em Neuchâtel, na Suíça. É surpreenden-
te a semelhança entre algumas regras encontradas por Piaget e as
encontradas em Belém no jogo de peteca (Pontes & Galvão, 1992,
1997), e em outras regiões do Brasil (Neto, 1977).
É evidente o caráter dinâmico da manutenção de tais
normas, o que parece ser um paradoxo, mas, como Laraia (1986)
sustenta, qualquer sistema cultural está num contínuo processo de
mudança, ou seja, a conservação é sempre algo relativo, depende
da dimensão de tempo e do sistema cultural a ser considerado. É
certo, entretanto, que o fenômeno cultural também pode mostrar
uma estabilidade considerável no decorrer do tempo e no espaço
60
(Cavalli-Sforza; Feldman, Chen & Dornbush, 1982).
A impressão leiga é de que o jogar e o brincar são ensi-
nados como normalmente os adultos ensinam a outro adulto um
jogo, de modo sistemático e diretivo. Ao ensinar-se uma nova mo-
dalidade de jogar baralho, por exemplo, utiliza-se de dicas verbais,
sistemáticas, sequenciais (por passos) e de exemplos: “o jogo inicia
quando…”, “ganha quem…”.
A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social (Brou-
gère, 1997). Aprendem-se as formas, o vocabulário típico, as re-
gras e o seu momento de enunciá-las, as habilidades específicas
requeridas para cada brinquedo e os tipos de interações condi-
zentes. Acredita-se que a investigação dessas e de outras categorias
de eventos seja importante não só para uma melhor descrição da
brincadeira e da ocorrência de aprendizagem em situação natural,
mas também para a compreensão dos processos de transmissão da
cultura da brincadeira, assim como das relações entre os membros
do grupo e do desenvolvimento infantil.
Para Cavalli-Sforza e colaboradores (1982), “a transmis-
são cultural é o processo de aquisição de comportamentos, ati-
tudes ou tecnologias através de estampagem, condicionamento,
imitação, ensino ativo e aprendizagem ou a combinação desses
elementos” (p. 19). Nesse modelo, quando a transmissão ocorre
dos pais para a criança, ela é denominada de vertical; quando é
feita entre membros da mesma geração (adulto-adulto, criança-
criança), denomina-se de horizontal, e é chamada oblíqua quando
se dá entre não parentes de gerações diferentes.
Tomasello e colaboradores (1993) distinguem três tipos
de aprendizagem cultural: a aprendizagem imitativa, a aprendiza-
gem instruída e a aprendizagem colaborativa. Na aprendizagem
imitativa o aprendiz internaliza algo da estratégia comportamen-
tal do demonstrador, podendo ocorrer dentro ou fora do contexto
pedagógico. Quando o ensino está envolvido no processo, pode
ocorrer a aprendizagem instruída, essencialmente Vygotskyniana,
na qual aprendizes internalizam as instruções e as usam subse-
61
quentemente para autorregular sua atenção, sua memória e outras
funções cognitivas. A aprendizagem colaborativa não envolve a
transmissão - no sentido clássico - do mais experiente para o apren-
diz. Por definição, a situação consiste de pares que colaboram para
construir algo novo e diferente do que a díade possuía antes de a
interação iniciar. Para os autores, este processo realça o espírito in-
ventivo e conduz à evolução cultural. Em uma minoria dos casos, a
aprendizagem colaborativa pode contribuir para a manutenção de
tradições culturais.
Portanto, qualquer transmissão de um elemento cultural
só pode ocorrer dentro de um contexto social. A cultura da brin-
cadeira é um fenômeno de grupo. É só em um conjunto de sujeitos
que mutuamente se regulam, que uma brincadeira tradicional se
mantém e é repassada com uma identificação própria e com um
modo de organização típico. Nesse sentido, parte-se do pressupos-
to de que entender a organização social de um determinado grupo
é um fator essencial para se estudar a transmissão da cultura.
Percebe-se que a arte e a brincadeira podem ser um grande aliado
na educação infantil.
Síntese da Unidade
62
distinção entre arte popular e brincadeiras é a prova de que são fer-
ramentas importantes na educação. A arte e as brincadeiras podem
cumprir a função de reproduzir as desigualdades e contribuir na
formação e educação das crianças. A criança que brinca com bone-
ca refaz a própria vida, corrigindo-a a sua maneira, e revive todos
os prazeres ou conflitos, resolvendo os, compensando-os. Ou seja,
completando a realidade com a ficção. ( Jean Piaget)
Exercício de Fixação
Leia e responda.
Sobre o brincar
A desconsideração da escola em relação aos conhecimen-
tos adquiridos pela criança e sua vivência antes do ingresso na ins-
tituição constitui um dos males educacionais. Freire (1995, p. 43)
destaca que a escola pensa estar educando para o aprendizado dos
símbolos, e estes, representados pelos números, letras e outros si-
nais, são reconhecidos socialmente. No entanto, esquece-se que as
crianças não deixaram de ter seu mundo particular (sua rua, sua
casa, seu clube) ao ir à escola, cujos símbolos precedem os univer-
sais, através de imagens criadas por elas como forma de represen-
tação do real. E acrescenta que estes constituiriam o dispositivo
mais forte de proteção do ser humano. Assim, quando a criança se
entrega ao faz-de-conta, passa a aprender, na visão do autor, aquilo
que mais deve ser aprendido entre os humanos: a simbolizar. Por-
tanto, afirma o autor (1989, p. 13), “negar a cultura infantil, é no
mínimo, mais uma cegueira do sistema escolar”.
O principal motivo da ocorrência do furto do lúdico na
infância, alerta Marcellino (1996, p. 37), talvez seja o fato de con-
siderar a criança como um adulto em miniatura, cuja finalidade
única seria a sua preparação para o futuro. Porém, como lembra,
63
“o mundo do brinquedo, em essência, não se prende à preparação
sistemática para o futuro, mas à vivência do presente, do agora”.
Assim, torna-se necessário entender a criança como produtora
de cultura, oportunizando a ela tempo e espaço necessários para
essa produção, assegurando-lhe o direito de brincar, possibili-
tando diversificadas vivências e contribuindo para sua formação
como ser humano participante da sociedade em que vive. Embora
se fale em entender a criança como “criança” e não como “adulto
em potencial”, atenta Marcellino (1997), o que se observa é que a
instrumentalização da infância vem acontecendo frequentemente,
desrespeitando a faixa etária da criança e afastando cada vez mais o
brincar e a ludicidade de sua prática diária, sendo a escola um dos
contribuintes dessa instrumentalização.
Questões:
1. Pode existir ligação entre o “aprender” e o “brincar”.
De que forma?
2. Quais as contribuições que as brincadeiras trazem à
educação infantil?
3. Quais as relações estabelecidas entre cultura popular e
as brincadeiras?
64
ARTE-EDUCAÇÃO
NAS SÉRIES INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Caro Aluno
Nesta unidade iremos conhecer a arte- educação na nas
séries iniciais do ensino fundamental.
Boa aula!!!
3. Arte-Educação
71
progressista – libertadora libertária e crítico-social dos conteúdos
– tem uma influência concreta menor no ensino em geral e no de
Arte em particular, embora sejam concepções preponderantes no
debate pedagógico.
Quanto à estrutura curricular, o mais comum no ensino
de Arte é não se ter uma teia organizadora da arte-educação nas
escolas. Em muitas, nem a obrigatoriedade da existência deste en-
sino é cumprida. Em outras, o ensino de Arte poderia se chamar
de casual, pois a área (Artes Plásticas, Música, Artes Cênicas, etc.)
que será trabalhada é de acordo com o professor que chegar, sua
atuação será definida mais pelo critério horário/dia do que efeti-
vamente por uma estrutura curricular pensada, com articulação e
significação próprias de uma área específica do conhecimento hu-
mano, que tem sua presença na escola exatamente pela importân-
cia histórico-cultural para a humanidade e pela potencialidade de
desenvolvimento humano (em todas as dimensões) que o ensino
de Arte pode proporcionar.
Apesar do predomínio dessa situação, muitas escolas
(particulares e públicas) articulam o ensino de Arte, qualifican-
do sua presença no currículo escolar. Há um esforço de pensar o
ensino de várias linguagens artísticas para que o aluno se aproprie
de seus conceitos fundamentais, desenvolva capacidade criadora
dentro das linguagens artísticas e se relacione de forma mais inten-
cional e qualificada com as obras de arte que estão em seu contexto
espaço-temporal mais próximo ou distante. A existência dessas es-
colas aponta para a possibilidade e necessidade de debater o ensino
de Arte no ensino fundamental.
Nos últimos anos, fora essas experiências de escola ou
de redes inteiras com presença significativa da arte no currículo,
o que veio colaborar pela abrangência geográfica de circulação e
pelo caráter de oficialidade na expansão desse debate e reafirmar a
necessidade de pensar o ensino de Arte mais cuidadosamente foi
o documento do Ministério da Educação, ligado a sua Secretaria
de Ensino Fundamental. O título do documento: os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) para a Arte (Brasil, 1997). Por
72
mais que se trate de um documento oficial, traçado dentro de uma
política conhecida por todos, que tem limitações de várias ordens
e sobre o qual poderia rebater várias afirmativas, é necessário admi-
tir que veio contribuir no debate da questão do ensino da Arte, por
estimular importantes publicações da área (Martins, 1998).
Os PCNs acompanharam a LDB/1996, mas mesmo an-
tes desses fatos institucionais várias escolas se propuseram a criar
novas formas pedagógicas.
O ensino de Arte não pode ser visto como mera atividade,
o estatuto da Arte no currículo deve ser de disciplina, pois tem
objeto específico de estudo e um discurso estético articulado por
suas diferentes linguagens ao longo da história.
A atuação polivalente não é a mais recomendada ao arte
educador. Sendo sua especificidade educativa uma linguagem ar-
tística, nada melhor do que poder atuar nela, mantendo em seu
fazer pedagógico a abertura de diálogos inter e transdisciplinares.
As metodologias específicas de cada arte educador devem ser res-
peitadas, mas também problematizadas através do debate com seus
pares e com o todo da escola, com intuito de buscar um trabalho
interdisciplinar mediado.
As salas de aula devem potencializar ao máximo esse fa-
zer, portanto o ideal são as salas ambiente, em que o arranjo singu-
lar da linguagem, dos alunos e professor possa se traduzir na mate-
rialidade do ambiente.
Portanto, ensinar/aprender Arte nas séries iniciais do
Ensino Fundamental, requer a clareza de dois pontos fundamen-
tais: Arte é área do conhecimento humano, patrimônio histórico e
cultural da humanidade; Arte é linguagem, portanto, um sistema
simbólico de representação. A escola - local privilegiado onde os
saberes acumulados pelo homem e aqueles que serão produzidos
coletivamente são compartilhados na busca da construção do ci-
dadão consciente, participativo, crítico, sensível e transformador
da sociedade - não se completa se não contemplar em seu currículo
o ensino competente nas linguagens artísticas. O professor de sé-
73
ries iniciais deve ter como foco principal o desenvolvimento das
competências da leitura e da escrita, tem o dever de possibilitar às
crianças o acesso também à leitura e produção de textos nas lingua-
gens não verbais, matéria-prima do universo da Arte.
Manipular, organizar, compor, significar, decodificar, in-
terpretar, produzir, conhecer imagens visuais, sonoras e gestuais
e corporais são requisitos indispensáveis ao cidadão contemporâ-
neo. A leitura de mundo, o letramento, vão além do texto escrito.
Como afirmam os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Arte é
um modo privilegiado de conhecimento e aproximação entre in-
divíduos de culturas diversas; favorece o reconhecimento de seme-
lhanças e diferenças, num plano que vai além do discurso verbal.
Entendemos como objeto de conhecimento da Arte o
próprio universo da Arte. No ensino fundamental o foco dos es-
tudos artísticos está centrado em algumas de suas linguagens: a
música, o teatro, a dança e as artes visuais, vistas como “um tipo
de conhecimento que envolve tanto a experiência de apropriação
de produtos artísticos quanto o desenvolvimento da competência
de configurar situações mediante a realização de formas artísticas.
Ou seja, entendemos que aprender Arte envolve não apenas uma
atividade de produção artística pelos alunos, mas também a con-
quista da significação do que fazem, por meio do desenvolvimento
da percepção estética, alimentada pelo contato como fenômeno
artístico visto como objeto de cultura por meio da história e como
conjunto organizado de relações formais. (PCN – Artes). Desta
forma, de acordo com as Propostas Curriculares para o Ensino da
Artes e os Parâmetros Curriculares Nacionais - MEC, são eixos
articuladores do processo de ensino e aprendizagem em Arte:
1. Produção em Arte: o fazer artístico.
2. Fruição: apreciação significativa da Arte e do universo
a ela relacionado.
3. Reflexão: a Arte é produto da história e da multiplici-
dade das culturas humanas.
Além do fazer e do apreciar arte, é de fundamental impor-
74
tância a contextualização da obra de arte; todo o panorama social,
político, histórico cultural em que foi produzida; como ela se in-
sere no momento de sua produção e como esse momento se reflete
nela. Pensar a Arte como objeto de conhecimento. É a história da
produção artística. De que outra forma ter acesso à compreensão,
por exemplo, da “Guernica” de Picasso?
75
a designação arte-educação e passemos a falar diretamente de
ensino da arte e aprendizagem da arte sem eufemismos, ensino
que tem de ser conceitualmente revisto na escola fundamental,
nas universidades, nas escolas profissionalizantes, nos museus,
nos centros culturais a ser previsto nos projetos de politécnica
que se anunciam. (Ana Mae Barbosa 1991)
76
dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida.
Quando trata a Arte como objeto de conhecimento, os
Parâmetros Curriculares Nacionais (Ibidem, p. 26) afirmam que,
“O universo da arte caracteriza um tipo particular de conhecimen-
to que o ser humano produz a partir das perguntas fundamentais
que desde sempre se fez com relação ao seu lugar no mundo”.
Dessa forma, de acordo com a visão do mesmo, entende-se que
a manifestação artística tem em comum com o conhecimento
científico, técnico ou filosófico seu caráter de criação e inovação.
Essencialmente, o ato criador, e qualquer dessas formas de conhe-
cimento, estrutura e organiza o mundo, respondendo aos desafios
que dele emanam, num constante processo de transformação do
homem e da realidade circundante. O produto da ação criadora, a
inovação, é resultante do acréscimo de novos elementos estruturais
ou da modificação de outros. Regido pela necessidade básica de
ordenação, o espírito humano cria continuamente sua consciência
de existir por meio de manifestações diversas.
77
“A emoção é movimento, a imaginação dá forma e densi-
dade à experiência de perceber, sentir e pensar, criando imagens in-
ternas que se combinam para representar essa experiência” (PCN,
1997, p. 30). Assim, entende-se que a faculdade imaginativa está
na raiz de qualquer processo de conhecimento, seja científico, ar-
tístico ou técnico. A flexibilidade é o atributo característico da ati-
vidade imaginativa, pois é o que permite exercitar inúmeras com-
posições entre imagens, para investigar possibilidades e não apenas
reproduzir relações conhecidas.
Segundo o PCN, no caso do conhecimento artístico, o
domínio do imaginário é o lugar privilegiado de sua atuação: é no
terreno das imagens que a arte realiza sua força comunicativa.
Portanto, a partir dessas referências, situa-se a área de Arte
dentro dos Parâmetros Curriculares Nacionais como um tipo de
conhecimento que envolve tanto a experiência de apropriação de
produtos artísticos (que incluem as obras originais e as produções
relativas à arte, tais como textos, reproduções, vídeos, gravações,
entre outros) quanto o desenvolvimento da competência de confi-
gurar significações por meio da realização de formas artísticas. Ou
seja, considera-se que:
78
sua relação com as demais” (Ibidem, p. 33).
Cabe destacar aqui os objetivos gerais de Arte para o En-
sino Fundamental de acordo com os Parâmetros Curriculares Na-
cionais (1997, p. 39), que dizem:
79
diferenças nos padrões artísticos e estéticos;
• observar as relações entre o homem e a realidade com
interesse e curiosidade, exercitando a discussão, indagan-
do, argumentando e apreciando arte de modo sensível;
• compreender e saber identificar aspectos da função e
dos resultados do trabalho do artista, reconhecendo, em
sua própria experiência de aprendiz, aspectos do processo
percorrido pelo artista;
• buscar e saber organizar informações sobre a arte em
contato com artistas, documentos, acervos nos espaços
da escola e fora dela (livros, revistas, jornais, ilustrações,
diapositivos, vídeos, discos, cartazes) e acervos públicos
(museus, galerias, centros de cultura, bibliotecas, fonote-
cas, videotecas, cinematecas), reconhecendo e compreen-
dendo a variedade dos produtos artísticos e concepções
estéticas presentes na história das diferentes culturas e
etnias. (PCN, 1997, p. 39)
Síntese da Unidade
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Exercício de Fixação
Leia e responda.
Texto 1
Autor: Raimundo da Silva Santos Júnior (juruti)
Em: 26 de abril de 2008
Importância das Artes no Ensino Fundamental
Na consciência da existência de uma ilimitada corrente de
teorias que norteiam a educação escolar, esta que tem valores ideo-
lógicos pré-definidos, sentimos necessário discutir sobre As Artes
na Escola. Artes que se tem ausentado da atual prática educacional
e se tornado para nós um assunto que merece bastante atenção, por
ter uma importância muito significativa na formação integral do
educando.
As Artes libertam a alma, proporcionam representar o
mundo e seus conflitos, permitem a criança recriar os aconteci-
mentos. “Essa manifestação da linguagem, o dom de recriar para si,
de forma inovadora, as imagens que as outras pessoas nos apresen-
tam, é o que fundamenta a arte.” (BRONOWISKI.1998,pg.27).
Reconhecendo o riquíssimo valor da história para a com-
preensão dos fatos sociais que marcam os nossos dias, não pode-
mos deixar de elucidar que a educação do povo brasileiro, desde
o início da grande exploração, esteve distribuída em dois polos, o
que é comum das sociedades ditas “civilizadas”. De um lado uma
escola para formar os filhos dos colonizadores, com a finalidade de
tornar-lhes dominantes sobre uma grande maioria marginalizada,
e de outro uma escola que preparava indivíduos para serem incapa-
citados de ver além da aparência.
O Objetivo da escola dos dominantes era educar para o
81
poder, para dominar, e para isso acontecer seria necessário forjar
no homem uma postura que lhe distinguisse dos demais, aí é que
entrava as Artes como base da formação dessa estrutura.
O dominante necessitava estar enquadrado nas atividades
artísticas e heroicas da sociedade, seu nome deveria ser conhecido dos
seus dominados, ele deveria ser visto pelos outros como alguém supe-
rior em todos os níveis, em especial na sua expressão artística. Chama-
mos isto hoje de popularidade, era necessário tornar-se popular.
A escola dos dominados, instituída pelos dominantes, ti-
nha como objetivo educar para a obediência ao trabalho, ensinar
assuntos que preparassem urgentemente tais alunos para a leitura,
escrita, resolução de continhas, isso era o que eles precisavam. Se-
ria desperdício ensinar-lhes as Artes, isto que não estavam sendo
preparados para a expressão artística, nem tampouco para admi-
nistrar, mas sim para o mero trabalho braçal. Vejamos o que diz
Porcher:
Não há dúvida de que até uma época recente a arte sempre teve
na sociedade uma conotação aristocrática, enquanto exercício
de lazer e marca registrada da elite. As muralhas estéticas defi-
niam o território fechado de uma certa forma de ócio elegante.
Mas esse lazer ocioso, essa utilização do tempo livre não foram
dados a todos por igual dentro da sociedade: constituíram-se
em privilégio das classes sociais favorecidas, que foram também
as classes sociais dominantes. (1982, p.13).
82
tender melhor sobre o problema da falta de valorização as Artes
no Ensino Público, em especial no ensino público fundamental.
Se analisarmos, compreenderemos que estamos favorecendo uma
ideologia burguesa, que tem sido estruturada dentro da própria
escola pública, tendo em vista evitar que os filhos dos proletários
possam conhecer a história das Artes no Brasil e por conseguinte
tomem espaço no “poder”.
A realidade acima mencionada é o fator principal para
que a classe dominante mantenha sua grandiosa vantagem em
relação aos dominados. Referindo-se à desigualdade social como
produto do meio Porcher afirma:
Questões:
1) Após leitura do texto reflita sobre as problemáticas
propostas e responda: como profissionais, é necessário re-
conhecermos que as nossas ações são frutos de influências
externas? Por quê?
2) Quem são os grandes pensadores do Sistema de Ensino
Público Fundamental?
3) Quais são seus objetivos a serem alcançados como
educador?
83
O DESENVOLVIMENTO
CRIATIVO
Caro Aluno
Seja bem-vindo (a) à nossa segunda unidade. Esta unida-
de será dedicada a uma importante reflexão sobre a função da arte
no universo da criança. Você terá a oportunidade de entender me-
lhor as relações da arte com a criança
Bons Estudos!!!
4. Conceito de Criatividade
89
Mas também é possível compreender a criatividade como a base
do ato de liberdade, ou melhor, da ação libertadora, pois a criação
associa-se à formação do senso crítico.
Segundo Haetinger (2005, p. 134), “A criatividade está
presente em cada um de nós. Todos temos a mesma capacidade cria-
dora”. Mas ele argumenta que essa capacidade é potencializada ou
minimizada de acordo com nossas interações com o meio cultural, o
qual pode ou não oferecer estímulos às atitudes e aos atos criativos.
O autor ainda complementa que, o que potencializa
a criatividade são as nossas vivências. Em seu livro destaca que,
“Criatividade – Capacidade criadora, inventividade, capacidade
de gerar novas ideias. Associada a vivências e meio ao qual o indi-
víduo está inserido” (Ibidem, p. 15).
Analisando os processos criativos, Haetinger (2005)
aponta que estes estão relacionados à inteligência e, mais especifi-
camente, que eles se originam nos pensamentos divergentes.
90
tivas e inovadoras para determinadas ações.
Ainda nesta mesma linha de considerações, o autor con-
clui que:
91
descobrir novos mundos.
92
ideias é preciso pensar”. No entanto, o autor considera que muitas
pessoas ignoram essa obviedade, porque a preguiça mental assola
o homem moderno, acostumado às ideias padronizadas. Segundo
ele, a liberdade de poder pensar o que e como quiser pode assustar,
por causa desse condicionamento intelectual.
93
tar ainda, entre tantos outros existentes, mais alguns conceitos de
criatividade, como por exemplo, que, “Criatividade é encontrar
soluções onde todos só veem problemas, encontrar meios onde to-
dos só veem escassez, encontrar um sorriso onde os outros só veem
tristeza” (FABIO, 2000, s.p). Ou que, “Criatividade é um com-
portamento produtivo, construtivo, que se manifesta em ações ou
realizações, não necessitando ser, prioritariamente, um fenômeno
ímpar no mundo, mas deve ser basicamente, uma contribuição do
indivíduo” (LOWENFELD & BRITTAIN, 1977, s.p). Também
Rogers (1978, s.p), que afirma que, “Criatividade é a emergência
na ação de um produto relacional que provém da natureza única
do indivíduo, por um lado, e dos materiais, acontecimentos, pesso-
as e circunstâncias de sua vida, por outro”.
94
A pessoa é o indivíduo que assimilou as regras do domínio,
encontrando-se pronto para imprimir no campo suas varia-
ções individuais. (CZIKSZENTMIHALYI, 1988, s.p)
95
Quando o artista está vivo em qualquer pessoa, qualquer
que seja o seu tipo de trabalho, ela se torna uma criatura in-
ventiva, pesquisadora, ousada e expressiva. Torna-se interes-
sante aos olhos de outras pessoas. Perturba, agita, esclarece
e abre o caminho para uma melhor compreensão. Quando
aqueles que não são artistas estão procurando fechar o livro,
ele o abre e mostra que ainda há um grande número de pági-
nas possíveis. Robert Henri (In: Ibidem, p. 17)
96
seu senso crítico e aproveita essa colocação para ressaltar a impor-
tância da criatividade ao longo da vida humana.
97
Segundo Haetinger, a dança criativa é uma dança não
coreográfica, realizada a partir de estímulos sonoros (música e/ou
ruídos). Ao praticá-la, a dança cria movimentos livremente ou a
partir da provocação de um mediador. Deste modo, a dança criati-
va parte de uma brincadeira infantil e se manifesta quando a crian-
ça usa seu próprio corpo para brincar e se movimentar ao ritmo de
uma música ou som.
“Nos ambientes de educação, o educador pode trabalhar
a dança criativa provocando reações e interpretações por parte das
crianças. Através de brincadeiras que envolvem situações e sons es-
pecíficos, o professor estimula a criança a dançar e usar sua imagi-
nação”. (Ibidem, p. 51)
De acordo com Marques (2003), a dança criativa “sugere
que as aulas de dança devem permitir e incentivar os alunos a expe-
rimentar, explorar, expandir, colocar seu eu no processo de confi-
gurações de gestos e movimentos” (Ibidem, p. 140).
Haetinger (2005) também menciona o teatro, outra
modalidade do ensino de Arte, como atividade estimuladora da
criatividade infantil. O autor reforça que, na educação, a motrici-
dade relaciona-se intensamente com a expressão dramática, pois,
quando a criança está desenvolvendo suas habilidades, ela conjuga
ações com seu corpo, sua imaginação, seu poder de imitação e de
representação. Estas práticas consistem em formas de expressão
fundamentais para seu desenvolvimento.
98
rio é muito importante para as vivências infantis. Como faz notar
um renomado pesquisador da expressão dramática na infância e no
universo escolar, que afirma que, “o jogo dramático infantil é uma
forma de arte por direito próprio; não é uma atividade inventada
por alguém, mas sim o comportamento real dos seres humanos”
(SLADE, 1978, p. 17).
Do mesmo modo, Haetinger (2005) salienta que, “É nes-
te tipo de atividade que a criança se expressa espontaneamente. Por
meio do jogo dramático, ela inventa, pensa, lembra, ousa, experi-
menta, comprova, relaxa e faz relações com o mundo que a cerca”.
(Ibidem, p. 58)
A expressão dramática deve ser valorizada e correlacio-
nada com as atividades de desenvolvimento infantil. Isto pode ser
feito, por exemplo, quando se propõe caminhadas imaginativas ou
brincadeiras com fantoches e máscaras. Todos os jogos que traba-
lham com a fantasia são importantíssimos às descobertas infantis.
99
de criar e explorar a criatividade, uma vez que o jogo proporciona
o desenvolvimento do pensamento criativo e divergente, gerados
pela criatividade. Desse modo, os alunos podem inovar e descobrir
formas para se relacionar com a aprendizagem.
Portanto, os jogos artísticos, como o próprio nome diz,
são aqueles que operam com as competências artísticas. Entre eles,
destacam-se as atividades de artes plásticas, como desenhos, gra-
vuras, recortes, colagens, maquetes, móbiles, trabalhos com tintas,
esculturas, massa de modelar, dobraduras, quadros, mosaicos, más-
caras, vitrais, entre outras; as atividades teatrais são os jogos dra-
máticos, peças, dramatizações, improvisações teatrais, fantoches,
mímicas, teatro de sombras, etc.; as musicais são montagens de
instrumentos, ritmos, canto, composição, paródias, coral, dicção;
e a dança, em todos os seus gêneros e de todas as épocas, atividades
de expressão corporal, de ritmo e movimento, faz parte dos jogos
expressivos.
No contexto escolar, Haetinger (2005) acredita que a cria-
tividade pode transformar a relação do sujeito com o conhecimento.
100
O processo criativo está intimamente relacionado ao exercí-
cio da imaginação. Os jogos e brincadeiras que estimulam a
autoexpressão, a descoberta e o poder de imaginação explo-
ram a criatividade e permitem que alunos e professores se
expressem de modo global e potencializem suas habilidades
e capacidades. Também ao desenvolver sua própria criativida-
de, o educador passa a compreendê-la e adquire parâmetros
para proporcionar experiências criativas aos seus educandos.
101
dicos, movimento e vivências coletivas contribuem com a criativi-
dade e com o desenvolvimento do senso crítico”. (Ibidem, p. 137)
De acordo com o mesmo autor, todo tipo de atividade cria-
tiva só acontece em um ambiente de liberdade, no qual todos têm as
condições ideais para se expressar autenticamente, sem restrições ou
imposições. Sobre esse aspecto o autor também destaca a postura da
escola frente ao processo de desenvolvimento da criatividade.
De fato, “Aos educadores cabe lembrar: a criança não
aprende nem cria por imitação”. (Ibidem, p. 137)
102
Na opinião de Lowenfeld & Brittain (Apud: MACHA-
DO, [s.d.]), o professor deve ter sempre em mente que não se deve
impor padrões e regras a serem seguidos, estabelecer algo suposta-
mente correto, “bonito” ou “feio”. “Essas seriam restrições à capa-
cidade criadora e, consequentemente, inibiriam a expressão indivi-
dual da criança e sua autoafirmação”. E continua, “É preciso ajudar
as crianças desenvolver a confiança na autoafirmação, propiciada
pela expressão artística”. (Ibidem, [s.p])
No ponto de vista de Machado [s.d.], em seu artigo sobre
o desenho infantil – o desenvolvimento da criatividade e da per-
cepção visual – a autora argumenta que:
103
Não pensamos e, principalmente, não nos expressamos da
mesma forma. Devemos aceitar essas diferenças e enfatizá-las,
a fim de realizar um trabalho mais autêntico.
104
expressar o desejo de mudar a sociedade por meio de uma pedago-
gia orientada para a criatividade”. (Ibidem, p. 19)
Síntese da Unidade
Exercício de Fixação
Leia e Responda:
Marcel Duchamp
Outra questão abordada por Marcel Duchamp é o fato de
que o resultado do ato criativo, a obra de arte, é um processo que
ele chama de “mediúnico”, ou seja, que comporta mais do que o
elemento racional, ou em suas palavras, dá “consciência no plano
estético sobre o que está fazendo”, um componente subjetivo, até
inexplicável, sendo considerado como um “embate” a relação entre
esses dois elementos durante o ato criador. Afirma ele:
105
manece inexpresso embora intencionado, e o que é expresso
não intencionalmente.
Responda:
Vamos pensar a arte, então, como um ponto de vista sobre
a realidade, um olhar. Esse olhar, no entanto, nunca é neutro, mas
um modo de apreender, de representar o real. A arte nos ensina
que o mundo pode ser visto e dito por diferentes ângulos e pers-
pectivas. Para Duchamp, o ato criador não é praticado somente
por uma pessoa, já que os significados da obra de arte serão acres-
cidos pelo espectador/leitor, reconfigurando e reconstruindo, ao
longo do tempo, novas maneiras de olhar o objeto artístico.
106
Se o ato criador não é praticado por somente uma pessoa,
qual é seu olhar para obra de Duchamp?
107
EDUCAÇÃO
PARA A SENSIBILIDADE
Caro Aluno
Bem-vindo à nossa quinta unidade. Esta unidade será
dedicada a uma importante reflexão sobre a função da Educação
para sensibilidade. Você terá a oportunidade de compreender as
relações entre Educação e sensibilidade. Também compreenderá a
importância de se ensinar a sensibilidade estética.
Bom Estudo!
5. Educação para a Sensibi-
lidade - O Olho que Vê e o
Espírito que Escreve
113
ser ele próprio e, na paleta, a cor que o quadro espera; e vê, uma vez
feito, o quadro que responde a todas essas faltas, e vê os quadros
dos outros, as respostas outras a outras faltas”. Esse ponto de vista
do pintor em relação ao mundo e o que deste poderia transformar-
se em pintura corresponde, guardadas as devidas especificidades.
Isso evidência na medida em que poderíamos reescrever o trecho
acima conforme o ponto de vista da gaúcha Beatriz Viégas-Faria da
seguinte forma: o olho vê o quadro, e o que falta ao quadro para ser
poesia, e o que falta à poesia para ser ela mesma, e, na página em
branco, a palavra que o poema aguarda; e, uma vez feito, lê o poe-
ma que corresponde a todas essas faltas, e vê os poemas dos outros,
as respostas a outras faltas. Essa modificação com fins explicativos
das palavras de Merleau-Ponty mostra que uma filosofia do olho
não se aplica somente ao pintor, mas a todos que apreciam a arte e,
consequentemente, extraem subjetividade a partir da visão.
“O pintor, qualquer que seja, enquanto pinta, pratica uma
teoria mágica da visão. Ele precisa admitir que as coisas entram
nele ou que (.) o espírito sai pelos olhos para passear pelas coisas,
uma vez que não cessa de ajustar sobre elas sua vidência”.
Entretanto, não é somente o olho que é inerente ao ofí-
cio do artista, mas também o espírito, ou seja, esse instrumento
subjetivo que difrata as coisas do mundo apreendidas no olhar,
transformando-as em sensações e materializando-as em arte.
Considerando essa filosofia do olhar do artista, Merleau-
Ponty observa que “teria muita dificuldade de dizer onde está o
quadro que olho. Pois não o olho como se olha uma coisa, não o
fixo em seu lugar; meu olhar vagueia nele como nos nimbos do Ser,
vejo segundo ele ou com ele mais do que o vejo”. “A arte não é cons-
trução, artifício, relação industriosa a um espaço e a um mundo de
fora. É realmente o “grito inarticulado” (.) “que parecia a voz da
luz”. E, uma vez ali, ele desperta na visão ordinária das forças ador-
mecidas um segredo de preexistência”. Do texto de Merleau-Ponty
fica a ideia de que o olho, mais do que um sentido aparentemen-
te passivo, exerce influência vital na atividade do pintor, uma vez
que se constitui como o instrumento que possibilita materializar
114
o espiritual, ou seja, a subjetividade, a qual parece que só pode ser
transcrita de forma metafórica, ou melhor, artística. O que é cap-
tado pelo olho do espectador na obra transforma-se em poesia.
Entretanto, para que isso aconteça, devemos nos encantar
com as imagens, além de enxergar as pinturas, o que de fato, se
constituiu no elemento motivador da criação poética. Esse cenário
do ato criativo deve ser analisado, tendo como base uma teoria.
Muitas vezes, diante de um quadro famoso, ou de uma
ópera comovente, ficamos admirados com o talento do artista, sua
criatividade e desenvoltura. Ao mesmo tempo, nos sentimos um
pouco medíocre diante desse talento, como se seu valor fosse re-
sultado de um dom pessoal e intransferível, uma espécie de predes-
tinação para a arte.
O refinamento do senso estético depende também do acesso
às informações e à educação formal, com a finalidade em dar aos indi-
víduos uma tendência para as artes, seja para uma profissionalização,
ou simplesmente, para que ele desenvolva uma sensibilidade voltada
para o universo das artes e possibilidades de expressão artística.
Portanto, fica aqui o questionamento: o ensino de arte
permite o acesso aos bens culturais e a sua interpretação em am-
biente escolarizado? O ensino de arte, através do estudo da His-
tória da Arte, permite ao aluno, o conhecimento da arte através
do domínio dos códigos de decifração estética? Os códigos de
decifração estética são necessários para desvelar os significados e
sentidos presentes na obra de arte?
As questões levantadas apontam para uma discussão que
ganha importância na atual metodologia de ensino da arte, fundada
no estudo da História da Arte e das referências estéticas relativas à
sua contextualização e ao fazer artístico. Tal proposta consta nos Pa-
râmetros Curriculares Nacionais de Arte, nos diferentes ciclos.
E através do corpo a criança estabelece uma relação de
vinculo e afeto, aprendendo a sentir o que faz sentido na relação
consigo, com os pais, educadores, amigos, com mundo e vida.
115
Segundo Paulo Machado:
“O ser humano deve ser visto como energia que se expressa vi-
vamente na criança. É importante aprender a ver a educação em
sua expressão que se manifesta no olhar, postura, movimenta-
ção, ritmo, harmonia, criatividade e leveza, que indica as trans-
formações que estão acontecendo.”
116
lente da primavera, a idade juventude do verão, a idade adulta do
outono e a velhice do inverno.” (apud Gadotti, 2004: 81).
117
Cada sociedade possui seus próprios valores morais, re-
ligiosos, artísticos entre outros. Isso forma o que chamamos de
cultura de um povo. Mas uma cultura não fica isolada, além disso,
sofre influências de outras. Portanto, nenhuma cultura é estática.
Elas são dinâmicas, mutáveis. A arte tem se manifestado de modos
e finalidades diversas ao longo dos tempos. Na Antiguidade, em
diferentes lugares a arte era vislumbrada em manifestações e for-
mas variadas, seja na Grécia, no Egito, na Índia, na Mesopotâmia
ou lugares pouco conhecidos e reconhecidos.
118
Nota-se que, a vocação é importante para a prática artís-
tica, mas sozinha não é suficiente para o desenvolvimento e a pro-
fissionalização do artista. Como em qualquer outra atividade, essas
habilidades inatas representam um potencial que dever ser ajusta-
do às condições objetivas da profissão. O artista precisa se integrar
a um universo de ideias, propostas e princípios, além de estabele-
cer um conjunto de relações e de participar de uma comunidade
promotora da arte, composta por pessoas (empresários e críticos),
espaço e instituições (teatros, galerias, secretarias e ministérios).
Mas, as formas de aprendizagem artísticas são importan-
tes não só para o desenvolvimento pessoal do artista como para o
próprio processo de renovação da arte. Ao mesmo tempo em que
a arte consagra e difunde certos princípios, promove o debate, a
experimentação e a crítica de onde surgem propostas de renova-
ção. Existe uma necessidade de repetição e renovação da arte. Os
velhos modelos estéticos são substituídos por novos, adequados ao
momento vivido.
Assim, o aprendizado é necessário para se tornar um artis-
ta, para produzir arte associada ao seu tempo, também é preciso que
o público participe desse processo, esteja adequadamente formado e
informado. É assim, que ele amplia sua sensibilidade e pode estar em
sintonia com a arte e os critérios de julgamento artístico.
Como se adquire o gosto por determinada forma de arte?
Para se ter uma opinião formada é preciso que se observe e que
se tenham informações e até treinamento para não julgar de for-
ma errada. É preciso aprender a ver e a ouvir, entender as formas
de representação, fazer uma leitura para assim interpretamos de
maneira que possamos nos emocionar. A sensibilidade nasce com
indivíduo, é preciso aprimorar nossa capacidade estética, para que
entremos em contato mais íntimo com a produção artística.
Exemplo:
Uma pessoa diante de uma pintura renascentista repre-
sentando a última ceia de Cristo, seguramente a obra mais conhe-
cida do Ocidente. Se o observador não conhecer essa passagem da
119
Bíblia que relata a criação do sacramento da comunhão por Jesus
Cristo, verá na pintura apenas a representação de um banquete, no
qual alguns homens se reúnem em torno de um convidado espe-
cial. Se ele, entretanto, estiver informado sobre a história bíblica,
saberá apreciar a maneira como artista representou Jesus, uma di-
vindade para os cristãos. Terá, então, uma emoção diferente e mais
rica de significados. Agora, se essa pessoa entender um pouco de
história da arte, saberá ver, por exemplo, como o artista cuidou da
perspectiva e da disposição das figuras em torno da mesa, de forma
ordenada e regular (COSTA, 1999, p.60-61)
Uma simples leitura da obra permite uma apreciação es-
tética. Porém, a partir de informações mais completas, abre-se um
enorme leque de possibilidades de contemplação. A cada nova in-
formação, nossa sensibilidade se aprimora tornando-nos cada vez
mais aptos a uma completa fruição estética. Isso mostra a impor-
tância dos educadores fornecerem informações para que os edu-
candos tenham argumentos em suas apreciações.
Enfim, o nosso aprendizado artístico e o desenvolvimen-
to da sensibilidade se inicia quando ainda somos crianças, junto à
nossa família, quando entramos em contato com certo gosto que
se traduz na forma de dispor os móveis e objetos, com a preferên-
cia por determinadas cores ou por certo tipo de música. Tudo isso
faz parte do universo cultural de nossos pais, da família em meio
à qual crescemos. Aprendemos a valorizar certas “linguagens” ou
formas de expressão pelas quais comunicamos ideias e sentimen-
tos. Essas “linguagens” têm haver com nossa localidade, origem e
classe social.
A escola é fundamental para ampliar nossas referências
estéticas e para estimular nossas aptidões, ajudando a definir ta-
lentos e gostos. A escola não pode ficar indiferente à importância
da sensibilidade na construção do conhecimento, bem como à im-
portância da empatia e do prazer no processo de aprendizagem,
devendo ainda reconhecer que o gosto pelo contato com as pesso-
as e com os próprios objetos e a satisfação pela descoberta fazem
um papel determinante.
120
Educar para a sensibilidade envolve o sentimento e a ra-
zão, implica o pensamento e igualmente sensações, emoções e a
capacidade própria de cada um para “sentir o acontecer” dessas
sensações, dessas emoções, podendo desse processo resultar apren-
dizagem e transformação. Educar com inteligência pressupõe um
educar com sensibilidade.
Para que a sensibilidade apareça, é preciso realizar ativi-
dades para desenvolver o raciocínio. Tornando os educandos mais
receptivos a outras áreas do saber e mais sociável na interação com
o ser humano.
A arte para essa sociedade de consumo torna-se uma po-
derosa aliada na questão da satisfação de uma necessidade estética,
impondo modos de viver, pensar e agir através de filmes e progra-
mas veiculados pela televisão e pelo cinema.
121
Deve-se considerar o fato de que a arte, além de possibi-
litar que conheçamos os nossos sentimentos, propicia o desenvol-
vimento destes, aprimorando-os pela convivência com a arte. Esse
conhecimento deve servir de ponto de partida para uma atividade
superadora, que busque novas percepções e novos olhares sobre o
mundo e a vida.
No entanto, a arte que não se render ao fim apontado pela
sociedade capitalista, é considerada supérflua, pois não reverte lucro
e tampouco auxilia no processo de manutenção do sistema vigente.
Tornando a arte, através desse discurso, algo supérfluo à
vida da maioria da população, ela fica então restrita ao privilégio
de uma elite que pode adquiri-la para enfeitar as suas paredes, en-
quanto que a arte como linguagem e expressão de pensamentos e
ideais, fica à margem de qualquer tentativa de torná-la necessária
ao homem.
No âmbito da educação, a questão do supérfluo também
suplanta a do necessário, pois a arte no currículo das escolas fre-
quentemente fica relegada à condição de disciplina voltada ao tra-
balho recreativo, visando o passatempo e destituída de conteúdos
próprios e significativos.
A partir das considerações precedentes, estabelece-se a
relação da arte no processo de humanização e mostra o quanto a
sociedade capitalista tem se utilizado da arte para fins de mercado
nas duas últimas décadas do século XX, descaracterizando-a de
sua origem na atividade humana, enquanto uma necessidade esté-
tica e expressiva.
E é essa a arte que está disponível para a maioria da po-
pulação: uma arte que visa manipular consciências em prol de um
ideário capitalista, no qual os homens consomem produtos artísti-
cos desprovidos de uma real estética e tem no artista e na arte um
mundo inacessível e distante.
122
Para Vásquez (1978, p. 294)
Na sociedade capitalista, há milhões de homens com os quais
um verdadeiro artista não pode dialogar. Para milhões de ho-
mens, romperam-se as pontes que deveriam colocá-los em rela-
ção com a arte.[.] Deste fato, ou seja, do fato de que, na socie-
dade burguesa – como manifestação profunda da hostilidade
do capitalismo à arte – o artista se divorcie necessariamente das
massas, já que não pode descer ao nível delas, nem estas querem
ou podem elevar-se ao nível da arte; do fato de que o artista
não pode aspirar hoje a compartilhar a sua mensagem como os
milhões de seres humanos que o capitalismo mantém em sua
condição de homens-coisa; deste fato histórico – divorcio real,
efetivo, entre as artes e a massa – alguns deduzem que a arte
de nosso tempo deve ser necessariamente uma arte minoritária,
para iniciados ou eleitos.
123
seu percurso histórico, onde este homem busca incessantemente
na arte, respostas para os seus questionamentos.
124
equivocada de dom e de talento, onde se exclui qualquer possibili-
dade de desenvolvimento da capacidade de criação artística. A isso
soma-se também a ausência de uma metodologia que direcione
o trabalho educativo, pautado na proposta de que arte não deve
ser ensinada, mas expressada através de propostas voltadas à livre-
expressão.
Contudo, alguns movimentos já se fazem sentir em algu-
mas discussões na área, voltadas a ampliar o acesso à compreensão
da Arte enquanto produção humana, permitindo que o homem
compreenda o mundo em que vive e que nele participe ativamente.
Apesar de o quadro parecer desanimador, muitos educa-
dores vêm lutando para alterar essa (des)ordem, discutindo a edu-
cação e o papel da escola na sociedade contemporânea. Eles salien-
tam que o trabalho com a aprendizagem dos sentidos, que envolve
o trabalho com o sensível, vai implicar numa tomada de consci-
ência por parte dos professores, alunos e todos os integrantes do
processo educacional, inclinando-se à necessidade de se trabalhar
a arte numa práxis superadora, que busque novas percepções e no-
vos olhares sobre o mundo e a vida.
Síntese da Unidade
125
Exercícios de Fixação
Leia e responda.
O ensino de arte na escola contribui para que o sentido da
vida seja vivenciado na aprendizagem escolar. Este sentido é cons-
tituído pela existência do homem juntamente com os sentidos que
são provocados nas relações com o meio. Portanto, permitir que a
arte seja compreendida na escola contribui para que desperte nos
alunos o significado da vida.
A educação da sensibilidade pela arte é uma forma de
evitar que se agrave a visão unilateral do mundo que o homem
contemporâneo passa a ter em virtude do impacto tecnológico; de
restituir uma visão humanista globalizadora que compense o cres-
cente prestígio da especialização em campo cada vez mais restrito,
turvando a perfeita integração do homem consigo mesmo e com
a sociedade. Pode, também, a arte constituir-se em instrumento
de restauração de características humanas básicas, como a iniciati-
va, a autonomia e a individualidade. A integral formação da alma
(LOUREIRO, 2002, p.15).
A arte na educação proporciona reconhecer que a forma-
ção humana é inseparável das condições socioambientais em que o
homem se encontra, porque é por meio dos processos formativos
desempenhados a partir da mediação com o meio externo que o ho-
mem desenvolve a sua formação psíquica. Segundo Read (1958), a
educação pela arte deve atender diretamente às necessidades e con-
dições atuais dos indivíduos, porque somente desta forma a arte pos-
sibilitará ajustar os sentidos dos indivíduos com o mundo. Sendo
assim, a arte torna-se um canal pelo qual o indivíduo pontua as suas
condições de vida, a sua sobrevivência e a sua posição social por meio
da exteriorização e reflexão dos seus sentimentos.
Atividade:
126
1) Escreva um texto de opinião sobre “Educação para a
sensibilidade” pela Arte.
127
ARTE HOJE:
COMPREENSÃO PARA
ELABORAR PROPOSTA
CONTEMPORÂNEA PARA
ARTE
Caro Aluno
Nesta unidade você vai refletir sobre as relações entre a
arte e a educação, ou seja, como a arte pode contribuir positiva-
mente em nossa vida e na educação. Após verificações sobre as
mais diversas manifestações da arte, e sua influência em nossa vida,
o foco se dará na elaboração de uma Proposta do Ensino da Arte.
Bom Estudo!
6. A Arte e Vida
133
conhecer as inovações que Vinci fez, que conceito novo ele incor-
pora em seu trabalho, quais os métodos novos que utilizou nessa
pintura. Os artistas desafiam as convenções de sua época, buscam
novas técnicas, novos materiais, novas ideias, destacando sua im-
portância e sua obra.
Os impressionistas desafiaram convenções do século
XIX, trouxeram novas ideias sobre como nós enxergamos e nos
relacionamos com o mundo.
No início do século XX, os surrealistas mudaram o que
era considerado assunto apropriado para a arte, utilizando imagens
oníricas e as criações da imaginação em vez do mundo objetivo.
Os pintores abstratos em meados do século XX defen-
deram a ideia de que o que faziam era uma pintura e, portanto
ARTE. É possível desconstruir totalmente e ainda ter uma pin-
tura, fazer ARTE? Você pode fazer arte a partir da cor e da forma
sozinho, sem conteúdo reconhecível?
As mudanças que a arte provoca são sempre, em algum as-
pecto, uma reação contrária aos modos de fazer e ver precedentes.
A arte, em algum aspecto, busca mudanças de direção, mas geral-
mente apontadas para o futuro. Entender o que é reagir contra o
que se segue depois é importante para a interpretação de qualquer
obra de arte. Para você entender a arte é preciso olhá-la como parte
de uma história, uma viagem através de ideias e emoções. Algumas
obras de arte têm um apelo imediato, quer se trate de um assunto
agradável ou uma utilização equilibrada de cor e forma. Mas mui-
tas obras de arte não são tão fáceis de apreciar. É preciso um traba-
lho mais investigativo para descobrir o que o artista está tentando
dizer e que novas ideias estão sendo mostradas. Isto é o que faz a
arte tão instigante e desafiadora. É sempre forçando os limites do
que é aceitável.
Não se preocupe se você não consegue entender a arte
de hoje, você não está sozinho. Vários grandes artistas não foram
apreciados em seu próprio dia. O crítico de arte do século XIX,
John Ruskin acusa John McNeill Whistler de "jogar um pote de
134
tinta na cara do público.". Hoje, Whistler é considerado um impor-
tante pintor. Ruskin, com suas ideias antiquadas e idealista da arte,
desapareceu nas sombras da história.
Estamos acostumados a pensar Vincent Van Gogh como
um grande artista, mas ele nunca vendeu um quadro enquanto vi-
veu. O reconhecimento de seu trabalho só chegou após sua morte.
A arte é apenas algo criado pelas pessoas. Se as pessoas
criam, então elas podem entender e apreciar. Arte enriquece nossas
vidas em formas, são mais do que imagens bonitas em nossas pa-
redes. Ela narra através da história e nos permite fazer parte dessa
viagem. Portanto, quando você visita uma galeria, você não deve
apenas olhar as obras expostas, você tem que olhar para o mundo
todo ao mesmo tempo e ver onde elas se encaixam ou qual foi a
intenção do artista.
A arte tem vida própria. Em vez de abordar a resposta
emocional do espectador da arte, devemos centrar sobre a natureza
da interpretação. O mistério da arte e da beleza que ela retrata está
apenas nos olhos de quem a vê. Não só o artista planeja o caminho,
mas sua obra será interpretada por muitos que se sentem atraídos
por ela.
A arte é sempre criada dentro de um contexto, social, in-
telectual, política, econômico e emocional. A chave para a com-
preensão da arte é compreender as circunstâncias que rodearam
a sua criação. A arte começa por revelar o artista para você, mas
acaba por revelar-lhe a si mesmo. É a capacidade de ver as coisas
como o artista se propõe e não como parecem ser. Muitas vezes
você pode descobrir isso através de símbolos ocultos, por isso mes-
mo é importante fazer uma leitura daquilo que se vê, consideran-
do alguns aspectos relevantes de nossa História. Observamos que
para interpretar, o artista deve ter conhecimento e experiência de
seu mundo, e o expectador deve observar a obra cuidadosamente
para interpretá-la e tentar identificar o período, contexto em que o
trabalho foi criado.
Pensar a arte como tudo que lhe faz pensar, admirar e
135
até mesmo estranhar o mundo que vive. Pense a arte como uma
perspectiva, uma maneira de interpretar o mundo diferentemente
daquela que lhe é estimulado em seu cotidiano, muitas vezes repe-
titivo e sem significado. Seja o seu próprio crítico de arte e faça da
aula de Artes uma arte de ensinar o seu aluno a aprender a enxergar
o mundo mediado pelos olhos do artista e das obras de arte; faça o
seu aluno compreender que a arte não lhe é exterior, mas própria
da sua condição humana. Enfim, aproxime o seu aluno da arte.
Mostre a ele que:
A Poesia informa que:
Escrever é esquecer.
A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.
A música embala, as artes visuais animam,
as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm.
A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono;
as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas
porque usam de fórmulas visíveis e, portanto vitais,
outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura.
Essa simula a vida.
Um romance é uma história do que nunca foi e um drama
é um romance dado sem narrativa.
Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem
que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.
Fernando Pessoa
A Poesia também é princípio:
Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido.
Por isso toda a vitória é uma grosseria.
Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento
com o presente que os levaram à luta que lhes deu a vitória.
Ficam satisfeitos, e satisfeito só pode estar aquele que se conforma,
que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue.
Fernando Pessoa
136
Uma pintura impressionista nos faz ter sensações:
137
Uma pintura provoca nosso imaginário:
138
As fotos (como as de Sebastião Salgado) fala sobre nossas dife-
renças culturais e sociais:
139
Filme nos mostra a vida: Um filme pode nos levar a
refletir de outra maneira:
140
Uma música provoca nossa imaginação
A Casa
Composição: Vinicius de Moraes
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos numero zero
141
Um museu nos apresenta história:
Um museu de Memórias:
142
Um dança marca a identidade cultural de um povo e região
Folclore Regional
143
A natureza inspira a Arte
144
sobre arte resumiam-se a simples técnicas.
Na década de 90, o MEC lança o Caderno do Professor
da Pré-Escola, com uma abordagem contextualista, na qual a arte
deixa de ser tratada apenas como atividade prática e de lazer, in-
corporando o ato reflexivo. Apesar dessas transformações, a arte
permanecia ainda com foco em abordagens psicológicas e temá-
ticas. A arte na educação infantil nesta década ainda buscava uma
consistência teórica, conceitual e metodológica.
A partir de 2000 as discussões reflexivas sobre a arte na
educação infantil ganham novos espaços na literatura, nas propos-
tas curriculares e especialmente na pesquisa.
O planejamento no currículo, a partir da perspectiva sis-
têmica, pressupõe como método de trabalho no quais professores
“apresentam objetivos educacionais gerais, mas não formulam ob-
jetivos específicos para cada projeto ou atividade de antemão. Em
vez disso, formulam hipóteses sobre o que poderia ocorrer com
base em seu conhecimento das crianças e das experiências anterio-
res.” (RINALDI: 1999,113).
Hoje, a arte na educação infantil está em processo de
ruptura e transformação, exigindo um comprometimento com os
aspectos cognitivos, sensíveis e culturais de tudo o que a envolva,
principalmente das políticas educacionais e dos cursos de Forma-
ção de Professores, especialmente as Licenciaturas em Arte.
Cabe então, a todos os profissionais que atuam direta ou indireta-
mente com o ensino da arte, uma reflexão não somente dos proces-
sos de sala de aula, mas também sobre suas ações como cidadãos,
protagonistas de uma história.
É na ação do arte educador que podemos reverter o qua-
dro e tornar o ensino da arte uma prática significante para quem
dela participa. Através de investimentos na formação e na qualifi-
cação de profissionais é que a arte deixará de ser mero complemen-
to pedagógico de outras disciplinas, ou um meio utilizado para
organização de festas. Nada contra a festa, pelo contrário, uma
proposta centrada na arte não pode deixar de lado o seu aspecto
145
“festeiro”, lúdico, mágico. Nesse sentido, o evento deve ser pensado
como momento de criação estética, articulado com os elementos
específicos inerentes às linguagens artísticas. Assim, os eventos que
reproduzem eventos convencionais, pré-estruturados pelos adul-
tos e desvinculados das crianças, devem ser evitados em favor dos
eventos elaborados e modificados em parceria com educadores e
educandos, mantendo-se a intensidade do processo e a novidade
dos resultados.
Síntese da Unidade
Exercício de Fixação
146
Sugestão de Filmes
Sobre Arte e Artistas
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