11 Indices de Desempenho Da Manutencao
11 Indices de Desempenho Da Manutencao
11 Indices de Desempenho Da Manutencao
Introducción
O início de todo processo de melhoramento, seja a nível do indivíduo ou das organizações,
exige, como primeira etapa, que se adquira consciência da própria realidade e,
posteriormente, que se definam os objetivos a alcançar e meios para tanto. Entretanto, uma
vez iniciado o processo, é necessário que monitoremos o progresso alcançado, através da
observação e comparação, ao longo do tempo, de parâmetros que definam claramente o
grau de qualidade do nosso desempenho, constatando, sem subjetivismo, se estamos em
posição melhor que a inicial ou não.
Este trabalho visa destacar e comentar aqueles poucos índices que, conforme a nossa
experiência (e sem minimizar a importância de outros), julgamos vitais para proporcionar,
ao profissional de Manutenção, o instrumento simples e efetivo que ele busca para
acompanhar o processo de melhoramento que desenvolva nesta área.
Dentre as diversas formas de se conceituar a Manutenção, a que se nos afigura mais atual,
simples, e ao mesmo tempo abrangente, é a que a define como “o conjunto de atividades
direcionadas para garantir, ao menor custo possível, a máxima disponibilidade do equipamento
para a produção, na sua máxima capacidade:
Deste conceito já se podem extrair, pois, os três aspectos importantes a serem necessariamente
retratados pelos índices que selecionemos, a saber:
1º -A confiabilidade operacional
2º -O custo da manutenção
3º -A capacidade produtiva
A Confiabilidade Operacional
Este é um aspecto diretamente afetado pela eficácia da Manutenção, que deve ser capaz de
assegurar a máxima disponibilidade para a produção mediante, é lógico, a menor taxa de
intervenções possível no processo produtivo.
Como, para minimizar o tempo e custo destas intervenções, é necessário que elas sejam, antes de
mais nada e tanto quanto possível, planejadas, parece-nos importante, para avaliar o desempenho
da Manutenção, dividir suas intervenções em pelo menos dois grupos, atribuindo um índice
representativo a cada um deles:
Para exprimir os índices capazes de avaliar as interferências dos dois grupos de intervenções
acima definidos, necessitamos caracterizar e levantar os seguintes tempos:
É conveniente ressaltar que o denominador das fórmulas acima indicadas evita a simples
utilização das Horas-Calendário Corridas do período sob avaliação, considerando apenas as
somas das Horas Efetivas de Operação Produtiva e de Paradas para Manutenção no período. Este
critério possibilita uma avaliação mais fiel no desempenho da Manutenção de plantas que não
tenham sido solicitadas em tempo integral no período sob avaliação, bem como possibilita a
comparação do desempenho entre plantas que não tenham sido solicitadas em regimes idênticos
de produção.
A fim de que os índices anteriormente definidos, expressem com fidelidade a real confiabilidade de
uma planta, é necessário que o pessoal de operação e manutenção envolvido na coleta e registro
dos dados para calculá-los, tenha em mente certos critérios importantes que mencionamos a
seguir :
Para Manutenção Preventiva (HP) – toda intervenção em que a decisão de fazê-la é tomada com
antecedência suficiente para possibilitar programá-la/planejá-la adequadamente, quanto ao
momento, recursos, qualidade e custo de execução.
1. Os tempos de “parada” para os dois tipos de manutenção acima referida, devem ser
computados mesmo quando coincidirem com outros motivos de parada (falta de energia,
suficiência de estoque, falta de matéria-prima). Desta forma, as necessidades de manutenção da
planta serão sempre evidenciadas, e não ocultadas por eventos circunstanciais que nada têm a ver
com a eficácia da manutenção.
2. As intervenções cuja execução for simultânea, coincidindo total ou parcialmente, não devem ter
os tempos de execução somados.
Nas intervenções com execução simultânea sempre deve ser evidenciado o tempo de manutenção
corretiva, por exemplo:
se a planta parou para execução de uma Corretiva que durou 4 horas (8 às 12), e simultaneamente
se aproveitou para executar uma Preventiva que durou 9 horas (8 as 17) o registro deverá ser o
seguinte
O Custo da Manutenção
Este é um aspecto que não pode ser analisado isoladamente, mas que junto com a confiabilidade
operacional certamente refletirá, a médio prazo, a eficácia da sistemática de Manutenção
praticada.
Outro fator que contribui para preferirmos este índice, é o fato de periodicamente serem
divulgados, por revistas de circulação internacional, relatórios sobre a evolução dos custos da
Manutenção em que este índice é utilizado, permitindo-nos um “benchmarking” com operações de
Manutenção reconhecidas como padrão internacional (“World Class Maintenance”).
A capacidade produtiva
Este é um aspecto que, sem dúvida, deve ser considerado na avaliação do desempenho da
Manutenção, pois se um equipamento, sistema ou instalação não desenvolve sua plena
capacidade, isto tanto pode ocorrer por problemas imputáveis à qualidade da Manutenção
praticada quanto por outras causas, como insuficiência no suprimento de matéria-prima para o
processo ou variações atípicas na qualidade da mesma (fatôres certamente independentes da
qualidade da Manutenção). Este pode ser o caso, por exemplo, de unidades que produzem CO 2
processando gás impuro gerado como subproduto de outros processos.
Pode-se, portanto, definir um índice referente a capacidade produtiva e considerá-lo em conjunto
com a avaliação dos demais índices, porém levando em conta as limitações comentadas acima.
Este índice pode ser expresso como se segue:
O Período de Avaliação
Tradicionalmente somos levados a avaliar o desempenho a cada ano, geralmente coincidente com
o exercício fiscal da empresa. Este período de avaliação é pertinente apenas quando, no espaço
de um ano, se cumpre todo o ciclo normal de serviços preventivos de Manutenção da planta sob
análise. Entretanto, com o aumento da confiabilidade dos equipamentos e sistemas, e o
aprimoramento da própria sistemática de Manutenção, os períodos de operação das plantas entre
as paradas gerais para Manutenção tem-se ampliado para dois e até três anos (chegando, em
certos casos, a ultrapassar este prazo). Considerando esta tendência, diríamos que o período de
avaliação deve variar de acordo com a realidade de cada instalação, situando-se normalmente de
dois a três anos. É evidente que, embora referindo-se a períodos longos como os citados, os
índices podem e devem ser avaliados a cada mês, sempre, entretanto, referindo-se aos últimos 12,
24 ou 36 meses, conforme o período de avaliação considerado. Desta maneira pode-se monitorar,
mês a mês, a evolução do desempenho da Manutenção no intervalo de tempo adotado como o
mais adequado para cada instalação.
Na fase inicial
IMC deve cair
ICO deve permanecer estável ou mesmo cair um pouco, em função de uma sobrecarga
temporária de intervenções preventivas, necessárias para reverter o regime de forma
permanente.
Em fase posterior
IMP deve cair, em função do fato de que as intervenções, embora ainda programáveis/
planejáveis, passam a ser feitas somente quando os parâmetros monitorados indicam a
perspectiva de falha.
Esta era uma planta já antiga, e que encerrou sua atividade em 1994 devido à entrada em
operação de uma nova unidade na Região, com tecnologia mais avançada e menor custo de
produção, razão pela qual os dados do quadro vão até 1993. A planta já aplicava um programa de
Manutenção preventiva sistemática anteriormente a 1991, porém, a partir de 1990, iniciou um
programa de monitoramento preditivo dos equipamentos críticos para a produção. Os resultados
mostrados no quadro indicam claramente os efeitos e o acerto da sistemática adotada, pela
redução, no terceiro ano, de todos os índices de interferência e custos da Manutenção, e pelo
aumento do índice de confiabilidade operacional.
Considerações finais
Todo procedimento de controle implica custos para sua execução e análise de seus resultados,
sendo regra elementar que nenhum controle deve custar mais do que a economia que ele
proporciona.
A determinação e análise desses índices é tanto mais simples e factível quando inseridas no
contexto de um sistema informatizado de Manutenção, existindo hoje, no mercado, um razoável
número de sistemas capazes de aceitar o registro dos dados e a sistemática de cálculo
necessárias para tanto.
O autor foi Gerente de Engenharia de Manutenção & Projetos da Liquid Carbonic, e Gerente de Apoio Operacional
CO2 da White Martins (Praxair), perfazendo 35 anos de atividade em ambas as empresas. Exerce hoje atividade de
consultoria em Engenharia de Manutenção e Construção Industrial.