O documento discute a literatura religiosa brasileira no século XIX, especificamente a censura e controle da Igreja sobre a leitura e publicação. A Igreja progressivamente estabeleceu mecanismos de censura sobre escritos, limitando a literatura católica e encorajando a produção de "bons livros" religiosos. Dois exemplos iniciais de obras religiosas brasileiras são apresentados.
O documento discute a literatura religiosa brasileira no século XIX, especificamente a censura e controle da Igreja sobre a leitura e publicação. A Igreja progressivamente estabeleceu mecanismos de censura sobre escritos, limitando a literatura católica e encorajando a produção de "bons livros" religiosos. Dois exemplos iniciais de obras religiosas brasileiras são apresentados.
O documento discute a literatura religiosa brasileira no século XIX, especificamente a censura e controle da Igreja sobre a leitura e publicação. A Igreja progressivamente estabeleceu mecanismos de censura sobre escritos, limitando a literatura católica e encorajando a produção de "bons livros" religiosos. Dois exemplos iniciais de obras religiosas brasileiras são apresentados.
O documento discute a literatura religiosa brasileira no século XIX, especificamente a censura e controle da Igreja sobre a leitura e publicação. A Igreja progressivamente estabeleceu mecanismos de censura sobre escritos, limitando a literatura católica e encorajando a produção de "bons livros" religiosos. Dois exemplos iniciais de obras religiosas brasileiras são apresentados.
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O romance sob a tutela da
moral: a escrita ficcional
religiosa em terras brasileiras Jeniffer Yara Discurso da Igreja sobre a leitura: censura e controle “O dispositivo de controle de imprensa e das leituras, instalado progressivamente ao longo do século XIX, se caracteriza por uma distribuição de papéis entre as diferentes instâncias da Igreja: por um lado, o duplo procedimento da censura ao que é escrito, pelos bispos (mas limitado à literatura católica, se não clerical) e, a partir dos anos 1850, pela cúria romana (...); por outro lado, encoraja-se a produção de livros religiosos (...), assim como a sua divulgação pelas obras diocesanas ou paroquiais dirigidas aos ‘bons livros’ [...]” CHARTIER, HÉBRARD, 1995, p. 28 –29 O discurso religioso presente na ficção é tão potente quanto nos textos sagrados. Autoria religiosa: ficcional e jornalística
Censória Divulgadora do romance/ficção Romances nos jornais doutrinários
Fabíola ou a Igreja das Catacumbas, Cardeal Wiseman
(Estrella do Norte, PA)
Cornelia Bororquia, Luis Gutiérrez
(O Santo Officio, PA)
O Parocho, Roselly de Lorgues, Antoine François Félix
(Tribuna Catholica, CE)
Páginas Soltas, Guilherme Dias
(O Pelicano, PA)
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 6 Os autores religiosos brasileiros na história da literatura Nuno Marques Pereira (Cairu, 1652 — Lisboa, 9 de dezembro de 1728) Foi um padre e escritor de cunho moralista luso-brasileiro do barroco.
“Compendio narrativo do peregrino da america em que
se tratam varios discursos Espirituaes, e moraes, com muitas advertencias, e documentos contra os abusos, que se achão introdusidos pela malicia diabolica no Estado do Brasil. Dedicado à Virgem da Vitória , emperatris do ceo, rainha do mundo, e Senhora da Piedade, Mãy de Deos”
Foi publicado na “Officina de Manoel Fernandes da Costa, Impressor
do Santo Officio”, na primeira edição, de 497 páginas. O sucesso desta fez com que se seguissem outras quatro, em 1731, 1752, 1760 e 1765, sendo que a segunda e a terceira obtiveram, além das licenças ordinárias, o acréscimo do “Privilégio Real”.
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 8 “Compêndio Narrativo do Peregrino da América” (1728) Afrânio Peixoto considera o primeiro romance brasileiro; José Veríssimo diz: “não era romance nem novela, mas em prosa e impressa era a primeira obra de imaginação escrita por natural da terra” (1916, p. 54) Temístocles Linhares: “O livro é pois mesmo uma ficção, uma narrativa de viagem, de fundo alegórico, em que contrastam as imagens pitorescas da vida brasileira de então, aprendida não só através das figuras humanas como também das habitações, dos trajes em uso, das festas populares, da música, do teatro, dos costumes, da alimentação, etc.” (LINHARES, p. 30)
“... O que ocorria era o herói entrar em cena para dar
conselhos ou avisos, comentando um por um, segundo a ocasião...” (LINHARES, p. 31) MELHOR para você E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 9 “Compêndio Narrativo do Peregrino da América” (1728)
“É relevante nessa narrativa o conteúdo social e
moralizante refletido pelas descrições e narrações de situações e fatos, convertidos em modelos exemplares subordinados à boa doutrina da Igreja, conforme o autor [...]”
(CASTELLO, 1999, p. 103)
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 10 Dom Domingos do Loreto Couto ( Recife, 1696-1762)
Domingos do Loreto Couto (Recife) foi um cronista
e religioso brasileiro, da Ordem de São Bento. Pertenceu à Academia Brasílica dos Renascidos (1759).
A sua obra Desagravos do Brasil e Glória de
Pernambuco, inédita até ao início do século XX, reformulou a linha nativista pela busca de valores, lendas e tradições entre portugueses, indígenas e africanos, na formação brasileira. Foi publicada, a primeira parte, nos Anais da Biblioteca Nacional, por iniciativa de Capistrano de Abreu.
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 11 Desagravos do Brasil e Glória de Pernambuco (1757) “Ressalta-se o espírito da obra, misto de crônicas históricas e de casos exemplares, portanto, prosa moralista, além de panegíricos e dados bibliográficos, repassado de certo valor crítico. [...] Ainda se destaca a contribuição bibliográfica desta obra, fonte reavaliável do estudioso de certas manifestações artísticas do ensino ou da instrução pública e particular, e sobretudo do historiador de nossas manifestações literárias nos três séculos coloniais.” (CASTELLO, 1999, pp. 100-101)
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 12 “Essa duas obras talvez sejam o ponto de maior relevo do desenvolvimento da prosa escrita sobre o Brasil e no Brasil, já definida como brasileira [...] Queremos dizer que seus autores refletem a preocupação com o conhecimento e a valorização do brasil, não mais exclusiva ou predominantemente através da paisagem física, mas agora pelo relevo dado a acontecimentos notáveis aqui ocorridos e a homens nascidos em nosso meio.” CASTELLO, 1999, p. 103 Frei Francisco de São Carlos Francisco Carlos Teixeira da Silva (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1763 - idem 1829).
Francisco Carlos Teixeira da Silva (Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 1763 - idem 1829). Ingressa no noviciado do convento de São Boaventura em Macacu, vila extinta do Rio de Janeiro, em 1778. Sua ordenação sacerdotal ocorre em 1784, no convento de Santo Antônio, Rio de Janeiro RJ. Entre 1790 e 1795 é professor de Teologia Dogmática no seminário diocesano em São Paulo SP. Em 1808 torna-se pregador Régio e examinador da Mesa de Consciência e Ordens, no Rio de Janeiro. No ano seguinte faz a oração de ação de graças, recitada na capela real, no aniversário da chegada da família real ao Brasil. Sua oração fúnebre recitada na Igreja da Cruz, nas exéquias da rainha D. Maria I, em 1816, é publicada pela Imprensa Régia, no mesmo ano. MELHOR para você E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 14 Em 1819 ocorre a publicação de Assunção, poema em oito cantos em honra da Santa Virgem, pela Imprensa Régia. Esse poema garante a Frei Francisco de São Carlos um lugar de destaque na poesia árcade brasileira: trata da glorificação da Virgem Maria e está ligado à tradição camoniana. Mas, segundo o crítico José Aderaldo Castello, "certo que por influência de seu espírito religioso, se apresenta ligado ao estilo mitológico, renega-o ao mesmo tempo, à semelhança de Gonçalves de Magalhães (1811 - 1882), prenunciando uma atitude romântica, embora sem a consciência crítica dela.
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 15 Assunção (1819)
Antonio Candido expressa que São Carlos e Sousa
Caldas são considerados precursores do Romantismo, pelos primeiros autores românticos, pois “abandonam a imitação greco-latina a troco de temas e sentimentos que os deslumbravam no Gênio do cristianismo e nos Mártires, de Chateaubriand, nas Meditações e Harmonias, de Lamartine” (p. 227)
“O Assunção é uma epopéia religiosa em oito
cantos, de versos decassílabos emparelhados, celebrando a subida da Virgem Maria aos céus. Dirigem-na dois sentimentos igualmente intensos, empenhado em contribuir para o brilho do culto mariano e o desagravo de sacrilégios recentes da Revolução Francesa” (CANDIDO, p. 229). MELHOR para você E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 16 Assunção (1819) Castello (1999, p. 162) retoma o que Candido expressa sobre São Carlos, e expõe que o autor renega o estilo mitológico, antecipando a restrição que Gonçalves de Magalhães fará ao estilo clássico e, em particular, à linguagem mitológica:
Fugi do canto divinal, sublime,
Vós, ó fábulas vãs, fugi: que é crime manchá-lo da falaz mitologia Com que a filha do Caos, a idolatria,
Banida já das terras, e dos mares,
Proscrita sem mais templos, nem altares, Inda quer ostentar de majestade Nas inóspitas aras da verdade! MELHOR para você E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 17 Pe. Sousa Caldas Antonio Pereira Sousa Caldas (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1762 – idem, 1814).
Sacerdote, orador sacro e poeta. Filho de
portugueses radicados no Brasil, aos oito anos é enviado pela família para Portugal, onde vive sob a tutela de um abastado tio. Durante a adolescência estuda matemática na Universidade de Coimbra. Devido a sua afinidade com as ideias do iluminismo francês é preso em 1781 pela Inquisição, sob acusação de ser herege e blasfemo. Como pena, é enviado para o convento de Rilhafoles, onde vive durante seis meses. MELHOR para você E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 18 Poesias Sagradas (1821)
“Ressaltando-lhe o caráter religioso e
moralizador, admite que é missão de todo poeta despertar o amor da virtude, os sentimentos nobres e generosos, o horror ao crime. É outra antecipação da atitude igualmente religiosa e moralizante de Gonçalves de Magalhães, várias vezes exposta em páginas críticas ou nas próprias composições deste poeta” (CASTELLO, 1999, p. 163)
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 19 Poesias Sagradas (1821)
“[...] Sousa Caldas revela inspiração e prenuncia
certos traços futuros. A tendência ética e devocional se combina, em seu espírito forte e irrequieto, ao pendor para a meditação; a religião aparece como ponto de vista, servindo para exprimir os sentimentos pessoais, dando elementos para uma concepção de homem e do mundo.” (CANDIDO, p. 232)
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 20 “Destacadas do nosso contexto, elas não passariam de diminutas reflexões críticas e poéticas. Mas a posição daqueles poetas, do ponto de vista da perspectiva brasileira, é importante para o estudo entre nós da evolução de temas e linguagem.” CASTELLO, 1999, p. 162 Relações
» Destaque de prosa ficcional moralizante
nos jornais estudados; » Presença de autores eclesiásticos: nacionais e estrangeiros; » Temas e discursos recorrentes; » O romance e a poesia como suporte para a veiculação do discurso religioso é presente anteriormente aos jornais pesquisados: há uma tradição na escrita desses indivíduos.
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 22 Referências
Histórias literárias: Livros, links e artigos:
CHARTIER, Anne-Marie. HÉBRARD, Jean. Os discursos da Igreja. In: ______. Discursos sobre a leitura - 1880-1980. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. São São Paulo: Ática, 1995. Paulo: Martins, 1964. FREI Francisco de São Carlos. In: ENCICLOPÉDIA Itaú CASTELLO, José Aderaldo Castello. A literatura brasileira: Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú origens e unidade (1500-1960). 2 vols. São Paulo: Editora Cultural, 2021. Disponível em: da Universidade de São Paulo, 1999. 1046 p. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa3115/frei- francisco-de-sao-carlos. Acesso em: 25 de outubro de LINHARES, Temístocles. História crítica do romance 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 brasileiro: 1728-1981. 3 vols. Belo Horizonte: Itatiaia ; São SOUSA Caldas. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1987. 1733 p. Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. VERÍSSIMO, José. Historia da literatura brasileira: de Disponível em: Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908). 1o http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa22366/sousa milheiro. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves & Cia, -caldas. Acesso em: 25 de outubro de 2021. Verbete da 1916. Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7.
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E M P R E S A D E O R G Â N I C O S 23 Obrigada! Jeniffer Yara [email protected] www.jenifferyara.com