O Laboratorio Egipcio
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HISTORIA DA
ARQUITETURA
DAS ORIGENS AO SÉCULO XXI
CAPÍTULO 3
O Laboratório Egípcio
N
a arquitetura, ainda que em alguns períodos não seja determinan-
te (Figura 3.2).
Assim, se no mundo egípcio a orientação determina a localiza-
ção dos vivos e dos mortos , no mundo medieval ela será responsável
O L pela implantação dos edifícios sagrados, tanto cristãos como islâ-
micos. A orientação é a relação do homem com a abóbada celeste.
É este o conceito sagrado da orientaçã;, que se complementa com
um conceito prático da mesma, perfeitamente percee_tível n~ rans-
ferência da cabana neolítica à casa orientada.
Etimolog;-;;-aménte, orientar-se signific a voltar-se .para Q_Q[_ien-
te, localizar nascer do Sol, ponto fixÕ na _cultura egípcia. Leste
3.2 Orientação e e oeste - nascente e pq_{'._nte - , ~~mo extremos opostos da j!-)rnada
axialidade. diária do egípcio, são conceitos reais, perfeitos e mensuráveis na
realidade.
Ap_ós esses co1.1ceitos, surge um conceito abstrato gue <1_efine o
sul ou meiQ-dia, e seu oposto, o norte, ponto absolutamente irreal,
o qual , em que pese sua abstraçl!Q, tem sido considerado emnõssos
dias a origem e o deterininante da orientação e , em particular, da
orientação arquitetônica. Esse norte já não é uma direção da vida,
mas um fato racion-a( um conceito intelectual, básico para o esta-
belecimento das relações arquitetônicas abstrat~s no futuro.
Há um fato histórico curioso que revela esplendidamente essa
realidade. Quando no Império Novo - cerca de 1500 a.C. - Tutmó-
sis I sai do vale do Nilo, invade a Síria e avança até o alto do Eufra-
tes, os soldados egípcios se surpreendem com a direção da corrente
fluvial do Eufrates, um rio que corria do norte ao sul. Como o Nilo
flui para o norte, eles se referem ao norte como "rio abaixo".
Horizontal e vertical
Por outro lado, a conjunção desses dois eixos produz uma conse-
quência fundamental para nosso estudo, porque de sua combina-
ção surge uma estrutura espacial simples, a retícula - chamada de
quadrícul~ se ambos os eixos se cortam perpendicularmente (Fi-
gura 3.3) -, a qual, por sua vez, define um plano, o plano horizon-
tal, 9_gual é a origem de uma arquitetura que se rclere a, ele como
elemento orient~do. Toda a arquitetura parte do conceitQ...de plano
horizontal e se baseia na distinção entre ele e o resto do espaço.
Já mencionamos o papel simbólico do arado no longo processo
até a urbanização. Com o arado, o homem traça as primeiras linhas
sobre a sup-e"rfície do solo. Nas várzeas periodicamente inundadas
do Nilo, do Eufrates e do Tigre, do Ganges ou dos grandes rios da
China, o arado vai abrindo sulcos paralelos que definem parcelas
mais ou menos reta_ngulare~ na sua forma. A~ soci~cJ.acJ.es ª&!"ÍCO-
las n_ecessitam um sistema simples de parcelamento do solo pãia a
3.3 Eixo maior e eixo
menor no Egito : da re-
delimitação das_plantações e das propriedades rurais; assim como
tículo à quadrícula. um sistema de tecido urbano para o reparce lãmento e a remarcação
CAPÍTULO 3 0 LABORATÓRIO EGÍPCIO 33
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3.4 A retículo e a quadrícula no templo de Luxor, em Tebas.
Axialidade e simetria
Junto com~ ortogonalíc!ade, a axialidade é o conceito fundamental
característico da arquitetura egípcia-, r esultado da mesma limitação
geográfica que fazia do Egito um território linear vertebrado e~ tor-
no do Nilo e organizado como sistema uniforme de comunicação
e transporte: tanto pela sua corrente, quanto pelos ventos que so-
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3.6 Os conceitos geométricos da arquitet , · ..
ção longitudinal e na planta do tem d ura egipc,a, exempl,f,cados na se-
p IO e Consu, em Carnac.
CAPITULO 3 0 LABORATÓRIO EGIPCIO 35