Boletim Tecnico 184 Adubacao e Nutricao de Cebola

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BOLETIM TÉCNICO Nº 184 ISSN 0100-7416

Março/2018

BOLETIM TÉCNICO Nº 184


FERTILIDADE DO SOLO,
ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO
DA CULTURA DA CEBOLA

FERTILIDADE DO SOLO, ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO DA CULTURA DA CEBOLA


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N P K
B Mn Cu Fe Ca Mg S Mo Zn Ni
Governador do Estado
João Raimundo Colombo

Vice-Governador do Estado
Eduardo Pinho Moreira

Secretário de Estado da Agricultura e da Pesca


Moacir Sopelsa

Presidente da Epagri
Luiz Ademir Hessmann

Diretores

Giovani Canola Teixeira


Administração e Finanças

Ivan Luiz Zilli Bacic


Desenvolvimento Ins tucional

Luiz Antonio Palladini


Ciência, Tecnologia e Inovação

Paulo Roberto Lisboa Arruda


Extensão Rural

~~
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Epagri
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BOLETIM TÉCNICO Nº 184 ISSN 0100-7416
Março/2018

FERTILIDADE DO SOLO, ADUBAÇÃO E


NUTRIÇÃO DA CULTURA DA CEBOLA

Claudinei Kurtz
Francisco Olmar Gervini de Menezes Júnior
Fábio Satoshi Higashikawa

~~
~
Epagri
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

Florianópolis
2018
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri)
Rodovia Admar Gonzaga, 1347, Itacorubi, Caixa Postal 502
88034-901 Florianópolis, SC, Brasil
Fone: (48) 3665-5000, fax: (48) 3665-5010
Site: www.epagri.sc.gov.br

Editado pelo Departamento Estadual de Marketing e Comunicação (DEMC)

Editoria técnica:
Paulo Sergio Tagliari

Revisão textual:
Laertes Rebelo

Coordenador:
Claudinei Kurtz
(Eng.-agr., Dr., Pesquisador Epagri/Estação Experimental de Ituporanga)

Primeira edição:
Março 2018

Tiragem:
700 exemplares

Impressão:
Triunfal Gráfica e Editora

É permitida a reprodução parcial deste trabalho desde que a fonte seja citada.

KURTZ, C.; MENEZES JÚNIOR, F.O.G.; HI-


GASHIKAWA, F.S. Fertilidade do solo, adubação
e nutrição da cultura da cebola. Florianópolis:
Epagri, 2018. p.104 (Epagri, Boletim Técnico,
184.)

Allium cepa; macronutrientes; micronutrientes;


manejo da adubação.

ISSN 0100-7416
AUTORES

Claudinei Kurtz
Engenheiro-agrônomo, Dr.
Epagri/Estação Experimental de Ituporanga
Estrada Geral Lageado Águas Negras, 453
Bairro Lageado Águas Negras
88400-000 Ituporanga, SC
Fone: (47) 3533 8822
E-mail: [email protected]

Francisco Olmar Gervini de Menezes Júnior


Engenheiro-agrônomo, Dr.
Epagri/Estação Experimental de Ituporanga
Estrada Geral Lageado Águas Negras, 453
Bairro Lageado Águas Negras
88400-000 Ituporanga, SC
Fone: (47) 3533 8824
E-mail: [email protected]

Fábio Satoshi Higashikawa


Engenheiro-agrônomo, Dr.
Epagri/Estação Experimental de Ituporanga
Estrada Geral Lageado Águas Negras, 453
Bairro Lageado Águas Negras
88400-000 Ituporanga, SC
Fone: (47) 3533 8843
E-mail: [email protected]
AGRADECIMENTOS

Ao Ministério da Agricultura, Pe-


cuária e Abastecimento (Mapa), que pro-
porcionou o apoio financeiro por meio do
Convênio Epagri x Mapa no 807.365/2014
– Produção Integrada (PI) Banana, Cebo-
la e Tomate, viabilizando a publicação
desta obra.
APRESENTAÇÃO
A cebola (Allium cepa L.) é uma espécie olerácea amplamente cul-
tivada e consumida em todo o mundo. O Brasil está entre os dez maiores
produtores mundiais da hortaliça, que é a terceira em importância econômi-
ca no País. Em 2016, foram cultivados 55,9 mil ha de cebola no Brasil, cuja
produção foi de 1,58 milhão de toneladas, com rendimento médio de 28,2 t
ha-1 (IBGE, 2017). O estado de Santa Catarina é o principal produtor nacional
de cebola e na última década foi responsável por mais de 30 % da produção.
A cebolicultura é uma atividade predominantemente desenvolvida por pe-
quenos e médios agricultores em regime de economia familiar, com grande
importância socioeconômica, contribuindo significativamente para a gera-
ção de renda, emprego e fixação do homem no meio rural.
Neste cenário, os investimentos que vêm sendo aportados por Santa
Catarina em ações de pesquisa e extensão rural, principalmente por meio
da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri), aliados aos
convênios estabelecidos com importantes parceiros, a exemplo do Mapa,
são fundamentais para gerar e difundir tecnologias para melhorar a compe-
titividade da cebolicultura catarinense.
Diante da crescente demanda da cadeia produtiva da cebola por no-
vas tecnologias a Epagri/Estação Experimental de Ituporanga apresenta aos
técnicos e produtores uma publicação pioneira e específica na área de fer-
tilidade, adubação e nutrição da cultura da cebola que reúne as principais
tecnologias geradas para Santa Catarina.
O documento traz informações técnico/científicas com base na fertili-
dade do solo e no estado nutricional das plantas para a utilização racional de
fertilizantes minerais e orgânicos em quantidade, forma e época de aplica-
ção. Estes conhecimentos são fundamentais para a elevação e manutenção
dos teores de nutrientes no solo de modo a otimizar os retornos econômicos
da cultura da cebola com base nos resultados de pesquisa gerados principal-
mente pela Epagri nos últimos 10 anos.

A Diretoria Executiva
SUMÁRIO
1 Introdução................................................................................... 11
2 Amostragem de solo e tecido vegetal........................................... 12
2.1 Coleta de amostra de solo................................................................ 13
2.2 Amostragem de tecido vegetal......................................................... 14
3 Calagem....................................................................................... 16
4 Princípios de manejo da adubação............................................... 18
5 Crescimento e acúmulo de massa seca pela cebola...................... 19
6 Função, absorção, manejo dos nutrientes e recomendações de adubação 21
6.1 Absorção de nutrientes.................................................................... 21
6.2 Nitrogênio (N)................................................................................... 24
6.2.1 Função.............................................................................................. 24
6.2.2 Absorção de N pela cebola............................................................... 25
6.2.3 Resposta da cebola à adição de N.................................................... 26
6.2.3.1 Sistema de transplante..................................................................... 28
6.2.3.2 Sistema de transplante fertirrigado.................................................. 30
6.2.3.3 Sistema de semeadura direta........................................................... 31
6.2.3.4 Perdas pós-colheita.......................................................................... 33
6.2.4 Recomendação de nitrogênio para a cebola..................................... 35
6.2.5 Diagnose do estado de N em tempo real (diagnose foliar indireta) 37
6.2.5.1 Nitrato na seiva.................................................................................. 39
6.2.5.2 Índice de clorofila (IC)....................................................................... 42
6.2.5.2.1 Sistema de semeadura direta........................................................... 44
6.2.5.2.2 Sistema de transplante fertirrigado................................................... 45
6.3 Fósforo (P)......................................................................................... 46
6.3.1 Função............................................................................................... 46
6.3.2 Absorção de P pela cebola................................................................ 47
6.3.3 Resposta da cebola à adição de P...................................................... 48
6.3.4 Recomendação de fósforo para a cebola.......................................... 52
6.3.5 Modo de aplicação de fósforo........................................................... 53
6.4 Potássio (K)....................................................................................... 54
6.4.1 Função.............................................................................................. 54
6.4.2 Absorção de K pela cebola................................................................ 55
6.4.3 Resposta da cebola à adição de K..................................................... 56
6.4.4 Recomendação de potássio para a cebola........................................ 59
6.4.5 Modo de aplicação de potássio......................................................... 60
6.5 Cálcio (Ca)......................................................................................... 60
6.5.1 Função............................................................................................... 60
9
6.5.2 Absorção de Ca pela cebola.............................................................. 61
6.5.3 Resposta da cebola à adição de Ca................................................... 62
6.5.4 Recomendação de cálcio para a cebola............................................ 63
6.6 Magnésio (Mg).................................................................................. 64
6.6.1 Função............................................................................................... 64
6.6.2 Absorção de Mg pela cebola............................................................. 64
6.6.3 Resposta e recomendação de magnésio para a cebola.................... 65
6.7 Enxofre (S)......................................................................................... 66
6.7.1 Função............................................................................................... 66
6.7.2 Absorção de S pela cebola................................................................. 66
6.7.3 Resposta da cebola à adição de S..................................................... 68
6.7.4 Recomendação de enxofre para a cebola......................................... 71
6.8 Manganês (Mn)................................................................................. 72
6.8.1 Função............................................................................................... 72
6.8.2 Absorção de Mn pela cebola............................................................. 72
6.8.3 Resposta da cebola à adição de Mn.................................................. 73
6.8.4 Recomendação de manganês para a cebola..................................... 74
6.9 Zinco (Zn).......................................................................................... 74
6.9.1 Função.............................................................................................. 74
6.9.2 Absorção de Zn pela cebola.............................................................. 75
6.9.3 Resposta da cebola à adição de Zn................................................... 76
6.9.4 Recomendação de zinco para a cebola............................................. 78
6.10 Boro (B)............................................................................................. 78
6.10.1 Função............................................................................................... 78
6.10.2 Absorção de boro pela cebola........................................................... 79
6.10.3 Resposta da cebola à adição de B..................................................... 80
6.10.4 Recomendação de boro para a cebola.............................................. 82
6.11 Cobre (Cu)......................................................................................... 83
6.11.1 Função............................................................................................... 83
6.11.2 Absorção de Cu pela cebola.............................................................. 83
6.11.3 Resposta da cebola à adição de Cobre.............................................. 84
6.11.4 Recomendação de cobre para a cebola............................................ 85
6.12 Molibdênio (Mo)............................................................................... 85
7 Matéria orgânica do solo.............................................................. 86
8 Adubação orgânica....................................................................... 87
9 Adubação verde e rotação de culturas.......................................... 89
10 Referências................................................................................... 91

10
1 Introdução

A cebola (Allium cepa L.) é a terceira hortaliça em importância eco-


nômica para o Brasil, sendo superada apenas pela batata e pelo tomate. Em
2016, foram cultivados 55,9 mil ha de cebola no Brasil, cuja produção foi
de 1,58 milhão de toneladas, com rendimento médio de 28,2 t ha-1 (IBGE,
2017). Em Santa Catarina são cultivados aproximadamente 20 mil hectares
da hortaliça, concentrando mais de 30 % da produção brasileira. O Estado
é o principal produtor nacional e apresentou um recorde de produção e
produtividade médias em 2016, com cerca 600 mil toneladas e 30 t ha-1,
respectivamente (EPAGRI/CEPA, 2017). A cebolicultura é uma atividade pre-
dominantemente desenvolvida por pequenos e médios agricultores, desen-
volvida tipicamente em regime de economia familiar, que possui extrema
importância socioeconômica e contribui significativamente para a geração
de renda, emprego e fixação do homem no meio rural (KURTZ, 2008).
O rendimento, a sanidade e a qualidade dos bulbos de cebola (Allium
cepa L.) são influenciados diretamente pela disponibilidade de nutrientes no
solo (SANTOS, 2007; MAY et al., 2008; VIDIGAL et al., 2010; KURTZ, 2015).
Além da influência direta sobre o desenvolvimento vegetativo e a
produtividade da lavoura (PANDE & MUNDRA, 1971), a nutrição adequada e
equilibrada tem uma importante ação sobre o controle fitossanitário. Mogor
& Goto (2000) observaram menor severidade do míldio (Peronospora des-
tructor) com manejo adequado da adubação nitrogenada e potássica.
A produtividade e a qualidade dos bulbos de cebola resultam da in-
teração de vários fatores, destacando-se o potencial genético e o ambiente
(manejo do solo, dos nutrientes, da água e fitotécnico).
A máxima produção e a qualidade ótima dos bulbos são alcançadas
quando o status nutricional da planta é ideal. Essa condição é satisfeita pelo
manejo apropriado do solo e o suprimento adequado de corretivos e fertili-
zantes.
O aspecto nutricional é particularmente importante para os bulbos,
visto a influência que os elementos minerais exercem sobre sua qualidade.
As plantas oleráceas, a exemplo da cebola, são altamente responsivas à adi-
ção de fertilizantes, especialmente nitrogenados e fosfatados. Em muitos
casos, a adubação e o estado nutricional desta cultura afetam não apenas a
produtividade, mas o tamanho, o peso, a cor e a conservação pós-colheita
dos bulbos, bem como a resistência das plantas a pragas e doenças.
11
A agricultura baseada em altas produtividades pressupõe aplicações
de fertilizantes de maneira racional, a fim de suprir a demanda nutricional
das plantas, obter boa qualidade dos produtos e aumentar a rentabilidade.
No entanto, são raras as publicações que abordem os aspectos técnico-cien-
tíficos relacionados à fertilização adequada da cultura da cebola visando à
qualidade dos produtos e à obtenção de altos rendimentos.
O principal objetivo deste documento é trazer informações com base
na fertilidade do solo e do estado nutricional das plantas para utilização ra-
cional de fertilizantes em quantidade, forma e época de aplicação. Estes co-
nhecimentos são indispensáveis para a elevação e a manutenção dos teores
de nutrientes no solo e a otimização de retornos econômicos da cultura da
cebola com base nos resultados de pesquisa gerados pela Epagri (EEItu) nos
últimos 10 anos.

2 Amostragem de solo e tecido vegetal

Segundo a Comissão de Química e Fertilidade do Solo (CQFS - RS/SC,


2016) o sistema de recomendação de adubação e de calagem indicado para
os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina para a cultura da cebola
é baseado na análise de solo e, para algumas situações, pode ser comple-
mentado com a análise de tecido vegetal.
O sistema é composto pelas seguintes etapas:

Amostragem Analise Interpreta~o Recomenda900


de oob ou de em Iaborat6rio oos resultados q decorretivos
tecioo vegetal analiticos e de ferti&zantes

É importante salientar que em cada uma dessas etapas podem ocor-


rer erros que alteram as recomendações de fertilizantes e de corretivos. O
erro no procedimento de coleta do solo para a análise (amostragem) é o
mais prejudicial, pois ele não pode ser corrigido nas etapas seguintes. Uma
amostragem não representativa (mal realizada) pode causar grandes distor-
ções na avaliação da fertilidade do solo.

12
2.1 Coleta de amostra de solo

A amostragem de solo deve ser executada criteriosamente em relação


à divisão da área em glebas homogêneas e em relação aos procedimentos
de coleta, pois uma pequena quantidade de solo representará um volume
muito maior de solo de áreas que pode chegar a alguns hectares. Na defi-
nição de glebas homogêneas deve-se levar em consideração a vegetação, a
posição topográfica, as características perceptíveis do solo (declividade, dre-
nagem, etc.), histórico da área, produtividade observada, uso de insumos,
entre outros. Sugere-se que cada gleba não seja superior a 10 ha (CFSEMG,
1999; RAIJ, 2011). Deve-se evitar pontos próximos a edificações, formiguei-
ros, cupinzeiros, estradas, áreas onde circulam animais, estercos, manchas
de solo, depósitos de fertilizantes e corretivos (RAIJ et al., 1997). Recomenda-
-se coletar solo quando ele estiver friável, ponto em que o material (“solo”) é
coletado e ao ser apertado com a mão se parte ou se esboroa com facilidade.
Isso facilita a coleta e a homogeneização das amostras simples ou subamos-
tras que irão compor a amostra composta (CFSEMG, 1999). Os pontos de
coleta devem ser previamente limpos com a retirada da cobertura vegetal
e de outros materiais sem o revolvimento do solo. A amostragem de solo
é feita com a coleta de amostras simples ou subamostras que variam de 12
a 30 dentro da gleba homogênea no sistema convencional (CFSEMG, 1999;
CQFS – RS/SC, 2016) e devem ter volumes iguais para formarem as amostras
compostas enviadas aos laboratórios. O ideal é que as subamostras sejam
homogeneizadas dentro de um balde para retirar aproximadamente ½ kg de
solo para identificar e enviar ao laboratório.
Os amostradores de solo mais comuns para coletar solo são o trado
de rosca, trado calador, trado holandês, trado caneca, pá-de-corte e o trado
fatiador (CQFS – RS/SC, 2016). Independentemente do amostrador escolhi-
do, deve-se verificar se ele não está enferrujado para evitar contaminações
das amostras. Após o uso recomenda-se a lavagem com água para retirar
todo o solo remanescente no amostrador e assim evitar o enferrujamento
do equipamento. Os procedimentos de amostragem com esses equipamen-
tos dependem se o sistema de cultivo é convencional ou de plantio direto.
No sistema de plantio direto a variabilidade vertical e horizontal da fertilida-
de do solo é maior em relação ao convencional devido a presença da cober-
tura de solo, a permanência de linhas de adubação e a aplicação superficial
de insumos (CQFS – RS/SC, 2016). Quando a amostragem é malfeita, inde-
13
pendente do sistema de cultivo adotado, não há como corrigir esse erro no
laboratório mesmo que sejam utilizadas as metodologias e os equipamentos
mais modernos. A amostragem inadequada resulta consequentemente em
interpretações e recomendações equivocadas que podem acarretar grandes
prejuízos econômicos ao produtor e danos ao ambiente (CFSEMG, 1999). Por
essa razão, é de extrema importância que a pessoa responsável pela coleta
das amostras seja devidamente treinada e que conheça muito bem o manu-
seio do amostrador escolhido. Adicionalmente é fundamental estabelecer e
planejar adequadamente a amostragem de solo para que as amostras sejam
representativas (EMBRAPA, 2009).
No sistema de plantio convencional a coleta da amostra deve ser rea-
lizada na camada de 0-20 cm. No caso de sistema plantio direto consolidado,
recomenda-se a coleta de amostras nas camadas de 0-10 cm e de 10-20 cm
para verificar possíveis diferenças de fertilidade entre camadas (CQFS – RS/
SC, 2016). É recomendável que a amostragem de solo seja feita 6 meses an-
tes do plantio, pois há de se considerar os seguintes fatores: possíveis atrasos
na entrega dos resultados pelo laboratório, tempo mínimo de 3 meses antes
do plantio para reação do calcário e planejamento do agricultor em relação
a preço e prazo de entrega de fertilizantes e corretivos (FURTINI NETO et
al., 2001). As amostras de solo devem ser manejadas com materiais limpos e
livres da presença de possíveis contaminantes. A frequência de amostragem
de solo depende de vários fatores como: o sistema de cultivo (convencional,
cultivo mínimo ou plantio direto), se há rotação de cultura, a intensidade de
aplicação de insumos, a irrigação, forma de aplicação de fertilizantes (em
linha ou área total), a exportação de nutrientes pela cultura, entre outros.
No entanto, como a cultura da cebola é anual e muito sensível a variações de
fertilidade, recomenda-se amostrar anualmente para o adequado manejo e
monitoramento da fertilidade do solo.
Caso não seja possível enviar as amostras imediatamente para um
laboratório é recomendável fazer a secagem das amostras ao ar em local
sombreado e ventilado (EMBRAPA, 2009; CQFS – RS/SC, 2016).

2.2 Amostragem de tecido vegetal

A análise química foliar consiste na determinação dos teores de ele-


mentos em tecidos vegetais (principalmente folhas) visando ao diagnóstico
do estado nutricional da cultura. Auxilia ainda na interpretação dos efeitos
14
da adubação anteriormente efetuada e a estimar indiretamente o grau de
fertilidade do solo (TRANI et al., 2014). Na cultura da cebola a análise foliar
é indicada apenas para identificar alguns distúrbios nutricionais ou como
medida complementar da adubação recomendada com base na análise de
solo. Havendo suspeita de alguma deficiência nutricional, deve-se coletar
separadamente o tecido de plantas com e sem sintomas. Os valores de refe-
rência dos teores de nutrientes no tecido foliar de cebola são apresentados
na Tabela 1.

Tabela 1. Extração, exportação e faixa adequada de nutrientes em tecido


foliar de cebola.
Nutriente
N P K Ca Mg S Fe Cu Zn B
-----------------------kg t ------------------------
-1
---------------g t --------------
-1

Exportação* 2,7 0,9 2,3 1,3 0,3 0,5 20,4 0,9 2,3 5,9
Exportação** 1,6 0,6 1,2 0,5 0,2 0,3 7,7 0,6 1,7 4,2
----------------------g kg-1------------------------ -------------mg kg-1-----------
Faixa
25-40 2-4 20-50 7-30 2-4 5-8 60-300 6-20 10-50 10-50
adequada***
*Quantidade de nutriente em toda a planta (exceto raízes) para cada tonelada produzida.
**Quantidade de nutriente nos bulbos para cada tonelada produzida.
OBS: Geralmente é retirada da lavoura na colheita a planta toda e não somente os bulbos, neste caso,
tudo que a planta extrai é exportado.
***Teor de nutriente na folha mais jovem totalmente desenvolvida na metade do ciclo (inicio bulbificação).
Coletar folhas de pelo menos 20 plantas para compor a amostra.
Fonte: Kurtz (2016)

Na cultura da cebola para a diagnose do estado nutricional deve ser


coletada a folha mais jovem completamente expandida. Recomenda-se co-
letar uma folha por planta, totalizando entre 20 e 40 folhas por área ho-
mogênea amostrada. O período de coleta indicado é na metade do ciclo da
cultura, ou seja, aproximadamente aos 60 dias após o transplante ou aos
110 dias após a semeadura, quando esta for realizada em campo definitivo.
Normalmente esse período coincide com o início da bulbificação. Após a co-
leta, deve-se acondicionar as amostras em sacos de papel, identificando-as e
enviando-as, imediatamente, para o laboratório de análise química de tecido
vegetal.

15
Alguns cuidados na coleta, no manuseio e na armazenagem da amos-
tra de tecido vegetal são:

• escolher folhas sem doenças e que não tenham sido danificadas por
insetos ou por outro agente;
• limpar as folhas dos resíduos de pulverização e/ou poeira logo após a
coleta, por meio de lavagem com água limpa;
• evitar o contato das folhas coletadas com inseticidas, fungicidas e fer-
tilizantes;
• colocar a amostra em sacos novos de papel ou em embalagem forne-
cida pelos laboratórios de análise de tecido; se for solicitada a aná-
lise de boro, usar papel encerado, pois o papel comum contamina a
amostra com boro;
• identificar a amostra e preencher o formulário, indicando os elemen-
tos a serem determinados;
• elaborar um mapa de coleta que permita, pela identificação da amos-
tra, localizar a área em que foi feita a amostragem;
• enviar as amostras o mais breve possível ao laboratório; se o tem-
po previsto para a amostra chegar ao laboratório for superior a dois
dias, é recomendado secar o material ao sol, mantendo a embalagem
aberta.

3 Calagem

A recomendação de calcário para solos ácidos visa proporcionar um


ambiente adequado ao crescimento do sistema radicular, diminuindo a ati-
vidade de elementos tóxicos para as plantas cultivadas, como o Al e o Mn,
e favorecer a disponibilidade de alguns elementos essenciais à nutrição das
plantas (CQFS – RS/SC, 2016). Além disso, nunca é demais lembrar que o
calcário é fonte de cálcio e magnésio para as plantas.
A cultura da cebola apresenta alta sensibilidade à toxidez do Al. O
pH do solo recomendado para essa hortaliça é 6,0. Para os estados de Santa
Catarina e do Rio Grande do Sul o método preferencial para indicar a neces-
sidade de calcário é o índice SMP (CQFS – RS/SC, 2016).

16
Alternativamente ao índice SMP, a dose de calcário poder ser estima-
da usando o método de saturação por bases. Embora ainda não tenha sido
calibrado o valor de saturação de bases das diferentes culturas para os solos
do RS e SC, segundo a CQFS – RS/SC (2016), assume-se uma provável corres-
pondência entre o valor do pH de referência das culturas com o valor V %,
sendo: pH 5,5 (V = 65 %); pH 6,0 (V = 75 %) e pH 6,5 (V = 85 %).
Para solos com baixo poder tampão (arenosos e/ou pobres em maté-
ria orgânica) o índice SMP pode subestimar a acidez potencial e indicar uma
dose de calcário insuficiente para elevar o pH até o valor desejado ou ainda
apresentar teores de Al prejudiciais ao desenvolvimento das plantas. Nesses
casos, recomenda-se utilizar equações polinomiais que consideram o teor de
matéria orgânica e de Al trocável para definir a dose de calcário, conforme
equações indicadas pela CQFS – RS/SC (2016).
Para a correção da acidez do solo, existem diversos tipos de correti-
vos, sendo os calcários mais comercializados em função do menor custo. Os
calcários podem ser classificados em função do teor de óxido de magnésio
(MgO) como calcíticos, magnesianos ou dolomíticos. Aqueles que apresen-
tam menos de 5 % de MgO são denominados calcíticos; de 5 a 12 % de MgO,
magnesianos; e acima de 12 % de MgO, dolomíticos. Para a escolha do tipo
de calcário a ser usado, deve-se levar em conta os teores de Ca e Mg, a rela-
ção de Ca/Mg ou a proporção desses cátions na CTC. Para os solos de SC, na
maioria dos casos pode ser usado o calcário dolomítico para a correção da
acidez. Embora não sejam comprovados prejuízos no rendimento e na quali-
dade da maioria das culturas quando a relação de Ca/Mg é igual ou maior a
1:1, a relação desses cátions considerada ideal situa-se entre 3:1 e 4:1. Para
hortaliças, que de maneira geral são mais exigentes em Ca, quando a relação
Ca/Mg estiver menor que 2:1 ou a saturação de Ca na CTC estiver menor que
50 %, pode ser indicado o uso de calcário calcítico.
A aplicação do calcário é recomendada com antecedência mínima de
60 a 90 dias antes do plantio para permitir a reação do corretivo no solo.
Para a incorporação do calcário, quando as doses forem maiores que
5 t ha , recomenda-se incorporar o corretivo a uma profundidade de apro-
-1

ximadamente 20 cm em duas etapas: adicionar 50 % da dose e realizar uma


aração e posteriormente adicionam-se os outros 50 %, precedido de grada-
gem para incorporação. Para a incorporação do calcário na profundidade de
20 cm não é indicado o uso de subsolagem em substituição à aração, pois
com este equipamento a incorporação não é adequada.
17
4 Princípios de manejo da adubação

A adubação, como qualquer outro componente de um sistema de


produção agrícola, não pode ser considerada e manejada de forma isolada
(CERETTA et al., 2007). Vários fatores relacionados ao solo, à planta e ao
clima atuam de modo conjunto no crescimento e no desenvolvimento de
uma cultura. Como a adubação é somente uma parte do sistema de produ-
ção, ela deve ser maneja considerando todos os outros fatores relacionados
para se buscar a melhor eficiência econômica, ambiental e social. Por essa
razão, antes de planejar o manejo da adubação, a área de plantio deve estar
previamente preparada, principalmente com o pH corrigido, pois a calagem
aumenta a eficiência dos fertilizantes (POTAFOS, 1998). Outro fator muito
importante no manejo da adubação é possibilitar o fornecimento suficiente
de água para o crescimento e o desenvolvimento pleno das plantas. Pois a
água é essencial para a absorção de nutrientes pelas plantas.
As práticas de adubação estão diretamente interligadas ao manejo de
nutrientes e consequentemente ao manejo da nutrição das plantas. Essas
práticas são combinações de fonte de nutriente (tipo de fertilizante), dose
de fertilizante, época e local de aplicação, permanecendo associadas à dinâ-
mica de nutrição de uma determinada cultura (IPNI, 2013). Basicamente a
fonte é definida pelos seguintes aspectos (FURTINI NETO et al., 2001): exis-
tência de outro nutriente; solubilidade em água que deve ser alta no caso de
fertirrigação; facilidade de estocagem, manipulação e aplicação; se acidifica
ou não o solo, homogeneidade na distribuição; forma química do nutriente
no fertilizante; presença de elementos danosos ao sistema solo-planta-ho-
mem; acessibilidade no mercado; custo. A fonte pode ser de origem mineral,
orgânica, organomineral e na forma sólida ou líquida.
Através da análise de solo avalia-se a capacidade de o solo suprir nu-
trientes às plantas juntamente com a produtividade esperada, que depende
do nível tecnológico do produtor rural. A partir dessas informações definem-
-se os nutrientes e as quantidades a serem aplicadas (FURTINI NETO et al.,
2001).
Para definir as quantidades de fertilizantes que serão aplicadas, nor-
malmente os técnicos e os agricultores recorrem aos manuais estaduais
ou regionais de recomendação de adubação. Deve-se priorizar uma reco-
mendação equilibrada onde todos os nutrientes estejam em quantidades
suficientes para o crescimento e desenvolvimento pleno da cultura, pois
o excesso de fertilizantes, além do aumento do custo de produção, pode
18
ocasionar distúrbios nutricionais e a contaminação do ambiente. O grau da
dependência da planta pelos nutrientes fornecidos pela adubação vai de-
pender dos teores de nutrientes no solo: se eles estão acima ou abaixo dos
teores críticos (ou níveis críticos). A resposta de adubação pela cultura será
maior ou menor se o teor de nutriente estiver abaixo ou acima do teor crítico
respectivamente.
A época de aplicação envolve a sincronização dos nutrientes no solo
com a absorção de nutrientes pela planta, o operacional de maquinários e a
tomada de decisões do produtor. Geralmente, os nutrientes poucos móveis
como o fósforo são aplicados no plantio e os de maior mobilidade, como o
nitrogênio e o potássio, são aplicados parte no plantio e o restante em co-
bertura.
O local de aplicação do fertilizante é definido pela forma ou pelo
modo de aplicação desse insumo. Para culturas anuais geralmente é na linha
de plantio ou a lanço em área total. O local que os nutrientes vão estar para
que a planta tenha acesso a eles depende dos seguintes fatores (FURTINI
NETO et al., 2001; CERETA et al., 2007; IPNI, 2013): o nutriente e a quantida-
de a ser aplicado; tipo de fertilizante; dinâmica do nutriente no solo quanto
a sua disponibilidade e mobilidade; o sistema de produção; equipamentos
disponíveis; características do solo; histórico da fertilidade da área; local de
crescimento das raízes. Em relação à adubação a lanço a restrição a essa prá-
tica é maior quando se aumenta a declividade da área e quanto menor for a
cobertura do solo com resíduos culturais, pois nessas condições há maiores
predisposições de perdas do fertilizante por influência das chuvas (CERETA
et al., 2007).

5 Crescimento e acúmulo de massa seca pela cebola

O conhecimento dos padrões de acúmulo de massa seca de uma cul-


tura permite entender melhor os fatores relacionados com a nutrição mine-
ral e consequentemente com a adubação, visto que a absorção de nutrientes
é influenciada pela taxa de crescimento da planta (MARSCHNER, 2012).
Trabalho realizado por Kurtz et al. (2016) demonstrou que o acúmulo
de massa seca (MS) das plantas de cebola do cultivar Empasc 352 Bola Pre-
coce foi muito lento até a metade do ciclo aos 60 dias após o transplante
(DAT), acumulando 3,9 g planta-1, o que representou 16 % da MS total acu-
mulada (Figura 1A). Após esse período, quando iniciou a fase de bulbifica-
ção, o acúmulo de MS foi intensificado (61 - 119 DAT), acumulando 20,7 g
19
planta-1, equivalente a 84 % da MS total acumulada. Acúmulo lento de MS
no início do ciclo ocorre independente do cultivar utilizado e do local de
cultivo, pois resultados similares também foram observados por Vidigal et
al. (2010a) para o cv. Alfa Tropical no verão em sistema de transplante e se-
meadura direta no estado de Minas Gerais e por Pôrto et al. (2007) e May et
al. (2008) para os híbridos Superex e Optima cultivados em sistema de seme-
adura direta em São Paulo. Da mesma forma, Vidigal et al. (2010a) também
observaram um acúmulo rápido de MS no início da bulbificação, aos 88 dias
após a semeadura para o cultivar Alfa Tropical, o que também foi verificado
para outros cultivares e condições de cultivo (HAAG et al.,1970; WIEDEN-
FELD, 1994; INIA, 2005).
Segundo Kurtz et al. (2016), ao final do ciclo as plantas acumularam
24,6 g planta-1 no total de MS, sendo 9,29 g na parte aérea e 15,33 g no
bulbo. A massa fresca média de bulbo foi de 149,4 g planta-1 e o rendimento
total de bulbos frescos foi de 37,34 t ha-1. Para este rendimento, os autores
observaram uma produção de 6.155 kg ha-1 de MS na planta toda, distribuí-
dos em 2.324 kg ha-1 na parte aérea e 3.831 kg ha-1 nos bulbos, ou seja, 38 % e
62 %, respectivamente. Resultados semelhantes foram obtidos por Pôrto et
al. (2006), que ao avaliar o híbrido Optima em sistema de semeadura direta,
obteve contribuições de 30 % e 70 %, para a parte aérea e bulbos, respecti-
vamente. Para Vidigal et al. (2002), em sistema de transplante de mudas com
o cultivar Alfa Tropical, as contribuições de parte aérea e bulbo foram de
aproximadamente 36 % e 64 %, respectivamente, muito próximas às obtidas
no estudo realizado em Santa Catarina.
35 Y = 28,25/( 1 + exp (-(x - 88,78)/ 15,78) R2= 0,99 0.5 Planta toda
Tx. cresc. absoluto (g planta dia )
-1

Y = 430,98/( 1 + exp (-(x - 66,53)/ 13,29) R2 = 0,94 Parte aérea


30 Y = 18,10/( 1 + exp (-(x - 10,94)/ 9,91) R2 = 0,98 Bulbos
0.4
-1
Massa seca (g planta )
-1

25 (A) (B)

20 0.3

15 0.2
10
0.1
5

0 0.0

0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126

Dias após o transplante Dias após o transplante


Figura
Figura 1. 1. Acúmulo
Acúmulo de massa
de massa seca
seca (A) (A) de
e taxa e taxa de crescimento
crescimento absoluto absoluto (B) toda
(B) na planta na (●),
planta
parte toda
aérea (○)(●), parte (▼)
e bulbos aérea
de (○) e bulbos
cebola (▼) Precoce
da cv. Bola de cebola da cv.em
cultivada Bola Precoce
sistema de trans-
cultivada em sistema de transplante. Fonte: Kurtz et al. (2016).
plante.
Fonte: Kurtz et al. (2016).

20
A taxa máxima de crescimento absoluto (acúmulo diário de MS) para
a planta toda ocorreu aos 89 dias, quando atingiu 0,447 g planta-1 dia-1 de MS
(111,75 kg ha-1 dia-1), desacelerando nos 30 dias que antecederam a colheita
(Figura 1B) (KURTZ et al., 2016).
Neste mesmo estudo, o bulbo iniciou sua formação aos 60 DAT e a
taxa de crescimento máxima ocorreu aos 101 DAT com acúmulo de 0,46 g
planta-1 dia-1 (115 kg ha-1 dia-1 de MS). A partir dos 96 DAT até a colheita,
a taxa de crescimento absoluto da planta inteira foi menor que o alocado
no bulbo diariamente, indicando redistribuição de fotoassimilados, princi-
palmente das folhas para os bulbos. Esse comportamento também foi ob-
servado por Pôrto et al. (2006, 2007) e Vidigal et al. (2010a). De acordo com
Brewster (2008), por ocasião desenvolvimento dos bulbos, há redistribuição
de fotoassimilados e outros compostos das folhas para os bulbos, resultando
na redução da massa seca das folhas e aumento na massa seca dos bulbos.
Conforme o trabalho de Kurtz et al. (2016), da massa seca total acu-
mulada, 4,6 % foi composta por minerais dos dez nutrientes avaliados (N, P,
K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, B e Cu). Na parte aérea (9,26 g) o acúmulo dos dez
nutrientes foi de 5,4 % da MS, superior proporcionalmente ao acumulado
nos bulbos (15,33 g), que foi de 4,1 % da MS.

6 Função, absorção, manejo dos nutrientes e recomendações de adubação

6.1 Absorção de nutrientes

As curvas de acúmulo de nutrientes para a planta de cebola possuem


comportamento similar às curvas de acúmulo de massa seca. Segundo Kurtz
et al. (2016), ocorre um acúmulo proporcionalmente menor de MS na pri-
meira metade do ciclo (16 %) do que a absorção da maioria dos nutrientes,
exceto para K, Mg e B (Tabela 2). De maneira geral, verificam-se grandes
acúmulos e maiores taxas de acúmulo de nutrientes na segunda metade do
ciclo da cultura, durante a fase de bulbificação. As taxas diárias de acúmulo
de todos os nutrientes, exceto Fe, na parte aérea, aumentaram até início da
bulbificação e decresceram após essa fase. Dessa forma, observa-se que a
planta de cebola prioriza a alocação de fotoassimilados e nutrientes para o
bulbo, assim que inicia a formação desse órgão (BREWSTER, 2008).

21
Tabela 2. Acúmulo de nutrientes na planta toda, no bulbo, por tonelada pro-
duzida, antes e após a bulbificação e período das taxas máximas de acúmulo
de nutrientes pelo cultivar de cebola Bola Precoce para uma produtividade
de 37,34 t ha-1.
Tx. máxima
----------------------Acúmulo nutrientes----------------------
--- acúmulo ---
Planta tonelada Antes Após- Planta
Nutriente Bulbo Bulbo
toda bulbo bulbif.2 Bulbif.3 toda
Macron. kg ha-1 kg ha-1 % kg t-1 % % DAT1

N 101,4 58,3 57,4 2,72 27,0 73,0 73 119


P* 34,9 23,9 68,5 0,93 17,3 82,7 86 96
K** 86,5 45,7 52,8 2,32 13,2 86,8 80 97
Ca 46,6 19,7 42,3 1,25 20,6 79,4 78 116
Mg 12,1 7,0 57,3 0,33 11,2 88,8 83 112
Micron. g ha-1 g ha-1 g
Fe 761,2 285,9 37,6 20,38 16,8 83,2 99 114
Mn 149,6 62,7 41,9 4,01 17,0 83,0 79 105
Zn 84,1 61,9 73,6 2,25 27,3 72,7 73 94
Cu 33,7 24,1 71,6 0,90 21,2 78,8 86 104
B 220,6 155,9 70,7 5,91 10,8 89,2 95 105
1
DAT: Dias após o transplante; 2 Período do plantio aos 60 DAT; 3 Período dos 61 até a colheita (119 DAT).
* 80 kg ha-1 de P2O5; ** 104 kg ha-1 de K2O
Fonte: Kurtz et al. (2016).

Ao se avaliar a proporção de acúmulo de matéria seca e de nutrien-


tes durante as quatro fases do ciclo, com duração de aproximadamente 30
dias cada, verifica-se um acúmulo muito baixo nos primeiros 30 dias (fase de
pegamento das mudas), acumulando em média 4 % do total de nutrientes
e 2 % de MS (Figura 2). Nessa primeira fase há um maior acúmulo de N, Zn
e Cu, equivalente a 6 % do total e menor acúmulo de Mg, apenas 1 % do
total absorvido. Na segunda fase do ciclo (31 a 60 DAT), houve um acúmulo
médio geral de 19 % e 14 % de nutrientes e MS do total, respectivamente.
Os nutrientes mais acumulados nessa fase foram, também, o Zn e N com 27
e 26 %, respectivamente, enquanto os nutrientes menos acumulados foram

22
o Mg e o B. Na terceira fase do ciclo (61 - 90 DAT) observou-se um acúmulo
intenso de nutrientes e de MS, com acúmulo médio geral de 46 % e de 44 %
do total, respectivamente. O início da bulbificação nesta fase, por sua vez,
caracterizou-se como a fase de maior crescimento e absorção de nutrientes
com aproximando de 50 % do total acumulado de nutrientes e MS. Os nu-
trientes com maior acúmulo foram o K, Mg e Mn com 56, 54 e 52 % do total,
respectivamente. Na última fase (91 - 119 DAT), quando ocorre o pleno en-
chimento de bulbos, também se observou um importante acúmulo de MS e
nutrientes, totalizando em média, 31 e 40 %, respectivamente. Os nutrientes
com destaque em acúmulo nessa fase foram o B e o Fe com 47 e 44 %, res-
pectivamente.
100
40 21 35 27 26 31 44 26 21 34 47
90
Acúmulo de MS e nutrientes (%)

80
• 70
0-30 DAT
60 31-60 DAT
61-90 DAT
50
91-119 DAT
40 44 47 44 56 49 54 36 52 46 41 40

30

20
14 26 17 16 21 14 15 19 27 19 11
10
2 6 4 2 4 1 5 3 6 6 2
0
MS N P K Ca Mg Fe Mn Zn Cu B
MS e Nutrientes
Figura 2. Acúmulo proporcional (%) de MS e nutrientes durante quatro fases do ciclo do
cultivar de cebola Bola Precoce (0 a 30; 31 a 60; 61 a 90 e 91 a 119 DAT).
Fonte: Adaptado de kurtz et al. (2016).

23
6.2 Nitrogênio (N)

6.2.1 Função
O nitrogênio é componente estrutural de aminoácidos, proteínas,
pigmentos como a clorofila, enzimas, coenzimas, RNA, DNA e algumas vita-
minas (FAQUIN, 2005; MALAVOLTA, 2006). No metabolismo das plantas, os
compostos que contêm N são em grande parte ativadores enzimáticos, além
de participarem dos processos de absorção de íons, fotossíntese, respiração,
sínteses bioquímicas e crescimento vegetativo (TRANI et al., 2014).
Na cebola, os principais sintomas de deficiência de N constituem-se
na diminuição do ritmo de crescimento, as folhas mais velhas amarelecem
e secam. A planta diminui a emissão de novas folhas e aquelas emitidas são
finas e pequenas, bem como o tamanho dos bulbos é reduzido (Figura 3).

Figura 3. Plantas de cebola deficientes em N na parcela no primeiro plano. Ao lado e à frente


plantas em parcelas com nutrição adequada de N

24
6.2.2 Absorção de N pela cebola

A absorção de nitrogênio pelas raízes das plantas de cebola pode ser


feita de diferentes formas. Em geral, o nutriente é absorvido nas formas dos
íons NH4+ e NO3-, sendo a última a forma predominantemente absorvida em
condições naturais e aeróbicas. Nos estudos realizados por Kurtz et al. (2016)
em Ituporanga, SC, o N foi o nutriente mais acumulado pelas plantas de ce-
bola, estimado em 409 mg planta-1, o que equivale a uma extração de 101,4
kg ha-1 de N para um rendimento médio de 37,34 t ha-1, equivalente a 2,72 kg
de N para cada tonelada produzida (Figura 4A; Tabela 1). No mesmo municí-
pio e com o mesmo cultivar (Empasc 352 Bola Precoce), Menezes Júnior et
al. (2014), em ensaios de sistemas de cultivo mínimo de cebola convencional
e orgânico, observaram maior acúmulo de nitrogênio em relação aos demais
nutrientes. May et al. (2008), ao estudar o híbrido Optima em semeadura
direta no estado de São Paulo, também obteve o N como o nutriente mais
acumulado com 106,36 mg planta-1. Santos (2007) também verificou que o N
foi o nutriente mais acumulado pelo cultivar de cebola Alfa São Francisco em
sistema de transplante na região Nordeste, observando acúmulo de 103,4 kg
ha-1 de N. No entanto, alguns estudos demonstraram que o N foi o segundo
nutriente mais absorvido, geralmente sendo superado pelo K (HAAG et al.,
1970; PÔRTO et al., 2006, 2007 e VIDIGAL et al., 2010a). Essa falta de consen-
so quanto ao nutriente mais absorvido pela cebola, se o N ou o K, demonstra
variação da absorção em função do cultivar, solo, clima ou sistema de cultivo.
Do total de N acumulado pela planta, 43 % foram depositados na parte
aérea e 57 % nos bulbos (Tabela 2) (KURTZ et al., 2016). Os mesmos valores
foram observados por Pôrto et al. (2006). Na primeira metade do ciclo, antes
do início da bulbificação, as plantas acumularam menos de 1/3 (27 %) do N to-
tal. A grande demanda (73 %) ocorreu após esse período e a taxa máxima de
absorção foi aos 73 DAT para a planta toda com 6,82 mg planta-1 dia-1, o que
equivale a 1,71 kg ha-1 dia-1 (Figura 4B). No bulbo, o N também foi o nutriente
mais acumulado e teve maiores taxas de acúmulo e demanda crescente até
no final do ciclo. A quantidade de N maior no bulbo do que na parte aérea
no final do ciclo pode ser atribuída à redistribuição do N presente na parte
aérea.

25
Tx absorção de N (mg planta-1 dia-1)
2
Y= 430,98/ 1 + exp (-(x - 72,75)/ 15,80) R = 0,99 10 Planta toda
Conteúdo de N (mg planta-1) 500 2
Y= 227,11/ 1 + exp (-(x - 55,83)/ 11,54) R = 0,88
2
Parte aérea
Y= 538,67/ 1 + exp (-(x - 121,99)/ 17,4) R = 0,98
8 Bulbo
400
(A) (B)

300 6

200 4

100 2

0 0
0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126
Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura
Figura4.4.Acúmulo
Acúmulo(A)(A)
e taxa de de
e taxa absorção diária
absorção (B) de
diária (B)nitrogênio pela cultura
de nitrogênio da cebola
pela cultura da
(cultivar Bola Precoce)
cebola (cultivar Bola Precoce). Fonte: Kurtz et al. (2016).
Fonte: Kurtz et al. (2016).

6.2.3 Resposta da cebola à adição de N

A cultura da cebola geralmente apresenta alta resposta à adição de N.


O suprimento de N inferior às exigências da cebola reduz significativamente
o rendimento. Entretanto, o excesso de N ou o suprimento na época inade-
quada em relação às exigências das plantas afeta a sanidade, a qualidade dos
bulbos e aumenta as perdas de bulbos na colheita e pós-colheita (MAY, 2006;
KURTZ et al., 2012, 2013; HIGASHIKAWA & MENEZES JÚNIOR, 2017).
No solo, a disponibilidade de N para as plantas é influenciada por
várias reações e não é afetada por efeitos residuais diretos das adubações
minerais anteriores. Dentre as reações que afetam a disponibilidade de N,
destacam-se a mineralização de compostos orgânicos, a nitrificação, a desni-
trificação, a imobilização e a lixiviação. Esta última é maior em anos de alta
precipitação pluviométrica, especialmente em solos de textura arenosa, e
consiste na principal razão do parcelamento dos fertilizantes nitrogenados
(ERNANI, 2016).
A mineralização normalmente é o processo mais importante de su-
primento de N para as plantas em solos não adubados, uma vez que o N
orgânico representa mais de 95 % do N total do solo (OLIVEIRA, 1987). As
formas inorgânicas de N apresentam maior dinâmica no solo comparativa-
mente às formas orgânicas. Em solos agrícolas com boa aeração, normal-
mente há predomínio de NO3-. As concentrações de N-inorgânico podem
variar de modo significativo num curto intervalo de tempo, principalmente

26
após precipitações elevadas, quando as perdas por lixiviação do NO3- acon-
tecem com maior intensidade. O NH4+ por ser retido temporariamente nas
cargas negativas da superfície dos coloides do solo (partículas com diâmetro
entre um mícron e um nanômetro, compostos principalmente pelas argilas
do solo e pela fração mais reativa da matéria orgânica, os ácidos húmicos e
fúlvicos), é menos móvel do que o nitrato. Assim, a forma nítrica traz impor-
tantes implicações para o manejo da adubação e para o controle da poluição
local (VIDIGAL, 2000).
O fator agravante na determinação da disponibilidade de N é a limi-
tação das análises de solo. A análise de N no solo fornece poucos subsídios
para uma tomada de decisão sobre a necessidade ou não da adubação ni-
trogenada, uma vez que os valores podem mudar em poucos dias em função
principalmente das condições edafoclimáticas que influenciam a lixiviação e
a mineralização. A diagnose foliar, que consiste na avaliação do estado nutri-
cional das culturas por meio da análise de determinados órgãos das plantas
em períodos definidos, é uma alternativa importante pelo fato desses órgãos
responderem mais às variações no suprimento de nutrientes e proporcio-
narem maior correlação com a produção (VIDIGAL, 2000). Entretanto, esta
metodologia normalmente é onerosa, demorada e somente realizada por
pessoas qualificadas dificultando sua empregabilidade (FONTES, 2011).
A cultura da cebola normalmente responde à adição de fertilizantes
nitrogenados (MAY et al., 2007; KURTZ, et al., 2012, 2013; RESENDE & COS-
TA, 2014; MENEZES JÚNIOR & KURTZ, 2016). A dose de N que proporciona
a máxima produtividade depende do cultivar (MAY et al., 2007; RESENDE &
COSTA, 2014) e de atributos de solo, principalmente dos teores de argila e de
matéria orgânica (MAGALHÃES, 1988; VIDIGAL, 2000), além das condições
de cultivo (BATAL et al., 1994), e normalmente se situa entre 100 e 200 kg
ha-1 (MAY et al., 2007; KURTZ et al., 2012, 2013, RESENDE & COSTA, 2009).
No entanto, é evidente que a magnitude de resposta e a quantidade de N
a ser empregada na cultura da cebola dependem de fatores climáticos, da
população de plantas, do teor de água no solo, do parcelamento da dose e,
principalmente, do teor de matéria orgânica do solo e de sua taxa de decom-
posição (MAGALHÃES, 1988; MENEZES JÚNIOR & KURTZ, 2016).

27
6.2.3.1 Sistema de transplante

Para o sistema de transplante com manejo convencional do solo (ara-


ção + gradagem), Kurtz et al. (2012) demonstraram que as doses para o maior
retorno econômico para a cebola foram de até 200 kg ha-1 de N, em solo are-
noso com baixo teor de matéria orgânica (MO) e de 116 a 142 kg ha-1 de N,
em solos com teores médios de argila e MO (Figura 5). Diversos trabalhos
realizados em outros estados brasileiros também indicaram a necessidade
de doses superiores a 100 kg ha-1 de N para obtenção de altos rendimentos
de bulbos de cebola (MAY et al., 2007; RESENDE & COSTA, 2009; FACTOR et
al., 2009; VIDIGAL et al., 2010; RESENDE & COSTA, 2014).

52 Safra 06 07 Y = 26,7 + 0,09x - 0,00017x2* R2 = 0,57


Safra 08 09 Y = 42,04 + 0,065x - 0,0003x2* R2 = 0,65
Safra 09 10 Y = 25,9 +0,056x - 0,00018x2 * R2 = 0,98
48
Rendimento (t ha-1)

44

40

36

32

28

24

0 50 100 150 200


-1
Nitrogênio (kg ha )

Figura 5. Rendimento de cebola em transplante em sistema de manejo conven-


cional do solo em função da adição de doses crescentes de nitrogênio nas safras
2006/07, 2008/09 e 2009/10
Fonte: Kurtz et al. (2012).

No sistema de plantio direto de hortaliças (SPDH) com o transplan-


te das mudas sem nenhum revolvimento do solo, o efeito da adição de N
ao solo no rendimento de bulbos de cebola variou entre as safras avaliadas
(Figura 6) e a resposta foi menor em relação ao sistema convencional de ma-
nejo do solo permitindo uma economia de nitrogênio neste sistema (KURTZ,
28
et al., 2013). Os resultados de pesquisa obtidos permitiram concluir que o
rendimento de cebola aumentou com a aplicação N em duas das três safras
avaliadas e as doses que proporcionaram o máximo retorno econômico fo-
ram de 131 e 102 kg ha-1, respectivamente nas safras 2008/09 e 2010/11. Em
relação ao parcelamento da adubação com N, verificou-se na safra 2008/09,
quando houve maior intensidade de chuvas, que o parcelamento da adu-
bação nitrogenada não afetou o rendimento, porém reduziu das perdas em
pós-colheita, passando de 25 % quando a aplicação do N em cobertura foi
realizada em apenas uma vez, para 15 % quando a aplicação foi parcelada
em três vezes. O parcelamento também influenciou a arquitetura de plantas
onde a adubação nitrogenada em cobertura parcelada em três vezes pro-
porcionou plantas mais baixas em média de 5 cm e apresentou folhas mais
eretas, comparado com a aplicação do N em cobertura em apenas uma vez.

48 2007/08 Y = NS
2 2
2008/09 Y = 32,02 + 0,149x - 0,00055x ** R = 0,95
2 2
2010/11 Y = 39,78 + 0,061x - 0,00027x * R = 0,90
44
Rendimento (t ha-1)

40

36

32

28

24

0 50 100 150 200


Nitrogênio (kg ha-1)

Figura 6. Rendimento de cebola em transplante em sistema plantio direto (na pa-


lha) em função da adição de doses crescentes de nitrogênio nas safras 2007/08,
2008/09 e 2010/11
Fonte: Kurtz et al. (2013).

29
6.2.3.2 Sistema de transplante fertirrigado

No sistema de manejo do solo em plantio direto fertirrigado (na pa-


lha) com transplante de mudas, Menezes Júnior & Kurtz (2016) estudaram no
período de duas safras o efeito de doses crescente de nitrogênio (0 a 200 kg
N ha-1) em diferentes densidades populacionais (300 a 600 mil plantas ha-1).
Nesses ensaios utilizaram o cultivar Epagri 352 Bola Precoce, em Cambissolo
Háplico, com teor de matéria orgânica médio de 32,5 g kg-1. Os autores ob-
servaram produtividades comerciais totais máximas (bulbos com diâmetro
transversal DT > de 0,35 mm) de 58,3 e 55,1 t ha-1 com doses de 161,3 e
129,0 kg ha-1 de N, para 2011 e 2013 respectivamente (Figura 7). Verificaram
que o aumento de doses de N reduziu a formação de bulbos Cx2 (DT de 35
a 50mm), enquanto as maiores produtividades Cx3 (DT ˃ 50 e ˂ 70 mm), de
25,6 a 39,3 t ha-1, foram obtidas com populações de 500 a 600 mil plantas
ha-1 e doses de 126,1 a 135,9 kg ha-1 de N. Por sua vez, as maiores produtivi-
dades Cx3+ (DT > 70 mm), de 49,6 a 54,4 t ha-1, foram alcançadas com doses
de 126,3 e 156,7 kg ha-1 de N.
Em relação a sistemas fertirrigados, Resende & Costa (2009) e Resen-
de et al. (2009) observaram, em Latossolo Vermelho Amarelo Distroférrico
para os cultivares Alfa Tropical e Franciscana IPA-10 em densidade popula-
cional aproximada de 667 mil plantas ha-1 e 90 kg ha-1 de K2O, aumentos
lineares na produtividade comercial com o aumento das doses de 0 a 180 kg
ha-1 de N. Nessas condições, na dose máxima de N, foram atingidas para os
cultivares Alfa Tropical e Franciscana IPA-10, produtividades comerciais de
36,23 e 58,68 t ha-1, respectivamente. Por sua vez, Gatto (2013), estudando
a eficiência de lâminas de irrigação por gotejamento, obteve para o cultivar
híbrido Bella Vista, em densidade populacional de 500 mil plantas ha-1, pro-
dutividade comercial máxima de 70,6 t ha-1 com a dose de 180 kg ha-1 de
N. Nos estudos realizados por Menezes Júnior & Kurtz (2016), o sistema de
fertirrigação foi utilizado basicamente para o fornecimento de nutrientes,
o que não garante que a precipitação pluviométrica no período tenha sido
suficiente à máxima expressão do potencial produtivo do cultivar Bola Pre-
coce. Contudo, as produtividades máximas obtidas podem ser consideradas
elevadas para as condições do Alto Vale do Itajaí e do Brasil, cujas médias nos
últimos anos se situam ao redor de 26,5 t ha-1 (EPAGRI/CEPA, 2017).
Portanto, as variações de produtividades comerciais máximas para
densidades populacionais e doses de nitrogênio empregadas por outros au-
30
tores (RESENDE & COSTA, 2009; RESENDE et al., 2009; GATTO, 2013) estão
associadas às condições edafoclimáticas locais, aos cultivares e ao manejo
da água adotados.

10

60

ro'. 50
..t:.

~
a..
C
u
«l

! 30
....
C
u 20 • 2011/2012 Y=33,132143+0,3120493x-0,00096757x'··R'=0,90
II:
• 2013/14 Y:32,S24321 +O,3492034x-O.00135316xl··Rt=O,98
10

0
0 50 100 150 200

Nitracinia (~ ha-1)

Figura 7. Rendimento de cebola em transplante em sistema plantio direto fertirri-


gado (na palha) em função da adição de doses crescentes de nitrogênio nas safras
20011/12 e 2013/14
Fonte: Menezes Júnior & Kurtz (2016).

6.2.3.3 Sistema de semeadura direta

No sistema de semeadura direta (semeadura em campo definitivo),


as respostas à adição de N são maiores do que para o sistema de transplante.
A necessidade de doses maiores de N no sistema de semeadura direta em
relação ao sistema de transplante de mudas pode ser atribuída ao maior
ciclo que ocorre a campo na semeadura direta, que é de aproximadamente
170 dias; ao passo que no sistema de transplante é de cerca de 120 dias.
Além disso, no sistema de semeadura direta geralmente se utilizam popu-
lações de plantas maiores do que no sistema de transplante, aumentando
assim a exigência por N (MAY et al., 2007).
Segundo Kurtz et al. 2015, o rendimento de bulbos aumentou de for-
ma quadrática para os cultivares Bola Precoce e Crioula com o incremento
das doses de N nas três safras avaliadas (Figura 8). Na safra 2012/13, o ren-

31
dimento médio das duas cultivares passou de 24,7 t ha-1 no tratamento sem
adição de N, para 29,0 t ha-1 na dose de máxima eficiência técnica (MET),
estimada com a adição de 157 kg ha-1 de N, o que representou um incre-
mento de 17,3 %. Nas safras seguintes de 2013/14 e 2014/15, o rendimento
total teve aumento mais expressivo, passando de 23,6 e 19,0 t ha-1 na teste-
munha sem N, para 43,5 e 35,0 t ha-1 na dose de MET que se situou em 192
e 200 kg ha-1, respectivamente, representando um incremento de 84 % no
rendimento em ambas as safras pela adição do nutriente. As quantidades
necessárias de N para o máximo rendimento neste estudo foram superiores
àquelas observadas por May et al. (2007) em trabalho realizado no estado
de São Paulo, onde os rendimentos máximos de 72,0 t ha-1 e 78,9 t ha-1 foram
obtidos com a adição de 125 e 120 kg ha-1 para os híbridos Optima e Superex,
respectivamente, em sistema de semeadura direta. Portanto, a necessidade
de adição de N deve considerar, entre outros fatores, a localidade, as condi-
ções de cultivo e o cultivar.

2012/13 - Bola precoce


2012/13 - Crioula
50 2013/14 - Bola Precoce
2013/14 - Crioula
45 2014/15 - Bola Precoce
Rendimento (t ha-1)

2014/15 - Crioula
40

35

30

25
2 2
2012/13: Y = 24,715 + 0,0543x - 0,000173x * R = 0,887
20
2 2
2013/14: Y = 23,611 + 0,2063x - 0,000536x ** R = 0,981
15 2014/15: Y = 18,954 + 0,1596x - 0,0003981x **
2 2
R = 0,993
0
0 50 100 150 200 250
Nitrogênio (kg ha-1)

Figura 8. Rendimento de bulbos dos cultivares de cebola Bola Precoce e Crioula nas
safras 2012/13, 2013/14 e 2014/15, em função da aplicação de doses crescentes de
nitrogênio. *, **: significativo a 5 e 1 %, respectivamente
Fonte: Kurtz et al. (2015).

32
Considerando a eficiência de uso do N pela cebola nas três safras es-
tudadas, verifica-se que na safra 2013/14 e 2014/15 a eficiência foi bem su-
perior com um incremento de 103,1 e 79,8 kg de bulbos para cada quilo de
N adicionado, respectivamente, em relação à safra anterior, quando houve
um aumento de apenas 27,3 kg de bulbos para cada quilo de N adicionado.
Comparando as diferenças entre as safras e considerando que o experimen-
to foi conduzido na mesma área experimental e com o emprego do mesmo
sistema tecnológico de cultivo, as diferenças de rendimento e eficiência de
uso de N, ocorreram em função das condições climáticas.
Vidigal (2000) observou que o incremento no rendimento variou de
39,4 a 96,3 kg para cada quilo de N aplicado, dependendo da fonte de N, do
sistema de parcelamento e do tipo de solo. Já Resende & Costa (2014) verifi-
caram valores superiores de eficiência de uso do N com um índice de 113,0 kg
de bulbos por quilo de N adicionado para o cv. Alfa São Francisco e 143,3 kg de
bulbo por quilo de N adicionado para o cv. Alfa Tropical.

6.2.3.4 Perdas pós-colheita

As perdas de bulbos em pós-colheita tendem a aumentar com a adi-


ção de N, principalmente em anos mais chuvosos na fase final do ciclo. Kurtz
et al. (2012) ao avaliarem as perdas em pós-colheita em função da adição de
doses crescentes de N, observaram na safra 2008/09 que as perdas passa-
ram de 19,5 %, na testemunha sem adição de N para um máximo de 34,5 %
com a aplicação de 158 kg ha-1 de N. No entanto, os autores não observaram
influência do N nas perdas na safra seguinte (2009/10), quando elas atingi-
ram, em média, 20,8 %. Nesta safra, não houve excesso de chuvas no final
do ciclo e a adição de N até a dose de 200 kg ha-1 no sistema de transplante
não alterou negativamente a armazenagem dos bulbos. Segundo os autores,
as diferenças entre as duas safras nas perdas de pós-colheita provavelmente
se devem às condições climáticas associadas ao teor de N nas plantas, sobre-
tudo ao excesso de chuvas no final do ciclo da safra 2008/09. Aumentos na
perda pós-colheita com o incremento das doses de N também foram obtidos
por Singh & Dhankhar (1991).
Por sua vez, Hussaini et al. (2000), ao estudar a influência de diferen-
tes níveis de fertilização nitrogenada e regimes hídricos na produtividade
e pós-colheita de bulbos de cebola, não observaram efeitos da adição do
nutriente na conservação dos bulbos em doses de até 164 kg ha-1 de N. Em
33
sistemas fertirrigados Menezes Júnior & Kurtz (2016) observaram que doses
crescentes de 0 a 200 kg ha-1 de N não influenciaram as perdas em pós-co-
lheita. Nesse estudo, os autores verificaram perdas em pós-colheita de 17,8 %
e 28,8 % nas safras de 2011/12 e 2013/14, respectivamente. No primeiro ano
agrícola, quando foram alcançadas as maiores produtividades comerciais
(58,3 t ha-1) e menor perda em pós-colheita, a precipitação acumulada do
transplante a colheita foi de 853,5 mm, enquanto na segunda safra, em que
a produtividade comercial foi de 55,1 t ha-1, a precipitação acumulada foi de
apenas 746,6 mm. Da mesma forma, precipitações maiores foram registra-
das na safra de 2011/12 em outubro, mês anterior à colheita, e no período
do mês que antecedeu a colheita, novembro (Figura 9). Isso indica que, além
das condições meteorológicas ocorrentes na safra, a forma de aplicação e
parcelamento de N influenciam as perdas em pós-colheita, uma vez que em
sistemas fertirrigados o nutriente é fornecido semanalmente com base na
curva de absorção do cultivar .

400

350

e300
.5.250
o
1200
..
'"
~150
lloo
50
O~~~~r-~~~--~~~--~~~~~~,r
Julho Agosto Setembro Outubro Novembro
Meses

Figura 9. Precipitação mensal nas safras 20011/12 e 2013/14


Fonte: Menezes Júnior & Kurtz (2016).

Segundo Wordell Filho & Boff (2006), o excesso de chuvas, aliado a


altas temperaturas, favorece a incidência de doenças bacterianas, que são
as principais responsáveis pelo apodrecimento dos bulbos durante o arma-
zenamento. Os autores sugerem o uso de doses mínimas necessárias de N
como medida para evitar perdas pós-colheita por bacteriose em cebola. Por
isso, em anos com previsão de alta pluviosidade no final do ciclo é prudente
34
adicionar doses menores de N quando se pretende armazenar a produção,
pois os ganhos de produtividade obtidos com a adição de N podem ser infe-
riores às perdas proporcionadas pelo N durante o armazenamento. Higashi-
kawa & Menezes Júnior (2017) verificaram que o cultivo de cebola em ano
com alta pluviosidade as perdas pós-colheita são maiores com o incremento
da dose de N, independentemente de a fonte de N ser mineral, orgânica ou
organomineral.

6.2.4 Recomendação de nitrogênio para a cebola

Para a recomendação de nitrogênio são usados como referência os


teores de matéria orgânica do solo, conforme indicado na Tabela 3.

Tabela 3. Recomendação de nitrogênio com base nos teores de matéria or-


gânica do solo (Kurtz, 2016).

Teor de matéria orgânica no solo Nitrogênio


% kg de N ha-1
≤ 2,5 120
2,6 – 5,0 100
> 5,0 ≤ 80
1
Para a expectativa de rendimento maior do que 30 t ha-1, acrescentar aos valores
da tabela 4 kg de N ha-1 por tonelada adicional de bulbos a serem produzidos.

Adicionar aproximadamente 15 % da dose no plantio e o restante da


dose dividir em pelo menos três parcelas de 25, 35 e 25 % da dose em cober-
tura aos 35, 60 e 85 dias após o transplante (Figura 10).

35
0 15 30 45 60 75 90 105 120

f
Aduba~~o
Plantlo
t
35 OAT
1" Cobertura
I
GODAr
2" Cobertura
t
85DAT
3D Cobertura
(15%) (25%) (35%) (25%)

Figura 10. Estádios fenológicos (dias após o transplante - DAT) para a cultura da ce-
bola (cultivares OP – cultivares de polinização aberta) em sistema de transplante e
a indicação do momento adequado para realização da adubação de cobertura com
nitrogênio.

Para o sistema de semeadura direta (semeadura em área definitiva) acres-


centar 20 % para as doses indicadas na Tabela 3, aplicando-se 20 kg ha-1 (~10 %)
na semeadura e o restante da dose dividir em pelo menos quatro aplicações em
cobertura aos 45, 80, 110 e 135 dias após a semeadura (Figura 11).

0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165

r
Adub.
Semeadura
i
450AS
1" Cobertura
t
SODAS
2" Cobertura
i
110 DAS
33 Cobertura
i
135DAS
4'Cobertura
(t 10%) (20%) (25%) (25%) (20%)

Figura 11. Estádios fenológicos (dias após a semeadura – DAS) para a cultura da
cebola (cultivares OP – cultivares de polinização aberta) em sistema de semeadura
direta em campo definitivo e a indicação do momento adequado para realização da
adubação de cobertura com nitrogênio

36
No manejo do solo em sistema de plantio direto de hortaliças (na
palha) já consolidado ou no caso de armazenamento da produção por perí-
odo longo, sugere-se reduzir as doses em até 25 % em relação aos valores
indicados na Tabela 3. Preferencialmente usar parte da adubação de fontes
orgânicas.
Neste sistema de recomendação a adubação nitrogenada busca se-
guir a curva de absorção de N com parcelamento em maior número de vezes
e doses, conforme a demanda da cultura em cada época. O parcelamento do
N recomendado anteriormente para ambos os sistemas de cultivo indica um
número mínimo de aplicações do N em cobertura, se houver possibilidade
de parcelar estas adubações em maior número de vezes, pode ser vantajoso.

6.2.5 Diagnose do estado de N em tempo real (diagnose foliar indireta)

Para obter um sistema de recomendação de adubação mais eficiente,


uma das alternativas recentes em avaliação é o uso de métodos de diagnós-
tico em tempo real usando a planta como indicador. Elaborados em conso-
nância com a agricultura de precisão, esses métodos permitem uma avalia-
ção rápida e em área maior do que realmente é possível com a determinação
em laboratório (FONTES, 2011).
O método tradicional de avaliação do estado nutricional conhecido
por diagnose foliar é um método oneroso, demorado e que necessita de
pessoas qualificadas (VIDIGAL & MOREIRA, 2009; FONTES, 2011). Além dis-
so, segundo Aldrich (1973), citado por Malavolta (2006), especialmente para
cultivos anuais, a diagnose foliar é um método que dificilmente permite que
técnicos intervenham a tempo de corrigir problemas nutricionais no mesmo
ano agrícola. Em geral, por ser usualmente um diagnóstico post mortem, os
dados só serão úteis para corrigir problemas futuros. As avaliações em tem-
po real envolvem a medição de nitrato na seiva (N-NO3-), clorofila, refletân-
cia, entre outros, que geralmente são medidos por meio de equipamentos
portáteis ou acoplados a maquinário agrícola. Esses são os mais promissores,
por permitirem o ajuste instantâneo na aplicação de N (OLFS et al., 2005).
Nos estudos realizados por Kurtz (2015) em Ituporanga, SC, para a
cultura da cebola em sistema de semeadura direta verificou-se boa correla-
ção entre os teores de nitrato na seiva com o índice de clorofila (IC), com o
teor de N no tecido folar e com o rendimento de bulbos indicando a viabili-
dade de uso dessas ferramentas de diagnose para o manejo do N em cebola
(Tabela 4).
37
38
Tabela 4. Correlação linear de Pearson entre NO3- na seiva, índice de clorofila (IC), N no tecido foliar avaliado no
período crítico (132 DAS - 2012/13 e 125 DAS – 2013/14) e rendimento (Bulbos t ha-1) para as cultivares de cebola
Bola Precoce (BP) e Crioula (C) implantada no sistema de semeadura direta nas safras de 2012/13 e 2013/14
NO3- IC N foliar
Data Bulbos t ha-1 IC N foliar Bulbos t ha-1 N foliar Bulbos t ha-1
BP C BP C BP C BP C BP C BP C
Safra 2012/13
105 DAS 0,22 0,90 0,74 0,85 0,70* 0,83 0,56* 0,95* 0,75 0,99**
132 DAS 0,26 0,83* 0,72** 0,58° 0,87** 0,97** 0,24 0,72* 0,67 0,54* 0,15 0,91**
153 DAS 0,15 0,94* 0,91** 0,95** 0,95** 0,97** 0,35 0,83° 0,79* 0,92**
Safra 2013/14
85 DAS 0,57° 0,67* 0,81* 0,72** 0,81** 0,78* 0,87** 0,95** 0,97** 0,99**
105 DAS 0,84** 0,96** 0,48° 0,91** 0,96** 0,99** 0,84* 0,96** 0,64* 0,97**
125 DAS 0,95** 0,89** 0,83** 0,91 0,97** 0,95** 0,82** 0,74 0,99** 0,82 0,94** 0,98**
145 DAS 0,76** 0,61* 0,93** 0,88** 0,92** 0,73** 0,89** 0,81** 0,92** 0,91**
160 DAS 0,50 0,52° 0,60 0,61** 0,45 0,67* 0,99** 0,93** 0,95** 0,94**
°, * e **: r significante (p < 0.10, p < 0.05 e p < 0.01, respectivamente).
Fonte: Kurtz (2015).
6.2.5.1 Nitrato na seiva

A utilização de medidores portáteis de íons específicos para nitrato é


vantajosa em relação ao método de análise convencional devido à rapidez e
aos baixos custos (FOLEGATTI et al., 2005). A concentração de nitrato na sei-
va é influenciada pelos fatores responsáveis pela disponibilidade do íon no
solo e pelas condições edafoclimáticas e culturais a que a planta está subme-
tida. Portanto, a concentração do nutriente na seiva indica a momentânea
quantidade do nutriente em circulação na planta e o atual estado nutricional
da planta sendo o nitrato e o potássio os íons mais comuns determinados na
seiva do pecíolo (FONTES, 2011). Essa medição é realizada por microelétrodo
portátil, um sensor que converte a atividade do íon na seiva em potencial
elétrico o qual é medido por um voltímetro. O procedimento é simples e
rápido de ser executado (Figura 12).

Figura 12. Representação de procedimentos para análise de nitrato na seiva: (A)


Parte da folha analisada que corresponde aos 4 cm da base da folha mais jovem to-
talmente expandida; (B) Folha cortada transversalmente em pedaços de 3 - 4 mm;
(C) Espremedor de alho usado para extrair a seiva (extrato) foliar para análise; (D)
Medidor portátil de NO3- marca Horiba, modelo B-743

A análise de nitrato na seiva tem apresentado estreita relação com a


concentração de N na folha determinada pelo método tradicional de micro
Kjedahl, com a produção da planta (ALCANTAR et al., 2002; ROSOLEM &

39
MELLIS, 2010; FONTES, 2011; KURTZ, 2015) e com a quantidade de N aplica-
da durante o ciclo da cultura (ALVA, 2007; KURTZ, 2015). O teste de N-NO3- na
seiva tem sido proposto como ferramenta auxiliar no manejo da fertilização
nitrogenada em hortaliças. O medidor de N-NO3-, além de propiciar rapidez
de análise, é utilizado no campo e determina com precisão a concentração
de N-NO3- na seiva no momento da medição.
Assim, a deficiência de N pode ser detectada antes de ocorrer perda
na cultura e pode assegurar que o suprimento de N está ótimo para o má-
ximo crescimento e produtividade das plantas (VIDIGAL & MOREIRA, 2009).
No entanto, o teor de N-NO3- na seiva pode ser usado como um critério no
diagnóstico do estado de N na planta para um determinado momento do
ciclo da cultura, pois o nitrato tende a diminuir ao longo do ciclo (ERREBHI
et al., 1998).
Nos estudos realizados por Kurtz (2015) em Ituporanga, SC, para a
cultura da cebola em sistema de semeadura direta, verificou-se que os te-
ores de NO3- na seiva apresentaram incremento expressivo em função do
acréscimo das doses de N e de maneira geral, não se observaram diferenças
entre os cultivares Bola Precoce e Crioula para os valores de nitrato na seiva
(Figura 13).
De maneira geral, também se observou que em todas as épocas hou-
ve grande amplitude (100 e 900 %) no incremento dos teores de NO3- com
o aumento das doses de N, passando de 222 para 495 mg L-1, de 353 para
1.920 mg L-1, de 173 para 713 mg L-1 e de 82 para 763 mg L- (cv. Crioula),
respectivamente, na sequência das quatro épocas avaliadas. Westerveld et
al. (2004), ao avaliarem a relação entre teores de NO3- na seiva da folha de
cebola e doses de N em solo do Canadá, observaram comportamento ge-
ralmente linear e os teores de NO3- na seiva variaram de 99 a 1.590 mg kg-1,
86 a 490 mg kg-1 e de 61 a 480 mg kg-1 na safra 2000 e de 140 a 840 mg kg-1,
430 a 960 mg kg-1e de 220 a 600 mg kg-1 na safra 2001, dependendo das
doses de N, respectivamente para os estágios de cinco folhas, bulbificação e
maturação. De maneira geral, os resultados de pesquisa de diversos autores
também demonstraram que os teores de NO3- na seiva decresceram com o
aumento da idade das plantas.

40
600 Bola Precoce 2500 Bola Precoce
Crioula Crioula
Y = 222,2143 - 0,5433x + 0,007x ** R2 = 0,986
2
Y = 353,4167 + 6,5285x ** R 2 = 0,984
500 85 DAS 108 DAS
2000

NO3- na seiva (mg L-1)


NO3- na seiva (mg L-1)

A B
400
1500
300
1000
200

500
100

0 0

1000 Bola Precoce 1000 Bola Precoce


Crioula Crioula

NO3- no tecido foliar (mg L-1)


Y = 172,75 + 2,2514x ** R 2 = 0,953 2
Y = 81,725 - 0,281x + 0,0013x2 ** R = 0,996
800 125 DAS 800
D 145 DAS
NO3- na seiva (mg L-1)

600 600

400 400

200 200

0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
N adicionado (kg ha-1) N adicionado (kg ha-1)

Figura
Figura 13.
13. Nitrato na seiva
Nitrato na seiva deBola
500 de folhas
folhas de
de
Precoce: Y
cebola dos cultivares Bola Precoce e Crioula
= ns cebola das cultivares Bola Precoce e Crioula
em função da adição de doses crescentes
em função da adição de doses160crescentes
Crioula:
DAS dede N em
N+ 0,0069x
Y = 203,2143 - 0,8169x
em quatro
2 ** R2 = 0,947
quatro épocas
épocas (85, (85,
108, 108,
125 e125
145e
145 DAS) na safra 2013/14
400
DAS) na safra 2013/14. Fonte:E Kurtz et al. (2015).
a
NO3- na seiva (mg L-1)

Fonte: Adaptado de Kurtz et al. (2015).


300 a
a
a
Para a recomendação
200 a deaa N, baseando-se
a
a
nos resultados
b das duas sa-
fras estudadas, sugere-se a implantação de área de referência na lavoura
100
com dose elevada de N para o diagnóstico do nível crítico em relação à área
geral da lavoura (Figura
0 14). Em função das variações nos teores de NO3 na
-
0 50 100 150 200 250
seiva ao longo da safra e entreNsafras, este procedimento atenuaria proble-
adicionado (kg ha-1)
mas relacionados a essas variações. Nesse caso, quando as leituras de NO3-
na seiva da folha mais nova totalmente expandida das plantas da lavoura em
análise forem iguais ou inferiores a 90 % do valor das leituras obtidas na área
de referência (com alta dose de N), recomendar-se-ia a aplicação de N em
cobertura.

41
40

-
1
(A)

(B)
_

Figura 14. Representação esquemática da área geral da lavoura (A) e da área de


Figura 14. Representação esquemática da área geral da lavoura (A) e da área de
referência com alta disponibilidade de N (B)
referência com alta disponibilidade de N (B)

Com base nas máximas respostas a N obtidas para cebola em sistema


Com base nas
de semeadura máximas
direta (KURTZrespostas a N para
et al., 2016) obtidas parade
doses cebola em kg
até 194 sistema de
ha-1 nas
safras 2012/13,
semeadura 2013/14
direta (KURTZ et eal.,
2014/15
2016) para
para um rendimento
doses de 45ha
de até 194kg t ha -1
, a quan-
-1 nas safras
tidade2013/14
2012/13, a ser aplicada nas para
e 2014/15 épocas
umcom diagnóstico
rendimento de ha
de 45t necessidade de N seria
-1, a quantidade a ser
de 35 kg ha-1 em cada cobertura realizada. Desse modo, seriam aplicados 20
aplicada nas épocas com diagnóstico-1 de necessidade de N seria de 35kg ha -1 em
kg ha na semeadura, 35 kg ha aos 45 DAS quando as plantas estiverem
-1

cadacomcobertura realizada.
2 a 3 folhas Desse
(neste modo, ainda
momento seriamnãoaplicados 20kg haavaliar
seria possível -1 na semeadura,
o NO3- na
35kgseiva
ha-1 pelo
aos 45reduzido tamanho
DAS quando das folhas)
as plantas e as outras
estiverem com 2 coberturas nestamomento
a 3 folhas (neste mesma
quantidade seriam realizadas em até quatro vezes, conforme o
ainda não seria possível avaliar o NO3- na seiva pelo reduzido tamanho das folhas) e
diagnóstico
de cada época (85, 105, 125, e 145 DAS).
as outras coberturas nesta mesma
Se o diagnóstico quantidade
indicar seriamde
a necessidade realizadas
adubação emde atécobertura
quatro vezes,
em
todas oasdiagnóstico
conforme leituras (iguais ou época
de cada inferiores
(85, a105,
90 % doevalor
125, na área de referência),
145 DAS).
Se o diagnóstico indicar a necessidade de adubação N
teríamos ao final do ciclo um total de 195 kg ha de deadicionados,
cobertura emotodas
que
-1

seria a dose de MET nas safras 2013/14 e 2014/15 para um rendimento de


as leituras (iguais ou inferiores-1a 90% do valor na área de referência), teríamos ao
aproximadamente 45 t ha .
final do ciclo um total de 195kg ha-1 de N adicionados, o que seria a dose de MET nas
safras 2013/14
6.2.5.2 e 2014/15
Índice para um
de clorofila (IC)rendimento de aproximadamente 45t ha-1.

A intensidade
6.2.5.2 Índice de clorofila do
(IC)verde das folhas também tem sido utilizada com
sucesso em diversos estudos como critério indireto para avaliar o estado de
nitrogênio na planta em tempo real, de maneira não destrutiva. Isso devido
A intensidade
ao fato do verde
de diferentes doses dasdefolhas também tem sido
N proporcionarem utilizada com
diferentes sucesso em
concentrações
de clorofila
diversos estudosecomo
de tons de indireto
critério verde na folha
para queo determinam
avaliar a intensidade
nível de nitrogênio na planta da
em
radiação
tempo real, deabsorvida e refletida
maneira não pelo
destrutiva. dossel
Isso devido(FONTES, 2011).
ao fato de Isso ocorre
diferentes doses pelo
de N
fato de que 70 % do N contido nas folhas está nos cloroplastos, participando
proporcionarem diferentes concentrações de clorofila e de tons de verde na folha que
da síntese e da estrutura das moléculas de clorofila (MARENCO & LOPES,
2005). Por
determinam essa razão, da
a intensidade o teor de clorofila
radiação na fase
absorvida vegetativa
e refletida pelo tem sido
dossel relacio-
(FONTES,
nado
2011). Issocom o estado
ocorre pelo fatonutricional
de que 70% dedoNNde diversas
contido culturas
nas folhas (ARGENTA
está et al.,
nos cloroplastos,
participando da síntese e da estrutura das moléculas de clorofila (MARENCO &
42
LOPES, 2005). Por essa razão, o teor de clorofila na fase vegetativa tem sido

40
2001). Esse método destaca-se recentemente como alternativa para avaliar
o estado de N da planta em tempo real pelo fato de haver correlação signifi-
cativa entre a intensidade da cor verde com o teor de clorofila e com a con-
centração de N na folha (KURTZ, 2015). Índices de clorofila obtidos em folhas
de diversas espécies apresentaram correlação positiva com a suficiência de
N, permitindo que a concentração de clorofila seja considerada um índice
apropriado para avaliar o estado de N das culturas (GIL et al., 2002; FONTES,
2011; PÔRTO et al., 2011; PÔRTO et al., 2014; KURTZ, 2015).
Tais testes são rápidos, podem ser feitos no campo, permitem o sen-
soriamento em tempo real do estado nutricional de nitrogênio na planta
(FONTES & ARAÚJO, 2007) e podem tornar-se uma alternativa viável para o
sistema de produção de cebola. Entretanto, trabalhos acerca do emprego do
IC e nitrato na seiva para diagnóstico do estado de N na cultura da cebola em
condições de campo são bastante escassos na literatura. Assim, o estabele-
cimento de um sistema de diagnose do estado do nitrogênio em tempo real
para cebola poderá contribuir para otimizar a fertilização nitrogenada para
os principais cultivares de cebola do Sul do Brasil.
O conteúdo de clorofila, estimado com o medidor portátil (Figura 15),
tem demonstrado correlação positiva com a concentração de N na planta
e também com o rendimento de diversas espécies (GIL et al., 2002; FON-
TES, 2011; PÔRTO et al., 2011; KURTZ, 2015). Desse modo, essa metodologia
mostra-se promissora para uso como ferramenta auxiliar para caracterizar
de forma indireta a necessidade de adubação nitrogenada. Em hortaliças,
o IC tem sido utilizado com sucesso para diagnosticar o estado nitrogenado
em alho (BACKES et al., 2008), batata (GIL et al., 2002) tomate (FERREIRA et
al., 2006), pimentão (MADEIRA et al., 2011) e pepino (PÔRTO et al., 2014),
dentre outras.

Figura 15. Clorofilômetro portátil utilizado nas avaliações na Estação Experimental


de Ituporanga, Modelo CFL 1030 ClorofiLOG da marca Falker

43
6.2.5.2.1 Sistema de semeadura direta

Nos estudos realizados por Kurtz (2015) em Ituporanga, SC, para a


cultura da cebola em sistema de semeadura direta, verificou-se nas duas sa-
fras (2012/13 e 2013/14) que os cultivares Bola Precoce e Crioula, em todas
as quatro épocas avaliadas, um aumento no IC com o incremento das doses
de N apresentando alta correlação destas variáveis (Figura 16).
75 Bola Precoce 75 Bola Precoce
Criuola Criuola
Y = 55,4833 + 0,0253x ** R 2 = 0,945 2
Y = 61,1763 + 0,0889x - 0,0003x ** R2 = 0,959
70 85 DAS 70 105 DAS
A B
Índice de clorofila

Índice de clorofila
65 65

60 60

55 55

50 50
0 0

75 Bola Precoce 75 Bola Precoce


Criuola Criuola
2
Y = 62,413 + 0,0322x ** R = 0,956 Y = 59,7812 + 0,0355x ** R 2 = 0,966
70 125 DAS 70 145 DAS
C D
Índice de clorofila
Índice de clorofila

65 65

60 60

55 55

50 50
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
N adicionado (kg ha-1) N adicionado (kg ha-1)

Figura16.
Figura 16.Índice
Índicededeclorofila
clorofila
75 (IC)em
(IC) em folhas
folhas dede cebola
cebola dos
das cultivares
cultivares Bola
Bola Precoce
Precoce e e
Crioula em função da adição de doses crescentes de N em quatro épocas
Crioula em função da adição de doses crescentes de N em quatro épocas na safra na safra
70
2013/14Adaptado de Kurtz
2013/14. E(2015).
Índice de clorofila

Fonte: Adaptado de Kurtz (2015).


65

60
Os valores correspondentes aos IC obtidos por Kurtz (2015) apresen-
tam uma baixa amplitude
55
e variabilidade entre anos e épocas de diagnose
Bola Precoce
Criuola

em comparação aos50valores de NO3 na seiva, o que permite diagnosticar o


Y = 58,8013 + 0,1225x - 0,0003x ** R = 0,980
2 2

160 DAS
estado de N sem a necessidade
0
0 50
de100área150 de referência
200 250
com alta disponibilida-
de de N como foi indicado para a diagnose
N adicionado (kg ha ) através
-1 do NO3- na seiva.
Para recomendação de N no sistema de semeadura direta com base
no índice de clorofila, sugere-se adicionar N em cobertura quando os valores

44
das leituras do índice de clorofila forem inferiores a 72, usando as épocas
diagnósticas conforme recomendação para o nitrato na seiva. Desse modo,
seriam aplicados 20 kg ha-1 na semeadura, 35 kg ha-1 aos 45 DAS quando as
plantas estiverem com 2 a 3 folhas (neste momento ainda não seria possível
avaliar o IC pelo reduzido tamanho das folhas) e as outras coberturas nesta
mesma quantidade seriam realizadas em até quatro vezes, conforme o diag-
nóstico de cada época (85, 105, 125, e 145 DAS), adicionando N sempre que
os valores do IC estiverem inferiores a 72.

6.2.5.2.2 Sistema de transplante fertirrigado

No sistema de manejo do solo em plantio direto fertirrigado (na pa-


lha) com transplante de mudas Menezes Júnior et al. (2015), com auxílio de
um clorofilômetro (Modelo CFL 1030 ClorofiLOG da marca Falker), definiram
para o cultivar Bola Precoce parâmetros para indicar suficiência de nitrogê-
nio e períodos de maior relação entre os dados fornecidos pelo equipamen-
to e a produtividade para diferentes populações de plantas (Figura 17).
O estudo, realizado no período de quatro safras (2011/12 a 2014/15),
revelou que a dose de 150 kg ha-1 pode ser utilizada como um marco refe-
rencial de suficiência (MRS) às densidades populacionais de 300, 400, 500 e
600 mil plantas por hectare, para uma produtividade média de 47 t ha-1, e
que as leituras do índice de clorofila para a cultura da cebola devem ser rea-
lizadas de 60 a 113 dias após o transplante (DAT). Para o uso desse método,
recomenda-se que em cada área homogênea sejam realizadas medições dos
índices de clorofila em ziguezague na lavoura e em, no mínimo, 20 plantas de
cebola na porção central da primeira folha totalmente expandida e de maior
comprimento em dia ensolarado. Na Figura 17, leituras do índice de clorofila
(IC) abaixo das curvas de resposta indicam, para o período considerado (dias
após o transplante – DAT), insuficiência de nitrogênio e, por consequência, a
necessidade de adubação nitrogenada.

45
go y. 20~42 .. 1,2479x· 010063)(1 90 • V' 21,)52.1.0052 a- 0.0051.'
A ~·o,n B 11'.0,1.

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Dios ap6s o transplant. (DAl) Oias apOs 0 tunspWlte (0Al)

90 y. 24,23 .1,0017.·MOSS": D 90' V·30,519- O,!lOS7x'0.0052.'


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.1150 .II SO,
120 1
Insuflciencia - 20 Insuflcl~ncla
10 10 ;
0
0 III 40 &0 80 100 120 140 20 40 &0 se 100 120 1<0
Dios ap6s otronsplaote (DAl) Db< ~ ot"."",L>nte {DAl}

Figura 17. Relação entre o índice de clorofila (IC) e ciclo de cultivo (dias após o
transplante) para as densidades populacionais de (A) 300 mil plantas ha-1, (B) 400
mil plantas ha-1, (C) 500 mil plantas ha-1 e (D) 600 mil plantas ha-1 relativas à produ-
tividade de 47 t ha-1 (Marco Referencial de Suficiência = 150 kg de N ha-1), para o
estabelecimento de níveis de suficiência de nitrogênio
Fonte: Menezes Júnior et al. (2015).

6.3 Fósforo (P)

6.3.1 Função

O fósforo é parte essencial da estrutura de ésteres de carboidratos,


fosfolipídeos, coenzimas e ácidos nucleicos (ATP e ADP). Desempenha tam-
bém um papel fundamental na respiração, seja no desdobramento inicial
da glicose, seja no armazenamento, na transferência e utilização da energia
gerada no processo (TRANI et al., 2014).
Quando a planta de cebola apresenta deficiência de P, suas folhas
mais velhas mostram-se amareladas e secam facilmente (Figura 18). As fo-
lhas intermediárias e as mais novas apresentam coloração verde-escura.
Quando a disponibilidade é limitada, o crescimento da planta é comprome-
46
tido afetando diretamente o rendimento do bulbo, além de retardar a ma-
turação. A cultura da cebola é mais suscetível a deficiências desse nutriente
do que a maioria das plantas cultivadas, por causa do seu sistema radicular
superficial, pouco ramificado e com baixa densidade de pelos radiculares,
respondendo muito bem à adição de fertilizantes (ABDISSA et al., 2011).

COMPo

Figura 18. Plantas com solução nutritiva completa e ao lado plantas em solução
nutritiva na ausência de P

6.3.2 Absorção de P pela cebola

O fósforo pode ser absorvido pelas raízes nas formas iônicas H2PO4-
e HPO42-, mas nas faixas de pH que comumente ocorrem no solo, que vão
de 4 a 8, predominantemente como H2PO4-. Kurtz et al. (2016), ao avalia-
rem o acúmulo de P pela cebola, observaram que o P foi o quarto nutriente
mais acumulado pela planta de cebola depois de N, K e Ca com acúmulo de
140,13 mg planta-1, totalizando 34,9 kg ha-1 ou 80,3 kg ha-1 de P2O5 (Figura
19). Dentre os macronutrientes, o P foi o que proporcionalmente teve maior
acúmulo no bulbo com 69 % do total, enquanto a parte aérea contribuiu com
31 %. As taxas máximas de acúmulo, considerando a planta toda, ocorreram
aos 86 DAT e verificou-se uma taxa de alocação de P para o bulbo elevada no
período próximo aos 96 DAT, momento que ocorreu a taxa máxima de aloca-
ção do elemento (Figura 19B). Cerca de 83 % do total de P foi acumulado no

47
período de bulbificação (Tabela 2). Após o início da bulbificação ocorre o de-
créscimo rápido da taxa de alocação de P para a parte aérea, o que também
foi observado por Pôrto et al. (2007). Segundo Araújo & Machado (2006),
ocorre intenso processo de redistribuição de P dos tecidos vegetativos para
órgãos reprodutivos. Para esses autores, nas culturas de grãos, a proporção
entre a quantidade de nutrientes nos grãos e a quantidade de nutrientes na
biomassa também é maior para o P do que para os demais macronutrientes,
indicando uma redistribuição preferencial de P para os órgãos drenos.

200

o
5 78y1117,43)
Y 160 9-1 I +O:.,p(-(x·8,.
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o
e
..
."
""
OJ
e
SO

0
./
~ /t'\ "o.i ..
.... 11' 0."0..o. 0."0"0"0

0 14 56 70 84 ~o 14 28 L2 56 70 84 98 112 126
Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura 19. Acúmulo (A) e taxa de absorção diária (B) de fósforo pela cultura da ce-
bola (cultivar Bola Precoce)
Fonte: Kurtz et al. (2016).

6.3.3 Resposta da cebola a adição de P

De maneira geral, a cultura da cebola apresenta uma resposta alta à


adição de fósforo quando os teores do elemento são baixos no solo. Normal-
mente as doses aplicadas de P são semelhantes às de N e K, mas o conteúdo
de P nas plantas e a extração são menores que estes nutrientes e semelhan-
tes aos de S, Mg e Ca (BISSANI et al. 2008). Isso ocorre devido à alta fixação
de P no solo e a formação de complexos pouco solúveis com Fe e Al em pH
baixo e com cálcio em pH alto, além de sua ligação com a superfície de argi-
lominerais, que diminuem, desse modo, a eficiência da adubação fosfatada.
Dos nutrientes essenciais às plantas, o fósforo é aquele que mais frequente-
mente limita o desenvolvimento, pois existe em concentrações muito baixas
na solução do solo (com valores normalmente menores do que 0,1 mg L-1),
em função de ser adsorvido muito fortemente pelos compostos sólidos mi-
nerais do solo (ERNANI, 2016).

48
A disponibilidade de P no solo sofre influência de vários fatores como
a textura e a mineralogia, pH, dose do fertilizante fosfatado, tempo de con-
tato com o solo e competição com outros elementos (ERNANI, 2016). De
maneira geral, quanto maior o teor de argila, maior a adsorção do P e menor
a sua disponibilidade para as plantas e, quanto maior o tempo que o P per-
manecer no solo, menor será a sua disponibilidade (WEINGÄRTNER, 2016).
Para Resende et al. (2014), o P tem papel de grande importância na
produtividade da cebola: embora seja pequena a exigência da cultura na
quantidade absorvida, ela apresenta resposta elevada à adubação fosfatada.
Os autores citam, ainda, que entre 30 e 40 % da produtividade das culturas
é limitada pela deficiência do P.
Por ser um nutriente de pouca mobilidade no solo e considerando
que o sistema radicular da cebola é do tipo fasciculado, com raízes bastante
superficiais, raramente ramificadas e sem pelos radiculares, exige-se quan-
tidades P elevadas para compensar a baixa exploração do solo pelas raízes
(LEE, 2010). Segundo Costa et al. (2008), a cebola apresenta um sistema ra-
dicular limitado se comparado com outras plantas. As raízes de cebola po-
dem alcançar a profundidade de 60 cm e lateralmente até 65 cm. Porém isso
ocorre em solos bem estruturados, com boa aeração e onde não existem
impedimentos físicos, o que não condiz com a situação da maioria dos solos
sob cultivo de hortaliças nas regiões de cultivo de Santa Catarina (WEIN-
GÄRTNER, 2016).
O fósforo está diretamente relacionado ao tamanho dos bulbos e à
obtenção de bulbos maiores. Além de aumentar o rendimento, também au-
menta a lucratividade, pois bulbos com diâmetro inferior a 50 mm apresen-
tam menor valor de mercado. Os bulbos de massa média, ao redor de 150
g (Cx3, DT > 50 e < 70 mm), são os preferidos comercialmente. Bulbos de
tamanho muito grande devem ser evitados, pois, além de terem menor acei-
tação comercial, são mais suscetíveis ao apodrecimento (KURTZ et al., 2012;
MENEZES JÚNIOR & KURTZ, 2016).
Em experimentos conduzidos em Ituporanga em um solo Cambissolo
Húmico, verificou-se uma alta resposta da cebola para a adubação fosfata-
da (superfosfato triplo) em área com baixo teor de P (4 mg dm-3 - extrator
Mehlich-1). Na média de três safras, as respostas foram lineares com aumen-
to de 56 % na produtividade na maior dose avaliada de 400 kg ha-1 de P2O5
em relação à testemunha, sem adição de P (Figura 20).

49
/ Y = 26,24 + 74,16x - 0,107x2** R2 = 0,95
45,0

40,0

35,0

30,0
1a
s:
25,0
!
W

sc 20,0
Qj


-g 15,0
s:
& 10,0

5,0

0,0 +-----------,.-----------.-----------.-----------.-------~----(~
o so 100 200 400
Dosesde P20S Adicionada (kg ha'l)

Figura 20. Rendimento de bulbos de cebola em função da adição de doses crescen-


tes de fósforo em solo com baixo teor (4 mg dm-3 - extrator Mehlich-1). Média de 3
safras (2010/11, 2011/12 e 2012/13) – Ituporanga, SC
Fonte: Kurtz (2014 dados não publicados).

Em outro trabalho realizado por Weingärtner (2016), em Ituporanga,


no mesmo tipo de solo com teor baixo de P (6,9 mg dm-3 - extrator Mehli-
ch-1), observou-se também um aumento linear com acréscimo de 23 % no
rendimento de bulbos na dose máxima estudada de 480 kg ha-1 (Figura 21).
60 y - 0,016\1"" + 35,416
W=O,971

_&. __ .e-___
--e----."
.,......-

• Ap"~io em r itvJ
c Ap~.!.ant;o

o 120 2~O 360 480

Figura 21. Rendimento de cebola em resposta a doses crescentes de P2O5 aplicadas


na linha de plantio ou a lanço incorporado
Fonte: Weingärtner (2016).

50
Para teores altos de P no solo (20 e 32 mg dm-3 - extrator Mehlich-1)
não houve resposta para a adição de P em experimentos conduzidos por
duas safras em Ituporanga num solo Cambissolo Húmico (Figura 22). Des-
se modo, quando os teores de P no solo são altos ou muito altos, as doses
de P indicadas pelas tabelas de recomendação são relativamente baixas em
comparação aos solos pobres em P, mesmo para a obtenção de altos rendi-
mentos, pois elas visam atender à extração pela cultura somada às possíveis
perdas por fixação em argilominerais e outras reações no solo anteriormen-
te mencionadas.

50,0
Y = NS

45,0

40,0

35,0
1s
.c: 30,0

....
~
W

0
25,0
c:
20,0
E
:ac:
..
a:
15,0

10,0

5,0

0,0
so 100 200 400
°
Figura 22. Rendimento de bulbos de cebola em função da adição de doses cres-
centes de fósforo e solo com teor alto de P (20 e 32 mg dm-3 - extrator Mehlich-1).
Média de 2 safras (2009/10, 2011/12) – Ituporanga, SC
Fonte: Kurtz (2014 dados não publicados).

Para a cultura da cebola são utilizados em geral como fontes solú-


veis de P o superfosfato triplo, o superfosfato simples, adubos formulados e
em menor intensidade o fosfato monoamônio (MAP) e o fosfato diamônio
(DAP). Todas essas fontes, de forma geral, não diferem na resposta pelas
plantas. No entanto, quando se analisa somente o P como nutriente na fór-
mula, deve-se optar pela fonte mais barata ou aquela que atenda também
à necessidade de outros nutrientes como o nitrogênio no caso do MAP, do
DAP e de adubos formulados, além do enxofre em que o superfosfato sim-
ples é uma fonte importante.
51
Além das fontes solúveis, podem ser usados os fosfatos parcialmente
acidulados como o termofosfato e os fosfatos naturais reativos que podem
se constituir como boas fontes deste nutriente com respostas semelhantes
aos fosfatos solúveis.

6.3.4 Recomendação de fósforo para a cebola

Para a recomendação do fósforo para a cultura da cebola com base


na análise de solo é necessário a interpretação do teor de P no solo confor-
me a Tabela 5 e indicação das doses segundo a Tabela 6.

Tabela 5. Interpretação do teor de fósforo no solo extraído pelo método


Mehlich-1, conforme o teor de argila para a cultura da cebola (Grupo 2)
(CQFS - RS/SC, 2016).
Classe de Classe de teor de argila (1,2)
disponibilidade 1 2 3 4
................................mg de P dm ................................
3

Muito baixo ≤ 3,0 ≤ 4,0 ≤ 6,0 ≤ 10,0


Baixo 3,1 – 6,0 4,1 – 8,0 6,1 – 12,0 10,0 – 20,0
Médio 6,1 – 9,0 8,1 – 12,0 12,1 – 18,0 20,1 – 30,0
Alto 9,1 – 12,0 12,1 – 24,0 18,1 – 36,0 30,1 – 60,0
Muito alto > 12,0 > 24,0 > 36,0 > 60,0
(1)
Teores de argila: classe 1 = > 60%; classe 2 = 60 a 41%; classe 3 = 40 a 21%; classe
4 = 20%.
(2)
Caso a análise tenha sido feita por Mehlich-3, transformar previamente os teores
em “equivalentes Mehlich-1”, conforme equação PM1 = PM3/(2 - (0,02 x argila)).

Tabela 6. Recomendação de dose de P2O5 a ser adicionada para a cultura da


cebola (CQFS- RS/SC, 2016).
Interpretação do teor Fósforo
de P no solo Kg de P2O5 ha-1
Muito baixo 280
Baixo 200
Médio 160
Alto 120
Muito alto ≤80

52
Para a expectativa de rendimento maior do que 30 t ha-1, acrescentar
aos valores da tabela acima, 3 kg de P2O5 por tonelada adicional de bulbos
a serem produzidos. Caso os teores de P no solo forem três vezes maiores
do que o teor crítico (nível superior da interpretação de teor médio), não se
recomenda adicionar fósforo.

6.3.5 Modo de aplicação de fósforo

Com relação ao modo de aplicação do fósforo, os fertilizantes são ge-


ralmente aplicados em locais próximos às plantas na linha ou a lanço em
área total. O melhor modo de aplicação depende da cultura que está sendo
adubada, das características físicas e químicas do solo e do fertilizante utili-
zado. Para os adubos fosfatados, devido a sua reação de adsorção no solo,
em particular em solos argilosos, a maneira mais adequada para a aplicação
deste nutriente em culturas anuais é concentrada na linha de semeadura,
posicionando o adubo abaixo e ao lado da linha de distribuição das semen-
tes (CERETTA et al., 2007). Para a cultura da cebola, segundo Weingärtner
(2016), não há diferença significativa para rendimento de bulbos, entre as
aplicações na linha de plantio ou a lanço incorporado (Figura 21).
Como regra geral, o modo de aplicação dos fertilizantes fosfatados
depende dos níveis de fósforo na análise do solo. Quando os teores de fósfo-
ro se apresentarem em níveis:
• Muito baixo, baixo ou médio: As doses de fósforo incluem a corre-
ção mais a manutenção da cultura. Neste caso, a maior parte do
fertilizante fosfatado pode ser aplicado a lanço e incorporado e
parte aplicar na linha de plantio/semeadura em doses até a faixa
de 100 a 120 kg ha-1 de P2O5, de acordo com a necessidade indica-
da pela análise;
• Alto e muito alto: não há a necessidade de correção com fósforo
e pode se fazer uso de toda adubação de manutenção no sulco de
semeadura, a lanço incorporado ou em superfície antes da semea-
dura/plantio no sistema de plantio direto.
Quando os teores de fósforo se encontram em níveis altos no solo,
tem-se maior flexibilidade com relação ao modo de aplicação dos fertilizan-
tes fosfatados, pois mesmo realizando toda a adubação de manutenção a
lanço em superfície, não há comprometimento do potencial produtivo. A

53
alternativa de adubação de manutenção com fósforo a lanço sem incorpora-
ção em sua totalidade não pode ser expandida para solos com teores médios
ou baixos de fósforo, pois nesta condição há perda de rendimento.

6.4 Potássio (K)

6.4.1 Função

O potássio atua nos processos osmóticos, na abertura e fechamen-


to estomático, na permeabilidade das membranas, na síntese de proteínas,
como ativador enzimático, no crescimento meristemático, na fotossíntese,
no transporte e no armazenamento de carboidratos (MARSCHNER, 2012) e
possui grande importância na qualidade dos produtos.
Sua deficiência se caracteriza pelo murchamento das folhas; as mais
velhas apresentam coloração amarelada, progredindo para o secamento
das pontas, reduzindo também o desenvolvimento dos bulbos (TRANI et al.,
2014) (Figura 23).

COMPo

Figura 23. A esquerda plantas com solução nutritiva completa e ao lado plantas
(direita) em solução nutritiva na ausência de K

54
6.4.2 Absorção de K pela cebola

O potássio é absorvido pelas raízes na forma iônica K+. Segundo traba-


lho realizado em Ituporanga com o cultivar Bola Precoce (KURTZ et al., 2016)
o K foi o segundo nutriente em quantidade acumulada pela cebola, totali-
zando 345,9 mg planta-1 ou 86,5 kg ha-1 (104 kg ha-1 de K2O), sendo superado
apenas pelo N (Figura 24). Resultados estes semelhantes aos de May et al.
(2008), Santos (2007) e Menezes Júnior et al. (2014).
2
Y= 359,84/ 1 + exp (-(x - 79,89)/ 12,18)) R = 0,97 10 Planta toda

Tx absorção de K (mg planta-1 dia-1)


400 2
Y= 180,99/ 1 + exp (-(x - 67,89)/ 11,08)) R = 0,91
2
Y= 211,75/ 1 + exp (-(x - 96,98)/ 10,37)) R = 0,97 Parte aérea
Conteúdo de K (mg planta )

350 Bulbos
-1

8
300 (A) (B)

250 6

200
4
150

100
2
50

0 0
0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126

Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura 24. Acúmulo (A) e taxa de absorção diária (B) de potássio pela cultura da
Figura 24. Acúmulo (A) e taxa de absorção diária (B) de potássio pela cultura da
cebola (cultivar Bola Precoce). Fonte: Kurtz et al. (2016).
cebola (cultivar Bola Precoce)
Fonte: Kurtz et al. (2016).

Ao final do ciclo da cultura, 53 % (182,7 mg planta-1) do K foi acumu-


lado nos bulbos (Tabela 2). O acúmulo de K pela planta, no período de bulbi-
ficação, foi de aproximadamente 87 % do total acumulado nesta fase. A taxa
máxima de acúmulo pela planta foi aos 80 DAT com 7,38 mg planta-1 dia-1, o
equivalente a 1,84 kg dia-1 de K (Figura 24B).
O potássio presente nas plantas desempenha um importante papel
na regulação do potencial osmótico celular e, por consequência, na abertura
e fechamento estomático (TAIZ & ZEIGER, 2009). Esse primeiro processo
provavelmente explica a grande demanda de K na bulbificação, quando pro-
move a redução do potencial osmótico favorecendo a entrada de água e de
fotoassimilados, o que contribui para o enchimento dos bulbos.
Considerando a prática da adubação, onde se expressa a quantidade
de K a ser aplicada em K2O, é necessária uma disponibilidade de aproxima-
damente 2,21 kg por dia de K2O no pico de absorção deste nutriente. Esse

55
valor é semelhante ao do N, que demandou 1,71 kg ha-1 dia-1 no período de
maior demanda (73 DAT). Esses dados são importantes orientadores para
definição da época de aplicação desses nutrientes para a cebola, uma vez
que apresentam mobilidade, principalmente em solos arenosos ou de baixa
CTC (SANGOI et al., 2003; CANTARELLA, 2007; ERNANI et al., 2007) e, se
aplicados muito antes dessa data, podem não atender à demanda da planta.
Considerando o início da bulbificação aos 60 DAT, ou seja, 13 e 20 dias antes
da maior taxa de acúmulo de N (73 DAT) e K (80 DAT), respectivamente, essa
seria a fase (60 DAT) da cultura sugerida para aplicação de adubações de
cobertura com esses nutrientes.

6.4.3 Resposta da cebola a adição de K

Apesar de a cebola extrair grandes quantidades de potássio, as res-


postas da cultura à adição desse nutriente são em geral limitadas, ao contrá-
rio do que ocorre com o nitrogênio (BREWSTER, 2008). Filgueira (2008) rela-
ta que em cebola são raros os resultados com efeito positivo no rendimento
para esse nutriente. Araújo & Costa (1975) não observaram influência do
potássio nas doses de 0 a 90 kg ha-1 de K2O sobre a produtividade de cebola
em solos de cerrado do Distrito Federal e da mesma forma, Pande & Mun-
dra (1971), utilizando até 89,6 kg ha-1 de K2O. Laughlin (1990) também não
registrou efeito do K sobre a qualidade de bulbos, apenas observou produti-
vidade 50 % superior no tratamento com a aplicação de 50 kg ha-1 de nitrato
de amônio, em solos com 250 mg dm-3 de K (variando teores no solo de 180
a 260 mg dm-3 de K).
May (2006), ao avaliar diferentes doses de N e K para híbridos de ce-
bola no estado de São Paulo, verificou que a produtividade máxima poderia
ser alcançada com a aplicação combinada de 125 kg ha-1 de N e 103 kg ha-1
de K2O para o híbrido ‘Óptima’ para um rendimento de 72,02 t ha-1. Já para
o híbrido ‘Superex’ seria necessário a aplicação de 100 kg ha-1 de N e 62 kg
ha-1 de K2O para obter 72,83 t ha-1 de bulbos. Marcolini et al. (2005), traba-
lhando com diferentes doses de N e K2O na cultura da cebola em semeadura
direta em São Paulo, obtiveram máxima produtividade de cebola, de apro-
ximadamente 89,5 t ha-1, nas doses de 180 kg e 160 kg de N e K2O, respecti-
vamente. Também no estado de São Paulo, Factor et al. (2011) obtiveram a
maior produtividade total de bulbos (103t ha-1) com adubação de 189 kg ha-1
K2O, respectivamente. Para Cecílio Filho et al. (2010) a maior produtividade
56
(89,5 t ha-1) foi alcançada com 150 kg ha-1 de N e 150 kg ha-1 de K2O. Segundo
Resende & Costa (2009) o potássio também tem grande importância na con-
servação pós-colheita de bulbos de cebola.
Brewster (2008) relata que a maioria das recomendações de aplica-
ção de K em cebola sugerem valores entre 50 a 250 kg ha-1, apresentando
resultados bastante variáveis em função da fertilidade do solo cultivado.
Em experimentos conduzidos em Ituporanga em um Cambissolo Hú-
mico verificou-se uma resposta baixa da cebola para a adubação potássica,
mesmo em solo com baixo teor de K (55 mg dm-3). Em três safras avaliadas,
as respostas não foram significativas para o rendimento nas duas primeiras,
havendo resposta significativa na terceira safra avaliada (2010/11 - y = n.s.;
2011/12 - y = n.s.; 2013/14 - y = 24,92 +28,90x - 0,054x2 R2 = 0,78), com um in-
cremento de 14 % no rendimento para doses a partir de 50 kg ha -1 (Figura 25).

60,0 • Safra 2010/11 • Safra 2011/12 • Safra 2012/13

50,0

40,0
;.
.c:;

l
W

30,0

..
2I:
.s~ 20,0
..
I:
II::

10,0

0,0
0 50 100 ZOO 400
Doses de I<:!O(kg ha-')

Figura 25. Rendimento de bulbos de cebola em função da adição de doses cres-


centes de potássio em solo com baixo teor de K (55 mg dm-3). Média de 3 safras
(2010/11, 2011/12 e 2012/13) – Ituporanga, SC
Fonte: Kurtz (2014, dados não publicados).

57
No experimento conduzido em Ituporanga em Cambissolo Húmico
(KURTZ, 2014, dados não publicados), a cebola não apresentou resposta
para a adição de K (Figura 26) em função do teor alto de K no solo (170 mg
dm-3). Desse modo, quando os teores de K no solo são altos ou muito altos,
as doses de K indicadas pelas tabelas de recomendação são relativamente
baixas, pois visam atender a extração da cultura somada às possíveis perdas,
mesmo para a obtenção de altas produtividades.

40,0 Y = NS
35,0

30,0

J 25,0

..
~
W

0
20,0
t::
41
.5 15,0
"~ t::
10,0

5,0

0,0
0 50 100 200 400

Figura 26. Rendimento de bulbos de cebola em função da adição de doses crescentes


de potássio em solo com teor alto de K (170 mg dm-3). Safra 2009/10 – Ituporanga, SC
Fonte: Kurtz (2014, dados não publicados)

58
6.4.4 Recomendação de potássio para cebola

Para a recomendação do potássio na cultura da cebola com base na


análise de solo é necessária a interpretação do teor de K no solo conforme a
Tabela 7 e a indicação das doses segundo a Tabela 8.

Tabela 7. Interpretação do teor de potássio no solo extraído pelo método


Mehlich-1, conforme CTC do solo para a cultura da cebola (Grupo 2) (CQFS -
RS/SC, 2016).

Classe de CTCpH7,0 do solo (1)


disponibilidade ≤ 7,5 7,6 a 15,0 15,1 a 30,0 > 30,0
................................mg de K/dm3.................................
Muito baixo ≤ 20,0 ≤ 30,0 ≤ 40,0 ≤ 45,0
Baixo 21 – 40 31 – 60 41 – 80 46 – 90
Médio 41 – 60 61 – 90 81 – 120 91 – 135
Alto 61 – 120 91 – 180 121 – 240 136 – 270
Muito alto > 120 > 180 > 240 > 270
Caso a análise tenha sido feita por Mehlich-3, transformar previamente os teores
(1)

em “equivalentes Mehlich-1”, conforme equação KM1 = KM3 x 0,83.

Tabela 8. Recomendação de dose de K2O a ser adicionado para a cultura da


cebola (CQFS - RS/SC, 2016).
Interpretação do teor de Potássio
K no solo Kg de K2O ha-1
Muito baixo 210
Baixo 150
Médio 120
Alto 90
Muito alto ≤ 60

Para a expectativa de rendimento maior do que 30 t ha-1, acrescentar


aos valores da tabela acima 3 kg de K2O por tonelada adicional de bulbos a
serem produzidos. Caso os teores de K no solo forem três vezes maiores do
que o teor crítico (nível superior da interpretação de teor médio), não se
recomenda adicionar potássio.
59
6.4.5 Modo de aplicação de potássio

O fertilizante potássico de manutenção pode ser aplicado antes da se-


meadura a lanço ou no sulco de semeadura/plantio desde que o fertilizante
seja afastado a uma distância mínima de 5 cm das sementes ou mudas. Não é
recomendável a adição de doses superiores a 60 kg ha-1 de K2O na linha de se-
meadura ou transplante. Para doses médias e altas, aplicar parte do K (50 %) a
lanço no transplante/semeadura e o restante em cobertura juntamente com o
N aos 60 e 85 dias após o transplante ou aos 110 e 140 dias após a semeadura
direta em campo definitivo.
Quando a análise do solo indicar níveis baixos é recomendada a cor-
reção. Nesse caso a aplicação do fertilizante pode ser realizada a lanço e
incorporada com grade juntamente com a adubação fosfatada. Quando a
análise indicar teores altos de K, não há necessidade de correção e faz-se
apenas adubação de manutenção conforme indicado anteriormente.

6.5 Cálcio (Ca)

6.5.1 Função

O cálcio é componente dos pectatos que são constituintes da pare-


de celular. Participa da estrutura e funcionamento de membranas, absorção
iônica e ativação enzimática. Por ser um elemento imóvel no floema, não
ocorre sua redistribuição na planta (FAQUIN, 2005; MALAVOLTA, 2006).
Em plantas com deficiência de Ca, as folhas novas, de aspecto aparen-
temente normal, tombam repentinamente sem se fraturarem e após alguns
dias secam do ápice até a base (Figura 27). Com o progredir da carência, o
fenômeno se repete nas folhas intermediárias e nas mais velhas (MENDES et
al., 2008).

60
COMPo -Ca

Figura 27. À esquerda plantas com solução nutritiva completa e à direita plantas
em solução nutritiva na ausência de Ca, apresentando deficiência com necrose das
folhas mais novas

6.5.2 Absorção de Ca pela cebola

O cálcio pode ser absorvido pelas raízes como íon Ca2+ ou, em menor
quantidade, na forma de cálcio quelatizado. Conforme trabalho realizado por
Kurtz et al. (2016), o Ca foi o terceiro nutriente mais absorvido pela cebola,
com uma quantidade acumulada de 186,5 mg planta-1 ou 46,6 kg ha-1 ao final
do ciclo (Figura 28 A). Verificou-se que o Ca se comportou de modo diferente
em relação aos demais macronutrientes por acumular 58 % do total na parte
aérea e apenas 42 % no bulbo (Tabela 2). Resultados semelhantes foram veri-
ficados por Vidigal et al. (2010a), que observaram o acúmulo de 55 % e 45 %
para parte aérea e bulbos, respectivamente. Esse comportamento é, portanto,
resultado da redistribuição praticamente nula do nutriente na planta (HAWKE-
SFORD et al., 2012).
Outro fator que pode ter contribuído para essa diferença nas quanti-
dades de Ca na parte aérea e bulbo é a competição com o K (ANDRIOLO et

61
al., 2010). O maior fluxo de potássio para o bulbo pode restringir a presença
de cálcio nesse órgão. Com relação à dinâmica de acúmulo, observou-se que
a taxa máxima foi aos 78 DAT para a planta toda e aos 116 DAT para o bulbo
(Figura 28 B). Assim, verifica-se maior demanda de Ca para o bulbo no fim
do ciclo, demonstrada pela absorção de 79,4 % do Ca total no período de
bulbificação.
250 2
Y= 200,06/ 1 + exp (-(x - 77,89)/ 19,65) R = 0,98 5 Planta toda

Tx absorção de Ca (mg planta-1 dia-1)


2
Y= 113,71/ 1 + exp (-(x - 66,05)/ 13,71) R = 0,94 Parte aérea
Conteúdo de Ca (mg planta )

2
Y= 163,01/ 1 + exp (-(x - 115,92)/ 19,65) R = 0,99 Bulbos
-1

200 4
(D)(A) (B)
150 3

100 2

50 1

0 0
0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126

Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura 28.
Figura 28. Acúmulo
Acúmulo (A)
(A) ee taxa
taxa de
de absorção
absorçãodiária
diária(B)
(B)de
deCa
Capela
pelacultura
culturadadacebola
cebola
(cultivar Bola Precoce).
(cultivar Bola Precoce) Fonte: Kurtz et al. (2016).
Fonte: Kurtz et al. (2016).

6.5.3 Resposta da cebola a adição de Ca

Sintomas de deficiência de cálcio são raramente observados no cam-


po, sendo evidentes apenas em certas famílias de plantas (espécies frutífe-
ras, solanáceas, cucurbitáceas, etc.) devido às características de transporte
desse nutriente. A principal função do Ca nas plantas é a manutenção da
integridade da membrana plasmática (PAVAN, 1986), o que pode contribuir
para uma melhor conservação dos bulbos de cebola. Segundo Lopes et al.
(1991), o teor de Ca no solo necessário para o ótimo desenvolvimento de
plantas depende da sua relação com os demais cátions. Sendo assim, uma
das hipóteses levantadas é de que em solos com elevados teores de K, pode-
rá haver resposta à aplicação de Ca, mesmo que os teores isolados de Ca no
solo não sejam limitantes. No entanto, em experimento realizado por Kurtz
et al. (2007) para avaliar a resposta da cultura da cebola a adição de cálcio
via solo, verificou-se que as adições deste nutriente não apresentaram incre-
mento no rendimento e no peso médio de bulbos nas duas safras avaliadas

62
(Tabela 9). Neste trabalho, no solo, foram adicionadas doses que variaram de
0 a 936 kg ha-1 de Ca na forma de gesso agrícola (sulfato de cálcio); via foliar,
foram feitas seis aplicações de cloreto de cálcio na concentração de 0,6 %,
e nenhuma dessas formas de aplicação aumentou o rendimento de bulbos
bem como a conservação pós-colheita. Uma das explicações para a ausência
de resposta à adição de Ca pode ser atribuída ao alto teor do nutriente ori-
ginalmente presente neste solo (6,7 cmolc dm-3). Desta forma, a hipótese de
que solos com elevados teores de K (240 mg dm-3 teor de K no solo avaliado),
como o do presente estudo, apresentariam resposta à aplicação de Ca, não
foi confirmada neste estudo.

Tabela 9. Rendimento médio de bulbos de cebola (cultivar Bola Precoce) em


função da adição de cálcio via solo e foliar
Dose cálcio (kg ha-1) Rendimento (t ha-1)
Safra 2006/07 Safra 2008/09
0 23,45 n.s. 35,98 n.s.
234 22,78 34,66
468 22,20 36,97
936 21,37 34,27
Foliar * 21,88 36,23
*
Pulverização foliar totalizando 6 aplicações na concentração de 0,6 % na forma de
cloreto de cálcio e via solo usando como fonte o sulfato de cálcio. n.s. = não signifi-
cativo pelo teste de F a 5 % de probabilidade.
Fonte: Adaptado de Kurtz et al. (2007).

6.5.4 Recomendação de cálcio para cebola

De maneira geral os solos catarinenses corrigidos para elevar o pH


do solo para valores iguais ou superiores ao pH 5,5 apresentam teores de Ca
alto no solo e suficientes para altas produtividades e qualidade dos bulbos
de cebola. Desse modo, se os demais cátions não estiverem desiquilibrados
no solo e os teores de Ca situarem-se acima de 4,0 cmolc dm-3, não há ne-
cessidade de aplicações adicionais desse nutriente via solo ou foliar para a
cultura da cebola.

63
6.6 Magnésio (Mg)

6.6.1 Função

O magnésio está presente na molécula de clorofila, sendo importante


ativador de diversas enzimas, participando dos processos de fotossíntese,
respiração, síntese de compostos orgânicos e absorção iônica (MENDES et
al., 2008). Em situação de deficiência de Mg, a planta tem o crescimento
reduzido (Figura 29), as folhas mais velhas tornam-se uniformemente ama-
reladas ao longo do seu comprimento, podendo evoluir para a morte.

Figura 29. À esquerda plantas com solução nutritiva completa e à direita plantas em
solução nutritiva na ausência de Mg

6.6.2 Absorção de Mg pela cebola

As plantas absorvem o magnésio na forma iônica Mg2+. Altas concen-


trações de cálcio e, principalmente, de potássio no meio podem inibir com-
petitivamente a absorção do magnésio causando às vezes sua deficiência.
Conforme trabalho realizado por Kurtz et al. (2016), dentre os macronutrien-
tes avaliados, o Mg foi o menos absorvido pela cebola com 46,6 mg planta-1,
totalizando 12,1 kg ha-1 ao final do ciclo (Figura 30). A parte aérea acumulou
64
aproximadamente 43 % do Mg, ao passo que o bulbo acumulou cerca de 57
% do Mg total (Tabela 2). Vidigal et al. (2002) relataram valores semelhantes
para o cultivar Alfa Tropical, que acumulou 47 % e 53 %, respectivamente,
para parte aérea e bulbo. Entretanto, May et al. (2008) observaram valores
diferentes, em que a planta acumulou 56 % e 44 % para o cultivar Optima e
67,2 % e 38,2 % para o cultivar Superex, respectivamente, para parte aérea
e bulbo. O Mg apresentou a taxa máxima de acúmulo aos 83 DAT na planta
toda e aos 112 DAT, maior demanda para o bulbo, a exemplo do que ocorreu
para Ca (Figura 28). O Mg foi o macronutriente que apresentou a maior pro-
porção de acúmulo no período de bulbificação, cerca de 89 % do total. Esta
grande demanda de Mg na bulbificação ocorre devido ao acúmulo de açú-
cares no vacúolo de órgãos de reserva ser dependente do Mg e estimulado
pelo K (ENGELS et al., 2012).
60 2
Y= 51,06/ 1 + exp (-(x - 82,53)/ 12,31) R = 0,99 1.5 Planta toda
Tx absorção de Mg (mg planta dia-1)
2
Y= 25,52/ 1 + exp (-(x - 70,58)/ 8,85) R = 0,92 Parte aérea
Conteúdo de Mg (mg planta )

2
Y= 48,55/ 1 + exp (-(x - 113,68)/ 14,26) R = 0,99
-1

50 Bulbos
-1

(E)
(A) (B)
40 1.0

30

20 0.5

10

0 0.0
0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126

Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura 30. Acúmulo (A) e taxa de absorção diária (B) de Mg pela cultura da cebola
Figura 30. Acúmulo (A) e taxa de absorção diária (B) de Mg pela cultura da cebola
(cultivar Bola Precoce). Fonte: Kurtz et al. (2016).
(cultivar Bola Precoce)
Fonte: Kurtz et al. (2016).

6.6.3 Resposta e recomendação de magnésio para a cebola

São muito escassos os trabalhos de pesquisa avaliando a resposta de


Mg para a cultura da cebola. Da mesma forma como para o Ca, de maneira
geral os solos corrigidos, principalmente com o uso de calcário dolomítico
para elevar o pH do solo para valores iguais ou superiores ao pH 5,5 apre-
sentam teores de Mg altos no solo e suficientes para altas produtividades de
cebola. Desse modo, se os demais cátions não estiverem desiquilibrados no
solo e os teores de Mg situarem-se acima de 1,0 cmolc dm-3, não há necessi-
dade de aplicações adicionais desse nutriente via solo ou foliar para a cultura
da cebola.

65
6.7 Enxofre (S)

6.7.1 Função

O enxofre é constituinte importante de alguns aminoácidos, como


a cistina, metionina, cisteína e triptofano, constituinte de todas as proteí-
nas vegetais e precursor de compostos sulfurados voláteis responsáveis pelo
aroma característico da cebola (TRANI et al., 2014). Este nutriente também
tem funções em reações enzimáticas como na fotossíntese e na fixação
biológica de nitrogênio pelas plantas leguminosas (MALAVOLTA, 2006). Os
sintomas nas plantas se caracterizam pelo amarelecimento das folhas mais
novas que se tornam finas e tortas, pela redução drástica no crescimento da
parte aérea e radicular e pela bulbificação precoce, podendo levar a morte
das plantas afetadas após alguns dias (Figura 31).

Figura 31. Na primeira foto à esquerda, vaso com plantas apresentando nutrição
adequada de S; à direita, vaso com plantas apresentando deficiência de S, com clo-
rose das folhas mais novas. Na segunda foto, visão de plantas em lavoura com defi-
ciência de enxofre e progressão dos sintomas da esquerda para a direita.

6.7.2 Absorção de S pela cebola

O enxofre é absorvido pelas raízes das plantas predominantemente


na forma altamente oxidada de sulfato, SO42-. Segundo Pôrto et al. (2007), o
enxofre acumulado pela planta, em sistema de semeadura direta com o hí-
brido Superex, foi de 73,47 mg planta-1 no fim do ciclo, com maior demanda
entre os 90 e 150 DAS (Figura 32). Houve maior demanda de S na parte aérea
no período compreendido entre 70 e 110 DAS. No bulbo, esse período foi
dos 110 aos 150 DAS, com incrementos de 0,325 mg planta-1 dia-1 e 1,223 mg
planta-1 dia-1, respectivamente, durante esse período. Os autores também

66
observaram que o acúmulo de S foi maior no bulbo, cerca de 81 %, enquan-
to, na parte aérea, o acúmulo foi de aproximadamente 19 % do S total na
colheita. Resultados similares foram obtidos por Nasreen et al. (2005), que
verificaram maior acúmulo de enxofre no bulbo ao final do ciclo da cultura.
Segundo os autores, do total de enxofre acumulado na planta inteira aos 90
DAT (145 DAS), 12 % encontravam-se nas folhas e 82 % nos bulbos. Para es-
ses mesmos autores, o aumento do acúmulo de enxofre no bulbo, à medida
que a planta atingiu a fase de maior desenvolvimento fotossintético, foi devi-
do ao crescimento foliar adequado, o que permitiu uma ótima translocação
e partição de fotossintatos das folhas para os bulbos, que resultaram em
maior tamanho de bulbo e maior massa seca.
A cebola é uma planta exigente em S, e geralmente esse nutriente
é o terceiro ou quarto em ordem decrescente de acúmulo. A quantidade
de compostos à base de S é que determina a pungência da cebola, definida
como a quantidade de compostos voláteis que conferem odor e sabor à es-
pécie. Isso ocorre porque o S é constituinte dos aminoácidos cistina, cisteí-
na e metionina, precursores de compostos sulfurados voláteis responsáveis
pelo aroma característico da cebola (MALAVOLTA et al., 1997).

10
A PIanta inteira #I>
70 OParteama /
• Bulbo /
60

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Id.dc d. plante (d •• ap61 • 'em cadur.)
... Y=87,99/(1 +e·O,09(X-ln,rI)
o Y = 16,541(1 + e-o,1I(X-1»2)
• Y=67,76/(1 +e-0,09(x.12I,l$)

Figura 32. Acúmulo de S pela cultura da cebola (Híbrido Superex) cultivada em


Figura 32. Acúmulo de S pela cultura da cebola (Híbrido Superex) cultivada em sis-
sistema de semeadura direta. Fonte: Pôrto et al. (2007).
tema de semeadura direta
Fonte: Pôrto et al. (2007).

67
6.7.3 Resposta da cebola à adição de S

A deficiência de enxofre normalmente ocorre em solos com baixo teor


de matéria orgânica, arenosos, intensivamente cultivados, sem reposição do
nutriente e com o cultivo de espécies exigentes, a exemplo de famílias de
plantas como as leguminosas (soja, feijão), as brássicas (repolho, couve-flor)
e as aliáceas (cebola, alho, etc.). As condições que afetam a mineralização
da matéria orgânica, como baixas temperaturas e déficit hídrico, também
podem reduzir a disponibilidade do elemento, pois mais de 90 % do enxofre
do solo está ligado à matéria orgânica. Outro fator que também contribui
para o aparecimento da deficiência é o aumento sucessivo de produtividade
nos últimos anos das principais culturas, como a da cebola e de grãos, que
promovem grande exportação do nutriente por ocasião das colheitas, o que
torna inevitável a necessidade de reposição de enxofre. Além disso, solos
com pH elevado e com altos teores de P também contribuem para reduzir
a disponibilidade de S na solução do solo e consequente aparecimento de
deficiências de S. Como mencionado, a absorção do enxofre pelas plantas
ocorre na forma de sulfato (SO42-), presente na solução do solo, podendo ser
facilmente lixiviado para camadas mais profundas pela percolação da água
proveniente da chuva ou irrigação.
Nas últimas safras, especialmente a partir de 2013 (KURTZ, 2013), di-
versas lavouras de cebola na região do Alto Vale do Itajaí, SC, apresentaram
sintomas da carência de S. Em áreas de semeadura direta (semeadura em
campo definitivo), o problema tem ocorrido com maior frequência, ocasio-
nando redução da população pela morte das plantas, mas essa carência tam-
bém é observada em áreas em sistema de transplante de mudas. Através de
estudos realizados pela Epagri e UFPR (Universidade Federal do Paraná) em
casa de vegetação com a supressão de nutrientes e em lavouras deficientes,
foi possível chegar ao diagnóstico da deficiência do enxofre em 2013 (KURTZ,
2013), que até então era confundida com a ausência outros nutrientes, prin-
cipalmente zinco (Figura 31). Nas lavouras afetadas com a deficiência de S,
se a adubação corretiva com esse nutriente não for realizada de imediato,
pode ocorrer redução drástica de produtividade, superior a 50 %, mesmo
com adoção de um bom padrão tecnológico.
A inobservância da deficiência de S em lavouras no passado se deve
provavelmente à reposição do enxofre através de formulações de adubos
NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), as quais normalmente continham o ele-
68
mento na sua composição, principalmente pelo uso do superfosfato simples
para compor as fórmulas. No entanto, buscando reduzir custos de produção
dos fertilizantes minerais formulados, as indústrias de fertilizantes atual-
mente comercializam a grande parte das formulações sem o S.
Pesquisas avaliando a resposta da cultura da cebola para S são muito
escassas na literatura. Em trabalho realizado por Kurtz et al. (2014 – dados
não publicados) em casa de vegetação com dois Cambissolos catarinenses e
um Nitossolo do estado do Paraná, ambos com cultivo frequente de cebola,
verificou-se aumento significativo do rendimento de bulbos com a adição de
S na forma de sulfato de cálcio (gesso agrícola) nos dois Cambissolos para o
cultivar Bola Precoce (Figura 33). O rendimento passou de 111 g vaso-1 na
testemunha sem S para 426 g vaso-1 na dose 30 kg ha-1 de S, promovendo um
incremento de 384 %, para o solo Cambissolo Háplico (coletado em Atalan-
ta, SC). Neste solo não houve aumento significativo de rendimento e outras
variáveis com doses superiores a 30 kg ha-1 de S. No solo Cambissolo Húmico
(coletado em Ituporanga, SC) também houve resposta e o rendimento de
bulbos aumentou de 53 g vaso-1 na testemunha sem S para 363 g vaso-1 na
dose 60 kg ha-1 de S, promovendo um incremento de 688 % e também não
houve resposta para doses superiores. Já para o Nitossolo Bruno (coletado
em Araucária, PR) não houve resposta com a adição de S para rendimento e
outras variáveis avaliadas, produzindo em média 450 g vaso-1.
Segundo o Manual de Recomendação de Calagem e Adubação para o
RS e SC (CQFS – RS/SC, 2016) não se recomenda a adição de S quando os teo-
res no solo forem superiores a 10 mg dm-3 para a cultura da cebola. Portanto,
conforme os resultados obtidos nesse experimento, essa recomendação não
está adequada para a cultura da cebola para os dois Cambissolos avaliados,
os quais abrangem a grande maioria das áreas cultivadas com cebola em
Santa Catarina, pois nesses solos houve resposta para a adição de S mesmo
quando os teores foram de 16,6 mg dm-3 no Cambissolo Húmico e de 18,7
mg dm-3 no Cambissolo Háplico (Figura 33). Desse modo, é indicado a adição
de S nestes dois solos sempre que os teores de S forem inferiores a 20 mg
dm-3.
Já para o Nitossolo Bruno, mesmo com teores menores (13,6 mg dm-
3
) não houve resposta para a adição de S para a cultura da cebola, indicando
que o nível crítico de 10 mg dm-3 estaria adequado, conforme recomendação
da CQFS – RS/SC (2016). Isso provavelmente decorre da maior disponibili-
dade do S para a cultura devido ao maior teor de argila neste solo (54 %),
69
enquanto nos Cambissolos o teor de argila é inferior a 40 %. O pH do solo, os
teores de matéria orgânica, a argila e os óxidos se relacionam com a dispo-
nibilidade de S-SO42-, e as respostas à adubação sulfatada são mais prováveis
em solos com baixos teores de matéria orgânica e argila e com pHs elevados
(RHEINHEIMER et. al., 2007).
Souza (2013), trabalhando em um Latossolo no estado de São Paulo
com o cultivar ‘Perfecta’, relatou que o aumento da dose de S proporcionou
incremento de rendimento de bulbos, até a dose máxima de 45 kg ha-1 utili-
zando como fonte de S o enxofre-elementar. Outros resultados têm demons-
trado a obtenção de produtividades máximas quando são fornecidas doses
de S entre 48 e 60 kg ha-1 (HUG, 1997; PAULA et al., 2002; NASREEN, 2005).

0,50

...
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0,10

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0 30 60 90 120
Doses de S (kg ha·1)

.Solol 13,0 Db 16,6 CD ab 19,9 BCab 26,OAB a 29,3A b (mgdm'l

• Solo 2 18,7 B a 21,0 B a 25,4 B a 28,2 B a 41,8Aa (mgdm'l

• Solo 3 13,6 Dab 15,3 CD b 19,5ABb 18,4 BCb 22,8 A c (mgdm'l

Figura 33. Rendimento de bulbos de cebola do cultivar Bola Precoce e teores de


enxofre (S) no solo em função da adição de doses crescentes de S para três tipos
de solos. Solo 1: Cambissolo Húmico (Ituporanga, SC); Solo 2: Cambissolo Háplico
(Atalanta, SC); Solo 3 Nitossolo Bruno (Araucária, PR). Médias seguidas de letra di-
ferente, minúscula na barra de mesma cor (produção de bulbos) ou na coluna (para
teor no solo) e maiúscula na mesma linha, diferem entre si, considerando o teste de
Tukey a 5 % de probabilidade

70
6.7.4 Recomendação de enxofre para cebola

Com base nos trabalhos de pesquisa realizados pela Epagri em parce-


ria com a UFPR, recomenda-se a reposição desse elemento quando os teores
no solo forem inferiores a 20 mg dm-3 para os solos Cambissolos e menores
de 10 mg dm-3 para Nitossolos. Com base nessas pesquisas, recomenda-se
nos Cambissolos a dose de 60 kg ha-1 de S quando os teores do nutriente no
solo forem inferiores a 15 mg dm-3 e a adição de 30 kg ha-1 de S quando os
teores estiverem na faixa 15 a 20 mg dm-3. De modo geral, as doses recomen-
dadas para as diversas regiões e culturas ficam em média entre 30 e 60 kg
ha-1, sendo a maior dose em solos arenosos ou pobres em matéria orgânica.
O produtor deve planejar a adubação com S em função da disponibi-
lidade das fontes citadas e dos custos de aquisição dos produtos no mercado
regional. Os custos da adubação com o S normalmente são menores em re-
lação ao NPK, pois é menor a quantidade exigida pelas plantas e pelo fato de
ser um nutriente acompanhante de outros nutrientes usados na adubação.
Para corrigir a deficiência de enxofre quando diagnosticada na fase
de lavoura, recomenda-se fazer a reposição do nutriente via solo (a lanço)
com fórmulas de adubos solúveis como o sulfato de amônio (22 % S e 20 %
N), fórmula facilmente encontrada no mercado e que apresenta alta concen-
tração do elemento. Também podem ser usadas outras fontes como o gesso
agrícola (sulfato de cálcio) (~ 16 % S; ~ 20 % Ca), sulfato de potássio (15 % S e
50 % K2O), sulfato de magnésio (11 % S; 10 % Mg), bem como outras formu-
lações comerciais contendo o enxofre na forma de sulfato.
A reposição do nutriente também pode ser realizada por ocasião do
plantio ou semeadura usando formulações de adubos mistas que contenham
NPK + S ou formulações simples como superfosfato simples (13 % S e 18 %
P2O5), enxofre elementar (95 - 100 % S), gesso agrícola, entre outras. O gesso
agrícola normalmente tem custo baixo por ser um resíduo industrial da fabri-
cação de adubos fosfatados. A adubação foliar com o enxofre, embora possa
auxiliar na recuperação das plantas deficientes, não é eficaz na correção da
carência por ser um nutriente exigido em quantidades relativamente altas.
Resultados de pesquisas indicam que a exportação de S através da colheita
da cebola fica ao redor de 30 kg ha-1.
Ainda em relação às fontes de enxofre, é importante destacar que o
enxofre elementar precisa ser transformado por microrganismos presentes
no solo (Thiobalillus sp.) em sulfato (SO42-) para ser absorvido pelas plantas.
Esse processo promove reações de acidificação do solo e necessita de apro-

71
ximadamente 50 dias para máxima disponibilidade de sulfato na solução do
solo (SOUSA, 2013). Portanto, essa fonte não é adequada quando há sinto-
mas de deficiência em lavouras e necessita-se da disponibilidade imediata
de S na forma de sulfato.

6.8 Manganês (Mn)

6.8.1 Função

O manganês participa de diversas reações bioquímicas atuando como


ativador de enzimas envolvidas nos processos de respiração e na síntese de
aminoácidos e lignina. Atua também nas reações de oxirredução e transpor-
te de elétrons nas células vegetais (TRANI et al., 2014). As plantas de cebola
deficientes em Mn mostram folhas externas com faixas estreitas (“riscos”)
cloróticas e esbranquiçadas seguindo-se o aparecimento de necroses. O
crescimento das plantas é severamente reduzido tanto na parte aérea (Figu-
ra 34) quanto nas raízes e bulbos.

Figura 34. Na primeira foto à esquerda plantas sadias e ao lado plantas (direita) com
deficiência de Mn; na segunda foto, visão geral de lavoura com manchas apresen-
tando deficiência de Mn

6.8.2 Absorção de Manganês pela cebola

O manganês é absorvido pelas plantas como íon Mn2+. Segundo Kurtz


et al. (2016) o manganês foi o terceiro micronutriente mais acumulado pela
cebola com um total 600 µg planta-1, equivalente a 150 g ha-1, sendo supera-
72
do pelo Fe e B (Figura 35). Vidigal et al. (2010a), observaram que o Mn foi o
segundo micronutriente mais absorvido pela cebola totalizando 190 g ha-1.
Observou-se maior acúmulo na parte aérea com 58 % do total e as maiores
demandas de Mn ocorreram na segunda metade do ciclo, no período de
bulbificação com o acúmulo de 83 % do total (Kurtz et al., 2016). Segundo
Kurtz et al. (2016), a taxa máxima de acúmulo situou-se aos 79 DAT para
parte aérea e aos 105 DAT para a alocação no bulbo (Figura 35 B). A taxa de
alocação de Mn no bulbo no final do ciclo foi superior à taxa média da planta,
indicando que além da redistribuição de parte dos nutrientes da parte aérea
para os bulbos os nutrientes absorvidos nesta fase de desenvolvimento da
planta foram depositados preferencialmente nos bulbos.
800 2
Y= 631,73/ 1 + exp (-(x - 78,87)/ 13,77) R = 0,98

Tx. absorção de Mn (µg planta-1 dia-1)


Planta toda
2
Y= 384,44/ 1 + exp (-(x - 69,13)/ 11,70) R = 0,93 14 Parte aérea
700
Conteúdo de Mn (µg planta-1)

Y= 355,30/ 1 + exp (-(x - 105,44)/ 13,22) R2 = 0,99


Bulbo
12
600
(A) (B)
10
500
8
400

300 6

200 4

100 2

0 0
0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126

Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura
Figura35.
35.Acúmulo
Acúmulo (A)
(A) ee taxa
taxa de
de absorção
absorção diária
diária (B) de Mn pela cultura
Mn pela culturada
dacebola
cebola
(cultivar Bola Precoce).
(cultivar Bola Precoce) Fonte: Kurtz et al. (2016).
Fonte: Kurtz et al. (2016).

6.8.3 Resposta da cebola à adição de Mn

Em Santa Catarina, nas áreas onde as plantas têm apresentado sin-


tomas de deficiência de Mn, o pH do solo geralmente é superior a 6,0 ou a
incorporação do calcário é inadequada, há predomínio de monocultivo e,
em geral, os solos são intensivamente cultivados (EPAGRI, 2013). A defici-
ência de Mn também é comum nos solos Cambissolos Húmicos (chamados
na região de “faxinais”). Esses solos, comuns na região do Alto Vale do Itajaí
e no Planalto Catarinense, apresentam coloração escura devido aos teores
altos de matéria orgânica. Nesses solos possivelmente há uma quelação dos
íons de Mn pela fração orgânica do solo, tornando o elemento com baixa
disponibilidade na solução do solo.

73
Segundo trabalhos realizados por Kurtz & Ernani (2010), em Ituporan-
ga, SC, em Cambissolo Háplico, a aplicação de Mn não alterou a produtivida-
de, o peso médio de bulbos e a perda no armazenamento em nenhuma das
três safras avaliadas, independentemente do método de aplicação (ao solo
ou via foliar). A ausência de resposta neste estudo para a aplicação de Mn
provavelmente se deve ao valor de pH relativamente baixo das áreas expe-
rimentais (5,6 a 5,9) e pelo adequado manejo do solo adotado na área com
adubação equilibrada, revolvimento mínimo do solo e rotação de culturas.
No entanto, Bührer et al. (1996) obtiveram aumentos na produtividade de
cebola com aplicação de sulfato de manganês tanto ao solo quanto por meio
de pulverizações foliares, em Ituporanga, SC. Os melhores resultados ocorre-
ram com pulverizações foliares nas concentrações de 1 e 0,5 % ou com 8 kg
ha-1 de sulfato de Mn adicionado ao solo. Resultados similares foram obtidos
em outras áreas da região que apresentavam sintomas de deficiência de Mn
(BOING et al., 1996).

6.8.4 Recomendação de manganês para cebola

Em áreas deficientes de manganês, recomenda-se realizar de 2 a 4


pulverizações foliares com sulfato de manganês na concentração de 0,5 a 1
% em intervalos de uma a duas semanas. A correção do Mn via solo também
pode ser adotada com a adição de 5 a 20 kg ha-1, preferencialmente na linha
de plantio ou semeadura. No entanto, a adubação com Mn via solo normal-
mente apresenta baixa eficiência em função da imobilização do nutriente no
solo.

6.9 Zinco (Zn)

6.9.1 Função

É constituinte de diversas enzimas que atuam nos processos de respi-


ração, controle hormonal e síntese de proteínas. É necessário para a síntese
e a conservação de auxinas, hormônios vegetais envolvidos no crescimento
(MENDES et al., 2008). Quando as plantas de cebola são deficientes em Zn,
há o aparecimento de clorose e as folhas mais novas ficam retorcidas e atro-
fiadas (Figura 36).

74
Figura 36. À esquerda plantas sadias (solução nutritiva completa) e ao lado plantas
com deficiência de Zn (solução nutritiva sem Zn)

6.9.2 Absorção de Zn pela cebola

O zinco é absorvido pelas plantas como íon Zn2+. Segundo Kurtz et


al. (2016) o Zn foi o quarto micronutriente mais absorvido pelo cultivar de
cebola Bola Precoce com acúmulo de 336 µg planta-1, equivalente a 84 g ha-1
(Figura 36). Enquanto Menezes Júnior et al. (2014), com o mesmo cultivar,
observaram que o zinco foi o terceiro micronutriente acumulado pela cul-
tura, com acúmulo de 141 µg planta-1, ou seja, o equivalente a 35,2 g ha-1.
Vidigal et al. (2010a) observaram uma absorção de 21 g ha-1 de Zn, porém
para outro cultivar. Ainda segundo Kurtz et al. (2016), o Zn acumulou maior
proporção nos bulbos com 74 % do total. As maiores demandas dos micro-
nutrientes também ocorreram na segunda metade do ciclo, no período de
bulbificação com o acúmulo de 73 %, do total. As taxas máximas de acúmulo
situaram-se aos 73 DAT para parte aérea e aos 94 DAT para a alocação no
bulbo (Figura 37).

75
450 2
Y= 357,56/ 1 + exp (-(x - 72,55)/ 15,86) R = 0,99 10 Planta toda

Tx absorção de Zn (µg planta-1 dia-1)


2
Y= 102,80/ 1 + exp (-(x - 41,1)/ 10,48) R = 0,74 Parte aérea
400
Conteúdo de Zn (µg planta-1)
2
Y= 329,03/ 1 + exp (-(x - 94,46)/ 14,40) R = 0,99
Bulbo
350 8
(A) (B)
300
6
250
200
4
150
100 2
50
0 0
0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126

Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura 37. Acúmulo (A) e taxa de absorção diária (B) de Zn pela cultura da cebola
Figura 37. Acúmulo (A) e taxa de absorção diária (B) de Zn pela cultura da cebola
(cultivar Bola Precoce). Fonte: Kurtz et al. (2016).
(cultivar Bola Precoce)
Fonte: Kurtz et al. (2016).

6.9.3 Resposta da cebola à adição de Zn

Em trabalho de pesquisa realizado por Kurtz & Ernani (2010) em Itu-


poranga, SC, em solo Cambissolo Háplico, observou-se que a adição de Zn
ao solo aumentou a produtividade de bulbos de cebola (Figura 38). Nas três
safras avaliadas (2006/07, 2007/08 e 2008/09), houve um aumento médio
no rendimento superior a 11 %. Para obtenção da máxima eficiência técnica
estimada, foi necessário adicionar em média 3,5 kg ha-1 de Zn. A aplicação
de Zn nas folhas não alterou a produtividade de cebola em nenhuma das
safras. A aplicação de seis pulverizações foliares com sulfato de zinco, na
concentração de 0,5 %, proporcionou produtividade de bulbos semelhante à
da testemunha, onde não foi aplicado Zn (Figura 37).
Vários outros autores também observaram que a adição de Zn au-
menta a produtividade de cebola em diversas situações. Foi o que verificou
Peña et al. (1999) na Venezuela, que obtiveram incremento de 28 % pela
aplicação de 2,52 kg ha-1 de Zn; com Gupta et al. (1985) na Índia, onde o in-
cremento foi de 30 % pela adição de 5 kg ha-1 de Zn; e com Asif et al. (1975)
em solo arenoso da Nigéria. El-Tohamy et al. (2009) avaliaram o efeito da
aplicação de micronutrientes na produtividade de cebola em um solo areno-
so do Egito. Eles pulverizaram as folhas de cebola com Zn, na concentração
de 0,3 g L-1, e verificaram incrementos no rendimento de 60 e de 43 % nas
safras 2006 e 2007, respectivamente. Em algumas circunstâncias, entretan-
to, não tem havido resposta da cultura da cebola à adição de Zn ao solo
(CAMPBELL & GUSTA, 1965).

76
Segundo Kurtz & Ernani (2010) a adição de Zn ao solo aumenta line-
armente o teor do nutriente no solo extraído com HCl 0,1 mol L-1. Estes au-
tores observaram que para cada kg ha-1 de Zn adicionado, houve incremento
no Zn do solo de 0,37 e 0,56 mg kg-1, respectivamente nas safras 2006/07 e
2008/09. As tabelas oficiais de recomendação de adubação utilizadas nos
estados do RS e de SC mencionam que, a partir de 0,5 mg kg-1 de Zn no solo, é
baixa ou nula a possibilidade de resposta à aplicação desse nutriente aumen-
tar a produtividade das culturas (CQFS - RS/SC, 2016). Entretanto, mesmo
em solo que apresentava teor entre 2,2 e 3,2 mg kg-1 de Zn, a aplicação desse
nutriente incrementou o rendimento de bulbos de cebola (KURTZ & ERNANI,
2010). Isso pode ser explicado pela alta exigência da cebola por Zn e, tam-
bém, pelo seu pequeno sistema radicular, o que resulta na exploração de um
menor volume de solo em relação a outras culturas, requerendo, portanto,
maior concentração de Zn no solo.
Na safra 2010/11 foram conduzidos experimentos com Zn em três pro-
priedades de produtores de cebola em Santa Catarina nos municípios de Vidal
Ramos, Aurora e Atalanta. Das três áreas avaliadas, todas manejadas em siste-
ma convencional de manejo do solo, duas apresentaram resposta significativa
para rendimento pela adição de Zn via solo com incremento de 6 e 18 %, nas
áreas dos municípios de Atalanta e Vidal Ramos, respectivamente.

Zn via solo: Y = 26,66 + 1,94x - 0,3004x2* R2 = 0,90

30,0
26,7 26,0
25,9
l'II 25,0
.I:
W

~
'"0
~:J 20,0
.Q

s
t::
GI
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'1:1
15,0
t::
:!
10,0
0 1 2 Foliar 16x)
Zineo (kgha"]

Figura 38. Rendimento de bulbos de cebola em função da adição de doses crescen-


tes de Zn no solo e de 6 pulverizações foliares na concentração de 0,5 %. Média das
Safras 2006/07 e 2008/09 – Ituporanga, SC. Fonte: Adaptado de Kurtz & Ernani (2010).

77
6.9.4 Recomendação de zinco para a cebola

Aplicar 3 a 4 kg ha-1 via solo previamente ao plantio ou semeadura,


podendo ser adicionado a lanço (ou via pulverização) com incorporação ou
no sulco juntamente com a adubação contendo NPK. A adubação com Zn
possui efeito residual de pelo menos dois anos. Outra alternativa para o for-
necimento deste nutriente via solo é o uso de estercos e de outros fertilizan-
tes orgânicos.
Para suprir eventuais deficiências de zinco durante o desenvolvimen-
to das plantas pode-se aplicar via foliar o sulfato de zinco a 0,5 %, fazendo-se
de duas a quatro aplicações em intervalos de uma a duas semanas. A aplica-
ção de sulfato de zinco pode causar injúrias nas folhas quando o ambiente
estiver seco e quente, neste caso fazer a aplicação ao final da tarde.

6.10 Boro (B)

6.10.1 Função

É ativador enzimático e atua nos processos de absorção iônica, trans-


porte de carboidratos, síntese de lignina, celulose, ácidos nucleicos e prote-
ínas. Tem importante função na translocação de açúcares e no metabolismo
de carboidratos, no florescimento, no crescimento do tubo polínico, nos pro-
cessos de frutificação, no metabolismo do N e na atividade de hormônios.
Intervém na absorção e no metabolismo dos cátions, principalmente do Ca
(TRANI et al., 2014).
Em plantas deficientes, as folhas mais novas tornam-se mosqueadas,
enrugadas, retorcidas e podem apresentar anelamento de coloração clara.
Surge fendilhamento nas folhas mais velhas, que ficam quebradiças. Há a
paralisação do crescimento e morte das folhas a partir do ápice (Figura 39).
Bulbos tratados com B em pré-colheita apresentam incremento na
coloração, aumento da resistência das cascas e menor perda de massa du-
rante o armazenamento (FERREIRA & MINAMI, 2000).

78
Figura 39. À esquerda planta com sintomas de deficiência de B e ao lado (direita) la-
voura com perda de stand pela ocorrência de deficiência de B logo após o transplante

6.10.2 Absorção de boro pela cebola

O boro é absorvido pelas plantas, em geral, na forma de ácido bórico


não dissociado, H3BO3. Segundo Kurtz et al. (2016) o B foi o segundo mi-
cronutriente mais absorvido pela cebola com acúmulo de 884 µg planta-1,
equivalente a 221 g ha-1 (Figura 40A). Esse nutriente foi acumulado em maior
proporção nos bulbos com 71 % do total nesse órgão. As maiores demandas
também ocorreram na segunda metade do ciclo, no período de bulbificação
com o acúmulo de 89 % do total de B. As taxas máximas de acúmulo situa-
ram-se aos 95 DAT para parte aérea e aos 105 DAT para a alocação no bulbo,
respectivamente (Figuras 39B).
2
Y= 1090,75/ 1 + exp (-(x - 85,04)/ 16,71) R = 0,99 25 Planta toda
1000
Tx absorção de B (µg planta dia )

2
-1

Y= 321,47/ 1 + exp (-(x - 65,67)/ 12,69) R = 0,90 Parte aérea


2
900 Y= 763,78/ 1 + exp (-(x - 104,85)/ 9,35) R = 0,99
Conteúdo de B (µg planta-1)

Bulbo
20
-1

800
(A) (B)
700
600 15

500
400 10
300
200 5
100
0 0
0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126

Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura
Figura40.
40.Acúmulo
Acúmulo (A)
(A) ee taxa
taxa de
de absorção
absorção diária (B) de
diária (B) de B
B pela
pela cultura da cebola
cultura da cebola
(cultivar
(cultivar Bola
Bola Precoce)
Precoce). Fonte: Kurtz et al. (2016).
Fonte: Kurtz et al. (2016).

79
6.10.3 Resposta da cebola à adição de B

Em trabalho de pesquisa realizado por Kurtz & Ernani (2010) em Itu-


poranga, SC em solo Cambissolo Háplico, a aplicação de B, independente-
mente da dose e da forma aplicada (via solo ou por meio de pulverizações
foliares), não alterou a produtividade de bulbos de cebola (Tabela 10). Ou-
tros autores também não têm encontrado aumento de produtividade de ce-
bola pela aplicação de B (RAO & DESHPANDE, 1971; PEÑA et al., 1999). Rao
(1974), entretanto, verificou que a aplicação de 1,8 kg ha-1 de B combinada
com 13,4 kg ha-1 de Cu aumentou em 43 % o rendimento dos bulbos na Índia.
A ausência de resposta da cultura da cebola à aplicação de B no estudo rea-
lizado por Kurtz & Ernani (2010) pode ser explicada, em parte, pelos valores
relativamente altos de matéria orgânica no solo (38 g kg-1) e pelo manejo
adequado do solo em sistema de cultivo mínimo e rotação de culturas. Outro
fator que também pode ter contribuído para isso são os valores moderados
de pH do solo (5,6 a 5,9), que favorecem a permanência de B na sua solução.
Soprano & Silva (1996) avaliaram o efeito do pH de um solo catarinense na
produtividade de cebola em casa de vegetação e verificaram que as melho-
res produções foram obtidas entre pH 5,0 e 6,5; acima de pH 7,0, a produção
de matéria seca teve redução drástica e as plantas apresentaram sintomas
de deficiência de B, provavelmente devido à formação de boratos de cálcio
de baixa solubilidade.

Tabela 10. Produtividade de cebola em função da adição de doses crescen-


tes de B ao solo ou de seis pulverizações foliares com ácido bórico a 0,25 %
nas safras 2006/07, 2007/08 e 2008/09.
Safra Safra Safra
Tratamento
2006/07 2007/08 2008/09
--------------------------- t ha-1 ----------------------------
0 22,16 ns 19,32 ns 39,31 ns
1,11 22,78 17,44 38,56
2,2 22,70 18,57 38,35
4,4 22,43 19,64 37,42
Foliar 23,13 17,74 37,68
Média 22,64 18,54 38,26
(1)
Aplicado na forma de bórax e incorporado na camada de 0-10cm de profundidade.
ns
Não significativo (p ≥ 5 %). A comparação do tratamento foliar em relação aos
demais foi feita por análise de contrastes.
Fonte: Kurtz & Ernani (2010).
80
Por outro lado, em experimento realizado por Kurtz et al. (2001 –
dados não publicados), em um Cambissolo Háplico (Atalanta, SC) com baixo
teor de matéria orgânica (20 g kg-1) com manejo em sistema convencional,
verificou-se resposta significativa para rendimento de bulbos com a adição
de B, tanto via solo como via foliar para a cultura da cebola (Figura 41). Nesse
trabalho, o rendimento passou de 22,9 t ha-1 na testemunha para um máxi-
mo de 32,9 t ha-1, representando um incremento de 43,7 %, com a adição de
1,65 kg ha-1 de B usando como fonte o bórax. Já na realização de três pulve-
rizações foliares com bórax a 0,25 %, observou-se um incremento no rendi-
mento de 23,1 %, demonstrando que a adubação via solo é mais eficiente.
Adicionalmente, na safra 2010/11 foram conduzidos experimentos
com B em três propriedades de produtores de cebola de Santa Catarina nos
municípios de Vidal Ramos, Aurora e Atalanta. Das três áreas avaliadas, to-
das manejadas em sistema convencional de manejo do solo, duas apresen-
taram resposta significativa para rendimento pela adição de B via solo com
incremento de 8 e 23 %, nas áreas dos municípios de Atalanta e Vidal Ramos,
respectivamente.
Com base nos resultados obtidos, pode-se afirmar que em solos com
teores médios e altos de matéria orgânica (MO) e bem manejados com cul-
tivo mínimo ou plantio direto e rotação de culturas e com adição de adubos
orgânicos a possibilidade de resposta a adição de B é baixa. No entanto, em
solos intensivamente revolvidos em sistema de preparo convencional, com
MO baixa e quimicamente desequilibrados e na ausência de rotação de cul-
turas, há grande possibilidade de resposta pela adição de B, principalmente
via solo para a cultura da cebola.

81
B via solo Y = 23,11 + 9,91x - 2,257x2** R2 = 0,99
40,0

35,0

30,0

1.
~
25,0
~
lJ 20,0
iii
:::I
"g
.... 15,0
-g
0
~:::I 10,0

~ 5,0

0,0
0 0,83 1,65 3,3 Foliar (3x)
Doses de Bora (kg h.-il

Figura 41. Rendimento de bulbos de cebola em função da adição de doses crescen-


tes de B via solo e de 3 pulverizações foliares (bórax) em solo Cambissolo Háplico
com baixo teor de matéria orgânica - Safras 2000/01 – Ituporanga, SC
Fonte: Kurtz et al. (2001 - dados não publicados).

6.10.4 Recomendação de boro para a cebola

Para solos com teor baixo de matéria orgânica e intensivamente culti-


vados em sistema convencional, adicionar 1,5-2,0 kg ha-1 via solo previamen-
te ao plantio ou semeadura. A adição do B pode ser realizada a lanço (ou via
pulverização) com incorporação ou no sulco juntamente com a adubação
contendo NPK. Por possuir efeito residual baixo pode ser necessário aplicar
anualmente. Outra alternativa para o fornecimento desse nutriente via solo
é o uso de estercos e outros fertilizantes orgânicos.
Para suprir eventuais deficiências de boro durante o desenvolvimento
das plantas pode-se aplicar via foliar o ácido bórico ou bórax na concentra-
ção de 0,25 %, realizando-se de duas a quatro aplicações em intervalos de
uma a duas semanas.

82
6.11 Cobre (Cu)

6.11.1 Função

O cobre é um micronutriente que, embora seja absorvido em peque-


nas quantidades, possui várias funções vitais para as plantas. Este nutriente
é constituinte de diversas enzimas, como a oxidase do ascorbato, a citocro-
mo-oxidase, a plastocianina, a fenol-oxidase e a superóxido dismutase. O
cobre também atua em processos fisiológicos de grande importância para
o metabolismo das plantas, como fotossíntese, respiração, mecanismo de
resistência a doenças, efeito tônico, reprodução (formação e germinação do
grão de pólen), regulação hormonal, fixação de N e no metabolismo de com-
postos secundários (TRANI et al., 2014)
O cobre, por meio das enzimas polifenol-oxidase e ascorbato-oxida-
se, é responsável também pela formação de compostos fenólicos precurso-
res da lignina, responsáveis por tornar as paredes celulares mais resistentes.
Além disso, tais compostos são precursores de outras substâncias, como a
melanina e fitoalexinas, que apresentam grande importância na resistência
às doenças e na melhoria da firmeza das folhas e dos bulbos de cebola, con-
tribuindo para reduzir doenças e aumentar o período de armazenamento
(FERREIRA E MINAMI, 2000; KIRKBY & RÖMHELD, 2007).
Na carência desse nutriente, os principais sintomas de deficiência
são folhas de coloração amarelo-parda com necrose nas pontas. O bulbo
torna-se amarelo e fino, faltando solidez e firmeza pela menor lignificação e
redução no transporte de água e solutos (MENDES et al., 2008).

6.11.2 Absorção de Cu pela cebola

O cobre é absorvido pelas plantas, em geral, na forma iônica Cu2+. Con-


centrações elevadas de fósforo, molibdênio e zinco diminuem a absorção de
cobre, enquanto altas concentrações de cobre reduzem a absorção de ferro,
molibdênio e zinco. Segundo Kurtz et al. (2016), o Cu foi o nutriente menos
absorvido pela cebola com acúmulo de 136 µg planta-1, equivalente a 34 g ha-1
(Figura 42A). Esse nutriente foi acumulado em maior proporção nos bulbos
com 72 % do total nesse órgão. As maiores demandas também ocorreram na
segunda metade do ciclo, no período de bulbificação com o acúmulo 79 % do
total de Cu. As taxas máximas de acúmulo situaram-se aos 86 DAT para parte
aérea e aos 104 DAT para a alocação no bulbo, respectivamente (Figuras 42B).

83
200 2
Y= 163,28/ 1 + exp (-(x - 85,98)/ 20,23) R = 0,98 4 Planta toda

Tx absorção de Cu (µg planta dia )


-1
2
Y= 48,51/ 1 + exp (-(x - 49,76)/ 11,71) R = 0,88 Parte aérea
Conteúdo de Cu (µg planta-1)
2
Y= 132,23/ 1 + exp (-(x - 103,70)/ 13,02) R = 0,95
Bulbo

-1
150 3
(A) (B)

100 2

50 1

0 0
0 14 28 42 56 70 84 98 112 126 0 14 28 42 56 70 84 98 112 126

Dias após o transplante Dias após o transplante

Figura
Figura 42.
42. Acúmulo (A) ee taxa
Acúmulo (A) taxa de
de absorção
absorção diária
diária(B)
(B)de
deCu
Cu pela
pela cultura
culturada
dacebola
cebola
(cultivar Bola Precoce).
(cultivar Bola Precoce) Fonte: Kurtz et al. (2016).
Fonte: Kurtz et al. (2016).

6.11.3 Resposta da cebola à adição de cobre

Na cultura da cebola, a nutrição adequada com o cobre, principal-


mente no período de bulbificação, pode melhorar a qualidade dos bulbos
colhidos. Trabalhos de pesquisa têm demonstrado que o tratamento das la-
vouras com esse micronutriente intensifica a coloração dos bulbos, aumenta
a resistência da casca e reduz as perdas de peso durante o armazenamento
(FERREIRA E MINAMI, 2000). Já na década de 30, nos Estados Unidos, foi
evidenciada a importância das aplicações de sulfato de cobre na coloração
e qualidade dos bulbos de cebola (KNOTT, 1933). Da mesma forma, técnicos
que atuam com a cultura da cebola nas principais regiões produtoras do Bra-
sil (SC, SP, RS, BA e PE) relatam que a aplicação de cobre tem sido realizada
para aumentar a resistência a doenças e incrementar a coloração e a espes-
sura da casca dos bulbos. Nos catáfilos de cebola um dos principais compos-
tos fenólicos presentes são as quinonas, responsáveis pela intensificação da
coloração na casca de cebola do tipo amarela e vermelha, sendo a quantida-
de deste composto aumentada pela nutrição adequada com o cobre (FER-
REIRA E MINAMI, 2000). No entanto, tem-se verificado uma redução do uso
desse elemento, tanto com o objetivo de nutrição como de ação fungicida
nas lavouras de cebola no sul do Brasil.
Ferreira & Minami (2000), em trabalho de pesquisa realizado no es-
tado de São Paulo, verificaram que a aplicação em pré-colheita do cobre na
forma de oxicloreto de cobre, nas últimas semanas do ciclo, aumentou sig-

84
nificativamente a resistência da casca, reduziu a perda de peso dos bulbos,
incrementou a intensidade da cor e acentuou a coloração avermelhada dos
bulbos.
A ocorrência de deficiência do cobre não é muito comum em solos ma-
nejados adequadamente. A disponibilidade do cobre no solo para as plantas
pode ser baixa em condições de baixo teor do elemento no material de origem
do solo, alto pH, alto teor de matéria orgânica, excesso de N, P, Zn, K e Ca.
A demanda de cobre pelas plantas de cebola é maior durante a fase
de bulbificação. As taxas máximas de acúmulo de cobre para o cultivar Bola
Precoce foi observada aos 84 dias após o transplante (DAT) para a planta
toda e aos 104 DAT para o bulbo (KURTZ, 2015).

6.11.4 Recomendação de cobre para a cebola

O fornecimento de cobre às plantas pode ser realizado através de fer-


tilizantes aplicados ao solo em pré-plantio pelo uso de fórmulas de NPK +
Cu ou de produtos específicos como o sulfato de cobre (25 % Cu) e óxido de
cobre (75 % de Cu). Outra alternativa para o fornecimento desse nutriente
via solo é o uso de estercos, principalmente de suínos, que possui concen-
trações relativamente altas. Pode ser realizada também via foliar durante
as fases de crescimento vegetativo e bulbificação das plantas de cebola. A
aplicação via foliar pode ser realizada com o sulfato de cobre ou de outros
produtos comerciais quelatizados. Nas aplicações foliares usando sais como
o sulfato de cobre a concentração máxima na calda não deve ultrapassar de
0,3 %. Recomenda-se ainda a realização da aplicação no final da tarde para
evitar fitotoxidez e ocorrência de necrose nas folhas de cebola. Também
pode ser fornecido de uma forma indireta com o uso do oxicloreto de cobre
e outros produtos cúpricos, com ação fungicida usados de forma preventiva
no controle de alguns agentes patogênicos da cebola.

6.12 Molibdênio (Mo)

O molibdênio atua como catalizador de reações de oxirredução em


mais de 60 enzimas presentes nas células vegetais. Este micronutriente tem
um importante papel no metabolismo do nitrogênio nas plantas, onde par-
ticipa, por exemplo, no processo de redução do NO3- para NO2 ativando a
enzima redutase do nitrato. Em plantas adultas de cebola deficientes em Mo
85
ocorre a morte das extremidades (pontas) das folhas e abaixo delas apare-
cem partes flácidas ou murchas, enquanto a parte basal ainda permanece
verde (TRANI et al., 2014).
O molibdênio é absorvido pelas plantas na forma MoO42- quando o
pH do meio é maior ou igual a 5 e como HMoO4-, em valores menores de pH.
O molibdênio é necessário em pequenas quantidades, cerca de 100 g
de Mo por hectare para proporcionar boas produções de hortaliças em geral.
Embora não seja comprovado o surgimento de deficiência de Mo
e/ou resposta à adição desse nutriente no Brasil, em algumas situações
durante o desenvolvimento da cultura, principalmente após as adubações
nitrogenadas, pode ser benéfica a aplicação de Mo. Para o fornecimento
de Mo pode ser realizado aplicação via foliar usando como fonte o molib-
dato de sódio ou molibdato de amônio na concentração de 0,05 % (0,5 g
por litro de água).

7 Matéria orgânica do solo

A matéria orgânica do solo (MOS) é a soma de todas as substâncias


que contêm carbono orgânico (SCHNITZER, 1991). Nesse sentido, a MOS é
composta por resíduos de animais e de plantas em fase de decomposição
(POTAFOS, 1998) e, portanto, as raízes vivas não são consideradas como
constituintes da MOS (PRIMAVESI, 2002).
Em solos agrícolas o teor de matéria orgânica pode variar de 1 a 5 %
na camada superficial (SCHNITZER, 1991). Apesar da MOS representar uma
pequena fração do solo ela é extremamente importante em sistemas de pro-
dução agrícola pela sua influência nas propriedades químicas, físicas e bioló-
gicas do solo (SILVA et al., 2012). Assim, vários processos do solo são influen-
ciados pela matéria orgânica (FURTINI NETO et al., 2001; POTAFOS, 1998;
SILVA et al., 2012), tais como: mineralização e liberação lenta de nutrientes;
quelação de micronutrientes e cátions tóxicos como o Al3+; aumento da ca-
pacidade de troca de cátions; estruturação do solo (agregação, aeração e
infiltração de água); aumento da capacidade de retenção de água; aumento
do poder tampão; fonte de energia e de nutrientes para as atividades micro-
biológicas (decomposição e mineralização) e desenvolvimento de plantas.
O teor de matéria orgânica no solo é determinado pelo equilíbrio en-
tre as taxas de adição (deposição de carbono) e de perdas de carbono (BRA-
DY & WEIL, 2013; FURTINI NETO et al., 2001; SILVA et al., 2012). Consequen-
86
temente, para interromper ou reverter as perdas de carbono, os sistemas
de produção agrícola devem adotar práticas de manejo que visem à adição
ou à diminuição das perdas de carbono do solo (BRADY & WEIL, 2013). Com
o intuito de preservar a MOS, várias técnicas de manejo podem ser combi-
nadas nos sistemas de produção, entre as quais se podem citar (BRADY &
WEIL, 2013; POTAFOS, 1998): a conservação do solo e da água; a adubação
verde; a adubação orgânica (resíduos e compostos orgânicos); a rotação e a
consorciação de culturas; o aumento da produtividade das plantas; o retor-
no de resíduos de culturas ao solo e a preservação de coberturas mortas em
superfície.

8 Adubação orgânica

A adubação orgânica é feita com resíduos orgânicos, na forma sólida


in natura ou após sofrer processo de compostagem ou na forma líquida, per-
mitindo a reciclagem de nutrientes e a redução do uso de fertilizantes mine-
rais. Os resíduos orgânicos são originados das diversas atividades humanas
e podem ser de origem animal, vegetal, urbana, agroindustrial ou industrial
(SHARMA et al., 1997; SILVA, 2008). As misturas e os usos de camas em es-
tercos, a espécie vegetal e o sistema de manejo da biomassa produzida e o
grau de compostagem dos materiais utilizados são todos fatores ligados à
origem ou aos processos de produção e exercem influência sobre a composi-
ção química e as doses de resíduos aplicadas nas lavouras (ABAD et al., 2002;
ABREU-JÚNIOR et al., 2005; SILVA, 2008).
A disposição segura de resíduos orgânicos na agricultura requer sua
adequada caracterização para que seja analisado seu potencial de uso agrí-
cola (SILVA, 2008). No entanto, a caracterização é apenas uma etapa no uso
de resíduos orgânicos, pois é necessário considerar a legislação vigente, o
monitoramento contínuo da aplicação desses materiais e avaliar os efeitos
dos resíduos aplicados no ambiente, na produção das culturas e no produ-
to colhido (HIGASHIKAWA et al., 2010). Em relação aos resíduos orgânicos,
além de seguir critérios técnicos, deve-se utilizar materiais disponíveis local
ou regionalmente, pois o transporte pode ser uma limitação econômica (HI-
GASHIKAWA & KURTZ, 2016).
O desbalanço e a variabilidade de nutrientes em relação às exigências
das plantas (WESTERMAN & BICUDO, 2005), bem como de outros atributos,
sejam de ordem química ou física, podem ser limitantes para o uso agrícola
87
de resíduos orgânicos e de seus compostos para a adubação orgânica. Essas
variações na composição devem ser consideradas para o manejo da aduba-
ção orgânica.
Em relação à adubação orgânica o maior desafio é conhecer o sin-
cronismo entre a taxa de liberação de nutrientes dos resíduos orgânicos e a
demanda da cebola considerando que para cada tipo de resíduo e para cada
tipo de cultivar de cebola há especificidade. No caso dos estercos a minerali-
zação é influenciada pela temperatura, pela umidade do solo, pelas proprie-
dades do solo, pelas características do esterco e pela atividade microbiana
(EGHBALL et al., 2002).
Na literatura há poucos estudos sobre a adubação orgânica em cultivo
de cebola. Vidigal et al. (2010b) avaliaram o efeito de cinco doses de esterco
sólido de suíno (0, 10, 20, 30 e 60 t ha-1) na produtividade da cebola cv. CNPH
6400 em sistema orgânico de produção. Os autores verificaram que a dose
de 43 t ha-1 proporcionou a produtividade máxima de bulbos comerciais de
60t ha-1 e com estado nutricional satisfatório para o cultivar de cebola ava-
liada. Santos et al. (2012) avaliaram o efeito de diferentes coberturas mortas
(bambu – Bambuza sp; gliricídia – Gliricidia sepium) e ausência de cobertu-
ra morta associadas a doses de torta de mamona (0, 100, 200 e 300 g m-2)
aplicadas em cobertura na produção de cebola cv. Alfa Tropical cultivado em
canteiros com adubação de base de 10 t ha-1 de esterco bovino curtido. Os
autores não encontraram efeitos das doses e nem interação entre as cober-
turas mortas com a adubação com torta de mamona. No entanto, a ausência
de cobertura morta reduziu drasticamente a produção de cebola que foi de
apenas 13 t ha-1 em comparação às produções obtidas com as coberturas
com palha de bambu (26 t ha-1) e com palha de gliricídia (25 t ha-1). Menezes
Júnior et al. (2014) avaliaram a produtividade da cebola cv. Empasc 352 Bola
Precoce cultivado no sistema convencional e orgânico com biofertilizantes à
base de dejeto líquido de bovino (concentrações de 3, 5 e 10 %). Os autores
obtiveram uma produtividade de 31 t ha-1 no cultivo em sistema convencio-
nal, enquanto a produtividade máxima alcançada pelos tratamentos orgâni-
cos foi de 20 t ha-1. Com base nos dados obtidos, os autores concluíram que a
adubação orgânica, por meio de pulverizações de biofertilizantes, não aten-
deu as exigências nutricionais requeridas para o pleno desenvolvimento da
cebola. Higashikawa & Menezes Júnior (2017) compararam as produtivida-
des da cebola cv. Empasc 352 Bola Precoce em função da adubação orgânica
com esterco de aves granulado ou com adubação mineral com nitrato de
88
amônio. As doses de esterco de aves foram calculadas para atender a mes-
ma quantidade de nitrogênio fornecido pelo fertilizante mineral. Os autores
parcelaram as adubações orgânicas com esterco de aves, da mesma forma
como foi feito para o nitrato de amônio, para reduzir as perdas de nitrogênio.
Após as aplicações em cobertura foram realizadas irrigações para acelerar
a mineralização e a disponibilidade de nutrientes do esterco de aves para a
cebola. Com esse manejo, as produtividades obtidas no estudo variaram de
26,5 a 31 t ha-1 e não diferiram estatisticamente. Pelos resultados obtidos
nesse estudo é possível inferir que, independente de a fonte ser orgânica
ou mineral, a produtividade alcançada pode ser semelhante. No entanto, a
vantagem da adubação orgânica, como observado pelos autores, é a melho-
ria da fertilidade do solo em função do efeito residual do resíduo orgânico
no solo. Consequentemente, a adubação orgânica permite a reciclagem de
nutrientes e a redução de fertilizantes minerais para os cultivos posteriores.
Todavia, é necessário monitorar anualmente o solo se a adubação orgânica
for frequente, para que se possam ajustar as doses de acordo com a disponi-
bilidade de nutrientes do solo e a exigência da planta.

9 Adubação verde e rotação de culturas

A prática da adubação verde, quando não proporciona ganhos em


curto espaço de tempo, promove outras vantagens relacionadas ao manejo
do sistema de produção (GUERRA et al., 2014), como: deposição de matéria
orgânica, proteção física do solo contra erosão, redução e controle das popu-
lações de plantas daninhas, fornecimento de abrigo contra pragas e inimigos
naturais, além de auxiliar no controle de doenças do solo. Adicionalmente,
o uso de adubo verde no sistema de produção permite o uso eficiente da
umidade do solo, o que reduz consequentemente a necessidade de irrigação
(CALEGARI et al., 2014). A adoção de rotação de culturas com utilização de
adubação verde contribui para manter a matéria orgânica do solo, auxilia na
conservação do solo e apresenta as seguintes vantagens (CFSEMG, 1999):
melhora da fertilidade do solo; diversificação de culturas; melhora da aera-
ção do solo, manutenção da umidade e da estabilidade da temperatura do
solo; reciclagem de nutrientes das camadas subsuperficiais para as super-
ficiais quando se utiliza espécies com raízes pivotantes e profundas. Além
disso, o efeito da cobertura do solo pelas plantas reduz a erosão provocada
pela chuva e pelo vento, diminui a velocidade de escoamento da água na
89
superfície, contribuindo para que as raízes dessas plantas promovam o au-
mento da taxa de infiltração e a retenção de água do solo (BERTONI & LOM-
BARDI NETO, 2014), como também proporciona a descompactação dos solos
(FILGUEIRA, 2008).
Resultados de pesquisa têm demonstrado efeito positivo do uso
de plantas de cobertura do solo em sistemas de rotação de culturas para
o cultivo de cebola no sistema de plantio direto, comparados ao cultivo
em sucessão de culturas como de cebola/milho e ao manejo convencional
do solo. De maneira geral, os resultados indicam que a adoção do
sistema de plantio direto com rotação de plantas de cobertura e culturas
comerciais, independentemente das espécies usadas, apresenta melhoria
nas propriedades físicas e químicas do solo, menor infestação de plantas
espontâneas e aumento na produtividade de bulbos de cebola (CAMARGO,
2011; SOUZA et al., 2013). Para o cultivo de primavera/verão as espécies
avaliadas e indicadas para adubação verde ou cobertura do solo para o
sistema de plantio direto para o cultivo de cebola são o milheto (Pennisetum
glaucum), a mucuna (Stizolobium spp), o girassol (Helianthus annus), a
crotalária (Crotalaria spp) e o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis). Já para
o cultivo de outono/inverno as espécies indicadas são aveia preta (Avena
strigosa), centeio (Secale cereale), nabo forrageiro (Raphanus sativus) e
cevada (Hordeum vulgare L.). Também é indicado com vantagens em relação
ao cultivo solteiro o uso de “coquetéis” das plantas citadas anteriormente,
como milheto/mucuna/girassol, nabo forrageiro/centeio, nabo forrageiro/
aveia. Para a implementação da adubação verde de inverno no cultivo de
cebola, as plantas (solteiras ou consorciadas) e as quantidades de sementes
comumente utilizadas são as seguintes: aveia preta (120 kg ha-1); centeio (120
kg ha-1); cevada (120 kg ha-1); nabo-forrageiro (20 kg ha-1); nabo forrageiro (10
kg ha-1) + centeio (60 kg ha-1); nabo forrageiro (10 kg ha-1) + aveia preta (60
kg ha-1); e nabo forrageiro (10 kg ha-1) + cevada (60 kg ha-1) (LOSS et al., 2015,
2017; OLIVEIRA et al., 2016; SANTOS et al., 2017; SOUZA et al., 2013). Em
relação ao adubo verde de verão é utilizado o consórcio entre mucuna (40
kg ha-1) e milheto (30 kg ha-1) (MENEZES JÚNIOR et al., 2014). Recomenda-se
fazer um teste de germinação antes do plantio das plantas de cobertura para
garantir a densidade de plantio desejada.
Apesar dos vários benefícios proporcionados pela adubação verde, o
grande desafio nos sistemas de produção de hortaliças é a adoção de forma
habitual dessa prática por parte dos agricultores (GUERRA et al., 2014).
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