Indicações Técnica Soja 2012

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ISSN 1516-5582

Setembro, 2012

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


Centro Nacional de Pesquisa de Trigo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Documentos 107
Indicações Técnicas para a
Cultura da Soja no Rio Grande
do Sul e em Santa Catarina,
safras 2012/2013 e 2013/2014
39ª Reunião de Pesquisa da Soja da Região Sul

24 a 26 de julho de 2012
Passo Fundo, RS

Realização: Embrapa Trigo e Apassul

Organizadores
Leila Maria Costamilan
Mercedes Concórdia Carrão-Panizzi
Mércio Luiz Strieder
Paulo Fernando Bertagnolli

Passo Fundo, RS
2012
Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:
Embrapa Trigo
Rodovia BR 285, km 294 - Caixa Postal 451
99001-970 Passo Fundo, RS
Telefone: (54) 3316-5800 Fax: (54) 3316-5802
www.cnpt.embrapa.br
E-mail: [email protected]

Comitê de Publicações da Unidade


Anderson Santi, Douglas Lau, Flávio Martins Santana, Gisele Abigail M.
Torres, Joseani Mesquita Antunes, Maria Regina Cunha Martins, Martha
Zavariz de Miranda, Sandra Maria Mansur Scagliusi (Presidente), Renato
Serena Fontaneli

Editoração eletrônica: Vera Rosendo


Ilustração da capa: Fátima de Marchi
Foto: Paulo F. Bertagnolli
Ficha catalográfica: Maria Regina Martins

1ª edição
1ª impressão (2012): 2500 exemplares

Todos os direitos reservados.


A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul (39. : 2012 : Passo


Fundo, RS).
Indicações técnicas para a cultura da soja no Rio Grande do Sul e
em Santa Catarina, safras 2012/2013 e 2013/2014. / XXXIX Reunião de
Pesquisa de Soja da Região Sul ; organizada por Leila Maria Costamilan
[et al.]. – Passo Fundo : Embrapa Trigo, 2012.
142 p. ; 21 cm. - (Documentos / Embrapa Trigo, ISSN 1516-5582 ; 107).
Realização da Embrapa Trigo e Apassul.

1. Soja - Brasil - Rio Grande do Sul. 2. Soja - Brasil - Santa Catarina.


I. Costamilan, L. M., org. II. Carrão-Panizzi, M. C., org. III. Strieder, M.
L., org. IV. Bertagnolli, P. F., org. V. Título. VI. Série.
CDD: 633.340816

© Embrapa Trigo – 2012


Organizadores

Leila Maria Costamilan


Engenheira Agrônoma, M.S.
Pesquisadora da Embrapa Trigo
Rodovia BR 285, km 294
Caixa Postal 451
99001-970 Passo Fundo, RS
E-mail: [email protected]

Mercedes Concórdia Carrão-Panizzi


Engenheira Agrônoma, Dra.
Pesquisadora da Embrapa Trigo
Rodovia BR 285, km 294
Caixa Postal 451
99001-970 Passo Fundo, RS
E-mail: [email protected]

Mércio Luiz Strieder


Engenheiro Agrônomo, Dr.
Pesquisador da Embrapa Trigo
Rodovia BR 285, km 294
Caixa Postal 451
99001-970 Passo Fundo, RS
E-mail: [email protected]

Paulo Fernando Bertagnolli


Engenheiro Agrônomo, Dr.
Pesquisador da Embrapa Trigo
Rodovia BR 285, km 294
Caixa Postal 451
99001-970 Passo Fundo, RS
E-mail: [email protected]
Organização
Embrapa Trigo e Apassul

Comissão Técnica
Denilson Focking
Fátima Maria de Marchi
Leila Maria Costamilan (Coordenadora)
Liliane Tagliari
Lisandra Lunardi
Luiz Henrique Magnante
Márcia Barrocas Moreira Pimentel
Marialba Osorski dos Santos
Mercedes Concórdia Carrão-Panizzi
Mércio Luiz Strieder (Secretário)
Neori Damini
Paulo Fernando Bertagnolli
Paulo Odilon Ceratti Kurtz
Raul Alves dos Santos
Rosana de Fátima Vieira Lopes
Silvana Buriol

ENTIDADES CREDENCIADAS PARTICIPANTES


• CCGL TECNOLOGIA
• Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola - COODETEC
• EMATER/RS - ASCAR
• Embrapa Clima Temperado
• Embrapa Soja
• Embrapa Trigo
• Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - Fepagro
• Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Alerta
As entidades participantes da XXXIX Reunião de Pesquisa de
Soja da Região Sul eximem-se de qualquer garantia, seja expressa ou
implícita, quanto ao uso destas informações técnicas. Destacam que
não assumem responsabilidade por perdas ou danos, incluindo-se,
mas não se limitando a, tempo e dinheiro, decorrentes do emprego das
mesmas, uma vez que muitas causas não controladas, em agricultura,
podem influenciar o desempenho das tecnologias indicadas.
Sumário

1. Manejo e Conservação do Solo........................................... .....7


2. Adubação e Calagem........................................................... ...17
3. Cultivares............................................................................. ...35
4. Manejo da Cultura................................................................ ...51
5. Sistema de Produção de Grãos........................................... ...63
6. Manejo Integrado de Plantas Daninhas............................... ...67
7. Manejo Integrado de Doenças............................................. .103
8. Manejo Integrado de Pragas................................................ .121
9. Colheita................................................................................ .135
Capítulo 1
MANEJO E CONSERVAÇÃO DE SOLO

1.1 Introdução
O preparo de solo, mediante uso excessivo de arações
e/ou gradagens superficiais e continuamente na mesma
profundidade, provoca desestruturação da camada arável
e formação de duas camadas distintas: a superficial
pulverizada e a subsuperficial compactada. Essas
transformações reduzem a taxa de infiltração de água no
solo e prejudicam o desenvolvimento radicular das plantas,
resultando, respectivamente, em perdas de solo e de
nutrientes por erosão e em redução do potencial produtivo
da lavoura. Esses aspectos, associados à pouca cobertura
do solo, às chuvas de elevada intensidade, ao uso de
áreas inaptas para culturas anuais e à adoção de sistemas
de terraços e de semeadura em contorno como práticas
isoladas de conservação do solo, são os principais fatores
causadores do processo de erosão e de degradação dos
solos da região Sul do Brasil.

1.2 Plantio Direto e Sistema Plantio Direto


Sistemas de manejo de solo compatíveis com as
características de clima, de planta e de solo da região Sul
do Brasil são imprescindíveis para interromper o processo
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de degradação do solo e, consequentemente, manter a
atividade agrícola competitiva. Nesse contexto, há que se
distinguir “plantio direto” ou “semeadura direta” de “sistema
plantio direto”.

“Plantio direto” ou “semeadura direta” representa,


simplesmente, o ato de depositar sementes, plantas ou
partes de plantas no solo, na ausência de sua mobilização
intensa com aração, escarificação e/ou gradagem, e
manutenção dos resíduos culturais na superfície do solo.
Conceitualmente, plantio direto ou semeadura direta
não assegura diversificação de espécies, cobertura
permanente de solo e nem aporte de material orgânico
ao solo em quantidade, qualidade e frequência requeridas
pela demanda biológica do solo. Portanto, plantio direto
ou semeadura direta engloba apenas dois princípios da
agricultura conservacionista: a redução ou supressão da
mobilização intensa de solo e a manutenção dos resíduos
culturais na superfície do solo. Para as condições de
solo e clima da região Sul do Brasil, esses princípios
são insuficientes para promover conservacionismo em
lavouras anuais produtoras de grãos. Nessa região, é
necessário discernimento para eleger um conjunto de
princípios preconizados pela agricultura conservacionista
mais abrangente e mais eficaz do que simplesmente
o abandono da mobilização de solo e a manutenção de
resíduos culturais na superfície do solo.

“Sistema plantio direto”, por sua vez, é um termo


genuinamente brasileiro, criado em meados dos anos 1980,
em razão da percepção de que a viabilidade do plantio direto
ou da semeadura direta, de modo ininterrupto ao longo do
tempo na região Sul do Brasil, requeria um conjunto de

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tecnologias ou de princípios da agricultura conservacionista
mais amplo do que simplesmente a redução ou supressão
da mobilização do solo e a manutenção dos resíduos
culturais na superfície do solo. O plantio direto ou a
semeadura direta necessitava ser entendido e praticado
como “sistema de manejo” e não como “simples método
de preparo reduzido do solo”. Assim, sistema plantio direto
passou a ser conceituado como complexo de práticas
conservacionistas destinadas à exploração de sistemas
agrícolas produtivos, compreendendo: mobilização de
solo apenas na linha ou cova de semeadura ou de plantio,
manutenção de resíduos culturais na superfície do solo, e
diversificação de sistemas produtivos e/ou de espécies em
determinado sistema produtivo, via rotação, sucessão e/ou
consorciação de culturas.

No início dos anos 2000, o conceito de sistema plantio


direto foi ampliado, passando a incorporar a prática
conservacionista denominada colher-semear, que
corresponde à redução ou supressão do intervalo de tempo
entre a colheita e a semeadura subsequente. O processo
colher-semear constitui prática relevante para aumento do
número de safras por ano agrícola e para ampliação da
diversidade de espécies cultivadas, promovendo cobertura
permanente de solo e adição de material orgânico em
quantidade, qualidade e frequência compatíveis com a
demanda do solo. O processo colher-semear pode ser
avaliado como prática primordial, tanto para a manutenção
quanto para a restauração ou recuperação da fertilidade
do solo.

A adoção do sistema plantio direto, fundamentada nesse


conceito, objetiva expressar o potencial genético das

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espécies cultivadas mediante maximização do fator
ambiente e do fator solo, sem, contudo, degradá-los.

A consolidação do sistema plantio direto, entretanto, está


essencialmente alicerçada na diversificação de culturas
orientada ao incremento da rentabilidade, à promoção da
cobertura permanente de solo, à geração de benefícios
fitossanitários e à ciclagem de nutrientes. A interação
da diversificação de culturas, abandono da mobilização
de solo e manutenção permanente da cobertura de solo
assegura a evolução paulatina da melhoria biológica, física
e química do solo.

O plantio direto constitui, atualmente, a modalidade de


agricultura conservacionista de maior adoção na região Sul
do país. A transformação do plantio direto ou semeadura
direta em sistema plantio direto e sua manutenção
requerem implementação de ações integradas, entre as
quais as descritas a seguir:

1.2.1 Sistematização da lavoura


Sulcos e depressões no terreno, decorrentes do processo
erosivo, concentram enxurrada, provocam transtornos ao
livre tráfego de máquinas na lavoura, promovem focos de
infestação de plantas daninhas e constituem manchas de
menor fertilidade de solo em relação ao restante da área.
Assim, por ocasião da adoção do sistema plantio direto,
inclusive a partir da transformação de plantio direto ou
semeadura direta em sistema plantio direto, indica-se
eliminar esses obstáculos, mediante uso de plainas ou
de motoniveladoras ou mesmo de escarificação, e até
mesmo aração, seguida por gradagem. A execução dessas

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práticas objetiva evitar a mobilização do solo após adoção
e consolidação do sistema plantio direto.

1.2.2 Correção da acidez e da fertilidade de solo


Em solos com elevada acidez e com baixos teores de
fósforo (P) e de potássio (K), a aplicação de calcário e de
fertilizantes e sua incorporação, na camada de 0 a 20 cm
de profundidade, é fundamental para viabilizar o sistema
plantio direto nos primeiros anos, período em que a re-
estruturação do solo ainda não manifestou seus efeitos
benéficos. Para essa operação, faz-se uso das indicações
da Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solo e de
Tecido Vegetal dos Estados do Rio Grande do Sul e de
Santa Catarina - ROLAS.

1.2.3 Descompactação de solo


As propriedades de solos compactados são: baixa taxa
de infiltração de água, ocorrência frequente de enxurrada,
raízes deformadas, estrutura degradada e elevada
resistência do solo à penetração e/ou às operações de
preparo. Em consequência, sintomas de deficiência de
água nas plantas podem ser evidenciados mesmo em
situações de breve estiagem. Constatada a existência de
compactação de solo, indica-se abrir pequenas trincheiras
(30 cm de lado por 50 cm de profundidade), em vários
pontos da lavoura, visando a detectar os limites superior
e inferior da camada compactada através do aspecto
morfológico da estrutura do solo, da forma e da distribuição
do sistema radicular das plantas e/ou da resistência ao
toque com instrumento pontiagudo.

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Normalmente, o limite inferior da camada compactada não
ultrapassa 25 cm de profundidade. Para descompactar o
solo, indica-se usar implementos de escarificação contendo
hastes com ponteiras estreitas (não superior a 8 cm de
largura), reguladas para operar imediatamente abaixo
da camada compactada. O espaçamento entre hastes
deve ser de 1,2 a 1,3 vezes a profundidade de trabalho. A
descompactação deve ser realizada em condições de solo
com baixa umidade e transversalmente ao plano de declive
do terreno.

Os efeitos benéficos dessa prática dependem do manejo


adotado após a descompactação. Em sequência às
operações de descompactação do solo, é indicada a
semeadura de culturas de elevada produção de fitomassa
aérea e de abundante sistema radicular. Em geral,
mantendo-se elevado padrão de produção de fitomassa e
controlando-se o tráfego de máquinas na lavoura, é provável
que não haja necessidade de novas escarificações.

1.2.4 Planejamento do sistema de rotação de culturas


O tipo e a frequência das espécies contempladas no
planejamento de sistema de rotação de culturas devem
atender tanto aos aspectos técnicos, que objetivam a
conservação do solo, quanto aos aspectos econômicos
e comerciais compatíveis com os sistemas de produção
praticados regionalmente.

A sequência de espécies a ser cultivada em determinada


área deve considerar, além do potencial de rentabilidade,
a suscetibilidade de cada cultura à infestação de pragas,
de plantas daninhas e de doenças, a disponibilidade de

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equipamentos para seu manejo e de seus restos culturais
e o histórico e o estado atual da lavoura, considerando os
aspectos de fertilidade do solo e de exigência nutricional
das plantas.

O arranjo das espécies no tempo e no espaço deve ser


orientado para a diversificação de cultivares, a fim de
possibilitar o escalonamento da semeadura e da colheita.

No sul do Brasil, um dos sistemas de rotação de culturas


compatíveis com a produção de soja, para um período
de três anos, envolve a seguinte sequência de espécies:
aveia/soja, trigo/soja e ervilhaca/milho.

1.2.5 Manejo de restos culturais


Na colheita de grãos das culturas que precedem a
semeadura de soja, é importante que os restos culturais
sejam distribuídos numa faixa equivalente à largura da
plataforma de corte da colhedora, independentemente de
serem ou não triturados.

1.3 Manejo de enxurrada em sistema plantio direto


A cobertura permanente do solo e os reflexos positivos na
sua estruturação, a partir da adoção do sistema plantio
direto, têm sido insuficientes para disciplinar os fluxos de
matéria e de energia gerados pelo ciclo hidrológico em
escala de lavoura e, consequentemente, não constituem
meios plenamente eficazes para controle da erosão hídrica.

Embora no sistema plantio direto a cobertura de solo


exerça função primordial na dissipação da energia erosiva

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 13


da chuva, há limites críticos de comprimento do declive
em que essa eficiência é superada, desencadeando
o processo de erosão hídrica. Assim, mantendo-se
constantes todos os fatores relacionados à erosão hídrica e
incrementando-se apenas o comprimento do declive, tanto
a quantidade quanto a velocidade da enxurrada produzida
por determinada chuva irão aumentar, elevando o risco de
erosão.

A cobertura de solo apresenta potencial para dissipar, em


até 100%, a energia erosiva da gota de chuva, mas não
manifesta essa mesma eficiência para dissipar a energia
erosiva da enxurrada. A partir de determinado comprimento
de declive, o potencial de dissipação de energia erosiva
da cobertura de solo é superado, o que permite a
flutuação e o transporte de restos culturais, bem como o
desencadeamento do processo erosivo sob a cobertura
vegetal. Nesse contexto, toda prática conservacionista
capaz de manter o comprimento do declive dentro de
limites que mantenham a eficiência da cobertura vegetal de
solo na dissipação da energia erosiva incidente contribuirá,
automaticamente, para minimizar o processo de erosão
hídrica. Semeadura em contorno, terraços, taipas de pedra,
faixas de retenção, canais divergentes, culturas em faixa,
entre outros procedimentos, são práticas conservacionistas
eficientes para segmentação do comprimento do declive
e, comprovadamente, constituem técnicas associadas à
cobertura de solo para controle efetivo da erosão. Portanto,
para o efetivo controle do processo de erosão hídrica, é
fundamental dissipar a energia erosiva do impacto da gota
de chuva e do cisalhamento da enxurrada, mediante a
manutenção do solo permanentemente coberto e redução
da quantidade e da velocidade do escoamento superficial.

14 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


A implementação de práticas conservacionistas, em adição
à cobertura vegetal de solo para o efetivo controle da
erosão hídrica, pode fundamentar-se na observância do
ponto de falha (ineficácia) dos resíduos culturais. Essa
constatação indicará o comprimento crítico da pendente,
isto é, o máximo espaçamento horizontal permitido entre
terraços.

1.3.1 Terraceamento
Terraço é uma estrutura hidráulica conservacionista,
composta por um camalhão e um canal, construído
transversalmente ao plano de declive do terreno. Essa
estrutura constitui-se em barreira ao livre fluxo da
enxurrada, disciplinando-a mediante promoção da taxa de
infiltração no canal do terraço (terraço de absorção), ou da
condução para fora da lavoura (terraço de drenagem). O
objetivo fundamental do terraceamento é reduzir os riscos
de erosão hídrica e proteger os mananciais hídricos.

A determinação do espaçamento entre terraços está


intimamente vinculada ao tipo de solo, à declividade do
terreno, ao regime pluvial, ao manejo de solo e de culturas
e à modalidade de exploração agrícola.

Experiências têm demonstrado que o critério comprimento


crítico da pendente nem sempre é adequado para o
estabelecimento do espaçamento entre essas estruturas
conservacionistas. Isso se justifica pelo fato de que
a secção máxima do canal do terraço de base larga,
economicamente viável e tecnicamente possível de ser
construída, é de, aproximadamente, 1,5 m2, área que poderá
mostrar-se insuficiente. Do exposto, infere-se que a falha
de resíduos culturais na superfície do solo constitui apenas
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 15
um indicador prático para constatar a presença de erosão
hídrica e identificar a necessidade de implementação de
tecnologia-solução. Por sua vez, o dimensionamento da
prática conservacionista a ser estabelecida demanda o
emprego de método específico, embasado no volume
máximo esperado de enxurrada.

1.4 Preparo do solo


Na impossibilidade de adoção do sistema plantio direto, a
melhor opção para condicionar o solo para a semeadura
de soja é o preparo mínimo, empregando implementos de
escarificação do solo. Nesse caso, o objetivo é reduzir o
número de operações e não a profundidade de trabalho dos
implementos. As vantagens desse sistema são: aumento
da rugosidade do terreno, proteção da superfície do solo
com restos culturais, elevado rendimento operacional de
máquinas e menor consumo de combustível.

16 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Capítulo 2
ADUBAÇÃO E CALAGEM

2.1 Introdução
As informações sobre adubação e calagem baseiam-se no
“Manual de adubação e de calagem para os Estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina” (MANUAL..., 2004).
Em adição, são apresentadas orientações específicas
quanto à adubação e calagem para a cultura de soja.

2.2 Amostragem de solo


Há três aspectos básicos no plano de amostragem de solo:
definição de áreas uniformes para fins de amostragem
e de manejo da lavoura, número de subamostras a
coletar em cada área e profundidade de amostragem.
As características locais da área, como topografia, cor
e profundidade do solo, uso anterior da área, manejo da
fertilidade do solo, incluindo tipo, quantidade de adubos e de
corretivos aplicados, entre outros, determinarão o número
de áreas a serem separadamente amostradas e o número
de subamostras a coletar nestas áreas. O tipo de manejo
de solo adotado na área, como preparo convencional ou
plantio direto, determinará a profundidade de amostragem
do solo.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 17


A coleta de amostra de solo pode ser realizada com pá de
corte ou trado, procurando-se evitar a perda da camada
superficial do solo. Em lavouras em que a última adubação
foi feita na linha de semeadura, a coleta com pá de corte, de
uma fatia contínua de 3 a 5 cm de espessura, de entrelinha
a entrelinha, é ideal, mas pode ser substituída pela coleta
com trado calador numa linha transversal às linhas de
semeadura. Nesse caso, a coleta deve ser realizada da
seguinte forma: a) coletar um ponto no centro da linha e um
ponto de cada lado, se a cultura precedente for espaçada
de 15 a 20 cm; b) coletar um ponto no centro da linha e três
pontos de cada lado, se a cultura precedente for espaçada
de 40 a 50 cm; e c) coletar um ponto no centro da linha
e seis pontos de cada lado, se a cultura precedente for
espaçada em mais de 50 cm. Outra opção mais simples
é coletar o solo somente na entrelinha da última cultura
ou da cultura em desenvolvimento. Neste caso, deve ser
levado em conta que o teor dos nutrientes no solo pode ser
levemente subestimado em razão de a amostra não incluir
o resíduo do fertilizante aplicado na linha de semeadura da
cultura anterior. É um procedimento válido para comparar
resultados de análise de uma mesma gleba ao longo dos
anos e evita a inclusão de algum grânulo de fertilizante na
amostra.

Com relação ao número de subamostras por área


uniforme, sugere-se, como regra geral, amostrar o solo em
15 a 20 locais para formar uma amostra composta. Este
número depende, diretamente, do grau de variabilidade da
fertilidade do solo. A profundidade de amostragem consta
na Tabela 2.1.

18 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


2.3 Calagem
A calagem objetiva reduzir a acidez do solo através da
aplicação de corretivos de acidez, entre os quais o calcário
dolomítico e calcítico. De forma geral, o pH em água
adequado para a cultura de soja situa-se entre 5,5 e 6,0. A
quantidade de corretivo e seu modo de aplicação variam em
função do sistema de manejo do solo. A dose de corretivo
a ser usada é determinada pelo índice SMP (Tabela 2.2).
No caso de se optar pela aplicação de corretivo na linha de
semeadura, sugere-se observar as indicações específicas
dessa prática, constantes no item 2.3.4.

2.3.1 Cálculo da quantidade de corretivo a aplicar


As quantidades de corretivo são indicadas na Tabela 2.2.
Sugere-se que seja dada preferência a calcário dolomítico,
por ser mais barato, bem como por conter maior teor de
magnésio.
Em alguns solos, principalmente nos de textura arenosa, o
índice SMP pode indicar quantidades muito pequenas de
corretivo, embora o pH em água esteja em nível inferior ao
preconizado. Nesses solos, pode-se calcular a quantidade
de corretivo (QC) com base nos teores de matéria orgânica
(MO) e de alumínio trocável (Al) do solo, empregando-se
as seguintes equações para o solo atingir o pH em água
desejado:
para pH 5,5, QC = - 0,653 + 0,480 MO + 1,937 Al,
para pH 6,0, QC = - 0,516 + 0,805 MO + 2,435 Al,
em que QC é expresso em t/ha, MO em % e Al em cmolc/
dm3.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 19


2.3.2 Calagem em áreas manejadas sob sistema plantio
direto
Antes da implantação do sistema plantio direto em solos
manejados sob preparo convencional ou campo natural
com índice SMP ≤ 5,0, indica-se corrigir a acidez do solo
da camada arável (0-20 cm) mediante incorporação de cor-
retivo. A dose a ser usada é função de vários critérios, con-
forme indicado nas Tabela 2.1.

No caso de solos de campo natural, a eficiência da calagem


superficial depende muito da acidez potencial do solo (maior
em solos argilosos), da disponibilidade de nutrientes, do
tempo transcorrido entre a calagem e a semeadura de soja
e da quantidade de precipitação pluvial. Por essa razão,
sugere-se que o corretivo seja aplicado seis meses antes
da semeadura de soja.

Em solos sob plantio direto consolidado e que receberam


corretivo recentemente e quando a análise indicar que um
dos critérios de decisão de calagem (pH em água, saturação
por bases) não foi atingido, a aplicação de corretivo não
necessariamente aumentará o rendimento da cultura de
soja. Isso decorre do fato de o método SMP não detectar
o corretivo que ainda não reagiu no solo. Em geral, são
necessários três anos para que ocorra dissolução completa
do corretivo. Observando-se esses aspectos, evita-se a
supercalagem.

20 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


2.3.3 Calagem em solo sob preparo convencional
No sistema de preparo convencional de solo (aração e
gradagem), o corretivo deve ser incorporado uniformemente
na camada de 0 a 20 cm, conforme critérios estabelecidos
na Tabela 2.1.

Quando a quantidade de corretivo indicada na Tabela 2.2


é aplicada integralmente, o efeito residual da calagem
perdura por cerca de cinco anos, dependendo de fatores
como manejo do solo, quantidade de nitrogênio aplicada
nas diversas culturas, erosão hídrica e outros fatores. Após
esse período, indica-se realizar nova análise de solo para
quantificar a dose de corretivo a ser aplicada.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 21


Tabela 2.1 Critérios para indicação de necessidade e quantidade de corretivo da acidez do

22
solo para culturas de grãos
Sistema de Condição Amostragem Critério Quantidade Método
manejo do solo da área (cm) de decisão de corretivo(1) de aplicação
Convencional Qualquer condição 0 - 20 pH < 6,0(2) 1 SMP para Incorporado
pHágua 6,0
Plantio direto Implantação a partir de lavoura ou 0 - 20 pH < 6,0(2) 1 SMP para Incorporado
campo natural com índice SMP ≤5,0 pHágua 6,0
Implantação a partir de campo 0 - 20 pH < 5,5 1 SMP para Incorporado(4)
natural com índice SMP de 5,1 a 5,5 ou V < 65%(3) pHágua 5,5 ou Superficial(5)
Implantação a partir de campo 0 - 20 pH < 5,5 1 SMP para Superficial
natural com índice SMP >5,5 ou V < 65%(3) pHágua 5,5
Sistema consolidado 0 - 10 pH < 5,5 ou 1/2 SMP para Superficial
V < 65%(3) pHágua 5,5
(1)
Corresponde à quantidade de corretivo de acidez (PRNT 100%) estimada pelo índice SMP, em que 1 SMP é equivalente à dose de
corretivo para atingir o pHágua desejado na camada de 0 a 20 cm, conforme a Tabela 2.2.
(2)
Não aplicar corretivo de acidez quando a saturação por bases (V) for > 80%.
(3)
Se somente um dos critérios for atendido, aplicar corretivo de acidez se a saturação por Al for maior que 10%.
(4)
Aplicar dose equivalente a 1 SMP para pH 6,0.
(5)
No máximo 5 t/ha.
Fonte: Manual ... (2004).

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 2.2 Quantidade de corretivo necessária para elevar
o pH do solo em água a 5,5 ou 6,0
pH em água pH em água
desejado desejado
Índice Índice
5,5 6,0 5,5 6,0
SMP SMP
t/ha(1) t/ha(1)
≤4,4 15,0 21,0 5,8 2,3 4,2
4,5 12,5 17,3 5,9 2,0 3,7
4,6 10,9 15,1 6,0 1,6 3,2
4,7 9,6 13,3 6,1 1,3 2,7
4,8 8,5 11,9 6,2 1,0 2,2
4,9 7,7 10,7 6,3 0,8 1,8
5,0 6,6 9,9 6,4 0,6 1,4
5,1 6,0 9,1 6,5 0,4 1,1
5,2 5,3 8,3 6,6 0,2 0,8
5,3 4,8 7,5 6,7 0,0 0,5
5,4 4,2 6,8 6,8 0,0 0,3
5,5 3,7 6,1 6,9 0,0 0,2
5,6 3,2 5,4 7,0 0,0 0,0
5,7 2,8 4,8 - - -
Quantidade de corretivo de acidez com PRNT 100%, para o volume de solo da camada
(1)

0-20 cm.
Fonte: Manual ... (2004).

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 23


2.3.4 Calcário na linha
Essa prática consiste na aplicação, na linha de semeadura
de soja, de pequenas quantidades de calcário mineral
finamente moído (filler) ou de corretivo proveniente da
moagem de conchas marinhas. Devem ser observados os
seguintes critérios:
• em solo com elevada acidez (necessidade de
calcário para pH 6,0 maior que 7 t/ha) e não corrigido, a
aplicação de calcário na linha deve ser associada a uma
calagem parcial equivalente à metade da indicação para
pH 5,5;
• em solo com acidez intermediária (necessidade de
calcário para pH 6,0 menor que 7 t/ha), a prática de uso de
calcário na linha pode ser adotada isoladamente;
• em solo com acidez corrigida integralmente, não se
indica usar esta prática;
• o calcário deve apresentar PRNT superior a 90%
quando for de origem mineral ou superior a 75% quando
for originado de concha marinha;
• a quantidade de calcário a aplicar, por cultura, varia
de 200 a 300 kg/ha para solos de lavoura e de 200 a 400
kg/ha para solos de campo natural.

2.4 Adubação
2.4.1 Nitrogênio
Ampla experiência de pesquisa indica que não há
necessidade de aplicar fertilizante nitrogenado para a
cultura de soja. A demanda de nitrogênio (N) é suprida pelo
solo e pela simbiose da planta com o rizóbio específico já
existente no solo e/ou fornecido mediante a inoculação das

24 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


sementes. Além de aumentar os custos de produção, a
aplicação de N ao solo inibe a fixação biológica de N e não
aumenta o rendimento de grãos. No entanto, se fórmulas
de adubo que contêm N forem mais econômicas do que
fórmulas sem N, mas com o mesmo teor de P2O5 e K2O,
estas poderão ser usadas, desde que não sejam aplicados
mais do que 20 kg de N/ha.

Os inoculantes comerciais contêm as estirpes de bactérias


autorizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa), pertencentes às espécies
Bradyrhizobium japonicum (SEMIA 5079 e SEMIA 5080) e
Bradyrhizobium elkanii (SEMIA 587 e SEMIA 5019).

Para que a fixação simbiótica de N seja favorecida, há


necessidade de ser corrigida a acidez do solo e de ser
fornecidos os nutrientes que estejam em teores abaixo do
nível adequado no solo.

2.4.1.1 Inoculação de sementes de soja para cultivo


em áreas novas
Em áreas de primeiro ano de cultivo, a resposta da planta
de soja à inoculação é elevada, porque no solo não há,
originalmente, rizóbio em quantidade e com eficiência
suficientes.

2.4.1.2 Inoculação de sementes de soja para áreas


com mais de um ano de cultivo
No sistema convencional de preparo do solo, os ganhos
com a inoculação das sementes, em áreas com cultivo
anterior de soja, são menos expressivos do que os obtidos
em solos de primeiro ano. Contudo, a reinoculação deve

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 25


ser feita de forma a favorecer as estirpes inoculadas, pois
estas necessitam competir com as estirpes nativas do solo
para formação de nódulos. No sistema plantio direto, com
no mínimo três anos de cultivo de soja inoculada, poderá
não haver resposta à inoculação. Porém, considerando-se
ser prática de custo baixo, indica-se a reinoculação.

2.4.1.3 Procedimento de inoculação


A inoculação deve ser feita da seguinte maneira:
• usar inoculantes cuja eficiência agronômica tenha
sido comprovada por órgãos oficiais de pesquisa;
• usar a quantidade de inoculante indicada pelo
fabricante de modo a atingir quantidade mínima de 1,2
milhões de células viáveis de Bradyrhizobium por semente.
Além disso, o volume de inoculante líquido a aplicar não
deve ser inferior a 100 mL, sem qualquer diluição em água,
por 50 kg de sementes. Em áreas de primeiro ano de
cultivo, usar o dobro dessa quantidade;
• no caso de inoculantes turfosos, misturar
primeiramente o produto com solução adesiva (10% de
açúcar ou 20% de goma arábica ou solução de celulose
substituída a 5% ou solução adesiva do fabricante). O
volume final da solução não deve ser superior a 700 mL
por 100 kg de semente;
• misturar, uniformemente, o inoculante com as
sementes e deixar secar à sombra, efetuando a semeadura
no mesmo dia.

Cuidados com a inoculação:


• usar somente inoculantes que estejam dentro do
prazo de validade;
26 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
• conservar o inoculante em lugar fresco e arejado até
o momento de uso;
• realizar a semeadura com umidade do solo adequada
para manter a eficiência do inoculante;
• por ocasião da semeadura, evitar que o reservatório
de sementes da semeadora seja aquecido em demasia,
pois temperatura elevada pode comprometer a eficiência
da inoculação;
• a aplicação conjunta de fungicidas e de inoculantes
às sementes, de modo geral, reduz a nodulação e a fixação
biológica de N. Havendo necessidade de efetuar a aplicação
de fungicidas, escolher entre os seguintes produtos, por
serem menos prejudiciais ao rizóbio: Carbendazim +
Captana, Carbendazim + Tiram ou Carboxina + Tiram
(Tabela 7.1). Esses produtos devem ser aplicados antes do
inoculante.

2.4.4 Fósforo e potássio


A quantidade de fertilizante contendo fósforo e potássio (P
e K) a aplicar varia em função dos teores desses nutrientes
no solo (Tabela 2.3). O limite superior do teor "Médio" é
considerado o teor adequado de P e de K no solo, a partir
do qual pouco incremento no rendimento é esperado com
aplicação de fertilizante contendo esses nutrientes.

As doses de P2O5 e de K2O (Tabela 2.4) são indicadas


em função de dois parâmetros básicos: a) a quantidade
necessária para o solo atingir o teor crítico em duas
safras (adubação corretiva gradual), e b) a exportação
desses nutrientes pelos grãos e perdas diversas. Com
base nesses critérios, ter-se-á adubação balanceada em
termos de manutenção da fertilidade do solo e obtenção

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 27


de retornos econômicos satisfatórios. As doses da Tabela
2.4 presumem rendimento mínimo de 2 t/ha de grãos de
soja. Para expectativa de rendimento maior deverão ser
acrescentados, por tonelada de grãos adicional, 15 kg/
ha de P2O5 e 25 kg/ha de K2O. Na Tabela 2.3, os teores
de P e de K no solo, interpretados como “Alto” e “Muito
alto”, representam situações nas quais é esperado o
desenvolvimento máximo da cultura e as doses de P2O5
e de K2O indicadas para essas faixas na Tabela 2.4
representam a adubação de manutenção (30 kg/ha de P2O5
e 45 kg/ha de K2O). Em qualquer circunstância, para evitar
concentração excessiva de nutrientes junto à semente e
possível efeito salino do fertilizante potássico, a quantidade
máxima a aplicar na linha deverá ser de 120 kg/ha de P2O5
e de 80 kg/ha de K2O, devendo o restante ser aplicado a
lanço antes da semeadura.
Decorridas duas safras após aplicação das doses indicadas,
realizar nova amostragem do solo para verificar se os
teores de P e de K atingiram os valores desejados e, então,
planejar as adubações para as próximas duas culturas.

As doses indicadas pressupõem que a maioria dos fatores


de produção esteja em níveis adequados. Dessa forma,
em muitas situações, haverá necessidade de adaptações
locais, tanto da adubação quanto da calagem. Para permitir
ajuste das doses em função das fórmulas de fertilizantes
existentes no mercado, pode-se admitir variação de ±10
kg/ha nas quantidades indicadas na Tabela 2.4, sobretudo
nas doses mais elevadas.

2.4.4.1 Fontes de fósforo e de potássio


Para os adubos fosfatados total ou parcialmente solúveis, a
dose de P2O5 deve ser calculada levando em consideração

28 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


o teor de P2O5 solúvel em água e em citrato neutro de
amônio. No caso dos termofosfatos e das escórias, as
quantidades devem ser calculadas considerando-se o teor
de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2%, na relação 1/100.

Os fosfatos naturais reativos apresentam baixa


solubilidade em água, mas são eficientes como fonte de
P, principalmente em solos com pH menor que 5,5. Com
base no efeito desses fosfatos no rendimento de grãos de
soja, em sucessão com outras culturas, verificou-se que
eles tendem a ser equivalentes aos fertilizantes solúveis
na segunda ou terceira cultura após aplicação, mas
proporcionam menor rendimento de grãos na primeira
cultura. Em solos com teor de P igual ou superior a “Médio”
não se observam diferenças no rendimento de grãos entre
fosfatos naturais reativos e fosfatos acidulados, tanto em
aplicações a lanço como na linha de semeadura. Sua
indicação, portanto, é mais adequada em solos com pH
inferior a 5,5 e teor médio ou alto de P. A dose deve ser
estabelecida em função do teor total de P2O5. Vantagem
econômica do uso deste produto ocorre quando seu preço
for menor que 2/3 do preço do superfosfato triplo.

As fontes de fertilizantes potássicos são cloreto de potássio


(KCl) e sulfato de potássio (K2SO4), ambos solúveis em
água.

Na escolha de qualquer fonte de P ou de K deve ser


considerado o custo da unidade de P2O5 e K2O posto na
propriedade, levando em conta os critérios de solubilidade
acima indicados.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 29


Tabela 2.3 Interpretação dos teores de fósforo (P) e de potássio (K) no solo

30
P Mehlich-1 K Mehlich-1
Classe textural do solo(1) CTC pH 7,0 cmolc/dm³
Interpretação
1 2 3 4 > 15,0 5,1 – 15,0 ≤ 5,0
3
mg P/dm mg K/dm³
Muito baixo ≤ 2,0 ≤ 3,0 ≤ 4,0 ≤ 7,0 ≤ 30 ≤ 20 ≤ 15
Baixo 2,1 - 4,0 3,1 - 6,0 4,1 - 8,0 7,1 -14,0 31 - 60 21 - 40 16 - 30
Médio 4,1 - 6,0 6,1 - 9,0 8,1 -12,0 14,1 - 21,0 61 - 90 41 - 60 31- 45
Alto 6,1 -12,0 9,1 - 18,0 12,1 - 24,0 21,1 - 42,0 91 -180 61 - 120 46 - 90
Muito alto > 12,0 > 18,0 > 24,0 > 42,0 > 180 > 120 > 90
1)
Teor de argila: classe 1 = > 60%; classe 2 = 41 a 60%; classe 3 = 21 a 40%; classe 4 = < 21%.
Fonte: Manual ... (2004).

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 2.4 Doses de fósforo e de potássio para a cultura
de soja no RS e em SC
Fósforo por cultivo Potássio por cultivo
Interpretação 1º 2º 1º 2º
kg P2O5/ha kg K2O/ha

Muito baixo 110 70 125 85


Baixo 70 50 85 65
Médio 60 30 75 45
Alto 30 30 45 45
Muito alto 0 ≤30 0 ≤45
Para rendimento superior a 2 t/ha, acrescentar 15 kg P2O5 e 25 kg K2O aos valores da
tabela, por tonelada adicional de grãos a ser produzida.
Fonte: Manual... (2004).

2.5 Enxofre
O teor de enxofre no solo deve ser maior que 10 mg/dm3.
Se o teor for inferior, aplicar 20 kg de S/ha.

2.6 Fertilizantes orgânicos


Adubos orgânicos podem ser usados na cultura de soja,
mas estes poderão causar inibição do processo de fixação
biológica de N e acamamento de plantas. As doses de P2O5
e de K2O devem ser as mesmas da Tabela 2.4 e o cálculo
leva em consideração a reação desses produtos no solo.
Em geral, a liberação de nutrientes da fração orgânica, na
primeira safra, é de cerca de 50% para N e 80% para P. Já
o K é liberado integralmente na primeira safra. Salienta-se
que o índice de eficiência do N e do P varia com o tipo de
adubo orgânico utilizado.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 31


2.6.1 Fertilizantes organo-minerais
Este grupo de fertilizantes provém da mistura de adubos
orgânicos e minerais. O cálculo da dose a usar deve ser
feito com base nos teores de N, P2O5, K2O e de outros
nutrientes. A fração orgânica desses fertilizantes não
aumenta a eficiência de aproveitamento, pelas plantas,
dos teores de N, P e K. A escolha desses produtos deve
considerar o custo da unidade de N, P2O5 e K2O.

2.7 Fertilizantes foliares


Os resultados de pesquisa com vários tipos de fertilizantes
foliares indicam não haver vantagem de seu emprego na
cultura de soja, excetuando-se a aplicação de molibdênio
em solos com pH em água inferior a 5,5.

2.8 Micronutrientes
A aplicação de molibdênio (Mo) pode proporcionar
incremento no rendimento de grãos nos seguintes casos:
a) em solos com pH em água inferior a 5,5; b) quando
as plantas apresentarem deficiência de N no início do
seu desenvolvimento (amarelecimento generalizado das
folhas), resultante da baixa fixação biológica de N, um
aspecto relativamente comum no primeiro cultivo de soja
em solos de campo natural.
As doses de Mo a aplicar são as seguintes: via semente,
12 a 25 g/ha; via foliar, 25 a 50 g/ha, preferindo-se as
doses maiores para solos arenosos. Os principais sais
de Mo, caracterizados na legislação de fertilizantes, são
os seguintes: molibdato de amônio [(NH4)6Mo7O24•4H2O,
54% de Mo solúvel em água] e molibdato de sódio
(Na2MoO4•2H2O, 39% de Mo solúvel em água). A exemplo
dos fungicidas, a aplicação de Mo na semente deve
32 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
anteceder a inoculação. Mesmo assim, poderá ocorrer
efeito nocivo desses produtos à sobrevivência das bactérias
fixadoras de N.
A aplicação foliar deverá ser realizada 30 a 45 dias após
a emergência. O teor de Mo que ocorre normalmente nos
grãos de soja é de 1 a 2 mg/kg. Considerando a quantidade
de semente utilizada por hectare, essa quantidade de Mo
na semente é insuficiente para suprir a demanda da planta.
Em sistemas agrícolas que incluem integração lavoura-
pecuária, deve-se monitorar o teor de Mo nas pastagens.
Após sucessiva aplicação de Mo na soja e ao elevar o pH
mediante calagem, ocorre aumento na disponibilidade
de Mo no solo, podendo afetar o metabolismo do cobre
em ruminantes e causar sua morte. Por essa razão, a
aplicação de Mo na soja não deve ser realizada todos os
anos e deve ser interrompida quando o seu teor atingir
5 mg/kg na matéria seca da parte aérea das pastagens.
Quanto aos demais micronutrientes (Zn, Cu, B, Mn, Fe,
Cl e Co), as informações de pesquisas realizadas nos
últimos anos indicam que a maioria dos solos apresenta
disponibilidade adequada desses elementos, sem
incremento no rendimento com sua aplicação, apesar de,
às vezes, as plantas apresentarem melhor efeito visual.
Em adição, deve ser considerado que a maioria dos
fertilizantes fosfatados apresenta alguns desses nutrientes
em sua composição. Já os adubos orgânicos podem conter
concentrações significativas desses elementos. Por essa
razão, a aplicação de micronutrientes só deve ser realizada
se a análise de solo ou do tecido foliar indicar evidente
deficiência. Se for usado produto que contenha Co, este
não deve ultrapassar 3 g/ha, para evitar clorose nas plantas
de soja, no início do desenvolvimento da cultura.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 33


Referência
MANUAL de adubação e de calagem para os Estados
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 10 ed. Porto
Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo - Núcleo
Regional Sul - Comissão de Química e Fertilidade do
Solo, 2004. 400 p.

34 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Capítulo 3
CULTIVARES

Com o estabelecimento do sistema de registro de


cultivares, executado pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento através do Serviço Nacional
de Proteção de Cultivares (SNPC), neste documento
estão relacionadas cultivares registradas, avaliadas pelas
instituições participantes da Reunião de Pesquisa de
Soja da Região Sul. Assim, fica a critério dos técnicos a
indicação da cultivar que melhor se adapte às condições
de cada lavoura.

3.1 Cultivares de soja indicadas para cultivo na


Macrorregião Sojícola 1

As cultivares de soja indicadas pelos obtentores para


cultivo na Macrorregião Sojícola 1 (Fig. 1), nas safras de
2012/2013 e 2013/2014, constam na Tabela 3.1 - Cultivares
tolerantes a glifosato; na Tabela 3.2 - Cultivares Intacta
RR PRO; na Tabela 3.3 – Cultivares convencionais. Nas
tabelas 3.4, 3.5 e 3.6, constam os rendimentos relativos em
retrospectiva das safras agrícolas 2009/2010, 2010/2011 e
2011/2012.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 35


3.2 Implementação de lavouras

Na implementação de lavouras de soja nos Estados


do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, deverão ser
usadas sementes das categorias básica, certificada e/ou
fiscalizada.

Figura 1. Macrorregião Sojícola 1.


Fonte: Kaster e Farias (2012).

36 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 3.1 Cultivares de soja tolerantes a glifosato indicadas
pelos obtentores para a Macrorregião Sojícola 1 (regiões
101, 102 e 103), para as safras 2012/2013 e 2013/2014.
XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul. Passo
Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Grupos de
Grupo de Grupo de Grupo de Grupos de
maturidade
maturidade maturidade 6 maturidade 6 maturidade 7
4 (4.0 a 4.9)
5 longo (5.5 curto longo (7.0 a 7.9) e 8
e 5 curto
a 5.9) (6.0 a 6.4) (6.5 a 6.9) (8.0 a 8.9)
(5.0 a 5.4)
Indicadas para toda a Macrorregião Sojícola 1 (regiões 101, 102 e 103)
Cultivares da DonMario/Brasmax
BMX Titan BMX Força BMX Potência
RR (5.6) RR (6.2) RR (6.7)
DonMario
BMX Turbo 7.0i - BMX
RR (5.8) Magna RR
(6.2)
DonMario
6863 RSF
6200 – BMX
- BMX Torna-
Impacto RR
do RR (6.2)
(5.8)
Cultivares da Coodetec
CD 2585RR CD 235RR CD 206RR CD 231RR
(5.8) (6.4) (6.8) (7.3)
CD 215RR CD 248RR CD 239RR
(5.9) (6.4) (6.7)
CD 249RR
(6.7)
Cultivares da Embrapa
BRS Estân- BRS 243RR BRS 246RR
cia RR (6.1) (6.9) (7.2)
BRS Tordilha BRS 255RR BRS Charrua
RR (6.2) (6.7) RR (7.2)
BRS Tertúlia BRS Taura
(6.6) RR (7.3)
BRS Pampa
RR (7.7)
Continua...

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 37


Tabela 3.1 Continuação
Grupos de
Grupo de Grupo de Grupo de Grupos de
maturidade
maturidade maturidade 6 maturidade 6 maturidade 7
4 (4.0 a 4.9)
5 longo (5.5 curto longo (7.0 a 7.9) e
e 5 curto
a 5.9) (6.0 a 6.4) (6.5 a 6.9) 8 (8.0 a 8.9)
(5.0 a 5.4)
Cultivares da Fundação Pró-Sementes
FPS Iguaçu FPS Júpiter FPS Urano
RR (5.0) RR (5.9) RR (6.2)
FPS Parana-
FPS Netuno
panema RR
RR (6.3)
(5.6)
FPS Soli-
mões RR
(5.7)
Cultivares da Fepagro
Fepagro Fepagro
37RR (6.1) 36RR (7.1)
Cultivares da CCGL TEC
Fundacep Fundacep Fundacep Fundacep Fundacep
63RR (5.4) 62RR (5.8) 53RR (6.4) 56RR (6.8) 54RR (7.5)
Fundacep Fundacep Fundacep Fundacep
65RR (5.9) 55RR (6.0) 57RR (6.7) 59RR (7.5)
Fundacep Fundacep
61RR (6.2) 58RR (6.8)
Fundacep Fundacep
66RR (6.0) 64RR (6.9)
Cultivares da FTS
FTS 1156RR FTS Campo
FTS 1161RR FTS Realeza
Cafelândia Mourão RR
Caxias (6.1) RR (7.6)
(5.6) (6.7)
FTS 2164RR FTS Ipê RR FTS Cascavel
Arapoty (6.4) (6.7) RR (7.3)
FTS Ibyara FTS Tapes
RR (6.0) RR (7.3)
Continua...

38 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 3.1 Continuação
Grupos de
Grupo de Grupo de Grupo de Grupos de
maturidade
maturidade maturidade 6 maturidade 6 maturidade 7
4 (4.0 a 4.9)
5 longo (5.5 curto longo (7.0 a 7.9) e
e 5 curto
a 5.9) (6.0 a 6.4) (6.5 a 6.9) 8 (8.0 a 8.9)
(5.0 a 5.4)
Cultivares da Nidera
A 4725 RG NA 4990 RG A 6411 RG
NS 6767 (6.7)
(5.3) (5.5) (6.2)
NS 4823 NA 5909 RG
(5.3) (6.1)
NS 6211
(6.2)

Cultivares da TMG

TMG 7161 TMG 7262 TMG 4001RR


RR (5.9) RR (6.2) (6.9)
TMG 1067
RR (6.7)

Cultivares da Syngenta

Syn 1059 NK 7059 RR


Syn 1152 Syn 1265RR
RR (5.9) (6.3) - Vmax
RR (5.2) (6.5)
Vtop RR RR
Syn 1157 RR Syn 1163 RR
(5.7) (6.3)
Syn 1257
RR (5.7)
Syn 1258
RR (5.8)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1 (somente para a região 101)

Cultivares da Coodetec
CD 238RR
(7.1)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1 (somente para a região 102)

Cultivares da Coodetec
CD 236RR
(6.2)
Continua...
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 39
Tabela 3.1 Continuação

Grupos de
Grupo de Grupo de Grupo de Grupos de
maturidade 4
maturidade maturidade 6 maturidade 6 maturidade 7
(4.0 a 4.9) e
5 longo (5.5 curto longo (7.0 a 7.9) e
5 curto (5.0 a
a 5.9) (6.0 a 6.4) (6.5 a 6.9) 8 (8.0 a 8.9)
5.4)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1
(somente para as regiões 101 e 102)
Cultivares da Coodetec
CD 250RR CD 202RR CD 214RR CD 219RR
(5.5) (6.4) (6.7) (8.2)
CD 2630RR CD 226RR CD 2737RR
(6.3) (6.6) (7.3)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1
(somente para as regiões 102 – leste e 103)
Cultivares da DonMario/Brasmax
5953 RSF Don Mario
– BMX 5.8i - BMX
Veloz RR Apolo RR
(5.0) (5.5)
BMX Energia
RR (5.3)
BMX Ativa
RR (5.6)
Don Mario
5.9i - BMX
Alvo RR
(5.8)
Cultivares da Agropastoril

AMS Tibagi
RR (5.1)

Continua...

40 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 3.1 Continuação

Grupos de
Grupo de Grupo de Grupo de Grupos de
maturidade
maturidade maturidade 6 maturidade 6 maturidade 7
4 (4.0 a 4.9)
5 longo (5.5 curto longo (7.0 a 7.9) e
e 5 curto
a 5.9) (6.0 a 6.4) (6.5 a 6.9) 8 (8.0 a 8.9)
(5.0 a 5.4)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1 dentro dos estados de
Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo (regiões 102 e 103)
Cultivares da Coodetec
CD 2585RR CD 235RR CD 206RR CD 231RR
(5.8) (6.4) (6.8) (7.3)
CD 239RR
(6.7)
CD 249RR
(6.7)
Cultivares da Embrapa
BRS 294RR BRS 295RR BRS 245RR
(6.3) (6.5) (7.5)
BRS 360RR BRS 316RR BRS 247RR
(6.2) (6.5) (7.8)
BRS 256RR
(8.1)
Cultivares da TMG
TMG 1066
RR (6.6)

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 41


Tabela 3.2 Cultivares de soja Intacta RR PRO indicadas
pelos obtentores para a Macrorregião Sojícola 1 (regiões
101, 102 e 103), para as safras 2012/2013 e 2013/2014.
XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul. Passo
Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Grupo de
maturida- Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de
de 4 (4.0 maturidade maturidade 6 maturidade maturidade 7
a 4.9) e 5 5 longo curto 6 longo (7.0 a 7.9) e
curto (5.0 (5.5 a 5.9) (6.0 a 6.4) (6.5 a 6.9) 8 (8.0 a 8.9)
a 5.4)
Indicadas para toda a Macrorregião Sojícola 1 (regiões 101, 102 e
103)
Cultivares da DonMario/Brasmax
6563 RSF
IPRO (6.3)

Cultivares da CCGL TEC

TEC 5833 TEC 7849


IPRO (5.8)* IPRO (7.8)
TEC 5936
IPRO (5.9)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1 (somente para a região
102)
Cultivares da CCGL TEC
TEC 5721
IPRO (5.7)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1
(somente para as regiões 102 – leste e 103)
Cultivares da DonMario/Brasmax
6458 RSF 6260 RSF
IPRO (5.8) IPRO (6.0)
* As cultivares Intacta RR PRO só estarão à disposição dos agricultores após sua
liberação comercial.

42 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 3.3 Cultivares de soja convencionais indicadas
pelos obtentores para a Macrorregião Sojícola 1 (regiões
101, 102 e 103), para as safras 2012/2013 e 2013/2014.
XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul. Passo
Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Grupo de
Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de
maturidade 4
maturidade maturidade 6 maturidade maturidade 7
(4.0 a 4.9) e
5 longo curto 6 longo (7.0 a 7.9) e
5 curto (5.0 a
(5.5 a 5.9) (6.0 a 6.4) (6.5 a 6.9) 8 (8.0 a 8.9)
5.4)
Indicadas para toda a Macrorregião Sojícola 1 (regiões 101, 102 e 103)
Cultivares da Coodetec
CD 215 CD 206
CD 252 (6.4)
(5.9) (6.8)
Cultivares da Embrapa
BRS 257
(6.7)
Cultivares da CCGL TEC
Fundacep
Missões
Cultivares da Syngenta
Vmax (5.8) NK3363 (6.3)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1 no Estado de Santa Catarina
(região 102)
Cultivares da Coodetec
CD 202 (6.4)
CD 221 (6.4)
Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1 no Estado de Santa Catarina
(regiões 102 e 103)
Cultivares da Coodetec
CD 215 CD 206
(5.9) (6.8)
Continua...

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 43


Tabela 3.3 Continuação
Grupo de
Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de
maturidade 4
maturidade maturidade 6 maturidade maturidade 7
(4.0 a 4.9) e
5 longo curto 6 longo (7.0 a 7.9) e
5 curto (5.0 a
(5.5 a 5.9) (6.0 a 6.4) (6.5 a 6.9) 8 (8.0 a 8.9)
5.4)

Indicadas para a Macrorregião Sojícola 1 nos Estados de Santa Catari-


na, do Paraná e de São Paulo (regiões 102 e 103)

Cultivares da Embrapa

BRS 284 BRS 213


BRS 133 (7.3)
(6.3) (6.6)
BRS 216
BRS 258 (7.1)
(6.8)
BRS 230
BRS 259 (7.1)
(6.5)
BRS 232
BRS 260 (7.0)
(6.9)
BRS 282
BRS 262 (7.2)
(6.9)
BRS 283
(6.5)
BRS 317
(6.6)
Embrapa
48 (6.8)

44 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 3.4 Retrospectiva do rendimento médio relativo de
grãos em relação à média do grupo de maturidade 5, de
cultivares de soja tolerantes a glifosato da Rede Soja Sul
de Pesquisa, na Macrorregião Sojícola 1, regiões 102 e
103. XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul.
Passo Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Região Sojícola 102
Região Sojícola 103
(leste)
Safra agrícola
Cultivar 09/10 10/11 11/12 09/10 10/11 11/12
%
------------------------------------
A 4725 RG 94 102 77 111 92 102
BMX Ativa RR 109 105 113 112 117 102
BMX Energia RR 109 99 99 122 105 96
BMX Turbo RR - 114 117 - 129 112
CD 215 RR - - 104 - - 88
CD 250RR STS - 92 93 - 108 97
DonMario 5.8i (Apolo) 105 101 100 96 104 104
FTS Cafelândia RR 97 96 105 89 89 93
Fundacep 62 RR 95 101 99 91 98 91
NA 4990 RG 98 100 76 106 78 92
NS 4823 104 106 53 77 87 100
SYN 1059 RR - - 116 - - 108
SYN 1152 RR - - 85 - - 105
SYN 1157 RR - - 118 - - 103
SYN 1158 RR - - 123 - - 104
Média 100 100 100 100 100 100

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 45


Tabela 3.5 Retrospectiva do rendimento médio de grãos em relação à média do grupo de

46
maturidade 6, de cultivares de soja tolerantes a glifosato da Rede Soja Sul de Pesquisa, na
Macrorregião Sojícola 1, regiões 101, 102 e 103. XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da
Região Sul. Passo Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Região Sojícola 101 Região Sojícola 102 Região Sojícola 103
Safra agrícola
Cultivar 09/10 10/11 11/12 09/10 10/11 11/12 09/10 10/11 11/12
%
------------------------------------------------------------------
A 6411 RG 109 98 - 108 107 104 104 110 117
BMX Força RR 97 107 - 114 110 101 105 102 103
BMX Magna RR 101 104 - - 108 108 102 103 97
BMX Potência RR 124 115 - 107 104 102 112 104 99
BRS Estância RR - 93 - 107 93 103 - 94 96
BRS Tertúlia RR 106 103 - 100 99 93 102 99 102
BRS Tordilha RR - 89 - - 104 103 - 104 103
CD 206 RR - - - - - 86 - - 86
CD 235 RR 111 96 - 100 94 101 99 98 98
CD 236 RR 111 103 - 97 98 93 112 96 100
CD 239 RR 103 93 - 97 101 93 99 103 103

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Continua...
Tabela 3.5 Continuação
Região Sojícola 101 Região Sojícola 102 Região Sojícola 103
Safra agrícola
Cultivar 09/10 10/11 11/12 09/10 10/11 11/12 09/10 10/11 11/12
%
------------------------------------------------------------------
CD 248 RR - 101 - - 98 98 - 109 100
CD 249 RR STS - 91 - - 99 94 - 100 88
Fepagro 37 RR 111 103 - 104 105 100 114 98 100
FTS Campo Mourão RR 89 110 - 102 96 101 99 86 102
FTS Ipê RR - 99 - - 97 94 - 102 109
Fundacep 57 RR 97 107 - 92 98 100 70 91 98
Fundacep 58 RR 86 102 - 93 98 99 85 90 94
Fundacep 61 RR 88 112 - 98 100 95 111 92 102
Fundacep 65 RR - 90 - - 92 109 - 105 98
Fundacep 66 RR - - - - - 89 - - 90

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


NA 5909 RG 101 87 - 114 103 111 111 113 113
NK 7059 RR - 113 - - 105 107 - 96 95
SYN 1161 RR - - - - - 104 - - 93
SYN 1163 RR - - - - - 112 - - 108
Média 100 100 - 100 100 100 100 100 100

47
Tabela 3.6 Retrospectiva do rendimento médio de grãos em
relação à média do grupo de maturidade 7, de cultivares de
soja tolerantes ao glifosato da Rede Soja Sul de Pesquisa,
na Macrorregião Sojícola 1, regiões 101 e 102. XXXIX
Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul. Passo Fundo,
24 a 26 de julho de 2012

Região Sojícola 101 Região Sojícola 102


Safra agrícola
Cultivar 09/10 10/11 11/12 09/10 10/11 11/12
%
-----------------------------------------
BRS 246 RR 112 94 - 110 108 114
BRS Charrua RR 101 97 - 94 98 93
BRS Pampa RR 86 99 - 99 96 90
BRS Taura RR 106 101 - 106 104 101
CD 219 RR 87 84 - 98 90 100
CD 231 RR 107 102 - 95 98 97
CD 238 RR - 95 - - 95 103
Fepagro 36 RR 112 103 - 98 105 95
FTS Cascavel RR 104 106 - 105 105 97
FTS Realeza RR 99 107 - 100 86 86
FTS Tapes RR - 105 - - 99 97
Fundacep 64 RR - 108 - - 100 111
SYN 9070 RR - 101 - - 102 110
TMG 4001 RR 106 102 - 111 111 107
Média 100 100 100 100 100 100

48 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Referência

KASTER, M.; FARIAS, J. R. B. Regionalização dos


testes de Valor de Cultivo e Uso e da indicação de
cultivares de soja – terceira aproximação. Londrina:
Embrapa Soja, 2012. 69 p. (Embrapa Soja. Documentos,
330). Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/
digital/bitstream/item/54939/1/Doc-330-OL1.pdf>. Acesso
em: 24 ago. 2012.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 49


50 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Capítulo 4
MANEJO DA CULTURA

4.1 Zoneamento de riscos climáticos e períodos de


semeadura

O nível de tecnologia adotado e a variabilidade climática


explicam grande parte das flutuações no rendimento de
grãos das culturas, que ocorrem em diferentes safras e
entre locais. A implementação do Programa de Zoneamento
Agrícola, a partir da safra de inverno de 1996, pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa,
como principal instrumento de apoio à Política Agrícola do
Governo Federal, na área de crédito e securidade rural,
buscou reduzir as perdas causadas por adversidades
climáticas na agricultura brasileira (CUNHA et al., 2011).
A deficiência hídrica durante a estação de crescimento é a
principal variável meteorológica determinante de oscilações
no rendimento de grãos de soja, tanto entre safras quanto
entre regiões ,no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Para fins de enquadramento de operações de crédito


rural no Proagro ou em programas privados de seguro
agrícola, indica-se que sejam consultadas, junto aos
agentes financeiros, as portarias publicadas anualmente
pelo Mapa, no Diário Oficial da União (DOU), com vistas

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 51


a contemplar adequadamente cultivares (ciclo, conforme
Grupo de Maturidade Relativa - GMR) e tipo de solo.

Os períodos de semeadura possíveis para soja no RS e


SC, que definem o calendário de semeadura de soja, safra
2012/2013, conforme as Portarias do Mapa no 136, de 9 de
julho de 2012 e no 175, de 21 de agosto de 2012 (BRASIL,
2012b e 2012c), e em SC, Portaria Mapa no 137, de 9 de
julho de 2012 (BRASIL, 2012d), constam na Tabela 4.1.
Os tipos de solos (tipos 1, 2 e 3), baseados na capacidade
de água disponível (CAD), considerados no programa de
Zoneamento Agrícola do Mapa, constam na Tabela 4.2.
Em função das probabilidades de ocorrência de deficiência
hídrica durante o ciclo da soja e da baixa capacidade
de armazenamento de água em solos de tipo 1, não há
indicação de cultivo de soja para nenhuma localidade do Rio
Grande do Sul com predominância destas características.

A seguir, são apresentadas algumas observações


fundamentais quanto aos nove períodos de semeadura
(Tabela 4.1, períodos 28 a 36) e aos GMR das cultivares
de soja no Estado do Rio Grande do Sul.

Tabela 4.1 Períodos possíveis para semeadura da soja


nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina*
28 29 30 31 32 33 34 35 36
1º a 11 a 21 a 1º a 11 a 21 a 1º a 11 a 21 a
10 20 31 10 20 30 10 20 31
Outubro Novembro Dezembro
Fonte: Brasil (2012b; 2012c, 2012d).

52 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


4.1.1 Semeadura de cultivares de GMR > 7.4 (genótipos
tardios): 1°/10 a 31/12

Neste período, a semeadura de cultivares de GMR > 7.4,


de maneira geral, pode ser realizada em todo RS, exceto
nas regiões do Planalto Superior, Serra do Nordeste (em
localidades com altitude acima de 600 m sobre o nível do
mar) e na Serra do Sudeste (em localidades com altitude
acima de 400 m sobre o nível do mar), uma vez que, nestas
regiões, há redução do nível de radiação solar incidente
e da temperatura do ar. Nessas regiões, nas condições
referidas, as baixas temperaturas limitam a duração da
estação de crescimento da soja, além de haver risco de
perdas com a probabilidade de ocorrência de geadas.
Portanto, nessas regiões, em altitudes acima das referidas,
não são indicadas cultivares de GMR > 7.4. Nos períodos 28
e 36, no Estado do RS, semear somente cultivares de soja
de GMR > 7.4. Contudo, nesses dois períodos, não semear
soja nas regiões do Planalto Superior, Serra do Nordeste e
Serra do Sudeste. 4.1.2 Semeadura de cultivares de GMR
≥ 6.4 e ≤ 7.4 (genótipos médios e semitardios): 11/10 a
31/12

Neste período, a semeadura de cultivares de GMR ≥ 6.4 e ≤


7.4, de maneira geral, pode ser realizada em todo o Estado
do RS, com exceção das regiões do Planalto Superior,
Serra do Nordeste (em localidades com altitude acima de
600 m sobre o nível do mar) e na Serra do Sudeste (em
localidades com altitude acima de 400 m sobre o nível do
mar). Nessas regiões, nas condições referidas, as baixas
temperaturas limitam a duração da estação de crescimento
da soja, além de haver risco de perdas com a probabilidade
de ocorrência de geadas. Portanto, nessas regiões, em
altitudes acima das referidas, não são indicadas cultivares

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 53


de GMR ≥ 6.4 e ≤ 7.4. Nestas regiões, a semeadura para
cultivares de GMR ≥ 6.4 e ≤ 7.4 fica restrita ao período de
21/10 a 10/12.

4.1.3 Semeadura de cultivares de GMR < 6.4 (genótipos


superprecoces, precoces e semiprecoces): 21/10 a 31/12

Neste período, a semeadura de cultivares de GMR < 6.4,


de maneira geral, pode ser realizada em todo o Estado do
RS, com exceção da região do Planalto Superior. Nessa
região, a faixa de semeadura para cultivares de GMR < 6.4
fica restrita ao período de 1°/11 a 21/12.

4.2 Tipos de solos indicados para semeadura

Para efeito de estudos de riscos climáticos para culturas de


grãos, não são indicadas áreas:
• de preservação permanente, de acordo com a Lei
12.651 e com a Medida Provisória no 571, de 25 de maio de
2012 - Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 2012a; 2012e);
• com solos que possuam teor de argila inferior a 10%
nos primeiros 50 cm a partir da superfície;
• com solos que possuam profundidade inferior a 50
cm, com exceção de solos de várzea;
• com declividade superior a 45%;
• com solos muito pedregosos, nos quais calhaus e
matacões com diâmetro superior a 2 mm ocupem mais de
15% da massa do solo e/ou da superfície do terreno.

54 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Relativamente aos tipos de solo, ainda destacam-se os
seguintes aspectos:

• Tipo 1: não indicados para cultivo de soja no Estado


do RS, devido à baixa capacidade de armazenamento de
água;

• Tipo 2: englobam solos de textura média, com teor


mínimo de 15% de argila e menor do que 35%, nos quais a
diferença entre o porcentual de areia e o porcentual de argila
seja menor do que 50. Assim, adotando-se o porcentual de
argila = a, e a diferença entre os porcentuais de areia e de
argila = Δ, temos para os solos tipo 2 (Tabela 4.2): 15% ≤ a
< 35%, com Δ < 50.

• Tipo 3: englobam solos de textura argilosa, com teor de


argila maiior ou igual a 35%. Assim, adotando-se o porcentual
de argila = a, temos para os solos tipo 3 = a ≥ 35% (Tabela
4.2).

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 55


Tabela 4.2 Tipos de solos indicados para a cultura da soja nos Estados do Rio Grande do

56
Sul e de Santa Catarina, pelo Programa de Zoneamento de Riscos Climáticos do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Solos do Tipo 2
Características Nome do solo
Teor mínimo de 15% Alissolos, Argissolos Acinzentados latossólicos textura média, Argissolos Acinzentados típicos
de argila e menor do textura média, Argissolos Amarelos epiáquicos textura média, Argissolos Amarelos latossólicos
que 35%, nos quais textura média, Argissolos Amarelos câmbicos textura média, Argissolos Amarelos típicos textura
a diferença entre o média, Argissolos Vermelho-Amarelos Alumínicos típicos, Argissolos Vermelho-Amarelos
porcentual de areia latossólicos textura média, Argissolos Vermelho-Amarelos típicos textura média, Argissolos
e o porcentual de ar- Vermelho latossólicos textura média, Argissolos Vermelho típico textura média, Argissolos
gila seja menor do Vermelho chernossólico textura média, Argissolos Vermelho câmbico textura média, Argissolos
que 50. Profundidade Vermelhos Eutroférricos chernossólicos textura média, Argissolos Vermelhos Eutroférricos
igual ou superior a latossólicos textura média, Argissolos Vermelhos Eutroférricos típicos textura média, Cambissolos
50 cm. textura média pouco cascalhentos, Chernossolos textura média, Gleissolos Háplicos textura
média, Gleissolos Melânicos textura média, Latossolos Amarelos textura média, Latossolos
Vermelhos textura média, Latossolos Vermelhos-Amarelos textura média, Latossolos Brunos
textura média, Luvissolos Hipocrômicos textura média, Luvissolos Crômicos Carbonáticos
textura média, Luvissolos Crômicos Órticos textura média, Luvissolos Pálicos câmbicos textura
média, Luvissolos Pálicos típicos textura média, Neossolos Flúvicos Carbonáticos textura média,
Neossolos Flúvicos Tb Distróficos textura média, Neossolos Flúvicos Tb Eutróficos textura média,
Neossolos Flúvicos Ta Eutróficos textura média, Planossolos Háplicos típicos textura média.

Continua...

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 4.2 Continuação.

Solos do Tipo 3
Características Nome do solo
Teor de argila Argissolos Acinzentados latossólicos textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Acinzentados
maior ou igual a típicos textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Amarelos epiáquicos textura argilosa ou muito
35%. Profundi- argilosa, Argissolos Amarelos latossólicos textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Amarelos
dade igual ou su- câmbicos textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Amarelos típicos textura argilosa ou muito
perior a 50 cm. argilosa, Argissolos Vermelho-Amarelos Alumínicos típicos, Argissolos Vermelho-Amarelos latossólicos
textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Vermelho-Amarelos típicos textura argilosa ou muito
argilosa, Argissolos Vermelho latossólicos textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Vermelho
típico textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Vermelho chernossólico textura argilosa ou mui-
to argilosa, Argissolos Vermelho câmbico textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Vermelhos
Eutroférricos chernossólicos textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Vermelhos Eutroférricos
latossólicos textura argilosa ou muito argilosa, Argissolos Vermelhos Eutroférricos típicos textura
argilosa ou muito argilosa, Cambissolos textura argilosa ou muito argilosa pouco cascalhentos, Cher-
nossolos textura argilosa ou muito argilosa, Gleissolos Háplicos textura argilosa ou muito argilosa,
Gleissolos Melânicos textura argilosa ou muito argilosa, Latossolos Amarelos textura argilosa ou muito
argilosa, Latossolos Vermelhos textura argilosa ou muito argilosa, Latossolos Vermelhos-Amarelos
textura argilosa ou muito argilosa, Latossolos Brunos textura argilosa ou muito argilosa, Luvissolos
Hipocrômicos textura argilosa ou muito argilosa, Luvissolos Crômicos Carbonáticos textura argilosa

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


ou muito argilosa, Luvissolos Crômicos Órticos textura argilosa ou muito argilosa, Luvissolos Pálicos
câmbicos textura argilosa ou muito argilosa, Luvissolos Pálicos típicos textura argilosa ou muito
argilosa, Neossolos Flúvicos Carbonáticos textura argilosa ou muito argilosa, Neossolos Flúvicos Tb
Distróficos textura argilosa ou muito argilosa, Neossolos Flúvicos Tb Eutróficos textura argilosa ou
muito argilosa, Neossolos Flúvicos Ta Eutróficos textura argilosa ou muito argilos, Nitossolos textura
argilosa ou muito argilosa, Planossolos Háplicos típicos textura argilosa ou muito argilosa, Vertissolos
Hidromórficos Carbonáticos, Vertissolos Hidromórficos Órticos, Vertissolos Ebânicos Carbonáticos,
Vertissolos Ebânicos Órticos, Vertissolos Cromados Carbonáticos, Vertissolos Cromados Órticos.

57
4.3 Espaçamento entre fileiras, população de plantas e
profundidade de semeadura
Nas épocas indicadas de semeadura, devem ser
empregados espaçamentos de 20 a 50 cm entre as fileiras.
Para solos de várzea, o espaçamento indicado é de 50 cm
entre fileiras.
De modo geral, a população indicada para a cultura de
soja situa-se em torno de 300.000 plantas por hectare ou
30 plantas m-2, porém podem ocorrer variações em função
das indicações do obtentor da cultivar. Variações de 20%
nesse número, para mais ou para menos, não alteram
significativamente o rendimento de grãos, para a maioria
dos casos.
Quando a semeadura for realizada no final da época
indicada, sugere-se aumentar a população de plantas
e reduzir o espaçamento entre fileiras. Existe resposta
diferenciada em rendimento para espaçamentos e
populações de plantas, dependendo da época de
semeadura, da arquitetura da planta e do GMR da cultivar.

Em condições que favorecem a ocorrência de acamamento


de plantas, pode-se amenizar o problema, sem afetar
o rendimento, reduzindo-se a população em até 20% da
indicada. Por outro lado, quando a semeadura é realizada
próxima ao final da época indicada, sugere-se acréscimo
de 20% na população de plantas, com vistas a compensar
redução de estatura de planta em função do encurtamento
do subperíodo vegetativo.

A profundidade de semeadura indicada varia de 2,5 a 5,0


cm, sendo que as menores profundidades (2,5 a 3,0 cm)
devem ser adotadas quando há adequada umidade no solo
(solo na capacidade de campo).
58 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
4.4 Cultivares, municípios e épocas de semeadura

A relação das cultivares de soja por GMR e tipo de solo,


dos municípios com indicação de cultivo e períodos
favoráveis para semeadura de soja, nos Estados do RS
e de SC, é parte das portarias de zoneamento agrícola
de risco climático que são, anualmente, divulgadas pelo
Mapa. Especificamente para a safra 2012/2013, devem ser
consideradas as Portarias do Mapa no 136, de 9 de julho de
2021, e no 175, de 21 de agosto de 2012 (BRASIL, 2012b;
2012c.), para o RS, e Portaria do Mapa no 137, de 9 de
julho de 2012, para SC (BRASIL, 2012d).

O escalonamento da semeadura de cultivares de diferentes


GMR em épocas durante o período indicado de cultivo,
numa mesma propriedade, é estratégia importante para
minimizar eventuais riscos causados por adversidades
climáticas e melhorar a eficiência de uso de máquinas e
equipamentos.

4.5 Cultivares de soja para áreas de várzea

O cultivo de soja em solos de várzea pode ser realizado


com sucesso nas áreas com bom sistema de drenagem,
evitando áreas propensas a alagamentos e sempre
considerando a importância da inserção da cultura dentro
de esquema de rotação de culturas.

O ciclo da cultivar, preconizado pelo GMR, é aspecto


importante na escolha dos genótipos a serem cultivados
em solos de várzeas, que são ambientes propensos
a estresses causados tanto por excesso quanto por
deficiência hídrica, além de deficiência de nitrogênio pela
má nodulação, principalmente em áreas de várzea recém
incorporadas ao cultivo de soja.
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 59
Estes estresses hídricos acarretam redução de biomassa
da planta, a qual, associada a menor duração da fase
vegetativa (período de emergência ao início da floração),
podem reduzir drasticamente o potencial produtivo das
cultivares, notadamente em genótipos de GMR < 6.4
(superprecoces, precoces e semiprecoces). Por estes
motivos, sugere-se utilizar, preferencialmente, cultivares
de soja de GMR ≥ 6.4 e ≤ 7.4 (médios e semitardios),
sobretudo em áreas de primeiro ano de cultivo de soja.

Sob condições menos restritivas ao acúmulo de biomassa,


como é o caso de áreas de segundo ano de cultivo de soja,
com bom histórico de nodulação, com correção de pH do
solo, com níveis adequados de nutrientes para a cultura e
ainda com possibilidade de suplementação hídrica e mesmo
facilidade de drenagem de eventual excesso hídrico, a
adoção de cultivares de GMR < 6.4 pode ser estratégia
interessante neste sistema de produção de grãos.

Por outro lado, o cultivo de genótipos de GMR ≥ 7.4 (tardios)


deve ser considerado com cautela em áreas de várzea,
devido às chances de perdas acentuadas na colheita em
decorrência de precipitações de outono, associadas ao
grande número de dias sem chuva, para que os solos de
várzea atinjam teor de umidade que permita a retomada da
colheita mecanizada.

4.6 Soja consorciada


Sugere-se, quando em consórcio com milho, a utilização
de cultivares de GMR > 6.4.

60 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Referências

BRASIL. Câmara dos Deputados. Lei nº 12.651, de 25


de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 28 maio 2012a. Seção 1.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola. Portaria
nº 136, de 9 de julho de 2012. Aprova o Zoneamento
Agrícola de Risco Climático para a cultura de soja no
Estado do Rio Grande do Sul, ano-safra 2012/2013.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 10 jul. 2012b. Seção 1.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola. Portaria
n.º 175, de 21 de agosto de 2012. Inclui, no Anexo da
Portaria nº 136, de 9 de julho de 2012, publicada no
Diário Oficial da União de 10 de julho de 2012, que
aprovou o Zoneamento Agrícola de Risco Climático para
a cultura de soja no Estado do Rio Grande do Sul, ano-
safra 2012/2013, o item 6. RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS
E PERÍODOS DE SEMEADURA INDICADOS PARA
o cultivo de soja com atendimento das finalidades do
Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito
Estufa na Agricultura, de que trata o MCR. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil , Brasília, DF, 22
ago. 2012c. Seção 1.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola. Portaria
nº 137, de 9 de julho de 2012. Aprova o Zoneamento
Agrícola de Risco Climático para a cultura de soja no

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 61


Estado de Santa Catarina, ano-safra 2012/2013. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 10 jul. 2012d. Seção 1.

BRASIL. Poder Executivo. Medida provisória nº 571, de


25 de maio de 2012. Altera a Lei nº 12.651, de 25 de
maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 28 maio 2012e. Seção 1.

CUNHA, G. R.; PASINATO, A.; PIMENTEL, M. B. M.;


HAAS, J. C.; MALUF, J. R. T.; PIRES, J. L. F.; DALMAGO,
G. A.; SANTI, A. Regiões para trigo no Brasil: ensaios de
VCU, zoneamento agrícola e época de semeadura. In:
PIRES, J. L. F.; VARGAS, L.; CUNHA. G. R. (Ed.) Trigo
no Brasil: bases para produção competitiva e sustentável.
Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2011. p. 27- 40.

62 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Capítulo 5
SISTEMA DE PRODUÇÃO DE GRÃOS

5.1 Rotação de culturas


A monocultura, ou mesmo o sistema de sucessão contínua
trigo-soja, com o passar dos anos, provoca degradação física,
química e biológica do solo, e, consequentemente, a queda
do rendimento de grãos das culturas. Também proporciona
condições mais favoráveis para o desenvolvimento de
doenças, de insetos pragas e de plantas invasoras.
A rotação de culturas merece especial atenção no manejo
de doenças, pois a decomposição dos restos culturais
de soja elimina o substrato nutritivo dos patógenos que
permanecem viáveis nestes restos. No caso de patógenos
que se mantêm viáveis livres no solo, como Rhizoctonia
solani (causador do tombamento de plântulas e da morte
em reboleira), ou viáveis por longos períodos, como os
esclerócios de Sclerotinia sclerotiorum (causador do mofo
branco), a rotação de culturas deve ser priorizada com
culturas não hospedeiras dos mesmos patógenos, como
milho ou sorgo. Girassol, nabo forrageiro e canola não
devem participar do esquema de rotação quando houver
a incidência de S. sclerotiorum, nem tremoço (branco,
amarelo ou azul) caso houver a presença de Diaporthe
phaseolorum var. meridionalis, causador do cancro da
haste.
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 63
A rotação de culturas, como prática corrente na produção
agrícola, tem recebido, através do tempo, reconhecimento
acentuado do ponto de vista técnico, como um dos meios
indispensáveis ao desenvolvimento de agricultura estável.
Diversos estudos têm demonstrado efeitos benéficos da
rotação de culturas nas condições de solo e na produção
das culturas subsequentes. Entre estes efeitos, destacam-
-se:
• melhor utilização do solo e dos nutrientes;
• mobilização e transporte dos nutrientes das camadas
mais profundas para a superfície;
• aumento do teor de matéria orgânica;
• controle da erosão;
• controle de plantas invasoras;
• controle de insetos pragas;
• melhor distribuição da mão de obra ao longo do ano
e melhor aproveitamento das máquinas;
• maior estabilidade econômica para o agricultor.
Torna-se importante, portanto, o uso de diferentes culturas
com sistemas radiculares agressivos e abundantes,
alternando-se anualmente. Esta prática determina
inúmeras vantagens ao agricultor, destacando-se, entre
elas, o aumento no rendimento de grãos de soja.

5.2 Sistema de produção de grãos ou sistemas mistos


(lavoura + pecuária)
Os dados de pesquisa indicam, como regra geral, o uso
de sistemas de produção de grãos ou de sistemas mistos
(lavoura + pecuária), nos quais a soja pode ser antecedida

64 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


do cultivo de gramíneas para grãos (trigo, triticale, cevada ou
aveia branca) e o milho ou sorgo podem ser precedidos do
cultivo de leguminosas de inverno (ervilhaca, serradela ou
outras) ou de forrageiras de inverno envolvendo gramíneas
+ leguminosas (aveia preta + ervilhaca pastejadas ou aveia
preta + nabo forrageiro).
São apresentadas, a seguir, algumas sugestões de sistema
de produção:
• trigo/soja e ervilhaca/milho ou sorgo;
• trigo/soja e aveia preta + ervilhaca/milho;
• triticale/soja e ervilhaca/milho;
• trigo/soja, aveia branca/soja, ervilhaca/milho;
• trigo/soja, canola/soja, cevada/soja e ervilhaca ou
serradela/milho1 ;
• trigo/soja, trigo/soja, aveia branca/soja e ervilhaca/
milho ou sorgo2 .

1
Em caso de ocorrência de tamanduá-da-soja, não se deverá repetir soja nessa área,
na safra seguinte.
2
Esse sistema deve ser usado nas condições previstas nas “Informações Técnicas para
Trigo”

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 65


66 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Capítulo 6
MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS
DANINHAS

O manejo integrado de plantas daninhas compreende


a associação de vários métodos de controle, os quais
geralmente oferecem vantagens sobre o uso de um
único método. Estas vantagens estão relacionadas,
principalmente, com os custos e com a eficiência,
minimizando os efeitos negativos das implicações
ambientais, particularmente em longo prazo.

O uso contínuo de um mesmo método de controle,


ingrediente ativo ou herbicidas com o mesmo mecanismo
de ação altera profundamente a flora infestante das áreas
tratadas, selecionando espécies tolerantes e/ou resistentes
que poderão se constituir em problemas sérios, como
são os casos de leiteira (Euphorbia heterophylla), poaia
(Richardia brasiliensis), corriola (Ipomoea spp.), buva
(Conyza bonariensis), trapoerabas (Commelina spp.) e
azevém (Lolium multiflorum). A frequência destas espécies
tem aumentado nas áreas cultivadas com soja tratadas
continuamente com o herbicida glifosato. Portanto, a
integração de métodos de controle é sempre vantajosa
e, neste aspecto, preconiza-se a associação do método
cultural ao controle mecânico ou químico, o que pode

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 67


levar, inclusive, à eliminação ou redução do número de
aplicações de herbicidas.

O período crítico de competição na cultura da soja ocorre


dos 10 aos 50 dias após a emergência. Neste período,
a cultura deve ser mantida livre da presença de plantas
daninhas. Diversos fatores são responsáveis por variações
da duração deste período, como as condições ambientais,
espaçamentos entre linhas, cultivar, adubação, época de
semeadura e espécie e densidade das plantas daninhas.

6.1 Medidas preventivas

A prevenção consiste no uso de práticas que evitem


a introdução, o estabelecimento e a disseminação de
determinadas espécies daninhas em áreas ainda não
infestadas. Para atingir tal objetivo, a prevenção baseia-
se no conhecimento dos métodos de reprodução e de
disseminação dessas espécies, a fim de interromper seus
ciclos de multiplicação e de dispersão.

O sucesso da prevenção irá depender, além de


características inerentes às espécies daninhas, do esforço
que for aplicado ao próprio programa. Ressalta-se que
esse é o método que propicia maior retorno em relação
ao custo x benefício aplicado. A constante vigilância que
o agricultor deve manter na propriedade é o ponto chave
para obter sucesso com a prevenção. Grandes infestações
podem iniciar com apenas uma ou poucas sementes.

O uso de sementes certificadas deve ser sempre a primeira


etapa de qualquer programa preventivo. A utilização de
sementes de soja contaminadas representa o meio mais
comum de introdução e de manutenção de infestações de

68 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


plantas daninhas nas lavouras. A falta de cuidado nesse
aspecto tem sido um dos fatores mais importantes de
disseminação de espécies problemáticas de plantas de
uma região para outra. Neste sentido, existem leis federais
e estaduais cujas finalidades são garantir a qualidade e a
pureza das sementes comerciais, e reduzir a disseminação
de espécies nocivas. Esta legislação estabelece limites
de sementes de espécies consideradas toleradas para a
cultura, e também as espécies cujas sementes não são
aceitas por serem consideradas proibidas.

Outras medidas preventivas que devem ser consideradas


são: realizar limpeza adicional das sementes; limpar
cuidadosamente os equipamentos de uso agrícola, como
tratores, arados, grades, semeadoras e colhedoras, antes
da entrada em área nova ou quando mudar de área; tomar
cuidados especiais na movimentação e no manejo de
animais de pastejo; praticar limpeza sistemática de terraços
e de curvas de nível, linhas de cercas, beiras de estradas
e canais de irrigação e drenagem; evitar movimentação de
sementes, de palha ou de outros resíduos vegetais e de
terra de uma área para outra.

Uma das medidas preventivas mais eficientes para reduzir


a infestação de plantas daninhas é evitar a produção de
suas sementes, pois, para a maioria delas, esta é a forma
principal de reinfestação de lavouras. Para isso, é essencial
efetuar a eliminação das partes aéreas das plantas antes
de ocorrer o florescimento.

6.2 Método cultural

Respeitadas as exigências culturais de cada cultivar, indica-


se buscar o mais rápido fechamento de entrelinhas para
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 69
possibilitar o sombreamento completo do solo. Para isso,
indica-se empregar espaçamentos entrelinhas de 35 a 50
cm, respeitando a população indicada de plantas para cada
cultivar de soja. O fechamento do dossel ocasionará menor
infestação de plantas daninhas, bem como contribuirá para
maior eficiência dos métodos de controle empregados.
A rotação cultural deve ser estimulada, não só por suas
múltiplas vantagens, mas também para impedir a seleção
natural de plantas daninhas, para impedir a dominância
de certas espécies e, consequentemente, para facilitar
as medidas de controle. A cobertura do solo com outras
culturas ou com forrageiras, no período pré e pós soja,
tenderá a diminuir a presença de plantas indesejáveis.

6.2.1 Manejo de plantas daninhas em semeadura direta

No sistema de semeadura direta, a barreira física e/ou


o efeito alelopático proporcionado por algumas culturas
sobre o desenvolvimento de plantas daninhas torna-se
muito importante. Nesse caso, a cultura de inverno que
antecede a soja é eliminada química ou mecanicamente
e seus restos culturais mantidos na superfície para inibir
o desenvolvimento de plantas daninhas. Culturas que se
destacam neste aspecto são a aveia preta e o azevém,
que apresentam elevado efeito supressor sobre espécies
gramíneas e dicotiledôneas em geral, ressaltando-se os
efeitos da aveia preta sobre papuã e do azevém sobre
guanxuma. Este fato, aliado ao mapeamento prévio da
propriedade com localização, identificação e quantificação
de plantas daninhas, pode otimizar e dispensar, total ou
parcialmente, o uso de herbicidas.

O manejo de culturas de inverno, visando à formação de


cobertura protetora, pode ser realizado por via química
70 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
ou mecânica, obtendo-se melhores resultados quando as
culturas de cobertura estiverem no início da fase reprodutiva.
Caso estas culturas apresentem-se desuniformes, com
baixa densidade populacional ou ocorrer presença de
espécies daninhas, é indicada sua dessecação.

6.2.2 Efeito de restos culturais no controle de plantas


daninhas

Tradicionalmente, o manejo de plantas daninhas tem


utilizado controle químico. Mais recentemente, outras
alternativas estão em uso, como restos de palha de
culturas que, através de seus efeitos físicos e alelopáticos,
têm se mostrado efetivas. Embora a alelopatia apresente
potencial no manejo de plantas daninhas, são necessários
estudos adicionais para comprovar sua importância em
condições de campo. É reconhecido que a cobertura
morta proporcionada por restos de culturas é importante
no controle de plantas daninhas, pois muitas espécies não
germinam quando cobertas por uma camada uniforme de
palha, pois necessitam de estímulo de luz e temperatura
para desencadear o processo de germinação, o que ocorre
somente quando parte dos resíduos se decompuser. Desse
modo, ocorre atraso na germinação de sementes e na
emergência de plântulas, reduzindo as populações dessas
espécies junto à soja. Esses efeitos dependem do tipo de
restos de cultura e também de sua distribuição e quantidade,
assim como das condições climáticas ocorrentes.

Os restos culturais de aveia preta têm demonstrado grande


potencial no controle de plantas daninhas em semeadura
direta. Essa espécie, além de produzir grande quantidade
de matéria seca para cobertura do solo, permite produção
de sementes e de forragem, possibilitando renda extra aos
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 71
agricultores. O azevém é outra espécie utilizada para tal
propósito. Seu uso deve-se ao fato de ser uma espécie
adaptada, que apresenta ressemeadura natural e pode
reduzir as infestações de várias espécies daninhas, como
papuã, milhã e guanxuma. No entanto, assim como a
aveia preta, o azevém pode infestar culturas de inverno
subsequentes, constituindo-se em planta daninha. A Tabela
6.1 apresenta a supressão relativa de algumas espécies
cultivadas no inverno sobre plantas daninhas que ocorrem
em soja.

Tabela 6.1 Supressão relativa de plantas daninhas na


cultura da soja por resíduos de culturas mantidos na
superfície do solo.

Espécie de planta daninha


Guanxuma Corriola Picão preto
Cultura (Sida rhombifolia) (Ipomoea grandifolia) (Bidens pilosa)
Aveia preta +++ ++++ ++++
Colza - +++ +++
Aveia branca +++ ++++ ++++
Trigo - - -
Nabo forrageiro - ++++ +++
Centeio - ++ ++
Ervilhaca - ++ ++
Aveia preta + +++ ++++ ++++
ervilhaca
Azevém ++++ ++++ ++++

Supressão: ++++ (elevada), +++ (boa), ++ (média), + (baixa), - (reduzida).

72 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


A distribuição dos restos culturais na superfície do solo
deve ocorrer de modo que haja formação de uma camada
uniforme de palha. No caso de culturas que se destinem
também à produção de grãos, o emprego de picador e
de distribuidor de palha, bem regulados e balanceados,
proporciona fracionamento e distribuição uniforme da palha
na mesma largura da plataforma de corte da colhedora,
facilitando a operação de semeadura da cultura seguinte
e melhorando o controle de plantas daninhas. Quando a
palha for uniformemente distribuída sobre o solo, obtêm-
se efeitos físicos e químicos máximos sobre as plantas
daninhas e, adicionalmente, o melhor funcionamento
de herbicidas que forem utilizados para complementar o
controle.

No caso da cultura de cobertura ser destinada para


pastoreio, é fundamental que o manejo da pastagem seja
efetuado quando o solo apresentar condições adequadas de
umidade. Além disto, é indicado deixar cobertura suficiente
para boa proteção do solo, o que é conseguido retirando os
animais antes da operação de manejo ou dessecação. O
manejo adequado dos animais é importante, uma vez que
sua presença em áreas com solo excessivamente úmido
provoca amassamento de plantas e compactação do solo.

6.3 Método físico

É muito importante a escolha do equipamento adequado


às condições de lavoura e ao esquema de implantação da
cultura. Os diversos modelos de capinadoras apresentam
comportamento similar no controle de plantas daninhas,
eliminando de 75% a 80% das mesmas quando da
realização de duas capinas.
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 73
Quanto à época de realização, a primeira capina não deve
ultrapassar os 20 dias após a emergência da cultura e a
segunda deve ser realizada entre 25 e 35 dias. No caso
específico das capinadoras rotativas de arrasto, é muito
importante que a primeira capina ocorra nas primeiras duas
semanas após emergência da soja, preferencialmente
quando as plantas daninhas estiverem com uma a duas
folhas, pois o atraso implicará em redução drástica da
eficiência da capina. Na segunda capina, se necessária,
este equipamento deverá ser usado até 28 dias após a
emergência da cultura.

A regulagem das capinadoras, especificamente as rotativas


de arrasto, deve ser feita previamente numa pequena área
da lavoura, pois a otimização das mesmas está relacionada
com a textura e a compactação do solo, bem como com o
grau de infestação da área por plantas daninhas. Quanto
às capinadoras de entrelinhas, devem-se usar ponteiras
do tipo "asa de andorinha”, pois este modelo apresenta a
vantagem de efetuar uma capina superficial, sem remover
grande quantidade de solo e sem formar sulcos profundos
nas entrelinhas, evitando-se, com isso, danos no sistema
radicular das plantas de soja.

6.4 Método químico

Dentre as tecnologias atualmente indicadas para o controle


das plantas daninhas na cultura de soja, os herbicidas
têm sido a alternativa mais usada pelo produtor. Quando
empregados corretamente, respondem com eficiência e
segurança aos objetivos visados. Caso contrário, poderão
causar sérios prejuízos não só à cultura, como também ao
homem e ao ambiente. A experiência sugere que o controle
74 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
químico pode ser encarado como alternativa eficiente, sem
deixar de usar os demais métodos e práticas culturais
indicados para a mesma finalidade, os quais são eficientes
e também econômicos e devem ser usados de forma
integrada. Para obter a máxima eficiência com o controle
químico, é fundamental que o equipamento de aplicação
esteja em perfeitas condições de uso, sem vazamentos,
com uniformidade de bicos na barra e, fundamentalmente,
bem regulado e calibrado. A obtenção de eficiência e de
segurança da aplicação está relacionada à adequada
tecnologia de aplicação necessária para cada situação.

6.4.1 Herbicidas indicados

6.4.1.1 Pré-semeadura ou dessecação

Consiste na eliminação de plantas daninhas antes da


semeadura da cultura, utilizando herbicidas com ação de
contato ou sistêmica, mas geralmente de ação total sobre
as plantas. Essa prática também costuma ser chamada
de ‘operação de manejo’. Os herbicidas indicados para
esta operação são descritos na Tabela 6.2 e sua época de
aplicação na Tabela 6.3. As espécies daninhas presentes
próximo à época de semeadura da soja, em áreas onde
foram cultivados cereais de inverno, costumam ser de
manejo mais simples do que nas áreas que estiveram sob
pastejo ou pousio. Nas áreas ocupadas com cereais de
inverno, o manejo adequado das plantas daninhas durante
o ciclo da cultura resulta em baixa infestação e com plantas
daninhas de menor porte, o que permite aplicação única
de herbicidas logo antes da semeadura da soja. Em áreas
destinadas ao pastejo ou pousio de inverno, o controle de
espécies daninhas deve ser realizado durante a estação
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 75
de crescimento, de forma que ocorra baixa infestação no
cultivo da soja.

Nos últimos anos, buva, poaia branca e corriola constituíram-


se nas espécies daninhas que mostram maior dificuldade de
controle quando da operação da dessecação. Isso se deve,
em geral, ao estádio avançado de desenvolvimento em que
estas espécies se encontram no momento da dessecação
e à realização dessa operação próximo à semeadura.
Neste caso, a operação da semeadura ocasiona dano às
plantas daninhas, resultando em aumento da dificuldade da
ação do herbicida. Essas espécies devem ser controladas
durante a estação de crescimento ou com antecedência
suficiente à semeadura da soja, de forma a obter controle
eficiente. Em outras situações, como de altas infestações
ou de plantas bem desenvolvidas, também podem ser
necessárias duas aplicações de herbicidas dessecantes,
devendo a primeira ser executada cerca de 20 dias antes
da semeadura e a segunda logo antes da semeadura da
soja. O herbicida 2,4-D, devido à possibilidade de provocar
danos às plantas de soja, não deve ser aplicado em
intervalo de tempo inferior a 10 dias antes da semeadura
da cultura. As indicações para dessecação acima referidas
são importantes, pois objetivam proporcionar a semeadura
e a emergência da soja em ambiente livre da presença de
plantas daninhas.

Não é indicado utilizar o herbicida 2,4-D em áreas próximas


de culturas sensíveis, como frutíferas, hortaliças e fumo.
Nas aplicações do herbicida 2,4-D, bem como em todas
as aplicações de herbicidas, observar as condições
meteorológicas durante a aplicação, evitando períodos
com ventos fortes, temperatura elevada e baixa umidade
relativa do ar.

76 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 6.2 Herbicidas indicados em pré-semeadura para dessecação de plantas daninhas
no sistema de semeadura direta na cultura de soja
Concentração
Carência1 Produto Dose Classe
Nome comum da formulação2
(dias) comercial (kg ou L/ha) toxicológica
(g/L ou kg)
n.d.3 Aminol 806 670 (e.a.) 1,0 a 1,5 I
2,4-D (amina) n.d. DMA 806 BR 670 (e.a.) 1,0 a 1,5 I
n.d. Herbi D-480 400 (e.a.) 2,25 a 3,75 I
2,4-D (éster) n.d. Deferon 400 (e.a.) 1,0 a 1,5 III
4
Clorimurom etílico 65 Classic 250 (i.a.) 0,04 III
Glifosato Nortox 360 (e.a.) 1,0 a 6,0 IV
Glifosato n.d. Roundup Original 360 (e.a.) 0,5 a 12,0 III
Trop 360 (e.a.) 1,0 a 6,0 III
Glifosato potássico n.d. Zapp Qi 620 500 (e.a.) 0,7 a 4,2 III
Dicloreto de Paraquate5 7 Gramoxone 200 200 (i.a.) 1,5 a 2,0 II
Dicloreto de Paraquate

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n.d. Gramocil 100 (i.a.) + 200 (i.a.) 2,0 II
+ Diurom
1
Número de dias entre a aplicação e a colheita.
2
(e.a.) = equivalente ácido; (i.a.) = ingrediente ativo.
3
n.d. = não determinado.
4
Para dessecação, aplicar simultaneamente com glifosato na dose 720 g/ha de equivalente ácido. Adicionar óleo mineral a 0,5% v/v.
5
Adicionar surfactante não iônico.

77
Tabela 6.3 Épocas de aplicação de herbicidas não-seletivos usados em pré-semeadura para

78
dessecação de plantas daninhas no sistema de semeadura direta na cultura de soja
Época de aplicação em Mecanismo de ação
Planta daninha a controlar Herbicida indicado
relação à semeadura de soja (inibição de)
Glifosato 5 a 10 dias antes EPSPS
Monocotiledôneas anuais
Dicloreto de paraquate 3 a 5 dias antes FS I
2,4-D No mínimo 10 dias antes Auxina sintética
1
Clorimurom-etílico e glifosato 5 a 10 dias antes ALS e EPSPS
Fotossistema I + Fotos-
Dicloreto de paraquate + diuron2 3 a 5 dias antes
Dicotiledôneas anuais sistema II
Auxina sintética +
2,4-D + Glifosato No mínimo 10 dias antes
EPSPS
Glifosato 5 a 10 EPSPS
Fotossistema I + Fotos-
Dicloreto de paraquate + diuron2 3 a 5 dias antes
sistema II
Dicotiledôneas anuais e 2,4-D No mínimo 10 dias antes Auxina sintética
perenes
Dicloreto de paraquate 3 a 5 dias antes Fotossistema I
Glifosato 5 a 10 dias antes EPSPS
1
Na dose apresentada na Tabela 6.2 o herbicida apresenta efeito residual sobre Bidens sp. e Raphanus sp.
2
Controla aveia nos estádios de floração a grão leitoso.

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6.4.1.2 Herbicidas de pré-semeadura incorporados
(PSI)

Os herbicidas de pré-semeadura incorporados, também


denominados de pré-plantio incorporados (PPI), são
aplicados antes da semeadura de soja, pois são produtos
que, por suas características físico-químicas, necessitam
ser incorporados mecanicamente ao solo, o que possibilita
maior eficiência agronômica. A incorporação deverá ser
realizada logo após a aplicação, usando grade niveladora
de discos, regulada para trabalhar em profundidade de 10
a 15 cm. Os herbicidas indicados para esta aplicação são
descritos na Tabela 6.4, e a eficiência destes produtos no
controle das principais plantas daninhas monocotiledôneas
e dicotiledôneas é descrita nas tabelas 6.5 e 6.6,
respectivamente.

6.4.1.3 Herbicidas de pré-emergência (PRÉ)

Os herbicidas de pré-emergência são aqueles aplicados


antes ou logo após a semeadura da soja, quando a cultura
e as plantas daninhas ainda não emergiram do solo. Por
ocasião da aplicação, na semeadura convencional o solo
deve apresentar-se com umidade e destorroado, para
que ocorra perfeita distribuição do herbicida na superfície.
Para obtenção da perfeita incorporação e ativação destes
compostos químicos, o ideal é ocorrer chuva entre 10
e 15 mm até 48 h após a aplicação. Para aumentar o
controle com herbicidas residuais de solo, indica-se
efetuar a semeadura, seguida da aplicação dos produtos,
imediatamente após a última gradagem. Os herbicidas
indicados para esta aplicação são descritos na Tabela 6.4,
e a eficiência destes produtos no controle das principais
plantas daninhas monocotiledôneas e dicotiledôneas é
descrita nas tabelas 6.5 e 6.6, respectivamente.
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 79
6.4.1.4 Herbicidas de pós-emergência (PÓS)

Esta operação de controle consiste na eliminação de plantas


daninhas em pós-emergência da cultura, empregando
herbicidas indicados na Tabela 6.4. A eficiência destes
herbicidas é descrita nas tabelas 6.5 e 6.6. Em geral, uma
característica importante destes compostos químicos é sua
adequada seletividade à cultura, pois a aplicação é realizada
quando as plantas daninhas e a cultura encontram-se já
emergidas. Para obtenção de melhores resultados com esta
prática, é necessário observar alguns fatores importantes,
como condições climáticas por ocasião da aplicação e
estádio de desenvolvimento das plantas daninhas.

Em condições de estresse biológico, evitar aplicação


de herbicidas dessecantes e de pós-emergência, pelo
fato das plantas daninhas não se encontrarem em plena
atividade fisiológica e, assim, a atuação do herbicida ficar
prejudicada. Os estádios iniciais de desenvolvimento das
plantas daninhas são os mais suscetíveis à ação dos
herbicidas de pós-emergência e, portanto, representam a
época preferencial de tratamento.

80 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 6.4 Herbicidas seletivos indicados para o sistema de semeadura convencional na
cultura de soja
Concentração Mecanismo
Produto Dose Época de Carên- Classe
Nome comum da formulação de ação
comercial (kg ou l/ha) aplicação1 cia (dias) toxicológica
(g/l ou kg) (inibição de)
Acifluorfem-sódico Blazer Sol 170 1,0 a 1,5 PÓS 50 I Protox
Acifluorfem-sódico Doble 80 + 300 2,0 PÓS 90 II Protox +
+ Bentazona Volt 170 + 400 1,2 a 1,5 PÓS 90 I Fotoss.
Alacloro Laço EC 480 5,0 a 7,0 PRÉ SI2 I Parte Aérea
Bentazona Basagran 600 600 1,2 a 1,6 PÓS 90 III Fotossíntese
C l o r a n s u l a m - Pacto + Agral a 35,7g a
840 PÓS 48 III ALS
metílico (48 dias) 0,2% v/v 47,6 g
Clorimurom-etílico
Classic 250 0,06 a 0,08 PÓS 65 III ALS
(65 dias)
Select 240 EC +
Cletodim3 (60 dias) óleo mineral a 240 0,35 a 0,4 PÓS 60 I ACCase
0,5% v/v

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Síntese de
Clomazona Gamit 500 1,6 a 2,0 PRÉ SI II
carotenos
0,03 a
Diclosulam4 Spider 840 WG 840 PSI SI II ALS
0,042
Fenoxaprope-p- 0,625 a
Podium EW 110 PÓS 60 I ACCase
etílico (60 dias) 1,0
Continua...

81
Tabela 6.4 Continuação...

82
Concentração Mecanismo
Produto Dose Época de Carên- Classe
Nome comum da formulação de ação
comercial (kg ou l/ha) aplicação1 cia (dias) toxicológica
(g/l ou kg) (inibição de)
Fenoxaprope-p-
ACCase +
etílico+ Cletodim Podium S 50 + 50 1,0 PÓS 60 II
ACCase
(60 dias)
Fluazifope-
p-butílico + ACCase +
Fusiflex 125 + 125 1,6 a 2,0 PÓS 60 II
Fomesafem (80 Protox
dias)
Fluazifope-
p-butílico + ACCase +
Robust 200 + 250 0,8 a 1,0 PÓS SI III
Fomesafem (60 Protox
dias)
0,875 a
Flumetsulam5 Scorpion 120 PSI/PRÉ SI IV ALS
1,167
Fomesafem (60 Flex + Energic a
250 0,9 a 1,0 PÓS 60 I Protox
dias) 0,2% v/v
Haloxifope-R- Verdict-R+Joint a
120 0,4 a 0,5 PÓS 98 II ACCase
metílico (98 dias) 0,5 % v/v
Scepter 150 1,0 PSI/PRÉ SI II
6
Imazaquim Scepter 70 DG 70 0,2 a 0,4 PSI/PRÉ SI III ALS
Topgan 150 1,0 PSI/PRÉ SI IV

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Continua...
Tabela 6.4 Continuação...
Concentração Mecanismo
Produto Dose Época de Carên- Classe
Nome comum da formulação de ação
comercial (kg ou l/ha) aplicação1 cia (dias) toxicológica
(g/l ou kg) (inibição de)

Imazetapir (100 Pivot 100 1,0 PÓS 66 IV ALS


dias)
Vezir WG 106 1,0 a 1,4 PÓS 66 III
0,625 a
Cobra 240 POS 84 I
Lactofem (84 dias) 0,75 Prot
Naja7 240 0,5 a 0,7 PÓS 84 II
Metribuzim8 Sencor 480 480 0,75 a 1,0 PSI/PRÉ SI IV FS I
Polimerização
Pendimetalina9 Herbadox 500 1,5 a 3,0 PSI SI III
da tubulina
Quizalofope-p-
Targa 50 EC 50 2,0 PÓS 30 I ACCase
etílico (S.I.)
Setoxidim (60 Poast + Assist a
184 1,0 a 1,25 PÓS 60 II ACCase
dias) 1,5 l/ha
Sulfentrazona Boral 500 SC 500 0,1 a 1,2 PRÉ SI IV Protox

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Sulfentrazona + Boral 500 SC +
350 + 360 0,70 + 0,75 PRÉ SI IV Protox + FS II
Metribuzim Sencor 480
Tepraloxidim Aramo 200 200 0,375 a 0,5 PÓS 60 I ACCase
Continua...

83
Tabela 6.4 Continuação...

84
Concentração Mecanismo
Produto Dose Época de Carên- Classe
Nome comum da formulação de ação
comercial (kg ou l/ha) aplicação1 cia (dias) toxicológica
(g/l ou kg) (inibição de)

Herbiflan 445 1,2 a 2,4 PSI SI II

Lifalin BR 445 1,2 a 2,4 PSI SI II

Trifluralina
445 1,5 a 2,0 PSI SI III
Milênia
Polimerização
Trifluralina
Trifluralina9 445 1,2 a 2,4 PSI SI II da tubulina
Nortox

Tritac 480 1,5 a 2,0 PSI SI IV

Premerlin 600
600 0,9 a 2,0 PSI SI I
EC
Premerlin 600
600 3,0 a 4,0 PRÉ SI II
EC
1
PSI = pré-semeadura incorporado; PRÉ = pré-emergência; PÓS = pós-emergência.
2
Carência dos produtos (SI = sem informação).
3
Para controle de Oryza sativa, aplicar no estádio de até um afilho.
4
Não utilizar nabo forrageiro em sucessão.
5
Em solos arenosos com teor de matéria orgânica inferior a 2%, utilizar dose máxima de 0,875 L/ha. Para o controle de leiteira (Euphorbia heterophylla) e de corriola (Ipomoea spp.)
só é indicado em infestações de baixas a médias populações.
6
Em altas infestações de Euphorbia heterophylla e de Ipomoea spp., indica-se aplicar em PSI. Em sucessão à soja tratada com imazaquin, somente poderão ser semeados aveia,
trigo, triticale e ervilhaca no inverno e, em rotação, amendoim, feijão e soja no verão. Milho poderá ser semeado somente 300 dias após a aplicação de imazaquin.
7
Para Euphorbia heterophylla utilizar a dose de 0,7 L/ha.
8

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Não utilizar em solos arenosos, com teor de matéria orgânica inferior a 2%.
9
Utilizar dose menor em solo arenoso e dose maior em solo argiloso.
Tabela 6.5 Resposta de espécies daninhas monocotiledôneas aos herbicidas indicados
para a cultura da soja.

Espécies daninhas gramíneas

Alacloro
Imazetapir
Metolacloro
Propaquizafope
Setoxidim
Tepraloxidim

Fenoxaprope-p-etílico
Fenoxaprope-p-etílico + Cletodim
Fluazifop-p-butílico

Clomazona
Haloxifope-R-metílico

Butroxidim
Cletodim
Metolacloro + Metribuzim
Quizalofope-petílico
Sulfentrazona
Sulfentrazona + Metribuzim

Fluazifop-p-butílico + Fomesafem
Imazaquim + Pendimetalina
Pendimetalina
Trifluralina

Brachiaria
Papuã CM C C C C C C C C C CM C C C C C C C C C³ C
plantaginea
Cenchrus Capim
CM SI C SI C SI C SI SI SI SI C C C SI SI C SI SI SI C
echinatus carrapicho
Digitaria spp. Milhã C C C C C C C SI C SI C C C C C SI C C SI C³ C
Digitaria
Milhã SI SI SI SI SI SI SI SI SI C SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI

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ciliaris
Digitaria
Milhã SI C SI SI SI C SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI
horizontalis
Digitaria
Milhã SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI
sanguinalis
Capim
Echinochloa spp. C SI C C C SI C SI SI SI C C C C C SI C C C SI C
arroz

85
Continua...
Tabela 6.5 Continuação.

86
Espécies daninhas gramíneas

Butroxidim
Fluazifop-p-butílico
Metolacloro
Pendimetalina
Sulfentrazona + Metribuzim

Haloxifope-R-metílico
Metolacloro + Metribuzim
Propaquizafope
Setoxidim

Cletodim
Fenoxaprope-p-etílico + Cletodim

Alacloro
Imazetapir
Quizalofope-petílico

Fenoxaprope-p-etílico
Fluazifop-p-butílico + Fomesafem
Imazaquim + Pendimetalina
Sulfentrazona
Tepraloxidim
Trifluralina

Clomazona
Echinochloa
Capim
crusgalli var. crus- SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI
arroz
galli
Echinochloa crus-
Capim
galli var. cruspa- SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI
arroz
vonis
Echinochloa colo- Capim
SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI
num arroz
Capim pé-
Eleusine indica SI SI C SI SI SI SI SI SI SI SI CM C cm SI SI SI SI SI SI CM
-de-galinha
Arroz
Oryza sativa CM SI C NC SI SI SI SI SI SI SI SI SI CM C SI SI SI SI SI C4
vermelho
Capim

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Sorghum halepen-
massam- NC SI C1 SI SI SI C2 SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI C5
se
bará
C= controle acima de 80%; CM= controle médio de 60 a 80%; NC= controle inferior a
60%; SI= Sem informação.
1
Aplicar quando a erva daninha estiver com 15 a 30 cm de altura.
2
Aplicar quando a erva daninha estiver com 30 a 40 cm de altura.
3
Aplicar até quatro afilhos.
4
O produto Premerlin 600 CE controla arroz vermelho quando aplicado em pré-semea-
dura incorporado.
5
Controlam plântulas em emergência a partir de sementes.

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Tabela 6.6 Resposta de espécies daninhas dicotiledôneas aos herbicidas indicados para a

88
cultura da soja

Espécies daninhas dicotiledôneas


Fomesafem
Imazaquim

Flumetsulam

Aciflurofem-sódico
Aciflurofem-sódico + Bentazona
Alacloro
Bentazona
Cloransulam-metílico
Clorimurom-etílico
Clomazona
Cianazina
Diclosulam

Acanthospermum australe Carrapicho rasteiro NC C NC SI SI SI SI SI SI SI SI C


Amaranthus spp. Carurus C C C NC SI CM NC C SI C C C
Amaranthus deflexus Caruru SI SI SI NC SI SI SI SI SI SI SI SI
Amaranthus hybridus Caruru C C C NC SI CM CM SI SI SI C C
Amaranthus lividus Caruru SI SI SI NC SI SI SI SI SI SI SI SI
Amaranthus viridis Caruru C C SI NC SI CM SI SI SI C C C
Bidens pilosa, B. subalternans Picão preto CM C CM C C C C C C C C C
Euphorbia heterophylla Leiteira CM CM NC NC SI SI NC NC C C CM C
Galinsoga parviflora Picão branco C C C C SI SI SI C SI SI CM C

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Continua...
Tabela 6.6 Continuação

Espécies daninhas dicotiledôneas


Flumetsulam
Fomesafem
Imazaquim

Bentazona
Diclosulam

Clorimurom-etílico
Clomazona
Cianazina

Aciflurofem-sódico
Alacloro
Cloransulam-metílico

Aciflurofem-sódico + Bentazona
Ipomoea spp. Corriola CM C NC C SI C NC CM C C CM C
Ipomoea acuminata Corriola CM SI NC SI SI SI NC SI SI C SI SI
Ipomoea grandifolia Corriola CM C NC C CM C NC SI C SI CM C
Ipomoea purpurea Corriola CM SI NC SI SI C NC SI SI SI CM SI
Portulaca oleracea Beldroega C C C C SI C C CM SI SI C C

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Raphanus spp. Nabiças C C NC C SI C SI CM C SI C C
Raphanus raphanistrum Nabiça C C NC C SI C SI CM C SI C C
Raphanus sativus Nabiça SI C NC SI SI SI SI SI SI SI SI SI
Richardia brasiliensis Poaia-branca CM NC SI NC SI SI NC SI SI SI SI C
Sida spp. Guanxumas NC C CM C C SI C CM C C NC C
Continua...

89
Tabela 6.6 Continuação

90
Espécies daninhas dicotiledôneas

Aciflurofem-sódico
Aciflurofem-sódico + Bentazona
Alacloro
Bentazona
Cloransulam-metílico
Fomesafem

Diclosulam

Clorimurom-etílico
Imazaquim

Clomazona
Flumetsulam

Cianazina

Sida rhombifolia Guanxuma NC CM CM C C SI C SI C C NC C


Solanum americanum Maria-preta C C NC CM SI SI SI SI SI SI C C
Solanum sysimbriifolium Joá bravo C C NC NC SI SI SI NC SI SI C C
Spergula arvensis Gorga C C C C SI SI SI C SI SI SI C
Vigna unguiculata Feijão miúdo SI SI SI SI SI C SI SI SI SI SI SI
Xanthium strumarium Carrapichão SI C SI SI C C SI SI C SI SI SI
Continua...

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 6.6 Continuação

Espécies daninhas dicotiledôneas


Sulfentrazona

Pendimetalina

Lactofem
Oxasulfurom

Imazetapir

Imazaquim + Pendimetalina
Sulfentrazona + Metribuzim

Metolacloro
Metolacloro + Metribuzim
Metribuzim
Metribuzim + Imazaquim

Acanthospermum australe Carrapicho rasteiro SI C C NC SI CM SI SI NC SI SI

Amaranthus spp. Carurus SI C C C C C SI SI C SI C

Amaranthus deflexus Caruru C C C SI C C SI SI C C C

Amaranthus hybridus Caruru SI C C C C C SI SI C SI C

Amaranthus lividus Caruru SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI

Amaranthus viridis Caruru C SI C C SI C SI SI C SI SI

Bidens pilosa, B. subalternans Picão preto C CM C CM C C SI C NC CM C

Euphorbia heterophylla Leiteira C C CM NC SI NC C SI NC C C

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Galinsoga parviflora Picão branco SI SI C C C C SI SI CM SI SI

Ipomoea spp. Corriola SI CM CM NC SI CM SI SI NC C C

Ipomoea acuminata Corriola SI SI SI NC SI SI SI SI NC SI SI

Ipomoea grandifolia Corriola C CM CM NC SI CM SI SI NC C SI

Ipomoea purpurea Corriola SI SI CM NC SI SI SI SI NC SI SI

91
Continua...
Tabela 6.6 Continuação

92
Espécies daninhas dicotiledôneas

Imazetapir
Lactofem
Metolacloro
Metolacloro + Metribuzim
Metribuzim
Metribuzim + Imazaquim

Imazaquim + Pendimetalina
Oxasulfurom
Pendimetalina
Sulfentrazona
Sulfentrazona + Metribuzim

Portulaca oleracea Beldroega SI SI C CM C C C SI SI CM C

Raphanus spp. Nabiças SI C C CM C C C C CM SI SI

Raphanus raphanistrum Nabiça SI C SI CM C SI SI C CM SI C

Raphanus sativus Nabiça SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI

Richardia brasiliensis Poaia-branca C SI C NC SI NC SI SI NC SI SI

Sida spp. Guanxumas SI C CM CM C C SI SI NC C C

Sida rhombifolia Guanxuma C C CM SI C C SI SI NC C C

Solanum americanum Maria-preta SI SI C CM SI CM SI SI SI SI SI

Solanum sysimbriifolium Joá bravo SI CM SI NC SI NC SI SI NC SI SI

Spergula arvensis Gorga SI SI SI CM SI C SI SI C SI SI

Vigna unguiculata Feijão miúdo SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI

SI SI SI SI SI SI C C SI SI C

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Xanthium strumarium Carrapichão

C= controle acima de 80%; CM= controle médio de 60 a 80%; NC= controle inferior a 60%; SI= Sem Informação
6.4.2 Tecnologia de aplicação

6.4.2.1 Herbicidas de solo

Para aplicação destes herbicidas é necessário observar as


condições de umidade e de temperatura do solo, evitando-
se aplicação em solos muito secos ou sob temperatura
elevada. Indica-se o emprego de bicos tipo leque de
ângulos 80° ou 110°, com vazões nominais entre 0,75 e
1,5 L/minuto (0,2 e 0,4 galão/minuto) e volume de calda
entre 100 e 250 L/ha. Para adequada distribuição, indica-
se a condução da barra de pulverização à altura mínima
de 50 ou 40 cm sobre o solo, para bicos com ângulos de
80o e 110o, respectivamente, ao se usar espaçamento entre
bicos de 50 cm.

6.4.2.2 Herbicidas de folhagem

A aplicação de herbicidas em pós-emergência requer a ob-


servação dos seguintes aspectos:

a) Condições de ambiente

• não aplicar em períodos de estresse hídrico (defici-


ência ou excesso de água no solo);

• aplicar apenas quando a umidade relativa do ar for


superior a 60%;

• a temperatura do ar ótima para aplicação é de 15 a


25 ºC. Evitar aplicar quando a temperatura for inferior a 10
ºC;
• suspender a aplicação quando ocorrer vento com
velocidade superior a 8 km/h;

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 93


• não aplicar quando houver forte nebulosidade e
possibilidade de chuva iminente. A ocorrência de chuva logo
após a aplicação pode reduzir drasticamente a eficiência da
maioria dos herbicidas de aplicação em pós-emergência,
devido à lavagem do produto da superfície foliar;

• produtos à base de glifosato, de paraquate,


de bentazona e os difeniléteres apresentam melhor
desempenho quando aplicados em presença de luz solar.
b) Qualidade da aplicação
• usar água limpa, livre de impurezas, sem argila em
suspensão ou sais e, preferentemente, com valores de pH
na faixa de 4 a 6. Medições e correções de pH devem ser
realizadas antes da adição do herbicida e do adjuvante
indicados;
• para reduzir perdas devidas aos fatores de ambiente
e melhorar a cobertura e a aderência dos produtos pós-
emergentes, utilizar o adjuvante indicado para cada
herbicida;
• utilizar bicos de pulverização do tipo leque, com
ângulo de pulverização de 110º e vazões nominais de
0,375 a 1,125 L/minuto (0,1 a 0,3 galão/minuto);
• quanto ao volume de calda, os melhores resultados
ocorrem com baixo volume (entre 50 e 200 L/ha),
preconizando maior volume para herbicidas com ação de
contato;

• A barra de pulverização deverá ser conduzida de 40


a 50 cm sobre o alvo biológico, dependendo do ângulo do
bico, para proporcionar adequada penetração e cobertura
das plantas daninhas.

94 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


c) Alvo biológico

• O estádio de desenvolvimento das plantas daninhas


é fator de extrema importância. As espécies dicotiledôneas
apresentam maior suscetibilidade no estádio entre duas e
seis folhas, o qual deve ser sempre o preferencial para as
aplicações de herbicidas.

6.4.2.3 Adição de adjuvantes aos herbicidas de


folhagem

Adjuvantes são substâncias que têm a finalidade de


aumentar a eficácia dos herbicidas. A maioria das
aplicações requer adjuvantes, que podem estar contidos
na própria formulação do herbicida ou ser adicionados à
calda de aplicação por ocasião do seu preparo.

Os adjuvantes incluem diversos compostos, tais como: a)


emulsificantes, substâncias que promovem a suspensão
coloidal de um líquido em outro; b) surfactantes,
compostos que favorecem a emulsificação, dispersão,
molhabilidade,ou que modificam alguma outra propriedade
dos líquidos; c) agentes molhantes, substâncias que
reduzem as tensões interfaciais e facilitam melhor contato
entre as gotas e as superfícies tratadas; d) óleos minerais
ou vegetais, constituídos pela mistura pré-formulada
de óleos, surfactantes e emulsificantes; e) compostos
nitrogenados, substâncias orgânicas ou inorgânicas
que melhoram as propriedades da calda de aplicação e/
ou facilitam a absorção dos herbicidas; e, f) silicones,
compostos orgânicos que apresentam propriedades mais
acentuadas do que os surfactantes.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 95


A adição de ácidos à calda de aplicação tem demonstrado
resultados controvertidos. Normalmente, pH baixo evita a
hidrólise das moléculas herbicidas, mas muitas formulações
já possuem substâncias que acidificam e tamponam a
calda de aspersão, mantendo o pH ao redor de 6,0.

A dose correta do adjuvante é fundamental para o sucesso


de sua utilização. Doses de adjuvantes acima das descritas
na bula dos herbicidas podem aumentar excessivamente
a absorção dos herbicidas pelas culturas e intensificar
os sintomas de fitotoxicidade, ou podem ocasionar
escorrimento da calda aspergida sobre as plantas
daninhas e reduzir a eficácia dos herbicidas. Doses abaixo
das indicadas nas bulas também podem comprometer a
eficácia, devido à reduzida absorção dos herbicidas.

A utilização de adjuvantes incorretos pode comprometer o


sucesso da aplicação ao promover incompatibilidade física
ou química entre produtos, resultando em falta de controle de
infestantes ou ocasionando a precipitação dos ingredientes
ativos ou inertes, com consequente entupimento dos bicos.
Portanto, indica-se que sejam rigorosamente seguidas as
instruções contidas na bula dos herbicidas, principalmente
quanto ao tipo e dose dos adjuvantes a serem adicionados
à calda de aplicação.

6.4.2.4 Aplicação aérea

Os herbicidas podem ser aplicados por via aérea, empregando


equipamento adequado, seguindo normas técnicas do
Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As
pulverizações aéreas apresentam vantagens em relação
às aplicações terrestres, destacando-se:

96 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


• não causam danos mecânicos à cultura;
• não compactam o solo;
• sua utilização não é limitada pelo excesso de
umidade do solo;
• permitem utilização de caldas mais concentradas;
• trazem economia de tempo.

Devem-se adotar cuidados em relação às condições de


ambiente, de modo similar aos das aplicações terrestres.
Também atentar para a segurança do voo, especialmente
quanto à presença de obstáculos, como árvores e redes
elétricas próximas ou no interior das lavouras. Pode-se
realizar o balizamento da área pelo processo tradicional,
com "bandeirinhas" e marcação prévia do terreno, ou pelo
processo eletrônico, através do sistema de posicionamento
geográfico (GPS).

Para aviões modelo Ipanema, indica-se o uso de bicos


hidráulicos com pontas D-8 ou D-10 e "cores" 45 ou 46,
posicionados para trás em ângulo de 135° em relação ao
sentido do voo, largura da faixa de aplicação de 15 m,
volume de calda de 30 a 40 L/ha e altura de voo de 2 a 3 m.

As aeronaves que tenham aplicado herbicidas não seletivos


à cultura devem ser descontaminadas antes de realizar
pulverização em lavoura de soja, para evitar problemas de
fitotoxicidade. Atenção especial deve ser dada às culturas
suscetíveis, ou mesmo a culturas tolerantes aos herbicidas
utilizados que se encontram em fase de sensibilidade, e
que se localizam nas proximidades da área tratada, para
evitar problemas de fitotoxicidade por deriva.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 97


6.4.2.5 Mistura em tanque
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
através da Secretaria de Defesa Agropecuária, determinou
a retirada das indicações de misturas em tanque dos
rótulos e bulas de agrotóxicos (I.N. nº 46, de 24/07/02,
DOU 26/07/2002), ficando revogada a Portaria SDA nº 67,
de 30/05/1995.
6.4.3 Resistência de plantas daninhas aos herbicidas
A resistência de plantas daninhas caracteriza-se pela
capacidade adquirida por certos biótipos de sobreviver
às doses registradas dos herbicidas. No RS e em SC,
foram identificados diversos biótipos de plantas daninhas
resistentes aos herbicidas inibidores das enzimas ALS
(aceto lactato sintase), ACCase (acetil-coa carboxilase) e
EPSPs (enol piruvil shikimato fosfato sintase). O potencial
de aparecimento dos casos de resistência acentua-se com
o uso prolongado de um mesmo herbicida e com utilização
continuada de herbicidas com o mesmo mecanismo de
ação.
Algumas medidas de prevenção e de manejo minimizam o
desenvolvimento de resistência aos herbicidas em plantas
daninhas, como:
• monitorar mudanças nas populações de plantas
daninhas ocorrentes na lavoura;
• evitar que plantas que se mostrem resistentes ou
que apresentem suspeita de tal efeito produzam sementes
e se multipliquem;
• praticar rotação de culturas, já que favorece a
alternância no uso de herbicidas na área;

98 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


• não utilizar, por mais de duas ocasiões consecutivas,
produtos com mesmo mecanismo de ação;

• utilizar aplicações sequenciais de herbicidas,


incluindo produtos com diferentes mecanismos de ação;

• adotar o manejo integrado de plantas daninhas,


principalmente quando há escapes no controle químico de
determinada espécie.

A aplicação sequencial de glifosato e paraquate+diuron,


na dessecação em pré-semeadura da soja, é técnica
eficiente para prevenir a seleção e o controle de plantas
daninhas que apresentam tolerância natural ao glifosato ou
resistência a este herbicida. Neste caso, a dose indicada de
paraquate+diuron é de 1,0 a 1,5 L/ha de produto comercial,
devendo este herbicida ser aspergido na última aplicação,
em momento próximo da semeadura da soja.

Uma vez constatada resistência, realizar semeadura,


tratos culturais e colheita da área-problema após estas
operações terem sido realizadas nas áreas não infestadas.
Limpar completamente os equipamentos usados nesta
área, para evitar a disseminação das sementes das plantas
resistentes. Sugere-se, ainda, consultar um especialista
no assunto para dirimir eventuais dúvidas a respeito das
ações a serem adotadas em cada caso.

6.4.4 Especificações para o manejo de plantas daninhas


em soja resistente ao herbicida glifosato

O herbicida glifosato tem sido utilizado de forma inadequada


em algumas situações, resultando em diminuição do
controle de plantas daninhas e do rendimento de grãos
de soja. Assim, enfatiza-se os tópicos abaixo como forma

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 99


de proporcionar a manutenção da utilização do herbicida
glifosato como ferramenta para o controle de plantas
daninhas em soja:

a) cobertura do solo: o sistema de semeadura direta baseia-


se fundamentalmente na presença de palha na superfície
do solo, advinda das culturas utilizadas na produção de
grãos anterior à soja e das culturas de cobertura do solo.
A manutenção de áreas em pousio tem sido a causa de
grandes infestações de plantas daninhas resultando
em dificuldades para a operação de dessecação,
principalmente se realizada de forma única e próxima à
semeadura da cultura. Por outro lado, áreas de pastagem
de inverno que tenham sido utilizadas com elevada carga
animal apresentam baixa cobertura do solo no momento
da semeadura da soja. Nesta situação, além de expor o
solo à erosão, o controle de plantas daninhas também é
prejudicado pela falta de cobertura do solo. Estas situações,
isoladas ou em conjunto, podem ser apontadas como uma
das principais causas do surgimento de altas infestações
de plantas daninhas, como a buva;

b) época de dessecação: esta operação deve ser realizada


com a antecedência necessária conforme descrito no item
6.4.1.1 e na Tabela 6.3. A dessecação em período próximo
ou até mesmo após a semeadura é uma operação de
alto risco que diminui o controle das plantas daninhas, e
ainda proporciona competição inicial destas com a cultura,
resultando na diminuição do rendimento de grãos;

c) época de aplicação do herbicida glifosato em pós-


emergência: o herbicida glifosato em aplicações isoladas
ou sequenciais deve ser utilizado de forma que a cultura
não receba os efeitos da interferência das plantas daninhas

100 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
durante o período crítico de competição. Em algumas
situações, o herbicida glifosato é aplicado tardiamente com
o objetivo de aguardar a germinação da máxima quantidade
de plantas daninhas. Neste caso, o efeito da competição
é irreversível, e apesar da cultura apresentar-se livre de
plantas daninhas ao final do ciclo, o rendimento de grãos
será diminuído devido à competição que ocorreu antes da
aplicação do herbicida;

d) resistência de plantas daninhas ao herbicida glifosato:


a utilização contínua do herbicida glifosato tem resultado
na evolução da resistência a este produto em populações
de Lolium multiflorum (azevém), Conyza bonariensis e C.
canadensis (buva), Digitaria insularis (milhã) e Euphorbia
heterophylla (leiteira). Conforme descrito no item 6.4.3, a
utilização de herbicidas com outros mecanismos de ação
em rotação ou de forma sequencial ao herbicida glifosato,
é medida essencial para a prevenção deste problema;

e) escolha da dose: a utilização de doses crescentes de


herbicida glifosato com o objetivo de controlar plantas
daninhas tolerantes ou resistentes não é correta, pois
favorece a seleção de plantas daninhas resistentes.
Nestas situações, indica-se a utilização de herbicidas com
outros mecanismos de ação em rotação ou em aplicações
sequenciais ao herbicida glifosato.

O herbicida glifosato não é encontrado nas tabelas 6.4 e


6.5 devido a não solicitação de sua inclusão por parte das
empresas comercializadoras.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 101
102 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Capítulo 7
MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS

7.1 Tratamento de sementes


O tratamento deve ser realizado em equipamentos
específicos para esse fim, observando-se as seguintes
indicações:
• usar até, no máximo, 700 mL de água para 100 kg de
semente, sendo este o volume final da calda com o
fungicida;
• o fungicida deve sempre ser aplicado antes da inoculação
com Bradyrhizobium japonicum, em qualquer tipo de
equipamento;
• o tratamento deve ser realizado imediatamente antes da
semeadura;
• a regulagem da semeadora deve ser feita com as
sementes já tratadas.
Nas tabelas 7.1 e 7.2 estão relacionados os fungicidas
indicados para tratamento de sementes.
Se o tratamento de sementes envolver outros produtos além
dos fungicidas constantes na Tabela 7.1 como inseticidas,
nematicidas, micronutrientes (CoMo), enraizadores,
hormônios, inoculantes, etc., atentar para possíveis

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 103
problemas de compatibilidade entre os mesmos, evitando a
mistura de tanque (IN 46/2002). Além disso, observar que o
volume final de calda não deve ultrapassar 700 mL por 100
kg de sementes, sob pena de comprometer a germinação
da semente.

É indicada realização da análise sanitária de sementes para


direcionar o fungicida em função de sua especificidade e da
sensibilidade do(s) patógeno(s) presente(s) nas sementes
(Tabela 7.2).

7.2 Tratamento químico da parte aérea

No caso do uso de tratamento químico da parte aérea


(tabelas 7.3, 7.5 e 7.6), os produtos devem ser aplicados
observando-se as condições ambientais de umidade
relativa mínima de 55%, temperatura máxima de 30 ºC e
velocidade do vento entre 3 e 10 km/h. Para aplicações por
via terrestre, indica-se utilização de pontas de pulverização
e pressões de trabalho que produzam gotas de categorias
fina (DMV de 150 a 250 µm) até média (DMV de 250 a
350 µm), com volume de calda entre 100 e 150 L/ha,
considerando o estádio de desenvolvimento das plantas
ou o índice de área foliar da cultura. Como regra, gotas
maiores requerem maiores volumes de calda por área. Da
mesma forma, plantas com maior área foliar a ser protegida
pelo fungicida necessitam de maior volume do que plantas
menores.

A redução do volume de calda é possível, porém implica


no uso de gotas mais finas, o que aumenta os riscos de
perdas por deriva e evaporação e requer maior atenção
com as condições ambientais limitantes. Para reduzir

104 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
volumes de aplicação, também é indispensável o respeito
à cobertura do alvo com o número mínimo de gotas por cm²
de área foliar a ser tratada, de acordo com as indicações
do fabricante de cada fungicida.

Visando à redução de deriva, é indicada utilização de


pontas de pulverização de jatos planos simples ou duplos.
Pontas de jatos cônicos vazios produzem gotas com maior
habilidade de penetração no interior do dossel da cultura,
porém a uniformidade de distribuição ao longo da barra de
pulverização é menor e o risco de deriva maior do que os
observados quando são utilizadas pontas de jatos planos.

No caso de pulverizações de fungicidas realizadas por


aeronaves agrícolas, podem ser utilizados bicos hidráulicos
cônicos, leques e eletrostáticos, bem como atomizadores
rotativos. Indicam-se caldas aquosas e baixo volume
oleoso, devendo as taxas de aplicação ser adequadas para
cada tipo de equipamento. A altura de voo e a largura de
faixa devem estar de acordo com as indicações de cada
fabricante de equipamento, para distribuição uniforme do
produto na lavoura. Cabe ao responsável técnico pela
aplicação definir estes parâmetros, visando à adequada
deposição de gotas e à penetração da calda no interior do
dossel foliar.

A utilização de adjuvantes é prática indispensável para


melhorar o desempenho da maioria dos fungicidas. Estes
podem estar presentes na formulação ou ser adicionados
no momento do preparo da calda. O uso incorreto de
adjuvantes pode comprometer o desempenho dos
fungicidas e até mesmo causar fitotoxicidade à cultura.
Na escolha de adjuvantes, considerar as indicações dos

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 105
fabricantes do fungicida e do adjuvante e atentar para as
considerações feitas no item 6.4.2.3 (Adição de adjuvantes
aos herbicidas de folhagem).

7.2.1 Oídio
Para controle de oídio, dar prioridade ao uso de cultivares
resistentes ou moderadamente resistentes (Tabela 7.7).
A aplicação de fungicidas deve ser realizada quando a
severidade da doença atingir pelo menos 20% de área
foliar do terço inferior da planta, média de 20 plantas
colhidas ao acaso, no interior da lavoura, desprezando-
se as áreas de bordadura. Não deve ser feita aplicação
de fungicida se, até o estádio R5.5 (maioria das vagens
entre 75 e 100% de enchimento de grãos - Tabela 7.4),
a doença não atingir severidade de 20%. A lavoura deve
ser vistoriada semanalmente, para que a aplicação de
fungicida, se necessária, seja feita no momento correto.
Caso a aplicação seja realizada antes da floração, poderá
ser necessária uma segunda aplicação, a qual deverá ser
realizada entre 10 a 15 dias após a primeira para o caso
do enxofre, e de 20 a 25 dias para os demais fungicidas
(Tabela 7.3). Deve ser destacado que a segunda aplicação
deverá ser feita caso seja notada evolução da doença após
a primeira aplicação, até o estádio R5.5.

106 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Tabela 7.1 Fungicidas indicados para tratamento de
sementes de soja. XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da
Região Sul. Passo Fundo, 24 a 26 de julho de 2012

Nome comum Dose/100 kg de semente


Ingrediente ativo (g)
• Produto comercial Produto comercial (g ou mL)
Carbendazim + Captana1 30 g + 90 g
• Derosal 500 SC + Captan 750 TS 60 mL + 120 g
Carbendazim + Tiram1 30 g + 70 g
• Derosal 500 SC + Rhodiauram SC 60 mL + 140 mL
• Derosal 500 SC + Thiram 480 TS 60 mL + 144 mL
• Derosal Plus 200 mL
Carboxina + Tiram 75 g + 75 g ou 50 g + 50 g
• Vitavax-Thiram WP 200 g
• Vitavax-Thiram 200 SC2 250 mL
Fludioxonil + Metalaxil-M 2,5 g + 1 g
• Maxim XL 100 mL
Piraclostrobina + Tiofanato metílico + Fipronil 5 g + 45 g + 50 g
• Standak Top 200 mL
Tiofanato metílico + Tolilfluanida 50 g + 50 g
• Cercobin 700 WP + Euparen M 500 WP 70 g + 100 g
• Cercobin 500 SC + Euparen M 500 WP 100 mL + 100 g
Tolilfluanida + Carbendazim1 50 g + 30 g
• Euparen M 500 PM+ Derosal 500 SC 100 g + 60 mL
1
Mistura não formulada comercialmente.
2
Fazer o tratamento com pré-diluição, na proporção de 250 g do produto + 250 mL de
água para 100 kg de semente.

Cuidados: devem ser tomadas precauções na manipula-


ção dos fungicidas, seguindo as orientações da bula dos
produtos.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 107
Tabela 7.2 Atividade específica de fungicidas de semente de soja. XXXIX Reunião de

108
Pesquisa de Soja da Região Sul. Passo Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Ingrediente
Ct1 Ck2 Cc3 Ss4 Pyth.5 Phytoph.6 Rhizoct.7 Phom.8 Fusarium
ativo
Captana regular - - - bom baixo bom regular regular
Carbendazim excelente excelente S r/p bom baixo baixo ineficaz bom bom
Carboxina + bom/ bom/
bom bom regular - baixo ineficaz regular
Tiram regular regular
Fluazinam - - - excelente - - - - -
Fludioxonil - - - bom baixo baixo bom regular regular
Metalaxyl - - - - excelente excelente* ineficaz ineficaz ineficaz
Piraclostro-
- - - - bom ineficaz bom ineficaz bom
bina
Tiofanato
regular bom S r/p bom baixo baixo - bom bom
metílico
Tiram bom bom bom - regular baixo bom regular regular
Tolilfluanida - - - - ineficaz ineficaz ineficaz regular regular
1 2 3 4 5 6 7
Colletotrichum truncatum; Cercospora kikuchii, Corynespora cassiicola, Sclerotinia sclerotiorum, Pythium, Phytophthora, Rhizoctonia,
8
Phomopsis. - : sem informação; S r/p: sensibilidade reduzida / perdida.
*este efeito só é obtido se o produto contiver doses de metalaxyl entre 15,5 a 31,0 g i.a./100 kg de sementes, e se for usado em cultivares
de soja com alta resistência de campo à fitóftora.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 7.3 Fungicidas indicados para controle de oídio
(Erysiphe diffusa) em soja. XXXIX Reunião de Pesquisa de
Soja da Região Sul. Passo Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Dose/ha
Nome comum Nome comercial
g i.a. 1
p.c.2
Carbendazim Bendazol 250 0,50 L
Carbendazim Derosal 500 SC 250 0,50 L
Ciproconazol +
Priori Xtra 24 + 60 0,30 L
Azoxistrobina
Ciproconazol +
Sphere Max 24 + 56,25 0,15 L
Trifloxistrobina
Difenoconazol Score 37,5 0,15 L
Enxofre Kumulus-DF 2.000 2,50 L
Epoxiconazol +
Envoy 88,5 a 103,2 0,60 a 0,70 L
Piraclostrobina
Epoxiconazol +
Opera 25 + 66,5 0,50 L
Piraclostrobina
Fluquinconazol Palisade3 62,5 0,25 kg
Flutriafol Impact 125 SC 62,5 0,50 L
Tebuconazol Constant 150 0,75 L
Tebuconazol Elite 100 0,50 L
Tebuconazol Folicur 200 EC 100 0,50 L
Tebuconazol Orius 250 EC 100 0,40 L
Tebuconazol Triade 100 0,50 L
Tetraconazol Domark 100 EC 50 0,50 L
Tetraconazol Eminent 125 EW 50 0,40 L
Tiofanato metílico Cercobin 700 WP 300 a 420 0,43-0,60 kg
Usar adjuvantes de acordo com a indicação da empresa comercializante.
1
g i.a.= gramas do ingrediente ativo.
2
p.c.= produto comercial.
3
Adicionar 250 mL/ha de óleo mineral ou vegetal.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 109
7.2.2 Doenças foliares de fim de ciclo
A incidência de mancha parda (Septoria glycines) e de
crestamento foliar (Cercospora kikuchii) pode ser reduzida
através da integração do tratamento químico de sementes
com a incorporação de restos culturais, e a rotação da
soja com espécies não suscetíveis, como o milho ou
milheto. Desequilíbrios nutricionais e baixa fertilidade
do solo tornam as plantas mais vulneráveis, podendo
ocorrer severa desfolha antes mesmo da soja atingir a
meia granação (estádio R5.4 – Tabela 7.4). São indicados
os fungicidas constantes na Tabela 7.5. A aplicação dos
fungicidas poderá ser feita a partir do estádio R1 até o
estádio R5.3. Como o desenvolvimento das doenças de
final de ciclo depende da ocorrência de chuvas frequentes
durante o ciclo da cultura e temperaturas variando de 22 °C
a 30 °C, as condições climáticas devem ser consideradas
no momento da definição pelo controle químico.

110 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Tabela 7.4 Estádios de desenvolvimento da soja (adaptado
de Fehr e Caviness, 1977). XXXIX Reunião de Pesquisa de
Soja da Região Sul. Passo Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Período Estádio Descrição

VE Cotilédones acima da superfície do solo

VC Cotilédones completamente abertos


Vegetativo

V1 Folhas unifolioladas completamente desenvolvidas1

V2 Primeira folha trifoliolada completamente desenvolvida

V3 Segunda folha trifoliolada completamente desenvolvida

Vn Enésima folha trifoliolada completamente desenvolvida

R1 Início do florescimento - Uma flor aberta em qualquer nó do caule2


Florescimento pleno - Uma flor aberta em um dos 2 últimos nós2
R2
do caule com folha completamente desenvolvida
Início da formação da vagem - Vagem com 5 mm de comprimento
R3 em um dos 4 últimos nós do caule com folha completamente
desenvolvida
Vagem completamente desenvolvida - Vagem com 2 cm de
R4 comprimento em um dos 4 últimos nós do caule com folha com-
pletamente desenvolvida
Início do enchimento do grão - Grão com 3 mm de comprimento
Reprodutivo

R5 em vagem em um dos 4 últimos nós do caule, com folha com-


pletamente desenvolvida
R5.1 - grãos perceptíveis ao tato (o equivalente a 10% da
Subdivi- granação);
sões do R5.2 – 11% a 25% da granação;
estádio R5.3 – 26% a 50% da granação;
R5* R5.4 – 51% a 75% da granação;
R5.5 – 76% a 100% da granação.
Grão cheio ou completo - vagem contendo grãos verdes pre-
R6 enchendo as cavidades da vagem de um dos 4 últimos nós do
caule, com folha completamente desenvolvida
Início da maturação - Uma vagem normal no caule com coloração
R7
de madura
R8 Maturação plena - 95% das vagens com coloração de madura
1
Uma folha é considerada completamente desenvolvida quando as bordas dos trifólios
da folha seguinte (acima) não mais se tocam.
2
Caule significa a haste principal da planta e últimos nós referem-se aos últimos nós
superiores.
* Fonte: Yorinori (1996).

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 111
7.2.3 Ferrugem asiática
A doença, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, inicia
nas folhas inferiores da planta. Os sintomas da ferrugem,
minúsculos pontos escuros, mais comuns na face inferior
das folhas, são visualizados com auxílio de lupas com, pelo
menos, 20 aumentos. Temperaturas entre 8 e 36 °C (ótimas
entre 19 e 24 °C) e período mínimo de molhamento de 6
horas favorecem a ocorrência da doença. O monitoramento
é fundamental durante todo o ciclo da cultura.
Para reduzir o risco de danos de ferrugem, sugere-se o
uso de cultivares de ciclo precoce e semeadura no início
da época indicada.
Para o controle da doença, indicam-se os fungicidas listados
na Tabela 7.6. O controle poderá ser efetuado na lavoura no
inicio do aparecimento dos primeiros sinais ou preventivamente
a partir do surgimento da doença em lavouras na região. Não
se indica aplicação quando a doença aparecer a partir do
estádio R6-R7 (mudança de coloração da vagem).
Como consequência da menor eficiência observada
com os fungicidas do grupo dos triazois a partir da safra
2007/08, na região Centro-Oeste, e nas demais regiões
a partir da safra 2008/09, a Comissão de Fitopatologia
da Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul passa a
indicar somente a utilização de misturas comerciais de
triazois com estrobilurinas para o controle da ferrugem.
A baixa eficiência de controle com a utilização de triazois
isolados, nos ensaios cooperativos (GODOY et al., 2012)
reforça essa orientação.
7.3 Controle de doenças através de variedades resistentes
Na Tabela 7.7 é apresentada a reação a doenças de
cultivares de soja lançadas em Reuniões de Pesquisa de
Soja da Região Sul.
112 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Tabela 7.5 Fungicidas indicados para controle de doenças de
fim de ciclo em soja. XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da
Região Sul. Passo Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Dose/ha
Nome comum Nome comercial
g i.a. 1
p.c.2
Azoxistrobina Priori3 50 0,20 L
Carbendazim Bendazol 250 0,50 L
Carbendazim Derosal 500 SC 250 0,50 L
Ciproconazol + Priori Xtra3 24 + 60 0,30 L
Azoxistrobina
Ciproconazol + 24 + 56,25 – 0,15 a 0,20 L
Sphere Max
Trifloxistrobina 32 + 75
Difenoconazol Score 50 0,20 L
Epoxiconazol + Opera 25 + 66,5 0,50 L
Piraclostrobina
Flutriafol Impact 125 SC 100 0,80 L
Propiconazol + Stratego 250 EC 50 + 50 0,40 L
Trifloxistrobina
Tebuconazol Constant 150 0,75 L
Tebuconazol Elite 150 0,75 L
Tebuconazol Folicur 200 EC 150 0,75 L
Tebuconazol Orius 250 EC 150 0,60 L
Tebuconazol Triade 150 0,75 L
Tetraconazol Domark 100 EC 50 0,50 L
Tetraconazol Eminent 125 EC 50 0,40 L
Tiofanato metílico Cercobin 700 WP 300 a 420 0,43 a 0,60 kg
Tiofanato metílico Cercobin 500 SC 300 a 400 0,60 a 0,80 L
Tiofanato metílico Support* 500 0,90 L
Tiofanato metílico + Celeiro 300 + 60 0,60 L
Flutriafol
Tiofanato metílico + Impact Duo 300 + 60 0,60 L
Flutriafol
1
g i.a. = gramas do ingrediente ativo.
2
p.c.= produto comercial.
3
Adicionar Nimbus 0,5% v/v em aplicação via pulverizador tratorizado, ou 0,5 L/ha, em
aplicação via aérea.
* produto com registro no Mapa apenas para controle de Cercospora kikuchii (crestamento foliar).

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 113
Tabela 7.6 Fungicidas indicados para controle de ferrugem
asiática da soja. XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da
Região Sul. Passo Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Dose/ha1
Nome comum Nome comercial
g i.a. p.c.
Azoxistrobina Priori2,7 50 0,20 L
Ciproconazol Alto 1007 30 0,30 L
Ciproconazol +
Priori Xtra2 24 + 60 0,30 L
Azoxistrobina
Ciproconazol +
Aproach Prima3 24 + 60 0,30 L
Picoxistrobina
Ciproconazol +
Artea 24 + 75 0,30 L
Propiconazol
Ciproconazol +
Sphere Max4 24 + 56,25 – 32 + 75 0,15-0,20 L
Trifloxistrobina
Difenoconazol Score7 50 0,20 L
Epoxiconazol +
Opera 25 + 66,5 0,50 L
Piraclostrobina
Epoxiconazol +
Envoy 88,5 a 103,2 0,60-0,70L
Piraclostrobina
Flutriafol Impact 125 SC5 50 a 75 0,40-0,60 L
Tetraconazol Domark 100 EC 50 0,50 L
Tetraconazol Eminent 125 EW 50 0,40 L
Tiofanato metílico +
Celeiro6 300 + 60 0,60 L
Flutriafol
Tiofanato metílico +
Impact Duo4 300 + 60 0,60 L
Flutriafol
A empresa detentora é responsável pelas informações de eficiência dos produtos.
Em aplicações sucessivas, evitar uso de fungicidas do grupo triazol isoladamente.
Observar orientações contidas no texto sobre ferrugem da soja.
1
g i.a.= gramas do ingrediente ativo. p.c.= produto comercial.
2
Adicionar Nimbus 0,5% v/v em aplicação via pulverizador tratorizado, ou 0,5 L/ha, em
aplicação via aérea.
3
Adicionar Nimbus 0,5 L/ha.
4
Adicionar Attach 250 mL/ha.
5
Adicionar Oppa 0,5% v/v.
6
Adicionar Iharol 1% v/v.
7
Não indicado para uso após detecção da doença.

114 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Tabela 7.7 Reação a doenças de cultivares de soja lançadas
durante as Reuniões de Pesquisa de Soja da Região Sul.
XXXIX Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul. Passo
Fundo, 24 a 26 de julho de 2012
Cultivar CH1 PPH2 PB3 MOR4 MJ5 MI5 O6 PRF7
AMS Tibagi RR MR - S S - - MR S
6863 RSF -
MR
BMX Tornado R - S MR S S S
(raça 1)
RR
5953 RSF - R
R - MR MR S S MS
BMX Veloz RR (raça 1)
DonMario 5.9i - R
R - MR S S S MS
BMX Alvo RR (raça 1)
BRS 133 R S R R S S MS S
BRS 213 R R R R MT T S S
BRS 216 R - - R - - MS -
BRS 230 R R R R S MT S S
BRS 232 R R R R S MT MS S
BRS 243RR R R R R S S MS R7.1
BRS 245RR R S R R S S MS S
BRS 246RR R R R R S S MS MR
BRS 247RR R S - R S S MR -
BRS 255RR R MR R R S S MR S
BRS 256RR R MR R R R R S S
BRS 257 R MR R R MR R MS R
BRS 258 R S R R S S MR S
BRS 259 R MS R R S S S S
BRS 260 R MR R R MR R MR R
BRS 262 R S R R S S MS R
BRS 282 R R R R R R MS S
BRS 283 R MR R R MR S MS S
BRS 284 R R R R MR S MS S
Continua...

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 115
Tabela 7.7 Continuação.
Cultivar CH1 PPH2 PB3 MOR4 MJ5 MI5 O6 PRF7
BRS 294RR R R - R S S MS MR
BRS 295RR 8
R S - R S S MR R
BRS 316RR R R - R R MR MR R
BRS 3178 R MR - R S R MR R
BRS 360RR R R - MR - MR MR R
BRS Charrua
R MR R R S S MR S
RR
BRS Estância
S MR R R S S MS R7.1
RR
BRS Pampa
R MR R R S S MR MR
RR
BRS Taura RR S R R R MR S MR R7.2
BRS Tertúlia
R R MR R MR - MR R7.1
RR
BRS Tordilha
S MR R MR S S MR R7.1
RR1
CD 202 R - R R S T MS S
CD 206 R R - R S S MS R
CD 214RR R - - R MS MR S R
CD 215 R - - R MS - MR S
CD 219RR - - - R MR S MR R
CD 221 - - - R S S MR R
CD 226RR R - S R MR R MR R
CD 231RR R - - R MS R MR -
CD 235RR R - R R MS R S -
CD 236RR R - R R MR MR S -
CD 239RR R - R R MS MR MS -
CD 2585RR R - R R MS S MS S
CD 2630RR R - R R MS S MR S
CD 2737RR R - R R MS MS MR R
Embrapa 48 MS R R R S S S S
Fepagro 36RR R R R R MR S S R
Continua...

116 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Tabela 7.7 Continuação.
Cultivar CH1 PPH2 PB3 MOR4 MJ5 MI5 O6 PRF7
Fepagro 37RR R R R MR S S S R
FPS Iguaçu
R - MR S - - MR S
RR
FPS Júpiter
R - MR MR - - MS R (raça 1)
RR
R (raças
FPS Netuno
R S S R - - S 1,3)
RR
S (raça 4)
FPS Parana-
MR - MR MR - - MR S
panema RR
PFS Solimões
MR - MR S - - MR R
RR
FPS Urano R (raças
R S S MR - - S
RR 1,3,4)
FTS Ibyara
R MR R R S S MR S
RR
FTS Ipê RR R R R R S S MR -
FTS Tapes RR R R R R S S MR -
FTS 1156RR
R - R R S S MR -
Cafelândia
FTS Campo
R - R R S S MR -
Mourão RR
FTS Cascavel
R - R R S S MR -
RR
FTS Realeza
R - R R S S MR -
RR
Fundacep
R R R - - - MR R
Missões
Fundacep
S R R R S S R R
53RR
Fundacep
S R R R - S MR R
54RR
Fundacep
R S R R S S R S
55RR
Fundacep
R S R R S S MR S
56RR
Continua...

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 117
Tabela 7.7 Continuação.
Cultivar CH1 PPH2 PB3 MOR4 MJ5 MI5 O6 PRF7
Fundacep
R R S R S - MR R
57RR
Fundacep
R S R R MT - MR R
58RR
Fundacep
R R - R S S MR S
59RR
Fundacep
R MR R R S S S MR
61RR
Fundacep
R R R R S S MR S
62RR
Fundacep
R MR MR MR MT S MR R
66RR
TEC R - S S S S MR S
5721IPRO
TEC R R S R MS S MR R
5833IPRO
TEC R R S S MT S MR R
5936IPRO
TEC R MR S S MT S MR MR
7849IPRO
As informações constantes nesta tabela são de responsabilidade dos obtentores das cultivares.
R=resistente; MR=moderadamente resistente; MS=moderadamente suscetível; S=suscetível;
T=tolerante; MT=moderadamente tolerante; - = informação não disponível.
1
Cancro da haste (Diaporthe phaseolorum var. meridionalis), reação à inoculação em casa de vege-
tação. R=0 a 25% de plantas mortas (pm); MR=26 a 50% pm; MS=51 a 75% pm; S=76 a 90% pm;
AS=acima de 90% pm. BRS 153 e BRS Tordilha RR têm resistência de campo.
2
Podridão parda da haste (Cadophora gregata). Avaliação em condições de campo. R=0 a 5% de
plantas com sintomas foliares (psf); MR=6 a 25% psf; MS=26 a 55% psf; S=56 a 85% psf; AS=acima
de 85% psf.
3
Pústula bacteriana (Xanthomonas axonopodis pv. glycines);
4
Mancha “olho-de-rã”. Reação à mistura de raças de Cercospora sojina prevalecentes no Brasil. R =
de 0 a 2; S = 4. Em parênteses: raças às quais a reação se aplica.
5
Meloidogyne javanica (MJ) e Meloidogyne incognita (MI): nematoides causadores de galhas. Reação
baseada em intensidade de galhas e em presença de ootecas, avaliada em campo e em casa de
vegetação.
6
Oídio (Erysiphe diffusa). Dados obtidos em avaliação em campo.
7
Podridão radicular de fitóftora (Phytophthora sojae), reação à inoculação em casa de vegetação: R = 0
a 30% de plantas mortas (pm); MR = 31 a 70% pm; S = acima de 70% pm.
7.1
Testadas com isolado de Phytophthora sojae com incompatibilidade aos genes Rps1a, Rps1b,
Rps1c, Rps1k, Rps3a e Rps8 (= genes efetivos).
7.2
Apresenta resistência de campo à podridão radicular de fitóftora.
8
Resistente às raças 1 e 3 do nematoide de cisto da soja (Heterodera glycines).

118 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Referências

GODOY, C. V.; UTIAMADA, C. M.; MEYER, M. C.;


CAMPOS, H. D.; ROESE, A. D.; FORCELINI, C. A.;
PIMENTA, C. B.; JACCOUD FILHO, D. S.; BORGES,
E. P.; SIQUERI, F. V.; JULIATTI, F. C.; HENNING, A. A.;
FEKSA, H. R.; NUNES JUNIOR, J.; COSTAMILAN, L.
M.; CARNEIRO, L. C.; SILVA, L. H. C. P. da; SATO, L. N.;
CANTERI, M. G.; MADALOSSO, M.; ITO, M. F.; BARROS,
R.; BALARDIN, R. S.; SILVA, S. A. da; FURLAN, S.
H.; MONTECELLI, T. D. N.; CARLIN, V. J.; BARRO, V.
L. P.; VENANCIO, W. S. Eficiência de fungicidas para
o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora
pachyrhizi, na safra 2011/12: resultados sumarizados dos
ensaios cooperativos. Londrina: Embrapa Soja, 2012. 8 p.
(Embrapa Soja. Circular técnica, 93).

YORINORI, J.T. Cancro da haste: epidemiologia e


controle. Londrina. EMBRAPA-CNPSo, 1996. (Embrapa
Soja. Circular técnica, 14).

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 119
120 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Capítulo 8
MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS –
"MIP"

A cultura de soja está sujeita ao ataque de um grande


número de espécies de insetos e ácaros durante todo o
seu ciclo, as quais estão relacionadas no Anexo 8.1.

Pela frequência com que ocorrem e pela ampla distribuição


geográfica que apresentam, são consideradas pragas-
chave da cultura: tamanduá-da-soja (Sternechus
subsignatus), cujos adultos atacam plântulas e plantas, e
as larvas desenvolvem-se dentro da haste e dos ramos;
a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) e as lagartas
falsas-medideiras (Pseudoplusia includens e Rachiplusia
nu), que desfolham as plantas durante as fases vegetativa
e reprodutiva; e os percevejos (Nezara viridula, Piezodorus
guildinii, Euschistus heros e outras espécies), que causam
danos desde a formação de vagens até a maturação
fisiológica. A broca-dos-ponteiros (Crocidosema aporema),
que ataca as plantas até a formação de vagens, e as
lagartas-das-vagens (Spodoptera cosmioides e Spodoptera
eridania), que atacam antes da formação e durante o
enchimento das vagens, são insetos que podem causar
danos eventuais e de forma localizada.
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 121
Considerando que as pragas têm suas populações
controladas naturalmente por predadores, por parasitoides
e por micro-organismos entomopatogênicos, não se indica
aplicação preventiva de inseticidas químicos. Aplicações
desnecessárias podem contribuir para o agravamento
da poluição ambiental, afetar os agentes de controle
biológico e colaborar para o desenvolvimento de pragas
resistentes, além de elevar o custo de produção. A prática
do "MIP" para controle de pragas consiste de vistorias
(amostragens) regulares na lavoura, para monitorar a
população das pragas (número, tamanho, etc.) e o nível de
dano causado. A simples observação visual não expressa
a população real presente na lavoura. Os procedimentos
e critérios indicados para tomar as decisões de controle
estão apresentadas na Tabela 8.1.

Os inseticidas indicados para o controle das principais


pragas encontram-se nas tabelas 8.2 e 8.3, devendo a
preferência recair sobre produtos de menor toxicidade,
menor impacto negativo sobre organismos não visados
e maior seletividade. Indica-se não pulverizar inseticidas
em dias com umidade relativa do ar menor que 50% e
temperatura maior que 30 ºC. Para prevenir surgimento de
resistência de insetos a inseticidas, um mesmo ingrediente
ativo não deve ser usado em aplicações sucessivas para
a mesma praga. O grupo químico e o mecanismo de ação
de inseticidas indicados para o controle de pragas de soja
estão no Anexo 8.2.

Informações detalhadas das indicações podem ser


encontradas na publicação Tecnologias de produção de soja
- Região Central do Brasil 2012/2013 (TECNOLOGIAS...,
2011).

122 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Tabela 8.1 Procedimentos e critérios para monitoramento e tomada de decisão para controle de pragas em
soja

Nível médio para Método


Monitoramento
Praga controle de controle
Época/estádio Método Amostragem *
Trincheira no solo - Tratamento de
(1,00 x 0,25 x 0,20 m 3 a 6 larvas sementes com
Pré-plantio
de profundidade, sobre hibernantes/m2 inseticidas
a fileira antiga) - Rotação de culturas**
Tamanduá-
Até 3 folhas trifolioladas Contagem direta nas 4 amostras/10 ha 1 adulto/m de
-da-soja Pulverização inseticida
(V3) plantas fileira
De 4 (V4) a 6 folhas
Contagem direta nas 2 adultos/m de
trifolioladas (V6 ou Pulverização inseticida
plantas fileira
próximo à floração)
Método do pano 20 lagartas/m
Antes da floração (1m de comprimento (>1,5 cm) ou 30% Pulverização inseticida
entre duas fileiras). desfolhamento****
Lagartas
Em lavouras com ***
desfolhadoras

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


espaçamento 20 lagartas/m
Após a floração reduzido, amostrar (>1,5 cm) ou 15% Pulverização inseticida
uma fileira. desfolhamento****

Continua...

123
Tabela 8.1 Continuação

124
Nível médio para Método
Monitoramento
Praga controle de controle
Época/estádio Método Amostragem *

No período de Sementes: 1
De R3 (início forma-
colonização, percevejo/m
ção vagens) até R7 Método do pano (1m
concentrar nas Grãos: 2
Percevejos (maturação fisiológi- de comprimento em Pulverização inseticida
bordaduras. percevejos/m
ca). Iniciar por cvs. uma fileira)
Amostrar até às (considerar adultos
precoces>médias>tardias
10 h*** e ninfas > 0,5 cm)
30% das plantas
Broca-dos- Examinar 10 plantas/
- *** com ponteiros Pulverização inseticida
-ponteiros amostra
atacados
10% vagens ata-
Lagartas-das-
- - - cadas ou 15% de Pulverização inseticida
-vagens
desfolhamento
* Amostras aleatórias e representativas, em diferentes pontos da lavoura.
** Semear culturas não hospedeiras (milho, sorgo, girassol, milheto, etc.) na bordadura (25 m) da soja adjacente; fazer o controle químico
via tratamento de sementes e/ou pulverização.
*** Número de amostras: 6 amostras para 1 a 10 ha; 8 amostras para 11 a 30 ha; 10 amostras para 31 a 100 ha.
**** Uso de Baculovirus: aplicar com, no máximo, 20 lagartas pequenas (no fio) ou 15 lagartas pequenas + 5 lagartas grandes/m. Não
usar Baculovirus anticarsia nas infestações precoces (plantas até o estádio V4 - três folhas trifoliadas), com risco de desfolha acentuada,
e associadaS a períodos de estiagem, pois pode haver prejuízo ao desenvolvimento das plantas.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Tabela 8.2 Toxicidade para operadores (Op), mamíferos (Mm), aves (Av), peixes (Px) e abelhas (Ab), efeito
sobre predadores (Pr), persistência ambiental (PA), índice de risco (IR) e intervalo de segurança (IS) dos
inseticidas indicados para controle de lagarta-da-soja (Ag), lagarta-falsa-medideira (Pi), percevejo-verde (Nv),
percevejo-pequeno (Pg), percevejo-marrom (Eh), tamanduá-da-soja (Ss) e ácaro-rajado (Tu), para os anos
agrícolas 2012/2013 e 2013/2014 (o vencimento ou a perda do registro no Mapa exclui automaticamente
produtos comerciais da indicação)

Inseticida/ Dose
Op2 Mm3 Av3 Px4 Ab5 Pr6 PA7 IR8 IS9
Acaricida (i.a.) (g i.a./ha)
Alfa-cipermetrina + 15 a 18 (Ag) 1 1 1 3 5 5 2 4,062 30
Teflubenzuron
Bacillus thuringiensis 500 (p.c.) (Ag, Pi) 1 1 1 1 1 1 1 0,000 s.r.10
Baculovirus anticarsia1 20 (p.c.) ou 70 LE (Ag) - - - - - - - - 0
Beta-ciflutrina 2,5 (Ag) 1 2 1 3 5 2 2 2,343 20
Beta-cipermetrina 6 (Ag) 2 2 1 3 3 2 1 2,031 14
Bifentrina 0,120 (p.c.) (Nv) 1 2 2 3 5 3 3 3,750 s.r.10
Ciflutrina 7,5 (Pi) 1 1 1 2 5 3 2 2,656 20
Clorantraniliprole 8 a 10 (Pi) 1 1 1 1 2 1 3 1,410 21
120 (Ag) 5 3 1 1 2 1 1 2,969 21
Clorpirifós

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


480 (Lv) 5 3 1 1 2 1 1 2,969 21
Deltametrina 5 (Pi) 1 3 1 1 5 3 1 2,187 14
Deltametrina SC 7,5 (Ss) 1 3 1 3 5 3 1 2,031 14
Diflubenzurom 15 (Ag) 1 1 1 1 4 1 4 2,344 21
Espinosade 12 (Ag) 2 1 1 1 4 1 1 2,812 9
Etofemproxi 15 (Ag) 3 1 1 1 2 1 1 1,406 15
Fenitrotiona 500 (Nv) 3 2 3 2 5 3 2 4,375 7
Fipronil 50 (Ss) 2 3 1 5 1 1 3 2,812 s.r.10

125
Continua...
Tabela 8.2 Continuação.

126
Inseticida/ Dose
Op2 Mm3 Av3 Px4 Ab5 Pr6 PA7 IR8 IS9
Acaricida (i.a.) (g i.a./ha)
Flubendiamida 12 (Ag) 1 1 1 3 1 2 2 1,562 20
Gama-cialotrina 2,25 (Ag) 1 1 1 3 5 2 2 1,875 14
Imidacloprido + beta-ciflutrina 84,4 (Nv, Pg, Eh) 2 1 1 5 1 3 2 3,125 21
Lambda-cialotrina 7,5 (Nv) 1 2 1 2 5 3 2 2,812 20
Lufenurom 7,5 (Ag) 3 1 2 1 1 1 2 2,031 14
Metoxifenozida 21,6 (Ag) 1 1 1 1 1 1 2 1,042 7
Metomil 161 ,5 (Pi) 2 3 3 4 4 3 2 4,062 14
Novalurom 6,0 (Ag) 1 1 1 1 1 1 5 1,875 53
Novalurom 10 (Ag) 1 1 1 1 1 1 5 1,875 53
Permetrina SC 12,5 (Ag) 1 2 2 4 5 2 3 2,500 30
Permetrina CE 25 (Pi) 1 1 2 4 5 3 2 3,125 60
Profenofós 80 (Ag) 2 2 2 3 5 1 1 1,875 21
Spiromesifen 100(Tu) 1 1 1 1 1 2 1 0,625 21
Tebufenozida 30 (Ag) 1 1 1 1 1 1 2 0,625 14
Tiodicarb WG 56 (Ag) 4 3 1 1 4 2 3 2,656 14
400 (Ag) 3 2 2 1 1 1 1 1,562 7
Triclorfom
800 (Nv, Pg, Eh) 4 2 2 1 1 1 1 2,187 7
Triflumurom 15 (Ag) 1 1 1 1 1 1 2 0,625 28
1
Podem ser usados produtos comerciais formulados ou preparados pelo agricultor, em pulverização convencional ou com avião. Com mais de 5 lagartas
grandes/m (nível para uso do Baculovirus anticarsia puro – Tabela 8.1) e menos de 20 lagartas grandes/m (nível de controle para inseticidas químicos –
Tabela 8.1.), o B. anticarsia pode ser utilizado em mistura com os inseticidas químicos, em dose reduzida (Tabela 8.3). LE = lagarta equivalente.
2
DL50 oral + DL50 dermal/dose (18) x 10. Escala: 1 => 1000; 2 = 200 a 1000; 3 = 50 a 200; 4 = 10 a 50; 5 =< 10.
Op: [(1807 + 4000) / 18] * 10 = 3226,1 à Escala = 1
3
DL50 oral (mg/kg). Escala: a mesma de Op. Direto.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Mamífero (Mm): DL50 = 1807 mg/kg à Escala = 1
Aves (Av): DL50 > 2000 mg/kg à Escala = 1.
4
CL50 em 48h (ppm). Escala: 1 > 1,0: 2 = 0,1 a 1,0; 3 = 0,01 a 0,1: 4 = 0,001 a 0,1, 5 =<0,001.
Peixe (Px): CL50 (96h) = 0,0830 mg/L à Escala = 3.
5
DL50 tópica (g/g). Escala: 1 = 100; 2 = 20 a 100; 3 = 5 a 20, 4 = 1 a 5; 5 = < 1.
Abelha (Ab): DL50 (contato) = 0,29 µg/abelha à Escala = 5.
6
Redução populacional (%). Escala: 1 = 0 a 20; 2 = 21 a 40; 3 = 41 a 60; 4 = 61 a 80; 5 = 81 a 100. Laudos encaminhados p/ Comissão
Pr: 85-95% à Escala = 5.
7
Vida média (meses). Escala. 1 =< 1; 2 = 1 a 4; 3 = 4 a 12; 4 = 12 a 36; 5=> 36. Biodegradabilidade no solo – média dos dois ativos, considerando a maior
DT50 de cada um).
Pa (DT50 Alfa-cipermetrina): 26 – 58 (dias) à 1 – 2 meses.
Pa (DT50 Teflubenzuron): 14 – 181 (dias) à 0,5 – 6 meses*.
Pa (média): 2+6/2 = 4 meses à Escala = 2.
*Informação obtida de estudo submetido na Europa. Estudo nacional muito antigo.
8
Variável de 0 a 10 (maior risco). IR = [Op + (Mm + Av + Px + Ab)/4 + Pr + PA - 4] x 0,625.
[1 + (1+1+3+5)/4 + 5 + 2 -4] x 0,625 =
[1 + 2,5 + 5 + 2 – 4] x 0,625 =
[6,5] x 0,625 = 4,0625.
9
Intervalo de segurança ou carência (dias). 30 dias (soja).
10
sr = sem restrições.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


127
Tabela 8.3 Inseticidas/acaricida indicados para o controle de lagarta-da-soja (Ag), lagarta-falsa-

128
medideira (Pi), percevejo-verde (Nv), percevejo-pequeno (Pg), percevejo-marrom (Eh), tamanduá-
da-soja (Ss) e ácaro-rajado (Tu), nos anos agrícolas 2012/2013 e 2013/2014 (o vencimento ou a
perda do registro no Mapa exclui automaticamente produtos comerciais da indicação)

Nome técnico Nome comercial Formulação1 Concentração Dose p. c. Classe


(g i.a./kg ou L) (kg ou L/ha) toxicológica
0,100 a
Alfa-cipermetrina + Teflubenzurom (Ag) Imunit SC 150 III
0,120
- LE - 70 LE -
Baculovirus anticarsia (Ag) Baculo-Soja WP - 0,020 IV
Protege WP - 0,020 IV
Bac-Control WP WP 32 0,500 (Ag) IV
Dipel 9
SC 16 x 10 U.I. 0,500 IV
Bacillus thuringiensis (Ag, Pi)
Dipel WP WP 16 x 109 U.I. 0,500 IV
Thuricide XX 16 x 109 U.I. 0,500 IV
Bulldock 125 SC SC 125 0,020 II
Beta-ciflutrina (Ag)
Turbo EC 50 0,050 II
Beta-cipermetrina (Ag) Akito EC 100 0,075 (Ag) I
Bifentrina ( Nv) Talstar 100 EC EC 100 0,160 (Nv) III
Clorantraniliprole (Pi) Premio SC 200 0,05 III

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Continua...
Tabela 8.3 Continuação

Nome técnico Nome comercial Formulação1 Concentração Dose p. c. Classe


(g i.a./kg ou L) (kg ou L/ha) toxicológica
Clorpirifós 480
EC 480 0,250 (Ag) II
Clorpirifós (Ag) EC Milenia (Ca)
Lorsban 480 BR EC 480 0,250 (Ag) II
Deltametrina (Pi) Decis 25 EC EC 25 0,200 III
Diflubenzurom (Ag) Dimilin WP 250 0,060 IV
Espinosade (Ag) Tracer SC 480 0,050 IV
Espiromesifeno (Tu) Oberon SC 240 0,400 III
Fenitrotiona (Nv) Sumithion 500
EC 500 1,000 II
EC
Fipronil3 (Ss) Standak SC 250 0,200 III
Flubendiamida (Ag) Belt SC 480 0,025 III
Nexide CS 150 0,015 III
Gama-cialotrina (Ag)

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Stallion 150 CS CS 150 0,015 III
Imidacloprido + beta-ciflutrina (Nv, Pg, Eh) Connect SC 112,5 0,750 II
Lufenurom (Ag) Match EC EC 50 0,150 IV
Intrepid 240 SC SC 240 0,090 III
Metoxifenozida (Ag)
Valient SC 240 0,090 IV
Continua...

129
Tabela 8.3 Continuação

130
Nome técnico Nome comercial Formulação1 Concentração Dose p. c. Classe
(g i.a./kg ou L) (kg ou L/ha) toxicológica
Metomil ( Pi) Methomex 215 SL 215 1,000 II
SL
Gallaxy 100 EC EC 100 0,075 IV
Novalurom (Ag)
Rimon 100 EC EC 100 0,075 IV
Piredan EC 384 0,065 II
Permetrina (Pi) Pounce 384 EC EC 384 0,065 III
Talcord 250 EC 250 0,120 I
Profenofós2 (Ag) Curacron 500 EC 500 0,200 III
Tebufenozida (Ag) Mimic 240 SC SC 240 0,125 IV
Tiodicarbe (Ag) Larvin 800 WG WG 800 0,070 I
Triflumurom (Ag) Certero 480 SC SC 480 0,050 II
1
LE = lagarta equivalente; CS - suspensão de encapsulado; WP (PM) = pó molhável; SC = suspensão concentrada;
EC (CE) = concentrado emulsionável; UL (UBV) = ultra baixo volume; FS = suspensão concentrada para tratamento de
sementes; SL (SC) = concentrado solúvel; WG = granulado dispersivel; XX = outras.
² Pode ser utilizado em dose reduzida (35 g i.a./ha de endossulfam ou 30 g i.a. de profenofós/ha) em mistura com B.
anticarsia (ver Tabela 8.2).
³ Tratamento de sementes (dose/100 kg).

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014


Anexo 8.1 Nomenclatura de pragas da soja
Ordem e espécie Família Nome comum
ACARI
Mononychellus planki (McGregor, Tetranychidae ácaro-verde
1950)
Polyphagotarsonemus latus (Banks, Tarsonemidae ácaro-branco
1904)
Tetranychus desertorum Banks, 1900 Tetranychidae ácaro-vermelho
Tetranychus gigas Pritchard & Baker, Tetranychidae ácaro-vermelho
1955
Tetranychus ludeni Zacher, 1913 Tetranychidae ácaro-vermelho
Tetranichus urticae (Koch, 1836) Tetranychidae ácaro-rajado
COLEOPTERA
Aracanthus mourei (Rosado Neto, Curculionidae torrãozinho
1981)
Cerotoma arcuata (Olivier, 1791) Chrysomelidae vaquinha-preta-e-
-amarela
Colaspis spp. Chrysomelidae vaquinhas-metálicas
Demodema brevitarsis Blanchard, Scarabaeidae coró-sulino-da-soja
1850
Diabrotica speciosa (Germar, 1824) Chrysomelidae vaquinha-verde-e-
-amarela
Naupactus spp. Curculionidae curculionídeos-das-
-raízes
Pantomorus spp. Curculionidae curculionídeos-das-
-raízes
Phyllophaga triticophaga Morón & Scarabaeidae coró-do-trigo
Salvadori, 1998
Sternechus subsignatus Boheman, Curculionidae tamanduá-da-soja
1836
HEMIPTERA
Bemisia tabaci (Gennadius, 1889) Aleyrodidae mosca-branca
Ceresa brunnicornis (Germar, 1835) Membracidae cigarrinha-periquito
Chinavia spp. Pentatomidae percevejo
Dichelops furcatus (Fabricius,1775) Pentatomidae percevejo-barriga-
-verde
Continua...

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 131
Anexo 8.1 Continuação
Ordem e espécie Família Nome comum
Dichelops melacanthus (Dallas, Pentatomidae percevejo-barriga-
1851) -verde
Edessa meditabunda (Fabri- Pentatomidae percevejo-asa-preta
cius,1794)
Euschistus heros (Fabricius,1794) Pentatomidae percevejo-marrom
Nezara viridula (Linnaeus, 1758) Pentatomidae percevejo-verde
Piezodorus guildinii (Westwood, Pentatomidae percevejo-verde-
1837) -pequeno
Scaptocoris spp. Cydnidae percevejo-castanho
Thyanta perditor (Fabricius, 1794) Pentatomidae percevejo-pardo
LEPIDOPTERA
Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1766) Noctuidae lagarta-rosca
Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 Noctuidae lagarta-da-soja
Crocidosema aporema (Walsin- Tortricidae broca-dos-ponteiros
gham,1914)
Cydia fabivora (Meyrick, 1928) Tortricidae broca-das-axilas
Elasmopalpus lignosellus (Zeller, Pyralidae lagarta-elasmo
1848)
Etiella zinckenella (Treitschke, Pyralidae broca-das-vagens
1832)
Omiodes indicatus (Fabricius, 1775) Crambidae lagarta-enroladeira
Pseudoplusia includens (Walker, Noctuidae lagarta-falsa-medi-
1858) deira
Rachiplusia nu (Guenée, 1852) Noctuidae lagarta-do-linho
Spodoptera eridania (Stoll, 1782) Noctuidae lagarta-das-vagens
Spodoptera cosmioides (Walker, Noctuidae lagarta-das-vagens
1858)
Urbanus proteus (Linnaeus, 1758) Hesperiidae lagarta-cabeça-de-
-fósforo
THYSANOPTERA
Caliothrips brasiliensis (Morgan, Thripidae tripes
1929)

132 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Anexo 8.2 Grupo e mecanismo de ação de inseticidas indi-
cados para o controle de pragas de soja
Nome técnico Grupo Mecanismo de ação

Clorpirifós, fenitrotiona, Inibidor da enzima


Organofosforado
profenofós, triclorfom acetilcolinesterase

Ação sobre recepto-


Baculovirus anticarsia, Ba-
Biológico res de protease do
cillus thuringiensis
tubo digestivo
Diflubenzurom, triflumurom, Inibidor da síntese de
Benzoilureia
novaluron quitina
Beta-ciflutrina, ciflutrina,
deltametrina, etofemproxi, Moduladores dos
gama-cialotrina, lambda- Piretroide canais do íon sódio
cialotrina, bifentrina, (Na)
permetrina
Inibidor da enzima
Metomil, tiodicarbe Carbamato
acetilcolinesterase
Tebufenozida, metoxifenozida Diacilidrazina Agonista da ecdisona
Inibidor reversível do
Fipronil Fenilpirazol
receptor GABA
Modulador do recep-
Espinosade Naturalyte
tor da acetilcolina
Clorantraniliprole, Moduladores de re-
Diamidas
flubendiamida ceptores de rianodina
Inibidor da síntese de
Lufenurom Tiadiazina
quitina
Fonte: IRAC (2002) .

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 133
Referências

IRAC. Insecticide Resistance Action Committee Website.


Disponível em <http://www.irac-online.org/>. Acesso em:
24 ago. 2012.

TECNOLOGIAS de produção de soja – região central do


Brasil 2012 e 2013. - Londrina: Embrapa Soja, 2011. 261
p. (Embrapa Soja. Sistemas de produção, 15). Disponível
em <http://www.cnpso.embrapa.br/download/SP15-VE.
pdf>. Acesso em: 24 ago. 2012.

134 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
Capítulo 9
COLHEITA

A colheita constitui importante etapa no processo produtivo


de soja, principalmente pelos riscos aos quais está sujeita a
lavoura destinada ao consumo ou à produção de sementes.

A colheita deve ser iniciada tão logo a soja atinja o estádio


R8 (maturação plena), a fim de evitar perdas na qualidade
do produto. Para tanto, o agricultor deve ter máquinas e
armazéns preparados com antecedência, pois atingida a
maturação de colheita, a tendência é a deterioração dos
grãos e a debulha em intensidade proporcional ao tempo
em que a soja permanecer no campo.

9.1 Fatores que afetam a eficiência da colheita


Durante o processo de colheita, é normal que ocorram
algumas perdas, porém é necessário que estas sejam
sempre minimizadas. Para tanto, é necessário que se
conheçam as suas causas, sejam elas físicas ou fisiológicas.
A seguir, são abordadas algumas das principais causas de
perdas na colheita.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 135
9.1.1 Preparo inadequado do solo
Solo mal preparado pode causar prejuízos na colheita,
devido a desníveis no terreno que provocam oscilações
de altura na barra de corte da colhedora, fazendo com
que haja cortes desuniformes e legumes deixem de ser
colhidos. A quebra de facas da barra de corte prejudica
o funcionamento desta, deixando muitas plantas sem ser
cortadas.

9.1.2 Inadequação da época de semeadura, do


espaçamento entre linhas e da densidade de sementes
A semeadura em época não indicada pode acarretar
baixa estatura de plantas e baixa inserção dos primeiros
legumes. O espaçamento entre linhas e/ou a densidade
de semeadura inadequados podem condicionar a planta
para maior desenvolvimento, de forma a apresentar maior
estatura e aumentar a probabilidade de ocorrência de
acamamento, o que aumentará as perdas na colheita.

9.1.3 Cultivares não adaptadas


O uso de cultivares não adaptadas a determinadas regiões
pode prejudicar o desenvolvimento da planta, interferindo
em características como altura de inserção de legumes e
índice de acamamento.

9.1.4 Ocorrência de plantas daninhas


A presença de plantas daninhas faz com que a umidade
permaneça alta por muito tempo, prejudicando o
funcionamento da máquina e exigindo maior velocidade no
cilindro batedor, resultando em maior dano mecânico às

136 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
sementes e, ainda, facilitando maior incidência de fungos.
Em lavouras infestadas, a velocidade da colhedora deve
ser reduzida.

9.1.5 Retardamento da colheita


Em lavouras destinadas à produção de sementes, a espera
para obtenção de menores teores de umidade para efetuar
a colheita pode provocar a deterioração das sementes,
pela ocorrência de chuvas e consequente elevação da
incidência de fungos. Quando a lavoura for destinada para
produção de grãos, o problema não é menos grave, pois
a deiscência de legumes pode ser aumentada, havendo
casos de reduções acentuadas na qualidade do produto.

9.1.6 Umidade inadequada na colheita


Os problemas de danos mecânicos e perdas na colheita
são minimizados quando os grãos de soja são colhidos
com teor de umidade entre 13% e 15%. Acima de 15%, os
grãos estão sujeitos a maior incidência de danos mecânicos
latentes e, quando colhidos com teor abaixo de 12%, estão
suscetíveis ao dano mecânico imediato.

Sugere-se adotar, como critério, o índice de 3% de grãos


partidos, no graneleiro, como parâmetro para fins de
regulagem do sistema de trilha da colhedora.

9.1.7 Má regulagem e condução da colhedora


Este é o ponto principal do problema de perdas na colheita.
O trabalho harmônico entre o molinete, a barra de corte, a
velocidade de avanço, o cilindro e as peneiras é fundamental
para uma colheita eficiente.
Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 137
Levantamentos efetuados em propriedades têm
demonstrado índices elevados de perdas na colheita,
sendo que a perda aceitável é de um saco de soja/ha.

O molinete tem a função de conduzir as plantas sobre a


plataforma à medida que são cortadas pela barra de corte.
Sua posição deve atender ao recolhimento do material
cortado, de modo a não deixar plantas cortadas caírem
fora da plataforma e também recolher plantas acamadas.
A barra de corte deve trabalhar o mais próximo possível
do solo, visando a deixar o mínimo de legumes presos nos
restos da cultura que permanecem na lavoura. A velocidade
de avanço deve ser sincronizada com a velocidade das
lâminas e do molinete. O deslocamento da colhedora deve
ser de 4 a 5 km/h, porém deve ser considerado cada caso.
Em lavoura com desnível no solo, presença de plantas
daninhas, maturação desuniforme, acamamento e baixa
inserção de legumes, o cuidado deve ser redobrado.

No cilindro de trilha, as perdas não são grandes, porém,


quando a lavoura é destinada para semente, a velocidade
é fator preponderante para reduzir perdas por dano
mecânico. Neste caso, é necessário que se regule a
velocidade do cilindro duas vezes ao longo do dia de
colheita, uma vez que a umidade da semente é reduzida
nas horas mais quentes e as sementes podem sofrer
maiores danos. A faixa de umidade das sementes, em que
a ocorrência de danos mecânicos é mínima, vai de 13% a
15%. Além disso, para que o índice de danos mecânicos
não seja muito elevado, a velocidade do cilindro de trilha
de barra não deve ultrapassar 500 a 550 rpm. Velocidades
muito altas do cilindro podem provocar a fragmentação
das sementes até níveis de 25% a 30%, o que se constitui

138 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
em perda grave. Associada à velocidade do cilindro está a
abertura do côncavo, que pode reduzir a quebra de grãos.

Enfim, pode-se considerar como perdas na colheita não


só as sementes que não são recolhidas ao armazém, mas
também as que são recolhidas com alta taxa de quebra e/
ou trincadas e com redução na germinação e vigor.

9.2 Avaliação de perdas


Tendo em vista as várias causas de perdas passíveis de
ocorrência na lavoura de soja, os tipos ou fontes de perdas
podem ser definidos da seguinte maneira:

a) perdas antes da colheita, que podem estar associadas


ao clima, às características da cultivar e deiscência ou
queda de legumes antes da colheita;

b) perdas por trilha, por separação e por limpeza, que


ocorrem nos grãos que passaram através da colhedora;

c) perdas causadas pela plataforma de corte, que incluem


aquelas perdas por debulha, pela baixa altura de inserção
dos legumes e perdas por acamamento de plantas.

Embora as origens das perdas sejam diversas e ocorram


desde antes até a colheita, cerca de 85% das perdas
ocorrem pela ação dos mecanismos da plataforma de
corte das colhedoras (molinete, barra de corte e caracol),
12% são ocasionadas pelos mecanismos internos (trilha,
separação e limpeza) e 3% são causadas por deiscência
natural.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 139
Para avaliar perdas ocorridas durante a colheita, indica-se
o método volumétrico, utilizando o copo medidor de perdas.
Este copo correlaciona volume com peso, permitindo
determinação direta de perdas em kg/ha de soja, pela
simples leitura dos níveis impressos no próprio copo. O
método consiste em coletar, de uma área recém-colhida,
os grãos de soja que permaneceram no solo. Esta área é
delimitada por uma armação com pedaços de madeira de
0,50 m de comprimento e com largura igual à da plataforma
de corte da colhedora. Esta armação, na sua maior extensão
(largura da plataforma de corte), pode ser delimitada por
barbante comum, unindo as extremidades dos dois cabos.
O copo medidor está disponível gratuitamente na Embrapa
Soja, Londrina, PR.

9.3 Como evitar perdas


Cerca de 85% das perdas ocorrem nos mecanismos de corte
e alimentação. Entretanto, as perdas serão minimizadas se
forem tomados os seguintes cuidados:

a) trocar as navalhas quebradas, alinhar os dedos das


contranavalhas, substituindo os que estão quebrados,
e ajustar as folgas da barra de corte. A folga entre uma
navalha e a guia da barra de corte é de cerca de 0,5 mm.
A folga entre as placas de desgaste e a régua da barra de
corte é de 0,6 mm;

b) manter a barra de corte o mais próximo possível do solo.


Este cuidado é dispensável na utilização de colhedoras com
plataformas flexíveis que, automaticamente, controlam a
altura de corte;

140 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014
c) usar velocidade de trabalho entre 4 a 5 km/h. A maioria
das colhedoras possui uma velocidade padrão da barra de
corte correspondendo, em movimento retilíneo contínuo,
a 4,8 km/h. Portanto, velocidades superiores tenderão
a causar maiores perdas devido ao impacto extra e à
raspagem da haste, com possível arranquio de legumes
antes do corte. Para determinar a velocidade da colhedora
de forma prática, contar o número de passos largos (cerca
de 90 cm) tomados em 20 segundos, caminhando na
mesma velocidade e ao lado da colhedora. Multiplicar o
número encontrado por 0,16 para obter a velocidade em
km/h;

d) usar a velocidade do molinete cerca de 25% superior à


velocidade da colhedora. Para ajustar a velocidade ideal,
fazer uma marca em um dos pontos de acoplamento dos
travessões na lateral do molinete e regular a velocidade do
mesmo para cerca de 9,5 voltas em 20 segundos (molinetes
com 1 m a 1,2 m de diâmetro) e para cerca de 10,5 voltas
em 20 segundos (molinetes com 90 cm de diâmetro). Outra
forma prática de ajustar a velocidade ideal do molinete é
pela observação da ação do mesmo. A velocidade ideal
é obtida quando o molinete toca suavemente e inclina a
planta ligeiramente sobre a plataforma, antes da mesma
ser cortada pela barra de corte;

e) a projeção do eixo do molinete deve ficar de 15 a 30


cm à frente da barra de corte e a altura do molinete deve
permitir que os travessões com os pentes toquem na
metade superior da planta, preferencialmente no terço
superior. Dessa forma, o impacto dos travessões contra as
plantas será mais suave e evitará o tombamento para a
frente da colhedora no momento do corte.

Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014 141
Geralmente, as perdas na trilha, na separação e na
limpeza representam de 12% a 15% das perdas totais;
porém, em certos casos, podem superar até mesmo as
perdas da plataforma de corte. Entretanto, essas perdas
são, praticamente, eliminadas tomando-se os seguintes
cuidados:

a) conferir e/ou ajustar as folgas entre o cilindro trilhador


e o côncavo. Regular as aberturas anterior e posterior
entre o cilindro e o côncavo, que devem ser as maiores
possíveis, evitando danos às sementes, mas permitindo a
trilha satisfatória do material colhido;

b) ajustar a velocidade do cilindro trilhador, que deve


ser a menor possível, evitando danos às sementes, mas
permitindo a trilha satisfatória do material colhido;

c) manter limpa e desimpedida a grelha do côncavo;

d) manter limpo o bandejão, evitando o nivelamento da sua


superfície pela criação de crosta formada pela umidade e
por fragmentos da poeira, de palha e de sementes;

e) ajustar a abertura das peneiras. A peneira superior deve


permitir a passagem dos grãos ou pedaços de legumes. A
abertura da peneira inferior deve ser um pouco menor do
que a da peneira superior, permitindo apenas a passagem
dos grãos. A abertura da extensão da peneira superior deve
ser um pouco maior do que a abertura da peneira superior,
permitindo a passagem de legumes inteiros;

f) ajustar a velocidade do ventilador. A velocidade deve ser


suficiente para soprar das peneiras para fora da colhedora
a palha miúda e todo o material estranho mais leve do que
os grãos e que estão misturados aos mesmos.

142 Indicações Técnicas para a Cultura da Soja no RS e em SC, safras 2012/2013 e 2013/2014

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