ISSN IMPRESSO 2316-333X

E-ISSN 2316-3828
DOI-10.17564/2316-3828.2017v6n1p93-106

A curadoria digital on-line e o processo de formação do professor-autor:

experiências de autoria em/na rede
The online digital curation and the formation process of the professor-author:
experiences of authorship on the net
La curaduría digital en línea y el proceso de formación del profesor-autor: experiencias de autoría en la red

Patrícia B. Scherer Bassani 1 Emanuele Biolo Magnus2

Berta Taciana Brusius Wilbert 3

Resumo
O estudo aqui apresentado busca contribuir, comple- envolvendo um grupo de acadêmicos de licenciatura re-
mentar e ampliar o escopo de pesquisas envolvendo o gularmente matriculados no curso Letras. Os dados foram
uso das tecnologias digitais no processo de formação de produzidos a partir de observação in loco durante as aulas
professores sob a perspectiva do professor-autor, a partir e dos documentos on-line produzidos pelos estudantes,
de uma estratégia pedagógica que envolve a autoria sob seguido por um processo de análise documental. Resulta-
a perspectiva da curadoria digital, articulada aos estudos dos apontam que as ferramentas de curadoria oportuni-
sobre ambientes pessoais de aprendizagem (ou Personal zam a autoria, uma vez que tornam público um conjunto
Learning Environments - PLE). O objetivo consiste em de escolhas do sujeito, caracterizando um primeiro movi-
analisar as possibilidades das ferramentas de curadoria mento de gestão e apropriação do PLE.
on-line como espaços para o exercício da autoria e da so-
cialização de saberes na perspectiva do PLE, no contexto Palavras-chave
da formação inicial de professores de licenciatura. O pre-
sente estudo, de natureza aplicada e abordagem qualita- curadoria digital, formação de professores, ambientes
tiva, foi desenvolvido com base no método da Cartografia, pessoais de aprendizagem

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Abstract
The present study aims to contribute, to complement who are enrolled in a teacher formation course. The
and broaden the scope of research involving the use data were produced from observation in-loco during
of digital technologies in teacher formation courses the classes and from the online documents produced
from an authorship perspective. The study is based on by the students, followed by a process of documenta-
a pedagogical strategy that involves authorship from ry analysis. Results point out that the curatorial tools
the perspective of digital curation articulated to the give authors the opportunity to make public a set of
studies on personal learning environments (PLE). The choices characterizing a first movement of manage-
aim of this study is to analyze the possibilities of tools ment and appropriation of the PLE.
for online digital curation as spaces for the exercise of
authorship and the socialization of knowledge in the
perspective of the PLE, in the context of the teacher
Keywords
formation. This study, with a qualitative approach,
digital curation, teacher formation, personal learning
was developed based on the cartographic research
environments
method involving a group of undergraduate students

Resumen
El estudio aquí presente busca contribuir, comple- grupo de académicos de licenciatura regularmente
mentar y ampliar el alcance de investigaciones envol- matriculados en el curso de Letras. Los datos fueron
viendo el uso de las tecnologías digitales en el pro- producidos a partir de observación in loco durante las
ceso de formación de profesores sobre la perspectiva clases e de los documentos en línea producido por los
del profesor-autor, a partir de una estrategia pedagó- estudiantes, siguiendo por un proceso de análisis do-
gica que envuelve la autoría sobre la perspectiva de cumental. Resultados apuntan a que las herramientas
la curaduría digital, articulada a los estudios sobre de curaduría dan la oportunidad a la autoría, una vez
entornos personales de aprendizaje (o Personal Lear- que se tornan público un conjunto de elecciones del
ning Environments - PLE). El objetivo consiste en ana- sujeto, caracterizando un primer movimiento de ges-
lizar las posibilidades de las herramientas de curadu- tión y apropiación de su PLE.
ría en línea con espacios para ejercicios de autoría y
de la socialización de saberes en la perspectiva del
PLE, en el contexto de la formación inicial de profeso-
Palabras llaves
res de licenciatura. El presente estudio, de naturaleza
curaduría digital, formación de  profesores, entornos
aplicada y de abordaje cualitativa, fue desenvuelto
personales del aprendizaje.
con base en el método de Cartografía, envolviendo un

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1 INTRODUÇÃO
Estudos atuais na área de tecnologias digitais Portanto, em um PLE, os sujeitos integram as ex-
na educação apontam para as possibilidades de fo- periências que configuram a educação escolar com
mentar processos educativos baseados no conceito as novas experiências no uso de aplicações e serviços
de ambientes pessoais de aprendizagem (do inglês, web, que potencializam o registro do seu processo de
Personal Learning Environment ou PLE) (MOTA, 2009; aprendizagem e também os processos de interação e
CASTAÑEDA; ADELL, 2013; TORRES-KOMPEN; COS- comunicação com outros sujeitos e grupos, além do
TA, 2013; CASTAÑEDA; ADELL, 2014). acesso a diferentes recursos digitais de aprendiza-
Neste estudo, entende-se que o PLE se organiza a gem. Dessa forma, o PLE não é uma tecnologia, mas
partir de ferramentas, mecanismos e atividades que um enfoque sobre como se pode aplicar a tecnolo-
cada sujeito utiliza para ler, para produzir e para com- gia atual para ensinar e para aprender (CASTAÑEDA;
partilhar/refletir em comunidades (CASTAÑEDA; ADELL, ADELL, 2013).
2013). Na perspectiva do ler, as ferramentas caracteri- Importante destacar que não existem ferramentas,
zam-se por sites, blogs, canais de vídeo, newsletters, estratégias ou mecanismos que possam ser conside-
entre outras. As atividades envolvem leitura, revisão de rados exclusivos de uma parte do PLE (CASTAÑEDA;
textos, conferências, e outras, exercitando o uso de me- ADELL, 2013). Por exemplo: um blog pode ser uma fer-
canismos de busca, curiosidade e iniciativa. Na perspec- ramenta para leitura, um espaço para refletir e produzir,
tiva do fazer/produzir, as ferramentas são os espaços ou ainda pode fazer parte da PLN do sujeito, uma vez
onde o sujeito pode documentar o processo de reflexão, que permite a interação com outros sujeitos por meio de
a partir das informações coletadas, são espaços para es- comentários. Assim, usando ativamente e intensamente
crever, refletir e publicar. Destacam-se os blogs, cader- seu PLE, os diferentes sujeitos podem compreender que
nos de notas, canais de vídeo, sites para publicação de é possível ir além do consumo de informação, eles tam-
texto, vídeo e apresentações, entre outras. Por fim, fer- bém podem criar conteúdo, compartilhar os artefatos di-
ramentas para compartilhar/refletir em comunidades gitais e refletir sobre isso em comunidades. Dessa forma,
possibilitam a conversa, a discussão e a troca de ideias fomentar o PLE no âmbito educativo se constitui como
com outros sujeitos, na perspectiva da formação de re- o elemento fundamental para novas possibilidades de
des sociais. Assim, um PLE também inclui o ambiente ensinar e de aprender na cultura digital.
social, que envolve as interações com outros sujeitos. Por fim, Castañeda e Adell (2013) destacam que
Essas interações formam a rede pessoal de aprendiza- introduzir o PLE como eixo fundamental do proces-
gem (do inglês, Personal Learning Network ou PLN). A so educativo pode impactar sob duas perspectivas:
PLN inclui as interações sujeito-sujeito, mediadas pelo a) na perspectiva docente, ajudando os professores
PLE, e caracteriza a parte social do ambiente de apren- a fomentar práticas educativas com tecnologias no
dizagem (CASTAÑEDA; ADELL, 2013). contexto da sala de aula; b) na perspectiva do alu-
Torres-Kompen e Costa (2013) afirmam que o PLE no, possibilitando a apropriação do seu processo de
muda progressivamente, sendo continuamente refor- aprendizagem.
mulado a partir dos objetivos de aprendizagem do su- A pesquisa TIC Educação (Pesquisa sobre o uso das
jeito e também pela atividade social, como parte das Tecnologias da Informação e Comunicação nas Esco-
experiências de aprendizagem. Nessa perspectiva, las Brasileiras) é realizada anualmente pelo Comitê
conforme Torres-Kompen e Costa (2013), um PLE dificil- Gestor da Internet no Brasil1. Essa pesquisa apresen-
mente pode sobreviver sem uma PLN, já que é formado ta um cenário importante sobre o uso das tecnologias
pelo elemento mais valioso do conhecimento, ou seja, 1 O Comitê Gestor da Internet no Brasil (cgi.br) regula a internet no Brasil e
as pessoas como fontes de conhecimento e experiência. publica indicadores e estatísticas de seu uso.

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no contexto das salas de aula brasileiras, informando tomização de materiais educacionais contribuem para
sobre a disponibilidade de equipamentos e internet, a expansão da autoria, da inovação e da criatividade
mas também apresentando dados sobre a formação nos processos de ensino e aprendizagem”.
dos professores para o uso das tecnologias digitais em O estudo aqui apresentado busca contribuir, com-
atividades pedagógicas e o seu impacto nas práticas plementar e ampliar o escopo de pesquisas envol-
de ensino. Ao longo de sua série histórica (a pesqui- vendo o uso das tecnologias digitais no processo de
sa TIC Educação é realizada desde 2010), a pesquisa formação de professores sob a perspectiva do profes-
tem apontado que uma das principais barreiras para sor-autor, a partir de uma estratégia pedagógica que
o uso das TIC nas escolas públicas brasileiras ainda é envolve a autoria sob a perspectiva da curadoria digi-
a infraestrutura. Entretanto, a capacitação do corpo tal, articulado aos estudos de PLE.
docente também é um desafio e a análise dos resul- Os termos curador e curadoria podem assumir diferen-
tados da pesquisa aponta a importância da integra- tes significados, conforme as especificidades das áreas
ção efetiva das tecnologias digitais no currículo da envolvidas (AMARAL, 2012). Entretanto, “em relação às
formação inicial dos professores. Dados da pesquisa profissões, o significado mais popular de curador, no en-
TIC Educação 2015 (CGI.br, 2016) indicam que, apesar tanto, é aquele relacionado ao campo das artes visuais, no
dos avanços ao longo dos anos no uso de computa- qual o curador normalmente está vinculado a escolha e
dores e internet no contexto educativo, ainda há uma execução de um catálogo de obras ou de uma exposição”.
concentração em atividades de ensino instrucionais, (AMARAL, 2012, p. 42). A palavra curadoria é “usada para
ou na transposição de práticas já realizadas pelos pro- descrever os processos de escolher e dar visibilidade a
fessores sem o uso de tecnologias, como aulas exposi- determinadas obras, a partir de critérios valorizados pelo
tivas e a solicitação de pesquisas. público ou por uma classe mais especializada no universo
Nessa perspectiva, entende-se que um processo temático e estético em questão” (SILVA, 2012, p.75). Sil-
de formação de professores que explore o uso de apli- va (2012) também avalia que o excesso de informação e
cações web, propiciando a autoria e a vivência em am- a ampliação do acesso à web, vinculados à expansão da
bientes de rede, na perspectiva do PLE, pode impul- possibilidade de publicação de conteúdo, propulsionam o
sionar mudanças nos processos educativos com o uso papel social do curador. Ressaltando o aspecto social, o
das tecnologias digitais na sala de aula. Entretanto, curador é visto como um mediador e esta atividade pode
quais estratégias de aprendizagem podem contribuir ser considerada fundamental na cultura contemporâ-
para fomentar o PLE de alunos de cursos de Licencia- nea, uma vez que o mediador não está necessariamente
tura durante seu processo de formação inicial e, as- envolvido em produzir novas formas, mas sim busca ar-
sim, oportunizar a autoria em/na rede? ranjá-las em novos formatos (RAMOS, 2012). Além disso,
Diferentes estudos abordam a importância de fo- Silva (2012) destaca que a atividade de curadoria também
mentar o uso de tecnologias digitais no processo de envolve o compartilhamento.
formação docente sob a perspectiva da autoria. Carva- De acordo com os estudos de Lopes, Sommer e
lho e Alves (2015) investigam a autoria de professores a Schmidt (2014), o conceito de curadoria, produzi-
partir de blogs. Santos, Ponte e Rossini (2015) e Torres, do no campo das artes, articula-se bem com o cam-
Behrens e Matos (2015) analisam sob a perspectiva de po da educação, “à medida que pode inspirar uma
práticas educacionais abertas, envolvendo a produção epistemologia e uma prática pedagógica nos con-
e o compartilhamento de recursos educacionais aber- textos educacionais capazes de superar as pressões
tos (REA). Rossini, Santos e Amaral (2017, p. 3) tam- e apelos de consumo e mercantilização do conheci-
bém focam a questão da autoria sob a perspectiva de mento” (LOPES et al, 2014, p. 70). Nessa perspectiva,
REA e destacam que “formar professores-autores é a curadoria é entendida como “prática de socialização
uma demanda sociocultural em que a criação e a cus- e mediação de saberes” (LOPES et al, 2014, p. 71).

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Nessa perspectiva, o estudo aqui relatado teve (PASSOS et al., 2012, p. 13) e, assim, a diretriz cartográ-
como objetivo analisar as possibilidades das ferra- fica se faz por pistas. As pistas “são como referências
mentas de curadoria on-line como espaços para o que concorrem para a manutenção de uma atitude de
exercício da autoria e da socialização de saberes na abertura ao que vai se produzindo e de calibragem do
perspectiva do PLE, no contexto da formação inicial caminhar no próprio percurso da pesquisa” (PASSOS et
de professores de Licenciatura. al., 2012, p. 13) e, assim, as pistas são indicações para
a efetiva validade da pesquisa.
Portanto, foram definidas duas pistas para guiar o
2 PERCURSO DE PESQUISA processo de pesquisa: a) os acadêmicos não conhecem
muitas ferramentas e/ou aplicações web que possibili-
Este artigo apresenta um recorte do percurso de tam a autoria; b) os acadêmicos não estão familiarizados
pesquisa desenvolvido no âmbito do projeto Ambien- com o processo de curadoria e desconhecem aplica-
tes de aprendizagem na web: ensinar e aprender em ções on-line para realizar esta atividade.
contextos distribuídos e em espaços híbridos2, que Nessa perspectiva, considerando-se as pistas pro-
tem como objetivo desenvolver situações de apren- postas, o percurso de pesquisa contemplou ativida-
dizagem, enfatizando atividades de vivência em rede des para envolver os acadêmicos de Licenciatura em
em espaços híbridos, a fim de fomentar o PLE dos aca- Letras, professores em processo de formação inicial,
dêmicos de Licenciatura, além de analisar a relação em diferentes situações de aprendizagem, a fim de fo-
entre o PLE desses futuros professores e as práticas mentar seu PLE, com base em atividades de curadoria
pedagógicas com tecnologias propostas por eles no digital na perspectiva da autoria.
contexto do Ensino Fundamental. Durante os encontros presenciais semanais re-
Neste estudo, estão detalhadas as atividades de- gulares (1h e 30min/semana) os alunos tiveram a
senvolvidas com um grupo de alunos regularmente oportunidade de conhecer e explorar diferentes
matriculados na disciplina Novas Tecnologias aplica- ferramentas/aplicações de autoria na web, como
das ao Ensino de Línguas na Universidade Feevale3, Prezi (http://www.prezi.com - para apresentações,
ofertada na modalidade presencial no primeiro se- Padlet (http://www.padlet.com - mural on-line), Pi-
mestre de 2017 (18 alunos). A disciplina possui carga xton (http://www.pixton.com.br - história em quadri-
horária de 50h de atividades acadêmicas regulares nhos), entre outros, além de diferentes aplicativos
acrescidas de 40h de prática de ensino. para uso em contextos escolares, como BambooPa-
O presente estudo, de natureza aplicada e aborda- per (caderno digital), VideoShow (para fazer vídeos),
gem qualitativa, foi desenvolvido com base no método Popplet,(mapa conceitual) e outros.
da Cartografia (PASSOS et al., 2012). A Cartografia é De forma paralela, à distância, os acadêmicos de-
um método formulado por Deleuze e Guattari que visa senvolveram o projeto de Curadoria Digital on-line4.
acompanhar um processo, e não representar um obje- Inicialmente os alunos tiveram que explorar diferen-
to. Conforme Passos e Barros (2012, p.31), “conhecer o tes ferramentas de curadoria, a fim de definir uma
caminho de constituição de um objeto equivale a cami- para desenvolver a proposta. Foram sugeridas quatro
nhar com esse objeto, constituir esse próprio caminho, ferramentas on-line e gratuitas, especificadas na Ta-
constituir-se no caminho”. Portanto, para acompanhar bela 1. Essas ferramentas foram indicadas com base
processos, “não podemos ter predeterminada de ante- em análise anterior (BASSANI; NUNES, 2016), uma
mão a totalidade dos procedimentos metodológicos” vez que elas permitem, além da compilação de links,
também a inserção de textos, imagens e anotações.
2.O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética -
CAAE: 55996416.3.0000.5348 4 O detalhamento da atividade proposta está disponível em: http://prezi.com/
3 http://www.feevale.br n4nualaai80d/?utm_campaign=share&utm_medium=copy&rc=ex0share

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Tabela 1. Ferramentas de curadoria on-line

Ferramenta Link Descrição
Pearltrees http://www.pearltrees.com Ferramenta que permite a organização de recursos da
web; pode ser utilizada de modo colaborativo, para com-
partilhamento de conteúdo. A ferramenta também pos-
sibilita a importação de arquivos produzidos pelo usuá-
rio, como imagens e textos.

Diigo https://www.diigo.com Organizador de links e referências que podem ser mar-

cados com tags (etiquetas), criando uma base de pes-
quisa estruturada. A ferramenta também possibilita a
adição de anotações em PDF e a criação de texto através
de um bloco de notas.
Scoop.it http://www.scoop.it/ Ferramenta que possibilita a curadoria e organização de
links e outros tipos de documentos; permite a criação e o
compartilhamento de conteúdo em redes sociais.
Symbaloo https://www.symbaloo.com/ Ferramenta de organização de conteúdo da web que
possibilita a agregação de links em uma única página
denominada webmix.
Fonte: Dados da pesquisa
por meio de um mural on-line de acesso livre desen-
A proposta de curadoria on-line foi organizada a volvido na aplicação Padlet5.
partir de três atividades complementares, na pers- Os dados foram produzidos a partir de: a) observa-
pectiva do PLE: ção in loco durante as aulas; b) documentos on-line
a) ler: selecionar leituras interessantes, incluindo produzidos pelos estudantes.
links para sites, blogs, artigos e demais referências Para a análise dos documentos on-line produzidos
relevantes envolvendo o uso de tecnologias digitais pelos alunos utilizou-se a análise documental (HEW-
no contexto das aulas de línguas (Português e/ou In- SON; LAURENT, 2012). A análise documental envolve
glês); selecionar recursos educacionais digitais e/ou principalmente a classificação de documentos dispo-
recursos educacionais abertos (REA) com potencial níveis na internet.
para uso nas aulas de línguas; registrar e organizar to- Os resultados estão documentados na próxima seção.
dos estes links na ferramenta de curadoria escolhida;
b) produzir: com base no material selecionado e
organizado, elaborar uma reflexão individual sobre 3 RESULTADOS
as possibilidades de uso das tecnologias digitais no
contexto das aulas de línguas. A reflexão deveria ser Diferentes ferramentas de curadoria foram explo-
registrada em uma ferramenta de autoria de livre es- radas e utilizadas pelos acadêmicos. A Tabela 2 mos-
colha. O artefato produzido foi publicado junto aos tra as ferramentas escolhidas para o desenvolvimento
demais materiais na ferramenta de curadoria; dos projetos.
c) compartilhar: socializar os resultados da produ-
5 Os projetos desenvolvidos pelos alunos estão disponíveis em: https://
ção com os colegas. O compartilhamento foi efetivado padlet.com/patriciab/ntael201701

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Tabela 2. Projetos desenvolvidos A Figura 1 mostra o exemplo de um projeto desen-

volvido na ferramenta de curadoria on-line Pearltre-
Ferramentas Projetos desenvolvidos
es. Esta ferramenta teve preferência entre os acadê-
Pearltrees 10 micos, conforme pode-se verificar na Tabela 2. Cada
Symballo 4 item apresentado na Figura 1 redireciona para um
determinado link selecionado pelo acadêmico no seu
Diigo 1 processo de curadoria e um deles remete para o arte-
Scoop.it 1 fato digital elaborado com base nos materiais selecio-
nados. Neste exemplo, o registro da reflexão foi feito
Prezi 2 no mural on-line Padlet, conforme mostra a Figura 2.
Fonte: Dados da pesquisa

Figura 1 – Projeto desenvolvido com Pearltrees

Fonte: http://www.pearltrees.com/gretsche/tecnologias-aplicadas-linguas/id17389194

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Figura 2 - Reflexão produzida no Padlet

Fonte: https://padlet.com/gretschevalandro/plvtji6vzvxz

Interessante destacar que um dos itens da Figu- curadoria. Esta ferramenta permite a agregação
ra 2 redireciona para um texto reflexivo elaborado de vários links em uma única página chamada de
pela acadêmica. Portanto, a acadêmica, neste caso, webmix , que pode ser compartilhada de forma
utilizou três diferentes ferramentas: Pearltrees, para pública na web . A Figura 3 mostra um dos proje-
curadoria; Padlet, para reflexão geral; Word, para tos desenvolvidos nesta ferramenta. Destaca-se
compartilhar informações mais detalhadas; e todos os que neste projeto a acadêmica registrou a sua
artefatos estão disponíveis de forma pública na web. reflexão por meio de vídeos publicados no You-
A ferramenta Symbaloo foi escolhida por qua- Tube, que podem ser acessados diretamente pelo
tro alunos para o desenvolvimento do projeto de webmix .

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Figura 3 - Projeto desenvolvido usando a ferramenta de curadoria on-line Symbaloo

Fonte: http://edu.symbaloo.com/mix/tecnologiaeidiomas

A ferramenta Scoop.it foi testada por apenas um aplicativo Word e a reflexão desenvolvida no Diigo foi
acadêmico (Figura 4), mesma situação aconteceu publicada como uma nota da ferramenta. Todos os ar-
com a ferramenta Diigo (Figura 5). A reflexão com- tefatos digitais, tanto a página de curadoria quanto as
partilhada na ferramenta Scoop.it foi desenvolvida no reflexões estão disponíveis de forma pública na web.

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Figura 4 - Projeto desenvolvido na ferramenta de curadoria on-line Scoop.it

Fonte: http://www.scoop.it/t/uso-de-ferramentas-tecnologicas-em-sala-de-aula

Figura 5 - Projeto desenvolvido na ferramenta de curadoria on-line Diigo

Fonte: https://www.diigo.com/profile/palomajusto

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Conforme a Tabela 2, pode-se verificar que dois partilhado e, portanto, desloca o sujeito da posição
alunos desenvolveram seus projetos de curadoria na de consumidor, para uma condição de autor. Durante
ferramenta de autoria Prezi. O Prezi é uma ferramenta este processo de reflexão e produção, o sujeito viven-
de apresentações, entretanto, os alunos adaptaram a cia dois percursos complementares, que envolvem
proposta de curadoria para outro formato, articulan- tanto a apropriação teórica da área de estudo e forma-
do os links selecionados à reflexão. ção quanto a apropriação técnica do uso de uma ferra-
Ao final da atividade, todos os alunos comparti- menta digital, e esse processo pode conduzir a novas
lharam os links dos projetos de curadoria de forma formas de apropriação das tecnologias. Verificou-se
pública no Padlet. isso no contexto deste estudo quando os acadêmicos
optaram por usar a ferramenta Prezi como espaço
para curadoria, uma vez que a ferramenta foi original-
4 DISCUSSÃO mente desenvolvida para a criação de apresentações.
Além disso, à medida que os alunos conhecem outras
Os resultados foram analisados a partir das pistas possibilidades de registro, o texto linear deixa de ser a
definidas: a) os acadêmicos não conhecem muitas fer- única opção, o que pode ser evidenciado nos artefatos
ramentas e/ou aplicações web que possibilitam a au- produzidos pelos alunos: vídeos no YouTube, mural no
toria; b) os acadêmicos não estão familiarizados com Padlet, apresentações no Prezi. Assim, a articulação
o processo de curadoria e desconhecem aplicações entre os mecanismos de ler e de produzir, inerentes ao
on-line para realizar esta atividade. PLE, conduzem à autoria;
As atividades desenvolvidas no contexto dos encon- c) todos os projetos de curadoria desenvolvidos
tros presenciais foram orientadas para a exploração nas ferramentas estão disponíveis de forma pública
de repositórios de objetos educacionais e de recursos na web. O processo de compartilhamento aconteceu
educacionais abertos, de ferramentas de autoria, e de sob duas perspectivas: a) disponibilizar o projeto on
aplicativos diversos, acompanhadas de reflexão e dis- -line de forma pública; b) compartilhar o link com os
cussão geral sobre as diferentes possibilidades de uso colegas por meio de um mural on-line que centraliza
no contexto educativo e, de forma específica, no con- o acesso a todos os projetos. Entretanto, o ato de com-
texto de ensino de línguas. O projeto de curadoria, foi partilhar na web não foi suficiente para impulsionar
desenvolvido a distância pelos alunos, e envolveu tes- processos de troca entre os sujeitos, característica es-
tes e seleção da ferramenta para a realização do proje- sencial a fim de consolidar o PLE. As trocas acontece-
to. Portanto, os encontros presenciais focaram nas fer- ram em momento presencial, mas não há registro nos
ramentas de autoria, enquanto o processo de curadoria documentos produzidos de alguma interação entre os
foi realizado a distância ao longo do semestre. alunos a partir dos artefatos produzidos e publicados
A análise dos documentos produzidos pelos aca- na rede. Apesar das ferramentas de curadoria on-li-
dêmicos no processo de curadoria on-line desvela ne utilizadas no contexto deste estudo possibilitarem
questões importantes para a reflexão: a formação de uma rede por meio dos links, isso não
a) as ferramentas de curadoria on-line oportuni- aconteceu. Portanto, no contexto deste estudo, o ato
zam a organização de conteúdos relevantes distribuí- de compartilhar ficou restrito ao processo de informar
dos pela web e, durante este processo de seleção de o link de acesso.
recursos, os acadêmicos exercitam mecanismos de A análise dos resultados aponta que o uso de fer-
busca e de curiosidade, fomentando o PLE na pers- ramentas de curadoria digital efetivamente auxilia os
pectiva do ler; alunos no processo de seleção e organização de re-
b) o uso de ferramentas de autoria para o registro cursos disponíveis on-line e caracteriza-se como um
da reflexão gera um artefato digital que pode ser com- movimento inicial na perspectiva da autoria, uma vez

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que o sujeito compartilha um conjunto de links que REFERÊNCIAS

podem ser acessados não só pelo autor, mas por dife-
rentes sujeitos que possam ter interesse no conjun- AMARAL, Adriana. O. Curadoria de informação e
to selecionado. Esse processo representa, então, um conteúdo na web: uma abordagem cultural. In:
primeiro movimento de gestão e apropriação do PLE. SAAD, Elizabeth Nicolau. Curadoria digital e o
Por outro lado, o uso de ferramentas de autoria para o campo da comunicação. São Paulo: ECA/USP, 2012.
registro da reflexão marca um segundo movimento na p. 40 – 50. Disponível em <http://grupo-ecausp.
perspectiva da autoria onde o sujeito, a partir de um com/novo-ebook-curadoria-digital-e-o-campo-da-
determinado conjunto de obras selecionadas, sejam comunicacao/>. Acesso em 18 nov. 2015.
elas texto, relatos de experiência em blogs, vídeos ou
links diversos, registra o produto de sua reflexão sob a BASSANI, Patrícia B. Scherer; NUNES; Jose da
forma de um artefato digital. Silva. Ensinar e aprender em/na rede: diferentes
Por fim, verificou-se que o processo de com- abordagens teórico-práticas do conceito de
partilhar na/em rede ainda não é entendido pelos ambientes pessoais de aprendizagem In: Jornada
alunos como parte do processo de construção de de Atualização em Informática na Educação. 1 ed.
conhecimento. Portanto, percebe-se o desafio de Uberlândia: UFU; Porto Alegre: Sociedade Brasileira
fomentar efetivas práticas pedagógicas que oportu- de Computação – SBC, 2016, p. 78-112.
nizem vivencias na rede e em rede no contexto dos
cursos de Licenciatura. CARVALHO, A.B.G.; ALVES, T.P. Práticas e percursos
dos professores da educação básica com ações de
autoria e colaboração nas redes sociais. Revista
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diálogo Educacional, v.15, n.45, p. 493-514. 2015.
O estudo aqui apresentado é um recorte de uma
Castañeda, Linda; Adell, Jordi. (eds.). (2013).
pesquisa mais ampla que busca fomentar práticas
Entornos personales de aprendizaje: claves para
pedagógicas com tecnologias nos cursos de formação
el ecosistema educativo en red. Alcoy: Marfil.
inicial de professores no contexto das Licenciaturas, a
Disponível em: <http://www.um.es/ple/libro/>.
fim de oportunizar a estes futuros professores a apro-
Acesso em: 01 jan. 2016.
priação e a gestão do seu PLE, e analisar como isso
reflete nas atividades desenvolvidas pelos sujeitos na
CASTAÑEDA, Linda; ADELL, Jordi. Beyond the tools:
Educação Básica, no contexto das práticas de ensino
analysing personal and group learning environments
e de estágios.
in a university course. Cultura y Educación, 26 (4), p.
O resultado deste estudo aponta que o uso de
739-774, 2014.
ferramentas de curadoria auxilia na organização do
PLE do sujeito, sendo um espaço interessante para
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL – CGI.br.
centralizar links para recursos e/ou outros ambien-
Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação
tes utilizados, além de possibilitar o agrupamento,
e comunicação nas escolas brasileiras. TIC
em um único local, dos diferentes artefatos digitais
educação 2015. São Paulo: CGI.br, 2016. Disponível
produzidos pelo sujeito. Entretanto, há a necessi-
em: < http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-
dade de aprofundar estudos na perspectiva do com-
uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-
partilhamento, para que seja possível produzir efe-
nas-escolas-brasileiras-tic-educacao-2015/> Acesso
tivas redes educativas na perspectiva do aprender
em 16 nov. 2016.
ao longo da vida.

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HEWSON, Claire; LAURENT, Dianna. Research Professor-Autor na Cibercultura. EAD em foco:

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presencial e a distância: os ‘reas’ como recurso
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1 Doutora em Informática na Educação (UFRGS), professora titular do

Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social e
do Mestrado em Letras da Universidade Feevale, RS, Brasil. e-mail: patri-
[email protected]

2 Doutoranda em Diversidade Cultural e Inclusão Social (Feevale). Mestre

em Design e Marketing Têxtil (UMINHO), professora do curso de Moda da
Universidade Feevale, RS, Brasil. e-mail: [email protected]
Recebido em: 9 de Junho de 2017
3 Graduada em Moda pela Universidade Feevale. Participante do Programa
Avaliado em: 3 de Agosto de 2017 de Aperfeiçoamento Científico Feevale, vinculada ao Grupo de Pesquisa em
Aceito em: 18 de Agosto de 2017 Informática na Educação, RS, Brasil. e-mail: [email protected]

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