Qualidade Da Energia Eletrica - Apostila
Qualidade Da Energia Eletrica - Apostila
Qualidade Da Energia Eletrica - Apostila
CURITIBA
2016
SUMÁRIO
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1. INTRODUÇÃO À QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA
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Parece paradoxal, mas a ênfase no aumento da eficiência energética
conduziu ao uso intensivo da eletrônica de potência e isso aumentou a
quantidade de harmônicos injetados na rede elétrica. Por exemplo, o uso
das fontes chaveadas em substituição às antigas fontes lineares melhorou o
rendimento dos equipamentos, mas introduziu a injeção de harmônicos no
sistema elétrico. Sempre é possível melhorar as topologias adotadas nos
equipamentos que utilizam a eletrônica de potência e, assim, reduzir
sensivelmente a geração de harmônicos. Outra solução é a utilização de
filtros.
Atualmente, os equipamentos utilizam mais eletrônica embarcada e,
por isso, estão mais sensíveis às variações nos parâmetros da rede elétrica.
Esses parâmetros podem ser os níveis de distorção da onda ou a variação
da amplitude da mesma.
Um sistema elétrico que não entrega uma amplitude de tensão
adequada pode provocar o mau funcionamento de um equipamento e até
mesmo a sua falha. Um nível de tensão inadequado também caracteriza
baixa qualidade da energia, além de poder provocar maiores perdas no
sistema elétrico.
As agências reguladoras de energia elétrica são as responsáveis por
definir os indicadores que determinam se o sistema elétrico está
funcionando dentro do que é considerado satisfatório em termos de
qualidade da energia. A preocupação dos órgãos reguladores é a qualidade
do produto, ou seja, da forma de onda, da sua amplitude ou distorção e,
também, com a qualidade do serviço, ou seja, o número de interrupções de
energia e sua duração.
Não apenas a concessionária é responsável pela qualidade da
energia, também o usuário pode poluir o sistema elétrico com a injeção de
harmônicos de corrente. Cargas não lineares, como conversores de
freqüência para acionamento de motores, UPS, computadores, entre outras
cargas, geram correntes distorcidas que podem promover a distorção da
onda de tensão, espraiando o problema da qualidade para toda a instalação.
Um baixo fator de potência também caracteriza uma pobre qualidade
da energia da instalação, pois a circulação de uma potência reativa causa
perdas por efeito Joule nos condutores e transformadores. Também, a
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potência reativa ocupa espaço da seção do condutor reduzindo a
capacidade de transferir potência ativa.
Uma carga é dita não linear quando distorce a forma de onda de corrente
mesmo quando alimentada com uma forma de onda de tensão senoidal. O exemplo
mais comum é o uso de um retificador a diodo com um filtro capacitivo na saída. Neste
tipo de carga, a corrente só circulará quando a tensão instantânea da fonte superar a
tensão do capacitor de filtro, ou seja, a corrente só entrará no retificador quando a
onda da tensão estiver próxima do seu pico. Em conseqüência, a corrente será
pulsada e, portanto, não senoidal. Na Fig. 1.1 mostra-se a topologia de um retificador
com filtro capacitivo e na Fig. 1.2 representa-se a corrente pulsada na saída do
retificador a diodos.
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O retificador faz parte da categoria de cargas não lineares na qual estão os
equipamentos eletrônicos tais como inversores, UPS, televisores, microondas,
computadores e outros. Outra categoria de equipamentos que são cargas não lineares
são aqueles que possuem núcleo magnético saturado, tais como: reatores e
transformadores de núcleo saturado. Neste caso a deformação da corrente decorre da
não linearidade do circuito magnético. Esses equipamentos são projetados para
funcionarem na região de saturação da curva de magnetização. Ainda outra categoria
de cargas não lineares são os equipamentos que geram arcos elétricos, tais como:
fornos a arco e máquinas de solda.
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2. HARMÔNICOS
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Os harmônicos de corrente são produzidos por cargas não lineares, tais como
equipamentos de eletrônica de potência. Essas cargas geram correntes não senoidais
mesmo sendo alimentadas com tensão senoidal. Essas correntes distorcidas ao
circularem pela impedância do sistema, que é constituída pela impedância da fonte
mais impedância da fiação e transformadores, provocam a distorção da onda de
tensão. Essa é a origem dos harmônicos de tensão, pois a concessionária produz, na
geração, uma onda senoidal pura de tensão.
Os harmônicos de amplitudes relevantes costumam ser de ordem ímpar, ou
seja, h=1, h=3, h=5, etc., porque as ondas de tensão ou corrente costumam ter
simetria ímpar e, portanto, o semiciclo positivo da onda tem simetria com o semiciclo
negativo da onda. Como na prática não existe uma simetria exata, ao se analisar o
espectro de uma forma de onda real, aparecem algumas componentes de ordem par
de amplitude pequena. Para fins didáticos considera-se que não existem harmônicos
de ordem par para a maioria das cargas. Uma exceção é o caso dos fornos a arco em
que as componentes harmônicas de ordem par são relevantes.
Outro conceito importante é a não existência de harmônicos de ordem três e
suas múltiplas quando se trata de cargas trifásicas alimentadas a três fios. Nesse
caso, não existe um caminho de retorno pelo neutro para o terceiro harmônico e seus
múltiplos ímpares uma vez que esses harmônicos são de sequência zero. Considera-
se que os sistemas trifásicos estão balanceados quanto às suas tensões, pois assim o
terceiro harmônico e suas múltiplas são de sequência zero.
% = × 100 (2.1)
→ ℎ ô ℎ
→
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A equação 2.2 mostra a formulação da distorção harmônica individual da
tensão de ordem harmônica h, em percentual.
!
% = × 100 (2.2)
!
→ ℎ ô "ã ℎ
→ "ã
$ ,, + . + / + 0 + … . →
, , ,
" ℎ ô "
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61000-3-4 trata dos equipamentos que solicitam mais de 16 A. Existe uma vasta
quantidade de normas da família 61000 que deve ser consultada.
Outra regulamentação bastante consolidada é a IEEE 519-1992 que sofreu
alterações e atualmente é chamada IEEE 519-2014. É um documento largamente
adotado para controle dos harmônicos no ponto de acoplamento elétrico entre a
indústria e a concessionária. A filosofia desta norma é não se preocupar com o que
ocorre no interior da instalação e sim com o que a instalação pode injetar na rede e,
portanto, atingir outros consumidores.
A regulamentação brasileira que trata de limites harmônicos está no módulo 8
do PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional). Nesse documento, são estabelecidas a terminologia, a metodologia de
medição, a instrumentação e os valores de referência para as distorções de tensão
harmônicas. A resolução normativa que descreve o PRODIST, atualmente, não define
limites para os harmônicos de corrente, somente para harmônicos de tensão.
Na tabela 2.1, são apresentados os valores de referência globais das
distorções harmônicas totais (em porcentagem da tensão fundamental). Observa-se,
na tabela, que a regulamentação brasileira admite uma distorção de tensão, na baixa
tensão, de até dez por cento.
Na Tabela 2.2, estão definidos os níveis de referência para distorções
harmônicas individuais de tensão (em porcentagem da tensão fundamental).
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Tabela 2.2 – Distorções harmônicas individuais de tensão
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Fig. 2.3 – Espectro harmônico de uma fonte chaveada típica.
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Fig. 2.4 – Retificador na entrada de um conversor de freqüência
As medições devem ser trifásicas para identificar o conteúdo harmônico das correntes
e tensões em cada uma das fases. A corrente de neutro também deve ser avaliada
para verificar, principalmente, o conteúdo de terceiro harmônico.
Recomenda-se que o registro das tensões e correntes seja realizado por todo o
período de vinte e quatro horas, durante sete dias consecutivos. Assim, as variações
normais do perfil dessas correntes e tensões, em função da variação das cargas
energizadas, serão registradas ao longo do ciclo de trabalho da instalação.
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programa e situações de ultrapassagem de indicadores são explicitadas em relatórios
padrão. É possível editar esses relatórios para personalizá-los.
3. VARIAÇÕES DE TENSÃO
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3.1. INTERRUPÇÕES
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3.2. VARIAÇÕES DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO
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alimentadores, conectados ao mesmo barramento, ficam submetidos a essa tensão
afundada.
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Fig. 3.3 – Curva de tolerância CBEMA
Em 1996, houve uma revisão dos limites da curva CBMA. Foi criada a curva
ITIC (Information Technology Industry Council) que é mais adequada aos
equipamentos atuais de tecnologia da informação. O objetivo da curva é melhor
determinar a capacidade que determinado equipamento deve ter em suportar eventos.
A Fig. 3.4 apresenta a curva de tolerância ITIC.
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sistema é não utilizar nenhum sistema de acumulação de energia, pois estes exigem
muita manutenção.
Outro método bastante usado em circuitos que não podem sofrer interrupção
ou afundamento é o uso de sistema Flywheel. Esse sistema armazena energia cinética
em um volante de inércia. Basicamente, o Flywheel é composto de uma máquina
síncrona que é montada no mesmo eixo de um volante de inércia. A Fig. 3.6 mostra
um esquema de um Flywhell com o rotor da máquina síncrona no mesmo eixo do
volante de inércia.
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A velocidade final costuma variar de oito mil rpm até vinte e cinco mil rpm,
dependendo do sistema de mancais utilizado. Ao se atingir a velocidade final a
máquina síncrona pode ser desligada, pois a inércia do sistema fará com que o
sistema continue rodando. Assim, a energia elétrica foi transformada em energia
cinética.
Para que o sistema continue rodando por um longo tempo sem a necessidade
da conexão da máquina síncrona é necessário que as perdas do sistema sejam
mínimas. Por exemplo, os mancais podem ser magnéticos e dentro da carcaça pode
ser criado um ambiente a vácuo.
Quando for necessário extrair a energia armazenada no sistema, a máquina
síncrona funcionará como um gerador síncrono. Esse sistema costuma ter uma
autonomia de alguns segundos, por exemplo, vinte segundos. Em seguida, um grupo
de motor a combustão e gerador acoplado deve assumir a carga. O gerador de
emergência não seria capaz de evitar a interrupção da energia, pois precisa de alguns
segundos para assumir a carga.
O sistema mais comumente usado para manter a energia disponível é o
Sistema de Energia Ininterrupta (UPS) suportado por bancos de baterias. São
tipicamente usados em centro de processamento de dados, sala de servidores,
computadores individuais, equipamentos eletrônicos. Também, podem ser usados
para garantir a continuidade da energia de uma grande instalação, desde que seja
dimensionado para isso.
A arquitetura básica de um UPS a bateria é composta de um retificador que
carrega o banco de baterias de forma controlada e de um inversor de freqüência para
transformar a energia armazenada na forma contínua em alternada. Em algumas
situações a carga é alimentada em corrente contínua. Uma chave estática, constituída
de tiristores, costuma fazer parte do sistema para limitar o fornecimento de energia
para cargas definidas. A Fig. 3.7 apresenta um esquema básico de UPS a bateria.
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Existem várias topologias de UPS que fornecem diferentes graus de proteção
ao sistema. Genericamente, existem dois tipos de UPS: o tipo on-line e o tipo standby.
No UPS on-line, a energia que alimenta a carga sempre passa pelo sistema UPS e,
portanto, a bateria assume a carga sem nenhuma interrupção. No UPS standby, existe
uma pequena interrupção, mesmo que não perceptível pela carga.
O UPS pode manter o sistema alimentado por vários minutos ou horas,
dependendo da capacidade da bateria em relação ao consumo das cargas.
O UPS, também, pode alimentar o sistema por apenas alguns segundos até que o
gerador de emergência tenha condição de assumir a carga.
4. FLUTUAÇÃO DE TENSÃO
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funcionamento de alguns componentes da instalação elétrica. Por exemplo, pode
dificultar a operação de contatores e relés, prejudicando o processo de produção.
A causa das variações de tensão é a variação da corrente de grandes cargas
flutuantes. A variação da corrente provoca a variação da tensão, pois essa corrente
circula pela impedância do sistema elétrico até atingir a carga. Os fornos a arco e os
acionadores de laminadores são exemplos de cargas que causam flutuação da
tensão.
Para a obtenção dos níveis de severidade de cintilação, associados à flutuação
de tensão, são definidos indicadores e procedimentos estabelecidos nos documentos
da IEC. Estes valores são derivados da medição e processamento das tensões dos
barramentos da instalação. A severidade de cintilação é uma representação
quantitativa do incômodo visual percebido pelas pessoas expostas ao fenômeno de
cintilação.
Os níveis de severidade de cintilação, causados pela flutuação de tensão, são
quantificados pelos indicadores: Indicador de Severidade de Cintilação de Curta
Duração – Pst e Indicador de Severidade de Cintilação de Longa Duração – Plt,
conforme descrição e recomendação da Comissão Internacional de Eletrotécnica na
Publicação IEC 61000-4-15 (Flickermeter – Functional and design specifications).
O indicador Pst representa a severidade dos níveis de cintilação associados à
flutuação de tensão verificada num período contínuo de dez minutos e é calculado a
partir dos níveis instantâneos de sensação de cintilação.
O indicador Plt representa a severidade dos níveis de cintilação causados pela
flutuação de tensão verificada num período contínuo de duas horas e é calculado a
partir dos registros de Pst.
Para a obtenção dos valores de severidade de cintilação são feitas medições e
processamento das tensões dos barramentos com classificação em faixas de
probabilidade de ocorrência. PstD95% é o valor diário do indicador Pst que foi
superado em apenas 5% dos registros obtidos no período de 24 horas.
PltS95% é o valor semanal do indicador Plt que foi superado em apenas 5% dos
registros obtidos no período de sete dias completos e consecutivos.
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Basicamente, existem duas abordagens para resolver o problema. A primeira é
reduzir a variação do fluxo de potência, particularmente a sua componente reativa. A
segunda é aumentar a potência de curto-circuito em relação à potência da carga.
Para reduzir as variações de energia reativa no sistema de alimentação,
instalam-se compensadores dinâmicos, também chamados de estabilizadores
dinâmicos. Máquinas síncronas podem ser usadas para essa finalidade. A Fig. 4.2
mostra um compensador dinâmico baseado em máquina síncrona.
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Fig. 4.3 – Exemplo de compensador estático dinâmico
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Ass medidas que podem ser adotadas para aumentar a potência de curto-
curto
circuito são definidas a seguir:
5. TRANSITÓRIOS
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necessidade de uma queda direta de um raio na instalação elétrica para que este
cause danos a equipamentos. Campos eletromagnéticos criados pela descarga
atmosférica induzem transitórios impulsivos em instalações próximas. A Fig. 5.2
mostra esquematicamente um relâmpago e um raio causando indução
eletromagnética em um sistema de distribuição.
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5.2. TRANSITÓRIO OSCILATÓRIO
6. DESEQUILÍBRIOS DE TENSÃO
28
Sendo:
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Atualmente, a tecnologia de micro geração distribuída apresenta desafios
importantes na garantia de níveis adequados de tensão e no equilíbrio da tensão entre
as fases. Na micro geração, é comum o uso de sistemas monofásicos ou bifásicos de
geração. Assim, cuidados especiais devem ser tomados para que as fases se
mantenham com tensão adequada na baixa tensão.
A geração distribuída é usualmente operada no modo de “não controle de
tensão”. Neste modo, a geração distribuída simplesmente fornece potência ativa a
um fator de potência constante e a tensão no circuito muda de acordo com o efeito
da inserção de potência. Existem indicadores que limitam o efeito da conexão da
geração nas amplitudes da tensão, no desequilíbrio e na distorção harmônica total.
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O aquecimento adicional provocado pela existência de desequilíbrio de tensão
reduz a vida útil do motor de indução. Um motor que não esteja em seu carregamento
pleno ou em que a temperatura ambiente seja baixa permite um aumento do grau de
desequilíbrio sem afetar a vida útil esperada. A Fig. 6.2 mostra o comportamento
exponencial da perda de vida útil com o aumento do desequilíbrio de tensão.
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Após a obtenção do conjunto de leituras válidas, deve ser calculado o índice de
duração relativa da transgressão para tensão precária (DRP) e o índice para tensão
crítica (DRC).
Para se caracterizar a tensão precária e a tensão crítica, define-se,
primeiramente, o conceito de tensão de atendimento. Esta é o valor eficaz de tensão
no ponto de entrega ou de conexão, obtido por meio de medição, podendo ser
classificada em adequada, precária ou crítica.
A conformidade dos níveis de tensão deve ser avaliada, nos pontos de
conexão à Rede de Distribuição, nos pontos de conexão entre distribuidoras e nos
pontos de conexão com as unidades consumidoras, por meio dos indicadores
estabelecidos no PRODIST, módulo 8.
Como exemplo de valores de tensão de atendimento adequados em 220 volts,
tem-se o seguinte intervalo: a tensão de linha deve permanecer no intervalo entre 201
e 231 volts.
Como exemplo de valores de tensão de atendimento precários em 220 volts,
tem-se os seguintes intervalos: entre 189 e 201 volts no valor inferior e entre 231 e
233 volts no valor superior.
Como exemplo de valores de tensão de atendimento críticos em 220 volts,
tem-se os seguintes intervalos: valores menores do que 189 volts e valores maiores do
que 233 volts.
Para a análise da tensão em regime permanente, apresenta-se um gráfico
semanal, totalizando, no mínimo, 1008 leituras válidas. O comportamento semanal da
tensão pode ser visualizado pela Fig. 7.1.
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Onde nlp e nlc representam o maior valor entre as fases do número de leituras
situadas nas faixas precária e crítica, respectivamente.
O valor da Duração Relativa da Transgressão Máxima de Tensão Precária -
DRPM está estabelecido em 3%. O valor da Duração Relativa da Transgressão
Máxima de Tensão Crítica - DRCM está estabelecido em 0,5%.
Os valores apurados de DRP e DRC deverão ser registrados pela
concessionária e, se for o caso, devem ser tomadas providências para a normalização
e conformidade dos níveis de tensão.
Os problemas relativos ao perfil de tensão nas redes elétricas são um dos mais
comuns problemas relacionados à qualidade da energia elétrica. Diferentes modos e
métodos de controle de tensão são utilizados para se manter o nível da tensão dentro
da faixa considerada adequada.
A localização de determinado consumidor ao longo da linha de distribuição
definirá se o nível de tensão da sua instalação está adequada. Isso porque a mesma
tensão “ideal” para um consumidor que esteja localizado próxima da subestação de
distribuição poderá ser inadequada para um consumidor localizado distante dessa
subestação.
O processo de regulação de tensão no sistema de distribuição de energia
elétrica deve ser iniciado desde a fase de planejamento, levando-se em consideração
as características e requisitos de qualidade de energia para os consumidores e de seu
crescimento temporal.
A principal dificuldade de fornecer aos consumidores tensões em faixas
apropriadas é o problema da queda de tensão durante o transporte da energia. A
queda da tensão na impedância do transformador que alimenta o consumidor é ponto
de maior queda de tensão.
A elevação do fator de potência, por meio de instalação de banco de
capacitores, reduz a corrente que vem da concessionária e, assim, reduz a queda de
tensão no transporte da energia elétrica. Essa solução é de iniciativa do consumidor,
mas a regulamentação penaliza a instalação com fator de potência baixo. A
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Concessionária também utiliza bancos de capacitores em suas subestações de
distribuição com o objetivo de controlar o reativo e a tensão do sistema.
A regulação de tensão é feita normalmente através de reguladores de tensão
instalados na subestação de energia elétrica ou ao longo dos alimentadores, e o
controle de tensão desses reguladores é feita através dos relés de controle automático
de tensão (CAT). Por exemplo, a Concessionária pode introduzir pequenos bancos de
capacitores ao longo da linha de distribuição de média tensão que são conectados
automaticamente em função do nível de tensão.
O Regulador de Tensão Monofásico Automático é um autotransformador
imerso em óleo isolante. Ele é instalado ao longo do alimentador de distribuição
quando este é muito longo. Costuma regular a tensão de linha até +/- 10% com
intervalos de 0.625% da tensão nominal.
Os transformadores das subestações de distribuição possuem comutação sob
carga. Eles têm dispositivos de controle dos níveis de tensão chamados taps. Os taps
mudam a relação de transformação, permitindo que a tensão varie dentro de um
determinado intervalo. A alteração do valor eficaz da tensão permite o controle e a
redistribuição dos fluxos de potência reativa no sistema, melhorando o perfil de tensão.
8. FATOR DE POTÊNCIA
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As cargas indutivas, como motores de indução, demandam grandes
quantidades de energia reativa para a criação do fluxo magnético. Essa potência não
realiza trabalho útil, mas gera perdas e ocupa espaço nos condutores para ser
transmitida. Por isso, ela deve ser produzida nas proximidades da carga que necessita
de reativo.
O fator de potência individual dos motores de indução pode variar de
aproximadamente 0,6, quando em vazio, para aproximadamente 0,93, quando a plena
carga. Esses valores variam de acordo com a potência e categoria do motor, além das
condições de carga. Por essa razão, é comum o uso de controladores automáticos de
fator de potência que atuam conectando e desconectando estágios de bancos de
capacitores. O fator de potência é registrado pela Concessionária e, caso o limite seja
ultrapassado, o usuário é penalizado na fatura de energia elétrica.
O uso de correto de banco de capacitores mantém o fator de potência no
intervalo de valores estabelecidos pela Concessionária. O capacitor tem a
característica de gerar o reativo que é consumido pelas cargas indutivas. Outra
maneira de abordar esse fenômeno é usar o conceito de troca de armazenamento de
energia entre os capacitores e indutores. Como ambas as cargas, indutores e
capacitores, estão submetidos a mesma onda de tensão e como o armazenamento de
energia do capacitor ocorre com um defasamento de 90 graus elétricos em relação ao
armazenamento de energia do indutor, quando um elemento está no período de
acumular energia o outro está devolvendo a energia anteriormente acumulada.
Percebe-se que, na realidade, e idealizando os componentes, a soma de energia entre
eles é zero. Então, a energia reativa não precisa ser gerada na usina e enviada pelo
sistema elétrico.
Como o uso de capacitores reduz a corrente eficaz circulando entre a
Concessionária e o Consumidor, os condutores podem ser de menor bitola, reduzindo
os custos do sistema de distribuição. A corrente no transformador também é reduzida
e isso permite um valor maior de transferência de potência ativa para um mesmo valor
de potência aparente do transformador. Ainda, tem-se a diminuição das perdas por
efeito Joule tanto nos condutores como nos enrolamentos dos transformadores, uma
vez que há uma diminuição no valor eficaz da corrente.
Para a aplicação de capacitores onde existe circulação de correntes
harmônicas, uma forma de atenuar a perda de vida útil do banco é sobredimensionar a
sua tensão nominal. Ou seja, utilizar um capacitor de 440 volts de valor nominal em
uma instalação elétrica cuja tensão nominal é 380 volts. Nesse caso, a potência
reativa nominal do capacitor não será mais produzida uma vez que a tensão sobre o
mesmo não é a nominal.
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Se houver condição de ressonância entre o banco de capacitores e a
indutância do sistema elétrico em uma freqüência harmônica existente na instalação,
será necessário o uso de um filtro de dessintonia em série com os capacitores do
banco. Outra solução seria o uso de filtro passivo com a finalidade de filtrar as
harmônicas e corrigir o reativo da instalação. Neste caso, o dielétrico dos capacitores
deve ter características especiais, pois os harmônicos de correntes serão drenados
para dentro do filtro. A vantagem do uso do filtro é o confinamento dos harmônicos no
interior da instalação atenuando a injeção de harmônicos para a Concessionária.
Outra forma de correção do fator de potência é através de motores síncronos e
o controle da corrente de excitação de campo do mesmo. Esse método não costuma
ser usado devido ao preço do motor síncrono. O método poderia ser economicamente
viável se além de corrigir o fator de potência, essa máquina fosse usada para o
acionamento de cargas mecânicas.
Segundo o PRODIST, módulo 8, em uma unidade consumidora ou conexão
entre distribuidoras com tensão inferior a 230 kV, o fator de potência no ponto de
conexão deve estar compreendido entre 0,92 e 1,00 indutivo ou 1,00 e 0,92 capacitivo.
Para resumir as vantagens em se manter o fator de potência próximo da
unidade, podem ser citadas: a redução do preço da fatura de energia elétrica, a
liberação de capacidade em kVA dos transformadores, a liberação da capacidade de
transferir potência dos alimentadores, a redução nas perdas de energia para a
transferência de potência entre a Concessionária e o Consumidor e a menor queda de
tensão, devido à diminuição do valor eficaz da corrente, melhorando a regulação da
tensão nas instalações.
9. VARIAÇÃO DE FREQUÊNCIA
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operação e em regime permanente, operar dentro dos limites de freqüência situados
entre 59,9 Hz e 60,1 Hz. Quando da ocorrência de distúrbios no sistema de
distribuição, as instalações de geração conectadas ao sistema de distribuição devem
garantir que a freqüência retorne para a faixa de 59,5 Hz a 60,5 Hz, no prazo de 30
segundos após sair desta faixa. Essa tolerância existe para permitir a recuperação do
equilíbrio carga-geração. Existem outros indicadores e limites de tempo no caso de
oscilação do sistema elétrico após a ocorrência de um distúrbio no sistema. Essas
situações são detalhadas no PRODIST, módulo 8.
A seleção da frequência nominal de 50 Hz, na Europa, e de 60 Hz, nos
Estados Unidos, teve aspectos técnicos, históricos e interesses comerciais do final do
século 19.
O sistema de geração e transmissão em corrente alternada trifásica foi
desenvolvido no final do século 19 por Nikola Tesla, George Westinghouse e outros
colaboradores. Nesse período, existiram sistemas de corrente alternada em diversas
freqüências. Como os sistemas elétricos eram isolados, as freqüências eram definidas
de acordo com a conveniência do sistema primário de energia associado à tecnologia
de geração utilizada. Algumas fontes primárias eram baseadas em máquinas a vapor
enquanto outras em turbinas hidráulicas. Isso influenciava na velocidade de rotação do
eixo principal do sistema.
A geração de energia em frequências entre 16 Hz e 133 Hz foi usada em
diferentes sistemas. Por exemplo, por volta do ano 1890, era comum o uso de
geradores monofásicos de 8 pólos que operavam em 2000 rpm e produziam uma
tensão com a frequência de 133 Hz.
No final do século 19, a empresa Westinghouse, nos Estados Unidos, decidiu
produzir equipamentos para gerar em 60 Hz e a empresa AEG, na Alemanha, decidiu
produzir os seus equipamentos em 50 Hz. Essa duas grandes empresas definiram as
freqüências utilizadas até hoje no mundo inteiro.
Como vantagem para o uso da frequência de 60 Hz, tem-se a menor
quantidade de materiais e o menor volume de equipamentos eletromagnéticos como
transformadores e máquinas elétricas. Em contrapartida, a transmissão de energia em
longas distâncias é melhor em frequência mais baixas, pois menores são as
reatâncias do sistema e melhor a sua estabilidade.
Atualmente, o desenvolvimento da eletrônica de potência, permite o uso de
conversores de frequência em instalações industriais, adequando a frequência para as
necessidades do processo.
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