Histria Da Igreja A5

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História da Igreja A5

Contexto da Reforma Protestante

A PRÉ-REFORMA

1. Os Valdenses (1170)

Os valdenses era um grupo formado pelos seguidores de Pedro Valdo, comerciante de


grandes posses de Lyon, na França. Por volta do ano 1176, Valdo, após ouvir a
parábola do jovem rico, passou por uma conversão profunda. Vendeu sua fortuna deu
parte aos pobres e com o restante
financiou a tradução do Novo Testamento. Posteriormente, ele começou a ler, explicar
e distribuir as Escrituras ao povo. Os valdenses foram excomungados em 1184, pois
contestavam os costumes e doutrinas da Igreja, negando, por exemplo, a autoridade do
Papa e a existência do purgatório.

2. John Wycliffe (1329 - 1384)

Inglês e aluno da Universidade de Oxford, onde se tornou doutor em teologia;


era contra o domínio romano e o sistema monástico, além de não reconhecer a
autoridade do papa. Buscava uma igreja mais simples, no estilo do Novo Testamento.
Seu maior feito foi traduzir a
Bíblia para o inglês (Novo Testamento em 1380 e Antigo Testamento em 1384 com a
ajuda de amigos)

3. John Huss (1369 - 1415)

Nascido na Boêmia, leitor de Wycliffe. Com a mesma pregação de seu antecessor,


Huss defendia o fim da autoridade do papa. Tinha grande influência na cidade de Praga
até ser excomungado. Fugiu e se escondeu, de onde continuava enviando cartas com

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ensinamentos. Foi convencido a ir ao Concílio de Constança, com um salvo-conduto.
Porém, lá chegando foi traído, condenado e queimado em 1415.

4. Jerônimo Savonarola (1452 - 1498)

Italiano, era um monge dominicano em Florença. Suas pregações iam contra os


problemas da igreja e da sociedade. Era seguido por uma grande multidão e tinha uma
enorme influência em seus ensinos e doutrinas. Após ser excomungado pelo papa, foi
condenado e enforcado. Seu
corpo foi queimado na praça pública de Florença no ano de 1498.

O QUE LEVOU À REFORMA?

A Reforma foi um movimento que explodiu em diversas regiões da Europa e, de muitas


formas, uma reação ao contexto negativo pelo qual a igreja estava passando. Embora
o período medieval não possa ser considerado um período totalmente de trevas, não
se pode ser ingênuo e não considerar que este foi ao mesmo tempo um período de
forte decadência. Para entender o que levou homens como John Wycliff, John Huss,
Savonarola, Lutero e Zwínglio a batalharem por uma verdadeira reforma é preciso
observar os seguintes pontos negativos do período medieval:

1. Autoridade do papa.

A partir do surgimento do bispado, como autoridade local, evolui-se uma teologia


dizendo que a Igreja deveria ser comandada por apenas um homem, o bispo de Roma.
Essa teologia, porém, foi bastante equivocada e causou inúmeros danos ao
cristianismo e também a toda sociedade. Quando a autoridade do papa se fundiu com
o Estado houve um excessivo autoritarismo e abuso de poder. Porém, entre 1309 e
1439, a Igreja Romana começa a sofrer descrédito, principalmente pelos seguintes
motivos:

• Exigências ao celibato;
• Obediência absoluta ao papa;

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• O cativeiro Babilônico (1309-1377);
• O grande Cisma (1054) e o cisma papal (1378- 1417);
• Os altíssimos impostos papais; e,
• Surgimento das nações-estado.

IMPOSTOS PAPAIS

Principalmente após o grande cisma, quando duas cortes papais eram sustentadas, os
nobres passaram a discordar dos inúmeros impostos dados aos sustentos dos clérigos.
Tal renda era obtida através de:

• Renda das propriedades papais;


• Dízimo dos fiéis;
• Anatas (pagamento do primeiro salário do ano ao papa de
parte do dignitário eclesiástico);
• Direito do suprimento (pagamento das despesas de viagem
do papa nas localidades visitadas por este);
• Direito de espólio (a propriedade pessoal do alto clero era
passada ao papa após a sua morte);
• Dinheiro de Pedro (quantia paga pelos leigos em muitas
regiões);
• Renda dos cargos vacantes;
• Numerosas outras taxas.
Além desses inúmeros impostos, a Inglaterra se recusou a fazer tais
contribuições pelo fato do papa viver na França, sua maior inimiga
na época.

2. Cativeiro da Palavra
O não acesso do povo à Bíblia, principalmente devido ao idioma, tornava a Palavra de
Deus impopular, ou seja, não havia leitura ou ensino das Escrituras para a maioria do
povo.

3. Mediação usurpada (Maria, santos, e transfusão da graça nos sacramentos)


Com a mediação, uma característica muito forte dessa fase, principalmente com Maria,

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mas também com inúmeros outros santos, o acesso a Deus era cada vez mais distante
e difícil.

5. Salvação pelas obras


A salvação pelas obras torna-se doutrina, principalmente após Pelágio ter introduzido a
teologia de que a salvação é alcançada pelas obras dos homens, negando, assim, a
ação da graça de Deus, ou
seja, o próprio homem decide fazer o bem ou o mal. Mesmo combatida por Agostinho e
muitos outros, essa teologia é aceita em parte pela igreja romana medieval. Veremos,
então, indulgências e
penitências desde os primeiros monges cristãos, e o crescer dessa cultura com o
aumento do poder e influência da igreja.

CONTEXTO HISTÓRICO

• Fim do feudalismo e nascimento das nações-estado europeias.


- Espanha
- França
- Inglaterra
- Alemanha;
- Suíça;
- Holanda;
- Boêmia.

• Navegações
Com o investimento nas grandes navegações, deu-se Início à era dos descobrimentos.
As novas tecnologias para a busca por novas rotas comerciais e novas terras, levaram
à descoberta do Novo
Mundo.

Destaques para Portugal e Espanha.

• Renascimento

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O estudo e a ciência na Idade Média resumiam-se à fé. Todo o pensamento da época
era desenvolvido a partir da Igreja. Porém, houve um ressurgimento dos interesses
científicos, literários e artísticos das Antiguidades Clássicas, principalmente latim e
grego, através da renascença. Este foi um movimento de procedência leiga e não mais
religiosa. Seu surgimento deu-se na Itália. Após a queda de Constantinopla muitos
estudiosos orientais fugiram para a região, trazendo seus conhecimentos gregos e a
possibilidade de busca pelo saber. Foi tamanha a importância, que houve uma
avalanche do domínio do idioma grego entre os intelectuais europeus. A maior
expressão deste movimento se manifestou na arte literária, em pinturas e esculturas.

Esse “retorno às fontes”, apesar de substituir a Igreja pelo homem como o papel central
do mundo, levou, em alguns lugares, ao interesse pelas Escrituras, além de Roma,
principalmente pelo Novo
Testamento ser escrito em Grego. A consequência foi uma investigação aos
fundamentos da fé.

Principais locais: Norte dos Alpes,


Alemanha, Inglaterra e França.

Principais artistas renascentistas:

- Leonardo da Vinci (1452-1519);


- Michelangelo Buonarroti (1475-1564);
- Rafael Sanzio (1483-1520);
- Donatello (1368-1466);
- Sandro Boticcelli (1445-1510);
- Dante Alighieri (1265-1321): escritor italiano, autor da “Divina
Comédia”;
- Willian Shakespeare (1564-1616): poeta e dramaturgo inglês,
autor de “Romeu e Julieta” e “Hamlet”;
- Miguel de Cervantes (1547-1616): poeta, romancista e dramaturgo espanhol, autor de
“Dom Quixote de la Mancha”;
- Luís de Camões (1524-1580): poeta português, autor de “Os
Lusíadas”;

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- Nicolau Maquiavel (1469-1527): poeta e historiador italiano,
autor de “O Príncipe”;

• Florescimento urbano
Migração de volta às cidades. O campo (feudos) deixou de ser o
principal local da vida comum, com o surgimento de outras classes,
como a burguesia.

REFORMA EM SI

Alemanha

O principal nome da Reforma Protestante na Alemanha é Martinho Lutero, monge e


professor da Universidade de Wittenberg. Lutero se levantou contra o papa que,
decidido a terminar as obras da
Basílica de São Pedro em Roma, começou a vender indulgências que supostamente
concediam perdão de pecados a quem as comprasse, seja para o próprio comprador
ou para amigos, familiares, ou até mesmo para parentes que já haviam morrido.

O monge dominicano João Tetzel foi um dos grandes vendedores de indulgências na


época de Lutero. Uma de suas frases mais famosas era: “Assim que a moeda tilintar no
cofre, uma alma é liberta do purgatório”. Inconformado com essa e outras atitudes do
bispo de Roma, Lutero, em 31 de outubro de 1517, prega na porta da igreja de
Wittenberg um documento com 95 teses contra as indulgências. No documento, além
de contrariar a venda de indulgências, afirmava-se contra a autoridade inquestionável
do papa e a ambição financeira da igreja. Esse ato foi tão importante que ficou
marcado como sendo a data de início da Reforma.

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O ambiente da época estava favorável à reforma. A aristocracia e os príncipes
cansados dos altos impostos cobrados pela igreja, a decadência moral dos papas e o
florescimento cada vez maior do
renascimento cultural e urbano fez com que as ideias de Lutero fossem acolhidas e
varresse a Alemanha. Muitos de seus seguidores e adeptos fizeram cópias de seus
livros que aos poucos chegariam a outras nações.

Mas em junho de 1520 Lutero foi excomungado por uma bula do papa Leão X. Em
dezembro do mesmo ano, o reformador põe fogo na bula e em documentos de leis
eclesiásticas romanos. Em 1521, Lutero é convocado para a Dieta de Worms onde foi
inquirido e ordenado a negar seus escritos. Sua resposta em Worms ficou conhecida:

“A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão mais
clara (porque não confio em Papas e Concílios sem tal testemunho, pois é bem sabido
que eles têm errado e se contradizem) estou atado pelas Escrituras que citei, e minha
consciência é cativa à Palavra de Deus. Não posso me retratar e nem o farei, pois não
é seguro nem direito ir contra a consciência. Aqui estou, que Deus me ajude!”

18/04/1521 – Lutero, na Dieta de Worms

Logo após seu posicionamento firme diante das autoridades romanas, o reformador é
sequestrado por seus admiradores e permanece escondido no Castelo de Wartburg.
Em reclusão ele se dedica à tradução no Novo Testamento para o alemão. Em 1525 se
casa com Catarina Von Bora (ex-freira), com quem tem seis filhos. Diferente de muitos
dos pré-reformadores que foram mortos pela igreja, Lutero foi protegido pela nobreza
alemã, o que foi crucial para a vitória da reforma na Alemanha.

Suíça

A reforma na região suíça aconteceu simultaneamente à da Alemanha, porém, de


forma independente. Teve como pioneiro Ulrico Zwinglio que nasceu dois meses depois
de Lutero (1 de janeiro de 1484), na Suíça. Após ter estudado nas Universidades de

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Basileia e Viena tornou-se mestre e, posteriormente, sacerdote católico. Conheceu o
filósofo humanista Erasmo de Roterdã e por causa da sua versão grega do Novo
Testamento passou a pregar contra diversas doutrinas católicas que considerava
antibíblicas. Zwínglio também foi contra práticas medievais, tais como: as
leis do jejum, da abstinência e do celibato. Antes mesmo de Lutero se posicionar contra
a venda de indulgências Zwínglio já contrariava tal prática na Suíça. Além disso, em
1517, contrariado
com a peregrinação de fiéis em busca de “remissão de pecados”.

Cinco anos depois rompeu de vez com a Igreja Católica e estabeleceu em Zurique a
reforma suíça, muito mais radical que a Luterana. Várias mudanças rapidamente
aconteceram: monges, freiras e padres começaram a casar, a ceia foi liberada e foi
estabelecido um ensino público para todas as classes. Outras regiões do país
começaram a aderir à reforma. A jornada espiritual de Zwínglio é algo que merece
atenção. Inicialmente era um católico comum, mas após sua amizade com Erasmo
de Roterdã desenvolve um cristianismo mais intelectual, racional e crítico, porém, com
poucos sinais de um verdadeiro cristão. Após cair em pecado de fornicação e quase
morrer de uma peste, o
reformador passa por uma conversão real com frutos de arrependimento.

Ao se aprofundar no estudo das Escrituras, Zwínglio se dedica à crítica dos papistas ao


mesmo tempo em que se torna um grande expositor das Escrituras durante o período
em que é sacerdote da principal igreja de Zurique. É com ele que temos a primeira
confissão de fé reformada, ou a primeira confissão protestante. Fruto de diversos
debates, “Os 67 artigos de fé” foram redigidos em 1523, antes de um debate em
Zurique. Segundo o historiador Alderi Matos, “a maior vitória de Zuínglio nesse debate
tenha sido o endosso formal do princípio de sola Scriptura: a Escritura, com Cristo no
seu centro, é a única autoridade capaz de dirimir todas as questões religiosas. Com
esse notável documento, Zuínglio lançou os fundamentos da fé evangélica e
reformada”. Devido a uma guerra civil contra católicos, Zwínglio morreu em 1531 no
campo de guerra.

Apesar da morte de Zwínglio a reforma na Suíça continuaria anos depois sob a


liderança de João Calvino. Embora não tenha sido um discípulo do reformador suíço,
Zwínglio, e tenha desenvolvido seus próprios pensamentos teológicos à parte, a Suíça

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foi palco de um grande alvorecer da Reforma. Não mais em Zurique, mas em Genebra
(região suíça de fala francesa), onde Calvino sistematizou a teologia protestante, ao
mesmo tempo em que levou as verdades da reforma a transformar uma cidade.

INGLATERRA

O rompimento com o rei Henrique VIII com a igreja católica foi fundamental. A reforma
inglesa passou por vários processos até se tornar um movimento sólido, mas seu início
foi essencialmente político e não religioso. Diferente da reforma na Alemanha e Suíça,
a Inglaterra presenciou o rompimento com Roma a partir da família real e não da igreja
inglesa em si.

Tudo iniciou no reinado de Henrique VIII, que após casar-se com a viúva de seu irmão,
Catarina de Aragão, e após tentativa de ter um filho homem decide divorciar-se.
Henrique que estava enamorado pela irmã de uma de suas amantes, Ana Bolena, fica
impaciente e desejoso para entrar em um novo casamento. Tendo seus desejos de
anular o casamento negado pelo Papa, que sofria forte influência de Carlos V
(imperador espanhol e sobrinho de Catarina), o rei rompe com a Igreja Católica
Romana e funda uma nova igreja, na qual pode exercer plenamente suas vontades.

Em 1534, após autorização do parlamento, uma série de medidas foi tomada como a
criação da Igreja Anglicana, com o rei sendo chefe da igreja, e a invalidade do
casamento real, tirando o título de rainha de Catarina. Embora essa tenha sido uma
reforma meramente política, os ideais e doutrinas protestantes vindos de toda a Europa
começaram a entrar no país. Tomás Cranmer, um dos maiores reformadores ingleses,
foi nomeado arcebispo de Canterbury, adotando ideias de Lutero e Wycliffe. Cranmer
tentou trazer ares mais protestantes para a nova igreja inglesa que ainda permanecia
submersa à cultura religiosa medieval. Ele desenvolveu uma nova liturgia através da
criação do “Livro de Oração Comum”.

Mesmo rompendo com o catolicismo, durante o reinado de Henrique VIII houve grande
instabilidade na Igreja Anglicana, que hora se tornava mais conservadora (parecendo
uma igreja católica inglesa) e hora se abria para as ideias protestantes. Normalmente

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essas mudanças eram influenciadas pela posição das esposas que Henrique tivera ao
longo de seu reinado. Após a morte de Henrique, o partido reformador ganhou mais
força e adeptos por toda Inglaterra.

OS 5 SOLAS

1) SOLA SCRIPTURA

“Para que alguém possa chegar a Deus, o Criador, é necessário que tenha a Escritura
por guia e mestra.” (Calvino)
Para Roma a autoridade da igreja era constituída de:
• Escritura;
• Tradição;
• Magistério oficial (Papa).
Embora houvesse uma explicacão para que Escrituras, tradição e o Papa estivessem
ligados, dentre os três o último detinha maior poder sobre os outros. Por ser
considerado sucessor do apóstolo
Pedro, a igreja católica afirmava que a palavra do Papa era a Palavra do próprio Deus.

Nesse contexto, os reformadores se empenharam em salvar a Palavra do cativeiro. Por


isso, afirmavam:

• O Papa não é infalível: A história mostrava que os papas se contradiziam e buscavam


seus próprios interesses.
• A Tradição não é infalível: Eles viam na Bíblia a tradição sendo
elogiada e criticada por Jesus, o que significava que poderia haver tradições boas e
tradições ruins.
O parâmetro a ser usado para avaliar se uma tradição é boa ou ruim sempre deve ser a
Palavra
de Deus.

Os reformadores não eram completamente contra a tradição. A Reforma era contra a

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tradição quando esta era contra as Escritura. É só observar que os reformadores
seguiam a autoridade dos credos mais tradicionais como o de Nicéia e Constantinopla,
por exemplo.

• Apenas a Escritura Sagrada é infalível: O princípio do Sola Scriptura afirma que a


Bíblia Sagrada é regra de fé e prática do cristão.

Sola Scriptura não quer dizer que os reformadores só liam as Escrituras e proibiam a
leitura de outros livros, mas que a Bíblia é a autoridade final da igreja e de seus
membros. Ela é a palavra objetiva de Deus e suas verdades são nosso árbitro. Esse
ponto retoma algumas características das Escrituras que já haviam sido observadas
pelos pais da igreja

• A Inerrância da Bíblia: A Bíblia não erra naquilo que fala. Isso significa que ela sempre
diz a verdade em tudo que afirma.

• A clareza da Bíblia: A Bíblia tem uma mensagem clara. Mesmo que algumas partes
sejam difíceis de entender, no geral ela possui uma mensagem simples e fácil -- a
mensagem da salvação.

O PRINCÍPIO DE INTERPRETAÇÃO PARTICULAR (OU RESPONSABILIDADE DE


INTERPRETAÇÃO),
“PRINCÍPIO DO LIVRE EXAME”

• Se refere ao DIREITO/DEVER de todo cristão em interpretar por ele mesmo as


Escrituras. É seu direito e seu dever como sacerdote. Os direitos espirituais de um
leigo e de um sacerdote deveriam ser iguais, pois todos os cristãos foram chamados
para serem sacerdotes.

• Este princípio não quer dizer que o cristão deva interpretar a Bíblia sozinho, ou de
qualquer maneira ou até mesmo de forma subjetiva.
• Os reformadores levavam em conta o testemunho dos pais da igreja e os credos

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históricos.
•O Espírito Santo é dado a todos para que os guie a toda verdade

2) SOLA GRATIA

“Ninguém possui coisa alguma, em seus próprios recursos, que o faça superior;
portanto, quem quer que se ponha num nível mais elevado não passa de imbecil e
impertinente. A genuína base da humildade cristã consiste, de um lado, em não se
presumido, porque sabemos que nada possuímos de bom em nós mesmos; e, de
outro, se Deus implantou algum bem em nós, que o mesmo seja, por esta razão,
totalmente debitado à conta da divina Graça”. (Calvino)

• Esse ponto é uma resposta à doutrina dos méritos humanos e das indulgências que a
Igreja Católica Romana pregava e que contradiziam a realidade do homem devido à
sua maldade.

• A graça de Deus é o que dá ao homem a possibilidade da salvação. Porque o homem


é pecador e está morto em seus delitos e pecados, não há nada que ele possa fazer
por si que o faça escapar
de sua condenação.

3) SOLA FIDE

“As mentes humanas são cegas a essa luz, a qual resplandece em todas as coisas
criadas, até que sejam iluminadas pelo Espírito de Deus e comecem a compreender,
pela fé, que jamais poderão entendê-lo de outra forma.” (Calvino)

• Na Reforma uma das doutrinas mais centrais foi a da justificação pela fé.
• A Igreja Católica Romana rejeitou o sola fide no Concílio de Trento (1546-1562), após
a reforma:

“Se alguém disser que o pecador é justificado somente pela fé, ou seja, que não é

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necessária nenhuma outra forma de cooperação para que ele obtenha a graça da
justificação e que, em nenhum sentido, é necessário que ele faça a preparação e seja
eliminado por um movimento de sua própria vontade: seja anátema.”

• Seguindo as Escrituras, os reformadores afirmavam: o homem é justificado somente


pela fé. Não há participação humana, a única participação é a fé, e a própria fé é dom
de Deus.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto


não vem de vós, é dom de Deus.” (Ef 2.8)

• Essa é mais uma resposta contra a visão romana e fórmula de “fé e obras”
(pelagianismo) para a salvação, ou seja, as obras de Cristo eram misturadas com as
obras do crente, havendo uma divisão de responsabilidade e reconhecimento.

•“O único meio pelo qual a perfeita obra de Cristo é recebida é pela fé somente, sola
fide. Nós não temos outra embaixada de paz para encontrar abrigo da justa ira de
Deus, a não ser na perfeita
justiça e sofrimento de Cristo, e não há outra ponte entre o homem e Cristo, somente a
fé.”

4) SOLO CHRISTUS
“Cristo é o fim da lei e a suma do Evangelho” (Calvino)

• A força da fé não está nela mesma, mas está no fato de que ela aponta para Cristo.
Cristo é a força. A fé é confiança nEle e em sua obra!

• Cristo é o único salvador:

• Esse ponto é uma resposta contra os diversos mediadores apresentados pelo


cristianismo católico medieval (santos, Maria, sistemas de obras, Papa) e em defesa da

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mediação única de Cristo. Ou
seja, o Filho de Deus é o único acesso do homem a Deus Pai. O único mediador.

• Os sacerdotes não são mediadores. Maria, nem nenhum outro santo católico são
mediadores entre nós e Deus, apenas Cristo.

• A Reforma foi um movimento fulcral para que o cristianismo retornasse a Cristo.


Pode-se dizer que foi uma organização cristocêntrica. Lutero dizia: “Cristo é o centro e
a circunferência da Bíblia”
Zwínglio dizia: “Cristo é o Cabeça de todos os crentes, os quais são o seu corpo e, sem
ele, o corpo está morto”.

• Assim, os reformadores e a teologia reformada desenvolve muito material a respeito


da pessoa e da obra de Cristo. Por isso, eles vão buscar entender e ensinar que a obra
de Cristo era completa
e suficiente. E olhar para a pessoa de Cristo como profeta, rei e sacerdote.

5) SOLI DEO GLORIA

“Para nós só a glória de Deus é legítima. Fora de Deus só há mera vaidade.” (Calvino)
• O quinto “sola” é uma espécie de resumo final de todos os outros.
• Pode-se dizer que toda a teologia da reforma remete a seguinte pergunta: “De quem é
a glória?”
• Se entendemos que Maria é nossa mediadora e intercessora, ela recebe a glória.
• Se os santos nos levam a Deus, eles merecem a glória.
• Se a salvação do homem foi conquistada pelas suas boas obras junto com a obra de
Cristo, então, uma parcela da glória é referida ao homem.
• Se o homem consegue se tornar mais piedoso devido às penitências, então, a glória é
sua, através dessas ações.
Mas, se entendermos que nenhum homem, nenhuma ação ou obra consegue fazer
nada para a salvação do homem, mas que Cristo, através da graça de Deus, é o único
que redime o homem, então, é Cristo que recebe toda a glória!

• A honra e a veneração aos santos e as práticas religiosas foram substituindo a glória

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de Deus. Soli deo Gloria é uma resposta a essas práticas e um chamado à adoração
única e exclusiva a Deus.

• De acordo com o Catecismo Maior de Westminster, “o fim supremo e principal do


homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”

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