Modulo I

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Formação de Públicos Estratégicos

para obtenção da especialização em


Igualdade de Género
Formadora: Rita Dâmaso

Carga Horária: 58 Horas


1. Informar os agentes sobre o papel da Igualdade de Género na
Responsabilidade Social, através de uma reflexão partilhada e
usufruindo das experiências de todos os envolvidos;
2. Dotar os agentes de todos os instrumentos necessários à
elaboração/ implementação de um Plano de Igualdade;
3. Desencadear uma mudança organizacional no sentido da
adoção de políticas de estruturação de práticas que garantam
a igualdade de género nas entidades.
https://jamboard.google.com/d/125rAtrC3z9vTASKzcoiVaqci1yl9bHepOmgyr8J5aA4/viewer?f=0
Programa e Conteúdos da Formação

I – ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL – 4 HORAS

1. Igualdade, diversidade e cidadania


2. Sexo e género
3. Papéis sociais de género, paradigmas e
estereótipos
4. Linguagem como paradigma das (des)igualdades
5. Coeducar para uma cidadania democrática
Programa e Conteúdos da Formação

II – IGUALDADE DE GÉNERO – 6 HORAS


1. As origens estruturais da desigualdade de género e da
discriminação, Estratégias Nacionais e Internacionais de
promoção dos Direitos das Mulheres, Igualdade de Género
e Não-Discriminação Instrumentos Internacionais de
referência
2. Mecanismos nacionais (ENIND – Estratégia Nacional para a
Igualdade e a Não Discriminação) e internacionais para a
promoção da igualdade de género
3. Responsabilidade social das organizações da sociedade
civil para a concretização da igualdade de género
Programa e Conteúdos da Formação

III – ROTEIROS TEMÁTICOS DE GÉNERO: ABORDAGEM


SOCIAL E JURÍDICA – 20 HORAS
1. Dimensão pessoal e familiar
2. Dimensão profissional
3. Conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal
4. Democracia paritária – poder político e tomada de decisão
5. Violência de género
6. Saúde, direitos sexuais e reprodutivos
7. Mainstreaming de género e ações positivas
Programa e Conteúdos da Formação

IV – METODOLOGIAS DE FORMAÇÃO EM IGUALDADE E


SUGESTÕES DE OPERACIONALIZAÇÃO – 10 HORAS
Utilização de métodos e técnicas andragógicas promotoras da
aprendizagem e facilitadoras da apropriação de conhecimento
nas temáticas da igualdade de género.
Tal deverá ser concretizado através da dinamização de
diversas atividades grupais nas diferentes áreas da igualdade
de género.
Programa e Conteúdos da Formação
V – BOAS PRÁTICAS DE IGUALDADE DE GÉNERO NAS ENTIDADES – 18
HORAS
1. A Igualdade de género no quadro da Responsabilidade Social
a. A Responsabilidade Social, enquadramento e conceitos
b. Dimensões da Responsabilidade Social
i. A igualdade de género enquanto dimensão da Responsabilidade
social
ii. Benefícios da promoção da igualdade de género para a organização
2. Em que Consiste uma Política de Igualdade de Género
a. Dimensões da igualdade de género nas entidades
b. Alguns exemplos de boas práticas
3. Planos de Igualdade: do Diagnóstico à Implementação
4. Políticas de Igualdade de Género nas entidades
Igualdade
Diversidade
Cidadania
"Não há saber mais nem

saber menos...

Há saberes diferentes"

Paulo Freire
Pergunta-te a ti mesmo:

O que é a Igualdade?
O que é a Igualdade?

A palavra igualdade remete-nos para os ideais dos direitos humanos, sociais, políticos,
económicos, culturais, religiosos e de orientação sexual. Remete-nos, igualmente, para o facto de
ninguém ser beneficiado ou prejudicado por causa da sua idade, sexo, deficiência, estado civil,
profissão, entre outros.
A igualdade é um dos princípios base que orientam os Direitos Humanos. Os seres humanos,
embora sejam iguais na essência humana, não são iguais nem nascem iguais em direitos e
deveres. A igualdade é construída pela consciência social e exige uma permanente atenção e
intervenção de forma a garantir este princípio a todos/as os/as cidadãos/ãs.
Pergunta-te a ti mesmo:

O que
O que é a Igualdade?
é a Igualdade?

O que é a Diversidade?
O que é a Diversidade?

Diversidade pode ser entendida como o conjunto de diferenças e valores partilhados pelas pessoas
na vida social. Este conceito está intimamente ligado aos conceitos de pluralidade, multiplicidade,
diferentes modos de perceção e abordagem, heterogeneidade e variedade.
Valorizar a diversidade não significa esquecer aquilo que nos une e nos torna a todos e todas
detentores da mesma dignidade.
POR OUTRO LADO
Valorizar a igualdade não significa ignorar aquilo que nos torna únicos e únicas e sujeitos da
mesma liberdade.
Pergunta-te a ti mesmo:

O que
O que é a Igualdade?
é a Igualdade?

O que é a Diversidade?

O que é a Cidadania?
O que é a Cidadania?

A cidadania é um processo e um exercício pelo qual as pessoas partilham valores e normas


de comportamento que possibilitam o relacionamento e a identidade coletiva. O exercício de
cidadania não é apenas um direito em si mesmo que contribui para o bem-estar de uma
sociedade, mas permite também garantir que os objetivos, as necessidades e os interesses
dos/as diversos/as cidadãos/ãs (especialmente dos/as mais desfavorecidos/as) sejam
adequadamente representados/as nas decisões políticas. A cidadania expressa assim a
igualdade dos indivíduos perante a lei e a pertença a uma sociedade organizada.
"Um Mundo de igualdade

não é feito de pessoas iguais,

mas de pessoas com direitos

iguais para serem diferentes"


Rosana Hermann

Sexo Género
Sexo biológico ou sexo atribuído à nascença

Refere-se aos aspectos biológicos que derivam das diferenças sexuais.


Mulher | Intersexo | Homem
Género
“Forma como todas as sociedades do mundo determinam as funções,
atitudes, valores e relações que concernem ao homem e à mulher.”

"Construção social baseada em padrões histórico-culturais, atribuída


às pessoas de uma sociedade de acordo com o sexo."

- Em Portugal apenas são legalmente reconhecidos os papéis de homem e mulher.


Género
Género
Género
Identidade de Género
Experiência interna e individual de cada pessoa, que se vê e reconhece
como pertencente ou não a determinado género.

É o género que alguém se sente ser.


Pode corresponder ou não ao sexo que foi atribuído no nascimento.
Expressão de Género

A forma como a pessoa se manifesta publicamente o seu género (nome,


roupa, corte de cabelo, comportamentos, voz e/ou características
corporais) e a forma como interage com as outras pessoas.

Pode conter qualquer combinação de masculino, feminino ou andrógeno.


Expressão de Género
Expressão de Género
Expressão de Género
Andrógeno
Crossdresser
Travesti
Drag Queen e Drag King
Transformista
Transsexual
Orientação Sexual
Género pelo qual uma pessoa se sente atraída.

O termo é geralmente usado para abranger várias formas de atração: sexual


e romântica.
Orientação Sexual
Heterossexual – atração física, romântica, sexual e espiritual por pessoas do
sexo/género oposto.
Homossexual / Gay / Lésbica- atração física, romântica, sexual e espiritual por
pessoas do mesmo sexo/género.
Bissexual - atração física, romântica, sexual e espiritual por pessoas de ambos os
sexos.
Pansexual – atração física, romântica, sexual e espiritual por todas as pessoas. A
escolha não é limitada por sexo, género, identidade ou expressão.
Atração Sexual
Assexual – não sente ou sente pouca atração sexual.
Demisexual - pouca ou nenhuma capacidade de experimentar atração sexual até que
uma forte conexão romântica seja formada com outro indivíduo, geralmente dentro de
um relacionamento romântico.
Aromantic – não experimenta atração romântica em relação a ninguém.
Demiromantic - pouca ou nenhuma capacidade de experimentar atração romântica até
que uma forte conexão sexual ou emocional seja formada com outro indivíduo,
geralmente dentro de um relacionamento sexual.
Papéis sociais de género,
paradigmas e estereótipos
Papéis sociais de género
Papéis sociais atribuídos de forma distinta às mulheres e aos homens, que
nos são inculcados enquanto crescemos, que mudam ao longo do tempo e que
dependem da cultura, religião, educação, classe social e do ambiente geográfico,
económico e político em que vivemos. São modelos de comportamento que
determinam um padrão ideal para cada género que e influenciam tudo
aquilo que somos (EQUAL, 2005).
Papéis sociais de género

Estão geralmente assentes em “estereótipos e preconceitos de


género”, ou seja, em representações generalizadas e
socialmente valorizadas acerca do que os homens e as
mulheres devem ou não devem ser (traços de género) e devem
ou não devem fazer (papéis de género).
Discriminação
“Qualquer distinção, exclusão ou preferência baseada em motivos de raça, cor, sexo,
religião, opinião política, ascendência nacional ou social que tenha como efeito anular
ou alterar a igualdade de oportunidades e de tratamento no emprego e na
ocupação.”
É a própria origem social do conceito de
género que permite pensar – e lutar – pela
igualdade de género, ao mesmo tempo
procurando reconhecer a diversidade das
identidade humanas, mas sem
deixar que essa diversidade possa servir de
justificação para discriminações e
desigualdades entre as pessoas em função
do seu género.
Estereótipos
Os estereótipos constituem conjuntos bem organizados de
crenças acerca das características das pessoas que pertencem a
um grupo particular.
Os estereótipos são também motivadores do preconceito e da
discriminação
Os Estereótipos
caracterizam-se por:
Explícitos - são opiniões sobre as quais as pessoas pensam e
avaliam conscientemente. Podem ser partilhados
verbalmente.
Implícitos - são associações automáticas e involuntárias que
as pessoas fazem entre um grupo social (ou seja, "homens") e
um domínio ou atributo (ou seja, "ciência" ou "matemática"). É
relativamente inacessível à perceção consciente.
Estereótipos
Uma pessoa pode ter diferentes estereótipos implícitos e
explícitos. Por exemplo, alguém pode ter crenças conscientes de
que homens e mulheres são engenheiros igualmente capazes,
mas pode automaticamente associar a engenharia mais aos
homens do que às mulheres.
A associação implícita de homens com matemática ou ciências é
diferente de sexismo, ou estereótipos explícitos sobre as
habilidades das mulheres, pois as associações implícitas são
inconscientes e automáticas.
Preconceito
Não se limita a atribuir características a um
determinado grupo ou pessoa: envolve
uma avaliação, frequentemente negativa e a uma
atitude.
Preconceito
Atitude que envolve um pré-julgamento, relativo a
pessoas ou grupos.
Manifesta-se com atitudes discriminatórias.
Componente Cognitiva - aquilo que sei
ou penso saber acerca de algo ou
alguém. Baseia-se em crenças, de onde
advêm os estereótipos.

Componente Emocional – sentimentos


que experimento em relação ao objeto de
preconceito: desprezo, ódio, medo....

Componente Comportamental –
Orientação do comportamento face ao
grupo/pessoa. Predisposição para agir.
Paradigmas
A igualdade de género passa por encorajar raparigas e rapazes a posicionarem-se
como sujeitos das suas vidas, em facultar conhecimentos e vivências que permitam
que eles e elas se questionem e se libertem de paradigmas identitários
hegemónicos, traduzidos em modelos dicotómicos de feminilidade e
masculinidade, que constrangem o desenvolvimento de cada ser humano, mulher
ou homem, como pessoa.
Paradigmas
Nos estudos de género, a masculinidade hegemónica faz parte da teoria da ordem
de género de Raewyn Connell que reconhece múltiplas masculinidades que variam
ao longo do tempo, da cultura e do indivíduo. A masculinidade hegemónica é
definida como a configuração atual da prática que legitima a posição dominante
dos homens na sociedade e justifica a subordinação das mulheres e outras formas
marginalizadas de ser um homem. Conceptualmente, a masculinidade hegemónica
propõe-se explicar como e por que os homens mantêm papéis sociais dominantes
sobre as mulheres e outras identidades de gênero que são percebidas como
"femininas" em uma determinada sociedade.
LINGUAGEM COMO PARADIGMA
DAS (DES)IGUALDADES

EM PORTUGAL...
1. A promoção da igualdade entre os homens e as mulheres
é uma das tarefas fundamentais do Estado nos termos do artigo
9.º alínea h) da Constituição.
2. O direito à identidade pessoal goza de proteção
constitucional no âmbito dos Direitos, Liberdades e Garantias –
artigo 26.º n.º 1 – e o sexo é o primeiro fator da identidade
individual.
3. O Regimento do Conselho de Ministros, alterado em
Maio de 2006, incluiu, nas Regras de legística na elaboração de
actos normativos pelo XVII Governo Constitucional, a utilização
de uma linguagem não discriminatória de forma a “neutralizar-
se ou minimizar-se a especificação do género através do
emprego de formasinclusivas ou neutras (…)”
LINGUAGEM INCLUSIVA

LINGUAGEM INCLUSIVA

Numa grande variedade de línguas, nomeadamente na língua


portuguesa, é comum o uso exclusivo do género gramatical
masculino para designar o conjunto de homens e
mulheres, o que torna as mulheres praticamente invisíveis na
linguagem.
LINGUAGEM INCLUSIVA

Admite-se que o género masculino “englobe” o feminino, como é


o caso da utilização frequente das expressões “o Homem” ou
“os homens” como sinónimos de “a Humanidade”.
Tomando a parte pelo todo, identificam-se os homens com a
universalidade dos seres humanos.
LINGUAGEM INCLUSIVA

A dupla função do género masculino, genérica e específica,


constitui um importante mecanismo de reforço de um modelo
em que o homem se torna a medida do humano, a norma ou o
ponto de referência (o cidadão, o requerente, os funcionários,
o diretor, os trabalhadores...), tornando as mulheres subsumidas
na referência linguística, relativamente aos homens.
LINGUAGEM INCLUSIVA

A estratégia de substituição de termos geralmente utilizada noutras


línguas obedece a dois princípios fundamentais: a visibilidade e a
simetria das representações dos dois sexos.
Neste contexto são apresentados dois tipos de recursos:
1.) A especificação do sexo;
2.) A neutralização ou abstração da referência sexual.
1) Especificação do sexo

Uso de formas masculinas para designar homens, de formas femininas


para designar mulheres, e das duas formas para designar homens e
mulheres, conforme é explicitado nos dois pontos a seguir:

1.1) Utilização de formas dupla


1.2) Utilização de barras
1.1) Utilização de formas dupla

1.1) Utilização de formas dupla


1.2) O emprego de barras


1.2) O emprego de barras


2) Neutralização ou abstracção
da referência sexual

2.1) Substituição por genéricos verdadeiros


2.2) Substituição de nomes por pronomes invariáveis


2.3) Outros procedimentos alternativos


2.1) Substituição por genéricos


verdadeiros

2.1) Substituição por genéricos


verdadeiros

2.2) Substituição de nomes por


pronomes invariáveis

2.3) outros procedimentos


alternativos

COEDUCAR PARA UMA CIDADANIA


DEMOCRÁTICA

COEDUCAR PARA UMA


CIDADANIA DEMOCRÁTICA

entendida como um modelo que visa o
A coeducação pode ser

desenvolvimento da igualdade de oportunidades, não apenas a


nível de acesso e de frequência, mas também a nível de

processos e resultados das aprendizagens, designadamente no


que respeita à congruência entre os critérios que presidem à sua
certificação escolar e o valor que lhes é atribuído pela realidade
social.

COEDUCAR PARA UMA


CIDADANIA DEMOCRÁTICA

O sistema coeducativo precisa de ser revitalizado pensando em


conjunto o binómio Igualdade de Oportunidades – Coeducação


no contexto entre identidade e diferença, ou seja, perspetivando


a coeducação através de uma política de género.

COEDUCAR PARA UMA


CIDADANIA DEMOCRÁTICA

de género constitui uma estratégia que
A internalização da igualdade
pressupõe uma intervenção em
todos os níveis do sistema, desde a conceção
e decisão políticas, aos

agentes e instrumentos educativos.
Deste modo, deverá contemplar as diferentes áreas do processo escolar
(áreas ligadas ao conhecimento, à dinâmica pedagógica e à cultura
institucional), não se devendo restringir a uma focalização específica, numa
perspetiva aditiva, dos temas ligados ao género.
COEDUCAR PARA UMA
CIDADANIA DEMOCRÁTICA

Um outro domínio onde se impõe intervir no sentido da promoção da


integração da igualdade de género é o da produção e utilização dos


materiais pedagógicos.
Os manuais escolares e outros materiais pedagógicos devem, não só
acompanhar a mudança social, mas constituir-se, em si próprios,
instrumentos promotores de mudança.
COEDUCAR PARA UMA
CIDADANIA DEMOCRÁTICA

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