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Diversidade e equitabilidade de Plantas Alimentícias Não Convencionais na zona


rural de Viçosa, Minas Gerais, Brasil

BARREIRA, T.F.1; PAULA FILHO, G.X.1*; RODRIGUES, V.C.C.1; ANDRADE, F.M.C.1; SANTOS, R.H.S.1;
PRIORE, S.E.1; PINHEIRO-SANT’ANA, H.M.1.
1
Universidade Federal de Viçosa (UFV), Programa de Pós-Graduação em Agroecologia, Av. PH Rolfs, Viçosa,
MG, CEP: 36570-900. *Autor para correspondência: [email protected].

RESUMO: O presente estudo analisou a diversidade e equitabilidade de plantas alimentícias


não convencionais (PANCs) na zona rural de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. A pesquisa foi
conduzida utilizando a amostragem Bola de Neve com entrevistas semiestruturadas aplicadas
à 20 moradores de nove comunidades rurais. Avaliou-se a frequência relativa de citação das
espécies (Fr); a diversidade e equitabilidade das mesmas, utilizando os índices de Shannon-
Wiener (H’) e de Pielou (J’), respectivamente. As espécies foram listadas pela família, nome
científico, nomes populares, ambiente de propagação, hábito de crescimento, formas de
consumo, estado de domesticação, ciclo de produção e registro por meio de consultas em
herbários do bioma Mata Atlântica. Foram encontradas 59 espécies de PANCs, distribuídas
em 30 famílias botânicas e 48 gêneros. As famílias asteraceae e myrtaceae se destacaram
pela riqueza florística, contribuindo com 11 e 7 espécies, respectivamente. Espécies da família
asteraceae obtiveram as maiores frequências relativas (32,2). Obteve-se índice de diversidade
Shannon-Wiener de 1,65 (Base 10), e de equitabilidade de Pielou de 0,93. Os resultados
encontrados estão similares à de outros estudos desenvolvidos no bioma Mata Atlântica,
observou-se ampla diversidade de PANCs na área de estudo, e o conhecimento sobre estas
encontra-se distribuído uniformemente entre os moradores.

Palavras-chave: PANCs, etnobotânica, conhecimento popular, prospecção de plantas


alimentícias, recursos alimentares vegetais.

ABSTRACT: Diversity and equivalence of unconventional food plants in rural zone of


Viçosa, Minas Gerais, Brazil. This study analyzed the diversity and the equity of unconventional
food plants (UFPs) in the rural area of Viçosa, Minas Gerais, Brazil. The research was performed
using the Snowball sampling with semi-structured interviews, applied to 20 residents from
nine rural communities. We evaluated the relative frequency of citation of the species (Fr); the
diversity and equity of the same species, using the Shannon-Wiener (H’) and Pielou (J’) indexes,
respectively. The species were listed by its family, scientific name, common denominations,
propagation environment, growth habit, application methods, domestication state, production
cycle and finally registration through consultation in herbaria in the Atlantic Forest biome. We
found 59 species of UFPs, distributed in 30 botanical families and 48 genera. The Asteraceae
family and the Myrtaceae one stood out for their floristic richness, contributing to 11 and 7
species, respectively. Species from the Asteraceae family got the highest relative frequencies
(32.2). It was obtained the Shannon-Wiener diversity index of 1.65 (Base 10), and the Pielou
equity index of 0.93. The results are similar to other studies developed in the Atlantic Forest
biome, where there was a wide diversity of UFPs in the study area, and the knowledge of these
plants is evenly distributed among the residents.

Keywords: UFPs, ethnobotany, popular knowledge, food plants prospecting, plant food
resources.

INTRODUÇÃO
A utilização de plantas como recursos utilizadas para fins medicinais, de construção e
alimentícios pelo homem ocorre desde os tempos combustão (Nascimento et al., 2012; Nascimento
pré-históricos; além da finalidade alimentícia, são et al., 2013). A utilização das plantas com finalidade
Recebido para publicação em 27/08/2014
Aceito para publicação em 15/04/2015 10.1590/1983-084X/14_100

Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.17, n.4, supl. II, p.964-974, 2015.
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alimentícia representa alternativa de subsistência encontradas na zona rural de Viçosa, Minas


para comunidades rurais e, podem contribuir com Gerais. Para avaliar a diversidade das espécies e a
a economia local e regional (Nesbitt et al., 2010). distribuição local do conhecimento sobre as mesmas,
A utilização de plantas alimentícias, em particular foi analisada a frequência relativa de citação (Fr) e
as PANCs, é parte da cultura, identidade e práticas foram determinados os índices diversidade de
agrícolas em muitas regiões do planeta (Voggesser Shannon-Wiener (H’), e de equitabilidade Pielou (J’),
et al., 2013). respectivamente. Embora, encontrem-se poucos
As PANCs estão entre as fontes de estudos sobre este tema, a presente investigação
alimentos que se desenvolvem em ambientes pode contribuir para o aprofundamento de estudos
naturais sem a necessidade de insumos e da sobre a diversidade de PANCs, por meio de métodos
derrubada de novas áreas (Bressan et al., 2011). científicos já consolidados na literatura acadêmica
O fato de muitas dessas plantas estarem em áreas e que podem ser reproduzidos em outras situações
manejadas por agricultores torna-se estratégia de pesquisa.
fundamental para o fortalecimento da soberania
alimentar de muitas famílias (Cruz-Garcia & Price,
2011). Entretanto, muitas dessas plantas, embora MATERIAL E MÉTODOS
disponíveis a baixo custo, ainda são desconhecidas
e subutilizadas por uma parcela significativa da Área de estudo
população (Kinupp, 2007; Luizza et al., 2013). Soma- O presente estudo foi realizado no período
se à essa realidade, a publicidade dos fastfood, de outubro a dezembro de 2012, nas comunidades
que contribuem para a adoção de novos hábitos rurais: Buieié, Estação Velha, Palmital, Silêncio,
alimentares e para a perda da soberania alimentar Violeira, Zig-zag, Córrego Fundo, Cachoeirinha e
de muitas famílias (King et al., 2011). São José do Triunfo, no município de Viçosa, Minas
O consumo das PANCs pode ser estratégia Gerais, Brasil, situado no domínio morfoclimático da
para manter a diversificação alimentar, estimulando Mata Atlântica (Figura 1). Em relação aos aspectos
a manutenção da floresta. Se realizado de maneira de agricultura e extrativismo, na zona rural de Viçosa
sustentável, pode ser considerada uma forma encontra-se produção de café (Coffea canéfora L.),
de utilização com baixo impacto na agricultura, horticultura e pequenos animais. Nas comunidades
associada à conservação ambiental (Kinupp, 2007). estudadas são utilizados recursos alimentares
As PANCs estão presentes em determinadas e plantas medicinais pelas populações locais
comunidades ou regiões, onde ainda exercem (Barreira, 2013). Essas comunidades são habitadas
influência na alimentação de populações tradicionais, por nativos da região, com origem na zona rural,
porém passaram a ter expressão econômica e social tendo a agricultura como forma de sobrevivência,
reduzidas, perdendo espaço para outros produtos algumas famílias utilizam recursos da floresta para
(Brasil, 2010). fins alimentícios e medicinais, sendo esta prática
No Brasil, diversas PANCs são utilizadas herdada dos ancestrais e estando diretamente
para consumo alimentar de muitas famílias, sendo relacionada com princípios filosóficos e religiosos.
as mesmas consumidas in natura, refogadas, em Entre as comunidades estudadas, encontram-se
formas de doces, cocadas, dentre outros; porém, remanescentes quilombolas, com semelhanças
ainda são poucos os estudos sobre o uso destas relacionadas à alimentação, religião, lazer e outros
plantas (Crepaldi et al., 2001; Albuquerque & traços culturais (Barreira, 2013).
Andrade, 2002; Kinupp & Barros, 2008; Miranda &
Hanazaki, 2008; Pilla & Amorozo, 2009; Nascimento Amostragem dos entrevistados
et al., 2012; Nascimento et al., 2013). Para chegar aos entrevistados utilizou-se
Esse potencial ainda desconhecido exige a técnica de rede, conhecida na antropologia como
a realização de mais pesquisas, e pode se tornar “Network” e nas ciências sociais, como amostragem
ferramenta importante no estabelecimento de não probabilística, definida por Patton (1990), Cotton
sistemas de produção em bases sustentáveis, uma (1996) e Pinheiro (2003) como “Amostragem Bola
vez que esses recursos ainda são consumidos de Neve” (“snow ball”). O critério de amostragem
por parte da população rural e estão adaptadas para inclusão dos entrevistados deu-se a partir da
às condições edafoclimáticas de muitas regiões identificação de pessoas nas comunidades rurais,
(Brasil, 2010). reconhecidas como consumidoras de PANCs. Após
A partir destas considerações, o objetivo estabelecer contato, foi realizada entrevista semi-
deste trabalho foi registrar a diversidade, formas estruturada por meio de roteiro com perguntas pré-
de uso, ambiente de propagação, hábito de elaboradas. Uma vez finalizada a entrevista, pedia-
crescimento, estado de domesticação, ciclo de se que o entrevistado indicasse uma nova pessoa,
produção e identificação botânica de PANCs também conhecedora das PANCs. O processo foi

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FIGURA 1. Área de estudo. Zona rural do município de Viçosa, Estado de Minas Gerais, Brasil.

se repetindo a partir de novos incluídos, conforme A coleta do material botânico foi realizada
metodologia preconizada por Patton (1990), Cotton junto aos entrevistados, no momento das entrevistas
(1996) e Pinheiro (2003), de forma que as pessoas e em visitas posteriores. Este procedimento,
conhecedoras de PANCs foram validadas pela conhecido por “turnê guiada” foi utilizado visando
própria comunidade. evitar erros na identificação, advindos dos
nomes populares repetidos para algumas plantas
Obtenção dos dados de campo (Albuquerque & Lucena, 2004). Além do informante
Após estabelecer contato com os citar a espécie, o mesmo a apontou “in loco”,
informantes-chave, foram realizadas entrevistas conforme sugerem Albuquerque et al., (2010).
semiestruturadas por meio de roteiro com perguntas As espécies foram fotografadas em
pré-elaboradas sobre as PANCs consumidas pela ambiente natural, coletadas e identificadas quanto
família e suas formas de uso. Informações sobre às formas de uso e características botânicas.
a caracterização física da planta e do ambiente As espécies foram listadas pela família,
foram obtidas por meio de ficha para coleta de nome científico, nomes populares. As categorias
material botânico. Uma vez finalizada a entrevista, referentes ao ambiente de propagação (em meio à
pedia-se que o entrevistado indicasse nova pessoa, cultura agrícola, horta, fragmento florestal, pasto,
também conhecedora de PANCs e o processo foi brejo e pomar), hábito de crescimento (herbáceo,
se repetindo a partir de novos incluídos. O roteiro árvore, arbustivo e liana), estado de domesticação
de entrevistas foi testado previamente com grupo (coletada e cultivada), ciclo de produção (anual e
de quatro famílias. As perguntas foram realizadas perene) foram determinadas de acordo com Lorenzi
de forma oral e individualmente aos informantes- (1992). As formas de uso (refogadas em molhos
chave em seus domicílios e durante o percurso e caldos, in natura, endosperma líquido, polpa,
pela propriedade. Quando havia tendência à amêndoa, empanada, doces, compotas) foram
estabilização do número de espécies diferentes organizadas de acordo com base em Kinupp (2007).
de plantas citadas, e o número de espécies não se Registro e identificação botânica das
alterava substancialmente, encerrava-se a pesquisa espécies foram realizados por meio de comparação
(Ming, 1995). com amostras do acervo do herbário da Universidade

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Federal de Viçosa (VIC), além de outros herbários Foram identificadas 59 espécies de PANCs
(RB, IAC, OUPR, EAC, UESC, ESA, HPL, BHCB, com potencial alimentício, distribuídas em 30
K, HSJRP, INPA, MAC) que detém espécies famílias e 48 gêneros botânicos, totalizando 389
encontradas no Bioma Mata Atlântica; e por citações. A família mais citada foi a Asteraceae, que
meio de pesquisas nas seguintes bibliografias representou 28,5% do total de citações, seguida pela
especializadas: Lorenzi, (1992); Lorenzi & Matos, Myrtaceae com 9,5%.
(2008); Lorenzi et al., (2006). Na tabela 1 encontram-se as informações
sobre as PANCs encontradas no presente estudo.
Sistematização dos dados As famílias asteraceae e myrtaceae
Para a classificação das espécies em apresentaram o maior número de espécies de
famílias foi adotado o sistema Angiosperm Phylogeny PANCs encontradas, sendo 11 e sete espécies,
Group III (APG III, 2009). A nomenclatura das respectivamente.
espécies e abreviações dos autores foi realizada Quanto ao ambiente de propagação,
por meio de informações disponíveis na Base de as PANCs foram encontradas em pastagens
Dados Trópicos, do Missouri Botanical Garden (27%), no meio de culturas agrícolas (24%) e em
(Trópicos, 2013). hortas domésticas (22%). Mais da metade destas
A frequência relativa de citação (Fr) das apresentam hábito de crescimento herbáceo (57%),
espécies foi determinada de acordo com Begossi sendo, portanto de menor porte. Apresentam ciclos
(1996). produtivos curtos, porém se propagam com mais
A diversidade das espécies de PANCs foi facilidade, sendo encontradas principalmente
obtido por meio do índice de Shannon-Wiener (H’), dispersas ao longo de pastagens, em meio à culturas
de acordo com Begossi (1996). agrícolas e em hortas domésticas.
A distribuição do conhecimento sobre As espécies de PANCs são consumidas
as espécies de PANCs entre os moradores das principalmente de forma refogada (cozida) em
comunidades (informantes-chave) foi obtida por molhos e caldos (47%) e in natura (40%). Embora
meio do índice de equitabilidade Pielou (J’) segundo sejam espécies não convencionais, algumas dessas
a metodologia proposta por Magurran (1988). (27%) se encontram domesticadas e cultivadas em
Os índices foram calculados com o auxílio meio à hortas, pomares ou outras culturas agrícolas;
do software Mata Nativa 3® (Cientec, 2010). enquanto que as demais (73%) são coletadas
principalmente em pastos, fragmentos florestais e
Aspectos éticos também em meio à culturas agrícolas.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Há relação entre o ciclo de produção das
Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV PANCs identificadas e os hábitos de crescimento
(Ref. No 121/2012/CEPH/wmt). Os entrevistados das mesmas, as que desenvolvem ciclos perenes
foram informados dos objetivos do estudo e do predominantemente apresentam hábito de
sigilo das informações e assinaram o Termo crescimento como árvores e arbustivos, enquanto
de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo que aquelas com hábito de crescimento herbáceas
a liberdade do consentimento em participar da e lianas apresentam ciclos anuais e perenes ao
pesquisa garantida a todos, conforme preconizado mesmo tempo. As PANCs com ciclo de produção
pelas Diretrizes e Normas Regulamentadoras de anual em sua maioria são herbáceas.
Pesquisa envolvendo Seres Humanos do Conselho A frequência relativa de citação das 59
Nacional de Saúde (Brasil, 1996). espécies de PANCs encontradas no presente estudo
encontra-se relacionada na tabela abaixo.
Estudos etnobotânicos têm utilizado
RESULTADOS cálculos de índices de diversidade (H’) para avaliar
Foram visitadas nove comunidades rurais a diversidade do conhecimento sobre recursos
e entrevistados 20 informantes-chave, sendo 12 vegetais. No presente estudo o valor de H’ foi igual
homens e oito mulheres. a 1,65.
Entre os informantes, 12 são naturais de O grau de equitabilidade (J’) varia numa
Viçosa, sete são de municípios circunvizinhos, e escala de 0 ≤ J’ ≤ 1, quanto mais próximo de 1,
apenas um é de outra região do estado, mas reside significa que o conhecimento está melhor distribuído
em Viçosa há 19 anos. No geral, 80% de todos os entre os comunitários. No presente estudo obteve-
informantes residem no município há mais de 30 se J’=0,93.
anos.
A faixa etária dos informantes (n=20) variou
entre 43 e 93 anos, sendo a maioria (75%) composta DISCUSSÃO
por idosos, acima de 65 anos. Observou-se correlação entre o

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TABELA 1. Família botânica, nome científico, nome popular, ambiente de propagação, hábito de crescimento,
formas de consumo, estado de domesticação e registro nos herbários, de PANCs encontradas na zona rural
do município de Viçosa, Minas Gerais, 2013.
Família Ambiente de Hábito de Formas de Estado de
Nome científico Nome popular Ciclo Registro
botânica propagação crescimento consumo domesticação
Amaranthus Em meio à cultura Refogada em
Amarantaceae Caruru Herbáceo Coletada Anual RB 00524769
hybridus L. agrícola molhos e caldos
Annona sylvatica Araticum do Fragmento
Annonaceae Árvore In natura Coletada Perene VIC 35535
Dunal mato florestal
Astrocaryum
Coco de Endosperma
aculeatissimum Pasto Árvore Coletada Perene VIC 5764
brejaúva líquido e amêndoa
(Schott)
Arecaceae
Attalea dubia Mart. Coco indaiá Pasto Árvore Polpa e amêndoa Coletada Perene VIC 20234
Syagrus coronata
Coco Licuri Pasto Árvore Polpa e amêndoa Coletada Perene VIC 7120
(Mart.) Becc.
Erechtites Refogada em
Capiçova Pasto Herbáceo Coletada Anual IAC 39256
valerianaefolia L. molhos e caldos
Taraxacum officinale Refogada em
Dente de leão Horta Herbáceo Coletada Anual IAC 4209
Weber. molhos e caldos
Em meio à cultura Refogada em
Emilia sonchifolia L. Serralhinha Herbáceo Coletada Anual IAC 29393
agrícola molhos e caldos
Refogada em
Bidens pilosa L. Picão Pasto Herbáceo Coletada Anual IAC 12956
molhos e caldos
Sonchus oleraceus Serralha do Refogada em
Pasto Herbáceo Coletada Anual IAC 6669
L. mato molhos e caldos
Refogada em
Asteraceae Sonchus arvensis L. Serralha lisa Horta Herbáceo Cultivada Anual RB 00428940
molhos e caldos
Serralha Refogada em
Sonchus asper L. Pasto Herbáceo Coletada Anual IAC 6668
espinhenta molhos e caldos
Almeirão de Refogada em
Cichorium intybus L. Horta Herbáceo Cultivada Anual IAC 21696
árvore molhos e caldos
Hypochoeris Almeirão do Refogada em
Pasto Herbáceo Coletada Anual OUPR 14942
brasiliensis Griseb. mato molhos e caldos
Lactuca canadensis Refogada em
Almeirão roxo Horta Herbáceo Cultivada Anual IAC 1095
L. molhos e caldos
Vernonanthura
Cambará Pasto Arbustivo Empanada Coletada Perene RB 00548953
patens (Kunth)
Refogada em
Basella rubra L. Bertalha Horta Herbáceo Cultivada Perene EAC 27657
molhos e caldos
Basellaceae
Anredera cordifolia Lobrobô Refogada em
Horta Herbáceo Cultivada Anual RB 00052112
(Ten.) Steenis. verdadeiro molhos e caldos
Ananas bracteatus Fragmento
Bromeliaceae Ananás do mato Arbustivo In natura Coletada Perene VIC 6310
(Lindl.), var. albus florestal
Pereskia aculeata Refogada em
Lobrobô miúdo Horta Herbáceo Cultivada Perene RB 00659585
Mill. molhos e caldos
Pereskia grandiflora Refogada em
Cactaceae Lobrobô graúdo Pasto Herbáceo Coletada Perene UESC 16183
Haw. molhos e caldos
Pereskia bahiensis Ora-pró-nobis Refogada em
Horta Herbáceo Cultivada Perene RB 00064731
Gurke. ereta molhos e caldos
Tradescantia Refogada em
Comelinaceae Trapoeraba Horta Herbáceo Coletada Anual RB 00730853
fluminensis Vell. molhos e caldos
Folha de batata- Em meio à cultura Refogada em
Convolvulaceae Ipomoea batata L. Herbáceo Cultivada Anual RB 00262102
doce agrícola molhos e caldos
Lepidium
Em meio à cultura Refogada em
pseudodidymum Mentrasto Herbáceo Coletada Anual ESA 5439
agrícola molhos e caldos
Cruciferae Thell. ex Druce
Mostarda Em meio à cultura Refogada em
Sinapis arvensis L. Herbáceo Coletada Anual RB 00072942
silvestre agrícola molhos e caldos
Rheedia gardneriana Fragmento
Clusiaceae Bacupari Árvore In natura Coletada Perene VIC 5825
Planch. & Triana florestal
Sicana odorifera
Maracujina Pomar Liana In natura e suco Cultivada Perene VIC 20283
Naud.
Cucurbitaceae
Sicana sphaerica
Melão croá Pomar Liana In natura e suco Cultivada Perene VIC 7491
Vell.
Manihot esculenta Folha de Em meio à cultura Refogada em
Euphorbiaceae Herbáceo Cultivada Anual RB 00086736
Crantz. mandioca agrícola molhos e caldos
continua...

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TABELA 1. Família botânica, nome científico, nome popular, ambiente de propagação, hábito de crescimento,
formas de consumo, estado de domesticação e registro nos herbários, de PANCs encontradas na zona rural
do município de Viçosa, Minas Gerais, 2013.
...continuação

Fabaceae Inga vera Willd. Ingá banana Pasto Árvore In natura Coletada Perene VIC 40933

Lamiaceae Stachys lanata L. Peixinho Horta Herbáceo Empanada Cultivada Perene HPL 3643
Hibiscus sabdariffa
Malvaceae Vinagreira Horta Arbustivo Doces e compotas Cultivada Anual RB 00573974
L.
Psidium
Araçá do campo Pasto Arbustivo In natura Coletada Perene VIC 10594
guineense Sw.
Psidium
Araçá vermelho Pasto Arbustivo In natura Coletada Perene VIC 31253
cattleyanum Sabine
Fragmento
Plinia edulis (Vell.) Cambucá Árvore In natura e suco Coletada Perene VIC 9614
florestal
Campomanesia Gabiroba do Fragmento In natura, suco e
Myrtaceae Arbustivo Coletada Perene VIC 9729
pubescens Berg. mato florestal doces
Eugenia myrtifolia Laranjinha do Fragmento
Árvore In natura Coletada Perene VIC 11944
L. mato florestal
Fragmento
Syzygium cumini L. Jambolão Árvore In natura Coletada Perene VIC 9875
florestal
Fragmento
Eugenia uniflora L. Pitanga Árvore In natura Coletada Perene VIC 7732
florestal
Oxalis corniculata
Oxalidaceae Trevo azedo Horta Herbáceo In natura Coletada Anual RB 00270849
L.
Passiflora vitifolia L. Maracujá mirim Pomar Liana In natura e suco Coletada Perene VIC 6534

Passifloraceae Passiflora
Maracujá do
amethystina J. C. Pomar Liana In natura e suco Coletada Perene VIC 2426
mato
Mikan
Em meio à cultura
Piperaceae Piper jaborandi Vell. Jaborandi Herbáceo Empanada Coletada Perene BHCB 72260
agrícola
Transagem da Em meio à cultura Refogada em
Plantago major L. Herbáceo Cultivada Anual UESC 12160
horta agrícola molhos e caldos
Plantaginaceae
Plantago coriacea Transagem do Em meio à cultura Refogada em
Herbáceo Coletada Anual K 000573569
Cham. & Schltdl. mato agrícola molhos e caldos
Diclidanthera Jabuticaba de Fragmento
Polygalaceae Liana In natura Coletada Perene VIC 13203
elliptica Miers. rama florestal
Em meio à cultura
Polygonaceae Rumex acetosa L. Azedinha/labaça Herbáceo In natura Cultivada Perene IAC 48845
agrícola
Pteridium Samambaia do Refogada em
Polypodiaceae Pasto Herbáceo Coletada Anual HSJRP 07661
aquillinum L. mato molhos e caldos
Portulaca oleracea Em meio à cultura
Portulacacea Beldroega Herbáceo In natura Coletada Anual INPA 111808
L. agrícola
Rubus rosifolius Fragmento
Rosaceae Amora do mato Arbustivo In natura Coletada Perene VIC 3856
Smith. florestal
Lycopersicon Refogada em
Folha de tomate Horta Herbáceo Cultivada Anual ESA 927
esculentum Mill molhos e caldos
Solanum juciri Mart. Jequiri Pomar Liana In natura Cultivada Anual VIC 8517
Solanaceae Juá manso (Juá
Physalis angulata L. Pasto Arbustivo In natura Coletada Perene VIC 5924
Pocã)
Solanum nigrum Var.
Erva moura Pasto Arbustivo In natura Coletada Perene VIC 4111
americanum Mill.
Em meio à cultura
Tropaeolaceae Tropaeolum majus L. Capuchinha Herbáceo In natura Cultivada Anual ESA 16766
agrícola
Refogada em
Typhaceae Typha angustifolia L. Taboa Brejo Herbáceo Coletada Anual ESA 82541
molhos e caldos
Em meio à cultura Refogada em
Fleurya aestuans L. Cansanção Herbáceo Coletada Anual MAC 325
agrícola molhos e caldos
Urticaceae
Em meio à cultura Refogada em
Boehmeria nivea L. Rami Herbáceo Cultivada Anual ESA 6117
agrícola molhos e caldos

Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.17, n.4, supl. II, p.964-974, 2015.
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TABELA 2. Frequência relativa de citação (Fe) das espécies de PANCs encontradas na zona rural do município
de Viçosa, Minas Gerais, 2013.

Nome popular Família botânica Nome científico Citações (Fe)*


Capiçova Asteraceae Erechtites valerianaefolia L. 19 32,20
Serralha do mato Asteraceae Sonchus oleraceus L. 19 32,20
Lobrobô miúdo Cactaceae Pereskia aculeata Mill. 19 32,20
Serralha lisa Asteraceae Sonchus arvensis L. 16 27,12
Seralha espinhenta Asteraceae Sonchus asper L. 16 27,12
Mostarda silvestre Cruciferae Sinapis arvensis L. 15 25,42
Taboa Typhaceae Typha angustifolia L. 14 23,73
Jabuticaba de rama Polygalaceae Diclidanthera elliptica Miers. 13 22,03
Almeirão do mato Asteraceae Hypochoeris brasiliensis Griseb. 12 20,34
Maracujá mirim Passifloraceae Passiflora vitifolia L. 12 20,34
Almeirão roxo Asteraceae Lactuca canadensis L. 11 18,64
Maracujá do mato Passifloraceae Passiflora amethystina J. C. Mikan 11 18,64
Samambaia do mato Polypodiaceae Pteridium aquillinum L. 11 18,64
Araçá do campo Myrtaceae Psidium guineense Sw. 10 16,95
Amora do mato Rosaceae Rubus rosifolius Smith. 10 16,95
Jequiri Solanaceae Solanum juciri Mart. 10 16,95
Araticum do mato Annonaceae Annona sylvatica Dunal 9 15,25
Almeirão de árvore Asteraceae Cichorium intybus L. 9 15,25
Lobrobô graúdo Cactaceae Pereskia grandiflora Haw. 9 15,25
Ingá banana Fabaceae Inga vera Willd. 8 13,56
Caruru Amarantaceae Amaranthus hybridus L. 7 11,86
Coco Licuri Arecaceae Syagrus coronata (Mart.) Becc. 7 11,86
Ananás do mato Bromeliaceae Ananas bracteatus (Lindl.), var. albus 7 11,86
Maracujina Cucurbitaceae Sicana odorífera Naud. 7 11,86
Bacupari Clusiaceae Rheedia gardneriana Planch. & Triana 6 10,17
Mentrasto Cruciferae Lepidium pseudodidymum Thell. ex Druce 6 10,17
Araçá vermelho Myrtaceae Psidium cattleyanum Sabine 6 10,17
Cambucá Myrtaceae Plinia edulis (Vell.) 6 10,17
Juá manso Solanaceae Physalis angulata L. 6 10,17
Melão croá Cucurbitaceae Sicana sphaerica Vell. 5 8,47
Jambolão Myrtaceae Syzygium cumini L. 5 8,47
Erva moura Solanaceae Solanum nigrum Var. americanum Mill. 5 8,47
Capuchinha Tropaeolaceae Tropaeolum majus L. 5 8,47
Cambará Asteraceae Vernonanthura patens (Kunth) 4 6,78
Folha de batata-doce Convolvulaceae Ipomoea batata L. 4 6,78
Gabiroba do mato Myrtaceae Campomanesia pubescens Berg. 4 6,78
Pitanga Myrtaceae Eugenia uniflora L. 4 6,78
Lobrobô verdadeiro Basellaceae Anredera cordifolia (Ten.) Steenis. 3 5,08
Trevo azedo Oxalidaceae Oxalis corniculata L. 3 5,08
Coco de brejaúva Arecaceae Astrocaryum aculeatissimum (Schott) 3 5,08
Azedinha/labaça Polygonaceae Rumex acetosa L. 3 5,08
Beldroega Portulacacea Portulaca oleracea L. 3 5,08
Coco indaiá Arecaceae Attalea dúbia Mart. 2 3,39
Serralhinha Asteraceae Emilia sonchifolia L. 2 3,39
continua...

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TABELA 2. Frequência relativa de citação (Fe) das espécies de PANCs encontradas na zona rural do município
de Viçosa, Minas Gerais, 2013.
...continuação

Picão Asteraceae Bidens pilosa L. 2 3,39


Bertalha Basellaceae Basella rubra L. 2 3,39
Peixinho Lamiaceae Stachys lanata L. 2 3,39
Laranjinha do mato Myrtaceae Eugenia myrtifolia L. 2 3,39
Jaborandi Piperaceae Piper jaborandi Vell. 2 3,39
Transagem da horta Plantaginaceae Plantago major L. 2 3,39
Transagem do mato Plantaginaceae Plantago coriacea Cham. & Schltdl. 2 3,39
Cansanção Urticaceae Fleurya aestuans L. 2 3,39
Dente de leão Asteraceae Taraxacum officinale Weber. 1 1,69
Ora-pró-nobis ereta Cactaceae Pereskia bahiensis Gurke. 1 1,69
Trapoeraba Comelinaceae Tradescantia fluminensis Vell. 1 1,69
Folha de mandioca Euphorbiaceae Manihot esculenta Crantz. 1 1,69
Vinagreira Malvaceae Hibiscus sabdariffa L. 1 1,69
Folha de tomate Solanaceae Lycopersicon esculentum Mill 1 1,69
Rami Urticaceae Boehmeria nivea L. 1 1,69
* Fr = Resultado obtido de acordo com Begossi (1996), a partir do número de citações da espécie, multiplicado por 100, dividido pelo
numero de espécies de PANCs encontradas.

conhecimento dos informantes e o tempo de alimentares conforme já observado por Amorozo


residência na mesma comunidade, visto que 80% (2002).
dos informantes residem há mais de 30 anos na As famílias botânicas asteraceae e
região de estudo. Esta relação está de acordo ao myrtaceae se destacaram no presente estudo,
observado por Maldonado et al., (2013) em estudo mostrando sua importância alimentícia para as
realizado no México, no qual analisaram o valor de comunidades rurais estudadas, porém vale à pena
uso e a importância ecológica da flora silvestre por frisar que as mesmas não fazem parte do grupo de
indígenas; neste trabalho, os autores concluíram alimentos mais consumidos no Brasil (Souza et al.,
que o conhecimento e uso dos recursos da flora foi 2013); reforçando o que Kinupp & Barros (2008) já
maior entre os nativos, que residiam há mais tempo haviam observado em estudo similar, onde nota-se a
na comunidade, do que entre populações mestiças desvalorização de espécies de plantas alimentícias
que eventualmente estavam se deslocando, mesmo nativas, em detrimento de espécies exóticas, que
entre comunidades próximas. geralmente são mais caras, onerando os custos com
A faixa etária dos informantes revela alimentação e atingindo a renda de muitas famílias.
que os idosos são os maiores conhecedores das Com base nestas observações, é possível inferir que
formas de uso, épocas de frutificação, ambiente de as PANCs podem exercer importante estratégia no
propagação, dentre outras utilidades das PANCs. aspecto da soberania alimentar de muitas famílias,
Estas também foram as conclusões observadas por principalmente as rurais.
Hanazaki et al., (2000) e Borges & Peixoto (2009) Observou-se que algumas espécies de
em estudo realizado sobre o conhecimento e uso de PANCs são encontradas em ambientes de culturas
plantas em comunidade caiçara no Rio de Janeiro, agrícolas, principalmente em meio à cultura do café.
ambos estudos revelam que, de maneira geral, os Porém, a utilização de agrotóxicos em meio à estas
mais idosos conhecem uma diversidade maior de culturas foi apontada como uma das causas da
plantas úteis, cujo saber foi acumulado ao longo de supressão de algumas espécies de PANCs, o que
sua vivência e contato com os mesmos torna-se um agravante, visto que, além da supressão
A metodologia empregada no presente da espécie alimentícia, as que sobrevivem e que são
trabalho alcançou resultados que mostram que coletadas nesse ambiente, podem conter o risco de
as gerações mais novas dispõem de menor contaminação à quem as consome.
conhecimento sobre as espécies de PANCs. Em relação à predominância das famílias
Ademais, o êxodo de muitos desses jovens para asteraceae e myrtaceae dentre as espécies
a zona urbana por motivos diversos (trabalho, identificadas no presente estudo, estes resultados
estudo e outros), pode ser um fator limitante para o estão similares aos encontrados por Kinupp
fluxo do conhecimento sobre os recursos vegetais & Barros (2007), em estudo realizado sobre a

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diversidade de PANCs na Região Metropolitana em estudo sobre o uso de recursos vegetais,


de Porto Alegre, onde estas famílias botânicas encontraram valores de H’=1,83 e H’=1,90, em
foram as que apresentaram o maior número de comunidades de restinga em São Paulo e em Santa
espécies encontradas. Miranda & Hanazaki (2008) Catarina, respectivamente. Pilla & Amorozo (2009)
em estudo etnobotânico sobre o conhecimento encontraram valores de H’=1,98 em estudo realizado
e uso de recursos vegetais em comunidades de sobre recursos vegetais alimentares em bairros
restinga em São Paulo e Santa Catarina também rurais no Vale do Paraíba, São Paulo. Os resultados
identificaram estas duas famílias com o maior destes trabalhos mostram que nestes ambientes a
número de espécies. diversidade, ou riqueza destes recursos vegetais,
Mesmo em ambiente heterogêneo e foi maior do que no presente estudo.
alterado pela ação antrópica, como é a zona rural O grau de equitabilidade (J’) encontrado no
do município de Viçosa, as PANCs medram em presente estudo (J’=0,93) indica que o conhecimento
meio à outros tipos de culturas agrícolas, pastos, está homogeneamente distribuído entre os
fragmentos de florestas e beiras de estradas. Estes comunitários, este resultado está próximo aos
resultados corroboram a tese de Ramos-Zapata et valores encontrados por Pilla & Amorozo (2009),
al., (2013) ao afirmarem que as PANCs são espécies no qual obtiveram valor de J’=0,91, para um grupo
ruderais, desenvolvem facilidades de adaptação, de 23 informantes. Lima et al., (2012) encontraram
mesmo que este ambiente esteja em elevado estado valores de J’ entre 0,87 e 0,90 para homens adultos
de alteração e perturbação. em estudo realizado sobre diversidade e uso de
Sobre a frequência relativa de citação, plantas do Cerrado em comunidades de Geraizeiros
alguns estudos sobre levantamento e diversidade no Norte de Minas Gerais. Estes resultados revelam
etnobotânica (Coelho-Ferreira & Silva, 2005; Martins que entre os informantes do presente estudo, o
et al., 2005; Balcazar, 2012) têm considerado conhecimento sobre estes recursos alimentares
apenas as espécies que atinjam índices acima vegetais é mais homogêneo, se encontra melhor
de 5%. Considerando estes mesmos critérios distribuído em relação aos informantes dos trabalhos
para o presente estudo, observa-se que 42 citados.
espécies de PANCs encontradas, ou 75% destas Observa-se que trabalhos sobre índice de
se enquadram nesses critérios, destacando-se diversidade e de equitabilidade de espécies vegetais
Erechtites valerianaefolia L., Sonchus oleraceus L. alimentares e medicinais têm sido realizados
e Pereskia aculeata Mill. com maior frequência em áreas protegidas, ao
De acordo com Begossi (1996), a frequência contrário do presente estudo que foi realizado em
relativa de citação indica o quanto que uma comunidades com intensa exploração agrícola, o
determinada espécie se destaca em relação que pode interferir nos resultados encontrados.
ao conjunto das demais, esse índice mostra Ademais, a diversidade de metodologias adotadas,
a importância que esta espécies exerce nas dificulta a comparação entre os resultados, porém,
comunidades estudadas. No presente estudo os índices encontrados no presente estudo
verificou-se que a família asteraceae, além de encontram-se próximos aos principais estudos sobre
apresentar um conjunto maior de espécies de recursos alimentares vegetais realizados no bioma
PANCs, estas respectivas espécies, individualmente, Mata Atlântica.
são as que apresentam a maior frequência relativa,
com destaque para Erechtites valerianaefolia
L., Sonchus oleraceus L., Sonchus arvensis L., CONCLUSÕES
Sonchus asper L., Hypochoeris brasiliensis Griseb. Foram identificadas 59 espécies de PANCs,
e Lactuca canadensis L. ou seja, estas espécies que representou 30 famílias botânicas e 48 gêneros,
além de existirem em abundancia, as mesmas sendo a família Asteraceae a mais representativa,
são as mais conhecidas e podem ser as mais totalizando 11 (18,6%) das 59 espécies identificadas.
consumidas. Resultados idênticos ao do presente Espécies dessa família também foram as que
estudo foram encontrados por Carniello et al., (2010) apresentaram as maiores frequências relativas de
em abordagem etnobotanica realizada em quintais citação, indicando que as mesmas, além de existirem
florestais de Mirassol D’Oeste, Mato Grosso, onde em maior diversidade, são mais popularmente
as asteráceas também obtiveram maior frequência conhecidas nas comunidades estudadas.
relativa de citação. As PANCS identificadas no presente
O índice de Shannon-wiener (H’) encontrado estudo apresentam hábito de crescimento
no presente estudo (H’=1,65) mostrou-se próximo predominantemente herbáceo (57%), são
à outros estudos realizados sobre a diversidades consumidas principalmente de forma refogada
de recursos alimentares vegetais no bioma (cozida) em molhos e caldos (47%) e in natura
Mata Atlântica. Miranda & Hanazaki (2008), (40%), e apresentam ciclos de produção anuais e

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perenes. diversity indices. Economic botany, v.50, n.3, p.280-


O índice de Shannon-Wiener (H’=1,65) 89, 1996.
indica que a zona rural de Viçosa, apresenta elevada BORGES, R.; PEIXOTO, A.L. Conhecimento e uso de
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