Habeas Corpus
Habeas Corpus
Habeas Corpus
MARCOS VIEIRA MOTA, Brasileiro, casado, advogado inscrito sob a OAB/MG sob o numero
130.956 e DAVID BORGES JUNIOR, Brasileiro, casado, advogado inscrito sob a OAB/MG sob o
numero 167.795 ALEX CORREIA SCHIARA, brasileiro, solteiro, advogado inscrito na OAB/MG
sob o numero 184.457, onde recebe intimações com escritório sito no endereço Rua Emir
Antonio Diniz 35 Bairro Alvorada Na Cidade De Contagem no Estado de Minas Gerais, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5 o., LXVIII, da
Constituição Federal, impetrar ordem de:
DOS FATOS:
A Paciente foi preso supostamente pela prática dos crimes incurso nas sanções do art. 121 c/c
art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.
O pedido de liberdade provisória foi indeferido nos seguintes termos:
O fato é que o Paciente saiu para ir uma festa, quando retornando para sua residência ao qual
deu carona para seu colega NATHAN, em direção ao bairro Califórnia, ao entrar no bairro o
NATHAN desembarcou próximo a sua residência, quando no mesmo momento desembarcou de
um veiculo do aplicativo UBER a vitima Karine e outra duas amigas, momento ao qual NATHAN
foi na direção das mesma, ao arrancar o veiculo o paciente escutou um estampido, parando o
veiculo, olhou em direção a NATHAN que gritava e pedia socorro, assim o paciente virou o
veiculo e retorno em direção a NATHAN, momento ao qual se deparou com o mesmo
sangrando, alegando que havia dado um tiro na própria mão, sendo assim o paciente colocou
NATHAN em seu veiculo e conduziu até o Hospital, sendo NATHAN atendido, após a chegada
dos parentes do mesmo, o paciente retorno para casa, ao chegar no próximo de sua residência
no bairro Califórnia, foi abordado por policiais, alegando que o mesmo teria dado fuga para
NATHAN, e que havia em um momento anterior empreendido fuga dos policiais;
O fato da suposta é corriqueiro, não tendo nada com os fatos da tentativa de homicídio em
questão, o paciente havia saído de uma festa ao qual ingeriu bebidas alcoólicas, sendo assim ao
verificar a viatura parada, entrou em uma rua antes da suposta blitz, sendo assim empreendeu
fuga para tentar sair da prisão por dirigir sob influencia de álcool;
Nobre Magistrado, a prisão da Paciente não deve prosperar, tendo em vista que a mesma fere
direito Constitucional, o Paciente nega qual envolvimento na tentativa de Homicídio que
configura NATHAN com autor, e deixa bem claro que apenas teria dado um carona e
posteriormente socorrido o autor da tentativa de homicídio, não podendo sobrecair ao mesmo a
imputação de crime que não tem qualquer participaçao;
DA CONDUTA DO ACUSADO:
Cabe também salientar MM. Juiz, que apesar de nãop ser PRIMÁRIO, o Paciente trabalha com
conferente na empresa Transportes Martins Ltda, possui RESIDÊNCIA FIXA, não havendo
assim, motivos para a manutenção da Prisão em Flagrante, porquanto o Paciente possui os
requisitos legais para responder o processo em liberdade. Assim, o Acusado possui ocupação
lícita e preenche os requisitos do parágrafo único do art. 310 do Código de Processo Penal.
Destarte Exa., com a devida vênia, não se apresenta como medida justa o encarceramento de
pessoa cuja conduta não praticou qualquer ato ilícito;
Desnecessária, assim, a prisão processual neste caso, uma vez que ausentes estão os
requisitos da prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP. Nesse sentido é cristalino o inciso
XLVI do artigo 5º. da CF: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança ”.
Caso não seja este o entendimento deste E. Tribunal, requer-se, subsidiariamente, seja aplicada
ao paciente alguma das novas medidas cautelares previstas no CPP, evitando-se, assim, sua
prisão processual.
Referidas medidas são, na verdade, nas palavras de Gustavo Henrique Badaró, “ medidas
cautelares alternativas à prisão (arts. 319 e 329 do CPP) informadas pelo caráter subsidiário da
prisão preventiva (art. 282, § 6º CPP) .” (texto “Reforma das Medidas Cautelares Pessoais o CPP
e os Problemas de Direito Intertemporal Decorrentes da Lei nº 12.403, de 04 de maio de 2011 ” –
Boletim IBCRIM – ano 19 – nº 223, junho – 2011).
Dessa forma, se o magistrado verificar que determinada medida cautelar alternativa à prisão for
igualmente eficaz para atingir a finalidade para a qual for decretada, deverá aquele aplicar tal
medida, sempre menos gravosa se comparada à prisão processual, não lhe sendo possível,
portanto, decretar a prisão preventiva.
Neste sentido, novamente de acordo com Gustavo Badaró “(...) com o início de vigência da Lei
12.403/11, (...), caberá ao juiz, motivadamente, justificar porque, naquele caso concreto e
segundo a situação do momento, não será adequada aos fins cautelares uma medida cautelar
alternativa à prisão cautelar. Sem isso, a prisão preventiva passará a ser ilegal, devendo ser
relaxada.” (ob. cit.)
Pierpaolo Cruz Bottini, traçando críticas positivas ao noviço diploma legal, “ porque permite a
superação da medíocre dicotomia do processo penal, pela qual o juiz não dispunha de
alternativa diferente da prisão para assegurar a ordem processual e a aplicação da lei penal ”,
reafirma o caráter excepcional da prisão processual, na medida em que aquela apenas poderá
ser aplicada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, “ exigindo do
juiz uma fundamentação a mais quando da decretação da preventiva: a razão da dispensa de
outras cautelares.” (texto “Mais Reflexões sobre a Lei 12.403/11”, Boletim IBCRIM – ano 19 – nº
223, junho – 2011).
Paulo Sergio de Oliveira, por seu turno, igualmente tecendo elogios à elaboração da Lei
12.403/11, parafraseando Amilton Bueno de Carvalho, afirma “ que o juiz deve sempre partir do
pressuposto de que, a princípio, nenhuma restrição à liberdade do indiciado/Paciente deverá ser
aplicada. Excepcionalmente, por motivo absolutamente relevante é que o juiz deverá impor
alguma medida, porém, alternativa à prisão. Se esta medida, após análise criteriosa de
razoabilidade/proporcionalidade/eficácia/necessidade, não se mostrar suficiente para o caso em
concreto, poderá o magistrado cumular mais de uma medida cautelar do artigo 319 do CPP
alterado. Superada esta análise, e verificada insuficiente esta medida, bem como se não houve
outra possibilidade para o caso concreto, ou seja, sendo absolutamente necessária a
segregação, somente ai estaria o juiz autorizado a decretar a prisão preventiva do agente, o que
deve ser feito mediante concisa inequivocada fundamentação .” (texto – “A aplicação da Lei
12.404/11 Durante a Vacatio Legis” - Boletim IBCRIM – ano 19 – nº 223, junho – 2011).
O noviço diploma legal, ao estabelecer a imposição das medidas cautelares a serem aplicadas
de forma preferencial em relação à prisão temporária e preventiva, demonstra o intuito do
legislador de se evitar que a prisão processual ganhe ares de “definitividade”, tornando-se uma
verdadeira antecipação da eventual pena a ser aplicada, de forma a violar entendimento já
consagrado pela Corte Maior.
Nesse sentido, a defesa entende que a medida restritiva da liberdade a ser aplicada, de forma
subsidiária, no presente caso, é a prevista no art. 319, I, CPP, qual seja, o comparecimento
periódico em Juízo, pois, dessa forma, se asseguraria, de forma efetiva, a instrução criminal,
tendo em vista que o indiciado poderia ser citado e cientificado dos atos processuais em
Cartório.
DA ORDEM LIMINAR:
DO PEDIDO:
Subsidiariamente, requer seja aplicada qualquer das medidas cautelares previstas no artigo 319
do Código de Processo Penal, de forma preferencial, aquela consistente no comparecimento
periódico em Juízo, de forma a privilegiar a ultima ratio da Lei 12.403/2011: a prisão processual
como medida extrema, nos moldes como vem sendo defendido pela doutrina penal e
criminológica moderna.