Liderança Positiva - Gilberto Guimarães
Liderança Positiva - Gilberto Guimarães
Liderança Positiva - Gilberto Guimarães
5 Liderança positiva
Conceitos de liderança positiva
O foco da liderança positiva
Estratégias da liderança positiva
Cultivar um clima positivo
Expandir relacionamentos positivos
Construir redes de energia positiva
Reforçar pontos fortes
Ter uma comunicação positiva
Criar signi cados positivos
Desenvolvendo e implantando a liderança positiva
Implantando as estratégias para a liderança positiva
Conclusão
1 2 O que fazer para motivar pessoas a atingir desempenhos muito acima do normal
Comunidade: sentir-se incluído
Comunicação: sentir-se informado
Signi cado: sentir-se importante
Crenças e valores: sentir-se escolhido
Recompensa: sentir-se reconhecido e recompensado
Conclusão
É notório que cada vez mais precisamos de líderes com altamente competentes
para lidar com o desconhecido e o inesperado no comando de uma
organização!
A maioria dos líderes foi preparada para a repetição histórica de fatos e de
problemas. Muitas vezes, deu certo; mas com as mudanças e transformações
cada vez mais rápidas, cada vez mais diferentes e cada vez mais tecnológicas e
mais globais, esse preparo com base no que já aconteceu deixou de ser
su ciente.
Com frequência, altos executivos têm um histórico de sucesso em suas cada
vez mais curtas carreiras em várias empresas. Quando o sucesso não ocorre, as
crises, sejam políticas ou econômicas, muito frequentes no mundo de hoje,
acabam sendo as vilãs da história e o executivo, a vítima do imprevisto.
Eles são muito hábeis em discussões de ROI, Market Share, Gestão de
Custos e tantos outros temas clássicos da administração, porém, nesta obra, o
Professor Gilberto Guimarães mostra que não são estas as questões que
verdadeiramente importam.
Apesar da relevância do capital e da utilidade de ferramentas e técnicas cada
vez mais so sticados, a liderança precisa dominar impecavelmente outras
habilidades, as chamadas “soft skills” e, além disso, ter uma atitude especial para
enfrentar as crises econômicas e sociais, fenômenos cada vez mais rápidos,
sobretudo no mundo dos emergentes, em que Brasil, China e Índia são as
locomotivas.
Na sociedade do conhecimento, a dependência da inovação sobrepõe--se aos
outros fatores empresariais, como o próprio capital, e exige dos líderes
qualidades especiais. A explanação que o autor faz sensibilizará o leitor sobre o
que é e o que não é prioritário no mundo gerencial dos novos tempos.
As qualidades de liderança do Gilberto, que eu bem conheço desde nossos
tempos de início de carreira pro ssional, recém-saídos do curso de Engenharia,
até o momento de ocuparmos cargos diretivos, enquadram-se perfeitamente
nos padrões da liderança positiva. Só que, na época, tais qualidades eram vistas
como obstinação, otimismo e crença em que tudo é possível! Olhava-se mais o
comportamento e as atitudes do líder do que o resultado de sua liderança.
Hoje, 30 anos depois, vários estudiosos do assunto, como o autor, estruturaram
e organizaram conceitos, exemplos e as principais questões, permitindo-nos
melhor compreender e utilizar os frutos dessa faceta da liderança.
Quem se aprofundar na leitura dominará o conceito de liderança positiva e
poderá se tornar um líder que atinge resultados de alto desempenho por meio
do conhecimento de sua equipe, da valorização do bom, do espírito de
colaboração e da inspiração e criatividade do ser humano.
Armando Dal Colletto é diretor da BSP Business
School São Paulo – Universidade Anhembi Morumbi
PREFÁCIO
por Fernando Serra
Foi um prazer e uma honra ter sido convidado pelo Gilberto Guimarães a
escrever o prefácio de seu livro Liderança positiva.
Gilberto é mais que um grande pro ssional com grande experiência
executiva. É mais que um líder e coach de líderes. É um ser humano muito
especial, com quem tenho tido oportunidade de conviver. Com suas aulas,
palestras e artigos ele tem contribuído para a discussão do que é ser um líder e
atuar de forma positiva junto a seus colaboradores.
A dedicação do Gilberto ao tema da liderança já vem de outros tempos. Há
anos ele se dedica ao estudo e à prática da liderança positiva, conceito que nós,
da HSM Educação, apoiamos e incentivamos pela importância cada vez maior.
Valorizamos tanto esse conceito, que liderança foi o tema escolhido para um
de nossos cursos avançados de desenvolvimento executivo (EDP). E o
responsável pela coordenação desse curso, que inclui muito dos estudos e
conceitos de Dave Ulrich e, de certa forma, inclui também liderança positiva,
como não poderia deixar de ser, é Gilberto Guimarães.
A liderança positiva se apoia em conceitos da psicologia positiva para apoiar
líderes e, consequentemente, impactar equipes e organizações, a m de que
atinjam seus objetivos a partir dos pontos fortes das pessoas. A psicologia
positiva por sua vez, estuda cienti camente o que motiva as pessoas e as leva a
se dedicar a alguma coisa, focando seus pontos fortes, a melhor convivência
nos grupos e o melhor ambiente de trabalho.
O livro de Gilberto Guimarães vem ajudar a difundir esse conceito e sua
aplicação num momento em que o Brasil vive o desa o, talvez o maior de
todos dos últimos 30 anos, de consolidar-se como um player global relevante.
Nesse desa o, um novo per l de líder se faz necessário. Mais que isto, com
jovens sendo promovidos pela necessidade de crescimento e desempenho, é
preciso “construir” novos líderes, que viveram e experimentaram menos, mas
que experimentam cada vez mais rápido.
Pessoalmente, tenho estudado o declínio organizacional, que está muito
ligado aos processos e às decisões tomadas pelo alto escalão das organizações.
Um dos autores clássicos de declínio organizacional é o professor Kim
Cameron, também pesquisador de liderança positiva e presente no livro do
Gilberto. Recentemente, troquei correspondência com professor Cameron
sobre o declínio organizacional e, nesta, o pesquisador mencionou o motivo
pelo qual deixou de estudar declínio organizacional, apesar de sua importância.
Reproduzo, a seguir, um trecho dessa correspondência:
A sociedade do conhecimento
Em paralelo, pouco a pouco, um novo modelo foi criado pela evolução da
eletrônica, da informática e das telecomunicações. É a sociedade do
conhecimento, em que a inovação, a informação e o próprio conhecimento
tornam-se até mais importantes que o capital nanceiro. O maior patrimônio
de uma empresa é a sua base de conhecimento, embora os tradicionais sistemas
de registros contábeis ainda não estejam preparados para essa nova necessidade.
Em nenhuma linha de balanço aparece o valor do conhecimento, da liderança,
das pessoas, dos métodos, dos sistemas ou mesmo das marcas. A presença de
um líder como foi Steve Jobs aumentava muito o valor de mercado da Apple.
Com a morte dele, e sem nenhuma outra alteração, o valor de mercado cou
menor. O conhecimento é o primeiro “artigo” na história econômica que se
produz, é vendido e entregue, mas o “dono” continua com a posse dele. A
capacidade de solucionar o problema continua com cada um, o que garante e
ampli ca o conceito da valorização do indivíduo, pois conhecimento é gente,
enquanto competência é conhecimento aplicado.
O trabalhador do conhecimento é, nalmente, o dono dos seus meios de
produção e do produto do seu trabalho. Ele tem características próprias: faz
seus horários e controla sua produção sem estar subordinado a alguém que
scalize seu trabalho, cuida ddo seu autodesenvolvimento e estabelece
prioridades para a carreira, de nindo os pontos que precisam ser fortalecidos.
Isso tudo, como já foi dito, é radicalmente novo e muda por completo a
maneira de organizar e liderar as pessoas. Não se consegue mais impor a antiga
forma de gestão por meio de números, métricas, valores e prazos; por meio de
estruturas hierárquicas, prede nidas, departamentalizadas. Hoje, existe
di culdade para se estabelecer uma relação direta entre o desempenho e a
produtividade de um indivíduo e o volume de sua produção, pois é o próprio
trabalhador do conhecimento quem de ne a velocidade e a produtividade de
seus meios de produção. Essa situação provoca uma inadequação dos sistemas
clássicos de liderança, avaliação e remuneração. O novo modelo demanda o
uso de conhecimento e inteligência, enquanto o modelo anterior consumia
braços, pernas e boa capacidade de adaptação às regras.
Esses novos tempos pedem uma nova organização das pessoas e, portanto,
novos líderes. É um mundo de alta especialização. Não se aplica mais o
conceito básico de subordinação. Os trabalhadores do conhecimento sabem
mais que seus chefes. Um presidente que fez carreira na área de produção
precisa aprender o que fazer com o seu nanceiro, ou o seu marketing, e
nunca o inverso. Não existe mais aquela estrutura clássica de subordinação, em
que as pessoas eram organizadas hierarquicamente em funções. As empresas
copiavam a forma de organização dos exércitos ou das igrejas. No exército, a
hierarquia impõe a subordinação: “manda quem pode e obedece quem tem
juízo”, ou é eliminado da estrutura. Nas igrejas, a competência garante a
subordinação. Em tese, os superiores foram promovidos porque eram
melhores e sabiam mais. O cardeal havia sido bispo e o bispo fora padre.
Sabem o que e como um bom padre deve fazer e, portanto podem impor
regras e formas de atuação. Ao padre resta obedecer. Hoje, nada disso é mais
verdade: a terceirização por especialização, as joint ventures, as parcerias, o
outsourcing, etc. acabam obrigando o gerenciamento sem comando. As
empresas se organizam por especialidades, por conhecimento, focadas na sua
atividade- m, contratando especialistas para as atividades que elas conhecem
menos. O chefe à moda antiga morreu.
A nova estrutura organizacional precisa incorporar essa exibilidade e
especialização. A organização mais adequada é a de uma orquestra sinfônica, na
qual um líder se torna maestro para liderar especialistas, de nir e transmitir sua
visão, xar metas, mobilizar e incentivar. Mandar, nunca mais. Ele não é o
melhor músico nem o melhor violinista ou o virtuose do piano. O líder já não
impõe o poder. Só quem aplica o conhecimento tem o poder. Liderar é
in uenciar e mobilizar as pessoas, para que desenvolvam motivação para fazer
o que deve ser feito, com vontade e o máximo de seu potencial, para atingir os
objetivos compartilhados xados.
Mudam a organização e o estilo de liderança, mudam as competências
necessárias e, sobretudo, muda a forma de gestão das pessoas. E não apenas das
pessoas, mas do seu conhecimento, das suas experiências e competências e da
sua capacidade de aplicar o próprio conhecimento na solução dos problemas.
Hoje, faz sucesso na carreira quem resolve, quem inova.
O trabalho clássico do líder é conseguir trazer antagônicos para a sinergia,
motivá-los a ser cooperativos e produtivos. O desa o é fazer especialistas
solitários trabalharem produtivamente em equipe. O ideal é que as empresas
estruturem e gerenciem suas atividades como se fossem projetos, com começo,
meio e m, com objetivo, escopo, prazo e recursos, com resultados esperados
e, principalmente, com equipes montadas segundo as complementaridades e
necessidades das competências e preferências.
O desa o do novo líder é ajudar a criar a inovação e mobilizar as pessoas
para a implantação das mudanças. Para criar o novo é preciso encerrar o velho,
desestabilizar, perturbar, desorganizar e fazer a “destruição criativa”. Para ser o
líder nesses novos tempos é necessário desenvolver as competências essenciais,
que devem ser aprendidas e melhoradas. O mundo empresarial exige isso para
o sucesso. Finalmente, a arte da liderança se aprende.
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE LIDERANÇA
• Traços de personalidade.
• Estilos comportamentais.
• Aspectos situacionais ou contingenciais.
• Administração do sentido.
• Enfase na arquitetura organizacional.
• Teoria dos grandes homens. Aceitava a ideia de que a liderança era exercida
por chefes natos – homens geniais destinados a exercer profunda
in uência na sociedade. O poder encarnava-se em uma reduzida
quantidade de pessoas, cuja herança e o destino as convertiam em líderes.
Ou se tinha ou não se tinha esse dom.
• Teoria dos traços. Basicamente semelhante à anterior, enfatizava as
qualidades pessoais dos líderes, que deveriam possuir certas características
especiais que os faziam diferentes das demais pessoas. Segundo Bryman
(1992), os líderes já nascem com alguns atributos físicos (peso e altura), de
personalidade (moderação, ajustamento pessoal, autoestima,
autocon ança, sensibilidade interpessoal e controle emocional) e
habilidades (inteligência, uência verbal, escolaridade, conhecimento).
Competências e características
para de nir o líder e a liderança
O que é competência
O termo competência é utilizado cada vez mais nas empresas. É, no entanto,
relativamente novo na linguagem da gestão de carreiras e da psicologia do
trabalho. Antes, eram utilizados preferencialmente os seguintes termos: saber
(conhecimento), saber fazer (habilidade, know how), saber ser (atitude,
comportamento) e, eventualmente, gostar de fazer (prazer de fazer). O termo
“competência” era mais dedicado aos domínios jurídico e institucional.
O termo competência aparece pela primeira vez no m do século XVI, ao
designar uma aptidão reconhecida legalmente a uma autoridade pública para
realizar algum ato em uma determinada condição. Fala-se de uma atribuição,
de uma autoridade, de um poder conferido – “tem-se uma competência” e,
então, existe um poder conferido de maneira o cial, reconhecido por
instâncias superiores. No século XVII, competência torna-se também um
conhecimento profundo e reconhecido que confere o direito de julgar ou
decidir certos assuntos. Em consequência, a palavra “competente” passa a
designar a pessoa capaz de avaliar e julgar alguma coisa em função de seu
conhecimento profundo naquele assunto. Passa a ser a capacidade e a
autoridade de emitir juízo sobre alguma coisa. Um direito e uma obrigação.
Apenas muitos anos depois, já no século XVIII, é que se considera a
competência como uma aptidão para realizar certas atividades. Aptidão passa a
designar uma disposição, ou predisposição, natural ou adquirida, e uma
capacidade virtual, que, mesmo fora do campo físico, é considerada existente.
Com a evolução, a noção de dom ou de habilidade preexistente não é mais
su ciente. Existem outros elementos que passam a fazer parte da avaliação:
know how, saber como fazer, conhecimento de técnicas, conceitos e materiais,
capacidade de representação mental, conseguir imaginar o que será feito e o
resultado a ser conseguido. Por causa dessa extensão, alguns preferem a noção
de talento em vez de dom, ou seja, uma disposição natural ou adquirida para
conseguir realizar certa atividade e atingir determinado objetivo.
No mundo corporativo atual, competência é ter a capacidade de realizar
uma atividade, é ter uma resposta, uma solução para algum problema
empresarial. Será escolhido entre muitos aquele que apresentar a melhor
solução, a melhor resposta para o problema apresentado.
Em resumo, competência é a capacidade de saber realizar algo sob
determinadas condições e a garantia de que saberá repetir essa prática em
circunstâncias similares, utilizando ao mesmo tempo os conhecimentos
previamente adquiridos ou desenvolvidos durante as ações, o know how, bem
como as características e qualidades pessoais.
Descrever as competências de uma pessoa é responder às seguintes
perguntas: O que essa pessoa foi e será capaz de fazer? Como o fez? Com quem
e para quem fez? Em quais condições e contexto? Que resultado se pode
esperar da sua atuação? Que problemas a pessoa sabe resolver?
Portanto, para de nir as competências não basta detectar a existência de
talento, know how e conhecimentos. O trabalho implica interações sociais e
cada elemento dessas interações faz parte das competências. Preferências e
estilos comportamentais também precisam ser considerados.
Segundo Ulrich (2009), para estabelecer um critério que permita de nir a
liderança e o líder, é importante considerar as perguntas clássicas da
investigação: quem, quando, onde, o que, por que, como e para quem (who,
when, where, what, why, how and for whom).
Para quem?
O líder comanda para dentro e para fora da empresa. A liderança e caz vai
além do que os líderes sabem, fazem e entregam, pois cria valor para os clientes
e investidores, tem uma dimensão externa e, portanto, na de nição das
competências essenciais para o líder, deve considerar as expectativas dos clientes
e dos investidores.
Empatia
É a capacidade de perceber o que os outros querem e conseguir que eles
percebam o que você quer. Empatia é ser percebido (transmitir o que sou e
quero), é perceber a necessidade dos outros (o que ele é e precisa) e,
nalmente, mesmo sem falar, estabelecer um “contrato” (eu vou fazer ou ser, o
que você precisa ou quer). Empatia é o contrato, o acordo mútuo, a percepção
mútua. Não existe tarefa ou ação empresarial que prescinda da boa
comunicação. Comunicação é a capacidade de ouvir o que os outros querem
dizer, sobretudo aquilo que não é dito, e de falar aos outros o que efetivamente
você quer dizer. Alguns têm como característica pessoal, como uma habilidade
natural, a empatia e intuição muito desenvolvidas. Mas empatia se desenvolve
e comunicação se aprende. Comunicação não é a habilidade de falar bem, pois
93% dela é não verbal. O tom da voz, a expressão corporal, as condições
“falam” muito mais do que as palavras. Para transmitir e convencer, é
importante encontrar as pessoas onde elas estão, linguisticamente falando, ou
seja, é importante estabelecer o rapport com elas. Para isso, é importante usar a
mesma linguagem, buscando o mesmo estilo comportamental, o mesmo
vocabulário, o conteúdo, a velocidade, o volume da voz, a mesma postura e o
mesmo gestual. Como o corpo fala muito mais alto que a voz, é importante
manter uma postura corporal semelhante à da pessoa – tipo espelho, ou
simetria corporal –, mas com naturalidade, para transmitir con ança. O líder
só conseguirá sucesso se desenvolver uma comunicação adequada com todos os
envolvidos, seja com clientes, fornecedores, subordinados e superiores,
acionistas ou investidores, e com toda a comunidade que o cerca.
Capacidade de antecipar
A capacidade de antecipação, de pensar na frente, é uma das mais importantes.
O bom líder é aquele que avalia e prevê o que vai acontecer e não o que apenas
reage diante do que já ocorreu. Para não ser pego de surpresa, o líder tem de
estar atento e vigilante. Como é humanamente impossível estar vigilante
sempre, só dá para avaliar e antecipar-se em relação àquilo que você decidiu
manter-se informado e atento. Antecipar é estabelecer prioridades e interesses.
É de nir aquilo que se precisa conhecer e acompanhar em detalhes, e manter
uma vigília estratégica. O futuro não é uma adivinhação, mas a consequência
do que já está acontecendo. É como se o proprietário da casa onde você mora
há muitos anos lhe pedisse para sair porque a lha dele vai casar e morar lá. De
repente, naquele mesmo caminho de todo dia, entre sua casa e o trabalho, você
começa a perceber que existem inúmeras placas de imóveis para vender ou
alugar, mas, quando não precisava, nem notava. Você vê o que quer ver, ouve
o que quer ouvir. Portanto, para estar vigilante na prospecção do futuro é
fundamental de nir qual é o seu projeto de vida, os objetivos, e car atento,
monitorando aquilo que é importante para a carreira, a empresa, etc. Esta é a
arte do sucesso na carreira: ter um projeto, ampli car as capacidades naturais e
desenvolver as competências essenciais, que, provavelmente, são as tão
procuradas chaves para o sucesso.
Reciprocidade
Sentimo-nos obrigados a retribuir favores recebidos.
Todas as sociedades possuem normas e regras não escritas que “obrigam” as
pessoas a retribuírem, de algum modo, o que lhes foi dado. Receber presentes,
amostras grátis ou favores, mesmo sem serem solicitados, induzem você a
comprar produtos ou a escolher pessoas, marcas ou alternativas. A
reciprocidade envolve mais que presentes e favores. Inclui também concessões
e compensações que umas pessoas fazem às outras. É o que ocorre quando
alguém recusa uma proposta maior, por exemplo, e depois ca propenso a
aceitar uma segunda oferta a título de compensação.
Em uma experiência feita pela equipe de Cialdini, em meados dos anos
1970, os pesquisadores abordaram um grupo de passantes na rua e perguntar se
estariam dispostos a atuar como voluntários levando jovens infratores a um
passeio no zoológico. Menos de 17% aceitaram. Depois, com outros
transeuntes, zeram um pedido maior e mais difícil: se aceitariam trabalhar
gratuitamente como conselheiros de infratores no centro de correção juvenil.
Todos rejeitaram. Mas, logo em seguida, quando eles perguntavam se, então,
poderiam ciceronear um grupo de jovens infratores em uma visita ao zoo da
cidade, o índice de aceitação subiu para mais de 50%. A conclusão é que, neste
caso, as pessoas se viam obrigadas a dizer sim.
Coerência
Sentimo-nos obrigados a cumprir o que prometemos ou a terminar o que
começamos.
Quando por alguma razão damos nossa palavra ou con rmamos nossa
presença, somos levados a respeitar o que foi dito. Uma experiência feita pela
equipe de Joseph Schwarzwald, em Israel, mostra que a quantidade de pessoas
que davam contribuições em dinheiro para uma associação de de cientes
físicos praticamente dobrou após ter adotado a seguinte prática: uma semana
antes de solicitar a doação, os pesquisadores faziam um abaixo-assinado de
apoio aos de cientes físicos. Uma semana depois, quem tivesse assinado a lista
sentia-se obrigado a contribuir.
Gostar (a nidade)
A nidade, empatia e afeição de nem um sentimento de conexão entre as
pessoas, como o “gostar” de alguém. As pessoas preferem concordar e dizer sim
para aqueles de quem gostam.
Alguns fatores ampli cam essa tendência natural. Até mesmo a atração física
pode ser um fator a mais. Arrecadadores de doações mais bonitos conseguem
mais donativos (conforme pesquisa feita em 1993 por Reigen e Kernan, da
Universidade do Arizona), candidatos sicamente mais atraentes recebem mais
votos (segundo Efran e Peterson, da Universidade de Toronto), etc. A
similaridade facilita o rapport e a empatia e, portanto, a afeição. Bons
vendedores simulam ou descobrem elos de conexão com o consumidor para
convencê-los da compra. Elogios também facilitam a decisão de “gostar”. A
cooperação é outro fator que ajuda no desenvolvimento de simpatia e afeição.
Autoridade
Ouvimos e concordamos mais facilmente com especialistas ou com quem
tem posição de comando e autoridade.
Diante de uma gura de autoridade, somos levados a aceitar suas opiniões e
seguir suas recomendações. Isto explica e justi ca o uso de uniformes, paletó e
gravata, títulos acadêmicos, cargos, referências a fontes, pesquisas e tudo mais.
Publicitários utilizam atores se passando por médicos (ou até mesmo médicos
reais) para “vender” produtos ou tratamentos. O poder de persuasão é
aumentado com referências a autoridades ou especialistas, que validam e
con rmam nossas opiniões e escolhas.
Escassez
Mercadorias, oportunidades e alternativas tornam-se mais desejadas
conforme se tem a percepção de que elas caram menos disponíveis e acessíveis
ou se tornaram escassas.
Publicitários aproveitam muito essa característica, usando com ênfase
expressões do tipo “por tempo limitado”, “últimas unidades”, etc.
A escassez altera não apenas o valor de bens e produtos, mas afeta também a
“qualidade” das informações, que, se forem exclusivas, têm mais valor para nós.
Autointeresse percebido
A melhor forma de persuadir alguém é apresentar as coisas de tal forma que
sejam percebidas como de interesse do interlocutor a quem você quer
in uenciar e nunca como algo de seu próprio interesse.
Humor e incongruência
Humor é essencial. Para mudar a forma de pensar de alguém, faça-o rir.
A importância do humor para in uenciar os outros vem de um de seus
componentes: a incongruência. As melhores anedotas são as inesperadas, que
violam as expectativas. O inesperado nos faz parar para tentar entender. Nessa
fração de segundo em que o cérebro tenta se achar, estamos abertos para novas
ideias. A neurologia da incongruência está bem pesquisada e documentada. A
amígdala do cerebelo, o centro das emoções no cérebro, é mais sensível a um
estímulo inesperado do que ao previsível. Essa descoberta comprova que a
incongruência não só atrai a atenção (fator-chave no processo de in uenciar)
como também provoca uma ruptura cognitiva no cérebro. Mas, além do
inesperado, incongruência é, sobretudo, o “reenquadramento” e a
“ressigni cação”, ou seja, uma percepção diferente daquilo em que
acreditamos.
Con ança
Con ança é um dos mais fortes componentes da persuasão. Obter a con ança
da pessoa a quem se quer in uenciar ou convencer nos coloca em uma situação
privilegiada.
A con ança passa de uma pessoa à outra por meio da linguagem, da
aparência, do comportamento, de crenças, percepções, tradições, mitos,
cultura, etc. Marcas conhecidas, preços mais altos e certi cações fazem
acreditar na melhor qualidade do produto. É por isso que marcas fortes fazem
sentido em publicidade.
Fazer acontecer
Para fazer as coisas acontecerem, o líder precisa ser um executor, ou seja,
conseguir transformar ideias e estratégias em ações e realizações. Deve decidir e
escolher caminhos e alternativas, selecionar pessoas, montar equipes e saber
implementar mudanças. Fazer acontecer signi ca ter autoridade ou ter poder.
Um gestor utiliza mais sua autoridade para conseguir um bom rendimento da
equipe, enquanto um líder usa suas fontes de poder para in uenciar. O desa o
da liderança é conciliar as duas formas para conseguir a adesão das pessoas.
É
ou líder servidor. É conhecer e saber usar as forças e os aspectos positivos das
pessoas e da empresa.
Para cultivar um clima positivo, líderes positivos desenvolvem atividades
para expandir a compaixão, o perdão e a gratidão.
Para desenvolver a compaixão, a empatia e a compreensão das necessidades
dos outros, as prioridades são criar e desenvolver o conceito de comunidade,
de coletivo das informações, emoções e respostas, em um processo de
entendimento e apreensão dos problemas pessoais e pro ssionais de cada
indivíduo do grupo.
Para desenvolver a capacidade do perdão de cada um e de todos no grupo
(não da tolerância), é preciso desenvolver a compreensão, a aceitação, os
cuidados com a linguagem, com a comunicação, e evitar retaliação ou
vingança. Como disse Desmond Tutu, que recebeu o Nobel da Paz em 1984:
“No perdão o povo não é solicitado a esquecer. Ao contrário, é importante
lembrar, para não permitir que as atrocidades aconteçam novamente. Perdão
não signi ca desculpar o que foi feito. Signi ca tentar entender quem fez o
que fez e ter a empatia para tentar se colocar na posição do outro e avaliar que
tipo de pressões e in uências ele deve ter sofrido. Perdão signi ca abandonar o
direito de pagar com a mesma moeda, e é isso que liberta”.
Criar um sentido de gratidão tem efeito profundo no desempenho das
pessoas e do grupo. Procurar pessoalmente os colaboradores para agradecer-
lhes, expressar isso por escrito, fazer listas diárias ou semanais das coisas boas ou
de eventos positivos que aconteceram e induzir as pessoas a fazerem o mesmo
estabelece um extraordinário efeito positivo nos aspectos siológico,
psicológico e cognitivo, no desempenho organizacional e pessoal do grupo.
A “comunicação apoiadora”
A comunicação apoiadora é outro meio de que os líderes dispõem para criar
um desempenho positivo por meio de suas reuniões de feedback, sobretudo
quando precisam tomar ações corretivas, fazer críticas ou passar mensagens
negativas. Esse tipo de comunicaçãotem o nome de “apoiadora” porque
procura preservar ou desenvolver um relacionamento positivo, mesmo quando
há feedback negativo. A comunicação apoiadora consiste em pelo menos oito
técnicas: congruente, descritiva, centrada no problema, validada, conjuntiva,
especí ca, personalizada e escuta re exiva (Cameron, 2008). A mais
importante e poderosa prevê o uso da comunicação descritiva em vez da
avaliativa na identi cação e solução de problemas.
A comunicação avaliativa faz um julgamento ou rotula o indivíduo ou seu
comportamento. Por exemplo, “você está errado” ou “você é incompetente”.
Em geral, esse tipo de comunicação provoca comportamentos defensivos,
sentimentos de desvalorização e desistência. Também é utilizada por pessoas
que não sabem como ser honestas e francas sem emitir um julgamento quando
as coisas vão mal. A forma alternativa à avaliativa é a comunicação descritiva,
que permite à pessoa ser coerente e autêntica, dando uma informação negativa,
mas, ao mesmo tempo, mantendo-se apoiadora. A comunicação descritiva (que
descreve o fato), em vez da avaliativa (que avalia o indivíduo: “você é/ou
fez...”), é feita em três passos.
Primeiro, faça uma descrição objetiva do evento no qual ocorreu o erro ou
o comportamento a ser corrigido. Essa descrição deve ser objetiva e o menos
passional possível, focada na ação ou no evento, mas nunca nas pessoas. Pode
identi car o comportamento que precisa ser con rmado e validado, deve ser
passível de ser modi cada e comparada com padrões aceitáveis, e nunca com
opiniões. Não são permitidas impressões subjetivas ou atribuições de
motivações e culpas para a outra pessoa.
O segundo passo descreve de forma objetiva as reações ou as consequências
do comportamento. O comunicador tem de estar atento a seus próprios
sentimentos e reações. A melhor forma é usar uma expressão como “estou
preocupado com a produtividade”. As consequências também devem ser
comunicadas objetivamente, do tipo “os lucros estão baixos este mês”. O mais
importante é que comportamentos e consequências sejam descritos sem
acusações.
Em terceiro lugar, vem uma discussão/diálogo sobre sugestões de possíveis
melhores alternativas para resolver o problema e não a pessoa. Isso ajuda o
outro a participar da solução sem se sentir pessoalmente criticado.
Implementar esses três passos conduz o feedback para uma conversa
construtiva.
Outras estratégias para a comunicação apoiadora são: manter a coerência
entre palavras, sentimentos e pensamentos, ou seja, ser autêntico e sincero;
car atento ao problema em vez de focar nas pessoas, isto é, concentrar-se nas
ações e não nas atitudes; usar comunicação validada, buscando a con rmação
do outro; ser especí co, fazendo referências a exemplos ou comportamentos
atuais; ser conjuntivo, referindo-se a mensagens anteriores, e concreto, indo
direto ao assunto; assumir a responsabilidade pela mensagem, de maneira
personalizada; e, nalmente, manter uma escuta ativa e re exiva, sondando as
respostas para comprovar o posicionamento do outro.
Conclusão
Nosso objetivo era apresentar uma nova forma de se pensar sobre liderança.
Mostrar que é importante se concentrar nos aspectos externos, indo além dos
internos e pessoais. Indicar que a liderança é exercida na busca de resultados e
no atendimento das expectativas de clientes, fornecedores, investidores e
comunidade, que querem e precisam de resultados imediatos. Para atender às
expectativas, é preciso ter coragem de tomar decisões, escolher e descartar
opções. Não se pode errar. Para não falhar, é necessário planejar, estar atento.
aprender a se antecipar aos acontecimentos, saber ouvir, conviver e in uenciar
os outros, além de saber executar e implantar projetos. É importante aprender
a formar e desenvolver equipes e talentos, permitindo que as pessoas tenham
liberdade para atuar e estabelecer seus métodos de trabalho e que sintam que
seu trabalho tem um signi cado e que elas são úteis e importantes. Isso
depende sempre do estilo da liderança. Líderes positivos e exíveis acreditam
nas pessoas como chaves do sucesso, aceitam e perdoam erros, pois sabem que
o medo atro a a criatividade e o espírito inovador. Líderes positivos
estabelecem padrões e expectativas bem altas, acompanhando de perto seu
atingimento, mas reconhecem e agradecem quando sua equipe tem um
desempenho excepcional. Eles também sabem que devem se tornar a principal
fonte de inspiração e admiração de sua equipe.
AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES
Tudo o que foi dito e demonstrado até agora descreve regras e princípios para
que as pessoas se tornemmelhores líderes, estrategistas, executores, gestores e
desenvolvedores de talentos – para construir uma melhor liderança. A
proposição agora é como avaliar e desenvolver os líderes. O ponto de partida é
deixar claro o que se espera deles e o que está de nido como a marca da
liderança. A isso damos o nome de “construção da declaração da marca da
liderança”. A declaração capta a essência da liderança da empresa porque de ne
o que empregados, clientes, fornecedores e investidores conseguem ver na
forma como os líderes exercem o comando do projeto. A partir desse ponto,
podemos de nir se cada um dos líderes da empresa cumpre as metas e de que
forma podemos apoiá-los na busca de superação e desempenho acima do
esperado.
1. Qualidade certa
Qualidade certa é a medida de como cada líder internaliza a declaração da
marca da liderança. Para medir a qualidade, em primeiro lugar traduza a
declaração da marca da liderança em comportamentos e traços de caráter dos
líderes, de modo que os pontos a serem avaliados estejam muito claros. Por
exemplo, se a declaração inclui a expressão “experiente”, decomponha o
conceito em termos de comportamentos e atributos tais como: o
conhecimento sobre os clientes, a capacidade de aplicá-lo por meio da
comunicação e das habilidades interpessoais, a con ança para permanecer
calmo e seguro de si em situações difíceis. Com uma extensa lista desses
comportamentos e traços de caráter, podem-se utilizar as técnicas de entrevistas
comportamentais, como, por exemplo, as entrevistas por competência. Outra
abordagem é a utilização de testes psicológicos, o que inclui uma análise dos
requisitos necessários para a tarefa de líder e identi ca a qualidade do ajuste
entre os talentos potenciais e as necessidades atuais. O processo determina os
pontos fortes e fracos do candidato em relação às exigências pro ssionais. O
feedback deve ser fornecido discretamente, em sessões individuais, orientadas
para promover o crescimento e a melhoria nas áreas mais frágeis e reforçar os
pontos fortes identi cados. As avaliações 360° são outra forma de avaliação que
inclui contribuições de cada um dos subordinados diretos, dos pares, dos
superiores e, se possível, dos clientes.
2. Momento certo
A maioria das avaliações cria uma ilusão, analisando de maneira estática a
existência ou não de determinadas características, mas não consegue explicar se
elas estão efetivamente sendo utilizadas. Além disso, um padrão de
comportamento de liderança, que pode ser perfeito para uma função e para
um projeto, dará errado em outros momentos. Há exemplos de indivíduos que
pareciam ter alto potencial e bom desempenho, mas fracassaram após serem
promovidos para cargos em que aquelas qualidades, consideradas como
vantagens outrora, tornaram-se obstáculos. Para resolver esse problema, Gene
Dalton e Paul ompson criaram na década de 1980 o conceito dos quatro
estágios, que é a base para o desenvolvimento da liderança e avalia o
desempenho pro ssional em cada uma dessas fases. Os quatro estágios são:
aprendiz, colaborador, líder local e líder global (mais detalhes no item c, pág.
79).
3. Avaliações psicométricas
O desenvolvimento e a avaliação da liderança envolvem um sistema complexo
de análise e uma combinação de testes psicométricos e instrumentos usados há
muito tempo com o objetivo de validar o diagnóstico.
a) Testes de inteligência
A primeira medida prática foi a avaliação da quantidade de inteligência,
estabelecida pelo francês Alfred Binet, cujos estudos visavam à identi cação de
crianças “excepcionais” no aprendizado para colocá-las em salas especiais. O
termo QI (quociente de inteligência), entretanto, só foi usado em 1916,
quando Lewis Terman adaptou para o inglês o teste de Binet. O QI diz
respeito à relação existente entre o nível de maturidade mental e a idade
cronológica: [QI = 100 * NM / IC]. Esse tipo de medida se popularizou em
função dos famosos testes Army Alpha e Army Beta, utilizados na Primeira
Guerra Mundial (1914-1918), quando foram empregados pelo Exército norte-
americano para a seleção de soldados.
A partir da sua popularização, o teste passou a ser incorporado como critério
de avaliação e escolha. Com a evolução das técnicas, dos instrumentos e dos
métodos de exame, novas formulações teóricas começaram a ser elaboradas e,
de alguma forma, reduziram o peso do teste de QI como critério de capacidade
e de possibilidade de sucesso.
As novas teses – mais amplas e abertas – incluem a teoria da inteligência
uida e a teoria cristalizada, ambas de John Horn, a teoria das inteligências
múltiplas de Howard Gardner, a teoria triárquica da inteligência de Robert
Stemberg, e a polêmica teoria da inteligência emocional, de nida por John
Mayer e Peter Salovey, além de Daniel Goleman. A partir delas, o conceito de
inteligência expandiu-se e ganhou novas formas. Ficou estabelecido que
existem vários aspectos de inteligência e que, na maioria das tarefas humanas e
pro ssionais, algumas formas são tão ou mais importantes que o antigo QI.
Então, tem-se um lado mais abstrato (mais Córtex), mais de visão global
– Racionalizar (CE), Administrar (LE), Intercambiar (LD), Conceber (CD)
–, e outro mais concreto (mais Límbico), mais comprometido com a
ação, mais à escuta do campo de ação – Avaliar (CE), Realizar (LE),
Sentir (LD), Desbravar (CD).
Expressões
As expressões são:
b.3) DISC
O DISC (Dominance In uence Steadiness Compliance) é uma das
ferramentas de diagnóstico mais utilizadas para a avaliação do per l de
uma pessoa. Esta metodologia cruza a análise dos quatros fatores-chave –
dominância, in uência, estabilidade, conformidade – com dois eixos
comportamentais fundamentais: assertividade/passividade e
fraqueza/controle
A dominância é o fator do controle e da assertividade, indicando como
o indivíduo age mediante desa os. Pessoas com um alto grau de
dominância são competitivas e decisivas, voltadas para resultados. A
in uência, que é o fator dos relacionamentos pessoais e da comunicação,
revela como a pessoa in uencia e é in uenciada. A estabilidade diz
respeito a paciência e lealdade; indica a reação diante de mudanças. A
conformidade, como fator do detalhe e dos fatos, mostra o modo de lidar
com regras e procedimentos.
c) Teoria dos estágios
Uma das formas de avaliação é a utilização da estrutura dos quatro estágios,
conceito de nido por Gene Dalton e Paul ompson em 1985. Em vez de ser
prescritiva e normativa, essa estrutura re ete o que as empresa valorizam,
avaliando o desenvolvimento da liderança, que se realiza em quatro fases.
Estilos de aprendizagem
Para desenvolver líderes, temos de ensiná-los, antes de tudo, a repensar suas
formas de aprendizado e de busca de solução.
Um dos melhores modelos de avaliação dos estilos de aprendizado é o LSI
(Learning Styles Inventory), desenvolvido por Davi Kolb, em 1981 (Wysocki,
2001). O LSI difere de outros testes utilizados na educação por ter como base
um sistema abrangente de desenvolvimento, que é a teoria da aprendizagem
experiencial (ELT – Experiential Learning eory), construída sobre as
seguintes proposições:
Investimento em capacitação
Há regras que devem ser seguidas para se conseguir bons resultados, e elas
foram resumidas nos sete princípios a seguir.
Medidas de evolução
Como medir a e cácia dos treinamentos e do desenvolvimento da liderança?
Existem dois critérios para medir o retorno sobre o investimento em
liderança. Um é o enfoque da competência e o outro vê o retorno concreto
sobre investimento em treinamento.
O enfoque da competência mede esforços isolados dos investimentos feitos
no desenvolvimento de características especí cas dos líderes, mas não consegue
dimensionar a aplicação prática daquela competência formada ou expandida.
Portanto, a avaliação restringe-se a medidas da atividade (quantas pessoas
foram treinadas, quantas horas de treinamento) ou ao impacto percebido
(análise subjetiva dos cursos de treinamento de qualidade) ou ao cálculo das
competências aprendidas (resultado dos testes realizados durante o curso). Não
é, porém, a maneira mais adequada.
A outra forma – o retorno concreto sobre investimento em treinamento –
mede e avalia os resultados práticos nos modelos da liderança.
De todas as medidas que podem ser aplicadas, existem três que são as mais
importantes.
Networking: desenvolvendo
relacionamentos positivos
Um relacionamento social positivo, com conexões e interações interpessoais
satisfatórias, torna-se fator fundamental nos processos comerciais. Uma relação
a rmativa e manifestações de apoio provocam efeitos positivos na performance
e no desempenho. Quando as pessoas se sentem pertencendo a um grupo,
dando e recebendo suporte e encorajamento, e têm as suas necessidades
atendidas reciprocamente, elas cam mais seguras, o que aumenta sua
produtividade. Construir um grupo com uma rede de relacionamento positivo
entre os parceiros pro ssionais e comerciais é fator essencial para um
desempenho excepcional. Também crescem as chances de fechar novos
negócios por meio de uma indicação – boas oportunidades são compartilhadas
com os amigos.
Para construir redes positivas de relacionamento é preciso ser alguém
otimista, con ável, desprendido, que funcione como centro de in uência e
fonte de informação, mas também que saiba identi car e trazer para a rede
outros energizadores positivos, evitando indivíduos negativos, críticos,
pessimistas, egoístas e in exíveis, que esgotam a energia, os bons sentimentos e
o entusiasmo dos outros. Um líder e ciente desenvolve o relacionamento
a rmativo não só pelo seu comportamento pessoal, mas também pela
montagem de uma rede de energizadores positivos.
O fator aglutinador que permite maximizar os efeitos dos contatos é fazer
com que as pessoas percebam como e o que podem ganhar com cada parceiro
na rede. Essa percepção pode transformar uma simples rede de contatos em
uma comunidade de negócios. Cada participante deve de nir o que esperar
dos outros e também lhes oferecer soluções e apoio. Para que sua rede se
mantenha e cresça, o líder positivo tem de estar visível e disponível. Precisa se
mostrar aberto e amigável, ser simpático e projetar uma imagem positiva e
bem humorada. Deve transmitir segurança e gerar con ança, além de
demonstrar interesse real pelos outros. Envolvimento é a palavra-chave para
que uma rede positiva de relacionamento abra as portas e crie oportunidades,
assim como ter uma comunicação positiva, transmitir otimismo e criar
expectativas proveitosas.
CLIMA ORGANIZACIONAL POSITIVO,
LIDERANÇA POSITIVA E RESULTADOS
FINANCEIROS
É
conteúdo especí co. É gostar de aprender coisas, mesmo quando não há
incentivos externos para isso.
3. Abertura a novas ideias, com juízo e pensamento crítico
Capacidade de saber confrontar suas próprias crenças, planos ou objetivos
e ser capaz de mudar de ideia. Tirar conclusões apenas depois de avaliar
todas as possibilidades, de forma racional e objetiva, sem preconceitos.
Inclui pensamento crítico, juízo e critério.
4. Criatividade, originalidade, inteligência prática
Pensar em formas novas e produtivas de fazer as coisas inclui a criação
artística, mas não se limita a isso. Criatividade implica dois componentes
essenciais: originalidade e adaptabilidade. É necessário ter interesse pelo
que acontece no mundo, por encontrar tópicos e ideias originais (novas,
surpreendentes ou incomuns), explorar e descobrir coisas novas.
Originalidade e criatividade precisam contribuir positivamente para
melhoria da vida das pessoas e comunidades.
5. Perspectiva
Capacidade de dar bons conselhos e opiniões, de encontrar formas de
compreender o mundo e de ajudar os outros a entendê-lo. É saber ouvir
os outros, avaliar o que dizem e, então, oferecer bons conselhos.
É a sabedoria propriamente dita, o conhecimento e a experiência,
incluindo o seu uso para aumentar o bem-estar.
B. Forças da coragem
São forças emocionais que envolvem a realização de objetivos em situações
difíceis. É a capacidade de enfrentar algo quando seria mais fácil ceder e
desistir, como encarar o perigo, apesar do medo, e arcar com as consequências.
Essas forças podem ser físicas (superar o medo de se ferir ou de morrer), morais
(suportar perdas e manter a integridade) ou psicológicas (encarar problemas,
doenças graves ou hábitos destrutivos). A seguir, as quatro forças de caráter que
compõem a virtude da coragem.
6. Valentia
É
É não se deixar intimidar com ameaças, mudanças, di culdades ou dor.
Capacidade de defender uma posição que se acredita ser correta, embora
haja forte oposição dos outros, e agir de acordo com suas convicções,
mesmo se criticado. Inclui força física, heroísmo e bravura.
7. Perseverança e diligência
Inclui insistência e zelo para terminar o que começou. Signi ca persistir
em uma atividade, mesmo diante de obstáculos, di culdades,
desencorajamento e resistências. Perseverança não quer dizer perseguir
obsessivamente metas inatingíveis, mas persistir quando é correto e
aconselhável. É obter satisfação com o trabalho realizado e com o êxito
alcançado.
8. Integridade, honestidade, autenticidade
Implica sempre falar a verdade e assumir a responsabilidade por seus
próprios sentimentos e ações. Inclui autenticidade e sinceridade, bem
como ser moralmente coerente, ou seja, “verdadeiro” consigo mesmo e
com os outros.
9. Vitalidade e paixão pelas coisas
Traduz-se em enfrentar a vida com entusiasmo vigor e energia, em fazer as
coisas com convicção, dando tudo de si, e em viver a vida como uma
aventura emocionante, sentindo-se vivo e ativo. Vitalidade é indicador de
boa saúde física e de ausência de fadiga e doença. Também está
diretamente associada a fatores psicológicos positivos, como sentir-se vivo,
estar cheio de energia e entusiasmo por todas as atividades, mesmo em
circunstâncias difíceis e potencialmente desanimadoras.
C. Virtudes humanitárias
São atos de generosidade, bondade ou benevolência, reconhecidos e
valorizados, como cuidar e oferecer amizade e carinho aos outros.
Humanidade e justiça envolvem a melhoria do bem-estar coletivo.
Humanidade é a preocupação com os outros, enquanto justiça se apoia na
imparcialidade. Humanidade é entendida como “qualquer ato, feito ou padrão
de comportamento socialmente construtivo, que de alguma forma bene cia
outra pessoa ou grupo” (Corsini, 2002). São três as forças de caráter da
humanidade.
10. Amor, apego, capacidade de amar e ser amado
Disposição para manter relacionamentos importantes e valiosos com as
pessoas, nos quais prevalecem o afeto e o cuidado mútuos – sentir-se
próximo e ligado a outros. Representa uma postura cognitiva,
comportamental e emocional. Inclui o amor romântico, a amizade, o
amor entre pais e lhos, as relações de aconselhamento e os vínculos
emocionais entre membros de equipes, colegas de trabalho, etc. O amor
é sinalizado pela troca de ajuda, consolo e aceitação, e envolve
sentimentos positivos fortes, compromissos e até mesmo sacrifícios.
11. Compaixão, bondade, generosidade
Traduz-se em ajuda, desenvolvimento de boas ações, apoio e cuidado
com os outros, além de generosidade, atenção, empatia, altruísmo e
delicadeza. É a tendência de ser bom, misericordioso, interessado no
bem-estar, de fazer favores, praticar boas ações e cuidar dos outros sem
nenhuma razão utilitária, mas por vontade própria.
12. Inteligência emocional, pessoal e social
É ter empatia, perceber as emoções e os sentimentos próprios e alheios,
saber como se comportar em diferentes situações sociais, ciente de que as
coisas são importantes para as outras pessoas. Inclui habilidade e
capacidade de entender e administrar emoções, avaliando sentimentos,
desempenhos e motivos, e de agir adequadamente em relacionamentos,
identi cando o conteúdo emocional em expressões e gestos dos outros
para facilitar as interações.
D. Virtudes de justiça
São as forças da vida cívica em uma comunidade saudável que tornam a
existência justa, associada às noções de equidade e imparcialidade. O respeito às
leis garante a imparcialidade, a justiça (fairness), a liderança, a cidadania e o
trabalho em equipe. Resumidas a seguir, as forças de caráter da justiça são
interpessoais e relevantes para o convívio do indivíduo com o grupo ou a
comunidade.
13. Cidadania, civilidade, lealdade, trabalho em equipe
É ter responsabilidade social, trabalhar e conviver bem com as pessoas,
respeitando-as e sendo el, sentindo-se parte do grupo. Implica
identi cação e comprometimento com o bem comum, que vai além do
interesse pessoal, e um sentido de dever com o grupo, que se demonstra
ao assumir responsabilidades, por acreditar que esta é a maneira correta
de agir de um membro de uma equipe, de uma comunidade ou até de
toda a espécie humana.
14. Sentido de justiça, igualdade, equidade
É tratar todos como iguais, de acordo com as noções de equidade e
justiça (fairness), sem deixar que sentimentos pessoais in uenciem as
decisões, dando a todos as mesmas oportunidades. Justiça é produto do
julgamento moral, ou seja, um processo pelo qual as pessoas determinam
o que é moralmente certo, errado e condenável.
15. Liderança
É a capacidade de coordenar e encorajar as atividades de um grupo, além
de criar e desenvolver boas relações entre seus membros. Inclui uma
gama de atributos cognitivos e de temperamento para orientar,
in uenciar e ajudar os outros, bem como para dirigir e motivar suas ações
rumo ao sucesso coletivo. É a busca e o desempenho de papéis de
comando em sistemas sociais de forma bem-sucedida.
E. Temperança, moderação
São forças que protegem contra os excessos. Traduz-se pela habilidade de
controlar emoções, motivações e comportamentos, além de relacionar-se ao
controle e à moderação dos impulsos indesejáveis, assim como ao autocontrole
e à capacidade de fazer o certo e evitar o errado.
16. Perdão e misericórdia
Capacidade de perdoar quem comete erros e ofensas, dando uma
segunda chance, sem ser vingativo ou rancoroso. Ter comportamento
mais positivo, benevolente, bondoso, generoso e menos negativo ou
evasivo. Demonstrar misericórdia, o que envolve bondade, compaixão e
indulgência em relação ao outro.
17. Modéstia, humildade
Implica não falar demais de si próprio nem se autoelogiar, procurar ser o
centro das atenções ou acreditar que se é melhor do que outros.
Reconhecer erros e imperfeições. Não atribuir crédito ou mérito
exagerado às próprias realizações, mas sentir-se afortunado por algo de
bom que aconteceu. Ser modesto e discreto (comportamento, postura,
roupas, carros, etc.).
18. Prudência, discrição, cautela
É ser cauteloso ao tomar decisões, para não correr riscos indevidos nem
dizer ou fazer qualquer coisa da qual possa se arrepender. É a capacidade
de avaliar as consequências das ações, com uma orientação para o futuro,
a m de atingir objetivos de forma efetiva, sem sacri car as metas de
longo prazo em troca de prazeres no curto prazo.
19. Autocontrole, autorregulação
É ser capaz de controlar os próprios sentimentos e ações, tendo disciplina
e domínio sobre impulsos e emoções para atingir objetivos e viver à
altura de padrões morais, de desempenho, bem como de ideais, normas e
expectativas sociais. Implica manter a autodisciplina, forçando-se a
realizar algo mesmo quando tentado a fazer o contrário.
F. Transcendência
Força que forja vínculos com a imensidão do universo e dá sentido à vida,
estabelecendo uma conexão com algo mais alto. Crença de que há um sentido
ou propósito maior, superior, que inspira esperança, reverência, gratidão ou
qualquer coisa que faça com que as preocupações diárias pareçam
insigni cantes e o “eu”, pequeno.
20. Apreciação de beleza e excelência da maravilha
É perceber e apreciar a beleza das coisas, do dia a dia, e ter interesse em
aspectos da vida, tais como natureza, arte, ciência, etc. É a experiência
emocional da reverência, com assombro e admiração quando diante da
beleza ou da excelência, e a habilidade de encontrar, reconhecer e ter
prazer na existência do que há de bom no mundo físico (ambiente) e
social (talento e virtude nos outros). É a virtude da transcendência,
porque permite a conexão com algo maior que si mesmo, podendo ser a
arte ou a música, o desempenho extraordinário de um atleta, a majestade
da natureza ou o brilho moral de outras pessoas.
21. Gratidão
Capacidade de reconhecer e agradecer as coisas boas que acontecem. É
saber dizer obrigado e ter a sensação de apreciação, identi cação de valor,
agradecimento e alegria em resposta ao recebimento de um presente, de
algum proveito, ou por um momento especial proporcionado por
alguém. É perceber e ser grato pelo benefício conseguido devido às ações
de outra pessoa.
22. Otimismo e esperança
É esperar o melhor para o futuro e trabalhar para conseguir realizá-lo.
Signi ca ter orientação, além de uma postura cognitiva, emocional e
motivacional, em direção ao futuro, acreditando que os eventos e
resultados desejados serão realidade, e agir de forma a torná-los mais
prováveis, sentindo con ança de que isso acontecerá.
23. Senso de humor, jovialidade
É ver sempre o lado bom da vida, reconhecendo o divertido, tendo
prazer e criando o inesperado e a incongruência. É ter uma visão alegre
das adversidades e, com isso, sustentar o bom humor, com a habilidade
de fazer os outros sorrirem.
24. Espiritualidade
É
Inclui religiosidade, fé e propósito. É acreditar que há um propósito, ou
signi cado universal em coisas que acontecem no mundo e que há algo
maior que a existência. Espiritualidade e religiosidade estão ligadas ao
interesse por valores morais e à busca do bem.
Otimismo e liderança
Otimismo é a disposição de encarar as coisas pelo lado positivo e acreditar
sempre em um desfecho favorável, mesmo em situações difíceis. É o oposto de
pessimismo, de nido como a tendência de ver e julgar as coisas pelo lado mais
desfavorável, esperando pelo pior.
O termo é originalmente atribuído ao lósofo Gottfried Wilhelm Leibniz,
que, no século XVII, estabeleceu que a divina inteligência escolhera entre os
diversos mundos possíveis, o que associava o máximo de bem e o mínimo de
mal, criando o melhor dos mundos. Essa doutrina losó ca, inclinada para a
esperança, indica que tudo ocorre do melhor modo possível, que tudo vai
bem, em oposição ao pessimismo.
A doutrina de Leibniz foi contestada pelo lósofo iluminista francês Voltaire
no século XVIII, em sua obra satírica Cândido ou o otimismo. Na verdade,
Voltaire criticou não apenas o otimismo, mas a religião, os teólogos, os
governos, o exército, as loso as e os lósofos. Posteriormente, no início do
século XIX, o lósofo inglês William Godwin, da doutrina utilitarista,
retomou a tese de Leibniz e foi mais longe, ao imaginar que a sociedade
chegaria ao estágio em que a razão e o otimismo substituiriam o uso da força e
da violência, a mente controlaria a matéria e a inteligência descobriria o
segredo da felicidade e da imortalidade (conceito de moral eudemonista).
Filoso camente, uma frase resume a doutrina utilitarista: agir sempre de forma
a produzir a maior quantidade de bem-estar (princípio do bem-estar máximo).
A psicologia associa otimismo a autoestima elevada, bem-estar mental e boa
saúde física, relacionando-o ao bom funcionamento do sistema imunológico e
à maior resistência ao estresse. O pessimismo, como antinomia à pessoa
mentalmente saudável, é a cognição dominante do deprimido. Apesar de o
otimismo e o pessimismo serem vistos como opostos, em termos psicológicos
podem não funcionar dessa maneira: ter muito otimismo não signi ca ter
pouco pessimismo, e vice-versa.
Do ponto de vista da evolução social, pode-se imaginar que o pessimismo
foi muito importante para a sobrevivência genética do ser humano. Por ser
assustado, atento ao pior que pode acontecer e sempre disposto a fugir ao
primeiro sinal de perigo, o pessimista foi provavelmente aquele que conseguiu
sobreviver. Os mais afoitos podem ter sido comidos pelos leões. Hoje, o
pessimismo não representa mais a mesma função, mas continuamos prestando
muito mais atenção aos riscos e sinais de perigo. Esse posicionamento explica
muita coisa, como, por exemplo, por que notícias alarmistas e pessimistas
vendem mais jornal ou por que somos atraídos por críticas e fofocas, por
notícias que nos assustam, por crimes, incêndios, acidentes de estrada, etc. É
puro instinto de sobrevivência.
As perguntas
1. O projeto sob sua responsabilidade teve um grande sucesso. PsB
A. Eu controlei de perto o trabalho de todos. 1
B. Todos dedicaram muito tempo e energia para isso. 0
2. Você e seu cônjuge (ou namorado/namorada) fazem as pazes depois de uma briga. PmB
A. Eu perdoei. 0
B. Normalmente eu perdoo. 1
3. Você se perde dirigindo para casa de um amigo. PsM
A. Eu errei o caminho. 1
B. Meu amigo não me deu boas indicações. 0
4. Seu cônjuge (ou namorado/namorada) o surpreende com um presente. PsB
A. Ele/ela deve ter tido um aumento de salário. 0
B. Eu o/a levei para um jantar especial na noite anterior. 1
5. Você se esqueceu do aniversário de seu cônjuge (namorada/namorado). PmM
A. Eu não sou bom para lembrar datas de aniversário. 1
B. Eu estava preocupado com outras coisas. 0
6. Você recebeu uma or de um admirador secreto. AbB
A. Ele/ela me acha uma pessoa atraente. 0
B. Eu sou uma pessoa popular. 1
7. Você concorre a um cargo eletivo na comunidade e ganha. AbB
A. Eu devotei muito tempo e energia na campanha. 0
B. Eu sempre me dedico muito em tudo o que faço. 1
8. Você perde um compromisso importante. AbM
A. Às vezes, minha memória falha. 1
B. Eu às vezes me esqueço de veri car minha agenda. 0
9. Você concorre para um cargo eletivo na comunidade e perde. PsM
A. Eu não z uma boa campanha. 1
B. A pessoa que ganhou era mais conhecida que eu. 0
10. Você recebeu pessoas em um jantar que foi muito bem-sucedido. PmB
A. Eu estava particularmente encantador(a) naquela noite. 0
B. Eu normalmente sou um bom an trião. 1
11. Você impediu um crime, chamando a polícia. PsB
A. Um barulho estranho chamou minha atenção. 0
B. Eu estava alerta naquele dia. 1
12. Você foi extremamente saudável o ano todo. PsB
A. Poucas pessoas ao meu redor caram doentes, então eu não quei exposto(a). 0
B. Eu z questão de comer bem e descansar bastante. 1
13. Você deve dinheiro à locadora (biblioteca) por que devolveu um lme (livro) com atraso.
PmM
A. Quando estou muito interessado no lme (livro), às vezes me esqueço da data da
devolução. 1
B. Eu estava tão envolvido fazendo um relatório que me esqueci de devolver o lme (livro).
0
14. Suas aplicações em ações zeram você ganhar um monte de dinheiro. PmB
A. O meu corretor (gerente da conta) decidiu aplicar em algo novo. 0
B. O meu corretor (gerente da conta) é um investidor de primeira linha. 1
15. Você ganhou uma competição esportiva. PmB
A. Eu estava me sentindo muito bem, imbatível. 0
B. Eu treino muito. 1
16. Você foi reprovado em um teste importante. AbM
A. Eu não era tão bom como as outras pessoas que zeram a prova. 0
B. Eu não me preparei muito bem. 1
17. Você preparou uma refeição especial para um amigo(a) e ele/ela mal tocou na comida.
AbM
A. Eu não sou muito bom (boa) na cozinha. 1
B. Eu preparei a comida às pressas. 0
18. Você foi derrotado em uma competição esportiva para a qual treinou por muito tempo. AbM
A. Eu não sou muito bom (boa) atleta. 1
B. Eu não sou bom (boa) nesse tipo de prova esportiva. 0
19. Acabou a gasolina de seu carro em uma rua escura, à noite. PsM
A. Eu não veri quei quanto tinha de gasolina no tanque. 1
B. O marcador de gasolina deve estar quebrado. 0
20. Você perdeu a paciência com um amigo(a). PmM
A. Ele/ela está sempre me importunando. 1
B. Ele/ela estava muito agressivo(a). 0
21. Você foi multado por não ter entregado o Imposto de Renda na data certa. PmM
A. Sempre deixo para fazer o meu Imposto de Renda de última hora. 1
B. Fiquei com muita preguiça de fazer o Imposto de Renda deste ano. 0
22. Você convida uma pessoa para um encontro, mas ele/ela não aceita. AbM
A. Eu estava péssimo(a) naquele dia. 1
B. Eu quei confuso(a) na hora de fazer o convite para o encontro. 0
23. Um apresentador de programa de auditório escolheu você na plateia para participar do
show. PsB
A. Eu estava sentado no lugar certo. 0
B. Eu parecia ser um dos mais entusiasmados(as). 1
24. Na festa você foi muito chamado(a) para dançar. PmB
A. Sou muito extrovertido(a) em festas. 1
B. Eu estava muito bem naquela noite. 0
25. Você comprou um presente para seu cônjuge (ou namorado/a), mas ele/ela não gostou.
PsM
A. Eu não penso muito para escolher coisas desse tipo. 1
B. Ele/ela tem um gosto muito estranho. 0
26. Você se saiu excepcionalmente bem em uma entrevista de emprego. PmB
A. Eu me senti muito con ante durante a entrevista. 0
B. Eu me saio bem em entrevistas. 1
27. Você contou uma piada e todo mundo riu. PsB
A. A piada era engraçada. 0
B. Eu contei muito bem a piada. 1
28. Seu chefe lhe deu pouco tempo para terminar um projeto, mas você conseguiu terminá-lo.
AbB
A. Eu sou bom no meu trabalho. 0
B. Eu sou uma pessoa e ciente. 1
29. Você está se sentindo esgotado ultimamente. PmM
A. Eu nunca tenho chance de relaxar. 1
B. Eu estava extremamente ocupado nesta semana. 0
30. Você convida alguém para dançar, mas ele/ela não aceita. PsM
A. Eu não sou bom dançarino(a). 1
B. Ele/ela não gosta de dançar. 0
31. Você salvou uma pessoa de morrer sufocada. AbB
A. Eu conheço a técnica para impedir que alguém se sufoque. 0
B. Eu sei o que fazer em situações de crise. 1
32. Seu parceiro amoroso pediu um tempo para pensar. AbM
A. Eu sou muito autocentrado(a). 1
B. Eu não dedico muito tempo para ele/ela. 0
33. Um(a) amigo(a) diz algo que fere seus sentimentos. PmM
A. Ele/ela sempre diz as coisas sem pensar nos outros. 1
B. Ele/ela estava de mau humor e descontou em mim. 0
34. Seu patrão pede sua opinião sobre um assunto. AbB
A. Eu sou um especialista na área sobre a qual fui consultado. 0
B. Eu sou bom para dar conselhos úteis. 1
35. Alguém próximo lhe agradece por você tê-lo ajudado a superar um mau momento. AbB
A. Gosto de ajudar as pessoas nos momentos difíceis. 0
B. Eu me importo com as pessoas. 1
36. Você passou um tempo maravilhoso em uma festa. PsB
A. Todo mundo foi muito simpático. 0
B. Eu fui muito agradável. 1
37. Seu médico lhe diz que você está em boa forma física. AbB
A. Eu faço exercícios com frequência. 0
B. Sou muito preocupado com a saúde. 1
38. Seu cônjuge (ou namorado/namorada) convida você para um m de semana romântico.
PmB
A. Ele/ela precisava descansar um pouco. 0
B. Ele/ela gosta de conhecer novos lugares. 1
39. Seu médico lhe diz que você come muito açúcar. PsM
A. Eu não presto muita atenção na minha dieta. 1
B. É difícil evitar o açúcar, porque faz parte de toda comida ou bebida. 0
40. Você é convidado para che ar um projeto importante. PmB
A. Eu acabei de che ar com sucesso um projeto semelhante. 0
B. Eu sou bom gestor de projeto. 1
41. Você e seu cônjuge (ou namorado/namorada) têm brigado muito. PsM
A. Tenho me sentido pressionado e irritado ultimamente. 1
B. Ele/ela tem sido muito hostil ultimamente. 0
42. Você cai muito quando vai andar de patins. PmM
A. Patinar é difícil. 1
B. As pistas são ruins. 0
43. Você ganhou um prêmio importante. AbB
A. Eu resolvi um problema importante. 0
B. Eu era o melhor empregado. 1
44. Suas ações estão em uma queda sem precedentes. AbM
A. Eu não conhecia muito a tendência dos negócios na época. 1
B. Eu z uma má escolha de ações. 0
45. Você ganhou na loteria. PsB
A. Foi puro acaso. 0
B. Escolhi os números certos. 1
46. Você ganhou peso durante as férias e agora não consegue perder. PmM
A. Dietas não funcionam a longo prazo. 0
B. A dieta que eu tentei não funcionou. 1
47. Você está no hospital e poucas pessoas vêm visita-lo. PsM
A. Eu co irritado quando estou doente. 1
B. Meus amigos não dão importância para essas coisas. 0
48. O seu cartão de crédito é rejeitado em uma loja. AbM
A. Às vezes, superestimo quanto dinheiro eu tenho. 1
B. Às vezes, me esqueço de pagar a conta do cartão de crédito. 0
A análise
A análise a seguir usa as regras de nidas no texto do livro Aprenda a ser otimista, de Martin
Seligman, no qual a pontuação é relacionada depois de cada categoria, juntamente com a
avaliação do autor para a pontuação obtida pelo indivíduo que estiver fazendo a avaliação.
Estilo explicativo
É a maneira como as pessoas explicam e justi cam a si mesmas como e por que
as coisas lhes acontecem – seus sucessos e fracassos. Ao contrário da opinião
estabelecida no behaviorismo sobre o “reforço contínuo” e a “extinção de
reforço parcial”, o que realmente importa para a continuidade e a persistência
dos esforços é o pensamento de cada pessoa sobre as causas dos êxitos e
fracassos. A experiência clássica demonstrava o seguinte: se você sempre dá
uma bolinha de comida quando um ratinho pressiona uma alavanca (reforço
contínuo), ele vai aprender a buscar alimento apertando a alavanca. Mas se
você cessa de alimentá-lo (extinção) quando ele empurra a alavanca, o ratinho
tentará mais três ou quatro vezes e, então, desistirá. Caso você dê a bolinha de
alimento apenas a cada cinco ou dez tentativas em que houver pressão na
alavanca (reforço parcial) e só então iniciar a extinção, o ratinho ainda tentará
por mais cem vezes antes de desistir. Esse princípio nunca funcionou muito
bem em experiências com seres humanos, porque algumas pessoas desistiam
rapidamente e outras insistiam inde nidamente.
Bernard Weiner, no nal dos anos 1960, criou a chamada “teoria da
atribuição”, que propõe que o que, de fato, determina a continuidade dos
esforços é o que as pessoas pensam sobre quais são as causas de seus fracassos ou
sucessos.Segundo Weiner, indivíduos que acreditavam que a extinção era
permanente desistiam, mas aqueles que achavam que seria uma situação
provisória insistiam e continuavam, mantendo a expectativa de que algo
poderia modi car-se e voltariam a receber o reforço como recompensa. O
comportamento é controlado não apenas pela “relação de reforço”, mas
principalmente pelo “estado mental”, pelas explicações habituais, cognitivas
conscientes, que as pessoas “dão” a si mesmas sobre a maneira como o
“ambiente” programa e retribui seus esforços.
Cada pessoa desenvolve um “estilo” de explicação, de ver as causas e de
esperar pelos resultados. Esse estilo contém três dimensões de explicação:
permanência, personalização e abrangência.
Permanência
É a relação do estilo com o tempo. Quando acontecem problemas ou eventos
desagradáveis, podemos achar que as causas sempre ocorrerão (são
permanentes) ou que aconteceram apenas naquele momento ou circunstância
(são temporárias).
Quem pensa nos maus momentos como permanentes, em termos de
“sempre” e “nunca”, do tipo “eu sempre esqueço as datas de...” ou “meu chefe
me odeia...”, tem um estilo mais pessimista. Quem vê os maus momentos
como temporários, aceitando que os reveses ocorrem “às vezes” ou “neste
momento”, do tipo “às vezes esqueço a data quando...” ou “meu chefe briga
comigo quando...”, tem um estilo mais otimista.
Por outro lado, indivíduos que acreditam que os bons acontecimentos e
sucessos têm causas permanentes, do tipo “sempre dou sorte...” ou “tenho
competência, sei fazer...”, apresentam estilo mais otimista. Quem acha que há
razões temporárias, transitórias, para explicar os bons acontecimentos e
sucessos, do tipo “foi meu dia de sorte....” ou “meu adversário era fraco...”, tem
estilo mais pessimista.
As pessoas que desistem facilmente e se sentem desamparadas são aquelas que
acreditam que existem causas permanentes para os maus acontecimentos de
suas vidas e que haverá problemas em tudo o que tentem fazer. As que não se
entregam e resistem ao desamparo são as que acham que as causas do
infortúnio são passageiras.
Abrangência
É a relação do estilo com o espaço. Quando acontecem problemas ou eventos
desagradáveis, podemos achar que as causas são universais, que ocorrem em
todos os setores e momentos, ou que são especí cas e circunscritas a áreas e
assuntos determinados.
O estilo mais pessimista é característico de pessoas que acreditam que as
causas dos insucessos e maus momentos são gerais e universais, que ocorrem
em todas as áreas e atividades, adotando pensamentos do tipo “todos os chefes
são prepotentes...” ou “ninguém gosta de mim...”. Já as pessoas com estilo mais
otimista pensam que as causas dos insucessos e maus momentos são especí cas
e circunscritas a uma determinada área ou atividade, do tipo “meu chefe é
prepotente...” ou “aquela pessoa não gosta de meu jeito...”.
Aqueles que acreditam que os bons acontecimentos e sucessos têm causas
gerais, universais, e que lhes favorecerão em todos os aspectos da vida – do tipo
“sou inteligente e consigo aprender qualquer coisa...” ou “sou simpático e me
dou bem em qualquer situação...” – também apresentam estilo mais otimista.
Quem acha que a razão do sucesso e dos bons momentos é especi ca e
restrita a um assunto ou área – do tipo “sou bom em matemática por isso...” e
“entre amigos sou simpático...” – tem estilo mais pessimista.
Personalização
É a relação do estilo com causas internas ou externas. Quando acontecem
problemas ou eventos desagradáveis, podemos nos responsabilizar
(internalizar) ou responsabilizar outras pessoas ou razões (externalizar).
As pessoas que se acham a causa de tudo de ruim que lhes acontece têm
baixa autoestima e acreditam que são culpadas pelos erros e reveses, pensando
assim: “sou burro”, “sou inseguro”, “não sou bom jogador”. Também se julgam
sem valor, sem talento e têm estilo mais pessimista.
Indivíduos que põem a responsabilidade em causas externas, não pessoais,
do tipo “não tenho sorte em jogo...” ou “tive uma infância pobre....”, não
perdem a autoestima, apresentam mais autocon ança e têm estilo mais
otimista.
É importante ressaltar que uma postura mais otimista, buscando causas
externas, temporárias e localizadas, não é uma forma de fugir das
consequências de seus atos – você precisa assumir a responsabilidade por seus
erros e atitudes indevidas, mas não precisa se culpar pelas causas. O objetivo,
porém, é evitar novas ocorrências erradas, conseguir mudanças e correções.
Uma causa vista como pessoal, interna e permanente, do tipo “sou e sempre
serei burro” ou “sou e sempre serei feio e inadequado”, não permite que se crie
motivação, em princípio, para haver mudanças. Essa atitude pessimista leva à
permanência no erro e na inadequação.
Projetos difíceis
Se os projetos de mudança forem considerados em função dos graus de
complexidade técnica e de complexidade relacional, serão estabelecidos quatro
tipos.
• Projetos tipo 0. De baixa complexidade técnica e nenhuma di culdade
relacional. Em geral, são mudanças simples e normais na vida de uma
empresa, que nem precisam ser objeto de uma estruturação sob a forma de
um projeto.
• Projetos tipo 1. São muito complexos tecnicamente, mas pouco sujeitos
a di culdades de relacionamento e de comportamento de pessoas.
• Projetos tipo 2. Inversamente ao anterior, estão sujeitos a muitos
problemas relacionais e não apresentam nenhuma di culdade técnica.
• Projetos tipo 3. São aqueles que reúnem todas as di culdades,
complexidade técnica e problemas de relacionamento e comportamento.
Para medir o antagonismo (oposição), há uma escala que varia de –1 até –4.
O antagonismo é a energia que uma pessoa exerce para fazer prevalecer um
projeto concorrente, que pode até mesmo ser apenas uma variante do
proposto. Por exemplo, uma pessoa pode não ser contrária à implantação de
um ERP – sistema integrado de gestão –, e sim contra o fato de que seja
iniciado por seu departamento ou contra a liderança de nida para o projeto ou
outro motivo. Dá para de nir quatro categorias de antagonismo:
O triângulo de ouro
O nome já sugere que é uma população de características particulares. Os
atores que entram nesta categoria são aqueles que podem ser os motores do
projeto. Como os engajados, dispõem de uma capacidade de iniciativa elevada,
mas com a diferença de conservarem certa distância do líder, e é exatamente
isso que os torna interessantes. Nesse ponto, ressalte-se que, para utilizar as
qualidades desse tipo de ator, é necessário aceitar a ideia de que um pouco de
antagonismo não atrapalha o projeto. Nem todos os gestores estão preparados
para ouvir contestações, e há os que consideram um opositor da operação
quem faz muitas sugestões para a melhoria da gestão do projeto. O
posicionamento dos triângulos de ouro sempre pressupõe um trabalho
próximo e atento. Por um lado, um líder deve perceber que são eles que
apresentarão alternativas e opiniões contrárias importantes, estando
permanentemente atentos e críticos, questionando cada passo, a cada
momento. Por outro lado, os triângulos de ouro serão sempre os melhores
“embaixadores” para atrair o maior número de pessoas, antes hesitantes,
passivas ou divididas, levando-as a apoiar o projeto. A adesão dos atores do
triângulo de ouro sempre reforça a credibilidade do projeto. Podem ocupar
funções importantes no projeto, e a eles devem ser con adas responsabilidades
concretas. Aliás, esperam por isso.
Os engajados
Serão sempre os aliados mais éis. Os atores engajados são a base de apoio para
fazer evoluir o projeto. Como sua iniciativa é su ciente, podem pilotar ações e
reuniões de convencimento de grupos, deixando tempo livre para o líder
gerenciar o resto. O melhor é formalizar um “contrato consensual”, no qual
serão estabelecidos graus de responsabilidades, autoridade delegada, objetivos a
serem atingidos e, o mais importante, os limites, que só deverão ser
ultrapassados após a autorização do líder. Este nunca deve se esquecer de
elogiá-los e recompensá-los por suas contribuições, porque, em geral, os
engajados precisam de reconhecimento. O engajamento tem um componente
emocional elevado. Por serem vistos como comprometidos com a liderança e
com o projeto, seus argumentos e posicionamento não contribuirão para a
mudança de atitude de atores indecisos, hesitantes ou passivos.
Os hesitantes
No início de qualquer mudança, é nessa categoria que haverá uma quantidade
considerável de atores. Estarão, lado a lado, os questionadores dos critérios e
das alternativas propostas, gente que não deseja correr riscos e quer ver para
que lado as coisas irão pender antes de se posicionar, aqueles que já viveram
situações equivalentes e se decepcionaram, os que estão com medo das
mudanças, etc. O sucesso de um projeto também depende da escolha que farão
os hesitantes. Apesar de menos numerosos que os passivos, têm uma in uência
bem superior. Por causa disso, eles são, depois dos triângulos de ouro, o desa o
mais importante da estratégia de busca por adesões. Diferentemente dos
passivos, interessam-se pelo assunto, participam, leem as comunicações,
questionam as lideranças e têm acesso também aos opositores. Os hesitantes,
quando dão apoio, sempre o fazem condicionalmente, e é importante ouvi-los
para saber quais são seus questionamentos. Como raras vezes exporão
publicamente seu posicionamento a favor ou contra um projeto, a melhor
maneira de garantir o comprometimento deles é por meio de reuniões e
workshops abertos em que, com os atores do triângulo de ouro, possam
exprimir suas preocupações.
Os passivos
Trata-se da maioria silenciosa. Os passivos são terrivelmente desencorajadores,
porque não suportam nenhuma mudança. Corpo presente, cabeça distante:
eles fazem sofrer tanto os engajados como os opositores, que precisam de ação
e entusiasmo. Quase sempre, subestima-se a participação dos passivos. Não são
os líderes que fazem os hábitos e costumes de um grupo, é a multidão dos sem
história. Não é o líder sindical que faz a greve, mas a massa de trabalhadores
passivos que se deixa levar. É o grande número de pessoas que, exatamente por
sua quantidade, determina o estabelecimento de uma normalidade, dos
comportamentos aceitáveis. É claro que os passivos não criam as mudanças,
mas as o cializam. Os passivos não gostam de incerteza e insegurança nem de
se questionar, se expor ou assumir riscos. Preferem a ordem, os hábitos, as
coisas simples e conhecidas. Aceitam ser dirigidos, desde que os líderes não os
aborreçam com muitas demandas. No entanto, não gostam de ser chamados
de passivos. Precisam sentir, como todos os seres humanos, que têm alguma
importância no processo. Como o processo de mudança evoluirá
positivamente caso se consiga trazer para ele uma parte signi cativa dos
passivos, é fundamental estabelecer estratégias que os convençam e mobilizem,
mesmo que tenham baixa iniciativa. Alguns cuidados devem ser tomados. Os
passivos não gostam de ser obrigados a dar sua opinião em público ou a se
posicionar. É um risco, portanto, utilizar métodos muito participativos, que
podem provocar uma rejeição ao líder e um antagonismo ao projeto. Os
passivos não participam de reuniões nem leem as comunicações. A melhor
forma de se comunicar com eles é pelo “boca a boca”, com a informação
transmitida por “seu vizinho de con ança”. É importante que esse “vizinho”
seja um aliado. Outro ponto importante: embora resistam a ter maior
participação, os passivos querem se sentir informados e participantes. Portanto,
é preciso lhes dar a sensação de que são consultados, ouvidos e instruídos, o
que se faz em eventos de pequenos grupos informais. Nunca se deve esquecer
de agradecer calorosamente sua colaboração. Por m, os passivos, como grande
massa silenciosa, preservam regras e princípios, sentindo-se pouco à vontade
em situações contraditórias. Para atraí-los, é importante que a estratégia de
adoção das mudanças lhes dê a percepção de normalidade, de uma evolução
suave, que se apoia no passado e no que já é conhecido. Para conseguir a
adesão dos passivos, é fundamental transmitir-lhes a ideia de que a maioria da
empresa apoia o projeto, tal qual se faz com as pesquisas de intenção de voto
nos processos eleitorais.
Os resmunguentos
São os passivos que não perdem nenhuma oportunidade de fazer críticas ou se
expressar com sarcasmo sobre as ideias, conceitos e estratégias. Em geral, têm
um antagonismo moderado, que se limita às palavras. Não tendo nada a
propor, contestam o que é apresentado, não por oposição ao projeto, mas, tal
como os passivos, por temerem mudanças. São importantes porque suas
críticas podem chamar a atenção para possíveis riscos e inadequações. Não
chegam a agir como opositores, mas também não podem ser considerados
aliados. Usualmente, são pessoas que tiveram experiências anteriores
malsucedidas ou participações não reconhecidas. Caso se consiga atraí-los,
podem se transformar em bons aliados e formadores de opinião com alta
credibilidade, em função do passado recente de crítica. Devem ser
acompanhados de perto, porém, pois há sempre um forte risco de recaída. Se,
infelizmente, não der para resolver a fonte de suas frustrações, pode-se, pelo
menos, demonstrar simpatia e compreensão. Esse contato pessoal, com
empatia, contribui para transformá-los em excelentes aliados.
Os divididos
Os atores desse grupo – quase sempre, raros e improváveis – são dinâmicos e
motivados pelo objeto da mudança, mas estão convencidos de que os objetivos
não serão atingidos pelos métodos propostos. Acreditam numa estratégia
oposta à que está sendo seguida. Vivem uma verdadeira divisão interior, um
caso quase patológico. Como não podem se submeter, acabam por se
distanciar. Em geral, esse tipo de posicionamento ocorre nos casos em que as
mudanças são acompanhadas pela escolha e troca de lideranças. Não se deve
contar com esses atores, sendo melhor deixá-los de lado. A única vantagem é
que os divididos são “uma pedra no sapato” para os opositores. A nal de
contas, acreditam na mudança e no objetivo, mesmo que se oponham aos
caminhos do processo.
Os opositores
Toda e qualquer mudança sempre terá uma oposição. A novidade altera os
hábitos, perturba o cotidiano e gera situações de transição desconfortáveis. Em
consequência, as pessoas se recusam a questionar a situação de tranquilidade e
segurança, procurando frear ou impedir qualquer tentativa de mudança. No
entanto, a oposição pode ter diferentes formas. Esta categoria de atores se
caracteriza por uma fraca iniciativa de oposição às ações. São pessoas que não
têm, de fato, pontos de apoio para se opor. Em contrapartida, dispõem de um
poder real de provocar danos, podendo in uenciar negativamente o “moral
das tropas”. É indispensável reduzir sua in uência, pois, a longo prazo, podem
colocar a liderança do projeto em di culdade. Gestores em xeque tendem a
acreditar que “quebraram a cara” porque tiveram o azar de enfrentar opositores
virulentos, que atraíram parte signi cativa da equipe. Isso raramente é
verdadeiro. Todo projeto tem opositores, e o importante é descobrir e
compreender as causas da oposição. Antecipar-se às objeções evitará que os
opositores tenham força para convencer os demais atores. É fundamental para
o líder abrir possibilidades, ter reuniões “olho no olho” e se aproximar da
oposição. Mas é importante saber que, se os opositores participarem dessas
reuniões, não virão em busca de um acordo, e sim para dizerem que o líder
está errado e que os objetivos são inatingíveis.
Os líderes costumam gastar muito tempo e energia tentando convencer
opositores. Essa atitude não é adequada, pois passa a imagem de que ser
oposição permite ser ouvido, participar e obter vantagens. A liderança precisa
se preocupar com os aliados e, mais ainda, em trazer os passivos e hesitantes
para seu grupo. Opositores têm sensibilidade para o equilíbrio de forças e, ao
contrário do que se imagina, respeitam regras e princípios. A melhor forma de
se lidar com opositores é descobrir o que eles respeitam e o que e quem é
importante para eles, utilizando isso como instrumento para conseguir sua
submissão, e não sua adesão. Ou seja, não se convencem opositores, mas é
possível subordiná-los. Alguns líderes e gestores acreditam que podem
desenvolver uma convivência saudável com a oposição, mas um dia descobrem
a força destrutiva do movimento contrário. Acordos, mesmo os assinados, com
opositores serão cancelados quando o equilíbrio de forças se inverter. Isso é
particularmente importante nas negociações sindicais. A regra de ouro do
comportamento a ser adotado com um opositor é o de evitar gastar muito
tempo com ele. Na verdade, o tempo é o melhor aliado. Postergue a
“negociação” e, quando chegar o momento, crie uma porta de saída, uma
alternativa, um plano B para a oposição.
Os revoltados
Felizmente, eles são, por natureza, poucos. Mas muito barulhentos. Como
característica, não só têm um projeto que vai na direção contrária ao que está
sendo implementado, mas também outra visão de sociedade e de estratégia,
diferente da de nida. Assim como com os opositores, não é con ável, saudável
nem oportuno tentar convencê-los, e muito menos atraí-los. Não se negocia
com revoltados, demite-se. Mas se não for possível, é melhor afastá-los da cena
e mesmo da empresa, para que quem em casa. Caso isso não seja feito,
tentando negociar ou aceitar imposições dos revoltados, corre-se o risco de que
os aliados, os triângulos de ouro e, sobretudo, os passivos e hesitantes quem
incomodados e passem a achar que não é mau negócio ser contra o projeto.
As estratégias de implementação
Existem quatro as estratégias clássicas para a implementação de um projeto. A
do “ou vai ou racha”, a do “vamos todos juntos”, a “só com a minha turma” e a
“manipuladora”.
A estratégia do “ou vai ou racha” não considera os atores, mas impõe uma
forma e um método, e a frase motivacional mais ouvida é: “o que está
esperando?”. Caso não seja um “projeto difícil”, a tática pode funcionar. Nos
casos em que as di culdades relacionais são altas, porém, o sucesso é pouco
provável. Os opositores reagem, inquietam os hesitantes, o que põe em alerta
os passivos. A tensão é crescente. Os líderes exigem resultados e falam de
sanções. Quando a pressão chega ao limite, o con ito explode. Os líderes
recuam e propõem uma mediação. Depois de se perder muito tempo, tenta-se
novamente. Dessa vez, a oposição se faz de maneira não con ituosa. Em lugar
do confronto aberto, temos a sabotagem, a má vontade. O excesso de
“problemas aparentemente técnicos” impede a evolução do projeto. A reação
humana contrária ca escondida e não é tratada. A estratégia do “ou vai ou
racha” tem o defeito de desencorajar os aliados, que não se sentem escutados
nem participantes, além de facilitar o trabalho da oposição, criando con itos
desnecessários.
Em compensação, a estratégia do “vamos todos juntos” é muito frouxa.
Segue o pressuposto de que, ouvindo todo mundo, corre-se menos riscos de
oposição. O lema é: “vai ser bom se for bom para todo mundo”. Organizam-se
muitas reuniões, grupos de trabalho e pesquisas de opinião e clima. O resultado
é o mesmo da estratégia anterior: o projeto não avança. Dessa vez, as causas
não são os con itos e sabotagens paralisantes, mas a perda de tempo e a falta de
objetividade. Tentar métodos participativos quando os opositores são
numerosos pode ter consequências graves. A primeira é criar muitas
oportunidades e dar espaço para que opositores e revoltados possam expor suas
desagradáveis ladainhas. A outra é trazer à tona todos os outros problemas, que
não deveriam ser tratados por esse projeto. Uma estratégia participativa pode
ser útil em processos normais, com pouca rejeição e antagonismo, ou naqueles
empreendimentos em que se tem muito tempo. Em projetos difíceis, essa
estratégia só deve ser usada quando se quer “esticar” um tema ou assunto para
que a solução adequada acabe se impondo por decurso de prazo.
A “só com a minha turma” prevê que o projeto seja estruturado de forma a
assegurar ao máximo a participação dos aliados. Na verdade, entre as quatro
estratégias clássicas, é a primeira que leva em consideração o posicionamento
dos atores. Usualmente, começa com o recenseamento dos aliados e opositores,
para reunir uns e afastar os outros, e pretende fazer o que deve ser feito, mas
erra por não atrair todos os atores (hesitantes, passivos, etc.); por isso, não
consegue uma implementação adequada e muito menos uma mobilização das
equipes após a mudança.
A estratégia manipuladora consiste em convencer, “por baixo dos panos”,
uma rede crescente de pessoas. A ideia é buscar aliados e mobilizá-los um a um,
criando uma teia que se forma com novos apoiadores e da qual a liderança é o
centro. Na verdade, não se trata de uma estratégia de implementação de
projetos, mas de conquista de poder. Presta-se muito mais a debates conceituais
e ideológicos, aplicando-se muito bem na fase que precede a mudança, ou seja,
no estágio em que se tomam as grandes decisões, nas reuniões de direção geral,
de acionistas e investidores. Na fase de execução, após a comunicação ser feita e
com os atores tomando as primeiras decisões de posicionamento, não se tem
tempo nem credibilidade para essa estratégia sub-reptícia, porque as coisas já
estarão sendo discutidas abertamente.
É
É importante ressaltar que não se pode falar de energia do grupo, mas sim
da energia de cada indivíduo, nas iniciativas contra ou a favor de um projeto.
Isso signi ca que cada pessoa decidirá por um posicionamento em razão de
suas motivações pessoais, intrínsecas, quer tenham sido resultado de in uências
externas ou internas. A estratégia do projeto lateral obriga os líderes a usarem
toda sua empatia para descobrir as motivações de cada ator de sua equipe, além
de sua capacidade de in uenciar e convencer pessoas para mostrar-lhes como o
projeto (a formulação especí ca para cada um) pode representar a consecução
de seus objetivos pessoais. O êxito do processo abre possibilidades para aqueles
que querem uma promoção ou um dinheiro adicional para comprar um bem
qualquer, apostando nos modelos de reconhecimento e recompensa
estabelecidos, e também para quem pretende trabalhar em outro local. Na
estratégia do projeto lateral, mais do que em qualquer outra, a sociodinâmica é
fundamental. Tanto o posicionamento como a ação funcionam para cada
indivíduo. A sequência de atuação da liderança do projeto é: primeiro,
identi car os potenciais aliados; segundo, mobilizá-los e dar-lhes argumentos
para que eles próprios possam buscar novos aliados potenciais e convencê-los;
e, fechando o tripé, voltar-se para os hesitantes e passivos, tentando trazê-los
para o grupo de aliados. Tudo funciona como a expansão das ondas
concêntricas formadas por uma pedra caindo no meio de um lago.
Alguns pontos são importantes para o sucesso dessa estratégia. Inicialmente,
vale lembrar que só deve ser considerada como energia a força dos atores
organizados, ou seja, grupos isolados ou desorganizados não têm signi cado
para o projeto. A energia favorável que garante o sucesso da implementação de
um projeto é o somatório das forças dos indivíduos que foram organizados e
estruturados em sua ação. Sem organização e estruturação de tarefas, o apoio
não se transforma em resultado positivo. A conclusão é que o sucesso ou o
fracasso do processo depende da capacidade de organização dos aliados ou dos
opositores. O grande desa o das lideranças é garantir o apoio que facilite a
organização dos atores aliados, e aí surge o segundo ponto importante: é mais
fácil os aliados se organizarem quando o fazem para seu próprio projeto (o
projeto lateral). Portanto, a liderança deve ter a capacidade e a maturidade de
permitir que os aliados se organizem, sem lhes impor forma, método ou
estratégia, mas de nindo objetivos compartilhados. Nos projetos difíceis, os
aspectos relacionais e humanos são sempre o maior problema. A imposição
nunca vai funcionar. Além do mais, é típico dos seres humanos que os
objetivos e desejos se alterem e evoluam ao longo do processo de mudança. Por
causa disso, vários projetos laterais podem ser necessários para o mesmo projeto
e para o mesmo grupo de pessoas. A experiência mostra que é mais fácil
transformar projetos laterais do que tentar encontrar um que atenda a todas as
necessidades, durante todo o tempo.
Para facilitar as mudanças, é fundamental trazer da área externa o apoio de
um terceiro personagem – um gestor externo. Ele garante e facilita o
relacionamento entre os atores, porque, em tese, não tem convivência anterior
com aquela equipe nem representa uma ameaça de se transformar em um
novo líder na empresa reestruturada. Como um soldado mercenário, ajuda a
vencer a guerra, mas não participa na administração do “Estado” vencedor – já
os líderes do projeto sempre são vistos com reservas pelos aliados mais
importantes. Esses terceiros, além dessa vantagem relacional, em geral são
pro ssionais que, por vivências e práticas anteriores, agregam ao projeto
bastante experiência e conhecimento. Estão em condições de assumir tarefas
contraditórias e difíceis, como negociações sindicais complicadas, e também
podem se queimar e ser retirados do processo sem criar di culdades na gestão
posterior da empresa reestruturada. Além disso, esses terceiros podem ser
usados para criar dinâmicas e entrosamento no grupo. No contato pessoal, um
a um, é provável que seu comportamento seja muito diferente daquele
manifestado pelo participante de uma equipe. Os líderes não devem correr o
risco de coordenar esses workshops e dinâmicas em grupo. Essa tarefa cabe a
terceiros, não só pela habilidade e experiência, mas porque uma rejeição não
terá efeitos catastró cos na evolução do processo. Muitos líderes, por vaidade
ou objetivos pessoais, preferem se colocar à frente do grupo, usando essa
atitude como símbolo de seu poder.
A simples presença de um terceiro não é su ciente para facilitar as relações.
É importante criar uma sequência de eventos encadeados, com o objetivo de
atrair adesões, consolidar posições e promover estimulações individuais
(encontros “olho no olho”), que reforçam o engajamento e permitem
identi car obstáculos e gatilhos para a concretização do comprometimento de
cada pessoa. Em uma relação individual, o comportamento de cada ator é
diferente do que ele apresenta quando está em grupo. Nesse tipo de encontro,
dá para aprofundar suas razões e expectativas, além de conseguir sua adesão e
comprometimento. Em seguida, devem ser promovidas estimulações coletivas
(reuniões, workshops) que possibilitem às pessoas mostrar seu
comprometimento com o projeto na frente dos colegas. Nessas reuniões, a
equipe pode expor suas razões para apoiar o projeto – em geral, indecisos e
hesitantes reconhecem nas questões expostas suas próprias razões e podem se
aproximar do grupo de apoio.
É sempre bom lembrar que não se motiva pessoas, mas tenta-se mobilizá-las.
As razões da motivação são características intrínsecas, que dependem de valores
e desejos egoístas e pessoais. O que se pode fazer é mobilizar indivíduos para
usarem sua motivação intrínseca a m de fazer aquilo em que acreditam ou
que precise ser feito. Isso quer dizer que, para mobilizar pessoas a fazer algo, é
preciso, primeiro, convencê-las de que aquilo precisa ser feito. O desa o, na
verdade, é: como fazer que pessoas inteligentes e capazes contribuam com o
máximo de seus esforços.
Não existe fórmula mágica, e o mais sensato é combinar ações e atitudes
essenciais ao comportamento humano mais profundo, utilizando várias
abordagens e técnicas. Isoladamente, cada uma delas já é boa, mas combinadas
podem trazer os resultados necessários. Antes de qualquer coisa, convém
salientar que os fatores básicos da produtividade e da e cácia são a existência e
a disponibilidade de todos os recursos necessários à execução das atividades,
desde os mais básicos – saúde, alimentação, ambiente correto, ferramentas
adequadas, etc. – até os mais complexos como competência, autoestima,
condições psicológicas, entre outros. Somente a partir disso é que se pode
estruturar um programa de mobilização de pessoas. Também é bom ressaltar
que os pontos a seguir não estão ordenados por grau de importância, apenas
foram agrupados de forma lógica.
É
perspectivas. É um exercício permanente de superação e um aprendizado em
ser otimista e passar uma imagem mais positiva.
Para a equipe, uma liderança é imagem e percepção. A imagem que as
pessoas formam sobre uma liderança, com suas orientações, decisões e,
sobretudo, seu comportamento pro ssional e pessoal, é construída a partir de
mecanismos frágeis e versáteis, uma mistura das fontes de informação formais e
informais e suas próprias percepções. O conteúdo da comunicação de um líder
na frente da equipe, não importa quão competente e preparado ele seja, será
apenas parte das informações percebidas. Outros pequenos detalhes talvez
comuniquem até mais: comportamento, humor, gestos e olhares, tom de voz,
postura, lugar, momento, maneira como um assunto é apresentado, anseios de
uns e de outros, etc. O problema é que esses detalhes e atos falhos na
comunicação se tornam símbolos de nidores do estilo e da e cácia da
liderança.
Comportamento e estilo são formas de linguagem. Comportamento é
comunicação. A boa comunicação depende da compreensão mútua. A
adaptação é o caminho para a produtividade e, consequentemente, o sucesso
da atuação conjunta. O líder precisa buscar sinergia e adaptação. Um líder tem
que ser resiliente para se adaptar aos estilos e necessidades de cada um dos seus
liderados. É fundamental que ele crie oportunidades e esquemas que permitam
aos liderados colocar suas dúvidas ou perguntas, expor suas percepções sobre os
problemas, exprimiresuas críticas, incompreensões e, às vezes, suas angústias.
Os líderes ganharão sempre ao procurar conhecer o sentimento real de seus
interlocutores, e preparar-se antes, em vez de apostar na resignação dos seus
liderados. Esta é a principal estratégia para uma liderança positiva.
O sucesso de um líder depende muito do que os outros podem fazer por ele.
Não há história de sucesso de um líder admirado que não esteja fortemente
associada à existência de parceiros que o complementavam. A escolha de
pessoas adequadas como parceiras é tarefa fundamental da liderança positiva.
Bons parceiros são aqueles que formam com o líder uma equipe vencedora. Os
parceiros mais adequados são aqueles com habilidades, competências e,
sobretudo, com comportamento, personalidade e motivação que se
complementam. Equipes compostas por pessoas diferentes, mas com
preferências e competências complementares, são muito mais produtivas e
e cazes. O líder positivo tem que aprender a avaliar e a escolher.
O processo de avaliação e escolha – seja de parceiros, de negócios, de boas
ideias, de uma empresa ou de alternativas – é uma tentativa de previsão de
como será o futuro. Buscam-se as melhores alternativas na perspectiva de hoje,
imaginando-se que elas continuarão sendo as melhores também no futuro. São
muitas variáveis, muitas incertezas. Um líder positivo tem que aprender a
conviver com o risco e a incerteza. Tem que aprender a planejar, decidir e
escolher. Escolher não é adivinhar. A pergunta não é “o que será que vai
acontecer?”, mas a questão correta é: “o que é que está acontecendo e vai
mudar o futuro?”. É fundamental para um líder estar permanentemente
atento, identi cando e avaliando tudo que está ocorrendo e que vai modi car
e determinar o amanhã.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS