Planejamento Reverso
Planejamento Reverso
Planejamento Reverso
Planejamento reverso
P
rofessores são planejadores. Uma ação essencial da nossa profissão é a elaboração
do currículo e das experiências de aprendizagem para atingir os objetivos especifi-
cados. Também somos planejadores de avaliações para diagnosticar as necessida-
des dos alunos e orientar nosso ensino, possibilitando que nós, nossos alunos e outras
pessoas (pais e administradores) sejamos capazes de determinar se conseguimos atingir
nossos objetivos.
Da mesma forma que pessoas atuando em outras profissões que requerem planeja-
mento, como arquitetura, engenharia ou artes gráficas, os planejadores em educação
devem estar conscientes de seu público. Os profissionais nessas áreas são fortemente
centrados no cliente. A eficácia dos seus planos corresponde ao alcance de objetivos
explícitos para usuários finais específicos. Obviamente, os alunos são nosso cliente prin-
cipal, considerando que a eficácia do currículo, da avaliação e do planejamento do ensi-
no é, em última análise, determinada pelo alcance das aprendizagens desejadas. Assim,
podemos pensar em nosso planejamento como um software. Nosso material didático é
planejado para tornar a aprendizagem mais eficaz, assim como um software de compu-
tador destina-se a tornar seus usuários mais produtivos.
Como em todas as profissões que requerem planejamento, os padrões ou orientações
curriculares informam e moldam nosso trabalho. O desenvolvedor de software trabalha
para maximizar a facilidade de utilização e reduzir as falhas que impedem os resultados.
O arquiteto é guiado pelos códigos de construção, pelo orçamento do cliente e pela estéti
ca do bairro. O professor como planejador é igualmente restringido. Não somos livres
para ensinar qualquer tópico que escolhemos e de qualquer maneira. Ao contrário, somos
guiados por orientações curriculares nacionais, estaduais, municipais ou institucionais
que especificam o que os alunos devem saber e ser capazes de fazer. Esses padrões for-
necem uma estrutura útil para nos ajudar a identificar prioridades de ensino e apren-
dizagem e para orientar nosso planejamento do currículo e das avaliações da aprendi-
zagem. Além dos padrões externos, também precisamos integrar as necessidades dos
nossos muitos e variados alunos ao planejamento das experiências de aprendizagem. Por
exemplo, diferentes interesses dos alunos, níveis de desenvolvimento, turmas grandes
e resultados prévios devem sempre moldar nosso pensamento sobre as atividades de
aprendizagem, tarefas e atividades avaliativas.
No entanto, como nos faz recordar o velho ditado, nos melhores planejamentos a fun-
ção precede a forma. Em outras palavras, todos os métodos e materiais que usamos são
moldados por uma clara concepção da visão dos resultados desejados. Isso significa que
precisamos ser capazes de indicar com clareza o que o aluno deve compreender e ser
capaz de fazer como o resultado de qualquer plano, independentemente de quaisquer
restrições que enfrentamos.
Você provavelmente conhece o ditado: “Se você não sabe exatamente para onde está
indo, qualquer estrada o levará até lá”. Infelizmente, essa questão é muito séria em edu-
cação. Somos rápidos em dizer que coisas nós gostamos de ensinar, que atividades nós
iremos realizar e que tipos de recursos nós iremos usar; mas, sem clarificar os resultados
desejados do nosso ensino, como vamos saber se nossos planos são apropriados ou arbi-
trários? Como vamos distinguir aprendizagem meramente interessante de aprendizagem
efetiva? Mais precisamente, como iremos cumprir os padrões de conteúdo ou ajudar o
aluno a chegar a compreensões difíceis a não ser que pensemos sobre o que esses objeti-
vos implicam para as atividades e realizações do aprendiz?
Um bom planejamento, portanto, tem menos a ver com a aquisição de novas habilida-
des técnicas e mais com aprender a ser mais reflexivo e específico sobre nossos objetivos
e suas implicações.
* N. de R.T.: LEE, Harper. To Kill a Mockingbird. New York, NY: Perennial Classics, 2005.
Responder às perguntas “por quê?” e “e daí?” que os alunos mais velhos sempre fazem
(ou desejam fazer), e fazer isso em termos concretos como o foco do planejamento do
currículo, é, portanto, a essência do planejamento para a compreensão. O que é difícil
para muitos professores verem (porém mais fácil para os alunos sentirem!) é que, sem
tais prioridades explícitas e transparentes, muitos alunos acham o trabalho do dia a dia
confuso e frustrante.
O que os alunos devem saber, compreender e ser capazes de fazer? Que conteúdo merece
ser compreendido? Quais compreensões duradouras são desejadas? No Estágio 1, consi-
1. Identificar os
resultados
desejados.
2. Determinar
evidências
aceitáveis.
3. Planejar
experiências de
aprendizagem
Figura 1.1 e ensino.
Planejamento para a compreensão: estágios do planejamento reverso.
E, em seu famoso livro, How to Solve It (Como resolvê-lo, em tradução livre), origi-
nalmente publicado em 1945, Pólya regressa aos gregos ao discutir de forma específica
“pensar reversamente” como uma estratégia na solução de problemas:
Essas considerações são antigas. O que talvez seja novo é que oferecemos aqui um
processo útil, um modelo, um conjunto de ferramentas e padrões de planejamento para
tornar o plano e o desempenho resultante do aluno mais prováveis de ser bem-sucedidos
pela via do planejamento, em vez de contar com a sorte. Como sugere uma professora do
4° ano, de Alberta, Canadá: “Depois que eu encontrei uma maneira de definir claramente
o final em mente, o restante da unidade ‘entrou nos eixos’.”
Os pecados capitais do planejamento baseado na atividade e baseado na cobertura
refletem uma falha em considerar o propósito de acordo com a visão do planejamento
reverso. Tendo isso em mente, vamos revisitar os dois casos fictícios da Introdução. No
caso das maçãs, a unidade parece focar em um tema particular (a época da colheita) por
meio de um objeto específico e familiar (maçãs). No entanto, como a descrição revela, a
unidade não tem profundidade real porque não existe aprendizagem duradoura decor-
rente para os alunos. O trabalho é mão na massa sem usar a cabeça porque os alunos não
precisam (e na verdade não são desafiados a) extrair ideias e conexões sofisticadas. Eles
não precisam trabalhar para compreender; tudo o que precisam é se engajar na ativida-
de. (Infelizmente, é comum recompensar os alunos pelo mero engajamento, e não pela
compreensão; engajamento é necessário, mas não suficiente como um resultado.)
Além do mais, quando você examina a unidade sobre maçãs, fica claro que ela não
tem prioridades explícitas – as atividades parecem ser de igual valor. O papel dos alu-
nos é meramente participar das atividades preponderantemente prazerosas sem ter que
demonstrar que compreendem alguma grande ideia que se encontre no centro do tema.
Todo o ensino baseado nas atividades – e não nos resultados – compartilha a mesma fra-
gilidade da unidade sobre maçãs: pouca coisa no planejamento requer que os alunos ex-
traiam um fruto intelectual da unidade. Podemos caracterizar essa abordagem orientada
para a atividade como “fé na aprendizagem por osmose”. É provável que determinados
alunos aprendam algumas coisas interessantes sobre maçãs? É claro que sim. Porém, na
ausência de um plano de aprendizagem com objetivos claros, qual a probabilidade de que
os alunos desenvolvam compreensões compartilhadas sobre as quais as lições futuras
possam ser construídas? Não muito alta.
No caso da aula de História geral, o professor cobre uma vasta quantidade de con-
teúdo durante o último trimestre do ano. No entanto, em sua preocupada marcha para
terminar o livro, ele aparentemente não leva em consideração o que os alunos irão com-
preender e aplicar a partir daquele material. Que tipo de apoio intelectual* é fornecido
para guiar os alunos pelas ideias importantes? Como é esperado que os alunos usem essas
* N. de R.T.: Os autores utilizam o termo scaffolding, que em tradução literal significa andaime.
O termo é oriundo das teorias de Vygotsky e refere-se aos apoios intelectuais (desde estratégias peda-
gógicas, passando por tipos de agrupamento, comandos de atividades, entre outros) que os professo-
res deliberadamente utilizam para auxiliar os estudantes a adquirir novos conhecimentos (transfor-
mando suas zonas de desenvolvimento proximal).
ideias para dar significado aos muitos fatos? Que objetivos de desempenho ajudariam os
alunos a saberem como fazer anotações para o máximo uso efetivo quando chegarem
ao final do curso? O ensino baseado na cobertura implica que o professor meramente
fale, cumpra o ensino dos tópicos e siga em frente, não levando em conta se os alunos
compreendem ou se estão confusos. Essa abordagem pode ser denominada “ensino pela
menção”. O ensino orientado para a cobertura tipicamente se baseia em um livro didá-
tico, que define o conteúdo e a sequência do ensino. Em contrapartida, propomos que
o ensino orientado para os resultados empregue o livro didático como um recurso, não
como o programa do curso.
Objetivos estabelecidos: O
• Que objetivos relevantes (p. ex., orientações curriculares ou padrões de conteúdo, objetivos do curso ou programa, resultados
de aprendizagem) este planejamento aborda?
Atividades de aprendizagem: A
Que experiências de aprendizagem e ensino possibilitarão que os alunos alcancem os resultados desejados?
Como o planejamento irá
O = Ajudar os alunos a saber para Onde a unidade está indo ou O que se espera? Ajudar o professor a saber de Onde os estudantes estão
vindo (conhecimento prévio, interesses)?
P = Prender a atenção dos alunos e mantê-los interessados?
E = Equipar estudantes, ajudá-los a Experimentar as ideias-chave e Explorar as questões?
R = Oferecer oportunidades de Repensar e Rever suas compreensões e trabalho?
A = Permitir que os alunos Avaliem o próprio trabalho e suas implicações?
A = Adaptar-se às diferentes necessidades, interesses e capacidades dos alunos?
O = Organizar-se para maximizar o envolvimento inicial e contínuo, bem como a aprendizagem efetiva?
Figura 1.2
Modelo de uma página com perguntas de planejamento para professores.
Objetivos estabelecidos: O
Padrão de Conteúdo 6 – Os alunos compreenderão conceitos essenciais sobre nutrição e dieta.
6a – Os alunos usarão uma compreensão de nutrição para planejar dietas apropriadas para eles mesmos e para os outros.
6c – Os alunos compreenderão seus próprios padrões alimentares individuais e formas como esses padrões podem ser melhorados.
Que conhecimento-chave e habilidades os alunos irão adquirir como resultado desta unidade?
Os alunos saberão... CO Os alunos serão capazes de... H
• Termos principais – proteína, gordura, carboidrato, colesterol. • Ler e interpretar informações nutricionais sobre os rótulos
• Tipos de alimentos em cada grupo alimentar e seus valores dos alimentos.
nutricionais. • Analisar dietas quanto ao seu valor nutricional.
• As diretrizes da pirâmide alimentar do Ministério da Saúde. • Planejar dietas balanceadas para si mesmos e os outros.
• Variáveis que influenciam as necessidades nutricionais.
• Problemas gerais de saúde causados por má nutrição.
Devore! – Os alunos desenvolvem um cardápio de três dias para as refeições e lanches de uma experiência futura de acampamento
para um trabalho de campo. Eles escrevem uma carta ao diretor do acampamento para explicar por que seu cardápio deve ser
escolhido (mostrando que ele atende às recomendações da pirâmide alimentar do Ministério da Saúde e, ao mesmo tempo, é
suficientemente saboroso para os estudantes). Eles incluem pelo menos uma modificação para uma condição dietética específica
(diabéticos ou vegetarianos) ou consideração religiosa.
Que outras evidências precisam ser reunidas à luz dos Resultados Desejados do Estágio 1? OE
Outras evidências:
(p. ex., testes, questionários, tarefas, amostras de trabalho, observações)
Tarefa – Descrever dois problemas de saúde que podem surgir como consequência de má nutrição e explicar como eles podem
ser evitados.
Que sequência de experiências de ensino e aprendizagem equipará os alunos para se engajar, desenvolver e demonstrar as A
compreensões desejadas? Use a folha a seguir para listar em sequência as principais atividades de ensino e aprendizagem.
Codifique cada entrada com as iniciais apropriadas dos elementos de OPERAAO.
1. Comece com uma pergunta de entrada (Os alimentos que você ingere causam espinhas?) para prender a atenção dos alunos e
estimulá-los a considerarem os efeitos da nutrição em suas vidas. P
2. Introduza as perguntas essenciais e discuta as tarefas de desempenho finais da unidade (Devore e Plano de ação alimentar). O
3. Nota: Os principais termos do vocabulário são introduzidos quando necessário pelas várias atividades de aprendizagem e tarefas de
desempenho. Os alunos leem e discutem trechos relevantes do livro sobre saúde para apoiar as atividades e tarefas de aprendizagem.
Como atividade contínua, os alunos mantêm uma tabela diária do que comem e bebem para exame e avaliação posteriores. E
4. Apresente a aula referente aos conceitos sobre os grupos alimentares. A seguir, faça os alunos praticarem a classificação de figuras de
alimentos em conformidade com os grupos alimentares. E
5. Introduza a Pirâmide Alimentar e identifique os alimentos em cada grupo. Os alunos trabalham em grupos para desenvolver um cartaz
da Pirâmide Alimentar contendo figuras recortadas dos alimentos em cada grupo. Exponha os cartazes na sala de aula ou no corredor. E
6. Dê um rápido teste sobre grupos de alimentos e Pirâmide Alimentar (formato de encontrar a relação entre itens). E
7. Revise e discuta o folheto sobre nutrição do Ministério da Saúde. Pergunta para discussão: Todas as pessoas devem seguir a mesma
dieta para que sejam saudáveis? R
8. Trabalhando em grupos cooperativos, os alunos analisam uma dieta familiar hipotética (deliberadamente desequilibrada) e fazem
recomendações para melhorar a nutrição. O professor observa e orienta os alunos enquanto trabalham. A
9. Os alunos compartilham suas análises da dieta e discutem em classe. E, A (Nota: O professor recolhe e examina as análises da dieta
para identificar mal-entendidos que precisam de atenção no ensino.)
10. Cada aluno planeja um folheto nutricional ilustrado para ensinar crianças menores sobre a importância da boa nutrição para uma vida
saudável e os problemas associados à má alimentação. Essa atividade é realizada fora da classe. E, A-2
11. Os alunos trocam os folhetos com os membros do seu grupo para uma avaliação dos pares baseada em uma lista de critérios. Permita
que os alunos façam revisões com base nas devolutivas. E, A
12. Apresente e discuta o vídeo “Nutrição e você”. Discuta os problemas de saúde associados à má alimentação. E
13. Os alunos ouvem e questionam um palestrante convidado (nutricionista do hospital local) sobre problemas de saúde causados pela
má nutrição. E
14. Os alunos respondem por escrito ao comando: descreva dois problemas de saúde que podem surgir em consequência da má nutrição
e explique as mudanças na alimentação que poderiam ajudar a evitá-los. (Isso é coletado e avaliado pelo professor.) A
15. O professor exemplifica como ler e interpretar informações nos rótulos dos alimentos sobre os valores nutricionais. Então os alunos
praticam usando caixas, latas e garrafas doadas (vazias!). E
16. Os alunos trabalham de forma independente para desenvolver o cardápio do acampamento de três dias. Avalie e dê feedback sobre
o projeto do cardápio para o acampamento. Os alunos avaliam seus próprios projetos e os projetos dos colegas usando rubricas. A, A-2
17. Na conclusão da unidade, os alunos revisam sua tabela alimentar diária preenchida e autoavaliam o quanto sua alimentação é
saudável. Eles observaram mudanças? Melhoras? Eles percebem mudanças em como se sentem e na sua aparência? A
18. Os alunos desenvolvem um “plano de ação alimentar” pessoal para uma alimentação saudável. Esses planos são guardados e
apresentados em futuras reuniões que envolvem pais e alunos. A, A-2
19. Conclua a unidade com a autoavaliação dos alunos relativa aos seus hábitos alimentares pessoais. Cada aluno deve desenvolver um
plano de ação pessoal para seu objetivo de “alimentação saudável”. A, A-2
Padrões de planejamento
Existe um conjunto de padrões de planejamento que acompanha o modelo de planeja-
mento para a compreensão, correspondendo a cada estágio do planejamento reverso.
Os padrões oferecem critérios para uso durante o desenvolvimento e para o controle de
qualidade dos planejamentos de unidade finalizados. Estruturados como perguntas, eles
servem aos planejadores de currículo da mesma maneira que uma rubrica de pontuação
serve aos alunos. Quando apresentada aos alunos antes de iniciarem seu trabalho, a ru-
brica fornece a eles uma meta de desempenho identificando as qualidades importantes
em direção às quais eles devem se empenhar. Igualmente, os padrões de planejamento es-
pecificam as qualidades de unidades eficazes de acordo com a estrutura de planejamento
para a compreensão. A Figura 1.4 apresenta os quatro padrões para o planejamento para
a compreensão com os indicadores correspondentes.
Os padrões contribuem para o trabalho de planejamento em três aspectos:
Estágio 1 – Até que ponto o planejamento focaliza nas grandes ideias do conteúdo visado?
Considere:
• As compreensões almejadas são duradouras, baseadas em grandes ideias transferíveis e que se encontram na essência da disciplina
e na necessidade de descoberta?
• As compreensões almejadas são estruturadas por perguntas que estimulam conexões significativas, provocam investigação genuína
e pensamento profundo e encorajam a transferência?
• As perguntas essenciais são provocativas, promovem discussão e são capazes de gerar investigação em torno das ideias centrais
(em vez de uma resposta automática)?
• Os objetivos apropriados (p. ex., orientações curriculares ou padrões de conteúdo, critérios, objetivos do currículo) são identificados?
• O conhecimento e habilidades válidos e relevantes para a unidade são identificados?
Considere:
• Os alunos são solicitados a exibir sua compreensão por meio de tarefas de desempenho autênticas?
• São usadas ferramentas de avaliação baseadas nos critérios apropriadas para avaliar os produtos e desempenhos dos alunos?
• São usados vários formatos de avaliação apropriados para proporcionar evidências adicionais de aprendizagem?
• As atividades avaliativas são usadas para dar devolutivas a alunos e professores, tanto quanto para avaliar?
• Os alunos são encorajados a se autoavaliar?
Considere: Os alunos...
• Saberão para onde estão indo (os objetivos de aprendizagem), por que o material é importante (razão para aprender o conteúdo) e o
que é exigido deles (objetivo da unidade, exigências de desempenho e critérios avaliativos)?
• Estão envolvidos – engajados na investigação mais profunda das grandes ideias (p. ex., investigação completa, pesquisa, solução de
problemas e experimentação)?
• Têm oportunidades adequadas de explorar e experimentar grandes ideias e recebem instrução para equipá-los para os desempenhos
requeridos?
• Têm oportunidades suficientes para repensar, ensaiar, revisar e refinar o trabalho com base em devolutivas oportunas?
• Têm a oportunidade de avaliar seu trabalho, refletir sobre sua aprendizagem e estabelecer objetivos?
Planejamento global – Em que medida a unidade inteira é coerente com os elementos de todos os três estágios alinhados?
Figura 1.4
Padrões de planejamento do planejamento para a compreensão.
meio para controle da qualidade. Eles nos ajudam a validar os pontos fortes do nosso
currículo, ao mesmo tempo que revelam aspectos que precisam ser melhorados.
Além do uso dos padrões de planejamento para autoavaliação, a qualidade do produ-
to do currículo (plano de unidade, avaliação do desempenho, planejamento do curso) é
invariavelmente melhorada quando os professores participam de uma revisão de pares
estruturada na qual eles examinam os planejamentos de unidades uns dos outros e com-
partilham as devolutivas e sugestões para melhorias. Essas revisões de “amigos críticos”
retroalimentam os planejadores, ajudam os professores a internalizar as qualidades do
bom planejamento e oferecem oportunidades de ver modelos de planejamento alternati-
vos. (“Nossa, eu nunca havia pensado em começar uma unidade com um problema. Acho
que vou tentar isso na minha próxima unidade”.)
Ferramentas de planejamento
Além dos padrões de planejamento, desenvolvemos e refinamos um conjunto abrangente
de ferramentas de planejamento para apoiar os professores e desenvolvedores de cur-
rículos. Esse é um trabalho árduo! Constatamos que uma gama de estruturas de apoio
– estímulos, organizadores, folhas de ideias e exemplos – ajuda os educadores a produzir
planejamentos de melhor qualidade. Todo um conjunto desses recursos está disponível
no UbD Professional Development Workbook.
Acreditamos que um bom modelo serve como uma ferramenta inteligente. Ele pro-
porciona mais do que um lugar onde escrever as ideias. Ele focaliza e guia o pensamento
do planejador ao longo do processo de planejamento para tornar mais provável um tra-
balho de alta qualidade. Na prática, os planejadores de currículo trabalham a partir de
uma cópia do modelo, apoiados por ferramentas de planejamento específicas e inúmeros
exemplos preenchidos de bons planejamentos de unidade. Dessa maneira, praticamos o
que pregamos para os alunos; modelos e padrões de planejamento são fornecidos previa-
mente para focar o desempenho do planejador desde o início.1
Mas por que nos referimos ao modelo, aos padrões de pla-
nejamento e às correspondentes ferramentas de planejamento
como “inteligentes”? Assim como uma ferramenta física
(p. ex., um telescópio, um automóvel ou um aparelho auditivo) ALERTA DE EQUÍVOCO!
amplia as capacidades humanas, uma ferramenta inteligente Embora os três estágios apresentem uma
melhora o desempenho em tarefas cognitivas, tais como o pla- lógica de planejamento, isso não signifi-
nejamento de unidades de aprendizagem. Por exemplo, um or- ca que este seja um processo verdadeira-
ganizador gráfico efetivo, como um mapa da história, ajuda os mente gradual. Como argumentamos no
alunos a internalizar os elementos de uma história de manei- Capítulo 11, não confunda a lógica do pro-
ras que melhoram sua leitura e escrita de histórias. Da mesma duto final com o processo confuso do tra-
forma, por meio do uso rotineiro do modelo e das ferramentas balho de planejamento. Não importa exa-
de planejamento, os usuários provavelmente irão desenvolver tamente por onde você começa ou como
um modelo mental das ideias-chave apresentadas neste livro: você prossegue, contanto que você termi-
a lógica do planejamento reverso, pensar como um avaliador, ne com um planejamento coerente que
reflita a lógica dos três estágios. O esboço
as facetas da compreensão, OPERAAO e padrões de planeja-
final de uma aula expositiva universitária
mento.
que flua naturalmente raramente reflete o
Ao incorporar os elementos do planejamento para a com-
processo de pensamento de avanço e re-
preensão em elementos tangíveis (isto é, o modelo e as ferra-
cuo (iterativo) que esteve presente na sua
mentas de planejamento), procuramos apoiar os educadores
criação.
na aprendizagem e na aplicação dessas ideias. Assim, as ferra-
mentas de planejamento são como rodinhas de apoio em uma
O modelo me pede para destacar os objetivos da unidade, e para mim isso signifi-
ca recorrer às orientações curriculares estaduais. Revisando nossas orientações em
saúde, descobri três padrões de conteúdo sobre nutrição que são referência para
essa faixa etária:
Usando esses padrões como ponto de partida, preciso decidir o que quero que
meus alunos extraiam dessa unidade. Sempre focalizei em conhecimentos e habili-
dades: conhecimento da pirâmide alimentar, a habilidade de ler rótulos na loja e em
casa, etc. Embora eu nunca tenha pensado deliberadamente sobre compreensões,
per se, gosto do conceito e acho que ele me ajudará a focalizar meu ensino e tempo
de aula limitado nos aspectos verdadeiramente importantes dessa unidade.
Quando penso a respeito, acho que o que estou realmente buscando tem alguma
coisa a ver com uma compreensão dos elementos da boa nutrição para que os alunos
consigam planejar uma dieta balanceada para eles mesmos e para outras pessoas. As
grandes ideias têm a ver com nutrição e planejamento de refeições de uma maneira
plausível. Assim, as perguntas importantes são: então, o que é bom para você? O que
não é? Como você sabe? O que dificulta saber sobre isso e comer corretamente?
(O gosto bom da junk food dificulta!)
Essa ideia é claramente importante porque o planejamento de cardápios nutri-
tivos é uma necessidade autêntica e para toda a vida, além de ser uma forma de
aplicar esse conhecimento. Porém, ainda estou um pouco inseguro sobre o que sig-
nifica “uma compreensão” nesse contexto. Vou precisar refletir mais sobre o que é
uma compreensão e como isso vai além do conhecimento específico e seu uso. Os
conceitos básicos da nutrição são muito simples, no final das contas, assim como as
habilidades de planejamento do cardápio. Há alguma coisa na unidade que requeira,
Estou entusiasmado com essa ideia porque ela requer que os alunos demonstrem
o que eu realmente quero que eles extraiam da unidade. Essa tarefa também tem
muito a ver com um dos nossos projetos da unidade: analisar a dieta de uma família
hipotética durante uma semana e propor formas de melhorar sua nutrição. Com
essa tarefa e projeto em mente, agora posso usar meus questionários para verificar
o conhecimento dos alunos sobre os grupos de alimentos e as recomendações da pi-
râmide alimentar e um teste mais longo para checar sua compreensão de como uma
dieta com deficiências nutricionais contribui para problemas de saúde. Ei! Esse é
um dos melhores planos de avaliação que já elaborei para uma unidade, e acho que
a tarefa irá motivar os alunos e também fornecer evidências da sua compreensão.
Essa visão introdutória visa apresentar um esboço preliminar do quadro geral de uma
abordagem de planejamento. Bob James irá refinando seu plano de unidade (e mudando
várias vezes a sua forma de pensar) à medida que obtiver mais conhecimento sobre a
compreensão, as perguntas essenciais, a avaliação válida e as atividades de aprendiza-
gem relacionadas.
É melhor ler o quadro da esquerda para a direita, uma linha por vez, para ver como
são na prática os três estágios do planejamento. Uma descrição do processo de planeja-
mento em três estágios para cada um dos três elementos básicos (os resultados desejados,
as evidências para avaliação e o plano de aprendizagem) é destacada no cabeçalho das
colunas. Comece por uma pergunta-chave sobre o planejamento; reflita sobre como deli-
mitar as possibilidades por meio de prioridades inteligentes (Considerações sobre o pla-
nejamento); autoavalie, autoajuste e finalmente critique cada elemento do planejamento
em relação aos critérios apropriados (Filtros); e termine com um produto que atenda aos
padrões de planejamento apropriados à luz do objetivo de desempenho (O que o planeja-
mento final atinge).
Em resumo, o planejamento reverso produz maior coerência entre os resultados dese-
jados, desempenhos estratégicos e experiências de ensino e aprendizagem, o que resulta
em melhor desempenho dos alunos – o propósito do plano.
Figura 1.5
Matriz para o planejamento para a compreensão.