Trovadorismo

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literárias.

Trovadorismo Tradicionalmente, as classes sociais da


O Trovadorismo compreende os séculos Idade Média dividiam-se em três: clero,
XII e XV, e ocorre entre 1198 e 1412... A nobreza e povo. Segundo José Hermano
primeira manifestação foi a Cantiga da Saraiva, a so-ciedade dividia-se em:
Ribeirinha (1198), texto poético que já imunes, vilão e semis-servos.
prenunciava a vocação lírica dos Os imunes (clero e nobreza) eram as
lusitanos. classes
O estudo deste período literário deve privilegiadas por excelência. A
levar em consideração o contexto imunidade con-
histórico e social sistia em que nenhuma parte do
da região e as especificidades que rendimento
adquiriu em terras portuguesas a de seus bens revertia para a coroa: os
importação do fenômeno trovadoresco proprietários de terras tinham direito a
que floresceu em pra-ticamente toda a uma parte do rendimento. Essas terras,
Europa. Muitos dos temas e isentas de pagamentos chamavam-se
procedimentos persistem hoje em dia: a coutos e honras.
vi-são da mulher idealizada, a simbiose O clero era a única classe, entre a
entre su- população cristã, que tinha cultura
jeito e natureza, a sátira aos costumes, o literária. Tinha organização, direito e
as-pecto ritualístico e lúdico dessa forma hierarquia próprias, pois a igreja
de ar-te. repreentava Deus na terra e Deus, o
O Trovadorismo foi a época do poder religioso, estava acima do poder
florescimento civil, exercido pelo monarca. O papado
das cantigas, poemas feitos para serem era investido do poder religioso e o
can-tados ao som da flauta, da viola, do Império do poder civil.
alaúde ede outros instrumentos. O termo D. Henriques, primeiro rei de Portugual,
é derivado de trouver (poetas franceses aliou-se a igreja (arcebispo de Braga)
eram designa-dos trouvére, do radical para garantir a independência de
trouver = achar). Ospoetas deveriam ser Portugal.
capazes de compor, achar sua canção ou Alguns homens e mulheres adotavam
poema, para exprimir os uma vida exclusivamente de oração e de
sentimentos. trabalho a serviço de Deus. Existiam
muitas ordens religiosas e nelas, o dia
A vida de Portugal na devia ser gasto em oração, trabalho
árduo e estudos. Os monges viviam
Idade juntos numa casa, chamada mosteiro e
Média e a Organização chegavam a prestar serviços a
comunidade vizinha: organizavam
Social bibliotecas, construíam escolas, hospitais
do período e hospedarias para os viajantes.
O contexto histórico, que chamamos de Ao clero eram permitidas ocupações e
con- dições de produção e recepção nos deveres para com Deus. O alto clero
forne-cem dados valiosos para aderia aos divertimentos da nobreza e o
entendermos o sig-nificado das obras baixo clero participava dos do povo.
Havia formas de distração tipicamente chegaram depois.
eclesiásticas, como os mistérios Os semisservos eram descendentes dos
religiosos e o canto de igreja, nos quais que estavam nas terras na época da
os fiéis participavam. reconquista delas pelos cristãos e ali
No século XII, já surgiam dificuldades permaneceram, pois os árabes haviam
entre a nobreza, pois o território tornava- invadido a Península Ibérica no século
se menor com as partilhas de sucessões. VIII. O nobre que tomava a terra, ou a
A criação (trabalhadores) fugiam para quem o rei dava, ficava senhor dela e
terras mais livres, o custo de vida das pessoas que ali trabalhavam. Os
aumentava, os nobres necessitavam de semisservos garantiam a produção da
coisas que a terra já não produzia. O terra. Não podiam ser vendidos, pois
trabalho dos homens livres encontrava-se faziam parte da propriedade, que valia
na base da sociedade (produção) e era pouco como eles.
preciso ser pago. O nobre que se Nos séculos XII e XIII, haviam leis que
considerava com direito sobre o vilão apoiavam essa divisão de classes sociais.
(camponês), odiava pagá-lo. Houve Havia a Lei 1211 que garantia o direito
uma luta de classes que durou séculos. dos semisservos de trabalharem onde
A função do povo era cultivar a terra, quisessem e, caso os nobres os
cuidar dos animais, ajudar na batalha e impedissem, podiam ser multados. Os
sustentar a nobreza e o clero, pagando semisservos que abandonavam as
impostos. Existia ainda a corveia, propriedades e migravam para o vale da
trabalho gratuito prestado ao senhor beira cultivar uma gleba, área de terra
durante um número de dias. O termo sem cultivo, passavam a ser vizinhos,
vilão designava o habitante de vila ou transformandose em vilões.
casa de campo. O vilão tinha como Os escravos não eram uma classe mas
característica o fato de trabalhar para uma condição. Geralmente eram
viver. Ele era livre., podia trabalhar onde mouros capturados na guerra. Havia
quisesse, sendo superiores aos expediçõespor terras de mouros para
semisservos. Havia no campo os vilãos capturar escravos que trabalhavam no
ricos e os vilãos pobres. Havia também lugar de homens livres que abandonavam
os vilãos da cidade (cidadãos) que as propriedades.
também podia ser ricos osu pobres.
Haviam os chamados burgueses, ou As hipóteses do
pobres, a chamada gente miúda.
Em função dos rendimentos, os vilãos surgimento da Lírica
podiam ser classificados como Trovadoresca
cavaleiros ou peões. Os cavaleiros eram A poesia trovadoresca também
homens da classe so povo, que podiam chamada de Occotânica, por ter tido
comprar e manter um cavalo e armas origem no Sul da França, onde se falava
para a guerra, ao lado dos nobres, mas a língua românica d’oc, da região
apenas mandavam nos peões que francesa do Languedoc. Contudo, a
serviam a pé. Eles eram descendentes influencia francesa sobre a poesia
dos que haviam chegado primeiro e trovadoresca, misturam-se
enriquecido e impunham seu poder sobre contribuições folclóricas da Península
os miúdos que descendiam dos que
Ibérica..  Trovador: era o compositor e não o
A origem dessa poesia ainda não está executante da cantiga. Tinha alta
suficientemente esclarecida. Há quatro posição social. Era intelectualmente
teses para explicá-la contudo nenhuma é superior ao jogral, pois compunha a
aceita integralmente: letra e a melodia.
« Tese Arábica: considera a cultura  Segrel: Trovador profissional e que
arábica como raiz; não era do clero. Ele ia de corte em
« Tese Folclórica: julga que tenha sido corte a cavalo acompanhado de seu
criada pelo povo; jogral. Era da classe dos cavaleiros
« Tese Médio Latinista: essa poesia vilãos (morava em vila, fora do
teria origem na literatura latina castelo). Eles eram de uma classe
produzida durente a Idade Média; intermediária entre o jogral e o
« Tese Litúrgica: considera essa poesia trovador. e deveria saber cantar
como fruto da poesia litúrgico-cristã canções alheias e as de sua autoria.
elaborada na época. Distingue-se do Trovdor porque
O fato é que houve notáve recebe pagamento pelo ofício, e do
florescimento desse tipo de literatura jogral porque é fidalgo e compõe
na Península Ibéerica. A Língua profissionalmente. Era uma figura
utilizada para a confecção das cantigas exclusiva do lirismo luso-galego.
foi o galego-português, por causa de  Jogral: acompanhava o segrel. Era
unidade linguística entre Portugal e recrutado pelo segrel entre os peões
Galiza. (andava a pé). Eles ganhavam a vida
A poesia importada de Provença mistura- atuando em público para divertí-los
se a poesia popular produzida na com música, literatura, jogos de mão,
Península e nasce daí a poesia palaciana, acrobatismo, mímica, etc. Era
que vigorará até a morte de D. Dinis, intelectualmente inferior ao trovador
1340. Depois, ela desaparecee volta nos pra podia virar um trovador. As
reinados de D. Afonso V, D. João II e D. vezes o jogral tinha suas próprias
Manuel quando será reunida no composições, mas normalmente um
Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, trovador lhe cedia canções para ele
em 1516. ganhar a vida. Os jograis que
Obs: o Galego Português era a língua tentavam mudar a classe eram
românica falada a Noroeste da Península criticados pelos trovadores. A partir
Ibérica (Galiza - Espanha e Minho e de metade do séc. XIV, a jogralia
Trás-os-Montes - Portugal). entra em decadência, eles abandonam
Na primeira fase a poesia trovadoresca é o ofício e se tornam músicos ou
dividida em 2 grupos ou gêneros: bobos da corte (palhaço que diverte
« Poesia lírico-amorosa: cantigas de a nobreza).
amor e de amigo;
« Satírica: cantigas de escárnio (+
indireta e irônica) e cantigas de
maldizer (+ agressivas e sarcásticas).
Veremos agora alguns termos específicos
importantes usados neste período
literário.
As rígidas estruturas sociais na Idade para se declarar, morre de suspiros.
Média também se projetavam nas artes.  Suplicante (precador): o trovador já

Tipos de Cantigas
Trovadorescas

Cantigas de amor:
As cantigas de amor eram inspiradas nas
poesias provençais (região que fica ao
sul da França). O homem expressa o seu
amor pela (o) ’’senhor’’ (substantivo
invariável para 2 gêneros), de acordo
com o código do amor cortês da poesia
provençal. Esse código era denominado
também ’’fin’amors’’. Segundo Spina,
esse tipo de serviço amoroso.....
No caso da França, o amor cortês torna- ousa relatar suas penas amorosas a
se uma espécie de religião para o amada. Já tem coragem de pedir
trovador, consiste em um culto a mulher favores a ela.
que prevê um ritual complexo, tornou-se  Namorado ou amigo (amante):
um serviço. Os amantes comportam-se também chamado entendedor, ele se
diante do amor como um vassalo diante considera namorado ou amigo
de seu senhor. O serviço do amor era (amante) da dama.
equivalente ao serviço da cavalaria,  Amante ou drudo: o trovador se
numa clara transposição do esquema considera com direito ao galadão, a
social criado pelo feudalismo. Os recompensa que conquistou com o
amantes devem cumprir os menores noviciado. O drud significava que a
caprichos da pessoa amada, pois ser dama correspondia ao trovador,
amooroso é comprometer-se por um aceitando como seu vassalo, recebia o
juramento, como um cavaleiro. juramento de fidelidade e lhe
A agente da vassalagem amorosa era a
mulher casada, pois a mulher solteira
não gozava , no sul da França, de
significação social.. O amor reveste-se
de um caráter adulterino (sul da França
não havia rigidez).
Existem 4 modelos que deveriam ser concedia um beijo, anel ou objeto
seguidos neste tipo de literatura, segundo como penhor de aliança.
Spina (1991): a) A dama é o supremo bem a que aspira
a) A vassalagem paciente e humilde o trovador.
comporta 4 estágios: b) O amor cortês tem as seguintes
 Suspirante (fenhedor): o trovador é virtudes: paciência, fidelidade,
tímido, ainda aspirante, sem coragem esperança, honra e descrição.
c) Discrição: pois a dama era casada. Este tipo se aproxima da poesia
Por isso, era utilizado o termo Senhal folclórica. Os elementos da natureza são
(Senhor), pseudnônimo poético da apresentados de forma simbólica. A
mulher. São em geral do gênero expressão pungente da ausência do
masculino: bel-senhor, mia senhor, amado e contato com a natureza
etc. Não há muita descrição da dama emprestam a essas composições uma
e é tida como a mais bela, e são emotividade mais intensa do que se
observa na cantiga de amor., embora
ambas sejam produto de convenções,
nota-se que o caráter telúrico do
sujeito, ou seja, a ligação dele com a
terra, bem como o eco da saudade
apresentam-se de forma mais intensa..
O efeito de maior intensidade emotiva
das cantigas de amigo venham do fato de
desprezados os títulos e bens. que essa composição ser mais realista
Obs: o precador e fenhedor irão aparecer do que a canção de amor, que é mais
na poesia de amor. Já na cantiga de idealista.. A cantiga de amigo exprime
amiga teremos o namorado ou amigo. O um sentimento espontâneo, natural,
amante ou drudo irá aparecer na cantiga primitivo por parte da mulher e um
de escárnio ou maldizer. sentimento egoísta por parte do
homem.
O amor cortês é baseado na paciência do Com relação a posição da mulher nas
homem e na impassibilidade da mulher. cantigas de amor e de amigo, o trovador
Há valorização dos olhos e do coração, vive uma dualidade amorosa: em espírito
temas importantes na poesia se dirige a dama aristocrática e como os
trovadoresca. A posse do amor ao final sentidos dirige-se a camponesa ou
da vassalagem amorosa constitui-se em pastora.
Joy, alegria suprema. Ocantar de amigo galego-português pode
Na poesia galego-portuguesa, o amor ser dividido, ainda pela temática:
assume características mais cerebrais Cantigas de Escárnio ou
(racionais?) do que emocionais, sendo Maldizer:
essencialmente mundano e convencional,
São cantigas satíricas (picantes,
um amor platônico, idealizado, onde o
maliciosas) que expressam o modo de
sensualismo é latente na inspiração do
vida dos ambientes dissolutos
trovador.
(ambientes libertinos, licenciosos) e
documentam a vida boêmia do ambiente
Cantigas de amigo: trovadoresco. A linguagem pode ser
São escritas por homens mas o sujeito licensiosa e chula (de baixo calão,
(eu) lírico é feminino, de camadas palavrões) e documenta os meios
populares que se dirigem a um amigo, a populares daquele tempo, quando havia
mãe, a irmã, a amiga. ou a um elemento os jograis de má vida e o
da natureza. O eu lírico feminino é acompanhamento de soldadeiras
fingimento poético. (mulheres a soldo, proatitutas)
retratadas. nome do pai da ribeirinha: Don Paay
A linguagem não possui eufemismos e Moniz. Por outro lado, podemos
há referências a anatomia e as relações aproximá-la da quele quarto estágio da
sexuais. A prostituta que se sobressai é a lírica trovadoresca provençal, em que o
Maria Balteira, amante de jograis, trovador se considera amante ou drudo e
fidalgos. Há referências ao alcoolismo, merecedor de um dom por parte da
doenças venéreas e homossexualismo. dama, o qual reclama não ter recebido.
Na canção de escárnio a sátira se Quanto ao sentido, é possível parafrasear
constrói por meio da ironia e o texto, preenchendo certas lacunas, do
sarcasmo, usando palavras encobertas, seguinte modo: Não há no mundo
de duplo sentido. Na de maldizer a homem tão infeliz como eu, enaquanto
sátira é feita abertamente, com
agressividade, sem palavras de suplo
entendimento, contundo essa fronteira
não é muito rígida.

Alguns Estudos de Textos


Cantiga Ribeirinha é considerado texto
inaugural da Literatura Portuguesa.
Faremos uma descrição formal que serve
para mostrar como as técnicas de as coisas estiverem como estão agora,
produção poética encontram-se pois morro por sua causa E você,
avançadas. Vale ressaltar que esta cantiga senhora branca e rosada, quer que a
escapa de uma classificação rígida, represente como estava quando a vi sem
sendo importante uma leitura que manto e percebi que seu corpo era bem
procure entender o sentido do texto e não feito. Infeliz foi tal dia (quando viu a
enquadrá-lo em parâmetros, uma vez que mulher em trajes íntimos), pois a vi tão
ele não se enquadra em nenhum dos formosa! Desde então, muito mal me
gêneros, produzindo um efeito: sua aconteceu, mas você, filha de D. Paay
ligação mais forte com o trovadorismo Moniz, acha certo que eu lhe ofereça
da região provençal, com a presença do uma guarvaia (um traje precioso),
amante ou drudo. quando de você nunca recebi coisa que
(autor: Paio Soares Taveirós). valha sequer uma correia..
Formalmente esse texto é uma cantiga As palavras ou versos finais da cantiga
de maestria em cobras singulares (pois podem ser entendidos da seguinte forma:
o esquema de rimas não se repete). ’’minha senhora, quereis que vos
Temos duas cobras com oito palavras represente sob o arminho e a púrpura
cada. Trata-se de uma cantiga que possui quando vos vi em traje caseiro’’ ou
atafinda e palavra perduda. A ’’achais natural que eu tenha para vós um
classificação é incerta, pois, por um lado, suntuoso manto real, eu que, como
não se trata de uma cantiga de amor, uma prova de afeição nunca de vós tive nem
vez que viola certas regras de tenho a valia de uma correia’’.
vassalagem, como a de não revelar a
identidade da dama. O trovador cita o
Já que a dama quer que o poeta a canção típica de amor não
represente vestida de uma guarvaia, traje correspondido. A dama, além de não
luxuoso da corte, assim o trovador faria, conceder mercê favores,
se ela o recompensasse devidamente. eufemisticamente não ‘fazer ben’ ao
Contudo, diante do desprezo que ela trovador ainda é levada por alguém que
demonstra por ele, o sujeito faz questão não a merece. Deus fez o poeta ver que
de lembrar as origens modestas da
mulher, que estão em contraste com a
atual prosperidade.
Essa cantiga é considerada o primeiro
texto da literatura portuguesa sendo
considerada de amor e de escárnio. Não
se sabe se o autor é Pai Soares ou
Martim Soares. Teria sido feita para D.
Maria Pais Ribeiro, aribeirinha, mulher
favorita de D. Sancho I.
Na hipótese de Massaud Moisés, o
trovador teria sido beneficiado com os
favores da dama, e agora sofre por
despeito, quem sabe resultante de
desprezá-lo agora, visto ter sido
promovida a categoria de favorita do rei,
cortesâ, e com isso, era merecedora do
manto da corte. Ressentido, ele revolta-
se contra a circunst foi morto por pesar por causa dela.
ãncia de ela querer a ’’guarvaia’’ por Encontramos neste texto o conceito de
vaidade e por petulância, ou para, com a sandece, a perda do contentamento, a
vestimenta, apagar a memória das insônia e a morte por amor. Trata-se de
antigas concessões (ou seja, ter se uma coita de amor (sofrimento
deixado ver ’ensaia’ pelo trovador). amorosos, morte por amor) agravada
Reclama o trovador, ainda, porque pelo fato de o poeta ter visto que não
jamais recebera presente algum d’A tinha merecimento levar a sua dona.
Ribeirinha. nessa corrente interpretativa, Podemos dizer que o trovador encontra-
podemos considerar a ’’guarvaia’’ como se aqui no segundo estágio da
uma metonímia do luxo da corte a que a vassalagem amorosa, o suplicante ou
dama tem acesso depois que passou a ser precador, já que ousa relatar a dama suas
amante do rei. penas. Isso é perceptível pelo vocativo
que constrói o refrão: ’’ ai, minha
Seguiremos com as análises de texto, senhor...’’.
começando com as cantigas de amor: A cantiga acima é de Pero da Ponte.
Essa cantiga também é de Paio Soares Trata-sede uma cantiga de refrão, cobras
Teveirós. Trata-se de uma cantiga de uníssonas, todas possuem o mesmo
refrão que possui cobras singulares, pois esquema de rimas (aaabab).
o esquema de rimas não se repete nelas Neste texto, o poeta lamenta sua sorte:
(abbac/deedc/cffcc/gaagc). Esta é uma desde que viu a dona, nunca mais viveu
em paz; ama-a contra vontade, pois Cantiga metalinguística de D. Dinis, que
desejaria liberta-se de uma situação que , ensina as regras para se fazr uma Cantiga
de Amor. Veja que ele ensina como se

deve elogiar uma mulher.


não lhe traz benefício, além de ser D. Dinis, rei de Portugual de 1279 a
motivo de contratiedade para ambos 1325, constitui um capítulo a parte por
(senhor, por vos e por mi!). Segundo tudo que significou para a cultura
Spina (1991) , o poeta execra a vida portuguesa, o que se depreende a sua
por causa de uma mor irrealizado (En biografia, que se encontra no portal
fort pont’ eu fuy nado = eu nasci num Cantigas Medievais Galego-
dia aziago, mal afortunado). A Portuguesas..
.expressão sen meu grado, contra a
minha vontade, choca-se com a
declaração de que a amada desde o dia
em que a viu. Trata-se de um serviço
amoroso sem perspectiva de
correspondência por parte da mulher:
servi senpr’ endõado ond’ un ben nunca
prendi = servi sem razões a alguém que
nunca me proporcionou uma
demosntração de recompensa.
Além de trazer aquestão da coita
amorosa, este poema apressenta um
retrato discreto e vago do corpo da
mulher: senhor de corpo delgado, ideia
de beleza física da dona.
O trovador encontra-se no estágio de
suplicante ou precador, pois ousa
dirigir-se a mulher; Senhor de corpo
delgado. Esta por sua vez, mostra-se
impassível.

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