Fichamento Antropologia Estrutural - Levi Strauss
Fichamento Antropologia Estrutural - Levi Strauss
Fichamento Antropologia Estrutural - Levi Strauss
LUCAS RODRIGUES
“Deixaremos de lado, neste artigo, o termo sociologia, que desde o início do século ainda não fez
por merecer o sentido geral de corpus do conjunto das ciências sociais, desejado para ele por
Durkheim e Simiand.Tomada na acepção que lhe davam, ainda corrente em vários países da Europa
e inclusive na França, de reflexão acerca dos princípios da vida social e das idéias que os homens
tiveram e têm a esse respeito, a sociologia equivale à filosofia social e se mantém alheia a nosso
estudo. E se virmos nela, como ocorre nos países anglo-saxões, um conjunto de pesquisas positivas
a respeito da organização e do funcionamento das sociedades do tipo mais complexo, a sociologia
se torna uma especialidade da etnografia, sem poder almejar, em razão da própria complexidade de
seu objeto, atingir resultados tão precisos e ricos quanto esta última, cuja consideração apresenta,
por essa razão, um maior valor tópico do ponto de vista metodológico.” p.14
“Resta definir a própria etnografia, e a etnologia. Distingui-las emos, de modo bastante sumário e
provisório, mas suficiente para um início de investigação, dizendo que a etnografia consiste na
observação e análise de grupos humanos tomados em sua especificidade, visando a restituição, tão
fiel quanto possível, do modo de vida de cada um deles. A etnologia, por sua vez, utiliza de modo
comparativo (e com finalidades que haveremos de determinar adiante) os documentos apresentados
pela etnografia.” p.14
“...se, eventualmente, os resultados do estudo objetivo das sociedades complexas e das sociedades
ditas primitivas puderem ser integrados, para fornecer conclusões universalmente válidas do ponto
de vista diacrônico ou sincrônico, a sociologia, tendo atingido sua forma positiva, perderá
automaticamente o primeiro sentido que apontamos, e passará a merecer aquele que sempre
almejou, de realização das ciências sociais. Ainda não chegamos lá…” “ ou nossas ciências se
debruçam sobre a dimensão diacrônica dos fenômenos, isto é, a sua ordem no tempo, e se tornam
incapazes de fazer-lhes a história, ou buscam trabalhar como os historiadores, e a dimensão
temporal se lhes escapa.” p.15
Essa noção de oposição entre diacronismo e sincronismo parece nos levar às teorias do passado:
evolucionismo e difusionismo respectivamente. Mas essa associação é redutora, essas teorias não
falharam por não conseguir resolver a dicotomia história vs funcionalismo. Tylor evolucionista
acreditava em entender a história muito superficialmente, mas interessado em produzir leis que
expliquem a cultura. Tomava como referência o método darwinista. se importando mais com a
criação de esqueleto teórico nomotético baseado na aparência, sem procurar entender o significado
totêmico das obras humanas que dá sentido às produções culturais. Para o etnólogo inglês as
produções culturais materiais ou não são a prova de uma espécie, uma repartição do gênero
humano, algo que Lévi-strauss o nega de forma simples e sofisticada:
“ “Para um etnólogo, diz Tylor, o arco ea flecha constituem uma espécie, o costume de deformar a
cabeça das crianças é uma espécie, o hábito de agrupar os números em dezenas é uma espécie. A
distribuição geográfica desses objetos e sua transmissão de uma região a outra devem ser estudadas
do mesmo modo que os naturalistas estudam a distribuição geográfica de suas espécies animais ou
vegetais TYLOR APUD LÉVI-STRAUSS ”. Nada mais perigoso, porém, do que essa analogia. (...)
A validade histórica das reconstruções dos naturalistas é garantida, em última análise, pelo elo
biológico da reprodução. Ao contrário, um machado nunca engendra outro machado;entre dois
instrumentos idênticos, ou entre dois instrumentos diferentes mas cuja forma de algum modo se
assemelha, houve e haverá sempre uma descontinuidade radical, decorrente do fato de que um não
provém do outro, mas cada um deles de um sistema de representação.” p.16
“Os “ciclos” ou os “complexos” culturais dos difusionistas são, como os “estágios” dos
evolucionistas, fruto de uma abstração à qual sempre irá faltar a corroboração de testemunhos. Sua
história é conjectural e ideológica.” p.18 “Em relação à história, Boas começa por uma declaração
de humildade: “Em matéria de história dos povos primitivos, tudo o que os etnólogos elaboraram se
reduz a reconstruções, e não pode ser outra coisa” p.19 “Infelizmente nós não dispomos de nenhum
fato que lance uma luz qualquer sobre estes “desenvolvimentos”” BOAS APUD LÉVI-STRAUSS