Potência de Ponto, Eixo Radical e Centro Radical
Potência de Ponto, Eixo Radical e Centro Radical
Potência de Ponto, Eixo Radical e Centro Radical
Davi Lopes
1. Introdução:
Continuando nossa jornada pela Geometria Plana, voltaremos a falar sobre
quadriláteros inscritíveis, só que dessa vez olharemos tais quadriláteros sob uma nova
perspectiva: antes, olhávamos ângulos para decidir se um dado quadrilátero é inscritível.
Agora, vamos aprender a olhar apenas para as medidas dos lados para ver se ele é
inscritível. Vamos nessa?
2. Potência de Ponto
O lema a seguir nos mostra como usar medidas de segmentos para saber se um
quadrilátero é inscritível ou não, e servirá de base para a definição de potência de ponto,
conceito esse que usaremos para desenvolver inúmeros resultados e ferramentas novas.
Prova: (1) Sabemos que 𝐴𝐵𝐶𝐷 é inscritível se, e somente se, ∠𝐴𝐶𝑃 = ∠𝐷𝐵𝑃 (ângulos
iguais subtendendo o mesmo lado). Porém, como ∠𝐴𝑃𝐶 = ∠𝐷𝑃𝐵 ocorre sempre, temos
que ∠𝐴𝐶𝑃 = ∠𝐷𝐵𝑃 se, e somente se, os triângulos 𝑃𝐶𝐴 e 𝑃𝐵𝐷 forem semelhantes. Essa
𝑃𝐵 𝑃𝐷
semelhança ocorre se, e somente se, 𝑃𝐶 = 𝑃𝐴 ⇔ 𝑃𝐴. 𝑃𝐵 = 𝑃𝐶. 𝑃𝐷.
(2) De modo análogo, temos que 𝐴𝐵𝐶𝐷 é inscritível se, e somente se, ∠𝐴𝐵𝑄 = ∠𝐷𝐶𝑄
(ângulos iguais subtendendo o mesmo lado). Porém, como ∠𝐴𝑄𝐵 = ∠𝐷𝑄𝐶 ocorre
sempre, temos que ∠𝐴𝐵𝑄 = ∠𝐷𝐶𝑄 se, e somente se, os triângulos 𝑄𝐴𝐵 e 𝑄𝐷𝐶 forem
𝑄𝐴 𝑄𝐵
semelhantes. Essa semelhança ocorre se, e somente se, 𝑄𝐷 = 𝑄𝐶 ⇔ 𝑄𝐴. 𝑄𝐶 = 𝑄𝐵. 𝑄𝐷 ∎
Uma consequência interessante desse lema é que, se tomarmos um ponto 𝑃 no exterior
de uma circunferência Γ, e 𝐴 um ponto sobre Γ, sendo 𝐴′ a segunda interseção de ⃡𝑃𝐴 e Γ,
ao variarmos 𝐴 sobre Γ, o produto 𝑃𝐴. 𝑃𝐴′ não muda. E o valor de tal produto é o que
nos motiva a definir a definição a seguir.
Pot Γ 𝑃 = 𝑃𝑂² − 𝑅²
• P está do lado de fora de Γ se, e somente se, Pot Γ 𝑃 > 0 (pois 𝑃𝑂 > 𝑅);
• P está em Γ se, e somente se, Pot Γ 𝑃 = 0 (pois 𝑃𝑂 = 𝑅);
• P está do lado de dentro de Γ se, e somente se, Pot Γ 𝑃 < 0 (pois 𝑃𝑂 < 𝑅);
Mas como essa definição tem a ver com o lema que provamos anteriormente? A
proposição seguinte nos mostra.
Proposição: Seja Γ(𝑂, 𝑅) e seja 𝑃 um ponto qualquer, que não está sobre Γ. Se 𝐴 é um
⃡ com Γ, então:
ponto qualquer sobre Γ e se 𝐴′ é a segunda interseção de 𝑃𝐴
Prova: A ideia é considerar um ponto 𝑋 sobre Γ tal que ⃡𝑃𝑋 passa pelo centro 𝑂, e sendo
⃡ com Γ, notar que 𝑋𝑂 = 𝑋 ′ 𝑂 = 𝑅. A diferença em cada
𝑋 ′ a segunda interseção de 𝑃𝑋
caso é a posição relativa de 𝑃, o que faz com que a mudança de sinal aconteça. Vejamos
cada caso.
Como a potência de ponto relaciona medidas de segmentos, fica bem evidente que
podemos fazer uso delas para calcular certos comprimentos, e os exemplos a seguir nos
dão uma ideia de como fazer isso.
ℎ2 + 72 = 𝐴𝐶 2 ⇒ 𝐴𝐶 2 = 56 + 49 = 105 ∎
𝐵𝐸 2 = 𝐵𝐷. 𝐵𝐶 = 8.11 = 88
𝑃𝐸 2 − 𝑃𝐷2 = 𝐵𝐸 2 − 𝐵𝐷 2
𝑋𝐴. 𝑋𝑃
Pot Γ1 𝑋 = −𝑋𝐴. 𝑋𝑃 = −𝑋𝑌. 𝑋𝑄 ⇒ 𝑋𝑌 = (1)
𝑋𝑄
𝑋𝐵. 𝑋𝑃
Pot Γ2 𝑋 = 𝑋𝑍. 𝑋𝑄 = 𝑋𝑃. 𝑋𝐵 ⇒ 𝑋𝑍 = (2)
𝑋𝑄
𝑋𝐴.𝑋𝑃 𝑋𝐵.𝑋𝑃
Como 𝑋𝐴 = 𝑋𝐵 ⇒ = , e de (1), (2) segue
𝑋𝑄 𝑋𝑄
que 𝑋𝑌 = 𝑋𝑍, isto é, 𝑋 é o ponto médio de ̅̅̅̅
𝑌𝑍, como queríamos provar ∎
∠𝐴
= ∠𝐴 + (180° − ∠𝐵𝑃𝐶) ⇒ 2∠𝐵𝑃𝐶 = 180° + ∠𝐴 ∴ ∠𝐵𝑃𝐶 = 90° +
2
∠𝐴
Acontece que ∠𝐵𝐼𝐶 = 90° + (prove isso, é só um cálculo de ângulos!), de modo que
2
∠𝐵𝑃𝐶 = ∠𝐵𝐼𝐶, ou seja, 𝐵, 𝐼, 𝑃, 𝐶 são concíclicos.
Ótimo! Já sabemos que 𝑃 está no circuncírculo de 𝐵𝐼𝐶, mas será que podemos extrair
mais informações sobre essa circunferência? O lema a seguir será uma mão na roda nesse
sentido, pois nos informa quem é o centro de (𝐵𝐼𝐶) e seu raio.
Lema: Seja 𝐴𝐵𝐶 um triângulo com incentro 𝐼 e seja 𝐷 o ponto médio do arco 𝐵𝐶 ̂ que
não contém 𝐴. Então, 𝐷𝐵 = 𝐷𝐶 = 𝐷𝐼, isto é, 𝐷 é o circuncentro do triângulo 𝐵𝐼𝐶 e 𝐷𝐼 é
o raio de sua circunferência circunscrita.
∠𝐴
∠𝐷𝐵𝐶 = ∠𝐷𝐴𝐶 = = ∠𝐵𝐴𝐷 = ∠𝐷𝐶𝐵
2
∠𝐴 ∠𝐶
∠𝐷𝐼𝐶 = ∠𝐼𝐴𝐶 + ∠𝐼𝐶𝐴 = + = ∠𝐷𝐶𝐵 + ∠𝐵𝐶𝐼 = ∠𝐷𝐶𝐼
2 2
𝑂𝐼 = √𝑅² − 2𝑅𝑟
𝐴𝐼 𝑃𝐷
=
𝐼𝐸 𝐵𝐷
Mas 𝐼𝐸 = 𝑟 , 𝑃𝐷 = 2𝑅 e do lema que vimos no
exemplo 5, temos 𝐵𝐷 = 𝐼𝐷 . Substituindo esses
valores acima, temos:
𝐴𝐼 2𝑅
= ⇒ 𝐴𝐼. 𝐼𝐷 = 2𝑅𝑟 (∗)
𝑟 𝐼𝐷
Mas observe também que 𝐴𝐼. 𝐼𝐷 = −𝑃𝑜𝑡Γ (𝐼) = 𝑅² − 𝑂𝐼². Assim, (∗) fica:
Fica como exercício para o leitor provar que 𝑂 = 𝐼 implica 𝐴𝐵𝐶 equilátero.
= 𝑟 2 − 𝑟. 𝐹𝐺 − 𝑃𝑜𝑡Γ1 (𝐼)
= 𝑟 2 − 𝑟. 𝐹𝐺 − (𝑂𝐼 2 − 𝑅 2 )
= 𝑟 2 − 𝑟. 𝐹𝐺 − (𝑅 2 − 2𝑅𝑟 − 𝑅 2 ) =
= 𝑟² + 𝑟(2𝑅 − 𝐹𝐺)
Onde na última passagem utilizamos a relação de Euler. Agora, note que, como 𝐹𝐺 ≤ 2𝑅
( 𝐹𝐺 é corda de Γ1 e a maior corda de uma circunferência é seu diâmetro), temos
𝑟(2𝑅 − 𝐹𝐺) ≥ 0 , donde 𝐷𝐹. 𝐸𝐺 = 𝑟² + 𝑟(2𝑅 − 𝐹𝐺) ≥ 𝑟² , como queríamos provar. A
igualdade só ocorre quando 𝑟(2𝑅 − 𝐹𝐺) = 0 ⇔ 𝐹𝐺 = 2𝑅 , ou seja, quando FG for
diâmetro de Γ1 ∎
3. Eixo Radical
Muitas vezes na Geometria Plana nos deparamos com problemas em que não temos
muitas informações a respeito de ângulos e comprimentos, de modo que soluções
analíticas se tornam praticamente inviáveis. Em alguns desses casos, a utilização de
ferramentas como o eixo radical, quando não resolve o problema, facilita e muito sua
resolução e compreensão, e a torna pequena e extremamente simples! A partir de agora,
o leitor pode se familiarizar com tal ferramenta, pois o eixo radical possui muitas
(repetimos: muitas!) utilidades.
Agora você vai ver porque esse lugar geométrico se chama “eixo” radical.
Proposição: O lugar geométrico dos pontos P tais que 𝑃𝑜𝑡Γ1 (𝑃) = 𝑃𝑜𝑡Γ2 (𝑃) é uma reta
perpendicular à reta que liga os centros de Γ1 (𝑂1 , 𝑅1 ) e Γ2 (𝑂2 , 𝑅2 ), respectivamente. Ou
seja, o eixo radical é uma reta 𝑟 tal que 𝑟 ⊥ 𝑂1 𝑂2.
Prova: Primeiro, vamos provar que todos os pontos P do eixo radical estão alinhados.
Seja 𝑃′ a projeção de P sobre 𝑂1 𝑂2 . Se provarmos que o valor de 𝑂1 𝑃′ e 𝑂2 𝑃′ forem
constantes, conseguiremos que 𝑃′ é fixo, e assim todo ponto do eixo radical está na reta
perpendicular a 𝑂1 𝑂2 que passa por 𝑃′ , que é uma reta fixa. Temos que, pelo teorema de
Pitágoras, nos triângulos 𝑃𝑃’𝑂1 e 𝑃𝑃′ 𝑂2 , respectivamente:
𝑃𝑂12 = 𝑃′ 𝑃2 + 𝑃′ 𝑂12 e 𝑃𝑂22 = 𝑃′ 𝑃2 + 𝑃′ 𝑂22
𝑃𝑂12 − 𝑃𝑂22 = 𝑃′ 𝑂12 − 𝑃′ 𝑂22 ⇒ (𝑃𝑂12 − 𝑅12 ) − (𝑃𝑂22 − 𝑅22 ) = 𝑃′ 𝑂12 − 𝑃′ 𝑂22 + 𝑅22 − 𝑅12
′ ′
𝑅12 − 𝑅22 ′
𝑅12 − 𝑅22 + 𝑂1 𝑂2
⇒ 𝑃 𝑂1 − 𝑃⏟ 𝑂2 = ⇒ 𝑃 𝑂1 = (∗)
𝑂1 𝑂2 2𝑂1 𝑂2
𝑂1 𝑂2 −𝑃 ′ 𝑂1
Analogamente:
𝑅22 − 𝑅12 + 𝑂1 𝑂2
𝑃′ 𝑂2 = (∗∗)
2𝑂1 𝑂2
Portanto, de (∗) e (∗∗), concluímos que 𝑃′ 𝑂1 e 𝑃′ 𝑂2 são constantes, e com isso P está na
reta r, como queríamos provar. Mas... só isso é o bastante?
Infelizmente, a demonstração ainda não acabou, pois falta mostrar que todo ponto de 𝑟
satisfaz as propriedades do eixo radical (Provamos que, se um ponto está no eixo radical,
então ele está em 𝑟, mas ainda falta provar a recíproca – se um ponto está em 𝑟, então ele
está no eixo radical). Mas isso deve ser natural, se pensarmos em fazer as contas acima,
mas “ao contrário”. Sabemos que, se 𝑃′ é o encontro de 𝑟 com 𝑂1 𝑂2, então, da maneira
que definimos r, temos que:
Assim, todo ponto 𝑃 de 𝑟 está no eixo radical e vice-versa. Com isso, concluímos que o
eixo radical é a própria reta 𝑟, como queríamos demonstrar ∎
Vimos aqui como achar o eixo radical de duas circunferências de modo analítico (ou seja,
em função dos raios das circunferências e das distâncias entre os centros), mas muitos
problemas de olimpíada simplesmente não disponibilizam tais dados. Então, como vamos
encontrar o eixo radical nesses casos? O corolário a seguir ajuda:
Prova: Para o primeiro caso, note que a tangente é perpendicular à reta que liga os centros
das circunferências, e se P é o ponto de tangência, temos que 𝑃𝑜𝑡Γ1 (𝑃) = 𝑃𝑜𝑡Γ2 (𝑃) = 0,
uma vez que P está em Γ1 e Γ2 .
Para o segundo caso, note que 𝑃𝑜𝑡Γ1 (𝐴) = 𝑃𝑜𝑡Γ2 (𝐴) = 0 e 𝑃𝑜𝑡Γ1 (𝐵) = 𝑃𝑜𝑡Γ2 (𝐵) = 0,
pois A e B estão ambos em Γ1 e Γ2 . Assim, se r é o eixo radical, 𝐴 ∈ 𝑟 e 𝐵 ∈ 𝑟. Mas r é
⃡ ∎
uma reta, e toda reta fica determinada por dois pontos. Logo, 𝑟 = 𝐴𝐵
Agora, vejamos alguns exemplos de como usar o eixo radical para resolver questões.
Outra definição útil para o eixo radical é baseada no seguinte fato: se tomarmos uma
circunferência Γ(𝑂, 𝑅) e um ponto A do lado de fora de Γ, seja P um ponto de Γ tal que
AP é tangente a Γ. Daí, 𝑃𝑜𝑡Γ (𝐴) = 𝑂𝐴² − 𝑅 2 = 𝑂𝐴2 − 𝑂𝑃2 = 𝐴𝑃², pelo teorema de
Pitágoras. Com isso, se tivermos duas circunferências Γ1 e Γ2 , e sendo A um ponto do eixo
radical de Γ1 e Γ2 , ao traçarmos as tangentes por A até Γ1 e Γ2 , elas possuem o mesmo
comprimento, uma vez que 𝑃𝑜𝑡Γ1 (𝐴) = 𝑃𝑜𝑡Γ2 (𝐴). Assim, temos a:
Portanto, 𝐶 e 𝐹 estão no eixo radical de (𝐴𝐷𝐹) e (𝐵𝐸𝐹), e como o eixo radical é uma
reta, temos que tal eixo é na verdade a reta ⃡𝐶𝐹 . Como o eixo radical é perpendicular à
reta ̅̅̅̅
𝐺𝐻 que liga os centros de (𝐴𝐷𝐹) e (𝐵𝐸𝐹), temos que 𝐺𝐻 e 𝐹𝐶 são perpendiculares,
como queríamos demonstrar ∎
E como 𝐴𝑃 = 𝐴𝑄, segue que Pot (𝑃𝑅𝑆) 𝐴 = Pot (𝑄𝑅𝑆) 𝐴, ou seja, 𝐴 está no eixo radical ⃡𝑅𝑆,
o que é um absurdo, pois 𝐴, 𝐵, 𝐶 não são colineares. Portanto, 𝑃𝑄𝑅𝑆 é cíclico ∎
4. Centro Radical
O teorema que veremos a seguir é uma excelente ferramenta para provarmos que três
retas são concorrentes, principalmente quando aparecem muitas circunferências.
Considere três circunferências Γ1 , Γ2 , Γ3 , cujos centros não são colineares (Fig. 1). Se 𝑟1 é
o eixo radical de Γ2 e Γ3 , e 𝑟2 é o eixo radical de Γ3 e Γ1 , seja P o ponto de interseção de
𝑟1 e 𝑟2 . Daí, 𝑃𝑜𝑡Γ2 (𝑃) = 𝑃𝑜𝑡Γ3 (𝑃) (𝑃 ∈ 𝑟1) e 𝑃𝑜𝑡Γ3 (𝑃) = 𝑃𝑜𝑡Γ1 (𝑃) (𝑃 ∈ 𝑟2). Com isso,
𝑃𝑜𝑡Γ1 (𝑃) = 𝑃𝑜𝑡Γ2 (𝑃), o que implica 𝑃 ∈ 𝑟3 , onde 𝑟3 é o eixo radical de Γ1 e Γ2 . Com
isso, os três eixos radicais 𝑟1 , 𝑟2 e 𝑟3 são concorrentes em P e com isso obtemos a
definição de centro radical, que pode ser formalmente escrita como segue:
Definição de Centro Radical: Dadas três circunferências Γ1 , Γ2 , Γ3 , cujos centros não são
colineares, definimos o centro radical como sendo a interseção dos três eixos radicais
definidos por Γ1 , Γ2 , Γ3 .
Observação: Caso os centros de Γ1 , Γ2 , Γ3 sejam colineares (Fig. 2), temos que os eixos
radicais 𝑟1, 𝑟2 e 𝑟3 são paralelos, já que todos eles são perpendiculares à reta que une os
centros de Γ1 , Γ2 , Γ3 .
Acompanhe os exemplos a seguir, desta vez para ilustrar o uso do centro radical.
Exemplo 13 (IMO 1995): Sejam A, B, C, D pontos distintos em uma reta, nesta ordem.
As circunferências Γ1 e Γ2 de diâmetros AC e BD se intersectam em X e Y. O é um ponto
arbitrário da reta XY, não situado em AD. CO intersecta Γ1 novamente em M, e BO
intersecta Γ2 novamente em N. Prove que AM, DN e XY são concorrentes.
E com isso NBCM é inscritível. Daí, temos que ∠𝑀𝑁𝑂 = ∠𝑀𝐶𝐵. Assim:
E com isso 𝐴𝑁𝑀𝐷 é inscritível como queríamos provar. Com isso, seja Γ3 a
circunferência que passa por 𝐴𝑁𝑀𝐷. Para acabar, temos que 𝐴𝑀 é o eixo radical de Γ3 e
Γ1 , 𝐷𝑁 é o eixo radical de Γ3 e Γ2 , e 𝑋𝑌 é o eixo radical de Γ1 e Γ2 . Portanto, 𝐴𝑀, 𝐷𝑁 e
𝑋𝑌 concorrem em 𝑍, centro radical de Γ1 , Γ2 e Γ3 ∎
E isso é possível? Claro que sim! Para cada ponto 𝑂 de plano, a circunferência de centro
𝑂 e raio zero é o lugar geométrico dos pontos 𝑃 tais que 𝑃𝑂 = 0. O único ponto com
distância zero de 𝑂 é o próprio 𝑂, de modo que tal circunferência é o próprio ponto 𝑂.
E a potência de ponto, eixos e centros radicais, como ficam? Bastante simples! Sendo
Γ(𝑂, 0) a circunferência de centro 𝑂 e raio zero, definimos, para cada ponto 𝑃 do plano:
Pot Γ 𝑃 = 𝑃𝑂2 − 02 = 𝑃𝑂2
Mas por que circunferências de raio zero são tão úteis? Veja os exemplos seguintes.
𝐴𝐸 = 𝐴𝐹 ⇒ 2𝐴𝐸 = 𝐴𝐸 + 𝐴𝐹 =
= 𝐴𝐶 + 𝐴𝐵 + 𝐵𝐶 = 4 ⇒ 𝐴𝐸 = 𝐴𝐹 = 2
𝐵𝐷 = 𝐵𝐹 = 𝐶𝑋 = 𝐶𝑌 = 𝑝 − 𝑐
𝐶𝐷 = 𝐶𝐸 = 𝐵𝑋 = 𝐵𝑍 = 𝑝 − 𝑏
𝐴𝑌 = 𝐴𝑍 = 𝑝 − 𝑎; 𝐴𝐹 = 𝐴𝐸 = 𝑝; 𝐵𝐶 = 𝑌𝐸 = 𝑍𝐹 = 𝑎
Pot 𝜔 𝑍 = 𝑍𝐹 2 = 𝑎2 = 𝑍𝑆 2 = Pot𝑆 𝑍
Pot 𝜔 𝑌 = 𝑌𝐸 2 = 𝑎2 = 𝑌𝑅 2 = Pot 𝑅 𝑌
E para ficar craque em potência de ponto, eixos e centros radicais, nada melhor do que
fazer exercícios e problemas. Divirtam-se!
6. Exercícios Básicos
Exercício 1: Em cada um dos itens a seguir, determine o valor da incógnita 𝑥. Quando
for o caso, considere 𝑂 como o centro da circunferência.
Exercício 7 (AMC 12/2020): Seja 𝐴𝐵𝐶𝐷 um quadrado unitário (isto é, de lado 1). A
̅̅̅̅ em 𝑀 e 𝐴𝑀
circunferência inscrita 𝜔 do quadrado intersecta 𝐶𝐷 ̅̅̅̅̅ intersecta 𝜔
novamente em 𝑃. Qual é a medida de 𝐴𝑃?
Exercício 10: Seja 𝐴𝐵𝐶 um triângulo equilátero de lado 1 e circuncírculo 𝜔. Uma corda
̅̅̅̅ e 𝐴𝐶
de 𝜔 é trissectada por 𝐴𝐵 ̅̅̅̅ . Qual é o comprimento dessa corda?
Exercício 13: Seja P um ponto no interior de um círculo tal que existem três cordas que
passam por P e têm o mesmo comprimento. Prove que P é o centro do círculo.
(a) Mostre que, para cada constante 𝑐 ∈ ℝ, o lugar geométrico dos pontos P tais que
𝑃𝑜𝑡Γ1 𝑃 − 𝑃𝑜𝑡Γ2 𝑃 = 𝑐 é uma reta perpendicular a ̅̅̅̅̅̅̅
𝑂1 𝑂2.
(b) Mostre que o lugar geométrico dos pontos P tais que 𝑃𝑂12 + 𝑅12 = 𝑃𝑂22 + 𝑅22 é uma
̅̅̅̅̅̅̅
reta simétrica ao eixo radical de Γ1 e Γ2 em relação ao ponto médio de 𝑂 1 𝑂2.
Problema 17: No triângulo acutângulo 𝐴𝐵𝐶, ∠𝐵 > ∠𝐶. Seja 𝑀 o ponto médio de 𝐵𝐶, e
sejam 𝐷 e 𝐸 os pés das alturas relativas a 𝐶 e a 𝐵, respectivamente. 𝐾 e 𝐿 são os pontos
médios de 𝑀𝐸 e 𝑀𝐷, respectivamente. Se 𝐾𝐿 intersecta a reta paralela a 𝐵𝐶 por 𝐴 em 𝑇,
prove que 𝑇𝐴 = 𝑇𝑀.
1 1 1 1
2+ 2+ 2+ =0
𝑂1 𝐴12− 𝑟1 𝑂2 𝐴2 − 𝑟2 𝑂3 𝐴3 − 𝑟3 𝑂4 𝐴4 − 𝑟42
2 2 2
Problema 26: Seja 𝐴𝐵𝐶 um triângulo, e sejam 𝐷, 𝐸, 𝐹 pontos sobre os lados 𝐵𝐶, 𝐶𝐴, 𝐴𝐵,
respectivamente, tais que 𝐸𝐹 ∥ 𝐵𝐶 . A reta 𝐷𝐸 intersecta o circuncírculo de 𝐴𝐷𝐶
novamente em 𝑋. Similarmente, a reta 𝐷𝐹 intersecta o circuncírculo de 𝐴𝐷𝐵 novamente
em 𝑌 ≠ 𝐷. Se 𝐷′ é o simétrico de 𝐷 relativo ao ponto médio de 𝐵𝐶, prove que 𝐷, 𝐷′ , 𝑋, 𝑌
estão numa mesma circunferência.