Aula 10

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COESÃO REFERENCIAL

Esse tipo de coesão ocorre quando determinado elemento textual remete a outro, substituindo-o. A referência,
inicialmente, pode ser em relação a um dado externo ou interno ao texto. Dessa forma, temos:

FUNÇÃO ENDOFÓRICA

Anáfora (termo anafórico ou elemento anafórico): é o termo que retoma algo que já foi citado.
Exemplo: Joana não saiu ontem. Ela preferiu ficar em casa.
Existe um termo, um elemento que esta retomando algo que já foi citado. Esse termo é o pronome ela. A anáfora está sendo
feita por um pronome pessoal. Ele é o elemento anafórico, que se refere ao substantivo Joana.

Catáfora: (termo catafórico ou elemento catafórico): se a anáfora retoma algo que já foi citado, a catáfora, por sua vez,
apresenta algo que ainda não foi dito. Essa é a grande diferença entre esses dois elementos de coesão no texto. A catáfora
apresenta algo que ainda não é conhecido.
Exemplo: Eu preciso fazer isto: estudar os pronomes.

Nesse caso, nós temos o pronome demonstrativo isto apresentando algo que ainda não foi dito no texto. Perceba que o pronome
isto introduz ou apresenta algo. Isto é uma catafórica.

Outros exemplos:

1-Regência e crase: essas são as matérias mais cobradas em concurso publico.

2-As matérias mais cobradas em concurso público são estas: regência e crase.

Veja só a questão seguinte de concurso:

No trecho: “(…) A alocação de novos recursos nada tem a ver, em princípio, com o impacto tecnológico. O avanço deste não
acarreta necessariamente impacto positivo daquela”. Os pronomes demonstrativos exercem, respectivamente, função:
(A) anafórica e catafórica.
(B) catafórica e catafórica.
(C) anafórica e anafórica.
(D) catafórica e anafórica.
(E) dêitica e dêitica.

O uso do pronome demonstrativo “deste” serve para retomar a passagem do texto que faz referência ao impacto tecnológico; o
pronome demonstrativo “daquela”, por sua vez, faz referência à alocação de novos recursos. Esse fenômeno, chamado anáfora,
garante a coesão do texto e diz respeito a pessoas e objetos, tempos, lugares, fatos etc. mencionados em outros pontos do
mesmo texto. Na questão, portanto, os pronomes “deste” e “daquela” exercem função anafórica (alternativa C).

FUNÇÃO EXOFÓRICA

Na alternativa E do exercício acima, vemos a função dêitica. Chamamos de dêiticas as expressões que se interpretam por
referência a elementos do contexto extra-linguístico em que ocorre a fala. A dêixis diz respeito principalmente às pessoas que
participam da interação verbal, ou a lugares e tempos que são localizados a partir da situação de fala. Ocorre, sobretudo por
meio dos pronomes, dos artigos, dos tempos dos verbos e de certos advérbios.
É a função daquilo que está fora do texto. A função exofórica é a função das deduções, a função das inferências. A palavra terá
função exofórica toda vez que buscar informações que devem ser deduzidas a partir do texto.

PERGUNTAS: QUEM? ONDE? QUANDO? ELA CHEGOU/ELA CHEGOU AQUI/ELA CHEGOU AQUI CEDO.

Podemos tratar a dêixis dadas as circunstâncias de sua enunciação por meio de cinco categorias: lugar, pessoa, tempo, discurso
e dinâmica social.

Lugar – dêitico espacial Discurso – dêitico discursivo


Pessoa – dêitico pessoal Dinâmica Social – dêitico social
Tempo – dêitico temporal

Dêixis espacial
faz referência ao lugar de onde se enuncia ou sobre o que se enuncia. Esse tipo é geralmente representado por advérbios de
lugar, através dos quais o enunciador aponta para o espaço referido sem citar o seu nome. O famoso poema romântico “Canção
do exílio” é um exemplo em que a ocorrência dos dêiticos de lugar é fundamental para a constituição de sentido do texto.

(...) Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Dêixis pessoal
São termos que remetem à identidade do enunciador, normalmente manifestados por pronomes pessoais. A canção abaixo,
composta por Paulinho da Viola, é relevante para ilustrarmos esse tipo de dêitico.
Olá, como vai?
Eu vou indo e você tudo bem?
Tudo bem eu vou indo
Correndo pegar meu lugar
No futuro e você?
Tudo bem eu vou indo
Em busca de um sono tranquilo
Quem Sabe
Quanto tempo, pois é quanto tempo
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios (...)

O ato de usar palavras que apontem para o próprio falante e seu interlocutor (“eu” e “você”) caracteriza um tipo de dêitico. No
caso da canção em questão, como se tratam de duas pessoas que se reveem no trânsito enquanto o sinal está fechado, o autor
apresenta as identificações com os pronomes “eu” e “você” para que os personagens façam referências a si mesmos. Seus
nomes não são ditos, pois como eles se conhecem, no momento da interlocução face a face, fazem uso apenas dos pronomes
citados para falarem de si e dirigirem a palavra ao outro.

Dêixis temporal

Como o próprio nome deixa antever – é uma forma de apontar o tempo. O recurso mais comum são os advérbios de
temporalidade. Por exemplo:
a) Ontem choveu muito;
b) Daqui a pouco vai amanhecer e eu ainda não dormi;
c) Pensei em você agora mesmo;

Esses dêiticos, tanto quanto os espaciais e os pessoais, são constantemente usados no dia a dia para nos referirmos a um tempo
que é indicado no momento da enunciação.

Dêixis social

Podemos afirmar que se refere aos papéis sociais que as pessoas ocupam e consequentemente ao status decorrente desses
papéis. Chamar o outro ou se denominar de senhor, doutor, mestre, companheiro, amigo, entre outras formas de tratamento
indica qual identidade social o locutor atribui ao interlocutor e qual a relação social que ambos possuem no momento da
enunciação. Isso ocorre, por exemplo, no romance Grande sertão: Veredas escrito por João Guimarães Rosa. Vejamos um
trecho:

[...] O senhor mire e veja. O mais importante e bonito do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não
foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. [...]

Riobaldo, em toda a sua narrativa, conversa com um interlocutor tratando-o de “senhor”. Esse termo serve para o protagonista
como uma forma de designar o outro com quem fala, mas também o uso desse honorífico estabelece uma relação social entre os
dois e, para nós que não conhecemos o interlocutor de Riobaldo, imaginamos quem possa ser e como ele se relaciona com o
narrador.

1-Identifique e classifique os elementos de coesão referencial como anafóricos (A), catafóricos(C) ou dêiticos (D):

I) No Brasil, o problema é este: a violência.( )


II) A violência cresce a cada dia no Brasil. Esse problema deve ser combatido por meio de medidas mais eficazes.( )
III) Meu sonho é este: conseguir um emprego público. ( )
IV) — Vamos até ali... — convidou, implorativo, o Leonel, perdido pela namorada.
— Ali, aonde? — perguntou ela, sem forças para resistir.
— Ali adiante...( )
V)Ontem fui ao cinema. ( )
VI) Aqui está muito frio. ( )
VII) O João está doente. Vi-o na semana passada.( )

2- . Analise a função dos elementos em destaque e marque as alternativas corretas:

“Soube, ontem, que você irá ocupar um alto cargo na empresa e que está de mudança para uma casa mais próxima de seu local
de trabalho. Se isto me entristeceu, já que somos vizinhos a tantos anos, aquilo me deixou muito contente”.
a) O pronome “isto” é anafórico, pois retoma a seguinte informação “mudança para uma casa mais próxima de seu local de
trabalho”.
b) O pronome “isto” é anafórico, pois retoma a seguinte informação “você irá ocupar um alto cargo na empresa”.
c) O pronome “aquilo” é anafórico, pois retoma a seguinte informação “mudança para uma casa mais próxima de seu local de
trabalho”.
d) O pronome “aquilo” é anafórico, pois retoma a seguinte informação “você irá ocupar um alto cargo na empresa”.
e) O que deixa o enunciador contente é o fato de ele ocupar um alto cargo na empresa.

3- Analise a expressão em destaque no fragmento: “Próximo à escola há uma livraria. Lá tem muitos livros
interessantes”.
a) É um elemento dêitico, somente indica um lugar, mas não se sabe determina-lo no contexto”.
b) É um elemento anafórico, já que retoma “próximo à escola”.
c) É um elemento catafórico, pois se refere aos livros interessantes.
d) É um elemento anafórico, e retoma “livraria”.
4- No trecho “de modo análogo intervém a fortuna, a qual manifesta seu poder onde não há forças organizadas que
lhe resistam” (linhas 16-17), as palavras em destaque apresentam, respectivamente, referentes
a) anafórico e anafórico. c) catafórico e anafórico.
b) anafórico e catafórico. d) catafórico e catafórico.

5- Páris, filho do rei de Troia, raptou Helena, mulher de um rei grego. Isso provocou um sangrento conflito de dez
anos, entre os séculos XIII e XII A.C. Foi o primeiro choque entre o ocidente e o oriente. Mas os gregos
conseguiram enganar os troianos. Deixaram à porta de seus muros fortificados um imenso cavalo de madeira. Os
troianos, felizes com o presente, puseram-no para dentro. À noite, os soldados gregos, que estavam escondidos no
cavalo, saíram e abriram as portas da fortaleza para a invasão. Daí surgiu a expressão "presente de grego".

Em "puseram-no", a forma pronominal "no" refere-se:


a) ao termo "rei grego". d) à expressão "muros fortificados".
b) ao antecedente "gregos". e) aos termos "presente" e "cavalo de madeira".
c) ao antecedente distante "choque".

QUESTÃO UERJ 1

Na coesão textual, ocorre o que se chama catáfora quando um termo se refere a algo que ainda vai ser enunciado na frase.
Um exemplo em que o termo destacado constrói uma catáfora é:
(A) Como se ela restituísse, (l. 7)
(B) Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, (l. 17)
(C) não numa partícula verbal externa a elas, (l. 22-23)
(D) No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam (l. 30)
QUESTÃO UERJ 2

Na coesão textual, os pronomes podem ser empregados para fazer a ligação entre o que está sendo dito e o que foi enunciado
anteriormente. O pronome sublinhado que estabelece ligação com uma parte anterior do texto está na seguinte passagem:
(A) "A configuração do mundo do trabalho é cada vez mais volátil" (l. 8)
(B) Outra grande consequência, de acordo com o professor, diz respeito à saúde dos trabalhadores, (l. 16)
(C) "Trata-se de um cenário em que todos perdem," (l. 17-18)
(D) qual o tipo de desenvolvimento que nós, como cidadãos, queremos ter? (l. 22)
 
QUESTÃO UERJ 3
Nos processos
de coesão textual, há vocábulos que substituem palavras, expressões ou idéias anteriormente expostas.
Um exemplo em que o vocábulo grifado retoma algo enunciado em parágrafo anterior é:
(A) "a proporção entre essas duas categorias" (l. 29-30)
(B) "é porque esse mesmo fenômeno" (l. 35-36)
(C) "ou para manifestar sua postura política" (l. 40-41)
(D) "e tenho plena consciência de que ela é." (l. 48-49)

QUESTÃO UERJ 4
 
Alguns vocábulos possuem a propriedade de retomar integralmente uma idéia já apresentada antes. Essa propriedade é
observada no vocábulo grifado em:
(A) "Acordou com os berros da bicharia lá em baixo" (l. 2)
(B) "Tomou-o um respeito cheio de inveja" (l. 19)
(C) "Então resolveu ir brincar com a Máquina" (l. 23)
(D) "Estava nostálgico assim." (l. 41-42)   

QUESTÃO UERJ 5
A crônica de Gregorio Duvivier é construída em um único parágrafo com uma única frase. Essa frase começa e termina pela
mesma expressão: é menina. 
Em termos denotativos, a menina, referida no final do texto, pode ser compreendida como:
(A) filha da primeira (C) mulher na infância
(B) ideal de pureza (D) sinal de transformação
 
QUESTÃO UERJ 6
O texto é centrado na expressão onomatopaica blablablá, que normalmente se escreve no lugar de uma longa fala irrelevante.
A autora, no entanto, lhe empresta outro sentido e outra função. No texto, a expressão os blablablás se refere àqueles que:
(A) tratam de assuntos banais
(B) reprimem pessoas desatentas
(C) discutem ética de espectadores
(D) falam em momento inapropriado

QUESTÃO UERJ 7

 Na descrição de sua situação e de seus sentimentos, o narrador utiliza diversos recursos coesivos, dentre eles o da adição.  O
fragmento do texto que exemplifica o recurso da adição está em:
(A) repletos de orgulho de suas cartas que sabe Deus como tiraram. (l. 18-19)
(B) me dispo em frente de desconhecidos, como uma mulher pública... (l. 28)
(C) Sofro assim de tantos modos, por causa desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às vezes acordo, vem dela, (l.
28-29)
(D) Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa também, amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil (l.
34-35)

QUESTÃO UERJ 8
Toda a indagação do cronista acerca da palavra se baseia na diferença entre a importância que ela pode ter, por um lado, para
quem a escreve e, por outro, para quem a lê. O par de vocábulos que melhor exemplifica essa diferença no texto é:
(A) esqueci (l. 9) - feri (l. 1)
(B) ofício (l. 3) - consolo (l. 4)
(C) espontânea (l. 8) - secreta (l. 16)
(D) reconciliar (l. 5) - despertar (l. 18)
 

QUESTÃO UERJ 9

A não ser através d`O tico-tico e da poesia de Camões, (l. 10-11) A expressão em destaque torna a frase que ela introduz uma
ressalva em relação ao que está enunciado anteriormente. Essa ressalva evidencia que as leituras do poeta lhe davam a
seguinte possibilidade:
(A) rever suas crenças arraigadas (B) interagir com universos diferentes
(C) superar uma alienação do presente (D) compreender a idealização da morte

QUESTÃO UERJ 10

Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, (l. 16)

O fragmento acima poderia ser reescrito, com o emprego de um conectivo.


A reescritura que preserva o sentido original do fragmento é:
(A) caso nos visse a todos naquele estado de aflição
(B) porém nos viu a todos naquele estado de aflição
(C) quando nos viu a todos naquele estado de aflição
(D) não obstante nos ver a todos naquele estado de aflição
 

QUESTÃO UERJ 11

que rompiam-lhes o seio. (l. 11)


O vocábulo sublinhado faz referência a uma palavra já enunciada no texto. Essa palavra a que se refere o vocábulo lhes é:
(A) soluços
(B) páginas
(C) senhoras
(D) momentos
QUESTÃO UERJ 12

As palavras do narrador expõem a extensão de seu sofrimento na tomada de consciência que impulsiona a escrita de seu livro.
Na tentativa de descrever a si mesmo e confessar suas culpas, o personagem-narrador muitas vezes parece dirigir-se ao leitor.
Dos fragmentos transcritos abaixo, aquele que exemplifica esse diálogo sugerido com o leitor é:
(A) De repente voltou-me a ideia de construir o livro. (l. 1)
(B) Desgosto e a vaga compreensão de muitas coisas que sinto. (l. 6-7)
(C) Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. (l. 8)
(D) Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. (l. 9-10)

 
QUESTÃO UERJ 13

Julgo que me desnorteei numa errada. (l. 25)


Na sentença acima ocorre a elipse de um determinado termo, o qual, no entanto, pode-se deduzir pelo contexto e pela
construção gramatical.
Esse termo está indicado em:
(A) trilha
(B) atalho
(C) desvio
(D) armadilha
 

RELEMBRANDO:

► Existem cinco mecanismos de coesão. São eles:

● Referência: Pode ser exofórica, ou seja, quando o referente está fora do texto, ou endofórica, quando o elemento está
expresso no texto (processos de anáfora e catáfora);
● Substituição: Consiste na colocação de um item no lugar de outro elemento do texto, evitando assim a repetição de
palavras e até mesmo de orações inteiras;
● Elipse: Nesse mecanismo, omite-se um item facilmente identificado através do contexto de uma frase;
● Conjunção: Elemento responsável pelas relações entre os elementos das orações do texto;
● Coesão lexical: Pode ser obtida através da reiteração (repetição do mesmo item através de termos semanticamente
equivalentes) e da colocação (uso de termos pertencentes a um mesmo campo semântico. Exemplo: hospital, ambulância,
pacientes, feridos etc.).

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