Aula 12
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Sabe quando o professor corrige algo no texto, como se redigisse “melhor” o que foi escrito? Sabe aquela sensação de que a
frase “fica melhor assim”? Pois bem, muito provavelmente, você pode ter cometido erros de paralelismo sem saber.
Conceito básico:
O termo paralelismo corresponde a uma relação de equivalência, entre dois ou mais elementos. É um recurso responsável por
uma boa progressão textual. Dizemos que há paralelismo em uma estrutura quando há uma correspondência rítmica,
sintática/gramatical ou semântica entre as estruturas.
(Quino)
Reparem que, no segundo quadrinho, na fala da mãe da menina, há uma estrutura sintaticamente equivalente:
“[PARA TRABALHAR,] [PARA NOS AMAR,] [PARA FAZER DESTE MUNDO UM MUNDO MELHOR]”
Notem que as três orações em destaque obedecem a uma mesma estrutura sintática: iniciam-se com a preposição “para” e
mantêm o verbo no infinitivo. A essa relação de equivalência estrutural, damos o nome de paralelismo.
Analisemos o próximo exemplo:
O paralelismo é um recurso de coesão textual, ou seja, promove a conexão das ideias, através de repetições planejadas,
trazendo unidade a um texto. Vejamos o exemplo a seguir:
Reparem que há um desequilíbrio gramatical na frase acima. Para respeitarmos o paralelismo, poderíamos reescrevê-la das
seguintes maneiras:
Vejam que, na primeira reescritura, mantivemos verbos no infinitivo iniciando as orações – “mudar” e “melhorar”. Já na
segunda, mantivemos bases nominais – substantivos – “mudanças” e “melhorias”. Dessa forma, estabelecemos
o paralelismo nas frases.
Bem, você deve estar se perguntando: “Mas como achar o tal do paralelismo?”. Uma dica boa é encontrar os conectivos na
frase. Eles são importantes marcadores textuais para ajudá-los a identificar as estruturas que devem permanecer em relação
de equivalência.
O verbo querer possui duas ideias que o complementam: “amor” E “ter paz”. O conectivo “e” marca o paralelismo. As estruturas
por ele ligadas estão iguais gramaticalmente?
Não. Uma é um substantivo e a outra uma oração. Para equilibrá-las, podemos reescrever, por exemplo, das seguintes formas:
É aquele em que se nota uma correlação sintática numa estrutura frasal a partir de termos ou orações semelhantes
morfossintaticamente. Veja os exemplos a seguir:
Exemplo 1:
O condenado não só [roubou], mas também [é sequestrador].
Exemplo 2:
O cidadão precisa [de educação], [respeito] e [solidariedade].
Corrigindo, temos:
O cidadão precisa [de educação], [de respeito] e [de solidariedade]. (os três complementos verbais devem vir preposicionados
- encadeamento de funções sintáticas)
Exemplo 3:
[Gosto] e [compro] livros.
Nesse caso, temos um problema na construção. O verbo “gostar” é transitivo indireto, enquanto o verbo “comprar” é transitivo
direto. A frase mostra-se incompleta sintaticamente, uma vez que só há um complemento verbal (“livros”).
Corrigindo, temos:
Exemplo 4:
Quero [sua ajuda] e [que você venha].
Nesse caso, o paralelismo foi quebrado, uma vez que os complementos do verbo “querer” têm “pesos sintáticos” diferentes: “sua
ajuda” é um objeto direto “simples” e “que você venha” é um objeto direto oracional. Repare que os objetos estão ligados pelo
conectivo “e”, devendo, portanto, haver uma equivalência entre eles.
Corrigindo, temos:
Quero [sua ajuda] e [sua vinda]. Ou Quero [que você me ajude] e [que você venha].
PARALELISMO SEMÂNTICO
É aquele em que se observa uma correlação de sentido entre as estruturas.
Observem os exemplos a seguir:
Notem que, apesar de haver paralelismo gramatical ou sintático nas frases, não há uma correlação semântica.
No primeiro caso trocar “de namorada” não equivale a trocar “de blusa”; no segundo, amar “durante quinze meses”
(tempo) não corresponde a amar “durante onze contos de réis”. São relações de sentido diferentes. Dessa forma, podemos
dizer que houve uma “quebra” do paralelismo semântico, pois é feita uma aproximação entre elementos de “carga
significativa” diferente. Entretanto, isso foi intencional e não deve ser visto como uma falha de construção.
SE LIGA!
Na maioria das vezes, esse tipo de construção é proposital para trazer a um trecho determinado efeito de sentido a partir da
ironia ou do humor, como nos exemplos acima.
PARALELISMO RÍTMICO
O paralelismo rítmico é um recurso estilístico de grande efeito, do qual alguns autores se servem com o propósito de dar maior
expressividade ao pensamento.
Vejam os exemplos a seguir, retirados do livro “Comunicação em prosa moderna”, de Othon Garcia:
“Se os olhos vêem com amor, o corvo é branco; se com ódio, o cisne é negro; se com amor, o demônio é formoso; se com ódio,
o anjo é feio; se com amor, o pigmeu é gigante”.
(“Sermão da quinta quarta-feira”, apud M. Gonçalves Viana, Sermões e lugares seletos, p. 214)
“Nenhum doutor as observou com maior escrúpulo, nem as esquadrinhou com maior estudo, nem as entendeu com maior
propriedade, nem as proferiu com mais verdade, nem as explicou com maior clareza, nem as recapacitou com mais facilidade,
nem as propugnou com maior valentia, nem as pregou e semeou com maior abundância”. (M.Bernardes)
Reparem as repetições intencionais, enfáticas presentes nas construções acima, caracterizando um paralelismo rítmico.
1-Os períodos a seguir apresentam problemas de paralelismo. Reescreva-os, fazendo as devidas correções:
B)Pensei estar, um dia, como aquele funcionário e que também conseguirei uma promoção.
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C)Lamentei não ter feito nada pelo rapaz e que ele saísse tão humilhado
________________________________________________________________________________
Até hoje se pergunta: para que serve a arte, para que serve a poesia?
Intelectuais se aprumam, pigarreiam, começam a responder dizendo "Veja bem..." e daí em diante é um blablablá teórico que
tenta explicar o inexplicável. Poesia serve exatamente para a mesma coisa que serve uma vaca no meio da calçada de uma
agitada metrópole. Para alterar o curso do seu andar, para interromper um hábito, para evitar repetições, para provocar um
estranhamento, para alegrar o seu dia, para fazê-lo pensar, para resgatá-lo do inferno que é viver todo santo dia sem nenhum
assombro, sem nenhum encantamento.
MEDEIROS, Martha. Doidas e santas. Porto Alegre: L&PM, 2011. p. 10.
A expressividade da argumentação da autora relativamente à importância da poesia na vida cotidiana das pessoas se evidencia
principalmente por meio de:
a) paralelismo sintático constituído por orações que exprimem causa.
b) uma comparação inusitada entre a poesia e uma vaca no meio da calçada de uma metrópole.
d) paralelismo sintático constituído por orações que exprimem finalidade.
d) referência irônica à maneira como os intelectuais tentam explicar a importância da poesia.
e) figuras de linguagem, como por exemplo, "explicar o inexplicável" (paradoxo) e "inferno que é viver" (hipérbole).
3- “A marquesa de Alegros ficara viúva aos quarenta e três anos, e passava a maior parte do ano retirada na sua Quinta de
Carcavelos. [...] As suas duas filhas, educadas no receio do Céu e nas preocupações da Moda, eram beatas e faziam o chique,
falando com igual fervor da humildade cristã e do último figurino de Bruxelas. Um jornalista de então dissera delas:
- Pensam todos os dias na toalete com que hão de entrar no Paraíso.”
(Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro)
Paralelismo sintático e oposição semântica são recursos usados na caracterização das filhas da marquesa de Alegros.
não só... mas também tanto... quanto não só... como ou... ou
b) Meus avós podem exigir ......................... de mim ......................... de meus pais a atenção de que precisam.
c) ......................... você se prepara bem para os exames finais, ......................... não conseguirá a aprovação
automática.
1- QUESTÃO UERJ
levantaram
as sobrancelhas de cientistas mais rígidos que veem as distorções com desdém e esbugalharam os olhos dos espectadores (a
maioria) que pouco ligam se a ciência está certa ou errada. (l. 12-14)
O autor faz um paralelo entre as sobrancelhas levantadas dos cientistas e os olhos esbugalhados dos espectadores. Assim, os
olhos esbugalhados dos espectadores representam o seguinte elemento:
(A) reflexão (C) indiferença
(B) admiração (D) expectativa
QUESTÃO UERJ 3
Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, (l. 13)
A forma sublinhada introduz uma relação de tempo. A ela, entretanto, se associa outra relação de sentido.
Essa outra relação de sentido presente na frase acima é de:
(A) causa
(B) contraste
(C) conclusão
(D) comparação
QUESTÃO UERJ 4
Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observação: num
momento de aperto fui obrigado a atirá-los na água. (l. 15-16)
O fragmento acima poderia ser reescrito com a inserção de um conectivo no início do trecho sublinhado.
Esse conectivo, que garantiria o mesmo sentido básico do fragmento, está indicado em:
(A) porque
(B) embora
(C) contudo
(D) portanto
QUESTÃO UERJ 5
Com a inacreditável capacidade humana de ter ideias, sonhar, imaginar, observar, descobrir, constatar, enfim, refletir sobre o
mundo e com isso ir crescendo, a produção textual vem se ampliando ao longo da história. (l. 1-3)
O trecho destacado acima estabelece uma relação de sentido com o restante da frase.
Essa relação de sentido pode ser definida como:
(A) simultaneidade
(B) consequência
(C) oposição
(D) causa
QUESTÃO UERJ 6
QUESTÃO UERJ 7
Há alguns meses fui convidado a visitar o Museu da Ciência de La Coruña, na Galícia. Ao final da visita, o curador anunciou que
tinha uma surpresa para mim e me conduziu ao planetário. Um planetário sempre é um lugar sugestivo, porque, quando se
apagam as luzes, temos a impressão de estar num deserto sob um céu estrelado. Mas naquela noite algo especial me
aguardava.
De repente a sala ficou inteiramente às escuras, e ouvi um lindo acalanto de Manuel de Falla. Lentamente (embora um pouco
mais depressa do que na realidade, já que a apresentação durou ao todo quinze minutos) o céu sobre minha cabeça se pôs a
rodar. Era o céu que aparecera sobre minha cidade natal – Alessandria, na Itália – na noite de 5 para 6 de janeiro de 1932,
quando nasci.Quase hiper-realisticamente vivenciei a primeira noite de minha vida.
Vivenciei-a pela primeira vez, pois não tinha visto essa primeira noite. Provavelmente nem minha mãe a viu, exausta como
estava depois de me dar à luz; mas talvez meu pai a tenha visto, ao sair para o terraço, um pouco agitado com o fato
maravilhoso (pelo menos para ele) que testemunhara e ajudara a produzir.
O planetário usava um artifício mecânico que se pode encontrar em muitos lugares. Outras pessoas talvez tenham passado por
uma experiência semelhante. Mas vocês hão de me perdoar se durante aqueles quinze minutos tive a impressão de ser o único
homem desde o início dos tempos que havia tido o privilégio de se encontrar com seu próprio começo. Eu estava tão feliz que
tive a sensação – quase o desejo – de que podia, deveria morrer naquele exato momento e que qualquer outro momento teria
sido inadequado. Teria morrido alegremente, pois vivera a mais bela história que li em toda a minha vida.
Talvez eu tivesse encontrado a história que todos nós procuramos nas páginas dos livros e nas telas dos cinemas: uma história
na qual as estrelas e eu éramos os protagonistas. Era ficção porque a história fora reinventada pelo curador; era História porque
recontava o que acontecera no cosmos num momento do passado; era vida real porque eu era real e não uma personagem de
romance.
UMBERTO ECO Adaptado de Seis passeios pelos bosques da ficção. Tradução: Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras,
1994. 5 10 15 20 1 curador − responsável pelo museu 2 planetário − local onde é possível reproduzir o movimento dos astros
No último parágrafo, ao descrever a experiência vivida no planetário, o autor identifica três efeitos: de ficção, de História e de
realidade.
De acordo com a exposição do autor, a interação entre esses três efeitos pode ser descrita como uma relação de:
(A) anulação
(B) condição
(C) contradição
(D) superposição