Uma Venda Não Ocorre Por Acaso - Lair Ribeiro
Uma Venda Não Ocorre Por Acaso - Lair Ribeiro
Uma Venda Não Ocorre Por Acaso - Lair Ribeiro
Lair Ribeiro
S e nada no mundo ocorre por acaso, com
vendas não poderia ser diferente! O fato de não ocorrer
Estamos o tempo todo vendendo produtos,
serviços, ideias ou talentos. A maioria
de nossas atividades diárias consiste em
por acaso presume a necessidade de preparação. É algum tipo de transação comercial. Mesmo
por isso que existem tantos livros sobre marketing & que você não seja um vendedor, pare por
vendas disponíveis no mercado. Eles discutem, com alguns segundos e lembre-se do que fez nas
últimas duas horas. Tenho certeza de que,
Você deve estar se perguntando em que este livro Este livro substitui com vantagem um curso
air Ribeiro se diferencia dos outros, não é? Então, eu o convido de vendas. Ele foi desenvolvido exatamente
a verificar o seu conteúdo antes de comprá-lo. para ser um curso completo e não apenas
Médico cardiologista e nutrólogo, escritor mais um livro sobre o assunto. E, para que
e conferencista. Viveu 17 anos nos Estados você não pense que isso é só argumentação
Unidos, trabalhando em três universidades
de vendedor, proponho que leia o sumário
americanas: Harvard Medical School,
Baylor College of Medicine e Thomas da obra e tire as suas próprias conclusões.
Jefferson University. Foi, nos Estados
Unidos, diretor-médico da Merck Sharp
& Dohme e diretor-executivo, chegando
a vice-presidente da Ciba Corporation Inclui capítulos sobre marketing e moda-
(atual Novartis). Dr. Lair Ribeiro é autor de lidades diferenciadas de venda, como
37 livros (26 traduzidos para outros idiomas
network marketing e e-commerce, além de
e disponíveis em mais de 40 países).
É também autor de mais de 100 trabalhos
uma coleção de segredos que funcionam em
científicos, publicados em revistas médicas vendas e na vida.
norte-americanas indexadas. www.lairribeiro.com.br
Lair Ribeiro
UMA VENDA
NÃO OCORRE POR ACASO
Editor
Lair Ribeiro
Coordenação editorial
Vanderlucio Vieira
Edição de texto
Ligia Molina
Capa e projeto gráfico
Vanderlucio Vieira
Infográficos
José Carlos de Sousa
Revisão de texto
Ligia Molina
Colaboração
Solange L. Ducatti
_________________________________________________________________________
Ribeiro, Lair
R484u Uma venda não ocorre por acaso: Cérebro, coração e arte na
Ciência de Marketing & Vendas / Lair Ribeiro. -- São Paulo:
Grupo Sintonia, 2013.
188 p.
ISBN: 978-85-66809-04-6
Impresso no Brasil
Gráfica Santuário
Os elementos básicos do
processo de venda.........................................................................27
Pessoas: necessidades e características
Comprador
Vendedor
Bens ou produtos
O objeto da venda
Interesse do comprador
Valor e utilidade do produto
Poder de compra
Lucratividade
Análise do processo
Como vender mais e melhor
Questionamentos básicos
Os gargalos de um sistema de venda
Como otimizar o resultado da equação de vendas?
A psicologia da motivação...........................................................67
Gramática transformativa
Linguagem e comportamento
Padrões linguísticos a serem identificados
Atitude
Valores
Direção
Fonte
Decisão
Como funciona
o processo do convencimento...................................................... 79
Sistemas representacionais
Canais de percepção
Identificando sistemas representacionais
Métodos de processamento da informação
Por repetição
Automático
Pausado
Crítico
A ciência da influência.................................................................87
Solicitação, contexto e influência
Emoções fortes e percepção
Princípios universais que regem a influência
Valorização pelo contraste
A importância da reciprocidade
Concessão recíproca
O efeito da escassez
Criando demanda pela escassez
O poder da autoridade
Estudo sobre autoridade
Principais componentes da autoridade
Credibilidade
Conhecimento
Credenciais
Profissionalismo
Marketing & Memética em vendas...........................................107
Marketing: uma ponte entre a empresa e o mercado
O uso da memética em vendas
Apresentação eficaz em vendas................................................. 115
Preparação
Conhecendo o produto
Conhecendo o mercado
Prospecção
Entrevista
Apresentando o produto
Programe apresentações diferentes
Proposta
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Este é um livro para pessoas cujo sucesso
depende exclusivamente da sua capacidade
de influenciar outras pessoas, em um per-
feito casamento dos interesses de um e das
necessidades do outro. Mesmo sendo dirigido
a profissionais de vendas, que, assumida-
mente, vivem de influenciar pessoas, afirmo
que se trata de uma leitura obrigatória para
aqueles que reconhecem os benefícios da poderosa arte-ciência
da influência na vida.
No primeiro capítulo, você verá que a venda está presente em
nosso cotidiano e que somos todos vendedores. Ele trata especi-
ficamente do profissional de vendas, incluindo um pequeno teste
para mostrar se você está no caminho certo.
A seguir, temos um extenso capítulo sobre pessoas (comprador e
vendedor), bens (produto, serviço, ideia ou talento) e lucratividade,
que são os elementos básicos do processo de venda.
O capítulo seguinte é totalmente dedicado ao comprador. Nele,
você saberá do que os clientes gostam e aprenderá como despertar
suas emoções positivas. Conhecerá também os quatro tipos bá-
sicos de compradores e saberá como vender para cada um deles.
Também identificará suas qualificações, de acordo com o estilo de
vida que levam.
Em seguida, falaremos sobre contexto, um conceito cuja impor-
tância precisa ser muito bem assimilada para que você possa tirar
melhor proveito dos demais capítulos.
Uma vez compreendida a importância do contexto, trataremos
da psicologia da motivação, explicando a relação entre linguagem e
comportamento. Vamos dissecar a origem dos padrões linguísticos
para que você saiba como identificá-los, simplesmente, conversando
com o comprador.
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No próximo capítulo, é a vez de saber como funciona o processo
de convencimento. Então, será mais fácil entender o que acontece
quando você fala, fala, fala e a outra pessoa responde: “Não vejo
nada do que você está tentando me mostrar...” É simples: você está
falando e a pessoa está tentando ver alguma coisa em vez de escu-
tar! Se usar elementos visuais em seu discurso, tudo será “quase”
resolvido, porque, como você também irá aprender nesse capítulo,
a sintonia perfeita depende de outros fatores, como a forma que a
pessoa processa a informação, por exemplo.
A ciência da influência, tratada no capítulo seguinte, tem o
intuito de fornecer elementos teóricos e práticos para que você de-
senvolva a sua habilidade em tornar o contexto favorável aos seus
interesses. E, complementando esse assunto, segue-se o capítulo
sobre marketing e memética, poderosos aliados de vendas.
Depois de toda essa bagagem de conhecimento, está na hora
de você saber tudo sobre a apresentação eficaz e a otimização no
fechamento de uma transação, incluindo o pós-venda: assuntos
tratados nos três capítulos apresentados na sequência.
O penúltimo capítulo é dedicado a dois sistemas diferenciados
de venda: network marketing, o comércio praticado em escala pro-
gressiva, e e-commerce, que coloca a satisfação das necessidades do
cliente nas pontas dos dedos. E, concluindo, eu revelo a você alguns
segredos que funcionam em vendas e na vida!
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O que
é ser vendedor
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Venda: uma breve viagem no tempo
Das trocas às primeiras sociedades
No Antigo Egito, o comércio só era praticado pelos faraós e seus
parentes. A população fazia trocas, que também eram comuns
entre fenícios, troianos, cretenses, sírios, cartagineses e babilônios.
As primeiras manifestações de legislação comercial surgiram em
1850 a.C., com o Código de Manu, na Índia, e em 1750 a.C., com
o Código de Hamurabi, na Babilônia.
Os livros comerciais originaram-se com os romanos, que não ti-
nham uma legislação comercial específica, mas escrituravam domes-
ticamente suas transações comerciais. Com eles também surgiram re-
gras sobre contratos, obrigações referentes a transações comerciais e
outros elementos do Direito Comercial. Do
comércio realizado pelos escravos em nome
de seus senhores surgiu a representação co-
mercial.
Depois da queda do Império Romano, quando
a Ásia e os povos árabes passaram a dominar
o c enário comercial, surgiram as p rimeiras
sociedades.
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– vigente até hoje, com modificações, e suas derivações na Espanha,
em Portugal, no Brasil e na Itália – teve origem nessa época.
E no início do século 19, com as primeiras estradas de ferro,
surgiu o vendedor ambulante.
Os dias de hoje
O comércio tem assumido importância cada vez maior. Afinal,
o dinheiro que movimenta o mundo é proveniente de transações
comerciais. E a venda, que consolida a transação comercial, tem
evoluído no mesmo ritmo que a tecnologia e a humanidade, ou
seja, freneticamente! As empresas de e-commerce que o digam!
Conversa fiada
Tendo o comércio origens tão remotas, por muito tem po pensou-
-se que, para praticá-lo, não era preciso ter q
ualquer qualificação
além de ser “bom de conversa”. Contudo, essa história de muita
conversa e nenhuma qualificação criou um estigma negativo em
torno de vendedor.
Até hoje, em alguns países, “conversa de vendedor” é uma ex-
pressão pejorativa. Serve para referir-se à argumentação de uma
pessoa que está tentando obter vantagem sobre outra.
Mas isso é conversa fiada...
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de nossos filhos. Enfim, esses são uns poucos exemplos de como a
atividade comercial está presente em nosso cotidiano. E, com ela,
o vendedor, facilitando-nos a vida.
Vendedores também estão presentes no dia a dia de empresas, de
grandes corporações, do governo. Também, nesses meios, o papel
deles é facilitar a vida de quem precisa do que eles têm para oferecer.
Espírito de vendedor
Quando se constata a diversidade de situações em que o vendedor
está presente, pensa-se logo que qualquer abordagem a esse perso-
nagem precisará ser criteriosamente subdividida para privilegiar
suas diversas áreas de atuação. Mas as coisas não são bem assim.
Pode-se falar de vendedor genericamente. Sabe por quê? Porque
as características básicas desse profissional se definem em um estágio
muito anterior ao da especialização.
Por exemplo, o que faz com que um balconista de padaria seja
querido pelos fregueses é a mesma coisa que faz com que um re-
presentante de autopeças ultrapasse as suas metas todos os meses:
conhecimento e boa vontade. E a motivação para buscar conheci-
mento e desenvolver boa vontade, em ambos os casos, certamente
já existia antes de atuarem nas áreas em que atuam.
Neste capítulo e em outras partes do livro, você verá que os trunfos
para ser um vendedor bem-sucedido não se relacionam diretamente
a nenhum mercado específico de vendas.
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Só é bem-sucedido em vendas quem proporciona
satisfação a seus clientes. E só consegue isso
o vendedor que conhece muito bem tanto o
produto que vende quanto os clientes que tem
(e os que pode vir a ter).
Educação
Educação formal e informal tem sido cada vez mais importante
para a carreira de vendedor. Mesmo que diplomas não sejam mais
chaves mágicas que abrem todas as portas, a educação continua
sendo uma ferramenta tremendamente eficaz para ajudar o ser
humano a desenvolver a sua inteligência e o seu potencial. Até
treinamentos são mais bem aproveitados quando o vendedor tem
um nível bom de educação.
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Não só o estudo, mas o hábito da leitura também contribui
para que pessoas tenham um repertório maior de pensamentos e
palavras. Com isso elas passam a ser mental e verbalmente mais
ágeis, o que é muito importante em vendas.
Amor à arte
Antes, o número de pessoas que ingressava em vendas por pura
vocação era proporcionalmente maior do que hoje, quando o fan-
tasma do desemprego leva pessoas a exercerem profissões que em
nada se parecem com aquilo que sonharam para a própria vida.
Atualmente, o mercado ainda recebe pessoas comunicativas
e bem-falantes, convictas de que nasceram para vender. Por ou-
tro lado, recebe também pessoas, talvez menos dotadas em seus
recursos, que acabam se apaixonando pela arte de vender. Estas
descobrem que a habilidade em influenciar pessoas pode propor-
cionar-lhes prestígio e muito dinheiro!
As pessoas que se apaixonam por vendas são fortes candidatas
a uma carreira vitoriosa, até mais do que os “vendedores natos”.
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Vendedores natos costumam c onfiar tanto na “vocação”, que aca-
bam dispensando treinamentos e programas de atualização. Com
isso, eles correm sério risco de ficar presos em uma faixa de desem
penho muito abaixo de seu potencial. Os que se apaixonam, por
sua vez, vão atrás de tudo o que possa melhorar a sua habilidade
de como vender e o seu poder de persuasão.
Os trunfos do
vendedor bem-sucedido
Presença marcante
Mesmo que não seja um Brad Pitt ou Richard Gere, o vendedor
bem-sucedido valoriza todos os seus r ecursos, fazendo com que,
de alguma forma, a sua presença seja forte e marcante.
Orgulho
Seu grande orgulho é a sua profissão, a qual assume com muita
seriedade e dignidade.
Autoconfiança
O vendedor bem-sucedido confia no seu potencial, mesmo antes
de transformar seus sonhos em realidade. Para ele, rejeições nunca
são encaradas como ataque pessoal, mas apenas como etapas para
o sucesso.
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Comunicação e envolvimento
Ele gosta de gente e é hábil na arte de fazer amigos e influenciar
pessoas. Sabe envolver as pessoas, mas jamais se vale desse envol
vimento para forçar uma venda e nunca deixa o cliente em situação
constrangedora.
Dedicação
Tem muito calor humano e sincero interesse pelas pessoas, seus
problemas e suas necessidades. Da mesma forma como busca aju-
dar seus amigos ou entes queridos, também procura ajudar seus
clientes, conduzindo-os ao fechamento de bons negócios.
Ambição
O vendedor bem-sucedido é assumidamente ambicioso, querendo
tudo de melhor que a profissão puder lhe dar. Ele sabe que é com-
petente. E mesmo que ainda não tenha toda a bagagem de conhe-
cimento necessária para conquistar sua independência financeira,
ele investe na própria formação e vai atrás do que é preciso saber
para chegar lá.
Determinação
Incansável em sua determinação, esse vendedor aguenta firme todo
o tipo de adversidade, pois o desejo de v encer é maior que qualquer
dor ou problema que tenha de enfrentar.
Coragem
Ele sabe que é mais fácil lidar com o inimigo conhecido do que com
o oculto, por isso, busca o autoconhecimento e encara seus medos e
fraquezas de frente, corajosamente.
Otimismo e entusiasmo
Ele sabe que fracassos acontecem, causando algum tipo de frustra-
ção, mas que representam muito em termos de aprendizado. Com
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essa postura, ele elimina a incômoda situação de ter de disfarçar
seus sentimentos ante eventuais derrotas, mantendo intacto o en-
tusiasmo para uma nova investida, com mais conhecimento.
Aprendizagem
Aprendizes da vida e de si mesmos. é isso o que vendedor bem-
-sucedido é, acima de tudo. Com olhos e ouvidos apurados, ele
capta e registra tudo o que vê e ouve, seja em conversas de elevador
ou em treinamentos e cursos específicos. Para ele, conhecimento
sempre é útil, não importa a fonte.
Capacidade de síntese.
Exposição de pontos de vista.
Habilidade em negociação.
Flexibilidade para lidar com opiniões diferentes.
Defesa de seu próprio ponto de vista em
situações de conflito.
Percepção do que se passa na cabeça das
pessoas.
Condução de reuniões.
Apresentação de propostas.
Avaliação e crítica.
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Prestação de informações aos outros.
Apresentação de ideias em reuniões.
Controle de seu próprio tempo.
Manifestação do que espera dos outros.
Manifestação de elogios.
Manifestação de estímulos positivos.
Escutar o que o outro tem a dizer.
Mudar de assunto na hora certa.
Falar a coisa certa na hora certa.
Encaixar o que tem de ser feito no tempo
disponível.
Manter-se no controle da conversa.
A x1 =
B x2 =
C x3 =
D x4 =
E x5 =
Total de pontos =
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Confira o resultado:
20 a 40 pontos
Talvez você precise investir mais tempo e esforço para firmar-se na carreira de
vendedor. Procure o setor de recursos humanos da sua empresa para saber
sobre a possibilidade de ser incluído em um programa de treinamento.
Leitura especializada, como este livro, por exemplo, pode auxiliá-lo.
41 a 60 pontos
O caminho é esse mesmo. Com um pouco mais de prática, dedicação e
investimento na sua formação, tudo vai melhorar.
61 a 80 pontos
As coisas estão indo bem, mas não se dê por satisfeito. Você sabe que o seu
desempenho é acima da média e isso o faz sentir-se confortável. Cuidado!
Não descuide da sua formação. No mundo globalizado em que v ivemos,
quem corre está andando, quem anda está parado, e quem está parado
está andando para trás.
81 a 100 pontos
Muito bom! Você não apenas se sente, mas é dono da situação. Contudo,
não se acomode. O que foi dito na pontuação anterior vale também para
você. Hoje, em qualquer área do mercado, ou fazemos poeira ou comemos
poeira dos que estão indo na nossa frente.
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Em uma velha casa no meio da floresta havia um ratinho. O pobre
bicho morria de medo de gato. O medo dele era tanto que um velho
mago resolveu ajudá-lo, transformando-o em gato. Então, ele passou
a sentir medo de cachorro. O mago, prontamente, transformou-o em
cachorro. Então, ele passou a sentir medo de onça. O mago, pronta-
mente, transformou-o em onça. Então, ele começou a sentir medo de
caçadores. E o mago, constatando que a coragem dos outros animais
não conseguia sobrepor-se ao medo do seu protegido, transformou-o
novamente em rato.
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Os elementos básicos do
processo de venda
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1. Pessoas
Comprador e vendedor.
2. Bens
Produto, serviço, ideia ou talento.
3. Lucratividade
Resultado da transação, elemento fundamen-
tal para que o ciclo se perpetue.
Comprador
Deve-se partir do princípio de que uma pessoa
só vai às compras quando tem uma necessidade,
seja objetiva ou subjetiva, ou é convencida de
que a tem. Logo, a finalidade de toda venda
é satisfazer necessidades reais ou imaginárias
do cliente.
Descobrir qual é a necessidade do comprador é assunto que
trataremos mais para a frente, juntamente com as características dos
diversos tipos de compradores. Neste momento, o mais importante
é destacar que o comprador pode sentir-se influenciado, porém,
nunca, manipulado. Isso seria matar a galinha dos ovos de ouro.
Influenciar vs manipular
A diferença entre influenciar e manipular é muito sutil e depende
de como o comprador percebe o resultado da transação.
Se o comprador achar que está sendo conduzido a uma decisão
que privilegia os interesses do vendedor, mesmo que isso não esteja
acontecendo, ele poderá sentir-se manipulado e desistirá da compra.
E se comprar, será desta vez e nunca mais! Logo, o vendedor precisa
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ser muito cauteloso em sua argumentação.
E, antes disso, deve saber identificar o que
o cliente está buscando e as motivações dele
para, então, dispor-se a ajudá-lo.
Só dessa forma, respeitando a motivação
e os interesses do comprador, o vendedor
conseguirá conduzir a negociação a um resul-
tado que proporcione benefícios mútuos.
Nunca se esqueça de que o comprador tem o dinheiro e cabe a ele
decidir como gastá-lo. Assim como o rei no jogo de xadrez, o com
prador tem valor absoluto no “jogo” de vendas: sem ele não há jogo!
Vendedor
Para satisfazer às necessidades do comprador, o vendedor precisa
ter motivação, atitude e habilidades. Vejamos cada um desses itens:
Motivação
No dia em que o coração do vendedor não for capaz de vibrar com
a sua profissão, será o seu fim. Sem motivação, dificilmente um
processo de venda se concretiza.
Mas o que motiva um vendedor? Muita coisa, dependendo do
mercado em que atua: prestígio, contato com o público, afinidade
com o produto que vende, possibilidade de viajar, controle sobre a
própria rotina, dinheiro.
Dinheiro não é tudo, mas não o subestime. Se, por um lado,
remuneração alta não garante a motivação do vendedor em longo
prazo, por outro, se inadequada, pode desmotivá-lo profundamente.
Que motivação pode ter um vendedor amante de aventuras
que, mesmo ganhando muito dinheiro, sabe que dificilmente lhe
será dada a oportunidade de explorar novos mercados? É muito
provável que ele não se mantenha motivado por muito tempo e
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procure colocação em uma empresa que lhe permita dar asas à
sua paixão. Todavia, se mal remunerado, mesmo que viaje muito,
a desmotivação se fará sentir rapidamente.
Atitude
A sua atitude, em geral, determina a sua altitude na vida. Atitude
positiva é necessário, mas não suficiente. Em vendas, como na vida,
é preciso mais do que atitude positiva. É preciso conhecimento, ha-
bilidade. Já a atitude negativa é sempre prejudicial, podendo anular
todos os outros pontos favoráveis da venda.
Habilidades
Motivação e atitude positiva, sem habilidade, podem causar mais
danos do que se não estivessem presentes.
Habilidade em vendas depende do conhecimento do produto e
da técnica adequada para vendê-lo. Portanto, quando falamos de
habilidade em vendas, estamos falando de algo muito específico,
que pode ser aprendido. Poderíamos dizer “habilidades”, já que
são quase tão variadas quanto a quantidade de produtos a serem
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vendidos. Do mesmo modo que um técnico em conserto de com-
putadores não teria habilidade para extrair um dente, um dentista
tampouco seria capaz de consertar um computador tão bem quanto
o técnico.
O processo de venda é uma equação em que vários fatores
contribuem para o resultado. Um resultado satisfatório depende
tanto da presença desses fatores quanto da qualidade deles. É como
um bolo. Para que ele saia saboroso, é preciso mais do que usar os
ingredientes indicados na receita. é preciso usar ingredientes de
qualidade e em quantidades adequadas.
Bens ou produtos
O objeto da venda
O outro elemento fundamental em vendas,
cujas características devem ser levadas em
conta, são os bens ou produtos, neles incluídos
serviços, ideias ou talentos.
Um bem, qualquer que seja, tem de pre-
encher os requisitos mínimos a que se
propõe. Em exemplos primários, ferro elétrico tem de es-
quentar, geladeira tem de gelar, e assim por diante. Mas para
se tornarem competitivos, os bens têm de agregar valor. É
por isso que encontramos ferros elétricos que esquentam e
borrifam água nas roupas e geladeiras que gelam, congelam,
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têm dispenser externo para água e outras características que
aumentam a sua utilidade.
Outros fatores que agregam valor são qualidade, serviço e preço:
Qualidade, em alguns casos, pode ser constatada pelo
cliente no ato da compra, mas a garantia costuma funcionar
como um atestado de qualidade quando esta for difícil de
ser averiguada.
Centrais de atendimento ao cliente, rede técnica autoriza-
da, montagem (no caso de móveis, por exemplo) e pronta
entrega são alguns serviços que o comprador costuma ver
com bons olhos e, portanto, agregam valor ao produto que
os possui.
Preço também faz parte do valor agregado. Ele tem de ser
competitivo e compatível com o que estiver sendo oferecido.
E, além desses fatores, o produto tem de despertar o interesse
do comprador, que sempre pode dizer: “Eu quero um ferro elétrico
que esquente. Só isso!”
Então, agregar valor a um produto não é só aumentar a sua uti-
lidade, mas também a qualidade e os serviços, mantendo os preços
competitivos e o pacote interessante ao comprador.
Se o produto não reunir essas características, a situação do
vendedor fica difícil. Mesmo com toda motivação, atitude positiva
e habilidade em técnica de venda, seria complicado vender um co-
bertor cheio de buracos (falta de qualidade), uma roupa que levasse
12 meses para ser entregue (serviço precário), uma passagem que
custasse um milhão de dólares (preço inaceitável, a não ser que o
destino fosse extraterrestre), ou uma máquina de desentortar bananas
(falta de interesse do comprador).
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Interesse do comprador
Importantíssimo ao estudo de bens ou produtos, o interesse do
comprador pode ser avaliado em relação à percepção que ele tem
do valor/utilidade do produto, à sua empatia com o vendedor e ao
seu poder de compra.
O vendedor, para aumentar a percepção do comprador em
relação ao valor/utilidade do produto, precisa ser capaz de criar
na mente deste tanto representações visuais do problema quanto
o modo de solucioná-lo com o bem oferecido.
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Empatia com o vendedor
Nem é preciso dizer que qualquer compra só acontecerá quando
existe empatia entre comprador e vendedor.
O vendedor pode ter todas as informações de que o cliente
necessite, mas se não existir um tipo de afinidade especial entre
eles, nada feito.
A sua curiosidade deve estar falando mais alto e você deve estar
pensando: “Mas isso é um fator incontrolável. O que é que eu posso
fazer se o cliente não for com a minha cara?”
As coisas não são bem assim. Já disse que mais adiante vamos
nos aprofundar no estudo dos clientes. Então, você irá saber como
os tipos básicos de pessoas comportam-se quando vão às compras,
e esse conhecimento lhe permitirá estabelecer mais empatia com
elas. Por enquanto, continue lendo...
Poder de compra
Este é um ponto delicado. Ou se detecta essa condição rapidamente
e não se perde tempo, tentando superar o que não pode ser supera-
do, ou se age sutilmente, apresentando ao comprador um produto
similar, que se adeque ao seu poder de compra. De uma forma ou
de outra, o cliente não pode sentir-se desconfortável caso não tenha
dinheiro para comprar exatamente o que queria.
Procure descobrir se a pessoa com quem você está negociando
tem o poder de decisão final. Se não tiver, saiba que quando a pessoa
certa entrar na jogada, ela trará exigências extras para a negociação.
Portanto, ou convide essa pessoa para o processo desde o início
ou reserve alguma concessão para satisfazer a exigência extra que
ela certamente fará.
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Lucratividade
Lucratividade é a terceira engrenagem do pro-
cesso de vendas, que depende basicamente do
desempenho do mercado e do valor agregado
do produto. Juntos, fatores relativos a pessoas
e produtos, mais os macro e microeconômi-
cos, influenciam no desempenho do mercado
e em seus resultados. Os resultados, por sua vez, determinam se
os elementos do processo foram satisfatoriamente harmonizados:
pessoas satisfeitas, produto adequado às necessidades do cliente e
lucratividade gerada.
O desempenho do mercado pode ser alterado a partir de novos
valores agregados a produtos. Aliás, agrega-se valor exatamente
para evitar a estagnação do mercado quando, pela concorrência,
um produto novo ou antigo, já com valores agregados, perde as
características de exclusividade. Quando um valor agregado passa
a ser considerado como parte do produto, outro valor precisa ser
encontrado e incorporado a ele rapidamente.
Análise do processo
O que vimos neste capítulo pode ser resumido ao diagrama da pá-
gina seguinte. Nele, vemos que o resultado da venda é a lucratividade
decorrente de um processo em que participam pessoas e bens. Se as
necessidades desses elementos não estão sendo satisfeitas, é preciso
fazer alguma coisa a respeito.
Para descobrir o que deve ser modificado no seu modus operandi,
faça-se perguntas, como:
O que fazer para melhorar meus resultados em vendas?
Quais procedimentos devo eliminar, manter, aumentar,
diminuir ou introduzir?
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Exemplo
Uma vendedora de cosméticos tem um bom produto, porém,
mais caro que o concorrente. Ela se queixa disso – diz que as
clientes não compram porque é muito caro.
Essa vendedora assume o argumento do cliente como motivo
para seus baixos resultados em vendas. Ela está falhando em
conduzir o processo, deixando que o cliente o faça.
Ela teria boas chances de melhorar seus resultados se elimi-
nasse a atitude negativa que mantém quanto ao preço do pro-
duto e aumentasse a sua confiança na qualidade do que está
oferecendo ao cliente. Para isso, ela teria de conhecer mais o
produto que vende. Assim, se sentiria mais segura para falar
das vantagens sobre o concorrente. Ela também poderia ter
amostras do produto concorrente para que suas clientes pu-
dessem constatar diferenças de textura, fragrância ou absorção
do produto na pele, introduzindo assim um componente novo
em sua rotina de vendas.
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Como vender mais e melhor
Para o vendedor campeão, fazer
acontecer não é apenas ven-
der, mas vender mais e melhor.
Isso, porém, depende de fatores,
tais como o tipo de atividade
desenvolvida pelo vendedor, a
forma como ele a desenvolve, o
momento e o contexto em que o
faz. Para vender mais, é preciso:
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Em resumo, se o seu universo de compradores em potencial for
maior, você tem a possibilidade de obter mais compradores para
os seus produtos e de fazer com que cada um desses compradores
compre mais.
Questionamentos básicos
Vender é uma atividade em constante evolução, já que envolve
prioritariamente a relação entre pessoas. Logo, o que estava dando
resultado em determinado momento, pode deixar de dar em outro.
Para acompanhar o ritmo do mercado e das pessoas que o
compõem, questione-se constantemente sobre o que fazer e o que
deixar de fazer. As perguntas básicas a serem feitas são:
O que eliminar?
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Como você vê, sempre é possível aprender
alguma coisa com os outros. Nem que seja
o que não se deve fazer, o que já é de grande
valia. Todos servem para alguma coisa, nem
que seja como mau exemplo.
40
Observe que, internamente, o gargalo pode estar no vendedor
ou no produto e, externamente, em características específicas do
mercado, como demanda, capacidade de compra ou comporta-
mento da concorrência. E tanto os fatores internos (do vendedor
e do produto) podem manifestar-se juntos ou isoladamente quanto
podem ocorrer simultaneamente com os fatores de mercado, de-
sencadeando graves crises de vendas.
1. Igual
Fazendo tudo exatamente igual ao que tem feito, seja em qua-
lidade ou em quantidade, você, seguramente, só obterá resul-
tados iguais ou menores. Subir sem esforço é contrariar as leis
universais. Se não começar a fazer mais, melhor ou diferente, a
tendência é que seus resultados piorem.
Se você não cuidar do seu relacionamento, ele irá piorar. Se
você não cuidar da manutenção da saúde, ela irá se deteriorar.
41
2. Mais
Fazer mais do que já é feito, aumentando a quantidade e man-
tendo a qualidade, é proporcionar uma mudança a mais, em que
a reação é proporcional à ação.
Se você aborda 10 pessoas e duas compram, passando a abordar
20, é provável que quatro comprem. Isso é fazer mais com mais:
maior esforço, maior resultado.
3. Melhor
Quando você faz melhor aquilo que já fazia, pode obter uma mu-
dança substancial. Isso, naturalmente, vai depender do ponto do
sistema que estiver sendo melhorado e da magnitude da melhoria.
Imagine a mudança no desempenho de uma máquina em
que faltava óleo e foi lubrificada. Um aumento de eficiência em
pontos estratégicos pode ser a diferença que irá fazer a diferença.
42
4. Diferente
Fazer o que tem de ser feito de modo diferente pode causar uma
mudança exponencial, tanto para melhor quanto para pior. Mu-
dança não é sinônimo de melhora. tudo depende da qualidade
da nova estratégia e sua implementação.
Uma estratégia errada, bem implementada, pode causar uma
grande queda em vendas. Uma estratégia boa, mal implemen-
tada, pode não alterar em nada o volume de vendas. Uma boa
estratégia bem implementada significa saber vender.
43
Em um mosteiro da China, um mestre zen concordou em receber
a visita de um arqueiro que, tendo total controle sobre a sua arte,
gabava-se de controlar também a sua mente e seus pensamentos.
Sábio, o mestre zen deixou que o arqueiro lhe mostrasse toda a sua
perícia com o arco e a flecha. Depois, colocando-o diante de um alvo
fácil de acertar e posicionando-o a uma distância bem inferior a que
ele se exibira, o mestre mandou que ele fechasse os olhos e atirasse
a flecha. O arqueiro obedeceu, mas errou vergonhosamente o alvo.
Desesperado, implorou que o mestre lhe perdoasse pelo fracasso, pois
não soubera usar o seu poder mental. E o mestre limitou-se a res-
ponder: “Não há poder mental que supere a falta de visão nem quem
consiga, deliberadamente, atingir um alvo que não consegue ver”.
O que é que você está esperando para colocar as suas metas no papel,
podendo visualizá-las, corrigi-las quando necessário, e atirar sempre
no alvo, com os olhos bem abertos? Ter uma vaga ideia do que você
quer é como subir uma escada no escuro: a direção pode estar certa,
mas você pode tropeçar e cair muitos degraus abaixo de onde saiu.
44
Conhecendo melhor o
comprador
45
Um caso sério...
Depois de uma discussão fortemente emocional, uma compradora
objetiva e determinada, que costuma ser racional em suas com-
pras e responder satisfatoriamente a esse tipo de motivação, entra
intempestivamente na sua loja preferida para fazer compras. Se o
vendedor, que já a conhece, souber identificar o estado emocional
dessa compradora e usar a técnica de venda adequada, poderá fa-
zer boas vendas. Mas se, exatamente por conhecê-la, o vendedor
insistir em usar os argumentos racionais que sempre funcionaram
tão bem, não conseguirá vender nada.
Como você pode ver, existem mais mistérios entre o comprador
e o fechamento de uma venda do que pensam alguns vendedores.
Preste atenção
O que pode parecer difícil torna-se mais
fácil quando se aplicam técnicas adequa-
das. Portanto:
Observe
Para conhecer um comprador, seja um
exímio observador. A aparência, o comportamento, os gestos, o
modo de movimentar-se, a maneira de falar – tudo é revelador.
Escute
Escute com atenção as solicitações e obser-
vações do c omprador com a finalidade iden-
tificar o seu tipo psicológico. Escute com
o cérebro e coração. O restante dependerá
da técnica que você adotar e do tratamento
que dispensar a ele.
46
Cliente gosta de:
Sentir-se à vontade
Quando a abordagem do vendedor não faz o cliente sentir-se pres-
sionado nem manipulado, ele aceita melhor os esforços que foram
feitos para lhe mostrar os benefícios do produto.
Caso o cliente apresente objeções (e se estiver realmente inte-
ressado as apresentará), repare se o faz com tranquilidade ou se há
sinais de tensão na sua voz. Neste caso, cuidado, pois você pode
deixá-lo nervoso ou impaciente.
47
– O cliente assimila melhor as palavras de seu próprio repertório
do que as que os outros dizem. Então, diga como ele diria.
Fale no idioma dele.
– O cliente tem necessidades, verdades e convicções que são ma-
nifestadas de forma espontânea ou pela habilidade do vendedor.
Então, questione o cliente com as informações que ele próprio
tiver fornecido de modo que ele lhe dê uma sequência de sim
como respostas.
É lógico que você não vai transformar a conversa num inter-
rogatório sem sentido, devolvendo ao cliente, na forma de
pergunta, tudo o que ele disser. Mas quando estiver oferecendo
a ele uma poltrona branca, já sabendo que a cor da sala de estar
da casa dele é laranja, você pode dizer, por exemplo: “Essa
poltrona vai ficar muito elegante na sua sala. Ela é laranja,
não é mesmo?”. Ao concordar com a cor da sala, o compra-
dor praticamente concorda que ficará elegante. Um caso de
concordância dupla!
E depois de concordar algumas vezes com outras perguntas
do mesmo tipo, o fechamento da venda fica mais fácil e o
comprador não se sente pressionado. Ao contrário, sente-se
no controle da situação, desde que o vendedor seja hábil.
48
O poder da emoção positiva
Mesmo para compradores objetivos ou exigentes, que são muito racio-
nais (veja págs. 65 e 66), não se pode vender usando somente lógica.
A diversidade de produtos em cada segmento do mercado que
compete pela atenção do cliente é muito grande. Por isso, mesmo
nas pessoas mais racionais, a decisão de compra resvala para o ter-
reno emocional. E o vendedor tem de estar atento para o momento
em que as coisas tomam este rumo.
A fisionomia do comprador modifica-se quando ele deixa de ver
as características objetivas do produto e passa a idealizar como se
sentirá adquirindo-o. Efetivamente, ele passa a “sentir” e isso se
reflete na sua expressão corporal.
Vendedores experientes não só detectam esse momento com
facilidade como são hábeis em conduzir o comprador para esse
ponto mais rapidamente. Um caminho para isso é formulando
perguntas cujas respostas revelem o que o comprador quer obter, e
oferecendo-lhe a melhor solução possível, de acordo com o que você
tiver para vender. Depois disso, deixe-o processar emocionalmente
a sua oferta, mas mantenha-se concentrado nele, pois você precisa
perceber o que ele está sentindo. E o que quer que ele sinta, você
irá transformar em emoção positiva que o levará ao sim.
49
A primeira impressão é muito importante. O cliente pode até
não gostar do vendedor logo de cara, mas não pode olhar para
ele e sentir raiva, irritação, impaciência, medo ou qualquer outro
sentimento de rejeição.
Em outras palavras...
O sentimento inicial de rejeição pode ser evi-
tado se você não mostrar ao cliente que está
querendo vender-lhe alguma coisa.
Referências diretas a preço, prestação,
contrato e outros detalhes objetivos da com-
pra podem ser fatais, mesmo em estágios
avançados de negociação. Veja a seguir algu-
mas ideias de como lidar com o que tem de ser dito, mas que não
pode ser dito com todas as letras:
Comprar Possuir/Adquirir
50
Muitas empresas já padronizaram seu atendimento de acordo
com essas substituições, mas isso ainda pode ser novidade para al-
guns vendedores. Se for o seu caso, não estranhe. Treine um pouco
que logo você estará habituado a referir-se a si mesmo, não como
“vendedor”, mas como “facilitador de negócios”, a “preço” como
“investimento” e a “compra” como “aquisição”.
51
Então, não se esqueça: ter e possuir associam-se a prazer. Com-
prar, em geral, associa-se a dor. Sabendo disso, encontre formas
de eliminar a dor presente no ato de comprar, fazendo com que
a pessoa sinta apenas o prazer de adquirir. Para isso, ela precisa
“adquirir” o que você tem a “ofecerer”; nunca “comprar”. E você
está ao inteiro dispor dela para “facilitar-lhe” os meios de possuir
alguma coisa, nunca para “vender”.
A. Comprador moderno
Esse é o tipo de comprador que adora coisas novas e diferentes. Vai
às compras mais para conhecer as novidades do mercado do que
pela necessidade de comprar algo. E mesmo quando necessita de
uma coisa, acaba comprando outra bem diferente.
Quando entra em uma loja, quer logo saber dos lançamentos.
Prefere lojas ousadas, que estimulem a sua criatividade e, princi-
palmente, permitam manusear à vontade os objetos à venda.
52
Fidelidade a marcas, nem pensar! Só compra se o produto for inte-
ressante, mesmo que não tenha muita utilidade.
O comprador moderno também gosta muito de saber o estilo do
produto, se foi lançado em alguma grande feira internacional, se o
design pertence a alguma tendência vanguardista. Enfim, apreciam
saber tudo o que possa conferir modernidade ao que estiverem
pensando em comprar.
B. Comprador amável
Esse poderia ser o comprador ideal, exceto, talvez, pelo fato de
apreciar mais uma boa conversa do que a compra, propriamente
dita. Mas não o subestime, pois, dependendo da companhia em que
estiver e da forma como você o acolher, ele poderá empolgar-se e
comprar mais do que pretendia.
O comprador amável costuma ir às compras com um grupo de
amigos, quase todos também amáveis. Isso porque nenhum outro
tipo de pessoa gosta tanto de festas, reuniões e comemorações
quanto este. Sair às compras, para ele, é uma
verdadeira festa! O grupo se diverte muito e
também compra. São todos muito expansi-
vos, extrovertidos e sensíveis.
Esse tipo de comprador é bastante compre-
ensivo e não gosta de confusão. Se o produto
comprado não puder ser entregue no prazo,
53
tudo bem. Desde que seja para a harmonia geral, ele compreende.
Na verdade, dificilmente existe urgência em suas compras. O mais
importante é que todos se sintam bem.
C. Comprador objetivo
Atenção, pois esse tipo de comprador, que a princípio parece não
ter mistério, pode ser um problema. Não se atreva a mostrar-lhe
novidades nem tente conversar muito com ele. Na melhor das hi-
póteses, ele vai ignorar o que você fizer ou disser.
O comprador objetivo não costuma sair para “fazer compras”,
mas sai para comprar alguma coisa, especificamente. Por isso, ele
prefere lojas de autosserviço, onde pode pegar o que quer, ir direto
para o caixa, pagar e ir embora. Contudo, se não tiver outra escolha,
ele até fala com o vendedor, e aí é que podem surgir problemas.
Ter de interagir com um vendedor faz com que o comprador
objetivo se sinta perdendo tempo, então, ele já começa irritado.
Nenhuma tentativa de gentileza será bem vinda, podendo ser res-
pondida com rispidez.
54
Há um ditado que diz: “para bom entendedor, pingo é letra”.
Se ele sentir que você é “bom entendedor”, é bem provável que
se sinta mais à vontade e até mesmo escute o que você lhe disser.
D. Comprador exigente
Desde que você conheça muito bem o produto que vende, não terá
qualquer problema em atender a esse tipo de comprador. Ele sabe
o que quer, conhece as principais características do que pretende
comprar e quer ter certeza absoluta de que a aquisição atenderá
a todas as suas necessidades, por isso faz tantas perguntas e exige
tanto comprometimento por parte do vendedor.
Ao contrário do comprador objetivo, que não gosta de perder
tempo escolhendo entre diversas opções de um mesmo produto,
o comprador exigente faz questão de avaliar em que um produto é
melhor que outro e por que ele vale o que está sendo cobrado.
Não importa o tempo que gaste nisso. E mais: ele quer saber tudo
sobre garantia, assistência técnica, rede de serviço credenciada e
serviço de atendimento ao consumidor. E também vai querer testar
o produto e o fará dar a sua palavra em relação a cada uma das
informações prestadas.
55
Entre gregos e troianos
É fundamental que o vendedor desenvolva a habilidade de identificar
rapidamente o tipo de comprador que irá atender, pois as caracte-
rísticas de alguns deles são conflitantes.
Se você atender a um comprador moderno como se ele fosse um
comprador objetivo, tudo bem. Como ele gosta que lhe mostrem todas
as novidades, pode pensar que você não está com boa vontade para
atender, que está cansado ou com problemas. Mas para o comprador
moderno, isso é problema seu e não dele! Provavelmente, vasculhará
a loja sozinho e comprará sem a sua ajuda. Mas se você for atender
a um comprador objetivo como se fosse um comprador moderno, pode
até meter-se em encrenca. Você vai tentar mostrar-lhe tudo e ele
vai achar que você o está importunando. Além de não comprar,
ele pode ficar profundamente irritado.
A abordagem adequada é meio caminho andado para o fecha-
mento de uma venda. Esteja atento aos sinais transmitidos pelos
compradores e, identificando-os, use o estímulo correto:
56
Qualificação do comprador
De acordo com o estilo de vida, o comprador pode ser: conservador,
consciencioso, imitador, empreendedor ou necessitado.
1. Conservador
Gosta do status quo, dedica-se muito à família e respeita as tradições.
Detesta a palavra “novo” e aceita bem a palavra “melhor”.
2. Consciencioso
Defensor de causas socioambientais, costuma ser intelectual, muito
inteligente e íntegro. Detesta sentir-se manipulado.
3. Imitador
Geralmente jovem, muito preocupado com conquistas amorosas,
quer parecer-se com o empreendedor bem-sucedido, mas ainda não
tem autoconfiança suficiente para empreender.
4. Empreendedor
Profissionalmente bem-sucedido, gosta do novo pelo novo e adora
ser diferente. Tem grande capacidade de realização.
5. Necessitado
Interessado apenas na sobrevivência do dia a dia, não tem poder
aquisitivo e, geralmente, depende do governo.
57
Um músico bem-sucedido, de formação eclética, quis preparar seu
único filho para uma carreira brilhante, não só como músico, mas
também como compositor.
Quando o jovem voltou, disse ao pai que aprendera tudo sobre os sons
da natureza, do barulho do vento ao cantar dos pássaros, da folha
seca caindo de uma árvore ao rugido distante do leão. O pai, então,
recomendou-lhe que fizesse outra temporada na floresta para escutar
tudo o que não conseguira da primeira vez.
58
Antes de tentar satisfazer o cliente,
entenda e satisfaça a pessoa.
59
A importância do contexto
em vendas
61
Entendendo de contexto
Essa história de contexto precisa ser muito bem entendida, pois é
fundamental para tudo o que se refere a vendas. Até agora, aborda-
mos neste livro alguns importantes elementos de vendas de forma
isolada. Daqui em diante, praticamente tudo de que falaremos
estará diretamente relacionado a contexto.
Observe o gráfico a seguir:
62
No caso do jacaré e do urso, o contexto favorável para um é
desfavorável para o outro. Mas, em vendas, não pode haver in-
compatibilidade de contexto. O encontro entre um comprador e um
vendedor por si só define um contexto, que não é sempre favorável
ou desfavorável. Muita coisa interfere no contexto básico de venda,
e o vendedor não pode ficar à mercê de eventualidades. Ele tem de
criar contextos favoráveis à venda. Os recursos para isso, você vai
obter nos capítulos seguintes.
63
No caso dessa figura, assim como na maioria das situações que
vivenciamos, o julgamento depende do contexto. Aposto como você
valorizou mais essa paisagem depois de saber em que situação ela
foi pintada, não é verdade?
É uma boa metáfora, não resta dúvida. Mas vamos ver a continuação
dela, que é bem mais interessante:
64
copo apenas sorriu e pensou: “Minha experiência anterior com esse
tipo de situação foi um sucesso. Eu sei muito bem o que estou fazendo”.
E continuou se debatendo, até que perdeu as forças e morreu afogada.
65
A psicologia
da motivação
67
Em 1957, Noam Chomsky apresentou sua tese de Ph.D. no Depar-
tamento de Linguística do Massachusets Institute of Technology
(MIT). A tese, intitulada Transformational grammar (Gramática
transformativa), constituiu uma verdadeira novidade no campo
da linguística.
Gramática transformativa
Gramática transformativa é o estudo de como uma pessoa mo-
difica uma informação recebida no momento de comunicá-la a
outras pessoas.
Sempre que comunicamos uma experiência, estamos, na
verdade, comunicando apenas uma representação do que foi tal
experiência para nós. A essa representação, podemos chamar de
“mapa” ou “mapa linguístico”. Na construção de nossos mapas,
cometemos o que linguistas chamam de “violações sintáticas”.
68
que pode ser encontrado em pessoas que cometem o mesmo tipo
de violação sintática.
Linguagem e comportamento
O padrão de linguagem, e consequentemente de comportamento,
pode mudar de um contexto para outro.
Por exemplo, na área afetiva, um homem pode ser excelente
marido e, profissionalmente, ter um desempenho medíocre, ou
vice-versa. Neste caso, o padrão de linguagem na área familiar (e
o comportamento) seria diferente do padrão de linguagem (e do
comportamento) na área profissional.
69
1. Atitude
Reativa vs Pró-ativa
A maioria das pessoas, cerca de 60% delas, é igualmente pró-ativa
e reativa. Das restantes, cerca de 20% são pessoas reativas e de 20%
são pró-ativas.
Na prática
Para saber se uma pessoa é reativa ou pró-ativa, peça-lhe que descreva
em poucas palavras a melhor experiência de compra que já teve.
Então, observe atentamente a forma como ela constrói as frases
que diz e o tipo de verbo que mais utiliza na resposta. Todavia,
lembre-se de que, a princípio, a maioria das pessoas é igualmente
reativa e pró-ativa.
70
2. Valores
71
Existem valores, como amor, aventura e realização, que nos pre-
dispõem a gastar tempo e dinheiro para obtê-los. E outros, como
rejeição, humilhação e insegurança, que também nos predispõem a
gastar tempo e dinheiro, mas para evitá-los. Os valores que queremos
obter são os positivos, e os que queremos evitar, os negativos.
72
Na prática
Você descobre os valores de uma pessoa em de-
Na
terminado contexto perguntando-lhe: “ O que é at
importante para você?” lin
Um vendedor de carros perguntará ao seu fa
cliente: “O que é importante para você em um
carro?” Um corretor de imóveis perguntará: “O
que é importante para você em uma casa” e assim por diante. Em
todos os casos, o cliente responderá com quatro ou cinco palavras
que traduzirão os seus valores envolvidos naquele tipo de transação.
3. Direção
A motivação das pessoas depende, basicamente, do direcionamento
que dão às suas vidas. Elas podem direcioná-las tanto para buscar
prazer quanto para evitar sofrimento. E algumas podem, ainda, seguir
nas duas direções.
O número de pessoas que busca prazer é tão grande quanto o
daquelas que evita sofrimento, cerca de 40% em cada caso. E o das
que fazem tanto uma coisa quanto outra é bem menor: 20%.
No processo de venda, é importante saber qual é a direção do
comprador. Essa informação pode ser obtida a partir de perguntas
que utilizem um de seus valores.
Suponha que, tendo perguntado ao comprador o que é impor-
tante em um carro, ele tenha respondido: segurança, economia e
conforto. Então, para identificar a direção dele,
pergunte-lhe: “O que vai lhe proporcionar a ob-
tenção de segurança, economia e conforto?”. Se,
na resposta, ele começar a incluir coisas, pessoas
ou situações, a direção é: buscar prazer. E se ele
começar a excluir coisas, pessoas ou situações, a
direção é: evitar sofrimento.
73
Na prática
A direção define a motivação das pessoas em relação a compras. As
que buscam prazer compram porque querem acrescentar à própria
vida coisas que consideram positivas. As que evitam sofrimento
compram porque querem excluir de suas vidas coisas que consi-
deram negativas.
Imagine uma pessoa comprando remédio para dor de cabeça. Se
ela for do tipo que busca prazer, sua motivação será acrescentar bem-
-estar à sua vida. Já se for do tipo que evita sofrimento, a motivação
será livrar-se do mal-estar.
4. Fonte
Existem duas fontes de motivação: interna e externa. Identificar a fonte
de um comprador lhe permite saber se ele é automotivado (fonte
interna) ou se a sua motivação vem de fora (fonte externa). Pode-se
dizer que 50% das pessoas são automotivadas e 50% dependem de
uma fonte externa de motivação.
74
Como você pode ver, não é difícil descobrir que a fonte de moti-
vação desse comprador é externa.
Na prática
Se você estiver vendendo um carro novo para um comprador e
souber que a opinião alheia tem grande influência nas decisões
dele, dê-lhe estímulo em nome de outras pessoas, dizendo coisas
como: “Seu pai seria o primeiro a cumprimentá-lo pela compra
deste carro”.
Já se estiver vendendo para uma pessoa automotivada, você
pode argumentar à vontade, mas deve sempre terminar a conversa
dizendo algo como: “...no entanto, a decisão final é sua” ou “Afinal,
você sabe o que é bom para você”.
Lidando com pessoas que têm fonte de motivação externa,
lembre-se: elas preferem que você lhes venda em vez tomarem a
decisão de compra por si mesmas.
Como se pode ver, o que é remédio para um, pode ser veneno
para outro.
5. Decisão
O nosso cérebro decide com base em semelhanças ou diferenças, de
forma inconsciente e automática. Entender essa distinção cognitiva
que existe nas pessoas é fundamental não só no processo de venda,
mas em todas as formas de comunicação, pessoal ou profissional.
Decidem por semelhança as pessoas que costumam usar as se-
guintes palavras: igual, como esta, da mesma forma, a mesma coisa,
etc. E decidem por diferença as que utilizam mais as palavras: mas,
diferente, eu não sei, nada mal, provavelmente, etc.
75
Na prática
É muito fácil descobrir se uma pessoa decide por semelhança ou por
diferença. E como a ferramenta poderosa do vendedor é a pergunta,
neste caso você deve perguntar coisas que levem a pessoa a fazer
comparações.
76
Resumindo
77
Um industrial, decidido a incrementar as exportações de calçados da sua
fábrica, seleciona dois de seus vendedores, mandando-os visitar diversos
centros com alta densidade populacional em todo o mundo.
Passados alguns dias, o vendedor que foi para o norte enviou um e-mail
para a fábrica, dizendo: “A empresa está jogando dinheiro fora com essa
visita à África, pois aqui ninguém usa sapatos. Aguardo orientação para
mudar de território”. No mesmo dia, o vendedor que tinha ido para o
sul também resolve comunicar-se com a fábrica e manda o seguinte
e-mail: “Este é o melhor investimento que a empresa já fez, pois aqui
ainda é raro o uso de sapatos. Dêem-me mais alguns dias por aqui
para que, conhecendo melhor os costumes locais, eu possa reverter
esse quadro, afinal, não temos concorrentes”.
78
Como funciona o processo
de convencimento
79
Se você for capaz de apresentar a alguém um produto, serviço
ou ideia de forma convincente, este se tornará disposto a gastar
dinheiro com o que lhe estiver sendo oferecido.
Sistemas representacionais
Nenhum comprador é igual ao outro. Um dos principais modos
pelos quais pessoas se distinguem umas das outras é por meio de
seus sistemas representacionais.
Sistemas representacionais são os canais que utilizamos para pro-
cessar experiências de vida e para representar o mundo para nós
mesmos. São os receptores sensoriais em que nos baseamos para
estabelecer o nosso sentido particular de mundo. É o pensar, sen-
tir, recordar e organizar a informação absorvida e poder acessá-la
posteriormente.
Para pensar, nós usamos imagens, sons e sensações recebidos pelos
canais visual, auditivo e cinestésico. Esses canais funcionam como
filtros, removendo determinados aspectos daquilo que vivenciamos
em nosso dia a dia e enfatizando outros.
Apesar de todos termos os três canais, temos nossas preferências,
que nos fazem ser mais visuais, auditivos ou cinestésicos. Por isso,
para conseguir convencer, o bom vendedor precisa ser capaz de usar
o canal preferencial do comprador e não o seu próprio.
80
nês e o outro respondesse em espanhol. Como mudar isso? Basta o
vendedor responder no mesmo sistema representacional do compra-
dor: “Então, você vai ver. Vou lhe mostrar mais detalhadamente.”
Experimente chegar à bilheteria do cinema, pedir três ingressos
e mostrar dois dedos! Faça isso e você verá o que acontece quando
se misturam os canais do sistema representacional. Auditivamente,
você estará solicitando três ingressos; mas, visualmente, estará
pedindo dois! Se o bilheteiro for visual, ele lhe dará dois ingressos.
Se for auditivo, lhe dará três. Sem falar que o bilheteiro pode ser
cinestésico. Aí, só Deus sabe o que pode acontecer...
O vendedor, para obter a atenção do comprador e criar um am-
biente de confiança, tem de usar o mesmo sistema representacional
que este utiliza. Isso garante que os dois estarão falando o mesmo
“idioma”. O vendedor também deve procurar falar com entonação
e volume de voz parecidos com os do comprador.
Canais de percepção
De acordo com os estudos de Rodger C. Bai-
ley, qualquer que seja o sistema representacional
do comprador, o processo de convencimento de-
pende 12% do canal cinestésico (C), 35% do
canal auditivo (A) e 53% do canal visual (V).
Você deve ter um colega de profissão invejável, que no seu con-
ceito seja um excelente profissional. Eu lhe pergunto como é que
você sabe que ele é realmente bom no que faz. E você me diz que
sabe porque o viu em ação, porque ouviu falar da reputação dele
ou porque teve a oportunidade de trabalhar com ele no dia a dia.
Ou seja, a informação que o convenceu de que seu colega de
profissão é um excelente profissional chegou até você por um dos
três canais de percepção: visual, auditivo ou cinestésico, predomi-
nantemente.
81
Compradores visuais
São os que se convencem vendo. Têm de ver para comprar. Por isso,
é importante saber tornar visível o invisível, falando sobre o produto
com linguagem visual.
Compradores auditivos
São os que se convencem ouvindo. Têm de ouvir para comprar. Por
isso, é importante saber descrever bem o produto e ter pessoas para
dar testemunhos.
Compradores cinestésicos
São os que se convencem fazendo. Têm de pôr a mão na massa,
testando o produto.
Pela linguagem
Você pode detectar o sistema representacional de um comprador pres-
tando atenção nas palavras que ele utiliza com mais frequência.
Sabendo se a pessoa é visual, auditiva ou cinestésica, você pode
adequar-se ao sistema representacional dela e a conversação entre
ambos será mais produtiva.
82
• Se movimenta os olhos para os lados, horizontalmente, ela
está “audializando” (usando o canal auditivo);
• Se olha muito para baixo e para a esquerda (dialogando con-
sigo mesma) ou para baixo e para a direita (em contato com
sensações/emoções), ela está “cinestesializando”.
Ao “decifrar” o olhar do seu interlocutor, você não vai detectar
o que ele está pensando, mas sim a forma como está pensando.
Assim, tanto é possível entendê-lo melhor quanto levá-lo de um
canal a outro, como do visual ao auditivo, por exemplo. Além disso,
saber como uma pessoa pensa é uma pista valiosa para descobrir
em que ela pensa. E, mais precisamente, para saber no que ela está
pensando enquanto interage com você!
Os olhos costumam falar mais alto que a voz e não são capazes
de mentir. É por isso que um vendedor nunca deve usar óculos
escuros enquanto estiver em um processo de vendas. Sem mostrar
os olhos, a credibilidade dele fica prejudicada.
• Íntima: de 0 a 50cm.
• Informal–pessoal: de 50cm a 1,30m.
• Social: de 1,30m a 4m.
• Pública: acima de 4m.
83
Métodos de processamento
Um fator importante para que ocorra o convencimento é o método
como a informação é processada no cérebro. Quais critérios definem
se há informação o bastante para que o convencimento ocorra?
Por repetição
Estudos mostram que, em 52% dos casos, o convencimento ocorre
pela repetição da informação.
Para compradores que se convencem pela repetição, o ideal é
mostrar o produto mais de uma vez, falar sobre ele mais de uma
vez e deixar que o utilizem.
Automático
Em 8% dos casos, o convencimento é automático, sem a necessidade
de repetição da informação.
Compradores que processam informação por esse método não
precisam recebê-la mais que uma vez para dar asas à imaginação,
convencendo-se automaticamente.
Pausado
Em 25% dos casos, o convencimento constitui um processo lento
e pausado, dependendo mais de um período de amadurecimento
da informação (semanal, quinzenal ou mensal) do que necessaria-
mente da repetição exaustiva dela.
Aos compradores que precisarem de tempo, dê-lhes o tempo
de que necessitarem ou antecipe o tempo para eles. Leve-os, por
exemplo, a imaginar-se uma semana depois da conversa que vocês
estiverem tendo.
84
Crítico
Em 15% dos casos, o convencimento nunca acontece totalmente e
o processo tem sempre de começar do zero.
85
Mais do que máquinas, precisamos da
humanidade; mais do que inteligência,
precisamos de afeto e de doçura.
Sem essas virtudes, a vida será de
violência e tudo estará perdido.
Charles Chaplin
A ciência
da influência
87
De acordo com o Dr. Robert B. Cialdini, investigador norte-ame-
ricano na área de influência, existem vários princípios universais
que norteiam esse assunto. Quando bem utilizados, esses princípios
criam contextos favoráveis à aceitação de nossas solicitações. E isso,
no contexto de vendas, facilita o trabalho do vendedor, tornando
a sua capacidade de solicitação mais poderosa.
88
Quando não se conhece a causa, fica difícil
reproduzir o efeito.
Se eu o conheço melhor do que você me
conhece, eu posso influenciar você.
Se eu o conheço melhor do que você se
conhece, eu posso controlar você.
89
é um mestre. E no âmbito de vendas, um campeão! Pessoas assim
têm como estrela guia o benefício mútuo: o negócio tem de ser bom
tanto para o comprador quanto para o vendedor.
Princípios universais
que regem a influência
Para entender melhor como modificar o contexto a fim de alterar
o resultado, é importante saber que o cérebro toma decisões por
comparação. Nesse processo, ele compara o que veio antes com o
que vem depois. E a ordem como os elementos de comparação se
apresentam é crucial para a decisão.
Em matemática, mais especificamente em aritmética, a ordem
dos fatores não altera o produto. Você tanto pode referir-se a “3x4”
quanto a “4x3” que, de qualquer modo, estará referindo-se a um
mesmo resultado: 12. No processo de decisão, porém, a ordem dos
fatores altera, e em muito, o resultado.
O que fazer?
90
Valorização pelo contraste
A mão que vem da água quente acha que a água morna é fria. E
a mão que vem dá água fria acha que a água morna é quente. Na
verdade, a água morna não é quente nem fria: é morna. Mas pode
ser percebida como quente ou fria, dependendo da temperatura
da água em que a mão estava antes. É o contraste que, neste caso,
determina a percepção da temperatura da água morna, assim como
é o contraste que determina muitas outras coisas.
Em vendas, isso quer dizer o seguinte: comece pelo mais caro.
Crie o contraste.
Se você acaba de comprar um terno por 1.000 dólares, é fácil
ser convencido a adquirir duas gravatas por 100 dólares. Isso re-
presentará só 10% a mais na conta! No entanto, se você comprou
duas gravatas por cem dólares, fica difícil incluir, em seguida, um
terno de mil dólares na compra, pois isso representará um aumento
de mais de 900% na conta.
91
Ele não sabia do poder do contraste. O Rolex, por contraste, fazia
as outras marcas parecerem mais baratas do que realmente eram.
Depois que o comprador ficava sabendo o preço do Rolex, o do
Casio tornava-se incrivelmente atraente!
Em uma modesta casa, um lenhador vivia feliz com sua mulher, seus filhos,
além de muitas galinhas, cães e porcos soltos no quintal. Mas ele perdeu
o sossego desde que a tia da sua esposa foi morar com eles. Era uma boa
mulher, mas não se habituava à vida simples que eles levavam, por isso
reclamava muito. Descontente, o lenhador foi pedir ajuda ao pároco local.
Uma semana depois, o lenhador disse que não aguentava mais aquela
loucura. Então, o pároco disse: – Agora, coloque todos os bichos de volta
no quintal, faça uma arrumação e uma boa limpeza na casa e me procure
daqui a uma semana.
92
Nessa história, o pároco colocou tantos “problemas” na vida
do lenhador que, por contraste, a tia da sua esposa deixou de ser um
problema. Como dizia Einstein, tudo é relativo!
A importância da reciprocidade
Todos sentimos necessidade de retribuir favores que nos são prestados;
isso está na nossa estrutura psicológica. Portanto, antecipando-nos
em fornecer uma informação, prestar um serviço ou fazer algum tipo
de concessão, geramos sentimento de reciprocidade na outra pessoa,
colocando-a em dívida para conosco.
De acordo com Marcel Mauss, em geral, o ser humano sente-se
obrigado a aceitar um favor que lhe seja oferecido, e também se sente
obrigado a retribuir o favor, mesmo que não o tenha solicitado.
Se eu lhe dou um sorriso, você se sente na obrigação de me dar
um sorriso de volta. Se eu estendo a minha mão para apertar a sua,
você se sente na obrigação de estender-me também a sua para um
aperto de mão. Enfim, é dando que se recebe.
Favores, por menores que sejam, podem criar em quem os
recebe a obrigação de, em qualquer momento, ter de satisfazer a
uma solicitação de quem os fez, mesmo que esta represente um
esforço muito maior do que o favor inicial. Da mesma forma,
grosserias dão a quem as recebe o direito de retribuição. É o
famoso ditado: Olho por olho, dente por dente. Contudo, em caso
de hostilidade, precisamos tomar cuidado para não terminarmos
todos cegos e banguelas.
A parte vulnerável deste princípio é que qualquer pessoa pode
também nos colocar em situação de dívida, fazendo-nos favores
que não solicitamos e criando obrigações em nossa mente. Por-
tanto, veja bem de quem você aceita favores. O barato pode sair
muito caro.
93
Nós nos sentimos obrigados a retribuir prontamente os
favores que recebemos.
Por outro lado, quando você fizer um favor genuíno para al-
guém e a pessoa lhe agradecer, em vez de dizer: “Não é nada. Faz
parte do meu trabalho!”, olhe nos olhos da pessoa e diga em alto
e bom som: “Eu sei que você faria o mesmo por mim, não faria?”
Certamente, a pessoa responderá sim, selando o compromisso de
retribuição dela com você por muito tempo.
Fazer isso não tem nada de antiético ou de amoral. Afinal, você
fez um favor e merece receber outro em retribuição. Só que, desta
forma, a retribuição ficará garantida por muito tempo.
Certa manhã, em 1985, o Dr. Cialdini leu no jornal que a Etiópia tinha
feito uma doação de 5.000 dólares para o governo do México por causa
da destruição que um terremoto provocara na cidade do México. A notícia
causou-lhe espanto, afinal, como é que a Etiópia, passando por uma avas-
saladora crise de fome e de miséria, poderia fazer essa doação?
94
Concessão recíproca
Você também pode utilizar a concessão recíproca ou a estratégia da
rejeição-então-aceitação, que vem a ser o seguinte: quando uma pessoa
concorda conosco, ela tem o direito de receber uma concordância
nossa em retribuição. Isso funciona assim:
Você solicita algo a alguém sabendo que a resposta provavelmente
será não e aceita o não sem objeções. Em seguida, faz outra solicitação
à mesma pessoa, para a qual quer obter um sim como resposta. Se a
pessoa disse não à sua primeira solicitação e você aceitou, a concessão
recíproca exige que ela diga sim à sua segunda solicitação.
Quando recebe um não e o aceita sem objeções, você coloca o
seu interlocutor em dívida para com você. Logo, na próxima soli-
citação, feita a seguir, ele não tem outra saída a não ser dizer sim.
Um garoto de oito anos de idade chega para a sua mãe que está na cozinha,
fazendo o almoço, e diz: – Mãe, posso ir brincar na casa do Joãozinho?
E a mãe, sem pestanejar, responde: – É claro que não!
O filho aceita o não de sua mãe sem reclamar. Em seguida, ele solicita:
– Mãe, e um biscoito, pode?
A mãe, então, responde: – Claro, meu filho, aqui está!
95
Estudos sobre concessão recíproca
O Dr. Cialdini fez um estudo com dois grupos de universitários,
usando a concessão recíproca em apenas um deles.
Ao primeiro grupo, ele fez a seguinte solicitação: “Vocês po-
deriam acompanhar um grupo de adolescentes delinquentes em
uma única visita ao zoológico?”. Dos estudantes desse grupo, 83%
responderam não e apenas 17% disseram sim.
Ao segundo grupo, antes de fazer essa mesma pergunta, ele fez
outra: “Vocês aceitariam ser voluntários, trabalhando duas horas por
semana, durante três anos, como supervisores de um grupo de ado-
lescentes delinquentes?” É óbvio que todos responderam não. Os
pesquisadores aceitaram o não sem objeções. Em seguida, fizeram a
pergunta que tinham feito ao primeiro grupo: “E
vocês poderiam então acompanhar um grupo de
adolescentes delinquentes em uma única visita
ao zoológico?”. Então, 50% responderam não e
50% responderam sim, indicando um percentual
de aceitação praticamente três vezes superior ao
obtido no primeiro grupo (50% vs 17%).
96
Em continuidade ao seu estudo, o Dr. Cialdini, juntamente com
o Dr. Ascani, mostrou que aqueles que disseram sim após terem
dito não à primeira solicitação eram mais propensos a concordar
em repetir o favor no futuro. Entre os que aceitaram e cumpriram
o favor sem que lhes tivesse sido feita uma primeira solicitação,
somente 50% se dispunham a repeti-lo no futuro. Já no grupo da
concessão recíproca, 84% dos estudantes estavam dispostos a fazer o
favor outra vez.
O efeito da escassez
Você provavelmente sabe a razão de ouro valer mais do que prata,
não sabe? É a mesma razão pela qual prata vale mais do que cobre,
e esta é muito simples: na terra, há mais mais cobre do que prata
e mais prata do que ouro.
97
Todos somos vulneráveis ao princípio da escassez. Sempre que-
remos aquilo que não temos e a nossa reação à escassez bloqueia a
nossa habilidade em pensar corretamente. Os colecionadores que
o digam: quanto mais raro, mais vale! Isso também é conhecido
como efeito Romeu e Julieta.
Quando a nossa liberdade em realizar algo é limitada, esse
“algo” torna-se menos disponível para nós, aumentando o nosso
desejo de possuí-lo.
Dizem os especialistas que, apesar de Romeu e Julieta ser uma
ficção, o casal não se amaria tanto se suas famílias tivessem acei-
tado seu namoro. A proibição fez com que o desejo de um pelo
outro aumentasse. Nós costumamos dar muito valor àquilo que
não temos.
98
ção, os biscoitos foram ainda mais bem avaliados do que os do pote
que já era apresentado aos provadores apenas com dois biscoitos.
Isso confirma o que a história nos tem mostrado: é mais fácil
acontecer revoluções quando períodos de abundância e de pros-
peridade são seguidos de recessão (revoluções francesa e russa,
por exemplo) do que quando situações de miséria já vigoram há
algum tempo.
Apesar de serem os mesmos biscoitos, três avaliações diferentes
eram obtidas, dependendo do contexto criado.
Outros estudos mostram que, quando a escassez se une à rivali-
dade, o princípio fica ainda mais forte. É o caso de leilões, em que
a disputa pelos lotes costuma ser acirrada, levando o interessado
a perder a cabeça e a dar lances absurdos, dos quais se arrepende
amargamente quando, enfim, vence a disputa e arremata o lote.
Não é à toa que alguns leiloeiros costumam levar falsos compra-
dores a seus leilões, para que “esquentem” a disputa e saiam da
competição na hora certa, quando um comprador de verdade tiver
dado o melhor lance possível para determinado lote.
Escassez não se limita a produtos. Aplica-se também a informa-
ção. Informação exclusiva tem mais valor aos olhos do consumidor.
Um atacadista de carne australiana, fornecedor do produto para
cadeias de supermercados norte-americanos, fez uma experiência
interessante. Ele dividiu seus clientes em três grupos, A, B e C, e
para cada grupo adotou uma abordagem diferente:
Grupo A: os vendedores telefonavam e informavam sobre a
chegada de um novo carregamento de carne, perguntando se
havia interesse.
Grupo B: os vendedores telefonavam, informavam sobre a
chegada do carregamento de carne e alertavam que, devi-
do a condições climáticas adversas na Austrália, em breve
poderia faltar carne australiana no mercado.
99
Grupo C: os clientes eram abordados da mesma forma que
os do grupo B, mas os vendedores diziam que a informação
sobre as condições climáticas australianas era exclusiva, que
só aquele atacadista a possuía e que a estava repassando
somente a seus clientes preferenciais.
Veja a seguir os resultados dessa experiência:
O poder da autoridade
Autoridade é o poder de se fazer obedecer por possuir competência
indiscutível, de fato ou de direito, em determinado assunto.
Desde a infância, nos ensinam que devemos obedecer a auto-
ridades. Aprendemos que obedecer a autoridades é certo e que
desobedecer-lhes é errado. E depois que isso entra em nossa cabeça,
paramos de pensar no assunto; apenas seguimos a ordem de quem
tem mais autoridade.
100
A Bíblia ilustra muito bem o que acon-
tece com pessoas desobedientes. Adão, por
exemplo, foi expulso do Paraíso porque
desobedeceu à autoridade de Deus. Abraão,
por sua vez, foi testado ao limite no seu grau
de obediência.
Pessoas com autoridade são percebidas de
forma diferente. Quando elas dizem algo, ra-
ramente questionamos, pois imaginamos que sabem perfeitamente
do que estão falando, mas isso nem sempre é verdadeiro. Portanto,
devemos sempre nos certificar se pessoas que percebemos como
autoridade, realmente a têm e se são competentes no que realizam.
101
Estudo sobre autoridade
Um estudo feito por Wilson, em uma universidade australiana,
mostra claramente o efeito de credenciais na percepção das pesso-
as. Esse estudo consistiu inicialmente em apresentar um visitante
vindo da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, a cinco salas
de aula de uma universidade australiana.
Na primeira, ele foi apresentado como estudante; na segunda,
como funcionário da universidade; na terceira, como professor
assistente; na quarta, como professor-adjunto; e na quinta, como
professor-titular, chefe de departamento.
Terminadas as visitas, foi solicitado aos estudantes de cada sala
de aula que avaliassem a estatura do visitante. Da sala em que ele foi
apresentado como estudante à que foi apresentado como professor-
-titular, chefe de departamento, a percepção dos alunos acusou um
aumento de quase 10cm na estatura avaliada do visitante.
Percepção é realidade. Tudo o mais é ilusão. Por esse motivo,
devemos ter muito cuidado com a nossa aparência, determinando cla-
ramente qual é a mensagem que queremos comunicar por meio dela.
102
Principais componentes
da autoridade
Os principais componentes da autoridade são: credibilidade, conhe-
cimento, credenciais e profissionalismo.
Credibilidade
Credibilidade nada mais é do que perícia e h
onestidade, juntas. É o
pilar principal da autoridade.
103
Conhecimento
No âmbito de vendas, conhecimento refere-se àquele que se deve ter
a respeito dos componentes básicos do processo. Sem conhecer o
cliente, o mercado e o produto, dificilmente um vendedor consegue
transmitir autoridade.
Credenciais
As credenciais de um vendedor incluem experiência, treinamento,
cursos. Este é um item perigoso, pois muitas pessoas julgam-se
no direito de dizer o que quiserem a respeito de suas credenciais,
achando que dificilmente alguém poderá contestar o que dizem e/
ou colocam no papel. O que não deixa de ser verdade, mas a penas
parcialmente. Ninguém vai desmentir um profissional brasileiro que
diga ter sido treinado nos Estados U nidos, mesmo que a maioria
das pessoas saiba que ele nunca saiu do Brasil.
Há um ditado popular que diz que é preciso “matar a cobra e
mostrar o pau”. Eu discordo. Se você quer provar mesmo as suas
credenciais, tem de matar a cobra e mostrar a cobra morta!
Quando estiver montando o seu currículo, seja preciso nas in-
formações sobre as suas credenciais. Inclua dados que possam ser
facilmente comprovados e não caia na tentação de exagerar um
pouquinho só porque o papel aceita tudo! Não corra o risco de
ser descoberto em uma “mentira inocente” e perder a credibilidade
junto a seus clientes.
104
Profissionalismo
Concluindo esse processo, a sua autoridade só será mantida se a sua
postura perante o cliente for extremamente profissional.
Gentileza, cortesia e educação aliam-se a credibilidade, conhecimen-
to e credenciais, fortalecendo a sua autoridade. Contudo, atitudes que
visem a envolvimento pessoal com o cliente devem ser descartadas,
pois sugerem segundas intenções, mesmo que estas não existam.
105
Marketing & Memética
em vendas
107
Marketing: uma ponte entre
a empresa e o mercado
Marketing, pode-se dizer que é a ponte que liga empresas ao merca-
do. Ele constitui-se de um conjunto de elementos por meio dos quais
empresas adequam seus produtos às necessidades do mercado, com
vistas ao lucro.
Mas, a cada dia, tudo se modifica. As indústrias passam a
produzir mais e melhor. O mercado torna-se mais exigente e so-
fisticado. E o marketing tem de encontrar formas de conciliar os
interesses de ambos.
A simples matéria de que são feitos os produtos não tem hoje o
mesmo valor que tinha décadas atrás. Antes, o esforço de marke-
ting era para colocar filtros de barro no mercado, a fim de que as
pessoas pudessem ter água potável em suas casas. Nessa época, o
vendedor vendia coisas tangíveis: filtros.
Tempos depois, passou a vender filtros menores, que se aco-
plavam a torneiras, economizando espaço e oferecendo mais água
potável em menos tempo. Então, o vendedor começou a vender o
intangível. Ele vendia rapidez na obtenção da água potável e econo-
mia de espaço na cozinha do cliente. Nessa época, pouco se falava
do trabalho que o consumidor teria chamando o encanador para
instalar o filtro, por exemplo.
Hoje, os filtros de parede, ainda acoplados
a torneiras, oferecem não só água potável,
mas água purificada por meios especiais,
instalação gratuita, ampla rede de assistência
técnica, etc. Agora, o bem material – filtro –
pesa menos na argumentação do vendedor,
de muito embora ele ofereça aos clientes uma
gama de vantagens sutis e intangíveis. Ele
vende pureza, saúde, comodidade, segurança.
108
Vivemos em um mundo em que cerca de 80% do que compramos
são serviços e não produtos, propriamente ditos. Hoje, produtos
valem-se de serviços para agregar valor. Se você compra uma
calça jeans personalizada que lhe será entregue daqui a 10 dias, a
sua satisfação está muito mais dependente do serviço do que do
produto em si.
109
Quando um relógio pára de funcionar, você logo vê. Mas se o
relojoeiro, prestador do serviço que agrega valor ao relógio, está
ou não está funcionando adequadamente, isso já é mais difícil
de determinar.
Além disso, os produtos que compramos costumam ser feitos
há centenas de quilômetros de nós e nunca conhecemos quem os
fabricou. Por isso, quando não funcionam, nunca levamos para o
lado pessoal. Um serviço, no entanto, quando não atende às nossas
expectativas, faz com que nos sintamos pessoalmente ofendidos
pela pessoa que o realizou.
Na área de serviços, para criar um cliente satisfeito e ter lucro
na transação, temos de estabelecer uma relação de negócios susten-
tável, na qual dois fatores são fundamentais: primeiro, a satisfação
do comprador; segundo, a lucratividade do vendedor.
110
O uso da memética em vendas
Assim como a genética estuda os genes, a memética estuda os memes.
E memes, assim como genes, são estruturas que contêm mensagens
codificadas. Mas enquanto os genes lidam com o aspecto biológico
do ser humano, os memes lidam com o aspecto sociocultural. As
mensagens contidas nos memes irradiam comandos, instruções,
padrões culturais e normas sociais para a mente das pessoas.
A memética é uma ciência. Ela foi criada pelo b iólogo inglês
Richard Dawkins e resulta de uma abordagem multidisciplinar,
envolvendo biologia, psicologia evolucionista e ciência cognitiva
para o estudo de ideias e crenças como unidades vivas. Assim, a
memética está para os memes como a genética está para os genes.
Meme é uma poderosa metáfora para o entendimento de como
as ideias se propagam. É como um vírus que se alastra e conta-
mina a mente das pessoas de forma muito rápida. Pode ser um
comportamento, uma crença, uma informação, uma logomarca,
um preceito r eligioso, assim como pode ser um produto, serviço,
ideia ou talento, nos quais se inclui o que você tiver para vender.
Os memes não atuam sozinhos. Precisam de
um transmissor e os veículos de comunicação
cumprem esse papel com muita propriedade.
Mas, apesar de as mensagens publicitárias
serem elaboradas para criar memes, nada é
mais eficaz do que os memes transmitidos,
ocasional ou intencionalmente, por pessoas
que se destacam na mídia.
111
Uma pessoa bem-sucedida começa a aparecer na televisão, em capas
de revistas e em jornais sempre exibindo um vistoso anel de rubi. Em
uma entrevista, a pessoa diz que usa aquele anel porque lhe dá sorte.
Não demora, outras pessoas são vistas usando anel de rubi. Em seguida,
você encontra anel de pedra vermelha para vender em todos os cantos
da cidade.
112
Um gerente de vendas, interessado em melhorar o desempenho da sua
equipe, chamou um de seus vendedores e pediu-lhe que fosse a uma das
melhores livrarias da cidade para comprar o melhor livro sobre vendas.
Mas recomendou ao vendedor que pagasse um preço justo pelo livro,
nem mais nem menos.
Todos os que ouviram a recomendação riram e perguntaram: “Não
pagar mais, tudo bem! Mas por que não pagar menos?”. E o gerente
explicou que cada bem tem o seu justo valor. Disse que é preciso ser
precavido quanto a bens cujo valor esteja muito abaixo do preço de
mercado. Especialmente em se tratando de livros, explicou, um que
custe muito caro revela a presunção de ser o melhor, podendo não ser.
E um que seja vendido muito barato pode ser fruto de informação obtida
sem muito esforço, colocando em dúvida a sua qualidade. Comprá-lo,
também é jogar dinheiro fora. E o gerente concluiu dizendo que preço
justo é a medida de um bom negócio.
O vendedor, então, dirigiu-se a um dos melhores shopping centers da
cidade, entrou na megastore de uma das livrarias mais conceituadas e,
entre livros a preço de ouro e livros a preço de banana, encontrou este!
Você que foi a uma livraria e comprou este livro, que relação consegue
estabelecer entre o valor investido e o aproveitamento que está tendo
com a leitura, até o momento?
113
Apresentação eficaz
em vendas
115
Apresentação é todo e qualquer contato em que o vendedor fala
sobre o produto com o intuito de vendê-lo. Algumas são formais
e outras, totalmente informais.
Formais são as apresentações feitas em visitas previamente agen-
dadas. Nessas, tanto o nível de formalidade quanto o de sofisticação
podem variar de acordo com o que estiver sendo vendido. Informais,
por sua vez, são as que ocorrem em estabelecimentos abertos ao
público, em que o comprador entra procurando por determinado
artigo ou só para “dar uma olhadinha”. Nesses casos, o vendedor
tanto apresenta o produto em que o comprador estiver interessado
quanto pode despertar nele o interesse por outros produtos.
Em tudo o que vimos em capítulos ante-
riores sobre tipos de compradores – contexto,
u influência e convencimento – encontram-se
a
os elementos básicos para você desenvolver
a sua percepção e aprimorar a sua apresenta-
ção de vendas. Mas, antes, existem algumas
etapas fundamentais a praticamente todos os
inês processos de venda, que são a preparação, a
prospecção e a entrevista.
Preparação
Um atleta olímpico prepara-se durante quatro anos para correr 10 se-
gundos em uma corrida de 100 metros. Atletas, em geral, passam mais
de 90% do tempo em treinamento e menos de 10% competindo. Tal
qual no atletismo, preparação é fundamental em vendas e em tudo na
vida. A sorte tende a favorecer aqueles que estão mais preparados.
116
A preparação tem de ser feita em várias áreas, começando pelo
produto. Linguagem cria realidade e deve ser usada para agregar
valor ao nosso produto, serviço, ideia ou talento. É por isso que
temos de reunir a maior quantidade possível de informação sobre
o que estivermos vendendo.
Conhecendo o produto
Um vendedor fica de mãos atadas antes de conhecer o seu produto,
mas não adianta conhecê-lo superficialmente: é preciso aprofundar-se
no conhecimento. Algumas perguntas básicas para isso são:
• O que é o meu produto?
• O que estou vendendo?
• Ele serve para quê?
• Qual é o seu valor, objetivamente falando?
• Quanto ele pode valer, subjetivamente falando?
• O que existe por trás desse produto:
– Quem é o fabricante e onde está instalado?
– Trata-se de empresa conhecida no mercado ou está
ingressando nele agora?
– Qual é a reputação desse fabricante no mercado?
• Como e de que o produto é feito?
• Qual é a sua durabilidade?
• Quais são as suas características físicas: cor,
peso, medida, resistência...
• Qual é a sua disponibilidade para o cliente (pronta
entrega, entrega programada, lista de espera...)?
117
Para cada tipo de produto há uma série de questões a serem
levantadas. Aprofundar-se no conhecimento antes de vender os
benefícios é fundamental, e isso só depende do seu interesse.
Conhecendo o mercado
Devemos conhecer bem como é o nosso mercado e quem são nos-
sos concorrentes.
Uma vez, perguntaram ao presidente da Rolex como estava
o mercado de relógios e ele respondeu: “Não sei!”. Então, lhe
questionaram: “Como, sendo o presidente da Rolex, o senhor não
sabe como está o mercado de relógios?”. E ele respondeu: “Por
isso mesmo! Rolex não é só um relógio e quem paga por um não
está interessado apenas em ver as horas. Rolex é uma jóia e este é
o meu mercado. Meus concorrentes encontram-se no mercado de
jóias, não de relógios”.
Esse homem conhecia bem o seu produto e o seu mercado!
118
Para enfrentar o mercado, é preciso saber:
• Qual é o seu mercado.
• Quem são os seus concorrentes.
• Como o seu produto se posiciona nesse mercado.
• Quais vantagens ou desvantagens o seu produto tem
em relação ao concorrente.
• Como tem se desenvolvido o segmento de mercado específi-
co do seu produto e quais as perspectivas de crescimento, etc.
Prospecção
Prospecção é a etapa em que você identifica clientes em potencial
para que, entrevistando-os, possa obter informações que lhe per-
mitam fazer apresentações personalizadas e, consequentemente,
fechamentos de vendas.
A prospecção de clientes depende muito da criatividade e da
iniciativa do vendedor. Pode ser feita a partir de buscas em fontes
variadas, de acordo com o que se tiver para vender, da indicação
de clientes e amigos, e até mesmo do levantamento do arquivo de
clientes inativos da empresa.
119
percebeu que recém-casados e recém-chegados à cidade compravam
mais assinaturas do que outras pessoas. Então, ele encontrou meios de
descobrir quem estava chegando à cidade e quem estava se casando,
e passou a oferecer assinaturas apenas para esse público. A iniciativa
foi tão bem-sucedida que ele ganhou 18 mil dólares de comissão pelas
vendas durante o verão e comprou seu primeiro carro.
120
Entrevista
Não importa se você vende diretamente para o público ou para
empresas, nem importa se vende produtos, serviços ou ideias:
conhecer as necessidades do comprador é fundamental para saber
que características do seu produto, explícitas ou implícitas, pode-
rão supri-las. E, sobretudo, quais são os benefícios práticos dessas
características para o comprador.
O comprador espera que você saiba apresentar muito bem aquilo
que vende, mas ele só vai se encantar se você associar as qualida-
des do produto às necessidades dele, comprador, demonstrando
que também o conhece. E só vai comprar se você despertar nele
o interesse.
Quem vai dar a você elementos para atender a tudo o que o
comprador deseja é o próprio comprador, naturalmente. E o fará
na entrevista, que será marcada para que você o conheça.
121
Se você não tivesse conhecimento prévio do que seria pergun-
tado na pág. 128, aposto como se preocuparia apenas em ficar
contando os passageiros que entravam e saíam do ônibus, não é
mesmo? Mas não era com isso que você deveria se procurar. Sa-
bendo o que era importante para responder à pergunta da pág. 128,
você procurou e encontrou a resposta (ou não!).
Secretárias
Ao lidar com elas, seja cortês, diga-lhes exatamente quem você é
e nunca use qualquer subterfúgio para driblar a vigilância delas. E
mais: procure saber como se chamam, trate-as pelo nome, nunca
menospreze o seu poder e, principalmente, nunca se esqueça de
que está tratando com o braço direito da pessoa por quem você
quer ser recebido.
122
Afinal, ser esperado em uma empresa é muito diferente de chegar
nela contando com a possibilidade de ser recebido. E pior: tendo
de insistir para que o atendam.
Na entrevista, o objetivo não é vender, mas traçar o perfil do
cliente. Portanto, o seu primeiro contato com um potencial com-
prador deve servir basicamente para descobrir:
• O tipo de conversa que ele prefere.
• Que motivação ele tem para estar no ramo de negócio em
que está.
• O quanto ele conhece sobre o próprio negócio e/ou produto
que você tem a oferecer.
• Qual é o seu poder aquisitivo e/ou poder de decisão.
Para isso, você deve:
• Formular perguntas de modo que o cliente, sentindo o seu
interesse em fazer o melhor que puder por ele, forneça as infor-
mações de que você necessita para montar uma apresentação
personalizada.
• Perguntar muito. Seja hábil em conseguir que o cliente fale
de suas necessidades.
• Escutar mais do que falar. Anotar o mais que puder. Todas as
informações obtidas são preciosas e podem ser usadas tanto na
própria apresentação quanto em contatos futuros com o cliente.
• Demonstrar competência para ser parceiro do cliente. Ele precisa
saber que você conhece não só o produto que vende, mas tam-
bém as necessidades e o mercado que envolvem esse produto.
• Falar das vantagens e benefícios do seu produto; mas prestar
mais atenção nas reações do cliente. Só assim você vai descobrir
qual vantagem e/ou benefício ele está querendo obter com o
seu produto.
123
Apresentando o produto
Tudo vai depender, primeiro, da sua apresentação. Os quatro mi-
nutos iniciais são fundamentais. Neles, você será julgado pela sua
aparência, conduta, palavras e, sobretudo, pela sua entonação de
voz e linguagem corporal. E você não terá uma segunda chance de
causar uma primeira boa impressão.
A apresentação tem de ser feita com excelência. Excelência é
um nível de desempenho superior, obtido com a potencialização,
no presente, da sensação de bem-estar e de plenitude obtida an-
tes, em alguma experiência de vida em que se tenha sido muito
bem-sucedido.
Aperto de mão
O aperto de mão é uma forma de linguagem não-verbal que serve,
basicamente, para dizer: “Eu sou igual a você, pode confiar em mim”.
Diante disso, um vendedor que coloca toda a sua força na mão
quando cumprimenta alguém, deixaria com medo um comprador
frágil e inseguro. E um vendedor que apertasse a mão com delicade-
za não inspiraria confiança em um comprador assertivo e decidido.
É por isso que, das transações comerciais que não se concretizam,
o motivo, em 40% das vezes, está no aperto de mão.
124
Começo de conversa
Não faça muitos rodeios para entrar no assunto, mas tenha uma
abordagem tática, de forma que a conversa seja interessante e es-
timule uma atitude favorável no cliente. Depois disso, passe para
a apresentação, propriamente dita.
O seu objetivo é deixar o cliente bem-impressionado com o
produto, criando nele uma atitude favorável à compra. Para isso,
fale pausadamente, sem pressa e acentuando os pontos mais im-
portantes, envolva o cliente na apresentação e encontre situações
para elogiá-lo, de preferência no fim da apresentação.
É importante lembrar que nem sempre a apresentação constitui
um evento separado da entrevista. Em alguns casos, dependendo
de vários fatores, um dos quais as características do produto, a
apresentação pode ocorrer durante a entrevista.
Atenção
Alguns cuidados que você deve ter na demonstração de seu produto
ou serviço:
• Evite expressões comuns. Quando diz “Esse artigo é uma bele-
za!”, o que exatamente você está querendo dizer? O pior é que,
ouvindo isso ou algo do gênero, o cliente não vai ter interesse
em saber o que você quis ou poderá dizer.
• Evite generalizações. Ninguém se sente bem quando incluído
em um segmento muito abrangente, sem personalidade. Que
cliente se sentiria prestigiado ao ouvir: “Todo o mundo está
comprando?”.
• Evite exageros. Nenhum produto é tão bom a ponto de ser
“único”, “fabuloso”, “excepcional” e assim por diante. Nem
qualquer negócio é tão vantajoso a ponto de ser “o melhor
negócio do mundo”.
125
• Não fale mal dos concorrentes. E se tiverem falado mal do seu
produto, encontre uma saída digna para a sua vontade de fazer
o que fizeram. Se faltar criatividade, diga apenas: “Lamento
que tenham dito isso, mas cada um faz o que quer com a sua
liberdade de expressão, e devemos respeitar”.
126
Nesse sistema, você prepara três tipos diferentes de abordagem
para cada item, conforme o roteiro a seguir, e as utiliza de acordo
com o cliente.
1. Postura pessoal:
1.1– Descontraída, mas atenciosa.
1.2– Ágil, mas cautelosa.
1.3– Séria, mas envolvente.
2. Abordagem ao produto:
2.1– Técnica.
2.2– Técnica, tendendo para o emocional.
2.3– Emocional, incluindo observações técnicas.
3. Controle da apresentação
3.1– Natural, demonstrando que você é uma pessoa fácil de
lidar. Esse tipo de abordagem é ideal para tratar com
clientes sensíveis e inseguros, para que não vejam em
você um “perigo” em potencial.
3.2– Formal, demonstrando que você é uma pessoa firme e
ponderada. Esse tipo de abordagem é ideal para tratar
com clientes difíceis e com pessoas da empresa com as
quais nunca tenha conversado, geralmente as de um
escalão superior ao de quem costuma atendê-lo.
3.3– Determinado, demonstrando agilidade mental e capaci-
dade de síntese sob pressão. Esse tipo de abordagem é
ideal para fazer apresentações a equipes de compras,
quando é preciso fazer com que várias pessoas entendam
rapidamente o que você quer dizer. Mas não mantenha
esse padrão de desempenho durante toda a apresenta-
ção, pois pode gerar atitudes desfavoráveis à sua pessoa.
127
Ao trabalhar com o sistema integrado 3x3, observe que as
opções que você tem em postura pessoal, abordagem ao produto e
controle da apresentação são intercambiáveis, dando-lhe plena li-
berdade de personalizar a sua apresentação. Com uma postura
pessoal descontraída, por exemplo, pode-se fazer uma abordagem
técnica–emocional ao produto, tanto quanto controlar a apresentação
de forma determinada.
128
Proposta
O fim de toda a apresentação tem de ser uma proposta. Esta, como
a própria apresentação, pode ser formal ou informal, podendo ser
apresentada imediatamente após a apresentação ou posteriormente,
conforme combinado com o cliente. Em todo o caso, a proposta deve
sempre mencionar o produto e o seu preço (investimento), as op-
ções de pagamento de que o cliente dispõe e a previsão de entrega.
Conta-se que, em um reino distante, havia um rei que não decidia sobre
o destino de seus prisioneiros, mas fazia-os escolher entre receber uma
flechada mortal do melhor arqueiro do reino ou atravessar o sombrio
portal do além. Levar uma flechada mortal, todos os presos imagi-
navam como seria. Mas nenhum conseguia imaginar o que poderia
existir atrás do portal do além. Tratava-se de uma sinistra porta no
fim de um corredor escuro, de cujo teto pendiam pontas de lança e
em cujas paredes figuras ameaçadoras pareciam lançar-se sobre o
prisioneiro. Diante disso, todos escolhiam a flechada!
129
Desconhecido não é sinônimo de ruim, assim como familiar não quer
dizer bom. Curiosamente, quando algo familiar é ruim, nós sabemos
disso. Mas quando algo desconhecido é bom, nós só iremos saber se
ousarmos ir ao seu encontro, vencendo o medo e abandonando a zona
de conforto que limita o nosso crescimento pessoal e profissional.
130
Otimização no fechamento
de uma transação
131
Nem só flores nem só espinhos
Há vendedores que se iludem com a lenda do fechamento fácil as-
sim como há os que se assustam com o mito do fechamento difícil.
Fechamento, como foi dito, é um fato concreto. Como tal, ele pode
apresentar tanto dificuldades quanto facilidades.
A lenda do fechamento fácil baseia-se na existência de uma neces-
sidade, para cujo atendimento específico o vendedor é solicitado.
Esses casos, realmente, são bem simples e cada vez mais raros. O
vendedor praticamente não faz nada. Vendedores que não tomam
a iniciativa e vivem desse tipo de venda são conhecidos como ti-
radores de pedido.
Mas entre o fechamento fácil e o difícil, existe o fechamento, sim-
plesmente. É disso que se constitui, ou deveria constituir-se, o dia
a dia da maioria dos vendedores: fechar vendas, emitir pedidos ou
ordens de serviço depois da prospecção, da entrevista e da apresenta-
ção. É um processo em que o vendedor tem de ter iniciativa para
ampliar sua carteira de clientes, assumindo a responsabilidade por
conhecê-los, bem como às suas necessidades, e por conhecer muito
bem o produto que vende.
Isso dá muito mais trabalho do que apenas “tirar pedidos”, mas
também é muito mais gratificante e financeiramente compensador.
Verdadeiros campeões originam-se dessa categoria de vendedores e não
daquela que fica só esperando pela visita ou pelo telefonema do cliente.
Do fechamento que deveria decorrer naturalmente desse processo
(o único que merece ser chamado de processo de venda) para o tão
falado fechamento difícil, a distância é bem pequena. Está no timing,
em que o vendedor não pode precipitar-se nem se atrasar na busca
da concordância do cliente. Isso requer do vendedor uma boa dose
de flexibilidade e senso de oportunidade.
132
Uma amiga contou-me um fato ocorrido na sua família que ilustra
muito bem o timing do vendedor e eu vou contar para vocês.
O timing do fechamento
Tudo tem o seu timing, que nada mais é que o momento certo para
acontecer. Pergunte a uma dona de casa qual é o melhor momento
(timing) para lavar a panela em que cozinhou arroz e ela responderá:
“Assim que terminar de cozinhá-lo. Se deixar para depois, a panela
esfria e os resíduos grudam-se no fundo, criando uma crosta”. Ou
seja, passado o momento certo, torna-se mais difícil e mais demo-
rado limpar a panela em que se cozinhou o arroz.
O fechamento também tem o seu timing. Se o vendedor tentar
fazê-lo antes ou depois, as chances de concretizar a transação de
133
vendas diminuem substancialmente. Há vendedores que, tendo feito
uma boa apresentação e conduzido o cliente quase ao sim, chegam em
casa e comentam: “O negócio está garantido! Amanhã é só passar
lá e fechar a venda”. O que eles não sabem é que até amanhã o
cliente esfria e, então, terão de esquentar a negociação se quiserem
que o fechamento aconteça.
Vou dar um exemplo: marido e mulher estão em casa, brigando.
O telefone toca. Ele atende e é o seu chefe. Automaticamente, ele
muda o tom de voz para falar ao telefone. Quando termina, a dis-
cussão entre o casal não recomeça do mesmo ponto em que parou.
A discussão esfria e, para retomar o nível em que estava antes do
telefone tocar, precisará haver uma provocação mútua.
134
reputação, mas a de toda a categoria. E pior é que não são poucos
os que agem dessa maneira.
O caminho certo
Encontrado o cliente, siga este caminho:
• Escute, pergunte, escute, anote, pergunte, escute, pergunte
de novo, continue escutando, volte a anotar, pergunte outra
vez, escute...
Dessa forma, tanto você quanto o seu cliente vão sentir-se mais
seguros e a relação fluirá com mais facilidade.
“Mas assim eu vou perder um tempão com um cliente que pode
não comprar nada”.
Bem, é uma possibilidade. Só que, quando isso acontece, o
problema ocorreu antes, sendo uma falha na prospecção.
• Você avaliou o potencial de compra do cliente?
• Falou com a pessoa certa?
• A sua proposta satisfazia os reais interesses do cliente?
• Você compreendeu bem o que estava em jogo para o cliente?
Se a resposta foi sim para todas as perguntas e mesmo assim o
cliente não comprou, não perca a compostura. Agradeça por ter
sido recebido, despeça-se cordialmente e procure agendar um novo
contato para o mês seguinte.
135
Objeções: algo inevitável
Você já ouviu dizer que quem desdenha quer comprar? Esse ditado
faz muito sentido quando se fala em objeção. E se o cliente quiser
comprar, ele as fará, levantando desde preocupações concretas a
possibilidades v agas sobre o bem.
Ao ouvir uma objeção, não tente convencer o cliente do contrário
antes de escutá-lo atentamente. O que você pensa ser uma objeção
pode ser apenas uma dúvida do cliente. Se você armar-se com unhas
e dentes para respondê-la, aí sim poderá criar uma séria objeção.
Quando escuta uma objeção, o vendedor não deve polemizar,
mas ajudar o seu cliente a entender aquele ponto que, para ele, é
obscuro. Em vez de encarar a objeção como um problema, deve ver
nela a oportunidade de prestar um excelente serviço ao cliente.
Escutar atentamente o que o cliente tem a dizer e orientá-lo com
precisão, pode conquistá-lo definitivamente.
O segredo para fechamentos tranquilos está em descobrir, na
entrevista, que objeções importantes o cliente poderá ter em relação
ao seu produto. E na hora H, antecipar-se a elas.
Condições impeditivas
Por mais que o vendedor seja hábil em lidar com objeções, em três
situações ele fica de mãos atadas. Essas situações envolvem dinhei-
ro, tempo e energia. Na verdade, são condições impeditivas à venda,
mas podem disfarçar outros motivos.
Por erro de prospecção, você tenta vender uma viagem de volta
ao mundo em um transatlântico de luxo a uma pessoa sem poder
aquisitivo para tanto e ela argumenta que não tem dinheiro. A falta
de dinheiro não é uma objeção, mas uma condição impeditiva. Por
outro lado, se a viagem estivesse sendo oferecida a um milionário e
ele a descartasse com o mesmo argumento, então seria uma objeção.
136
Todavia, o milionário não alega falta de dinheiro, mas falta de
tempo. Se ele estiver com a agenda lotada para os próximos dois anos,
a falta de tempo será uma condição impeditiva. Mas, se isso não for
verdadeiro, será uma objeção.
Finalmente, o milionário diz: “Eu não tenho a menor dispo-
sição para passar meses dentro de um navio”. Isso revela que ele
não tem interesse ou energia para tal empreendimento, podendo
ser uma condição impeditiva ou apenas uma objeção, se ocultar ou-
tros motivos.
Objeções recorrentes
Uma ocorrência não estabelece tendência, mas duas
ocorrências, sim!
137
Quanto vale cada não
Para realizar a venda de um aparelho de televisão, pela qual recebe
uma comissão de 100 dólares, um vendedor precisa fazer 10 visitas.
Logo, se precisa de 10 visitas para fazer uma venda, os 100 dólares
não correspondem à visita em que ele obteve o sim, mas às 10 visitas,
em nove das quais ele obteve não. Portanto, as visitas em que esse
vendedor obteve não não foram tempo perdido, pois cada uma de
suas visitas vale 10 dólares.
1 venda = 100 dólares de comissão
10 visitas = 1 venda
1 visita = 10 dólares (100 dólares : 10 visitas)
138
mais do que o produto ou o serviço vale, de estar fazendo um pés-
simo negócio e depois ter de responder por isso.
Quando o cliente se coloca nessa posição, ele a demonstra,
parecendo confuso e tornando-se repentinamente crítico, indeciso
e sensível demais, ofendendo-se sem motivo.
Você, por sua vez, deve manter-se calmo e confiante. Não faça
nem diga nada para apressar a decisão do cliente, mas busque
tranquilizá-lo com testemunhos de pessoas confiáveis, exibindo
nomes de executivos de empresas conhecidas que negociaram com
você. Se necessário, repita, com outras palavras, as informações já
prestadas sobre o produto, para que o cliente realmente assimile os
seus benefícios. Se for preciso, repasse as explicações sobre cada
item da sua proposta, para que fiquem muito bem entendidos pelo
cliente e este se sinta seguro em aceitá-la.
Sinais positivos
Tudo vai indo bem e, à medida que a conversa progride, o cliente pode
começar a dar sinais de que o produto ou o serviço realmente o inte-
ressa. Então, para obter outras informações de que necessita ou apenas
por medo de parecer precipitado, ele impõe outro ritmo à conversa.
Quando o cliente se encontra nessa posição, ele, automatica-
mente, parece ser invadido por uma onda de poder, tornando-se
mais firme e preciso em suas colocações. Se não for o proprietário
da empresa, poderá agir como se o fosse. Nesse papel, ele procurará
assegurar-se das garantias apresentadas bem como esclarecer de-
talhes que ainda lhe sejam obscuros, tanto em relação ao produto
quanto à proposta. E se estiver com medo de parecer precipitado,
criará falsas objeções, pedirá alguma vantagem extra, solicitará a
participação de uma terceira pessoa na conversa ou hesitará, dei-
xando claro que está apenas tentando esticar a conversa.
139
Você, por sua vez, quando sentir que o cliente está pronto para
manifestar a decisão que, na verdade, já tomou, pode precipitar o
fechamento. Nesse caso, pode dizer algo, como: “Penso que já escla-
reci todas as suas dúvidas. Tem alguma pergunta que ainda queira
me fazer?”. Você também pode dar uma vantagem complementar
para que, por medo de perdê-la, o cliente apresse a decisão, ou
pode agir como se a decisão estivesse tomada, repassando dados
e condições para a emissão do pedido.
Outras reações
Existem algumas reações óbvias que clientes costumam manifestar.
Quando não se interessam por um produto e o vendedor insiste em
apresentá-lo, podem franzir a testa, dar de ombros, começar a procurar
outro produto. E quando se interessam, costumam pegar o produto e
ficar segurando enquanto conversam, além de perguntar sobre quali-
dade, funcionamento, cuidados, formas de pagamento.
O remorso do comprador
O enorme sucesso das vendas por reembolso postal deve-se ao fato
de que todas prometem ao cliente a sua satisfação garantida ou o seu
dinheiro de volta. Nesse tipo de transação, o cliente sempre tem,
em média, 30 dias para avaliar o produto comprado e devolver, se
não gostar.
Mas você já tentou devolver alguma coisa que tivesse sido
comprada dessa forma? É tão complicado que apenas uma mino-
ria o faz! Então, por que é que vendas por reembolso postal têm
tanto sucesso? Porque garantem ao cliente que ele pode devolver
a mercadoria,
Só pelo fato de prometer a devolução do dinheiro, mesmo que o
processo seja árduo e o cliente saiba que dificilmente lançará mão
desse recurso, as vendas por reembolso postal anulam o remorso
140
do comprador. Isso é basicamente o medo que ele tem de levar um
produto para casa e arrepender-se de o ter comprado.
Se quiser alavancar as suas vendas, você precisa aprender a li-
dar com o remorso do comprador. O cliente, quando está na dúvida
sobre comprar ou não comprar determinado produto, só espera
que você lhe diga isto: “Pode levar. Se não gostar, traga-o de volta
e devolveremos o dinheiro.”
Dizer isso, porém, ultrapassa a autonomia de muitos vendedo-
res. Mas se puder dar ao cliente a possibilidade de troca do produto,
já o estará incentivando a decidir-se pela compra.
141
O que fazer
no pós-venda
143
Erros, acertos
e o que pode ser melhorado
Erros
Avalie todo o processo, da prospecção ao fechamento, e relacione
tudo o que, na sua percepção, você possa ter feito de maneira errada.
Para tornar essa avaliação mais completa, peça ao seu gerente ou
supervisor que apontem os seus erros. Não se preocupe, pois isso
não o tornará vulnerável. Ao contrário, o fortalecerá.
Acertos
Da mesma forma que no item anterior, relacione tudo o que tenha
feito da maneira correta. Essa avaliação é importante para que você
possa acompanhar a evolução de seu próprio desempenho.
A ser melhorado
Visualize todo o processo da venda que estiver sendo avaliada. Em
algumas situações, você não tem uma sensação incômoda de que
poderia ter feito melhor? Pois são exatamente esses casos, em que
você sentiu que o seu desempenho ficou abaixo do seu potencial,
que você deve relacionar para melhorar no futuro.
Follow-up (acompanhamento)
Satisfação do cliente
E o seu cliente? Está tudo bem com ele? Você sabe se ele ficou
satisfeito com a compra, se o produto que você lhe vendeu está
proporcionando os resultados esperados ou se ele está tendo algum
tipo de dificuldade?
144
Dias depois de ter fechado uma venda, não hesite em telefonar
para o seu cliente, certificando-se de que tudo está bem. Se tudo
estiver bem, ótimo, pois além de satisfeito com a compra, ele se
sentirá grato por você preocupar-se com a satisfação dele. Se não
estiver, ótimo também, pois você terá uma oportunidade de ouro
para conquistar a confiança desse cliente.
145
comprando um computador novo ou incorporando as “novidades”
ao equipamento antigo.
Em qualquer das hipóteses, há a previsão de nova compra, e o
ideal é que o cliente a faça com você.
Como conseguir isso? Conquistando a amizade e a confiança
do cliente e demonstrando, por meio do follow-up, que você está sin-
ceramente interessado em ajudá-lo a resolver eventuais problemas
decorrentes da compra. Se, desde a entrevista, você tiver demons-
trado um interesse genuíno em ajudar a satisfazer as necessidades
do cliente, o follow-up dará a ele a certeza de que você é sincero no
seu interesse.
O poder da recomendação
Tendo certeza de que o cliente está satisfeito, faça com que ele o
recomende aos amigos. A recomendação tem um poder fantástico,
pois cliente recomendado chega de peito aberto, confiando em você
porque confia em quem o recomendou.
Você pode pedir a seus clientes que o recomendem, mas a reco-
mendação será muito mais poderosa se eles a fizerem de coração.
Como conseguir? Basta gerar em seus clientes uma dívida pessoal
em relação a você.
Imagine que, no seu aniversário, você recebe uma garrafa de vi-
nho de presente do seu alfaiate com um cartão, cumprimentando-o e
agradecendo pelas recomendações. Você acha estranho, pois nunca
recomendou os serviços dele. Mas ele foi tão gentil que, desde então,
você não perde oportunidade de revelar aos
amigos quem confecciona seus ternos.
Essa atitude, porém, só pode ser tomada
se você tiver absoluta certeza da satisfação
do cliente.
146
A imaginação, muitas vezes, nos leva a
mundos que jamais existiram, mas sem
ela não iríamos a lugar nenhum.
Carl Sagan
147
Network marketing
e e-commerce
149
Network marketing
O network marketing ou marketing de rede teve início nos Estados
Unidos, como um desdobramento de vendas diretas, atividade mi-
lenar que, por meio dos mascates empreendedores, desempenhou
importante papel no progresso da humanidade.
A venda direta, que atualmente tem sofrido grande concorrência do
chamado marketing direto (telemarketing & teleshopping) inclui todas as
formas de venda feitas de pessoa para pessoa. Estudos do DSA (Direct
Sales Association) americano mostram que em 43 países estudados em
1995, o volume total de vendas diretas ultrapassava a casa dos 70 bi-
lhões de dólares anuais, envolvendo mais de 20 milhões de vendedores.
A diferença entre venda direta e marketing de rede encontra-se
fundamentalmente na forma de remuneração. Em venda direta, os
vendedores, representantes ou consultores ganham pelo que vendem
diretamente ao consumidor. Em marketing
de rede, os distribuidores ganham tanto pelo
que vendem quanto pelo que é vendido pelos
distribuidores que patrocinam, sendo que os
próprios distribuidores constituem a maioria
dos clientes.
Noções básicas
Como nem todos conhecem o conceito e a terminologia do network
marketing, vamos dedicar alguns parágrafos a essas explicações.
Network marketing ou marketing de rede é a venda direta ao
consumidor, por meio de redes de distribuidores independentes que
captam novos distribuidores e lhes oferecem o suporte necessário
para o bom desempenho da função. Esse suporte recebe o nome de
patrocínio e consiste em ensinar, treinar e motivar o novo distribuidor,
formando com ele uma parceria.
150
De acordo com os princípios básicos do network marketing,
cada distribuidor constitui um elo de uma rede de vendas, podendo
patrocinar tantos novos distribuidores quanto deseje, cada um dos
quais podendo agir da mesma forma.
Compensação financeira
Os rendimentos de um distribuidor advêm tanto do ganho obtido
em suas compras (atacado) e revendas (varejo) quanto do ganho
obtido pelas pessoas que ele patrocina.
No marketing de rede, usa-se o termo downline para referir-se ao
grupo que se estende da posição de um distribuidor para baixo, encon-
trando-se sob a sua organização pessoal. Esse grupo abrange tantos
níveis quanto os previstos pelo plano de compensação da empresa.
Uma vez que todo distribuidor faz parte de um downline e tem o
seu próprio downline, ele tanto repassa uma compensação ao seu pa-
trocinador quanto recebe uma compensação de seus patrocinados.
Os sistemas de compensação de empresas multiníveis consideram
os seguintes elementos: composição do primeiro nível da rede (lar-
151
gura) e quantidade de níveis (profundidade) para a compensação
de seus distribuidores. Da definição desses elementos surgem planos,
como o binário (o primeiro nível limita-se a dois componentes e a
profundidade é infinita), o matriz (o primeiro nível comporta de
duas a sete pessoas e a profundidade vai de cinco a 12 níveis, no
máximo, e o uninível (não há limite para a composição do primeiro
nível, mas a profundidade é limitada entre cinco e nove níveis),
entre outros.
Fatos e boatos
O network marketing ou marketing de rede tem sido amaldiçoado, in-
compreendido, abusado, criticado e ignorado como oportunidade
séria de negócio. Contudo, a responsabilidade dessa má reputação
não é do sistema em si, mas de algumas empresas e, sobretudo,
de distribuidores com falta de estratégia, motivação e perseverança
para ganhar dinheiro com esse sistema de venda.
O network marketing é uma atividade comercial que, se bem
gerenciada, constitui um forte canal alternativo de distribuição de
produtos e serviços. E em comparação com outros ramos de negó-
cios, o risco financeiro é significativamente menor. Porém, como
em qualquer outro ramo de atividade, há boas e más empresas de
marketing de rede, bem como há bons e maus distribuidores.
Distribuidores costumam vangloriar-se da empresa em que se
encontram e difamar as outras, em uma prática que contribui para
piorar ainda mais o estigma do marketing de rede no mercado. E, se
não bastasse, a mídia mantém essa imagem negativa criticando o
marketing de rede. Como se sabe, empresas de network marketing não
costumam anunciar nos veículos de comunicação convencionais,
preferindo a divulgação boca a boca, que é muito mais poderosa.
Portanto, a mídia nada perde criticando-as.
152
Antes de entrar, avalie...
O network marketing pode tanto ser uma oportunidade de emprego
quanto de ganho alternativo, mas é preciso estar preparado para
dedicar-se integralmente ao negócio. Normalmente, participam
dele pessoas que acreditam no produto, gostam de ser o próprio
chefe e querem ganhar um dinheiro extra, além de ter mais tempo
livre e de aprender muito com o processo.
Todavia, aventurar-se em negócios tem seus riscos, mesmo quan-
do se trata de network marketing, negócio aparentemente isento de
riscos. Se você estiver pensando em participar dessa atividade,
esteja atento a detalhes, como a empresa, o produto e a capacidade de
liderança do distribuidor–patrocinador que lhe fizer o convite.
Empresa
Como interessado, você deve averiguar a história pregressa da em-
presa à qual estiver pensando em se associar e, sobretudo, avaliar
sua reputação no mercado. É crucial determinar se a empresa é
séria ou apenas uma empresa de fachada, em que o título network
marketing serve apenas para encobrir um sistema de pirâmide sem
sustentação, criado para enganar ingênuos.
Muitas pessoas tomam decisões de negócios de forma emocio-
nal. Para evitar problemas, o melhor é fazer o dever de casa antes
de juntar-se a uma empresa sem futuro. Portanto, procure saber
algumas coisas importantes a respeito da empresa, como:
a) Se todo o recrutamento parasse hoje, a empresa teria condições
de pagar comissões mensais aos distribuidores nos próximos meses?
b) Se isso acontecesse, a última pessoa a entrar ainda poderia
ganhar dinheiro comprando produtos no atacado e vendendo-os
no varejo?
153
c) Alguém seria capaz de persuadir outros a se juntarem a esta
empresa?
154
Produto
A renda de distribuidores de empresas de
Se
ob
marketing de rede depende tanto do plano de nú
compensação quanto dos produtos oferecidos co
pela empresa. Nesse caso, o principal valor ele
agregado do produto é a diferenciação, per- oq
mitindo que o cliente adquira produtos que
qu
não se encontram disponíveis ao grande pú-
blico e são oferecidos apenas a uma clientela
exclusiva.
É importante ressaltar que nenhum sistema de marketing de
rede, por mais genial que seja, pode subsistir sem produtos de boa
qualidade, que atendam a uma clara necessidade do mercado. E
o distribuidor tem de acreditar no produto, caso contrário terá difi-
culdade para fazer com que os outros acreditem.
Distribuidores–patrocinadores
O crescimento de uma rede depende da habilidade de seus distribui-
dores em vender, tanto quanto em atrair, treinar e motivar continu-
amente novos distribuidores, criando downlines eficientes. Sabendo
disso, questione se o patrocinador que o estiver convidando para
o marketing de rede tem esse perfil.
A maioria das pessoas é convencida de que para ser bem-sucedi-
da em network marketing não precisa vender nada, bastando conse-
guir que outras vendam por elas. Mas se todos os que entrarem para
o sistema tiverem essa expectativa, quem irá vender alguma coisa?
155
Em linhas gerais...
O network marketing, em si, é um bom sistema de venda. O conceito
é sólido e oportunidades boas e honestas estão por todo lado. É um
negócio atraente, com boas perspectivas de segurança econômica,
não exigindo praticamente nenhum investimento nem tempo in-
tegral ou conhecimentos especiais, com baixo risco.
No entanto, requer trabalho duro, muita persistência, honesti-
dade, lealdade e total comprometimento. Pessoas com espírito ime-
diatista poderão decepcionar-se, pois o sistema não faz milagres. É
melhor ser bem-sucedido lentamente do que fracassar com rapidez.
Escolha uma companhia íntegra, na qual se sinta confortável,
e comprometa-se com ela. Trabalhando arduamente e com ética,
o negócio dá certo.
A inteligência de uma empresa é uma inteligência vetorial. Os
vetores podem somar-se, criando uma força pulsante e significativa
para o crescimento dos participantes, ou anular-se. Uma roseira, se
devidamente cuidada, pode nos proporcionar beleza por muito tempo.
Já uma rosa em um vaso tem os dias, ou melhor, as horas contadas.
Os 15 mandamentos do distribuidor de
network marketing
Gini Grahan Scoth desenvolveu os 15 mandamentos para um dis-
tribuidor ser bem-sucedido em network marketing, mas estes servem
perfeitamente para qualquer atividade empreendedora:
1. Seja otimista
2. Fixe metas
3. Seja persistente
4. Seja entusiástico
5. Tenha iniciativa
6. Administre o seu tempo
156
7. Esteja disposto a trabalhar duro, a ter disciplina e a cobrar
resultados.
8. Concentre-se em seu aperfeiçoamento pessoal.
9. Seja firme e deixe claro o que deseja.
10. Acredite em você.
11. Trabalhe com pessoas otimistas e cooperativas.
12. Concentre-se em problemas específicos.
13. Compreenda e trabalhe bem com pessoas.
14. Trabalhe direcionado para as suas metas.
15. Desenvolva hábitos de sucesso.
157
Para muita gente, a falta de interação pessoal que existe no
comércio eletrônico é positiva, pois deixa o cliente mais à vontade.
Contudo, à medida que se eliminam os principais elementos físicos
da transação – produto e vendedor – o cliente pode ficar cheio de
dúvidas, principalmente quanto às especificações do produto e a
segurança de efetuar o pagamento da compra pela internet.
O cliente ainda não se sente seguro de estar realmente falando
com quem diz ser vendedor e tem medo que seus dados pessoais
sejam revelados ou capturados durante a transação. Segurança
ainda é o grande entrave para a consolidação do comércio eletrônico
como prática comercial.
158
Princípios básicos da rede
No entanto, não basta “estar” na internet. Uma vez lá, é preciso
dançar de acordo com a música. E pela “ música” da internet, os
sites têm de ser:
159
seguem navegar. É como filme publicitário feito para vencer
concursos: agrada só aos cineastas de plantão!
O uso de uma didática simples é fundamental na construção
de um site, assim como é fundamental não ceder à tentação do
texto rápido, escrito de qualquer jeito. A maior parte do conte-
údo da internet é lido pelas pessoas, logo, a qualidade do texto é
imprescindível.
160
Podemos escolher entre ir para trás, em busca
de segurança, ou ir em frente, em busca de
crescimento. O crescimento deve ser sempre o
escolhido; o medo deve ser sempre dominado.
Abraham Maslow
Era uma vez uma jovem que se casou e foi morar com o marido e a
sogra. Mas a sogra a fazia ajudar no serviço da casa e a criticava
quando era preciso, o que lhe desagradava profundamente. Ela queria
acabar com essa situação e foi procurar um velho curandeiro, que,
diziam, tinha uma erva específica para cada problema. Ele a atendeu,
entregou-lhe algumas ervas. Disse-lhe que colocasse um punhadinho
delas todos os dias na comida da sogra, pois isso a mataria em poucos
meses. Porém, para não despertar suspeitas, disse-lhe também para
ser doce e gentil com a sogra, tratando-a com compreensão, como se
fosse uma mãe.
Como é que você procede quando encontra alguma novidade pela frente?
E se essa novidade insinuar-se como uma ameaça na sua vida, você ten-
tará acabar com ela ou procurará juntar-se a ela? Quer um conselho? Se
a novidade for o mercado virtual, procure compreendê-lo o quanto antes.
161
Segredos que funcionam
em vendas e na vida
163
Exerça a sua função.
Empresas contratam vendedores porque precisam encontrar quem
queira comprar o que elas tiverem para vender, quando elas qui-
serem vender, e que vendam para quem é e para quem ainda não é
cliente ou não conhece os produtos da empresa, ampliando a sua
participação no mercado.
Se for para vender só para pessoas que quiserem comprar, ou
só vender o que elas quiserem comprar e quando quiserem com-
prar, ou, ainda, só vender para as que já forem clientes, para que
empresas precisariam de vendedores?
Não há nada de errado em conduzir o comprador a fazer o que
você pretende que ele faça, desde que tenha competência e determi-
nação para ajudá-lo a se beneficiar com as vantagens do seu produto.
Dessa forma, todos saem ganhando.
164
Mas o não ao vendedor é uma atitude defensiva, que nem sempre
traduz a vontade do comprador. Em muitos casos, é como criança em
relação a espinafre: dizem que não gostam sem nunca terem provado.
O vendedor iniciante recebe um não do comprador e se deprime,
pensando que escolheu a profissão errada e que ter sucesso em
vendas é questão de sorte. Já o vendedor experiente, ao receber
um não, pergunta: “Por que não?” Ao fazer isso, ele já começa a
conversar com cliente!
165
– O Sr. permitiria que eu lhe mostrasse as vantagens desse produto?
– Esta seria a melhor coisa que o Sr. poderia fazer!
– Quando o Sr. gostaria que entregássemos a sua compra?
– Teria mais alguma coisa que o Sr. gostaria de saber?
Pior do que isso são as perguntas em que o vendedor, inseguro
e com medo de uma resposta negativa, antecipa-se a ela e coloca
o não praticamente na boca do comprador. Observe:
– O Sr. não gostaria que eu lhe mostrasse outros modelos?
– O Sr. não quer aproveitar a nossa promoção?
– O Sr. não prefere levar agora?
– Não seria melhor se eu apresentasse o produto também ao
seu sócio?
Esses vícios devem ser combatidos o mais rapidamente possível
ou você venderá menos do que poderia.
166
Vendedores, quando se habituam a usar perguntas
abertas, passam a ganhar mais dinheiro.
Perguntas abertas também permitem que você direcione a resposta,
ajudando a eliminar a dispersão do cliente. Não se trata de fazê-lo
responder o que você quer que ele responda, mas de observar a
amplitude do seu interesse e dar-lhe opções de escolha.
Ao cliente que aprecia sapatos sociais em uma vitrine, o ven-
dedor não deve perguntar qual modelo ele quer experimentar, mas
sim: “O Sr. prefere que eu lhe traga este modelo em preto ou azul
marinho?
É claro que o cliente pode responder “nenhum dos dois!”, mas
quando se vê em situação de escolha, necessariamente ele terá de
prestar atenção, pelo menos, ao que o vendedor estiver lhe dizendo.
167
Já o cliente inseguro é evasivo; requer mais preparo e esforço do
vendedor durante a apresentação. Porém, nem um nem outro são
explícitos. Portanto, ao escutar uma objeção ou desculpa, descubra,
primeiro, o que o cliente quis dizer, de verdade.
A técnica ideal para lidar com isso é colocando no papel as
objeções e desculpas que você ou seus colegas costumam escutar,
anotando, em seguida, o que exatamente os clientes quiseram dizer
e estabelecendo a atitude ideal a ser adotada em cada caso. Com os
exemplos a seguir, treine a sua habilidade em descobrir a verdade
e em como enfrentá-la. Depois, construa a sua própria lista.
Quando o cliente diz: O preço do concorrente é melhor que o seu...
Ele quis dizer:_______________________
A minha atitude deve ser:______________
Quando o cliente diz: Com esse preço, só se você me der um bom
desconto...
Ele quis dizer:_______________________
A minha atitude deve ser:______________
Quando o cliente diz: Já tenho fornecedor para esse produto.
Ele quis dizer:_______________________
A minha atitude deve ser: _____________
Quando o cliente diz: O mercado não está nada bom para esse
tipo de produto.
Ele quis dizer:_______________________
A minha atitude deve ser: _____________
Quando o cliente diz: Vou discutir o assunto na próxima reunião
de diretoria e...
168
Ele quis dizer:_______________________
A minha atitude deve ser: _____________
Preço alto
Quando o cliente desconhece o produto, não se interessa por ele,
não compreende para que serve nem tem desejo de possuí-lo, o preço
sempre será considerado alto.
Preço justo
Já quando o cliente aprecia um produto, foi bem informado a respei-
to dele, convenceu-se de seus benefícios e quer muito experimentá-
-lo, o preço costuma ser considerado justo.
Relatividade do preço
Preço é relativo. Um copo de água de coco que custa menos de um
dólar nas praias do nordeste brasileiro pode chegar a 10 dólares
em um restaurante europeu.
Outra questão que impede a definição de parâmetros sobre o as-
sunto é o fato de preço estar vinculado à necessidade e ao desejo do
comprador pelo produto. E isso, como sabemos, tem a ver gostos
pessoais, sentimentos, circunstâncias, disponibilidade financeira
para a aquisição do produto, etc.
169
Quando o cliente reclama do preço
Quando o comprador lhe disser que o seu preço está mais alto ou o
seu produto mais caro que o da concorrência, questione-o sobre
os parâmetros que ele tem para afirmar isso. Sem se ofender nem
polemizar, apenas pergunte: “Caro em relação
a quê?”
Mas esteja preparado para a continuidade
da conversa. Quando faz essa pergunta, você
tanto pode receber uma resposta evasiva como
pode ver-se às voltas com dúzias de relató-
rios comparativos de preços, dando suporte à
afirmação do cliente. E você não poderá ser
evasivo.
Para o cliente, um produto pode ser caro em relação a estes
itens, basicamente:
• Ao que ele quer pagar.
• À necessidade que tem do produto.
• Ao preço da concorrência.
• Aos produtos similares existentes no mercado.
• Ao preço pago anteriormente pelo mesmo produto.
Quanto custa?
Ao ser questionado sobre o preço, você deve responder com calma,
naturalidade e segurança; e sem engasgar, se desculpar ou mudar
o tom de voz.
Em uma negociação, preço tem hora certa. Geralmente, vem
depois que todos os benefícios e vantagens do produto já foram
ditos e o cliente está pronto para dizer sim.
Se o cliente quiser saber o preço antes da hora, tente fazê-lo espe-
rar. Se não conseguir, diga-lhe que informará, mas que é importante
170
que ele saiba que o investimento precisa ser considerado em relação
aos benefícios que você ainda está apresentando. Deixe claro que
só depois de apresentado o produto é que o investimento poderá
ser devidamente apreciado. Só então diga o valor do investimento.
171
No final das contas...
Quando se começa a falar em preço, o final das contas é o fechamento,
ao qual dedicamos um capítulo deste livro. Mas nunca é demais
voltar no assunto. Portanto, se mesmo depois de uma apresentação
impecável e de uma estratégia brilhante para informar o valor do
investimento, o cliente ainda argumentar que não sabe se vai comprar
ou não, parta para a estratégia Benjamin Franklin.
172
Tenha uma atitude amistosa
e correta perante o cliente.
Não confunda atitude amistosa com intimidade ou familiaridade. Para
o cliente, você pode ser tudo, menos uma pessoa íntima ou familiar.
“Senhor” e “senhora” continuam sendo tratamentos preferenciais.
Não é preciso ficar elogiando o cliente, mas se quiser fazê-lo, não
use frases feitas: elogie de verdade. “A sua empresa está muito bem
instalada!” pode parecer um belo elogio, mas não diz rigorosamente
nada. Você pode tornar esse elogio mais específico, dizendo, por
exemplo: “A sua empresa está localizada em um excelente ponto
para o seu ramo de atividade.”
Cumprimente os clientes com cortesia; mas, quando estiverem
examinando algum produto, não os interrompa com cumprimen-
tos. Mantenha-se por perto e ofereça explicações pertinentes com
o interesse observado.
173
que foi visto e que logo será atendido. Se não for demorar para
atendê-lo, apenas reforce algumas vezes a comunicação não-verbal,
mas de forma que o outro cliente que estiver sendo atendido não
se sinta prejudicado. Já se for demorar, informe isso ao cliente que
estiver esperando ou encaminhe-o para outro vendedor.
Seja organizado.
Mantenha papéis em ordem na sua mesa, dentro da sua pasta e,
principalmente, na frente do cliente. A sua organização reflete-se na
sua produtividade que, em última instância, revela o respeito que você
tem pela empresa em que trabalha, pelo seu cliente e por você mesmo.
Respeitar o cliente siginifica, entre outras coisas, respeitar o seu
tempo. Assim, enquanto estiver reunido com o cliente, ocupe-se em
descobrir o que você precisa saber sobre ele e a informá-lo sobre o
seu produto, sem dar muitas voltas.
Conquiste os clientes.
Vender é descobrir pessoas para quem vender e vender
para as pessoas que descobriu.
174
Conheça e supere a concorrência.
Concorrente de verdade tem um produto tão bom quanto o seu
e merece ser respeitado. Falar mal do produto dele não eleva a
qualidade do seu. E cuidado com declarações inconsequentes,
como “o meu produto é melhor do que o produto x”, pois o
comprador pode levar isso ao pé-da-letra e pedir-lhe que prove o
que está dizendo.
175
Atenda reclamações para fortalecer a relação de
confiança com o cliente, nunca para brigar.
Nunca atenda a reclamações em meio a outros clientes. Quando
reclamam, clientes costumam alterar-se, mas você tem obrigação
de conduzir a conversa de forma tranquila, qualquer que seja o
estado de humor dele.
Por mais que um cliente o tire do sério, nunca seja agressivo com ele.
Cada pessoa ofendida é um inimigo em potencial. E, quando for dizer
algo em que o cliente deva absolutamente acreditar, olhe diretamente nos
olhos dele.
176
Conheça o valor de seus compromissos e programe-se
para fazer o que for realmente importante.
Controle de tempo pode resumir-se a priorizar. Priorizar, por sua
vez, é estabelecer preferências, e preferências se revelam a partir
do valor que determinadas coisas têm para nós.
Quando um amigo o convida para um almoço no fim de semana
e você diz que não tem tempo, mas aceita o convite de um de seus
clientes para o mesmo fim de semana, é porque o cliente tem mais
valor para você.
Não é porque você dá prioridade para uma coisa que ela passa
a ser mais importante, mas o contrário: você prioriza determinada
coisa exatamente porque ela é importante. Logo, o seu controle de
tempo será facilitado em muito se você souber o valor daquilo que
tem para fazer. Em consequência, a sua produtividade aumentará.
Uma forma prática de fazer isso é a seguinte: primeiro, relacione
o que tem de ser feito e, depois, dê uma nota de 1 a 10 para cada
item da sua relação (nota 1 para as coisas sem importância e 10 para
as mais importantes). Agora é só colocar a relação de atividades
em ordem decrescente de notas e a lista de prioridades está pronta.
177
O conjunto de ideias que compõe a solução que deu certo e que
você vai guardar para usar de novo é um modelo mental.
A forma como você faz prospecção de clientes, por exemplo,
primeiro foi uma ideia e, depois, tornou-se um modelo mental de
prospectar. Se tratar-se de um modelo mental poderoso, ótimo! Mas,
se o seu modelo mental para prospectar clientes for medíocre, os
resultados que obterá não vão ficar longe disso.
178
Faça-se escutar. Crie condições para que
o cliente confie no que você lhe diz!
Quando as pessoas ouvem, elas apenas ouvem. Quando escutam,
o cérebro participa do processo e, então, elas pensam sobre o que
estiverem escutando. Esse é um nível superior de comunicação e o
degrau necessário para a conversa mudar de nível, permitindo que
coisas maravilhosas aconteçam.
A comunicação acontece em três níveis:
• boca–ouvido, cérebro–cérebro e coração–coração.
Em vendas, tanto a entrevista quanto a apresentação devem ocorrer
no nível cérebro–cérebro, em que a pessoa que fala e a que escuta
estão em sintonia. Para estabelecer este nível, você precisa colocar
o seu cliente no processo. Uma boa técnica para isso são as pergun-
tas abertas, aquelas que não podem ser respondidas simplesmente
com sim ou não. O simples fato de ter de pensar para responder faz
com que a comunicação mude de boca–ouvido para cérebro–cérebro.
Nesse ponto, se a confiança for estabelecida, o fechamento tenderá
a ocorrer em perfeita sintonia, característica de um nível superior
de comunicação: coração–coração.
179
Desenvolva a sua capacidade de tomar decisões
certas e de implementá-las corretamente.
A combinação de uma decisão certa ou errada com uma imple-
mentação boa ou ruim tanto pode ser maravilhosa quanto acabar
em tragédia.
Quando a decisão é correta, os resultados da sua implementa-
ção podem ser apenas razoáveis (caso ela seja mal implementada)
ou excepcionais (se for bem implementada). Contudo, quando a
decisão é errada, é bom que seja mal implementada, pois, caso
contrário, o prejuízo pode ser muito grande.
180
Algumas pessoas são mais criativas, outras são mais comunicati-
vas, outras, mais empreendedoras e outras, ainda, mais organizadas.
A vida é uma constante negociação entre pessoas de todos esses tipos.
É da maior importância que cada uma saiba o seu papel e respeite o
dos outros.
181
Nem toda pessoa inteligente é sábia. Veja o alto escalão da
maioria dos governos, por exemplo: grande parte das pessoas que
lá se encontram são inteligentes, mas nem todas são sábias; do
contrário, a humanidade não viveria a crise econômica e social
que está vivendo.
Mas quem tem sabedoria, em geral, tem excelência. O pacote
da excelência é formado por boas intenções, gerando boas ações
para se obter bons resultados. Boas intenções é um bom começo,
mas não basta, pois de boas intenções o in-
ferno está cheio. Então, entra a atividade bem
praticada, que resulta da boa habilidade.
A sabedoria de uma pessoa tem a ver com
as escolhas que faz. Observando como as
pessoas escolhem, descobrimos o caráter que
têm, pois cada escolha resulta numa ação, que
conduz a um determinado fim, que, no final
das contas, é o que importa.
182
Nesse estudo, constatou-se que, quando o jaywalker era uma pes-
soa que usava terno e gravata, a tendência de que outros pedestres
imitassem o seu comportamento era muito maior do que quando
o jaywalker usava roupas comuns. Portanto, a forma como uma pessoa
se veste está diretamente relacionada à sua capacidade de influenciar o
comportamento de outras pessoas.
183
Palavras finais
185
A razão pode analisar e organizar, mas somente a imaginação
pode criar. É por meio da imaginação que podemos transcender,
começando de novo.
Se o nosso conhecimento estiver baseado apenas na nossa his-
tória, o nosso futuro será apenas uma repetição do nosso passado.
Por outro lado, se planejarmos o futuro usando a imaginação,
teremos o céu como limite!
O filósofo Jean-Paul Sartre foi categórico ao a firmar que não
importa o que o passado tenha feito de nós, mas, sim, o que faremos com o
que o passado fez de nós. Portanto, o passado nada mais é do que as
interpretações que damos à nossa memória.
Imagino como você, leitor, se sente, lendo estas palavras. Fico
curioso em saber como as está interpretando.
Estamos chegando ao fim desta jornada intelectual. Para
quem acredita no que foi transmitido, não há mais nada a dizer,
restando, apenas, ir do território do pensar para o do agir. Já para
quem não acredita, nada que se diga será bom o bastante para o
satisfazer, restando-me, apenas, desculpar-me por tê-lo feito ler até
aqui. Todavia, por que alguém que não acredita estaria lendo estas
palavras finais? Provavelmente, porque está procurando algo que
não sabe o que é. E para quem não sabe o que procura, fica difícil
interpretar o que encontra!
Como o material foi apresentado de forma muito compacta,
talvez seja necessário que você, leitor que acredita, faça uma se-
gunda leitura mais cuidadosa. Mas não reinicie a leitura antes de
ler o texto a seguir e de refletir sobre a importância dos problemas
na sua vida.
186
Colocando um tubarão na sua vida
Essa é a história de como empresas de pesca japonesas conseguiram
continuar abastecendo a população com peixe fresco (e com sabor de
peixe fresco!), mesmo tendo de pescá-los em águas muito distantes.
187
As companhias pesqueiras continuam colocando os peixes em tan-
ques, mas colocam, junto, um tubarão. Sim: um tubarão! Um tubarão,
nesse caso, não é só um tubarão, mas um desafio constante para os
peixes. E mesmo que ele coma alguns, a maioria dos peixes chega viva.
E muito viva!
Última dica
Primeiro, você cria uma meta. Depois, a implementa. Que tal esta-
belecer a meta de triplicar as suas vendas em seis meses? Para isso,
você precisa entender que o por quê deve sempre preceder o como.
Quando o por quê é suficientemente poderoso, com grande carga
emocional, o como encontrará sempre um modo
de transformar a meta em realidade.
Portanto, por que você quer triplicar as suas
vendas em seis meses? Qual é a sua verdadeira
motivação para isso? Trabalhe no por quê, pois
o como, com a releitura deste livro, se tornará
disponível para você.
188
Colofon da grafica