Conservacao Da Arquitetura e Do Ambiente
Conservacao Da Arquitetura e Do Ambiente
Conservacao Da Arquitetura e Do Ambiente
108 Re sumo
Passados quarenta anos desde a Independência de Moçambique (25 de
pós-
Palavras-chave
Arquitetura moderna de Maputo. Conservação do patrimônio. Patrimônios
de Influência Portuguesa. Moçambique.
doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v24i44p108-124
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
modern urban and architectural
heritage conservation in a
postcolonial context:
maputo’s “city of cement”
Abstract
109
Forty years after the Independence of Mozambique from Portugal (June
pós-
25th 1975), the difficulties in assessing and rehabilitating the modern
architectural heritage of colonial origin are evident. The structural
adjustment programmes, a consequence of contrasting doctrinal changes
and expressed in the adoption of specific economic reforms, together with
a prolonged civil war (1974-1992), have contributed to the progressive
degradation of the historic urban centres and their services. This essay
focuses on the built heritage of Maputo, and aims to deepen the
knowledge of 20th century architecture and urban ambiences and of the
particularities involved in the conservation of architectural heritage
associated with the postcolonial context. The difficulty of this task is
related to the specificities of “modernity” itself: the recognition of this
patrimony and its tutelage, its routine maintenance, the deterioration of
materials and infrastructures, the loss of functionality and adaptation to
new functions, the changes in the surrounding areas and the fact that
these spatial and conceptual spaces were developed within a distinct
social, economical and cultural framework, extraneous to their
contemporary condition.
Keywords
Modern heritage of Maputo. Heritage conservation. Cultural heritages of
Portuguese influence. Mozambique.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Introdução
O último quartel do século XIX assistiu a uma nova fase no desenvolvimento
de Lourenço Marques (renomeada Maputo em 1976), em Moçambique, que
levou à sua transformação numa importante cidade portuária. O pequeno
assentamento urbano tinha como elemento primário e estruturante a
Fortaleza, com o flanco sul sobre a linha de água (Figura 1). A montante da
Fortaleza, desenvolvia-se a povoação, seguindo paralelamente à linha da
costa, “estruturando a direção dos traçados na sua relação com a Praça da
Picota”1 (MORAIS, 2001, p. 67-68). Com pequenas adaptações, esse
organismo urbano primitivo acompanhou a expansão da cidade no final de
oitocentos, constituindo a sua área comercial e administrativa por excelência
e o núcleo estruturante da “cidade nova”, com forte ligação ao porto e ao
caminho de ferro, os seus motores de desenvolvimento (Figuras 2 e 3).
A afirmação de Lourenço Marques no conjunto dos assentamentos urbanos
da vasta língua de costa de Moçambique, no final do século XIX, explica-se
sobretudo pela proximidade desafiante da África do Sul, foco de grande
1 A picota (pau a prumo que
110 desenvolvimento tecnológico e demográfico, graças à descoberta de grandes
servia de pelourinho) e o
depósitos de minérios, primeiro de carvão e de seguida de ouro e
pelourinho (coluna de pedra),
pós-
eram marcos erigidos em lugar diamantes2 . Esse desenvolvimento exigiu a criação de infraestruturas de
público (largo ou cruzamento) comunicação, com vista ao trânsito de bens e de mão-de-obra, de e para os
junto aos quais se expunham e portos de mar mais próximos, privilegiando a proximidade geográfica da baía
castigavam os sentenciados,
sujeitos ao escárnio popular.
de Lourenço Marques como seu porto natural.
Assim, esse local tornava-se o
Acompanhando o crescimento da cidade planificada, fomentado pela
espaço público de encontro e,
subsequentemente, a “praça” administração colonial, nos subúrbios uma área caracterizada por uma
(CORVAJA, 2003, p. 55 nota 11). estrutura de assentamento desordenado e difuso, originada pela migração da
2 Por volta de 1870 foram população rural, veio a formar uma mancha de construção precária
descobertos diamantes na zona conhecida por “caniço” — a “cidade informal”. A cidade dos colonos,
da atual cidade de Kimberley, conhecida como “cidade de cimento”, foi abraçada pela “cidade de caniço”,
seguindo-se, cerca de uma
formando um sistema dual, típico das cidades de génese colonial da África
década mais tarde, importantes
filões auríferos no Transvaal Subsaariana. A “cidade de cimento” constitui atualmente apenas uma
(Witwatersrand) (CABAÇO, 2007, pequena parte da cidade de Maputo, visto que as vastas áreas de génese
p. 76 nota 20). A importante informal externas alojam cerca de 80% da população urbana (OUIS et al.,
produção e acumulação de
2010, p. 15).
riqueza da indústria mineira
esteve na base de um processo Em tempos recentes, desde o final da guerra civil (1976-1992) que opôs a
de industrialização único no
continente, foco de um fluxo Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) à Frente de Libertação de
migratório (com origem Moçambique (FRELIMO), a cidade de Maputo foi a estrutura urbana onde
sobretudo na Europa) com mais se investiu na criação e na manutenção de infraestruturas, na
grande impacto na região.
construção civil e em vários sectores da economia (COSTA, 2007, p. 7;
MUNICÍPIO DE MAPUTO — MP, 2008, v. I, p. 110 ss.). Foi na capital, à
semelhança da administração colonial precedente, que o Estado optou por
centralizar formal e simbolicamente o poder político e econômico. Não
obstante, a estrutura urbana da “cidade de cimento” sofreu poucas
alterações até à atualidade, contrariamente ao verificado nos subúrbios, onde
o crescimento populacional e físico/urbano foi mais acelerado, sobretudo na
década de 1990 (OPPENHEIMER; RAPOSO, 2008, p. 18-19).
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Figura 1: Planta de Lourenço Marques, ca. 1887.
Fonte: Autora, com base na planta de S.T. Hall de 1876,
AHM (D1.03/2021) e na “Planta da Avenida António
Augusto de Aguiar” de 1887, AHU (ACL_SEMU_DGU_Cx.
1389/1L_1886_1888). Assinalam-se a nova estrada de
Lindemburgo (1); a antiga estrada de Lindemburgo (2); o
novo Hospital (3); a Igreja Paroquial (4); a estrada da
Ponta Vermelha (5); o cemitério de S. Timóteo (6); o
Jardim da Sociedade de Arboricultura e Floricultura (7); o
traçado do esgoto do pântano do Maé (8); o projeto de
ampliação da praça 7 de Março com a nova ponte (9) e a
Fortaleza (10). A povoação estava cercada por terras
alagadas (assinaladas com uma trama sólida) que a
separavam da terra firme.
111
pós-
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Transformação do patrimônio urbanístico
e arquitetônico moderno de maputo em
contexto pós-colonial: antecedentes
Desde a Independência, a cidade de Maputo (e Moçambique) foi palco de
processos econômicos e de desenvolvimento contrastantes que deixaram
marcas profundas na sua estrutura econômica, social e urbana. Internamente,
e durante a primeira década e meia após a Independência, sobressaíram os
seguintes fatores:
• A implementação de políticas de desenvolvimento socialistas, com a
centralização do poder político-administrativo e a nacionalização dos prédios
de rendimento e das casas deixadas vazias pelo “êxodo em massa dos colonos
brancos, trabalhadores especializados e profissionais negros e indianos”
(NEWITT, 2012, p. 473). Apesar de o ataque à propriedade privada ter sido
considerado um fator crucial para o mal-estar de grande parte dos antigos
proprietários, “forçando” a sua saída, a rápida mudança de poder e a
3 Afirmações feitas com base instituição da nova ditadura socialista, foram referidos por alguns académicos
112 numa série de entrevistas como motivos válidos para a erosão do projeto de país/sociedade a-racial
realizadas pela autora em inicialmente defendido pela FRELIMO3 ;
pós-
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Do ponto de vista histórico-político e social, esta situação é em parte explicável
se considerarmos que, pouco tempo após a Independência, Moçambique viu-
se privado de quadros técnicos e de mão de obra qualificada, com a saída em
massa dos colonos e de profissionais qualificados negros e indianos.
As opções políticas do Estado, em particular a oposição às políticas de molde
racial, provocaram o distanciamento e a erosão nas relações externas com os
estados vizinhos, sobretudo com a África do Sul e a Rodésia do Sul (atual
Zimbabwe), principais utentes da sua estrutura de serviços de transportes, com
graves repercussões econômicas para Moçambique (COSTA, 2007, p. 75;
MENDES, 1985, p. 65). Posteriormente, o apoio destes países, sob regimes de
segregacionismo racial, à oposição e resistência ao governo instituído em
Moçambique — que se traduziu na fundação da RENAMO em 1976
(MACAGNO, 2009) e no apoio da FRELIMO aos movimentos de oposição nesses
países (ANC e ZANU, respetivamente) — aprofundou a crise econômica e
social em Moçambique, com a devastação das infraestruturas de produção e a
fuga da população das zonas rurais para as grandes cidades, mais seguras e
6 Após a Independência, a distantes do conflito armado (NEWITT, 2012, p. 478-480). Assim, nos centros
113
generalização do acesso ao urbanos, as infraestruturas sociais e de serviços públicos, nomeadamente no pós-
ensino e aos cuidados primários ensino e nos cuidados primários de saúde, entraram em ruptura6 , o
de saúde, até aí condicionados,
desemprego disparou e o abastecimento de alimentos diminuiu drasticamente,
produziu uma sobrecarga de
utilização desajustada nessas uma vez que no mundo rural a produção agrícola tinha sido interrompida com
infraestruturas. A saída do país o abandono das propriedades pelos seus donos, por razões diversas. Os
dos quadros técnicos e agricultores portugueses que abasteciam as cidades tinham deixado o país em
profissionais qualificados
provocou graves dificuldades no
1977 e a produção para exportação dos agricultores locais diminuiu. Além
funcionamento dos serviços. disso, entre 1977 e 1982, o país viu-se fustigado por calamidades naturais
Essa situação agravou-se cíclicas, primeiro pelas cheias e de seguida por anos de seca, generalizando-se
consideravelmente com o a fome e a desagregação da economia rural (FIRST, 1977, p. III.15-III.16;
aumento dos “deslocados” de
guerra provocado pelo
NEWITT, 2012, p. 473, p. 483-484).
endurecimento da guerra no sul
No início da década de 1980, a população começou a valer-se do sector
do país, a partir de meados da
década de 1980. informal, incrementando os mercados clandestinos de produtos alimentares,
atividade inicialmente sujeita a penas pesadas, no seguimento da
implementação da distribuição administrativa assegurada pelo Novo Sistema de
Abastecimento (1981) (MENDES, 1985, p. 63-64). Essa atividade, porém,
mesmo com a progressiva escassez de oferta de emprego no sector formal,
manteve uma expressão pouco significativa até ao final da década de 1980
dentro da “cidade de cimento”, devido à atitude repressiva das autoridades.
Todavia, a partir da década de 1990, fruto de mudanças na orientação política
e econômica do Estado (NEWITT, 2012, p. 484-485), Moçambique abriu-se
definitivamente à “privatização” dos serviços e das atividades comerciais. Nesse
mesmo período, a ocupação do solo tendeu a adensar a retícula urbana da
“cidade de cimento” de Maputo (CENTRO DE ESTUDOS E
DESENVOLVIMENTO DO HABITAT — CEDH, 2006), acompanhada por
rupturas nos usos e costumes da cidade, ou, por outras palavras, pela
“ruralização” da cidade.
Segundo dados apresentados pelo CEDH (2006, p. 2-3), aquando da
Independência apenas 9% dos moçambicanos vivia em áreas urbanas. Três
décadas mais tarde essa percentagem subia para cerca de um terço. Em
apenas duas gerações, grande parte da sociedade moçambicana trocava a base
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
tradicional de produção e consumo do mundo rural pela economia sediada na
cidade. Esta transformação apressada nos hábitos de subsistência, com a
maioria dos cidadãos a socorrer-se de atividades produtivas do sector informal
para sobreviver (atividades dificilmente taxáveis), a que acresce a inexperiência
urbana destes novos membros da cidade, acarretou problemas econômicos de
difícil resolução, nomeadamente a falta de recursos (privados e públicos) para
a requalificação do espaço urbano e o acesso e/ou manutenção de condições
de habitabilidade dignas.
Os conceitos de “desenvolvimento” e de “modernização” da Nação, veiculados
durante a primeira década de governação emancipada de Moçambique,
passaram sucessivamente, e de forma brusca, de paradigma da ideologia
nacional (pró-socialista) a suporte ideológico do capitalismo neoliberal
globalizado. De forma desconcertante, tal como apreende Mamadou Traoré
(1991, p. 32 apud CABAÇO, 2007, p. 431), esta operação assumiu conteúdos
muito distintos na África Subsaariana relativamente aos países ricos do
Ocidente, sujeitos a outras temporalidades, condições econômicas, políticas,
7 Isto de acordo com a Lei n.º 10, sociais e históricas, uma vez que, “ao propor ou ao impor significantes
114 de 22 de dezembro de 1988, ausentes da vida quotidiana das populações, a modernização, vinda de fora,
que determina a proteção do não cessa de multiplicar os fenómenos de non-sense ou de contra-senso nas
pós-
Patrimônio Cultural de
sociedades pressionadas a reproduzirem uma história não vivida”. Como
Moçambique (MOÇAMBIQUE,
1988). observa o mesmo autor (1991 apud CABAÇO, 2007, p. 431), se no mundo
ocidental o “desenvolvimento” (tal como é veiculado no Ocidente) é um
produto cultural, nos países “em vias de desenvolvimento”, ele é um projeto
cultural, estranho às condições de vida e aspirações (de sobrevivência e
urbanas) do cidadão comum.
A revolução social do primeiro período de independência viu-se a braços com o
status quo assimilado por gerações de “colonizados”. A “libertação” trazia
questões complexas ao indivíduo. A porta franca para a “cidade de cimento”
exigia que o novo residente assumisse um novo papel na nova conformação
social, dentro da mesma estrutura urbana petrificada idealizada pelo antigo
regime. Essa metamorfose levou o seu tempo e tomou fácies próprias, que
interessa indagar. A cidade de Maputo na sua fisionomia pós-colonial assume
por isso, em termos patrimoniais, “valor de história”, de testemunho material
de formas de fazer e pensar humanas que interessa à estimulação da produção
de conhecimento das gerações futuras.
A reavaliação e (re)funcionalização do
patrimônio colonial
A sociedade pós-colonial lida com heranças espaciais e conceptuais
desenvolvidas para um determinado referencial cultural, social e econômico
distinto, referencial esse nem sempre compreendido ou sequer desejado. A
proximidade do “tempo vida” desse patrimônio condiciona o distanciamento
histórico-crítico necessário à interpretação e avaliação do seu significado pelos
seus “tutores naturais”: em primeiro lugar, o Estado, ao qual toca promover a
inventariação, classificação e registo dos imóveis, encorajar medidas e ações
para a sua conservação e a sua fruição informada pela comunidade7 ; e, em
segundo lugar, os cidadãos.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Figura 4: Prédio Abreu, Santos
e Rocha, do arquiteto Amâncio
de Alpoim de Miranda (Pancho)
Guedes (1925-2015), meados da
década de 1950, Av. Guerra
Popular/ Praça dos
Trabalhadores, Baixa de
Maputo, 2014. Este edifício
integra o inventário do
patrimônio edificado da cidade
de Maputo do Ministério da
Cultura.
Fonte: Autora.
115
verificam comportamentos pós-
distintos em Moçambique
têm encontrado justificação, errónea, na diversidade dos materiais e
relativamente ao restante tecnologias construtivas que opera (Figura 4), que são muito distintos dos de
patrimônio cultural. É o caso, períodos precedentes (KU¨HL; SALVO, 2006, p. 198-210; SALVO, 2007, p.
por exemplo, das estações 265-335). O problema, no entanto, passará em primeiro lugar pela questão do
arqueológicas com pinturas
rupestres, ou de amuralhados
“reconhecimento”, e esse está ligado a condições específicas em cada área,
arqueológicos do tipo Zimbabwe afetando indiferentemente todas as geografias, e é especialmente complexo em
na província de Manica, que têm realidades com heranças coloniais recentes. Para além do caráter das próprias
sido tradicionalmente geridos e
tradições locais, da deficiente organização da tutela e gestão do patrimônio
custodiados pelas comunidades
locais do meio rural (JOPELA, edificado, da falta de pessoal qualificado nos departamentos públicos e de
2006, 2014). verbas adequadas, os técnicos deparam-se com o fato de grande parte dos
9 O restauro arquitetônico constitui
cidadãos não se identificar com os modelos coloniais (BERTI, 2003, p. 66) e/
uma acepção particular do ou ignorarem a importância de uma parte relevante do patrimônio cultural das
restauro tal como comummente suas cidades —refiro-me especificamente ao patrimônio edificado das “cidades
entendido, e distingue-se deste, de cimento”8 —, assim como a necessidade da sua proteção.
não em termos de princípios
teóricos mas, na operabilidade Consequentemente, não conhecem/reconhecem valor (histórico/documental ou
prática, pela consistência, artístico) ao patrimônio edificado, nem o seu papel de tutores.
dimensão e “espacialidade” dos
objetos que atende (BRANDI,
2000, p. 77; CARBONARA, 1997,
p. 11), indissociavelmente Conservação do patrimônio material de
ligados a um “sítio histórico” e a
um ambiente próprio (cf.
moçambique: problemas, práticas e desafios
CABRAL; ANDRADE, 2012, p. A atribuição de valor a determinados vestígios do passado, na Europa Ocidental,
106; ZEVI, 2004, p. 57-64). Para
foi diretamente correlacionada com a noção de autenticidade e tendeu
a análise das transformações do
conceito de restauro ao longo do progressivamente ao estudo do objeto e posteriormente à conservação da
tempo e a contextualização do matéria antiga, entendida como testemunho material em perpétua
debate atual dentro da Europa, e transformação e única garantia de qualquer outra possibilidade de interpretação
para referências bibliográficas
complementares, veja-se
e intenção conservativa. A conservação do patrimônio edificado, na Europa,
CARBONARA, 1996, 1997, 2011; aparece diretamente relacionada com a teoria do restauro9 , e é com base em
CASIELLO, 1996, 2008; CESCHI, razões de cultura e de memória (no cerne da disciplina) que o estudo do
1970; CHOAY, 2000; DEZZI patrimônio deve ser alargado a outras geografias, que lidam com memórias
BARDESCHI, 2006; JOKILEHTO,
1999, 2003, 2007; NETO, 2001, coloniais recentes, levando em consideração que, fora da Europa, as
p. 25-61. interpretações do patrimônio e sua conservação tomaram formas muito distintas.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Nos últimos anos, várias contribuições académicas permitiram constatar a
pouca abrangência do modo de pensar a “autenticidade” e a “identidade”,
que na tradição europeia aparecem associadas ao culto da matéria, em
ambientes externos à Europa. Na África Subsaariana, alguns teóricos
discutem modos de lidar com problemas peculiares à herança local, estranhos
à tradição europeia: os “lugares da memória” são tratados segundo categorias
simbólicas, independentemente das suas caraterísticas formais e materiais
(JONG; ROWLANDS, 2007; JOPELA, 2006; TOMSZEWSKI, 2004), sendo
muitas vezes incongruente a aplicação de modelos de conservação e cartas
internacionais de patrimônio, claramente individuados a partir de uma matriz
eurocêntrica, sem reflexo nas condições de implementação e/ou valores
associados ao patrimônio cultural das comunidades locais10 . A questão
assume novos contornos quando analisamos a extensa produção moderna e
modernista herdada pelas sociedades pós-coloniais, cuja manutenção em
condições eficientes é manifestamente desadequada em relação às condições
de vida da maior parte dos seus locatários. Ainda mais complexos são os
problemas de gestão patrimonial e desenvolvimento de ambientes urbanos
10 Sobre este assunto e
116 claramente disfuncionais, em cidades modernas planeadas para a segregação
especificamente para o
contexto de Moçambique, veja-
racial (JAPHA, 2003, p. 97-98).
pós-
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Figura 5: Vista parcial da Baixa
de Maputo, 2013. Ao centro, os
edifício do Conselho Municipal e
da Catedral e a Praça da
Independência com o
monumento a Samora Machel.
Fonte: Autora.
117
Figura 6: Planta de Lourenço Marques (área central), ca . 1903, pós-
com o traçado da ampliação do porto e do limite da cidade a
norte. Assinalam-se alguns edifícios desse período permanecentes
na cidade atual (ainda que com alterações): Instituto Dona Amélia
(atual Casa de Ferro), transferida da Repartição de Agrimensura
para as imediações do Jardim Vasco da Gama/Tunduru no início
da década de 1970 (1); Consulado Britânico (2); Hotel Clube
(atual Centro Cultural Franco-Moçambicano) (3); Vila Jóia (atual
Tribunal Supremo) (4); Mercado Central (5); Prédio Pott (6); Cadeia
Civil (atual anexo da Imprensa Nacional) (7); Câmara Municipal
(atual Tribunal Administrativo) (8); Mesquita (9); Casa Amarela (10);
Casa dos Azulejos (11); Fortaleza (12).
Fonte: Autora, com base no “Plano do projetado esgoto e aterro
do pantano de Lourenço Marques por S.T. Hall, Dezembro de
1876. Cópia de Augusto de Castilho”, AHM (D1.03/2021), na
“Planta de Lourenço Marques levantada em 1886, Escala 1:5000”,
AHM (N.º 1711/D.29/2006) e na “Planta da Cidade Lourenço
Marques 1903, Escala 1: 5000”, AHM (2014/D.37). Assinala-se
também a área de proteção histórico-arquitetônica da Baixa
(perímetro a ponteado) proposta pela SEC em 1984.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
A Lei n.º 10, de 22 de dezembro de 1988, não deu sequência a um
“Inventário Nacional de Monumentos, Conjuntos e Sítios”, nem,
consequentemente, a um registo dos bens culturais imóveis classificados (no
“Tombo do Patrimônio Cultural”) — que identificasse os imóveis protegidos por
lei e informasse o seu enquadramento no processo de planeamento urbano e
medidas de proteção adequadas. A falta de um inventário sistemático e
atualizado e, até muito recentemente, de um regulamento específico para o
patrimônio classificado (aprovado no final de 201612 ), enviesa a apreciação por
parte do corpo técnico dos Conselhos Executivos de Cidade, da entidade que
superintende a área da Cultura e do Conselho Nacional do Patrimônio Cultural,
dos processos de licenciamento de obras (cada vez mais frequentes) e uma
qualquer estratégia de conservação integrada e gestão sustentável do
patrimônio edificado em presença.
12 O “Regulamento sobre a Gestão Se o patrimônio edificado de matriz moderna ou modernista se manteve até há
de Bens Culturais Imóveis” foi bem pouco tempo “intacto” (apesar de decadente), isso deveu-se sobretudo à
aprovado pelo Decreto n.º 55,
de 28 de novembro de 2016, ausência de “dinamismo” no mercado de especulação do solo urbano, situação
publicado no Boletim da que se alterou drasticamente ao longo da última década, com o
118 República , I Série, n. 142, de estabelecimento de empresas multinacionais dos ramos da construção civil e do
28 de novembro de 2016, p.
imobiliário. Os processos de produção do espaço urbano, em contexto
pós-
1257-1268.
neoliberal, têm promovido disparidades socioespaciais, condicionando também
o delinear de uma estratégia para a salvaguarda do patrimônio. A substituição/
renovação acelerada do tecido urbano ameaça a sobrevivência equilibrada do
conjunto da Baixa e, mais importante, agrava as condições de sustentabilidade
social e ambiental do próprio sistema urbano. Acentuam-se cada vez mais as
diferenças entre a “cidade de cimento” (onde se concentra o investimento
imobiliário, com foco nas classes de renda alta) e as áreas externas (Figura 7)
(carentes de infraestruturas e condições condignas de habitabilidade).
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
A situação relativa à deterioração e desaparecimento progressivo do rico
repertório edificado da “cidade de cimento” deve-se, em parte, ao vazio legal
que não permitiu um correto enquadramento de edifícios ou conjuntos urbanos
que, potencialmente, são patrimônio da cidade (e do país) — digo
potencialmente porque não são entendidos como tal pela maioria da população
e porque não estão classificados — e, em parte, a uma lacuna consistente
relativa à formação de quadros técnicos específicos para a área do patrimônio
edificado dentro da instituição que superintende a política de monumentos,
conjuntos e sítios (o Ministério da Cultura através da Direção Nacional do
Patrimônio Cultural)13 . Sem estes suportes, a divulgação de formas de atuação
apropriadas, uma fiscalização eficaz e fundos adequados, a implementação de
uma verdadeira “Política de Monumentos” e “de Museus”14 , tal como as
aprovadas pelo Conselho de Ministros em 2010, encontra sérias dificuldades.
13 Atualmente, o aperfeiçoamento Há, no entanto, um interesse e um entendimento crescentes do valor e da
nessa área faz-se sobretudo ao importância que o patrimônio imóvel representa do ponto de vista cultural,
nível de licenciatura no
Departamento de Arqueologia e histórico e identitário para o país (OUIS et al., 2010, p. 19). No ano de 2009,
Antropologia da Faculdade de a criação de um projeto de valorização do patrimônio edificado da cidade de
119
Letras e Ciências Sociais da Maputo, através da Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico da pós-
UEM. As faculdades de
Universidade Eduardo Mondlane — FAPF-UEM, com o apoio da Cooperação
arquitetura do país não
oferecem, para já, formação de Itália-Moçambique, sistematizou a documentação “de cerca de 200 edifícios
pós-graduação nessa área. de valor histórico, ambiental ou arquitetônico” (LAGE, 2010, p. 3), com vista à
14 A “Política de Monumentos” e a sua inventariação e classificação (Figuras 8 e 9). Com este projeto definiu-se
“Política de Museus” foram uma metodologia para a classificação do patrimônio edificado, formalizou-se e
aprovadas em 27 de abril de submeteu-se uma proposta de classificação de 30 edifícios e um conjunto
2010, pela Resolução n.º 12/
urbano ao Conselho Municipal de Maputo e propôs-se ‘aos órgãos competentes
2010 e pela Resolução n.º 11/
2010 respetivamente, e do Estado a aprovação de um “Regulamento de Proteção do Patrimônio
constituem documentos de Cultural Edificado”’ (LAGE, 2010, p. 3).
referência para a atuação dos
órgãos estatais nessas áreas. O projeto foi coordenado por um grupo de docentes da FAPF-UEM, em
colaboração com o Conselho Municipal de Maputo, os Ministérios da Cultura,
Figuras 8 e 9: Inventário do patrimônio edificado da cidade de Maputo. Mapa de localização dos 200 edifícios inventariados e da área de proteção
histórico-arquitetônica da Baixa proposta pela SEC, 2010.
Fonte: FAPF-UEM.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Turismo e Obras Públicas e vários especialistas externos (LAGE, 2010, p. 3).
Realizaram-se vários encontros e seminários para a discussão de “(i) desafios
legislativos e metodologias de atuação; (ii) questões ligadas à identidade e à
apropriação cultural; e (iii) questões relativas à problemática da classificação
do patrimônio moderno” (LAGE, 2010, p. 3). Com a classificação desse
primeiro grupo de edifícios e memoriais, esperava-se que as autoridades
competentes pudessem subsequentemente continuar o processo de
inventariação e classificação de novos elementos, mas tanto a proposta de
classificação, como a de um regulamento para o patrimônio edificado, não
obtiveram deferimento.
A proposta de classificação inclui vários edifícios classificados durante o
período colonial15 ; três monumentos memoriais erigidos no período pós-
independência — a Samora Machel (1933-1986), a Eduardo Mondlane (1920-
1969) e aos Heróis Moçambicanos — e um conjunto urbano que abrange
bairros históricos externos à “cidade de cimento”, constituído pela Mafalala,
Chamanculo e Xipamanine.
15 Entre os vários edifícios
120 No final de 2014, no âmbito da elaboração do “Plano Parcial de Urbanização
classificados no período
colonial encontram-se o Museu
da Baixa de Maputo” — PPUBaixa, promovido pelo Conselho Municipal de
pós-
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Conclusão
Existem muitas dificuldades no processo de levantamento, reconhecimento e
classificação do patrimônio edificado na cidade de Maputo, que tem sido
sucessivamente protelado. Estas dificuldades, como já referi, não advêm apenas
de dificuldades estruturais, mas em parte, do entendimento sobre o
“desenvolvimento” veiculado pelas elites nacionais, ‘tomadas pela vertigem
“modernizadora” da globalização’ (CABAÇO, 2007, p. 431).
A aproximação à realidade urbana complexa da cidade de Maputo e a avaliação
do seu patrimônio edificado não podem ser feitas tendo como únicas
referências o produto colonial (e uma “vontade da arte” na arquitetura e no
urbanismo que já não são as do nosso tempo), nem, por outro lado, o modelo
do urbano propagado pelo Ocidente. Afinal, como refere Paul Jenkins (2013, p.
240), “[...] o que existe n[estas] áreas urbanas [...], é uma forma de
urbanidade de pleno direito, que precisa ser entendida como tal, e não vista
como anormal, deficiente, exótica, caótica, e assim sucessivamente, como
muitas vezes é apreendida e retratada”. Nem o Estado, nem o sector formal
privado têm conseguido dar resposta à demanda crescente por infraestruturas,
121
serviços, empregos e segurança. Os cidadãos, neste contexto, estão a criar a sua
pós-
urbanidade “de baixo para cima” — “[...] os aspectos físicos da cidade refletem
a agência social e cultural da construção do habitar e da urbanidade dos seus
moradores” (HONWANA, 2013, p. xiii; tradução da autora).
Uma possível estratégia para o estudo e conservação do patrimônio deverá ter
como foco a população e o desenvolvimento de condições infraestruturais/
culturais que permitam melhores condições de vida (KING, 2007, p. 23) e,
subsequentemente, participação e interesse genuíno nessa questão. As
motivações da conservação do patrimônio encontram-se no contexto cultural
onde se processa o “reconhecimento” e não na natureza material do objeto.
Essa operação é antes de mais, um problema ético, de interpretação, que
respeita aos “sujeitos”, antes de ser um problema técnico de “objetos”.
Lista de Acrônimos
AHU: Arquivo Histórico Ultramarino (Lisboa)
AHM: Arquivo Histórico de Moçambique (Maputo)
ANC: African National Congress
APIE: Administração do Parque Imobiliário do Estado
FAPF: Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico
SEC: Secretaria de Estado da Cultura
UEM: Universidade Eduardo Mondlane
UNESCO: United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
ZANU: Zimbabwe African National Union
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
Referências
BERTI, Maurizio. La gestione del patrimonio ambientale: sulla via della conservazione africana.
ARKOS : Scienza e restauro dell’architettura, Roma, v. 4, p. 65-72, ott.-dic. 2003. Disponível em:
<http://www.webalice.it/maurizio.berti1/bertirestauro/11cittaterritorio/
2conservafricanacorretto.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2016.
BRANDI, Cesare. Teoria del Restauro. 2 ed. Torino: Einaudi Editore. Roma: Edizioni di Storia e
Letteratura, 2000. 154 p.
CABAÇO, José Luís. Moçambique : identidades, colonialismo e libertação . 2007. 475 p. Tese
(Doutorado em Antropologia Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
CABRAL, Renata Campello; ANDRADE, Carlos Roberto Monteiro. Roberto Pane, entre história e
restauro, arquitetura, cidade e paisagem, Risco : Revista de Pesquisa em Arquitetura e
Urbanismo, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 105-111, 2012. Disponível em: <http://
www.revistas.usp.br/risco/article/view/49039>. Acesso em: 10 fev. 2016.
CARBONARA, Giovanni. Avvicinamento al restauro : Teoria, storia, monumenti. Napoli: Liguori
Editore, 1997. 836 p.
CARBONARA, Giovanni. Teoria e Metodi del Restauro. In: CARBONARA, Giovanni (diretto da).
Trattato di restauro architettonico. Torino: UTET, 1996. v. I, p. 3-107.
CARBONARA, Giovanni. Architettura d’oggi e restauro : Un confronto antico-nuovo. Torino: UTET
122 Scienze Tecniche, 2011. 192 p.
CARRILHO, Júlio (Coord.). Ibo : a casa e o tempo. Maputo: FAPF, 2005. 160 p.
pós-
CASIELLO, Stella. La cultura del restauro: Teorie e fondatori. Venezia: Saggi Marsilio, 1996. 405 p.
CASIELLO, Stella (a cura di). Verso una storia del restauro : Dall’età classica al primo Ottocento.
Firenze: Alinea, 2008. 382 p.
CENTRO DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO DO HABITAT. Moçambique: Melhoramento dos
Assentamentos Informais: Análise da Situação e Proposta de Estratégias de Intervenção.
Maputo: Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial, Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental, 2006. 60 p.
CESCHI, Carlo. Teoria e storia del restauro . Roma: Mario Bulzoni Editore, 1970. 225 p.
CHOAY, Françoise. A Alegoria do Património . Tradução Teresa Castro. Lisboa: Edições 70, 2000.
Tradução de: L’allégorie du patrimoine. 308 p.
CHOAY, Françoise. L’allégorie du patrimomoine. Paris: Éditions du Seuil, 1992 apud NETO, Maria
João. Memória, Propaganda e Poder : O Restauro dos Monumentos Nacionais (1929-1960). Porto:
FAUP, 2001. 362 p.
CORVAJA, Luigi. Maputo : Desenho e Arquitectura . Tradução Matteo Angius; Fernanda Angius.
Maputo: FAPF, 2003. 114 p. Tradução de: Maputo città capitale del Mozambico: disegno e
architettura.
COSTA, Ana Bénard da. O Preço da Sombra : Sobrevivência e reprodução social entre famílias de
Maputo. Lisboa: Livros Horizonte, 2007. 183 p.
DEZZI-BARDESCHI, Marco. Restauro : due punti e da capo. Milano: Franco Angeli, 2006. 496 p.
DIERNA, Salvatore. A Ilha reencontrada: ambiente e cultura do habitar. In: CARRILHO, Júlio
(Coord.). Ibo : a casa e o tempo . Maputo: FAPF, 2005. p. 7.
FIRST, Ruth (Dir.). O Mineiro Moçambicano : Um estudo sobre a exportação de mão de obra.
Maputo: Centro de Estudos Africanos, UEM, 1977. Disponível em: <http://
www.ruthfirstpapers.org.uk/pt/content/423>. Acesso em: 4 jun. 2016.
FORJAZ, José. Património — Que atitude? Novo MoçAmbiente , Maputo, n. 21, p. 4–8, 1997.
FORJAZ, José. Arquitectura : Ambiente e Sobrevivência. Maputo: FAPF, 2005. 79 p.
FRANCO DE MENDONÇA, Lisandra. Conservação da arquitetura e do ambiente urbano modernos:
a Baixa de Maputo. 2015. 726 p. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo e em História e
Restauro da Arquitetura) - Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra,
Coimbra, Dipartimento di Storia, Disegno e Restauro dell’Architettura, “Sapienza” Università di
Roma, Roma, 2016.
HONWANA, Alcinda Manuel. Foreword. In: JENKINS, Paul. Urbanization, Urbanism, and Urbanity in
an African City: Home Spaces and House Cultures. New York: Palgrave Macmillan, 2013. p. xiii-xv.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
JAPHA, Derek, 2003. The heritage of modernism in South Africa. In: OERS, Ron van;
HARAGUCHI, S. (Ed.). World Heritage papers : Identification and documentation of Modern
Heritage. Paris: UNESCO/WHC, n. 5, p. 94-95, June 2003. Disponível em: <http://
whc.unesco.org/en/series/5/>. Acesso em: 12 maio 2016.
JENKINS, Paul. Urbanization, Urbanism, and Urbanity in an African City: Home Spaces and
House Cultures. New York: Palgrave Macmillan, 2013. XIX + 274 p.
JOKILEHTO, Jukka. A history of architectural conservation. Oxford: Butterworth-Heinemann,
1999. 354 + xiv p.
JOKILEHTO, Jukka. Continuity and Change in Recent Heritage. In: OERS, Ron van;
HARAGUCHI, S. (Ed.). World Heritage papers : 5 Identification and documentation of modern
heritage. Paris: UNESCO/WHC, n. 5, p. 105-108, June 2003. Disponível em: <http://
whc.unesco.org/uploads/activities/documents/activity-38-1.pdf>. Acesso em: 12 maio 2016.
JOKILEHTO, Jukka. Il quadro internazionale: Asia, Australia, Medio Oriente, Paesi Arabi e Africa
Subsahariana. In: CARBONARA, Giovanni (diretto da). Trattato di restauro architettonico: Primo
Aggiornamento. Grandi temi di restauro. Torino: UTET, 2007. p. 147-210.
JONG, Ferdinand de; ROWLANDS, Michael (Ed.). Reclaiming heritage: Alternative imaginaries
of memory in West Africa. Walnut Creek: Left Coast Press. 2007. 270 p.
JOPELA, Albino. Custódia Tradicional do Património Arqueológico na Província de Manica:
experiências e práticas sobre as pinturas rupestres do distrito de Manica, 1943-2005. 2006.
80 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciado em História) - Faculdade de Letras e
123
Ciências Sociais, UEM, Maputo, 2006. pós-
JOPELA, Albino. Custódia Tradicional do Património Cultural Imóvel. In: MACAMO, Solange
(Dir.). Manual de Conservação do Património Cultural Imóvel em Moçambique. Maputo:
Ministério da Cultura, 2014. p. 55-58.
KING, Anthony. Colonial Urban Development: Culture, Social Power and Environment. London:
Routledge and Kegan Paul Ltd., 2007. 328 p.
KU¨HL, Beatriz Mugayar; SALVO, Simona. Ciclo de Palestras sobre Preservação: Disciplina
AUH 852 - Técnicas Construtivas Tradicionais. Pós: Revista do Programa de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo da FAU-USP, São Paulo, n. 19, 2006, p. 198-210. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/posfau/article/view/43471>. Acesso em: 2 jun. 2016. DOI: http://
dx.doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v0i19p198-210.
LAGE, Luís; CARRILHO, Júlio (Coord.). Inventário do Património Edificado da Cidade de
Maputo : Catálogo de Edifícios e Conjuntos Urbanos Propostos para Classificação. Maputo:
FAPF, 2010. 78 p.
MACAGNO, Lorenzo. Fragmentos de uma imaginação nacional. Revista brasileira de Ciências
Sociais , São Paulo, v. 24, n. 70, p. 17-35, jun. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/
pdf/rbcsoc/v24n70/a02v2470.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/
S0102-69092009000200002.
MENDES, Maria Clara. Maputo antes da Independência : Geografia de uma Cidade Colonial.
Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, 1985. 526 p. (Memórias do Instituto de
Investigação Científica Tropical, n. 68, 2. Série, Tese (doutorado em Geografia Humana) -
Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 1980).
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 10, de 22 de dezembro de 1988. Dispõe sobre a Proteção do
Património Cultural. Boletim [da] República Popular de Moçambique , Maputo, n. 51, III
suplemento, I série, 22 dez. 1988.
MOÇAMBIQUE. Decreto n.º 27, de 20 de julho de 1994. Aprova o Regulamento de Proteção
do Património Arqueológico e a composição do Conselho Nacional do Património Cultural.
Boletim da República, Maputo, n. 29, I série, 20 Jul. 1994.
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 13, de 25 de fevereiro de 2009. Visa proteger, preservar e valorizar o
património da Luta de Libertação Nacional. Boletim da República , Maputo, n.º 8 , I série, 25
fev. 2009.
MORAIS, João Sousa. Maputo : património da estrutura e forma urbana: topologia do lugar.
Lisboa: Livros Horizonte, 2001. 247 p.
MUNICÍPIO DE MAPUTO. Plano de Estrutura Urbana do Município de Maputo: Análise da
Situação Actual do Município de Maputo, volume I. Maputo, 2008. 246 p.
NETO, Maria João. Memória, Propaganda e Poder: O Restauro dos Monumentos Nacionais
(1929-1960). Porto: FAUP, 2001. 362 p.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
NEWITT, Malyn. História de Moçambique . Tradução Lucília Rodrigues; Maria Georgina Segurado.
2. ed. Mem Martins: Publicações Europa-América, 2012. 509 p. Tradução de: History of
Mozambique.
OPPENHEIMER, Jochen; RAPOSO, Isabel (Coord.). Subúrbios de Luanda e Maputo. 2. ed.
Lisboa: Edições Colibri, 2008. 330 p.
OUIS, Khadidja; MYLLYLUOMA, Laura; LINDGREN, Helena; ANDERSON, Jorgen Eskemose (Ed.).
Exploring the Informal City : Maxaquene, Maputo, Mozambique. Copenhagen: The Royal Danish
Academy of Fine Arts, School of Architecture, Department of Human Settlements, 2010. 97 p.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Plano de Estrutura da Área Metropolitana de Maputo: Relatório
Final (versão preliminar), volume IV: Propostas e Estratégias: II. Estratégia de Habitação e
Terreno Habitacional. Maputo: Direcção Nacional de Administração Local, Ministério da
Administração Estatal, Arcadis-Euroconsult, JTK Associates, 1999. 47 p.
SALVO, Simona. Il restauro dell’architettura contemporanea come tema emergente. In:
CARBONARA, Giovanni (diretto da). Trattato di restauro architettonico . Primo Aggiornamento.
Grandi temi di restauro. Torino: UTET, 2007. p. 265-335.
SEC. Estudo da Valorização Urbanística da Baixa de Maputo : Segunda Parte [II partes],
Proposta. Maputo: [documento policopiado], 1984. 42 p.
TRAORÉ, Mamadou Balla. Pour une culture de l’autogestion. In: DIAGNE, Souleymane Bachir
(Sous la Direction de). La Culture du Développement. Dakar: CODESRIA - FOCSIV, série des
livres du CODESRIA, 1991. 52 p. apud CABAÇO, José Luís. Moçambique: identidades,
124 colonialismo e libertação . 2007. 475 p. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
pós-
TOMSZEWSKI, Andzej. I valori immateriali dei beni culturali nella tradizione e nella scienza
occidentale. In: VALTIERI, Simonetta (a cura di). Della bellezza ne è piena la vista! Restauro e
conservazione alle latitudini del mondo nell’era della globalizzazione. Roma: Nuova Argos, 2004.
p. 30-53.
ZEVI, Bruno, 2004. A linguagem Moderna da Arquitectura. Tradução Luis Pignatelli. 3. ed.
Lisboa: Publicações Dom Quixote. Tradução de: Il linguaggio moderno dell’architettura.
Nota da Autora
Este artigo foi redigido no âmbito da tese de doutoramento desenvolvida pela
autora, orientada por Giovanni Carbonara e Walter Rossa e coorientada por
Júlio Carrilho. O projeto foi cofinanciado pelo Fundo Social Europeu, através do
Programa Operacional Potencial Humano, e por uma bolsa de doutoramento da
Fundação para a Ciência e a Tecnologia — FCT, com a referência SFRH/ BD/
73605/ 2010.
Nota do Editor
Data de submissão: 03/08/2016
Aprovação: 08/07/2017
Revisão: Celina Agostinho
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017
125
pós-
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 108-124, set-dez 2017