Conceito de Modernidade
Conceito de Modernidade
Conceito de Modernidade
JAIR ANDRADE
Natal
Setembro de 2018
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Introdução
O propósito deste pequeno trabalho é realizar uma rápida abordagem sobre o que vem
pensamento de Hegel retratado por Habermas. Tomaremos por base o texto de Habermas
conceito. Buscando adentrar no bojo desta discussão adotaremos, neste pequeno texto, o
seguinte etinerário: primeiro, uma rápida abordagem sobre Modernidade como um fenômeno,
ainda sem ser uma tomada necessariamente filosófica; em seguida, a abordagem de Hegel e
Habermas, propriamente dita; por fim, algumas ponderações críticas sobre a questão.
De pronto, dada amplitude do tema, entendemos que as considerações que aqui estão
sendo propostas têm o condão de somente retratar alguns tópicos que forma abordados na
disciplina, não carreando importantes reflexões filosóficas que, sem dúvida, são caras ao
1. O fenômeno da Modernidade
É preciso de início ressalvar que a Modernidade tem sido motivo de muito estudo,
tamanha atenção, é natural que junto àquilo que é tomado como centro de identidade a seu
forma, o que interessa é expor os elementos mais significativos acerca das características
possa figurar como a chave para a compreensão das questões centrais da filosofia. Isso por
que partimos da premissa que a Modernidade trata-se, antes de tudo, de fenômeno histórico-
A Modernidade deve ser entendida enquanto uma cosmovisão (não somente como
intelectuais, morais, econômicas e políticas nas sociedades européias, fenômeno este que
Pode-se dizer que a Modernidade tem como marco inicial a ruptura com a cosmovisão
medieval. Nos aspectos econômicos e sociais, esta ruptura se deu a partir do surgimento e da
pela escolha da experiência prática e abstrata como forma de aquisição do saber e, por fim, no
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que diz respeito à religião, tal ruptura se operou a partir de um movimento que privilegiou a
visão de mundo antropocêntrica em detrimento uma concepção de mundo que tinha o aspecto
assegurar quais foram as mudanças que realmente iniciaram ou que foram a causa principal da
estabelecer uma relação causal direta e linear entre os acontecimentos sociais, políticos,
mesma forma, as idéias e as criações culturais podem ser influenciadas ou influenciar outros
movimentos na sociedade onde ocorrem. Ainda mais: ocorre que os sujeitos históricos
questões colocadas em sua época e situação histórica, mas pode ser que a sociedade onde se
Por outro lado, o certo é que não convém negligenciar o fato de que as transformações
sociais e econômicas que estavam ocorrendo na Europa no final da Idade Média tiveram uma
relação profunda com o fenômeno da Modernidade. Isso por que os sistemas filosóficos e
teológicos não surgem gratuitamente, influenciando-se uns aos outros no plano das idéias
puras, como se a crítica ockhamista do realismo tomista, por exemplo, fosse puramente
histórico a que se refere, sendo necessário considerar que de outra forma pode-se incorrer em
com a maior precisão possível estas características daquilo que tradicionalmente tem se
filosófica propriamente dita. Neste sentido, de uma maneira geral, o conceito ou a concepção
de Modernidade tem sido um tema das mais amplas controvérsias do âmbito das ciências
curto prazo. No entanto, quando se trata de se ter uma visão mais ampla e ao mesmo tempo
mais aprofundada sobre a questão no âmbito da filosofia, deve-se recorrer a Hegel, que foi
quem inicialmente tratou da temática com a profundidade que merece. Habermas, por sua vez,
Assim sendo, Habermas conclui que Hegel, na verdade, descobre o princípio dos novos
Neste sentido, Habermas faz notar que para Hegel, a subjetividade é elucidada por
A partir destas constatações, segundo aponta Habermas, Hegel concluiu que alguns
- a Reforma;
- o Iluminismo;
- a Revolução Francesa;
- o Código Napoleônico.
manifestações culturais da modernidade, fazendo com que a ciência seja reconhecida e “os
subjetiva dos indivíduos. Liberdade, neste caso, em Hegel, é tomada como a exigência do
direito do indivíduo discernir como válido o que deve fazer. (cf. op. cit, p. 26-27).
por Hegel, leva a edificar seu programa filosófico. Neste seu programa, a
Concluindo, então, esta sua análise sobre a compreensão do que vem a ser a
modernidade por Hegel, Habermas, por sua vez, afirma que “neste programa filosófico
que só por esse caminho pode se certificar do seu conceito e, com isso, estabilizar-se sobre si
Como visto, podemos afirmar que, como tentou demonstrar Habermas, Hegel nos faz
resumidamente, ser abordado enquanto consciência do seu próprio tempo. E, neste sentido, a
consciência do tempo enquanto dimensão histórica, tal como é vivida, se externa ao mesmo
Ao se fazer uma análise sobre o que vem a ser a Modernidade, não restam dúvidas que
indivíduo.
A partir destas afirmações, o autor referido acima contata que, então, podemos
estabelecer que a filosofia política a partir da crítica da Modernidade está amparada pelo
seguinte tripé:
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soluções e a compreensão dos indivíduos acerca de qualquer coisa devem estar amparados na
No entanto, Habermas nos convida a refletir sobre o fato de que, assim como foi
razão é identificada nas mãos dos detentores do poder econômico, político e militar. Por meio
seres humanos; razão posta a serviço de apenas uma parte da humanidade. No decorrer da
história, esta razão acabou por deformar o projeto político da Modernidade, comprometendo o
Há uma grande discussão acerca desta problemática que se traduz nos enfoques dados
a partir de uma série de pensadores que tratam da “superação” da Modernidade por uma
que publicou A Condição Pós-Moderna. Em suma, Lyotard parte de uma crítica de que o
sujeito emancipado pela razão moderna já não mais confia nela. Esta descrente e denuncia o
Acreditamos que a Modernidade é um projeto que tem cara e contracara. Está presente
nela a sua identidade, mas também as condições que podem colocá-la em condição
secundária. Habermas, por sua vez, aponta para a necessidade de considerar a Modernidade
como um projeto inacabado. Trata-se de um projeto viável, mas necessita ainda realizar
iluminista postula.
Considerações Finais
Finalizamos este pequeno trabalho de avaliação afirmando que, sem dúvidas, ao trazer
reposicionou o ser humano na história. Nos dias de hoje, a grande tarefa talvez, seja
chamada cultura ocidental moderna tem chegado, um indivíduo aturdido, disperso e confuso,
como que conduzindo a vida “ao sabor das ondas”, quando não isolado à mercê da violência e
cabeça de outros na busca por referência e orientação de sua própria conduta. Talvez seja
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preciso que o ideal de emancipação da Modernidade resgate este indivíduo que, diante das
das suas próprias capacidades e condições, permitindo que a sua subserviência o torne
Referências Bibliográficas