Apostila Sistema Endócrino
Apostila Sistema Endócrino
Apostila Sistema Endócrino
SISTEMA
ENDÓCRINO
INTRODUÇÃO
O sistema endócrino foi desenvolvido para permitir que os processos fisiológicos sejam
coordenados e regulados, deste modo, está envolvido no controle de funções fisiológicas,
como metabolismo, crescimento, comportamento, pressão arterial, reprodução etc. Este
sistema utiliza mensageiros/sinalizadores químicos denominados hormônios, que por sua vez
são definidos como substâncias químicas produzidas por órgãos endócrinos específicos,
transportadas pelo sistema vascular e podem atuar em órgãos-alvo distantes em baixa
concentração, com a finalidade básica de inibir, estimular ou regular a atividade funcional de
seus órgãos ou tecidos-alvo.
Ao falarmos que os hormônios são produzidos por órgãos endócrinos específicos, estamos
dizendo que estas substancias são liberadas por células especializadas, as células endócrinas,
que se unem formando glândulas endócrinas. São conhecidas assim pois não possuem ductos,
secretando seus hormônios no líquido extracelular, os quais posteriormente são direcionados
por difusão para a corrente sanguínea, ao contrário das células de glândulas exócrinas, cuja
secreção é levada por meio de ductos excretores a uma cavidade ou à superfície do corpo.
Deste modo, entende-se que o sistema endócrino se constitui de uma série de glândulas
endócrinas que estão presentes nosso corpo e dos animais. Essas glândulas secretam
diferentes hormônios garantindo, assim, seu funcionamento adequado.
O sistema endócrino interage com o outro principal sistema regulador, o sistema nervoso,
estando assim integrados na promoção da homeostasia. O sistema nervoso é capaz de atuar
sobre determinada célula em milésimo de segundo, enquanto que os hormônios alcançam as
células-alvo por meio da corrente sanguínea e, para isso, necessitam de pelo menos 30
segundos. Os hormônios circulam por todo o corpo e produzem efeito sempre que encontram
receptores aos quais podem se ligar, seja no interior ou na membrana das células, onde
possuem um tempo de ação é relativamente mais lento do que o sistema nervoso, porém, a
estimulação tende a ser mais duradoura, variando de minutos a dias, o que contrasta com o
sistema nervoso.
SINALIZAÇÃO HORMONAL
As células comunicam-se por meio de mensageiros químicos, neste caso os hormônios. É
possível notar três modos de comunicação ou sinalização mediada por eles:
Comunicação endócrina: Os hormônios são transportados via corrente sanguínea, é o modo de
sinalização típico da maioria dos hormônios.
Comunicação parácrina: Os produtos de determinadas células se difundem através do líquido
extracelular, afetando células vizinhas a uma certa distância. Exemplo: prostaglandinas.
Comunicação autócrina: A células secretam mensageiros químicos que se ligam a receptores
na mesma célula.
CICLO BIOLÓGICO
SÍNTESE, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE
HIPOTÁLAMO
O hipotálamo corresponde a uma área do sistema nervoso central (diencéfalo) formada por
neurônios especializados e alguns deles com capacidade de desenvolver funções endócrinas. A
integração com o sistema endócrino é efetivada pelo controle que o hipotálamo exerce sobre a
atividade da glândula pituitária (hipófise), formando uma ponte muito importante entre o sistema
nervoso e o endócrino. No hipotálamo estão presentes diversos núcleos (grupos de neurônios
com a mesma função), responsáveis por produzem compostos neuroendócrinos variados que
regulam diretamente os eixos hormonais do organismo e tantas outras funções vitais para o
organismo. O hipotálamo produz peptídeos e aminas que agem sobre a glândula hipófise
estimulando-a a produzir uma série de hormônios. Em resumo, o hipotálamo processa a
informações aferentes proveniente da maioria das áreas do organismo e do cérebro, em seguida,
secreta neuro-hormônios estimulantes ou inibitórios no sistema porta hipotálamo-hipofisário
para controlar a secreção dos hormônios pela hipófise.
GLÂNDULA PITUITÁRIA (HIPÓFISE)
Adenohipófise ou hipófise anterior: Originada do ectoderma oral embrionário denominada bolsa
de Rathke. Corresponde a porção secretora desta glândula, pois é constituída por um conjunto
de células endócrinas que secretam uma variedade de hormônios no sangue. O hipotálamo e a
adenohipófise estão diretamente ligados pelos vasos sanguíneos do sistema porta hipotalâmico-
hipofisário, que fornece a maior parte do suprimento sanguíneo (sangue venoso vindo do
hipotálamo) para a glândula. Além disso, funciona também como um meio ideal de comunicação
endócrina entre estas duas estruturas, pois, os hormônios do hipotálamo podem ser distribuídos
em altas concentrações diretamente para a adenohipófise estimulando ou inibindo a secreção
dos hormônios hipofisários. Deste modo, os hormônios do hipotálamo não se difundem na
circulação sistêmica em altas concentrações, sendo as células da adenohipófise as únicas do
corpo que recebem altas concentrações dos hormônios hipotalâmicos.
Seis hormônios importantes são secretados pelo lobo anterior da hipófise: TSH, FSH, LH, ACTH,
hormônio do crescimento (GH) e Prolactina. Cada hormônio é secretado por um tipo de célula
diferente (exceto FSH e LH, que são secretados pelo mesmo tipo).
Neurohipófise ou hipófise posterior: Não possui função de secreção, embora através dela sejam
liberados dois hormônios peptídicos: o hormônio antidiurético (ADH) e a ocitocina. Este
fenômeno se dá porque a neurohipofise corresponde a área onde as células nervosas dos
núcleos supraópticos e paraventriculares do hipotálamo terminam e secretam seus
neurotransmissores (ADH e ocitocina) no sangue. Por isso, dizemos que a neuro hipófise apenas
armazena estes hormônios hipotalâmicos.
HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS
Hormônio do crescimento (GH): Também é conhecido como somatotropina, secretado durante toda a
vida, seu efeito mais evidente, é a promoção do crescimento corporal em animais jovens, principalmente
dos ossos e músculos. Sua secreção aumenta constantemente desde o nascimento até a primeira infância,
onde estabiliza até a chegada da puberdade, quando ocorre grandes picos de liberação induzidos pelo
estrogênio (fêmeas) e pela testosterona (machos).
Os receptores de GH podem ser encontrados em muitas células do corpo, sendo os mais importantes
localizados no fígado e no tecido adiposo, onde desempenha as funções de incentivar a síntese de
proteínas, fornecendo assim materiais para a hiperplasia e hipertrofia, bem como provoca a mobilização
(liberação) dos lipídios armazenados no tecido adiposo e seu respectivo uso para produção de energia
celular. Alguns efeitos do GH são indiretos, pois ele estimula a produção de somatomedinas (ou fatores de
crescimento semelhantes à insulina [IGFs]), no fígado, e estas seguem para os tecidos onde promovem
respostas celular ligadas a desenvolvimento anatômico.
Hormônio luteinizante: Tem como função principal provocar a ovocitação (rompimento do folículo). A
medida que o folículo cresce, ele produz quantidades crescentes de estrogênio. Altas concentrações de
estrogênio leva à diminuição na produção de FSH e estimula o aumento na produção de LH. Quando o
folículo estiver completamente maduro, o nível de LH atinge um pico, o que provoca na maioria das
espécies animais a ovocitação. Após a ocorrência da ovocitação, o elevado nível LH estimula as células
foliculares e da teca interna a se multiplicarem formando o corpo lúteo, responsável por sintetizar a
progesterona. No macho, o LH estimula as células de Leydig (nos testículos) a se desenvolverem e
produzirem o hormônio sexual masculino, a testosterona.
Ocitocina: Promove a ejeção do leite, para isso, estimula a contração das células mioepiteliais que
revestem os ductos e os alvéolos lactíferos, forçando o leite para os grandes ductos e cisternas da
glândula. O principal estímulo, para a secreção de ocitocina, é a sucção da mama. Os receptores
sensoriais, no mamilo, transmitem impulsos para a medula espinal através dos neurônios aferentes. Essa
informação, em seguida, ascende até os núcleos paraventriculares do hipotálamo. Normalmente, demora
poucos segundos entre a estimulação da teta e o início do fluxo de leite. Vale salientar que respostas
condicionadas como ver, ouvir os sons ou sentir o cheiro do lactente (filhote) também causam a descida
do leite. Outra ação da ocitocina é promover a contração uterina, mesmo em concentração muito baixa, a
ocitocina provoca fortes contrações do músculo liso uterino, o que auxilia no momento do parto
promovendo a expulsão do feto e da placenta. No período de fertilidade, a ocitocina induz contrações
uterinas que auxiliam no transporte dos espermatozoides até as tubas uterinas..
GLÂNDULA TIREÓIDE
É composta por dois lobos, dispostos em ambos os lados da traqueia, conectados por uma porção
estreita de tecido. A glândula tireoide apresenta um aspecto diferenciado, pois é composta por
muitos pequenos folículos (células arranjadas em um formato circular), o lúmen de cada folículo é
preenchido por um líquido viscoso denominado coloide. Cada folículo é constituído por uma
camada única de células glandulares, conhecidas como células foliculares da glândula tireoide, e
são elas as responsáveis pela produção dos dois hormônios da tireoide, a tri-iodotironina (T3) e a
tetraiodotironina ou tiroxina (T4). Eles têm efeitos sobre praticamente todos os órgãos do corpo,
incluindo os envolvidos no crescimento e no desenvolvimento normais. No tecido conjuntivo, entre
os folículos da tireoide, encontra-se outro conjunto de células endócrinas, denominadas células C
ou células parafoliculares, e tem ação endócrina importante, pois secretam a calcitonina, um
hormônio ligado a regulação do cálcio.
HORMÔNIOS DA TIREÓIDE
T3 e T4
Embora T3 seja mais ativo do que T4, a glândula tireoide secreta em maior proporção o T4. Esse
“problema” de secreção da forma menos ativa é resolvido nos tecidos-alvo, que convertem T4 em
T3. Deste modo, a primeira etapa para a ação dos hormônios tireoidianos, nos tecidos-alvo, é a
conversão, mediada pela enzima 5’ iodinase, uma vez que T3 é produzido se liga a receptor nuclear
onde estimula a transcrição do DNA, culminando na síntese de uma grande variedade de proteínas.
Ações do T3 e T4: No tangente ao metabolismo sabe-se que estes dois hormônios aumentam a
taxa do metabolismo basal induzindo o aumento do consumo de oxigênio pelos tecidos. Por isso,
atuam também sobre as vias cardiovasculares e respiratórias onde produzem aumento do débito
cardíaco e da ventilação, no coração, induzem a síntese de receptores β-adrenérgicos aumentando
a frequência cardíaca e a contratilidade. Eles aumentam tanto a síntese proteica como sua
degradação, mas, no geral, o efeito final do T3 e do T4 é catabólico (degradação), que resulta em
diminuição de massa muscular.
O T3 e o T4 aumentam a absorção de glicose pelo trato gastrointestinal e potencializam os
efeitos de outros hormônios sobre a gliconeogênese, lipólise e proteólise.A produção do
hormônio tireoidiano aumenta com a exposição do organismo a temperaturas frias, aumentando
assim a taxa metabólica e a produção de calor, esta produção mais intensa de calor é feita pela
elevada degradação dos nutrientes em ritmo mais acelerado. Também agem sobre o crescimento
e desenvolvimento, onde nota-se que atuam sinergicamente com o hormônio do crescimento e as
somatomedinas (IGF’s), promovendo a formação óssea e também possibilitam a maturação do
sistema nervoso.
HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO-TIREOIDIANO
Ações da calcitonina: A calcitonina liga-se a receptores nos túbulos renais e inibe a reabsorção de
cálcio. Assim, ocorre a excreção do cálcio na urina reduzindo seu nível no sangue. Além disso, liga-se a
receptores presentes nos osteoclástos e inibe a reabsorção óssea, isso reduz a liberação de cálcio e de
fósforo no sangue, atua também sobre o trato gastrointestinal inibindo a absorção de cálcio, fazendo
com que o mesmo seja excretado nas fezes.
GLÂNDULA PARATIREÓIDE
A maioria dos animais domésticos possui dois pares de glândulas paratireoides, que em geral,
estão localizadas nos polos dos dois lobos da glândula tireoide. As células das paratireoides
são muito sensíveis a um declínio na concentração de cálcio sanguíneo, e detectam as
alterações deste íon através de receptores sensores de cálcio presentes em sua membrana
plasmática. Se houver declínio da concentração de cálcio, o receptor é ativado, e inicia a fusão
da vesícula de armazenamento de PTH com a membrana celular, e o PTH é liberado na corrente
sanguínea.
Ações do PTH: O PTH liga-se a seus receptores nos osteócitos e estimula essas células a
bombear cálcio dos ossos para o líquido extracelular e o sangue. Este hormônio também
estimula o rim a reabsorver o cálcio. Se a alteração do cálcio sanguíneo for pequena, isso
frequentemente é suficiente para corrigir a hipocalcemia. Ainda nos rins, o PTH estimula a
enzima que age sobre a vitamina D, ativando-a. A vitamina D, segue para o intestino, onde
estimula a absorção do cálcio dietético através do epitélio intestinal. Na ausência da vitamina
D ativada, a maioria dos animais é incapaz de adquirir cálcio da dieta em quantidades
suficientes.
PÂNCREAS (PORÇÃO ENDÓCRINA)
O pâncreas secreta dois hormônios peptídicos importantes, a insulina e o glucagon, cujas funções visam
regular o metabolismo da glicose, dos ácidos graxos e dos aminoácidos. As células pancreáticas
endócrinas se organizam formando pequenos grupos denominados ilhotas de Langerhans. As ilhotas
contêm quatro tipos de células, a grande maioria destas células são denominadasβ (70%) e secretam
insulina; 20% são célulasαque secretam glucagon, e os outros 10 % são células δ que secretam
somatostatina e polipeptídio pancreático, (5% cada tipo).
HORMÔNIOS PANCREÁTICOS
INSULINA
É um hormônio polipeptídico secretado em resposta à hiperglicemia (aumento da glicose no sangue).
Quando a disponibilidade de nutrientes excede as demandas do organismo, a insulina assegura que o
excesso seja armazenado como glicogênio no fígado, como gordura no tecido adiposo, e como proteína
no músculo.
GLUCAGON
É um peptídeo secretado pelas células αdo pâncreas quando a concentração de glicose se encontra
baixa. Apresenta o efeito contrário ao da insulina, enquanto a insulina reduz o nível de glicose, o
glucagon o eleva. Assim, a regulação do glucagon atua em conjunto com a regulação da insulina,
mantendo as concentrações de glicose dentro da variação fisiológica.
MINERALOCORTICOIDES
O principal hormônio mineralocorticoide produzido na zona glomerulosa é a aldosterona. O
equilíbrio eletrolítico e a homeostasia da pressão arterial representam os principais efeitos
fisiológicos dos mineralocorticoides.
Aldosterona: Realiza suas funções a partir do sistema renina-angiotensina-aldosterona. A
aldosterona estimula a reabsorção renal de sódio, o qual é acompanhado pela água, bem como,
aumenta a secreção renal de potássio. Deste modo tem como função principal regular a pressão
arterial promovendo a hipertensão.
GLICOCORTICOIDES
O nome para este grupo de hormônios provém de seu efeito sobre a concentração sanguínea de
glicose. Os hormônios cortisol e cortisona, possuem um efeito geral hiperglicemiante. O cortisol
é o principal glicocorticoide produzido na zona fasciculada, a corticosterona é sintetizada em
quantidades menores na maioria dos mamíferos.
TESTÍCULOS
São dois, e corresponde a gônada masculina. A maior parte de cada testículo é composta por
emaranhados de túbulos seminíferos onde são produzidos os espermatozoides (gameta
masculino). Entre os túbulos seminíferos encontram-se os grupos de células endócrinas
produtoras de andrógenos (hormônios sexuais masculinos, mais especificamente, a
testosterona). Elas são as células de Leydig, também chamadas de células intersticiais. A
produção de testosterona pelas células de Leydig é estimulada pelo hormônio luteinizante
(LH), pois, se liga a receptores presentes na membrana celular ativando uma série de reações
enzimáticas que culmina na conversão colesterol em testosterona. Esta, age sobre o
organismo conferindo características corporais e funcionais masculinas, e estimulando a
espermatogênese.
O FSH também atua sobre os machos, estimulando a atividade secretora das células de
Sertoli, que revestem o túbulo seminífero e tem importantes funções no sustento da
espermatogênese, uma delas é o fornecimento de nutrientes para a diferenciação dos
espermatozoides e produção do estrógeno e diihidrotestosterona.
OVÁRIOS
Relaxina: É um hormônio proteico produzido durante a gestação pela placenta (gatas, cadelas
e éguas) ou pelo corpo lúteo (porcas, vacas e primatas). A principal ação biológica da relaxina
é a dilatação da cérvix e da vagina antes do parto, sendo importante para preparar os tecidos
moles do canal pélvico para a passagem do feto no momento do nascimento, e acredita-se que
está envolvida também no suporte da gestação através de uma ação sinérgica com a
progesterona.
REFERÊNCIAS
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