Apostila Sistema Endócrino

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FISIOLOGIA DO

SISTEMA
ENDÓCRINO

GCCA487 - FISIOLOGIA DOS


ANIMAIS DOMÉSTICOS
MEDICINA VETRINÁRIA

Docente: Prof. Dr ª Evani Strada

Monitor: Ruan Carlos Sampaio


FISIOLOGIA DO
SISTEMA ENDÓCRINO

INTRODUÇÃO
O sistema endócrino foi desenvolvido para permitir que os processos fisiológicos sejam
coordenados e regulados, deste modo, está envolvido no controle de funções fisiológicas,
como metabolismo, crescimento, comportamento, pressão arterial, reprodução etc. Este
sistema utiliza mensageiros/sinalizadores químicos denominados hormônios, que por sua vez
são definidos como substâncias químicas produzidas por órgãos endócrinos específicos,
transportadas pelo sistema vascular e podem atuar em órgãos-alvo distantes em baixa
concentração, com a finalidade básica de inibir, estimular ou regular a atividade funcional de
seus órgãos ou tecidos-alvo.
Ao falarmos que os hormônios são produzidos por órgãos endócrinos específicos, estamos
dizendo que estas substancias são liberadas por células especializadas, as células endócrinas,
que se unem formando glândulas endócrinas. São conhecidas assim pois não possuem ductos,
secretando seus hormônios no líquido extracelular, os quais posteriormente são direcionados
por difusão para a corrente sanguínea, ao contrário das células de glândulas exócrinas, cuja
secreção é levada por meio de ductos excretores a uma cavidade ou à superfície do corpo.
Deste modo, entende-se que o sistema endócrino se constitui de uma série de glândulas
endócrinas que estão presentes nosso corpo e dos animais. Essas glândulas secretam
diferentes hormônios garantindo, assim, seu funcionamento adequado.
O sistema endócrino interage com o outro principal sistema regulador, o sistema nervoso,
estando assim integrados na promoção da homeostasia. O sistema nervoso é capaz de atuar
sobre determinada célula em milésimo de segundo, enquanto que os hormônios alcançam as
células-alvo por meio da corrente sanguínea e, para isso, necessitam de pelo menos 30
segundos. Os hormônios circulam por todo o corpo e produzem efeito sempre que encontram
receptores aos quais podem se ligar, seja no interior ou na membrana das células, onde
possuem um tempo de ação é relativamente mais lento do que o sistema nervoso, porém, a
estimulação tende a ser mais duradoura, variando de minutos a dias, o que contrasta com o
sistema nervoso.

Fonte da imagem: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1797409/mod_resource/content/1/aula%202%20endocrino.pdf


CLASSIFICAÇÃO DAS GLÂNDULAS:

SINALIZAÇÃO HORMONAL
As células comunicam-se por meio de mensageiros químicos, neste caso os hormônios. É
possível notar três modos de comunicação ou sinalização mediada por eles:
Comunicação endócrina: Os hormônios são transportados via corrente sanguínea, é o modo de
sinalização típico da maioria dos hormônios.
Comunicação parácrina: Os produtos de determinadas células se difundem através do líquido
extracelular, afetando células vizinhas a uma certa distância. Exemplo: prostaglandinas.
Comunicação autócrina: A células secretam mensageiros químicos que se ligam a receptores
na mesma célula.

Fonte da imagem: Cunningham,2004.


CLASSES QUÍMICAS DOS HORMÔNIOS
Os hormônios são classificados em três classes, e cada uma delas difere de acordo com sua
via biosintética e outras características.

CICLO BIOLÓGICO
SÍNTESE, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE

Hormônios peptídicos e proteicos: Inicialmente são sintetizados nos ribossomos como


precursores proteicos maiores, conhecidos como pré - pró-hormônios. O pré - pró-hormônio é
secretado para o interior do Retículo Endoplasmático Rugoso (RER), onde há uma peptidase
responsável por efetuar a rápida remoção da porção “pré”, originando o pró-hormônio, que
deixa o RER em vesículas. Estas vesículas então se movem para o aparelho de Golgi, onde se
juntam com as membranas de Golgi formando grânulos secretórios, o pró-hormônio é clivado,
originando os hormônios. Deste modo, a maioria dos hormônios já apresentam sua forma final
dentro do aparelho de Golgi. Os hormônios proteicos são armazenados em grânulos (vesículas)
até a célula receber um estímulo apropriado para secretá-los, por meio do processo da
exocitose de grânulos em resposta a um sinal específico.
Por serem hidrossolúveis, esses hormônios circulam livremente na corrente sanguínea, e como
não são lipossolúveis, eles não entram nas células-alvo.

Hormônios esteroides: Todos esses compostos derivam do colesterol, e o tipo de hormônio


esteroide que é sintetizado depende da presença de enzimas específicas dentro da célula
produtora. Os hormônios esteroides não são armazenados nas células endócrinas que os
sintetizam. Isso significa que eles precisam ser produzidos sempre que for necessário, ou seja,
sempre que chega um estímulo na célula endócrina ele induz a síntese dos hormônios
esteroides com subsequente liberação automática (difundem-se através da membrana celular).
Como são lipossolúveis, necessitam de proteínas de transporte para transportá-los pela
corrente sanguínea até os tecidos, onde penetram através da membrana celular das células
alvo.
Hormônios aminicos: Os hormônios aminas são as catecolaminas (epinefrina, norepinefrina e
dopamina) e os hormônios da tireoide (T3 e T4).
Catecolaminas: O substrato utilizado pelas células da região medular da adrenal para
sintetizar as catecolaminas (noradrenalina e adrenalina) é o aminoácido tirosina. Estas são
produzidas por uma série de reações enzimáticas e ficam armazenadas nas células até que
seja necessário seu uso, quando são liberadas no sangue, por onde são transportadas
livremente.
Hormônios tireoidianos (T3 e T4): São derivados do processo de iodação do grupo hidroxila
no anel fenil do aminoácido tirosina. Os hormônios tireoidianos recém-sintetizados, ficam
armazenados no folículo glandular ligados à tireoglobulina. Como não são hidrossolúveis
precisam circular ligados a uma proteína carreadora especial. Assim como os hormônios
esteroides, os hormônios tireoidianos são lipossolúveis e sofrem difusão para dentro das
células do corpo.

INTERAÇÃO HORMÔNIO-CÉLULA E RESPOSTA CELULAR

Peptídicos/proteicos e as catecolaminas: Os hormônios peptídicos são incapazes de entrar em


suas células-alvo em virtude de seu tamanho e de sua carga, portanto, as células-alvo desses
hormônios apresentam receptores localizados na membrana celular. Esses receptores
reconhecem o seu respectivo hormônio (ligante). Uma vez ligados, os receptores sofrem
mudanças conformacionais que desencadeia a produção de um segundo mensageiro, ativando
uma cascata de eventos que resulta em alterações da fisiologia celular.
Esteroides: Os hormônios esteroides apresentam seus receptores no citoplasma celular, pois, o
hormônio é capaz de atravessar a membrana plasmática celular devido suas características
lipossolúveis.
T3 e T4: Os hormônios tireoidianos (moléculas de tirosina iodadas) também penetram na
célula, porém, diferente dos esteróis apresenta seus receptores localizados no núcleo da
célula.
Quando os hormônios esteroides e os tireoidianos interagem com o seus receptores, o
complexo formado provoca uma mudança no formato do receptor isto facilita a regulação da
transcrição e da tradução de determinados genes do DNA, isto significa que os hormônios
deste grupo levam a célula a sintetizar proteínas (que frequentemente incluem enzimas ou
fatores de crescimento). Este mecanismo constitui a resposta da célula aos hormônios
esteroides, T3 e T4.
Devido ao tempo levado para a transcrição e a tradução dos genes, os hormônios esteroides e
o T3 e T4 estão envolvidos em respostas mais lentas, e de mais longo prazo nas células do que
os hormônios peptídicos, proteicos e as catecolaminas.
PRINCIPAIS GLÂNDULAS
ENDÓCRINAS

imagem adaptada de: https://www.educaplay.com/printablegame/3877480-glandulas_del_cuerpo_1.html

HIPOTÁLAMO
O hipotálamo corresponde a uma área do sistema nervoso central (diencéfalo) formada por
neurônios especializados e alguns deles com capacidade de desenvolver funções endócrinas. A
integração com o sistema endócrino é efetivada pelo controle que o hipotálamo exerce sobre a
atividade da glândula pituitária (hipófise), formando uma ponte muito importante entre o sistema
nervoso e o endócrino. No hipotálamo estão presentes diversos núcleos (grupos de neurônios
com a mesma função), responsáveis por produzem compostos neuroendócrinos variados que
regulam diretamente os eixos hormonais do organismo e tantas outras funções vitais para o
organismo. O hipotálamo produz peptídeos e aminas que agem sobre a glândula hipófise
estimulando-a a produzir uma série de hormônios. Em resumo, o hipotálamo processa a
informações aferentes proveniente da maioria das áreas do organismo e do cérebro, em seguida,
secreta neuro-hormônios estimulantes ou inibitórios no sistema porta hipotálamo-hipofisário
para controlar a secreção dos hormônios pela hipófise.
GLÂNDULA PITUITÁRIA (HIPÓFISE)
Adenohipófise ou hipófise anterior: Originada do ectoderma oral embrionário denominada bolsa
de Rathke. Corresponde a porção secretora desta glândula, pois é constituída por um conjunto
de células endócrinas que secretam uma variedade de hormônios no sangue. O hipotálamo e a
adenohipófise estão diretamente ligados pelos vasos sanguíneos do sistema porta hipotalâmico-
hipofisário, que fornece a maior parte do suprimento sanguíneo (sangue venoso vindo do
hipotálamo) para a glândula. Além disso, funciona também como um meio ideal de comunicação
endócrina entre estas duas estruturas, pois, os hormônios do hipotálamo podem ser distribuídos
em altas concentrações diretamente para a adenohipófise estimulando ou inibindo a secreção
dos hormônios hipofisários. Deste modo, os hormônios do hipotálamo não se difundem na
circulação sistêmica em altas concentrações, sendo as células da adenohipófise as únicas do
corpo que recebem altas concentrações dos hormônios hipotalâmicos.
Seis hormônios importantes são secretados pelo lobo anterior da hipófise: TSH, FSH, LH, ACTH,
hormônio do crescimento (GH) e Prolactina. Cada hormônio é secretado por um tipo de célula
diferente (exceto FSH e LH, que são secretados pelo mesmo tipo).

Neurohipófise ou hipófise posterior: Não possui função de secreção, embora através dela sejam
liberados dois hormônios peptídicos: o hormônio antidiurético (ADH) e a ocitocina. Este
fenômeno se dá porque a neurohipofise corresponde a área onde as células nervosas dos
núcleos supraópticos e paraventriculares do hipotálamo terminam e secretam seus
neurotransmissores (ADH e ocitocina) no sangue. Por isso, dizemos que a neuro hipófise apenas
armazena estes hormônios hipotalâmicos.
HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS
Hormônio do crescimento (GH): Também é conhecido como somatotropina, secretado durante toda a
vida, seu efeito mais evidente, é a promoção do crescimento corporal em animais jovens, principalmente
dos ossos e músculos. Sua secreção aumenta constantemente desde o nascimento até a primeira infância,
onde estabiliza até a chegada da puberdade, quando ocorre grandes picos de liberação induzidos pelo
estrogênio (fêmeas) e pela testosterona (machos).
Os receptores de GH podem ser encontrados em muitas células do corpo, sendo os mais importantes
localizados no fígado e no tecido adiposo, onde desempenha as funções de incentivar a síntese de
proteínas, fornecendo assim materiais para a hiperplasia e hipertrofia, bem como provoca a mobilização
(liberação) dos lipídios armazenados no tecido adiposo e seu respectivo uso para produção de energia
celular. Alguns efeitos do GH são indiretos, pois ele estimula a produção de somatomedinas (ou fatores de
crescimento semelhantes à insulina [IGFs]), no fígado, e estas seguem para os tecidos onde promovem
respostas celular ligadas a desenvolvimento anatômico.

Hormônio estimulador da tireoide (TSH) ou Tireotropina: Estimula o crescimento e o desenvolvimento


da glândula tireoide e instiga a produção de seus hormônios (T3 E T4). Caso o nível dos hormônios da
tireoide se eleve acima da necessidade do organismo, a produção de TSH diminui, pois, o hipotálamo para
de produzir o TRH. Isto diminui a produção hormonal da glândula tireoide, diminuindo também a
concentração dos hormônios tireoidianos na corrente sanguínea. Quando os níveis de hormônios
tireoidianos diminuem, o cérebro detecta essa situação e sinaliza para o hipotálamo para secretar TRH,
que estimula a hipófise a secretar TSH, este mecanismo mantem os níveis hormonais sempre próximo do
ideal.

Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) ou Corticotrofina: Estimula o crescimento e o desenvolvimento do


córtex das glândulas adrenais, bem como controla a liberação e secreção dos glicocorticoides. Existe um
sistema de feedback negativo, pelo qual os glicocorticoides inibem a liberação do hormônio regulador da
corticotrofina (CRH) pelo hipotálamo, o que, por sua vez, resulta na redução da secreção de ACTH pela
glândula hipófise, da mesma forma que é regulada a produção do TSH pelo feedback do T3 e T4 (explicado
anteriormente).

Prolactina: É o principal hormônio responsável pela produção de leite e também participa do


desenvolvimento das mamas. O número de células produtoras de prolactina (lactotróficas) aumentam
durante a gravidez (em especial no terço final) e enquanto o animal estiver lactando, pois, a demanda por
prolactina é maior nestas fases. Além disso, atua com o estrogênio, a progesterona e com o lactogênio
placentário produzido no final da gestação, para acelerar o crescimento da glândula mamária. A prolactina
tem seus receptores nas células secretoras do leite, que compõem a glândula mamária, onde desencadeia
a produção aumentada de caseína no aparelho de Golgi, promovendo assim a produção de leite. Após o
início da lactação, a produção e liberação da prolactina pela hipófise anterior continua enquanto a teta ou
mamilo for estimulado pela sucção promovida pelo filhote ou pela ordenha (tais atitudes estimulam o
hipotálamo a liberar PRH). Uma vez cessada a amamentação ou ordenha, a produção de prolactina também
cessará. Quando os níveis sanguíneos de prolactina estão excessivamente altos, ela exerce uma ação de
retroalimentação sobre o hipotálamo, que então secreta o hormônio inibidor da prolactina (PIH) no sistema
porta hipotálamo-hipofisário, inibindo a secreção de prolactina pela hipófise.
Hormônio folículo-estimulante (FSH): Nomeado devido ao seu efeito na fêmea, pois estimula o
crescimento e o desenvolvimento dos folículos nos ovários, embora tenha ação também sobre machos. O
FSH estimula o desenvolvimento do folículo ovariano, bem como age também sobre as células da
granulosa induzindo a produção e secreção de estrógeno (hormônio sexual feminino), nos folículos
maduros estimula a síntese dos receptores de LH. No macho também age sobre as células de Sertoli
estimulando a síntese de estrógeno e da di-hidrotestosterona.

Hormônio luteinizante: Tem como função principal provocar a ovocitação (rompimento do folículo). A
medida que o folículo cresce, ele produz quantidades crescentes de estrogênio. Altas concentrações de
estrogênio leva à diminuição na produção de FSH e estimula o aumento na produção de LH. Quando o
folículo estiver completamente maduro, o nível de LH atinge um pico, o que provoca na maioria das
espécies animais a ovocitação. Após a ocorrência da ovocitação, o elevado nível LH estimula as células
foliculares e da teca interna a se multiplicarem formando o corpo lúteo, responsável por sintetizar a
progesterona. No macho, o LH estimula as células de Leydig (nos testículos) a se desenvolverem e
produzirem o hormônio sexual masculino, a testosterona.

O FSH e o LH são agrupados sob o termo gonadotrofinas, porque estimulam o crescimento e o


desenvolvimento das gônadas: ovários e testículos.

Hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina: Produzido no hipotálamo e liberado pela neurohipófise,


seu principal efeito é regular a osmolaridade do líquido extracelular e aumentar a retenção de água pelos
rins, se tornando assim, o hormônio mais importante para o controle do balanço hídrico. Este hormônio
também possui um efeito pressor, o qual envolve a contração de músculo liso do sistema vascular e,
portanto, tem um efeito sobre a pressão sanguínea. O aumento da osmolaridade do plasma é detectado
por osmorreceptores presentes no hipotálamo. Quando um animal se torna levemente desidratado, a
pressão osmótica do sangue aumenta, tornando-o mais concentrado, além disso, receptores do estomago
e do esôfago também irão detectar a baixa ingestão de água, estes enviam a informação para o núcleo
produtor do ADH, o qual é liberado na corrente sanguínea. Deste modo, o aumento da osmolaridade
plasmática é o estímulo fisiológico mais importante para o aumento da secreção de ADH que irá atuar
sobre os rins mais especificamente nos túbulos distais e no ducto coletor promovendo a abertura dos
canais de água (aquaporinas) fazendo com que a água retorne para a circulação, ao invés de ser excretada
na urina. Outra ação do ADH é a de provocar a contração do músculo liso vascular (por isso o nome
vasopressina). A contração do músculo liso vascular leva a constrição das arteríolas aumentando assim a
resistência periférica dos vasos. Estes mecanismos corroboram para o aumento da pressão arterial.

Ocitocina: Promove a ejeção do leite, para isso, estimula a contração das células mioepiteliais que
revestem os ductos e os alvéolos lactíferos, forçando o leite para os grandes ductos e cisternas da
glândula. O principal estímulo, para a secreção de ocitocina, é a sucção da mama. Os receptores
sensoriais, no mamilo, transmitem impulsos para a medula espinal através dos neurônios aferentes. Essa
informação, em seguida, ascende até os núcleos paraventriculares do hipotálamo. Normalmente, demora
poucos segundos entre a estimulação da teta e o início do fluxo de leite. Vale salientar que respostas
condicionadas como ver, ouvir os sons ou sentir o cheiro do lactente (filhote) também causam a descida
do leite. Outra ação da ocitocina é promover a contração uterina, mesmo em concentração muito baixa, a
ocitocina provoca fortes contrações do músculo liso uterino, o que auxilia no momento do parto
promovendo a expulsão do feto e da placenta. No período de fertilidade, a ocitocina induz contrações
uterinas que auxiliam no transporte dos espermatozoides até as tubas uterinas..
GLÂNDULA TIREÓIDE
É composta por dois lobos, dispostos em ambos os lados da traqueia, conectados por uma porção
estreita de tecido. A glândula tireoide apresenta um aspecto diferenciado, pois é composta por
muitos pequenos folículos (células arranjadas em um formato circular), o lúmen de cada folículo é
preenchido por um líquido viscoso denominado coloide. Cada folículo é constituído por uma
camada única de células glandulares, conhecidas como células foliculares da glândula tireoide, e
são elas as responsáveis pela produção dos dois hormônios da tireoide, a tri-iodotironina (T3) e a
tetraiodotironina ou tiroxina (T4). Eles têm efeitos sobre praticamente todos os órgãos do corpo,
incluindo os envolvidos no crescimento e no desenvolvimento normais. No tecido conjuntivo, entre
os folículos da tireoide, encontra-se outro conjunto de células endócrinas, denominadas células C
ou células parafoliculares, e tem ação endócrina importante, pois secretam a calcitonina, um
hormônio ligado a regulação do cálcio.

HORMÔNIOS DA TIREÓIDE

T3 e T4

Embora T3 seja mais ativo do que T4, a glândula tireoide secreta em maior proporção o T4. Esse
“problema” de secreção da forma menos ativa é resolvido nos tecidos-alvo, que convertem T4 em
T3. Deste modo, a primeira etapa para a ação dos hormônios tireoidianos, nos tecidos-alvo, é a
conversão, mediada pela enzima 5’ iodinase, uma vez que T3 é produzido se liga a receptor nuclear
onde estimula a transcrição do DNA, culminando na síntese de uma grande variedade de proteínas.
Ações do T3 e T4: No tangente ao metabolismo sabe-se que estes dois hormônios aumentam a
taxa do metabolismo basal induzindo o aumento do consumo de oxigênio pelos tecidos. Por isso,
atuam também sobre as vias cardiovasculares e respiratórias onde produzem aumento do débito
cardíaco e da ventilação, no coração, induzem a síntese de receptores β-adrenérgicos aumentando
a frequência cardíaca e a contratilidade. Eles aumentam tanto a síntese proteica como sua
degradação, mas, no geral, o efeito final do T3 e do T4 é catabólico (degradação), que resulta em
diminuição de massa muscular.
O T3 e o T4 aumentam a absorção de glicose pelo trato gastrointestinal e potencializam os
efeitos de outros hormônios sobre a gliconeogênese, lipólise e proteólise.A produção do
hormônio tireoidiano aumenta com a exposição do organismo a temperaturas frias, aumentando
assim a taxa metabólica e a produção de calor, esta produção mais intensa de calor é feita pela
elevada degradação dos nutrientes em ritmo mais acelerado. Também agem sobre o crescimento
e desenvolvimento, onde nota-se que atuam sinergicamente com o hormônio do crescimento e as
somatomedinas (IGF’s), promovendo a formação óssea e também possibilitam a maturação do
sistema nervoso.

HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO-TIREOIDIANO

Núcleos presentes no hipotálamo, serão estimulados a produzir o hormônio regulador da tireotrofina


(TRH), este é um peptídeo e será liberado no sistema porta hipofisário, onde será transportado
livremente no sangue devido a sua composição hidrofílica, até que chegue nas células tireotróficas
presentes na adenohipófise (porção anterior da hipófise). Estas células apresentam os receptores
para tal hormônio na superfície de sua membrana plasmática, onde ao se ligar, o TRH, irá estimular a
ação de um segundo mensageiro com consequente ativação de cascata enzimática culminando na
síntese do hormônio estimulante da tireoide (TSH). Tal hormônio é um peptídeo, logo, ao ser liberado
na corrente sanguínea será transportado livremente por ela até que chegue na glândula endócrina
tireoide e encontre seus receptores localizados nas membranas das células foliculares tireoidianas.
Assim, o mecanismo de segundo mensageiro e enzimas serão ativados proporcionando alterações na
molécula do aminoácido tironina, culminando na produção da Tiroxina(T4) e Triiodotironina (T3). A
liberação destes hormônios tireoidianos na corrente sanguínea se dá até que os mesmos ultrapassem
a concentração fisiológica para tal espécie. Isto proporciona o mecanismo de feedback negativo para
o hipotálamo que responde inibindo as células produtoras de TRH, o que inibe a estimulação
hipofisária para produção de TSH e consequentemente a produção do T3 e T4.
CALCITONINA
É o outro hormônio produzido pela glândula tireoide, mais especificamente pelas células C ou
parafoliculares da tireoide, tem um papel completamente diferente do T3 e T4. Está envolvida na
manutenção da homeostasia do cálcio prevenindo a hipercalcemia, ou seja, é secretada quando os níveis
sanguíneos de cálcio estão elevados.

Ações da calcitonina: A calcitonina liga-se a receptores nos túbulos renais e inibe a reabsorção de
cálcio. Assim, ocorre a excreção do cálcio na urina reduzindo seu nível no sangue. Além disso, liga-se a
receptores presentes nos osteoclástos e inibe a reabsorção óssea, isso reduz a liberação de cálcio e de
fósforo no sangue, atua também sobre o trato gastrointestinal inibindo a absorção de cálcio, fazendo
com que o mesmo seja excretado nas fezes.

GLÂNDULA PARATIREÓIDE
A maioria dos animais domésticos possui dois pares de glândulas paratireoides, que em geral,
estão localizadas nos polos dos dois lobos da glândula tireoide. As células das paratireoides
são muito sensíveis a um declínio na concentração de cálcio sanguíneo, e detectam as
alterações deste íon através de receptores sensores de cálcio presentes em sua membrana
plasmática. Se houver declínio da concentração de cálcio, o receptor é ativado, e inicia a fusão
da vesícula de armazenamento de PTH com a membrana celular, e o PTH é liberado na corrente
sanguínea.
Ações do PTH: O PTH liga-se a seus receptores nos osteócitos e estimula essas células a
bombear cálcio dos ossos para o líquido extracelular e o sangue. Este hormônio também
estimula o rim a reabsorver o cálcio. Se a alteração do cálcio sanguíneo for pequena, isso
frequentemente é suficiente para corrigir a hipocalcemia. Ainda nos rins, o PTH estimula a
enzima que age sobre a vitamina D, ativando-a. A vitamina D, segue para o intestino, onde
estimula a absorção do cálcio dietético através do epitélio intestinal. Na ausência da vitamina
D ativada, a maioria dos animais é incapaz de adquirir cálcio da dieta em quantidades
suficientes.
PÂNCREAS (PORÇÃO ENDÓCRINA)
O pâncreas secreta dois hormônios peptídicos importantes, a insulina e o glucagon, cujas funções visam
regular o metabolismo da glicose, dos ácidos graxos e dos aminoácidos. As células pancreáticas
endócrinas se organizam formando pequenos grupos denominados ilhotas de Langerhans. As ilhotas
contêm quatro tipos de células, a grande maioria destas células são denominadasβ (70%) e secretam
insulina; 20% são célulasαque secretam glucagon, e os outros 10 % são células δ que secretam
somatostatina e polipeptídio pancreático, (5% cada tipo).

HORMÔNIOS PANCREÁTICOS

INSULINA
É um hormônio polipeptídico secretado em resposta à hiperglicemia (aumento da glicose no sangue).
Quando a disponibilidade de nutrientes excede as demandas do organismo, a insulina assegura que o
excesso seja armazenado como glicogênio no fígado, como gordura no tecido adiposo, e como proteína
no músculo.

GLUCAGON
É um peptídeo secretado pelas células αdo pâncreas quando a concentração de glicose se encontra
baixa. Apresenta o efeito contrário ao da insulina, enquanto a insulina reduz o nível de glicose, o
glucagon o eleva. Assim, a regulação do glucagon atua em conjunto com a regulação da insulina,
mantendo as concentrações de glicose dentro da variação fisiológica.

Ações do glucagon: No fígado, o glucagon estimula a glicogenólise (quebra de glicogênio), o que


promove a liberação de glicose no sangue. Além disso, estimula enzimas que catalisam a síntese de
glicose (gliconeogênese) a partir do propionato, glicerol e aminoácidos. No músculo, estimula a
liberação de aminoácidos e a glicogenólise. Em concentrações muito altas, o glucagon pode estimular
alguma atividade lipolítica no tecido adiposo.
GLÂNDULAS ADRENAIS
As duas glândulas adrenais estão localizadas cranialmente aos rins. Cada glândula apresenta
duas camadas distintas: o córtex adrenal e a medula adrenal.

REGIÃO CORTICAL DAS ADRENAIS


Todos os hormônios produzidos pelo córtex adrenal são sintetizados a partir do colesterol, as
reações de síntese são reguladas pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), produzido na
adeno-hipófise.

MINERALOCORTICOIDES
O principal hormônio mineralocorticoide produzido na zona glomerulosa é a aldosterona. O
equilíbrio eletrolítico e a homeostasia da pressão arterial representam os principais efeitos
fisiológicos dos mineralocorticoides.
Aldosterona: Realiza suas funções a partir do sistema renina-angiotensina-aldosterona. A
aldosterona estimula a reabsorção renal de sódio, o qual é acompanhado pela água, bem como,
aumenta a secreção renal de potássio. Deste modo tem como função principal regular a pressão
arterial promovendo a hipertensão.
GLICOCORTICOIDES
O nome para este grupo de hormônios provém de seu efeito sobre a concentração sanguínea de
glicose. Os hormônios cortisol e cortisona, possuem um efeito geral hiperglicemiante. O cortisol
é o principal glicocorticoide produzido na zona fasciculada, a corticosterona é sintetizada em
quantidades menores na maioria dos mamíferos.

Cortisol: O cortisol é considerado um hormônio de “estresse”. Durante o estresse, a secreção de


cortisol provoca aumento dos níveis de glicemia pois ativa as enzimas responsáveis pela
gliconeogênese. Atua também sobre o tecido adiposo para estimular a lipólise, com
consequente elevação dos níveis de ácidos graxos no sangue. Nos músculos e outros tecidos
estimula a degradação de proteínas, resultando em elevação dos níveis sanguíneos de
aminoácidos. Em altas concentrações, o cortisol é imunossupressor, pois inibe a síntese de
prostaglandinas, diminui a secreção de histamina pelos mastócitos, diminui a fagocitose e
suprime a formação de anticorpos. O cortisol também exerce efeitos psiconeurais. Inicialmente,
provoca euforia e aumento do apetite, porém esses efeitos são posteriormente seguidos de
depressão.
ANDROGÊNIOS ADRENAIS
São hormônios que interagem com os receptores de hormônios sexuais masculinos (podem ser
convertidos em estrogênios, hormônios sexuais femininos). Os andrógenos produzidos pelas
células da zona reticular da adrenal são: desidroepiandrosterona (DHEA) e androstenediona,
mesmo sendo praticamente inativos quando comparados com a testosterona, circulam para
vários tecidos, e podem ser convertidos em testosterona. A produção de androgênios adrenais
não é tão grande nem tão significativa na maioria dos animais em comparação com os
humanos e outros primatas.

REGIÃO MEDULAR DAS ADRENAIS

A medula suprarrenal é um gânglio especializado, na divisão simpática do sistema nervoso


autônomo. Os axônios dos neurônios pré-ganglionares deste sistema trafegam até a medula
suprarrenal, onde fazem sinapses com as células cromafins e as estimulam através da
liberação de ACh. Quando ativadas, as células da medula suprarrenal secretam catecolaminas
que são epinefrina (80%) e norepinefrina (20%), na circulação geral. Os hormônios medulares
da adrenal circulam por todo o organismo promovendo o efeito de “luta ou fuga”.
GÔNADAS
As gônadas são os órgãos reprodutores, sendo os testículos nos machos e os ovários nas
fêmeas. Eles produzem as células reprodutivas masculinas e femininas e importantes
hormônios. Na puberdade nota-se o início da secreção pulsátil de GnRH. Esse novo padrão de
secreção de GnRH estimula a secreção pulsátil de FSH e LH pela hipófise causando grandes
mudanças no organismo. Muitos fatores determinam o momento e a quantidade de GnRH a ser
secretado, esses fatores incluem a duração do dia para muitas espécies que são reprodutores
sazonais, idade, nutrição, fase do ciclo estral, entre outros.

TESTÍCULOS

São dois, e corresponde a gônada masculina. A maior parte de cada testículo é composta por
emaranhados de túbulos seminíferos onde são produzidos os espermatozoides (gameta
masculino). Entre os túbulos seminíferos encontram-se os grupos de células endócrinas
produtoras de andrógenos (hormônios sexuais masculinos, mais especificamente, a
testosterona). Elas são as células de Leydig, também chamadas de células intersticiais. A
produção de testosterona pelas células de Leydig é estimulada pelo hormônio luteinizante
(LH), pois, se liga a receptores presentes na membrana celular ativando uma série de reações
enzimáticas que culmina na conversão colesterol em testosterona. Esta, age sobre o
organismo conferindo características corporais e funcionais masculinas, e estimulando a
espermatogênese.
O FSH também atua sobre os machos, estimulando a atividade secretora das células de
Sertoli, que revestem o túbulo seminífero e tem importantes funções no sustento da
espermatogênese, uma delas é o fornecimento de nutrientes para a diferenciação dos
espermatozoides e produção do estrógeno e diihidrotestosterona.

OVÁRIOS

São as gônadas femininas. Apresentam duas funções: ovogênese e secreção de estrogênio e


progesterona (hormônios esteroides sexuais femininos). A função ovariana é regulada pela
atividade pulsátil do eixo hipotálamo-hipófise (GnRH estimula a secreção de FSH e LH).
Inicialmente, o FSH estimula o crescimento e desenvolvimento dos folículos, estes por sua vez,
produzem estrógeno. Essa produção local de estrógeno, sustenta a liberação de FSH pela
hipófise, fazendo com que o folículo se desenvolva cada vez mais e por tabela, também
crescerá os níveis de estrógeno. Este produz as mudanças típicas do estro no trato genital e
no comportamento sexual feminino. Quanto mais elevado o nível de estrógeno menor será os
níveis de FSH. Ao atingir um pico, estrógeno inibe a liberação de FSH e estimula a liberação de
LH.
O LH tem como principal ação promover a ovulação. Imediatamente antes da ovulação, a
concentração circulante de LH aumenta rapidamente e quando atinge níveis máximos (pico)
induz a ruptura do folículo dominante, com consequente liberação do ovócito. O LH também
estimula a formação do corpo lúteo, processo denominado luteinização, e mantém a produção
de hormônios esteroides pelo corpo lúteo.
Estrogênios: Também conhecido como estrógenos, são hormônios esteroides produzidos pelo
ovário (células da granulosa no folículo ovariano), placenta e córtex adrenal. Todos os
estrógenos ovarianos (estradiol, estrona e estriol) são produzidos a partir de precursores
androgênicos. De modo geral, podemos dizer que a principal função dos estrógenos é
estimular a proliferação celular e o crescimento dos tecidos relacionados com a reprodução.

Progesterona: O corpo lúteo é a principal estrutura responsável pela secreção de progesterona,


ela é um hormônio sexual esteróide, que atua na preparação do útero para receber o óvulo
fecundado, sendo também necessária para a manutenção gestacional. A progesterona
promove a proliferação das glândulas endometriais, estimula a atividade secretória das
estruturas responsáveis por fornecer nutrientes ao embrião em antes da implantação; impede a
contração do útero durante a gestação estimula o desenvolvimento das células lobulares
alveolares da glândula mamária; regula a secreção das gonadotrofinas.

Relaxina: É um hormônio proteico produzido durante a gestação pela placenta (gatas, cadelas
e éguas) ou pelo corpo lúteo (porcas, vacas e primatas). A principal ação biológica da relaxina
é a dilatação da cérvix e da vagina antes do parto, sendo importante para preparar os tecidos
moles do canal pélvico para a passagem do feto no momento do nascimento, e acredita-se que
está envolvida também no suporte da gestação através de uma ação sinérgica com a
progesterona.
REFERÊNCIAS
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Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2010.
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HAFEZ, E.S.E; HAFEZ, B. Reprodução animal. 7. ed. Manole Ltda: São Paulo, 2004. 513 p.
JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, José. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio de
Janeiro: Editora Guanabara Koogan Ltda, 2013.
KLEIN, Bradley G. Cunningham tratado de fisiologia veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier
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REECE, William O. Dukes fisiologia dos animais domésticos. 13. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan Ltda, 2017.

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