Fisiologia - Prova

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Vitória Mendes – Odontologia 2021.

Fisiologia – prova 2
AULA 1: INTRODUÇÃO A FISIOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO
➔ É um sistema de comunicação e coordenação, que lembra muito o sistema nervoso. Porém,
libera hormônio no lugar de neurotransmissor.
➔ As funções e atividades das células, tecidos e dos órgãos do organismo são reguladas pela
associação do sistema nervoso e do sistema endócrino. A regulação feita pelo sistema endócrino
é mediada pela ação de hormônios.
➔ Hormônio: substância química produzida por um tecido especializado, secretada na corrente
sanguínea, na qual é conduzida até um tecido especifico (tecidos alvo) → distribuir mensagens
as células do corpo. Pra uma célula ser chamada de hormônio ela precisa ser liberada na corrente
sanguínea.
Tipos de sinalização química
✓ Endócrino: substancia química liberada na corrente sanguínea (somente a partir de
capilares, são os únicos vasos permeáveis do corpo) e podem regular células distantes.
✓ Parácrino: substância química secretada no espaço extracelular e pode regular células
próximas, sem alcançar a circulação sistêmica. A substância cruza de uma célula pra
outra (não vai pra corrente sanguínea). Ex.: testículo → células de Leydig e células de
Sertoli (são células vizinhas que dependem uma da outra); ou transmissão sináptica.
✓ Autócrino: substância química secretada no espaço extracelular e pode regular a própria
célula que o produziu, sem alcançar a circulação sistêmica. Mecanismo de auto
regulação → serve pra célula entender se ela está produzindo e liberando demais ou de
menos: se ela estiver produzindo pouco, a molécula não vai estar ligada ao receptor,
quando isso acontece, a célula entende que tem pouco hormônio e tenta criar
mecanismos pra recuperar a produção de hormônio, o contrário também ocorre).
Classificação
Quanto a estrutura molecular
1. Aminas: derivados de aminoácidos. Secretados pela tireoide (provenientes do AA tirosina) e
pela medula adrenal. Ex.: hormônios da tireoide (T3 e T4) e catecolaminas (epinefrina e
norepinefrina – também são derivados da tirosina).
2. Peptídeos e proteínas: são peptídeos ou proteínas. Secretados pela hipófise anterior e posterior,
pelo pâncreas e pelas glândulas paratireoides. Aos serem produzidos, ficam armazenados em
vesículas secretórias até serem necessários. São principalmente hidrossolúveis. Ex.: albumina,
insulina, glucagon e FSH;
3. Esteroides: derivados do colesterol. Secretados pelo córtex suprarrenal, pelos ovários, pelos
testículos e pela placenta. São sintetizados a partir do colesterol e não são armazenados. São
lipossolúveis. Ex.: estrogênio, progesterona, estradiol e testosterona, cortisol.
Quanto à natureza química:
1. Hidrossolúveis: grupo de hormônios aminas e proteicos. Qualquer hormônio que seja derivado de
aminoácidos, peptídeos e proteínas, com exceção do T3 e T4.
2. Lipossolúveis: possuem uma molécula precursora lipídica. Todos os hormônios esteroides -
derivados do colesterol - são lipossolúveis. Os hormônios T3 e T4, apesar de serem derivados de
aminoácidos, são lipossolúveis.
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Síntese de hormônios hidrossolúveis


Há dois caminhos:
1. A tirosina entra na célula, na medula adrenal, onde vai ser produzida a catecolamina, e encontra
algumas enzimas que vão modificar a tirosina, transformando-a num em hormônio. Isso
depende do processamento enzimático. São necessárias 3 enzimas pra transformar a tirosina em
dois hormônios.
2. O pâncreas é um órgão que que possui muito gene para o hormônio insulina. A glicose entra na
célula do pâncreas, que produz insulina, e vai estimular o gene, que vai gerar a produção de
proteínas (o estímulo pra produção de insulina é a glicose). Quando um hormônio proteico é
sintetizado, não é produzido apenas ele. O que o pâncreas produz, inicialmente (o que sai do
retículo), não é a insulina propriamente dita, é uma molécula grande chamada pré-pró-insulina,
que se fosse liberada na circulação, não teria ação biológica (o hormônio - no caso, a insulina -
está no meio de uma sequência gigante de aminoácido). Há uma enzima no retículo que vai
clivar essa molécula, liberando a pró-insulina (que vai ser empacotada no aparato de golgi). Há
uma enzima que vai clivar essa pró-insulina, separando agora o fragmento de insulina + porção
pró (peptídeo C).
Síntese de hormônios lipossolúveis
Também depende de um processamento enzimático. Há diversas enzimas dentro da célula que vão
modificando o colesterol em hormônio.

Armazenamento

• Os hormônios hidrossolúveis são empacotados em vesículas, então conseguem ser estocados


e liberados quando chegar o estímulo (glicose entra na célula e estimula a liberação de insulina,
por exemplo) → as vesículas se fundem na membrana pra que o hormônio seja liberado. A
célula não é excitável, mas ela precisa despolarizar, induzindo a entrada de cálcio na célula para
que o hormônio seja liberado por exocitose.
• Os hormônios lipossolúveis não têm como serem armazenados dentro da célula que os
produziu – os lipossolúveis não são estocados. São produzidos e liberados na corrente
sanguínea.
Secreção
• A maior parte dos hormônios hidrossolúveis estão livres no plasma /circulação. São eles que
possuem/informam a ação biológica.
• Hormônios lipossolúveis são secretados por difusão e estão ligados a uma proteína plasmática
→ são transportados por proteínas plasmáticas. Pra ter ação biológica, ele precisa se desligar da
proteína. Então pra todo hormônio lipossolúvel, há uma porção livre (possuem ação biológica)
e uma ligada (é a maioria, não possui ação biológica).
Exceções: a testosterona, por exemplo, pode estar na forma livre ou ligada. O T3 e o T4 também.
Se o médico quiser ver os níveis de T3 e T4 no organismo, por exemplo, ele pode pedir a fração total
(livre + ligada) ou apenas a livre (mais importante, pois é a que possui ação biológica).
Tradução do sinal hormonal - como hormônio sinaliza pra célula uma mensagem? Qual o mecanismo
de ação do hormônio?

• Dos hidrossolúveis é bem semelhante aos neurotransmissores: como a molécula não atravessa
a membrana plasmática, se liga a um receptor de membrana que vai entender que chegou um
hormônio pra enviar uma resposta.
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• Os lipossolúveis atravessam a membrana plasmática e ligam-se aos receptores citosólicos


(receptores do cortisol, por ex.) ou nucleares (receptores dos hormônios da tireoide, por ex).
**Ações não genômicas (mais rápidas) e genômicas.
Glândulas endócrinas: tiroide, paratireoide, timo, pâncreas, adrenal, ovários, testículos...
Tecidos e órgãos endócrinos: vasos (endotelina, angiotensina II), coração (ANP, peptídeo natriurético
atrial), rim (eritropoetina).

AULA 2: SISTEMA HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE

• A hipófise é uma glândula pequena, que fica na base do crânio, no osso esfenoide (na região de
sela túrcica) e atrás do quiasma ótico.
• Formação embriológica: a hipófise possui dupla origem embrionária (uma nervosa e uma
ectodérmica). O hipotálamo e o céu da boca (forma a bolsa de Rathke) enviam projeções um
em direção ao outro pra formar a hipófise. Primeiro se forma a estrutura do hipotálamo (do SN)
e da hipófise, depois se forma o osso.

• Desenvolvimento da glândula hipófise: a hipófise é constituída de dois tecidos diferentes. A


hipófise posterior (neuro hipófise) é tecido nervoso → armazena hormônio produzido no
hipotálamo; e a hipófise anterior (adeno hipófise) é tecido glandular → sintetiza e libera
hormônios.
• Todos os hormônios da hipófise são produzidos no hipotálamo, dentro do corpo do neurônio.
• Regulações onde o hipotálamo é importante: temperatura, crescimento (hormônio do
crescimento é regulado pelo hipotálamo), comportamento materno (liberação de ocitocina
durante o parto está relacionada ao hipotálamo), estresse, reprodução (não haveria perpetuação
da espécie sem os hormônios hipotalâmicos), características sexuais (estrogênio, progesterona
e testosterona) comportamento afetivo.
Pra ser hormônio, tem que atingir a circulação sanguínea. Os hormônios produzidos pelos neurônios do
hipotálamo são empacotados em vesículas, chegam à haste hipofisária (que conecta hipotálamo e
hipófise) e vai controlar os hormônios da hipófise anterior.
Sistema porta hipotálamo-hipófise
→ A hipófise anterior possui 5 tipos celulares que sintetizam e secretam hormônios:
1. Corticotropos: o hipotálamo produz CRH (hormônio liberador de corticotrofina), que age
sobre os corticotropos → libera adrenocorticotropina (ACTH) → produz corticoides.
Representa 20% das células.
Corticoides: faz produção de glicose em jejum – gliconeogênese, é o mais potente anti-
inflamatório e é imunossupressor.
Qualquer coisa que demande produção de ATP (estudar, caminhar, situações de estresse...),
processos inflamatórios ou doenças imunes induzem o aumento de CRH, ACTH e,
consequentemente, corticoides. O contrário também é válido: quando estamos alimentados, por
ex., caem os níveis de produção de CRH, ACTH e corticoides.
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2. Tireotropos: hipotálamo produz TRH (hormônio liberador de tireotrofina), que age sobre o
tireotrofo → libera hormônio estimulante da tireoide (TSH) → produz T3 e T4, regulam a
produção de ATP. Em situações de exercícios intensos, os níveis de T3 e T4 sobem. Representa
3-5% das células.

3. Gonadotropos: hipotálamo produz GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), que age


sobre os gonadotrofos – estimula duas gonadotrofinas na hipófise → LH (produz testosterona)
e FSH (produz estrogênio e progesterona). Representa 3-5% das células.

4. Lactotropos: o neurônio do hipotálamo produz dopamina, esse neurônio está sempre se auto
despolarizando e isso faz com que a dopamina chegue o tempo todo na célula da hipófise, o
lactotropo, mas ela inibe o lactotropo e, consequentemente, a síntese e liberação de prolactina
(PRL). Durante a amamentação, o sugar do bebê faz com que o neurônio hiperpolarize, dessa
forma, não há liberação de dopamina e, consequentemente, ela não inibe o lactotropo, havendo
liberação de prolactina e maior produção de leite. Representa 3-5% das células (exceto na
amamentação).

5. Somatotropos: hipotálamo produz GHRH (hormônio liberador do hormônio de crescimento),


que atua sobre o somatotrofo, estimulando a produção do hormônio do crescimento (GH). A
falta desse hormônio leva ao nanismo e o excesso ao gigantismo. Representa 30-40% das células
(exceto na infância, quando 90% da hipófise corresponde à GH).
** Esse eixo possui um outro hormônio, produzido por outro neurônio, a somatostatina →
inibidor de GH.
Hipófise posterior: secreta dois hormônios → ocitocina e vasopressina (hormônio antidiurético).

AULA 3: FISIOLOGIA DA TIREOIDE

• A tireoide é a única glândula palpável do nosso corpo, localizada na região anterior do pescoço.
• O hormônio tireoidiano é um hormônio mais voltado pra produção de energia (ATP), mas
também é essencial pro desenvolvimento do SNC.
• O hormônio tireoidiano faz parte do teste do pezinho: visa identificar doenças, nos primeiros
dias de vida, que podem ser corrigidas, como o hipotiroidismo.
Glândula tireoide:

• A função primária da tireoide é a produção e secreção dos hormônios tireoidianos T3 e T4, ação
regulada pelo hormônio hipofisário TSH.
• Histologicamente, ela é formada por folículos
tireoidianos circundados por células foliculares
(secretam os hormônios tireoidianos) e, em torno
dessas células, existem vasos sanguíneos
(fornecem o substrato da glândula). O lúmen do
folículo é preenchido pelo coloide, substância
constituída por uma grande concentração de
tireoglobulina (TGB). Os folículos ativos são
responsáveis pela síntese e armazenamento dos
hormônios tireoidianos. Armazenam até 3 meses
(em casos de hipotiroidismo, por ex., a doença
começou 3 meses antes, porque esse
armazenamento já foi utilizado).
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• Apesar do hormônio tireoidiano ser derivado de tirosina (hormônio amina), ele não é
hidrossolúvel, e sim lipossolúvel, devido a presença do iodo. Ele tem características lipídicas,
mas não é um hormônio derivado de lipídio.

Os hormônios tireoidianos:
✓ Função principal: regular a produção e o consumo de ATP. Se as proporções forem mantidas
não há alterações, mas caso o organismo gaste mais do que produz o resultado é a perda de peso,
o contrário gera o ganho de peso.
✓ Age na função de órgãos importantes como o coração (estimulam o aumento do número de
receptores beta-adrenérgicos, que são alvos da epinefrina e norepinefrina, gerando aumento na
frequência cardíaca, na pressão arterial e na contratilidade do músculo), cérebro, fígado e rins;
✓ Interfere, no crescimento em estatura e no desenvolvimento e amadurecimento do SNC de fetos
e crianças;
✓ Interfere na regulação dos ciclos menstruais e na fertilidade. Além de interferir na memória, na
concentração, no humor e no controle emocional.

Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide

1. Há, no hipotálamo, um neurônio que vai


produzir TRH – dependendo da demanda
energética do corpo.
2. O TRH vai agir no tireotrofo da hipófise,
estimulando a produção de TSH.
3. O TSH chega na tireoide pela corrente
sanguínea, encontra seu receptor e estimula a
produção e liberação de T3 e T4 pelas células
foliculares. Esses, por sua vez, irão atuar nas
células alvo.
❖ Qualquer estresse, seja ele físico ou psicológico, leva a um aumento de TRH.
❖ Durante a atividade física, por exemplo, os níveis de TRH, TSH e T3 e T4 aumentam um pouco.
Ao final do exercício físico, quando não há mais a demanda energética, o neurônio do
hipotálamo reconhece o excesso de T3 e T4, e diminui a produção de TRH, consequentemente,
diminui a produção de TSH e T3 e T4, atingindo os níveis normais → feedback negativo.
❖ Quando a pessoa está doente, ela está com a demanda energética muito alta pra reconstrução
celular/reparo tecidual, isso faz com que os níveis de TRH e TSH aumentem e,
consequentemente, T3 e T4 aumentam também (pra produzir ATP), mas não a níveis
patológicos – não significa indicativo de hipotiroidismo. Se a pessoa não estiver doente e o nível
de TSH estiver alto, isso é indicação de hipotiroidismo, pois o nível de T3 e T4 está baixo no
organismo, e o hipotálamo fica tentando recorrigir isso, estimulando a produção de TRH, e
consequentemente, aumentando o TSH (pra tentar voltar os níveis de T3 e T4 normais, que
nesse caso, não são produzidos pela tireoide). Sintomas de pessoa com hipotiroidismo: sensível
ao frio, frequência cardíaca cai, pressão arterial cai e há uma preservação de tecido adiposo (pq
não faz lipólise).
❖ Já na doença de Graves, uma doença autoimune, há produção excessiva de T3 e T4, causando
hipertireoidismo.
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OBS.: se ingerirmos hormônio tireoidiano, teremos níveis maiores dele na circulação,


consequentemente, ele ocupará mais os receptores para T3 e T4 e então haverá uma diminuição de TRH,
TSH e de T3 e T4.
OBS.: grávidas possuem uma quantidade maior de hormônio tireoidiano, pois elas também o fornecem
para o feto, uma vez que ele é essencial para seu crescimento e desenvolvimento, por esse motivo a
glândula tireóide pode aumentar de tamanho durante o período gestacional, mas tende a voltar ao seu
tamanho normal após o parto. O feto pode ter problemas de desenvolvimento se a mãe tiver problemas
no eixo hipotálamo-hipófise-tireóide.
** Durante o parto → feedback positivo.
**O consumo excessivo de sal (excesso de iodo) causa o hipertireoidismo, pois leva a uma grande
produção de hormônios tireoidianos. A falta de iodo causa hipotiroidismo.
Síntese dos hormônios tireoidianos
Etapa 1: captação de iodeto
• Pra haver a produção dos hormônios tireoidianos, precisa haver o consumo de IODO.
• No nosso intestino há uma bactéria que transforma o iodo consumido em iodeto → vai pra
circulação. Os vasos sanguíneos, então, fornecem iodeto para a tireoide.
• Por isso, a tireoide possui um transportador na membrana da célula folicular, o NIS, que permite
a passagem de iodeto (a tireoide só transporta iodeto).
• O TSH vai se ligar ao seu receptor (na membrana) e vai sinalizar/induzir a ativação do NIS pra
que haja o transporte de iodeto pra dentro da célula (se não tiver TSH, não há transporte de
iodeto).
• A estimulação do receptor vai fazer com que a célula produza tireoglobulinas - Tg
(glicoproteínas utilizadas na síntese, que possui resíduos de tirosina), que por serem muito
grandes, são armazenadas em vesículas e serão liberadas no coloide.
• A síntese do hormônio tireoidiano se dá no coloide, que nada mais é que uma ampla região de
armazenamento/reservatório de tireoglobulina. Para que a Tg seja liberada no coloide, há uma
sinalização via proteína G, que aumenta o mediador intracelular chamado AMP cíclico, que
ativa uma quinase (PKA), fosforila a vesícula e ela então se funde com a membrana.
• O iodeto que entra, também precisa sair, pra isso, há um transportador do outro lado da célula,
o PDS (pendrina), que libera o iodeto para o coloide.
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Etapa 2: oxidação

• O iodeto entra na célula, cruza-a e vai para o coloide por meio da proteína pendrina. A
sinalização do receptor vai estimular uma enzima da membrana luminal, a tireoperoxidase
(TPO). É necessário remover a carga negativa do iodeto, já que as proteínas tireoglobulinas
também têm carga negativa. Então, o organismo desenvolveu uma forma de oxidar o iodeto
(I⁻), transformando-o em iodo metálico (I⁰). É só nesta forma oxidada que o iodo pode ser
incorporado aos resíduos de tirosina.
• Ou seja, quando o iodeto sai, ele é oxidado pela TPO (tireoperoxidase) e é transformado de novo
em iodo para ser incorporado aos resíduos de tirosina .

Etapa 3: iodação dos resíduos de tirosina

• A tirosina pode receber um iodo = MIT (monoiodotirosina) – T1


• A tirosina pode receber 2 iodos (no máximo) = DIT (diiodotirosina) – T2
• Para que o T3 e o T4 sejam formados: MIT + DIT = T3 ou DIT + DIT = T4.
Quem faz essa adição de iodo nos resíduos de tirosina é a TPO. Ela fortalece a ligação entre os resíduos
pra garantir que eles não sejam clivados.
Portanto, a tireoperoxidase possui três funções: tirar a carga negativa do iodeto, inserir iodo metálico no
resíduo de tirosina e fortalecer a ligação do dímero.
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Etapa 4: recaptação da Tg (endocitose)


A Tg iodada fica armazenada no colóide, quando o corpo precisa de hormônio, ela precisa voltar para
dentro da célula e ir para a circulação. No entanto, ela é uma proteína muito grande e não entra na
circulação sanguínea, apenas o T3 e o T4.
Quem estimula a recaptação da Tg é o TSH, quando se liga ao receptor. Uma vez que o TSH se liga ao
receptor, ele estimula a produção de Tg, liberação de Tg para o coloide, ativa a tireoperoxidase que
oxida o iodeto, insere iodo na Tg e estimula a recaptação de Tg já iodada. A tireoglobulina entra na
célula por pinocitose, formando uma vesícula com as tireoglobulinas (contendo T1, T2, T3 e T4, sendo
80% de T4 e 20% de T3).

Etapa 5: liberação dos hormônios tireoidianos


No citosol da célula há enzimas (proteases) que vão clivar a Tg quebrando as ligações entre o aminoácido
(aa) A e o aa Tirosina. As proteases literalmente clivam entre o A e o T, liberando os hormônios T3
e T4 (também libera T1 e T2). Essa enzima não cliva entre os dímeros de tirosina porque a
tireoperoxidase fortalece a ligação, de forma que ela não consiga quebrar entre os resíduos de tirosina.
Os aa liberados voltam para ser utilizados para a síntese de Tg. A maior parte de T1 e T2 ficam dentro
da célula e já são reciclados. T3 e T4 vão pra circulação;
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Características dos hormônios tireoidianos


1. Amina (derivado do aminoácido tirosina).
2. Lipossolúvel.
3. Transportados na forma livre ou ligado à proteína (majoritariamente).
Ações dos hormônios tireoidianos
✓ 2% dos hormônios tireoidianos estão livres (F).
✓ 98% está ligado à uma proteína transportadora.
✓ Livre + ligado = total.
→ Estando livre, o T3 e T4 difundem-se pela membrana celular. Entram na célula alvo (núcleo) para ter
atividade biológica. São metabolizados muito mais rápido do que os que estão ligados.
→ A fração ligada não entra na célula, pois proteína não cruza a membrana plasmática. Estão livres de
degradação/metabolização, é uma forma de reserva.
→ Apesar de termos 80% de T4, quem se liga ao receptor no núcleo é o T3 (hormônio de ação biológica).
Mas há uma enzima dentro de cada célula (desiodase - D3) que retira um iodo do T4, transformando-
o em T3 biologicamente ativo. Da mesma forma, se o corpo não estiver precisando de energia, há uma
enzima (desiodase - D2) que transforma T3 em T2 (sem ação biológica).
**Insuficiência cardíaca congestiva: no coração, o T3 é constantemente transformado em T2, dessa
forma, o coração não produz ATP, o nível de ATP fica extremamente baixo e a pessoa não consegue
executar atividades básicas do dia-a-dia e pode chegar a morrer.
→ Cada tecido decide o quanto vai converter de T4 a T3, pra ficar disponível no núcleo pra produzir
ATP, conforme necessidade e demanda.
OBS.: há uma diferença entre atletas e pessoas sedentárias, o músculo de uma pessoa sedentária não
consegue produzir ATP porque ele tem uma quantia limitada de T3, T2, T1. Ele não vai conseguir
converter uma quantidade suficiente de T4 a T3 e não vai conseguir estimular a célula a produzir ATP
pra praticar os exercícios. Quem treina qualquer tipo de exercício físico, faz com que a célula se adapte
à demanda. Então, um atleta tem muito mais enzimas pra converter T4 a T3 do que uma pessoa
sedentária. Por isso que quem não treina, não consegue fazer muito tempo de exercícios físicos intensos.
T3 e T4 no plasma
✓ 100 %do T4 circulante é proveniente da tireoide.
✓ 80% do T3 circulante é derivado dos tecidos periféricos pela remoção enzimática de um único
átomo de iodo.
✓ São ligados à proteínas receptoras.
Ações do hormônio
1. O hormônio tireoidiano é importante para o desenvolvimento do SNC, na gestação e pós natal.
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→ O estado da tireoide de recém nascidos e crianças tem um impacto significativo de longo prazo em
seu comportamento, capacidade de locomoção, fala, audição e cognição. Atraso na restauração
tireoidiana normal no recém-nascido pode levar a danos irreversíveis → hipotiroidismo causa retardo
mental severo (cretinismo).
2. Também é importante pra crescimento: tem relação com o hormônio GH → a resposta do GH é
melhor na presença de hormônios tireoidianos.
3. No metabolismo de carboidratos: regula a produção e o consumo de ATP (metabolismo basal)
→ Situações que necessitam aumento do consumo de ATP, a tireoide promovera aumento da síntese de
T3 e T4 (quem regula isso é o TSH).
→ Situações em que não há necessidade de aumento do consumo de ATP, haverá redução de T3 e T4.
→ Para produzir ATP não basta ter apenas T3 e T4, precisa-se de glicose + oxigênio. Em jejum ou
durante o sono, para produzir ATP é preciso que ocorra a produção de glicose por meio da
gliconeogênese, feita pelo fígado usando AA do músculo e o glicerol do tecido adiposo. Um dos
reguladores para a produção dessa glicose são os hormônios tireoidianos (T3 e T4). Esses hormônios
vão controlar a atividade e a quantidade das enzimas que estão envolvidas na glicogenólise, quebrando
do glicogênio para transformar em glicose no fígado e nos músculos, garantindo assim, a produção de
ATP.
→ Alta de T3 e T4 = aumento na gliconeogênese e na glicogenólise (durante o exercício físico, por
exemplo)
→ Baixa de T3 e T4 = diminuição na gliconeogênese e na glicogenólise (no repouso).

4. Efeito sobre o controle de temperatura (e exposição ao frio)


→ Sempre que ocorrer a síntese de ATP, ocorrerá a produção de calor. Ex: o frio aumenta os níveis de
T3 e T4 → aumento de ATP em resposta ao frio fornece calor ao corpo.
O contrário é verdadeiro, a queda dos hormônios diminui a produção de ATP, consequentemente,
diminui a temperatura corporal. Dessa forma, a pessoa apresenta muita sensibilidade ao frio.
5. Resposta em exposição ao calor:
→ Na exposição ao calor, uma forma do organismo regular a temperatura corporal é reduzindo a
produção de calor, dessa forma, ocorre a redução dos níveis de T3 e T4.
6. Metabolismo proteico:
→ Os hormônios tireoidianos em níveis fisiológicos promovem síntese proteica (contribui pra formação
de massa muscular) e em níveis supra-fisiológicos (alta de T3 e T4) promovem proteólise, que leva a
perda muscular, vai degradar o músculo pra liberar os aminoácidos (substrato pra neoglicogênese). A
baixa de T3 e T4 promove baixa na síntese e na proteólise.
OBS: o uso do hormônio tireoidiano não é considerado doping, pois não traz vantagens para o atleta, já
que promove a perda de massa muscular.
7. Metabolismo lipídico:
→ T3 e T4 em níveis basais, estimulam lipogênese. Aumento de T3 e T4 estimula a lipólise
(promovendo a perda de gordura), pra fornecer substratos pra neoglicogênese. A baixa de T3 e T4 deixa
de estimular a lipogênese e a lipólise.
8. Efeitos sobre o coração:
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Estimula a produção de receptores beta adrenérgicos, que são alvos de epinefrina e noradrenalina, por
isso, o excesso de hormônios (hipertireoidismo) causa o aumento da frequência cardíaca, aumento da
pressão arterial e aumento da contratilidade do músculo cardíaco. Além disso, a pessoa sente calor.
Doenças
➢ Cretinismo: pessoa mais velha com características físicas de criança (face, estatura – o
hormônio tireoidiano tem relação com GH) e não há a maturação do SNC. Retardo mental
severo.
➢ Bócio: sinal clínico de crescimento excessivo da glândula tireoide. Pode ocorrer tanto na falta
quanto no excesso do hormônio. O TSH controla o tamanho da tireoide. Ex: na pessoa com
hipotiroidismo, há ausência de T3 e T4, o hipotálamo vai tentar corrigir, aumenta TRH, que
estimula o TSH, que pode promover hipertrofia e hiperplasia da glândula. Pode ocorrer, por
exemplo, por baixo consumo de iodo.
➢ Doença de graves: doença autoimune em que há excesso de T3 e T4 (hipertiroidismo), o
hipotálamo tenta corrigir, diminuindo a produção de TRH, consequentemente, de TSH, mas a
pessoa produz um anticorpo (anti TSH), que se liga no receptor de TSH, ativando a célula e faz
com que ela aumente a produção de hormônios tireoidianos, causando também hipertrofia e
hiperplasia (bócio).

AULA 4: HORMÔNIO DA PARATIREÓIDE


Importância do cálcio: pra contração muscular (se não tiver cálcio não tem contração); pra liberação
de hormônios ou neurotransmissores (auxilia na exocitose), pra coagulação sanguínea, pros processos
de sinalização celular (atuando como segundo mensageiro)...
➔ A concentração do cálcio é finamente regulada para evitar problemas nos processos em que ele
é necessário.
➔ Esse cálcio que é consumido precisa ser reposto (principalmente pela alimentação, pois nós não
produzidos cálcio).
➔ Existe cálcio dentro e fora da célula:
✓ 99% do nosso cálcio está no osso - esse cálcio não serve para a contração muscular,
pois ele está na forma de cristais de hidroxiapatita;
✓ Do 1% que resta, 0,9% está dentro da célula (reticulo endoplasmático) e 0,1% está fora
da célula, no LEC. Esse cálcio extracelular é o principal substrato para a mineralização
de ossos e cartilagens.
Cálcio na circulação sanguínea

• 0,1% do cálcio fora da célula (extracelular) vai para a corrente sanguínea.


• 40-50 % desse 0,1% está ligado a proteína plasmática (não sai do vaso e não pode ser usado nos
processos do organismo); o restante está na forma cálcio-ânion (conjugado com carga negativa)
e na forma de cálcio livre.
• O cálcio livre é chamado de cálcio ionizado → biologicamente ativo – vai ser usado nos
processos do organismo; e controlado por mecanismo hormonal (o PTH regula esse
especificamente).
Regulação do cálcio: o osso passa todos os dias por processos de degradação e de formação. O principal
hormônio regulador desses processos é o PTH. Ele pode promover tanto formação quanto reabsorção
óssea, o que vai determinar isso é a concentração dele na circulação. Em níveis basais, o PTH promove
a formação de osso do dia a dia. Em níveis acima do basal e na falta do cálcio, o PTH promove e
reabsorção óssea (tira cálcio do osso).
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O cálcio é proveniente da dieta e do osso, se o cálcio ingerido na dieta não for o bastante, ele é retirado
do osso, se isso ocorrer em grande quantidade esse osso é afetado, podendo causar, por exemplo, a
osteoporose.
Para formação do osso, é preciso cálcio e fosfato. O fosfato também é regulado pelo PTH, já que não há
cálcio sem fosfato. É importante para diversos processos, como pra regulação de reações intracelulares
(transporte de glicose, produção de lactato e síntese de ATP, por exemplo).
❖ Vitamina D: importante pra absorção de cálcio; PTH: importante pra reposição de cálcio.
Vitamina D (D2 e D3)
→ A vitamina D pode ser ingerida, obtida a partir da dieta (D2 e D3), mas também pode ser
produzida/sintetizada pelo corpo. Para essa síntese alguns elementos são necessários – pele, exposição
ao sol, rim e fígado. OBS.: Pacientes que tem problemas renais ou hepáticos, por exemplo, encontram
problemas para sintetizar vitamina D.
Tipos de vitamina D
• Vitamina D2: ergocalciferol → de origem vegetal. Proveniente da dieta.
• Vitamina D3: colecalciferol → de origem animal. Proveniente da dieta.
✓ Inativa → não tem ação biológica. Precisa ser convertida no organismo.
• Vitamina D: calciferol. Produzida pelo nosso organismo.
✓ Ativa → tem ação biológica (se liga ao receptor).
Síntese de vitamina D
• Pra formar vitamina D, precisa de raios UVB. Os raios UVB provenientes da luz solar irão agir
sobre a pele. Nesse órgão existe um hormônio esteroide, o 7-deidrocolesterol, que é produzido
pelos queratinócitos na epiderme, e que ao entrar em contato com os raios solares irá ser
convertido em pré-vitamina D3 - D3 pois somos animais;
• Essa pré-vitamina D3 é lipossolúvel, e por isso vai passar livremente pela parede dos capilares,
atingindo a circulação – ela circula associada a uma proteína transportadora, a DBP. Estando na
circulação, esse hormônio vai até o fígado, onde pode se somar com a vitamina D da dieta.
• O fígado insere uma hidroxila no carbono 25 da molécula (pela enzima 25-hidroxilase), e a
vitamina passa a ser 25(OH)D: 25 hidróxi-vitamina D (meia vida de 2-3 semanas).
• Depois de ser hidroxilada no fígado, vai passar pro rim. No rim, a enzima alfa-1-hidroxilase
insere uma hidroxila no carbono 1 da molécula, e passa a ser 1,25(OH)D: 1,25 hidróxi-
vitamina D. Essa possui ação biológica → Vitamina D ativa (meia vida de 6-8h).
• 25 hidróxi-vitamina D tem maior quantidade na circulação, pois possui maior tempo de meia
vida e é metabolizada mais lentamente (serve de reserva, disponível pra ser hidroxilada).
Onde a vitamina D é armazenada? Sendo derivada do colesterol, é um lipídio, portanto, fica armazenada
no tecido adiposo.
Transporte no plasma e ação: a 1,25 hidróxi-vitamina D é transportada no sangue ligada à proteína
DBP, ela entra na célula por lipossolubilidade e se liga ao receptor (VDR) no DNA e vai regular alguns
genes no intestino.
Função mais importante da vitamina D:
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• Aumentar a absorção de cálcio pelo


INTESTINO, pra poder ir pra circulação.
Se não tiver vitamina D, apenas 2 % do
cálcio consumido é absorvido.
• A vitamina D ativa vai regular 3 genes no
intestino:
1. Canal para cálcio (TRPV6);
2.Calbidina (transportador de cálcio
intracelular);
3. Bomba para cálcio (PMCA).
• Aumentar reabsorção de cálcio pelo RIM, a fim de que haja uma menor perda de cálcio pela
urina.
• Ação: o rim aumenta a expressão e a atividade da 1-alfa-hidroxilase, enzima que controla a
própria vitamina D. 25 hidróxi-vitamina D → 1,25 hidróxi-vitamina D.
Doenças mais comuns na falta da vitamina D: raquitismo em crianças (a deficiência de vitamina D
faz com que a criança não consiga manter os níveis de cálcio que ela necessita, o osso fica mais frágil e
não sustenta o peso, por isso, as pernas arqueiam pra fora); e osteomalácia em adultos, por deficiência
de vitamina D – se apresenta como uma matriz esquelética pouco mineralizada, mas no caso do
indivíduo adulto a formação óssea já aconteceu, então os efeitos são diferentes.
PTH (paratormônio - hormônio da paratireóide)

• Glândula paratireoide: quatro glândulas que se localizam atrás da tireóide, responsáveis pela
produção de PTH. Suas células secretam PTH em resposta a mudanças no cálcio plasmático,
sintetizam e estocam grandes quantidades de PTH e podem se replicar quando estimuladas
cronicamente. Sem ela não se vive, porque sua retirada causa um erro no cálcio muito severo –
o rim vai jogar mais cálcio na urina do que deveria, então haveria muita perda de cálcio e o PTH
não estaria presente pra repor o cálcio.
• O PTH é um hormônio peptídico, que controla minuto-a-minuto os níveis de cálcio ionizado,
no sangue e no líquido extracelular. Tem o papel de manter os níveis de cálcio livre normais. É
um hormônio hidrossolúvel, portanto, é transportado livremente no plasma. Pode promover
reabsorção (quando está em altas doses) ou formação (em baixas doses) óssea.
• Função do PTH: também regula a 1-alfa-hidroxilase, aumentando a síntese renal de vitamina
D (calcitriol) e promovendo indiretamente o aumento da absorção de cálcio pelo intestino (PTH
não tem ação intestinal direta porque não existe receptor de PTH no intestino).
Esse cálcio vai pra corrente sanguínea e, em níveis fisiológicos/basais, o PTH aumenta o fluxo de cálcio
pro osso, favorecendo a calcificação óssea (formação de osso).

O que promove a secreção de PTH?

• O principal estímulo para a secreção de PTH é a queda do cálcio plasmático (ionizado) →


promove o aumento do PTH.
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• Nas células da paratireóide existe um receptor para


cálcio acoplado a proteína G (CaSR). Em situações
fisiológicas normais sempre há um cálcio livre ligado
a esse receptor, a medida em que esse cálcio é usado
pelo organismo e seus níveis reduzem, ele vai deixando
de se ligar ao receptor CaSR, dessa forma a célula
entende que há uma baixa de cálcio (que precisa ser
reposto) e para resolver isso ela libera o PTH (que vai
tirar cálcio do osso → reabsorção óssea).

Mecanismo de feedback: aumento do cálcio plasmático e vitamina D estão associados à queda do PTH.
O contrário, a queda do cálcio e vitamina D, aumenta o PTH (a ponto de chegar a níveis patológicos -
hiperparatireoidismo). Qual o impacto? Reabsorção óssea.

Metabolismo do PTH: é um hormônio metabolizado principalmente pelo fígado (70%) e rim (20%).
Após cair na circulação o PTH tem uma meia vida de apenas 2min – essa meia vida curta é importante,
pois o PTH elevado em resposta a baixa de Ca 2+ causa a reabsorção do cálcio nos ossos, em altas
quantidades isso seria ruim para o osso.

Mecanismo de sinalização: existem dois tipos de receptores para o PTH – PTHR1 e PTHR2 – sendo o
PTHR1 o mais importante.
→ Efeitos do PTH no rim: preservar cálcio pra não perder cálcio pela urina.
• Estimula a reabsorção do cálcio no néfron distal: o glomérulo filtra o plasma sanguíneo 60x, se
existir excesso de cálcio, após a filtração ele será eliminado pela urina, se for o contrário o rim
vai atuar tentando não eliminar o cálcio. Do cálcio que está presente no sangue, 65% dele já é
reabsorvido na primeira porção do nefron – túbulo proximal (rosa) e 25% na alça de Henry
(amarela), essas duas porções compõem a parte inicial. Não são reguladas por PTH.
• A partir da parte final, tem-se uma regulação mais fina, é nela que se decide se o cálcio deve ser
eliminado ou não, essa regulação é feita pelo PTH – em níveis elevados promove a reabsorção
no osso (liberando Ca2+ e P) e impede que o rim elimine o Ca 2+ que foi reabsorvido.

→ Efeitos do PTH na excreção do fosfato


• Inibe a reabsorção de fosfato:
• Promove a fosfatúria (perda de fosfato na urina – mecanismo de proteção pra evitar a formação
de tecidos moles)
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• Os cotransportadores NaPi são sequestrados em vesículas endocíticas (reduzindo reabsorção de


fosfato).
Resumindo: o PTH promove REABSORÇÃO (administração continua de PTH) e FORMAÇÃO
ÓSSEA (dose baixa, 1x/dia, subcutânea).
AULA 5: PÂNCREAS ENDÓCRINO
→ O pâncreas vai produzir insulina – tem o papel de promover aumento da reserva de fonte de energia,
principalmente na forma de glicose e gordura – e glucagon.
Patologias relacionadas a insulina:
• Diabetes tipo 1: é também conhecido como diabetes insulinodependente, diabetes infanto-
juvenil e diabetes imunomediado. Neste tipo de diabetes a produção de insulina do pâncreas
é insuficiente pois suas células sofrem o que chamamos de destruição autoimune, é menos
comum;
• Diabetes tipo 2: é também chamado de diabetes não insulinodependente ou diabetes do adulto
e corresponde a 90% dos casos de diabetes. Neste tipo de diabetes encontra-se a presença de
insulina, porém sua ação é dificultada pela obesidade, o que é conhecido como resistência
insulínica, uma das causas de hiperglicemia.
• Diabetes Gestacional: a presença de glicose elevada no sangue durante a gravidez é
denominada de Diabetes Gestacional. Geralmente a glicose no sangue se normaliza após o parto.
No entanto as mulheres que apresentam ou apresentaram diabetes gestacional, possuem maior
risco de desenvolverem diabetes tipo 2 tardiamente, o mesmo ocorrendo com os filhos.
Quem produz a insulina?
• O pâncreas é responsável pela digestão de lipídeos,
carboidratos e proteínas, quem faz essa digestão são
enzimas produzidas pelas células acinares (exócrina) ,
entre os ácinos encontram-se regiões denominadas ilhotas
de Langerhans, que são formadas por células endócrinas,
e é nessas células onde ocorre a produção de insulina,
mais precisamente nas células do tipo beta.
• O pâncreas é considerado uma glândula essencial pra vida
→ sem insulina não se vive.
Estrutura e síntese da insulina
→ A insulina é um hormônio peptídico, formado por duas cadeias ligadas por ponte dissulfeto.

Síntese de insulina
→ A partir do momento que o DNA inicia o processo de síntese, a pré-pro-insulina se transforma em
insulina em cerca de 35-40min. Essa produção em curto período de tempo é importante pois o pâncreas
não tem insulina o bastante para uma dieta longa de carboidratos (quando consome-se muito carboidrato
de uma vez), ele não consegue estocar glicose, sendo assim, é necessário que haja a “rápida” produção
desse hormônio.
→ O primeiro pico de insulina tem seu estímulo – feito pela Acetilcolina no SNP – antes mesmo de se
iniciar a digestão, no momento da mastigação esse hormônio já é liberado, para que os lipídeos, proteínas
e aminoácidos que estão entrando no organismo já sejam captados e armazenados.
→ O que o pâncreas produz, inicialmente (o que sai do retículo), não é a insulina propriamente dita, é
uma molécula grande chamada pré-pró-insulina, que se fosse liberada na circulação, não teria ação
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biológica (o hormônio - no caso, a insulina - está no meio de uma sequência gigante de aminoácido). Há
uma enzima no retículo que vai clivar essa molécula, liberando a pró-insulina (que vai ser empacotada
no aparato de golgi). Há uma enzima que vai clivar essa pró-insulina, separando agora o fragmento de
insulina + porção pró (peptídeo C), que são liberados em concentração equimolar (em quantidades
iguais) no sangue.

Secreção da insulina - Quem estimula o pâncreas a liberar insulina?


A glicose estimula o pâncreas a liberar insulina. Ao entrar na circulação ela vai ser levada até a
célula beta, onde existe um transportador GLUT2, que vai permitir a entrada dessa glicose por difusão
facilitada no meio intracelular. Ela então vai entrar no ciclo do piruvato e induzir a formação de ATP.
Na célula existe também um canal de K+ sensível a ATP presente na membrana, esse canal está que
sempre aberto permitindo a saída de K+ (que entrou pela bomba de sódio e potássio) através do uso da
energia do ADP, quando a célula aumenta a produção de ATP, ele se liga ao canal e fecha ele, o acúmulo
de potássio no interior da célula vai gerar uma despolarização. Essa despolarização gera a abertura dos
canais de Ca2+ (dependentes de voltagem), o cálcio então entra na célula e auxilia na liberação da insulina
(que está em vesículas) para o meio extracelular.
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**Alguns medicamentos (metformina, por exemplo) estimulam o fechamento dos canais de K,


favorecendo a liberação da insulina. Tratamento da diabetes tipo 2.
**Modulação neural da secreção de insulina: o SNP estimula o pâncreas através da acetilcolina.
Ações da Insulina
→ Existem dois tecidos insulino-dependentes, o tecido adiposo e o muscular. No tecido adiposo, a
insulina estimula o armazenamento de glicose na forma de lipídio e a captação de lipídios. No músculo,
a insulina estimula a captação de glicose e conversão dela em glicogênio. Embora sejam os tecidos que
mais façam reserva de energia, o tecido adiposo e o muscular só captam a glicose por causa da insulina,
sozinhos eles não conseguem.
Transportadores de glicose encontrados em mamíferos:

• Todos os transportadores estão na membrana da célula, menos o GLUT4, ele se encontra dentro
da célula em vesículas. Como para entrar na célula a glicose precisa desse transportador, para
que ele vá para a membrana realizar sua função a insulina se faz necessária.
• A insulina se liga ao seu receptor (tirosina quinase), ele se autofosforila e desencadeia uma
cascata de sinalização intracelular, que fosforila outras quinases dento da célula (PI3K e AKT),
que vão fosforilar a vesícula de GLUT4, tanto no músculo quanto no tecido adiposo, que leva à
migração de GLUT4 para a membrana, permitindo a entrada da glicose na célula.
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**Resistência: a tirosina quinase não se autofosforila de forma correta e não ativa a via de sinalização.
OBS.: Pacientes diabéticos tipo I, que não produz insulina, não tem captação de glicose no músculo,
afetando a produção de ATP, gerando uma fraqueza muscular muito intensa, além disso, nesse tecido a
insulina promove a produção de proteína muscular, pacientes com essa patologia não tem essa produção.
No tecido adiposo, por não conseguir captar a glicose há uma redução de lipídeos derivados da glicose.
Promove cetogênese. Tendência a perder peso.
OBS.: Pacientes com diabetes tipo II, tem a presença de muita insulina, mas existe um problema na
sinalização, onde a insulina se liga ao receptor, mas ele não se autofosforila e a sinalização intracelular
não ocorre. Existindo uma baixa inserção de GLUT4 na membrana. Reduz cetogênese. Nesse caso, a
presença da insulina também reduz a lipólise, e a pessoa tem tendência a ganhar peso.
Ação insulínica no fígado no metabolismo da glicose

• Reduz: a produção hepática de glicose (reduz glicogenólise e gliconeogênese – não quebra a


glicose que tá armazenada e não produz novas, pois se eu estou alimentado, tenho insulina, não
há necessidade de produzir glicose); reduz beta oxidação de lipídios e reduz cetogênese (pois
estando alimentado, também não há necessidade de produzir corpos cetônicos).
• Promove: síntese de glicogênio, síntese de ácidos graxos e síntese proteica.
Ações da insulina no tecido adiposo: promove captação de glicose (GLUT4) e lipogênese (por isso
que quando comemos muito doce, engordamos); reduz lipólise (pois se eu estou armazenando, não faz
sentido eu quebrar).
Ações da insulina no músculo esquelético: promove captação de glicose (GLUT4), síntese de
glicogênio, captação de aminoácidos, eficiência da síntese proteica (promove ganho de massa muscular)
→ ação anabólica; reduz catabolismo muscular (reduz a quebra de proteína).
**O uso de insulina pra ganho de massa muscular pode ser perigoso, pois pode ocasionar a hipoglicemia
→ há uma redução de glicose na circulação sanguínea, pois a insulina vai fazer com que a glicose da
circulação vá para o músculo e tecido adiposo.
Em resumo, a insulina é: anabólica e anticatabólica.
Diabetes mellitus → principais sintomas:

• Poliuria: perda excessiva de água na urina. A poliuria nos diabéticos é devido a perda de glicose
na urina, chamada glicosúria. Isso ocorre porque como os níveis de glicose estão muito elevados
na circulação sanguínea, o rim passa a eliminar glicose pela urina a fim de reduzir os níveis de
glicose na circulação. Quando isso acontece, ele libera água junto, devido a isso, ocorre a
polidipsia.
• Polidipsia: sede fora do normal, pois como perde-se muita água, a pessoa desidrata e sente muita
sede, pra tentar compensar e recuperar a água que foi liberada.
• Polifagia: fome excessiva, pois uma vez que os músculos não tem glicose, a pessoa sente muita
fome.
• Perda de massa muscular: por conta da proteólise → a falta da insulina aumenta o catabolismo
da proteína/massa muscular. Por isso, gera fraqueza muscular.
• Perda de peso: porque promove lipólise (como não tem insulina, não inibe a lipólise) e proteólise
(a pessoa não capta AA, não faz síntese proteica, pois a falta da insulina promove justamente a
quebra de massa muscular).
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AULA 6: FISIOLOGIA DA GLÂNDULA DA ADRENAL OU SUPRA RENAL

• A glândula supra renal é essencial à vida.


• A glândula adrenal: é responsável por regular sódio e potássio, produz andrógenos (hormônios
com características masculinizantes), secreta hormônios, que ajudam a regular o balanço
químico, regulam o metabolismo e suplementam outras glândulas.
• Possui uma porção externa, o córtex (90% - onde são produzidos os hormônios esteroides) e
uma medula (10% - onde são produzidas as catecolaminas – dopamina, norepinefrina e
epinefrina). Estão localizadas acima dos rins.
• Hormônios produzidos no córtex:
✓ Zona glomerulosa → produz aldosterona, que faz reabsorção de sódio e excreção de
potássio. Ex: em situações de hipotensão, a aldosterona aumenta na circulação pra tentar
recuperar o máximo de sódio que foi filtrado.
✓ Zona fasciculada (maior parte do córtex) → glicocorticoides (principalmente cortisol),
são hormônios que regulam o metabolismo de glicose.
✓ Zona reticular → produz hormônios sexuais.
✓ Medula suprarenal → produz catecolaminas.
Circulação sanguínea: como o sangue entra e sai na
adrenal?
• O fluxo sanguíneo sempre entra pelo córtex,
forma as vênulas e veias, e avança para medula
(por onde sai).
• O sangue chega à medula enriquecidos com
hormônios secretados pelo córtex (ex: cortisol,
que é fornecido pra medula pra ela sintetizar
catecolaminas).
Controle da secreção - glicocorticoide
Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal: em resposta a um estresse, por exemplo, há o aumento da produção
de CRH pelo hipotálamo, que estimula a hipófise a produzir ACTH, que estimula produção de cortisol
pelo córtex da suprarrenal. Essa resposta depende da demanda energética (jejum, estresse... que levam
ao aumento de CRH, ACTH e cortisol).

O nosso organismo também regula o eixo, se tiver muito cortisol, ele se liga aos receptores dos neurônios
hipotalâmicos e nas células da hipófise, e inibe a produção de CRH e ACTH, pra diminuir a produção
de cortisol. Assim como, quando cai a concentração de cortisol, ele vai estimular CRH, ACTH pra repor
o cortisol que foi consumido.
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O ACTH tem efeito trófico sobre a glândula, ou seja, o tamanho da glândula é dependente da presença
de ACTH, quanto mais ACTH, maior a glândula, quanto menos ACTH, menor a glândula.

**Com o consumo de cortisol artificial, há diminuição do CRH e do ACTH, podendo ocasionar a atrofia
da adrenal. Não se faz retirada de glicocorticoides sintéticos abruptamente – quando a pessoa tá em
algum tratamento, tomando doses altas por muito tempo – pois se tirar abruptamente, o cortisol presente
na circulação vai ser consumido e a glândula não consegue produzir cortisol, porque tá atrofiada, isso
representa um problema, porque a adrenal é essencial à vida → o cortisol produz glicose em jejum, então
durante o jejum dessa pessoa, como não vai ter cortisol, a glicose vai cair, gerando um caso de
hipoglicemia (hipoglicemia mata).Por conta disso, o cortisol precisa ser retirado lentamente – o ACTH
vai voltando aos níveis normais e a capacidade da glândula de produzir cortisol também.

O ACTH estimula a síntese de cortisol → se liga ao receptor (MCR2) na zona fasciculada do córtex
da adrenal. A célula precisa captar colesterol, porém, o colesterol é uma molécula que tá ligada a
lipoproteínas (LDL, HDL e VLDL - função de transportar o colesterol) e essa ligação é muito forte, não
se desfaz na circulação. O colesterol já sai do fígado ligado à LDL, HDL ou VLDL.

Transporte no plasma

O cortisol é um hormônio lipossolúvel.

➔ 90% é transportado por uma proteína específica – transcortina;


➔ 7% pela albumina
➔ 3 a 4% do cortisol está na forma livre – esse que possui ação biológica.

À medida que ele vai sendo consumido, ele vai se desligando dessas proteínas, pra sempre tentar manter
o cortisol na concentração normal. Esse cortisol pode flutuar durante o dia, quando acordamos, por
exemplo, o cortisol começa a subir, quando nos alimentamos, ele cai.
Metabolismo e depuração

• O cortisol é metabolizado, principalmente, pelo fígado em metabólitos inativos (e que são


lipossolúveis), que se ligam ao gluroconídio (pra poder circular no sangue).
• No rim, uma enzima (11β hidroesteroide desidrogenase) transforma cortisol em cortisona
(metabólito inativo) e é excretado na urina (1% do cortisol livre é eliminado na urina). Portanto,
a cortisona pode ser encontrada na urina como biomarcador indireto da produção de cortisol.
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**O açúcar alcaçuz usado nas balas finis inibem a enzima 11β hidroesteroide desidrogenase, fazendo
com que o cortisol fique mais alto na circulação.
Mecanismo de ação:
→ Praticamente todas as células do organismo possuem
receptor para glicocorticoides.
→ O hormônio cortisol entra na célula, se liga ao receptor
(GR, ligado à proteína HSP), que está no citosol, e o
conjunto cortisol + GR (sem HSP) migra pro núcleo. Lá,
ele se liga no DNA e regula a expressão de genes.

Ritmo circadiano: sem captação de luz, o cortisol diminui (ex:


à noite, durante o sono, porque a nossa necessidade energética
durante o sono é menor). A partir do momento que há exposição
à luz, o cortisol começa a subir. E esse nível de cortisol varia
durante o dia.

Aumento do cortisol → Em jejum, em estresse (como em ocasiões de cirurgias) e devido à doenças (pois
todas as doenças exigem uma demanda energética aumentada do nosso corpo).
Ação do cortisol: oposto da insulina
Diminuem o efeito inibitório da insulina sobre a produção hepática de glicose e diminuem o efeito
estimulatório da insulina na captação de glicose pelo músculo e pelo tecido adiposo.

• Tecido adiposo: cortisol promove a lipólise (quebra tecido adiposo para fornecer glicerol que
será usado na gliconeogênese).
• Músculo esquelético: promove proteólise (quebra de proteínas pra fornecer AA pro fígado
poder produzir glicose) e quebra de glicogênio (glicogenólise).
• No fígado: formação hepática de glicose → gliconeogênese.
• Sistema imune: imunossupressor (suprime a resposta imunológica, inibe a síntese de
imunoglobulinas, estimula a apoptose de linfócitos). Algumas pessoas que apresentam doenças
autoimunes (ex: pênfigo) fazem o uso de cortisol, a fim de suprimir o sistema imune;
• Inflamação: induz a expressão de proteínas anti-inflamatórias - diminui a resposta inflamatória
→ inibe a interleucina 10, previne a ação da histamina, inibe síntese de prostaglandinas, inibe a
diferenciação de monócitos em macrófagos.
• No osso: inibe a função de osteoblasto, podendo provocar osteopenia e osteoporose. Induz a
apoptose de osteócito, inibe a função do osteoclasto (que gera o osso) → isso ocasiona a inibição
da síntese de calcitriol (vitamina D ativa); diminuição da absorção de cálcio intestinal; aumenta
a excreção renal de cálcio; aumento do PTH, que leva ao aumento da reabsorção óssea.
• Ações permissivas: os glicocorticoides são necessários para potencializar a ação de outros
hormônios. Efeito permissivo à ação das catecolaminas: o cortisol aumenta a sensibilidade às
catecolaminas → manutenção da pressão arterial e débito cardíaco.
• Na pressão arterial: o cortisol aumenta a PA por mecanismos que envolvem rins e a
vasculatura: aumenta a sensibilidade a catecolaminas; aumenta a sensibilidade a angiotensina
II; diminui a dilatação por óxido nítrico → aumenta vasoconstritores e diminui vasodilatadores.
Síndrome de Cushing

• Decorrente do uso crônico de cortisol.


• Secreção ectópica (anormal) de CRH;
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• Secreção ectópica de ACTH.


• A preferência pela obesidade visceral está relacionada com o aumento da expressão do receptor
GR na região do omento maior (nessa região, o excesso de glicocorticoides ocasiona o acúmulo
de gordura). As pernas e os braços não apresentam deposição de gordura.
• Existe também uma deposição exagerada de gordura entre as escápulas (gibosidade) e acima
das clavículas.
• Existe também um acúmulo de gordura nas bochechas (fácies de meia lua).
• As estrias violáceas são decorrentes da fragilidade cutânea ao estiramento. Os glicocorticoides
inibem a divisão celular na epiderme, inibe a síntese de DNA e reduz a síntese e produção de
colágeno. A cor púrpura vem do tênue tecido de revestimento das estrias, por ser translucido,
permite que a cor dos vasos sanguíneos predomine.
AULA 7: MEDULA ADRENAL – CATECOLAMINAS

• Catecolaminas são 3 hormônios (epinefrina, norepinefrina e dopamina) que possuem um grupo


catecol, derivado do AA tirosina.
Sistema Nervoso Simpático

• Importante pois libera norepinefrina e dopamina (duas das catecolaminas).


• Apresentam neurônios com corpos celulares na medula, que fazem sinapse nos gânglios
paravertebrais. Na maioria das vezes, do gânglio, são liberados noradrenalina/norepinefrina para
os tecidos alvo do corpo, nesse caso, ela é neurotransmissor.
• Pra ativar a medula adrenal, necessariamente tem que ativar o SNS.
Noradrenalina/Adrenalina
→ A noradrenalina e a adrenalina refletem a ativação do S.N. Simpático e do sistema medula adrenal.

• A ativação do S. N. simpático ocorre, por exemplo, na mudança de posição ortostática, durante


exercício moderado e na exposição ao frio → respostas menos intensas.
• A ativação do sistema medula adrenal ocorre em resposta ao estresse ou em resposta a
provação de glicose, por exemplo → respostas mais intensas, em geral, associadas a
sobrevivência.
Síntese de catecolaminas: a produção de catecolaminas ocorre nos neurônios catecolaminérgicos e nas
células cromafins da medula adrenal.
Síntese de catecolaminas na Medula Adrenal

• A medula adrenal precisa captar tirosina, a tirosina entra na célula da adrenal e lá há a enzima
tirosina hidroxilase transforma ela em DOPA (diidroxifenilalanina), essa enzima,
especificamente na medula adrenal, é modulada pelo ACTH (ele controla a quantidade e
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atividade dessa enzima). Outra enzima, a dopadescarboxilase, transforma a DOPA em


dopamina (DA).
• Na adrenal, há uma vesícula chamada grânulos cromafins → a dopamina não consegue atravessa
a membrana plasmática desses grânulos, precisa de um transportador (VMAT1). Dopamina
entra na vesícula e é transformada em norepinefrina pela enzima dopamina β- hidroxilase.
• A norepinefrina sai da vesícula de volta pro citosol (também por um transportador) e é
transformada em epinefrina pela enzima feniletanolamina N-metiltransferase.
• Somente a glândula adrenal produz epinefrina/adrenalina (pois só ela tem a enzima
feniletanolamina N-metiltransferase).
• A adrenal, então, empacota 80% epinefrina e 20% norepinefrina.
Importante: a atividade da enzima que transforma norepinefrina em epinefrina (feniletanolamina N-
metiltransferase), é dependente de cortisol.
** No dia a dia, uma parcela da pressão arterial é controlada pela presença das catecolaminas produzidas
pela adrenal que são continuamente liberadas. Se a liberação de adrenalina e noradrenalina for reduzida
(por ex., se a enzima feniletanolamina N-metiltransferase deixar de funcionar e não converter
norepinefrina em epinefrina e não liberar esses hormonios na circulação), há uma baixa na PA.
Síntese – neurônios
→ O neurônio precisa captar tirosina, a tirosina
entra na célula e a enzima tirosina hidroxilase
transforma ela em DOPA (diidroxxifenilalanina).
A aminoácido-descarboxilase transforma a
DOPA em dopamina (DA).
→ A dopamina entra na vesícula pelo
transportador VMAT2, onde é transformada em
noradrenalina pela enzima dopamina-
hidroxilase. A noradrenalina é liberada na fenda
sináptica.
→ Os neurônios não possuem a enzima
feniletanolamina N-metiltransferase.
→ 90% da norepinefrina é recaptada (pelo
transportador NET) para parar a resposta. Ps.: supondo que uma pessoa está com problema de
hipotensão (baixa pressão arterial), pode-se bloquear a NET para que tenha noradrenalina por mais
tempo na fenda e, assim, subir a pressão.
→ Uma parcela da norepinefrina que foi recaptada pode ser metabolizada dentro do próprio neurônio –
ela pode ser transformada em DHPG pela enzima MAO (mono-aminoxidase) para evitar o excesso de
noradrenalina no terminal sináptico do neurônio. Se a MAO é bloqueada, há o excesso de noradrenalina
no terminal sináptico, que pode causar aumento de pressão e taquicardia no paciente, o fármaco inibidor
da MAO pode ser usado pra tratar hipotensão severa.
Receptores das catecolaminas - adrenérgicos (α1, α2, β1, β2 e β3)
• Os hormônios possuem meia vida de 10 segundos, isso é importante para que não haja efeitos
indesejados.
• O receptor de catecolaminas β3 está presente exclusivamente no tecido adiposo. Nesse caso, as
catecolaminas promovem a lipólise, pra quebrar tecido adiposo e fornecer substrato pra
neoglicogênese. Isso faz com que seja possível comer em grandes quantidades e não engordar,
porém, um fármaco manipulado com ativador de β3 não pode ser vendido porque faz com que
haja acumulo de gordura na corrente sanguínea.
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• β1 e β2 estão no pulmão e coração → aumentam a força de contração, promovem a


vasodilatação dos vasos nos músculos (pros músculos receberem mais sangue durante, por
exemplo, o exercício físico) e broncodilatação das vias aéreas.
• Epinefrina tem maior afinidade pelo receptor β2 do que norepinefrina.
• Receptores α1e α2 estão nos vasos sanguíneos.
• Receptor α1causa vasoconstrição dos vasos da pele, mucosa.
• Receptor α2causa inibição da secreção de insulina pelas células β pancreática.
Metabolismo das catecolaminas

• As enzimas estão presentes nas paredes dos vasos (por isso, qualquer endotélio produz
epinefrina e norepinefrina), no coração e no rim.
• Rota 1: há uma enzima chamada COMT, presente em todas as células endoteliais, no rim e
coração que converte epinefrina e norepinefrina em metaepinefrina e norametaepinefrina, que
vão ser metabolizados pela mono-aminoxidase (MAO) em ácido vanil mandélico (AVM) e
isso sai na urina. É esse AVM que é dosado pra, por exemplo, saber se uma pessoa está vivendo
uma situação de estresse.
• Rota 2: a enzima MAO sendo a primeira da rota, ela pode transformar epinefrina e norepinefrina
em ácido diidroximandélico, que vai ser transformado em ácido vanil mandélico (AVM) pela
COMT.

→ A determinação do AVM na urina é indicadora da produção de catecolamina pela medula adrenal.


Efeitos sistêmicos: taquicardia (por ativação de receptor beta no coração); vasodilatação dos vasos nos
músculos; dilata as vias aéreas (bronquiodilatação); em resposta de fuga, aumento da catecolamina faz
glicogenólise e gliconeogênese, pra fazer gliconeogênese a catecolamina faz lipólise pra fornecer
substrato pro fígado fazer a glicose; inibição da secreção de insulina pelas células beta pancreática (pra
que a glicose fique disponível); a catecolamina aumenta o alerta, a cognição e o raciocínio.
Relação do eixo hipotálamo hipófise e medula adrenal
Estímulos estressores fazem com que o hipotálamo ative a medula supra renal, via impulsos nervosos
simpáticos, e o córtex supra renal, via sinais hormonais (aumento de CRH e ACTH). A medula é
mediadora das respostas de curto prazo ao estresse, secretando adrenalina e noradrenalina. O córtex
controla respostas mais prolongadas secretando hormônios esteróides (como o cortisol). São respostas
que se somam.
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AULA 8: SÍNTESE DOS HORMÔNIOS ESTEROIDES

• Os hormônios esteroides são hormônios derivados do colesterol, que é utilizado pra sintetizar 5
famílias de hormônios: estrógenos (estrogênio é o mais abundante nas mulheres),
progestágenos (progesterona – também presenta nas mulheres, em menor quantidade),
andrógenos (testosterona – nos homens), glicocorticoides (cortisol) e mineralocorticóides
(aldosterona).
• Essas classes de hormônios esteroides são estruturalmente semelhantes e surgem de uma série
comum de vias. Eles se distinguem por suas ações em um ou mais receptores específicos.
Enzimas esteroidogênicas

• Pra que o colesterol seja transformado em hormônios, várias enzimas são necessárias. As
enzimas esteroidogênicas são responsáveis justamente pela biossíntese desses hormônios
esteroides a partir do colesterol.
• Vários órgãos são conhecidos por terem a capacidade de sintetizar esteróides biologicamente
ativos, incluindo: glândula adrenal (cortisol e aldosterona), testículos (testosterona) e ovários
(estrógeno e progesterona).
Fontes de colesterol:
➔ Colesterol da circulação → LDL e HDL (proteínas transportadoras). Todo colesterol está
fortemente ligado a proteínas transportadoras.
➔ A célula pode sintetizar colesterol de novo a partir do acetato (se estiver precisando). Três
órgãos endócrinos são especializados na produção de esteroides de novo: a glândula adrenal,
testículos e ovários. OBS.: um medicamento que bloqueie a produção de colesterol não altera a
síntese
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dos hormônios, porque nossa célula consegue sintetizar colesterol.


LDL vs HDL: células esteroidogênicas humanas utilizam a maior parte de seu colesterol das
lipoproteínas de baixa densidade (LDL) do plasma.
Captação de colesterol – LDL
➔ Aproximadamente 80% são absorvidos como partículas de LDL via endocitose mediada por
receptor: o colesterol é captado ligado à proteína (LDL). Ele é uma molécula lipídica, então
conseguiria atravessar a membrana, porém, como está fortemente ligado ao LDL, a célula
precisa de um receptor de LDL, que capta o complexo LDL + colesterol.
➔ Esse complexo vai pro sistema lisossomal, onde é digerido, liberando o colesterol (fica livre).
➔ O colesterol estando livre é permeável à membrana, por isso, a célula o transforma em éster de
colesterol, que não é permeável (empacota em vesículas), podendo ser armazenado e liberado
quando precisar.
➔ O colesterol que não vai ser armazenado pode seguir o caminho da síntese.
Síntese dos hormônios esteroides
Molécula do colesterol → 27 átomos de carbono.

➔ A síntese dos hormônios esteroides começa dentro da mitocôndria. Pra isso, o colesterol (que
não é permeável a membrana da mitocôndria) é transportado por uma proteína Star. Ou seja,
essa proteína regula a síntese de esteroides pelo transporte de colesterol através da membrana
mitocondrial externa. Um erro genético nessa enzima é incompatível com a vida.
➔ Dentro da mitocôndria há uma enzima, a 20,22 desmolase, que cliva o colesterol entre o carbono
20 e 22. O colesterol é transformado na pregnenolona (21 carbonos) → todos os hormônios
esteroides começam com a conversão de colesterol em pregnenolona.
➔ Essa enzima 20,22 desmolase é limitante na síntese dos hormônios esteroides (sem ela, não há
síntese de hormônios esteroides e os órgãos genitais não se desenvolvem).
➔ A pregnenolona é convertida em progesterona pela 3β-hidroxiesteroide desidrogenase, que
vai remover uma hidroxila do carbono 3.
➔ A pregnenolona e a progesterona formam os precursores de todos os outros hormônios
esteroides.
➔ A progesterona é substrato da 17,20 desmolase, que vai clivar o colesterol entre os carbonos 7
e 20, e a progesterona é transformada em testosterona (19 carbonos). Portanto, todo homem
pra sintetizar testosterona tem que ter produzido progesterona.
➔ Toda testosterona (nas mulheres - ovário), é convertida em estrogênio pela enzima aromatase,
que adiciona um anel aromático. Erro nessa enzima faz com que as mulheres adquiram
características masculinas (pelo excesso de testosterona que não vai ser convertido em
estrogênio).
➔ A aromatase nas mulheres é encontrada nos ovários (em grande quantidade), na mama e no
tecido adiposo. Os homens também possuem aromatase na mama e no tecido adiposo, porém,
em menor quantidade, então a testosterona em níveis normais não é convertida em estrogênio,
porém, se ele ingerir testosterona em excesso, parte dela pode ser convertida em estrogênio e
esse homem pode adquirir características femininas (crescimento da mama e do tecido adiposo),
mas as características masculinas prevalecem.
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FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO


→ Ciclo menstrual: ciclo ovariano + ciclo endometrial.

Fases do ciclo ovariano:

• Fase folicular (variável)


• Fase lútea (constante)
Fases do ciclo endometrial:

• Menstruação: primeiros dias do ciclo de uma


mulher → descamação do endométrio.
• Fase proliferativa: período de revitalização do
endométrio.
• Fase secretora: preparação do útero pra
implantação.

Como é contado o tempo da gestação? O primeiro dia da gravidez é contado a partir da data da última
menstruação (dia 1 do ciclo menstrual).
Como é contado o ciclo menstrual?
O ciclo, em geral, ocorre com 28 dias, porém, pode variar de 24 a 32 dias, porque a primeira fase do
ciclo (fase folicular), que se refere ao crescimento dos folículos ovarianos (gera a célula germinativa da
mulher) é variável. Isso faz com que a ovulação ocorra em dias diferentes (não necessariamente no meio
do ciclo). A fase lútea é constante.
Eixo hipotálamo-hipófise-ovário
Tanto em homens quanto em mulheres, o hipotálamo promove a liberação de GnRH (hormônio liberador
de gonadotrofina), que chega na hipófise produzindo duas gonadotrofinas, LH (hormônio luteinizante)
e FSH (hormônio folículo estimulante → controla o crescimento das células germinativas tanto em
homens quanto em mulheres).
→ Nos homens: FSH controla a espermatogênese. LH regula testosterona. FHS, LH, testosterona é
sempre constante nos homens.
→ Nas mulheres: FSH promove o crescimento do folículo e predomina na primeira fase do ciclo,
antes da ovulação, produzindo estrogênio (é ele que promove a revitalização do endométrio). Da
ovulação em diante, na segunda fase do ciclo, começa a aparecer LH, produzindo progesterona (é ela
que prepara o útero para a implantação). Por isso, a mulher oscila seu padrão de secreção, ela cicla.
O hormônio GnRH
• O GnRH é um componente obrigatório do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas. Neurônios no
hipotálamo secretam GnRH de forma pulsátil, isso vai determinar um padrão também pulsátil
de LH e FSH. A hipófise só vai produzir LH e FSH se tiver o padrão pulsátil.
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• Na infância, não tem o padrão pulsátil


(por isso, crianças não produzem os
hormônios LH e FSH).
• A partir do momento que aparece padrão
pulsátil, já entra na puberdade (nessa
fase, o aparecimento do padrão pulsátil só
ocorre a noite, durante o sono REM, e há
o aumento da concentração de GnRH).
• A puberdade acaba quando o padrão
pulsátil for igual durante o dia e a noite.
Produção contínua de GnRH e
consequentemente, de FSH e LH.
• A menopausa é uma fase onde o padrão pulsátil não muda, mas há aumento de concentração
de GnRH e, consequentemente, de FSH e LH.
Nessa fase, há uma redução no número de folículos, que vão morrendo ao longo da vida e
quando a mulher não tiver mais folículo no ovário, não vai mais haver produção de estrogênio
e progesterona, por isso, o hipotálamo vai tentar corrigir, induzindo o aumento de GnRH.
• A TPM (síndrome disfórica pré-menstrual) é ocasionada pelo pico de estrogênio.
OBS.: se uma mulher está consumindo pílula anticoncepcional, ela tem estrogênio e progesterona
aumentados na circulação. O hipotálamo vai tentar corrigir, diminuindo a produção de GnRH, e
consequente, LH e FSH também diminuem. Princípio da pílula: se cai FSH e LH, o folículo não cresce.
Além disso, a mulher não ovula (porque pra ovular ela precisa de LH) e, consequentemente, não vai ser
fecundada.
OBS 2.: o mesmo ocorre com homens que tomam testosterona pra ganho de massa muscular, ele fica
infértil. Com o aumento da testosterona, o hipotálamo vai tentar corrigir diminuindo produção de GnRH
e, consequentemente, inibe a produção de FSH (então o homem não produz espermatozóide). A pílula
do homem não existe porque a testosterona é hepatotóxica.
CICLO OVARIANO
Fases: foliculogênese (crescimento do folículo), ovulação, formação e regressão do corpo lúteo.
1 fase: folicular (variável) → crescimento dos folículos (o FSH determina esse crescimento) – só um
folículo chega a fase de ovulação (passa pelas fases de recrutamento, seleção, dominância e maturação).
2 fase: fase lútea (constante).
→ 24h antes da ovulação há um pico de LH (principalmente) que é determinante maturação do folículo
e pra ovulação. Pode ser chamado de surto ovulatório de LH. Esse pico determina também o pico de
estrogênio, que vai coincidir com a data da TPM.
→ Depois da ovulação, o óvulo sai e o que resta do folículo passa a ser corpo lúteo – 2ª fase (cujo
objetivo é produzir progesterona e estrogênio pra conseguir manter uma gestação), o LH mantém esse
corpo lúteo.
→ Se o óvulo for fecundado, o embrião começa a produzir HcG, que é um hormônio semelhante ao LH
e mantém o corpo lúteo produzindo estrogênio e progesterona nos primeiros 3 meses, depois quem
assume essa produção é a placenta. Caso não ocorra fecundação, há uma queda do LH e o corpo lúteo
se desfaz.
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**Aborto espontâneo: ocorre porque há uma queda de HcG (assim, não tem progesterona e estrogênio
pra manter a gestação) e o embrião já está em fase de morte.
Foliculogênese
Folículo: produzem estrogênio em resposta ao FSH no começo do ciclo.
Folículo primordial: na 24 semana de gestação, a mulher apresenta em torno de 500 milhões de folículos,
ao nascimento, esse número cai para 2 milhões, destes, apenas 400 mil estarão presentes no ovário ao
iniciar a puberdade.
A menopausa ocorre por conta dessa morte programa dos folículos, quando a mulher chega aos 40/50
anos, já não tem mais folículos, por isso, não vai mais haver produção de estrogênio e progesterona. A
incidência de doenças genéticas é maior quando a mulher engravida a partir dos 30 anos e isso está
associado ao envelhecimento dos folículos. A menopausa é entendida, então, como um fenômeno de
proteção do próprio organismo pra garantir que não se perpetuem erros genéticos entre os seres
humanos.
CICLO ENDOMETRIAL
Fases:
• Fase menstrual: primeiros dias do ciclo de uma mulher → descamação do endométrio, em
decorrência da involução do corpo lúteo.
• Fase proliferativa ou estrogênica: período de revitalização do endométrio (pelo estrogênio).
• Fase secretora ou progestacional: preparação do endométrio pra implantação, aumento de
glândulas e vasos pra nutrição do embrião.
Na fase menstrual, já há crescimento do folículo, então começa a aparecer estrogênio em resposta ao
FSH.
Nos homens, quem controla a testosterona (hormônio que possui ações equivalentes ao estrogênio) é o
LH.
❖ Particularidades do estrogênio: ele faz com que haja mais depósito de gordura, então as
mulheres terão mais tecido adiposo do que os homens.
❖ Particularidades da testosterona: sintetiza proteína, então os homens tem muito mais massa
muscular do que uma mulher.
Funções do estrogênio
• Crescimento e proliferação das células dos órgãos sexuais.
• Puberdade: desenvolvimento das características sexuais secundárias (a testosterona faz isso no
homem).
• Revestimento do útero (endométrio).
• Crescimento do esqueleto. É o estrogênio que fecha as epífises, então como as mulheres
possuem muito estrogênio, nelas isso ocorre mais rápido e elas param de crescer mais cedo. Nos
homens, quem faz isso também é o estrogênio, porém, eles têm menos.
• Deposição de gordura subcutânea (mamas, quadris e coxas). (A testosterona não faz isso).
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Funções da progesterona

• Manutenção e aumento das características relacionadas à preparação do corpo para o


desenvolvimento fetal e bloqueio de nova fecundação.
• Alterações secretoras do endométrio durante a segunda metade do ciclo sexual (prepara o
endométrio pra implantação)
• Desenvolvimento dos alvéolos da mama.
• Controle da temperatura corpórea (quando a progesterona aparece, a temperatura corpórea da
mulher sobe meio grau pra fazer com que o espermatozoide fecunde com mais rapidez o óvulo,
porém, se a temperatura aumentar muito, ele fica muito rápido e isso pode ocasionar a morte
mais rápida do espermatozoide, prejudicando a fecundação)
Controle do eixo hipotálamo-hipófise-ovário
*Quem controla o eixo é o estrogênio.
Princípio das pílulas anticoncepcionais: inibição do eixo. As pílulas são formadas por estrogênio e
progesterona. Com excesso de progesterona e estrogênio, o hipotálamo faz com que haja uma queda de
GnRH, consequentemente, há uma queda de LH e FSH, inibindo o crescimento folicular e o pico pré-
ovulatório de LH, portanto, não há ovulação. O evento mais importante do uso dessas pílulas é o
bloqueio da ovulação.
→ A pílula só de progesterona não é um inibidor de eixo eficiente, pois o princípio dessa pílula tá em
tornar o muco mais viscoso pra dificultar a penetração do espermatozoide.
→ As células da granulosa produzem ativina, estimulando a hipófise na primeira fase do ciclo a produzir
FSH. Depois que a granulosa tá maior, ela produz inibina, inibindo FSH pra evitar crescimento de outros
folículos.
Menopausa
• Queda dos níveis de estrógeno (não há inibição de
LH e FSH).
• O folículo vai ficando velho e não consegue
produzir adequadamente estrogênio e
progesterona.
• Na menopausa, as mulheres não possuem mais
folículos.

FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO


Diferenciação sexual, gene SRY, hormônio AMH:

• No período fetal um gene relacionado ao cromossomo Y, o gene SRY, atua como sinal de
mudança para diferenciação do testículo.
• Esse gene produz AMH (hormônio antimuleriano), que inibe o desenvolvimento da genitália
feminina e estimula a produção de testosterona (pelas células de Leydig), induzindo o
desenvolvimento da genitália masculina interna.
• A diferenciação da genitália masculina requer transformação da testosterona em
diidrotestosterona pela 5 alfa redutase.
• → Problemas genéticos: os efeitos dos andrógenos ocorrem na presença de receptores
denominados receptores de andrógenos (AR). Mutações de genes que codificam enzimas
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esteroidogênicas, AMH, receptor de AMH e 5alfa redutase estão todos associados ao


comprometimento da diferenciação sexual e resultam em ambiguidade genital. Se o embrião
tiver um erro genético na 5 alfa redutase, por exemplo, não vai formar o pênis.
Eixo hipotálamo hipófise testículo: hipotálamo produz GnRH,
que vai chegar na hipófise e induzir a produção de LH e FSH. O
LH controla a produção de testosterona e o FSH a
espermatogênese.
Espermatogênese: ocorre nas células de Sertoli. Pra produzir
espermatozoide, é preciso de FSH. Porém, uma parte da
espermatogênese é dependente da testosterona (produzida pelas
células de Leydig), essa testosterona vai migrar pra célula de
Sertoli (a passagem de uma célula pra outra é uma sinalização
parácrina), onde é transformada em estrogênio pela aromatase e
o estrogênio estimula a espermatogênese. Se um homem tiver um
erro genético pra aromatase, ele é infértil.
As células de Sertoli precisam de uma quantidade muito grande de testosterona pra fazer
espermatogênese. Como a testosterona é lipossolúvel, a célula de Sertoli sintetiza uma proteína ABP
(proteína ligadora de andrógeno) que mantém a testosterona dentro da célula, garantindo que vai ter
testosterona pra ser convertida a estrogênio e estimular a espermatogênese.
OBS.: para iniciar a espermatogênese é importante tanto o FSH quanto a testosterona.
Fatores que influenciam a espermatogênese
• Testosterona é essencial para o crescimento e a divisão das células germinativas.
• LH estimula as células de Leydig a secretar testosterona.
• FSH estimula as células de Sertoli pra espermatogênese.
• A transformação de testosterona em estrogênio pela aromatase é indispensável ao processo.
• O hormônio do crescimento também é importante pra espermatogênese (por isso, a maioria das
pessoas anãs, por terem pouco GH, são inférteis).
Testosterona: Mecanismo de ação
→ A maior parte de testosterona é convertida em diidrotestosterona
(DHT), sobretudo em certos órgãos alvos como a glândula
prostática, no adulto, e a genitália externa no feto masculino. A
testosterona entra na célula, a enzima 5α-redutase converte
testosterona em DHT. Tanto a testosterona quanto o DHT podem
se ligar ao receptor (AR), a depender da afinidade do receptor. Se
a célula não tivesse a 5 alfa redutase, o receptor dela se ligaria a
testosterona.

Efeitos da testosterona:
• Formação do pênis e da bolsa escrotal, da glândula prostática, das vesículas seminais e dutos
genitais masculinos precisam de testosterona.
• Efeito sobre a descida dos testículos. O testículo desce pro saco escrotal no período fetal até o
quinto ano de vida, a testosterona induz essa descida.
• Após a puberdade, a testosterona determina aumento de até 8 vezes do tamanho do pênis, da
bolsa escrotal e dos testículos.
• Efeito sobre a distribuição dos pelos corporais (produz mais pelo).
• Calvície → a testosterona diminui o crescimento de cabelos no alto da cabeça.
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• Efeito sobre a voz (engrossa), provoca hipertrofia da mucosa da laringe e aumento desse órgão.
• Efeito sobre a pele e o desenvolvimento de acne. (Nas mulheres, quem faz isso é o estrogênio).
• Efeito sobre a formação de proteína e o desenvolvimento muscular (ganho de massa muscular).
• Efeito sobre o metabolismo basal (os homens correm mais que as mulheres, por exemplo, por
que produzem mais ATP por conta da testosterona)
Ações do DHT
O DHT é biologicamente importante para a diferenciação sexual dos genitais masculinos, a maturação
do pênis e o escroto na puberdade, o crescimento do cabelo facial, corporal e púbico, a produção
de sebo e o desenvolvimento/manutenção da próstata. O DHT também desempenha um papel
importante em uma série de condições hormonais e estéticas, incluindo condições de pele e cabelo,
como acne, hirsutismo (crescimento de pelos terminais na mulher), perda de cabelo padrão (alopecia
androgênica ou calvície padrão) e doenças da próstata, como hiperplasia benigna da próstata (HBP)
e câncer de próstata.[2] Os inibidores da enzima 5-alfarredutase, que impedem a síntese de DHT, são
eficazes na prevenção e tratamento dessas condições.

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