Dos Crimes Contra a Vida- Direito Penal II (1) (1)

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M O N I T O RA: V I T Ó R I A M A R I A A L B U Q U E R Q U E P I R E S

DOS CRIMES
CONTRA A VIDA
Professora: Yasmin Ximenes Pontes
DOS CRIMES CONTRA A VIDA:
• HOMICÍDIO - ART. 121
CAPÍTULO I • INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO,
AUTOMUTILAÇÃO OU
DOS CRIMES AUXÍLIO AO SUICÍDIO - 122
CONTRA A PESSOA • INFANTICÍDIO- 123
• ABORTO - 124 AO 128
ART. 121- HOMICÍDIO
"É a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade civilizada”
AT O H U M A N O C O N S I S T E N T E N A S U P R E S S ÃO DA V I DA H U M A N A E XT RA U T E R I N A A L H E I A.

Objeto Jurídico: Tutela a vida humana extrauterina.


Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, isoladamente ou em concurso com outro
indivíduo - crime comum.
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa humana e que esteja viva.- crime comum.

• Crime impossível: Quando a pessoa já estava morta, pois a improbidade


absoluta do objeto
• Femicídio: O ato praticado contra mulheres (independentemente do motivo
ou das circunstâncias);
• Feminicídio: O ato cometido contra pessoa do gênero feminino.
• Parricídio: O filho que mata o pai.
• Fratricídio: A morte de um irmão provocada pelo outro.
ART. 121- HOMICÍDIO
"É a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade civilizada”
AT O H U M A N O C O N S I S T E N T E N A S U P R E S S ÃO DA V I DA H U M A N A E XT RA U T E R I N A A L H E I A

Tipo Objetivo: Pode ser cometido de diferentes formas pois é um crime de forma
livre. É fundamental que exista nexo de causalidade entre o comportamento
praticado e o resultado produzido.
Tipo Subjetivo: DOLO, traduz-se no intuito de suprimir a vida humana alheia, ou
ainda, em animus necandi ou animus occidenti. Admite a modalidade culposa.

• DOLO EVENTUAL: Quando o agente não quer o resultado morte, mas assume o
risco de produzi-lo. Por exemplo: O racha entre veículos automotores praticado
em vias públicas.
• Embriaguez ao volante: Pode ser dolo eventual ou culpa consciente, depende
do caso concreto.
ART. 121- HOMICÍDIO
Consumação: Trata-se de crime material, ou seja, somente se consuma com a
produção do resultado, isto é, com a morte da vítima. A cessação da atividade
encefálica.
Tentativa: Admite (crime plurissubsistente). É o caso do agente que dá início à
execução do homicídio, mas a morte não se consuma por circunstâncias
alheias à sua vontade. Nesse caso, a pena será a mesma do consumado sendo
reduzida de um a dois terços.

Homicídio Simples:
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Hediondez: O Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de


extermínio (ainda que cometido por um só agente). Previsto como aumento de
pena (§ 6º)
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Privilegiado
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço.

Valor moral: É os interesses pessoais do agente e possui apoio da moralidade média das
pessoas. Por exemplo, o pai que mata o homem que estuprou sua filha.
Valor social: Está relacionado ao motivo nobre ligado a questões de interesse coletivo. Por
exemplo, alguém que mata um perigo estuprador que aterroriza uma cidade pacata.
Domínio de violenta emoção: É preciso que o agente seja completamente tomado pela
emoção, comprometendo seu juízo crítico, reduzindo seu autocontrole.
É necessário também que ela seja oriunda de um ato injusto da vítima, dirigido contra o
próprio agente ou contra terceiro (pai, filho etc.). A reação deve ser imediata.
• a) estado de violenta emoção;
• b) que a violenta emoção domine o agente;
• c) que haja uma injusta provocação da vítima;
• d) que a reação do homicida seja imediata, isto é, praticada logo em seguida à
provocação recebida.
ART. 121- HOMICÍDIO
• Eutanásia ou Homicídio piedoso : é o modo comissivo de abreviar a vida de pessoa
portadora de doença grave, em estado terminal e sem previsão de cura ou
recuperação pela ciência médica.
• Ortotanásia: : é a eutanásia por omissão, ou eutanásia terapêutica. O médico deixa
de adotar as providências necessárias para prolongar a vida de doente terminal,
portador de moléstia incurável e irreversível.
• Distanásia: é a morte vagarosa e sofrida de um ser humano, prolongada pelos
recursos oferecidos pela medicina. Não é crime, pois arrasta a existência da vida
humana, mesmo que de forma sofrida.

Jurisprudência: “Homicídio privilegiado. Caracterização. Agente que, logo após saber


que seu filho foi vítima de agressão, sai ao encalço do agressor, disparando por várias
vezes sua arma. Conduta que evidencia que o delito ocorreu sob violenta emoção, em
seguida ao conhecimento de uma provocação”62 . b) “A violenta emoção é um conflito
espiritual que afeta a decisão e estorva o normal discernimento do ser humano. Deve-se
reconhecer a causa de diminuição de pena prevista no § 1o do art. 121 do CP, quando a
mulher encontra seu marido nos braços da amante, antes então sua amiga, e,
dominada por compreensível abalo emocional, ceifa-lhe a vida”.
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Qualificado
"Todas as modalidades de homicídio qualificado é taxado como crime hediondo. "

§ 2° Se o homicídio é cometido: Pena é majorada de 12 a 30 anos .


I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
O homicídio mercenário ou homicídio por mandato, remunerado, motivado pela cupidez,
isto é, pela ambição desmedida, pelo desejo imoderado de riquezas.
Na paga o recebimento é prévio.
Na promessa de recompensa o pagamento é convencionado para momento
posterior à execução do crime. Não é necessário que o sujeito efetivamente
receba a recompensa. É suficiente a sua promessa. E também não se exige que
tenha sido a recompensa previamente definida, podendo ficar à escolha do
mandante. Não precisa ter natureza patrimonial.
Motivo torpe é o vil, repugnante, abjeto, moralmente reprovável. Exemplo:
matar um parente para ficar com sua herança.
• Ciúme não é considerado motivo torpe.
• A vingança não caracteriza automaticamente a torpeza. Precisa ser analisado
o caso concreto.
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido: Pena é majorada de 12 a 30 anos


II - por motivo fútil;

Motivo fútil é o insignificante, de pouca importância, completamente


desproporcional à natureza do crime praticado. Exemplo: Age com motivo fútil
o cliente que mata o dono do bar pelo fato de este ter lhe servido cerveja
quente.
• Não se confunde com a ausência de motivo. (Jurisprudência do STJ).
• A embriaguez, por sua vez, é incompatível com o motivo fútil.
• Não se aplica a qualificadora do motivo fútil, no contexto de “racha”,
quando a morte atinge pessoa estranha à competição não autorizada entre
veículos automotores. (STJ).
• O Superior Tribunal de Justiça já decidiu pela incompatibilidade entre o
motivo fútil e o dolo eventual.
• Natureza subjetiva
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido: a pena é majorada de 12 a 30 anos.
III- com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum:

Meio insidioso é o que consiste no uso de uma fraude para cometer um crime sem que a
vítima o perceba. Exemplo: retirar o óleo de direção do automóvel para provocar um
acidente fatal contra seu proprietário.
Meio cruel é o que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou
mental, quando a morte poderia ser provocada de forma menos dolorosa. Exemplo: matar
alguém lentamente com inúmeros golpes de faca.
Meio de que possa resultar perigo comum é aquele que expõe não somente a vítima, mas
também um número indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano.
Por exemplo: diversos tiros certeiros contra uma vítima em via pública.
• Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte
quando introduzida no organismo humano.
Algumas substâncias podem ser consideradas venenos, dependendo do corpo de cada ser
humano. Ex: Injetar glicose no diabético
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Qualificado
• Fogo : é o resultado da combustão de produtos inflamáveis, da qual decorrem calor e
luz. Trata-se, em geral, de meio cruel. Exemplo: queimar a vítima até a morte.
• Explosivo é o produto com capacidade de destruir objetos em geral, mediante
detonação e estrondo.Exemplo: explodir o automóvel da vítima que trafegava em
movimentada via pública
• Asfixia é a supressão da função respiratória, com origem mecânica (estrangulamento,
esganadura, enforcamento, sufocação, afogamento,etc) ou tóxica (uso de gás
asfixiante ou inalação, confinamento).
• A tortura, que pode ser física ou mental, constitui-se nitidamente em meio cruel.

Homicídio qualificado pela tortura ( CP, Tortura com resultado morte (Lei
art. 121, § 2.º, inc. III) 9.455/1997, art. 1.º, § 3.º).

• A finalidade almejada pelo agente


• Se o uso da tortura tinha como
era exclusivamente a tortura, mas
propósito a morte da vítima.
dela resultou culposamente a morte
da vítima
• Competência do Tribunal do Júri
• Competência da Justiça Comum
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Qualificado
IV- À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido.
• A traição pode ser física (exemplo: atirar pelas costas) ou moral (atrair a vítima para um
precipício). O agente se vale da confiança que o ofendido nele previamente depositava
para o fim de matá-lo em momento em que ele se encontrava desprevenido e sem
vigilância. Uma relação preexistente. (crime próprio) entre a vítima e o indivíduo.
• Emboscada é a tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado local, a passagem
da vítima, para matá-la quando ali passar.
• Dissimulação é a atuação disfarçada, hipócrita, que oculta a real intenção do agente
• Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. Por exemplo, matar a
vítima que se encontra em estado de embriaguez.
V- Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
• assegurar a execução de outro crime. O sujeito primeiro mata alguém e depois pratica
outro delito. Exemplo: Matar o segurança de um empresário para em seguida sequestrá-
lo.
• ocultação o agente pretende impedir que se descubra a prática de outro crime.
• impunidade, por sua vez, o agente deseja evitar a punibilidade do crime anterior.
• vantagem é tudo o que se auferiu com o outro crime, aí se compreendendo seu produto,
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Qualificado

FEMINICÍDIO - INCLUÍDO PELA LEI Lei 13.104/2015


VI- Contra a mulher por razões da condição do sexo feminino.

Figura qualificada do homicídio doloso, de competência do Tribunal do


Júri e expressamente rotulado como crime hediondo.
Inc. I – Violência doméstica e familiar
Lei Maria da Penha.
Inc. II – Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Aqui não se exige a violência doméstica ou familiar. As “razões de
condição do sexo feminino” se contentam com o menosprezo ou
discriminação à condição de mulher. Ex: o aluno de uma prestigiada
universidade mata a colega de sala que está prestes a concluir o
curso com as melhores notas da turma, por não aceitar ser superado
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Qualificado

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da


Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.

Natureza: circunstância subjetiva.

Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).


Sujeito Passivo: A mulher, independente da idade ou da orientação
sexual. Divergências doutrinárias sobre mulheres transexuais.
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Qualificado

Causas de Aumento de Pena


§7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:

I- durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;


O indivíduo conhece o estado gravídico da vítima.
II- contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com
deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou
de vulnerabilidade física ou mental.
III- na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV- em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III
do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº
13.771, de 2018)
ART. 121- HOMICÍDIO
Causas de Aumento de Pena:
• Aplicáveis exclusivamente ao homicídio doloso, em qualquer de
suas modalidades: simples, privilegiado ou qualificado,
consumado ou tentado.

• Art. 121, § 4.º, 2.ª parte: Sendo doloso o homicídio, a pena é


aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos

É possível Homicídio Privilegiado-Qualificado?


Admite a compatibilidade entre o privilégio e as qualificadoras, desde
de que sejam de natureza objetiva (INCISO IV E V – meios e modos de
execução).
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo. Pena - detenção, de um a três anos.
Configura-se o homicídio culposo quando o sujeito realiza uma conduta voluntária, com
violação do dever objetivo de cuidado a todos imposto, por imprudência, negligência ou
imperícia, e assim produz um resultado naturalístico (morte) involuntário, não previsto nem
querido, mas objetivamente previsível, que podia com a devida atenção ter evitado.
• Imprudência: culpa positiva, consiste na prática de um ato perigoso. Exemplo: manusear arma de fogo
carregada em local com grande concentração de pessoas.
• Negligência: culpa negativa, é deixar de fazer aquilo que a cautela recomendava. Exemplo: deixar uma
arma de fogo carregada ao alcance de outras pessoas.
• Imperícia, ou culpa profissional, é a falta de aptidão para o exercício de arte, profissão ou ofício para a qual
o agente, em que pese autorizado a exercê-la, não possui conhecimentos teóricos ou práticos para tanto.
Exemplo: cirurgião plástico que mata sua paciente por falta de habilidade para realizar o procedimento
médico.

Não admite tentativa.


Aumento de pena: §4º, 1º parte: No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço),
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante
ART. 121- HOMICÍDIO
Homicídio Culposo
PERDÃO JUDICIAL
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária.
• Trata-se de causa de extinção da punibilidade
• Dever ser concedida na sentença.
• Por exemplo: O pai ao dar a ré no carro, em sua casa, não ver o filho de 1 ano
brincando atrás do carro e atropela a criança.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio

Milícia privada é o agrupamento armado e estruturado de civis – inclusive com a participação


de militares fora das suas funções – com a pretensa finalidade de restaurar a segurança em locais
controlados pela criminalidade, em face da inoperância e desídia do Poder Público. Para tanto, seus
integrantes apresentam-se como verdadeiros “heróis” de uma comunidade carente e fragilizada, e como
recompensa são remunerados por empresários e pelas pessoas em geral. Grupo de extermínio é a
associação de matadores, composta de particulares e muitas vezes também por policiais autointitulados
de “justiceiros”, que buscam eliminar pessoas deliberadamente rotuladas como perigosas ou
ART. 122-Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
ou a automutilação.
NOVO TEXTO- PACOTE ANTICRIME - (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou
prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos

§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos
dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos

§2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos

§ 3º A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;II - se a vítima é menor ou em
diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.

§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.

§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra
menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código

.§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
ART. 122-Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
ou a automutilação.
Conceito:
• Suicídio: é a destruição deliberada da própria vida
• Automutilação: Qualquer tipo de comportamento voluntário envolvendo agressão
direta ao próprio corpo, sem a intenção de suicídio. Exemplo: A pessoa pratica
autolesão como cortes na própria pele.
Princípio da Alteridade
Objetividade Jurídica: na participação em suicídio- tutela a vida humana; na
participação em automutilação- tutela a incolumidade física em sentido amplo.
Objeto Material: É o ser humano que suporta a conduta criminosa.
Núcleos do Tipo:
• Induzir: Fazer nascer a ideia na mente alheia, uma questão até então inexistente.
• Instigar: Reforçar uma ideia preexistente.
• Auxiliar: Concorrer materialmente para a prática do suicídio ou da automutilação
Obs. o auxílio deve ser eficaz e acessório.
ART. 122-Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
ou a automutilação.
É possivel auxilio por omissão. Por exemplo: psiquiatra que esta consiente de
que seu paciente vai se matar e nada faz para evitar o resultado. (divergências
doutrinárias)

Trata-se de um tipo penal misto alternativo.

Sujeito Ativo: Crime comum


Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que possua o mínimo de capacidade de
resistência e de discernimento.
Obs: Vítima é menor de 14 anos ou em diminuída, por qualquer causa, a
capacidade de resistência (portadora de deficiência ou deficiência mental). Não
responderá pelo artigo em questão. O agente cai no art. 121, 129.

Não admite modalidade culposa.

Tentativa: É possível na modalidade simples (caput). Não é possível na


ART. 122-Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
ou a automutilação.
CONSUMAÇÃO: Crime Formal. O ato de induzir, instigar ou auxiliar a vítima
materialmente, independentemente de qualquer resultado já configura o crime.
Aumento da pena-base a depender da qualificadora.

ROLETA RUSSA: A arma de fogo é municiada com um único projétil, e deve ser
acionado o gatilho pelos participantes cada um em sua vez, rolando o tambor que
estava vazio

DUELO AMERICANO: Existem duas armas de fogo, uma municiada e outra


desmuniciada, e os participantes devem escolher uma delas para posteriormente
apertarem o gatilho contra eles mesmos
• Aos sobreviventes, serão imputados o crime participação em suicídio. um dos
envolvidos, que não sabia se a arma de fogo estava ou não apta a efetuar o disparo,
aciona seu gatilho, apontando-a a direção de outrem, e assim agindo provoca sua morte,
o crime será de homicídio, com dolo eventual.
PACTO DE MORTE
Acordo celebrado entre duas pessoas que desejam se
matar. Analise as condutas:

Participação em Participação em
suicídio Suicídio
Tentativa de Homicídio e
Se ambos se auxiliarem
Participação em Suicídio
Se o sobrevivente somente auxilou o
outro a suicidar-se. Ex: Entregou o mutuamente e ambos Se um deles praticou atos de
veneno. sobreviveram execução da morte de ambos, mas
ambos sobreviveram aquele que
praticou responde por tentativa de
homicídio e o outro por participação
em suicídio.

Tentativa de Homicídio Homicídio

Se ambos praticarem atos de Se o sobrevivente praticou atos de


execução, um contra o outro, e execução da morte do outro.
ambos sobreviveram. Exemplo: Ministrar o veneno.
ART. 122-Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
ou a automutilação.
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
Egoístico: o sujeito induzir a vítima a suicidar-se para ficar com a
herança.
Fútil (banal, insignificante) ou torpe (vil, ignóbil).
Menor de 18 anos.

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de


computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
Ex: Baleia Azul

§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador


de grupo ou de rede virtual.
ART. 122-Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
ou a automutilação.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de
natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste
Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019).
Lesão Corporal Gravíssima.

§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14


(quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído pela
Lei nº 13.968, de 2019)
ART. 123- INFANTICÍDIO
"È a forma privilegiada do
“PRATICADO PEL A MÃE CONTRA O SEU PRÓPRIOhomicídio"
FILHO, RECÉM-NASCIDO OU NASCENTE, DURANTE O PARTO OU
LOGO APÓS, INFLUENCIADA PELO ESTADO PUERPERAL.”
ART. 123 - MATAR, SOB A INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL, O PRÓPRIO FILHO, DURANTE O PARTO OU LOGO
APÓS:
PENA - DETENÇÃO, DE DOIS A SEIS ANOS.

Objeto Jurídico: É a vida humana.


Objeto Material: É a criança, nascente ou recém nascido a quem recai a conduta.
Sujeito Ativo: Somente pode ser praticado pela mãe (crime próprio).
Sujeito Passivo: Nascente ou recém-nascido (neonato).
Elemento Subjetivo: Dolo, direto ou eventual. Não é admitido a modalidade culposa.
Consumação: Dá-se com a morte do nascente ou neonato.
Tentativa: É possível
Crime Impossível: Se a criança já é expulsa do útero morta e a mãe realiza atos de
matar, não comete crime nenhum. E no caso de anencefalia, está caracterizado
também crime impossível. Por improbidade absoluta do objeto.
Infanticídio - Iniciado o trabalho de parto. Dilatação -> Expulsão -> Expulsão da
Placenta.
ART. 123- INFANTICÍDIO
"È a forma privilegiada do
homicídio"
PRATIC AD O PE L A MÃE C ONTRA O SE U P RÓPRIO FILH O, RE C É M-NASC ID O OU NASC E NTE ,
D URANTE O PARTO OU LOGO AP ÓS, INFLUE NC IADA PE LO E STAD O PUE RPE RAL.

Infanticídio e Concurso de Pessoas: Admite coautoria e participação.

Estado Puerperal: É o conjunto de alterações psíquica e físicas que


acometem a mulher em decorrência das circunstâncias relacionadas
ao parto, tais como convulsões e emoções provocadas pelo choque
corporal, as quais afetam a saúde mental. É desnecessário perícia
para constatação.

Ação penal pública incondicionada.

Infanticídio (durante o parto) / Aborto (antes do parto).


TIPOS DE ABORTO:
a) Natural: é a interrupção espontânea da gravidez. Não há
crime.

b) Culposo /Acidental: é a interrupção da gravidez


provocada por traumatismos, tais como choques e quedas

c)Legal /Permitido: é a interrupção da gravidez de forma


voluntária e aceita por lei.

d)Criminoso: é a interrupção dolosa da gravidez

e) Eugênico ou eugenésico: é a interrupção da gravidez


para evitar o nascimento da criança com graves
ART. 124 ao 127- Aborto
"È a interruptação dolosa da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção."

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


• Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho
provoque:
Pena - detenção, de um a três anos..
• Pode ser cometido por qualquer meio (crime de forma livre).
• É necessário que a gestante provoque em si própria (dê causa, produza,
realize) a morte do produto do nascituro. No aborto consentido, um
terceiro, com o consentimento válido da gestante, pratica o fato. Crime
pode ser cometido por omissão, uma vez que a mãe tem o dever
jurídico de zelar pela vida de seu filho, ainda quando no interior de seu
ventre.
Sujeito Ativo: Crimes próprios, pois só a gestante pode cometê-los
Sujeito Passivo: O embrião.
Consumação: Morte cerebral do nascituro. (crime material)
Tentativa: É possível.
ART. 124 ao 127- Aborto
"È a interruptação dolosa da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção."
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
• Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos..

O agente provocar aborto, sem o consentimento da mulher ou


mediante consentimento inválido.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito Passivo: : O nascituro e a gestante.
Consumação: Morte cerebral do nascituro
Tentativa: É possível

• Aquele que realizar o procedimento abortivo imbuído por intuito de lucro,


ou seja, o profissional que pratica tais atos mediante remuneração, sofrerá
a incidência de uma circunstância agravante. Cuida-se do motivo torpe
(CP, art. 61, II, a), no caso, a cupidez.
ART. 124 ao 127- Aborto
"È a interruptação dolosa da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção."

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


• Art. 126 - Aborto praticado por terceiro com o consentimento (válido) da
gestante.

• O consenso da ofendida será inválido quando esta não for maior de 14


anos, for alienada, débil mental ou obtido mediante violência, grave
ameaça ou fraude.
• Se ela voltar atrás, o agente responderá pelo crime do art. 125 do CP.
• E o partícipe? A enfermeira que concorre com a conduta do terceiro
que provoca o aborto. Ex: A enfermeira que auxilia o médico durante
a cirurgia abortiva.
ART. 124 ao 127- Aborto
"È a interruptação dolosa da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção."
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
• Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas
de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte
• Formas de abortos praticados por terceiros, nunca pela gestante.

Homicídio e Aborto
O agente, tendo conhecimento do estado gravídico de uma mulher, vibra-lhe golpes de faca
no ventre ou efetua disparos de arma de fogo, provocando a morte dela e, via de
consequência, do feto, comete dois crimes. - concurso formal impróprio (CP, art. 70, caput,
segunda parte), o aborto e o homicídio
Aborto e Lesão Corporal
O sujeito atua com dolo eventual, isto é, tendo conhecimento do estado gravídico, desfere
golpes violentos na gestante, provocando a morte do nascituro (“Quem desfere violento
pontapé no ventre de mulher visivelmente grávida, acarretando-lhe a expulsão e a morte do
feto, comete o delito de aborto provocado e não o de lesão corporal de natureza gravíssima,
ART. 124 ao 127- Aborto
"È a interruptação dolosa da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção."

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:


Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;


• É o ato praticado por médico, verificando-se não existir outro meio
de salvar a vida da gestante.
• O consentimento da gestante e dos familiares são desnecessários.
• Não precisa de autorização judicial.
• Aqueles que auxiliam o médico também são alcançados pela
exclusão de ilicitude.
ART. 124 ao 127- Aborto
"È a interruptação dolosa da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção."
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro:
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal
• Não é necessário o boletim de ocorrência. A lavratura de um termo de
responsabilidade da gestante ou do representante no hospital já é
suficiente.
• Não se pode admitir que o ato seja praticado por quem não é médico. Ex:
Enfermeira. Sendo responsabilizado no art. 126.
• Definição do estupro abarca qualquer ato libidinoso, não só a conjunção
carnal.

Aborto de feto anencefálico


• Anencefalia é a malformação do tubo neural, caracterizada pela ausência
do encéfalo e da calota craniana. Inexiste atividade cerebral
• O Supremo Tribunal Federal decidiu, em ação de descumprimento de
preceito fundamental (ADPF 54), não constituir crime de aborto a
interrupção da gestação em tais casos. Não sendo necessário autorização

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