Organizacoes Que Aprendem

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AS ORGANIZAÇÕES QUE APRENDEM, SEGUNDO PETER SENGE:

“A QUINTA DISCIPLINA”

Georges Ayoub Riche e Ricardo Monte Alto

Há alguns anos, o processo de


aprendizagem deixou de ser uma preocupação
exclusiva do âmbito acadêmico e passou a integrar
a agenda das empresas mais competitivas.
Constata-se, atualmente, que a administração
estratégica extrapola a mera visão do
planejamento, do posicionamento ou do desing,
incorporando elementos claramente relacionados
ao processo de aprendizagem estratégica. Em
trabalho seminal, Peter Senge (1990,1994)
enumerou cinco disciplinas capazes de orientar as
organizações rumo ao aprendizado contínuo, tendo
reservado especial ênfase à “quinta disciplina” –
raciocínio sistêmico. Este artigo procura sintetizar os
principais conceitos desenvolvidos pelo autor,
combinando sua exposição teórica (Senge, 1990)
com uma abordagem mais empírica e pragmática
(Senge, 1994).

Palavras-Chave: Organizações; Sistema de


Aprendizagem; Vantagem Competitiva.

1 INTRODUÇÃO

Pelo menos uma vez na vida, cada um de nós experimentou a sensação de


pertencer a uma “grande equipe”. Não só pelos resultados que ela alcançou, mas pelo
espírito de luta, a confiança mútua, a sinergia dos relacionamentos e a vontade de vencer.
No entanto, nenhuma equipe já nasce assim. Grandes equipes são organizações que
aprendem, conjuntos de indivíduos que aprimoram, constantemente, sua capacidade de
criar, e a verdadeira aprendizagem “está intimamente relacionada com o que significa ser
humano” (Senge, 1990, p. 22). Desssa forma, grandes equipes são organizações que
aprendem a desenvolver novas habilidades e capacidades, que levam a novas percepções
e sensibilidades que,, por sua vez,, revolucionam crenças e opiniões (ciclo de aprendizado
profundo).

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As organizações que aprendem já foram inventadas, mas ainda não são um
modelo fácil de se reproduzir, não sendo ainda, desssa forma, uma inovação. A intenção
destte “sumário executivo” é fornecer uma visão geral da formulação teórica proposta por
Peter Senge, em seu célebre livro A Quinta Disciplina (1990). Peter M. Senge é diretor do
Programa de Aprendizagem Organizacional e Raciocínio Sistêmico na Faculdade de
Administração Sloan, no Massachusetts Institute of Technology (MIT), além de um dos
fundadores da firma de consultoria Innovation Associates. Além do best-seller referido, este
trabalho também se baseia no livro intitulado A Quinta Disciplina – Caderno de Campo
(1994), em que Senge “traduz” os conceitos teóricos apresentados originalmente para a
realidade empresarial de gerentes e consultores.

Por essa razão, optou-se por não respeitar a ordem direta apresentada no
primeiro livro, de sorte a poder mesclar contribuições de ambas as obras. De maneira
geral, a seqüência adotada é arbitrária e reflete a percepção do cerne da contribuição de
Peter Senge à literatura de administração, sob a ótica dos autores deste sumário.

2 “DÊ-ME UMA ALAVANCA... E MOVEREI O MUNDO”

As organizações que aprendem são formadas por pessoas que expandem,


continuamente, a sua capacidade de criar os resultados que desejam, onde se estimulam
padrões de comportamento novos e abrangentes, a aspiração coletiva ganha liberdade, e
as pessoas exercitam-se, continuamente, em aprender juntas. Essas organizações só podem
ser construídas quando entendermos que o mundo não é feito de forças separadas e que,
no mundo de hoje, a capacidade de aprender contínua e rapidamente é a única vantagem
competitiva sustentável.

Dessa forma, as empresas do futuro serão aquelas que descobrirem como fazer
com que as pessoas se comprometam e queiram aprender, desde o chão de fábrica até a
alta gerência. Para conseguir isso, as organizações devem ser mais coerentes com as mais
elevadas aspirações humanas que vão além das necessidades materiais. Com esse intuito,
é necessário que se derrubem as barreiras que nos impedem de aprender, pois o que
distinguirá as organizações que aprendem daquelas que pararam no tempo é o domínio de
determinadas disciplinas básicas. São elas as seguintes:

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• Domínio Pessoal:
Pessoal: é a disciplina que possibilita continuamente esclarecer e
aprofundar nossa visão pessoal, concentrar nossas energias, desenvolver a
paciência e ver a realidade objetivamente. É o alicerce espiritual da organização
que aprende. A capacidade e o comprometimento de uma organização em
aprender não podem ser maiores que seus integrantes. A disciplina do domínio
pessoal começa esclarecendo aquilo que nos é realmente importante, levando-nos
a viver a serviço das nossas mais altas aspirações.

• Modelos mentais:
mentais: muitas modificações administrativas não podem ser postas em
prática por serem conflitantes com modelos mentais tácitos e poderosos. Eles
incluem idéias arraigadas e paradigmas que interferem sobre as nossas atitudes,
muitas vezes sem que tenhamos consciência disso.

• Visão Compartilhada:
Compartilhada: a empresa deve ter uma missão genuína para que as
pessoas dêem o melhor de si e adotem uma visão compartilhada, na qual
prevaleça o compromisso e o comprometimento em lugar da aceitação. Assim, os
líderes aprendem que não há como querer ditar uma visão, acreditando que ela
será assimilada automaticamente.

• Aprendizagem em Equipe:
Equipe: a unidade de aprendizagem moderna é o grupo e
não o indivíduo. O diálogo facilita a aprendizagem em equipe e, quando esta
produz resultados, seus integrantes crescem mais rápido e a organização também.

• Pensamento Sistêmico:
Sistêmico: esta é a quinta disciplina, a que integra todas as outras, o
elo de ligação, fundindo-as em um corpo coerente de teoria e prática. O
pensamento sistêmico ajuda-nos a enxergar as coisas como parte de um todo,
não como peças isoladas, bem como criar e mudar a sua realidade.

É de fundamental importância que as cinco disciplinas funcionem em conjunto.


Embora isso pareça mais fácil de ser dito do que de ser feito, é preciso reconhecer que o
raciocínio sistêmico reforça cada uma das outras disciplinas, “mostrando que o todo pode
ser maior que a soma das partes” (Senge, 1990, p. 21).

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A palavra "metanóia" significa mudança de mentalidade e talvez seja a
denominação mais exata para descrever o que acontece numa organização que aprende.
A organização que aprende deve estar continuamente expandindo a capacidade de criar
seu futuro e também de aprender visando à sobrevivência e à adaptação. Entender o
significado de "metanóia" é entender o significado de aprendizagem, pois esse envolve uma
alteração fundamental no processo de mudança mental. Na medida em que forem
convergindo, as cinco disciplinas não criarão a organização que aprende, mas sim uma
nova onda de experimentação e progresso. Contudo o pensamento sistêmico sozinho não
basta... é necessário um novo tipo de profissional que saiba tirar proveito dele.

3 AS DEFICIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM

As organizações, em geral, possuem em menor ou maior grau deficiências de


aprendizagem. São sete os tipos de deficiências.

a) “Eu
“Eu sou meu cargo”:
cargo”: as pessoas que se concentram demais nos cargos que
ocupam perdem o senso de relação com os demais cargos. Com isso, algumas
vezes os resultados não são os esperados. Então, como fica muito difícil descobrir
as razões do fracasso, culpam alguém de fora pelo acontecido.

b) “O
“O inimigo está lá fora”:
fora”: tendemos a pensar que o inimigo está lá fora, pois
não enxergamos que as nossas ações vão além do cargo que ocupamos, por não
termos visão sistêmica delas.

c) A ilusão de assumir o controle:


controle: A moda é ser pró-ativo e resolver os problemas
mais difíceis, mas muitas vezes essa pro-atividade é a reatividade disfarçada: as
pessoas buscam combater o inimigo lá fora em vez de perceber qual a nossa
contribuição para os nossos próprios problemas.

d) A Fixação em Eventos:
Eventos: estamos condicionados a ver a vida como uma série de
eventos, porém as nossas principais ameaças não vêm de eventos súbitos, mas de
mudanças graduais. A aprendizagem não pode ocorrer se as pessoas estiverem
dominadas pelos eventos de curto prazo.

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e) A parábola do sapo escaldado:
escaldado: como já foi dito anteriormente, nossas maiores
ameaças vêm de mudanças graduais, embora não estejamos acostumados a
reduzir nosso ritmo e prestar atenção aos pequenos eventos. Apesar disso, é
necessário fazê-lo para que possamos perceber quais são as nossas reais
ameaças.

f) A ilusão de aprender com a experiência:


experiência: aprendemos melhor com a experiência,
todavia nunca experimentamos diretamente as conseqüências das nossas ações
mais importantes.

g) O mito da equipe gerencial:


gerencial: Os gerentes são educados para nunca dizerem
que não sabem uma resposta, o que só bloqueia novos aprendizados, uma vez
que as equipes são repletas de pessoas qualificadas para isso.

4 PRISIONEIROS DO PRÓPRIO SISTEMA OU DO NOSSO PRÓPRIO PENSAMENTO?

O "jogo da cerveja" relata a experiência de pessoas nos papéis de varejista,


atacadista e produtor de uma marca de cerveja. Essas pessoas se vêem no dilema de um
aumento da demanda e conseqüente aumento de pedidos do varejista para o atacadista e
deste para o produtor. Como a capacidade não aumenta, a demanda aquecida gera
atraso de entrega em todos os níveis e, conseqüentemente, mais pedidos. Isso acaba
acarretando maior produção para regularizar a entrega, mas, então, cessam os pedidos,
uma vez que a demanda não era flutuante (os atrasos, sim, causavam mais pedidos). Esse
jogo relata a experiência de pessoas diferentes agindo de maneira não-sistêmica.

Observamos que jogadores com experiências muito diferentes reproduzem os


mesmos padrões de conduta qualitativa. Dessa forma, as causas do comportamento
devem estar além do indivíduo, devem estar no jogo. Cada vez mais estruturas do tipo do
"jogo da cerveja" geram crises nos sistemas reais de produção/distribuição. O que ocorre
na vida real é o investimento dos produtores em capacidade de produção adicional, por
acreditarem que os níveis de demanda continuarão existindo no futuro e, depois, se vêem
presos ao excesso de capacidade de produção, quando a demanda entra em colapso.

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Uma primeira e clara conseqüência que se pode depreender a partir do "jogo da
cerveja" é que a estrutura influencia o comportamento: o jogo produz resultados
surpreendentes e semelhantes para as pessoas que estão sob a mesma estrutura. A
estrutura no caso é a estrutura sistêmica, da qual o indivíduo faz parte. O "jogo da cerveja"
é um laboratório que permite explorar como a estrutura influencia o comportamento.
Considerando que a demanda dos clientes dobrou uma única vez, e os pedidos feitos pelos
jogadores oscilam, percebe-se que há um pensamento não-sistêmico, em que os jogadores
tentam culpar uns aos outros e, por último, o sistema.

Os jogadores têm o poder de eliminar a instabilidade, mas não o fazem porque


não entendem que eles mesmos a estão criando. A maioria dos jogadores vê a sua tarefa
como o “gerenciamento das suas posições”, isolados do resto do sistema. É preciso ver
como a sua posição interage com o sistema no seu todo. Os jogadores, assim, não se dão
conta da maneira como seus pedidos influenciam os pedidos dos outros, percebendo que
tais variáveis não são “externas”, mas sim internas ao sistema.

A influência dos jogadores é sempre muito maior que os limites da sua posição.
Dessa forma, o sucesso ou o fracasso de um é compartilhado por todos. É necessário
compreender que há uma defasagem de tempo entre o pedido e a entrega, por essa razão
o melhor seria esperar e não pedir mais cerveja.

Todas as deficiências de aprendizagem aparecem nesse jogo. Através dele,


percebe-se que nos afastamos da estrutura sistêmica que não predomina em estruturas
baseadas em eventos. Além disso, torna-se clara a necessidade de criar um quadro
sistêmico que mapeie as causas estruturais do comportamento.

5 AS LEIS DA QUINTA DISCIPLINA

5.1 Os Problemas de hoje vêm da solução de “ontem”

Sempre ficamos intrigados com as causas de nossos problemas, quando, na


verdade, deveríamos recordar as soluções que demos para outras questões parecidas no
passado. Soluções que transferem o problema de uma parte do sistema para outra não

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são detectadas, pois os que resolvem o primeiro problema não são os mesmos que o
herdaram novamente.

5.2 Mais você empurra, mais o sistema empurra de volta

Muitas vezes as intervenções bem-intencionadas provocam respostas no sistema


que eliminam os benefícios da intervenção. A isso se dá o nome de ”feedback de
compensação”. Quanto maior o nosso esforço ou mais agressiva for a intervenção, sem
perceber contribuímos mais para o aparecimento de novos obstáculos.

5.3 O comportamento melhora antes de piorar

O feedback de compensação envolve uma defasagem de tempo entre o benefício


de curto prazo e o prejuízo de longo prazo. As respostas melhoram antes de piorar e,
devido à defasagem, talvez leve muito tempo para que o problema volte a se manifestar.

5.4 A saída mais fácil normalmente nos traz de volta para dentro

Tendemos a procurar a saída mais fácil ou a mais familiar, mas se a solução para
os problemas fosse fácil, já teria sido encontrada. Assim, os problemas se acentuam e
acabamos adotando um pensamento não-sistêmico.

5.5 A cura pode ser pior do que a doença

A longo prazo, quanto mais utilizamos soluções não-sistêmicas, mais temos de


voltar a a elas recorrer. As melhorias incrementais de curto prazo é que levam a esse
procedimento. No pensamento sistêmico, chamamos a isso de transferência de
responsabilidade a um interventor. A transferência de responsabilidade para alguém faz
com que posteriormente dependamos dessa pessoa e não mais possamos assumir o
controle da situação sozinhos.

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5.6 Mais rápido significa mais devagar

O ritmo ideal é muito mais lento do que o mais rápido possível. Os princípios
sistêmicos podem gerar, como desculpa, a inatividade, ou seja, não fazer nada em lugar de
fazer algo que possa piorar as coisas, mas, na verdade, a perspectiva sistêmica não é a
inatividade, mas sim uma nova forma de pensar, mais desafiadora e mais promissora do
que os mecanismos usuais de lidar com os problemas.

5.7 Causa e efeito não estão próximos no tempo e no espaço

A origem das nossas dificuldades não está em outros problemas e nem em


adversários, mas sim em nós mesmos. Nos sistemas complexos, a causa indireta de um
efeito pode ter ocorrido muito tempo antes da sua manifestação, o que pode levar à
terceira lei (já enunciada anteriormente): “o comportamento melhora antes de piorar”. As
nossas ações passadas podem criar as dificuldades futuras.

5.8 Pequenas mudanças podem criar grandes resultados...

... mas freqüentemente as áreas de maior alavancagem são as menos óbvias.


Embora o pensamento sistêmico ensine que as soluções óbvias não funcionam a longo
prazo, ele também mostra que as pequenas ações bem focalizadas produzem melhorias
significativas, desde que atuem no local certo. Denominamos esse princípio de
“alavancagem”.

As mudanças de alavancagem podem resolver um problema, entretanto não é


trivial descobrir onde se encontra o ponto de apoio mais apropriado para tal solução. As
mudanças não são óbvias para a maioria dos integrantes do sistema, a menos que se
conheçam as forças envolvidas. Devemos pensar em termos de processos de mudança.

5.9 Você pode assobiar e chupar cana – mas não ao mesmo tempo

Geralmente pensamos em opções rígidas do tipo ”esse” ou “aquele”. Porém,


mesmo que tenhamos de escolher uma ou outra alternativa, a verdadeira alavancagem
consiste em ver como ambas podem ser melhoradas ao longo do tempo.

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5.10 Dividir um elefante ao meio não produz dois elefantes pequenos

É necessário que enxerguemos todo o sistema como responsável pelo problema


criado. As organizações geralmente são projetadas de forma a dificultar que as pessoas
vejam as interações entre as áreas. Muitas vezes, em um problema complicado, não se
enxergam os pontos de alavancagem, pois ele está nas interações e não podemos visualizá-
lo analisando apenas as partes.

5.11 Não existem culpados

Você e a causa de seus problemas fazem parte de um único sistema. Portanto é


razoável concluir que a cura para as tormentas está no seu relacionamento com o
“inimigo’.

6 QUINTA DISCIPLINA: O PENSAMENTO SISTÊMICO

O pensamento sistêmico é a disciplina para ver o todo; é uma forma de


interligação que permite ver os padrões de mudança e não apenas eventos isolados. O
pensamento sistêmico é o antídoto para a sensação de impotência causada pela era da
interdependência; através dele, podemos enxergar as estruturas subjacentes e discernir as
mudanças de alta e baixa alavancagem. O pensamento sistêmico é a pedra fundamental
que determina como as organizações que aprendem pensam a respeito de seu universo.
Nem sempre fazer o óbvio produz o resultado imediato e desejado.

Existem dois tipos de complexidade – a complexidade de detalhes e a


complexidade dinâmica. Na primeira, os efeitos das intervenções, ao longo do tempo, não
são óbvios, e as relações de causa e efeito são sutis. A complexidade dinâmica aparece
quando os efeitos são diferentes a curto e a longo prazo, quando as conseqüências são
diferentes nas diversas partes do sistema e quando as intervenções óbvias produzem
conseqüências não-óbvias.

Na maioria das situações gerenciais, a verdadeira alavancagem está em


compreender a complexidade dinâmica e não a de detalhes. Curiosamente, a maioria das

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pessoas focaliza a sua atenção na complexidade de detalhes, acreditando que se deva
combater complexidade com complexidades (o que é a antítese do pensamento sistêmico).

A essência do pensamento sistêmico consiste em uma mudança de mentalidade,


preconizando os inter-relacionamentos em vez de cadeias lineares de causa e efeito, assim
como processos de mudança em substituição a fotos instantâneas. O pensamento
sistêmico parte do conceito de feedback que revela como as ações podem se neutralizar
uma às outras. O pensamento sistêmico simplifica a vida por ajudar a enxergar padrões
mais profundos.

A realidade é organizada em círculos, mas só enxergamos as retas, aí está nossa


primeira limitação. Não podemos ver somente as estruturas individuais e ignorar a
estrutura subjacente, o que causaria sensação de impotência em situações mais complexas.
Na perspectiva sistêmica, o ser humano é parte do processo, influenciando e sendo
influenciado por ele.

Os feedbacks de reforço são propulsores ou de crescimento ou de declínio


acelerado. Muitas vezes, podemos ver nesse sistema como as pequenas ações evoluem,
criando conseqüências amplificadas (círculos viciosos ou virtuosos). Esses processos
raramente passam despercebidos na natureza, pois raramente ocorrem isoladamente. Em
um determinado momento, o processo encontra limites que podem desviar, interromper ou
até reverter o crescimento. Os limites são uma forma de feedback de equilíbrio, que são o
segundo elemento básico do pensamento sistêmico.

O feedback de equilíbrio entra em ação sempre que existe um comportamento


orientado para uma meta, sempre que um sistema está em busca de estabilidade. Na
administração, o que dificulta a quebra de processos de equilíbrio é o fato de as metas
serem implícitas e de ninguém perceber a existência do processo de equilíbrio.

Na maioria das vezes, os círculos de equilíbrio são mais difíceis de detectar do que
os círculos de reforço, pois parece que nada está acontecendo. Eles mantêm o status quo
mesmo quando todos querem mudanças. A resistência à mudança é uma tentativa de
manter uma meta implícita ao sistema. Enquanto essa meta não for reconhecida, os
esforços de mudança fracassarão. Em vez de tentar vencer a resistência à mudança,

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devemos identificar a fonte da resistência e nos concentrarmos diretamente nas normas
implícitas e nos relacionamentos de poder associados a ela.

As diferenças de fase, ou defasagens, são interrupções nos fluxos de influência que


tornam graduais as conseqüências das ações. As defasagens podem afastá-lo da sua meta
ou podem exercer um efeito positivo se aprendermos a reconhecê-las e a trabalhar com
elas. É o terceiro elemento básico da linguagem sistêmica. Praticamente todos os
processos de feedback têm algum tipo de defasagem, mas geralmente ela não é
identificada nem compreendida.

As defasagens são identificadas também por causarem instabilidade ou colapso,


especialmente quando são prolongadas. Em um ciclo de equilíbrio, na defasagem, o
comportamento agressivo produz efeito contrário ao pretendido, ao invés de levá-lo mais
rapidamente à sua meta. As defasagens são igualmente problemáticas nos ciclos de
reforço. Em geral, elas podem ser ignoradas a curto prazo, mas, como o pensamento
sistêmico é orientado para o longo prazo, elas acabam por reaparecer.

7 ARQUÉTIPOS SISTÊMICOS

Em dinâmica de sistemas, é preciso reconhecer e identificar os padrões que


determinam o ritmo da mudança. Somos prisioneiros de estruturas que não conhecemos e
com as quais precisamos aprender a trabalhar e a dominar para que possamos nos libertar.
Dentro do pensamento sistêmico, sabemos que determinadas estruturas ocorrem repetidas
vezes. Esses “arquétipos sistêmicos” ou “estruturas genéricas” são os segredos para
aprendermos a ver as estruturas em nossas vidas pessoais e organizacionais.

Os arquétipos “sistêmicos” sugerem que nem todos os problemas gerenciais são


específicos, algo que se possa intuir. Um número relativamente pequeno de arquétipos se
repete em uma grande variedade de situações gerenciais. O seu domínio coloca a
organização a caminho da aplicação da perspectiva sistêmica. O propósito dos arquétipos
é recondicionar as nossas percepções para que sejamos capazes de identificar as estruturas
em ação e ver a alavancagem nessas estruturas. Depois de identificados, eles sempre

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sugerem mudanças em alta ou em baixa alavancagem. Também os arquétipos são
compostos de processos de reforço, processos de equilíbrio e defasagens.

7.1 Arquétipo 1: limites ao crescimento

Existe um esforço amplificador, a fim de produzir um resultado desejado, que cria


efeitos secundários que acabam reduzindo o ritmo do sucesso. O que ocorre é que, depois
de um boom inicial, o crescimento se torna uniforme. O crescimento pode ficar tão lento
que a espiral de reforço pode se inverter. O importante é não forçar o crescimento,
apenas eliminar os fatores que o limitam.

No início, quando as coisas vão bem, a tendência é repetir o que estamos


fazendo, mas, quando os resultados positivos cessam, as tentativas se tornam inúteis.
Nessas situações que limitam o crescimento, a alavancagem está no loop de equilíbrio e
não no loop de reforço. Dessa forma, para modificar o comportamento do sistema, é
necessário identificar e alterar o fator limitante. No entanto essa é uma ação contínua, pois
quando eliminamos uma fonte de limitação, o crescimento acaba encontrando outra (num
fenômeno parecido com a transferência de “gargalos”).

7.2 Arquétipo 2: transferência de responsabilidade

As pessoas, como já foi dito anteriormente, têm dificuldade de assumir a


responsabilidade por seus problemas, por isso transferem a sua responsabilidade para
soluções fáceis que são paliativas. Em última instância, não alteram o problema, apenas
atuam sobre sintomas que aparentemente desaparecem, mas perdem, assim, a capacidade
para de fato resolver problemas.

Esse tipo de arquétipo entra em ação quando existem sintomas óbvios e soluções
rápidas que resolvem a questão no curto prazo. No processo de transferência de
responsabilidade, podemos optar por duas soluções: a primeira é a resposta paliativa, que
apenas ataca os sintomas; a segunda é a resposta fundamental, que realmente lida com a
dificuldade (todavia seus efeitos levam mais tempo para aparecer devido à defasagem).

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Quando se recorre a uma solução paliativa, a estrutura de transferência de
responsabilidade fica evidente, uma vez que ficamos cada vez mais dependentes da
resposta imediata. Como as soluções paliativas sempre surtem efeito por algum tempo, em
alguns aspectos cria-se uma estrutura de dependência em relação às soluções rápidas,
atrofiando-se, dessa maneira, a capacidade de concentração em soluções fundamentais.
Cada vez que adotamos uma solução paliativa, aliviamos o estresse, porém ele surge com
maior intensidade em uma nova crise e tendemos a adotar outra solução paliativa, criando
um círculo vicioso.

Para lidarmos com as estruturas de transferência de responsabilidade, devemos


lidar com o enfraquecimento da resposta paliativa e com o reforço da tradicional. Para
que isso ocorra, devemos privilegiar a visão de longo prazo em detrimento da resposta de
curto prazo. Às vezes, é realmente necessário buscar respostas imediatas, no entanto elas
devem vir acompanhadas da capacitação para encontrar respostas fundamentais, uma vez
que, se os paliativos forem encarados como respostas fundamentais, a busca da resposta
definitiva cessa, e a transferência de responsabilidade se instala.

7.3 O princípio da alavancagem

O principal resultado prático do pensamento sistêmico é a alavancagem, a


identificação de onde as ações e as mudanças nas estruturas podem levar a melhorias
significativas e duradouras. Muitas vezes, os melhores resultados provêm das pequenas
ações bem focalizadas e não de grandes esforços. As formas de pensar não-sistêmicas são
particularmente prejudiciais, porque nos levam constantemente a focalizar mudanças de
baixa alavancagem: focalizamos os sintomas em que o estresse é maior. Dessa forma,
produzimos apenas resultados de curto prazo.

O propósito dos arquétipos sistêmicos é ajudar-nos a enxergar as estruturas e,


então, encontrar pontos de alavancagem. Toda vez que uma empresa fracassa, as pessoas
encontram causas para culpar pelos problemas: não reconhecemos as causas sistêmicas
mais profundas do crescimento não-sustentado. Com a ajuda dos arquétipos sistêmicos,
podemos entender as causas e, em muitos casos, formular políticas bem-sucedidas. Muitas
vezes, as causas de declínio não resultam da falta de informações, mas sim do fato de não
se conseguir enxergar as estruturas subjacentes aos fatos.

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Como pensadores sistêmicos, devemos sempre procurar nas empresas um sinal,
qualquer coisa que identifique um arquétipo. Teríamos de identificar, primeiro, o principal
sintoma do problema e, em seguida, as respostas paliativas e fundamentais.

A arte do pensamento sistêmico consiste em reconhecer cada vez mais as


estruturas complexas e sutis das organizações, em meio a todos os detalhes, pressões e
problemas a ela inerentes e presentes em todos os contextos gerenciais. A essência de
dominar o pensamento sistêmico como disciplina gerencial está na identificação de
padrões, enquanto os outros vêem apenas eventos e forças contra as quais reagir.

8 DOMÍNIO PESSOAL

“As organizações só aprendem através de indivíduos que aprendem” (Senge,


1990, p.135). Essa disciplina procura fortalecer a capacidade individual de aprendizagem,
pois só através dela se pode chegar ao aprendizado organizacional. O domínio pessoal
vai além das competências e das habilidades pessoais, extrapolando a abertura espiritual e
ensejando uma vida criativa, um trabalho criativo.

Quando essa disciplina se torna parte integrante das nossas vidas, manifestam-se
dois movimentos subjacentes. O primeiro deles esclarece continuamente o que de fato é
importante para nós, enquanto o segundo consiste em aprender com mais clareza a
realidade do momento. A justaposição do objetivo pessoal (o que desejamos
profundamente) com uma imagem clara da realidade (onde nos encontramos em relação
ao que aspiramos) cria uma “tensão criativa”, uma força resultante que, naturalmente,
busca a sua resolução.

Assim, nesse contexto, o aprendizado extrapola a mera aquisição adicional de


informações ao expandir a nossa capacidade de produzir os resultados do que realmente
desejamos na vida. O domínio pessoal sugere um dado nível de proficiência em todos os
aspectos da vida, pessoal e profissional.

Contudo muitas pessoas e organizações resistem ao domínio pessoal. Tememos a


reviravolta da ordem já estabelecida, assim como a possibilidade de que a prática dessa

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disciplina seja contraproducente no ambiente organizacional. Por essa razão, é preciso
encontrar meios de estimular o constante aprendizado dessa disciplina. Historicamente, as
teorias motivacionais procuram alinhar os objetivos dos empregados com os da
organização, através do estabelecimento de metas travestidas de “cenouras” que só fazem
eliminar a motivação intrínseca para o trabalho. Essa disciplina nos faz enxergar que o
aprendizado é uma vontade inerente a todos os seres humanos, fazendo parte, portanto, da
motivação intrínseca para o trabalho. Em vez da mera aceitação, os gestores devem
buscar o comprometimento de seus funcionários, o que só se dá através do constante
exercício do domínio pessoal.

9 MODELOS MENTAIS

Muitas falhas cometidas pelas pessoas e organizações provêm dos modelos


mentais. Muitas idéias novas deixam de ser colocadas em prática porque podem de alguma
forma conflitar com imagens internas e profundamente arraigadas a respeito do
funcionamento do mundo. Essa disciplina ajuda a reconhecer esses paradigmas, a trazê-
los à tona para que tenhamos ciência da sua influência sobre nossos atos.

Os modelos mentais são responsáveis, então, por muitos dos distúrbios de


percepção. Duas pessoas não “vêem” o mesmo objeto ou o mesmo fenômeno, pois
impregnam a sua percepção sensorial (que pode ser a mesma) com aspectos cognitivos
que modificam completamente o que foi percebido pelos sentidos. Para lidar com essa
disciplina, as organizações necessitam colocar em prática novas técnicas e implementar
inovações institucionais – tanto os aspectos individuais quanto profissionais devem ser
levados em conta.

O conceito de modelos mentais data da Antigüidade, mas a expressão tal qual a


conhecemos foi cunhada pela primeira vez pelo psicólogo escocês Kenneth Craik, nos anos
40. Desde então, ela tem sido aplicada por psicólogos e cientistas cognitivos e,
gradativamente, tem adentrado o campo da administração. Quanto à cognição, o termo
refere-se tanto aos “mapas tácitos semipermanentes do mundo que as pessoas retêm em
sua memória de longa duração, quanto às percepções de curto prazo que as pessoas
constróem como parte dos seus processos diários de raciocínio” (Senge, 1994, p. 223).

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Para lidar com os modelos mentais, é preciso praticar a reflexão e a inquirição a
todo instante. É preciso dispor constantemente de perspectivas e abordagens múltiplas para
que os nossos paradigmas aflorem e possamos reconhecê-los, tanto no âmbito pessoal
quanto no da organização.

Muitas vezes, “os modelos mentais impedem as mudanças que poderiam provir do
raciocínio sistêmico”, portanto os administradores precisam aprender a revê-los (Senge,
1990:187). Pesquisas demonstram que eles são sistematicamente defeituosos, porquanto
não capturam as relações de feedback crítico, calculam mal o tempo de espera e baseiam-
se na maior parte das vezes nas variáveis explícitas, que não necessariamente
correspondem ao ponto de maior alavancagem.

O raciocínio sistêmico nos ajuda a substituir modelos mentais dominados por


eventos, por modelos que reconhecem padrões de mudança de longo prazo, bem como as
estruturas que produzem estes padrões (arquétipos sistêmicos).

10 VISÃO COMPARTILHADA

Manteve-se aqui a tradução do original “shared vision”, pois a tradução oficial


pode causar ambigüidade (“objetivo comum”). Uma visão compartilhada não é uma idéia
que está nas cabeças, mas sim uma força inculcada no coração das pessoas. Essa
disciplina é vital para a organização que aprende, porque proporciona foco e energia.

Os objetivos comuns são extrínsecos e, por isso mesmo, raramente estimulam a


criatividade e a empolgação dos membros da equipe. Uma estratégia bem-sucedida para
construir uma visão efetivamente compartilhada tem por base diversos preceitos, relatados
a seguir.

Antes de tudo, “toda organização tem um destino” (Senge, 1994, p. 280), um


propósito profundo que expressa a sua própria razão de existir. Há inúmeras pistas para
entender o propósito último de uma empresa, como, por exemplo, buscar conhecer as
aspirações dos seus fundadores (as declarações de missão normalmente carecem da

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profundidade a que nos referimos aqui). A seguir, é preciso reconhecer que nem todas as
visões são iguais. O que penetra o propósito mais profundo da organização tem o poder
único de engendrar aspiração e engajamento, mas, para serem genuinamente
compartilhadas, as visões devem resultar da reflexão de muitas pessoas em conjunto.

As próprias pessoas, “especialmente aquelas que se importam profundamente


[com a organização], têm um senso coletivo do seu propósito basilar” (Senge, 1994, p.
281). Assim como os modelos mentais, muitas vezes esse senso compartilhado é tácito –
obscurecido em meio à cultura organizacional predominante e às práticas convencionais do
dia-a-dia.

Portanto é tarefa do gestor tentar projetar e desenvolver processos contínuos em


que as pessoas, em todos os níveis funcionais e hierárquicos, possam dizer sinceramente o
que realmente lhes importa. O conteúdo de uma visão compartilhada só pode emergir de
um processo coerente de reflexão e conversação. Assim, como no domínio pessoal, existe
uma “tensão criativa” que integra o impulso inato que emerge, quando temos quadros
claros da nossa visão da realidade organizacional presente.

O núcleo dos princípios orientadores da visão compartilhada inclui todos os


seguintes elementos: a visão propriamente dita (uma imagem do nosso futuro desejado); os
valores (como esperamos nos deslocar até onde queremos ir); o propósito ou a missão (o
que a organização está aqui para fazer) e as metas (marcos que esperamos alcançar dentro
em breve).

Por fim, é importante dizer que a disciplina de visão compartilhada só se completa


com o raciocínio sistêmico. Nos últimos tempos, muitos líderes entraram na onda da
Administração por Objetivos (APO), estabelecendo metas de aumento da produtividade e
da competitividade, mas elas careciam de senso integrado. Porém há que se reconhecer
que “o objetivo só se transforma em força viva quando as pessoas acreditam que podem
construir seu futuro” (Senge,1990, p. 209).

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11 APRENDIZADO EM EQUIPE

Por fim, como estamos tratando de organizações, a última das disciplinas trata do
aprendizado coletivo. A unidade de aprendizagem moderna é o grupo e não os indivíduos
isolados.

A característica mais marcante das equipes pouco alinhadas é a dispersão de


energia. Todos podem estar trabalhando com o maior afinco, todavia seus esforços podem
não estar contribuindo efetivamente para a eficiência do trabalho coletivo. O aprendizado
em equipe é a disciplina que vai tentar conduzir um processo de alinhamento e de
desenvolvimento da capacidade de um grupo para criar resultados que seus membros
realmente desejam alcançar.

É claro que não existe aprendizado em equipe sem domínio pessoal e sem visão
compartilhada. Partindo dessas condições, reconhece-se que a inteligência coletiva é
maior que a soma das inteligências individuais, abrindo oportunidade para o aprendizado
coletivo.

Essa disciplina requer a reformulação completa da prática do diálogo e da


discussão. “No diálogo, ocorre a exploração livre e criativa de questões complexas e
delicadas, onde cada um 'escuta' as idéias do outro, sem manifestar sua opinião”, ao passo
que “na discussão, por sua vez, são apresentadas e defendidas diferentes opiniões,
buscando-se sempre a melhor idéia para apoiar as decisões que devem ser tomadas na
ocasião” (Senge, 1990, p. 215). Ambas as técnicas de comunicação são potencialmente
complementares, porém a maior parte dos grupos não consegue levar a efeito a distinção
existente entre as duas práticas e passar conscientemente de uma para outra.

A palavra diálogo tem origem em duas raízes gregas, dia (“através”, "um com o
outro”) e logos (“palavra”). Essa palavra, portanto, traz uma idéia de “significado fluindo”.
Já a palavra discussão deriva do latim discutere, que significa “esmagar em pedaços”.
Conseqüentemente, a discussão difere do diálogo por ser uma “forma de conversação que
promove a fragmentação” (Senge, 1994, p. 331). Contudo a discussão hábil difere das

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discussões improdutivas, porquanto os participantes não estão meramente envolvidos em
guerras de argumentação "autopromocionais".

Assim, para colocar essa disciplina em prática é preciso desenvolver um repertório


de técnicas, abrangendo habilidades de reflexão e inquirição colaborativa. O aprendizado
em equipe permite captar as diversas sinergias potenciais do trabalho coletivo, constituindo
em sua essência a razão última das organizações que aprendem.

As barreiras ao aprendizado coletivo só podem ser removidas caso as pessoas


passem a utilizar uma linguagem comum. A contabilidade financeira é a linguagem
universal dos negócios, entretanto lida com a complexidade de detalhes e não com a
complexidade dinâmica. Os arquétipos sistêmicos fornecem essa linguagem básica
comum a todos os membros da organização.

12 O TODO INDIVISÍVEL

O cerne deste artigo está fundamentado na premissa de que o todo é indivisível,


sendo que a quinta disciplina – raciocínio sistêmico – busca justamente recuperar essa
fragmentação, oriunda dos nossos bancos de escola.

Fazemos parte, em última instância, do mesmo universo criativo e, por essa razão,
interagimos mutuamente. A separação do todo em sistemas provém de uma necessidade
didática e científica, mas acabou gerando um profundo distúrbio de percepção na
civilização moderna. Para apreender a fundo a interconexão entre os fenômenos, devemos
remover a separação existente entre os sistemas e os ambientes que os cercam. Só assim,
estaremos aptos a captar efetivamente a indivisibilidade do todo representado pelo
Universo.

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SENGE, Peter M. A quinta disciplina. São Paulo: Editora Best Seller, 1990.

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SENGE, Peter M. et al. A quinta disciplina – caderno de campo: estratégias para
construir uma organização que aprende. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1994.

Abstract
In recent years, the learning process has been
not only an exclusive concern of the academic
community, but it also has started to integrate the
agenda of the most competitive companies. It is
verified, now, that the strategic administration
extrapolates the mere vision of the planning, of
the positioning or of the design, incorporating
elements clearly related to the process of
strategic learning. In seminal work, Peter Senge
(1990,1994) has identified five disciplines
capable to guide the organizations heading for
the continuous learning, having reserved special
emphasis to the "fifth discipline" – systemic
reasoning. This article tries to synthesize the
main concepts developed by the author,
combining his theoretical study (Senge, 1990)
with a most empiric and pragmatic approach
(Senge, 1994).

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