Neuropsicanálise
Neuropsicanálise
Neuropsicanálise
ISSN: 1679-4427
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Universidade Presidente Antônio Carlos
Brasil
Resumo
O presente artigo pretendeu apontar para as questões que estavam em jogo
para Freud quando da redação do Projeto de 1895. Objetivamos com isso
demonstrar que Freud não visava necessariamente a construção de uma
teoria neuropsicanalítica, como pretendem alguns, mas a busca da etiolo-
gia psíquica das neuroses. Por isso, em um primeiro momento analisamos
porque Freud escolhe o nome psicanálise para denominar sua teoria. Depois
estabelecemos quais são os dois postulados elaborados por Freud na parte
I do texto do Projeto para, em segui da, apontar como a parte II, articula-
da com outros textos contemporâneos de Freud, apontam para a busca de
Freud de uma causalidade não nos neurônios, mas em representações.
Palavras-chave:
Psicanálise; neuropsicanálise; psíquico; análise; etiologia.
1 INTRODUÇÃO
dado um mau passo na vida; outro fica cego sem nenhuma afecção
patológica: mais uma vez, estamos lidando com algo que coloca em
questão qualquer ideia de unidade, como o sintoma). Essas paralisias
são produzidas a partir da relação entre representações que ressignifi-
cam experiências infantis. É aqui que entra em jogo a questão da causa-
lidade a posteriori que não pode ser prevista: é da ordem do que vem
depois, por meio das representações, que algo passa a ser tido como
originário. Esse procedimento só faz sentido se remetermos inteiramen-
te a um registro psíquico, sem a necessidade de apelar para nenhum
evento biológico ou físico. E é por isso que Freud se vê sistematicamen-
te levado a abandonar conceitos que seriam do campo da neurologia e
cada vez mais se referir a conceitos psíquicos: por buscar, incansavel-
mente, uma causalidade psíquica.
Nos próprios termos de Freud: a ferramenta essencial para o trata-
mento anímico é a palavra. E isso por duas razões: a primeira é porque dando
a oportunidade da fala podemos responsabilizar o sujeito; e a segunda é
porque é a partir das palavras que podemos afetar um sujeito. Se voltarmos
ao exemplo do corpo, encontramos relatos da época da ditadura de sujeitos
que mesmo torturados não se submeteram ou não entregaram seus compa-
nheiros. A tortura do corpo não indicava necessariamente uma mudança da
alma. Podemos também pegar um exemplo de Lacan que ilustra muito bem
isso do que estamos falando: certa vez perguntaram a ele como fazer para
tirar alguém de sua consciência. Ele respondeu: esfolando! Quando estamos
lidando com o anímico, não se trata de consciência no sentido de estado vigil
em oposição ao estado de sono; trata-se de consciência no sentido de uma
lógica e de uma organização. E se Freud, a partir do tratamento das histé-
ricas, recusa essa lógica, foi porque recusava essa lógica consciencial que
definia o conceito de normalidade e de loucura.
Nesse mesmo texto, Freud lembra ainda o quanto será insuficiente
buscar no cérebro a etiologia das neuroses e da cisão do aparelho psíquico.
3 O PROJETO DE 1895
etiologia das neuroses, caminho que uma vez assumido o levou à sexua-
lidade, ou seja, a existência de um liame entre elas, não recorrendo aos
neurônios para construir essa articulação. O enfoque neste texto está nas
representações e não em neurônios. Freud afirma que as patologias psíqui-
cas advêm da impossibilidade do sujeito “resolver a contradição da repre-
sentação incompatível e seu eu por meio da atividade do pensamento”
(FREUD, 1894, p. 55). A questão que se apresenta é a de um conflito psíqui-
co. Freud conclui o raciocínio afirmando que essas representações incom-
patíveis estão no campo da experiência e das sensações sexuais. Estava
inaugurada a via de investigação que atravessa toda sua obra; que jamais
foi negada, ao contrário foi afirmada e reafirmada a cada nova etapa.
Neste texto, Freud lança mão do conceito de defesa, que podemos
definir como um trabalho sobre as representações investidas sexualmente,
visando impedi-la de fazer associações e retirando o afeto. Em Observações
Adicionais sobre Neuropsicoses de Defesa (1896), a expressão “defesa” toma
uma conotação generalizada, passando “recalque” a ser o mecanismo
específico das neuroses contra a representação agora incompatível.
Em todo caso, há o problema do destino do excesso de excita-
ção. Freud apresenta como possibilidade a esse excesso, aquilo que ele
denomina , nesses textos, de afeto, tomar o caminho da “transforma-
ção de sua excitação em alguma coisa somática”(FREUD, 1894, p. 56).
Denominando esse processo de conversão histérica, essa somatização
do afeto representa a constatação de Freud da atuação do psíquico no
somático e não o contrário. De forma que tanto a teoria do funcionamen-
to energético quantitativo como a teoria neurônica se apresentam como
explicações supérfluas quando estamos tratando de representações.
Freud observa que as ideias histéricas surgem a partir de um deslo-
camento psíquico entre duas ideias; uma provinda de algum acontecimen-
to anterior, geralmente na infância e ligado à sexualidade do sujeito, que
na época não sofria recalque deste, pois seu aparelho psíquico não estava
maduro o suficiente para sentir a sua sexualidade como após a sua entrada
puberdade. Essa primeira ideia não é inteligível ao sujeito, num primeiro
momento, porque foi recalcada. A segunda ideia é a que causa sofrimento
ao sujeito, ela é conhecida deste, sendo que muitas vezes pode ser trata-
da ou evitada, mas não desaparece, porque não é a origem do problema.
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
______. (1915) Pulsões e seus destinos. In: Obras completas. Rio de Janeiro:
Imago, 1996 Vol. XIV.
Abstract
The present article intended to appear for the subjects that were in
game for Freud when of the composition of the Project of 1895. We
sought with that to demonstrate that Freud didn’t necessarily seek the
construction of a theory neuropsychoanalytical, as they intend some,
but the search of the psychic etiology of the neuroses. Therefore, in a
first moment we analyzed the reason Freud he/she chooses the name
psychoanalysis to denominate your theory. Then we established which
are the two postulates elaborated by Freud in the part I of the text of
the Project for, soon after, pointed as the part II, articulate with other
contemporary texts of Freud, they not appear for the search of Freud of
a causality in the neurons, but in representations.
Keywords:
Psychoanalysis; neuropsychoanalysis; psychic; analysis; etiology.