Técnico em Optometria
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Técnico em Optometria
MINISTÉRIO PÚBLICO
Exmo(a). Sr(a). Dr(a). Juiz(a) de Direito da Vara da Fazenda Pública do Estado do Pará
DOS FATOS
ou testes de visão, bem como adaptando lentes de contato, o que, segundo o C.R.M., é atribuição
exclusiva dos profissionais com formação acadêmica em oftalmologia.
O Ministério Público tem como missão institucional, conforme art. 127 da Constituição
Federal, a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.
A preservação da saúde das pessoas é um dos exemplos de direito difuso e coletivo mais
importante a ser preservado pelo Ministério Público.
A saúde também integra a relação de direitos básicos do consumidor, previstas no art. 6º,
senão vejamos:
Deste modo, revela-se inquestionável a legitimidade do M.P., para figurar no pólo ativo
da presente Ação Civil Pública.
Outro ponto a ser mencionado a favor da legitimidade ativa do Parquet, repousa no fato
de que sua atuação em uma única demanda evitará o abarrotamento de ações individuais que
atravancariam a atuação do Poder Judiciário e possibilitariam uma insegurança jurídica em
razão da possibilidade de decisões díspares.
DO DIREITO
Deeccrreettoo nn..ºº 2200993311 ddee 1111 ddee jjaanneeiirroo ddee 11993322 - Regula o exercício da
D
medicina, da odontologia, da medicina veterinária, da farmácia, além da
OPTOMETRIA entre outras .
ESTADO DO PARÁ
MINISTÉRIO PÚBLICO
D
Deeccrreettoo nn..ºº 2244449922 ddee 2288 ddee jjuunnhhoo ddee 11993344 - Baixa instruções sobre o
decreto 20931/32, na parte relativa à comercialização de lentes de grau
pelas ópticas básicas que contavam com a responsabilidade técnica do
óptico prático básico.
PPoorrttaarriiaa nn..ºº 8866 ddee 2288 ddee jjuunnhhoo ddee 11995588 - Estabelece normas para o
exercício, em todo o território nacional, da profissão de óptico-prático em
lentes de contato .
D
Deeccrreettoo nn..°° 7777..005522 ddee 1199 ddee jjaanneeiirroo ddee 11997766 – Dispõe sobre a fiscalização
sanitária das condições de exercício de profissões e ocupações técnicas e
auxiliares, relacionadas diretamente com a saúde. Este decreto se aplica às
ÓPTICAS PLENAS que contam com a responsabilidade técnica do
TÉCNICO EM ÓPTICA ou do ÓPTICO OPTOMETRISTA.
Esta, desde o seu art. 1º acentua a formação como preparação direta para
o trabalho, in verbis - Art. 1º- O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo
geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento
de suas potencialidades como elemento de auto-realização, qualificação para
o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania.
Esses argumentos, embora fortes, não prevalecem a uma análise mais detida acerca do
tema.
Nesse mister, cumpre salientar que a Optometria é parte integrante (e uma das
especialidades mais importantes, a propósito) da Oftalmologia, pois, não raro, é ela que primeiro
coloca o médico- oftalmologista em contato com o problema ocular do paciente. O exame
oftalmológico realizado por um médico é a oportunidade única de diagnóstico e tratamento
precoce de doenças graves. Com efeito, caso a prática da Optometria como atividade
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A Optometria (do grego, opto, visão; metron, medida + sufixo ia, literalmente medida da
visão) começou nos Estados Unidos, em seguida ao término da Guerra Civil Americana (1861-
1865), embora o estabelecimento formal do optometrista nos Estados Unidos só tenha ocorrido
25 anos mais tarde, em 1890. Duas são as causas que possibilitaram o nascimento e o
desenvolvimento da Optometria americana. Inicialmente, as crescentes exigências com o
cuidado dos olhos decorrentes do fenômeno de acentuada urbanização (reforçada pela chegada
do imigrante europeu) que se seguiu ao fim da Guerra Civil. A enorme corrente migratória
campo-cidade implicou a necessidade de generalizar a escolarização e possibilitou o rápido
processo de industrialização posterior à Guerra da Secessão. Esse enorme contingente humano
das cidades, escolarizado em sua maioria e cônscio dos seus direitos, passou a exigir do poder
público a assistência para seus problemas de saúde em geral e dos olhos em particular. Atente-se
para o fato de que a maioria desses problemas oculares, principalmente as dificuldades visuais,
são menos sentidos no campo, onde as exigências com o refinamento qualitativo e quantitativo
da visão não são tão prementes quanto para o homem alfabetizado da cidade, envolvido cada vez
mais com atividades dependentes de uma boa acuidade visual. A essa demanda crescente por
qualidade visual, associa-se a incipiência da Oftalmologia no final do século passado. Mesmo
nos Estados Unidos, já uma potência emergente no final do século XIX, era notável a carência de
médicos e o limitado conhecimento desses poucos. Esses dois fatores - crescente demanda por
assistência médico-oftalmológica e limitação quantitativa e qualitativa de oftalmologistas -
consorciaram-se para permitir que técnicos em óptica passassem também à tarefa de compensar
as ametropias e, em especial, os astigmatismos.
prática, quase que os únicos para os quais podia-se oferecer alguma solução. Basta lembrar que o
oftalmoscópio, que permitiu o exame das estruturas intra-oculares e, com isso, acelerou o
conhecimento e o desenvolvimento da Oftalmologia, só foi inventado por Hermann von
Heimholtz em 1851, praticamente ao mesmo tempo da introdução da Optometria nos Estados
Unidos. Dentro desse cenário (e qualquer discussão envolvendo a Optometria tem de levar em
conta esse cenário) entendemos porque a Optometria foi valorizada em seu país de origem e
porque, durante algum tempo, ela foi exercida por ópticos. O desconhecimento era tanto que
dava para entender-se a dissociação feita entre problemas refracionais (ametropias: miopia,
hipermetropia, astigmatismo e presbiopia) e doenças oculares. Mesmo porque, insistamos, muito
pouco se sabia da patologia ocular.
As ametropias podem atuar como fator de risco para a instalação de doenças oculares
graves e com significativo potencial cegante, como a obstrução venosa de retina, a degeneração
macular relacionada à idade (relacionadas, em geral, à hipermetropia) e o glaucoma (relacionado
tanto à miopia quanto à hipermetropia). E também as ametropias são causas ou se associam a
alterações e doenças oculares muitas vezes graves a exigir cuidados médicos especiais clínicos
ou cirúrgicos, como, por exemplo: exoftalmia, nistagmo, hipotensão ocular, estafiloma escleral,
roturas da membrana de Descemet, hemorragias, roturas, pregas e descolamento de coróide,
cegueira na infância, triplopia, miodopsias, membrana neovascular sub-retiniana, hemorragias
maculares, degenerações periféricas de retina, buracos e roturas retinianas, drusas de retina,
descolamentos de retina, aniseicônia, estrabismos, ambliopias, pseudopapiledema.
Diante dessa realidade médica atual e da complexidade fisiopatológica do olho, fica claro
que falta ao optometrista o conhecimento indispensável para orientar o paciente com segurança,
sem comprometer ou agravar ou seus problemas visuais. E, o que é pior, o exame ocular do
optometrista, rudimentar e incompleto por insuficiência de conhecimentos e de meios
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semiológicos, vai, com certeza, passar ao largo de muitas doenças oculares e sistêmicas que o
oftalmologista fácil e prontamente diagnostica.
Quando o optometrista invoca o exemplo dos Estados Unidos para justificar a adoção do
Optometria no Brasil, foge às contingências históricas em que ela foi introduzida lá, no final do
século passado, quando a Oftalmologia praticamente nem identidade tinha. O que os
optometristas fazem é descontextualizar um fato, na tentativa de retirar-lhe o mofo do passado e
apresentá-lo com o aval da contemporaneidade que esse fato está longe de possuir. Mas nem
sempre o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil. E a Optometria não é boa nem
mesmo lá. E tanto é assim que ilustres e notáveis oftalmologistas se levantaram contra ela.
A Associação Médica Britânica informa que 35% dos pacientes que procuram
optometristas apresentam afecções não reconhecíveis pelos mesmos. E o presidente da Academia
de Medicina de New York, o Dr. Lambert, registrou mais de 50 casos de glaucoma, tumor
cerebral e outras doenças não diagnosticadas oportunamente, em paciente que procuraram os
serviços de optometristas, em determinado intervalo de tempo.
Por que entregar o cuidado médico a indivíduos que têm no ganho financeiro (venda de
óculos) o seu único intuito, deixando de lado o tratamento do homem como ser integral? E mais,
quantos milhares de óculos seriam prescritos desnecessariamente (com interesse mercantil),
prejudicando materialmente e, às vezes organicamente, a população brasileira, principalmente a
mais carente e, na maioria dos casos, a menos informada e mais vulnerável?
Ministério da Saúde
Procuradoria
Parecer nº 1110/2000
1
Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Dr. Flávio Winkler, advogado, OAB-RS
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Ainda neste contexto, em 1993, a 16ª Vara Cível do Rio Grande do Sul,
através de ação impetrada pela Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande
do Sul, determina que os ópticos não podem fazer testes de visão, exames
de refração ou mesmo adaptação de lentes de contato sem prévia e
expressa receita médica autorizada.
Assessor Jurídico
Em 28 de junho de 1934, novo decreto-lei (nº 24.492) baixava normas relativas à venda
de lentes de grau, mantendo a mesma fiscalização pelo órgão acima.
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Nesse Decreto, os artigos ligados à prática da Oftalmologia são: Artigos 13, 14, 16 e
Artigo 17
3º Os aparelhos seguintes:
Máquina para centrar cristais, máquina para talhar superfícies com uma
série de moldes para lentes esférica, outra série para lentes cilíndricas, que
habilitem ao preparo de lentes combinadas; aparelhamento para o
controle e retificação; pedra para rebaixar cristais; aparelho para
verificação de grau das lentes e respectiva montagem de lentes. Uma caixa
completa de lentes de ensaio.
danificadas;
GETULIO VARGAS
Washington F. Pires
RETIFICAÇÃO
3º - Os aparelhos seguintes:
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Máquina para centrar cristais, máquina para talhar superfícies, com uma
série de moldes para lentes esféricas, outra série para lentes cilíndricas,
que habilitem ao preparo de lentes combinadas; aparelhamento para o
controle e retificação dos moldes; pedra para rebaixar cristais; aparelho
para verificação de grau das lentes e respectiva montagem de lentes (o
mais como está).
RETIFICAÇÃO
3º - Os aparelhos seguintes:
Pedra para rebaixar cristais e aparelho para verificação de grau das lentes
e respectiva montagem de lentes
DO EXERCICIO DA MEDICINA
DO EXERCICIO DA ODONTOLOGIA
DISPOSIÇÕES GERAIS
AGRAVO DE INSTRUMENTO
Nº 70008609463
ACÓRDÃO
Relatora.
RELATÓRIO
É o relatório.
VOTOS
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que inclusive este não está excluído do dever de tratamento digno imposto
pela Lei Maior.
É o relatório.
46.963, de Biguaçu, rel. Des. Eládio Torret Rocha, Terceira Câmara Civil,
j. 07.11.95).
Trecho do v. acórdão:
Trecho do v. acórdão:
RELATOR
Custas de lei.
I - RELATÓRIO:
II - VOTO:
III - DECISÃO:
WILSON GUARANY
Presidente.
Relator.
RELATÓRIO:
VOTO:
De fato:
É do STJ a lição:
DECISÃO:
João Martins
Volnei Carlin
RELATOR
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo tem o mesmo entendimento, como se pode
verificar nos Embargos Infringentes n. 277.280-10-02, com a seguinte ementa:
Art. 4º: "A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento às necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da
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Pela forma como está sendo tratada, inferimos que a função dos óticos no
Pará está bastante comprometida a partir da oferta de cursos ilegais e
também incompletos como técnicos. (grifei).
Estatuto
TÍTULO I
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CAPÍTULO I
ESTADO DO PARÁ
MINISTÉRIO PÚBLICO
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CAPÍTULO II
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CAPÍTULO III
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I - Conselho Deliberativo;
II - Diretoria;
SEÇÃO II
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I - A diretoria;
SEÇÃO III
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Diirreettoorriiaa ddoo C
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I – Presidente;
II - Vice-Presidente;
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IV - 1º Secretário, e,
V - Tesoureiro.
III - Manter sob sua guarda o livro de atas das reuniões de Diretoria;
SEÇÃO IV
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CAPÍTULO IV
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CAPÍTULO V
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I - Comissão de Finanças;
II - Comissão de Ensino;
SEÇÃO II
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SEÇÃO III
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SEÇÃO IV
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SEÇÃO V
ESTADO DO PARÁ
MINISTÉRIO PÚBLICO
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SEÇÃO VI
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ARTIGO 58. A Comissão da Boa Visão será constituída por cinco (5)
membros filiados diretamente no CBOO ou nos CROOs, indicados pelo
Presidente do CBOO, de notório interesse no assunto e que já tenham
demonstrado conhecimento do como conduzir o assunto.
SEÇÃO VII
miissssããoo C
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C Coonnggrreessssooss
Ciieennttííffiiccaa ddee C
TÍTULO II
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CAPÍTULO I
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I - Assembléia Geral
II - Plenária de Conselheiros
VI - Consultoria Técnica
SEÇÃO I
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II - Pela Diretoria;
SEÇÃO II
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Daa PPlleennáárriiaa ddee C
SEÇÃO III
D
Diirreettoorriiaa ddoo C
CRRO
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IV - Preparar o expediente;
b) Comissão de instrução;
c) Conselheiro relator;
d) Conselheiro revisor;
SEÇÃO IV
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CAPÍTULO II
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CAPÍTULO III
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CAPÍTULO IV
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CAPÍTULO V
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TÍTULO III
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CAPÍTULO II
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TÍTULO IV
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TÍTULO V
DIISSPPO
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DA PROPAGANDA ENGANOSA
Ressalta-se, ainda, que o artigo 36 e seu parágrafo único veda a publicidade dissimulada,
clandestina ou subliminar, além de instituir o princípio da transparência da fundamentação ou
veracidade da publicidade.
Com base no CDC, portanto, deduz-se que a publicidade lícita deverá ser veraz, precisa e
capaz de informar da forma mais completa possível, não devendo induzir o consumidor em erro,
como é o caso da publicidade tratada na presente ação coletiva.
No caso dos autos, identifica-se, dentro da classificação feita pelo citado autor, a forma
comissiva, pois o Suplicado divulga informações inverídicas acerca da optometria.
Observe-se que, nos termos da legislação já citada, para uma publicidade ser enganosa
basta a potencialidade de induzir o consumidor em erro, não sendo necessário que algum
consumidor tenha sido efetivamente iludido. Dessa forma, possível argumento a ser invocado
pelo réu, de que inexistem outras reclamações de consumidores, é irrelevante para que a
publicidade seja apreciada do ponto de vista da sua enganosidade.
De fato, a lei não excluirá de apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito
(CF, art. 5º, inc. XXXV); e, embora o artigo 5º, inciso XVIII, da Carta Federal, confira o direito
à associação, é certo que não afastou do Poder Público a competência de fiscalizar a licitude da
atuação (CF, art. 5º, XIX, c/c art. 174, “caput”), existindo a possibilidade de dissolução judicial
da sociedade de natureza civil de acordo com as normas processuais (CCB, art. 1.111),
estipuladas no decreto-lei n. 1.608/39, mantidas em vigor pelo artigo 1.218, inciso VII, do
Código de Processo Civil Brasileiro.
2
Lei Federal n. 9.649/98: Art. 58. Os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas serão exercidos em
caráter privado, por delegação do poder público, mediante autorização legislativa. § 1o A organização, a estrutura e o
funcionamento dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas serão disciplinados mediante decisão do
plenário do conselho federal da respectiva profissão, garantindo-se que na composição deste estejam representados
todos seus conselhos regionais. § 2o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, dotados de
personalidade jurídica de direito privado, não manterão com os órgãos da Administração Pública qualquer vínculo
funcional ou hierárquico. § 3o Os empregados dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são
regidos pela legislação trabalhista, sendo vedada qualquer forma de transposição, transferência ou deslocamento
para o quadro da Administração Pública direta ou indireta. § 4o Os conselhos de fiscalização de profissões
regulamentadas são autorizados a fixar, cobrar e executar as contribuições anuais devidas por pessoas físicas ou
jurídicas, bem como preços de serviços e multas, que constituirão receitas próprias, considerando-se título executivo
extrajudicial a certidão relativa aos créditos decorrentes. § 5o O controle das atividades financeiras e administrativas
dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas será realizado pelos seus órgãos internos, devendo os
conselhos regionais prestar contas, anualmente, ao conselho federal da respectiva profissão, e estes aos conselhos
regionais. § 6o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, por constituírem serviço público, gozam
de imunidade tributária total em relação aos seus bens, rendas e serviços. § 7o Os conselhos de fiscalização de
profissões regulamentadas promoverão, até 30 de junho de 1998, a adaptação de seus estatutos e regimentos ao
estabelecido neste artigo. § 8o Compete à Justiça Federal a apreciação das controvérsias que envolvam os conselhos
de fiscalização de profissões regulamentadas, quando no exercício dos serviços a eles delegados, conforme disposto
no caput. § 9o O disposto neste artigo não se aplica à entidade de que trata a Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994.
3
STF, ADI n. 1.171: considerou que os Conselhos Profissionais são autarquias federais, porque exercitam poder de
polícia (DJU 28.3.2003), in Direito Administrativo Brasileiro, Hely Lopes Meirelles, 29 ed., p.342, nota de rodapé.
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Note-se que o fim da associação, segundo Clóvis Bevilacqua, pode ser lícito, mas ela não
poderá servir-se de meios ilícitos para consecução de seus fins, caso em que haverá dissolução,
tanto quanto na hipótese de possuir fins ilícitos (aliás, associações de fins ilícitos sequer podem
ser registradas, isto é, existirem juridicamente, segundo o art. 115 da Lei Federal 6.015/73,
conforme se verá adiante).
4
Código Civil dos Estados Unidos do Brasil, p. 234, n. 7, ed. Rio).
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Caio Mário da Silva Pereira sublinha que qualquer do povo ou o Ministério Público
poderá promover ação visando a dissolução judicial de associação
Basta, pois, que ela promova atividade ilícita ou imoral, lembrando Washington de
Barros Monteiro que
5
Código Civil Brasileiro Interpretado", pp. 396/398, ns. 5 e 7, vol. I, Livraria Freitas Bastos, 14ª ed.
6
Instituições de Direito Civil", p. 237, vol. I, 7ª ed., ed. Forense.
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O art. 1.218 inciso VII do Código de Processo Civil mantém em vigor o art. 670 do
Código de Processo Civil revogado (Decreto Lei 1.608, de 18 de setembro de 1.939). Esta norma
dispõe que:
É bem certo que a vigente Constituição (art. 5º, inciso XVII) garante a liberdade de
associação. Todavia a garantia é dirigida a associação para fins lícitos, decorrendo, daí, a
impossibilidade absoluta da associação constituir-se para consecução de fins ilícitos ou de servir-
se de meios ilícitos para atingir seus fins.
Constitucionalistas de proa, como Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra Martins, observam
que os fins ilícitos, que restringem a liberdade associativa, não são apenas os mencionados na lei
penal, argumentando que
7
Curso de Direito Civil", pp. 114/115, Parte Geral, vol. I, 20ª ed., ed. Saraiva.
8
Comentários ao Código de Processo Civil", p. 236, n. 196, tomo XVII, ed. Forense, 1ª ed.
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José Afonso da Silva também enxerga duas restrições à liberdade de associação, sendo
uma delas a reunião para fins ilícitos10.
Tanto é que, coerente com o preceito constitucional, o art. 115 da Lei Federal 6.015/73
(Lei de Registros Públicos) proíbe o registro dos atos constitutivos de pessoas jurídicas quando o
seu objeto ou circunstâncias relevantes indiquem destino ou atividade ilícitos, ou contrários,
nocivos ou perigosos ao bem público, à segurança do Estado e da coletividade, à ordem pública
ou social, à moral e aos bons costumes.
Ora, enquanto pessoa jurídica a associação adquire direitos e assume obrigações em razão
das atividades desenvolvidas para alcance de sua finalidade estatutária.
9
Comentários à Constituição do Brasil, p. 98, vol. II, 1ª ed., ed. Saraiva.
10
Curso de Direito Constitucional Positivo", p. 242, Malheiros Editores, 9ª ed.
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Dessa lição conclui-se, inevitavelmente, que o direito fundamental a associação não pode
ser considerado um direito fundamental prima facie. Para tornar-se definitivo é necessária a
averiguação das restrições, no caso, constitucionalmente impostas.
11
Direito Constitucional", Ed. Almedina, Coimbra, 6ª ed., 1.993, p. 643.
12
Ob. cit., pp. 645-656
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O artigo 5º, inciso XVII, da Constituição Federal, estabelece como limites expressos do
direito de associação a finalidade lícita.
Por isso, sequer haveria a necessidade da lei civil restringir a liberdade de associação
exigindo sua finalidade lícita. Foi ela recepcionada e apenas declara o limite constitucional
expresso.
Assim, as associações que, ora podem tomar o caráter comercial, ora o caráter (amplo)
civil, como é o caso da Suplicada, podem e devem ter suas finalidades constantemente
fiscalizadas pelo Poder Público.
Não fosse assim e, por exemplo, sob a denominação de uma igreja, poder-se-ia realizar
todos os mais reprováveis negócios ilícitos. Vale dizer, no princípio a constituição da associação
tinha fins lícitos, mas na prática, o que se vê, são posturas totalmente contrárias à lei.
No caso em tela , é notório o fato de que a Suplicada atenta contra o direito de uma forma
geral e contra a saúde em particular.
Ainda, apenas para que lembremos a obrigação dos Poderes constituídos de fiscalizarem
a destinação das associações, cumpre destacar mais uma vez o que a Lei nº 6.015/73 (Lei dos
Registros Públicos) estabelece, quando da formação e registro das pessoas jurídicas.
13
Comentários à Constituição do Brasil, Saraiva, São Paulo, 1988
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Como se vê, fica evidente a necessidade da presente demanda, como fator de preservação
do direito à saúde que o Estado buscou tutelar na Ordem Constitucional e infraconstitucional.
14
http://www.estacio.br/graduacao/optometria.asp: O optometrista desenvolve suas atividades na área da saúde
pública (escolas, universidades, postos de saúde, hospitais, etc.) ou na esfera privada, atuando em gabinete próprio
ou em estabelecimentos comerciais de óptica. • Trabalha como consultor e pesquisador junto às indústrias
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DO PEDIDO LIMINAR
O primeiro dos dispositivos legais retrocitados autoriza que o Julgador defira liminares
em ações civis públicas, enquanto que o segundo trata de vedar que seja colocado no mercado
serviço que apresente alto grau de periculosidade à saúde e à segurança.
No caso em tela, está-se diante de um serviço posto no mercado que representa alto grau
de risco de ocorrência de lesões oculares.
Por outro lado, para que seja concedida a liminar, devem estar presentes dois requisitos,
quais sejam o "fumus boni iuris" e o "periculum in mora". Ou seja, devem restar comprovados,
oftálmicas, orientando a fabricação e testando novos elementos. • Emite laudos e pareceres técnicos. •
Responsabiliza-se tecnicamente pelos laboratórios ópticos e gabinetes optométricos.
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ao menos superficialmente, o direito alegado pelo autor, bem como o perigo de dano irreparável
que poderá ocasionar, caso ocorra uma demora na prestação jurisdicional definitiva.
Fumus boni iuris: O presente requisito advém da própria letra da lei. Ou seja, constatada
a periculosidade do serviço exposto a consumo, impõe o art. 10 do Estatuto Consumerista que
seja ele retirado do alcance dos consumidores.
É notório o perigo que representa o exercício da oftalmologia por pessoas sem formação
apropriada. Logo, constatado o perigo do serviço exposto a consumo, imperioso é o deferimento
da tutela de urgência tendente a resguardar o direito à saúde e reconhecido pela legislação
protetiva específica, sem prejuízo da apreensão dos equipamentos
De tudo exposto, conclui-se que não há justificativa legal para a Suplicada exercer
serviço de fiscalização profissional, sem ser autarquia, do Óptico Optometrista, estimulando a
ESTADO DO PARÁ
MINISTÉRIO PÚBLICO
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente
documental, ouvida de testemunhas, arroladas na oportunidade própria, perícia, depoimento
pessoal dos representantes das Suplicadas, assim como por outros meios que eventualmente
venham a ser necessários no decorrer do processo.
Pede deferimento.
PROMOTORA DE JUSTIÇA
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C.D.C., art. 94.