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José Oraci Rodrigues Peixoto Neto - [email protected] - CPF: 090.822.869-47


Sumário

Critérios de avaliação Enem 2016 - Redação ........................................................................................................ 3


Competências esperadas na redação ....................................................................................................................... 4
5 Dicas de Redação para nota 1000 no ENEM ...................................................................................................... 5
Criando uma redação nota máxima .......................................................................................................................... 7
Estrutura básica da dissertação-argumentativa ...................................................................................................... 11
Transcrição literal de um exemplo de redação nota 1000, com sua estrutura destacada .................. 12
Reforma Ortográfica.................................................................................................................................................... 13
Uso da crase................................................................................................................................................................... 15
Possíveis temas da Redação 2016.......................................................................................................................... 17
Exercícios para você praticar ................................................................................................................................... 21
Dicas Bônus.................................................................................................................................................................... 25
Redações Comentadas ............................................................................................................................................... 27
Exemplo de Redação nota 1000 ............................................................................................................................. 33

José Oraci Rodrigues Peixoto Neto - [email protected] - CPF: 090.822.869-47


Critérios de avaliação Enem 2016 - Redação
Segundo o Guia do Participante: Redação do Enem, as regras que estão valendo desde o
ano de 2013, ganharam mais rigor em 2014, com advertências que podem levar nota zero. Veja os
principais critérios que devem ser observados para não zerar a redação:

● Escrever um texto desconectado do tema proposto;


● Não seguir no texto a estrutura dissertativo-argumentativa;
● Produzir texto com menos de 7 (sete) linhas;
● Colocar ofensas, desenhos e outras formas de provocação (hinos de clube de futebol,
receitas de bolo, etc.) e que estejam desconectadas do contexto da argumentação e do
tema da redação;
● Desrespeitar os direitos humanos;
● Alguma ideia copiada dos textos base;
● Entregar a folha de redação em branco;

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Competências esperadas na redação

Cada uma das Competências vale 200 pontos, que se alcançados resultam em uma
redação nota 1000

1 - Domínio da norma padrão do português:


Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita. Norma culta, pontuação, coesão,
coerência e sintaxe.

2 - Escrever um texto dissertativo-argumentativo:


Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento
para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-
argumentativo.

3 - Organizar as informações em defesa de um ponto de vista:


Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos
em defesa de um ponto de vista.

4 - Mostrar conhecimento da língua para construir argumentos:


Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da
argumentação.

5 - Proposta de intervenção que respeite os direitos humanos, escrita de forma clara, inovadora e
autoral.
Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos
humanos. De forma inovadora e totalmente autoral.

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5 Dicas de Redação para nota 1000 no ENEM

1. Veja o tema de redação e faça uma leitura cuidadosa da prova - Essa é a principal dica e vai
influenciar todo o seu desempenho. Leia e releia a proposta e os textos de apoio. Dê uma lida
também nas questões da prova. Pode ser que alguma informação ajude no tema da redação.
Atenção: essa etapa é essencial para que você não fuja do tema.

DICA: Muitas vezes os textos motivadores aparecem em forma de charge. Não deixe de
prestar atenção nas referências contidas nos desenhos, pois eles trazem informações
importantes.

2. Elabore o projeto de texto e escolha uma tese - Esse é o momento em que você deve escolher
a sua abordagem e os argumentos que usará para defender sua tese. Separe as ideias
principais sobre o assunto em um rascunho. Na tese, escolha um tema que você domine para
argumentar e expor o seu ponto de vista.

DICA: Leia os textos motivadores, observando as palavras ou os fragmentos que indiquem


o posicionamento dos autores e reflita sobre estes argumentos.

3. Faça a primeira versão do texto - Nessa etapa do rascunho, preocupe-se com o conteúdo e
não com a gramática. Foque sua atenção para organizar os argumentos da melhor forma. As
ideias devem fazer sentido e devem estar ligadas entre si. Um texto bem amarrado valoriza a
sua argumentação e fará com que o corretor não se sinta confuso ao lê-lo.

DICA: Jamais use o tema dado pela banca como título. O tema é o assunto estipulado pela
banca sobre o qual você vai escrever; o título é a frase para encabeçar o seu texto, que
você mesmo deve criar. Fique atento, copiar qualquer parte da proposta de redação pode
provocar a anulação do texto!

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4. Revise o texto: Agora é hora de corrigir a gramática e encontrar outros pequenos erros na sua
redação. Caso tenha dúvida na grafia de alguma palavra, tente substituir por outra expressão.
Preste atenção se não existe alguma frase sem sentido perdida pelo texto e avalie se há
coerência entre as ideias.

DICA: Seja simples e objetivo. Facilite a leitura de seu avaliador caprichando na letra.

5. Passe o texto a limpo: Finalmente, essa é a última etapa da redação. Por isso a importância de
preparar seu texto em um rascunho. Respeite o limite de linhas e não coloque informações
fora da área de correção.

DICA: Fuja de chavões, frases prontas e gírias. Usar a criatividade é o oposto disso.

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Criando uma redação nota máxima

Simplicidade
Talvez essa seja uma das dicas mais importantes! Tentar impressionar escrevendo “difícil”
pode ser um engano. Afinal, seu texto pode ficar tão “difícil” a ponto de ser cômico. Além disso,
por se tratar de um exame de avaliação de estudantes do Ensino Médio, os responsáveis pela
correção das redações do Enem já imaginam um vocabulário simples, de quem ainda está
estudando e que pouco lê. Portanto, lembre-se deste conselho: em se tratando de palavras
“difíceis”, menos é mais.

Início
Por onde começar? Pelo título pode ser um mau caminho. Afinal, para tentar se manter
naquilo que o seu título indica, você pode acabar limitando seu texto. Então, comece pelo texto e
deixe o título por último. No caso da dissertação-argumentativa do Enem, não se esqueça de
adiantar o assunto logo no primeiro parágrafo.

Língua portuguesa
Os corretores do Enem (e de qualquer bom vestibular) são severos neste ponto: não
admitem erros de português. A norma culta é indispensável e isto está claro nas instruções da
prova do Enem. Veja algumas situações que devem ser evitadas

● Não utilize gírias: A não ser que esteja absolutamente dentro do contexto (se estiver sendo
usada para exemplar a fala dos jovens atualmente, em um texto sobre a adolescência, por
exemplo), as gírias não são aconselhadas.

● Sem coloquialismo: A escrita não funciona exatamente do modo como falamos. Portanto,
cuidado ao tentar escrever de maneira “simples”, como dito acima, para não exceder na
simplicidade. A formalidade deve estar acima do coloquialismo.

● Nada de versos: O texto exigido na prova de Redação do Enem deve ser escrito em prosa. E
texto em prosa é todo aquele que não está escrito em versos. Sendo assim, nada de utilizar
versos e escrever sua Redação como uma “ode” ou poesia. Isso também está nas instruções
da prova.

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● Evite ser prolixo: Utilizar mil verbos para dizer algo que poderia ser dito com um ou dois
torna a leitura cansativa e arrastada. Mostrar poder de sintaxe, sendo o mais coeso
possível, lhe dará pontos no final. Evite também períodos muito longos.

● Fique longe dos modismos: A TV é a grande culpada da disseminação de alguns modismos


linguísticos que são errados. Exemplos desses “acidentes” são expressões como “a nível
de”, “no sentido de” ou mesmo os gerúndios, como “estar falando”. Essas expressões são
consideradas “vazias”, por serem apenas “muletas”, que empobrecem o texto. Utilizá-las
pode ser um atestado de reprovação na redação.

● Cuidado com a letra: Sabe aquele caderninho de caligrafia que você tanto odiava? Pois é,
ele poderia ser um grande aliado no quesito legibilidade. Como as redações do Enem são
escritas à mão (e de caneta, o que torna a escrita mais escorregadia e menos aderente do
que com um lápis ou lapiseira), subentende-se que quem vai ler o que você escreveu
precisa entender sua letra. Se sua letra é ilegível, a leitura pode tornar-se cansativa e de
difícil compreensão, deixando o corretor (que, no mesmo dia, lerá dezenas de redações
semelhantes) um pouco irritado.

● Esqueça a linguagem da internet: A não ser que, como no caso das gírias, você esteja
exemplando a escrita dos jovens na internet, por exemplo, em hipótese alguma, escreva da
mesma forma com a qual se comunica pela rede. A língua portuguesa acaba de receber
algumas reformas, mas, por enquanto, incorporar abreviações como “pq”, “vc”, ou
expressões como “naum” e substituir o acento agudo pelo “h” ou o “o” pelo “u” ainda não
está nos planos da Academia Brasileira de Letras.

● Modere no estrangeirismo: Palavras como “ranking” ou “show” foram incorporadas à nossa


língua e podem ser usadas tranquilamente. Você precisa ter cuidado é com o exagero de
palavras em outros idiomas, elas podem empobrecer sua redação.

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Argumentação
É na construção de seus argumentos que o candidato mostra ter ou não conhecimento.
Como a dissertação é um gênero opinativo, você terá de apontar argumentos convincentes e que
façam sentido.

É com a leitura de jornais, revistas e livros que você adquire domínio argumentativo e
consegue, ao escrever, “convencer” o leitor, ao menos, de que tem embasamento.

A proposta de redação do Enem vem, geralmente, acompanhada de uma coletânea. Essa


coletânea pode ser composta de letras de música, declarações, frases, poesias, textos e/ou
imagens. Com base nessas informações, você pode começar a construir sua argumentação, mas,
não deve limitá-la à coletânea. Isso quer dizer que, além de retomar ideias da coletânea (o que
mostra que você leu atentamente o material oferecido), você deve acrescentar informações
externas, que sejam de seu conhecimento, adquiridas por meio de leitura. Essa é uma maneira de
deixar claro para a banca que você é bem informado (a).

E, claro, não fuja do tema. Viajar demais e partir para outros assuntos
(tentando mostrar conhecimento) pode acabar lhe prejudicando.

Citações
● Citar frases ou bordões de novelas, filmes ou programas de entretenimento pode parecer
fútil e vazio aos olhos da banca corretora.

● Prefira frases, declarações ou expressões de personalidades da educação, da literatura ou


das artes, que estão mais ligadas ao seu cotidiano estudantil e mostram vínculo cultural.

● Cuidado na hora de citar esses autores. Se não se lembrar exatamente do que ele (a) disse,
prefira uma citação indireta, dizendo com suas palavras a citação em questão (como
paráfrase) dando os créditos ao dono da “ideia”. Se lembrar da frase por completo, coloque
aspas do início ao fim e também cite o nome do autor, sem mudar sua declaração.

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Revisão
Esse é o momento de prestar atenção nos erros gramaticais, na ortografia e na pontuação.
Uma dica importante: se você não está seguro sobre a grafia de uma palavra, substitua por um
sinônimo. Caso não conheça uma palavra com um significado semelhante, mude a frase. O
importante é não perder pontos à toa!
Veja se não há nenhuma frase solta ou fora do contexto. Esteja atento se os parágrafos
seguem uma sequência lógica e se estão de acordo com a sua tese principal.

Passando a limpo
Redação escrita, então é hora de passar o texto a limpo e de, finalmente, entregar sua
redação. Mas antes de copiar o texto da folha de rascunho, veja se você cumpriu com o número
mínimo de linhas ou se não ultrapassou o limite máximo. Preste atenção nas margens que limitam
a folha e faça um esforço para que a sua letra seja a mais clara possível.

Nunca rasure
Um dos erros que mais tira pontos em uma redação é a rasura. Use a folha de rascunhos da
forma que bem quiser. Rabisque, risque, rasure, mas tenha todo cuidado do mundo na hora de
passar a redação para a folha definitiva, pois esta não deve possuir qualquer espécie de rasura.

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Estrutura básica da dissertação-argumentativa

Apresente o tema e o recorte que você fará dele. Evite fazer rodeios. É
recomendável que a tese seja exposta para direcionar a leitura e mostrar
Introdução
sua linha de raciocínio. Lembre-se de que na dissertação seus
argumentos devem ser usados para convencer quem estiver lendo.

Defenda a sua tese apresentando ideias que a justifiquem, de forma


consistente, e apresente seus argumentos. Essa parte é importante, por
isso coloque tudo da forma mais clara possível para que o leitor
Desenvolvimento compreenda seu ponto de vista. Para deixar organizado, uma dica é
reservar um parágrafo para cada argumento, analisando todos os
aspectos que você quer abordar. Dessa forma, será possível analisar de
forma profunda e contextualizar sua ideia principal.

Retome as ideias expostas na introdução, junto com os principais


argumentos que a justificam para confirmar a tese e encerrar o debate.
Diferente das outras redações, no Enem é nessa parte que você deve
propor a solução ao problema, a partir dos pontos já levantados durante
Conclusão
sua redação. As frases-chave de cada parágrafo também serão
retomadas. Dessa forma, quando o leitor terminar a leitura, estará certo
de que você propõe as melhores soluções possíveis para os problemas
apresentados ao longo do texto.

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Transcrição literal de um exemplo de redação nota 1000, com sua
estrutura destacada

A autora é Dandara Luíza da Costa, de Pernambuco.

Por um bem viver

“O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças”. A frase do sociólogo
INTRODUÇÃO

Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as questões
referentes à infância. Dessa forma, é válido analisar a maneira como o excesso de publicidade
infantil pode contribuir negativamente para o desenvolvimento dos pequenos e do Brasil.

É importante pontuar, de início, que a abusiva publicidade na infância muda o foco das
crianças do que realmente é necessário para sua faixa etária. Tal situação torna essas
crianças pequenos consumidores compulsivos de bens materiais, muitas vezes
desapropriados para determinada idade, e acabam por desvalorizar a cultura imaterial,
passada através das gerações, como as brincadeiras de rua e as cantigas. Prova disso são os
dados da UNESCO afirmarem que cerca de 85% das crianças preferirem se divertir com os
DESENVOLVIMENTO

objetos divulgados nas propagandas, tornando notório que a relação entre ser humano e
consumo está “nascendo” desde a infância.

É fundamental pontuar, ainda, que o crescimento do Brasil está atrelado ao tipo que
infância que está sendo construída na atualidade. Essa relação existe porque um país
precisa de futuros adultos conscientes, tanto no que se refere ao consumo, como às
questões políticas e sociais, pois a atenção excessiva dada à publicidade infantil vai gerar
adultos alienados e somente preocupados em comprar. Assim, a ideia do líder Gandhi de
que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente parece fazer alusão ao fato de
que não é prudente deixar que a publicidade infantil se torne abusiva, pois as crianças
devem lidar da melhor forma com o consumismo.

Dessa forma, é possível perceber que a publicidade infantil excessiva influencia de maneira
negativa tanto a infância e m si como também o Brasil. É preciso que o governo atue
iminentemente nesse problema através da aplicação de multas nas empresas de publicidade
CONCLUSÃO

que ultrapassarem os limites das faixas etárias estabelecidos anteriormente pelo Ministério
da Infância e da Juventude. Além disso, é preciso que essas crianças sejam estimuladas pelos
pais e pelas escolas a terem um maior hábito de ler, através de concessões fiscais às famílias
mais carentes, em livrarias e papelarias, distando um pouco do padrão consumista atual, a
fim de que o Brasil garanta um futuro com adultos mais conscientes. Afinal, como afirmou
Platão: “o importante não é viver, mas viver bem”.

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Reforma Ortográfica
O Novo Acordo Ortográfico foi estabelecido visando promover a unificação ortográfica dos
países que tem o Português como língua oficial: Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, São
Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Portugal. Ele está em uso desde o dia 1 de janeiro de 2009, onde
se iniciou a mudança gradativa em textos publicados de livros, jornais, revistas. Desde então aos
poucos começamos a perceber as pequenas mudanças em nosso dia a dia.

Desde 1 de janeiro de 2016 o acordo passou a ser uma regra. Sendo cobrado como todas
as outras regras da Gramática da Língua Portuguesa. Passando a fazer parte de provas e concursos.

Entre as mudanças ocasionadas pela reforma ortográfica, estão o fim do trema, alterações
da forma de acentuar palavras com ditongos abertos e que sejam hiatos, supressão dos acentos
diferencias e dos acentos tônicos, novas regras para o emprego do hífen e inclusão das letras w, k
e y ao idioma.

É importante lembrar que no ENEM de 2016 essas regras vão ser cobradas, principalmente
na REDAÇÃO, que deve seguir as normas do início ao fim do texto. Se não forem seguidas,
podem levar a descontos na nota final.

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Veja alguns exemplos da reforma:

Regras Exemplos

Acento circunflexo deixa de existir nestas situações:

1) Formas verbais paroxítonas que possuem o “e” 1) Creem/veem/leem


tônico fechado em hiato;

2) Na vogal tônica fechada (^) em “o” nas paroxítonas, 2) Enjoo/perdoo/voo


precedidas ou não de “s”.

Acentos em paroxítonas saem nestes casos:

1 ) Palavras com ditongos abertos “éi” e “ói”; 1) Colmeia, estreia, geleia, ideia, jiboia,
heroico, plateia, joia, apoio, etc;

2) Palavras com “i” e “u” tônicos. 2) Feiura, baiuca, bocaiuva e cauila.

Hífen deixa de ser usado quando:

1) Prefixo termina em vogal diferente da do segundo 1) aeroespacial, coautor, coedição,


elemento; infraestrutura, autoescola...

2) Nas formações em que o prefixo termina em vogal 2) minissaia, infrassom, microssistema,


e o segundo termo começa com r ou s; contrarregra...

3) Nos prefixos super, hiper, inter, quando o segundo 3) antipedagógico, autopeça, seminovo,
elemento começar com consoante diferente de r ou microcomputador, coprodução, geopolítica,
por vogal. etc.

Acento diferencial cai em alguns pares Para/para (verbo e preposição)


Pelo (substantivo e preposição)

Alfabeto passa a ter 26 letras K, W e Y foram reintegradas

Trema não é utilizado mais Tranquilo, bilíngue, linguiça, cinquenta, etc

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Uso da crase

A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistura”. Na língua portuguesa, é o


nome que se dá à “junção” de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da preposição
“a” com o artigo feminino “a” (s), com o pronome demonstrativo “a” (s), com o “a” inicial dos
pronomes aquele (s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as quais). Na escrita, utilizamos
o acento grave (`) para indicar a crase.

O uso apropriado do acento grave depende da compreensão da fusão das duas vogais. É
fundamental também, para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes que
exigem a preposição “a”. Aprender a usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a
ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.

Observe os exemplos de ocorrência de crase: “Vou a a igreja.”, empregamos a crase: “Vou à


igreja.” Aqui temos a ocorrência da preposição “a”, exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a
ocorrência do artigo “a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando ocorre esse
encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave. Observe os
outros exemplos: “Conheço a aluna.” Refiro-me à aluna.

No primeiro exemplo, o verbo é transitivo (conhecer algo ou alguém), logo não exige
preposição e a crase não pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir-se
a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a crase é possível, desde que o termo
seguinte seja feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especificados. Há duas
maneiras de verificar a existência de um artigo feminino “a” (s) ou de um pronome demonstrativo “a”
(s) após uma preposição “a”:

1- Colocar um termo masculino no lugar do termo feminino que se está em dúvida. Se surgir
a forma ao, ocorrerá crase antes do termo feminino. Veja os exemplos: Conheço “a” aluna. / Conheço
o aluno. Refiro-me ao aluno. / Refiro-me à aluna.

2- Trocar o termo regente acompanhado da preposição a por outro acompanhado de uma


preposição diferente (para, em, de, por, sob, sobre). Se essas preposições não se contraírem com o
artigo, ou seja, se não surgirem novas formas (na (s), da (s), pela (s),…), não haverá crase. Veja os
exemplos: Penso na aluna. Apaixonei-me pela aluna. Começou a brigar. Cansou de brigar. Insiste

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em brigar. Foi punido por brigar. Optou por brigar. Atenção: lembre-se sempre de que não basta
provar a existência da preposição “a” ou do artigo “a”, é preciso provar que existem os dois.

“Penso na aluna”. “Apaixonei-me pela aluna”

Usar o sinal gráfico da crase de forma incorreta (ou não usá-la quando é obrigatório) é
outro equívoco bastante comum entre os alunos. O uso da crase é aplicado quando a preposição
“a” se junta ao artigo “a”. Portanto, a crase apenas pode preceder substantivos femininos: “o
presidente falou à nação”.

Outra dica importante é:


Nunca utilize crase antes de verbos!

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Possíveis temas da Redação 2016

Vícios
A vida moderna tem estimulado a população a ter vícios. Drogas, álcool, compras, jogos,
comida, tecnologia. A maioria desses vícios afeta as pessoas e suas famílias negativamente. Como
a sociedade influencia neste mal? O que poderia ser feito para mudar essa história?

Crise econômica no Brasil


A crise econômica tem afetado o mundo nos últimos anos, em 2015 ela chegou ao Brasil
de forma mais evidente. Potencializada pelos inúmeros escândalos de corrupção, que envolveram
a gigante Petrobras. Causando uma enorme retração na economia, aumento impostos e
consequentemente diminuindo o poder de compra da população, que até então só fazia crescer.

Vida saudável
Alguns dizem que não passa de uma “modinha” mas o que se sabe é que só cresce o
público consumidor de alimentos saudáveis, frequentador de academias e clinicas que cuidam do
corpo e da mente. Essa tendência é percebida a alguns anos e hoje os números já apontam uma
diminuição significativa do consumo de alimentos industrializados.

Religião e suas influências


O objetivo deste tema não é discutir sobre a posição que cada um tem sobre a sua religião.
Mas sim de fazer uma reflexão sobre a influência que a religião exerce no mundo, principalmente
no que diz respeito a guerra e atentados terroristas. Quais as tendências nesse sentido? Até que
ponto a liberdade pode ser anulada por conta do extremismo?

Legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016


A prova vai acontecer após a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Pode
parecer um tema óbvio, mas ele é bem possível, pois pode discutir os impactos que o evento pode
causar na cidade do Rio de Janeiro.

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Limites entre estética e saúde
Academia, dietas, cirurgias plásticas, anabolizantes etc. É grande a busca pelo corpo
perfeito caracterizado por um padrão de beleza. Mas até que ponto a estética coincide com
hábitos saudáveis? Existem muitas doenças causadas por insatisfação corporal como anorexia,
bulimia, depressão, compulsão alimentar e obesidade, além de consequências no convívio social
como discriminação e baixa autoestima.

Conceito de família no século XXI


O projeto de Lei 6583 de 2013 cria o Estatuto da Família. Nesse texto, família é definida
como união entre homem e mulher. A partir disso, muitas discussões têm sido feitas sobre o
conceito de família atualmente, com o intuito de refletir sobre famílias formadas por mães ou pais
solteiros, avós e tios, casais homossexuais, poligamia etc.

Justiça com as próprias mãos


O combate à violência através da justiça com as próprias mãos é válido? Definições de
justiça, casos de linchamentos, rebeldia com a ordem e segurança públicas são alguns pontos que
abordam essa temática. Tema bastante polêmico nos últimos anos, com casos de repercussão
nacional, como o boato espalhado por uma rede social que mostrava um retrato falado de uma
suposta sequestradora de crianças, desencadeou uma onda de ódio por uma mulher inocente, que
foi espancada até a morte.

Liberdade de expressão e mídia


Tema bastante atual, a liberdade de imprensa tem sido muito discutida, principalmente
após o ataque à revista francesa Charlie Hebdo. Pode-se refletir sobre os limites entre liberdade de
expressão e respeito às diferenças ou respeito à verdade.

Consumo de álcool e droga por adolescentes


Por lei, o consumo de álcool é proibido por adolescentes. Entretanto, é crescente o uso não
só de bebidas alcoólicas mas também de drogas lícitas e/ou ilícitas entre os jovens, como cigarro,
maconha, cocaína, crack e LSD. As razões e consequências desse ato podem servir como base para
a discussão do tema.

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Limites entre humor e bullying
Os limites do humor é algo que tem chamado bastante atenção nos últimos anos por causa
de diversos processos a comediantes do Brasil como Rafinha Bastos, Danilo Gentili, e o constante
uso de discriminação das minorias para fazer piada. A responsabilidade social do comediante foi
discutida no excelente documentário de Pedro Arantes, “O riso dos outros”, encontrado no
Youtube.

Desigualdade étnica e de gênero


O Brasil é um dos países com maior desigualdade do mundo e entre muitos tipos de
desigualdade, a étnica e a de gênero costumam ser as mais discutidas, assim como os
preconceitos gerados por essa situação, respectivamente, racismo e machismo. Os direitos
conquistados, as lutas e reivindicações e as políticas públicas são alguns pontos que merecem ser
estudados para entender a causa e argumentar com clareza.

Gestão de resíduos urbanos


Em 2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A gestão de resíduos ainda
é um tema bastante em alta devido à enorme quantidade de lixo produzido anualmente no Brasil.
Coleta seletiva e logística reversa são alguns dos termos importantes de serem entendidos. Para
conhecer mais sobre a lei e sua importância na sociedade, pode ser consultada a explicação no
site do Ministério do Meio Ambiente.

Intolerância religiosa
Novamente, o ataque à revista Charlie Habdo pode exemplificar o tema. Mas muito mais
do que um caso isolado, a intolerância religiosa é grande tanto no Brasil como em outros países.
Ao debater esse tema, precisamos lembrar da laicidade do Estado e do respeito aos diferentes
tipos de crenças e rituais religiosos, podendo destacar, no caso do Brasil, o grande preconceito
existente com religiões de origem africana.

Casamento gay
O casamento gay sempre está em pauta e ganha cada vez mais força para ser tema da
redação do Enem 2016. A união homoafetiva, tal como a adoção por casais gays são uns dos
principais assuntos para a redação. Levando em consideração a recente aprovação do casamento

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Gay nos EUA e a resolução de 2013 que determina que todos os cartórios brasileiros realizem
casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Água e crise no sistema hídrico


Não preciso comentar muita coisa sobre isso. É só ligar a TV, ler os jornais ou acessar
algum site de notícias para se informar sobre esse assunto. Com certeza um ótimo tema para você
ler um pouco e se informar. Assuntos relacionados a esse tema também podem vir a tona.

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Exercícios para você praticar

TEMA: O álcool e a Lei Seca


A proposta de redação a seguir foi aplicada na prova do ENEM de 2013. Tente elaborar uma
redação a partir das informações concedidas.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na
modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Efeitos da Implantação da
Lei Seca no Brasil”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.

Qual o objetivo da “Lei Seca ao volante”?


De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), a utilização de
bebidas alcoólicas é responsável por 30% dos acidentes de trânsito. E metade das mortes
segundo o Ministério da Saúde, está relacionada ao uso de álcool por motoristas. Diante
deste cenário preocupante, a Lei 11.705/2008 surgiu com uma enorme missão: alertar a
sociedade para os perigos do álcool associado à direção.
Para estancar a tendência de crescimento de mortes no trânsito, era necessária uma ação
enérgica. E coube ao Governo Federal o primeiro passo, desde a proposta da nova legislação
à aquisição de milhares de etilômetros. Mas para que todos ganhem, é indispensável a
participação de estados, municípios e sociedade em geram. Porque para atingir o vem
comum, o desafio deve ser de todos.

Repulsão magnética a beber e dirigir


A lei da física que comprova que dois polos opostos se atraem em um campo magnético é
um dos conceitos mais populares desse ramo do conhecimento. Tulipas de chope e
bolachas de papelão não servem, em condições normais, como objetos de experimento
para confirmar essa proposta. A ideia de uma agência de comunicação em Belo Horizonte
foi bem simples. Imãs foram inseridos em bolachas utilizadas para descansar os copos de,

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de forma imperceptível para o consumidor. Em cada lado, há uma opção para o cliente:
dirigir ou chamar um táxi depois de beber. Ao mesmo tempo, tulipas de chope também
receberam pequenos pedaços de metal mascarados com uma pequena rodela de papel na
base do copo. Durante um fim de semana, todas as bebidas servidas passaram a pregar
uma peça no cliente. Ao tentar descansar seu copo com a opção dirigir virada para cima, os
imãs apresentavam a mesma polaridade e, portanto, causando repulsão, fazendo com que
o descanso fugisse do copo; se estivesse virada mostrando o lado com o desenho de um
táxi, ela rapidamente grudava na base do copo, A ideia surgiu da necessidade de passar a
mensagem de uma forma leve e no exato momento do consumo.

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TEMA: Consequências da ocupação urbana desordenada

TEXTO I
Distrito Federal sofre com consequências da ocupação desordenada
Parcelamentos irregulares, lixo e água são os principais problemas ambientais do DF
Cecília Lopes – Da Secretaria de Comunicação da UnB

Durante toda a Semana do Meio Ambiente, comemorada de 5 a 12 de junho, o portal da


UnB publicou matérias relacionadas ao tema. A reportagem de hoje faz uma análise dos
dois principais problemas ambientais do Distrito Federal: água e lixo. Ambos têm a mesma
causa: a ocupação desordenada do solo.

Em 1960, moravam na cidade 140 mil habitantes. Segundo o último levantamento do IBGE,
em 2008, vivem em Brasília 2,5 milhões de habitantes. Pesquisadores da UnB sustentam
que a ocupação sem regras é a principal causa da desordem ambiental instalada no DF. “É
um problema que já existe e não tem como voltar atrás. As pessoas moram nesses locais, e
isso causa uma reação negativa e em cadeia”, explica a professora Isabel Zaneti,
coordenadora do Núcleo de Agenda Ambiental da UnB.

Os parcelamentos irregulares representam uma prática impregnada em Brasília há pelo


menos 15 anos. Desde 2008, o Grupo de Análise e Aprovação de Parcelamentos do Solo e
Projetos Habitacionais (Grupar) cuida das regularizações de condomínios.

TEXTO II
Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que lhe entravam nas alpercatas, o
cheiro de carniças que empestavam o caminho. As palavras de Sinha Vitória encantavam-
no. Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e
acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente
as palavras de Sinha Vitória, as palavras que Sinha Vitória murmurava porque tinha
confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia
de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles
dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que
iriam fazer? Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada,

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ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para
a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos.
RAMOS , Graciliano. Vidas Secas ; posfácio de Álvaro Lins, ilustrações de Aldemir Martins. 34ª
ed. Rio : Record; São Paulo: Martins, 1975

TEXTO III
Sempre cabe mais um: de onde vem tanta gente?
Mais gente, mais carros, mais poluição. As megacidades podem tornar a sua vida um
inferno. Mas também podem salvar o mundo
por Eduardo Sklarz

O despertador se encarrega de tirar você da cama, mas talvez nem precisasse: uma sinfonia
de motores, buzinas, obras e vizinhos barulhentos deixa claro que é hora de acordar. Você
sai para a rua e a coisa só piora – a calçada, o ônibus, o trânsito, o elevador, o banco, o
supermercado, o restaurante, o cinema, a balada… todos os lugares parecem transbordar
de gente. Bem-vindo à grande guerra do século 21: a luta por espaço nas grandes cidades.
Pela primeira vez na história, mais de 50% da humanidade está vivendo em cidades. Mas
será que cabe ainda mais gente? Estamos caminhando para um cenário apocalíptico, em
que tudo vai virar um grande caos? Por que há tanta gente nas cidades? E qual é a saída
(se é que existe) para a superlotação urbana?(…)

Segundo dados da ONU, hoje a migração de áreas rurais responde por apenas 25% do
crescimento das cidades. A maioria das pessoas que vai para uma metrópole já morava em
áreas urbanas – nas quais, devido ao subdesenvolvimento econômico, não encontrava
boas oportunidades de vida. É o caso dos bolivianos que vendem frutas em Buenos Aires,
ou dos filipinos que tentam a vida em Tel-Aviv. Em Lagos, na Nigéria, foi o boom do
petróleo que fomentou a explosão demográfica. E a indiana Hyderabad atrai 200 mil
pessoas por ano com suas empresas de alta tecnologia – tanto que já é conhecida como
“Cyberabad”. Os novos habitantes das metrópoles não são gente caipira. Muito pelo
contrário.

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Dicas Bônus

Vírgula separando o sujeito do verbo


Esse é o erro que mais incomoda os professores e também o mais recorrente entre os alunos.
Se você, às vezes, comete essa gafe, cole esta frase num lugar em que você passe os olhos todos
os dias: “sujeito e verbo não podem ser separados por vírgula”. O motivo é bastante simples: eles
são partes fundamentais de uma oração.

Veja o seguinte exemplo:

Produtores de tomates do Rio Grande do Sul e arredores, decidem plantar mais esse ano.

Depois de analisar a frase acima, você acha que a vírgula está correta?Se você respondeu
“não”, acertou. Na oração, as palavras produtores (sujeito) e decidem (verbo) estão separadas.

Mas por que, afinal, esse erro é tão comum? Os alunos têm dificuldade em identificar o
sujeito de frases cuja ordem não é direta. Se esse for o seu caso, nossa sugestão é que você revise
o conteúdo referente à concordância verbal.

Gírias da internet
Por muito tempo, os linguistas se assustavam com o fato de os adolescentes estarem criando
uma nova linguagem através de conversas online. Hoje se sabe que os alunos são capazes de se
comunicar tanto através da linguagem coloquial quanto da linguagem culta. Mas, para isso,
precisam praticar ambas as formas de comunicação.

Se você não treinar o seu cérebro, corre o risco de recorrer ao plebeísmo na redação do
Enem, um vício de linguagem que empobrece bastante o seu texto. Cuidado para não escrever
“pq” em vez de porque, “blz” (beleza), “qnd” (quando), “td” (tudo).

Mal ou mau?
Garanto que, em alguma parte da sua trajetória enquanto estudante, você já fez esta
pergunta ao seu professor: mal com “l” ou mau “u”? Há uma regrinha bastante simples que vai
ajudar você a não cometer mais esse equívoco. A palavra “mau” sempre pode ser trocada pelo seu
antônimo: “bom”. Da mesma forma, sempre que você puder substituir por bem, utilize a palavra
mal.

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MAL  BEM MAU  BOM
Ex: Mariana nem imagina o mal Ex: Você é um mau funcionário.
que você fez a filha dela. (Oposição: bom funcionário)
(Substantivo comum. Oposição: bem)

Como você pôde observar nos exemplos acima, a palavra “mau” é usada para dizer que
alguém ou alguma coisa é ruim, prejudicial, de má qualidade. Já a palavra “mal” é mais
comumente utilizada como um advérbio.

Portanto, refere-se à maneira como alguma coisa é feita. É usada para expressar que algo foi
feito de uma maneira ruim, de maneira prejudicial, nociva. Veja mais dois exemplos simples e
pense nos seus significados: “Eu tenho um chefe mau” ou “Você se saiu mal na prova?”.

Faz ou fazem?
O verbo “fazer” será impessoal sempre que indicar tempo transcorrido e fenômenos da
natureza. Nessas situações, o verbo deve estar na terceira pessoa do singular. Portanto, escrever:
“fazem duas semanas que eu voltei para casa” está incorreto. A forma certa seria: “faz duas
semanas”. O caso será o mesmo se houver a indicação de algum fenômeno atmosférico, por
exemplo: “faz noites muito frias nesta praia”.

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Redações Comentadas
O tema da redação do ENEM de 2012 - Movimento imigratório para o Brasil no século 20

Redação comentada 1

" Brasil: O coração do mundo


O Brasil é um país que nasceu das grandes imigrações, europeus, portugueses, em busca
de grandes propriedades de terra. Graças a isso nossa cultura é diversificada. No século XXI
o país vem atraindo imigrantes em busca de trazer novidades para nós.

Cada cantinho do país exibe a cultura de um certo povo, não só na épocas passadas, mais
também nos dias de hoje o PIS atrai imigrantes por ser um país de grande diversidade,
seus carnavais, suas praias, é Salvador, é Minas Gerais, tudo isso é Brasil, este sim é o
coração do mundo.

Contudo, o Brasil também é um país que necessita de mão de obra qualificada,


profissionais competentes, com isso aumenta o fluxo de imigrações de grandes
profissionais com o objetivo de trazer ideias inovadoras para o nosso país.
Isto é consequência da má formação educacional dos brasileiros. O pouco investimento na
educação, a falta de interesse na busca de uma melhor capacitação para os nossos
trabalhadores.

Em suma, o nosso país é rico em cultura, muitas delas conhecida internacionalmente,


como o nosso carnaval. Mais deixa um pouco a desejar na educação. O governo deveria
investir mais em cursos profissionalizantes de longa duração, projetos que incentivem o
jovem para o mercado trabalho."

Comentários:
“A redação apresenta um desvio grave em relação à competência II – compreender a

proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o
tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo –, pois o candidato fez
um texto dissertativo-expositivo. Não há um posicionamento crítico amparado por argumentos,
uma análise da questão. Essa redação deverá receber uma pontuação baixa”, comenta o professor
Ênio César de Moraes Fontes, professor de Português nos colégios Mackenzie e Sigma, em Brasília.
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“O candidato apresenta fragilidades quanto à seleção e organização das informações.
Atende à modalidade de texto dissertativo-argumentativo, dentro do assunto, mas tangencia o
tema com argumentos que prejudicam a defesa do ponto de vista. O foco inicial na cultura
diversificada como resultado das imigrações é uma linha de raciocínio consistente, mas o
argumento é frágil e dissociado da problematização que propõe. A justificativa de que o País atrai
imigrantes em busca de novidades, a par de ser vaga, não se vincula à temática da diversificação
cultural. Apresenta reflexões com informações genéricas – carnaval, praias – até panfletárias – o
Brasil é o coração do mundo. Tangencia para a baixa qualificação educacional, poucos
investimentos e falta de capacitação dos trabalhadores. Portanto, não articula adequadamente
tema e argumentação. Em uma escala de 1.000 pontos, a nota ficaria entre 500 e 600 pontos”,
avalia o corretor que preferiu não se identificar.

Redação comentada 2

" Imigração: combater ou não?


Há fluxos migratórios, de pessoas, desde o paleolítico, no entanto, as suas causas foram
alterando-se no decorrer dos tempos: na Antiguidade eram a seca ou a necessidade
alimentar; na Idade Média, a religião e na Idade Moderna e Contemporânea, o trabalho.
Sendo as guerras um fator comum em todos os períodos supramencionados. O Brasil é um
dos países que mais recebeu e ainda recebe imigrantes, das mais diversas nacionalidades,
desde o século XVI.

A imigração para o Brasil é muito peculiar. Durante a Colônia e o Império os imigrantes


eram, principalmente, europeus ocidentais e africanos. Estes foram trazidos
compulsoriamente e aqueles vieram por motivos variados. Hoje, os imigrantes são
oriundos de países pobres, em sua maioria, das Américas e da África, principalmente de
Angola por ser um país lusofônico, além de Haiti, Bolívia e Paraguai, pela proximidade,
acarretando, em partes, problemas econômicos.

A vinda de estrangeiros, para o Brasil, deve ser controlada. A imigração desenfreada só


prejudicará a economia brasileira, no que tange ao desemprego, e aos próprios imigrantes
em virtude da xenofobia. O país necessita de profissionais qualificados, logo, a chegada
destes ajudaria o Brasil a desenvolver-se.

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Infelizmente, conter a imigração ilegal é quase impossível, vide os Estados Unidos, porém
deveria haver um controle melhor das fronteiras, usando o exército para proibir a
imigração ilegal. Outro ponto seria a criação de um projeto similar ao canadense, para
convidar os estrangeiros que queiram morar no Brasil, no entanto, os candidatos deverão
ter qualificação acadêmica e profissional, análogo ao programa do Canadá. Além do mais, a
diminuição da burocracia para a deportação, seguindo as regulamentações da ONU e da
OEA. Com todas essas medidas perpetradas, serão assegurados os empregos dos brasileiros
e o desenvolvimento nacional, contribuído pela qualificação dos estrangeiros."

Comentários:
“Essa redação apresenta um posicionamento crítico acerca da questão, bem como uma
proposta de intervenção para a solução do problema, a qual não desrespeita os direitos humanos.
Está, portanto, de acordo com as orientações do Inep”, analisa o professor Ênio Fontes, professor
de Português nos colégios Mackenzie e Sigma em Brasília.

“Este é um candidato de alto desempenho em todas as competências. Possui excelente


domínio da norma-padrão, sem desvios gramaticais (cometeu apenas um erro); desenvolve o tema
com argumentação consistente, apresenta autoria em defesa de um ponto de vista, selecionando,
organizando informações, fatos opiniões e argumentos pertinentes; articula as partes do texto sem
inadequações na utilização dos recursos coesivos, apresentando estrutura sintática acima da
média esperada para o grau de escolaridade exigido; elabora proposta de intervenção inovadora
relacionada ao tema e bem articulada à discussão desenvolvida em seu texto. Ele apresenta a
proposta e sugere condições para a sua execução, como controle de fronteiras, espelhar-se no
projeto do Canadá, politica de deportação, de acordo com as regulamentações da ONU e da OEA, o
que configura uma visão técnica para o problema sem atingir os direitos humanos.

O candidato traçou um percurso histórico das imigrações fazendo um paralelo entre as


imigrações do passado e do presente com extrema objetividade e aguda percepção dos problemas
que envolvem as imigrações, e demonstra total controle do próprio discurso. Fica clara, no texto, a
competente utilização de vasto repertório cultural e conhecimento de mundo. A nota deverá ser
alta, entre 950 e 1.000 pontos”, sentencia o corretor R.

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Redação comentada 3

" A migração humana é um fenômeno antigo, amplamente estudado pela história da


sociedade e possui como princípio básico a busca por melhores condições de vida. O Brasil
é um dos países que, historicamente, experimenta mudanças constantes no fluxo
migracional.

Em tempos de crise, países que uma vez faziam parte da hegemonia econômica mundial,
veem parte de sua população evadir em busca de melhores oportunidades – como ocorre
em alguns países europeus e o seu aumento de jovens imigrantes no Brasil.

O atual aumento do fluxo de imigrantes no Brasil evidencia sua ascenção como economia
mundial – a participação no promissor bloco econômico BRICS e o fato de sediar os
próximos grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas são outros
indicadores disso.

O fato é que é impossível negar a importância desses movimentos migracionais, em


especial, a imigração. Seu legado no enriquecimento da cultura e da miscigenação étnica
bem como a ocupação das terras e a movimentação da economia são aspectos a serem
considerados.

Em contrapartida, problemas como o aumento da população de baixa classe econômica e o


“inchaço” populacional nas áreas urbanas com decorrente crescimento das periferias são
efeitos negativos de uma imigração abusiva.

Assim sendo, a criação de políticas governamentais para evitar uma imigração desenfreada
faz-se necessária. Critérios seletivos como a facilitação do acesso à imigrantes bem
qualificados beneficiariam inclusive, áreas no Brasil onde há carência de mão de obra
especializada."

Comentários:
“Considerando os critérios de correção adotados no Enem, podemos dizer que o aluno
demonstra bom domínio do registro culto (há algumas inadequações no emprego de vírgula, um
erro de regência e um de ortografia); a seleção de argumentos é boa, mas não há evidência de
domínio amplo de conceitos de diversas áreas na discussão do tema. Quanto à coerência e coesão,
o texto apresenta boa sequencia das ideias e as informações são corretas, bem como o emprego

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de articuladores sintáticos, o que estabelece relações lógico-semânticas precisas. Quanto à
apresentação de propostas, o candidato não expressou desrespeito aos direitos humanos. Ele cita
aspectos positivos e negativos do processo migratório (4º e 5º parágrafos, respectivamente), o que
indica uma visão ampla, não unilateral do problema. No último parágrafo, expressa medidas que
entende adequadas e legítimas para disciplinar a entrada de imigrantes no País. Pode-se dizer que
as propostas poderiam ter sido melhor detalhadas; contudo, de modo algum, traduzem
preconceito”, analisa o coordenador de redação do Colégio Sigma, em Brasília, Eli Carlos
Guimarães.

Redação comentada 4

“ Brasil: um país de todos


O Brasil sempre foi um grande receptor de imigrantes: no período colonial e no imperial,
milhares de africanos vieram, mesmo que a força, trabalhar nos engenhos, nas minas e nas
fazendas cafeeiras. Do século XIX ao início do sec. XX, aqui chegaram representantes de mais
de 70 nacionalidades que tinham o sonho de fazer a América. Percebe-se, portanto, a
referência à imagem brasileira de centro de oportunidades.

O que se vê hoje, entretanto, é que as principais levas de imigrantes que chegam ao Brasil não
vêm apenas pelas possibilidades que este oferece, vêm também fugindo das condições, muitas
vezes sub-humanas, de seus países de origem. A pobreza e a destruição de muitos países latino
americanos, além da crise econômica nos países desenvolvidos, tem nos tornado um dos
maiores centros atratores de migrantes.

Essa condição de vindos quase como foragidos faz com que, infelizmente, mude nossa visão
sobre os que aqui chegaram. Se no passado eles eram a base que viria sustentar e permitir o
desenvolvimento brasileiro, hoje eles não podem ser associados a essa imagem positiva. A
semelhança da maneira como os europeus sempre trataram seus imigrantes, pode estar
surgindo atualmente, no coração dos brasileiros, sentimentos de xenofobia a aversão ao
estrangeiro.

Haitianos e bolivianos serão associados como aqueles que, com mão de obra barata, roubam
postos de trabalho que deveriam ser ocupados por brasileiros. De maneira análoga, europeus e
norte americanos roubariam as melhores oportunidades de emprego. Vale considerar, ainda, a

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possibilidade de associa-los, com suas variadas crenças e tradições, a uma destruição da
cultura nacional valorizada justamente pela forma como ela hoje se manifesta.

Para impedir que os que aqui chegam buscando melhores condições de vida sejam vitimas de
preconceito e do nacionalismo exacerbado, cabe aos governantes divulgar propagandas que
mudem o ideário que temos daqueles que migram: desconstruir a visão de que são fugitivos
que vem aproveitar do Brasil e RE-construir a ideia de que são homens e mulheres que vem se
juntar a nós no sonho de construir um Brasil melhor. A sociedade participa, então, fazendo
circular essas ideias.

Isto porque não faz sentido ignorar o papel desses novos imigrantes na construção da
linguagem, costumes, comidas e vestimentas que representam o país. O Brasil sempre foi, e
sempre será, um país de todos. ”

Comentários:
“Apesar dos erros de acentuação, o texto evidencia que o autor tem bom domínio da
norma culta. Em relação à seleção de ideias, a redação possui informações históricas e exemplos
atuais que dão consistência à análise; quanto ao domínio de conceitos na elaboração de uma
discussão, o texto carece de verticalidade. Acerca da coerência e da coesão, possui uma boa
orientação argumentativa e ótimo emprego dos articuladores sintáticos. É evidente na redação a
apresentação de propostas que respeitam os direitos humanos, inclusive buscando inserir os
imigrantes socialmente. Nesse sentido, as propostas vão ao encontro do que se deseja (uma
postura ética, não preconceituosa). Pode-se, sim, questionar a qualidade das sugestões – um tanto
quanto simplistas e genéricas”, ressalta o professor Eli.

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Exemplo de Redação nota 1000

Veja os exemplos de redação nota 1000 no ano de 2014, com o tema "Publicidade infantil
em questão no Brasil”.

Redação 1

“O verdadeiro preço de um brinquedo


Carlos Eduardo Lopes Marciano, Rio de Janeiro - RJ

É comum vermos comerciais direcionados ao público infantil. Com a existência de


personagens famosos, músicas para crianças e parques temáticos, a indústria de produtos
destinados a essa faixa etária cresce de forma nunca vista antes. No entanto, tendo em vista
a idade desse público, surge a pergunta: as crianças estariam preparadas para o bombardeio
de consumo que as propagandas veiculam?

Há quem duvide da capacidade de convencimento dos meios de comunicação. No entanto,


tais artifícios já foram responsáveis por mudar o curso da História. A imprensa, no século
XVIII, disseminou as ideias iluministas e foi uma das causas da queda do absolutismo. Mas
não é preciso ir tão longe: no Brasil redemocratizado, as propagandas políticas e os debates
eleitorais são capazes de definir o resultado de eleições. É impossível negar o impacto
provocado por um anúncio ou uma retórica bem estruturada.

O problema surge quando tal discurso é direcionado ao público infantil. Comerciais para essa
faixa etária seguem um certo padrão: enfeitados por músicas temáticas, as cenas mostram
crianças, em grupo, utilizando o produto em questão.Tal manobra de “marketing” acaba
transmitindo a mensagem de que a aceitação em seu grupo de amigos está condicionada ao
fato dela possuir ou não os mesmos brinquedos que seus colegas. Uma estratégia como essa
gera um ciclo interminável de consumo que abusa da pouca capacidade de discernimento
infantil.

Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar,
como já acontece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público,
visando à proibição de técnicas abusivas e inadequadas. Além disso, é preciso focar na
conscientização dessa faixa etária em escolas, com professores que abordem esse assunto de

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forma compreensível e responsável. Só assim construiremos um sistema que, ao mesmo
tempo, consiga vender seus produtos sem obter vantagem abusiva da ingenuidade infantil.”

Redação 2

José Querino de Macêdo Neto, Maceió - AL

“Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da


linguagem, a exemplo da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na vendagem de
produtos, a manipulação de instrumentos a serviço da propaganda infantil produz efeitos
que dão margem mais visível ao consumo desnecessário. Com base nisso, estabelecem-se
propostas de debate social acerca do limite de conteúdos designados a comerciais
televisivos que se dirigem a tal público.

Faz-se preciso, no entanto, que se ressaltem as intenções das grandes empresas de


comércio: o lucro é, sobretudo, ditador das regras morais e decisivo na escolha das técnicas
publicitárias. Para Marx, por exemplo, o capital influencia, através do acúmulo de riquezas,
os padrões que decidem a integração de um indivíduo no meio em que ele se insere —
nesse caso, possuir determinados produtos é chave de aceitação social, principalmente
entre crianças de cuja inocência se aproveita ao inferir importâncias na aquisição.

Em contraposição a esses avanços econômicos e aos interesses dos grandes setores


nacionais de mercado infanto-juvenil, os órgãos de ativismo em proteção à criança
utilizam-se do Estatuto da Criança e do Adolescente para defender os direitos legítimos da
não-ludibriação, detidos por indivíduos em processo de formação ética. Não obstante, a
regulamentação da propaganda tende a equilibrar os ganhos das empresas com o
crescente índice de consumo desenfreado.

Cabe, portanto, ao governo, à família e aos demais segmentos sociais estimular o senso
crítico a partir do debate em escolas e creches, de forma a instruir que as necessidades
individuais devem se sobrepor às vontades que se possuem, a fim de coibir o abuso
comercial e o superconsumo.”

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Redação 3

Juan Costa da Costa, Belém - PA

Muito se discute acerca dos limites que devem ser impostos à publicidade e propaganda no
Brasil - sobretudo em relação ao público infantil. Com o advento do meio técnico-científico
informacional, as crianças são inseridas de maneira cada vez mais precoce ao consumismo
imposto por uma economia capitalista globalizada - a qual preconiza flexibilidade de
produção, adequando-se às mais diversas demandas. Faz-se necessário, portanto, uma
preparação específica voltada para esse jovem público, a fim de tornar tal transição saudável
e gerar futuros consumidores conscientes.

Um aspecto a ser considerado remete à evolução tecnológica vivenciada nas últimas


décadas. Os carrinhos e bonecas deram lugar aos "smartphones", videogames e outros
aparatos que revolucionaram a infância das atuais gerações. Logo, tornou-se essencial a
produção de um marketing voltado especialmente para esse consumidor mirim - objetivando
cativá-lo por meio de músicas, personagens e outras estratégias persuasivas. Tal fator é
corroborado com a criação de programas e até mesmo canais voltados para crianças (como
Disney, Cartoon Network e Discovery Kids), expandindo o conceito de Indústria Cultural
(defendido por filósofos como Theodor Adorno) - o qual aborda o uso dos meios de
comunicação de massa com fins propagandísticos.

Somado a isso, o impasse entre organizações protetoras dos direitos das crianças e os
grandes núcleos empresariais fomenta ainda mais essa pertinente discussão. No Brasil,
vigoram os acordos isolados com o Poder Público - sem a existência de leis específicas.
Recentemente, a Conanda (Comissão Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente)
emitiu resolução condenando a publicidade direcionada ao público infantil, provocando o
repúdio de empresários e propagandistas - que não reconhecem autoridade dessa instituição
para atuar sobre o mercado. Diante desses posicionamentos antagônicos, o debate persiste.

Com o intuito de melhor adequar os "consumidores do futuro" a essa realidade, e não apenas
almejar o lucro, é preciso prepará-los para absorver as muitas informações. Isso pode ser
obtido por meio de campanhas promovidas pelo Poder Público nas escolas (com atividades
lúdicas e conscientizadoras) e na mídia (TV, rádio, jornais impressos, internet), bem como a
criação de uma legislação específica sobre marketing infantil no Brasil - fiscalizando
empresas (prevenindo possíveis abusos) - além de orientação aos pais para que melhor lidem
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com o impulso de consumo dos filhos (tornando as crianças conscientes de suas reais
necessidades). Dessa forma, os consumidores da próxima geração estarão prontos para
cumprirem suas responsabilidades quanto cidadãos brasileiros (preocupados também com o
próximo) e será promovido o desenvolvimento da nação.

Redação 4

"Criança: futuro consumidor


Giovana Lazzaretti Segat, Porto Alegre - RS

A propaganda é a principal arma das grandes empresas. Disseminada em todos os meios de


comunicação, a ampla visibilidade publicitária atinge seu principal objetivo: expor um
produto e explicar sua respectiva função. No entanto, essa mesma função é distorcida por
anúncios apelativos, que transformam em sinônimos o prazer e a compra, atingindo
principalmente as crianças.

As habilidades publicitárias são poderosas. O uso de ídolos infantis, desenhos animados e


trilhas sonoras induzem a criança a relacionar seus gostos a vários produtos. Dessa maneira,
as indústrias acabam compartilhando seus espaços; como exemplo as bonecas Monster High
fazendo propaganda para o fast food Mc Donalds. A falta de discussão sobre o assunto é
evidenciada pelas opiniões distintas dos países. Conforme a OMS, no Reino Unido há leis que
limitam a publicidade para crianças como a que proíbe parcialmente – em que comerciais
são proibidos em certos horários -, e a que personagens famosos não podem aparecer em
propagandas de alimentos infantis. Já no Brasil há a autorregulamentação, na qual o setor
publicitário cria normas e as acorda com o governo, sem legislação específica.

A relação entre pais, filhos e seu consumo se torna conflituosa. As crianças perdem a noção
do limite, que lhes é tirada pela mídia quando a mesma reproduz que tudo é possível. Como
forma de solucionar esse conflito, o governo federal pode criar leis rígidas que restrinjam a
publicidade de bens não duráveis para crianças. Além disso, as escolas poderiam
proporcionar oficinas chamadas de “Consumidor Consciente” em que diferenciam consumo e
consumismo, ressaltando a real utilidade e a durabilidade dos produtos, com a distribuição
de cartilhas didáticas introduzindo os direitos do consumidor. Esse trabalho seria efetivo
aliado ao diálogo com os pais.

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Sérgio Buarque de Hollanda constatou que o brasileiro é suscetível a influências
estrangeiras, e a publicidade atual é a consequência direta da globalização. Por conseguinte
é preciso que as crianças, desde pequenas, saibam diferenciar o útil do fútil, sendo
preparados para analisar informações advindas do exterior no momento em que observarem
as propagandas."

Redação 5

Júlia Neves Silva Dutra, Minas Gerais

"A Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra durante o século XVIII, trouxe a
necessidade de um mercado consumidor cada vez maior em função do aumento de
produção. Para isso, o investimento em publicidade tornou-se um fator essencial para
ampliar as vendas das mercadorias produzidas. Na sociedade atual, percebe-se as crianças
como um dos focos de publicidade. Tal prática deve ser restringida pelo Estado para garantir
que as crianças não sejam persuadidas a comprar determinado produto.

A partir da mecanização da produção, o estímulo ao consumo tornou-se um fator primordial


para a manutenção do sistema capitalista. De acordo com Karl Marx, filósofo alemão do
século XIX, para que esse incentivo ocorresse, criou-se o fetiche sobre a mercadoria:
constroi-se a ilusão de que a felicidade seria alcançada a partir da compra do produto. Assim,
as crianças tornaram-se um grande foco das empresas por não possuírem elevado grau de
esclarecimento e por serem facilmente persuadidas a realizarem determinada ação.

Para atingir esse objetivo, as empresas utilizam da linguagem infantil, de personagens de


desenhos animados e de vários outros meios para atrair as crianças. O Conselho Nacional de
Direitos de Criança e do Adolescente aprovou uma resolução que considera a publicidade
infantil abusiva, porém não há um direcionamento concreto sobre como isso vai ocorrer. É
imprescindível uma maior rigidez do Estado sobre as campanhas publicitárias infantis, pois
as crianças farão parte do mercado consumidor e devem ser educadas para se tornarem
consumidores conscientes.

Logo, o Estado deve estabelecer um limite para os comerciais voltados ao público infantil
por meio da proibição parcial, que estabelece horários de transmissão e faixas etárias. Além
disso, o uso de personagens de desenhos animados em campanhas publicitárias infantis
deve ser proibido. Para efetivar as ações estatais, instituições como a família e a escola

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devem educar as crianças para consumirem apenas o que é necessário. Apenas assim o
consumo consciente poderá se realizar a médio prazo."

Redação 6

Lucas Santos Barbosa, Alagoas

"Desde o fim da Guerra Fria, em 1985, e a consolidação do modelo econômico capitalista,


cresce no mundo o consumismo desenfreado. Entretanto, as consequências dessa
modernidade atingem o ser humano de maneira direta e indireta: através da dependência
por compras e impactos ambientais causados por esse ato. Nesse sentido, por serem frágeis
e incapazes de diferenciar impulso de necessidade, as crianças tornaram-se um alvo fácil dos
atos publicitários.

Por ser uma questão de cunho global, as ações de propagandas infantis também são
vivenciadas no Brasil. Embora a economia passe por um período de recessão, a vontade de
consumir pouco mudou nos brasileiros. Com os jovens não é diferente, influenciados, muitas
vezes, por paradigmas de inferioridade social impostos tanto pela mídia, quanto pela
sociedade, além de geralmente serem desprovidos de uma educação de consumo, tornam-se
adultos desorganizados financeiramente, ao passo que dão continuidade a esse ciclo vicioso.

Diante desse cenário, os prejuízos são sentidos também pela natureza, uma vez que o
descarte de materiais gera poluição e mudança climática na Terra. No entanto, o Brasil
carece de medidas capazes de intervir em ações publicitárias direcionadas àqueles que serão
o futuro da nação, hoje, facilmente manipulados e influenciados por personagens infantis e
pela modernização em que passam os produtos. Em outras palavras, é preciso consumir de
maneira consciente desde a infância, para que se construam valores e responsabilidade
durante o desenvolvimento do indivíduo.

Dessa forma, sabe-se que coibir a propaganda voltada ao público infanto-juvenil não é a
melhor medida para superar esse problema. Cabe aos pais, cobrarem ações do governo –
criação de leis mais rigorosas – além de agirem diretamente na formação e educação de
consumo dos filhos: impondo limites e dando noções financeiras ainda enquanto jovens.
Ademais, as escolas têm papel fundamental nesse segmento. É imprescindível, também,
utilizar a própria mídia para alertar sobre os problemas ambientais decorrentes do consumo
em larga escala e incentivar o desenvolvimento sustentável."

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