Manual Redacao Nota 1000 Final
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Manual Redacao Nota 1000 Final
APRESENTAÇÃO
• UNIDADE 1 – CONSTRUÇÃO DO TEXTO
1. GENERALIZAÇÃO: “O POVO”........................................................................... 27
2. CHAVÃO: “É SIMPLES, MAS É DE CORAÇÃO!”............................................. 29
3. “PRESSUPOSTO: O DITO PELO NÃO DITO”.................................................. 31
4. REPETIÇÃO: “A ETERNIDADE DE UM MINUTO”......................................... 32
5. TEXTO REBUSCADO: “PALAVREADO”........................................................... 33
6. IDEIAS VAGAS: “VAGUIDÃO ESPECÍFICA” ................................................... 35
7. FALTA DE IDEIAS: “O BRASIL (DESCRIÇÃO FÍSICA E POLÍTICA)”........... 35
8. CONCLAMAÇÃO E CONSELHOS ................................................................... 36
{
Declaração inicial
omissão de dados
identificadores
TÓPICO FRASAL alusão
interrogação
definição
divisão
Uma alusão
“Segundo a nutricionista de São Paulo Daniela Jobst, especialista
em Nutrição Clínica Funcional, (...) os nutrientes nunca estão
isolados no alimento, assim como não são absorvidos isoladamente.”
(in: Revista Bem-Estar – Diário da Região, 16/12/2007, p.14).
Uma interrogação
“Será que temos diminuído nossa capacidade auditiva? Parece
que a cada dia precisamos falar mais alto. Não é de se estranhar, já
que a poluição sonora dos centros urbanos é cada vez pior e o nosso
cotidiano é lotado de barulho: lojas, bares e restaurantes tocam música
em volume alto, e tudo isso faz com que falemos cada vez mais alto.”
(In: Rosely Sayão – Caderno Folha Equilíbrio, Folha de S. Paulo,
17/01/2008).
Uma definição
“A hipocromania é a diminuição da coloração normal de um
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tecido, que causa manchas claras. Elas são confundidas com micose e
escamam levemente.” (In: Folha Equilíbrio, 20/01/2008).
Divisão
É importante notar que um texto dissertativo divide-se em três
partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução traz a
ideia central e é também chamada de tópico frasal. O desenvolvimento
desdobra a ideia inicial, e a conclusão busca encaminhar o assunto
parar o desfecho.
Confronto
“Na semana passada, escrevi sobre o fracasso. Hoje, falo sobre o
êxito. O fracasso é mais seguro, não provoca ansiedade (...). O êxito é
perigoso, o êxito pode fracassar, pode acabar, o que cria um suspense.
Já o fracasso é um sossego. O Brasil fica morto, e isso pode ser um êxito
para quem vive do “Mesmo” nacional.” (Folha de S .Paulo – Arnaldo
Jabour).
Citação de exemplos
“A criatividade brasileira afasta-se de Brasília e prospera nas grandes
cidades, os grandes laboratórios de experiências políticas públicas.
Recife, por exemplo, centro histórico deteriorado e abandonado,
passou por uma reforma e prepara-se para abrigar um “porto digital”
transformou-se em espécie de incubadora de empresas de alta
tecnologia.” (Folha de S. Paulo – Gilberto Dimenstein).
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Causa e efeito ou razões e consequências : A ideia
de causa se aplica a fenômenos físicos, mantendo a relação causa/
efeito. Por outro lado, razões se aplicam a atos ou atitudes humanas,
mantendo a relação razões/consequências. É comum o uso de termos
explicativos ou causais, como: por causa, pois, devido a etc.
“A garantia de vagas para todas as crianças fez multiplicar por quatro
o total de alunos num ano. Com uma economia modesta, baseada na
pesca da lagosta e na produção de coco, Icapuí (no estado do Ceará)
fez da educação sua grande prioridade e mereceu um prêmio da
UNICEF. O troféu é o maior orgulho da cidade e enfeita o gabinete
do prefeito.”
Coerência
Coerência é a ligação ou harmonia entre situações, acontecimentos
ou ideias. Um texto coerente é aquele que se apresenta como um
conjunto em que todas as partes se encaixam de maneira complementar
de modo que não haja nada destoante, ilógico ou contraditório. Três
níveis de coerência se destacam:
Coerência narrativa
Ao narrar uma história cujo enredo se desenvolve nos anos 30, seria
incoerência narrativa, em determinado momento, algum personagem
atender a um celular, pois naquela época, ainda não havia esse
aparelho telefônico.
Um exemplo observado ocorreu na série JK em que para as
personagens da família de Juscelino o tempo passou, chegando a 15
trocar os atores; enquanto outros, como o casal Salomé e Leonardo,
continuaram os mesmos, sem nenhum retoque na aparência.
Coerência figurativa
Se desejamos figurativizar o tema da religiosidade, mostrando um
personagem que participa dos cultos aos domingos, aparenta ser um
homem bom e justo naquele contexto, não seria coerente mostrá-lo
no seu trabalho explorando seus empregados, com horas excessivas e
maus-tratos.
Um bom exemplo de coerência figurativa encontramos no programa
A grande família, em que o mau gosto predomina em todos os níveis,
desde as estampas e modelos das roupas, a mobília e o papel de parede,
os objetos decorativos até a famosa jarra com formato de abacaxi.
Apesar dos chavões, tudo se enquadra em um contexto harmônico.
Coerência argumentativa
Se em um discurso, alguém se pronuncia contra a pena de morte,
seria incoerente, em seguida, declarar-se a favor do aborto.
Se, em outro texto, parte-se da ideia de que todos são iguais perante
a lei, haveria incoerência se, posteriormente, houvesse a defesa do
privilégio de algumas categorias profissionais em não pagarem imposto
de renda.
Redação Nota 1000
É importante observar que, quando se defende um ponto de vista, a
conclusão deve apontar para o mesmo sentido: isso é coerência.
(Eliana Jacob Almeida - Revista Ala Vip Magazine- n. 40)
Concisão
O desafio da concisão
“Quando estamos colocando acessórios, tira-se sempre a última
coisa que se pôs”. (Coco Chanel) – Estilista Francesa
Tudo é comunicação; o tempo todo, estamos em contato com
diversos textos. Lemos pessoas, placas, outdoors, situações; são tantos os
estímulos, que ficamos saturados. Com as roupas e com alguns textos
não é diferente e, às vezes, menos é mais.
Ser conciso é ser econômico ao falar ou escrever. Quando
escrevemos, devemos prestar atenção às redundâncias, eliminar as
repetições e não abusar dos adjetivos.
Por outro lado, atenção! Se descrever é “fotografar com palavras”, 17
nesse tipo de texto, os adjetivos são bem vindos.
Quanto à argumentação, essa não aceita enfeites; aceita no máximo,
ilustração dos eventos. Caso contrário, não construiremos argumentos
sólidos e, sem argumentos sólidos, não convencemos ninguém.
(Professor Rodrigo Daum – Escola Em Bom Português)
Convencer x persuadir
Bom domínio da norma padrão e coesão textual não são os
únicos ingredientes para uma boa redação. Mais que uma letra
bonita e ortografia impecável, o sentido das palavras pode convencer
ou persuadir o seu leitor. Grandes universidades e empresas que
exigem redações não estão só interessadas no seu domínio da Língua
Portuguesa, mas em como você usa o poder das palavras.
Convencer é diferente de persuadir. Convencer é fazer com que o
leitor pense como você; persuadir é motivar o leitor a agir como você
quer. Ambos fazem parte de uma boa argumentação, mas o último é
infalível, pois “chega ao coração” do seu ouvinte. Não importa se você
esteja certo ou errado, se é verdade ou mentira.
Não existe um receita pronta para formular um bom argumento,
nem perfeição. É um exercício mental. Envolve o questionamento das
ideias que você considera verdades absolutas. Requer comprovar com
dados, quadros mentais, fontes consideradas confiáveis e uma linha de
Redação Nota 1000
raciocínio coerente. Evite generalizações e palavras que demonstram
subjetividade, como “De maneira geral”, “Não ter consciência” e
muitos adjetivos. Ao seguir essas dicas, você irá transmitir credibilidade
ao seu leitor e parecerá alguém com autoridade para falar sobre o
assunto que escreve.
(Professora Leticia Santos – Escola Em Bom Português)
7. Variações linguísticas
Existem diferentes variações ocorridas na língua, entre elas estão:
Papo jovem
Eliana Jacob Almeida
Existem várias maneiras de nos apresentarmos ao mundo: por meio de
nossas roupas, calçados, corte de cabelo, modo de andar, de nos maquiar,
e principalmente através de nossa linguagem. Há uma frase atribuída a
Sócrates - “Fala para que eu te veja” – que expressa exatamente o quanto
nossa manifestação verbal nos identifica.
Quando falamos, revelamos nossa origem – região onde nascemos e
nosso grau de instrução. Pelo vocabulário empregado, denunciamos nossa
idade e aí, junto, vão nossas ideias, (pre)conceitos, visão de mundo.
Nesse sentido, conviver com pessoas jovens é fascinante, pois, na busca
do entendimento e do diálogo, aprendemos, o tempo todo, um jeito novo
de dizer as coisas. Meus filhos e meus alunos me ensinam diariamente
como falar uma língua que eu, pretensamente, depois de estudá-la há mais
de trinta anos, penso que sei.
Há poucos dias, chegou a minha casa um amigo de meu filho e nós
o convidamos a almoçar conosco, ao que ele respondeu: “-- Ah, não
eu tô sossegado!” Fiz força para entender, não era aquilo o que eu havia
perguntado... Ninguém mais “cita exemplo”; o negócio agora é dizer “tipo
assim”. Ao expor trabalhos, a repetição dessa expressão é campeã. 19
Como estamos na era da tecnologia, em que tudo, o tempo todo, precisa
estar ligado – celular, computador, MP3 etc – nós, seres humanos, também
precisamos estar em alerta. Então para conferir a atenção e o entendimento,
no final de cada fala, vem um “tá ligado?” É engraçado, parece que nós
também somos máquinas, ora ligadas, ora desligadas, não é?
Se querem agradecer, não espere ouvir “obrigado”. Você dá uma
carona, e na hora descer o que falam é apenas um “Valeu!” Ao se despedir,
ninguém diz tchau ou até mais; dizem, no máximo “falô”! Quando pedimos
algo que não estão a fim de fazer, eles não amenizam nem disfarçam; a
resposta é “Nem na bala!”
Outro dia entrei numa sala e ouvi os alunos chamando um colega de
“Mormaço”. Como não entendi, me explicaram: “ ele é que nem mormaço,
parece que não ‘queima’, mas ‘queima’ ”, pode?
Numa boate, quando uma garota não quer ficar mais com um rapaz, ou
ele não quer falar com ela ao celular, eles “dão um perdido” no outro. Se
estão cansados, estão “só o pó da rabiola”, e se alguém está com uma aparência
caidona, dizem que o cara está “só a capa da gaita” ou “a capa do Batman”.
Pensando bem, eu poderia escrever mais um pouquinho, mas eu já tô
sossegada. Acho que vou dar um perdido nos meus leitores. Passa de meia-
noite, fiz muita coisa hoje e agora eu tô só o pó da rabiola. É difícil colocar
as idéias com clareza depois de um dia muito corrido, tipo assim, com muita
atividade desde cedo, tá ligado? Então, valeu! Até a próxima! Falô pra vocês...
Xaxado Chiado
Gabriel O Pensador
Eu botei o som na caixa e testei o microfone no capricho
mas o som saiu chiado
Eu tentei fazer um xote, um chorinho ou um maxixe mas
não sei quem foi que disse que o que eu fiz era xaxado
Ó xente, vixe! Um xaxado diferente, de repente tá
chegando pra ficar
Resolvi dar uma chegada lá no Sul pra mostrar o meu
xaxado porque achei que lá embaixo iam gostar
Chinelo, chapéu, xampu
Enchi minha mochila e parti pro Sul
Encaixei um toca-fitas no chevete e achei o meu cassete
do Raul
Na estrada eu nem parei na lanchonete porque eu tinha
pouco cash e esperei até chegar
Em território gaúcho só pra rechear o bucho de chuleta
20 na chapa na churrascada de lá
Ó xente, vixe! É o xaxado é o maxixe!
Não se avexe, chefe, chega nesse show só de chinfra
Ó xente, vixe! É o xaxado é o maxixe!
Não se avexe, se mexe, meu chefe, chama na xinxa!
Uai, sô! Que trem doido sô! Que som doido sô! Que
troço doido é esse?
Uai, sô! Quem trem doido sô! Que som doido sô! Que
trem bão! (...)
Certo Errado
com certeza......................................................................................... concerteza
coincidência ............................................................................... conhecidência
de repente............................................................................................ derrepente
de nada ........................................................................................................ dinada
de novo ........................................................................................................ dinovo
devagar .................................................................................................... de vagar
menos .........................................................................................................menas
Mendigo ............................................................................................. mendingo
Seja..................................................................................................................... seje
Sobrancelha .................................................................................sombrancelha
Mortadela ......................................................................................... mortandela
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Observação: você, que está prestes a ingressar numa universidade,
esqueça o “tipo assim”. Essa expressão empobrece seu texto.
Casos especiais:
a. Enumeração com o pronome “eu”: toda vez que houver
enumeração, o pronome de 1ª. pessoa deve vir por último.
Marcelo, Pedro, João e eu fomos ao clube.
Errado, portanto: Eu, Marcelo, Pedro e João fomos ao clube.
c. Observe a diferença:
Este(s), esta(s) e isto: devem ser usados para anunciar algo.
Os problemas do Brasil são estes: saúde, educação,
segurança e reforma agrária.
Essa(s), esse(s) e isso: usados para algo já mencionado.
A escassez da água tem preocupado os paulistanos. Essa
questão deve ser levada a sério por todos.
9. Funções da linguagem
Redação Nota 1000
A linguagem, uma eficiente forma de comunicação, é elemen-
to fundamental para estabelecermos comunicação com outras pes-
soas. Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a
intenção do falante, divide-se em seis:
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10. Tira-dúvidas: homônimos e parônimos
Homônimos: vocábulos que se pronunciam da mesma forma,
e que diferem no sentido.
Ex: Censo - recenseamento
Senso - juízo
Parônimos: vocábulos ou expressões que apresentam seme-
lhança de grafia e pronúncia, mas que diferem no sentido.
26
12. O uso da vírgula
Usa-se vírgula:
a. Separando as orações coordenadas assindéticas:
Comeu, bebeu, dormiu.
k. Separando o aposto:
Jorge Amado, autor de Capitães da areia, é um excelente
romancista.
l. Separando o vocativo:
Não toque na vitrine, menino!
27
m. Separando, nas datas, a localidade:
São Paulo, 25 de março de 2009.
1. GENERALIZAÇÃO
Como já vimos, a generalização prejudica muito seu texto, por-
que embala tudo e todos no mesmo pacote. No texto a seguir, per-
ceba como esse problema ocorre com o conceito – ou preconceito
– com o “povo”.
3. PRESSUPOSTO
Atenção, às vezes nossas ideias escapam, mesmo sem perceber-
mos. Veja.
Vejam as frases:
Você continua trabalhando naquela empresa? Observe o peso
do verbo continua.
Desta vez, ninguém colou na prova. – Das outras vezes, colaram?
Nem criança acredita na sua história. – Ninguém acredita?
Concluindo, é importante notar as sutilezas das informações –
32 as explícitas e as implícitas – para expressarmos nossas intenções
com clareza, e assim dizermos as palavras e não sermos traídos por
elas. O melhor exemplo dessa armadilha linguística fica com o
nosso presidente. Em uma de suas viagens, declarou: Esta cidade
é tão limpa, nem parece que estamos na África. (Complicado,
não?)
4. REPETIÇÃO
Um problema recorrente na produção escrita é a repetição de
palavras ou expressões. Mas atenção: isso só será considerado um
problema se indicar pobreza de vocabulário ou de ideias. O uso
da repetição, quando for intencional - como ocorre no artigo abai-
xo - passa a ser visto como qualidade. Aqui, o objetivo do autor é
transmitir a sensação de monotonia.
5. TEXTO REBUSCADO
Muitas pessoas acreditam que “falar difícil” impressiona o ou-
vinte, pois mostra erudição e assegura status. Não é só com estu-
dante que isso acontece. Entretanto, a simplicidade – em qualquer
área – agrada e convence mais. Observe o texto a seguir, que traz
um belo exemplo do uso de palavras rebuscadas por um narrador
que nem sempre conhece o significado correto da palavras.
6. IDEIAS VAGAS
Ao redigir seu texto, não espere que o leitor adivinhe o que você
quer dizer. Esqueça os trechos motivadores e explique tudo com
clareza. Veja um exemplo de ideias imprecisas.
Richard Gehman
7. FALTA DE IDEIAS
Às vezes, corrigimos redações escritas com uma bela caligrafia,
sem nenhum erro de acento, concordância, regência ou
ortografia. No entanto, falam o óbvio e aí...
8. CONCLAMAÇÃO E CONSELHOS
Em seu texto, evite o tom político de conclamação, que significa
“fazer uma invocação ou convocar de maneira persistente”. Muito
próximos desse recurso, estão os conselhos, que também diminuem
a qualidade de sua redação. Atenção: usar o “você”, NUNCA!
Veja os fragmentos a seguir:
“Vamos fazer os fabricantes de cigarros pagarem isto. Vamos pu-
nir quem deve ser punido. Afinal de contas, eles faturam e nós paga-
mos as contas? Não deixe isto continuar, principalmente se você já
conviveu com - e pagou por - este tipo de problema.”
“Assim, o cigarro vai tomando conta de todo o mundo, e se cada
um não se conscientizar, onde esse mundo irá parar? Temos que nos
(http://www.kboing.com.br/mc-pedrinho/1-1306071/)
Gerundismo
Ricardo Freire
Aqui vai a última flor do Lácio:
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar
recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de
alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa
praga terrível da comunicação moderna, o gerundismo. Você pode
também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou es-
tar enviando pela Internet.
O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá
38 estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo
e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira
como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos
ouvidos de quem precisa estar escutando.
Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá
estar achando necessárias, de modo a estar atingindo o maior nú-
mero de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissão oral.
(...)
Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou
estar traduzindo manuais de atendimento por telemarketing. Daí
a estar pensando que “We’ll be sending it tomorrow” possa estar
tendo o mesmo significado que “Nós vamos estar mandando isso
amanhã” acabou por estar sendo só um passo. (...)
A primeira pessoa que inventou de estar falando “Eu vou tá pen-
sando no seu caso” sem querer acabou por estar escancarando uma
porta para essa infelicidade linguística estar se instalando nas ruas
e estar entrando em nossas vidas. Você certamente já deve ter es-
tado estando a estar ouvindo coisas como “O que cê vai tá fazendo
domingo?” ou “Quando que cê vai tá viajando pra praia?”, ou “Me
espera, que eu vou tá te ligando assim que eu chegar em casa”.
Deus, o que a gente pode tá fazendo pra que as pessoas tejam entenden-
#S D COMUNIKSSAUM
Antônio Prata
A 1ª vz q abri o e-mail e dei de kra c/ uma msgm assim, naum
entendi nd. Pnsei q era pau do outlook, pblma do cputador. Naum,
nd dsso: era soh + uma leitora da KPRIXO que flava essa stranha
lihngua da internet. Como a kda dia que passa, rcbo + msgs nesse
dialeto sqzito, percbi q, ou aprendia eu tb a tklar assim, ou fikava
p trahs. Na natureza nd c perde, nd c cria, td c transforma: tinha
xgado a hr de eu tb me transformar.
Minha 1ª atitud foi tklar para Ehrika, uma garota que screv
nessa lihngua, e prgntar como eu fazia p aprendr. Ela flou o sgte:
“tipo_eh soh trocar CH por X, Ç por SS, H em vez de acento (é
/eh; só/soh) e comer o máx d letras possihvel. Entendeu?” O q
naum entendo eh pq tnta complicassaum. Era taum fahcil scrver
o bom e velho port_ Pgntei p o Joaum, 1 primo meu q screv ateh
poemas desse jto: pq as pssoas estaum screvndo assim? Ele me ga-
Um futuro singular
Ivan Jaf
Senhor diretor, estou escrevendo esta carta porque temo pela
minha saúde mental, e se algo acontecer comigo quero que todos
saibam o motivo, principalmente o senhor, do qual eu esperava
toda a compreensão, já que partilha comigo a crença de que só
com um profundo respeito à gramática da língua portuguesa cons-
truiremos um nação desenvolvida. O caso, senhor, é que o Gran-
de Pajé está me perseguindo, e tenho certeza de que neste exato
momento ele está ali, do outro lado da janela, escondido entre as
folhas da amendoeira... e não resistirei a mais um ataque... Minhas
1. Temas prováveis
Confira a seguir 17 temas que podem cair na redação do Enem 2014:
Redação Enem 2014: 1. Papel da mulher no século XXI
O papel da mulher no século XXI é um tema social que tem gran-
de destaque na mídia e, portanto, é a aposta para tema de redação
não só do Enem como também de outros vestibulares. Sobre esse
tema é preciso discutir, por exemplo, sobre uma solução para a
questão do assédio nos transportes públicos e outros problemas
comuns no cotidiano das mulheres.
(http://blogdoenem.com.br/redacao-enem-nota-1000/)
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2. Redações bem avaliadas no Enem
Para depois
Segundo o materialismo histórico, a maneira como se organiza
o sistema produtivo determina as outras estruturas e relações da
sociedade. Assim, a adoção do capitalismo, pautado pelo máximo
lucro, fez nascer inúmeros coelhos de Lewwis Carrol que repetin-
do “Estou atrasado!”, mostram-se extremamente adaptados, ego-
cêntricos e imediatistas.
Um dos princípios do capitalismo, se baseia no consumismo.
A sociedade atual, produzindo um volume cada vez maior de lixo,
mostra-se adepta fervorosa dessa lógica. Preocupando-se apenas
com a atualidade de sua última aquisição, que sempre será defasa-
da, compra sistematicamente.
Esquece-se das consequências ambientais e sociais que em um
futuro próximo ou distante serão inevitáveis.
Esse descompromisso com a realidade que nos cerca mostra
Redação Nota 1000
o quanto alienados e egocêntricos podemos ser. A compra desen-
freada de objetos inúteis para satisfazer necessidades desnecessá-
rias nega uma característica intrínseca à maioria dos seres vivos: o
comprometimento com o outro. Preocupamo-nos com qual será a
próxima bolsa da nossa coleção enquanto negamos a existência da
fome e de crises democráticas. As relações familiares também se
alteram. Abortos e abandonos de filhos e idosos passam a ser mais
frequentes em uma sociedade que prioriza o “eu”.
Grande parte dos problemas que negamos possuem uma
resolução demorada. Somos imediatistas e, portanto, queremos rá-
pidas e evidentes soluções. Governos só realizam obras de grande
visibilidade porque, caso contrário, serão chamados de incompe-
tentes. Cultivamos somente aquilo do que poderemos usufruir em
vida, sem preocupações com a geração futura e seus possíveis ga-
nhos.
Assim, a máxima “Estou atrasado!” parece sintetizar a so-
ciedade contemporânea. Do mesmo modo que o coelho se mostra
alheio às necessidades e problemas de Alice, preocupado consigo
e com as relações que estabelece com o tempo presente, nós o
somos. Adequamo-nos de tal forma ao sistema produtivo vigente
que perdemos nossas características intrínsecas. O outro e o longo
prazo ficam para depois.
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Observação: o manual não revela a autoria
(Guia do estudante e redação, vestibular + Enem /2012 - Abril)
Do consumo
Dado que anúncios publicitários têm o objetivo de atingir de-
terminado público para difundir determinada ideia, é fato que ela
reflete os valores desse mesmo público e do tempo em que foi pro-
duzida. Nesse sentido, se mudam os valores, muda o anúncio: se
antes chaminés expelindo fumaça eram propaganda de progresso,
são hoje o contrário, devido à preocupação ambiental a que a opi-
nião pública tem aderido. Desse modo, um anúncio que associe “o
melhor que o mundo tem a oferecer” a um shopping center não é
menor indicativo de que o consumo é, hoje, parte central do modo
de vida urbano, fundamental no que se entende por lazer e, muitas
vezes, o objetivo do cidadão comum.
Não é, pois, à toa que “o melhor que o mundo tem a oferecer”
não seja um laço afetivo forte com outra pessoa ou as maravilhas
do mundo natural, mas sim o consumo, já que, afinal, ele tem um
Redação Nota 1000
valor social muito grande hoje por ser um indicador de status so-
cial, associado a poder financeiro e, portanto, a prestígio: o tipo de
consumo que alguém pode sustentar é fundamental na formação
de sua identidade perante os outros.
No entanto, se o incentivo ao consumo tem lógica no raciocí-
nio macroeconômico, no sentido de se acompanhar a oferta cres-
cente de uma sociedade industrial, transformá-lo em ideologia tem
implicações muito maiores na vida cotidiana do que a manutenção
do funcionamento das engrenagens do sistema: as relações inter-
pessoais passam a seguir a lógica do consumo e se tornam mais
líquidas, nos termos de Bauman, sendo mais frágeis e superficiais
já que, afinal, são agora muitas vezes mediadas por bens materiais.
Nesse sentido e ainda mais, o individualismo tende a crescer atre-
lado a esse processo, provocando junto uma valorização excessiva
do espaço privado em detrimento do espaço público.
Surge, então, o shopping center como refúgio de lazer dentro
desse modo de vida. Afinal, ele oferece o que há de “melhor” nesse
mundo do consumismo: um espaço à parte do resto da cidade,
repleto de lojas, exclusivo para quem nele pode comprar. É, pois,
símbolo tanto do poder financeiro dos bancos, que oferecem car-
tões de crédito que facilitam o aproveitamento desse “melhor” que
há, como também é símbolo de retificação das relações sociais e
de segregação econômica. A publicidade, enfim, pode vender em 47
um anúncio o que há de melhor em determinada visão de mundo,
mas existem muitas outras, e a de consumo pode muito bem não
ser a melhor delas.
5. A importância da leitura
Quem lê muito tem boas chances de escrever bem e é bom en-
tender este conceito: leitura é muito mais do que a decodificação
de palavras. Lemos o mundo, as pessoas, os fatos; enfim, ler é ter
os olhos atentos para tudo o que acontece ao nosso redor. Dessa
forma, devemos ler gibis, que além de despertar nossa criatividade,
deixam-nos afiados quanto à pontuação. Revistas são boas fontes
de notícias, mas é importante variá-las, pois cada uma tem um
ponto de vista definido e você não pode ficar limitado (a) a um
só. O mesmo procedimento você deve adotar para jornais: veja as
mesmas notícias em diferentes fontes.
Quanto às obras literárias, se você não tem tempo, leia princi-
palmente os clássicos; se não estiverem em sua prova, certamente
lhe garantirão uma boa visão de mundo e do homem. Essa percep-
ção ajuda a atingir o amadurecimento intelectual e o (a) direciona
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