Manual Redacao Nota 1000 Final

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Sumário

APRESENTAÇÃO
• UNIDADE 1 – CONSTRUÇÃO DO TEXTO

1. AS 5 COMPETÊNCIAS NAS REDAÇÃO DO ENEM ......................................... 7


2. SUGESTÕES PARA UMA BOA REDAÇÃO ......................................................... 8
3. COMO INICIAR UM PARÁGRAFO ..................................................................... 9
4. COMO DESENVOLVER UM PARÁGRAFO..................................................... 11
5. ESTRUTURE CORRETAMENTE SUA DISSERTAÇÃO .................................. 12
6. QUALIDADES DE UMA BOA REDAÇÃO ......................................................... 14
* AUTONOMIA ................................................................................................. 14
* COESÃO.......................................................................................................... 14
* COERÊNCIA................................................................................................... 15
* CONCISÃO..................................................................................................... 17
* CONVENCER X PERSUADIR....................................................................... 17
7. VARIANTES LINGUÍSTICAS ............................................................................ 18 3
8. EVITE ERROS DE ORTOGRAFIA ................................................................... 21
9. FUNÇÕES DA LINGUAGEM ........................................................................... 23
10. TIRA-DÚVIDAS: HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS ........................................ 24
11. ATENÇÃO ESPECIAL PARA ALGUNS VERBOS:
TER, VIR, CRER, DAR, LER, VER, MANTER, CONTER ............................ 26
12. O USO DA VÍRGULA ....................................................................................... 27

•UNIDADE 2 – PROBLEMAS DE REDAÇÃO FOCALIZADOS


EM TEXTOS

1. GENERALIZAÇÃO: “O POVO”........................................................................... 27
2. CHAVÃO: “É SIMPLES, MAS É DE CORAÇÃO!”............................................. 29
3. “PRESSUPOSTO: O DITO PELO NÃO DITO”.................................................. 31
4. REPETIÇÃO: “A ETERNIDADE DE UM MINUTO”......................................... 32
5. TEXTO REBUSCADO: “PALAVREADO”........................................................... 33
6. IDEIAS VAGAS: “VAGUIDÃO ESPECÍFICA” ................................................... 35
7. FALTA DE IDEIAS: “O BRASIL (DESCRIÇÃO FÍSICA E POLÍTICA)”........... 35
8. CONCLAMAÇÃO E CONSELHOS ................................................................... 36

Redação Nota 1000


9. LINGUAGEM INADEQUADA: “DOM,DOM,DOM”......................................... 37
10. “GERUNDISMO”............................................................................................... 38
11. FRASE DE ARRASTÃO ..................................................................................... 39
12. LINGUAGEM DA WEB: “#S D COMUNIKSSAUM” ...................................... 39
13. CUIDADO COM A CONCORDÂNCIA: “UM FUTURO SINGULAR”........... 40

• UNIDADE 3 – ENRIQUECENDO O REPERTÓRIO

1.TEMAS PROVÁVEIS ............................................................................................ 41


2. REDAÇÕES BEM AVALIADAS NO ENEM ....................................................... 44
3. CARTA DE FILMES DO PROFESSOR RODRIGO DAUM.............................. 48
4. CARTA DE FILMES DO PROFESSOR BRUNO MORETI .............................. 49
5. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA ........................................................................ 50

Redação Nota 1000


Apresentação

Prezado (a) estudante

Escrever bem significa ter domínio do funcionamento da língua, ter


um bom repertório de ideias e clareza na exposição de seus argumentos.

Aperfeiçoar essa técnica garante uma comunicação melhor em


qualquer área, além de muitas vantagens na prática da persuasão.

Este manual foi feito pensando em ajudá-lo (a) nessa tarefa. Na


Unidade 1, você encontrará os critérios de correção das redações do
Enem; as qualidades de um texto e uma lista dos principais erros
ortográficos. A perguntinha comum em toda sala “Professora, como é
que eu começo?” será esclarecida com vários modelos de início e de
desenvolvimento. Há um foco na ortografia, esclarecendo as dúvidas 5
mais recorrentes e uma lista de homônimos e parônimos

Na Unidade 2, os problemas de redação são focalizados,


principalmente, por meio de textos. Como o objetivo do manual é
oferecer um material preparatório para o Enem, a atenção se concentra
na construção do texto dissertativo-argumentativo.

Na unidade 3, há uma lista de prováveis temas que podem


ser pedidos no exame e uma seleção de redações bem avaliadas.
Encerrando, há duas cartas de filmes elaboradas pelos professores de
nossa escola Rodrigo Daum (Redação) e Bruno Moreti (Atualidades) e
um pequeno texto sobre a importância da leitura. Tudo isso irá ajudá-
lo (a) a formar opinião e, certamente, fará diferença ao elaborar seu
texto.

Um abraço carinhoso. Bons estudos!

Eliana Jacob Almeida

Ps: Nada do que será apresentado a seguir terá alguma validade, se


você não adotar a prática da escrita. Lembre-se: redação é treino.

Redação Nota 1000


1 . As 5 competências do Enem

Como o foco desse material são as redações do Enem, nosso primeiro


passo será lembrá-lo (a) de como será feita a correção dos textos.
Cinco competências são avaliadas como nota na prova de redação.
São elas:
1. Se o candidato demonstra domínio da norma-padrão da
língua escrita;
2. Se compreende a proposta de redação e aplica conceitos das
várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro
dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo;
3. Se consegue selecionar, relacionar, organizar e interpretar
informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um
ponto de vista;
4. Se demonstra conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação;
5. Se conseguiu elaborar proposta de solução para o
problema abordado, respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.
As notas
- Dois professores corrigem as redações;
- Cada competência vale 200 pontos;
- A nota final em cada competência e nota geral serão a média das
notas recebidas dos dois corretores iniciais; 7
- A discrepância aceitável entre a nota final dos dois corretores é de
100 pontos;
- A diferença aceitável entre a nota de cada uma das competências foi
mantida em 80 pontos;
- Conclusão: quando a diferença entre as duas notas gerais for igual
ou maior que 101 pontos ou quando a diferença na nota de uma
das competências for de 81 pontos ou mais, a prova passará para um
terceiro corretor e, se necessário, por uma banca de três examinadores;
- Nos casos em que há a terceira, a nota final é a média das duas notas
mais próximas entre as três;
- Se a prova for enviada para a banca examinadora, todas as notas
anteriores serão descartadas.
Nota zero
- Fugir ao tema ou ao tipo textual proposto – dissertação argumentativa;
- Escrever menos de sete linhas originais;
- Inserir trecho propositadamente desconexos do resto da argumentação
do tema;
- Desenhos e palavras ofensivas, impropérios e protestos;
- Afirmações que desrespeitem os direitos humanos, como as de
racismo, xenofobia e homofobia.
(Baseado no Guia do estudante e redação – vestibular + enem / 2015 –
Abril , 2014)

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2. Sugestões para uma boa redação

Considerando teoria e prática, enumero alguns itens básicos na


elaboração de seu texto.
• Começando pela questão estética, marcar parágrafos e
obedecer à margem também no lado direito da folha;
• O título deve ser centralizado, sem grifo, sem aspas.
Apenas a primeira palavra deve ser escrita com letra
maiúscula;
• Devem-se evitar títulos longos e ponto final;
• Não usar palavras de baixo calão: xingamentos,
palavrões;
• Evitar gírias, pois além de excluírem quem não as
conhece, empobrecem o texto.
• Evitar chavões – aquelas frases feitas, provérbios, ideias
sem nenhuma originalidade, como: “Feliz Natal e
próspero Ano Novo”;
• Não usar abreviações;
• Os números devem ser escritos por extenso, a não ser
com referência à idade, população, dinheiro, páginas,
e em datas e endereços;
• Evitar o abuso de jargão – linguagem técnica, específica
de uma área;
8 • Não se incluir no texto: “Eu penso...”, “Na minha
opinião ...” Se for inevitável, usar a primeira pessoa do
plural (nós): “Acreditamos...”, “Concluímos...”;
• Evitar os pleonasmos (redundância): “Criar novos...”,
“Encarar de frente...”, “hemorragia de sangue”;
• Tomar cuidado com as repetições de palavras e ideias:
uma leitura após o término do texto ajuda a detectar
esses problemas;
• Não usar vírgula entre o sujeito e o verbo, nem entre o
verbo e seu complemento.
• Exemplo: João, encontrou seu material. Ou:
• João encontrou, seu material.
• Evitar generalizações;
• Fugir de modelos prontos que iniciam com “No mundo
de hoje...”, “Nos dias em que vivemos...”, e terminam
com “Diante do exposto acima...”, ou “Precisamos nos
conscientizar...”;
• Evitar a prolixidade, que consiste em usar mais palavras
que o necessário para exprimir uma ideia. Trocando em
miúdos, não ficar “enchendo linguiça”;
• Resistir à ideia de dar conselhos no final do texto.

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3. Como iniciar um parágrafo
Parágrafo dissertativo

O primeiro passo a ser trabalhado na construção de


uma redação é o parágrafo, que em geral apresenta:

são aquelas que


Ideias contribuem na
secundárias explanação da ideia
Ideia Central central. Todas são
interligadas pelo 9
sentido.

De um modo geral, o primeiro parágrafo de um texto dissertativo já


delineia a organização lógica das ideias. O tópico frasal é a frase inicial
(ou as duas primeiras frases) que expressa (m) de maneira resumida a
ideia central do parágrafo e pode se apresentar de diversas formas:

{
Declaração inicial
omissão de dados
identificadores
TÓPICO FRASAL alusão
interrogação
definição
divisão

Aqui vão alguns exemplos dos referidos tópicos frasais:


Declaração inicial
“Em breve o consumidor terá à disposição um medicamento à
base de própolis para regenerar a pele queimada, evitar contaminação
e estimular a cicatrização. Trata-se de um líquido gelado, que se
transforma em gel quando em contato com a pele.” (In: Revista Bem-
Estar – Diário da Região, 16/12/2007, p.03).

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Omissão de dados identificadores
“Entrou na vida de todos nós pela porta da frente e ganha, a cada
dia, mais competências. Já é capaz de calcular, escrever e substituir
o computador captando e-mails, baixando músicas e registrando
imagens de nossas vidas. E nem podemos dizer que só falta falar, pois
trata-se justamente de um falador. Falo do celular. (In. Anna Verônica
Mautner – Folha de S. Paulo, Caderno Folha Equilíbrio, 13/12/2007.).

Uma alusão
“Segundo a nutricionista de São Paulo Daniela Jobst, especialista
em Nutrição Clínica Funcional, (...) os nutrientes nunca estão
isolados no alimento, assim como não são absorvidos isoladamente.”
(in: Revista Bem-Estar – Diário da Região, 16/12/2007, p.14).
Uma interrogação
“Será que temos diminuído nossa capacidade auditiva? Parece
que a cada dia precisamos falar mais alto. Não é de se estranhar, já
que a poluição sonora dos centros urbanos é cada vez pior e o nosso
cotidiano é lotado de barulho: lojas, bares e restaurantes tocam música
em volume alto, e tudo isso faz com que falemos cada vez mais alto.”
(In: Rosely Sayão – Caderno Folha Equilíbrio, Folha de S. Paulo,
17/01/2008).

Uma definição
“A hipocromania é a diminuição da coloração normal de um
10
tecido, que causa manchas claras. Elas são confundidas com micose e
escamam levemente.” (In: Folha Equilíbrio, 20/01/2008).

Divisão
É importante notar que um texto dissertativo divide-se em três
partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução traz a
ideia central e é também chamada de tópico frasal. O desenvolvimento
desdobra a ideia inicial, e a conclusão busca encaminhar o assunto
parar o desfecho.

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4. Como desenvolver um parágrafo
Enumeração de detalhes
“Um filho pequeno sempre quer algo: amor dos pais, a presença
deles, um doce, assistir desenho na televisão, um determinado
brinquedo ou objeto, (...) enfim, ele quer, ele quer, ele quer. Portanto,
o querer dele é que é autoritário.” (Folha de S. Paulo – Rosely Sayão).

Confronto
“Na semana passada, escrevi sobre o fracasso. Hoje, falo sobre o
êxito. O fracasso é mais seguro, não provoca ansiedade (...). O êxito é
perigoso, o êxito pode fracassar, pode acabar, o que cria um suspense.
Já o fracasso é um sossego. O Brasil fica morto, e isso pode ser um êxito
para quem vive do “Mesmo” nacional.” (Folha de S .Paulo – Arnaldo
Jabour).

Citação de exemplos
“A criatividade brasileira afasta-se de Brasília e prospera nas grandes
cidades, os grandes laboratórios de experiências políticas públicas.
Recife, por exemplo, centro histórico deteriorado e abandonado,
passou por uma reforma e prepara-se para abrigar um “porto digital”
transformou-se em espécie de incubadora de empresas de alta
tecnologia.” (Folha de S. Paulo – Gilberto Dimenstein).
11
Causa e efeito ou razões e consequências : A ideia
de causa se aplica a fenômenos físicos, mantendo a relação causa/
efeito. Por outro lado, razões se aplicam a atos ou atitudes humanas,
mantendo a relação razões/consequências. É comum o uso de termos
explicativos ou causais, como: por causa, pois, devido a etc.
“A garantia de vagas para todas as crianças fez multiplicar por quatro
o total de alunos num ano. Com uma economia modesta, baseada na
pesca da lagosta e na produção de coco, Icapuí (no estado do Ceará)
fez da educação sua grande prioridade e mereceu um prêmio da
UNICEF. O troféu é o maior orgulho da cidade e enfeita o gabinete
do prefeito.”

Observe que neste caso, o exemplo é de razões e consequências,


já que a mudança ocorreu por causa das atitudes humanas – pesca de
lagosta e produção de coco.
Entretanto, antes de elaborar um parágrafo ou uma redação, deve-se
ainda considerar o que se quer escrever, as ideias que se deseja transmitir
e a maneira de redigir. Pois como disse Câmara Jr., “Ninguém é capaz
de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever”.

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Veja como se estrutura um parágrafo dissertativo completo.

“ Na verdade, ensinar a criança a falar em tom suave e


audível faz parte do ensino da comunicação verbal e é um
fator importante do processo de socialização. /Para chegar
a isso, precisamos colocar em ação nossa capacidade de
autorregulação do tom de voz. //

Afinal: vamos ajudar o mundo a ser menos barulhento ou vamos
continuar a agir como se só fossem ouvidos os que falam mais alto?

5. Estruture corretamente sua dissertação

Por que estudar dissertação?


A todo instante, nos deparamos com
situações que exigem a organização de nossos
pensamentos para exposição de nossas ideias,
12 argumentos e pontos de vista a respeito de
um determinado assunto. Nessas situações,
usamos a linguagem para construirmos um
texto dissertativo. Veja agora um pouco mais
sobre essa forma de redação.

• Passos para elaborar de uma dissertação:


√ Ler atentamente o tema e refletir sobre o assunto de que trata;
√ Fazer um esboço mental do encadeamento que se pretende dar às
ideias;
√ Elaborar o rascunho, evitando desviar-se do ponto de vista
assumido;
√ Ler o texto, submetendo-o a uma avaliação crítica;
√ Passá-lo a limpo, observando as regras gramaticais;
√ Dar um título à redação, adequando-o ao seu texto.

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Resumindo

O texto dissertativo pressupõe uma análise crítica sobre


determinado assunto. Deve ser redigido em linguagem clara e objetiva,
privilegiando o nível culto da língua. A introdução, o desenvolvimento
e a conclusão devem apresentar harmoniosa concatenação de ideias,
e a harmonia entre tema, título e texto é imprescindível.

COMO ESCREVER UM TEXTO DISSERTATIVO


Antes de redigir seu texto, você deve organizar suas ideias e fazer
um esboço das etapas que se seguirão. Identifique sua opinião sobre o
assunto – tese –, quais os argumentos você poderá usar para sustentar
seu ponto de vista e, finalmente, que solução sugere para minimizar o
problema. Evite períodos longos que comprometam a clareza, não use
palavras rebuscadas tentando impressionar seu corretor e lembre-se:
simplicidade, em qualquer área, convence mais, inclusive na escrita.
Observe a estrutura da dissertação abaixo:

Romper fronteiras, romper barreiras


Fronteiras são limites e o homem busca ultrapassá-las. Um grande
canto à quebra de fronteiras está presente em Os lusíadas . Camões, ao
narrar a viagem de Vasco da Gama às Indias, conta uma história não 13
só de ultrapassagem de barreiras físicas e geográficas, mas também da
quebra dos limites psicológicos do povo português. Vencer fronteiras
existentes ao redor do homem, leva-o a quebrar fronteiras dentro de si
mesmo.
A transformação ideológica vivida pela humanidade após a Expansão
Marítima Comercial, mostrada nos versos do autor português, mudou
o rumo da História. Ao passar pela linha do horizonte sem cair em
um abismo, acreditava-se na época, o homem descobriu ser capaz de
realizar grandes feitos sem a necessidade da ordenança divina, apenas
por sua vontade. As fronteiras do Oceano foram rompidas e ajudaram
na quebra do Teocentrismo.
O pensamento antropocêntrico consolidou-se. A ciência e a
Tecnologia evoluíram. Limites foram rompidos pela humanidade
ao longo da História. A chegada do homem à Lua instigou ainda
mais o sentimento de superioridade humana. O homem porém tem
esquecido da fronteira que o próprio homem carrega e o limite a que
pode chegar.
Fabiano, em Vidas secas, também passa por um processo de
transformação interna. Por não conseguir vencer os limites da
linguagem e do conhecimento, tem que romper com a fronteira entre
o ser humano e o animal, transformando-se em um bicho para se
adaptar às condições da seca.

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No mundo moderno existem diversos Fabianos. Latino-
americanos que cruzam fronteira de países e necessitam submeter-se
a condições inumanas para sobreviver. Favelas crescentes e aumento
da desigualdade com pessoas lutando para ultrapassar os limites da
sobrevivência.
A capacidade de superação humana e a superação de barreiras é
indiscutível. Cabe ao ser humano do século XXI romper as fronteiras
do individualismo para que não mais pessoas rompam as barreiras do
humano para sobreviver como animais.

(Autoria desconhecida. Fuvest 2009. Disponível em http://www.fuvest.


br/vest2009/bestred/520866.jpg Acesso em: 4 abr.2013)

6. Qualidades de uma boa redação


Autonomia
As propostas de redação vêm com textos motivadores, mas
você não pode transcrevê-los. Nesse momento é que se observa seu
repertório de ideias e de vocabulário. Não adianta escrever o texto
quase todo com palavras simples e, de repente, usar um conectivo
rebuscado que não combina com seu estilo. Procure mostrar ideias
originais, evitando falar o que todos falam; seu texto deve ter a sua
“cara”.
14
Coesão
A palavra “texto” significa “tecido”. Assim, podemos dizer que os
conectivos são responsáveis pela costura dos retalhos - (das partes) do
texto, garantindo unidade de sentido.
É importante notar que, em uma frase a escolha do conectivo é
essencial para nos expressarmos com clareza. A simples troca do
conectivo, muda todo o significado do contexto.
Para que haja clareza, as partes de um texto devem estar relacionadas
entre si, garantindo a coesão. As orações que formam os períodos e
os parágrafos precisam estar “costuradas” para que o leitor consiga
acompanhar o raciocínio do autor e entender sua intenção. Nem
sempre é necessário usar um conectivo, pois, em alguns casos, as duas
proposições estão ligadas por uma relação de causa-efeito. Exemplo:
“Estou com frio. Vou vestir um agasalho”. Mas, de um modo geral, a
ligação é feita por meio de um conectivo.
Para cada tipo de relação que se pretende estabelecer entre duas
orações, existe uma conjunção que se adapta perfeitamente. Observe
as frases a seguir.

Eu me sentei e ela se levantou. (adição)


Não me sentei nem ela se levantou.
Eu me sentei, porque ela se levantou. (causa/explicação)
Já que/ uma vez que
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Eu me sentei, quando ela se levantou. ( tempo)
depois/ assim que/ logo que
Eu me sentarei, se ela se levantar. (condição)
caso/ contanto que/ desde que
Eu me sentei, embora ela tenha se levantado. (concessão)
mesmo/ apesar de
Eu me sentei, portanto não sairei mais. (conclusão)
logo/então/ assim
Ou eu me sento ou me levanto.(alternância)
Ora...ora/ quer...quer

Coerência
Coerência é a ligação ou harmonia entre situações, acontecimentos
ou ideias. Um texto coerente é aquele que se apresenta como um
conjunto em que todas as partes se encaixam de maneira complementar
de modo que não haja nada destoante, ilógico ou contraditório. Três
níveis de coerência se destacam:

Coerência narrativa
Ao narrar uma história cujo enredo se desenvolve nos anos 30, seria
incoerência narrativa, em determinado momento, algum personagem
atender a um celular, pois naquela época, ainda não havia esse
aparelho telefônico.
Um exemplo observado ocorreu na série JK em que para as
personagens da família de Juscelino o tempo passou, chegando a 15
trocar os atores; enquanto outros, como o casal Salomé e Leonardo,
continuaram os mesmos, sem nenhum retoque na aparência.

Coerência figurativa
Se desejamos figurativizar o tema da religiosidade, mostrando um
personagem que participa dos cultos aos domingos, aparenta ser um
homem bom e justo naquele contexto, não seria coerente mostrá-lo
no seu trabalho explorando seus empregados, com horas excessivas e
maus-tratos.
Um bom exemplo de coerência figurativa encontramos no programa
A grande família, em que o mau gosto predomina em todos os níveis,
desde as estampas e modelos das roupas, a mobília e o papel de parede,
os objetos decorativos até a famosa jarra com formato de abacaxi.
Apesar dos chavões, tudo se enquadra em um contexto harmônico.

Coerência argumentativa
Se em um discurso, alguém se pronuncia contra a pena de morte,
seria incoerente, em seguida, declarar-se a favor do aborto.
Se, em outro texto, parte-se da ideia de que todos são iguais perante
a lei, haveria incoerência se, posteriormente, houvesse a defesa do
privilégio de algumas categorias profissionais em não pagarem imposto
de renda.
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É importante observar que, quando se defende um ponto de vista, a
conclusão deve apontar para o mesmo sentido: isso é coerência.
(Eliana Jacob Almeida - Revista Ala Vip Magazine- n. 40)

Observe a questão da coerência no texto a seguir.

Assim não dá...


Eliana Jacob Almeida
Não é preciso ser especialista em português para observar algumas
incoerências linguísticas do nosso dia-a-dia. Muitas ocorrem por
descuido, mas a maioria denuncia desconhecimento vocabular,
modismo ou simplesmente uma lógica – um tanto ingênua - que
rejeita qualquer explicação técnica.
Há pouco tempo, em uma loja de eletrodomésticos, ao consultar
um vendedor sobre o preço de um aparelho de tv, ouvi como resposta:
“Está na faixa etária de R$ 600,00. Faixa etária? Como assim?...
Perto de casa, numa avenida, fica sempre um caminhão que anuncia
milho verde em uma placa, mas na carroceria só tem melancia. Não dá
um nó na cabeça da gente?
No hotel em que estive há algumas semanas, no café da manhã, perto
dos ovos mexidos, procurei um saquinho de sal. Quando encontrei,
estava escrito “Doce vida”; na hora devolvi e continuei procurando.
16 Só depois descobri que o sal era da marca “Doce vida”. Ah, tem dó!!!
Já vi gente orientando gestantes a comprar para o seu bebê chupeta
ortopédica (não seria ortodôntica?) Em muitos estabelecimentos
comercias tenho visto tv ligada- sem som -e o rádio com som alto.
Nessa hora, o que eu faço: ouço ou assisto? Num barzinho que fui
outro dia, apresentavam um DVD do Bee Gees - só a imagem - e no
palco, música ao vivo. Não é de enlouquecer?
Parece que está na moda falar “enfim”. Tenho observado pessoas
entrevistadas na televisão, usando “enfim”, que é um conectivo de
conclusão, no início da fala. Seu uso correto é depois da exposição de
uma idéia, quando vamos fechar um raciocínio. No dia da morte de
Paulo Autran, um diretor de teatro, ao ser perguntado sobre a perda
do artista, declarou: “O Paulo, enfim....estava doente há meses e não
resistiu”.
Agora gostoso mesmo é flagrar o raciocínio lógico das crianças.
Meus alunos de 5. série, como sabem que algumas pessoas estudam
à tarde, outras, à noite, não vacilam, dizem que estudam a cedo. Uns
meninos, observando que as meninas dizem “eu tava”, por serem
homens, flexionam o verbo e fica “eu tavo”, não é uma delícia?
O neto de uma amiga , ajoelhou-se ao lado da cama, com o pai, que
iria ensiná-lo a rezar; quando começou “Em nome do Pai...” o menino
já completou: “Alexandre”. Soube de outro – criado pela avó, que no
momento do “Em nome do Pai, do filho ...” , ele não teve dúvida: “da

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avó...” (Claro! Queriam deixar a avó de fora???)
Sem contar os sons desagradáveis que resultam da aproximação
de algumas palavras. Isso só é observado quando lemos em voz alta:
“Cuba lançou um modelo de educação”. Na promoção do Pânico, em
que a pessoa que alcançasse o topo de um pau-de-sebo, ganharia um
aparelho de tv de plasma, o slogan era “Só o cume interessa”. Socorro!
A língua é um fenômeno dinâmico - com níveis diferentes e muitas
variantes - o que oferece muitas possibilidades de expressão. Casos
como os descritos acima, por ocorrerem através de caminhos tortuosos,
às vezes nos confundem. Entretanto, entendemos a mensagem, e por
virem de maneira tão inusitada, acabam fazendo-nos rir.
( Revista Ala Vip Magazine – n. 60 )

Concisão
O desafio da concisão
“Quando estamos colocando acessórios, tira-se sempre a última
coisa que se pôs”. (Coco Chanel) – Estilista Francesa
Tudo é comunicação; o tempo todo, estamos em contato com
diversos textos. Lemos pessoas, placas, outdoors, situações; são tantos os
estímulos, que ficamos saturados. Com as roupas e com alguns textos
não é diferente e, às vezes, menos é mais.
Ser conciso é ser econômico ao falar ou escrever. Quando
escrevemos, devemos prestar atenção às redundâncias, eliminar as
repetições e não abusar dos adjetivos.
Por outro lado, atenção! Se descrever é “fotografar com palavras”, 17
nesse tipo de texto, os adjetivos são bem vindos.
Quanto à argumentação, essa não aceita enfeites; aceita no máximo,
ilustração dos eventos. Caso contrário, não construiremos argumentos
sólidos e, sem argumentos sólidos, não convencemos ninguém.
(Professor Rodrigo Daum – Escola Em Bom Português)

Convencer x persuadir
Bom domínio da norma padrão e coesão textual não são os
únicos ingredientes para uma boa redação. Mais que uma letra
bonita e ortografia impecável, o sentido das palavras pode convencer
ou persuadir o seu leitor. Grandes universidades e empresas que
exigem redações não estão só interessadas no seu domínio da Língua
Portuguesa, mas em como você usa o poder das palavras.
Convencer é diferente de persuadir. Convencer é fazer com que o
leitor pense como você; persuadir é motivar o leitor a agir como você
quer. Ambos fazem parte de uma boa argumentação, mas o último é
infalível, pois “chega ao coração” do seu ouvinte. Não importa se você
esteja certo ou errado, se é verdade ou mentira.
Não existe um receita pronta para formular um bom argumento,
nem perfeição. É um exercício mental. Envolve o questionamento das
ideias que você considera verdades absolutas. Requer comprovar com
dados, quadros mentais, fontes consideradas confiáveis e uma linha de
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raciocínio coerente. Evite generalizações e palavras que demonstram
subjetividade, como “De maneira geral”, “Não ter consciência” e
muitos adjetivos. Ao seguir essas dicas, você irá transmitir credibilidade
ao seu leitor e parecerá alguém com autoridade para falar sobre o
assunto que escreve.
(Professora Leticia Santos – Escola Em Bom Português)

7. Variações linguísticas
Existem diferentes variações ocorridas na língua, entre elas estão:

Variação Histórica - Aquela que sofre transformações ao longo do


tempo. Como por exemplo, a palavra “Você”, que antes era vosmecê e
que agora, diante da linguagem reduzida no meio eletrônico, é apenas
VC. O mesmo acontece com as palavras escritas com PH, como era o
caso de pharmácia, agora, farmácia.

Variação Regional (os chamados dialetos) - São as


variações ocorridas de acordo com a cultura de uma determinada
região, tomamos como exemplo a palavra mandioca, que em certas
regiões é tratada por macaxeira; e abóbora, que é conhecida como
jerimum.
Destaca-se também o caso do dialeto caipira, o qual pertence
18 àquelas pessoas que não tiveram a oportunidade de ter uma educação
formal, e em função disso, não conhecem a linguagem “culta”.

Variação Social - É aquela pertencente a um grupo específico


de pessoas. Neste caso, podemos destacar as gírias, as quais pertencem
a grupos de surfistas, tatuadores, entre outros; a linguagem coloquial,
usada no dia a dia das pessoas; e a linguagem formal, que é aquela
utilizada pelas pessoas que têm mais contato com o universo
acadêmico. Fazendo parte deste grupo estão os jargões, que pertencem
a uma classe profissional mais específica, como é o caso dos médicos,
profissionais da informática, dentre outros.
(Adaptado de: http://www.mundoeducacao.com/gramatica/variacoes-linguisticas.htm)

Redação Nota 1000


O texto a seguir ilustra o choque de linguagem entre pessoas de
diferentes idades. Observe a variação histórica.

Papo jovem
Eliana Jacob Almeida
Existem várias maneiras de nos apresentarmos ao mundo: por meio de
nossas roupas, calçados, corte de cabelo, modo de andar, de nos maquiar,
e principalmente através de nossa linguagem. Há uma frase atribuída a
Sócrates - “Fala para que eu te veja” – que expressa exatamente o quanto
nossa manifestação verbal nos identifica.
Quando falamos, revelamos nossa origem – região onde nascemos e
nosso grau de instrução. Pelo vocabulário empregado, denunciamos nossa
idade e aí, junto, vão nossas ideias, (pre)conceitos, visão de mundo.
Nesse sentido, conviver com pessoas jovens é fascinante, pois, na busca
do entendimento e do diálogo, aprendemos, o tempo todo, um jeito novo
de dizer as coisas. Meus filhos e meus alunos me ensinam diariamente
como falar uma língua que eu, pretensamente, depois de estudá-la há mais
de trinta anos, penso que sei.
Há poucos dias, chegou a minha casa um amigo de meu filho e nós
o convidamos a almoçar conosco, ao que ele respondeu: “-- Ah, não
eu tô sossegado!” Fiz força para entender, não era aquilo o que eu havia
perguntado... Ninguém mais “cita exemplo”; o negócio agora é dizer “tipo
assim”. Ao expor trabalhos, a repetição dessa expressão é campeã. 19
Como estamos na era da tecnologia, em que tudo, o tempo todo, precisa
estar ligado – celular, computador, MP3 etc – nós, seres humanos, também
precisamos estar em alerta. Então para conferir a atenção e o entendimento,
no final de cada fala, vem um “tá ligado?” É engraçado, parece que nós
também somos máquinas, ora ligadas, ora desligadas, não é?
Se querem agradecer, não espere ouvir “obrigado”. Você dá uma
carona, e na hora descer o que falam é apenas um “Valeu!” Ao se despedir,
ninguém diz tchau ou até mais; dizem, no máximo “falô”! Quando pedimos
algo que não estão a fim de fazer, eles não amenizam nem disfarçam; a
resposta é “Nem na bala!”
Outro dia entrei numa sala e ouvi os alunos chamando um colega de
“Mormaço”. Como não entendi, me explicaram: “ ele é que nem mormaço,
parece que não ‘queima’, mas ‘queima’ ”, pode?
Numa boate, quando uma garota não quer ficar mais com um rapaz, ou
ele não quer falar com ela ao celular, eles “dão um perdido” no outro. Se
estão cansados, estão “só o pó da rabiola”, e se alguém está com uma aparência
caidona, dizem que o cara está “só a capa da gaita” ou “a capa do Batman”.
Pensando bem, eu poderia escrever mais um pouquinho, mas eu já tô
sossegada. Acho que vou dar um perdido nos meus leitores. Passa de meia-
noite, fiz muita coisa hoje e agora eu tô só o pó da rabiola. É difícil colocar
as idéias com clareza depois de um dia muito corrido, tipo assim, com muita
atividade desde cedo, tá ligado? Então, valeu! Até a próxima! Falô pra vocês...

Redação Nota 1000


(Revista Ala Vip Magazine – nº 61)

Observe como as variações regionais surgem neste texto:

Xaxado Chiado
Gabriel O Pensador
Eu botei o som na caixa e testei o microfone no capricho
mas o som saiu chiado
Eu tentei fazer um xote, um chorinho ou um maxixe mas
não sei quem foi que disse que o que eu fiz era xaxado
Ó xente, vixe! Um xaxado diferente, de repente tá
chegando pra ficar
Resolvi dar uma chegada lá no Sul pra mostrar o meu
xaxado porque achei que lá embaixo iam gostar
Chinelo, chapéu, xampu
Enchi minha mochila e parti pro Sul
Encaixei um toca-fitas no chevete e achei o meu cassete
do Raul
Na estrada eu nem parei na lanchonete porque eu tinha
pouco cash e esperei até chegar
Em território gaúcho só pra rechear o bucho de chuleta
20 na chapa na churrascada de lá
Ó xente, vixe! É o xaxado é o maxixe!
Não se avexe, chefe, chega nesse show só de chinfra
Ó xente, vixe! É o xaxado é o maxixe!
Não se avexe, se mexe, meu chefe, chama na xinxa!
Uai, sô! Que trem doido sô! Que som doido sô! Que
troço doido é esse?
Uai, sô! Quem trem doido sô! Que som doido sô! Que
trem bão! (...)

Nesse texto, por meio do vocabulário empregado,


percebemos o passeio que o autor faz pelas regiões do
Brasil.

Redação Nota 1000


8. Evite erros de ortografia
Alguns desvios são observados com frequência, principalmente, nas
redes sociais.

Observe a grafia das seguintes palavras:

Certo Errado
com certeza......................................................................................... concerteza
coincidência ............................................................................... conhecidência
de repente............................................................................................ derrepente
de nada ........................................................................................................ dinada
de novo ........................................................................................................ dinovo
devagar .................................................................................................... de vagar
menos .........................................................................................................menas
Mendigo ............................................................................................. mendingo
Seja..................................................................................................................... seje
Sobrancelha .................................................................................sombrancelha
Mortadela ......................................................................................... mortandela

21
Observação: você, que está prestes a ingressar numa universidade,
esqueça o “tipo assim”. Essa expressão empobrece seu texto.

Observe a diferença de sentido entre as expressões


abaixo:

Mas: conjunção adversativa que indica oposição, contraste.


Foi à festa, mas voltou logo.
Mais: advérbio de intensidade; pode indicar quantidade ou adição.
Hoje está mais quente do que ontem.
Comprou mais flores para ela.
Mau: é sempre adjetivo (antônimo de bom) e como tal, pode ser
flexionado no singular, plural, masculino e feminino: mau, maus, má
e más.
Mal pode ser:
- advérbio de modo (antônimo de bem).
Ele é um garoto mal educado.
- conjunção temporal
Mal chegou, tocou o telefone.
Meio/meia = numeral fracionário. Virá vinculado a um substantivo.
Meia garrafa, meia folha, meia maçã, meio copo

Redação Nota 1000


Meio = advérbio de intensidade. Virá vinculado a um adjetivo e não
se flexiona.
Meio cansada, meio distraída, meio louca, meio triste.

Ao encontro: significa satisfazer.


A construção desta creche vai ao encontro das necessidades
da população.
De encontro: significar chocar.
Não conseguimos dialogar; nossas ideias vão de encontro.

Onde: Emprega-se com verbos que não dão ideia de movimento.


Onde estão os livros?
Aonde: emprega-se com verbos que dão ideia de movimento. Equivale
a para onde.
Aonde você vai?

Casos especiais:
a. Enumeração com o pronome “eu”: toda vez que houver
enumeração, o pronome de 1ª. pessoa deve vir por último.
Marcelo, Pedro, João e eu fomos ao clube.
Errado, portanto: Eu, Marcelo, Pedro e João fomos ao clube.

b. Para mim: usado corretamente em final de frase e quando


significar “na minha opinião”.
22 Comprei um refrigerante para mim.

Para mim, estudar de manhã é melhor do que estudar à noite.


Errado, portanto: Comprei um refrigerante para mim beber.
(“mim” não pode ser sujeito).
- Para eu: o ‘eu’ corretamente usado antes de verbo.
Comprei um refrigerante para eu beber.

c. Observe a diferença:
Este(s), esta(s) e isto: devem ser usados para anunciar algo.
Os problemas do Brasil são estes: saúde, educação,
segurança e reforma agrária.
Essa(s), esse(s) e isso: usados para algo já mencionado.
A escassez da água tem preocupado os paulistanos.  Essa
questão deve ser levada a sério por todos.

9. Funções da linguagem
Redação Nota 1000
A linguagem, uma eficiente forma de comunicação, é elemen-
to fundamental para estabelecermos comunicação com outras pes-
soas. Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a
intenção do falante, divide-se em seis:

Função referencial ou denotativa: transmite uma informação


objetiva e impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não
há possibilidades de outra interpretação. Textos: científicos, jor-
nalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências comerciais.
“Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. (O Popu-
lar, 16 out. 2008).

Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor é trans-


mitir suas emoções e anseios. A pontuação (ponto de exclamação,
interrogação e reticências) é uma característica da função emotiva,
pois transmite a subjetividade. Essa função é comum em poemas
ou narrativas de teor dramático ou romântico.
“Porém meus olhos não perguntam nada./ O homem atrás do
bigode é sério, simples e forte./Quase não conversa./Tem poucos, ra-
ros amigos/o homem atrás dos óculos e do bigode.” (Poema de sete
faces, Carlos Drummond de Andrade)
23
Função conativa ou apelativa: O objetivo é de influenciar,
convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem, su-
gestão, convite ou apelo. Os verbos costumam estar no imperativo:
“Compre! Faça!” Esse tipo de função é muito comum em textos
publicitários, em discursos políticos ou de autoridade.
Não perca a chance de ir ao cinema pagando menos!

Função metalinguística: Essa função refere-se à metalingua-


gem, que é quando o emissor explica um código usando o próprio
código. Quando um poema fala da própria ação .de se fazer um
poema, por exemplo. Veja:
“Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a
seu poema.
Recorte o artigo.”
Esse trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poema dadaísta” uti-
liza o código (poema) para explicar o próprio ato de fazer um poema.

Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer uma rela-


ção com o emissor, um contato para verificar se a mensagem está
Redação Nota 1000
sendo transmitida ou para dilatar a conversa.
“Alô, alô, marciano / Aqui quem fala é da terra...” (Elis Regina)

Função poética: O objetivo do emissor é expressar seus senti-


mentos através de textos que podem ser enfatizados por meio das
formas das palavras, da sonoridade, do ritmo, além de elaborar no-
vas possibilidades de combinações dos signos linguísticos. É pre-
sente em textos literários, publicitários e em letras de música.
Negócio
Ego
Ócio
Cio
0
Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de Paulo
Paes faz uma combinação de palavras que passa a ideia do dia a dia
de um banqueiro, de acordo com o poeta.
(Adaptado: Sabrina Vilarinho: http://www.brasilescola.com/grama-
tica/funcoes-linguagem.htm)

24
10. Tira-dúvidas: homônimos e parônimos
Homônimos: vocábulos que se pronunciam da mesma forma,
e que diferem no sentido.
Ex: Censo - recenseamento
Senso - juízo
Parônimos: vocábulos ou expressões que apresentam seme-
lhança de grafia e pronúncia, mas que diferem no sentido.

Ex.: Descrição - ato de descrever


Discrição - qualidade de discreto
Lista de Homônimos e Parônimos
Acender - pôr fogo a
Ascender - elevar-se, subir
Acento - inflexão de voz, tom de voz;
sinal gráfico.
Assento - base, lugar de sentar-se
Caçado - apanhado na caça
Cassado - anulado
Cela - aposento de religiosos; pequeno
Redação Nota 1000
quarto de dormir
Sela - arreio de cavalgadura
Cerra - do verbo cerrar (fechar)
Serra - instrumento cortante; montanha;
do v. serrar (cortar)
Cessão - ato de ceder
Sessão - tempo que dura uma assembleia
Secção ou seção - corte, divisão
Comprimento - extensão
Cumprimento - ato de cumprir, saudação
Concerto - sessão musical; harmonia
Conserto - remendo, reparação
Descriminar - inocentar
Discriminar - distinguir, diferenciar
Despensa – copa
Dispensa - ato de dispensar
Emigração - ato de emigrar, sair
Imigração - ato de imigrar, entrar
Eminente – excelente
Iminente - que está por acontecer
Estrato - filas de nuvens
Extrato - coisa que se extraiu de outra
Flagrante - evidente 25
Fragrante - perfumado
Fuzil - arma de fogo
Fusível - peça de instalação elétrica
Mandado - ordem judicial
Mandato - período de permanência em cargo
Peão - indivíduo que anda a pé; peça de xa-
drez
Pião - brinquedo

Redação Nota 1000


11. Verbos: atenção para plural
Verbos ter e vir
Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plural do presente do
indicativo dos verbos ter e vir. Veja:
Ele tem olhos azuis. ................... Eles têm....
Ele vem do sul. .......................... Eles vêm ...
Obs.: nos verbos compostos de ter e vir, o acento ocorre obrigato-
riamente, mesmo no singular. Distingue-se o plural do singular
mudando o acento de agudo para circunflexo:
Ele detém -eles detêm
Ele advém -eles advêm
Verbos crer – dar – ler – ver
Ele crê................ Eles creem
...que ele dê........ que eles deem
Ele lê.................. Eles leem....
Ele vê ................ Eles veem
Verbos manter e conter
Ele mantém ...............Eles mantêm.....
A caixa contém..........As caixas contêm...

26
12. O uso da vírgula
Usa-se vírgula:
a. Separando as orações coordenadas assindéticas:
Comeu, bebeu, dormiu.

b. Separando as orações coordenadas sindéticas, exceto as ligadas


pela conjunção e:
Entrei, mas não encontrei ninguém.

c. Separando as orações coordenadas sindéticas, ligadas pela con-


junção e, de sujeitos diferentes:
Ele foi ao Chile, e ela, à Itália.

d. Separando as orações adverbiais:


“Quando você foi embora, fez-se noite meu viver.”
Iríamos, se pudéssemos.
e. Separando as orações adjetivas explicativas:
O homem, que é mortal, acaba virando pó.

Redação Nota 1000


f. Separando as orações reduzidas:
Passado o susto, contou-nos a aventura.

g. Separando as orações intercaladas:


Creio, afirmou Antônio, que este é um caso perdido.

h. Separando elementos da mesma função sintática, normalmente


assindéticos:
Os livros, os cadernos e os lápis estão sobre a mesa.

i. Assinalando a supressão do verbo:


Maria era rica; José, pobre.

j. Separando adjuntos adverbiais antecipados:


Naquele momento, todo o pelotão se pôs em fuga.

k. Separando o aposto:
Jorge Amado, autor de Capitães da areia, é um excelente
romancista.

l. Separando o vocativo:
Não toque na vitrine, menino!
27
m. Separando, nas datas, a localidade:
São Paulo, 25 de março de 2009.

UNIDADE 2 – Problemas de redação focalizados em textos

1. GENERALIZAÇÃO
Como já vimos, a generalização prejudica muito seu texto, por-
que embala tudo e todos no mesmo pacote. No texto a seguir, per-
ceba como esse problema ocorre com o conceito – ou preconceito
– com o “povo”.

Redação Nota 1000


O povo
Luís Fernando Veríssimo

Não posso deixar de concordar com tudo o que dizem do povo.


É uma posição impopular, eu sei, mas o que fazer? É a hora da
verdade. O povo que me perdoe, mas ele merece tudo que se tem
dito dele. E muito mais.
As opiniões recentemente emitidas sobre o povo até foram to-
lerantes. Disseram, por exemplo, que o povo se comporta mal em
grenais. Disseram que o povo é corrupto. Por um natural escrúpu-
lo, não quiseram ir mais longe. Pois eu não tenho escrúpulo.
O povo se comporta mal em toda a parte, não apenas no fute-
bol. O povo tem péssimas maneiras. O povo se veste mal. Não raro,
cheira mal também. O povo faz xixi e cocô em escala industrial.
Se não houvesse povo, não teríamos o problema ecológico. O povo
não sabe comer. O povo tem um gosto deplorável. O povo é insen-
sível. O povo é vulgar.
A chamada explosão demográfica é culpa exclusivamente do
povo. O povo se reproduz numa proporção verdadeiramente sui-
cida. O povo é promíscuo e sem-vergonha. A superpopulação nos
grandes centros se deve ao povo. As lamentáveis favelas que tanto
28 prejudicam nossa paisagem urbana foram inventadas pelo povo,
que as mantém contra os preceitos da higiene e da estética.
Responda, sem meias palavras: haveria os problemas de trânsito
se não fosse pelo povo? O povo é um estorvo.
É notória a incapacidade política do povo. O povo não sabe
votar. Quando vota, invariavelmente vota em candidatos populares
que, justamente por agradarem ao povo, não podem ser boa coisa.
O povo é pouco saudável. Há, sabidamente, 95 por cento mais
cáries dentárias entre o povo. O índice de morte por má nutrição
entre o povo é assustador. O povo não se cuida. Estão sempre sen-
do atropelados. Isto quando não se matam entre si. O banditismo
campeia entre o povo. O povo é ladrão. O povo é viciado. O povo
é doido. O povo é imprevisível. O povo é um perigo.
O povo não tem a mínima cultura. Muitos nem sabem ler ou
escrever. O povo não viaja, não se interessa por boa música ou
literatura, não vai a museus. O povo não gosta de trabalho criativo,
prefere empregos ignóbeis e aviltantes. Isto quando trabalha, pois
há os que preferem o ócio contemplativo, embaixo de pontes. Se
não fosse o povo nossa economia funcionaria como uma máquina.
Todo mundo seria mais feliz sem o povo. O povo é deprimente. O
povo deveria  ser eliminado.

Redação Nota 1000


2. CHAVÃO
Clichê, chavão, frase feita, lugar-comum são expressões ou si-
tuações que se tornaram vazias de sentido porque já que foram re-
petidas à exaustão. No dia a dia, é inevitável o uso de um ou outro
chavão, mas em seu texto, procure ser original.

O Manual de Redação da Folha de São Paulo recomenda evitar


as expressões abaixo, sempre que for possível:

•  Abrir com chave de ouro


•  Antes de mais nada
•  Caixinha de surpresas
•  Calorosos aplausos
•  Coroar-se de êxito
•  Dispensar apresentações
•  Em nível de
•  Enquanto (quando significa na condição de)
•  Fazer por merecer.
•  Fazer uma colocação
•  Fonte inesgotável
•  Luz no fim do túnel
•  Na vida real
•  No fundo do poço 29
•  Os quatro cantos do mundo
•  Perda irreparável
•  Preencher uma lacuna
•  Requintes de crueldade
•  Verdadeiro tesouro

Redação Nota 1000


Veja outros casos de chavão no texto a seguir.

“É simples, mas é de coração!”


Eliana Jacob Almeida
Quando você recebe visita em sua casa, ao abrir a porta,
costuma dizer: “Não repare a bagunça”? Ao entregar um presente a
alguém, geralmente, o gesto vem seguido da frase: “É só uma lem-
brancinha” Ou ainda: “Comprei pra você porque era a sua cara”?
pois bem, você está usando chavão, também chamado de clichê.
Esse recurso linguístico é muito usado no dia-a-dia, nas conver-
sas informais, quando não existe preocupação com a originalidade
da linguagem. Nessas situações, o que se busca é apenas a comu-
nicação e a tentativa de manter o contato entre os falantes, ou para
ser original, para “não desconectar”.
Entretanto, nas redações escolares, o chavão deve ser evitado, e
é comum nos depararmos com as seguintes estruturas no início das
dissertações: “Nos dias de hoje...”, “Atualmente...”, “No mundo
em que vivemos...” E para finalizar: “Precisamos nos conscienti-
zar...” Nesses casos, o aluno fica prejudicado, já que essas expres-
sões cristalizadas fazem crer que seu autor não tem criatividade e,
provavelmente, está com preguiça de pensar. É preciso ter cuidado
30 na hora de fazer escolhas, e se não for possível mostrar uma ideia
nova, pelo menos, que seja focalizada de uma nova forma.
Não é só no nível linguístico que encontramos chavão: veja,
quem tem um pinguim de enfeite, em casa, coloca-o, invariavel-
mente, onde? No cinema, há aquela famosa cena, dentre outras,
em que mocinho e bandido brigam em cima de um trem, aí o mo-
cinho vê a ponte e se abaixa, o bandido não vê, e...? Nas novelas,
então, os exemplos abundam.
Os críticos literários afirmam que há situações em que os cha-
vões parecem inevitáveis, como nos textos jornalísticos, elaborados
às pressas, sem tempo para uma revisão. Nas colunas sociais, é di-
fícil criar expressões diferentes para cada aniversariante, e então,
frequentemente as pessoas “apagam mais uma velinha”, “trocam
de idade” ou “colhem mais uma rosa no jardim”. Nas páginas de
esporte, quem nunca ouviu dizer que o jogo “é uma caixinha de
surpresa”, que “o importante é competir” ou “estamos aí para mos-
trar nosso futebol”, ou ainda “que vença o melhor”?
E nós, mulheres, não ficamos fora disso. Quando escolhemos
um calçado ou roupa, levando em conta a cor, quantas vezes já
dissemos: “Bege é bom porque vai com tudo, né?” E os artistas, ao
serem entrevistados, quantos já disseram que têm “muitos anos de
estrada”?
Redação Nota 1000
Se houver criatividade, é possível fazer algumas atualizações e
trabalhar bem com os chavões. Notamos isso em slogans de produ-
tos, títulos de textos ou apenas como recurso humorístico. Vejam
estas combinações: “Dê pão a quem tem frios” (e não “Dê pão a
quem tem fome”), “Há malas que vêm de trem” (e não “Há males
que vem para o bem”).
Mas não se preocupem, o uso de chavão não é um problema
grave, e nem sempre conseguimos evitá-lo. Esse texto mesmo deve
ter alguns, pois tive que escrevê-lo correndo, sem tempo para uma
revisão. É só um toque, não reparem... “É simples, mas é de cora-
ção”.
(Revista Ala Vip Magazine)

3. PRESSUPOSTO
Atenção, às vezes nossas ideias escapam, mesmo sem perceber-
mos. Veja.

Pressuposto: o dito pelo não dito


Eliana Jacob Almeida
Pressupostos são ideias que não estão escritas no texto,
mas que podemos observar a partir de certas palavras ou expres- 31
sões. Clarice Lispector disse que devemos ler o que está nas “entre-
linhas”; o mesmo diz a cantora mineira Ana Carolina, na canção
“Quem de nós dois?”, quando cita: “no vão das coisas que a gente
disse (...)” Nesse sentido, um leitor perspicaz deve ser capaz de
perceber não só o que está dito, mas também as ideias implícitas
em cada discurso. Vejamos as seguintes situações:
Quando se lê na manchete do jornal:
Internos da Febem iniciam nova rebelião - devemos concluir
pelo adjetivo nova que já houve outras.
Ou na frase:
Os resultados ainda não saíram - pelo advérbio ainda percebe-
mos que os resultados devem sair mais tarde.
Uma concessionária, há pouco tempo, ao lançar uma perua
parecida com as importadas, fez sua publicidade com o seguinte
slogan:
Esta você pode comprar – Está claro que se dirigia à classe
média, às pessoas que sonhavam ter uma perua, mas só teriam con-
dições de adquirir esta: nacional, mais barata. (Não deixou de ser
antipático, pois chamou seu consumidor de pobre).

Redação Nota 1000


Veja outro caso: Uma pessoa explica um conceito para outras
e então arremata:
Como eu também sou caboclo, vou explicar de novo. Nesse
caso, o também dá uma conotação de Vocês são caboclos como eu
e devem ter dificuldade de entender. Foi infeliz, na tentativa de ser
humilde, subestimou seus ouvintes.
Um orador diz para plateia:
Vocês não têm parâmetro para me avaliar - O que ele está
dizendo: Aqui não há ninguém que se compare a mim?

Um ator mirim foi entrevistado em um programa de televisão,


e quando perguntaram sobre o diretor do seu trabalho, ele disse
algo parecido com:
Agora ele fez um bom trabalho. O agora significa que antes
não fazia um bom trabalho?

Vejam as frases:
Você continua trabalhando naquela empresa? Observe o peso
do verbo continua.
Desta vez, ninguém colou na prova. – Das outras vezes, colaram?
Nem criança acredita na sua história. – Ninguém acredita?
Concluindo, é importante notar as sutilezas das informações –
32 as explícitas e as implícitas – para expressarmos nossas intenções
com clareza, e assim dizermos as palavras e não sermos traídos por
elas. O melhor exemplo dessa armadilha linguística fica com o
nosso presidente. Em uma de suas viagens, declarou: Esta cidade
é tão limpa, nem parece que estamos na África. (Complicado,
não?)

(Revista Ala Vip Magazine – n.31)

4. REPETIÇÃO
Um problema recorrente na produção escrita é a repetição de
palavras ou expressões. Mas atenção: isso só será considerado um
problema se indicar pobreza de vocabulário ou de ideias. O uso
da repetição, quando for intencional - como ocorre no artigo abai-
xo - passa a ser visto como qualidade. Aqui, o objetivo do autor é
transmitir a sensação de monotonia.

Redação Nota 1000


A eternidade de um minuto
Carlos Heitor Cony
O teto era creme, as paredes eram creme, o chão estava reves-
tido de placas em cor amarelada que parecia creme. Uma caixa,
nunca uma casa ou quarto, na qual tudo era creme, menos o leito,
branco, que se destacava como peça maior do complicado labirin-
to de aparelhos que faziam um barulho suave, mas irritante.
Na tela de pequenos monitores moviam-se pontos e linhas de
luz, lacraias verdes e trêmulas, números apareciam e desapare-
ciam, marcando as batidas do coração, a temperatura do corpo, a
pressão do sangue em suas veias adormecidas.
Sentia-se fatigado ao olhar aquele mundo creme, asséptico e
gelado, preferia se distrair com a ampola de plástico pendurada na
haste também creme, o soro escorria lentamente, penetrando gota
a gota na artéria inchada de seu braço.
Pior do que o mundo creme, do que o ruído dos aparelhos, era
o tempo.
Tempo que não passava, se ele olhasse para o lado, veria o reló-
gio redondo, ele também creme, sempre o creme e sempre o tam-
bém, marcando com má vontade um tempo que não passava. Ele
se controlava para não olhar o relógio, só assim teria a impressão
de que o tempo andara. Não adiantava espaçar um olhar do outro,
imaginava que passara uma hora, olhava, o relógio andara cinco, 33
dez minutos.
Noites que eram iguais aos dias, não havia diferença, o mundo
estava sempre creme, a luz era sempre a mesma, nem forte nem
fraca, e o ruído dos aparelhos aumentava a eternidade do tempo
que não andava, cada minuto igual ao outro, como se um único,
um terno minuto.
Apesar de adormecido pelos remédios, sentia que sua casa-cor-
po voltara a ser habitada por ele. Não, nada disso, ele era uma
mistura imprecisa, um blended fabricado por outros, pelo Estado,
pelo Registro Civil, pela família, pelo mercado. Quem habitava a
casa-corpo era “eu” desconhecido.
(Folha de S. Paulo, 03 de agosto de 2004)

5. TEXTO REBUSCADO
Muitas pessoas acreditam que “falar difícil” impressiona o ou-
vinte, pois mostra erudição e assegura status. Não é só com estu-
dante que isso acontece. Entretanto, a simplicidade – em qualquer
área – agrada e convence mais. Observe o texto a seguir, que traz
um belo exemplo do uso de palavras rebuscadas por um narrador
que nem sempre conhece o significado correto da palavras.

Redação Nota 1000


Palavreado
Luís Fernando Veríssimo
Um dia chega a Cântaro um jovem trovador, Lipídio de Albor-
noz. Ele cruza a Ponte de Safena e entra na cidade montado no
seu cavalo Escarcéu. Avista uma mulher vestindo uma bandalheira
preta que lhe lança um olhar cheio de betume e cabriolé. Segue-a
através dos becos de Cântaro até um sumário – uma espécie de jar-
dim enclausurado -, onde ela deixa cair a bandalheira. É Lascívia.
Ela sobe por um escrutínio, pequena escada estreita, e desa-
parece por uma porciúncula. Lipídio a segue. Vê-se num longo
conluio que leva a uma prótese entreaberta. Ele entra. Lascívia
está sentada num trunfo em frente ao seu pinochet, penteando-se.
Lipídio, que sempre carrega consigo um fanfarrão (instrumento
primitivo de sete cordas), começa a cantar uma balada. Lascívia
bate palmas e chama:
- Cisterna! Vanglória!
São suas escravas que vêm prepará-la para os ritos do amor. Li-
pídio desfaz-se de suas roupas – o sátrapa, o lúmpen, os dois fátuos
– até ficar só de reles. Dirige-se para a cama cantando uma antiga
minarete. Lascívia diz:
- Cala-te, sândalo. Quero sentir o seu vespúcio junto ao meu
passe-partout.
34 Atrás de uma cortina, Muxoxo, o algoz, prepara seu longo ca-
dastro para cortar a cabeça do trovador.
A história só não acaba mal porque o cavalo de Lipídio, Escar-
céu, espia pela janela na hora em que Muxoxo vai decapitar seu
dono, no momento entregue aos sassafrás, e dá o alarme. Lipídio
pula da cama, veste seu reles rapidamente e sai pela janela, onde
Escarcéu o espera.
Lascívia manda levantarem a Ponte de Safena, mas tarde de-
mais. Lipídio e Escarcéu já galopam por motins e valiums, longe
da vingança de Lascívia.

6. IDEIAS VAGAS
Ao redigir seu texto, não espere que o leitor adivinhe o que você
quer dizer. Esqueça os trechos motivadores e explique tudo com
clareza. Veja um exemplo de ideias imprecisas.

Redação Nota 1000


Vaguidão específica
Millôr Fernandes
“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo
de vago-específica.”

Richard Gehman

- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.


- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir
alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar
do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde
quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima? 35
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe
porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de
novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama
como na outra noite.
- Está bem, vou ver como.

7. FALTA DE IDEIAS
Às vezes, corrigimos redações escritas com uma bela caligrafia,
sem nenhum erro de acento, concordância, regência ou
ortografia. No entanto, falam o óbvio e aí...

Redação Nota 1000


Veja este texto:

Brasil - descrição física e política


Millôr Fernandes
O Brasil é um país maior do que os menores e menor do que
os maiores. É um país grande porque, medida sua extensão, ve-
rifica-se que não é pequeno. Divide-se em três zonas climáticas
absolutamente distintas: a primeira, a segunda e a terceira, sendo
que a segunda fica entre a primeira e a terceira. As montanhas
são consideravelmente mais altas que as planícies, estando sempre
acima do nível do mar. Há muitas diferenças entre as várias regi-
ões geográficas do país, mas a mais importante é a principal. Na
agricultura faz-se exclusivamente o cultivo de produtos vegetais,
enquanto a pecuária especializou-se na criação de gado. A popu-
lação é toda baseada no elemento humano, sendo que as pessoas
não nascidas no país são, sem exceção, estrangeiras. Na indústria
fabricam-se produtos industriais, sobretudo iguais e semelhantes,
sem deixar-se de lado os diferentes. No campo da exploração dos
minérios, o país tem uma posição só inferior aos que lhe estão
acima, sendo, porém, muito maior produtor do que todos os países
que não atingiram o seu nível. Pode-se dizer que, excetuando seus
concorrentes, é o único produtor de minérios no mundo inteiro.
36 Tão privilegiada é hoje a situação do país, que os cientistas procu-
ram apenas descobrir o que não está descoberto, deixando para a
indústria tudo que já foi aprovado como industrializável, e para o
comércio tudo o que é vendável. Na arte também não há ciência,
reservando-se esta atividade exclusivamente para os artistas. Quan-
to aos escritores, são recrutados geralmente entre os intelectuais.
É, enfim, o país do futuro, sendo que este se aproxima a cada dia
que passa.

8. CONCLAMAÇÃO E CONSELHOS
Em seu texto, evite o tom político de conclamação, que significa
“fazer uma invocação ou convocar de maneira persistente”. Muito
próximos desse recurso, estão os conselhos, que também diminuem
a qualidade de sua redação. Atenção: usar o “você”, NUNCA!
Veja os fragmentos a seguir:
“Vamos fazer os fabricantes de cigarros pagarem isto. Vamos pu-
nir quem deve ser punido. Afinal de contas, eles faturam e nós paga-
mos as contas? Não deixe isto continuar, principalmente se você já
conviveu com - e pagou por - este tipo de problema.”
“Assim, o cigarro vai tomando conta de todo o mundo, e se cada
um não se conscientizar, onde esse mundo irá parar? Temos que nos

Redação Nota 1000


unir com propagandas, debates, estimular o não uso do cigarro, pois
ele só nos traz o mal.”
“Portanto, parem de fumar, isso não mata somente você, mata
também quem está do seu lado.”

9. Linguagem inadequada: gírias e palavrões


Por mais revoltante ou sedutor que seja o tema, não se envolva
emocionalmente valendo-se de palavrões ou gírias. Com uma lin-
guagem vulgar, não se convence ninguém. A música a seguir é um
exemplo de texto com palavras de baixo calão.

Dom dom dom


Mc Pedrinho

Dom, dom, dom, dom, dom, dom, dom


Tava aqui no baile, escutando aquele som
Dom, dom, dom, dom, dom, dom, dom
Ajoelha, se prepara e faz um boquete bom

Tu vai lamber, tu vai dar beijo


Tu vai mama com essa boquinha de aparelho

Com um tu mama, com dois tu chupa 37


Com três é sacanagem, com quatro rola surruba

Dom, dom, dom, dom, dom, dom, dom


Ajoelha, se prepara e faz um boquete bom

Dom, dom, dom, dom, dom, dom, dom


E faz um boquete bom, boquete bom...

Dom, dom, dom, dom, dom, dom, dom...

Tu vai lamber, tu vai dar beijo


Tu vai mama com essa boquinha de aparelho
Tu vai lamber, tu vai dar beijo
Tu vai mama com essa boquinha de aparelho
(...)

(http://www.kboing.com.br/mc-pedrinho/1-1306071/)

Redação Nota 1000


10. Gerundismo
Um jeito de falar que conquistou muitos adeptos foi o gerundis-
mo. Observe que o gerúndio é uma forma verbal que mostra algo
que está acontecendo no momento.
Veja: Ele está escrevendo. (verbo estar + outro verbo termina-
do em -NDO)
No caso do gerundismo, são três verbos para indicar um futuro:
Eu vou estar mandando os documentos.
Economize! Prefira: “Vou mandar” ou “Mandarei”.

Perceba esse problema no texto a seguir.

Gerundismo
Ricardo Freire
Aqui vai a última flor do Lácio:
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar
recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de
alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa
praga terrível da comunicação moderna, o gerundismo. Você pode
também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou es-
tar enviando pela Internet.
O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá
38 estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo
e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira
como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos
ouvidos de quem precisa estar escutando.
Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá
estar achando necessárias, de modo a estar atingindo o maior nú-
mero de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissão oral.
(...)
Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou
estar traduzindo manuais de atendimento por telemarketing. Daí
a estar pensando que “We’ll be sending it tomorrow” possa estar
tendo o mesmo significado que “Nós vamos estar mandando isso
amanhã” acabou por estar sendo só um passo. (...)
A primeira pessoa que inventou de estar falando “Eu vou tá pen-
sando no seu caso” sem querer acabou por estar escancarando uma
porta para essa infelicidade linguística estar se instalando nas ruas
e estar entrando em nossas vidas. Você certamente já deve ter es-
tado estando a estar ouvindo coisas como “O que cê vai tá fazendo
domingo?” ou “Quando que cê vai tá viajando pra praia?”, ou “Me
espera, que eu vou tá te ligando assim que eu chegar em casa”.
Deus, o que a gente pode tá fazendo pra que as pessoas tejam entenden-

Redação Nota 1000


do o que esse negócio pode tá provocando no cérebro das novas gerações?
A única solução vai estar sendo submeter o gerundismo à mes-
ma campanha de desmoralização à qual precisaram estar sendo
expostos seus coleguinhas contagiosos, como o “a nível de”, o “en-
quanto”, o “pra se ter uma ideia” e outros menos votados.
A nível de linguagem, enquanto pessoa, o que você acha de tá
insistindo em tá falando desse jeito?

11. Frase de arrastão


Ao lermos alguns períodos, em vários trechos nos preparamos
para o fechamento do raciocínio. No entanto, o autor desse texto
emenda outra ideia, depois, mais uma e mais uma. Esse fenômeno
linguístico chamamos de frase de arrastão; evite-o, principalmente,
porque cansa o leitor e compromete a clareza. Veja.
“O funk atualmente tem ganhado um grande destaque na nossa
sociedade, que antigamente era muito marginalizado, hoje já está
sendo visto como um movimento cultural presente na maioria das
classes sociais, em que a vida e a realidade da periferia das grandes
cidades são retratadas em suas letras e canções.”

12. Linguagem da web


Linguagem da internet veio para facilitar a vida das pessoas
que desejam se comunicar, mas estão sempre apressadas. 39
Inadquada, portanto em redações, provas ou trabalhos escolares.
O lugar do internetês, óbvio, é a internet. Veja o exemplo.

#S D COMUNIKSSAUM
Antônio Prata
A 1ª vz q abri o e-mail e dei de kra c/ uma msgm assim, naum
entendi nd. Pnsei q era pau do outlook, pblma do cputador. Naum,
nd dsso: era soh + uma leitora da KPRIXO que flava essa stranha
lihngua da internet. Como a kda dia que passa, rcbo + msgs nesse
dialeto sqzito, percbi q, ou aprendia eu tb a tklar assim, ou fikava
p trahs. Na natureza nd c perde, nd c cria, td c transforma: tinha
xgado a hr de eu tb me transformar.
Minha 1ª atitud foi tklar para Ehrika, uma garota que screv
nessa lihngua, e prgntar como eu fazia p aprendr. Ela flou o sgte:
“tipo_eh soh trocar CH por X, Ç por SS, H em vez de acento (é
/eh; só/soh) e comer o máx d letras possihvel. Entendeu?” O q
naum entendo eh pq tnta complicassaum. Era taum fahcil scrver
o bom e velho port_ Pgntei p o Joaum, 1 primo meu q screv ateh
poemas desse jto: pq as pssoas estaum screvndo assim? Ele me ga-

Redação Nota 1000


rantiu q era pq era + fahcil. Serah? Olha soh, Joaum, Ehrika e td
mdo: p tklar naum, uso 4 tklas. Para tklar não, tb uso soh 4. Eh =,
ueh?! Kd a facilidad? (...)
Serah q os garotos e garotas q passm o dia todo tklando assim,
na hr que tiverem que screvr uma redação em port nrmal, vaum
conseguir? Meu medo eh q os garotos e garotas, acostumads a essa
forma de comunikssaum, tenham dfculdads c/ as outrs. Afnal, a
histohria da humanidad estah tda em livrs, escrts com o portugs
culto, cheio de vogais, acentos, vihrgulas, pontos e tdo+. Ou serah
que, no futuro, os livrs vaum ser traduzids para a internet? (...)
Serah? Sei naum.,. Tvez eu seja antiquad, 1/2 pessimista, + gost
da nossa lihngua e de tdos os pqnos dtalhes. Screvam como qui-
serm, c comuniquem na lihngua da internet, em cohdigo Morse
ou c/ hierohglifos egihpcios, dsd q, d vz em qdo, abram um livro
desses antigos, q usam acentos, e dehem uma lida. Tvez d + trba-
lho do q tklar no msnger, no ICQ ou num chat. + garanto que eh
do kct.

Bjs, []s e ateh a prohxima edissaum.


( PRATA, Antônio. Estive pensando: crônicas de Antônio Prata. São Paulo: Marco Zero, 2003).

40 13. Cuidado com a concordância


É muito comum encontrarmos pessoas que, no dia a dia, con-
versam de forma espontânea, sem se preocuparem com erros gra-
maticais. Considerando a oralidade, isso vale, mas ao redigir um
texto, temos que caprichar. Um problema que pode atrapalhar
bastante sua nota é o fato de você não fazer a concordância verbal
ou nominal em seu texto. Se ocorrer apenas uma vez, será conside-
rado desvio leve, mas se persistir... Entenda melhor lendo o texto
a seguir.

Um futuro singular
Ivan Jaf
Senhor diretor, estou escrevendo esta carta porque temo pela
minha saúde mental, e se algo acontecer comigo quero que todos
saibam o motivo, principalmente o senhor, do qual eu esperava
toda a compreensão, já que partilha comigo a crença de que só
com um profundo respeito à gramática da língua portuguesa cons-
truiremos um nação desenvolvida. O caso, senhor, é que o Gran-
de Pajé está me perseguindo, e tenho certeza de que neste exato
momento ele está ali, do outro lado da janela, escondido entre as
folhas da amendoeira... e não resistirei a mais um ataque... Minhas

Redação Nota 1000


força... forças!... estão se esgotando!
Sempre fui um dedicado professor de português, o senhor me
conhece bem, tantas vezes me elogiou... Trabalho no ensino fun-
damental de sua escola há mais de vinte anos! Desde quando ainda
se dizia “1º grau”! Sempre tive devoção pela língua portuguesa! É
uma verdadeira religião para mim! Luto contra as gírias, os estran-
geirismos e os erros gramaticais como um cristão contra os hereges!
Minha luta pelo emprego do português correto é uma verdadei-
ra cruzada! Uma guerra santa! E agora, quando mais preciso de
apoio, quando descubro o verdadeiro inimigo por trás da falência
a que o nosso idioma pátrio está condenado, quando passo a sofrer
ameaças diretas do Grande Pajé, o senhor me abandona, e, em vez
de se aliar a mim numa batalha sem trégua pelo resgate de nossa
língua, em vez de acreditar em mim, francamente... me manda
procurar um psiquiatra!
Mas não entregarei os ponto! Os pontos! Minha mente morrerá
lutando! Se o Grande Pajé afinal conseguir seu intento, e plantar
à força a semente da língua Tupi dentro da minha cabeça, através
desta carta o povo brasileiro saberá que lutei até o fim!
Tudo começou naquela tarde de sábado, quando fui lavar meu
carro e o rapaz me cobrou “dez real”. Depois deixei o carro numa
vaga, e me custou “dois real”. O camelô me ofereceu “três cueca”,
minha empregada tinha pedido “quatro quilo de batata”, o feirante 41
me ofereceu “seis limão”, outro gritou “os peixe tão fresco!”; de-
pois, meu porteiro se prontificou a levar “as sacola” até o elevador
e deu o recado de que “meus filho” ainda não tinham chegado “das
compra”. Desesperado, me dei conta de que os plurais estavam
sumindo! (...)

UNIDADE 3: Enriqueça seu repertório

1. Temas prováveis
Confira a seguir 17 temas que podem cair na redação do Enem 2014:
 
Redação Enem 2014: 1. Papel da mulher no século XXI
O papel da mulher no século XXI é um tema social que tem gran-
de destaque na mídia e, portanto, é a aposta para tema de redação
não só do Enem como também de outros vestibulares. Sobre esse
tema é preciso discutir, por exemplo, sobre uma solução para a
questão do assédio nos transportes públicos e outros problemas
comuns no cotidiano das mulheres.
 

Redação Nota 1000


Redação Enem 2014: 2. Manifestações durante o Mundial
O mundo parou para assistir ao Mundial, porém muitos brasilei-
ros continuaram tomando as ruas para protestar contra a realização
do evento. É importante refletir sobre o que querem esses manifes-
tantes e encontrar respostas para essas reivindicações.
 
Redação Enem 2014: 3. Os 50 anos do Golpe Militar de 64
A democracia é recente no Brasil. O Enem pode tratar a sua con-
solidação como tema da redação. O Golpe Militar de 1964 cessou
muitos dos direitos humanos. O aluno deve ter a consciência de
que a democracia instaurada após esse período precisa se solidifi-
car.
 
Redação Enem 2014: 4. Ética dentro e fora do campo
Outro assunto relacionado ao Mundial é a questão da ética dentro
e fora do campo, desde a mordida do jogador Suárez até a compra
de ingressos reservados aos deficientes físicos. O que podia ter sido
diferente no comportamento das pessoas?
 
Redação Enem 2014: 5. Os “justiceiros”
Este ano, observamos muitos casos de pessoas que tentaram fazer
42 justiça com as próprias mãos e agiram de forma violenta, causan-
do até mesmo o assassinato de pessoas em prol dos seus próprios
valores. Até que ponto a justiça brasileira falha e onde acaba o
direito de uma pessoa de tomar esse exercício para si?
 
Redação Enem 2014: 6. Diretas Já
O movimento das Diretas Já, consideradas uma das maiores
manifestações populares do País, completa 30 anos. Novamente
a questão da democracia é abordada, porém desta vez na vertente
da redemocratização do Brasil. O fim do bipartidarismo e a mobi-
lização popular podem ser tratados pelo Enem.
 
Redação Enem 2014: 7. Patriotismo
O verde e amarelo caracterizaram ainda mais o País durante o
Mundial, com bandeiras penduradas nos retrovisores de carros e
janelas de casas. Por isso, o patriotismo pode ser abordado no
exame como algo que só aparece durante eventos de futebol.
 
Redação Enem 2014: 8. Cobertura do Mundial pela mídia
O Mundial foi abordado sob diferentes aspectos pela mídia. É in-
teressante que o estudante analise se a imprensa priorizou os jogos,
as manifestações ou os estrangeiros que vieram conhecer o País,
Redação Nota 1000
bem como se foi adotada uma postura ética.
 
Redação Enem 2014: 9. Redes sociais x Direitos Humanos
Uma discussão que poderia ser levantada na redação é a questão da
privacidade e os limites que englobam as redes sociais com foco
nos Direitos Humanos. A proximidade do tema com o cotidiano
dos alunos faz com que páginas como o Facebook e o Twitter
sejam colocadas em debate quando falamos sobre o respeito e a
privacidade.
 
Redação Enem 2014: 10. O Futebol
O tema futebol parece óbvio, mas a verdade é que o esporte
pode ser analisado de diversas formas, partindo da sua função
durante períodos ditatoriais e passando pelo desrespeito que acon-
tece nos campos.
 
Redação Enem 2014: 11. Legado do Mundial
O que vai restar do Mundial? Como vai ficar a economia brasi-
leira? A reflexão e análise de dados ligados aos jogos podem ser
cobradas, incentivando o estudante a fazer o balanço dos seus
benefícios e prejuízos.
 
Redação Enem 2014: 12. Plano Real 43
O Plano Real, estratégia adotada pelo governo em a fim de con-
trolar a hiperinflação econômica que o país vivia, completa 20
anos em 2014. As origens da inflação e o período antes do Plano
podem ser colocados em destaque.
 
Redação Enem 2014: 13. Racismo
O racismo na sociedade brasileira é uma das grandes apostas
para a redação. Vivemos em uma democracia racial que é uma
grande falácia, e isso pode aparecer com alguma alusão ao siste-
ma de cotas. Além disso, o racismo nos campos de futebol pode
ser apontado após o episódio sofrido pelo jogador Daniel Alves,
que foi atingido por uma banana em uma partida.
 
Redação Enem 2014: 14. Limites do humor nas redes sociais
Após a derrota do Brasil pela Alemanha no Mundial, muitas piadas
surgiram nas redes sociais utilizando até mesmo o ditador Adolf
Hitler. Esse tipo de piada pode ser considerada ofensiva devido aos
horrores acontecidos no Holocausto. Portanto, é preciso discutir
sobre os limites do humor nas redes sociais.
 
Redação Enem 2014: 15. Escassez de água
Redação Nota 1000
O Enem também apresenta uma forte preocupação com o meio ambien-
te. A escassez de água enfrentada pelo País é um dos temas mais preocu-
pantes, e o exame pode esperar que o candidato relacione o meio ambien-
te com as políticas públicas que pensem no bem estar do cidadão.
  Redação Enem 2014: 16. Campanhas de Vacinação
Recentemente, foram lançadas Campanhas de Vacinação para
meninas de 13 anos contra o HPV. Essas vacinas geraram pro-
blemas envolvendo o preconceito que existe sobre as campanhas
de prevenção e a sexualidade em si. O candidato precisa avaliar os
dois lados da moeda e refletir sobre o que pode ser feito para pre-
venir os cidadãos e, ao mesmo tempo, conscientizar os pais sobre a
importância dessas vacinas.
 
Redação Enem 2014: 17. O Brasil diante dos estrangeiros
Como o Brasil se mostrou para os diversos estrangeiros que vie-
ram acompanhar o Mundial e, afinal, qual é a cara do Brasil? O
encontro de culturas também é forte candidato para aparecer na
redação do Enem. (Fonte: Universia Brasil)

(http://blogdoenem.com.br/redacao-enem-nota-1000/)

44
2. Redações bem avaliadas no Enem

1. Proposta: As imagens e a representação simbólica do mundo

E assim caminha a humanidade


A imagem acompanha o ser humano ao longo de toda a sua his-
tória, servindo-lhe como ferramenta de significação e entendimen-
to do mundo. A imagem cria sentido, confere juízo de valor, reúne
predicados, conta histórias. Antes mesmo do surgimento da escrita,
ou seja, da fundação da História como foi estabelecida pelos pen-
sadores do século XVIII, o homem gravava na pedra seus feitos,
em desenhos primitivos, imagens que perpetuaram sua existência
e deixaram seu legado para as gerações futuras.
Essa imagem, concreta, percorreu o caminho entre o imagi-
nário desse homem até a sua materialidade. Apenas nós, seres hu-
manos, somos dotados de imaginação e, portanto, capazes de nos
expressarmos pela construção de imagens. Da nossa mente inven-
tiva, as levamos para o desenho, para a pintura, para a arquitetura,
a literatura, o cinema, a propaganda, para a vida. A imagem está
presente em todo o lugar, na construção do mundo.

Redação Nota 1000


A partir disso, nos sofisticamos, utilizando nossa capacidade de
construir imagens para legitimar o poder. Ao longo da história,
grande parte das instituições – senão, todas – se valeram da criação
de ícones para os mais diversos fins. Os arcos do triunfo romanos
eternizaram os feitos dos imperadores e a Igreja católica ergueu
templos, cujas torres almejavam alcançar o céu.
Da arquitetura para os objetos do dia a dia, as imagens dissemi-
nam o poder de influência dessas instituições. Do crucifixo ao sím-
bolo do Mcdonalds, da suástica nazista à pequena maçã da corpora-
ção Apple. Essas imagens estão carregadas de sentido. Ao olharmos
para elas, uma imensa cadeia de conexões é ativada.
Até mesmo uma ciência, a semiótica, foi criada para estudar
esses processos.
Talvez o século XX tenha sido o que mais evidenciou o poder
da imagem. Os meios de comunicação de massa serviram a interes-
ses de governos autoritários.
O nazismo lançou mão de todo um aparato de propaganda para
insuflar a população e difundir suas crenças e ideias. Assim o fize-
ram tantos outros, como os EUA por meio de Disney, Hollywood e
do “The American Way of Life”. Assim o fazem as grandes corpo-
rações contemporâneas, elegendo e difundindo ícones e símbolos
para gravar suas marcas em nossas cabeças.
E assim, de imagem em imagem, caminha a humanidade. 45

Observação: o manual não revela a autoria.


(Guia do estudante e redação, vestibular + Enem /2011 - Abril)

2. Proposta: Altruísmo e o mundo contemporâneo

Para depois
Segundo o materialismo histórico, a maneira como se organiza
o sistema produtivo determina as outras estruturas e relações da
sociedade. Assim, a adoção do capitalismo, pautado pelo máximo
lucro, fez nascer inúmeros coelhos de Lewwis Carrol que repetin-
do “Estou atrasado!”, mostram-se extremamente adaptados, ego-
cêntricos e imediatistas.
Um dos princípios do capitalismo, se baseia no consumismo.
A sociedade atual, produzindo um volume cada vez maior de lixo,
mostra-se adepta fervorosa dessa lógica. Preocupando-se apenas
com a atualidade de sua última aquisição, que sempre será defasa-
da, compra sistematicamente.
Esquece-se das consequências ambientais e sociais que em um
futuro próximo ou distante serão inevitáveis.
Esse descompromisso com a realidade que nos cerca mostra
Redação Nota 1000
o quanto alienados e egocêntricos podemos ser. A compra desen-
freada de objetos inúteis para satisfazer necessidades desnecessá-
rias nega uma característica intrínseca à maioria dos seres vivos: o
comprometimento com o outro. Preocupamo-nos com qual será a
próxima bolsa da nossa coleção enquanto negamos a existência da
fome e de crises democráticas. As relações familiares também se
alteram. Abortos e abandonos de filhos e idosos passam a ser mais
frequentes em uma sociedade que prioriza o “eu”.
            Grande parte dos problemas que negamos possuem uma
resolução demorada. Somos imediatistas e, portanto, queremos rá-
pidas e evidentes soluções. Governos só realizam obras de grande
visibilidade porque, caso contrário, serão chamados de incompe-
tentes. Cultivamos somente aquilo do que poderemos usufruir em
vida, sem preocupações com a geração futura e seus possíveis ga-
nhos.
            Assim, a máxima “Estou atrasado!” parece sintetizar a so-
ciedade contemporânea. Do mesmo modo que o coelho se mostra
alheio às necessidades e problemas de Alice, preocupado consigo
e com as relações que estabelece com o tempo presente, nós o
somos. Adequamo-nos de tal forma ao sistema produtivo vigente
que perdemos nossas características intrínsecas. O outro e o longo
prazo ficam para depois.
46
Observação: o manual não revela a autoria
(Guia do estudante e redação, vestibular + Enem /2012 - Abril)

3. Proposta: Publicidade, consumo e cidadania

Do consumo
Dado que anúncios publicitários têm o objetivo de atingir de-
terminado público para difundir determinada ideia, é fato que ela
reflete os valores desse mesmo público e do tempo em que foi pro-
duzida. Nesse sentido, se mudam os valores, muda o anúncio: se
antes chaminés expelindo fumaça eram propaganda de progresso,
são hoje o contrário, devido à preocupação ambiental a que a opi-
nião pública tem aderido. Desse modo, um anúncio que associe “o
melhor que o mundo tem a oferecer” a um shopping center não é
menor indicativo de que o consumo é, hoje, parte central do modo
de vida urbano, fundamental no que se entende por lazer e, muitas
vezes, o objetivo do cidadão comum.
Não é, pois, à toa que “o melhor que o mundo tem a oferecer”
não seja um laço afetivo forte com outra pessoa ou as maravilhas
do mundo natural, mas sim o consumo, já que, afinal, ele tem um
Redação Nota 1000
valor social muito grande hoje por ser um indicador de status so-
cial, associado a poder financeiro e, portanto, a prestígio: o tipo de
consumo que alguém pode sustentar é fundamental na formação
de sua identidade perante os outros.
No entanto, se o incentivo ao consumo tem lógica no raciocí-
nio macroeconômico, no sentido de se acompanhar a oferta cres-
cente de uma sociedade industrial, transformá-lo em ideologia tem
implicações muito maiores na vida cotidiana do que a manutenção
do funcionamento das engrenagens do sistema: as relações inter-
pessoais passam a seguir a lógica do consumo e se tornam mais
líquidas, nos termos de Bauman, sendo mais frágeis e superficiais
já que, afinal, são agora muitas vezes mediadas por bens materiais.
Nesse sentido e ainda mais, o individualismo tende a crescer atre-
lado a esse processo, provocando junto uma valorização excessiva
do espaço privado em detrimento do espaço público.
Surge, então, o shopping center como refúgio de lazer dentro
desse modo de vida. Afinal, ele oferece o que há de “melhor” nesse
mundo do consumismo: um espaço à parte do resto da cidade,
repleto de lojas, exclusivo para quem nele pode comprar. É, pois,
símbolo tanto do poder financeiro dos bancos, que oferecem car-
tões de crédito que facilitam o aproveitamento desse “melhor” que
há, como também é símbolo de retificação das relações sociais e
de segregação econômica. A publicidade, enfim, pode vender em 47
um anúncio o que há de melhor em determinada visão de mundo,
mas existem muitas outras, e a de consumo pode muito bem não
ser a melhor delas.

Observação: o manual não revela a autoria


(Guia do estudante e redação, vestibular + Enem /2015 - Abril)

4. Proposta: Imigrantes e refugiados inesperados

Pátria amada, Brasil


Considerando o Brasil contemporâneo, esta pátria amada não
tem uma raiz pura e unicamente brasileira. Desde o Período Colo-
nial, tornamo-nos um povo marcado pela miscigenação. Os índios
que aqui já habitavam, os portugueses nos colonizaram, e os ne-
gros que foram trazidos como escravos foram os primeiros a consti-
tuir o Brasil de hoje. Não só eles, mas outros povos, raças e etnias
também são parte de nossa cultura. Entretanto, a imigração não é
apenas um fato histórico. Ela é constante e permanente até hoje.
Atualmente, os imigrantes que estão vindo para o Brasil não
percorrem grandes distâncias como os de outrora, como os japo-
neses, em 1908, fugindo dos conflitos vividos no Japão ou os euro-
Redação Nota 1000
peus, no final do século XIX, para substituir a mão de obra escrava
e aumentar a população branca. Vive-se um momento de intensos
fluxos migratórios de latino-americanos para o Brasil. Em São Pau-
lo, por exemplo, já se vê uma população expressiva de bolivianos
em alguns bairros, como Brás, próximo da região central, que, no
século passado, também foi abrigo de imigrantes.
Bolivianos, colombianos, haitianos e outros povos da Amé-
rica Latina se dirigem para cá por razões econômicas, tentando
“apostar suas fichas” no momento de glória alcançado pelo cresci-
mento econômico do Brasil, visto nos últimos anos. Porém, deve-se
atentar que grande parte desses imigrantes vêm com suas famílias.
Estas não podem ser deixadas de lado ou serem consideradas nú-
meros que causam o espraiamento das periferias.
A infraestrutura dos Estados onde o fenômeno imigratório
se faz recorrente deve ser revista e os imigrantes auxiliados pelos
governos locais, primeiramente. Além, é claro, das ações do Gover-
no Federal no controle dos que chegam, barrando a ilegalidade.
Conforme dito, a imigração é constante. Por tal motivo, as ações
das forças públicas são necessárias para que a pátria amada não se
torne uma porta de entrada, superlotada, onde nem os que estão
dentro estão satisfeitos com as condições oferecidas.

48 Observação: o manual não revela a autoria


(Guia do estudante e redação, vestibular + Enem /2015 - Abril)

3. Carta de filmes sugerida pelo Prof. Rodrigo Daum


Como sabemos, o ENEM avalia o conhecimento que cada in-
divíduo constrói durante toda a vida escolar. O repertório, portan-
to, é construído ao longo das várias experiências por que cada alu-
no passa podendo sê-las viagens, teatros, museus, leituras diversas e
filmes. Visando essa última arte, darei algumas dicas para ajudá-los
(as) a aumentar o campo de ideia para os possíveis temas que pode-
rão cair no exame referido.
Para o tema da eutanásia, duas obras muito tocantes e que dia-
logam entre si são Mar adentro – Um belo filme espanhol, do
diretor Chileno Alejandro Amenábar e o outro - tão belo quanto
- é Menina de ouro, do diretor americano Clint Eastwodd. Am-
bos os protagonistas sofrem acidente praticando mergulho e luta,
respectivamente, e ambos querem ter o direto à própria morte as-
segurado.
Por outro lado, se o tema é o respeito às diferenças, Menina
de ouro dialoga com Billy Elliot – do diretor britânico Stephen

Redação Nota 1000


Daldry. Para entenderem a semelhança entre ambos, vai a pergun-
ta: - luta é esporte para homens e, balé, somente para mulheres?
Tirem suas conclusões.
Para a questão racial, uma obra indispensável é Crash – no
limite, do diretor Paul Haggis. O cenário é Los Angeles e trata da
tensão criada pelo convívio entre as diferentes etnias e o multicul-
turalismo.
Quanto aos tópicos tolerância, convívio com as diferenças e
transformação social através da leitura, minha sugestão é Escrito-
res da liberdade, dirigido por Richard LaGravenese; um enredo
sobre como a escrita e leitura podem transformar a vida de pessoas
que vivem em um contexto socioeconômico comprometido.
Se suas dúvidas são com o assunto ética, a dica é Razão e sen-
sibilidade – do diretor Ang Lee baseado na obra de Jane Austen.
Aqui é possível perceber o tema muito sutilmente com todas as
suas nuances.
Essa é uma pequena carta de filmes para você, estudante, que
almeja aumentar seu repertório para uma boa discussão redacio-
nal. Filmes são uma forma de entretenimento, além de nos faze-
rem crescer intelectualmente.

4. Carta de filmes sugerida pelo Prof. Bruno Moreti 49


AMISTAD
Filme do diretor Steven Spielberg e com atores renomados, de-
monstra com grande fidelidade histórica o processo de captura e
transporte dos escravos africanos utilizados como mão-de-obra no
continente americano. O filme também trata do início do movi-
mento de abolição da escravidão, e dos conflitos gerados na socie-
dade estadunidense entre indivíduos com opiniões diferentes sobre
a utilização do negro africano como mão-de-obra escrava.
HOTEL RUANDA
Filme lançado em 2004 dirigido por Terry George, aborda a
história real de Paul Rusesabagina, um gerente de hotel que salvou
a vida de mais de mil pessoas durante o massacre de Ruanda que
ocorreu em 1994. O filme relata o conflito entre duas etnias (Hutu
e Tutsi) gerado pela influência dos países europeus durante o pe-
ríodo de exploração do continente africano desde o Imperialismo
até o século XX.
DIAMANTE DE SANGUE
Filme estrelado por Leonardo DiCaprio, mostra a história de
exploração das riquezas do continente africano pelos países euro-
peus e EUA. O filme aborda as diferentes realidades entre a explo-
ração e a pobreza da África, e o glamour do capitalismo ocidental
Redação Nota 1000
com a venda dos diamantes retirados do continente explorado. Os
filmes que contam a história e cultura da África devem ganhar ain-
da mais importância. É bom lembrar que o conteúdo de história
da África foi recentemente implementado nos currículos educa-
cionais do governo federal, e por conta disso está sendo bastante
cobrado nos principais vestibulares do país.
O ANO EM QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FÉRIAS
Drama brasileiro lançado em 2006 que aborda o período his-
tórico do auge da ditadura militar. No ano de 1970, os pais de
Mauro, um garoto de doze anos, são obrigados a se exilarem do
Brasil por conta da ditadura militar e deixam o garoto com o avô.
O filme demonstra a realidade brasileira nesse período dos anos
de chumbo, e também o cotidiano de um garoto que vive pela
primeira vez as emoções de assistir à Copa do Mundo de 1970, em
plena repressão militar.
ROCK IV
Filme hollywoodiano lançado em 1985 que tem por contexto o
mundo bipolarizado entre EUA (capitalista) e URSS (socialista). O
filme coloca de um lado dos ringues Rock (Silvestre Stalone), imi-
grante italiano que mora nos EUA e, de outro, Ivan Drago (Dolph
Lundgren) lutador de boxe da União Soviética. A importante aná-
lise retirada desta super produção de Hollywood é a forma como
50 essa empresa cinematográfica influencia na formação de uma
identidade norte-americana, do cidadão correto, batalhador, que
nunca desiste. E, ao mesmo tempo, como atrela o regime soviético
a imagem do lutador desleal, que usava de artifícios ilegais para
tentar vencer a luta.

5. A importância da leitura
Quem lê muito tem boas chances de escrever bem e é bom en-
tender este conceito: leitura é muito mais do que a decodificação
de palavras. Lemos o mundo, as pessoas, os fatos; enfim, ler é ter
os olhos atentos para tudo o que acontece ao nosso redor. Dessa
forma, devemos ler gibis, que além de despertar nossa criatividade,
deixam-nos afiados quanto à pontuação. Revistas são boas fontes
de notícias, mas é importante variá-las, pois cada uma tem um
ponto de vista definido e você não pode ficar limitado (a) a um
só. O mesmo procedimento você deve adotar para jornais: veja as
mesmas notícias em diferentes fontes.
Quanto às obras literárias, se você não tem tempo, leia princi-
palmente os clássicos; se não estiverem em sua prova, certamente
lhe garantirão uma boa visão de mundo e do homem. Essa percep-
ção ajuda a atingir o amadurecimento intelectual e o (a) direciona

Redação Nota 1000


ao analisar qualquer assunto ou responder questões.
Os livros didáticos, os manuais, as obras teóricas, embora es-
pecíficas de cada área, oferecem um conjunto de conhecimentos
decisivos para construção de argumentos sólidos.
E aquelas obras que lemos por puro prazer -por fruição– de-
finem uma espontaneidade na exposição de nossas ideias, já que
nossa preocupação não é aprender ou decorar nada para uma prova.
Escrever é resultado de todas essas leituras: é o contato com
a linguagem e com as ideias. Quem escreve bem demonstra que
pensa bem, por isso você deve fazer leituras de qualidade que o (a)
levem às boas indagações e às boas reflexões.
Portanto, essas leituras serão fundamentais para você criar inti-
midade com as palavras, aumentar seu vocabulário, escolher um
estilo a ser seguido e ampliar seu repertório de ideias. Espero que
essas dicas contribuam de forma decisiva na hora de redigir seu
texto e estou certa de que toda essa bagagem irá acompanhá-lo (a)
para vida toda. É isso o que acontece quando chegamos ao conhe-
cimento.
Paz, luz e fé para conquistar o que deseja.
Outro abraço carinhoso
Eliana

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Eliana Jacob Almeida tem graduação e mestrado pelo IBILCE –


UNESP, de São José do Rio Preto. É professora efetiva na rede
pública de ensino e trabalhou 20 anos em faculdades. Em 2010,
fundou a Escola Em Bom Português. Escreveu crônicas para a
revista Ala Vip Magazine durante 7 anos e, desde 2012, é cronista
do jornal Cidadão e da revista C-Comunic. Publicou Enquanto é
tempo – livro de crônicas – em 2012, pela Editora Ferjal.

Redação Nota 1000


Esta obra foi revisada pelo professor Rodrigo Daum.

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