Atividade Av1 Entrevista Do Neuropsicólogo

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CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS I


Profa. Marília

Equipe:

Alexandra Cristina de Sales Brasil – 202008414539


Emannuely Araújo Mascarenhas dos Santos - 202001240829
Juliana Maciel de Brito – 202008531535
Layla Façanha Bastos - 201804058581
Marcus Vinicius do Amaral Campos -202001240985
Viviane Aline B Oliveira G Coêlho – 202008414521

Trabalho AV I

ENTREVISTA COM NEUROPSICÓLOGO ABORDANDO O TEMA


ATENÇÃO, COM BASE NOS TÓPICOS ABAIXO:

1. Como avaliar a ATENÇÃO;


2. Quais as alterações de ATENÇÃO mais observadas na queixa clínica;
3. Qual o papel da Psicologia nessas demandas;

NEUROPSICÓLOGO DEFINIDO:
Paulo Nascimento (Neuropsicólogo) – CRP 11/067

RESUMO DA ENTREVISTA COM O NEUROPSICÓLOGO PAULO


NASCIMENTO SOBRE O TEMA: ATENÇÃO
Entrevistadora: Qual a sua área de atuação na neuropsicologia, e como você se
descobriu nessa área?

PAULO: “Eu sou psicólogo, formado pela UNAMA e desde a faculdade sempre fui
apaixonado por neuroanatomia, sempre foi a minha paixão e o mais próximo que a
gente tinha era neuropsicologia. Eu acabei finalizando a faculdade e fui pra São Paulo,
fiz minha prática de saúde mental, por causa da neuropsicologia, na santa casa e logo
em seguida, em fortaleza, fiz o curso de neurofeedback, então, hoje eu trabalho com
estimulação cerebral, não diretamente com os testes neuropsicológicos, mas utilizo os
conhecimentos da neuropsicologia, dentro da questão do eletrocefalograma quantitativa
do feedback.

ENTREVISTADORA: entendi... então Paulo, como você definiria pra mim a


atenção como função cognitiva?

PAULO: a atenção, na minha opinião, muito mais pessoal do que técnica, é a função
executiva mais importante que a gente tem, porque todos os processos cognitivos vão
surgir a partir do nível de atenção. Se você não tem atenção, você não coleta memória,
não tem percepção, não tem aprendizado. Então, eu costumo brincar que a atenção é
diretamente o marcador base da cognição, se o paciente tem uma boa atenção, é
provável que vá se sair bem e ter resultados cognitivos bons, se ele tem uma baixa
atenção, é provável que ele tenha baixa cognição, não que tenha atraso cognitivo, mas
ele vai cometer mais falhas

Entrevistadora: Paulo, que tipos de instrumentos ou teste tem sido utilizados pelo
profissional para uma possível déficit de atenção?

Paulo: olha, a gente tem vários testes dentro da área da neuropsicologia, mas os mais
utilizados, seriam os testes mais completos. Mas de atenção a gente teria a D2, que é um
teste bem interessante; teste de cancelamento e alguns testes perceptivos que não são
diretamente de atenção, mas que eu acho muito importante a gente trabalhar, porque a
memória ta vinculada com a atenção, então alguns testes de memória, também podem
avaliar a atenção, são testes que chamam mais a responsabilidade pra uma avaliação de
atenção mais adequada. Mas é bom lembrar que não da pra avaliar somente a atenção,
ta? Sempre tem que se trabalhar num conjunto.

Entrevistadora: você usa esse tipo de teste no meio do processo ou no inicio?

Paulo: geralmente como a gente tem trabalhado hoje no consultório. Eu tenho umas
parceiras que são neuropsicólogas, eu encaminho diretamente pra ela, ela realiza a
avaliação, antes do treinamento de neurofeedback, eu respeito esses dados que ela me
envia e eu passo uma avaliação eletro encefálica e eu copio as duas informações. A
partir daí, eu inicio o processo de treinamento terapêutico com neurofeedback com
estimulação cerebral e no final do processo a gente refaz as avaliações pra analisar o
nível de melhoras e ganhos que o paciente teve.
Entrevistadora: Na primeira avaliação, você já tem algum sintoma que apresente
um déficit de atenção, ai a partir disso tu já encaminha pra avaliação, é isso?

Paulo: isso! Geralmente o paciente já chega com a queixa. A maioria dos pacientes que
a gente encaminha pra avaliação por causa da atenção, eles reclamam mais pela
memória. Ai a gente encaminha pra tirar a duvida, se o prejuízo é a memória ou
atenção.

Entrevistadora: e geralmente qual é a idade que os pacientes tem essa queixa?

Paulo: eu recebo no meu consultório, pacientes de 5 anos e já avaliei senhor de 92 anos,


com parkson. Mas as queixas de atenção são duas janelas importantes pra mim. Porque
são os pacientes de 9 a 14 anos (que começam a ter dificuldade no processo
educacional) e os pacientes idosos (geralmente não tem muito prejuízo de atenção, são
mais prejuízos globais). Essa queixa de atenção fica muito clara nessas duas janelas.

Entrevistadora: no caso de pacientes menores de idade, em que momento você


apresenta isso para os pais?

Paulo: quando falamos de pacientes menores, o processo fica um pouco mais


complicado, porque o nosso conselho ele exige um sigilo por mais que seja criança e na
avaliação neuropsicológica, também tem esse papel de respeitar isso. Alguns detalhes
que o paciente pode trazer e você pode perguntar “posso repassar isso pros seus pais” e
ele fala “sim ou não” e geralmente isso é respeitado. Quando que isso não vai ser
respeitado? É importante que a gente entenda isso, tem um ponto que a gente n pode
passar, mas tem outro ponto que é obrigação do psicólogo quebrar o sigilo. Em caso de
ideação suicida, a gente quebra o sigilo. A avaliação neuropsicológica é muito técnica, a
gente sempre acaba mostrando pro paciente e pros pais o prejuízo. É muito importante
que quando a gente coloca isso pro paciente, entregar pra ele estratégias pra reduzir esse
prejuízo.

Entrevistadora: Paulo tem algum exame de imagem que te auxilie nesse trabalho?

Paulo: eu faço no meu consultório mesmo, eu falo eletrocefalograma quantitativo, mas a


gente trouxe pra fortaleza o eletrocefalograma com baixa densidade, que são imagens
em 3d da ativação potencial de áreas especificas do cérebro. Então o potencial que
apresenta lentificado no lobo frontal, a dificuldade de atenção e tdah tão relacionados
com o lobo frontal, a gente consegue visualizar isso tanto no passado, na avaliação
neuropsicológica e tanto nas imagens funcionais de baixa resolução.
Entrevistadora: Paulo, vocês trabalham junto com psiquiatra?

Paulo: sim, eu trabalho junto com psiquiatra e é importante que se tenha um profissional
desse parceiro até conhecido da gente. Alguns pacientes eu encaminho para o psiquiatra
e ele me manda de volta sem medicação e avisa que ele não precisa de medicação e sim
do processo de neurofeedback. E entender que a medicação não é ruim. É importante
que os dois profissionais se escutem.

Entrevistadora: Paulo, os exames são pedidos pelos neuropsicólogos ou psiquiatras


e o diagnostico?

Paulo: os exames vão vir dos dois lados. Eu recebo muito mais solicitação de avaliação
dano psicológica de psiquiatras e neurologistas, mas acontece de psicólogos também
pedirem pra que guiem eles no processo dos seus pacientes. E ai eu encaminho pras
minhas parceiras neuropsicólogas. Sobre a questão do diagnóstico, é uma coisa
interessante. O nosso conselho não apoia de maneira efetiva a capacidade de fechar
diagnostico. O nosso conselho solicita que a gente de uma sugestão de diagnostico, mas
nada na nossa profissão impede que a gente teste um diagnostico com uma avaliação.
Contudo, por segurança e pela questão do médico e logística de saúde, a gente evita de
fechar o diagnóstico. A gente sugere e descreve com a avaliação e os testes em mão. No
meu caso, que eu avalio com eletrocefalograma, eu não posso fechar em nenhuma
hipótese, um diagnóstico. Eu faço um relatório do que é visto no caso. Por exemplo,
“paciente apresenta excesso de padrão de ondas lentas nos lobos frontais compatível
com dificuldade de atenção de concentração, de controle de foco” eu vou descrevendo a
função.

Entrevistadora: sobre o tdah, que fatores fazem o tdah serem descartados?

Paulo: a gente tem que pensar sempre assim: existem vários fatores que podem reduzir a
nossa capacidade de atenção, um deles é ansiedade, um paciente ansioso ele vai ter uma
dificuldade de atenção, porém, ela precisa ser rastreada, se ela vem da ansiedade, eu não
posso dizer que esse paciente tem prejuízo atencional. Ele tem dificuldade atencional
devido alto nível de ansiedade. Entre outras questões, fibromialgia, estresse, ansiedade,
insônia, enxaqueca, prejuízo no sono, ta? Questões hormonais também afetam tudo isso
tem que se tomar cuidado. Nessa semana tive uma paciente que tinha enxaqueca(ficou
uma semana sem enxaqueca) e por causa de um desequilíbrio hormonal voltou a ter a
enxaqueca. É sempre bom analisar o ser humano como todo.
Entrevistadora: todo déficit de atenção é incluído no tdah?

Paulo: pergunta boa e que gera confusão. O transtorno de déficit de atenção é uma
patologia de base, é uma patologia única. Mas eu posso ter outras patologias que
prejudicam a atenção como um acidente encefálico e o próprio covid. O problema
atencional é como se fosse o todo e dentro dele, você separa em pequenos prejuízos que
o paciente tem e entende que cada um é uma patologia, e cada prejuízo atencional tem
uma característica especifica. Prejuízo atencional nem sempre é tdah.

Entrevistadora: você já diagnosticou tdah e adolescentes e adultos?

Paulo: já. E é bem interessante. A gente costuma brincar porque antigamente as crianças
eram desatentas. Mas atualmente a gente recebe esse adulto e você vê que ele tem tdah.
Vê os prejuízos na avaliação encefálica apresentando um score de prejuízo bem alto, só
que só isso não fecha. Você precisa saber como ele foi na escola, porque se não pode ser
um prejuízo adquirido, nesse caso, não é tdah. Pra ser tdah ele tem que ter nascido com
isso.

Entrevistadora: como é o tratamento nessa faixa de idade?

Paulo: é bem similar com o da criança, pois os ajustes são na organização diárias. A
vida dele precisa ser mais metódicas. A rotina estruturada pras funções são muito
importantes. Os treinamentos atencionais também são ótimos e junto a isso, o
treinamento de neurofeedback. Duas coisas que não pode esquecer: exercício físico e
padrão alimentar.

Entrevistadora: Paulo, o tdah pode gerar outros distúrbios e disfunções?

Paulo: pode! É o que a gente chama de comórbido de ansiedade. O paciente com tdah
ele tem prejuízo atencional. A criança no colégio não consegue acompanhar os
estímulos e acaba se tornando muito ansiosa. As mais clássicas são: ansiedade,
depressão e o uso de substancias psicoativo. Todo paciente com tdah ele tem o alto
potencial de dependência de alguns estimulantes, falando diretamente da cocaína.

Entrevistadora: no caso de um paciente que sofreu um acidente e ele teve


comprometimento do córtex pré frontal, qual o processo de reabilitação?

Paulo: primeiro qual parte do pré-frontal que foi afetada e investigar e essa lesão só
causou um edema, ou uma esquemia, devido ao edema, essas esquemias causam mortes
ou micro mortes encefálicas de regiões estruturadas, e com avaliações é possível
rastrear essa área especifica. Se o paciente apresentou prejuízo ocular, eu sei qual parte
e área eu devo trabalhar. No plano estrutural de tratamento, entra fisioterapia por
questões de motricidade (diretamente relacionada com o pré-frontal), tem que ver se
afetou linguagem, entre os processos psicológicos, pra redução de ansiedade, controle
de depressão, organização e planejamento de vida, medicação pode ser necessário
dependendo do nível e local dessa lesão.

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