LIDOAleister Crowley e o Deus Oculto
LIDOAleister Crowley e o Deus Oculto
LIDOAleister Crowley e o Deus Oculto
ISBN 978-85-69871-08-8
Penumbra
Livros 9 788569 871088 >
Nascido em Ilford, Essex, em 1924, Kenneth Grant foi uma das
figuras mais importantes do ocultismo no século XX. Falecido
em 2011, continua exercendo enorme influência no ocultismo
ocidental até os dias de hoje.
Em vida, Kenneth Grant teve contato pessoal com diversos
nomes importantes em seu tempo - o próprio AleiSter Crowley,
de quem foi pupilo e secretário pessoal; AuStin Osman Spare,
de quem foi amigo; além de Dion Fortune, Gerald Gardner e
Miêhael Bertiaux, para citar alguns.
Apesar do contato com as obras de outros ocultistas in
fluentes, Grant criou sua própria linhagem mágica. Sua linha de
atuação veio a ser conhecida como a Corrente Tifoniana, que
alterou profundamente o cenário da magia no século passado.
Após desligamento da O.T.O. tradicional, Grant liderou a O.T.O.
Tifoniana (Typhonian O.T.O.), mais tarde renomeada como
Ordem Tifoniana (Typhonian Order). Seu trabalho na Ordem
Tifoniana durou até sua morte.
A leister C rowley
e o D eus O culto
aAleister Crowley e o Deus Oculto é o
segundo volume das
Trilogias Tifonianas.
K enneth G rant
Primeira Edição
São Paulo
Penumbra Livros, 2017
Copyright © Steffi Grant, 2013,1992,1973
Todos os direitos reservados.
Copyright © Penumbra Livros, 2017
(Edição em língua portuguesa)
1. Magia. I. Título. II: Título: AleiSter Crow ley and the hidden god
CDD-133
Introdução................................................................... 2
O Um Além do D e z................................................... 5
A Mulher Escarlate..................................................... 21
índice .271
Diagramas
Vinícius Ferreira
Breve Nota sobre a Tradução
S
ó urna coisa me fez queStionar, mesmo que por breves mo
mentos, se deveria seguir adiante com eSte projeto: a agonia
e o êxtase indissociáveis de traduzir um segundo livro de
Kenneth Grant.
Como eu traduzi O Renascer da Magia, aéhei que entregar o
projeto para outro tradutor seria prejudicial para a unidade das
Trilogias. Modéstia à parte, minha tradução foi elogiada por al
gumas pessoas cuja opinião eu respeito profundamente. Então
tinha que ser comigo. Minha experiência com o primeiro volume
foi incrível, mas como você poderá constatar em breve, a escrita
de Grant eStá longe de ser simples e palatável. Fortes emoções me
aguardavam.
Fazer uma transição suave de um texto tão complexo entre
dois idiomas tão distintos, sem perder nuances de significado,
seria impossível sem uma tonelada de notas de tradução. Para
minha sorte, o autor é fã das notas de rodapé, e adicionar algumas
não afetaria negativamente a fluidez do texto. Portanto, lancei
mão desse recurso (sempre com a identificação N.T.) quando
julguei necessário.
Assim como no primeiro volume, eStabeleci algumas conven
ções. Nomes de divindades comumente usadas em português re
ceberam a grafia aportuguesada consagrada pelo uso (Hórus, não
Horus). Nomes das principais constelações foram traduzidos, e
os demais permaneceram em latim, sua língua original. Optei de
liberadamente por manter o padrão de grafia empregado no pri
meiro volume para algumas palavras controversas, como qabalah,
aeon e mágicka.
Referências a obras estrangeiras conhecidas do público bra
sileiro receberam seus nomes em português, seguidos por uma
nota com o título original, de forma a facilitar a consulta à bi
bliografia. Obras menos conhecidas passaram por um processo
inverso, sendo citadas com seus títulos originais, e acompanhadas
de notas com uma livre adaptação do título, apenas para nortear
o leitor. Essas notas aparecem apenas na primeira ocorrência de
cada título.
Agora, às divergências.
N o primeiro volume, referências a números de páginas de
obras citadas foram suprimidos. NeSte título, no entanto, julguei
adequado manter eStas referências, mas o leitor deve lembrar-se
que os números de capítulos, páginas, etc., aplicam-se apenas às
edições consultadas pelo autor, as quais encontram-se listadas na
Bibliografia.
Duas palavras traduzidas em O Renascer da Magia no gêne
ro masculino passaram, aqui, para o feminino: Kundalini e Yoni.
O s motivos para eStas alterações tornar-se-ão evidentes com a
leitura.
A palavrafortnight é particularmente relevante para a compre-
enção dos mistérios lunares. Significa, literalmente, um período
de duas semanas. Por falta de uma equivalência exata, eSta foi por
vezes traduzida como quinzena. No entanto, entenda-se um perí
odo de quatorze dias.
Finalmente, em relação ao uso de letras maiúsculas, fiz uma
decisão que deStoa do primeiro volume. Usei letras minúsculas
nas menções a povos, línguas e nacionalidades (hebraico, egíp
cio), e maiúsculas somente para culturas e doutrinas (Hindu,
Tantrico), o que ajuda a reforçar a distinção entre os dois casos.
Quando acompanha substantivo comum grafado com maiúscula,
o gentílico também foi mantido assim (Tradição Indiana).
Vinicius Ferreira
Para os Servos da Estrela e da Serpente
Invocação
AleiSter Crowley
Introdução
E
fte livro traz um eStudo crítico do sistema de mágiéka
sexual de AleiSter Crowley e de suas afinidades com os
antigos ritos Tantricos de Kali, a deusa obscura do sangue e
da dissolução, representada no Culto de Crowley como a Mulher
Escarlate. É uma tentativa de fornecer uma éhave para a obra de
um Adepto cujo vaSto conhecimento de ocultismo não foi ex
cedido por nenhuma autoridade ocidental que o precedeu. Eu
enfatizei a similaridade entre o Culto de Thelema de Crowley e
o Tantra pois a atual onda de interesse no Sistema Tantrico torna
provável que os leitores sejam capazes de avaliar mais completa
mente a importância da contribuição de Crowley para o ocultis
mo em geral, e para o Caminho Mágico em particular.
Como resultado de muitos anos de pesquisa sobre as fases
obscuras do ocultismo, eu desenvolví um método de controle de
sonhos para contatar entidades extraterrestres e não humanas,
que compõe o cerne dos Capítulos Seis e Sete. ESte método é
descrito em relação aos mistérios da Kundalini, o poder mágico
supremo simbolizado pela Serpente de Fogo que dorme na base
da espinha, e que após despertar ativa as zonas de poder sutis no
corpo humano.
AleiSter Crowley, AuStin O. Spare, Dion Fortune e o ocultista
alemão Eugen Groséhe eStiveram entre os primeiros Adeptos no
ocidente a ensinar o uso das energias psicossexuais, a Corrente
Ofidiana ligada aos mais antigos arcanos da África e do Extremo
Oriente. Embora tenha sido Crowley quem integrou pela pri
meira vez essa corrente com a Tradição Esotérica Ocidental, isso
não se deu sem algumas interpretações discutíveis do simbolis
mo oriental. Isso foi inevitável, pois foi apenas nos últimos anos
da vida de Crowley que certos conhecimentos relativos ao Varna
3
O UmAlém do Dez
E
m 1893, aos dezoito anos, AleiSter Crowley decidiu colocar
a Mágiéka sobre sólidas bases científicas. Ele explica1 que
adotou a antiga grafia inglesa - magifk12 - “para distinguir
a Ciência dos Magi de todas as suas imitações”. Ao adotar eSta
grafia, ele também almeja indicar a natureza peculiar de seus en
sinamentos, que têm uma afinidade especial com o número onze,
o Um além do Dez.
“K” (a última letra de Magiék) é a undécima letra de diversos
dos principais alfabetos.3É atribuída ao deus Júpiter, cujo veículo
(a águia) simboliza o poder mágico em seu aspeéto feminino. É
“o símbolo daquele Poder gigantesco cuja cor é o escarlate, e que
possui afinidade com Capricórnio, ou Babalon”.4 A importância
especial de Capricórnio (o Bode) é revelada por essa atribuição,
na Tradição Indiana, à deusa Kali, cujo veículo é o sangue.
“K” também é o Kbu, Khou ou Queue5 simbolizado pela cau
da ou vagina, venerado no antigo Egito como a fonte de Grande
1 Em Livro Quatro, Parte II. Esse texto eStá atualmente incorporado em Magick
[N.T.: Mágicka] (Routledge, 1973).
2 N.T.: No restante do texto, optamos por traduzir magic e suas variações como
mágica ou magia-, enquanto as ocorrências de magick foram traduzidas mantendo o
k adicional.
3 Como, por exemplo, os alfabetos caldeu, grego e latino.
4 Babalon, a Mulher Escarlate, o veículo ou shakti da BeSta 666. Vide Capítulo 2.
5 N.T.: Queue é a forma escrita por extenso da letra Q na língua inglesa.
6 eMleiãer Crowley e o Deus Oculto
Crowley escreveu: “Foi eSte livro que tornou eSte resenhiSta cien
te da existência de uma assembléia mística secreta de santos, e o
determinou a devotar sua vida inteira, sem a menor das restri
ções, ao propósito de tornar-se digno de entrar em tal círculo”.
Embora The Cloud upon the Sanctuary tenha sido escrito com
a linguagem do misticismo CriStão, a ideia de uma hierarquia
espiritual que ele sugere não eStá confinada ao Cristianismo.
Ela também é encontrada no sistema do Budismo; na linha dos
gurus hindus que precederam o atual Shankaracharya de Kanõhi
Kamakoti Peetham; na sampradaya ou linhagem espiritual de
Ghoraknath e Nath Siddhas, e em hierarquias similares.
Se a teoria da sucessão apostólica CriStã é ou não verdadeira;
se os Dalai e Tashi Lamas do Tibete realmente representam uma
linhagem sutil de Adeptos invisíveis; são pontos a serem discu
tidos. Alguma espécie de Ordem oculta sem sombra de dúvida
controla os movimentos das eStrelas e dos planetas, e se as eStre-
las e os planetas são governados nas infinidades do espaço, por
que os homens e mulheres não podem ser governados na finidade
da Terra? Pois, como O Lvuro da Lei coloca: “Todo homem e toda
mulher é uma eStrela”.
Depois que Crowley leu The Cloud upon the Sanctuary, ele pas
sou a desejar contatar a Ordem oculta descrita no livro. Como re
sultado de seus esforços, ele conheceu George Cecil Jones (Frater
D.D.S.), um membro da Ordem Hermética da Aurora Dourada,
cujo líder à época era Samuel Liddell MacGregor Mathers. Foi
através de D.D.S. que Crowley se iniciou na Aurora Dourada, em
18 de novembro de 1898. Ele assumiu o nome mágico Perdurabo
(“hei de resistir”), um motto indubitavelmente influenciado por
sua familiaridade com o conhecimento da bíblia (herdado de seu
pai, um Irmão de Plymouth fanático), e baseado em Mateus 24:13.
Crowley o eStendeu de forma a significar “perseverarei até o fim,
14 Vide Glossário.
15 O s aethyrs são dimensões extraterrestres e transfinitas. Eles formaram a
base do sistema Enoquiano do Dr. Dee, mais de três séculos atrás. Algumas das
explorações de Crowley eStão descritas em The Equinox, Vol. I, No. 2, e em A Visão
e a Voz [N.T.: The Vision and the Voice] {The Equinox, Vol. I, No. 5). Vide também
a invocação que se inicia com “Me ergui! Me ergui! como um poderoso gavião
de ouro...” (Orpheus: A Lyrical Legend, [N.T.: Orfeu: Uma Lenda Lírica] de AleiSter
Crowley, 1905).
10 <_Aleifter Crowley e o Deus Oculto
19 Vide Glossário.
20 Para maiores detalhes sobre eáte aspeâo de Hórus, vide O Renascer da Magia,
de Kenneth Grant (Penumbra Livros, 2015).
21 Uma forma egípcia de um deus grego, Harpócrates.
22 Vide Ancient Egypt [N.T.: Egito Antigo] de Gerald Massey (T. Fisher Unwin,
O Um Além do Dez 13
31 Vide The Magical Record o f the Beast 666 [N.T.: O Diário Mágico da Besta 666]
(Duékworth, 1972), p. 283.
32 Patanjali, fundador do grande sistema da Filosofia da Yoga, declarou que
“ao fazer Samyama na força de um elefante ou tigre, o estudante obtém essa força”.
(Citado por Crowley emMagick, p. 39.)
O Um Além do Dez 17
A Mulher Escarlate
O
Capítulo Onze do Magick de Crowley (edição original)
é intitulado “De Nossa Senhora Babalon e da BeSta que
Ela Cavalga Ele começa: “O conteúdo deSta seção,
no que diz respeito a Nossa Senhora, é importante demais e sa
grado demais para ser impresso. Ele só é comunicado pelo MeStre
Therion a pupilos selecionados, em inStrução privada”.
Não há nenhuma afirmação de que o conteúdo do presente
capítulo conStitua a inStrução privada mencionada em Magick,
mas a interpretação que segue da Fórmula da Mulher Escarlate
é baseada em material inédito que possivelmente formava a base
de tal inátrução.
O adjetivo escarlate faz referência à Corrente Draconiana na
qual o Novo Aeon se baseia, pois é a cor de Ares, Orus ou Hórus.
Áries, no zodíaco, também representa o Homem Verde, o Poder
Vernal do Sol. Escarlate é a cor da éhama que inicia a correntei
6 N.T.: No texto em inglês, a sequência de palavras aqui usada traz uma certa
semelhança, possivelmente por compartilharem uma mesma origem. São elas gtte,
gut, cut e cal.
7 N.T.: Zion.
8 A Cidade das Pirâmides é Binah, a terceira sephira da Árvore da Vida. É
24 t-Aleiãer Crowley e o Deus Oculto
io Vide The Magical Record o f the Beast 666, entrada de 2 de junho de 1920.
26 c_Aleiñer Crowley e o Deus Oculto
Crowley datada de 1929, abrindo caminho para a Número 8: Soror Aftrid (Dorothy
Olsen). Vide também O Renascer da Magia, Capítulo 8.
14 Um yantra expressa linearmente os vetores de forças que conftituem a
anatomia secreta de um “deus” ou de uma “deusa”. Um mantra expressa esses vetores
em termos de sons ou vibrações. Toda divindade tem seu yantra e seu mantra, e a
combinação desses forma o tantra, ou modo ativo da invocação da divindade.
rj C f A L , i, 15, onde Crowley é descrito como “o sacerdote-príncipe a BeSta”.
16 O arco, ou arkh CArgha, em sánscrito) simboliza o útero; a imagem de Nuit é,
28 c.Aleiãer Crowley e o Dem Oculto
portanto, um glifo da Taça Mágica na qual reside o Grande Poder Mágico, mahasbakti.
17 Ifto é, em sua fase minguante.
18 N.T.: no original, flow-er, um jogo de palavras com flower (flor) e aquele que
executa o verboflow (fluir), ou seja.fluidor ou fluidora.
19 Em certos textos antigos, a Energia Criativa nesse eStágio definitivo era
conhecida como A Deusa Quinze, um nome dado à IStar da Acádia.
A Mulher Escarlate
20 Vide HaveloCk Ellis, Studies in the Psychology o f Sex [N.T.: Estudos sobre a
Psicologia do Sexo],
30 t-Aleifter Crowley e o Deus Oculto
24 [N.T.: Hino a Kali] Essa obra, publicada por Ganesh & Co. (Madras, 1953).
contém os comentários inestimáveis de Vimalanandaswami.
3
13 1823-1906. Fundador de um grupo oculto que usava sexo num sentido mágico.
É interessante reparar que um de seus discípulos foi o Dr. Edward Berridge, sobre
o qual Crowley escreveu em Moonchild [N.T.: Filho da Lua], sob o nome de Balloíh.
14 Vide LiberLXXXI, Moonchild, de AleiSer Crowley (Sphere Books, 1972).
Zona da Serpente de Fogo 39
ij Selected Letters ofH .P. Lovecraft [N.T.: Cartas Selecionadas de H .P. Lovecraft],
Vols. I-V, publicadas pela Arkham House, Sauk City, Wisconsin, E.U.A.
16 O Renascer da Magia (edição de 2015), pp. 122-123.
40 t_Aleiñer Crowley e o Deus Oculto
20 A respeito defte conceito de Deus Alienígena, vide The Gnostic Religión: The
message o f the alien God and the heginnings o f Christianity [N.T.: A Religião Gnóstica:
A mensagem do Deus alienígena e o princípio do Cristianismo], de Hans Joñas (Beacon
Press, Bofton, E.U.A., 1970). Joñas, no entanto, representa a posição Gnóftica
erroneamente, ao colocá-la como um genômeno pós-criftão; sua inversão da
cronologia verdadeira é lamentável.
42 lA leiãer Crowley e o Deus Oculto
24 Isso é, do espaço.
25 N.T.: De acordo com o texto original de A L , space-marks, que pode ser
traduzido como marcas espaciais - uma interpretação pertinente dentro do contexto.
26 Vide Magick, pp. 415,416; e também o Glossário.
44 tyíleiSler Crowley e o Deus Oculto
30 Gerald Massey, em uma palestra intitulada Man in search o f his Soul during
50,000years and how hefound it [N.T.: O Homem em busca de sua Alma por 50.000 anos
e como e ele a encontrou] (The Pioneer Press, Londres, 1921).
31 Hahn, Tsuni-Goam, p. 81.
32 Do latim fascinum, que significa “um feitiço”. Como Crowley observa: “A
palavra é uma das muitas que significam o Falo” (Magick Without Tears, Capítulo 10).
Zona da Serpente de Fogo 47
sexual,37 riqueza, saúde, etc., mas essa não é uma visão ampla
mente aceita. N a carta a John W. Parsons citada no Capítulo Dois,
Crowley supostamente se referia a uma tradição oculta a qual ele
não especifica, e que eu não fui capaz de descobrir. Dion Fortune,
pelo contrário, talvez por ser ela mesma uma mulher, defendia a
iniciação das mulheres; seus romances são baseados quase ex
clusivamente nesse tema; e AuStin Spare, que era um Adepto, foi
introduzido nos Mistérios por uma mulher.38 Não parece haver
motivo, portanto, de um ponto de vista mágico, para tal procedi
mento não ser adotado, e o fato de que os Tantras exaltam a deusa
acima do deus é talvez o argumento mais forte a favor disso.
Aqui somos confrontados com um tema que toca em ques
tões mais urgentes do que preferências doutrinárias. Me refiro
ao antagonismo ancestral entre Shaivas e Shakteyas, entre adora
dores do Deus e devotos da Deusa; mais diretamente, o conflito
entre os Lincearas e os Yonicaras. A L resolve esse problema ao
exaltar o Filho, o produto dos dois. O condicionamento inicial de
Crowley, no entanto, era tal que apesar de todos os seus esforços
em promulgar o Filho (as essências combinadas), ele se inclinava
fortemente ao lado Shaivita ou patriarcal, ao menos em sua abor
dagem pessoal ao problema.
De acordo com as mais antigas tradições, o mên§truo mágico
da manifestação só pode ser encontrado nos kalas da Deusa, e a
corrente formadora de energia mágica - a Vontade - pode ser
aplicada efetivamente sem qualquer intervenção física da parte
do sacerdote. O “filho”, ou produto das essências combinadas e
polarizadas, pode, portanto, ser gerado em ambos os casos, mas a
natureza desse filho variará de acordo. N o sentido Tantrico, isto
é, onde a Deusa é considerada suprema, o resultante, o filho, é
37 Vide The Magical Record ofThe Beast 666. Crowley frequentemente fazia da
“potência e atração sexual’ o objetivo de suas operações mágicas, para conseguir
atrair uma parceira mais adequada!
38 Vide O Renascer da Magia, Capítulo n .
Zona da Serpente de Fogo 49
OAnjoeoAeon
15 [N.T.: Publicado no Reino Unido como The Dcewn o f Magic, e nos demais
países de língua inglesa como The Moming o f the Magicians. Título original em
francês: Le Matin des Magiciens.\ Grifos meus.
16 N.T.: unearthh/.
O Anjo e oAeon 59
17 Marjorie Cameron dizia ser um avatar de Babalon, evocada por Parsons por
meio de mágiéka Enoquiana. Parsons foi, na época, o líder da Loja Agapé, o ramo
californiano da O.T.O. (Para maiores detalhes, vide O Renascer da Magia, Capítulo 9.)
18 Jane Wolfe, Soror Eftai, conheceu Crowley na Abadia de Thelema em Cefalü,
em 1920.
19 Jade Parsons (ou seja, John W Parsons; Frater 210).
20 Vide Liber Apotbeosis; a passagem relevante é citada em O Renascer da Magia,
Capítulo 9.
6o <_Aleiâer Crowley e o Deus Oculto
21 The Source o f Measures [N.T.: A Fonte das Medidas] (J. Ralston Skinner), citado
em A Doutrina Secreta (edição de 1888), Vol. II, p. 43. Hórus é, portanto, equivalente
a Marte como “o deus do poder e geração, e do primeiro derramamento de sangue
(sexual)’ (A Doutrina Secreta, II, 390). Assim, são idênticos Hórus, Marte e Set.
22 Vide A Doutrina Secreta (Blavatsky), II, 125.
23 Magick, Parte III, Capítulo 12. Em uma nota de rodapé desse parágrafo,
62 c A leiãer Crowley e o Deus Oculto
Crowley adicionou: “Esse parágrafo foi escrito no verão de 1911, e.v., apenas três
anos antes de seu cumprimento”. A expressão “murmurar uma Palavra” se refere à
fórmula mágica que um Magus declara quando inicia um Novo Aeon. De acordo
com A L , a Palavra do Aeon atual éAbrahadabra; a Palavra da Lei é Tbelema.
24 Little Essays Toward Truth [N.T.: Pequenos Ensaios Sobre a Verdade], de AleiSer
Crowley, p. 92.
25 Carta para Norman Mudd (Frater O.P.V.), 24 de Maio de 1924.
O A njoeoA eon 63
(0,1,2)
28 Há outra tradição, mais antiga, na qual Set é o Filho de ísis, e Hórus o Filho
de Nuit, e essa tradição é refletida no Culto de Thelema.
29 O Aeon de Maat (o Aeon da Verdade e da JuStiça) - Número 6 na série, e
também o sétimo e último aeon - é seguido por Mahapralaya, ou dissolução cósmica,
quando a Consciência volta a se dissolver no Ovo (akasha) do Espírito Puro (o Sono
Primordial), antes da reemergência da onda da vida em uma nova série séptupla.
O Anjo e o Aeon 6$
30 Consciência contínua.
31 Charles Stansfeld Jones, de Vancouver. Ele descobriu a Chave QabalíSica de
A L e foi, por um tempo, aceito por Crowley como seu “filho mágico”.
32 Liber Trigrammaton contém vinte e oito emblemas compoftos do tao-bindu,
oyang e o yin.
33 Vide A Doutrina Secreta. No Volume II, Blavatsky observa que os trigramas
66 c_Aleiñer Crowley e o Deus Oculto
7 Vide Capítulo n.
O Elemento làntrico naQ .T.O . 73
11 Vide, por exemplo, relatos tais como My Life in a Love Cult [N. T: Minha Vida
em um Culto do Amor] (1928), de Marión Doókerill; Tiger Woman [N.T.: Mulher Tigre]
(1929), de Betty Miy;Judenkenner (1933), e diatribes similares.
12 Apresentada em TheEquinox, I, 6 (Suplemento).
13 Vide A Cabala Mística [N.T.: The Mystical Qahalah], de Dion Fortune
(Williams and Norgate, 1933), p. 306.
76 t-Aleiãer Crowley e o Deus Oculto
18 Magick, p. 131.
O Elemento Tantrico na O. T.O. 79
19 Essas três palavras somam 93, que é três vezes 31, o número fhave de A L.
~Thelema pode ser equiparado ao filho da Vontade, Agapé com o filho do Amor, e
Logos com o filho do Pensamento.
8o ¡-Aleiñer Crowley e o Deus Oculto
20 Marjorie Cameron.
82 ^Aleifter Crowley e o Deus Oculto
lodo da inércia. Mas essa não é uma solução eficiente, pois só leva
ao desespero. É, portanto, necessário não apenas saber, mas tam
bém perceber a profunda verdade mística de que não bá outros para
quem trabalhar, com quem competir ou por quem ser explorado.
É necessário perceber que se é único, que se tem - como uma
eStrela no espaço - uma órbita precisa, ainda que errática; é pre
ciso perceber que para desempenhar com sucesso seu papel no
drama da existência manifeSta é preciso ter a convicção inabalável
de sua precisa e eterna unicidade. É a inabilidade em perceber
a verdadeira natureza dessa soberania, essa realeza interior, que
resulta em servidão, que é inteiramente autoimpoSta e causada
pela ignorância de sua real (ou seja, régia) natureza. É o papel do
Homem Rei ou Régio que é enaltecido em A L ; “os escravos que
servem”21 são “o povo”, preguiçoso demais, servil demais, covarde
demais para desfrutar de sua verdadeira herança. É por isso que
eStá escrito: “Vós sois contra o povo, Ó meus escolhidos!”.22
Foi Adam Weishaupt quem pela primeira vez enfatizou a so
berania natural do homem em um contexto essencialmente social
e político, mas foi AleiSter Crowley quem traçou a complexida
de ramificante de suas implicações ocultas conforme afetam a
constituição psicossexual do homem. Ele foi capaz de fazer isso
pois recebeu (de Aiwass) as Chaves do Mistério da consciência
humana no Novo Aeon. As éhaves mágicas eStão acessíveis na
Ordo Templi Orientis; elas formam o segredo central ao qual já se
aludiu. Mas as Chaves supremas, as mais elevadas, são místicas,
e repousam no Santuário da Grande Ordem da EStrela de Prata
conhecida como a A :.A ;..
Como pode um segredo como o que a O.T.O. possui ajudar
aqueles que eStão confinados em sua servidão, que querem ser
confinados, que não têm ânsia de libertação? A respoSta é: ele
não pode. A O.T.O. é exclusivamente para aqueles que percebem
i Vide The WingedBull[N.T.: O Tòuro Alado], O Deus com Pés de Bode [N.T.: The
Goal Foot God], etc.
Controle de Sonhos Por Meio da Mágiíka Sexual 89
lar. Isso pode ser verdade, mas não é urna crítica válida aos mé
todos de Crowley, pois o que não se leva em conta é que um tipo
especial de temperamento se faz necessário para estabelecer con
tato com o estado de sonho enquanto ainda desperto. Mulheres
ocidentais que possuem as características necessárias são raras,
e como não contam com a vantagem hereditária da iniciação às
técnicas ocultas - como ocorre com certas mulheres africanas e
orientais - o súbito impaéto de energia sobre suas personalidades
tende a perturbar sua sanidade. Tais mulheres, portanto, aStrali-
zam com facilidade; foi sua falta de preparo adequado que resul
tou em sua loucura definitiva. Quando se considera que - mesmo
no oriente - as condições atuais tornam quase impossível encon
trar as mulheres com as aptidões necessárias, quão mais difícil
isso deve ter sido para Crowley nos anos seguintes ao colapso
de sua Abadia em Cefalü? Se o Experimento de Cefalü tivesse
obtido sucesso Exteriormente, nós poderiamos a essa altura con
tar com um poderoso núcleo Thelêmico capaz de transmitir a
Corrente para nós, seus herdeiros e sucessores. N o atual eStado,
podemos apenas preservar as fórmulas, confiantes de que o atual
renascer da magia venha a descobrir sacerdotisas genuínas para
realizar a Nossa Missa.
Deveria ser extremamente claro para qualquer pessoa com
alguma experiência em trabalhos aStrais e de controle de sonhos
que não há, na verdade, nada além de um eátado desperto de
consciência. Nós éhamamos o eátado de sonho dessa forma depois
que os sonhos se encerram; durante o sonhar, não se experimenta
qualquer senso de ilusão. De forma similar, o eStado de sono sem
sonhos é descrito como um eftado de esquecimento, mas somen
te a partir do eftado desperto. Enquanto experimenta-se sushupti
(sono sem sonhos), há, muito pelo contrário, um eStado de total
despertar e total consciência; não de nada, pois isso é impossível,
mas do Eu (Atman). Atman é consciência pura, iSto é, Eu sem ne
nhuma mácula de ego. Como não existe pensamento no sushupti,
a própria mente, que nada mais é do que o funcionamento dos
Controle de Sonhos Por Meio da Mágiéka Sexual 9j
2j De um Comentário Secreto. Cf! Liber Astarté vel Berylli (Magick, pp. 460-
47Ú-
26 Os cinco makaras são madya (vinho), mamsa (carne), meena (peixe), mudra
Controle de Sonhos Por M eio da Mágiíka Sexual IO I
Ompehda.
31 AL, 111,24,25.
104 t_Aleifter Crowley e o Deus Oculto
O Vinho Sabático
e o Graal do Diabo
11 Hymns to the Goddess [N.T.: Hinos à Deusa] (Ganesh & Co„ Madras, 1952),
Introdução.
12 Literalmente, a forma ou a imagem do desejo. Kamrup [N.T.: Kamarupa] era
a antiga capital de Assam.
114 ^Aleiãer Crowley e o Deus Oculto
13 Cf. A L , 1, 29: “Pois eu eftou dividida pela graça causa do amor, pela fhance
de união”.
14 N.T.: Em inglês, rigbt, cuja ortografia lembra outros termos usados na mesma
frase.
ij Uma liga dos sete “metais” planetários, ou kalas solidificados.
16 Vide The Magical Record o fthe Beast 666, em particular a seção intitulada Rex
de Arte Regia.
O Vinho Sabático e o G raal do Diabo 115
34 Autodefesa Psíquica [N.T.: Psychic SelfDefence] (Rider & Co., 1930), p. 149; Sane
Occultism [N.T.: Ocultismo São] (Inner Light Publishing Society, 1938), p. 130.
O Vinho Sabático e o G raal do Diabo «3
A
mágióka foi elevada à perfeição, em termos históricos, no
antigo Egito. Mas muito antes da exploração sistemati
zada e controle do subconsciente, o feiticeiro africano já
controlava forças invisíveis por meio de um amuleto ou feitiço
fhamado de d-mammu, ou “efígie de sangue”, que foi posterior
mente representado pela múmia. Sendo o verdadeiro elo mágico
com o mundo invisível, o d-mammu ainda é a base de todo o ocul
tismo prático, embora sua forma mude com o passar do tempo.
N a antiguidade ele frequentemente vinha na forma de um objeto
“fortuito” que foi associado pelo feiticeiro com o objeto de seu
desejo, ou de alguma forma identificado com seu poder mágico.
Urna vez carregado com sua vitalidade, deixava de ser um objeto
comum, e era então queimado ou escondido. Dependendo se a
operação mágica envolvia o elemento terra, fogo, ar ou água, o
objeto era enterrado, queimado, escondido nas folhas de uma ár
vore frondosa ou submerso em um lago ou rio. Esse ato afirmava
um esquecimentopela mente consciente, o afundar do talismã no abis
mo do subconsciente. Era no útero escuro do esquecimento que
o desejo oculto germinava.
F ra g m e n to s d e r itu a is q u e s o b r e v iv e r a m d esd e os te m p o s
m a is r e m o to s m o á tr a m q u e o s m o r t o s p a ssa v a m p o r u m a tr a n s-
12 6 <_Aleiñer Crowley e o Deus Oculto
sem dúvida supondo que se fosse sabido que o mantra não tinha
significado, a mente racional do aspirante se rebelaría no inicio.
Um experimento simples demonstra que mesmo a palavra mais
comum, repetida continuamente, se esvazia completamente de
sentido em muito pouco tempo.
Todas as palavras e coisas, nomes e números, sagrados ou pro
fanos, são, de forma similar, definitivamente vazios. O vazio de
tudo pode ser percebido por esse processo de reverberação mân-
trica. Se realizado com atenção profunda, a prática resulta em êx
tase, conforme a mente se dissolve e se funde no fluxo rítmico do
som. Isso abre caminho para a inefável tranquilidade, conforme
o êxtase diminui e a mente se mescla ao vazio. Esse é o Caminho
Místico que desee do reservatório de consciência cósmica através
de sushupti, individualizado como o eStado de sono sem sonhos.
Complementar a ele é o Caminho Mágico, que sobe do subcons
ciente através do swapna, o eStado astral ou dos sonhos.
A mente subconsciente é o repositorio de todas as imagens,
todas as ideias, todos os conceitos. A comunicação com ela é
possível somente através de símbolos, e para lidar com ela é ne
cessária uma linguagem simbólica.
O s únicos símbolos magicamente eficazes são aqueles car
regados com a vitalidade peculiar do subconsciente. Portanto, o
desejo deve ser formulado em termos simbólicos e projetado no
“submundo”; ele também deve burlar o censor endopsíquico. Um
desejo formulado conscientemente se concretiza gradualmente,
e frequentemente se realiza depois que cessa o desejo propria
mente dito. Essa forma de desejar deve ser evitada como uma
dissipação de tempo e energia, pois evidentemente não é uma
parte essencial da Verdadeira Vontade ou “sonho inerente”.
Por conveniência, o subconsciente pode ser considerado como
uma série de camadas que contêm faculdades e poderes que se
eStendem indefinidamente. Cada fase da evolução, da aquática à
humana, é caracterizada por vários poderes, e conforme novos
140 t-Aleiñer Crowley e o Deus Oculto
47 V ià tA L , 1, 44.
Poder Lunar. Seus Nomes, Números e Atavismos Reverberantes H5
Forth By Day - em uma tradução livre para o português, seria algo como O Livro de
Sair Para 0 Dia. Optamos por manter “Sair para o Dia” para manter coerência com a
intenção original do autor.
148 t-Aldñer Crowley e o Deus Oculto
20 Poder mágico.
21 Uma Irmã do Soberano Santuário, IXo O.T.O., à época em que Crowley
escreveu essa instrução secreta incorporando sua fórmula (vide a próxima nota). Há
urna breve referência a Ida Nellidoff em The Magical Record o fthe Beast 666, p. 137.
162 o 4leiñer Cnrwley e o Deus Oculto
22 Hieratic Papyrus o f Nesi Amsu [N.T.: Papiro Hierático de Nesi Amsu] (E. A.
Wallis Budge). Arco II, 1891.
23 É conhecida como Urvaan pelos Zends, Corvashi ou Urvashi nos Puranas-,
Chaaya em sánscrito.
24 Paracelso se refere a esse ser como sendo um aquastor, que Hartmann (Life
o f Paracelsus [N.T.: A Vida de Paracelso]) ressalta como “um ser criado pelo poder
da imaginação, ifto é, por uma concentração de pensamento sobre o Akasha, pelo
qual uma forma etérea pode ser criada ... Sob certas circunstancias, elas podem até
mesmo se tornar visíveis e tangíveis”.
IO
Nu-Isis e a Radiância
Além do Espaço
5 Vide Capítulo 4.
6 Anúbis-Plutão.
7 Cf. as naturezas de Mercúrio e Plutão, e os simbolismos do cão (beíta) como
o guia para o submundo.
N u-Isis e a Radiancia AUm do Espaço 167
I H V H
Osíris ísis Hórus Set
Chokmah Binah Tiphereth Yesod
Urano Saturno Sol Lua
11 Capítulo 86.
12 Pouco após a época de Maomé.
13 Saturno em seu aspeéto lunar.
N u-Isis e a Radiancia Além do Espaço 169
17 Vide Capítulo 9.
18 A L , III, 3. Ra-Hoor-Khuit como o Senhor do Duplo Horizonte, ou dois
equinócios, é o veículo especial do eixo polar Set-Nu ou Nu-Isis; a expressão lateral
ou horizontal da corrente vertical que se manife&a na terra como Babalon unida à
BeSta.
19 Conhecido como O Entrante. Os braços erguidos e estendidos na altura dos
ombros, de palmas para baixo; o pé direito um passo à frente.
N u-Isis e a Radiancia Além do Espaço 171
26 Vide A L , 11,26.
27 O Livro de Thotb (“Mnemônicos dos Atu”).
28 Cf. a afirmação de Crowley de que reStaurou o Paganismo a uma forma mais
pura, iSto é, isenta dos conceitos de deuses e aprisionamentos tribais.
174 tA leiãer Crowley e o Deus Oculto
32 A virgem, Nuit.
33 A letra atribuída a Virgem é Yod-, a Peixes, Qoph. Vide O Renascer da Magia
(edição de 2015), p. 128.
34 Representando a não conceituação.
35 Uma forma da ísis celestial.
36 C£ o simbolismo do XVIIIo Atu.
176 íA ldñ er Crowley e o Deus Oculto
43 A L , 1, 57.
44 O pombo é o símbolo central do Selo da O.T.O.
45 A L , I, j7. Vide O Livro de Thoth a respeito desse simbolismo; 2, tzaddi, é a
letra atribuída a O Imperador no Tarô na forma que O MeStre Therion o reviu, de
acordo com o simbolismo do Novo Aeon.
46 Hé é a quinta letra do alfabeto mágico; é atribuída à EStrela de Prata, e
representada astronómicamente por Aquário, o undécimo signo do zodíaco.
i8 o ^Aleiñer Crowley e o Deus Oculto
53 A “Uma EStrela à Viáta” celebrada por Crowley. Ele usa a expressão como
um título para seu relato da Ordem da EStrela de Prata (A.\A.\). Vide Magfck,
Apêndice II.
J4 “Meus adeptos erguem-se eretos; suas cabeças acima dos céus, seus pés
abaixo dos infernos” {Líber Tzaddivel Hamus Hermeticus). Vide TheEquinox, 1, 4.
N u-Isis e a Radiancia Além do Espaço 183
68 Consciência.
69 The Eye in the Iriangle [N.T.: O Olho no Triângulo] (Llewellyn Press, St. Paul,
Minnesota).
II
A
emersão do Aeon de Hórus a partir do de Osíris pode ser
comparada com a fórmula mágica dos egípcios conhecida
como Perien-hru.1 O Osíris mumificado, eStando inerte
em Amenti por longas eras, volta a se agitar e emerge como seu
próprio filho, Hórus, Coroado e Conquistador.
A Criança é gêmea, contendo dentro de si Hoor-paar-kraat
e Ra-Hoor-Khuit; a primeira com origens em um passado inde
finido e desconhecido, e a última projetando-se para um futuro
igualmente desconhecido. O Ponto no Tempoi2 3 em que eles se
encontram é o momento presente, o evento-ato criado pela união
14 A O.T.O.
194 t-Aleiñer Crowley e o Detts Oculto
16 Essa inicial representa uma palavra que é comunicada somente sob votos do
mais rigoroso segredo nos rituais do Tantra.
196 t-Aleifter Crowley e o Deus Oculto
sobre si mesmo como um Logos, como urna ida, não como urna
ideia fixa. “Faze o que tu queres’ é, portanto, necessariamente a
sua fórmula. Ele só se torna ele mesmo quando atinge a perda do
Egoísmo, do senso de separação. Ele torna-se Tudo, Pã, quando
se torna Zero.60
Novamente, em AL: “Todo homem e toda mulher é uma es
trela. Todo número é infinito; não há diferença” (I, 3-4); e “Que
não haja diferença feita por vós entre uma coisa & qualquer outra
coisa; pois daí vem sofrimento.” (1,22).
Se houvesse diferenças, não haveria Um, mas Muitos. O ho
mem ainda seria homem, e Deus continuaria sendo Deus. Mas
como não há diferença, esses conceitos se cancelam, e o Homem
- ou Deus! - permanece. Não importa qual termo é usado para
designar o resíduo quando todo o reSto se dissolve. “Lembrai
todos vós que a existência é pura alegria; que todas as tristezas
não passam de sombras; elas passam & se vão; mas há aquilo que
permanece”.61
Crowley identifica o ponto de vista individual (Hadit) com
Kether na Árvore da Vida. N o momento exato em que o homem
se torna Pã (Tudo), o ponto de vista se dissolve em Nuit (Puro
Nada), pois Tudo é Nada.62
Agora deve eStar claro o motivo pelo qual Shaitan-Aiwaz - o
deus dos antigo Sumérios - foi considerado por um povo poste
rior e mais egocêntrico como o diabo. É o Ego que é ameaçado
e destruido por Shaitan-Aiwaz. Com o um Fazedor de Deuses,
essa é sua função. Gerações posteriores o expulsaram por ser
deStrutivo para o individual, o que é considerado um grande mal
pelo não iniciado. N o entanto, somente dessa morte é que nasce
o Homem-Deus.
60 Do Comentário Longo a A L.
61 A L , II, 9.
62 Expresso qabaliSticamente como Tudo=6i=Ain=o (Nuit).
Vivendo Além do Tempo 211
e identidade com a Unidade Infinita que ele sabe que é mais vital
do que a moralidade burguesa e com a isolação de morte na vida
da consciência pessoal insignificante.
O eátado mental que os Iniciadores ocultos exigem dos
Adeptos de hoje é descrito no Liber Cheth vel Vallum Abiegni:71
Portanto, para que tu possas realizar com êxito eSte ritual do
Santo Graal, deverás despojar-te de todos os teus bens.
Tu tens riqueza; concedei-a àqueles que dela necessitam, mas
que não têm nenhum desejo por ela.
Tu tens saúde; mata a ti mesmo no fervor da tua entrega a Nossa
Senhora. Que a tua carne penda dos teus ossos, e teus olhos bri
lhem com o teu insaciável desejo pelo Infinito, com a tua paixão
pelo Desconhecido, por Ela que eátá além do Conhecimento o
maldito ...
O egoísmo de Thelema é o verdadeiro Altruísmo,7 737
2 4e começa
a substituir o altruísmo insípido e falso engendrado por ideais
falsos baseados em princípios totalmente irreais e anticientíficos.
Gerações inteiras de pessoas podem destruir ou danificar seus
veículos conforme essa onda de desejo por mais vida acumula
momento; mas é melhor cair na luta por uma expansão maior
da consciência do que por ideais falsos impingidos em tolos por
detrás de máscaras de cobiça, malícia e ambição - as pseudo-for-
mas-deus do fragmento parcial (iSto é, o fragmento encarnado)
do Eu.
A compreensão definitiva desse Eu cósmico foi expressada
por Crowley em Liber Alepb:n
Eu não sou Eu
Livra-te, portanto, dessa ideia de “Eu” separado do Todo,
mas, atendo-te à Consciência do Todo pelo Nosso Verdadeiro
Caminho, contempla o brincar da Ilusão ...
72 Magick, p. 494.
73 AL=Deus=Eu; LA=Não=A l truismo. Portanto, Eu e o Não Eu, o Outro, são
idênticos.
74 Capítulo i 6j.
Zl6 <^4 leiãer Crowley e o Deus Oculto
82 A L , III, 3.
83 Wilhelm Reiéh demonftrou, em condições laboratoriais, a exata natureza
desse processo de “desgaste”, com seus efeitos inevitavelmente tóxicos. Vide A
Descoberta do Orgone (The Functioning o f the Orgasm [N.T.: O Funcionamento do
Orgasmo], Vol. I).
220 o 4 leiâer Crowley e o D eas Oculto
85 Frater Adiad.
86 Frater Progradior. Foi para Frank Bennett que Crowley compôs o Líber
Samekh, o qual ele baseou em um antigo ritual sumério, e o qual ele usou para a
invocação de seu Sagrado Anjo Guardião. Vide Magick, pp. 355 et seq.
87 N.T.: Escritor inglês do século XVII, autor de O Peregrino - A Viagem do
Cristão à Cidade Celestial [N.T.: The Pilgrim’s Progressfrom This World to That Which
Is to Come; Delivered under the Similitude o f a Dream\.
Diagrama 3.: A Seta de Nuit em sua trajetória descendente,
formulando os Onze Graus de Nu-Isis
Diagrama 4.: As Onze Zonas de Poder formuladas
pelo Relâmpago de Nodens em sua trajetória ascendente
Glossário
Ca.: Termo caldeu Gn.: Gnóstico
Cr.: Crioulo Heb.: Hebraico
Eg.: Egípcio Antigo Sâ:.: Sánscrito
Gr.: Grego Tib.: Tibetano
Loja Nova ísis : Uma Loja da O.T.O. operada por Kenneth Grant
por sete anos (19*5-62), com o objetivo de transmitir o Conheci
mento Mágico de Nu-Isis. Vide Capítulo 10.
O m k a r a (S ft.): A s íla b a m ís t ic a O M .
Glossário 247
Qatesh: A única deusa que tinha todo seu roSto retratado pelos
antigos. Ela é representada como uma mulher nua de pé sobre
um leão, com um adorno em sua cabeça que consiste da lua éheia
apoiada sobre uma lua crescente. Ela segura flores em sua mão di
reita, e em sua esquerda, uma serpente. (Direita é Dakshina, far
tura, florescimento, dádiva, graça; esquerda é Varna, e a serpente
simboliza a fase lunar da deusa. Vide R. V. Lanzone, Lâminas 191 e
192.) Em uma eStela egípcia, Qatesh é Chamada de Kent ou Kunt, e
em uma eStela que agora encontra-se em Turim, de Qetesh. Seus
amantes são o deus itifálico Min e Reshpu. O simbolismo do leão
e da serpente equivale essa imagem com a fórmula do amor sob
vontade.
2JO o Aleiãer Crowley e o Deus Oculto
R a d h a (S ft.): A c o n s o r t e o u sh a kti d e K r is h n a .
Glossário 2 JI
Ritos Petro (Cr.): Um termo Vodu que distingue os ritos dos loa
“infernais” daqueles considerados mais aceitáveis (os ritos Rada).
É significativo, nos ritos Petro, que as batidas dos tambores se
guem um padrão arrítmico, e os veves correspondentes dos loa
não se baseiam nos vetores de força que unem as quatro direções
do Espaço, mas nas linhas entre eles. iSto é importante para Thele-
ma, e também equivale aos “conceitos de transitoriedade” da res-
surgência atávica de AuStin Spare; também equivale ao conceito
Lovecraftiano de entidades extraterrestres que habitam não nas
eftrelas, mas nos espaços entre elas.
Fuller, John Frederiék Charles: The Star in the West, Walter Scott
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Beth 14,230
Bhaga 104,230 c
Bhairavas 104,230 Cabala Mística, A (Fortune) 75
Bhu Praátara 237 Caduceu de Mercúrio 257
Binah 23,42,202,230, Caim 171,231
232,253,262
Cairo 11
Bindu 3j, 37,63-65,92,99,
California 17,80,204,213
104,129,136,178,189194,
196,231,236,244,257,260 Camelo 53, 212, 235
Operação de Paris, A
O (Crowley) 40,41, 69
Operação do Cairo 214
Obeah 45, 71,201,
Ordálio do Abismo 8,42,247
246,262,263
Ordo Templi Orientis
Obscure Religious Cults
(O.T.O.) iy, 31,47, 39,67,
(Dasgupta) 138
69-72,7y, 78-81,83-87,96,
Obsessão 34,108, iyo-
112,117,118,120,161,167,
I J 4 ,1 y6,159,160,162
174,179,183,192-194,198,
O&inomos iy, 230, 246; 200,201,204,213,229,230,
'vide também Baphomet 234.237.242.246.247
Ojas 27,44,90,91,93, Origens (Crowley) 216
109, n i , 114,246
Orpheus (Crowley) 9
Olho de Amenti 23
Osíris 11,6 0 ,62-6y, 73,87,
Olho de Hórus 24,120 116,121,126,133,134,166,
O lho de ísis 66 167,168,173,174,178,189,
Olho de Set 67,119,120, 190,203,207,208,211,212,
129,131,229,231 220.236.237.239.247
Rejuvenescimento 194,197
Q Renascer da Magia, O (Grant)
6,12,17, 27,39,48, 59, 7i. 93>
Qabalah 24,30, 52, 66 ,
109,119,130,160,172,175,
7Í, 121,226,249
186,204, 234, 246,247,264
Qadeshim 118,119,249 ;
Resh 129,250,2ji
vide também Kadeshim
Ressurgência Atávica 14,
Qadosh 114,118,120,249
iyo, 190,251, 264
Qatesh 120,239,249;
Reuss, Theodor 68, 69,79,
vide também Katesh
112,191,192,201,247
Qliphoth 13,41,182,250
Ritos de Eléusis, Os
Qoph 120,175,176, (Crowley) 75
248,250, 251
Ritos Petro 43,231
Quadrado 63
Ritos Rada 251
Quarto Grau (O.T.O.) 70
Rohling, Marie 26
Quinto Grau (O.T.O.) 70,233
Rosa-cruzes 34,72,114
Rosa da China 133,244
R Ruafh 128,252
Rukh 128,2ji, 252
Rabelais, François 207
Ruthah 194
Radha 50,126,127,240,250
Ra-Hoor-Khuit 49, 59,
72, 78,116,119,124,131,
148,169,170,187,189,
s
190,197,202,203,221, Sabbat das Bruxas 97-
236, 240, 2JO, 2JI, 260 99,121,134,147-149
Rakta 128,231,252,256 Sacramento 31, 93,118,
Ramakrishna, Sri jo, 102,188 121,149,203,208
Regardie, Israel 188 Sagrado Anjo Guardião 20, jj,
56, 57,183,221,235,252,260
Rei¿h, Wilhelm 219,221
Sahaja Samadhi 108
290 <-AleiSler Crowley e 0 Deus Oculto
A
republicação das Trilogias Tifonianas continua com eSte,
o segundo volume da série, publicado pela primeira vez
por Muller, em 1973, e posteriormente reimpresso pela
Skoob Books Publishing em 1992, com uma lista de erratas.
Com uma nova composição tipográfica, essa edição atual in
tegra no próprio texto as erratas da edição da Skoob, e incorpora
mais correções anotadas posteriormente na cópia particular de
Kenneth Grant. Sempre que possível, as artes das lâminas foram
novamente fotografadas. Algumas das lâminas aqui apresentadas
eStão em cores, e há também algumas lâminas adicionais.
Aleister Qrowley e 0 Deus Oculto foi o único volume da série
das Trilogias Tifonianas a ser publicado sem uma Bibliografia. A
presente edição traz uma bibliografia reconstruída.
Miéhael Staley,
Starfire Publishing, Londres.
Fevereiro de 2013.
E§te é o segundo livro das Trilogias Tifoninas. Cada livro des
ta série é independente dos demais, embora seus assuntos sejam
complementares.
O Renascer da Magia
íMleister Crowley e o Deus Oculto
Cults o f the Sbadow
Nightside ofEden
Outside the Circles ofTime
Hecate's Fountain
Outer Gateways
Beyond the Mawve Zone
The Ninth c.Arch
Iluãrações
Murder and terror in Soviet Russia; Concentration Camps and persecution in G erm an y;
war fever and blood lust in Italy and Japan; civil war in Spain; economic crisis in U . S. A . :
recurrent strikes and labour discontent in France— there is no comer o f the Globe untouched !
T he oíd standards o f human conduct, the ancient religions which have served humanity for
thousands o f years, have broken down¿
Christianity, Buddhism, Mahomedanism, Judaism, Confucianism, Shintoism— all these are dead
o f disbelief. That marks the onward march o f Science, the change in valué o f both time and space.
Th e oíd order has broken down, and mankind is seárching frantically for a formula which will
take its place— a standard o f human conduct independent o f tradition and dogma which will stand
up to the stress o f modem conditions, and create a new engine for the further progress o f mankind.
T h e Bible, the Koran and other codes are proving incapable o f resisting the shattering effect o f
modem th ough t; humanity is drifting rudderless through a stormy sea o f doubt and despair.
Belief is bewildered. Conviction is shaken. But there is a way o u t!
A universal law for all nations, classes and races is here. It is the Charter o f Universal Freedom.
" T h e L a w o f Thelema," revealed in Cairo in 1904, has come to replace the outwom creeds,
the local codes; to help the peoples o f the world to march on to a new era o f peace and happiness.
Its power has been made evident time after time. O n three occasions its publication has been
followed by disaster— catastrophes to awaken mankind to its message. For the fourth time the Law 'of
Thelema has been published*
Th e Law is valid for each individual as for the world in general. It is in the power o f everyone
to accept it, to pass on the message. Its acceptance gives understanding and mastery o f s e lf: the
power to guide one’s fellow-men.
Th e prospectus following gives particulars o f the book " T he Equinox o f the Gods ” which con-
tains in facsímile the manuscript of the " Book o f the Law ” o f Thelema, and an account o f how it
carne into existence.
You cannot aíford to neglect the powerful message which it propounds, and the guidance it
gives for your future and the future of the world.
“ W hen this was done, it was done without proper perfection. Its commands as to how the
work ought to be done were not wholly obeyed . . j , Yet, even so, the intrinsic power o f the truth
o f the Law and the impact o f publication were sufficient to shake the world, so that a criticai war
broke out, and the minds o f men were moved in a mysterious manner.”
" T h e second blow was struck by the re-publication o f the Book in September, 1913, and this
time . . . . caused a catastrophe to civilisation. A t this hour, the Master Therion is concealed, collect-
ing his forces for a final blow. W hen the Book o f the Law and its Comment is published . . . . in per-
fect obedience to the instructions . . . . the result will be incalculably effective. T he event will establish
the kingdom o f the Crowned and Conquering Child over the whole earth, and all men shall bow to
the Law, which is love under will.”
Magick, pp. 112-113, written in 1922 published 1929.