Artigo Sobre A História Do Basquete
Artigo Sobre A História Do Basquete
Artigo Sobre A História Do Basquete
RESUMO
O objetivo deste texto foi apresentar uma abordagem sobre a história do basquetebol
distinta da que usualmente é encontrada no meio acadêmico brasileiro, que em larga
medida desconsidera as principais motivações para a difusão da modalidade em seu
momento inicial. O estudo de cunho exploratório, com uma abordagem estritamente
bibliográfica revelou o contexto e intenções que permeavam a criação do basquetebol nos
Estados Unidos. Assim, parece que, para além da questão climática, os interesses políticos
e religiosos foram fundamentais para a criação e expansão do basquetebol em solo norte-
americano.
PALAVRAS-CHAVE: história do esporte; história do basquetebol; basquetebol.
ABSTRACT
The aim of this paper was to present a different approach to the history of basketball that
is usually found in the Brazilian academic communit, which largely ignores the main
reasons for the success of the sport at an early time. The exploratory nature of the study,
with a strictly bibliographic approach revealed the context and intentions that permeated
the creation of basketball in the United States. So it seems that, apart from the climate
issue, the political and religious interests were central to the creation and expansion of
basketball on American land.
KEYWORDS: sport history; basketball history;basketball
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Professor da UTFPR – Campus Campo Mourão. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação
Física Associado UEM/UEL.
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Professor Assistente da Universidade Estadual de Maringá. Doutor em Educação Física pela UFPR.
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ANAIS DO VIII CONGRESSO SULBRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE - Criciúma-SC – 08 a
10 de setembro de 2016
Secretarias do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul)
Disponível em: http://congressos.cbce.org.br/index.php/8csbce/2016sul/schedConf/presentations
ISSN: 2179-8133
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RESUMEN
El objetivo de este trabajo es presentar una aproximación a la historia del baloncesto
diferente que se encuentra generalmente en la comunidad académica brasileña, que
ignora en gran medida las principales razones para el éxito de este deporte en un
momento temprano. La naturaleza exploratoria del estudio, con un enfoque estrictamente
bibliográfico reveló el contexto y las intenciones que impregnaba la creación de
baloncesto en los Estados Unidos. Así que parece que, aparte de la cuestión del clima, los
intereses políticos y religiosos fueron fundamentales para la creación y expansión de
baloncesto en suelo americano.
PALABRAS CLAVES: historia del baloncesto; baloncesto; historia del deporte.
INTRODUÇÃO
O presente estudo é um fragmento de uma pesquisa mais ampla que trata a
espetacularização e mercantilização do basquetebol brasileiro, sobretudo no período de
1990 a 2016, e cujo desenvolvimento encontra-se ainda em estágio inicial. Todavia, diante
da possibilidade efetiva de analisar este objeto sob a luz da teoria dos Campos de Pierre
Bourdieu, consideramos importante iniciar o entendimento de como este subcampo do
basquetebol foi se constituindo e para tanto, encaminhamos este estudo exploratório nesta
perspectiva, a de resgatar a historiografia da gênese do basquetebol.
Assim, ao perspectivar o estudo da história de alguns esportes, percebemos que os
mesmos, em algumas oportunidades, apresentam controvérsias quanto a sua
criação/invenção, pois de um lado, um grupo de pesquisadores enfatiza a busca em
antecedentes longínquos, enquanto outros se satisfazem em focar sua procura em períodos
mais contemporâneos (ESTEVES, 2014).
Uma das modalidades em que existe um consenso temporal e espacial sobre a sua
gênese é o basquetebol e nele focaremos nossos esforços.
No Brasil, a grande maioria das obras relata brevemente como o basquetebol foi
inventado (DAIUTO, 1991; HIRATA, 2005; BENELLI, 2007; FERREIRA JÚNIOR,
2011). Elas geralmente apenas nomeiam o canadense James Naismith como responsável
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imigração. Esta questão, destacada por Harris (2014, p.11-12) tem relação com os jovens
das áreas rurais que vinham morar na cidade para aproveitar as oportunidades de trabalho
nas fábricas e que passam a conviver com imigrantes, que muitas vezes estavam ligados à
prostituição, bebidas, apostas ou outros vícios e dessa forma, disseminavam essas práticas.
Uma das estratégias utilizadas na época para combater esse ambiente conturbado
ficou conhecido como Era Progressiva ou Progressivismo, cujo conceito é um tanto
controverso entre os historiadores que pesquisam a história norte-americana. Horger (2001,
p. 3-4) descreve que originalmente era definido como uma tentativa de minimizar os
efeitos negativos sociais e políticos do capitalismo industrial e com o tempo o termo foi se
redefinindo e assumindo um teor mais abrangente, a ponto de poder ser ligado a: expressão
política e social da classe média; movimento conservador, dirigido à negócios e mais
preocupado com a estabilidade do capitalismo do que com a melhoria das condições
sociais; movimento pela eficiência social, sendo uma tentativa de organizar a “nova” classe
média urbana; exercício de controle social; impulso protestante missionário; ou ainda
como resposta científica para o problema da coesão social.
Todavia, para o autor, a Era Progressiva era um esforço para disseminar uma série
de alterações na consciência dos valores da classe média, sobretudo no sentido da coesão
social em uma sociedade plural. Considerando sua ligação religiosa, a crescente imigração
de não-protestantes, em sua visão, deveria provocar esforços para que os mesmos fossem
educados e americanizados. (HORGER, 2001, p.7)
De acordo com Horger (2001, p.6), o Protestantismo Americano do final do século
XIX também sugeria que a salvação da sociedade era possível através da melhoria do
ambiente social e da noção que o a força física e a coragem eram partes integrais do
completo homem cristão. No tempo certo, tentaremos uma correlação entre a difusão do
basquetebol e essa ideologia vigente no final do século XIX e início do XX.
Ciente desse panorama nos Estados Unidos no período em que o basquetebol foi
criado, passemos a investigar como o basquetebol foi introduzido nesta sociedade. Mas ao
analisar um esporte, Bourdieu nos ensina que é imprescindível situá-lo em relação às
outras modalidades esportivas. Em suas palavras:
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modalidade foi criada é o livro escrito pelo inventor do basquete, o canadense James
Naismith, o qual é intitulado originalmente Basketball: its origins and development, que
nos expôs como se deu o desenvolvimento inicial da Educação Física nos Estados Unidos,
nos elucida porque havia a demanda por uma novidade para os praticantes de atividades
físicas, mas que, sobretudo, descreve pormenores do processo de criação do basquetebol.
Ainda que limite a análise a partir de uma visão única, o fato do autor ser também o
criador do esporte imprime uma relevância ímpar ao seu relato e que por isso a justifica.
Inicialmente importante mostrar as credenciais de James Naismith (1941, p. 25-30).
O canadense Naismith formou-se em Teologia, mas sua primeira atuação profissional foi
como instrutor de atividades físicas no Springfield College (que na época era conhecido
como Escola Internacional de Treinamento da Associação Cristã de Moços).
Nesta instituição, Naismith deparou-se com uma situação problemática. Os
jovens americanos gostavam de jogos que combinassem competição e recreação. Por isso,
durante o verão, período que podiam executar atividades ao ar livre, eles se divertiam
jogando futebol americano e beisebol. Todavia, no rigoroso inverno daquela região, as
atividades físicas tinham que ser realizadas em ambientes fechados. As principais opções
existentes no final do século XIX eram os exercícios calistênicos e a ginástica, com os
métodos suecos, alemão e francês3, e isso, não estimulava os jovens norte-americanos.
(NAISMITH, 1941)
Essa falta de opção era um problema que o diretor da Associação Cristã de Moços,
Luther Gullick, tentava solucionar e em um grupo de estudos que liderava, discutia-se a
necessidade de um jogo interessante, que fosse fácil de aprender, fácil de jogar no inverno
e sob luz artificial.
Neste momento, pensando na lógica bourdiana, a questão ainda está muito ligada à
prática de determinada atividade física/esporte, distintamente do que estamos vivenciando
na sociedade consumista atual, em que a demanda do campo esportivo é mais relacionada
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Os interessados em ter mais informações sobre estes métodos ginásticos, indicamos a leitura de Carmem
Lúcia Soares, que destina o segundo capítulo de sua obra “Educação Física: raízes europeias” para tratar
estes métodos ginásticos.
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Grosso modo, lacrosse é um esporte de origem canadense, no qual os jogadores fazem uso de um taco com
uma rede na ponta para tentar lançar um artefato de metal em um alvo.
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alvo de sua invenção eram adultos jovens, geralmente empresários, ou seja, de uma classe
social mais ligada a burguesia do que aos operários, essa condição de esportes elitistas
terem a característica de evitar contatos obedece uma lógica apresentada nos escritos de
Bourdieu (1990, p.209).
O criador do basquete também havia constatado que todos os esportes tinham em
comum a necessidade da equipe alcançar um objetivo. No futebol americano intentavam
ultrapassar a linha final, no futebol (soccer), hockey e lacrosse objetivavam colocar a bola
entre as traves, etc. Naismith imaginou que se colocasse um alvo horizontal em um plano
elevado os defensores teriam mais dificuldade para proteger a meta e a velocidade da bola
seria diminuída, contribuindo com o abrandamento das ações motoras.
Motivado com essas suas ideias iniciais, elaborou 13 regras que deveriam nortear as
ações dos alunos e que foram transcritas ao papel. Eram elas:
1. A bola pode ser lançada em qualquer direção com uma ou duas
mãos.
2. A bola pode ser batida em qualquer direção com uma ou ambas as
mãos, mas sem o uso do punho.
3. Um jogador não pode correr com a bola. O jogador deve lançá-la a
partir do ponto em que ele a pega; permitindo-se ser feita por um homem
que pega a bola enquanto corre em boa velocidade.
4. A bola deve ser segura em uma mão ou entre as mãos; os braços ou
corpo não deve ser utilizado para segurá-la.
5. Não é permitido segurar, empurrar, derrubar o oponente; a primeira
violação desta regra por qualquer pessoa contará como uma falta, o
segundo deve desqualificá-lo até a próxima cesta ser feita, ou, se houve a
intenção evidente de ferir, nenhum substituto permitido.
6. Uma falta é marcante na bola com o punho, violação dos artigos 3º,
4º e tal como descrito na Regra 5.
7. Se um dos lados faz três faltas consecutivas, ele contará uma cesta
para os adversários. (Meios consecutivos sem os oponentes, entretanto,
fazer uma falta.)
8. Uma cesta deve ser feito quando a bola é lançada ou golpeada para
dentro da cesta e permanece lá, sendo que aqueles que defendem a cesta
não podem tocá-la.
9. Quando a bola vai para fora dos limites, deve ser lançada para a
quadra pela pessoa primeiro que tocá-la. Em caso de litígio, o árbitro
deve jogá-la diretamente para o campo. O lançador é permitido cinco
segundos. Se ele mantém mais tempo, a bola deve ir para o adversário. Se
qualquer lado persiste em retardar o jogo, o árbitro deve marcar uma falta
sobre eles.
10. O árbitro deve julgar os homens e observar as faltas e notificar o
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árbitro quando três faltas consecutivas foram feitas. Ele terá o poder de
desclassificar os homens de acordo com a Regra 5.
11. O árbitro deve julgar a bola e deverá decidir quando a bola está em
jogo, no limite, para que lado ele pertence, e deve marcar o tempo. Ele
decidirá quando um gol foi feito, e contar as cestas, e outras funções que
normalmente são desempenhadas por um árbitro.
12. Serão dois tempos de quinze minutos, com cinco minutos de
descanso.
13. O lado que fizer mais cestas no tempo deve ser declarado o
vencedor. Em caso de empate, o jogo pode, por acordo entre os capitães,
ser continuado até que outra cesta seja feita. (NAISMITH, 1941, p.53-55)
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O nome de batismo da revista é baseada em um conceito desenvolvido por Luther Gulick, que ele nominava
de Triângulo. O conceito previa que as três partes do homem: mentais, físicas e espirituais deveriam se
harmonizar. A revista se notabilizava pela conceituada forma de divulgação de conhecimento científico da
Educação Física.
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Disponível em: http://www.ymca.int/who-we-are/history/. Acesso em 25 de jan. 2016
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das evidências apresentadas na historiografia da criação do basquetebol
analisada parece-nos plausível que a modalidade tenha sido realmente uma ferramenta de
coesão social e higienismo em um momento conturbado da sociedade norte-americana. No
campo esportivo que estava se constituindo, os esportes praticados em ambientes abertos
disputavam entre si a preferência dos praticantes, todavia, ao pensarmos que sua invenção
foi demandada especialmente para suprir a lacuna de atividades físicas em locais fechados,
esta luta por espaços, tem uma relevância significativa, sobretudo em função da
modalidade ter sido rapidamente aceita e difundida pelos Estados Unidos.
A atuação da Associação Cristã de Moços demonstrou ter sido primordial para o
basquetebol, não apenas porque foi em seu interior que o jogo foi inventado, mas
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REFERENCIAS
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esporte profissional na estrutura organizacional das categorias de base. 2005. Dissertação
(Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual
de Campinas, Campinas, 2007.
BOURDIEU, P. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990.
DAIUTO, M. Basquetebol: origem e evolução. São Paulo: Editora Iglu, 1991.
ESTEVES, B.B. A trajetória do esporte moderno: dos primórdios ao fenômeno social.
Revista Digital EFDeportes. Buenos Aires, Ano 19, no 119 dez. 2014.
FERREIRA JÚNIOR, R. NBB, CBB e NLB: Relações de poder no universo organizacional
do basquete brasileiro. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2011
HARRIS, C. M. From the Triangle to the cage: Basketball´s contested origins (1891-
1910). 2014. (Master of Arts in History) – Faculty of the History Department of American
University, Washigton – DC , 2014.
HIRATA, E. A organização administrativa de uma equipe profissional de basquetebol: o
caso de Londrina (1997-2004). 2005. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais
Aplicadas) – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2005.
HORGER, M. T. Play by the rules: the creation of basketball and the Progressive Era
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