RESENHA - Voz Corpo Equilíbrio

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RESENHA

Por
Kátia Gally Calabrez

RUBIM, Mirna, Voz – Corpo – Equilíbrio (1ª. Edição). Rio de Janeiro/RJ: Thieme Revinter,
2019. ISBN 978-85-5465-164-0.

A autora RUBIM, é Doutora em Voice Performance pela University of Michigan,


Diretora geral do Estúdio VOCE de 2010 à 2018, Coordenadora do Núcleo de Teatro da
CAL – Centro de Artes Laranjeiras desde 2009.
O livro aborda conhecimentos que vão desde neurociência, fisiologia do
treinamento físico e respiração até fonética, acústica vocal e, por fim, sobre a preparação
para o mercado de trabalho e uma ampla discussão sobre os cuidados gerais que os
cantores devem ter com a voz; é um verdadeiro guia de estudo especializado para
cantores e professores de canto da atualidade .
O sistema fonatório é nosso instrumento musical complexo e altamente integrado.
O canto exige conhecimentos em diversas áreas, poucas atividades se comparam às
competências mentais exigidas pelo canto artístico.
Estabilizar a emissão, usando o triangulo de ressonância no qual são unificados
três elementos: 1) ressonância dos seios frontais, 2) ressonância do esterno (“voz de
peito”) e 3) ponto primordial (conexão crânio-coluna). Importante estabilizar a base do
crânio sobre C1, o ponto primordial, e sua consequente estabilização da faringe.
Considerar: priorizar a ressonância da máscara (seios frontais) sem equilibrá-los com o
esterno e a nuca, produziremos a voz pontuda e aguda, sem profundidade e sem conexão
com as costas. Priorizando a ressonância de peito (esterno), sem compensar com as
demais, produziremos uma voz pesada, com timbre escuro, sem os harmônicos agudos
da voz. O chiaroscuro é a mistura perfeita entre harmônicos agudos e graves. As
atividades envolvidas no canto são atividades motoras conscientes e controladas pela
vontade. O mapeamento corporal aperfeiçoa a execução de seus instrumentos a partir da
performance integrada se seus corpos. O conceito de mapeamento integra o sistema
mental, psicológico e nervoso do corpo de um indivíduo; usando o mapeamento corporal,
o artista tem maior domínio de seu corpo e economiza energia mental que será
canalizada para focar em sua arte; pensando no corpo como uma unidade indivisível,
focando na expansão do corpo.
Cantar é uma atividade importante para o desenvolvimento do cérebro, produz
serotonina. O ato do canto e sua aprendizagem utilizam de forma intensa essas áreas, e
cada indivíduo pode apresentar diferentes formas de predileção no uso de cada uma
delas. Isso faz com que nossas inteligências sejam múltiplas e peculiares a cada cantor.
O poder do canto sobre o cérebro e sua organização, o cantor necessita de inúmeras
competências mentais para exercer sua profissão; a arte de cantar é importante para a
manutenção de um cérebro saudável, jovem, motivado e feliz, no sentido de pleno.
A voz humana para ser produzida depende de um sistema muscular e seus
subsistemas formam efetivamente a base do treinamento. Os cantores que procuram
manter o uso vocal saudável, praticam atividades físicas regulares e cantam
profissionalmente o repertório adequado à sua natureza vocal retardam
consideravelmente o processo de envelhecimento da voz.
Na contração muscular, pode haver o encurtamento do músculo (contração
isotônica) ou não encurtamento (contração isométrica).
As fibras vermelhas apresentam alta resistência e resposta lenta; as fibras brancas
são rápidas e entram em fadiga rapidamente. Os músculos rápidos são TA, CAL e AA,
sendo TA e CAL, os mais rápidos da laringe por sua função adutora com objetivo de
preservar a vida pelo fechamento glótico, ricos em fibras do tipo II. Os músculos
resistentes à fadiga são CT e CAP que são mais ricos em fibras do tipo I. a prega vocal,
cujo corpo é formado pelo músculo tireoaritenóideo, é composta principalmente por duas
camadas musculares. Cantores podem desenvolver suas vozes com base no treinamento
muscular vocal específico. Durante o treinamento vocal, o corpo vai selecionando e
recrutando as fibras: as primeiras fibras a serem recrutadas são as de alta resistência e
resposta lenta, a seguir as intermediárias e, por último, as de baixa resistência e resposta
rápida. O treinamento vocal com uso de exercícios de sustentação do tipo do trato vocal
semiocluído são imprescindíveis para o desenvolvimento da musculatura de todo o
sistema fonatório; contribuindo também para o desenvolvimento da agilidade vocal. No
aprendizado do canto, a musculatura esquelética tem papel fundamental na respiração e
postura, cujo papel estrutural é fundamental para o apoio respiratório. Sentir o corpo, a
voz de maneira plena, livre e estruturada. A atitude mental e/ou emocional reflete na
postura do indivíduo, por isso buscar o equilíbrio postural a partir de um trabalho de
autoconhecimento.
Na anatomia emocional, nosso corpo é dividido em bolsas concêntricas, que são
representadas por sanfonas, pois são flexíveis À musculatura postural, dividindo o corpo
em: 1) bolsa craniana (associada à ressonância craniana), 2) bolsa faríngea (cavidade
oral), 3) bolsa laríngea (pescoço expandido), 4) bolsa torácica (ressonância de peito) e 5)
bolsa abdominal (respiração abdominal baixa e conexão com o assoalho pélvico), forte
conexão do períneo com a produção vocal e sua sensação no corpo, a laringe é
conectada à pelve, conectando-se com o corpo todo.; o períneo através da estrutura
óssea. A irradiação da ressonância pelos ossos da coluna é uma sensação fundamental
para o cantor profissional; os músculos diafragma abdominal e peitoral maior que fazem
uma conexão da coluna vertebral com o assoalho pélvico, chegando até as pernas. Um
corpo bem estruturado interfere positivamente no apoio e na respiração do cantor. A
postura é pré-requisito para um bom apoio e para as costelas expandidas: ombros amplos
(expandidos) em vez de peito alto; a sensação de coluna alongada ou de estar mais alto
em estatura, sensação de corpo alinhado, postura nobre (elegante). A postura deve
começar pela base, com joelhos livres de tensão, pés paralelos ao quadril, costelas
expandidas e afastadas da pelve, os ombros para baixo e para trás e a cabeça elevada. A
sensação de uma atitude de inspiração manterá uma sensação de espaço interno,
permitindo uma inspiração flexível e adequada no palco.
O apoio é um estado de prontidão e uma tensão de origem muscular abdominal e
intercostal, que sustenta a coluna de ar. Postura e respiração estão absolutamente
intrincadas como função e os músculos laterais e dorsais do tórax são os grandes
protagonistas do apoio para o canto. Um corpo sem tônus postural não pode respirar ou
cantar bem. Tônus, atitude, prontidão são palavras-chave para o canto artístico e mais
ainda para aqueles que desejam produzir uma voz mais rica em ressonância, fator
fundamental para a amplificação vocal. O alinhamento do corpo e também, a parte
posterior do diafragma está bem situada no centro do corpo e sua intima relação com a
pelve. Uma estrutura postural alinhada que relaciona toda a coluna vertebral com a voz,
considerando-se as vértebras como elementos estruturais sobre os quais se constrói a
sensação da postura. Apoiada nessa postura se encontra a coluna de ar, que é
perceptível como uma energia vibrante e vigorosa. Essa coluna de ar preenche todo o
centro do corpo e, como resultado, constrói-se o som vocal sobre essa coluna de ar. Sem
uma boa estrutura corporal balanceada, não é possível construir uma respiração
adequada para o canto.
O controle respiratório é um mecanismo dinâmico cuja percepção e descrição são
individuais. Os exercícios respiratórios provocavam expansões abdominais e torácicas,
enquanto outras partes do corpo que deviam compartilhar dessa expansão,
especialmente na região lombar, eram contraídas. Não é a quantidade de ar que se
inspira que reflete a competência respiratória de um cantor, mas sim sua habilidade
treinada em administrar o ar que inspira; em parte, esse controle é responsabilidade do
treino respiratório, mas a outra parte é a habilidade do controle do fechamento glótico,
oferecendo maior resistência à saída de ar, e, consequentemente, economizando seu
uso. No canto devemos considerar o ciclo respiratório que consiste em inspiração-
fonação-expiração; a estrutura da parede torácica e, depois, a musculatura envolvida na
mecânica respiratória. A caixa torácica, cuja principal função é proteger os pulmões, é
formada por 12 costelas, ligadas a 12 vértebras na parede posterior e ao osso esterno na
parte anterior. São 07 as costelas verdadeiras, 03 as costelas chamadas falsas, por se
unirem por uma única cartilagem ao esterno, e 02 flutuantes, que não se comunicam com
o esterno. O osso esterno é de suma importância no sistema de controle respiratório;
quando o esterno é elevado, toda a região torácica será influenciada por essa ação; o
excesso de elevação do esterno implica no encurtamento das costas. Em algumas
técnicas, a elevação do esterno é ideal é alta, enquanto, em outras técnicas de canto, o
abaixamento do esterno altera consideravelmente a conformação global do sistema
fonatório. O tórax e as vias aéreas superiores trabalham integrados de forma que tudo
que ocorre em um, repercute no outro.; a elevação sutil do esterno e descreve uma
postura apenas elegante e altiva.
Os músculos respiratórios são divididos em dois grandes grupos, de acordo com
sua função principal, que são inspiratórios e expiratórios. Dos músculos inspiratórios, os
mais importantes são os músculos intercostais, divididos em internos (mais profundos,
elevam as costelas e trabalham em coordenação com os externos) e externos (mais
superficiais, que deprimem as costelas. O conjunto harmônico desses músculos é
responsável pela expansão costal e sua retração. Apesar dos músculos intercostais
externos terem função expiratória, trabalham juntamente com os internos.
Músculos: Diafragma (principal, eleva as costelas e deprime tendão), intercostal
externo (eleva as costelas na inspiração), intercostal interno (deprime as costelas na
inspiração), escaleno (eleva e fixa as costelas), torácico transverso (deprime as costelas),
quadrado lombar (empurra costela 12 e fixa o diafragma), peitoral maior (eleva as
costelas), peitoral menor (eleva as costelas), reto abdominal (sustenta e comprime as
vísceras), oblíquo externo (sustenta e comprime as vísceras; eleva o tórax), obliquo
interno (sustenta e comprime as vísceras), abdominal transverso (sustenta e comprime as
vísceras).
O diafragma só está ativo (há contração) durante a inspiração, o controle do apoio
respiratório é realizado por diversos músculos abdominais, sendo o obliquo externo mais
importante. As posições do diafragma são determinadas pelos músculos abdominais que
o circundam. Na inspiração, a pressão nos pulmões diminui, o ar começa a entrar e o
diafragma contrai e desce; e na expiração, a pressão nos pulmões aumenta, o ar é
empurrado para fora e o diafragma relaxa. Durante a inspiração, uma contração ativa
(voluntária) dos músculos intercostais eleva as costelas e as puxa para cima e para fora,
e o diafragma retifica o assoalho do tórax. Essas ações aumentam o volume dos pulmões
e criam uma queda de pressão nos pulmões, permitindo que o ar corra passivamente
para dentro das vias aéreas abertas. No canto, o controle da musculatura respiratória
(inalatória e exalatória) é de primordial importância. Por meio da expansão da caixa
torácica e da contração do diafragma, um vácuo parcial é criado nos pulmões para encher
este vácuo parcial. O controle da respiração é um equilíbrio dinâmico, usando o fluxo
aéreo e um “apoio” de caráter baixo. Manter as costelas expandidas durante as frases.
Nossa parede abdominal é um fole pneumático. Não é a quantidade de ar que se inspira
que vai determinar a capacidade do cantor, mas sim sua habilidade em administrar
sabiamente este ar que, como uma coluna vibrante, serve de combustível para a
produção vocal. O apoio é um trabalho integrado de postura-respiração-fonação.
Considerando-se os quatro fatores principais para a produção vocal: energia
respiratória, vibração, ressonância e articulação, concluímos que o primeiro fator de
amplificação vocal é a capacidade vital pulmonar associada à energia oferecida pela
musculatura expiratória, que tanto fornecem uma pressão aérea ideal quanto à
sustentação de longas frases musicais.
O céu da boca se move (véu palatino). A garganta (faringe) pode aumentar ou
diminuir seu calibre. A laringe sobe e desce de posição. A língua pode apresentar
inúmeras formas, inclusive muitas que atrapalham a boa emissão. Epiglote (função de
cobrir a glote). Osso hioide (não se articula com outro osso em nenhuma das
extremidades, garante mobilidade e flexibilidade de ação). Cartilagens corniculadas (par
de pequenas cartilagens que podem estar inseridas sobre as cartilagens aritenoides).
Cartilagens aritenóideas (par de cartilagens em forma de pirâmide, se encontram na parte
posterior da cartilagem cricóidea; o músculo vocal se insere nessas cartilagens).
Cartilagem cuneiforme (par de pequenas cartilagens secundárias, servem para prolongar
a extremidade superior das cartilagens aritenóideas). Cartilagem tireóidea (forma de anel
sobre a qual se encontra a cartilagem tireóidea numa relação de báscula). Traqueia (tubo
formado por anéis cartilaginosos traqueais separados por ligamentos que ligam a laringe
aos brônquios). Anel traqueal (cada anel cartilaginoso que forma a traqueia).
Os músculos intrínsecos da laringe estão diretamente envolvidos com a laringe e
participam de sua função fonatória, direta ou indiretamente. O segredo da produção vocal
é a aproximação das pregas vocais e o ar pressurizado que passa entre elas e gera o
chamado Som fundamental (um som baixo de pouca intensidade que será amplificado
nas estruturas supraglóticas (acima das pregas vocais). Glote é o espaço entre as pregas
vocais. Para que as pregas vocais sejam ajustadas para a fonação, apresentam algumas
funções primordiais: abrir, fechar, encurtar e alongar. Com a combinação dessas funções,
os músculos intrínsecos da laringe farão todos os ajustes necessários para a produção do
som.
Músculo TA (tireoaritenóideo) começa na cartilagem tireóidea e termina na
cartilagem aritenóidea. Possui dois feixes primordiais – medial (interno ou vocallis) e
lateral. A função fonatória é realizada prioritariamente pelo Vocallis (TA interno). O TA
externo tem papel estrutural e ajuda no fechamento glótico por meio de seu espaçamento,
e é muito importante no mecanismo de peso. O TA aduz, abaixa, encurta e espessa a
prega vocal; corpo rígido e cobertura solta, margem livre arredondada. O Vocallis é o TA
interno (fonação e tensão) e Tíreomuscular é o TA externo (adução da prega vocal).
Músculo CAP (Cricoaritenóideo Posterior) começa na cartilagem cricóidea e
termina na cartilagem aritenóidea. O mnemônico CAPRI = “C’abre” ajuda a memorizar
sua função de abertura. Aduz, eleva, alonga e afila a prega vocal; camadas rígidas e
margem livre arredondada.
Músculo CAL (Cricoaritenóideo Lateral) começa na cartilagem cricóidea e termina
na cartilagem aritenóidea; tem função oposta ao CAP. Aduz, abaixa, alonga e afila a
prega vocal, camadas rígidas, margem livre angulada.
Músculo A ou AA (Aritenóideo ou Ari-aritenóideo) juntamente com o CAL formam a
estrutura CALA – os fechadores das pregas vocais. Aduz a glote posterior.
Músculo CT (Cricoaritenóideo) começa na cartilagem cricóidea e termina na
cartilagem tireóidea. É o músculo que altera a frequência do som por meio do
alongamento das pregas vocais; ocorre o basculamento da cartilagem tireóidea sobre a
cricóidea. Aduz na posição paramediana, abaixa, alonga e afila a prega vocal; tensão
longitudinal; camadas rígidas, margem livre angulada.
Músculo AE (Ariepiglótico) e Músculo TE (Tireoepiglótico); sem função fonatória
principal, participam na constrição ariepiglótica.
Os Músculos extrínsecos são em sua maioria, os que ajustam a posição laríngea.
O osso hioide é o único osso do corpo humano que não se articula com outro osso,
apenas por músculos e ligamentos, faz com que a laringe, que está pendurada nele,
tenha muita mobilidade e flexibilidade. A laringe pode assumir várias posições que
resultam em diversos timbres vocais. Laringes altas produzem sons mais estridentes e
agudos, enquanto laringes baixas tendem a produzir um som mais escuro. Os músculos
extrínsecos são divididos em dois grupos: os que são acima do osso hioide (supra-
hióideos) que elevam a laringe; e os que estão abaixo do osso hioide (infra-hióideos) que
abaixam a laringe. Os músculos extrínsecos ajustam a laringe em posição baixa, média
ou alta. Dependendo do gênero que se canta, a laringe se ajusta mais para cima ou mais
para baixo.
Músculos Supra-hióideos: estilo-hioideo (eleva e retrai o osso hioideo), digástrico
(eleva o hioideo e deprime a mandíbula), Milo-hioideo (eleva e projeta o osso hioideo e a
língua), gênio-hioideo (puxa a língua e o osso hioideo para frente).
Músculos Infra-hióideos: Esterno-hioideo (abaixa o osso hioideo), esterno-tireóideo
(abaixa a cartilagem tireóidea), tireo-hióideo (aproxima a cartilagem tireóidea e o osso
hioideo), omo-hióideo (abaixa e retrai o osso hioideo).
As quatro propriedades mais significantes de um som musical são: 1) frequência
(altura, pitch), 2) amplitude (intensidade, loudness, volume), 3) timbre (cor, qualidade), 4)
duração. Na vibração o som que sai imediatamente das pregas vocais é chamado de som
fundamental (formante zero), é a essência do som, mas sem volume e frágil; a vibração
na fonte (glote) gera este som fundamental. O tubo é a trajetória do som entre as pregas
vocais e a boca, é o filtro ou trato vocal (principal ressonador do sistema fonatório). A
fonte é o local aonde nasce o som, trajeto no qual o som vai sofrer interferências
acústicas específicas. As paredes do trato vocal, podem estar mais ou menos tensas,
mais ou menos esticadas, podem apresentar diversos desenhos. O trato vocal tem
paredes muito móveis, com exceção do palato duro que é uma estrutura óssea; ocorre
inúmeros justes possíveis, diversificando as características do som final. O timbre original
do indivíduo, sua identidade vocal única, já é definido na fonte; entretanto as cores vocais
podem variar muito com os ajustes do filtro. Se a fonte glótica é responsável pelo som
fundamental e o filtro (trato supraglótico) é que determina as mudanças de timbre,
precisando saber como controlar este filtro.; para isso é necessário saber que estruturas
seriam controláveis pela vontade e de que modo. O trato vocal consiste das seguintes
estruturas: lábios, dentes, palato duro, véu palatino, faringe (nasal, oral, faríngea), língua,
mandíbula e laringe. Essas estruturas são fundamentais para a manipulação do som. Ao
sai da fonte, o som se encontra no espaço ariepiglótico, depois faringe, na sequência a
língua, véu palatino, mandíbula e lábios.
O som vocal é produzido com base em dois parâmetros: frequências e amplitudes.
As diversas frequências no som possuem intensidades diferentes. Os dois primeiros
formantes definem as vogais; e os 3, 4 e 5 formantes são responsáveis pelo brilho da voz
e recebem o nome de formantes do cantor. Um determinado som gera uma série de
frequências e cada uma com amplitude. No canto acontecem inúmeras manipulações de
timbre dependendo de cada gênero ou estilo. A ressonância vocal pode ser descrita de
diversas formas; é uma amplificação; responde a um equilíbrio de respiração e fonação. A
ressonância depende da coordenação fonorespiratória (fonação e ar), sendo nesse
aspecto, a voz é um instrumento triplo, pois envolve o controle respiratório, vibração e
ressonância; se há coordenação dos mesmos com liberdade do vibrador (pregas vocais),
haverá liberdade em toda a voz.
Um registro vocal é uma série de sons vocais consecutivos e homogêneos, ou seja,
são executados de um modo mecânico semelhante, e mantêm o mesmo timbre durante
certa faixa de extensão. Um registro vocal é a integração de duas partes: 1) componente
fonatório (consistindo da vibração das pregas vocais, o formato da glote e o fluxo aéreo
que produz a frequência fundamental das vibrações, percebida como pitch), 2) um
componente ressonantal ( consistindo de ajustes acústicos tanto do sistema infra quanto
supraglótico da laringe – que produz os ajustes acústicos tanto do sistema infra quanto
supraglótico da laringe – que produz o espectro harmônico, e não apenas determina que
vogal é ouvida, mas também o timbre da voz. Os ajustes entre fonação e ressonância são
recíprocos: as pregas vocais e os ressonadores afetam-se mutuamente e continuamente
de um modo complexo e integrado.
O termo registro pode ser usado em relação a duas situações: 1) a primeira se
refere às qualidades homogêneas de som produzidas por um mesmo sistema mecânico
(register) e 2) registro (registration) se refere ao processo do uso e combinação dos
registros para produzir o canto artístico.
Sobre as transições involuntários dos registros: 1) ressonâncias subglóticas
(traqueais) podem ora inibir ora facilitar a vibração das pregas vocais em uma
determinada frequência. 2) o estresse do músculo vocal atinge um limite fisiológico,
forçando um desajuste do músculo vocal para facilitar frequências ais altas.
Mecanismo de peso é aquele onde a predominância de ação está a cargo do
músculo TA; o mecanismo de leveza é aquele onde a predominância de ação está a
cargo do músculo CT; entretanto, ocorre uma negociação permanente entre os músculos
de peso e leveza para cada região da voz. Essas funções são trocadas entre eles de
maneira muito integrada. Um grupo de músculos liderados pelo TA, tem a incumbência de
suportar a carga, sustentação e tensão. Um outro grupo liderado pelo CT tem a
incumbência de alongar, adelgaçar e flexibilizar. Do conjunto destes músculos teremos os
ajustes graduais, desde o som mais pesado até o mais leve. Quando produzimos
alterações de timbre, estamos usando as paredes do trato vocal e os articuladores. As
cores e as nuances vocais dependem dos músculos laríngeos intrínsecos e extrínsecos e
do desenho que se estabelece no trato vocal. Jamais o TA estará inativo e jamais o CT
estará inativo, ambos estão ativos em toda a extensão vocal, cada um na sua proporção.
A modificação vocal é crucial na negociação da transição das zonas entre registros
e alcança um pico crucial no ponto pivotal de transição de registro, exatamente por causa
das mudanças súbitas no espectro da fonte glótica nesses pontos. A modificação do trato
vocal ocorre naturalmente se o canto mantiver: 1) alinhamento corpo-trato vocal
apropriado, 2) sensações de colocação frontal na máscara (seios frontais e nasais na
cabeça), 3) envolvimento articulatório natural, 4) controle respiratório adequado. Quando
o cantor se aproxima das zonas de transição mais agudas, é aconselhável a mudança
das vogais na direção de ajustes de maior abertura, relaxamento articulatório e mandíbula
mais caída. Os cantores deveriam evitar o uso de táticas manipulativas para cobrir
superficialmente ou escurecer o som. Cobertura como ajuste acústico que o cantor realiza
por meio da alteração do formato do trato vocal ressonador, resultando em modificação
gradual na vogal em uma escala musical e promovendo o timbre fechado em oposição ao
timbre aberto. A energia do apoio deve sustentar o trato vocal, principalmente por meio da
tensão do véu palatino. Qualquer tensão na região faríngea é nociva e a voz deve sempre
flutuar e levar o som através da coluna de ar, sem esforço, mas com tônus e atitude
artística. Registro vocal é um determinado trecho da extensão vocal que é executado com
ajustes semelhantes mantendo um mesmo timbre. Uma mudança de registro branda
envolve sutis ajustamentos da respiração, da fonação e da ressonância das vogais. A
maioria de problemas de passagem ocorrem por meio de excesso de ar empurrado nas
regiões de passagem; o importante é saber utilizar o fluxo aéreo, mantendo o tubo de
ressonância, em vez de soprar excessivamente; desse modo a passagem será facilitada.
As manobras do trato vocal são responsáveis por conectar os registros e atenuar as
quebras de regiões de passagens.
A voz é um instrumento fonético; cada vogal tem uma configuração laríngeas e
uma configuração correspondente no trato vocal com a qual se correlaciona. Na busca de
uma boa dicção deve-se corresponder ou correlacionar o som originalmente gerado com
o sistema ressonador e manobrar as consoantes apropriadamente. A consoante é uma
questão de forma, de design da voz.; ocorre acima da laringe nas estruturas
supraglóticas, enquanto os mecanismos de ajuste do pitch (frequência) encontram-se nos
espaços glóticos e infraglóticos que dependem da pressão de ar e de ajustes laríngeos os
quais aumentam a contrarresistêcia glótica. O som é influenciado pelas formas/designs do
trato vocal e a habilidade de fazer estas formas bem claras resultará em uma ótima dicção
o tempo todo. Entretanto, a integrabilidade das palavras depende mais das consoantes do
que das vogais.

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