Footing Goffman
Footing Goffman
Footing Goffman
Footing'
Erring offinan
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ERVIC GOFFMA
Os ORGANIZADORES
Jue outros lhe alteremo chão onde pisa, una vez que estka
109
OFPMAN
sujeita
ranslornnar nomentaneame
a se
caoeaprovaçao,
O nao-ou ao e
objeto dele ateaten- em
gracejo
oes. Na nossa
de Nixon
também pode trazer apenas-participante
da acão.
Iram para socicdade, toda vez
à tona outras ques-
outras (ues-
tratar de que dlois
Hervicos. ocde haver, negocios, de assuntosconhecidos eneon- se
por uma
mudança que
hierarquia, entremeada
igualitária. Em ambas
se
aproxima de uma tomada de decisão
sunto ein si
as
situações, a entrada e a saída do as-
envolvem uma
mudança de tom
qual os envolvidos pretendem alteração
e uma da
capacidade social na
atuar.
F'inalmente, é possível observar que,
de marcha ocorrem entre quando tais mudanças
mais de duas
cessar uma
pessoas, é comun se pro-
alleração destinatário. Na cena de Nixon. Helen
de
Thomas é particularizada
como uma interlocutora específica no
mOento em que se inicia a atividade
"nao-séria". (Pode ocor
rer, sinultaneamente, uma mudança na
postura, aqui de fato
bastante notória na atitude do Sr. Nixon de levantar-se de
su
nesa de traballho.)
O candidato óbvio ilustrar
para o deslocanento leito por
NIXO Csla quilo que os lingistus denomian "altermaia de
cdigo, cúdigo), no caso, relerinlo-se a linga ou dialeto. O tra-
balho dle Jobn (Gumperze colegas lorece
seus nos
t
relerencia. Ponle-st: eitar um exeplo simples (Blown e t.lllperz.
Os professores
locais também relatam que as aulas
tivas formais- em
exposi-
que se desacoselham interrupçoes
as
sao
proferidas na variante (B) norueguës padräo|, mas
qe, quando queren encorajar u a diseuSso alberta e livr
entre os alunos, os
palestrantes mudanm para a variante (R)
daleto regional do noruegues).
Por volta de 1976, em trabalho não publicado sobre unma
COmunidade na qual o esloveno e o alemao estão em
aliva, as
coexistec
questöes pureciam mais delicadas para Cunperz. F'r
nentos de diálogos colhidos entre maes e ilhas e entre r s
ERVING GOFFMAN
112
FooTING
tres segnentos como um texto continuo, sem perceber que esta
vam ocorrendo mudanças signiticativas de alinhamento entre ta-
lante e ouvintes.
Ilustrei o que chamarei de "footing" através de suas mudan-
cas. Em forma de esboço resumido:
1. O alinhamento, ou
posicionamento, ou postu-
porte, ou
ra, ou projeçao pessoal do participante está de alguma for-
ma em questão.
5. E haver,
comum em alguma medida, a
delimitação de
uma fase ou
episódio de nível "mais elevado da interação,
tendo o
novo footing um papel liminar, servindo de isolante
entre dois mais substancialmente sustentados.
episódios
Uma mudança de footing implica uma mudança no alinha-
eto
que assumimos para nós mesmos
para os Outros presen-e
CS,
expressa na maneira como conduzimos a produçao ou a re-
Cepçao de uma elocução. Uma mudança em nosso footing é um
Outro modo de falar de uma mudança em noss0
enquadre dos
ventos. Este artigo tem a
preocupação fundamental de evidenciar
2.Uma primeira referencia aparece em Goffman (1974: 496-559).
113
ERVING GOFFMAN
1ala e sua recepçao, e a pessoa que ouve, com o que esta sendo
114
FooT
ante - a palavra"-Vale Veni, P'nalnente, dliz-se que o (que se
e c o n v e r s a ou fala,
passa
O conjunto de du1as pessoas acna descrito parece de fato
ser bastante c o m i n , ° posilivO t a m b e n , o i s é dessa forma que
da nudan-
Junçao paralingüística da gesticulação, na sineronia
Ca de olhar, na mostra das evidencias de atenção (como a espiada
evideu-
mea distäncia), na avaliaçäo do alheanento ediante
l a c u s - em todas
Clds de envolvimentos colaterais e expressoes
CSsas instâncias, éevidente (que a visüoe lundaenal, anto para
traduçao de
Orgs.: Apesar de o termo "piso conversaciuonal acadenicas sobre
como
3. N. dos
corrente e n diseussoes
CDI1Cersalionalfloor ser cada vez mais
não se justilica seu emprego aqu.
uestoes sociolingüístico-interacionais, ainda metafórica entre pisO o
tero e
115
ERVING GorEMAN
"estado de lala
mo assin, os participantes continuarão num
Uma vez admitido que um encontro terá caracteristicas proprias
mesmo que seja apenas um nicio, um termino e um periodo
marcado por não constituir nenhuna dessas duas coisas-en-
116
FoOTIN;
fica evidente que qualquer perspectiva transversal, qual-
cuer parte momentanea, entocando o lalar, não uma atividade
de fala, necessaramente ira perder de vista certas característica5
importantes. CertOS aspectOs, tais como o trabalho realizado em
.N. dos
emb
Orgs.: O termo "transversal" traduz aqui original cross-sectonal
o
117
ERVING GoFFMAN
IV
Tomemos primeranente entao,a
terlocutor. ou ainda ouvidor). O oçao de
ouvinte (o
falante diz de
de process0 examinar
e
acompanhar o essencial de suas
o
observe(que un
eseutar no sentido do
comuicaçao -deve acoes-
sistema de
saida ser diferenciado loo
qual essa logo de
do monent
social no
comumente se
0s
a
que eles
cles nao gerada pela
agir de tal modo com-
pressupostos do estao
presentes;
presentes: em suma,
Contudo. por mais queparadigma conversacional que fieque
sma, de
noderão colher sejam polidos, estão que
qe
está sendo falada.algumas imlormaçoes: circunstantes aindavigor.) os
assim
em
que se
sustenta na
te
paradigmático passa a ser um
ato
concepçao do nosso ouvin-
outro sentido. Na fala entre duas
ambiguo também em mais
necessariamente "endereçado", oupessoas, ouvinte ratificado é
o
o
te
remete sua atenção visual
a seja, aquele quem falan- a o
e
para quem espera
passar o papel de falante. eventualmente
Mas, obviamente, encontros de duas
pessoas, embora comuns, nao säo os
unicos:
irequenCia, trés ou mais participantes oficiais.encontram-se. com
Em tais casos, o
1alante do momento
poderá diversas vezes dirigir suas olbserva-
Des para o círculo como
um todo, abarcando a tolos
os seus
Ouvintes com o olhar, conferindo-lhes algo
de
igualdade. No entanto,
cono uma
condiçao
maisprovavelmente, lalante endere-
o
ara suas
ua
observações, a0 menos durante
alguns momentos de
lala, ouvinte em
a um
especial, de tal manera (que, entre os
t e s oficiais, é preciso diferenciar o interlocutor endereçado
Os não-enderecados", Observe mais uma vez. que essl distl-
119
ERVING GOFFMAN
tem por propósito ser captado pelo alvo, seja ele o interlocutor
endereçado, um interlocutor não-endereçado, ou mesmo um cir-
cunstante (Fisher, 1976).
Uma questão adicional: ao afirmar anteriornente que uma
conversa poderia estar subordinada a uma tarefa instrumental
em andamento, isto é, inserida quando e onde a tarela em si
assim o permitisse, ficou estabelecido que os participantes po-
dem declinar da sua fala a qualquer monento quando se apre-
sentam motivos exigidos pelo trabalho e, em principio, retornar
a ela quando as exigencias de atenção imediata da tarefa tornem
Lal procedimento evidentemente exeqüível. Nessas circunstan
e de ritualização usual dos encontros ficaria
Clas, se supor que a
121
ERVING GoFFMAN
periodos
de silencio dura de
enlao
nem eo
ocorrendo
enfraquecida. te delinidos
definidos nem omo
nao são satisfato
variável, os
quais enconiros,
neCm comO pausas dent.
ntro
diferenfes
interlúdios entre (e nuitas
encontro.
Sob tais condiçoes
o .
tras)
de um
mesmo
"estado aberto
de fala", tendo os rarrti-
desenvolver um
pode se iniciar uma peauas
mas nao
a obrigaçao, de Iena
direito, mar
silencio, tudo isso
cipantes o sem
no arca
reincidindo entao
torrente de fala, uma outra
tosse
acrescentada apenas
como se
ritual aparente, nos deparamos
em
andament0.
Aqui
uma conversa ja
troca e n nem observa-
é nem participaçao ratificada,
com algo que näo
circunstantes, mas uma condliçao peculiar intermediária.
cão de dinämica da participação
ratificada. Ini-
Resta considerar a
estabelecida uma distinção entre o ato de
cialmente, deve s e r u m encontro em
encontro e 0 ato de aderir a
abrir e encerrar u m
122
FooTIM:
participantes, uma lorte
mstabilidade de
casos, um falante pode achar necessario participacão. Ness
anto para se prever policiar s1a platéia, nem
contra mtrometidos (pois, na verdade. ouvir
por acaso à mesa dilicilmente
precisa ser dissimulado). mas para
trazer de volta aqueles que estao ao leue encorajar futuros
cipantes que estao parti-
nepientes. Nesses ambientes,
interrupcoes.
aumentos do tom de voz e as
orientaçoes do tronco
ad-
quirir função e siguulicado especiais. (Note o modoparecem
como um
passageiro que senta no banco da frente de um táxi
pode funcio-
nar com0 um
pivo, dirigndo-se ora aos passageiros do banco de
tras. ora ao motorista, deixando eletivamente ao motorista a es-
colha de atuar como uma nao-pessoa ou como um
interlocutor
endereçado, tudo isso sem que o motorista desvie os olhos da
estrada ou dependa do conteúdo da
observação para fornecer
instruçoes de participação.) Outro exemplo de instabilidade es-
trutural pode ser observado quando dois casais se encontram. O
que antes eram duas associaçoes de duas pessoas passa então a
constituir recursos humano5 para um encontro momentaneamente
inclusivo, que pode então se bilurcar de tal modo que cada mem-
bro de uma das associaçoes que entra em cena
cumprimente pes-
Soalmente um membro da outra. Logo após, são trocados os par-
ceiros e se segue outro par de cumprimentos, podendo, após tudo
LSsO, OCorrer um reagrupamento mais consiIstente.
Perceba agora que, ao lidar com a noção de circunstantes.
foi tacilanente efetivada uma alteração de ponto de relerceia.
que antes era o encontro, e (que passou entao a ser algo mais
abrangente, a saber, a situaç o sodial", delinila como a arena
isica absoluta na qual as pessous preseules estão ao aleance vi-
sual e auditivo umas das outra. (Esss pesstNIS, e1 sI totaliula
de. podem ser chamadas de (agrupanento, sem inyplicaçes le
ualequer lipo no que tange as relaçors (qle elas nleriann, em
de for-
tes propriamente ditos. mas ouvintes casuais. ainda que
a unidade nalural
sulbstantiva. da qual
ma intencional. En geral.
azem parte as observacors autodirigidas e os apelos de resposta.
nao e necessariamente uma conversa. mas outra cOIsa qualquer.
de inicio, se examnia u n
Finalnente, observe que. quando.
individuo e>pecificoa falar- uma inmagem transversal uustant
de todos os varios
ea posIVel deserever o papel ou funçao
Inembros do agrupaento sorial cirrundante a arir desse po
124
FooTING
V
de ouvinte ou interlocutor
Argumentei até aqui que a noção
é um tanto elementar. Ao faz-lo, no entanto, me restringi a algo
semelhante à conversa cotidiana. Mas a conversa não é o únicCo
fala pode
contexto da fala.
Obviamente (na sociedade moderna) a
em discursos
tomar a forma de um monologo expositivo, como
politicos, rotinas de espetáculos de entretenimento, palestras,
re-
125
ERVING GoFFMAN
nos iludir de
linguagenm pode
que se trata de uma mesnma entidade
Ainda outras multiplicidades dle receptora.
significado devem ser con-
sideradas. Tribunas são muitas vezes colocalas sobre
dito, fica evidente que as tribunas e seus palcos; isso
acessorios nao sao as
126
FoOTI;
nicas coisas que Se
encontram nos
palcos. Temos atores tam
m. apresentand0 diseursoS uns aos outros
sob a forma de per-
sanagens que nteragem, todos
organizados de maneira tal que
OSsal ser escutados por qucm esta fora do
palco. Usamos, em
definitivo e resoluto, um termo unico,
ariter
s
Teferir aquelCs que ouvem um discurs0 "plateia, para
assistem uma políticoe aos que
a de
peça eatro; mas, novamente, não
s muitas maneiras nas
deveriam
quais esses dois tip0s de ouvintes se en-
contram numa mesma posiçao nos
impedir de ver como as suas
situacoes diferem de modo deveras relevante.
O presidente da
camara de vereadores elabora e
expressa sua fala para a sua
platéia: havendo resposta, ela deverá vir desses
fato. conforme sugerido, muitas vezes ouvintes, e, de
acompanhada de sinais
de concordância e discordäancia. Presume-se
que, exatamente por
haver tantas pessoas numa
platéia, indagações e réplicas diretas
devem ser evitadas, ou ao menos adiadas para um momento em
que se
poSsa tomar
encerrado o discurso
como
Caso um membro da platéia tente propriamente dito.
coisa que o orador diz no meio de
reagir verbalmente a alguma
decidir responder e, caso saiba o
um
discurso, o orador pode
que está fazendo, sustentar a
realidade com a qual está
das por um
comprometido. Mas as palavras dirigi-
personagem a outro numa peça
(ao menos na moderna
dramaturgia ocidental) estão eternamente bloqueadas
para a
platéia, pertencendo exclusivamente a um universo auto-incluí-
do de faz-de-conta-
embora os atores que
personagens (e de
representam esses
que certa forma também estão cortados da
iacao dramática) possam sentir-se
alenção da platéia"'.
gratificados com os sinais de
Apresentei oradores e atores como um contraste aproprado
ara o lalante da conversa,
s,
os primeiros tendo plateias, 0s ulti-
(ompanheiros de conversa. Mas
preciso cosidlerar que o
é
S pas8a no
paleo é fala apenas acidentalnete, nao anali-
éia não.Eéa
elaro
que manutenção de uma linhaa rígida entre
a
personagens
a unicu forma de se organizar as produçoes dramáticas. pla-
Um exemplo
e
o leatro iradiciona
birmanes (Becker, 1970) e, de certa forma, o nosso
nelodrama burleseo.
127
ERVING GoFFMAN
V
ha. e
Para se examinar 0s diferentes tipos de ouvintes que
128
FoOTING
nocão de situaçao SOCial na qual acontece o encontro; e, a
seguir,
deve-se observar que, em vez de lazerem parte de uma
conversa,
as palavras podem integrar uma ocasiäo de
tribuna, na qual são
freqüentes açoes que na0 constituem fala, e as palavras apa-
as
8. Sobreposta a esse padrao geral, existe uma vasta gama de praticas que
influem na conduçäo da interação. A frequencia, a duração e a ocasião de olhadas
mutuas e unilaterais podem marcar o início e o término do turno de fala, a distan-
Cla fisica, a ènfase, a intimidade, o g'ero e assim por diante - e, claro, u u
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ERINC GoFTMAN
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