Introdução A Infectologia
Introdução A Infectologia
Introdução A Infectologia
Eurico de Aguiar
2009
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Dedicatória
Aos meus pais, Jefferson e Iracema, que foram fundamentais para que
pudesse me tornar o cidadão que sou.
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Currículo resumido
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ÍNDICE
Prefácio.................................................................................................................5
Septicemia............................................................................................................82
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Prefácio
Durante vários anos procurei adotar uma metodologia que viesse facilitar o
desenvolvimento dos trabalhos microbiológicos em um laboratório clínico. A bibliografia
sobre o assunto é extensa, complexa e aplica, muitas vezes, procedimentos não acessíveis à
maioria dos laboratórios do nosso país.
Preocupado com essa questão, procurei utilizar práticas que pudessem ser adotadas
por diferentes tipos de condições de trabalho.
Reconheço que, ao menos em Brasília, as condições que dispomos nos laboratórios
da rede pública são bastante razoáveis, se comparadas com outras cidades e regiões do país.
Trabalhamos com sistemas automatizados de realização de hemoculturas, além de
sistemas automatizados de identificação e testes de sensibilidade bacteriana por
microdiluição em caldo, com determinação de concentração inibitória mínima.
Isso, no entanto, não impede que laboratórios com condições mais simples não
possam também desenvolver um trabalho de qualidade.
De 1988 até 2007 trabalhei no Hospital Regional da Asa Sul, hospital público de
nível terciário dotado de 360 leitos e de clientela constituída principalmente por gestantes e
crianças.
Além de responsável pelo setor de microbiologia do laboratório de patologia clínica,
participei ainda como membro efetivo da comissão de controle de infecção hospitalar.
É possível constatar que temos considerável aproximação com outras áreas e
especialidades, como as atividades desenvolvidas pelos infectologistas, assim como pelos
clínicos e cirurgiões que lidam com doenças infecciosas.
Em conseqüência, surgiu a idéia de desenvolver um texto que também abordasse um
pouco de um setor de tanta relevância na prática clínica e cirúrgica e que tem interface com
o nosso trabalho diário, apesar de que, por muito tempo, os livros de texto separaram
indevidamente as informações relativas à microbiologia das relativas às doenças
infecciosas.
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Como em todo exame de laboratório, as três etapas do processo (pré, per e pós-
analítico) são importantes para que o produto, ou seja o resultado do exame seja adequado e
compatível com as expectativas dos nossos clientes, médicos e pacientes.
Para que a primeira etapa seja realizada de forma correta temos primeiramente de
abordar a coleta, o transporte e a semeadura das amostras.
Passos principais a serem seguidos para uma adequada coleta de amostras para
exame microbiológico:
Desenvolvimento:
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Além disso, a amostra deve ser colhida antes do início da terapia antimicrobiana, já
que se essa regra não for seguida há riscos de um resultado falso negativo provocado pela
ação “in vitro” dos medicamentos.
Lembrar sempre das características biológicas dos microrganismos mais prováveis
de serem isolados de acordo com a suspeita clínica e o quadro apresentado pelo paciente.
Assim se suspeitamos de uma infecção por anaeróbios, deveremos colher a amostra
em um recipiente adequado que atenda as condições de sobrevida dos germes envolvidos.
Ou ainda quando há suspeita de um material conter bactérias do gênero Neisseria ou
Haemophilus, que por não resistirem a baixas temperaturas e necessitarem de
microaerofilia para se desenvolver, requerem cuidados especiais na hora de colher,
transportar, semear e incubar.
Devemos lembrar também da importância de se colher volumes adequados de cada
amostra. Isso é particularmente importante no caso das hemoculturas, em que a relação
sangue/meio de cultura deve ser rigorosa.
O momento ideal da coleta é também outro ponto importante de ser lembrado.
Nunca esquecer a identificação correta de cada amostra e pedido médico, que deve
incluir o nome do paciente, nº da etiqueta, nº do prontuário, unidade de internação, data e
hora da coleta, exames solicitados, indicação clínica, doença de base, informações sobre o
uso de antimicrobianos e identificação legível do médico requisitante.
A amostra deve, sempre, ser coletada em um recipiente adequado, que além de
permitir a sobrevida dos micróbios, impeça vazamentos ou contaminação da equipe de
saúde.
Cada material deverá ser imediatamente encaminhado ao laboratório para ser
processado.
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-A cabine de segurança biológica deve ser dotada de filtro HEPA(filtro com eficiência
de 99,99% para partículas de até 0,3 micra de diâmetro), e com abertura frontal, que
protege o operador, o material e o meio ambiente.
-Dentro do laboratório será proibido guardar alimentos ou líquidos -como água, sucos e
refrigerantes-, fazer refeições ou aplicar cosméticos.
-Não será permitido o uso de pipetagem com a boca.
-Estabelecer um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, contemplando os passos
de geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte,
tratamento e descarte.
-Todo material contaminado deve ser descontaminado antes de ser descartado.
-Ter um plano previamente estabelecido de como agir em casos de acidentes
envolvendo agentes infecciosos.
-Limpar e desinfetar todas as superfícies de trabalho no início e no término da jornada,
e sempre que houver risco de contaminação.
-Lavar as mãos imediatamente após contato com alguma amostra, após remover as
luvas e ao final do turno de trabalho.
-Manter organizadas todas as áreas de trabalho.
Hemocultura:
O sangue deve ser coletado antes de se iniciar a terapia antimicrobiana. Se isso não
for possível, coletar a amostra imediatamente antes da próxima dose do antimicrobiano.
Fazer antissepsia do local da punção venosa, inicialmente com álcool a 70% e
depois com solução iodada a 1% (ou com solução de clorohexidina), utilizando
movimentos circulares de dentro para fora. Deixar secar a área por 1 a 2 minutos, antes da
punção. Após a coleta, retirar a solução de iodo com álcool a 70%, para evitar a irritação da
pele.
As bacteremias podem ser transitórias (durante um procedimento cirúrgico;
presença de infecção grave como meningite, pneumonia, osteomielite, etc.), intermitentes
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LCR:
O LCR é coletado geralmente por meio de punção lombar, entre L3 e L4, após
prévia antissepsia do local a ser puncionado. O material é recolhido em dois frascos estéreis
e imediatamente semeado em meio de agar chocolate. Deve ser em seguida encaminhado
ao laboratório. Lembrar ainda que não se deve manter esses materiais em geladeira ou a
baixas temperaturas, por afetar bactérias como o meningococo e o Haemophilus influenzae,
comumente envolvidas em quadros de meningite bacteriana.
No laboratório será feita bacterioscopia e pesquisa de antígeno bacteriano quando a
bacterioscopia for sugestiva de meningite (glicose baixa, proteina elevada, aumento de
polimorfonucleares, etc.). Nos casos de suspeita de infecção por micobactéria ou por
fungos (Cryptococcus neoformans) poderá ser feita uma pesquisa de BAAR ou de
leveduras (método da tinta nanquim), após prévia centrifugação do material (3000 rpm por
30 minutos), desprezando o sobrenadante e utilizando apenas o sedimento para a análise.
Líquidos orgânicos:
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Urina:
Pelo menos quatro tipos de amostras de urina podem ser coletadas para cultura.
Em se tratando de neonatos ou crianças de baixa idade pode-se utilizar a punção
suprapúbica. Este procedimento requer que a bexiga esteja cheia e que antes se faça uma
antissepsia da pele. A bexiga é puncionada acima da sínfese pubiana e cerca de 5 a 10 ml
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Trato genital:
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para diagnóstico de cervicite por gonococo, a amostra deve ser colhida com swab
introduzido 1 a 2 cm no canal endocervical e em seguida feita rotação por alguns
segundos. Retirar o swab sem tocar a superfície da vagina. Colocar o swab em
meio de transporte, ou preferencialmente semear diretamente em meio de
Thayer-Martin, depois levar ao laboratório e incubar em estufa com atmosfera de
5% de CO2.
b)Masculino – para a pesquisa de gonococo pode-se usar tanto a secreção uretral como
o 1º jato de urina. No caso de haver secreção – colhida, de preferência, pela
manhã, antes de urinar - o swab é inserido 2 a 4 cm no interior da uretra e é feita
uma rotação. Em seguida o material é colocado em meio de transporte (meio de
Stuart) e semeado da mesma forma que em pacientes do sexo feminino. Em
homens a bacterioscopia da secreção uretral pode ser diagnóstica, por meio da
detecção de diplococos gram negativos intracelulares. Nos casos de ulcera onde
se for pesquisar o Haemophilus ducrey, deve-se coletar o material da base da
ulcera. Ao Gram vamos encontrar bacilos gram negativos pleomórficos e
cocobacilos em cadeias.
Cateter:
O cateter (periférico, central, arterial, Swan-Ganz, etc.) deve ser retirado do paciente
com os mesmos cuidados de antissepsia da pele que precederam a sua colocação, para se
evitar a sua contaminação com a microbiota da pele. Após remoção do cateter com técnica
asséptica, cortar os 5 cm da ponta onde estava inserida a veia do paciente, e em seguida
colocá-la em um frasco estéril e encaminhá-lo imediatamente ao laboratório.
Com a ajuda de uma pinça rolar o cateter sobre a superfície de uma placa média de
Agar sangue e em seguida colocá-lo em um tubo com caldo (tioglicolato, tripticase soja,
etc.). Incubar a placa e o tubo por até 48 horas. Fazer a contagem de colônias na placa de
Agar sangue. Segundo a técnica de Maki, devem ser valorizadas as contagens de colônias
iguais ou maiores do que 15 UFC/placa. Se não houver crescimento na placa e houver
crescimento no caldo, devemos repicar o caldo para novo Agar sangue e Agar MacConkey,
para a identificação desses microrganismos. É importante ressaltar que mesmo sem haver
isolamento na placa (ou com contagens consideradas baixas) pudemos verificar que havia
resultados significativos, ao isolarmos bactérias que normalmente não seriam valorizadas.
Um dos motivos para isso poderia ser a existência de bactérias apenas no interior do cateter
e que a simples rolagem não permitiria o seu isolamento.
Fezes:
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Secreções diversas:
a)de ouvido – o ideal é a amostra colhida pelo médico por aspiração através do tímpano,
ou seja a cultura de secreção de ouvido médio. Se for necessária a coleta de material
do ouvido externo, o próprio pessoal do laboratório poderá realizá-la, desde que
utilize o procedimento adequado. Limpar o canal auditivo com antisséptico, em
seguida lavar com solução fisiológica estéril. Só depois colher o material com swab
estéril. Fazer esfregaço para Gram e semear em um caldo (tioglicolato ou tripticase
soja), agar sangue, agar chocolate e agar MacConkey. As bactérias mais
freqüentemente envolvidas são o Streptococcus pneumoniae, e o Haemophilus
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Exames diretos
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1. Löeffler.
Composição:
Azul de metileno – 0,3 g
Àlcool etílico 95% - 30 ml
Água destilada – 100ml
Técnica: após fixar o esfregaço pelo calor, deixar o corante agir por um minuto e em
seguida lavar a lamina com água corrente e deixar secar.
Objetivo: procurar bacilos gram positivos pleomórficos que apresentem granulações
metacromáticas (azul-escuras). Podem ocorrer ainda em outros microrganismos, como
nas bactérias do gênero Propionibacterium e nos actinomicetos. Assim um resultado
conclusivo só poderá ser dado por meio de cultura para bacilo diftérico.
2. Gram.
Composição:
a) Cristal violeta – 2,0 g
Álcool etílico 95% - 20 ml
Oxalato de amonio – 0,8 g
Água destilada – 100 ml
b) Iodeto de potássio – 2,0 g
Cristais de iodo – 1,0 g
Água destilada – 100 ml
c) Acetona – 50 ml
Álcool etílico 95% - 50 ml
d)Safranina O – 2,5 g
Àlcool etílico 95% - 10 ml
Água destilada – 90 ml
Técnica: após fixar o esfregaço pelo calor, colocar o corante inicial (cristal violeta)
por 1 minuto. Depois lavar com água corrente e colocar solução de iodo por mais
um minuto. Descorar rapidamente (cinco segundos) e depois lavar com água
corrente. Deixar o contracorante (safranina) agir por 30 segundos. Lavar com água
corrente e deixar secar.
Objetivo: descrever as principais bactérias por meio de sua morfologia e por sua
capacidade de reter a associação cristal violeta-iodo, ou seja, em gram positivas
(coradas em purpura) ou gram negativas (coradas em vermelho).
3. Ziehl-Neelsen.
Composição:
a)Cristais de fenol – 2,5 ml
Álcool etílico 95% - 5 ml
Fucsina básica – 0,5 g
Água destilada – 100 ml
b)Ácido clorídrico concentrado – 3,0 ml
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4. Wright-Giemsa.
Composição:
Corante de Wright em pó – 9,0 g
Corante de Giemsa em pó – 1,0 g
Glicerina – 90 ml
Álcool metílico absoluto – 2910 ml
Misturar em frasco âmbar e deixar estabilizar por um mês antes de usar.
Técnica: usar metodologia semelhante a utilizada em hematologia.
Objetivo: importante na pesquisa de protozoários (Leishmania) e fungos (Histoplasma),
ou ainda na pesquisa de inclusões intracelulares (Chlamydia).
5. Solução de lactofenol.
Composição:
Cristais de fenol – 20,0 g
Ácido láctico –20,0 g
Glicerol – 40 ml
Água destilada – 20 ml
Dissolver o ácido láctico e glicerol em água destilada. Depois acrescentar azul de
algodão (0,05 g). Deixar a suspensão repousar por dois dias e, em seguida, filtrar em
papel.
Técnica: uma gota do corante sobre uma preparação de pesquisa de fungos. Colocar
lamínula em ângulo de 45º, para evitar a formação de bolhas. Fazer leitura com objetiva
de 10 e de 40X.
Objetivo: ver as estruturas coradas de fungos filamentosos (micélios e órgãos de
reprodução).
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Meios de cultura
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Alguns preferem utilizar o Agar XLD, por permitir mais facilmente identificar colônias de Shigella
e de Salmonella.
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Taxonomia microbiana
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Como na tipagem de Salmonella como sendo do grupo A, B, C ou D, por exemplo.
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Testes de identificação:
Violeta de genciana (CV) – os estreptococos crescem na presença do corante, enquanto
os estafilococos não.
Micrococos (MS) – o crescimento em baixas concentrações de bacitracina (0,04 U) é
utilizado para diferenciar os micrococos (sensíveis) dos estafilococos (resistentes).
Nitrato (NT) – os estafilococos reduzem nitrato a nitrito (cor vermelha), enquanto os
estreptococos não reduzem.
Novobiocina (NOV) – são resistentes à novobiocina algumas espécies de estafilococos,
como o S. sapropyticus, S. xylosus, S. cohnii e S. sciuri.
Glicosidases (PGR,PGT) – a presença da enzima é detectada pela formação de um
produto de cor amarelada .
Indoxil fosfatase (IDX) – este teste é equivalente ao da coagulase. Os estafilococos que
têm essa enzima são também coagulase positivos, levando à formação de um composto
de cor azul.
Voges-Proskauer (VP) – formação de um produto de cor vermelha na reação positiva,
de forma semelhante ao que ocorre com os bacilos gram negativos.
Optoquina (OPT) – o pneumococo é sensível à optoquina. Os demais cocos gram
positivos não são inibidos pela substância.
Fosfatase (PHO) – a reação positiva forma um produto de cor amarela.
Bile esculina (BE) – a reação positiva forma um precipitado negro.
Pirrolidonil-beta-naftilamida (PYR) – a reação positiva , que corresponde a presença da
enzima pirrolidonase, produz uma cor vermelha após a adição do reagente de peptidase.
Arginina (ARG) – a cor vermelha corresponde a reação positiva, ou seja a
desidrolização do aminoácido.
Uréia (URE) – a formação de amonia leva a produção de uma cor vermelha.
Carbohidratos (RAF, LAC,TRE,MNS, SOR, ARA, RBS, INU, MAN) – a fermentação
de cada açúcar leva a formação de cor amarela.
NaCl 6,5% (NACL) – a tolerância ao sal é uma característica dos estafilococos e
enterococos.
Bacitracina (BAC) – a sensibilidade à bacitracina é característica do Streptococcus
pyogenes (grupo A de Lancefield).
Piruvato (PRV)– a reação positiva leva a formação de uma cor amarela.
Beta-lactamase (BL) – a presença de beta-lactamase é detectada pela adição de
penicilina e iodo ao pocinho BL. Se houver a enzima o iodo liga-se ao anel beta-
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Painel de identificação de leveduras: o ideal é que a levedura tenha sido isolada a partir
do agar dextrose Sabouraud. Não devem ser usados meios que contenham sangue. Usar
o painel de identificação rápida de leveduras.
Preparo do inóculo: remover do agar (após 24 horas de crescimento) uma quantidade de
colonias em tubo contendo 3 ml de água estéril, suficiente para alcançar uma turbidez
equivalente ao padrão de turbidez para leveduras do fabricante.
Após homogenizar o inóculo por meio de agitação, adicionar 50 microlitros da
suspensão a cada pocinho do painel contendo substrato, e nos poços controle. Agitar
lateralmente o painel, tampar e depois colocá-lo no aparelho. A leitura é feita após 4
horas de incubação.
Testes de identificação:
Substratos de aminoácidos (HPR,ILE, PRO,TYR,etc.) – a reação positiva produz uma
cor púrpura, obtida pela presença de uma enzima que faz a hidrólise do aminoácido.
Utilização de carbohidratos (SUC,TRE, etc.) – a reação positiva produz uma cor
amarela relativa à queda do pH, pela produção de ácidos.
Substratos nitrofenil (AGL, BGL, AGL, etc.) – a presença da enzima leva a liberação de
compostos nitrofenol, levando a um produto de cor amarela.
Indoxil fosfatase (IDX) – a presença da fosfatase libera o radical indoxil que ligado ao
oxigênio forma um precipitado azul.
Uréia (URE) – a presença de urease leva a formação de amônia, que eleva o pH
produzindo coloração vermelha.
Identificação das leveduras: mesmo princípio dos outros painéis, com a produção de um
biotipo, com vários dígitos, que é comparado com um banco de dados do fabricante do
painel.
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Os cartões mais comumente empregados na rotina são os de cocos gram positivos (GPI
e GPS), bacilos gram negativos (GNI e GNS), além de leveduras (YBC). Há ainda
outros menos utilizados como os de identificação de bactérias anaeróbicas (ANI) e de
bactérias fastidiosas como as dos gêneros Hemophilus e Neisseria (NHI).
Identificação dos cartões: cada cartão deve ter sua identificação numérica (seis dígitos)
anotada no campo adequado para isso.
Os cartões de bacilos gram negativos devem ter o espaço redondo existente preenchido
da seguinte forma:
( ) - oxidase negativa (enterobactérias e alguns não fermentadores como os do gênero
Acinetobacter).
( ) - oxidase positiva (alguns não fermentadores como os do gênero Pseudomonas).
Os cartões de cocos gram positivos devem ter o espaços preenchidos da seguinte forma:
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Para leveduras:
a) Usar apenas um tubo, com 1,8 ml de salina esterilizada em concentração de
0,45% de NaCl.
b) Preparar inóculo compatível com escala 2 de McFarland (faixa verde).
c) Usar cartão de leveduras (YBC). Nesse caso não há cartão de sensibilidade.
d) Continuar como as etapas anteriormente citadas (e a i).
d) Incubar o cartão por 24 horas a 35ºC fora do aparelho, antes de se fazer a
primeira leitura no VITEK. Inserir dados do paciente . Não havendo leitura final,
reincubar por mais 24 horas a 35ºC, antes de fazer a 2ª leitura.
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Enterobactérias:
De todas as amostras recebidas por um laboratório diagnóstico são as
enterobactérias os microrganismos mais encontrados, especialmente em se tratando de
amostras de pacientes com suspeita de infecção urinária.
Esse grupo de bactérias que hoje compreende um considerável número de gêneros e
de espécies representam importante fonte de infecções comunitárias e hospitalares,
além de constituir um grupo de elevada resistência aos antimicrobianos, especialmente
as cepas de origem nosocomial e especialmente as produtoras de beta-lactamase de
espectro estendido (ESBL).
A identificação preliminar desse grupo de bactérias é simplificada se nos atentarmos
para algumas de suas principais características, como:
•Crescimento de colonias grandes, acinzentadas, com ou sem
hemólise, em placas de agar sangue.
•Ao Gram, verifica-se a presença de bacilos gram negativos.
•A glicose é fermentada, a reação de citocromo oxidase é
negativa e o nitrato é reduzido a nitrito.
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Shigella - - - - - - - - - - -
Edwardsiella - + + - + - - - + + +
Salmonella - + + - - + - - + + +
Klebsiella + ++ - + -/+ + - + - + -
Enterobacter + ++ - + - + - - + +/- +
Serratia - + - + - + - - + + +
Morganella - + - - + - + ++ + - +
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+ = 90% ou mais de cepas positivas.
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P. aeruginosa 2 + + + + + V
P. fluorescens + - + + - +
P. putida + - + + - -
P. stutzeri3 - - + - - -
B. pseudomallei + + + + - V R
B. cepacia w1 + + - + V R
B. gladioli - + + - - + R
B. pickettii + + + - - + R
S. maltophilia2 - + + - + - S
A. baumannii + - - + + +
A. haemolyticus - + + V + -
A. calcoaceticus - - - + + +
A. lwoffii - - - - - -
1
Em agar, produz fluorescência sob luz ultra-violeta, ou um pigmento amarelo no meio sob a luz
visível. A piocianina é um pigmento azul, derivado da fenazina. A mistura dos dois pigmentos é que fornece a
cor verde brilhante característica da P. aeruginosa.
2 Cepas multiresistentes podem ser sensíveis à polimixina.
3 Colonias de aspecto enrugado ou pregueado. Cerca de 80% das cepas cresce em NaCl 6,5%.
Burkholderia e Stenotrophomonas:
1
Fracamente positiva. O complexo Burkholderia cepacia é constituído por nove espécies distintas.
2 Esculina positiva. Também é DNase positiva. A bactéria é sensível à associação sulfa-trimetoprim.
Não há ainda teste de sensibilidade padronizado para esta bactéria.
Acinetobacter:
3
Ao gram aparecem como cocobacilos gram negativos, crescem em agar MacConkey como colonias
meio rosadas, oxidase negativas, OF glicose e lactose geralmente positiva, e são motilidade negativa.
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Shewanella putrefaciens: facilmente identificável por ser o único não fermentador que
produz H2S .
Estafilococos:
São cocos gram positivos que se encontram isolados, aos pares e agrupados,
representando o segundo grupo de bactérias mais isoladas em laboratório clínico, logo
após o grupo das enterobactérias.
São bactérias bastante resistentes ao ressecamento, daí porque são encontradas
como principais participantes da microbiota da pele. Por isso são tão freqüentemente
isoladas a partir de infecções cutâneas.
São ainda responsáveis por diversos quadros infecciosos, desde simples
conjuntivites até bacteremias, sendo considerados atualmente os principais responsáveis
por quadros de septicemias, especialmente as espécies S. aureus e S. epidermidis.
São catalase positivas (reação feita em lâmina, usando-se H2O2 a 3%,
preferencialmente isoladas de um meio sólido sem sangue). Imóveis. Não formam
esporos e geralmente não têm capsula. A maioria das espécies é anaeróbica facultativa.
As únicas espécies que se desenvolvem melhor em anaerobiose que em atmosfera
aeróbica são o S. aureus subsp. anaerobius e o S. saccharolyticus e que têm ainda como
importante característica apresentarem reação de catalase negativa. Os estafilococos
crescem em meio de elevada concentração salina.
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Anteriormente identificado como Flavobacterium meningosepticum.
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Micrococcus Staphylococcus
Fermentação
da glicose - +
Formação de
tétrades + -
Sensibilidade
à bacitracina S R
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Estreptococos:
São cocos gram positivos dispostos aos pares e em cadeias, encapsulados, catalase
negativos, anaeróbios facultativos, sendo que muitas cepas crescem melhor com
aumento da concentração de CO2, como o S. pneumoniae. São ainda oxidase negativos.
A capacidade de formar cadeias ocorre, principalmente, em meio líquido (caldo).
Requerem meios ricos em nutrientes (sangue ou soro) para se desenvolverem.
Os estreptococos constituem, assim como os estafilococos, um importante grupo de
bactérias responsáveis por diversos tipos de infecções, desde uma simples amigdalite
até quadros de endocardite bacteriana.
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PYR – negativo.
VP – positivo.
CAMP - positivo1.
Hidrólise do hipurato – positiva.
PYR – negativo.
CAMP – negativo.
Beta glicuronidase – positiva.
Trealose – negativa.
VP – positivo.
Esculina – positiva.
Urease – negativa.
Inulina – positiva.
1
CAMP – a maioria dos estreptococos do grupo B produzem uma proteina extracelular que se
difunde no meio (agar sangue de carneiro) e que age sinergisticamente com a lisina estafilocócica para
produzir maior hemólise.
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Optoquina1 – sensível.
Bile solubilidade2 – positiva.
Esculina – negativa.
Enterococos:
1
Zona de inibição maior que 14 mm com um disco de 6 mm de diâmetro, ou maior que 14 mm para
um disco de 10 mm de diâmetro, após incubação “overnight”, a 35°C, em atmosfera de 5% de CO2.
2
Teste atualmente pouco utilizado devido à sua complexidade técnica.
3
S. anginosus apresenta algumas características como VP, arginina e esculina positivas.
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E. faecium + + + V + + + -
E. casseliflavus + + + V + + + +
E. durans - + - - + + + -
E. gallinarum + + + - + + + +
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Leuconostoc:
As bactérias do gênero Leuconostoc são cocos gram positivos que crescem aos
pares e em cadeias, são catalase negativos e podem ser confundidos com os
estreptococos. São naturalmente resistentes à vancomicina como os Pediococcus.
Produzem gás a partir de glicose.
São raramente isolados a partir de amostras biológicas, como agentes de infecções
oportunistas. Podem provocar bacteremias, meningites (incluindo neonatais) e outras
infecções graves em pacientes imunodeprimidos e/ou que sofreram considerável
superação das barreiras de defesa do organismo.
A resistência à vancomicina deve-se à estrutura molecular da parede celular dessas
bactérias ( não há sítio de ligação para a vancomicina). Há ainda resistência cruzada
com a teicoplanina, apesar de continuarem sensíveis à maioria dos agentes com
atividade para os estreptococos, como a penicilina e ampicilina.
2
Facklam, R.R. Enterococcus, In Manual of Clinical Microbiology, 7th edition.
45
46 46
Formação de esporos:
1.Bactérias formadoras de esporos, como o gênero Bacilllus.
2.Bactérias que não formam esporos, ou os demais gêneros de
importância médica.
Morfologia celular:
1.Bacilos regulares, ou seja cujas extremidades longitudinais não
se curvam.
2.Bacilos irregulares, ou seja cujas extremidades longitudinais se
curvam ou não são paralelas.
Pigmentação das colônias:
1.Colônias com pigmentação.
2.Colônias sem pigmentação.
Reação de catalase:
1.Positiva, como nos gêneros Corynebacterium e Listeria.
2.Negativa, como no gênero Lactobacillus.
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Esquema inicial de identificação dos bacilos gram positivos de maior importância médica:
Morfologia celular betahemólise1 catalase Mot2 H2S Esc3 Fermentação4
Gli Man Sal
Listeria Cocobacilos + + + - + + - +
Gram positivos
Erysipelothrix - - - + - + - -
Bacilos gram
positivos, podendo
formar longos filamentos
Lactobacillus - - - - - + V V
Bacilos longos que
tendem a formar cadeias
Corynebacterium V + - - - + + -
Bacilos com aspecto
claviforme ou em letras
chinesas
Rhodococcus5 - + - - V + V +
Parcialmente álcool-ácido resistentes
1
Em agar sangue de carneiro.
2
A 25°C, quando pode-se verificar o crescimento “em guarda-chuva” da Listeria monocytogenes.
3
Hidrólise da esculina.
4
Fermentação com produção de ácido em glicose, manitol e salicina.
5
R. equi apresenta colônias rosadas e é CAMP +.
47
48 48
Corinebactérias:
São bacilos gram positivos irregulares, que em geral tem forma de clava (ou em
letras chinesas), crescem em atmosfera aeróbica, não produzem esporos e são catalase
positivos. Compreendem 46 espécies, sendo que 31 delas tem alguma importância médica.
Fazem parte da microbiota da pele e membranas mucosas.
Se desenvolvem bem em agar sangue de carneiro e não crescem em agar
MacConkey. Algumas espécies crescem melhor em incubação por até 48 horas e em
atmosfera de 5% de CO2.
A principal espécie é o Corynebacterium diphteriae1, responsável, ainda hoje, por
um bom número de casos de difteria em várias regiões do mundo. Em 1994, na antiga
União Soviética, houve uma epidemia com cerca de 40 mil casos, devido à interrupção dos
esquemas de vacinação.
Além da espécie de maior significado clínico, várias outras corinebactérias são
capazes de provocar quadros infecciosos, especialmente quando mais de uma cultura for
positiva e quando a amostra tiver sido adequadamente colhida, ou seja quando não houver
risco de contaminação.
C. diphteriae V - - - + + -
C. jeikeium - - + + + V -
C. minutissimum - - + + + V +
C. ulcerans - + - + + + -
C. urealyticum - + + V - - -
C. xerosis + - + + + + +
1
Para o isolamento de C. diphteriae são utilizados meios especiais como o CBTA (agar sangue com
cistina telurito).
48
49 49
1
As espécies H. ducrey, H. haemolyticus e H. parahaemolyticus não requerem CO2.
2
Sangue de cavalo.
3
geralmente tipo b, o único de seis tipos de capsula que contem ribose ao invés de uma hexose, uma
propriedade relacionada com a virulência da bactéria.
49
50 50
N. gonorrhoeae + - - -
N. meningitidis + + - -
N. lactamica + + + -
B. catarrhalis - - - -
50
51 51
A Branhamella (Moraxella ) catarrhalis difere das Neisserias por não produzir ácido
a partir de nenhum dos quatro açúcares (glicose, maltose, lactose e sacarose).
51
52 52
1
O padrão 0,5 de McFarland corresponde a (1x10)8 UFC/ml.
Agar sangue deve ser utlizado para o teste da sensibilidade de cepas de S. pneumoniae.
52
53 53
53
54 54
uso do MHA especial. Com o uso de disco de cefoxitina é possível detectar 99,6% dos
casos dos estafilococos que possuem gene mecA.
Alguns discos de antimicrobianos permitem que seja feita extrapolação para outros
tipos de resultados, como:
Sensibilidade Microrganismo Extrapolação de resultados
A resistência do S. pneumoniae à penicilina, pode ser feita por meio do teste com
disco de oxacilina de 1,0 mcg. Cepas que apresentem diâmetro do halo menor ou igual a 19
mm devem ser reportadas como resistente até que o teste de diluição seja concluído.
Controle de qualidade:
O controle de qualidade dos testes de sensibilidade deve ser feito desde a preparação
dos meios de cultura (pH, volume de meio por placa, espessura do meio, esterilidade,
eficiência, etc.) até o uso de cepas de referencia, como a E. coli ATCC 25922, a P.
aeruginosa ATCC 27853 e o S. aureus ATCC 25923. A última edição CLSI apresenta os
limites aceitáveis dos resultados dos testes de difusão com as três cepas ATCC. Halo de
inibição de crescimento em mm:
Antimicrobiano Conteúdo disco E. coli S. aureus P. aeruginosa
(em mcg) 25922 (em mm) 25923 (em mm) 27853 (em mm)
amicacina 30 19-26 20-26 18-26
ampicilina 10 16-22 27-35 -
cefazolina 30 21-27 29-35 -
ceftazidime 30 25-32 16-20 22-29
oxacilina 1 - 18-24
54
55 55
55
56 56
56
57 57
57
58 58
Para a coleta de todas as amostras o aparelho foi colocado a uma altura de 1,5
metros do solo, de acordo com a Norma Técnica 001 da Resolução nº 176 do MS.
Para o isolamento de bactérias foram utilizadas placas de agar sangue de carneiro a
5%, marca Bio Mèrieux, e para o isolamento de fungos foram utilizadas placas de agar
Sabouraud dextrose a 4%, marca Plast Labor, devidamente certificadas e dentro do prazo
de validade.
As placas foram incubadas a uma temperatura média de 35ºC, por dois dias, para as
culturas bacterianas e a uma temperatura média de 25ºC, por sete dias, para as culturas de
fungos.
A identificação bacteriana foi feita apenas para grupos de bactérias (cocos gram
positivos, bacilos gram positivos, etc.), utilizando-se como parâmetro a morfologia dos
microrganismos e suas respectivas características pela coloração de Gram.
A metodologia utilizada para a identificação dos fungos, como gênero, consistiu
inicialmente na observação das características macroscópicas das colônias e na observação
de suas características microscópicas coradas com a solução de azul de lactofenol,
procurando-se identificar as características taxonômicas dos micélios vegetativos e das
estruturas de reprodução.
O número de colônias de fungos e de bactérias foi determinado para metros cúbicos
de ar.
Os fungos são organismos eucarióticos, com cerca de 250 mil espécies e cujos
principais grupos taxonômicos compreendem os zigomicetos, os ascomicetos, os
basidiomicetos e os deuteromicetos. Das espécies conhecidas, apenas cerca de 150 são
consideradas como patógenos humanos primários .
Os fungos contaminantes do ar fazem parte, principalmente, do grupo dos
ascomicetos, que produzem esporos assexuados chamados conídios e onde está a maioria
dos fungos alergênicos como Alternaria, Aspergillus, Fusarium e Penicillium.
Os esporos dos fungos encontrados no meio externo se infiltram nos ambientes
internos especialmente através de portas, janelas e sistemas mecânicos de ventilação.
Encontrando a umidade necessária, esses esporos germinam e se transformam em fungos
com micélio germinativo, que vão dar origem a novos esporos e daí a novo ciclo
reprodutivo.
Além de poderem causar doenças por ação direta, alguns fungos produzem
micotoxinas como as aflatoxinas, as fumonisinas, os tricotecenos e as ocratoxinas, que
podem desenvolver desde alguns tipos de câncer, como o carcinoma hepatocelular, até
nefropatias. Essas toxinas são produzidas, principalmente, pelos mesmos fungos
encontrados no meio ambiente, como os Aspergillus, Fusarium e Penicillium. Por conta
desses problemas, passou-se a dar maior ênfase à saúde ambiental, que tem como um de
seus objetivos a prevenção dos danos à saúde causados por contaminantes presentes no
meio ambiente, fazendo com que os níveis dessas exposições sejam mantidos em patamares
que não constituam risco inaceitável à saúde do ser humano.
Nosso estudo identificou diversos tipos de fungos, que são considerados
contaminantes habituais do meio ambiente externo e interno, como Penicillium,
Aspergillus, Fusarium, Alternaria, Geotrichum, Mucor, Rhizopus, Curvularia, Rhodotorulla
e Candida, entre outros.
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59 59
59
60 60
Resistência bacteriana
A aquisição de material genético a partir de outra bactéria pode ocorrer por meio de
um rearranjo de segmentos de A D N como inversões, duplicações, inserções, deleções
ou transposições através de vetores como plasmídeos (A D N extracromossomico com
capacidade de replicação autônoma), transposons ou genes saltadores ( elementos
genéticos que têm a capacidade de se translocar de uma área do cromossomo bacteriano
a outro ou entre um cromossomo e um plasmídeo, porém sem a capacidade de auto-
replicação dos plasmídeos) ou mesmo por meio de bacteriófagos (vírus que infectam
bactérias e que podem transmitir segmentos de A D N de uma bactéria a outra de
mesma espécie, geralmente). Pode ainda ocorrer a resistência induzida, fenômeno
genético que resulta da desrepressão de genes que inativam antibióticos, como no caso
de bactérias como a Serratia que produz beta-lactamases induzidas pelo uso de
antibióticos beta-lactâmicos.
60
61 61
a) Inibição enzimática, como no caso das beta-lactamases que degradam o anel beta-
lactamico das penicilinas e/ou das cefalosporinas ou ainda como no caso das enzimas
que inativam os aminoglicosídeos.
d) Alterações nas enzimas alvo, como no caso de alterações nas PBPs (proteinas
ligadoras de penicilinas) e que são, na verdade, enzimas que participam da
formação da parede celular das bactérias gram positivas. Esse mecanismo de
resistência ocorre, por exemplo, no caso dos pneumococos resistentes à
penicilina e na resistência do S. aureus à meticilina (mecA); ou ainda como
modificações da girase bacteriana levando ao surgimento de resistência às
quinolonas.
Dados do Centro de Controle de Doenças (CDC) estimam que cerca de 1/3 das
prescrições de pacientes ambulatoriais nos E.U.A. são inadequadas. Um dos motivos
reside em que boa parte das infecções respiratórias agudas é provocada por vírus, o que
torna inútil a prescrição de antimicrobianos. Em consequência, o uso racional de
antimicrobianos é o melhor meio de minimizar o aumento da resistência ao longo do
tempo.
O uso racional passa, necessariamente, por um programa de educação continuada
no uso dessas drogas, por um apoio laboratorial rápido e eficiente, e por um maior
controle do uso de antimicrobianos.
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62 62
Deve-se procurar evitar - sempre que possível - as associações, fazendo com que
alguns medicamentos, como os glicopeptídeos, os carbapenêmicos e as cefalosporinas
de última geração, só sejam utilizados em casos de real necessidade, como na
multiresistência, no sentido de preservá-los e não torná-los ineficientes rapidamente,
como tem ocorrido com outros antibióticos com níveis elevados de resistência para
diversos grupos bacterianos.
Atualmente, sabe-se que princípios de farmacocinética e de farmacodinâmica são
essenciais para um melhor aproveitamento do uso de antimicrobianos, inclusive de
forma a se evitar o desenvolvimento precoce de resistência.
Antimicrobianos como as penicilinas são do tipo concentração dependente, ou seja,
o importante é manter o máximo de tempo possível a concentração da droga em níveis
superiores à concentração inibitória mínima.
Nesse caso o intervalo entre as doses deve ser rigorosamente seguido, sob pena de
propiciarmos doses sub-inibitórias que facilitariam o desenvolvimento de resistência
microbiana.
Alguns estudos recentes têm demonstrado que para haver eficicácia terapeutica a
concentração livre da droga (não ligada a proteinas como a albumina) deve estar acima
da CIM, no mínimo, em torno de 40 a 50% do intervalo entre as doses.
Os carbapenemicos apresentam características diferentes (efeitos bacteriostáticos e
bactericidas ocorrendo mesmo com intervalos menores, como de 20 a 40% do intervalo
entre as doses) devido ao efeito pós-antimicrobiano relevante e pela maior afinidade
para as proteinas ligadoras de penicilinas (PBPs).
Por outro lado, antimicrobianos como os aminoglicosídeos são dose dependente, ou
seja, o importante é a concentração máxima atingida pela droga, que nesse caso
predomina sobre o tempo. Nesse caso também é fundamental alcançarmos no local da
infecção uma relação Cmax/CIM de aproximadamente 10, ou seja a relação entre
concentração máxima atingida pela droga em relação à concentração inibitória mínima
deve ser em torno de 10 vezes.
São exemplos de antimicrobianos do tipo tempo-dependente: penicilinas,
cefalosporinas, carbapenêmicos, macrolídeos, glicopeptídeos e oxazolidinonas.
São exemplos de antimicrobianos tipo concentração-dependente: aminoglicosídeos
e fluoroquinolonas.
Outro aspecto importante que deve ser lembrado para minimizar o aumento da
resistência é o isolamento precoce de pacientes portadores de bactérias multiresistentes,
como nos casos de surgimento de enterococos resistentes à vancomicina, e ainda no
rastreamento dos seus contatos de forma a eliminar rapidamente essas cepas.
Outro problema reside no uso não humano de antimicrobianos, particularmente na
sua utilização como parte da ração de porcos e aves, o que também tem contribuído, de
maneira significativa, para o aumento da resistência bacteriana.
É importante ressaltar o papel da comissão de controle de infecção hospitalar, que
como equipe multidisciplinar - geralmente contando com a participação de um
administrador hospitalar, um epidemiologista, um infectologista, um microbiologista,
um farmacêutico e uma enfermeira - costuma ser responsável pelo desenvolvimento de
um programa de vigilância das infecções nosocomiais e pela definição de estratégias
para o controle e o uso adequado de antimicrobianos dentro do ambiente hospitalar,
consequentemente atuando no combate do aumento da resistência bacteriana.
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63 63
Penicilinas:
63
64 64
Cefalosporinas:
64
65 65
Carbapenemicos:
65
66 66
Monobactâmicos:
Aminoglicosídeos:
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Glicopeptídeos:
Macrolídeos:
67
68 68
Lincosamidas:
Tetraciclinas:
Apesar de terem sido lançados há bastante tempo, são antibióticos pouco utilizados
na prática médica atual devido não só aos crescentes níveis de resistência bacteriana
como também aos efeitos colaterais que induzem e que os tornam contra-indicados para
gestantes e crianças de até oito anos de idade(se fixam nos tecidos ósseos em formação
do feto, podendo levar a malformações ósseas e dentárias).
Classificação:
• Primeira geração: tetraciclina, clortetraciclina, oxitetraciclina.
• Segunda geraçao: minociclina e doxiciclina.
• Terceira geração: tigeciclina (considerada como a primeira de um novo grupo de
antibióticos, as glicilciclinas).
São drogas bacteriostáticas que inibem a síntese proteica por ligação com a fração
30S dos ribossomos. O mecanismo de resistência mais comum é a ativação do efluxo
do antibiótico para o exterior da célula. Pode ainda ocorrer inibição enzimática, como
visto em cepas do grupo Bacteroides fragilis. Os antibióticos mais ativos desse grupo
são a minociclina, a doxiciclina e a tigeciclina. São de atuação intracelular, sendo
indicados nas infecções por riquétsias, clamídias, brucelas e micoplasmas. Por
68
69 69
Quinolonas:
São drogas derivadas do ácido nalidíxico que agem pela rápida inibição da síntese
de ADN, inibindo a ADN girase bacteriana e a topoisomerase IV, que são enzimas
essenciais à sobrevivência da célula bacteriana, responsáveis pela estrutura de
superhélice do ADN. As quinolonas são divididas em diferentes gerações, de acordo
com o espectro de ação, adição de fluor na posição 6 da molécula e farmacocinética
das drogas. A resistência às quinolonas surge após o aparecimento de enzimas
modificadas ( do alvo de ligação) que não sofrem inibição por essas drogas, como pode
ocorrer com cepas de S. marcescens e de E. coli. Outro mecanismo importante consiste
em processo de efluxo, que retira a droga do interior da célula, como na P. aeruginosa.
A resistência cruzada entre as fluoroquinolonas é quase total, sendo as pequenas
diferenças eventualmente existentes de pouca importância prática. Os efeitos colaterais
costumam se restringir à intolerância digestiva. As fluoroquinolonas não devem ser
utilizadas em gestantes ou em pacientes pediátricos, pois podem ocasionar alterações
nas cartilagens de crescimento. As primeiras quinolonas se restringiam a administração
oral. A partir das de segunda geração, com o surgimento das fluoquinolonas, passaram a
poder ser administradas tanto por via oral como por via endovenosa.
Classificação das quinolonas:
a) Primeira geração: ação antimicrobiana limitada às enterobactérias, sem atividade
contra gram positivos e com ação somente em vias urinárias e intestino. Exemplos:
ácido nalidíxico e ácido pipemídico.
b) Segunda geração: elevada ação contra cocos e bacilos gram negativos, moderada
ação contra P. aeruginosa , ação contra estafilococos sensíveis à oxacilina e com
concentração sistêmica em diferentes órgãos, com exceção do norfloxacin dirigido
apenas às infecções urinárias e intestinais. Exemplos: norfloxacin, ciprofloxacin,
levofloxacin e ofloxacin.
c) Terceira geração: são as chamadas quinolonas respiratórias, que têm ação contra
estreptococos hemolíticos, pneumococos e bactérias das pneumonias atípicas.
69
70 70
Sulfas:
Oxazolidinonas:
70
71 71
Estreptograminas:
Cloranfenicol:
Anfotericina B:
71
72 72
penetração dessa droga nas meninges inflamadas. A associação das duas drogas, ou
seja, permite obter efeito sinérgico ou, no mínimo, aditivo em relação ao uso isolado
de cada uma. A fluoroocitosina tem como principais efeitos adversos alterações
hematológicas – como leucopenia, anemia e trombocitopenia – e elevação das
enzimas hepáticas.
72
73 73
Penicilina:
Ampicilina e amoxicilina:
Amoxicilina/Clavulanato:
Penicilinas anti-estafilocócicas:
Cefalosporinas:
73
74 74
Monobactâmicos:
Carbapenêmicos:
Cloranfenicol:
Apesar de ser uma droga tóxica, continua sendo uma alternativa para tratamento de
infecções sistemicas graves causadas por Enterococcus faecium (VRE).
Lincosamidas:
A clindamicina é ativa contra a maioria dos cocos gram positivos, mas não para os
enterococos.
Sulfa-trimetoprim:
74
75 75
Seu uso principal continua sendo para o tratamento de infecções urinárias causadas
por germes sensíveis.
Vancomicina:
Linezolida:
A linezolida é igualmente efetiva quando administrada tanto por via oral como por
via endovenosa.
Macrolídeos:
Metronidazol:
Sua longa meia vida permite sua utilização em dose única diária.
75
76 76
Pode-se afirmar que, de uma maneira geral, utiliza-se pouco o potencial atual da
microbiologia clínica. Talvez isso seja ainda reflexo da maneira pouco ágil com que
trabalhávamos até um passado recente. Com os novos métodos de trabalho, e com a
chegada da automação, as respostas têm sido cada vez mais rápidas e eficientes. Como
exemplo poderia citar as hemoculturas automatizadas que costumam se positivar, na
maioria dos casos, em 24 a 48 horas. Uma simples bacterioscopia de uma hemocultura
positiva pode ajudar consideravelmente na condução do tratamento antimicrobiano, até
a liberação final da cultura.
Por outro lado, sabemos que nem sempre febre é sinal de infecção. Ela pode ocorrer
por várias outras causas e também há pacientes - como os idosos, neonatos e
imunodeprimidos em geral - que podem ter infecção sem apresentar elevação da
temperatura corporal.
Há ainda doenças infecciosas que pelo quadro clínico característico dispensam, na
maioria das vezes, o apoio laboratorial para o seu diagnóstico, como é o caso de
algumas viroses como a varicela e a caxumba.
No entanto, quando a etiologia provável da infecção for bacteriana ou fúngica o
apoio microbiológico é fundamental, especialmente ao se tratar de infecções por
bactérias de sensibilidade variável aos antimicrobianos, como costuma ocorrer na
maioria dos casos.
Assim o primeiro passo na suspeita de uma infecção por agente desconhecido é
solicitar os exames complementares mais apropriados para o caso. Uma simples
bacterioscopia pode ser muito útil, especialmente quando a infecção ocorre em sítio
normalmente estéril. O resultado pode orientar o médico assistente a introduzir uma
terapia empírica racional, ou seja baseada nos resultados preliminares do exame direto
até que a cultura seja liberada.
76
77 77
Identificação do patógeno.
Se por exemplo, isolamos um enterococo de uma hemocultura, em paciente com
suspeita de endocardite, evidentemente vamos pensar em uma associação de
ampilicina com gentamicina como terapêutica inicial, desde que o teste de
sensibilidade não contraindique essa associação. Já uma infecção por germe
anaeróbico, como o Clostridium, nos levaria a sugerir o uso de penicilina G.
Deve-se lembrar ainda que quanto mais específico o espectro de ação do
antimicrobiano, menores serão seus efeitos colaterais pois menor será sua atuação
sobre a microbiota normal impedindo, em conseqüência, o crescimento
incontrolando de cepas resistentes.
Local da infecção.
É fundamental saber se no sítio da infecção o antimicrobiano apresenta níveis
terapêuticos. De nada adianta administrar uma droga que não apresenta, no local da
infecção, níveis capazes de, ao menos ,inibir o crescimento microbiano. Sensibilidade
“in vitro”, ou seja no teste de sensibilidade, não significa necessariamente sensibilidade
“in vivo”, ou seja na topografia da infecção, o que significa que para ser efetivo o
antimicrobiano deve apresentar níveis superiores à concentração inibitória mínima para
o agente infeccioso no local onde ocorre a infecção.
Farmacocinética.
A farmacocinética diz respeito à absorção, distribuição, metabolização e
eliminação das drogas. A absorção é mais rápida e completa se feita por via
endovenosa. Assim o pico de concentração é obtido quase imediatamente. Em
conseqüência, a via venosa é a mais indicada nos casos de infecção severa. Outras
vias como a intramuscular e a oral são mais lentas e incertas por poderem ser mais
afetadas por fatores fisiológicos. Nesses casos o pico de concentração é retardado
e geralmente não atingem o nível alcançado quando se utiliza a via venosa.
No entanto há alguns antimicrobianos que apresentam excelente
biodisponibilidade por serem bem absorvidos pelo trato gastrintestinal, com uma
alta porcentagem das drogas atingindo a circulação sanguínea. Esse é o caso da
amoxicilina, o metronidazol, a doxiciclina e a sulfa-trimetoprim.
Entretanto, quando há hipotensão arterial , como em algumas septicemias, a
absorção pela via oral e intramuscular fica comprometida pela alteração da
circulação sanguínea. Nesses casos só resta a via endovenosa como alternativa
para a administração dos medicamentos.
A absorção oral pode ser afetada também nas alterações do intestino delgado, nas
colites, na isquemia intestinal e mudanças do pH gástrico, além de poder ocorrer
variações de absorção de alguns antibióticos dependendo da ingestão ou não de
alimentos, como no caso da eritromicina, sob forma de estearato, que pode ser
mal aborvida se administrada junto com comida.
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78 78
Farmacodinâmica.
Diz respeito à forma de interação da droga com os microrganismos. Deve-se
preferir sempre um agente bactericida a um bacteriostático, especialmente ao
tratarmos de pacientes com imunodepressão. Isso ocorre, geralmente, quando há
pouca diferença entre os níveis de concentração inibitória mínima, CIM, e de
concentração bactericida mínima, CBM (geralmente duas a quatro vezes a CIM).
Pode ainda ocorrer ação sinérgica entre dois antimicrobianos, como no caso da
associação penicilina e aminoglicosídeo nas infecções por enterococos. Nesse
caso a ação das duas drogas simultaneamente é maior que a ação isolada de cada
uma delas. Ainda com relação à farmacodinâmica existe o chamado efeito pós-
78
79 79
Toxicidade.
Deve-se, sempre, procurar escolher a droga mais efetiva e menos tóxica para cada
paciente, especialmente nas gestantes, crianças e idosos ou em pacientes com
comprometimento orgânico, principalmente da função renal ou hepática, que
podem levar à acumulação da droga se a dosagem ou o intervalo entre as doses
não for alterado.
Altas concentrações de imipenem, penicilinas e fluoroquinolonas, por exemplo,
podem causar convulsões.
Altos níveis de aminoglicosídeos podem causar ou exacerbar um quadro de
insuficiência renal.
Altos níveis de vancomicina ou também de aminoglicosídeos, especialmente
quando administrados em associação, podem causar dano vestibular ou de
audição.
O clearance de creatinina pode servir como útil indicador de como a dose do
antimicrobiano deve ser ajustada, em pacientes nefropatas. Uma forma rápida de
calcular o clearance pode ser feita com esta simples fórmula:
Clearance de creatinina = (140 – idade ) x N/creatinina sérica.
Multiplicar o resultado por N (fator de correção relativo à diferença de massa
muscular entre os gêneros).
N = 1,23 (para homens) ou 1,03 (para mulheres).
Uma redução do clearance em 50% (como 40 a 60 ml/min) recomendaria a
diminuição das doses subsequentes em 50%, mantendo-se a dose inicial sem
alteração.
Nas reduções ainda menores do clearance (como 10 a 40 ml/min) deve-se
diminuir a dose da droga em 50% e dobrar o intervalo entre as doses.
Infelizmente, para os hepatopatas não existe uma fórmula de correção de doses de
antimicrobianos. Recomenda-se nesses casos evitar, se possível, a administração
de antibióticos de eliminação predominante por via biliar como é o caso do
79
80 80
Sensibilidade bacteriana.
Os testes de sensibilidade são úteis como orientação básica, sendo seu valor
preditivo negativo (quais não devem ser usados) maior que seu valor preditivo
positivo (quais serão eficazes), ou seja eles servem mais para sinalizar quais
antimicrobianos mais provavelmente levarão ao insucesso terapêutico. Isso se
deve ao fato de que as condições de realização dos testes de sensibilidade não
contemplam uma série de variáveis que podem influenciar no desfecho do
tratamento, tais como a possibilidade da droga atingir níveis terapêuticos no local
da infecção, a presença de comorbidades e a situação das vias de absorção,
metabolização e eliminação do antimicrobiano.
Duração do tratamento.
O tempo de administração de antimicrobianos é, na maioria das vezes, variável de
acordo com a evolução do quadro clínico e da resposta terapêutica.
Na maioria das vezes utiliza-se a terapia por uma a duas semanas.
No entanto, a duração poderá ser estendida em pacientes imunocomprometidos
(diabetes, doenças auto-imunes, neutropenia, hepatopatia severa, etc.), nas
infecções bacterianas cronicas (osteomielite, endocardite, etc.), infecções
fungicas, AIDS e nas doenças com patógeno de localização predominantemente
intracelular (tuberculose, hanseníase, nocardiose, etc.).
Mudança de tratamento.
Avaliar a possibilidade de troca dos medicamentos caso o paciente não responda à
antibioterapia em até 72 horas.
Custo:
80
81 81
Profilaxia em cirurgia:
81
82 82
Septicemia
Importância da sepsis
82
83 83
Padronização de conceitos
Epidemiologia
1. Sepsis neonatal
83
84 84
largo espectro, prematuridade, uso de dispositivos invasivos como cateter venoso central ou
ventilação mecânica, presença de imunodeficiências e nutrição parenteral total.
Os padrões habituais de sepse se dividem em períodos de instalação precoce, tardia
e pós-tardia, conforme a tabela 1.
2. Sepse no adulto
84
85 85
Fisiopatologia
85
86 86
Pró-inflamatórias Anti-inflamatórias
Prostraglandinas, leucotrienos ACTH, cortisol
Fatores da coagulação IL-4, IL-6, IL-10, IL-13
Fatores do complemento Epinefrina
Citocinas e quimiocinas (IL-1, IL-2, TNF, Antagonistas de cininas (IL-1RA, sTNF-
IFN, etc.) Rs)
Histamina e serotonina TGF-beta
Cininas, MIF, Oxido nítrico Inibidores de protease
Superóxido, Peróxido de hidrogênio Anti-oxidantes (haptoglobina)
Diagnóstico
O diagnóstico presuntivo da sepsis deve ser rápido e correto. Isso porque há outras
condições que podem cursar com febre, leucocitose com aumento de bastões ou mesmo
hipotensão e que precisam ser lembradas no diagnóstico diferencial.
Entre as mais comuns está a desidratação, a hemorragia aguda, a embolia pulmonar,
o infarto do miocárdio, a pancreatite aguda e a cetoacidose diabética.
No neonato a situação é ainda mais complexa. Em geral o recém nascido com sepse
apresenta instabilidade térmica (febre ou hipotermia), dificuldades de alimentação, diarréia,
taquipnéia ou apnéia, taquicardia ou bradicardia, alteração do estado mental variando desde
agitação a letargia, hipoglicemia e até uma icterícia de origem indeterminada.
Alguns achados laboratoriais ajudam a considerar a sepse como diagnóstico mais
provável, como a morfologia dos leucócitos apresentando granulações tóxicas e vacúolos, a
hemoconcentração devido a considerável hipovolemia, a trombocitopenia e o aumento do
ácido láctico. A dosagem da proteina C-reativa (PCR) não serve para auxílio diagnóstico da
sepse, por apresentar baixa sensibilidade e especificidade.
Como a origem da sepse costuma ser principalmente pulmonar, abdominal, do trato
urinário e da pele e tecidos moles, essas quatro fontes iniciais devem ser primeiramente
investigadas, assim como colhidas amostras para cultura, além de pelo menos duas
amostras para hemocultura obtidas com intervalo mínimo de 15 minutos entre elas, com
pedido para germes aeróbios e anaeróbios.
É fundamental ainda que as amostras para cultura sejam coletadas antes do início da
antibioticoterapia, sob pena de vir a tornar todas as culturas falsamente negativas.
86
87 87
Tratamento
1
Dellingerm R. P. et al. Surviving Sepsis campaign: international guidelines of severe sepsis and septic
shock.
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Considerações finais
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89
90 90
90
91 91
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